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Perturbação psicológica

As tradições indicam que a cultura tem um grande impacto na eventual manifestação de


uma perturbação psicológica. O que é culturalmente aceite ou não, ode levar-nos a dizer
o que é mais ou menos habitual.

Definição: disfunção psicológica de um individuo, associada com a angústia ou com


uma limitação no funcionamento (deterioração no funcionamento) e uma resposta que
não é característica ou que não se espera culturalmente

 Diagnostico diferencial
o método sistemático pra identificar doenças;
o feito essencialmente por processo de eliminação;
 Quando é que estamos perante uma perturbação psicológica?
o Implica uma disfunção (alteração psicológica), a nível emocional,
comportamental, cognitivo (alucinações auditivas, etc.) ou todas;
o Uma componente subjetiva (ato de mal estar- a pessoa pode ter um
comportamento alterado e relatar sentir-se bem) de que a pessoa se sente
mal;
o É necessário encontrar um ponto comum da diferenciação;
o Resposta atípica.

Questões importantes:

➢ será que esta pessoa tem uma perturbação psicológica?


➢ Será que sofre, sente-se angustiada ou relata sofrimento com o seu problema?
➢ Esta problemática tem impacto na sua vida?
 Para responder temos de saber os critérios gerais de perturbação psicológica
(DSM)

✓ Em termos etiológicos (origem), utilizamos o Modelo Biopsicossocial (fatores


biológicos, psicológicos,…) para explicar;
✓ É difícil estabelecer uma fronteira entre saúde e doença mental);
✓ O que é “normal” numa cultura pode não ser noutra.

Características/ “implicações” para avaliar uma perturbação psicológica

✓ Recorrência (várias vezes tem um “episodio”; pode representar evolução);


✓ Avaliação de fatores;
✓ O meio do individuo/ cultura;
✓ O desenvolvimento do individuo;
✓ Ausência do insight (não tem consciência da própria realidade);
✓ Mal estar/ sofrimento da própria pessoa;

Disfunção cognitiva (pode ser transitória ou não)

✓ Alucinações e processos de pensamento que estão fora do contacto com a


realidade (ex.: esquizofrenia);
✓ Outros problemas encontram-se num continuo ou numa dimensão;
✓ Não basta ter uma disfunção para ser incluído dentro dos critérios de uma
perturbação psicológica;

Rutura do funcionamento cognitivo, emocional ou comportamental

✓ Limitação que o problema esteja a causar no individuo


✓ Com um problema concreto a pessoa não consegue ir trabalhar, fazer a sua vida
diária, as suas tarefas
✓ Ex.: se sair com alguém deveria ser agradável, mas se experimenta um forte
medo todas as noites e apenas deseja voltar para casa, mesmo que não haja nada
a temer, as suas emoções não funcionam adequadamente;

Contudo, se todos os seus amigos estão de acordo de que o


individuo com o qual sai é perigoso, então não seroa “disfuncional” sentir medo e evitar
a situação

Mal-estar

✓ Se o indivíduo está extremamente perturbado, o critério é satisfeito


✓ Este critério por si só não define o comportamento anormal

A condição humana implica que o


sofrimento e a angústia façam parte da vida
Resposta atípica

✓ Critério também importante mas insuficiente para determinar a anormalidade


 Desvio da norma: ex.: artistas, estrelas de cinema, desportistas,…;
✓ O que não se espera culturalmente (insuficiente para determinar a normalidade);
✓ Quanto maior seja o desvio, mais anormal é, no entanto desviar, no entanto,
✓ Quanto mais produtiva a pessoa é para a sociedade, mais excentricidades esta
tolera
 Ex.: aceitamos comportamentos extremos por parte de artistas populares,
como Marilyn Manson, que não se tolerariam noutros membros da nossa
sociedade
✓ desviar da média” não funciona muito bem como uma definição;

Comportamento Anormal

✓ Outro ponto de vista é que o comportamento de uma pessoa é anormal se ela


transgride as normas sociais (definição útil para considerar diferenças culturais
importantes de perturbações psicológicos);
✓ Alguns comportamento religiosos podem parecer estranhos, ainda que
apropriados cultural e individualmente.

Deterioração

✓ Funcionamento social afetado


 Ex.: uma pessoa que não consegue sair com alguém ou interagir com as
pessoas;
 Ex.: esquizofrenia

“As disfunções comportamentais, emocionais ou cognitivas, que são inesperadas no seu


contexto cultural e se associam com mal-estar pessoal ou com a deterioração substancial no
funcionamento, são anormais.
A ciência da psicopatologia
Psicopatologia: é o estudo científico das perturbações psicológicas
Psicólogos clínicos: levam a cabo investigações sobre as causas e o tratamento das
perturbações psicológicas e diagnosticam, avaliam e tratam estas perturbações.

