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Escrita, Dicas e Reflexões Por Suelem Aubeso
Escrita, Dicas e Reflexões Por Suelem Aubeso
ESCRITA,
DICAS E
REFLEXÕES
Selem Aubeso
Copyright © 2020
by Suelem Aubeso
Instagram: @suelem.aubeso
E-mail: suelem.aubeso@yahoo.com.br
ESCRITA, DICAS E REFLEXÕES | 03
INTRODUÇÃO
POR: SUELEM AUBESO
O PODER DO PERSONAGEM............................................ 07
O ENREDO NA FICÇÃO......................................................12
FOCALIZAÇÃO....................................................................15
SENTIDOS E SENSAÇÕES..................................................17
O TEMPO............................................................................19
FLASHBACK.......................................................................20
ESTILO.................................................................................21
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Entretanto, aprendi com o mestre, Assis Brasil que é possível fazer isso de
“... Com o planejamento da narrativa, sei o que vou escrever no capítulo 10, mas
não sei como vou escrever, o que deixa grande margem para a invenção. ”
Vamos ao exemplo?
eventos que, aos poucos, o convencem de que ele deve cometer um crime,
em seguida, o crime, depois, a culpa que o consome, etc, etc... Observem que
a narrativa precisa ter uma sequência lógica dos fatos, como qualquer
história real.
SUELEM AUBESO ESCRITA, DICAS E REFLEXÕES | 06
Assis Brasil, menciona que, através de sua experiência, ele pode comprovar
que, quem planeja escreve com mais rapidez, melhor e com mais liberdade.
Segundo o autor, dessa maneira, evitaremos que o enredo vire uma colcha de
A ideia é evitar uma narrativa que, segue sem rumo e depois precisa ser
Portanto, planeje seu enredo para que ele não seja um voo cego, e dentro
O PODER DO PERSONAGEM
são capazes de ir até o inferno para vê-los em outra atuação, assim também é o
Começo esse texto com a citação acima do livro, Escrever Ficção de Assis
Brasil, que por si só, já nos diz muita coisa.
Por vezes, o leitor pode se perder na história, isso acontece. Um detalhe que
o leitor deixou passar ou não entendeu, é normal, mas, o personagem, esse,
meus amigos, se for bom, se for bem construído e desenvolvido, irá cativar
para sempre.
Você pode fazer esse exercício diversas vezes com pessoas diferentes,
apenas tome cuidado para não assustar ninguém.
O ser humano é tão fascinante, eu poderia fazer esse exercício por horas.
Pense nisso, cada ser humano é único e possui características únicas. Esses
detalhes, ou seja, essas características são importantíssimas para dar vida ao
personagem.
Pense nisso como uma arte! Assim como o pintor retrata pessoas e
expressões em um quadro, o escritor deverá fazer isso com muito mais
profundidade.
Todo personagem deve ter os seus valores, seu código de honra, ética, assim
como nós, pessoas reais.
O que acham do filme onze homens e um segredo? Eles são ladrões, estão
planejando roubar algo que não lhes pertencem, além de, mentir e enganar,
no entanto, lá estamos nós, torcendo para que eles executem o crime e
realizem o roubo com sucesso.
Que tal a série Vikings? Ladrões e assassinos sem piedade e, o que acontece?
Mais uma vez estamos ali, curiosos, torcendo por eles ou no mínimo ansiosos
para saber o que irá acontecer com os protagonistas da história.
É isso que fará com que o leitor nunca mais se esqueça do seu personagem.
Ele precisa entender quem é o personagem e suas razões para agir como age
e fazer o que faz.
Aproveito para deixar essa citação do livro Escrever Ficção de Assis Brasil:
“Pense num personagem célebre. Por exemplo, o capitão Ahab, de Moby Dick,
Riobaldo, de Grande sertão: veredas, o pai Goriot, da novela homônima, ou
qualquer outro.
Agora, pense nas características dele, mas que não constituem nada de especial;
depois, nas que fazem dele um ser incomum.
