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SINOPSE

Zane aprendeu tudo o que sabe através de seu


pai, o motociclista mais perigoso do The Devil's
Dust MC. Ele devora a escuridão com um
sorriso arrogante e sem merda para dar. Suas
obsessões imorais mal o mantêm contente em
uma vida de caos e destruição, até que ele
começa a desejar mais.

Addie não precisa do risco que vem com Zane...


isso é, até que sua vida perfeitamente
orquestrada dá uma guinada repentina e ela fica
sem nenhum outro lugar para ir.

Ela é luz do sol e instituições de caridade, ele é


balas e êxtase.

Será que ele sairá de seu inferno e irá para a


cama dela sabendo que isso significará que ele
a está arrastando para as profundezas de seu
mundo do crime?
PRÓLOGO

Zane

Aperto com força o galho lascado na palma da minha mão


enquanto cutuco a carcaça morta de um pássaro inchado, que
está pronto pra explodir, do outro lado da rua rachada. Moscas
zumbem como falcões circulando uma presa, o cheiro da morte
podre, rançoso. O cheiro me lembra daquela época em que nossa
energia acabou por conta de incêndios e toda a carne na geladeira
estragou. É um cheiro específico. Eu deveria estar me preparando
para o churrasco em família, mas estava cansado de esperar
minha mãe e minha irmã se arrumar.

Como esse pássaro morreu? O que era tão forte que tirou a
vida desse corvo? Eu empurro um pouco mais forte com o a ponta
do galho. Está duro e o bico meio aberto. Eu sou forte. Aposto
que eu poderia ter matado se quisesse. O som de algo rosnando
chama minha atenção e meus olhos se afastam do pássaro. Um
cachorro sentado a poucos metros de distância rosna para mim,
com a pele opaca e coberta de carrapatos. Ele deve ser de rua,
sem dono.

Rosnando e arreganhando os dentes, ele se agacha como se


estivesse pronto para lutar comigo pelo pássaro morto. Pego a
vara na palma da mão, pedaços de madeira se partindo nela. A
dor é boa na verdade, então eu aperto mais forte. Eu deveria fugir
do cachorro, ter medo ou gritar, mas não tenho.

Eu não sou como as outras crianças, isso eu sei. Foi-me dito


o quão diferente eu sou de crianças da minha classe.

Assim que o cachorro pula em minha direção, eu bato na


cabeça dele com o graveto. Ele não recua, e nem eu. Eu continuo
batendo nele e batendo.

Eu me sinto poderoso. Eu me sinto forte. Eu sinto... como


se estivesse no controle de alguma coisa!

— Zane! — Meu pai grita meu nome e minha coluna se


endireita. O tom em sua voz exige atenção. Parando atrás de mim,
ele suspira, esfregando o queixo enquanto olha a cena na nossa
frente. — Merda filho. — Não sei dizer se isso é decepção ou
choque em sua voz.

Ele se agacha e tira o pau quebrado da minha mão, jogando-


o para o lado.

— O que aconteceu aqui, filho?

Eu dou de ombros, mordendo o lábio. Quero dizer, não sei


o que aconteceu com o pássaro, mas conheço o cachorro.

Papai suspira, esfregando o queixo. As rugas ao redor dos


olhos dele são mais profundas do que eu já vi antes.
— Isso tem algo a ver com o hamster do vizinho? — Ele
pergunta quase num sussurro.

Eu não respondo. Eu estava na casa do vizinho e segurava


o hamster dele. Era fofo e confuso, mas o maldito me mordeu a
ponto de tirar sangue e a próxima coisa que soube... é que eu o
matei.

Meus pais não ficaram felizes comigo quando receberam a


ligação. Eu não posso ajudar quem eu sou. Se estou com raiva,
assustado ou magoado, perco o controle de mim mesmo. Mais ou
menos como aquele filme que assistimos em família. O Hulk. Eu
sou o Hulk. Assim como o monstro verde, não posso estar perto
de coisas frágeis, ou entes queridos, porque nem tenho certeza
do que sou capaz. Não tenho como controlar o que está dentro de
mim.

— Olha, eu sei que você se sente mal!

— Eu não me sinto mal, — eu interrompo, e ele leva sua


atenção do cão e ave para mim, seus olhos azuis arregalados.
Reconhecimento brilhando em seu rosto como se ele visse algo
muito familiar enquanto olhava para mim. Será que ele vê alguém
que ele conhece?

— Você não pode controlar, não é? — Seu tom ilegível. É


quase como se ele estivesse esperando isso acontecer, um
discurso foi preparado e pronto para mim.
Não respondo por que não quero que ele fique bravo ou me
olhe diferente. Eu sei que há algo errado comigo. Que eu não sou
normal. Não vejo um filhote e fico estupidamente feliz. Penso em
como estou no topo da cadeia alimentar. Como eu preciso ser o
mais forte. Quando penso que meu pai pode ficar com raiva ou
me disciplinar, ele abre um sorriso e esfrega meu queixo com o
polegar calejado. Eu estou confuso.

— Você é igual ao seu velho, não é?

Sorrio, neste momento se cria uma ligação entre meu pai e


eu. Eu sempre quis ser como meu pai. Forte. Sério. Um
motoqueiro. Nossa família é toda sobre o clube de motos, mas
minha mãe não me quer muito la, porque ela sente que isso me
tornará mais violento do que eu já sou. Ela viu os sinais, viu o
quão bravo e entorpecido eu posso ficar. Então ela tenta me
proteger. Eu a admiro por isso, mas é inútil. Eu sou assim, e
nada pode mudar isso.

Eu sou um integrante do Devil´s Dust o MC do meu pai. A


violência é costurada em minha alma e fico excitado às custas
dos batimentos cardíacos de outra pessoa.

Eu sou um pária.

— Olha filho, não quero que conte à sua mãe nada sobre
isso. Compreende? — Ele segura o dedo mindinho e, com dez
anos, quero dizer que compreendo, mas não compreendo. Eu
prometo a ele.

— Por quê? — Eu pergunto por curiosidade.

— Porque nem todo mundo é como você e eu. É melhor


mantermos isso entre nós.

Concordo, sabendo o que ele quer dizer. Eu guardo muito


para mim porque as crianças da minha idade não me entendem.

—Venha, eu vou te ensinar os caminhos do gato e do rato,


— papai afirma, pegando minha mão e me afastando dos animais
mortos.

Eles chamam meu pai de Shadow1, e naquele dia eu aprendi


a viver nas sombras do normal e a não ser pego.

1 Sombra.
ADDIE

Sentada no balanço de metal que o clube havia colocado


recentemente na praia, vejo como todos que conheço se reúnem
para o churrasco mensal. Motoqueiros, Old ladies e até crianças.
Minha mãe costumava odiar estar no clube, mas quando ela
conheceu Bobby, ela finalmente entendeu. Essa é a nossa
família, ela diz. Ela ainda fica nervosa com as maneiras dos
membros do clube, mas ela apenas me diz para manter meus
olhos abertos e o nariz limpo. O que eu faço. Não sou como
muitas crianças que crescem no clube. Eu estou focada na
escola, adoro ler, e poderia me importar menos sobre o uso de
algumas jaquetas de couro.

Uma brisa quente desliza sobre o oceano, afastando meu


cabelo loiro do meu rosto. O sol avermelhava minhas bochechas
enquanto meu vestido de verão sopra com cada descida para trás
no balanço.

— Ei! — Zane sorri para mim, seus cabelos escuros caindo


nos olhos enquanto suas botas desamarradas batem na areia.
Ele é seis anos mais novo que eu, mas ele tende a crescer em você
quanto mais você saía com ele. Ele se comporta parecendo mais
velho do que ele é, e para ser honesta... Eu não me importo de
tê-lo por perto. Contanto que ele não esteja de mau humor. Seu
temperamento vai de quente a frio em menos de um minuto. Um
segundo ele está colocando gosma no meu brilho labial, e no
outro ele está me ajudando a colocar um curativo no meu joelho
esfolado.

— Ei, Zane! — Eu sorrio, feliz por ver um rosto familiar.


Ele pega o balanço vazio ao meu lado e começa a se empurrar
lentamente. Eu olho para ele como sempre faço quando nos
reunimos. Ele nunca sorri, talvez uma leve contração, mas nunca
um sorriso completo. É como se houvesse uma certa escuridão
que o aprisionasse a ponto de assumir sua capacidade de ser
feliz. Olhando para o pai, Shadow, o rei das trevas, tenho certeza
que Zane não tem controle sobre seus próprios demônios. Muito
parecido com o pai dele.

Uma explosão de cores me fez levantar a cabeça para a


nossa amiga, Piper, atravessando a praia, olhando para nós
quando ela se aproximava. — Sério que você está usando um
vestido para um churrasco na praia? — Piper me zoa, rindo
enquanto marcha pela areia com os pés descalços. A parte de
cima do biquíni amarelo e o short branco rasgado eram a única
coisa em seu corpo esbelto e sardento. Você pensaria que ela era
uma vadia se você não a conhecesse, mas nós crescemos juntas
e eu sei que a atitude atrevida dela é exatamente quem ela é. E
quando ela não fala com você, quer dizer que ela não gosta de
você.

— Ei, Zane! — Ela sorri com batom vermelho brilhante.


Estou surpresa que a mãe dela a deixe usar maquiagem. Minha
mãe teria um derrame se me visse com maquiagem,
especialmente aquela cor. Piper é da mesma idade de Zane e eu
acho que eles são tão próximos que os fazem se ressentir mais do
que qualquer coisa. Como dois Leões juntos.

