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Exercicios Complementares - Portugues - 9oano 3a
Exercicios Complementares - Portugues - 9oano 3a
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Texto 1
Texto 2
MONTE CASTELO
Ainda que eu falasse a língua dos homens é cuidar que se ganha em se perder;
e falasse a língua dos anjos é querer estar preso por vontade;
sem amor eu nada seria. é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.
é só o amor, é só o amor
tão contrário a si é mesmo o amor.
que conhece o que é verdade
o amor é bom, não quer o mal estou acordado e todos dormem,
não sente inveja ou se envaidece todos dormem, todos dormem
agora vejo em parte
amor é fogo que arde sem se ver;
mas então veremos face a face
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente; é só o amor, é só o amor
é dor que desatina sem doer. que conhece o que é verdade
o amor é bom, não quer o mal
ainda que eu falasse a língua dos homens
não sente inveja ou se envaidece
e falasse a língua dos anjos
sem amor eu nada seria. ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos
é um não querer mais que bem-querer;
sem amor eu nada seria.
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos
Texto 3
PÉTALA
Texto 4
A BELEZA NÃO É UM ATRIBUTO FUNDAMENTAL
Entre os mitos do amor – não provados porém muito acreditados – encontra-se o da beleza. Diz-se que a paixão
pede a beleza para crescer e nosso querido poeta Vinícius de Moraes chegou ao extremo de afirmar: “As feias que me
perdoem, mas beleza é fundamental”. Já na expressão homérica da guerra de Tróia, atribuía-se o conflito à beleza de
Helena, reforçando a crença no poder da estética e em sua importância para o florescimento do amor.
No entanto, as coisas não se passam bem assim na realidade. Se a beleza fosse imprescindível para o amor, onde
ficariam todos os feios e as feias que conhecemos, provavelmente a maior parte da população? Eles precisariam perguntar
ao poeta para que seria a beleza fundamental. Como a beleza é menos freqüente do que a feiúra, podemos presumir que a
maioria formada pelos feios dê valor à qualidade que lhes é ausente e, por essa razão, haveria uma ponderável parcela de
pessoas valorizando, até excessivamente, a beleza como qualidade importante na busca de um parceiro. Para confirmar
essa hipótese, podemos tomar o exemplo do próprio Vinícius de Moraes, que certamente não primava pela beleza na
época em que criou a famosa frase.
Freqüentemente, vemos casais que nos chamam a atenção exatamente por serem singularmente díspares, pois,
enquanto um é muito bonito, o outro é bem o contrário. É provável que isso se deva a um fenômeno bastante comum – a
atração dos opostos. Tanto quanto uma pessoa feia pode valorizar a beleza como qualidade que busca em seu parceiro, a
pessoa bonita pode se desinteressar por uma qualidade que, para ela, não passa de um dom natural, em geral
escassamente apreciado por não ser fruto de um especial esforço, por não ser uma conquista, mas algo recebido, por
assim dizer, de mão beijada.
Na verdade, se pensarmos friamente, a beleza – como característica desejada no parceiro que buscamos – deve vir
numa posição não muito destacada, visto que existem muitas outras qualidades que são de fato mais fundamentais quando
procuramos nosso companheiro de viagem pela vida. Honestidade, inteligência, capacidade de amar, diligência,
generosidade, bondade, disciplina pessoal e saúde são algumas das qualidades que valorizam uma pessoa mais que
simplesmente sua formosura. Daí a sabedoria popular afirmar que “beleza não põe mesa”.
Não resta a menor dúvida de que a beleza abre portas, facilita um primeiro contato, cria uma impressão favorável e
uma predisposição positiva nas pessoas. Até porque ela tende a ser vista como a expressão externa de algo interno, ou
seja, mostra-se como uma prévia de qualidades a serem percebidas posteriormente. Tendemos a acreditar que uma
pessoa é boa e inteligente simplesmente porque é bela. Isso, porém pode se tornar uma faca de dois gumes na medida em
que se passa a esperar um melhor desempenho e um maior leque de qualidades em uma pessoa, apenas pelo fato de ela
ser bonita.
É muito comum encontrarmos entre as mulheres – como corolário do mito da beleza fundamental – um outro mito: o
da capa da revista. Muitas mulheres tendem a ficar inseguras quando disputam um namorado com outra que consideram
mais bonita ou quando percebem seu homem manifestar interesse por uma mulher do tipo “capa de revista”. Na
imaginação, acolhem a idéia de que os homens tenderiam a procurar mulheres especialmente bonitas para serem suas
parceiras, o que viria a se encaixar com a idéia de que a beleza seria mesmo a qualidade mais valorizada por eles. Podem
até existir aqueles que colocam a beleza em primeiro lugar, mas é muito provável que sejam minoria. A maior parte dos
homens está em busca de mulheres com outras qualidades consideradas mais fundamentais.