Trabalhadores sociais na área da psiquiatria:

✓ Desenvolvem competências para recolher informação importante para a


situação social familiar das pessoas com perturbações psicopatológicas
✓ Também “tratam” as perturbações concentrando-se no problemas familiares
associados às mesmas

Desenvolvimento mais importante na história da psicopatologia

✓ Adoção de métodos científicos


✓ Profissionais de saúde mental cientistas profissionais:
o Mantendo-se atualizado face aos desenvolvimentos científicos;
o Avalia a eficácia da prática;
o Realiza investigações
o Tem função de:
▪ Consumidor da ciência (melhora a pratica);
▪ Avaliador da ciência (determina a eficácia da prática);
▪ Criador da ciência (realiza investigações que conduzem a novos
procedimentos uteis na prática):

O estudo das perturbações psicológicas tem três categorias principais de foco no estudo
e analise:

1. Descrição clínica
2. Causalidade (etiologia)
3. Tratamento e resultados

Descrição clínica

✓ Determinar o problema presente


o Primeiro passo para determinar a descrição clínica
▪ Representa a combinação única de comportamentos,
pensamentos e emoções que formam uma determinada
perturbação
▪ Outra função da descrição clínica: especificar o que diferencia o
comportamento normal ou de outras perturbações.
o Por exemplo:
▪ Quantas pessoa na população possuem perturbação?-
prevalência
▪ Estatística da quantidade de novos casos que existem durante em
período específico (1 ano)- incidência
▪ Género
▪ Idade de início
✓ Diferenças de curso da doença
o Esquizofrenia- curso cronico (períodos longos de tempo durante toda a
vida)
o Perturbações de humor- curso episódico (provável recuperação em
poucos meses, com recorrência num período posterior)
o Outros- curso de tempo limitado (pode melhorar sem tratamento)

Causalidade, tratamento e resultados


✓ Etiologia:
o Estudo das origens das coisas;
o Relaciona-se com a forma em que começa uma perturbação (as suas
causas) e compreende dimensões biológicas, psicológicas e sociais.
✓ Tratamento:
o Fármacos ou tratamento psicossocial (pistas sobre a natureza e causas)

Uma descrição clínica abrange a combinação única de comportamentos pensamentos


e emoções que formam uma determinada perturbação psicológica:

a) Problema presente
b) Prevalência
c) Incidência
d) Prognostico
e) Curso
f) Etiológica

O passado
(conceções históricas do comportamento anormal)

✓ Agentes externos ao mosso corpo e ambiente que influenciam o nosso


comportamentos, pensamento e emoções (ex.: divindades, espíritos, lua);
✓ Antiga Grécia: a mente (alma) separada do corpo;
✓ Esta divisão originou duas tradições de pensamento sobre o comportamento
anormal: modelo biológico e modelo psicológico
✓ Três paradigmas:
o Sobrenatural
o Biológico
o Psicológico

A tradição sobrenatural (século XIV-XV)

Comportamento anormal: reflexo de uma batalha entre o bem e o mal

Causas: explicação nos domínios do sobrenatural (ex.: demónios, bruxas);

Tratamento: exorcismo, cortar o cabelo da vítima em forma de cruz, etc.

Neste período os problemas mentais eram um fenómeno natural cuja origem se


encontrava na tensão mental ou emocional e para a qual havia cura. Os tratamentos
eram descansar, dormir, ambiente saudável e alegre, banhos, etc.

✓ Nicolás Oresme
Fonte de certos comportamentos estranhos era a doença da melancolia e
não os demónios;
✓ Contraposição de correntes de explicação natural e sobrenatural
✓ Tratamento para a possessão (ex.: imersões em água gelada)
✓ Histeria coletiva (ex.: emoção contagiada)
✓ A lua e os astros
Sugeriram que os movimentos da lua e dos astros tinham efeitos
profundos no funcionamento psicológico
✓ Procura as causas físicas das perturbações mentais