— E aí? — Zane levanta o queixo para ela, seu tom


indiferente no lugar. Lembro-me de quando Piper e Zane eram
inseparáveis quando Piper veio ao MC. Ela apareceu em uma
idade avançada quando seu pai desapareceu. Não tenho muita
certeza da história, para ser sincera, nem acho que Piper
realmente saiba. No entanto, uma noite de girar a garrafa entre
Zane e Piper as coisas ficaram estranhas para eles. Piper queria
mais, e Zane era o burro que ele geralmente é e não o fez. Quanto
a mim, tive alguns namorados, mas meu padrasto, Bobby, faz
um bom trabalho em fazê-los se esconder e fugir. Pai motoqueiro,
ficha criminal, tende a fazer com que os caras andem ao seu
redor. Não me lembro do meu pai de verdade, ele morreu quando
eu era jovem.

Uma risada baixa me faz levantar a cabeça e encontro Bull


sorrindo e caminhando em direção a nós, crianças. Ele é o
presidente do clube.

— Ei, crianças. — Ele sorri para todos, uma cerveja na mão.


Seu cabelo escuro está salpicado de cinza, mas seu rosto ainda
parece ameaçador. Seu corte de couro mal cobria suas tatuagens
e peito. Nem todos os motoqueiros são amigáveis como ele, mas
Bull é sempre bom comigo. Ele é como meu avô de verdade ou
algo assim. Ele sempre tem algo sábio a dizer e sempre tem as
suas costas.

— Ei, vovô. — Zane aperta os olhos para ver seu avô, o sol
quase cegando hoje. Ele é orgulhoso de Bull, como ele deveria
ser. Afinal, Bull é o presidente do The Devil's Dust MC. Ele ganha
muito respeito por essas partes, que são passadas para Zane e
sua família.

O som de uma grelha caindo nos rouba a atenção e


encontramos Dani gritando com a irmã descalça de Zane,
Delilah, que correu pela praia sem calças. Dani começa a
persegui-la, largando pães de cachorro-quente que ela estava
carregando para uma mesa no processo.
—Delilah, volte aqui! — Dani corre atrás dela antes de
Delilah correr sob uma mesa cheia de batatas fritas, fazendo Bull
rir antes de tomar um longo gole de cerveja. Zane parece apenas
como sua mãe, os olhos mais verdes que você já viu ligando-os
juntos. Delilah e Zane são tão diferentes, é assustador.

—Vocês sejam bons, sim? — Bull grita por cima do ombro


antes de se afastar para controlar sua filha e neta.

Todos concordamos, mas realmente não respondemos. Dê


duas horas e todos nós, crianças, seremos adultos. Nossos pais
estarão bêbados, e as Old Ladies ficarão barulhentas e loucas.
Isso acontece a cada festa.

— Devemos ir buscar um hambúrguer antes que Bobby


coma todos eles, — sugiro, meus pés derrapando na areia quente
e granulada. Bobby é um porco, ele come tudo em casa. Quando
mamãe está em casa e cozinha, Bobby é sempre o primeiro na
cozinha e o último. Não sei como ele não tem trezentos quilos.
Provavelmente porque minha mãe é médica e o faz se exercitar.
Ela garante que todos nós sejamos saudáveis quando ela está por
perto. Saindo do meu balanço, o vento esfria de repente, o oceano
se torna parado e silencioso. Um calafrio percorre minha espinha
causando arrepios nos meus braços. Algo está errado. Zane deve
sentir isso também, porque ele congela seus olhos lentamente
encontrando os meus no meio do silêncio.
Os outros membros do clube param lentamente de fazer o
que estão fazendo, o barulho lento de motos desconhecidas
ecoando no ar da noite.

O súbito som de fogos de artifício estalando me faz tremer


até parar. Olho ao redor da praia para ver a arte vibrante atirando
para o céu, mas não vejo nada. As pessoas começam a gritar, os
corpos caem e o estalo fica mais alto. Não são fogos de artifício.
Alguém está atirando!

Uma dúzia de homens em motos rugem na praia, seus


rostos cobertos com bandana ameaçadora e cortes de couro
irreconhecíveis para o nosso clube. É um tiroteio. O medo atinge
meu corpo como um mau presságio, e quero correr, mas não
consigo me mexer. Isso não pode estar acontecendo. Um homem
com olhos vazios desce lentamente em sua moto de ferro, uma
arma comprida apontada para mim e eu grito. Eu empurro meus
pés para me mover, mas não me mexo. A praia uma vez foi meu
consolo, agora meu inferno. Meu queixo torcido e o coração
batendo nos ouvidos, tudo passa em câmera lenta.

Um cuspe de fogo dispara da ponta do cano ao mesmo


tempo em que sou jogada na areia por alguém. Fatias de fogo
através do lado do meu braço logo antes do meu peito atingir o
chão implacável quase derrubando o vento dos meus pulmões.
Braços envolvem minha cabeça na tentativa de me proteger, e
tudo recomeça em tempo real. Tiros e pessoas gritando. Eu só
posso chorar e gritar. Eu choro tanto que a areia gruda nas
lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu poderia estar chorando,
mas é tão caótico que não consigo me ouvir.

— MAMÃE! —Soluço na areia da praia, morrendo de medo


de que ela possa estar morta. Foi por isso que ela me afastou do
clube por tanto tempo quando eu era criança. Ela tinha medo de
nos envolvermos nos assuntos do clube. Eu achava que ela era
super protetora, preocupada com tudo, mas parece que ela
estava certa.

— Não se levante! —Zane sussurra no meu ouvido, seu


corpo me pressionando no chão implacável. Sua força era tão
poderosa que nem percebi que foi ele quem me derrubou no chão.
Eu aceno, soluçando. A dor lancinante no meu braço não cedeu,
não corro o risco de dar uma olhada no que está causando isso,
pois tenho medo de levar um tiro. De repente, o peso é levantado
das minhas costas e eu me forço a virar a cabeça para ver para
onde Zane está indo. Ele não pode me deixar. E se alguém vier
atrás de mim?

Meu corpo treme de medo, e meu estômago se revira, vendo-


o cada vez mais longe de mim.

—Zane, volte! — Eu choro, mas eu posso ouvir o medo me


sufocando.

Zane caminha em direção a um homem alto usando uma


máscara de caveira em cima de Bull, que agora está deitado no
chão, segurando seu peito. O mesmo motoqueiro que apenas
andava por nós e atirou em mim o cara que aponta sua grande
arma em Bull, e o motoqueiro começa a gritar com ele, mas eu
não posso ouvir o que ele está dizendo embora. A tensão severa
que corre pelo corpo do motoqueiro me diz que não é nada bom.

O homem é o mais assustador que eu já vi. Ele é alto e


grande. Seus ombros segurando uma vingança, um ódio escuro
por Bull. Antes que Zane possa alcançá-los, o homem dispara, e
o corpo de Bull pula quando a bala atinge seu corpo. Sangue
respingando por toda parte.

—NÃOOO! — Eu choro, meus dedos apertando- a areia


solta. Quando estou prestes a me levantar e tentar lutar com o
cara, meus olhos encontram Zane pegando uma arma de um dos
membros mortos do clube. Não reconheço o membro, pois ele
deve ser amigo de um membro.

O motoqueiro usando a máscara de caveira se vira, os olhos


mais escuros que já vi balançarem a praia em busca de sua
próxima vítima. Ele é todo vilão em todos os filmes de terror que
minha mãe já assistiu. Seus olhos assustadores me fazendo
tremer. Que tipo de pessoa mata uma família em um jantar na
praia? É quando finalmente vejo o patch que contém o nome do
assassino.

Bender.
Um nome que eu jamais vou esquecer, não importa o quanto
eu tente.

Zane ruge com raiva, seu rosto mais vermelho do que eu já


vi enquanto ele aponta a arma para Bender. Eu quero me
levantar e proteger Zane, mas estou aterrorizada. Eu nunca vi
Zane tão desfeito, fora de controle. Ele geralmente é tão quieto e
estranho. Os ombros de Bender se levantam quando ele ri de um
garoto de dez anos apontando uma arma para ele. Estou
paralisada. Zane pode agir duro, mas ele é apenas uma criança,
como ele não está aterrorizado? Ele vai se arrepender disso com
certeza!

— Zane. Não! — O pai de Zane grita do outro lado da praia,


sangue respingado em seu rosto como se ele corresse pela praia
matando inimigos à esquerda e à direita. Zane o ignora e puxa o
gatilho com as duas mãos, seus braços dançam enquanto a arma
dispara em suas mãos. Zane ruge como um animal selvagem, e
meus olhos se arregalam da cena diante de mim. Zane não é
apenas uma criança, ele é sua própria pessoa. Os braços de
Bender voam de cada lado dele, e ele cai no chão gritando;
segurando a cabeça dele. O sangue escorre entre seus dedos e
desce pelos braços como um óleo escorregadio.

Os ombros de Zane sobem e descem quando ele respira


pesado, a arma ainda em suas mãos e apontada para Bender. Ele
não parece perturbado. Não que houvesse um tiroteio, e não que
ele tivesse atirado em um homem! O suor que sai de sua têmpora
desaparece lentamente enquanto ele olha para o homem que ele
matou. O olhar em seu rosto que eu nunca vi antes.

— Zane! —Eu corro para ele. Meus joelhos tremem, e eu


quero desesperadamente me esconder, mas não posso. Estou
com medo de Zane. Ele é mais jovem que eu, mas obviamente
não está nos olhos dele.