A qualidade de fato mais importante está na capacidade de cada indivíduo tirar partido dos aspectos positivos de
sua aparência. Com isso, cada um de nós mostra que, mais fundamental do que ser bonito, é revelar uma atitude de amor,
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carinho e cuidado consigo mesmo. Isso pode ser percebido por sinais exteriores que, por serem realmente mais valiosos do
que a beleza natural, acabam se confundindo com ela. O que acontece, muitas vezes, é que uma pessoa se torna atraente
e nos parece bonita devido somente às suas outras qualidades.
a) Com base nas informações acima, responda: Que importância a beleza física tem nesse universo social retratado na
revista? Justifique:
b) O texto de Luiz Alberto confirma ou questiona os valores geralmente expostos por esse grupo social? Justifique.
( ) Em “Quando nos valorizamos somos mais felizes” temos, na primeira oração, uma idéia de causa.
Justificativa:
( ) Em “Quanto mais ria, mais bonita ficava” a primeira oração é subordinada adverbial proporcional.
Justificativa:
Texto 5
DE MÃOS DADAS
b) “Não serei o poeta de um mundo caduco...” (verso1). O significado mais apropriado para o termo sublinhado é:
(A) antigo; (B) ultrapassado;
(C) louco; (D) idealizado;
(E) injusto.
Justificativa:
d) Dentro da poética defendida pelo autor, o poeta condena vários pontos. Assinale a exceção:
(A) a volta ao passado; (B) a fantasia alienada;
(C) os temas individuais; (D) a falta de participação;
(E) o uso de entorpecentes.
Justificativa:
e) A idéia contida no verso: “Estou preso à vida e olho meus companheiros.” (verso 3) se repete em:
(A) “O tempo é minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente”;
(B) “Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida”;
(C) “Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela’;
(D) “Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”;
(E) “também não cantarei o mundo futuro”.
Justificativa:
a) “Não serei um poeta de um mundo caduco __________________ também não cantarei o mundo futuro". (2ª oração:
coordenada sindética adversativa)
b) “O presente é tão grande ____________________ não nos afastemos". (2ª oração: coordenada sindética conclusiva)
• 1ª oração: ___________________________________________________________________________________
• classificação: ________________________________________________________________________________
• 2ª oração: ___________________________________________________________________________________
• classificação: ________________________________________________________________________________
• 1ª oração: ___________________________________________________________________________________
• classificação: ________________________________________________________________________________
• 2ª oração: ___________________________________________________________________________________
• classificação: ________________________________________________________________________________
Texto 6
UMA ESPERANÇA
Clarice Lispector
Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo
assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve o grito abafado de um de me...us filhos:
— Uma esperança! e na parede bem em cima de sua cadeira!
Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha:
esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça
numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não podia ser.
— Ela quase não tem corpo, queixei-me.
— Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele
falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou
renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
— Ela é burrinha, comentou o menino.
— Sei disso, respondi um pouco trágica.
— Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
— Sei, é assim mesmo.
— Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
— Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do
lar para que não apagasse.
— Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar — estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem
sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me
parecia a aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas
nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente,
confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
— É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
— Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
— Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros — falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o
certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a
empregada, eu lhe diria apenas: você faça o favor de facilitar o caminho da esperança.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo
televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso
explica porque eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Texto 7
TOCANDO EM FRENTE
Texto 8
ONZE HOMENS CERCAM MULHER NA MADRUGADA
Foram ao todo onze homens para uma única mulher, numa única madrugada. “Você pensa que essas coisas nunca
vão acontecer com você”, a frase típica da mentalidade estreita das classes favorecidas, incapazes de entender que a vida
são os acidentes, os imprevistos do meio do caminho. Não é necessário muita filosofia. Uma simples frase de letra de
música de John Lennon diz: “a vida é o que lhe acontece quando você está ocupado fazendo outras coisas.”
Foram onze homens ao todo numa única madrugada. O carro pifou de repente, às duas da manhã na rua deserta,
do bairro da classe média. A mulher teve arrepio de horror: é agora que vou ser estuprada. O carro não respondia,
acusando o defeito insondável.
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São Paulo, gigantesca, ganhava dimensões assustadoras no eco silencioso da madrugada. O carro, pedaços e
partes de lata, ferro e fluidos incompreensíveis, não respondeu.