A tradição biológica

✓ Procura as causas físicas das perturbações mentais


✓ Hipócrates:
Sugeriu que as perturbações psicológicas podiam ser tratadas como
qualquer outra doença;
A causa podia ser alguma patologia ou traumatismo cerebral e podiam
ser influenciadas pela genética;
Reconheceu também a importância dos efeitos negativos de tensão
familiar
Teoria dos humores
☼ O funcionamento normal do cérebro relacionava-se com 4 fluxos
ou humores, que se aplicam aos traços de personalidade:
o O sangue- vigoroso, jovial, otimista
o Bílis negra- melancolia;
o Bílis amarela- colérico, irascível;
o A fleuma- apatia, letargia
☼ Primeiro exemplo da associação das perturbações psicológicas
com um desequilíbrio química.
☼ Tratamento: o excesso de um ou mais humores tratava-se com a
regulação do ambiente, por aumento ou diminuição do calor, da
humidade ou frio, dependendo do humor a tratar
✓ História e perturbações somatoformes (Hipócrates e os egípcios)
Os sintomas físicos parecem ser produto de uma patologia orgânica
para a qual não se encontra uma causa no organismo (ex.: paralisia e
certas formas de cegueira);
Suposição de ocorrência apenas no sexo feminino;
Causa- movimento do útero .
✓ O seculo XIX
o Descoberta da natureza e causa da sífilis
▪ Doença de transmissão sexual provocada por um micro
organismo bacteriano que invade o cérebro
▪ Sintomas idênticos aos da psicose
▪ Penicilina como cura da sífilis mais tarde
Associaram diretamente a “demência” e os sintomas
comportamentais e cognitivos de uma infeção com cura
✓ John P. Grey
o A demência sempre se devia a causas físicas
o Um paciente com uma perturbação mental devia ser tratado como
alguém doente fisicamente
o Sublinha o descanso, dieta, temperatura ambiental e ventilação
adequadas
✓ O desenvolvimento da tradição biológica
o Anos 30: descargas elétricas e cirurgia cerebral; novos fármacos; terapia
electroconvulsiva (TEC)
o Anos 50:primeiros medicamentos para as perturbações psicóticas graves
(ex.: reserpina, neurolépticos)
✓ Emil Kraepelin (1856-1926)
o Defensor das ideias da tradição biológica;
o Contribuição na área do diagnostico e classificação;
o Idade de inico e curso temporal