Ele se vira, seus olhos suavizando quando ele me vê.

— Zane! — Eu chamo seu nome novamente, com medo de


quebrar minha voz.

Ele corre para mim e eu para ele. Até batermos um no outro,


nós dois respirando com dificuldade. Suas mãos seguram meus
cotovelos, os meus nos dele enquanto olhamos um para o outro.
Seus olhos verdes dançando com sombras e emoção.

O sangue escorre de seu braço até meus dedos e partes da


minha boca. Ele está machucado!

Balanço meus dedos, hipnotizada pela visão de sangue em


minha própria pele.

— Oh meu Deus, você está sangrando! — Ele levou um tiro.


Zane parece perdido, quando seus olhos caem pelo braço até que
a visão de sangue escuro que mancha suas próprias pontas dos
dedos. Isso é dele ou é meu? Oh meu Deus, eu também levei um
tiro! O mesmo braço de Zane e o mesmo local. Vendo agora, eu
sinto a dor e ela queima como inferno, eu quero chorar ainda
mais. Mordo meu lábio tentando ficar forte. Zane não está
chorando, eu preciso ficar perto dele.

Seus olhos se voltam para os meus, seu aperto mais forte.

—Eu nunca vou deixar ninguém te machucar novamente,


— ele me promete. Sua voz segurando uma verdade que eu nunca
ouvi antes. De repente, ele parece tão adulto para mim, como um
dos homens do MC.

— Dani, as crianças estão feridas! — A voz da minha mãe


ecoa ao meu redor, mas Zane e eu não quebramos o contato
visual. Não precisamos de ninguém, temos um ao outro.

— Minha mãe é médica, ela saberá o que fazer, — sussurro


para Zane, no entanto, ele parece mais preocupado com o meu
ferimento do que com o dele. Algo sobre nós nos abraçando e
sangrando um no outro nos une. Este momento hostil se
transformando em algo memorável.

Seus olhos verdes estavam salpicados de perigo cravados


nos meus, e não consigo desviar o olhar. A maré de repente sobe
e envolve Zane e eu na praia, a água quente encharcando nossa
metade inferior. Ele pega a areia manchada de vermelho abaixo
de nós e a leva para o mar, misturando um pouco de nós dois no
mundo.
O som de sirenes na estrada chama a atenção de todos. Nós
crescemos com o lema de — Não fale com a polícia — batendo em
nossas cabeças. Portanto, a ideia da polícia está chegando não
nos faz sentir à vontade.

A mãe de Zane corre para nós, seus familiares olhos verdes


preocupados enquanto ela vê o sangue em nós dois.

— Oh meu Deus! — Ela murmura, puxando o braço de Zane


para cima e depois o meu.

A irmã de Zane, Delilah, chora muito e Piper xinga alto,


tentando passar por seu pai, Lip, para chegar até nós. Ela está
preocupada e brava que ninguém a deixe chegar até nós.

Mas estamos bem, temos um ao outro. Eles não veem?

— Bull foi baleado! Shadow informa o grupo.

— Eu os peguei, vá até ele! — minha mãe incentiva Dani.


Dani está de pé em segundos, correndo para o pai e o marido.

—Nós vamos limpar vocês, ok? — minha mãe diz devagar,


olhando para mim e Zane.

Ficar limpo é a última coisa em minha mente.

Quem eram os homens tão zangados que queriam provar


um ponto e ferir mulheres e crianças? Por que eu?
Isso é estúpido, eu sei o porquê. Esta é a nossa realidade,
o nosso pecado. Viver com os Devil’s, por mais inocente que você
seja, pagará o preço por rir com seu próximo no jantar.

Assim que a ambulância aparece, eles me separam para


nos colocar em macas. Zane enlouquece a ponto de ter que contê-
lo, fazendo-se sangrar mais.

—Zane está tudo bem! — Eu grito, tentando fazê-lo se


acalmar.

—Ela está ali, filho! — Shadow segura os braços de seu filho


enquanto amarram Zane como um animal. Um paramédico enfia
uma agulha na coxa de Zane que tenta dar uma cabeçada nele.

Deitado de costas, um paramédico limpa minha ferida e me


faz perguntas que não vou responder. Eu mal posso sentir isso
enquanto olho para Zane, que está me encarando estranhamente
calmo agora.

— Você está bem? — Eu pergunto.

Seus lábios lentamente se curvam em um sorriso malicioso.


Seus braços e pernas amarrados, sangrando do braço pingando
por toda parte, e ele está realmente sorrindo!

— Por que você está sorrindo? — Eu sussurro para ele. Por


que agora, de tudo o que passamos, este é o seu momento de
glória? É isso que o faz feliz?
— Cobiçar como um santo, confiar como um pecador, — ele
resmunga, seus olhos fechando parecendo pesados.

Meu rosto empalidece.

Essa mesma frase é aquela que nossos pais nos pregaram


uma e outra vez enquanto crescíamos e pela primeira vez. Um de
nós, finalmente, entendeu.

Claro que era Zane.


ZANE

Sentado na minha cama de hospital assistindo o picolé


derreter em meus dedos, eu ouço minha mãe e a mãe de Addie
do lado de fora do meu quarto. Este vestido estúpido coberto de
tigres pequenos está me irritando, coça e não faz nada para cobrir
minha bunda. Quero ver meu avô, quero saber se ele está bem.

Quando vi Bender prestes a atirar no meu avô, algo me


ocorreu. Era como se eu desmaiasse e não conseguisse respirar
até fazer algo a respeito. Até eu procurar vingança.

— Isso foi muito perto, Dani. Era exatamente isso que temia
que acontecesse com minha filha, e aconteceu. Addie é mais
velha agora e ela não vai simplesmente esquecer o que aconteceu!
— A doutora, mãe de Addie diz calorosamente. Ela é médica e
ajuda o clube quando um dos homens está ferido. No entanto,
ela se preocupa muito com a segurança de Addie. Sempre
colocando Addie antes do clube e Bobby. Papai diz que ela é um
pé no saco.

— Eu entendo Doc, vendo Zane atirar naquele cara hoje.


Acho que é melhor mantê-lo longe do clube por um tempo
também. — Minha mãe suspira. Meus olhos disparam para a
porta. Não tem como ela estar me afastando do clube do meu pai.
Meu avô e meu pai dirigem, e eu também o farei um dia. Mesmo
que isso signifique partir seu coração.

— Você não pode fazer isso, Dani, — a voz dominante do


meu pai interrompe, e o alívio inunda meus membros. Se alguém
entende o que eu preciso, é ele. Ele não olha para mim como se
eu fosse criança e não olha triste quando faço algo que
preocuparia um pai normal.

Não, ele me respeita.

— O que mais eu deveria fazer, Shadow, meu pai, o seu


presidente está em uma cadeira de rodas agora, porra!

— Estou dizendo, Dani, se você tentar tirar o que Zane


nasceu para fazer. Você terá um monstro em suas mãos, — meu
pai tenta explicar à minha mãe como eu não sou como as outras
crianças sem dizer a ela. Que deu à luz um monstro. É realmente
cômico. Ele deveria apenas dizer a ela. Ela o ama com seus
demônios, com certeza ela ainda vai me amar.

Deitado na minha cama, ocorre-me que o monstro que meus


pais continuam procurando debaixo da cama de Delilah, está
realmente no quarto ao lado todos esses anos.

Eu. Eu sou o monstro da hora de dormir da minha irmã, o


assunto sobre o qual eles falam nos jornais, e minha mãe tenta
me impedir.

—Senhor, podemos ter um momento para discutir os


eventos de hoje? — uma voz profunda pergunta, parece um
policial. Ele deve estar conversando com meu pai.

Pelos na parte de trás do meu pescoço arrepiam. Policiais


não gostam de nós. Somos problemas aos olhos deles, e, se
tivemos alguma coisa ou não a ver com a merda que acontece
nesta cidade, os policiais estão sempre apontando para o clube
para uma saída ao público. É o que papai diz de qualquer
maneira.

—Eu te disse. Nós não sabemos de nada — papai retruca


com ódio. Eu posso ver isso na minha cabeça. O rosto duro do
meu pai virando-se para o policial.

— Shadow! — Minha mãe sussurra.


— Então você está dizendo que nunca viu o homem que
temos sob custódia? — o policial continua.

O silêncio engrossa, e eu sei melhor do que ninguém que


meu pai não dirá uma palavra a ninguém. Ele não acredita que a
polícia fará justiça como o clube pode. Os policiais vão mais do
que provável dizer à comunidade que era uma guerra entre dois
clubes e ninguém está falando. É isso.

—Você está bem? — A doce voz de Addie me impede de


escutar. Ela estava no banheiro que fica entre os nossos quartos.
Ela tem uma bandagem rosa enrolada no braço e as bochechas
estão inchadas de tanto chorar. Ela é mais velha que eu, mas é
muito mais ingênua. Sua mãe a protegeu a ponto de atrapalhar
seu crescimento, se você me perguntar. Sento-me animado por
vê-la. Não queria sair do lado dela, com medo de que algo lhe
acontecesse.

—Sim, eu estou bem, e você? — Para ser sincero, não


consigo nem sentir a carne arrancada do meu braço. Tudo o que
consigo pensar é como o gatilho pareceu contra a ponta do meu
dedo quando o puxei. Vendo a surpresa nos olhos de Bender. Eu
comi como um lobo faminto. Mais ou menos como aquele
cachorro na rua hoje de manhã. E apenas transmite que eu era,
o monstro que eu sabia que sempre fui.

