Resumo do Excerto: Formações Econômicas Pré-Capitalistas
Um pré-requisitos para o trabalho remunerado e uma das condições históricas
do capital são trabalho livre e a troca de trabalho livre por dinheiro com a finalidade de apreciação, outro pré-requisito é a separação entre o trabalho livre e suas condições de efetivação (meios e material do trabalho) e acima de tudo a terra, assim, em ambas, o essencial ao trabalhador é a propriedade. Desse modo o indivíduo relaciona-se consigo como senhor das condições de sua realidade, e de igual modo com os outros, dessa forma, como proprietários buscando a manutenção da comunidade, e portanto, tendo o trabalhador como um produto histórico.
Inicialmente a propriedade da terra toma forma como comunidade humana
(familiar), operando de forma nômade e surgindo como condição prévia da apropriação e compartilhamento passageiro da terra. A comunidade tribal espontânea da início as atividades produtivas e apropriação pelo trabalho, e consequentemente, torna o membro como um possessor. Por outro lado, desta união emerge algo superior e separado das particulares, fazendo o indivíduo, na verdade, como não possuidor, assim o déspota surge como agregador das unidades e dono de seu produto excedente. O excedente do trabalho é realizado tanto mediante tributo quanto trabalho comum a glória da comunidade destinado, parte ao déspota, parte a divindade. A produção pode tomar forma de duas maneiras, mediante várias unidade familiares lado a lado gerenciando as terras que as foram confiadas (com devidos momentos de trabalho a reserva comum visando segurança e cobrir custos da comunidade) ou constituir um sistema de organização comum do trabalho, podendo haver tendência a comunalidade gerando maior despotismo ou uma comunidade mais democrática
O molde secundário de propriedade, tendo a comunidade, tal como no primeiro,
como requisito prévio, não mais tem os indivíduos como acidentes, antes, baseia- se na cidade. Apesar das dificuldades impostas no relacionamento com a terra, não é difícil lidar com ela enquanto seu meio de trabalho, desse modo, as dificuldades são encontradas em ocupantes prévios da terra ou possíveis perturbadores de sua ocupação do solo, tendo em vista isso, a guerra é imperativa a todos, seja para a ocupação inicial ou sua manutenção. Destarte, a condição da existência proprietária da comunidade é a integração por grupos de parentesco que são organizados militarmente, os quais tem suas moradias na cidade, dando base a organização bélica. Com a existência de grupos superiores e inferiores e a mistura de tribos conquistadoras e conquistadas, a terra comum é separada da propriedade privada, e o indivíduo não mais proprietário, antes, apenas ocupante. A comunidade, em condição de estado, torna-se a relação reciproca entre os proprietários, sua junção em combate do exterior e também, a garantia, baseando a comunidade nos pequenos cultivadores da terra independentes; a relação com a propriedade privada é uma relação com a terra e sua existência enquanto participante, obtendo-se a origem da comunidade, que tem como condição prévia a propriedade da terra. Tendo em vista a continuação da comunidade, faz- se necessário, a preservação da igualdade entre os livres, e o trabalho como condição a propriedade. Dessa maneira, dadas as condições do indivíduo, seu objetivo não será a aquisição de riquezas, mas sim, a subsistência, visto que o tempo excedente é destinado a guerra (pertence a comuna).
Outra forma de propriedade dos indivíduos trabalhadores é a germânica, onde
o membro não é coproprietário da comuna, a terra permanece em poder da comunidade, separa da dos membros, sob forma de terra comum, e o remanescente é distribuído. Esta comunidade não concentra-se em cidades, pelo contrário, desenvolve-se mediante oposição da cidade e campo (Idade Média). A cidade é o que atribui a comunidade existência econômica, uma vez que não é apenas um amontoado de casas separadas, o todo consiste em uma forma de organismo independente das partes, manifestando-se como um acordo (associação) entre sujeitos independentes (proprietários de terra). Portanto, a comunidade difere da cidade, pela falta de entidade política.
É intrínseco a cada família a econômica completa, expressando-se em um centro
independente de produção. Na antiguidade clássica a cidade era o todo econômico, já no mundo germânico, corresponde ao lar individual, onde a família é a unidade independente, sem concentração de vários proprietários. Na forma asiática a propriedade não se encontra, apenas a posse unitária, pois, o real possuidor é a comunidade, assim sendo, existe, exclusivamente, a propriedade comunal da terra. Outrossim, uma forma contraditória de propriedade estatal e de propriedade privada que tomou forma na antiguidade, da qual os romanos são o exemplo clássico, onde o proprietário é, ao mesmo tempo, um cidadão urbano. Sob a estrutura germânica o agricultor não é cidadão, ou habitante da cidade, sua base é o estabelecimento familiar isolado, posto isso, a comunidade toma forma apenas nas interações entre donos individuais de terra, e a estrutura comunal é posta em plano de fundo. Logo, a premissa de existência do proprietário individual é elemento da língua e do sangue, não obstante, só existindo na união afetiva de fins comunitários, tratando-se, de fato, de propriedade comum de proprietários individuais.
Referências: MARX, Karl. Formações Econômicas Pré-Capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, pp. 65 a 77.