A tradição psicológica

Aproximações à concepção psicossocial moderna- fatores psicológicos, sociais e


culturais. Platão e Aristóteles

✓ Terapia moral
o Séc. XVIII- aproximação psicossocial às doenças mentais chamada
terapia moral;
o Moral- significa “emocional”
o Princípios básicos- tratar os pacientes internados da forma mais natural
possível num meio que motivasse e fortalecesse a interação social moral
o A terapia moral transformou as instituições em lugares habitáveis e
terapêuticos
o Reforma das instituições mentais e a decadência da terapia moral
▪ Apos a 1ª metade do sec. XIX- decadência do tratamento humano
▪ Fatores:
• Maior número de pacientes apos a guerra cível americana
• Movimento de higiene mental
• Concepção de que as doenças mentais eram causadas por
patologias cerebrais- incuráveis
o Ressurgiu no sec. XX a psicanalise (Freud) e comportamental (Watson,
Pavlov e Skinner
✓ Teoria psicanalítica
o Mesmer (1734-1815)- pai da hipnose- estado de transe
o Charcot (1825-1893)- demonstrou que algumas técnicas de Mesmer
eram eficazes em algumas perturbações; influenciou Freud para que
considerasse os métodos psicossociais nas perturbações
o Breuer (1842-1925) e Freud (1856-1939)- “descoberta” da mente
inconsciente e a sua influência aparente na produção das perturbações
psicológicas; um dos desenvolvimentos mais importantes na história da
psicopatologia: descoberta de que a recordação é terapêutica e alivia dos
traumas emocionais que se tornaram inconscientes e liberta a tensão que
os acompanha; catarse- libertação de material emocional
o Freud- modelo psicanalítico- teoria sobre o desenvolvimento e estrutura
da personalidade: estrutura da mente e as distintas funções da
personalidade que às vezes entram em conflito entre si; mecanismos de
defesa com que a mente se defende destes conflitos; etapas de
desenvolvimento psicossexual inicial; Id- pensamento emocional e
irracional (princípio do prazer); Ego- pensamento logico e racional
(princípio da realidade); Superego- consciência (princípios morais);
o mecanismo de defesa:
▪ processos de proteção inconscientes que mantem de baixo de
controle as emoções primitivas associadas com conflitos para que
o ego possa seguir a soa função coordenadora;
▪ mecanismos de defesa saudáveis- humor e a sublimação
relacionam-se com a saúde psicológica
o etapas do desenvolvimento psicossexual:
▪ oral (2 anos); anal; fálica (3-6anos); latência; Genital;
▪ se não recebermos a recompensa na etapa ou se uma etapa deixar
uma impressão forte- a personalidade irá refletir essa etapa na
vida adulta
o perturbações psicológicas
▪ resultado de conflitos inconscientes subjacentes, da ansiedade
resultante destes conflitos, e dos mecanismos de defesa- neuroses
ou perturbações neuróticas
o desenvolvimentos
▪ Anna Freud- psicologia do ego- mecanismos
▪ Melanie Klein e Otto Kemberg- relações objetais
▪ Carl Jung- inconsciente coletivo
▪ Alfred Adler- complexo de inferioridade
▪ Conformaram que é correto considerar a psicopatologia do ponto
de vista desenvolvimental
o Psicoterapia psicanalítica
▪ Técnicas
• Associação livre: dizer o que vem à mente sem a comum
censura imposta pela sociedade
• Analise dos sonhos: o conteúdo dos sonhos relaciona-se
de forma sistemática com aspetos simbólicos dos conflitos
inconscientes
✓ Teoria humanista
o Autorrealização
▪ Suposição: poderíamos alcançar o nosso potencial mais elevado,
em todas as áreas de atuação se tivéssemos apenas a liberdade de
crescer;
▪ Algumas condições podem bloquear a nossa realização:
condições de vida, experiências de vida ou interpessoais, podem
afastar-nos do nosso verdadeiro eu
o Abraham Maslow
▪ Descrição da estrutura da personalidade
▪ Hierarquia de necessidades (físicas, de alimento e sexo;
necessidades socias; autorrealização, amor e autoestima)
o Carl Rogers
▪ Terapia centrada na pessoa
• O terapeuta adota um papel passivo e faz o menor número
de interpelações possíveis
• Dar oportunidade à pessoa de se desenvolver durante o
curso da terapia
• Confiança na capacidade das relações humanas para
fomentar este crescimento
▪ Consideração positiva incondicional
• Aceitação completa e quase sem restrições da maior parte
de sentimentos e ações das pessoas
▪ Empatia
• Compreensão do ponto de vista particular que a pessoa
tem do mundo
✓ O modelo comportamental
o Pavlov e o condicionamento clássico- modelo cognitivo-comportamental
ou de aprendizagem social
o Condicionamento clássico- um tipo de aprendizagem em que se
emparelha um estímulo neutro com uma resposta até provocar tal
resposta; generalização do estímulo
o Estímulo incondicionado
o Resposta incondicionada
o Estímulo condicionado
o Resposta condicionada
o Watson – “a psicologia do ponto de um vista comportamental, é um
ramo experimental puramente objetivo das ciências naturais. O seu
objetivo teórico é a predição e o controlo do comportamento. A
introspeção não forma uma parte essencial dos seus métodos”
o O medo podia aprender-se ou condicionar-se classicamente e talvez se
pudesse extinguir
o Os inicos da terapia comportamental
▪ Joseph Wolpe (1918-1997)- dessensibilização sistemática;
extinção do medo; impossibilidade de reproduzir o objeto fóbico
-> imaginar a cena fobica e escolher uma resposta incompatível
com o relaxamento (gradual)
o Skinner e o condicionamento operante
▪ O comportamento muda em função do que se segue ao
comportamento
▪ Uma parte do nosso comportamento não é provocado de maneira
automática por estímulos incondicionados
o Thorndike
▪ Lei do efeito- estabelece que o comportamento se fortalece (com
probabilidade de que se repita com frequência) ou se debilita
(com a probabilidade de que ocorra com menor frequência), de
acordo com as consequências de determinado comportamento.
o Condicionamento operante
▪ O comportamento opera no ambiente e este modifica-o de certa
forma
▪ Ex.: o comportamento da criança influencia o comportamento dos
pais, modificando o ambiente, o que tem consequências no
comportamento da criança
o Programas de reforço
▪ O castigo como consequência é ineficaz a longo prazo
▪ A principal forma de desenvolver um novo comportamento é
reforçar de forma positiva o comportamento desejado
▪ Modelagem- processo que reforça aproximações sucessivas a um
comportamento
o Conclusão
▪ Pavlov, Watson e Skinner contribuíram para a terapia
comportamental
▪ Aplicaram princípios científicos a problemas clínicos

O presente: o método científico e uma perspetiva integradora

Evolução na psicopatologia (anos 90)

✓ A crescente complexidade dos instrumentos e metodologia científica


✓ A compreensão de que nenhuma influencia- biológica, comportamental,
cognitiva, emocional ou social- atua isoladamente
✓ Adolf Meyer
o Psicopatologia determinada por múltiplas causas
o Sublinhou de igual modo as contribuições se determinismo biológico,
psicológico e sociocultural
✓ Conclusão
o Necessidade de um novo modelo que considere as influências biológicas,
psicológicas e sociais, no comportamento
o Modelo atual de psicopatologia é multidimensional e integral

Dimensões

Dimensões biológicas – fatores causais do campo da genética e das neurociências;

Dimensões psicológicas – fatores causais dos processos comportamental e cognitivo


(e.g., aprendizagem social);

Influências emocionais, sociais e interpessoais – contribuem para a psicopatologia;

Influências do desenvolvimento.