Ela não responde enquanto se senta em uma cama vazia ao


meu lado. Seu cabelo loiro está trançado nas costas agora,
provavelmente pela mãe a mimando, e ela está vestindo um
vestido de hospital com bolinhas azuis que é três tamanhos maior
que ela.

— Você estava com medo, Zane? — Ela não faz contato


visual, apenas olha para os dedos manchados de sangue. O tom
em sua voz é suave. Quero dizer que sim por que sinto que é isso
que devo dizer, mas a ideia de que o homem que tentou nos matar
e meu avô está vivo neste hospital me deixa com vontade de
encontrá-lo e esfaqueá-lo. Até que ele morra. Até eu sei que
nenhuma garota quer ouvir isso. Não é romântico, mas eu
também não sou. Certamente ela sabe disso sobre mim.

— Não. Eu não tenho medo de nada, — digo a ela de fato.

Ela assente, chupando o lábio inferior antes que uma


pequena lágrima deslize por sua bochecha. Isso me faz sentir...
triste vê-la chateada. Ela estava esperando que eu sentisse
alguma coisa, tivesse vergonha ou medo, mas não estou, e isso a
assusta.

Foi quando eu soube que a única alegria que eu suportaria


seria no escuro. As pessoas normais não têm ideia de quão
majestosa pode ser a escuridão, pois temem o desconhecido.
Gosto do desafio do que se esconde nas sombras.
1

ADDIE

SEIS ANOS DEPOIS

Zane 17 - Addie 23

Em uma mesa com Piper, Delilah e Zane, olhávamos o


cardápio em busca de algo para comer. Por que Piper escolheu
Hooters, eu nunca vou saber. As TVs barulhentas com os jogos,
e o cheiro de hambúrguer e perfume barato permanece no ar.
Ainda assim, estou morrendo de fome e vou comer praticamente
qualquer coisa, em qualquer lugar, agora. Não é que eu pense
mal das meninas que trabalham aqui, apenas me faz questionar
meu próprio corpo quando estou em lugares como este. Elas têm
quadris estreitos, bundas perfeitas, e não me fazem começar com
os cabelos delas. Como é que são tão longos e brilhantes? Isso é
falso? Ugh, eu odeio sentir pena de mim mesma. Isso apenas me
faz comer mais.

No entanto, foi a vez de Piper escolher onde comeríamos,


então que escolha temos? Nós, pirralhos, é assim que nossos pais
nos chamam enquanto crescemos, sempre tentamos nos reunir
uma vez por semana. Conforme crescemos, ficamos ocupados
com os nossos próprios assuntos, mas não queremos ficar
completamente fora da vida um do outro, por isso é que fazemos
questão de nos encontrarmos. Inferno, nós crescemos juntos e
passamos por algumas merdas com nossos pais em um clube de
motoqueiros, e precisamos ficar juntos.

— Acho que vou comer batatas fritas com queijo. — Mordo


minha unha em pensamento, mas um hambúrguer parece muito
bom também. Baixando meu cardápio, meus olhos se conectam
aos de Zane. Sua íris verdes e hostis me prendem no lugar. As
coisas têm sido diferentes entre Zane e eu desde o tiroteio anos
atrás. Não somos normais um com o outro. Eu sei que ele é seis
anos mais novo que eu, mas não posso deixar de sentir algum
tipo de atração por ele. Talvez seja porque ele salvou minha vida,
talvez seja porque uma bala cortou através de nós dois,
misturando nosso sangue em um. Como o destino tem para nós
ou algo assim. Quem sabe, talvez seja essa escuridão que o
rodeia, como um vasto desconhecido, você não pode deixar de
ficar intrigado que me atrai em sua direção.

Enquanto crescia, as crianças sussurravam sobre Zane,


como ele não falava muito e com certeza era o garoto que iria
disparar e começar um tiroteio em massa na escola a qualquer
momento, e isso assustou muita gente.

Eu não. Na verdade, eu era a borboleta trazida à chama pela


tentação, querendo arriscar minha vida para ver o que fazia o
fogo proibido arder tão brilhante. Zane é diferente, e eu quero
saber por que e como.

Minha mãe queria que eu ficasse longe do clube depois do


tiroteio, mas eu não podia. Eu fui a todas as funções que eu sabia
que Zane estaria.

—Foda-se, estou querendo asinhas apimentadas, um monte


delas! — Piper ri, dando um tapa no cardápio dela. Rasgando
meu olhar de Zane, mascaro um sorriso em sua direção. Ela é
um espírito tão livre que eu a admiro por isso. Duvido que ela se
importe com as garotas seminuas andando por aí. Na verdade,
acho que ela já trabalhou em um Hooters antes.

— Addie, peça um pouco de cerveja ou algo assim, — zomba


Delilah, girando o chapéu para trás. Ela é uma moleca e está
sempre pronta para se divertir. Sempre soubemos que ela seria a
criança selvagem dos pirralhos. Mais jovem, mas definitivamente
com mais problemas. Ela não tem uma mente sombria como
Shadow, mas algo nela está quebrado. Não sei o que.

— D! — Zane adverte, seu tom profundo e grave. Ele está


sempre correndo atrás da irmã tentando mantê-la no caminho
certo. Se você me perguntar, ele está perseguindo um fantasma.
Ela faz o que quer. Eu amo isso nela. Ela é imprevisível.

Delilah dá a Zane um olhar irritado, seus olhos verdes


ficando entediados com ele constantemente a cercando.
— Eu estou indo fumar. —Eu ia dar um sermão para ela
como minha mãe faz sobre fumar, mas ela afasta o cardápio e sai
pisando duro antes que eu possa dizer alguma coisa.

— Eu vou com ela. — Piper revira os olhos e sai correndo da


cabine. Seu short rasgado mostrando as bochechas de sua bunda
enquanto ela sai. Estou surpresa que Zane não tenha falado com
ela por usá-los tão curto. Ele é protetor com todas nós. Mesmo
que ele possa ser um idiota sobre isso, eu sei que ele ainda se
importa com tudo.

Zane se recosta no banco e um calor corre sobre minha pele


sabendo que estamos sozinhos. Mordiscando meu lábio inferior,
arrisco um olhar para ele. Nossos olhos travam e eu não posso
deixar de suspirar profundamente. Ele é tão masculino, tão
maduro. Ele já tem tatuagens, e eu as acho tão impressionantes.
Eu quero olhar para elas e realmente ver o que elas são, mas isso
me deixa quente e eu começo a suar nervosamente, ele vai me
pegar.

Descansando minha mão na mesa, deixo que qualquer que


seja esse sentimento que tenho por Zane, apodere-se de mim
como uma queimadura de sol. Ele se inclina para frente, seus
cabelos escuros caindo nos olhos. Suas mãos descansando a
menos de uma polegada da minha, você pode praticamente sentir
o magnetismo entre nossos corpos. Ele estende o dedo e escova
minha articulação da maneira mais suave possível. O simples
toque me leva a partes desconhecidas. Ele sorri, sabendo que está
me afetando. Isso está errado em muitos níveis. Bobby e Shadow
pregaram para nós, pirralhos, como não devemos nos deitar um
com o outro. Que somos uma família, mas aqui mal consigo
conter meu batimento cardíaco ao pensar em mim e Zane sendo
mais que amigos. Ele está com garotas, as ouço falar pela cidade
sobre o quão incrível ele é na cama. Eu não fui tão longe com um
cara. Ainda assim, minha mente se pergunta como seria estar
com Zane.

Abro a boca para perguntar o que estamos fazendo, o que


está acontecendo entre nós, mas uma garçonete aparece e Zane
e eu nos separamos como o Mar Vermelho.

Todos os pelos da nuca voltam ao normal e sinto frio.

— Vocês estão prontos? — A garçonete sorri, olhando


diretamente para Zane. Seu cabelo escuro está preso em um
coque bagunçado, e seu traje deixa pouco para a imaginação. Ela
parece mais velha que Zane, talvez vinte.

Zane sorri e senta-se, jogando o braço na parte de trás do


estande como se ele fosse um rei.

— Seu crachá apenas diz Hooters, — ressalta, sem


responder à pergunta dela.

Ela olha para a teta esquerda, onde seu crachá fica de lado
e suas bochechas ficam vermelhas.
— Ninguém acredita no meu nome verdadeiro. — Ela
descansa a mão no quadril laranja. Sua meia-calça bronzeada
não engana ninguém que sua pele é perfeita.

Zane se senta para frente, sua jaqueta de couro o


proclamando em um tom ameaçador. Ele quer usar o corte de
couro do clube de seu pai, até então ele usa essa jaqueta de couro
como se fosse do clube.

— Talvez eu acredite em você. — Ele flerta e meu estômago


revira. Bruto. Ele é apenas como os caras do MC. Sempre
pescando uma mulher ao seu lado. Eles não sabem o significado
de um relacionamento. Eu meio que espero que o pau dele caia.

—Baby. — A garota franze os lábios. — Meu nome é Baby.

Meu rosto se contrai, quem nomeia o filho com o nome de


Baby? Ela ri e eu decidi que a conversa acabou.

—Eu quero batatas fritas com queijo, —eu interrompo, não


dando a mínima para que eu esteja bloqueando Zane.

Baby olha para mim e Piper e Delilah aparecem bem a tempo


de fazer seus pedidos.

Baby fica lá depois de receber nossos pedidos, olhando para


a porra de Zane e mordendo o lábio inferior como uma babaca. O
que ela está esperando?

Eu bato na mesa ganhando os olhos aquecidos de Zane.