Lembre um evento que apenas ele poderia ter vivido. Por fim, pense naquela ou
naquelas características que o tornam único. Pronto: eis por que esse personagem
é inesquecível”
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O ENREDO NA FICÇÃO
“Um elemento cuja função primordial é agravar mais e mais o conflito, levando o
personagem a um estágio em que qualquer decisão conduzirá à ruína.”
Há quem diga que sim, mas muitos têm certeza que não.
Esse é o conflito que Machado de Assis narra tão bem em sua obra, Dom
Casmurro e que “fica no ar”, ou seja, não sabemos a resposta, pois o autor
não nos revela essa informação.
Por fim, para terminar essa breve apresentação sobre o enredo, também
chamado de plot, é importante que os eventos sejam organizados de forma
coerente, com o intuito de convencer o leitor.
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Segundo Assis Brasil, “o enredo convincente é aquele em que não há evento sem
motivo que o provoque, mesmo que esse motivo seja apresentado a posteriori,
como acontece nos romances policiais."
Pior ainda é terminar um livro com “linhas soltas”, ou seja, eventos que não
tinham um objetivo ou função na história, desconexos da trama.
Eu costumo dizer que “nada é tão ruim que não pode ficar pior”, na vida real,
isso é tudo que não queremos que aconteça, certo?
O livro precisa causar uma certa tensão no leitor, no sentido de fazer com
que o leitor queira saber o desfecho da história, mesmo que ele esteja lendo
um livro para relaxar.
Não existe! Você gostaria de ler um livro em que o personagem sai todo dia
de manhã para trabalhar, almoça, volta para casa, janta e dorme? Sem
condições!
Para provar o que estou dizendo, eis uma citação do livro Escrever ficção:
“Se o conflito não se agravar, se não piorar a cada capítulo, não há narrativa de
ficção.”
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“Cena é o evento que decorre em “tempo real” diante do leitor. Digamos assim: a
narrativa mostra as ações dos personagens como se estivessem acontecendo na
nossa frente, como num filme...”
Mas, qual a função da cena na narrativa? Bem, a cena pode ajudar o leitor a
conhecer melhor o personagem, pode definir circunstâncias que ainda estão
vagas no enredo e pode fazer com que a história avance.
A cena pode ser um diálogo, uma discussão. Para citar um exemplo temos a
famosa cena do assassinato do livro Crime e Castigo, a cena acontece na
primeira parte do livro e torna o conflito do personagem cada vez mais
agudo durante toda a narrativa.
O sumário seria um resumo de várias cenas que, o autor pode contar, afim de
evitar entediar o leitor com muitos detalhes. A função do sumário é de
abreviar o tempo e servir de ligação entre as cenas.
Uma dica do professor Assis Brasil, caso você precise escrever longos
sumários é incluir micro cenas ou alguns pormenores concretos para dar
vida ao seu sumário.
Espero com esse texto ter ajudado um pouco mais a esmiuçar a estrutura de
uma narrativa de ficção.
Um resumo que para mim foi essencial para "clarear" essa ideia é o seguinte:
FOCALIZAÇÃO
Isso não é um problema, mas caso você o faça, é importante dar um destino
para esses personagens. O leitor espera por isso.
“Você pode usar quantas focalizações internas quiser, mas deve ter razões para
isso”.“Quanto maior o número de personagens que tenham sua intimidade
revelada, mais fraco se torna o conflito”.
Seria como usar uma câmera externa para descrever as ações dos
personagens, em outras palavras, descrever apenas aquilo que você vê.
SENTIDOS E SENSAÇÕES
Me lembro bem que quando li esse capítulo do livro de Assis Brasil fiquei
encantada! Eu, com a minha inexperiência, pensei: “que gênio” é isso mesmo!
O autor nos instiga a usar todos os sentidos ao criar nossa história, mas isso
não é tudo.
Além do que aprendemos na escola, visão, audição, tato, paladar e olfato, ele
ainda propõe a descrição das sensações, tais como, dor, fome, a temperatura
do corpo, a sensação de plenitude após comer, coceira, o alivio ao esvaziar a
bexiga, ou seja, fazer xixi.