Exemplo: caso de fobia especifica


Ativação Filme sobre biologia em que aparecia sangue.

Estado de desenvolvimento Mulher de 16 anos.

Influências biológicas Aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea.

Influências comportamentais e.g., resposta condicionada a ver sangue – situações


similares provocam a mesma reação; evitamento.

Influências emocionais e cognitivas Medo e ansiedade.

Influências sociais e.g., problemas na escola.

Modelos unidimensionais ou multidimensionais


Modelo Linear ou Unidimensional: A psicopatologia é explicada por uma
anormalidade física ou pelo condicionamento; e.g., esquizofrenia/fobia – desequilíbrio
químico.

Perspetiva Sistémica sobre a causalidade da psicopatologia: Qualquer influência


particular que contribui para a psicopatologia não pode ser considerada fora do contexto

• Por exemplo:
o Influências Comportamentais: Condicionamento clássico- Mas porque é
que os outros alunos não desenvolveram a mesma fobia?
o Influências Biológicas: Síncope vasovagal- Desmaio: aumento da
frequência cardíaca e da pressão sanguínea diminuição da resistência
vascular
o Influências Emocionais Pensamentos e sentimentos exercem influência
sobre a biologia.
o Influências Sociais Atenção social pode reforçar mas a rejeição pode
piorar os sintomas.
o Influências do Desenvolvimento Porque é que este problema surgiu
quando tinha 16 anos e não antes? (e.g., ritmo de reação fisiológica)

Contribuições genéticas para a psicopatologia


• Os genes: moléculas de ADN dentro do núcleo das células
• Doença de Huntington: doença cerebral degenerativa que surge na meia-idade.
o Causa – defeito genético que provoca a deterioração de uma área
específica do cérebro (gânglios da base).
o Resultados – mudanças marcadas na personalidade, no funcionamento
cognitivo, no comportamento motor (tremores e movimentos
involuntários).
• Fenilcetonúria
o Pode provocar atraso mental;
o Incapacidade do corpo de metabolizar (decompor) a fenilalanina
(composto químico que se encontra em muitos alimentos);
o É herdada quando ambos os pais são portadores do gene e o transmitem

Natureza dos genes


• Cada célula humana normal possui 46 cromossomas (ordenados em 23 pares);
• 22 pares de cromossomas proporcionam programas de desenvolvimento do
corpo e do cérebro;
• O último par, cromossomas sexuais, determina o sexo do indivíduo.
• Nas mulheres – ambos os cromossomas do par 23 designam-se por
cromossomas X;
• Nos homens – a mãe contribui com um cromossoma X e o pai com o
cromossoma Y;
• Diferença responsável pela variedade no sexo biológico;
• As anormalidades no par de cromossomas sexuais podem originar características
sexuais ambíguas.
• Desenvolvimento, comportamento, personalidade – poligénico;
• Genética quantitativa – sintetiza todos os pequenos efeitos de muitos genes sem
indicar quais são os genes responsáveis por determinados efeitos;
• Técnicas moleculares genéticas – estudo da estrutura real dos genes;
o Identificar alguns genes que contribuem para as diferenças individuais.

Novos desenvolvimentos no estudo dos genes e no comportamento


• Identificação da contribuição genética nas perturbações psicológicas e padrões
comportamentais relacionados;
• Atribuição de cerca de metade dos nossos traços de personalidade e capacidades
cognitivas aos genes;
o Exemplo: a hereditariedade da capacidade cognitiva geral é
aproximadamente cerca de 62%.
o Exemplo: nas perturbações psicológicas, os fatores genéticos explicam
menos de metade (e.g., esquizofrenia, alcoolismo).
• As investigações sugerem que as contribuições nas perturbações psicológicas
são provenientes de vários genes;
• Cada um destes genes possui um efeito pequeno;
• Como interagem os fatores genéticos e ambientais para influenciar o
desenvolvimento de perturbações psicológicas e o seu tratamento?

Interação dos efeitos genéticos e ambientais


Dois Paradigmas:

• Modelo diátesis-stress
o Os indivíduos herdam, de múltiplos genes, tendências para exprimir
certos traços ou comportamentos (diátesis vulnerabilidade), os quais se
podem ativar posteriormente em situações de stress.
o Exemplo: Alguém que herda uma vulnerabilidade ao alcoolismo vs. um
amigo sem tendência.
• Modelo Genes-Ambiente Recíprocos (Rende & Plomin, 1992)
o Tendência geneticamente determinada para criar fatores de risco
ambientais que desencadeiam uma vulnerabilidade genética de
determinada perturbação;
o Aplicável ao desenvolvimento da depressão.