— Pedidos! — Eu insisto. — Estou morrendo de fome aqui.

— Hambúrguer. — Ele joga o cardápio sobre a mesa e


Delilah e Piper pedem a seguir.

Baby, balança os pés, mordendo o lábio.

— Isso é tudo? — Sua voz soa lasciva. Oh meu Deus, está


bruxa está com sede!

— É isso aí. Obrigada. — respondo por todos nós. Não posso


deixar de ficar irritada. Eu odeio dizer que estou com ciúmes,
mas esse sentimento feio dentro de mim não pode ser outra coisa.

Piper me dá um olhar estranho, e Delilah ri da minha


grosseria. Eu nunca sou rude. Zane apenas senta-se apreciando
o show que eu estou claramente dando a ele. O imbecil.

Baby sai, me olhando pesadamente, e Piper se vira na


cadeira e balança a cabeça para Zane. Os olhos dela se
estreitaram nele.

— Você tem problemas com mamãe ou algo assim? — O


rosto dela se contrai como se ela comesse algo azedo, o cotovelo
na mesa enquanto aponta o polegar em direção a Baby.

Zane levanta uma sobrancelha. Ele não entende ou não se


diverte. Eu acho engraçado.
—Ela está dizendo que você gosta de mulheres mais velhas,
merda, — Delilah preenche a lacuna enquanto gira o canudo em
seu refrigerante. Provavelmente chateada, por não ser uma
cerveja.

Os olhos de Zane se voltam para os meus e eu endureço. O


olhar em seus olhos silenciosamente me dizendo que ele gosta de
mulheres mais velhas. Como eu.

Mas eu sou proibida.

Depois que comemos, conversamos um pouco sobre nossos


pais e decidimos sair.

Ao sairmos, ficou claro para mim que Baby deu seu número
a Zane de passagem. Estou com raiva, quero exigir que ele me
entregue, juro que nunca mais vou falar com ele. No
estacionamento, Piper me abraça e tento aliviar meus ombros
tensos e abraçá-la de volta. Por cima do ombro dela, pego Zane
amassando o papel e o jogando no estacionamento.

Isso me fez sentir especial por algum motivo estranho.

Como se ele estivesse me esperando um dia.


ZANE

Seis anos depois

Mãos na cômoda, eu me inclino sobre ela enquanto olho o


meu reflexo no espelho rachado. Olhos verdes me assombram,
barba por fazer revestindo minha mandíbula e cabelos escuros
bagunçados no meu rosto. Eu poderia ter um corte de cabelo,
com certeza. Passando a mão sobre o peito liso, bocejo. Porra é
muito cedo para essa merda. O clube acorda tão cedo todos os
dias?

Não importa, hoje é o dia. A porra do dia em que treinei


minha vida inteira. Estou tendo a chance de estar no The Devil's
Dust. Esta cidade pensou que meu pai era o anticristo, eles ainda
não viram nada. Este é o dia que eu estava esperando desde
criança.

Sons de gemidos vêm da minha cama, e meus olhos saltam


para a bunda nua de Baby. Ela é minha, eu acho. Nós não somos
uma coisa, mas eu a fodo quando estou com tesão. Estou muito
bagunçado para fazer a coisa do relacionamento. Eu não a amo
e poderia me importar menos se ela fosse embora ontem. A
maneira como vivo, gatilho para gatilho, é tudo que me interessa.
Além do mais, eu não estou disposto a conversar, ou ter
palhaçadas românticas, então eu não sou realmente o cara que
leva para casa. As garotas realmente não gostam disso, e isso
funciona para mantê-las à distância.

— Boa sorte hoje, — Baby geme meio adormecida. A cabeça


debaixo de um travesseiro com as mãos estendidas na cama. Eu
a peguei bem ontem à noite, tenho certeza que meus lençois
cheiram a boceta rançosa. Vou ter que arrumar uma das garotas
do clube para limpar meus lençois hoje. Eu posso ser um
bastardo vil, mas eu gosto que meus lençóis estejam limpos.
Roupas limpas, lençóis limpos e boceta limpa.

Já era hora de trocar Baby.

Agarrando meu novo corte de couro na parte de trás da


porta, deslizo por cima da minha camisa branca e inspiro a
sensação majestosa que ecoa nas minhas veias. O corte parece
melhor do que eu jamais poderia ter imaginado. Mesmo quando
eu me escondia do meu pai quando criança, não parecia nada
assim. Eu me sinto poderoso, uma parte de algo maior do que
qualquer um que não use esse corte saberia.

Eu estou em uma irmandade. Lealdade e respeito a minha


missão.

Puxando minhas botas, desamarradas, passo a mão pelo


cabelo e olho para Baby mais uma vez. Apenas deitada ali
dormindo, provavelmente até o meio dia. Ela não trabalha mais,
então está sempre se agarrando a mim.
— Levante-se e faça algo hoje, — eu rosno. Sua cabeça
aparece, enrola em todos os lugares enquanto ela tenta me
encarar. Ela me dá as costas, e eu bato a porta. Cadela
preguiçosa.

Dirigindo pelo corredor, os membros originais se reúnem


ao redor do bar e comem batatas raladas com ovos. Anahí, a old
lady do meu avô fez o café da manhã hoje novamente, tenho
certeza que está picante pra caralho. Ela é mexicana, então tudo
o que ela faz é muito bom. Seu estômago aprende a levar uma
surra quando você come a comida dela.

Meu pai, Shadow, come uma garfada atrás da outra, ele


deve ter ido à academia antes de mamãe se levantar para fazer o
café da manhã em casa hoje. Mesmo para sua idade, ele se
mantém em forma. Muita gente diz que me pareço com ele, além
dos olhos. Esses eu ganhei da minha mãe. Papai olha para mim
antes de olhar duas vezes.

—Que porra é essa? — Seus olhos se arregalam, e todo


mundo deixa de olhar para a TV para olhar para mim.

— Você não será um prospecto, filho! — Papai exige, de pé


tão rápido que o banco em que ele estava sentado cai no chão.
Esse tom, que ele leva muito com mamãe, me irrita.

— Eu vou, — eu declaro. Eu pensei muito nisso, e era isso


que eu queria.
— Você é o maldito herdeiro deste clube. Você conhece isso
melhor do que ninguém. Você não está fazendo um trabalho
duro!

— Sim cara, é meio estranho, — Bobby concorda com ele


com a boca cheia de comida. — Só porque eu tenho o sangue da
Devil’s Dust em mim, não significa que eu deveria ter mais
privilégios do que outros.

— Exatamente, se eu vou estar neste clube, vou ganhar meu


lugar como qualquer outro bastardo! — Eu digo a ele. Você pode
dizer que estou começando a perder a paciência.

Papai cala a boca, o rosto ainda vermelho.

— O garoto tem razão, Shadow. Deixe-o ganhar seu


sustento. É o caminho do Devil’s — vovô Bull grunhe de seu lugar
no final do bar, sem tirar os olhos do café da manhã. Foi ele quem
me deu o corte. Ele concordou com o meu raciocínio, mas,
aparentemente, ele não conversou com meu pai sobre isso. Ele
provavelmente sabia que meu pai perderia a cabeça.

Papai se vira, batendo a mão na porta da frente do clube


para sair. Ele não está feliz que eu sou a cadela do clube até
ganhar meu sustento, e isso o humilha.

— Café irmão! — Saint e Rad atravessam as portas no


momento em que meu pai sai apressado, sorrisos idiotas em seus
rostos. Fomos à escola juntos, bem, quando realmente
assistimos, e nenhum de nós é convencional. Eu os recomendei
ao clube para prospecção, e os irmãos os devoraram. Os homens
estão ficando mais velhos e o clube precisa dos números.

Saint olha meu corte, esfregando o queixo com o dedo


indicador e o polegar.

Saint é misto e tatuado para cima e para baixo nos braços.


Seu cabelo é curto e as íris castanhas tão claras que você não
pode deixar de olhá-lo nos olhos. Não deixe que a pele cor de
caramelo e os olhos de puta o enganem, ele teve uma vida difícil.
A cor de sua pele ficou mais espessa por causa disso.

— Merda, você é um prospecto? Eu pensei que todos vocês,


garotos brancos, tivessem a cabeça erguida no traseiro de seus
pais, — diz Saint, rindo, me dando um soco no braço.

— Espere seu pai não é branco? — Eu aponto.

— Sim, mas minha mãe é negra e ela se certificou de que


minha cabeça não ficasse na bunda do meu pai, — informa Saint.

Rad ri e levanta o queixo para mim com arrogância.

— Eu acabei de foder sua mãe e ela me deixou entrar, —


Rad ri de si mesmo, ele é o outro idiota com quem eu cresci. Seu
comentário faz meus ombros ficarem tensos. Ele está tentando
ser engraçado, mas não é engraçado. Obviamente, ele deve ter
fumando maconha um pouco antes. Malditos surfistas.
Rad mora basicamente na praia. Ele fala gíria surfista
metade do tempo o que me irrita muito. Ele tem um
temperamento forte e está constantemente com problemas com a
lei. Ele é a melhor pessoa que eu conheço escapando da polícia.

Nós três juntos fizemos todo o sentido para os homens do


Devil’s, mas eles não sabem o que estão pedindo.

— Tudo bem, meninos. O primeiro trabalho do dia! —


Bobby gira o banquinho em que está sentado e esfrega as mãos.
Rad e Saint ficam animados. Merda. Você pode dizer que eles não
cresceram no clube. Eles são prospectos apenas como eu, nada
do que estão prestes a fazer será divertido.

