Professional Documents
Culture Documents
A Moral Não É A Ética Dos Evangelhos
A Moral Não É A Ética Dos Evangelhos
E mais: é inegável que Jesus estivesse também dizendo que Nele, Deus
estava casando agora apenas com quem queria talhas religiosas com vinho
novo, na pior das hipóteses; ; e, na melhor delas, o que se deveria fazer, era
deixar de lado o vinho velho e seu odre roto e pingantemente misturado ao
próprio vinho, pois, nesse estágio, já não se sabe mais o que é odre e nem
tampouco o que é vinho! O que se deve fazer é começar outra vez à partir
de contêineres que se deixem curtir no vinho novo, que de acordo com o
apóstolo João, não é novo, mas aquele que desde o princípio tivemos!
Dali, infelizmente, nada se aproveitava, pois eles pensavam que fora dali
nada mais tinha valor.
Para a Teologia Moral de Causa e Efeito, TMCE— como daqui para frente
chamaremos esse derivado natural da Teologia da Terra, filha religiosa do
Sacrifício Competitivo de Caim —, o humilde de espírito era o lixo da
espiritualidade; os que choravam eram vistos como culpados-infelizes; os
mansos eram percebidos como desinteressados pelo zelo que disputava o
espaço no chão da Terra; os que tem fome e sede de justiça eram
interpretados como seres equivocados em suas ignorâncias radicais, pois, a
única justiça que os mestres da TMCE conheciam era aquela que eles
mesmos decidiam.
Luz do Mundo? Como? Eles não reconheciam nenhum outro mundo que
não fosse o deles!
Quanto a Jesus ter vindo para cumprir a Lei, eles se perguntavam: Que Lei?
Afinal, Jesus era o des-cumprimento de suas “Leis” a fim de poder ser o
único cumpridor da Lei da Graça em nosso lugar, para, então, dizer: “Está
Consumado”.
“Olho por olho, dente por dente”—era e ainda é a Lei áurea da TMCE.
Ora, esta declaração de Jesus nos des-monta de tudo o que a TMCE ensina
como verdade, justiça e piedade.
E pior: as causas de vida e morte na Terra são aquelas cujos efeitos são
invertidos nos céus. O dinheiro incluído no pacote das inversões de valores.
Então, Jesus dá um Xeque-mate! Tem-se que fazer uma opção sobre quem
é o nosso Senhor. E, sendo Ele o Senhor, o que sobra é “aborrecer-se” e
“desprezar” o antigo senhor, e que agora tem que ser coisa de nosso
perdoado passado.
Neste ponto Ele diz que a Lei e os Profetas não eram inimigos entre si. Ao
contrário, os Profetas haviam sido os melhores interpretes da Lei. Ou seja:
antes do Verbo haver se encarnado, foi nos Profetas que a Lei encontrou
sua interpretação e seu melhor cumprimento existencial.
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós
também a eles; porque esta é a lei e os profetas”.
O “resumo” que Jesus faz de todo o seu ensino é horroroso para o coração
honesto. Primeiro, porque ninguém, de fato, indo dos abismos da alma à
prática cotidiana, consegue encarnar o tempo todo essa verdade.
Ao contrário: nós vivemos a maior parte do tempo de modo oposto, pois,
uma das coisas que a Queda gerou em nós foi um terrível poder de auto-
engano e auto-anestesiamento.
A segunda razão pela qual o “resumo” de Jesus é contra nós tem a ver com
sua propositividade. Jesus propõe que tomemos a iniciativa sempre— sem
amargura, sem troca e sem negociação—e tratemos o próximo, seja ele
quem for, do modo como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos no
lugar dele. E aqui não importa em que lugar o outro está, pois, há única
pergunta a fazer é: “E se eu estivesse nesta situação, como gostaria de ser
tratado?” Ou ainda uma única confissão de fé a ser declarada sempre:
“Sistematicamente farei pelos outros aquilo que desejo que os outros façam
também por mim o tempo todo”.
Sem falar que quando alguém não se trata bem costuma piorar no
tratamento com o próximo. Aqui todos nós temos que humildemente
assumir nosso déficit de bondade e nossa profunda capacidade de nos
anestesiarmos na vida. A prova disto é que o mundo é como é—e, pior
ainda: a “igreja” é como é!
Então, é fácil saber do que é que Ele está falando. Jesus só recomenda
como Caminho aquilo Ele viveu, e como amigos de caminhada, gente
como aquela com a qual Ele conviveu.
Como podemos então pensar de modo inverso?
E por quê?
Porque nós não cremos, de fato, que Jesus é a Pedra Angular—não o Jesus
de nossas invenções, mas o do Evangelho—e nem tampouco cremos que é
em Sua Graça que temos a Rocha da Nossa Salvação!
E quem é Esse que deve ser Aquele que é o nosso Caminho? E que
Caminho é esse? e que Rocha é essa?
Mas, para além disso tudo, vê-se que no Caminho com Ele, os ventos
cessam, as ondas se abrandam, as Leis fixas do universo são relativizadas,
os demônios sabem quem Ele é e quem somos Nele; e, assustados
reconhecemos Quem Ele É!
Sim, nesse Caminho você aprende o que é não estar nem varrido nem
ornamentado, porém, sabendo que se a festa já começa com o melhor
vinho, que esperar então? Algo menos que a Ressurreição?
Nesse Caminho a gente aprende que Ele nos conhece pelo nome, mesmo no
dia seguinte àquele no qual o tenhamos negado—então, choramos amarga e
docemente!
E, logo se percebe, porque Ele mostra, que o Caminho é Ele mesmo, é ser
dele e ser conhecido por Ele, e que isto nos tira todo medo, e nos conduz à
Verdade, e que é somente nela que se pode experimentar a Vida.
Quem?
Ou seja: “Esta luta acabou”. Mas para os “amigos de Jó” a luta continua e a
alma tem que sofrer todos os dias a dor de acusações que só a tornam
menos alma e mais feia!
Aos amigos de Jó, o Evangelho diz que o Senhor Jesus contou uma
parábola:
O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos
ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque
todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.
?
E só assim se pode estar livre para agir desse modo, porque quem vive na
Graça também já não tem mais nada a provar. Afinal, ou é ou não é! e
também não depende nem de quem quer nem de quem corre, mas de usar
Deus de misericórdia para com esse ser humano! para conosco! os que nos
entregarmos em fé!
E isto, para agora usarmos outra imagem, nos faz ramos da Videira
Verdadeira, tornando-nos, assim, pela prática da palavra-amor, Seus ramos-
discípulos.
O mundo são todos os ramos que não vivem da seiva da Videira, por isto
secam e são lançados ao fogo.
Todo aquele que não depende da seiva da Graça que da Videira Verdadeira
procede—não importa quem ele seja—, jamais produzira o fruto que
permanece, pois, este, é o fruto do amor e da vida que brota do casamento
do ramos com a Videira-Jesus!
Esses não são nunca amigos de Jó, pois, na Graça, foram feitos amigos de
Jesus, pois, à esses, Ele disse tudo o que tinha ouvido de Seu Pai-
Agricultor:
Caio