“Herança” não genética do comportamento


• Os estudos têm exagerado a influência dos genes na nossa personalidade e no
nosso comportamento e sua contribuição para o desenvolvimento de
perturbações psicológicas;
• “As influências genéticas são menos poderosas do que acreditamos. O ambiente,
ainda que atuando subtilmente, pode moldar e exercer a sua própria influência
nas interações biológicas que nos conformam.”
• Estudo de Francis e col. (1999) realizado com ratos:
o Estudaram a reatividade ao stress e como se transmite às gerações
posteriores;
o Procedimento experimental “cross fostering”:
▪ O comportamento materno influenciava a forma como as crias
toleravam o stress.
• Outro Exemplo: Filhos de indivíduos com esquizofrenia dados para adoção após
o nascimento tinham tendência para desenvolver alterações psiquiátricas se a
família de acolhimento fosse disfuncional.
• Suomi (2000):
o Estudos demonstraram que a privação inicial dos cuidados maternos teria
nos macacos jovens:
▪ Um padrão genético específico associado a um temperamento
altamente reativo (emotivos, sensíveis ao stress);
▪ Efeitos significativos no funcionamento do sistema neuro
endócrino e nas posteriores reações emocionais e
comportamentais.
• Conceito da Genética como Fator Limitador das Influências Ambientais
o Implicações para a prevenção da expressão de traços de personalidade
não desejados.
o C: Parece que as manipulações ambientais, especialmente em etapas
iniciais, podem fazer muito para contrariar a tendência genética
Procedimento experimental “cross fostering”
• Pegaram em algumas crias recém-nascidas de mães inquietas, com stress fácil, e
entregaram-nas a mães mais tranquilas.
• Demonstraram que o comportamento pacífico das mães se podia transmitir
através das gerações de ratos, independentemente das influências genéticas,
dado que as crias de mães com stress ficaram mais pacíficas e resistentes ao
stress.

Conclusões
• A complexa interação entre os genes e o ambiente desempenha um papel
fundamental na perturbação psicológica;
• A nossa herança genética determina o nosso comportamento, emoções e os
nossos processos cognitivos;
• Ao mesmo tempo, os acontecimentos ambientais parecem influenciar a nossa
estrutura genética, determinando se certos genes se ativam ou não;
• Nem os genes nem os acontecimentos ambientais podem determinar por si só o
desenvolvimento do nosso comportamento e da nossa personalidade –
combinação de fatores

As neurociências e as suas contribuições para a psicopatologia

• Funcionamento do Sistema Nervoso e Cérebro: Importantes para compreender o


nosso comportamento, emoções e processos cognitivos.
• Sistema Nervoso:
o SN central (cérebro e medula espinal)
o SN periférico (SN somático e SN autónomo)
• SN Central
o Processa toda a informação recebida dos órgãos sensoriais e reage;
o Medula – facilita a transmissão de mensagens desde e para o cérebro.
o Cérebro – 140 milhões de células nervosas (neurónios)
o Neurónios – transmitem informação pelo sistema nervoso;
▪ Corpo celular
▪ Dendrites – recetores
▪ Axónio
▪ Espaço intersináptico (entre o axónio e as dendrites)
o Espaço intersináptico
▪ Neurotransmissores
• Substâncias químicas que são libertadas do axónio de uma
célula nervosa e transmitem o impulso aos recetores de
outra célula.
o Principais neurotransmissores:
▪ Norepinefrina (noradrenalina)
▪ Serotonina
▪ Dopamina
▪ Ácido Gama-aminobutírico (AGAB ou GABA)
o Os excessos ou insuficiência de alguns neurotransmissores associam-se
com diferentes grupos de perturbações psicológicas.
▪ Exemplo:
• Níveis reduzidos de AGAB associam-se com ANX
excessiva;
• Aumento na atividade de dopamina com a esquizofrenia;
• Correlações entre a DEP e níveis elevados de
norepinefrina e níveis reduzidos de serotonina.
o Hemisfério esquerdo – processo verbal.
o Hemisfério direito – perceção do mundo, criação de
o imagens.
▪ Lobo frontal (programação dos atos e do movimento)
▪ Lobo parietal (sensações somáticas)
▪ Lobo occipital (visão)
▪ Lobo temporal (audição, aprendizagem, memória, emoções)
o Investigação em psicopatologia: Lobo frontal; Sistema límbico; Gânglios
da base
• SN Periférico
o SN Somático
▪ Controla os músculos
▪ Problemas nos movimentos voluntários
▪ Problemas na fala
o SN Autónomo
▪ SN simpático
▪ SN parassimpático
• Regula o sistema cardiovascular
• “ o sistema endócrino
• “ o sistema digestivo
• “ temperatura corporal