Olha o quanto o mundo da ficção pode ser rico e amplo! Pare por alguns
minutos e pense quantas sensações você sente nesse momento além dos 5
sentidos?
“Sinto uma leve dor de cabeça, minhas costas estão pegando fogo, que calor! Deve
ser o tecido da cadeira na qual eu passo a maior parte do meu dia sentada. Parece
que o sono vai me vencer a qualquer momento, o bebê acordou várias vezes essa
noite. Tomo um gole de café, o gosto amargo com o qual eu já me acostumei me
traz aconchego. E essa tela brilhante do computador intensificando minha dor de
cabeça, que droga! Preciso trabalhar, mas terei que me levantar para fechar a
porta do quarto que não para de bater, o vento está ficando mais forte, vai chover
logo."
O autor nos questiona sobre isso: por que, se sentimos tudo isso em nosso
corpo, não o colocamos em nosso texto?
Gosto de finalizar os textos com uma citação do autor, que de forma concisa
consegue nos passar o ponto principal da mensagem:
O TEMPO
Nas obras em que o autor opta por demarcar o tempo real, é preciso que o
tempo faça sentido.
Outra obra que posso citar como exemplo que usa o tempo “oficial” na
narrativa, incluindo datas, ou horas, é o livro de Joël Dicker, O Enigma do
Quarto 622. O livro menciona claramente “uma semana antes do
assassinato” ou “na manhã do assassinato”.
Acho que o mais importante disso é que, segundo Assis Brasil, muitos
escritores cometem o erro de equiparar o tempo da escrita com o tempo da
narrativa, ou seja, se você passou 5 horas escrevendo, tende a pensar que na
narrativa também se passaram 5 horas, por isso, precisamos prestar atenção,
principalmente quando estamos escrevendo cenas.
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FLASHBACK
Além disso, usamos esse recurso para explicar para o leitor os elementos e
fatos importantes antes de chegarmos no momento presente da história.
Mas, gostaria de deixar a citação abaixo, para que você, assim como eu,
aprenda a usar esse recurso na ficção de maneira adequada:
“O real interesse do leitor sempre será pela história atual. O leitor irá fazer o
grande favor de ler essas remissões ao passado e, por isso, temos de agir com
sentido de economia.
Não esqueça que o flashback interrompe a história, o que é sempre aborrecido,
especialmente se a narrativa corre bem."
Fiz um IGTV sobre o livro O Enigma do Quarto 622 (se você não assistiu,
corre no Instagram para ver).
ESTILO
Eu! Sou uma pessoa integra, trabalho desde muito jovem e estou escrevendo
um livro sobre um estelionatário, meus personagens não tem nada a ver
comigo.
Assis Brasil, comenta que conhece pessoas secas no trato social, mas que
escrevem textos cheios de humor.
Foi por conta desse paradigma que por dois anos não tive coragem de deixar
ninguém ler o meu livro, eu tinha medo de que as pessoas relacionassem o
personagem a minha pessoa.
Outro ponto esclarecedor sobre o estilo mencionado pelo autor é que por
muitos anos existia a ideia equivocada de que para ter um bom estilo de
escrita era preciso escrever como o “fulano ou o beltrano”.
A boa notícia é que, todos esses paradigmas já caíram por terra! Felizmente
no mundo existem pessoas criativas e convictas para quebrar os padrões e
um exemplo disso foi Machado de Assis (muitos fãs o chamam de
“Machadão”), afinal ele é sensacional, não é mesmo?
Assis Brasil nos conta que, Machado de Assis rompeu com o romantismo
vigente na época, através de um romance REALISTA, chamado Memórias
Póstumas de Brás Cubas, conhecem?
Minha intenção com esse texto e incentivar que você seja livre para escrever
o que quiser e como quiser!
Voltando a análise do livro de Assis Brasil, o autor nos explica que ninguém é
prisioneiro do próprio estilo, eu adoro o fato de ele falar que:
Quem tem raiz é árvore! Eu quero mais é ser livre para alçar novos voos!
BIBLIOGRAFIA