— Lavem todas as motos! — Ele sorri, e o resto dos irmãos


em pé ao redor do bar. Saint e Rad olham para mim confusos e
eu levanto uma sobrancelha. O que eles esperavam?

— Vocês cadelas podem ensaboar, eu vou enxaguar, —


afirmo.

— Oh, filho puta. — Bull aponta para Rad, ele deve ter
ouvido sua brincadeira de foder minha mãe. — Eu consegui um
trabalho para você. Old Guy não aguentou a comida da minha
mulher e o banheiro transbordou lá em cima. Rad vai dá uma
olhada. — Quem diabos é Old Guy? — Ele pergunta com um
olhar de nojo.
— Old Guy é um dos irmãos, ele fica muito na garagem, —
eu preencho a lacuna para ele. Está ficando velho e ainda mais
idiota do que quando eu era criança. Ele tende a ser reservado.

Anahí de vestido apertado de couro aparece de repente da


cozinha, jogando para Rad um desentupidor que já viu dias
melhores. Tenho que evitar rir.

— O que? — Rad olha o desagradável desentupidor, uma


ruga de nojo brilhando em seu rosto.

— Melhor começar a trabalhar. — Encolho meu ombro


esquerdo.

Um gemido agonizante feminino do outro lado do corredor


faz eu e Saint parar de rir e olhar na direção do barulho. Piper
tropeça para fora de uma sala, parecendo uma bagunça. Cabelos
ruivos espetados em todos os lugares, maquiagem escorrendo
pelo rosto e seu vestido branco mal cobre a calcinha de renda
preta. Ela está festejando um pouco demais ultimamente, pega
um táxi para o clube e desmaia a noite toda. Estou surpreso que
seu pai, Lip, não tenha agido.

Saint assobia e Piper continua encostada na parede. Os


olhos dela pousam em Saint.

Ela se levanta e tira o cabelo do rosto.


Eu levanto minha mão para dar um tapa na cabeça de
Saint, mas Lip o golpeia na cabeça.

— É melhor você estar assobiando para Zane! — Lip levanta


uma sobrancelha. Seus olhos se estreitando em Saint como um
homem morto. Lip é um dos membros e tem um temperamento
sombrio. Eu o vi ficar chateado.

— Isso está fora dos limites, irmão, — eu informo. Saint


assente, o pomo-de-adão balançando, mas sinto que ele não vai
ouvir. Piper é como uma irmã para mim, se ele violar a lei do
clube e for atrás dela... Eu vou quebrar a porra do pescoço dele.
Piper não está pronta para um relacionamento, e se alguém
dentro do clube partir seu coração... eu cavarei uma cova para
eles.

***

Saindo para fazer a porra do trabalho pesado, Old Guy traz


um monte de motos que parecem ter enlameado. O Old Guy tem
um rabo de cavalo cinza, rugas e nada além de preto.

— Quantas motos temos que lavar? — Saint reclama.

Meu telefone toca no meu bolso e eu atendo.


— Hey, Addie deixou alguns papéis em cima do balcão na
sua casa. Você pode correr e pegá-los e leva-los para a escola?
Tenho que sair com Bull daqui a pouco — Bobby me pergunta.

Esfregando o queixo, eu me afasto de Saint. Addie, eu não


a vejo há anos. Ela foi para a faculdade e Bobby e Bull me
pediram para ficar longe se eu quisesse meu patch. Eu fiz como
me foi dito. Todos achavam fofo que saíssemos juntos quando
crianças, mas quando chegamos à puberdade, nossos pais
fizeram tudo o que podiam para impedir que namorássemos.
Piper e eu éramos como irmãos, mas Addie e eu nos
aproximamos... até que eu estraguei tudo.

— Isso irá ser um problema? — Bobby pergunta como se


lesse meu pensamento.

— Não, de jeito nenhum! Quando ela voltou? — Não posso


deixar de perguntar. Todo diabo precisa de um anjo para ajudá-
lo a governar seu reino, e eu sabia que Addie era algo angelical
no dia em que nós dois fomos baleados. Mesmo quando criança,
eu sabia que não estava certo. Pensei em merda sombria e senti
coisas que não deveria. Eu não sabia o que fazer comigo mesmo.
Até o dia em que nossa família se levantou e o sol apenas brilhou
em Addie. Eu precisava daquele sol para me mostrar onde
apontar minha vingança e Addie era essa luz.

— Um tempo atrás. — Eu posso ouvir a hesitação na voz de


Bobby. Hoje ele não me quer mais perto da filha do que há anos.
Aposto que ele conhece meu segredo sombrio, meu pai e ele são
melhores amigos, então ele tem que saber. — Ela trabalha no
colégio agora. Eu mesmo os pegaria, mas não posso. — Meu
braço formiga onde eu levei um tiro salvando Addie, pensando
nela. Ao vê-la novamente, trará de volta todas as emoções que
tentei enterrar.

— Não! Eu entendi. Onde ela mora?

Bobby me dá o endereço e me informa de uma chave extra


sob o gnomo do jardim antes de desligar.

— Eu já volto — digo a Saint. —Ele levanta uma sobrancelha


para mim e eu sorrio. —Não perca tempo. —Aponto para a área
em que ele está enxaguando as motos.

Ele resmunga algo e me xinga enquanto ando até minha


moto.

Subindo, eu ligo e acelero a adrenalina ajuda um pouco a


dissipar os meus pensamentos.

Andar de moto me causa uma sensação de alívio o silêncio


e o tempo para pensar ajudam nos pensamentos caóticos que
ficam muito altos, mas desejo algo mais. O alívio psicológico de
puxar o gatilho da minha arma. É o único sentimento forte o
suficiente para me livrar dos meus demônios.
Puxando para cima para o endereço que Bobby me deu, um
pequeno prédio duplex fica escondido entre algumas palmeiras.

Vejo o gnomo quase instantaneamente por uma pilha de


pedras do lado de fora da porta à direita.

Destrancando a porta de Addie, seu apartamento cheira a


ela, tudo é tão fresco e limpo. Sofá branco, com decorações
modernas, mas com uma sensação de país pequeno. Não há sinal
de homem em nenhum lugar, então não posso deixar de me
perguntar se ela é solteira. Não que isso importe. Não podemos
ficar juntos, não que eu queira ficar junto. Ela era boa demais
para mim naquela época e, pelo que parece, ela definitivamente
é agora. Encontro os papéis em um balcão de mármore ao lado
de uma vela preta e saio dali.

Eu preciso levar isso para ela e voltar para o clube onde


pertenço. Talvez ser um Devil possa me colocar em algum lugar
neste mundo onde eu possa pertencer e ser aceito.

***

Subindo para a escola, os canos da minha Harley ecoam


pela pequena área. Eu estaciono em frente da entrada e desligo
minha moto. Jesus, este lugar parece exatamente como eu me
lembro, isso foi antes de desistir. Minha mãe quase me matou
quando descobriu. Papai não ficou surpreso.

O antigo prédio de um andar com janelas manchadas fica


baixo em um vale, cheio de idiotas cheios de controle — tenho
certeza. Não gosto que me digam o que fazer, principalmente por
causa de uma merda velha vestindo um terno barato.

Um grupo de meninas adolescentes se agrupam rindo e


sorrindo graciosamente ao lado de um banco de concreto
rachado.

Tirando meu capacete, eu corro minhas mãos pelo meu


suado cabelo antes de colocá-lo no guidão, eu jogo a minha perna
sobre o assento e endireito as costas.

— Oi. — Uma das meninas mais velhas, vestindo um


uniforme de líder de torcida, fica vermelha. Os cabelos ruivos
combinando com as sardas nas bochechas gordinhas.
Estreitando as sobrancelhas para ela, penso em dizer algo sobre
como ela não deveria flertar com homens estranhos, mas o ar de
repente se espessa e eu fecho a boca.

— Ok meninas, isso é suficiente, voltem para a aula! — Uma


voz sedosa familiar faz minha cabeça virar para a esquerda.

Addie. Meu corpo sempre sabe quando ela está por perto
antes que eu estivesse plenamente consciente disso.
Seu cabelo loiro está preso em cachos logo acima do peito.
Seus longos cílios varrendo seus olhos azuis da lagoa. Meu peito
começa a latejar, o sangue escorrendo em meus próprios ouvidos
enquanto eu a encontro. Um lindo vestido listrado preto
escondendo a maioria de suas pernas cremosas, com uma
jaqueta jeans cobrindo seu peito inteiro. Uma lufada de espirais
de mel ao meu redor, e eu não consigo inalar por tempo
suficiente. Ela tem esse jeito inocente, mas olhando em seus
olhos sensuais, você não pode deixar de imaginar como eles
ficariam olhando para mim enquanto seus lábios carnudos
chupavam meu pau.

Porra, ela cresceu é como um raio de raio de sol. Senti falta


dela.

— Vejo que Bobby te enviou. —Ela cruza os braços, a tensão


espessa entre nós. Quando ela partiu para o Texas, estávamos
começando a cruzar uma linha de amigos para outra coisa. Ela
recebeu a oferta de um estágio espetacular no Texas e eu senti
que estava atrapalhando isso. Eu não queria ser a razão pela qual
ela jogou tudo para o lado. Fiquei com medo e encontrei Baby
trabalhando nos Hooters local. Levei-a de volta para o clube e
transei com ela na traseira da minha moto, certificando-me de
que Addie visse. Me matou fazer isso com Addie. Parecia que
alguém rasgou minha caixa torácica ao meio e queimou meu
coração, mas eu sabia o que era melhor para Addie.
Ela saiu há dois anos e eu não falo com ela desde então. Até
agora.