Neurotransmissores
• Certas perturbações psicológicas são ocasionadas por desequilíbrios
bioquímicos, excessos ou deficiências em certos sistemas de neurotransmissores.
o Substâncias Agonistas – aumentam a atividade de um neurotransmissor,
imitando o seu efeito.
o Substâncias Antagonistas – diminuem ou bloqueiam um
neurotransmissor.
o Agonistas Inversos – produzem efeitos opostos aos dos
neurotransmissores.
• Serotonina
o 5 – hidroxitriptamina (5 HT)
o Regula o nosso comportamento, humor e processos de pensamento.
o Níveis baixos – diminuição da inibição, impulsividade e tendência a
reagir com excesso às situações.
o E.g., agressão, suicídio, consumo de alimentos impulsivo,
comportamentos sexuais excessivos.
o 15 recetores diferentes no sistema de serotonina.
o Fármacos – antidepressivos tricíclicos (e.g., imipramina).
o Novo tipo de inibidores da reabsorção ou recaptação da serotonina –
fluoxetina (Prozac).
o Fármacos para: ansiedade; perturbações de humor; perturbações do
comportamento alimentar
• Ácido Gama-aminobutírico
o Reduz a atividade pós-sináptica;
o Inibe uma variedade de comportamentos e emoções;
o Redução da ansiedade;
o Fármacos – benzodiazepinas (tranquilizantes ligeiros);
o Sistema complexo – depende de muitos circuitos.
• Norepinefrina (noradrenalina)
o Sistema endócrino;
o Catecolaminas – segregadas pelas glândulas suprarrenais;
o Fármacos - bloqueadores beta (hipertensão, frequência cardíaca);
o Bloqueiam os recetores beta, reduzindo as suas respostas a um aumento
de norepinefrina;
o Relação com os estados de pânico.
• Dopamina (catecolaminas)
o Relacionada com a esquizofrenia;
o Bloqueio de recetores de dopamina específicos, baixando a atividade da
dopamina;
o Novos fármacos antipsicóticos (clozapina) – efeitos limitados em certos
recetores da dopamina;
o Deficiências em dopamina – doença de Parkinson (deterioração no
comportamento motor, rigidez dos músculos, dificuldade de raciocínio)
(L-dopa).

Repercussão na psicopatologia
Exemplo:

• As contribuições genéticas poderiam conduzir a padrões de atividade de


neurotransmissores que influenciam a personalidade.
• Os que assumem riscos de maneira impulsiva talvez tenham uma baixa atividade
serotonérgico e uma elevada atividade dopaminérgica.

Imagiologia cerebral no estudo da perturbação obsessivo– compulsiva

• Maior atividade na parte lobo frontal.


• Superfície orbital – trajetória da serotonina
o Uma das funções da serotonina é moderar as nossas reações;
o Comportamento alimentar, sexual e a agressão com maior controlo
quando possuem níveis adequados de serotonina;
o As lesões que interrompem os circuitos de serotonina parecem afetar a
capacidade de ignorar aspetos exteriores irrelevantes e o organismo reage
de forma exagerada.
Influencias psicossociais na estrutura e funcionamento do cérebro
Provas que confirmam os efeitos poderosos dos fatores psicossociais na estrutura e

funcionamento do cérebro.

• Exemplo:
o Baxter e col. (1992) descobriram que o circuito cerebral se tinha
modificado (normalizado) em doentes com POC através de uma
intervenção psicológica (exposição e prevenção da resposta).
• Agressão Extrema
o Atrofia o crescimento intelectual, emocional e social;
o Atrofia o crescimento físico e a maturidade;
o Inibição do funcionamento da pituitária (hormonas de crescimento):
o Exemplo: uma criança de 16 anos é avaliada com uma idade mental e
com um desenvolvimento físico de 8 anos.
• Insuficiência no Desenvolvimento
o 5% das admissões pediátricas nos hospitais;
o 10%/20% das admissões em zonas rurais;
o Exemplo:
▪ Menor consumo de calorias relacionado com um ambiente
psicossocial disfuncional.
• O Cancro e o Tratamento Psicológico
o Influências psicossociais na doença física (intervenção psicológica):
▪ Podem aumentar o período de sobrevivência;
▪ Podem evitar a recorrência do cancro.
o Exemplo:
▪ O grupo de mulheres que recebeu terapia viveu o dobro do tempo
(3 anos) do que o grupo de controlo (18 meses).
▪ A redução do stress e proporcionar aos pacientes melhores
estratégias de coping e uma sensação de controlo parecem
estimular o sistema imunológico.