A mulher desceu, só. Nessas horas, dependendo da mulher que é, não haverá um homem ao seu lado. O dela
estava longe, no estrangeiro. Isso dava a exata noção de sua pior solidão. Quando olhava ao redor procurando sinal de
vida, sentiu um início de desespero.
O carro, mudo, tinha virado um poste de concreto, um pedaço de asfalto, matéria inanimada que antes, funcionando,
não parecia – o carro antes parecia gente, um homem grande, que a trazia de volta para casa a salvo. Dele dependia sua
segurança pessoal, sua integridade física, sua vida.
Era um desses casos de defeituosa inserção da tecnologia no domínio global da vida: o crescimento das grandes
cidades, a escravização do homem pela máquina, a desorganização social. Ela seria estuprada em plena rua na
madrugada.
Mas logo reagiu. Afinal, sempre tinha sido assim. Diante dos supostos perigos noturnos que ela tinha, desde
menina, desenvolvido fortalezas internas. Sua vida real, na época, era tão ruim que ela não temia sombras ocultas no
escuro.
Sempre enfrentou com desassombro os fantasmas que povoam a infância. Aprendeu cedo a achar que nada podia
ser pior do que a própria vida real e as próprias pessoas.
Os primeiros homens para quem acenou por ajuda vinham de motocicleta. Ela não viu que havia um terceiro a
segui-los de carro. Pararam, um deles meio bêbado. Tentaram o tranco, sem violência.
Os três seguintes estavam juntos num carro de luxo, que ela avistou de longe. Pararam. Um deles até ofereceu o
celular, se ela quisesse pedir ajuda.
Os outros três eram feirantes já montando barracas para a feira do dia. Um deles, negro, fingiu-se de aleijado,
saltitando numa perna só, ao perceber que ela vinha pedir ajuda. Ela riu. Os três empurraram o carro ao longo do trecho
final.
Os últimos foram o porteiro e o zelador, que terminaram de acomodar o carro na garagem. Sentindo-se uma rainha,
ela reprimiu o desejo de beijar na boca todos aqueles homens, gentis, servos da noite. Afinal, arre! Como dizia um poeta,
ela estava farta de semideuses. Havia enfim, gente nesse mundo até possível.
(Marilene Felinto. Folha de São Paulo, 16 de abril de 1996.)
b) Uma interjeição completa o alívio do leitor: arre. Por que o leitor se sente aliviado?
c) Diante de tanto desespero da mulher, que fato justifica o seu riso, no penúltimo parágrafo? Explique.
R.: ____________________________________________________________________________________________
GABARITO
02- (B) Há vários aspectos contraditórios, tais como: ganhar em se perder e ferida que dói sem se sentir.
04- Sem o amor, ele simplesmente não teria sentido, não seria nada.
07- (B)
08- Não. Para o autor, existem outras qualidades que valorizam uma pessoas mais que a beleza física.
b) Acredita-se que uma pessoa seja boa e inteligente simplesmente por ser bela.
12- É a mulher bela, de acordo com os padrões de beleza valorizados em determinada sociedade.
(F) Em “A sabedoria é essencial e a beleza é complemento” temos duas orações coordenadas assindéticas.
Justificativa: Somente uma é assindética.
( F) Em “Quando nos valorizamos somos mais felizes” temos, na primeira oração, uma idéia de causa.
Justificativa: Temos um idéia de tempo.
(V) Em “Quanto mais ria, mais bonita ficava” a primeira oração é subordinada adverbial proporcional.
Justificativa:
d) (D) O poeta defende a união das pessoas, o caminhar "de mãos dadas".
18- a) mas
b) portanto
b) Há a esperança inseto que pousou na sala e a esperança sentimento que surgiu nas pessoas.
21- a) (D)
22- Não era uma aranha qualquer, mas uma aranha em específico que ameaçava a vida da esperança.
23- (C)
(D)
24- A forma verbal gerúndio indica ação em continuidade, processo, assim como os fatos descritos no poema.
25- O poeta sente-se mais forte, mais seguro, e por isso mesmo mais feliz, pois já percorreu e passou por experiências em
sua vida.
26- (C)
27- (D)
28- (B)
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29- (D)
30- (B)
33- Sim. A cada parágrafo há descrição de cenas passadas pela mulher, de forma a lembrar um filme.
c) Ela percebe que as suposições dela de que seria agredida eram somente fruto de sua imaginação.
35- A importância de a tecnologia poder ser ou não responsável pelos defeitos do carro.
37- No mundo, há pessoas generosas, confiáveis, que ajudam outras em momentos de dificuldades.
38- A ação se passa no final do ano. "No décimo-segundo andar do ano". Seria o último mês do ano.