Limpando a garganta, coloco a mão no alforje e pego os


papéis que Bobby queria que eu pegasse e entrego a ela. Seus
dedos delicados roçam nos meus, e eu encaro seu esmalte rosa
um pouco mais do que deveria. Ela é tão pequena e feminina. Faz
algo comigo.

— Obrigada. —Ela dá aos papéis um puxão firme e deixo ir.

— Então você é um prospecto agora? — Ela olha meu patch.

— Você me vê fazendo mais alguma coisa? — Eu aperto os


olhos contra o sol.

— Na verdade, não. — Ela sorri, olhando-me de cima a baixo


e eu não posso resistir ao desejo correndo por mim. Como se ela
fosse tão pura e proibida que não posso deixar de querer quebrar
as regras e ver o que acontece quando o Céu e o Inferno se
misturam.

Ela é tudo que eu não sou. Uma luz que brilha no meu
mundo sombrio, minha besta interior e ainda assim ela sorri
como se eu fosse seu melhor amigo. Por que eu a deixei ir?

— Como foi o Texas? — Eu mudo de assunto.


— Quente, — ela retruca. Seus olhos disparam para os
meus, e eu sei que atingi algo. Seu corpo fica tenso e aqueles
olhos azuis se tornam hostis.

— Olha, eu sei que você está... — Eu tento preencher a


lacuna. Explicar minhas ações.

— Não! — Ela levanta a mão. — Eu fui estúpida.

— Estúpida está certo. Você não deveria ter voltado, Addie.


— Balanço a cabeça. Eu me arrependi de ter tomado a estrada
mais alta e a deixado ir antes. Agora que ela voltou, nunca mais
cometerei o erro. Como diz aquele ditado? Deixe-a ir, e se ela
voltar, você a leva?

— Você tem coragem! — Ela pisca, olhando para qualquer


lugar, menos para mim.

— Eu não vou deixar você sair tão facilmente desta vez. —


Entro em seu espaço pessoal precisando que ela entenda o
quanto eu sinto falta dela, e ela pressiona a palma da mão contra
o meu peito, dando um passo para trás. A sensação de suas
delicadas mãos macias contra meu corpo faz meus dentes
cerrarem.

— Você não me possui, Zane, — Ela sussurra, e eu rio.

— Sério? Você com certeza é burra se acreditar nisso.

Eu a possuí no dia em que levei um tiro no braço por ela.


Nossos olhos dançam, a tensão pesa no ar quente ao nosso
redor. As crianças começam a nos encarar, e os professores
olham pelas janelas, intrometidos.

— Existe algum problema? — Um homem vestindo calça


bege e uma camisa branca, mais branca do que os dentes, passou
atrás de Addie. A tatuagem de dragão em seu braço está um
pouco fora de lugar, considerando que ele se parece com um
mauricinho de merda. Meus punhos se fecham. Quem diabos é
esse idiota?

— Quem diabos é você? — Eu levanto meu queixo para ele.

— Zane! —Addie me repreende, seus lábios inchados se


abrem em pânico. — Este é o novo diretor, e sim... — Ela me olha
com olhos afiados. — Está tudo bem. — Ela tranquiliza o homem
olhando para mim com punhos fechados. Eu levanto uma
sobrancelha, pronto para dar um soco no seu rosto.

Ele olha para Addie, antes de dar um aceno silencioso e


voltar para dentro. Movimento inteligente, foda-se idiota.

Addie me olha com olhar cautelosos e me ocorre que eu


exagerei. O que ela esperava, não gosto de estranhos entrando
nos meus assuntos.

— Tenho que voltar. — Passo minha mão pelo meu cabelo.


Isso já deu errado de todas as maneiras possíveis.
— Sim, tudo bem, — ela murmura baixinho. Aqueles cílios
se espalhando sobre os olhos tristes.

Respirando fundo, eu me viro e coloco meu capacete.


Lambendo meu lábio inferior. Lembro-me de como Addie e eu
corríamos por sprinkles quando crianças, balançávamos juntos
e brincávamos. Não era complicado naquela época. Nós não
pensamos demais nas merdas.

Agora que somos adultos, parece que foi há muito tempo.


Um passado que não era real.

Porque agora tudo em que consigo pensar é como vou


dominar esta cidade com ela ao meu lado.

Como eu disse, ela é a luz na minha escuridão e preciso dela


para fazer o que faço de melhor.

Quando ela vai ver isso?


ADDIE

A cicatriz cortada no meu braço começa a formigar ao ver


Zane. Não sinto isso há anos. Pensei que estava pronta para vê-
lo, disse a mim mesma que a conexão que tínhamos era baseada
em uma relação limitada ou que eu sou muito velha para ele. Por
outro lado, nunca testei minha confiança. Eu propositadamente
fiquei longe dele. Não acredito que meu padrasto o enviou para
me trazer esses papéis hoje. Ele sabia que não estava
conversando com Zane, eles não sabiam que estávamos
romanticamente envolvidos, só que tínhamos um desacordo.

Zane cresceu tanto desde a última vez que o vi. Ombros


fortes, tatuagens mais sexys em seus braços que definitivamente
não estavam lá antes. Seu cabelo escuro e rebelde cresceu e agora
cai em profundos olhos verdes que hipnotizam você. Sua
mandíbula apertada fazendo-o parecer inacessível, mas da
maneira como seus lábios pesados se abrem naquele sorriso
bobo, você não pode deixar de desmaiar por ele. Eu o conhecia
antes que ele usasse o patch do Devil’s, quando ele tirou vermes
da sujeira e os colocou no meu cabelo.

Mas ele não é o garoto que eu lembro.

O tempo não acalma um coração ferido. Hoje dói tanto


quanto antes. Antes de partir para o Texas, pensei que Zane e eu
estávamos nos aproximando, finalmente começando a nos ver e
ele fez tudo o que pôde para me afastar. Por que ele me enganaria
brincando com Baby de todas as pessoas? Eu quero dizer, eu
adiei minha carreira apenas para descobrir se havia algo entre
nós, e ele quebrou meu coração.

— Quem era aquele?

Viro e encontro o diretor me encarando com os braços


cruzados. Seus olhos amendoados se apertam como se eu
quebrasse uma regra por alguém me trazer papéis de casa.
Parece que ele acabou de sair de um campo de golfe e é jovem
para ser um diretor. Cabelos cor de areia atingindo as pontas de
suas orelhas com barba irregular em seu queixo redondo. Ele
parece mais um garoto de fraternidade do que um diretor sério,
pronto para distribuir decisões. Estou aqui há pouco tempo e não
consigo decidir se gosto ou não dele.
— Ele é um amigo da família. Ele não teve a intenção de
causar uma perturbação — minto. Zane deixa o caos onde quer
que vá.

O Sr. Thad levanta uma sobrancelha. — Ele está em uma


gangue, eu não o quero na escola, Srta. Addington.

Franzo a testa, meu peito esquentando com o pensamento


de que ele está rotulando Zane antes mesmo de conhecê-lo.
Então, novamente, o clube vem com suas merdas. Somos prova
disso.

— Sim, senhor. — eu concordo.

Três líderes de torcida voltam do almoço e o Sr. Thad respira


fundo, olhando para elas enquanto passam. A maneira como
seus olhos se concentram, e ele morde o lábio como se estivesse
tentando conter algum desejo incontrolável, fico preocupada. Não
é a primeira vez que o vejo ficar de olho em volta das alunas mais
velhas.

Eu limpo o mau gosto tomando conta da minha boca, e ele


balança a cabeça para me dar uma olhada.

— Isso é tudo. — Ele sorri e se vira para alcançar as jovens.

O resto do dia passou como se o relógio estivesse parado.


Eu não conseguia me concentrar. Era Zane. Vê-lo hoje
desenterrou tantas emoções sem respostas que venho tentando
esquecer há tanto tempo.

A questão é: quanto tempo os velhos laços ficam enterrados


antes que você não possa mais ignorá-los?

***

Bip bip bip

Minha cabeça se levanta, jogo dois dos meus travesseiros de


penas sobre minha cabeça. Rolando, meu corpo está enrolado
nos lençóis da cama e olho para o alarme estridente na mesa de
cabeceira. Nove da manhã? É sábado, porque o meu alarme...
então eu lembro. Mamãe queria tomar um café da manhã hoje.

Desligando o alarme, frustrada sento. Foi uma noite de sono


inquieta. Eu não tinha tido um pesadelo com o tiroteio em anos
até a noite passada.

Deslizando minhas pernas para o lado da cama, sigo


parecendo um zumbi para o meu armário. Pegando algumas
roupas dos cabides, começo a colocá-las, bocejando. Meu
estômago ronca e mal posso esperar pela comida. Algo macio
esfrega no meu pé e eu pulo de volta com um sobressalto.
— Jersey! —Eu bufo em pânico.

Jersey é um coelho Lionhead que comprei no Texas. Eu


estava em um shopping center um dia e vi uma loja de animais e
decidi ir dar uma olhada. Acabei comprando ele e uma gaiola, e
tudo o que um coelho pode precisar.

Quando cheguei em casa e li sobre cuidados com coelhos,


não consegui colocá-lo em uma gaiola. Eu o treinei em casa e ele
corre como se fosse um gato ou cachorro. Eu o amo.

Indo para o banheiro, pego um amarrador de cabelo,


amarro meu cabelo e escovo os dentes. Meu reflexo me encarando
esta manhã me julgando por ficar acordada a noite toda
pensando em Zane.