Interações com o funcionamento e estrutura do cérebro


• Interação de fatores psicossociais e funcionamento cerebral na atividade dos
neurotransmissores;
• Os fatores psicossociais influenciam diretamente os níveis dos
neurotransmissores;
• Experiências com macacos:
o O mesmo nível de substância neuro química, que atuou como
neurotransmissor, teve efeitos muito diferentes dependendo do historial
psicológico dos macacos (com ou sem sensação de controlo);
o Exemplo de interação significativa entre neurotransmissores e fatores
psicossociais.
• Outros Estudos:
o As influências psicossociais influenciam de maneira direta o
funcionamento e a estrutura do sistema nervoso central;
o Os fatores psicossociais mudam os níveis de atividade de muitos dos
nossos sistemas de neurotransmissores (norepinefrina e a serotonina);
o A estrutura dos neurónios, como o número de recetores numa célula,
pode ser modificada pela aprendizagem e pela experiência.
• Conclusão:
o A experiência psicológica prévia influência o desenvolvimento do
sistema nervoso e, por conseguinte, determina a vulnerabilidade
posterior a “perturbações psicológicas” na vida;
o A estrutura do sistema nervoso modifica-se como consequência da
aprendizagem e da experiência;
o Esta flexibilidade do SNC ajuda a adaptação ao ambiente.

A ciência do comportamento e cognitiva


• Avanços na Ciência Cognitiva: Forma em como adquirimos e processamos a
informação, armazenámos e recuperámos.
• Condicionamento e Processos Cognitivos: Paradigmas do condicionamento
básicos facilitam a aprendizagem da relação entre acontecimentos no ambiente.
• Desânimo Aprendido
o Encontrar condições sobre as quais não possuem controlo.
o Exemplo: Pessoas que enfrentam uma tensão incontrolável na vida (e.g.,
depressão); Atribuem que não possuem controlo e deprimem.
• Aprendizagem Social:
o Modelagem ou aprendizagem por observação;
o A importância do contexto social da aprendizagem.
• Aprendizagem Preparada: Exemplo: aprendemos a ter medo de alguns objetos
com maior facilidade do que outros (sobrevivência).
• A Ciência Cognitiva e o Inconsciente: Conflitos emocionais primitivos vs.
processamento de informação e ação.
• Terapia Cognitivo Comportamental: Beck e a terapia cognitivo-comportamental;
Ellis e a terapia racional-emotiva (crenças irracionais).

Emoções

• A Fisiologia e o Propósito do Medo:


o Resposta de fuga ou luta
o Resposta psicofisiológica
• Fenómenos Emocionais
o Emoção – tendência de ação;
o Tendência a comportar-se de certa forma (fugir), provocada por um
acontecimento externo (uma ameaça), e um estado emocional (terror),
acompanhado por uma possível resposta fisiológica característica.
• Componentes da Emoção
o 3 componentes: Comportamento; Fisiologia; Cognição
• A Ira/Hostilidade e o Coração: Problemas cardíacos
• Emoções e Psicopatologia: Reprimir respostas emocionais (medo ou ira)
aumenta a atividade do sistema nervoso simpático – contribuindo para a
psicopatologia.

Fatores culturais, sociais e interpessoais

“... as influências culturais e sociais podem matar uma

pessoa.” (Barlow & Durand, 2003, p.65)

• O vudu, o mau-olhado e outros medos


o Fenómeno da morte por vudu (sentença de morte por um curandeiro
pode criar uma excitação intolerável automática – danos nos órgãos
internos).

C: Os fatores culturais influenciam a forma e o conteúdo da psicopatologia.


• O Género
o A probabilidade de que uma pessoa tenha uma determinada fobia é
influenciada pelo género.
o Exemplo: fobia a um inseto (90% são mulheres); fobia social é
equivalente para ambos os sexos; alcoolismo nos homens; bulimia
nervosa nas mulheres.
o Explicação: papéis de género e expectativas sociais.
• Efeitos Sociais na Saúde e no Comportamento
o Quanto maior o número e a frequência de relações e contactos sociais,
maior a probabilidade de viver mais tempo.
o As relações sociais parecem proteger os indivíduos de muitas
perturbações físicas e psicológicas (e.g., depressão).
o Quanto maior a magnitude dos vínculos sociais menor a probabilidade de
ter uma gripe.

Conclusões

• Contribuições da:
o Teoria psicanalítica
o Ciência comportamental e cognitiva
o As influências emocionais
o As influências sociais e culturais
o A genética
o As neurociências
o Os fatores de desenvolvimento no ciclo de vida
• É impreciso e errado dizer que uma perturbação psicológica é “causada” por um
desequilíbrio químico.
• Um desequilíbrio químico pode ser provocado por fatores psicológicos ou
sociais:
o E.g., stress, reações emocionais fortes, interações familiares difíceis ou
combinação de vários fatores.

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