Depois de me arrumar, calço alguns chinelos e vou para o


meu carro. Jesus, já está quente como o inferno lá fora, mas não
há sol à vista. Está bloqueado pela neblina no céu de todos os
incêndios que acontecem. Precisamos desesperadamente de
algumas chuvas fortes em nossa região. Mamãe disse que, se os
incêndios continuarem como estão, teremos que evacuar.
Novamente. Lembro-me de quando eu era criança e o clube
estava em perigo de incêndio. Minha mãe insistia em fazer as
malas e partir, mas Bull não queria. Todos os caras estavam de
botas, shorts e seus patchs pulverizando a área circundante.
Sorrio pensando em espectadores tirando fotos dos caras,
querendo transformá-lo em algum calendário.

Ao entrar no meu jipe, ele está coberto de cinzas, então


tenho que ligar os limpadores. Cara, espero que eles controlem
esse incêndio antes que ele chegue mais perto da minha casa.
Levei semanas para encontrar o lugar certo.

Quando chego ao restaurante, Bobby e mamãe estão


sentados no pátio ao ar livre conversando. Eles são um casal tão
estranho. Bobby com seu cabelo ondulado e louco, corte de couro
e tatuagens. Então minha mãe, que parece que poderia ensinar
na escola dominical.

Ao sair, percebo que há muito menos cinzas flutuando no


céu nesta área. Ainda não há sol, mas você pode ver sua vibração
espreitando logo atrás do cinza pesado.

Mamãe me vê andando pelo estacionamento e acena. Eu


sorrio, e caminho através de um par de mesas até que eu
finalmente a encontro.

— Olá bebe! —Mamãe sorri.

— Ei! — Dou um abraço e depois me inclino para abraçar


Bobby. Não sendo capaz de me ajudar, bocejo.
Ele beija minha bochecha, o cheiro de sua colônia me
lembrando de minha infância. É um cheiro apimentado do
oceano.

— Muito cedo para você? — Bobby ri.

Dou-lhe um olhar entendedor e pego um croissant da cesta


em cima da mesa. A quantidade de flocos grudando nos meus
dedos.

— Alguma coisa nova? — Eu pergunto em torno de uma


boca cheia de carboidratos.

— Descobrimos na semana passada que estamos grávidos.


—Mamãe sorri.

Eu seguro meus dedos cruzados para dar sorte. Mamãe e


Bobby estão tentando há um tempo, e eu sei que estavam prestes
a desistir se isso não acontecesse logo. Eu era apenas uma
criança quando meu pai morreu, minha mãe estava ocupada
sendo mãe e pai. Ela é médica e está sempre trabalhando, e ajuda
muito o clube. Todo mundo que eu conheço a chama de Doc2,
mas o nome verdadeiro dela é Jessica.

2 Doutora.
Meu telefone toca na mesa ao meu lado. O nome e a foto de
Piper aparecem junto com a notificação de que perdi três ligações
dela.

Desligando, Bobby e minha mãe me dão uma olhada.

—Você ainda não falou com eles?

Sinto a hesitação pelo meu rosto. É complicado.

— Eu apenas, tenho estado ocupada me instalando. Vou


conversar com eles hoje mais tarde, — afirmo, e provavelmente
minto.

— Zane entregando seus papéis ontem não foi um problema,


foi? —Bobby pergunta antes de tomar um gole de seu copo de
água.

Os olhos da mamãe se arregalam em sua direção.

— Bobby, você não fez isso!

— Eu tinha merda para fazer! Bull queria que eu fosse


conferir alguns clientes em potencial, então eu mandei um
prospecto fazê-lo.

— Pessoal! — Eu paro a luta deles antes que ela se agrave.

— Tudo bem. Somos amigos, fiquei feliz em vê-lo. Tudo está


bem, eu só estou... apenas tentando me acostumar com tudo —
eu digo.
Ambos olham para mim, o silêncio pairando sobre nós como
uma nuvem negra. Eles não estão comprando, eles sabem que
algo aconteceu entre mim e Zane. Eles não sabem exatamente o
que é, mas sabem que Zane e eu não estamos conversando.

— Você deveria sair com as meninas hoje à noite, solte-se!


— Mamãe ri e Bobby dá a ela o olhar de pai que me faz sorrir.
Tenho certeza de que poderia ter quarenta anos e ele ainda
estaria gritando por eu sair tarde demais e meu vestido ser muito
curto.

— Sim, acho que vou ficar e assistir um pouco de Netflix. —


Eu torço o nariz com a sugestão dela.

— Ótima ideia! — Bobby encoraja.

Um sanduíche de ovo é trazido para mim bem a tempo.


Cheira delicioso.

Assim que eu pego meu garfo para esfaquear um pedaço


suculento de frutas, ouço as pessoas gritando da rua chamam
minha atenção.

— O que diabos? — Mamãe também ouviu. Um carro preto


sobe uma colina, descendo a rua como um louco. Bate em um
homem de bicicleta e as pessoas continuam a gritar e correr.

— Oh meu Deus! —Mamãe segura a mão acima da cabeça


para bloquear o sol e olha na direção do caos. Bobby fica de pé.
— Levantem-se, —ele ordena a ninguém em particular.

Mamãe e eu não nos mexemos. Ele está falando sério? Será


que ele reconhece o carro?

Bobby me olha com um olhar duro.

— Levantem-se, porra! —Não me dando tempo para ficar de


pé, ele agarra meu braço e o da minha mãe e começa a correr
pelas mesas no pátio.

O carro entra no estacionamento quase acabando com o


meu jipe e explode através do portão do pátio, enviando pessoas
e mesas voando antes de chegar a uma parede de tijolos no meio
do edifício. Bobby, mãe e eu mal conseguimos sair do caminho.
Cabelo no meu rosto, sem fôlego, e com medo de me mover, eu
encaro o carro em choque.

Bobby está com raiva, seus ombros largos e peito inchando,


ele nos solta e vai até o carro.

— Você está bem? — Minha mãe pergunta, eu aceno


enquanto assisto Bobby.

Abrindo a porta, um homem cai, com o rosto coberto de


sangue. Ele é careca com tatuagens no rosto e pele cor de
caramelo. É tudo o que consigo distinguir de todos os cortes dele
no para-brisa quebrado.
Bobby o agarra pela camisa e o puxa do carro, um corte de
couro reivindicando o torso do homem, que me lembro bem, me
faz tremer. O lobo soprando fumaça, seus olhos me lembrando
de um daqueles bonecos antigos. Você pode se mover para a
esquerda ou direita, mas está sempre olhando para você. É o
mesmo Patch que os homens que nos atacaram no dia da
passagem.

— Seu filho da puta! — Bobby rosna, e o homem ri antes de


cuspir sangue em Bobby.

— Diga ao seu clube que estamos indo buscar o garoto! —


Ele ri antes de começar a tremer involuntariamente. Seus olhos
rolam em sua cabeça e ele cai frouxamente no chão.

— Saia! — Mamãe grita, correndo para o lado do homem.


Bobby fica lá, incrédulo, enquanto minha mãe tenta ajudar o
homem. Está em sua natureza, ela não pode evitar.

— Não o salve! — Bobby tenta afastar mamãe, mas não está


em seu sangue não salvar alguém. Independentemente se eles
merecem ou não.

— Ele está tendo uma convulsão! — Mamãe defende,


colocando o homem diretamente no chão.

O caos irrompe ao nosso redor, polícia e ambulâncias


alinhadas na rua, mas o olhar que Bobby me lança envia um
arrepio frio pelas minhas costas. A guerra está declarada.
Bobby me deixa no meu apartamento depois de brigar
comigo que eu deveria estar no clube após o ataque. Eu me
recuso, não quero estar no clube. Eu só quero ser normal.

Então, pelo resto do fim de semana, fico no meu


apartamento avaliando os papéis e assistindo romances bobos.

Eu não liguei para as meninas porque simplesmente não sei


o que dizer. Com elas vem Zane e eu não acho que estou pronta
para isso. Eu não dormi nesses dois dias de folga por causa de
pesadelos, e odeio dizer isso, mas liguei e desliguei para Zane pelo
menos três vezes.
2

SEGUNDA-FEIRA

ADDIE

Na minha mesa, corrijo as provas. Ensino biologia e adoro


isso. Não era o que minha mãe queria que eu seguisse, mas estar
na área médica simplesmente não era para mim. Minha mãe
sempre se foi quando eu era criança, cuidando dos resfriados e
cortes de outras crianças. Eu apenas não quero isso para mim
ou quando eu possa ter meus próprios filhos.

Uma dor de cabeça começa a surgir com o cheiro do


marcador permanente. Suspirando, largo a caneta e me recosto
na cadeira. A sala está vazia e as janelas escuras. Que horas são?
Puxando meu telefone, noto que já são oito da noite. Eu tenho
trabalhado cada vez mais tarde, agora que um colega de trabalho
que era o professor de ciências ao lado simplesmente se levantou
e saiu sem avisar na semana passada. Fiquei presa avaliando a
papelada dele e agora estou aqui.

— Ei, vadia. Quem foi o cara gostoso que apareceu no outro


dia? — Louve pergunta encostada na porta da minha sala de
aula. Ela é tão quieta que eu nunca a ouço entrar. Ela é
professora de matemática e a única professora com quem falo,
mas apenas no trabalho. Minha esposa do trabalho, como ela
chama.

Olhando-a, enquanto tento pensar em algo a dizer sobre


Zane. Seu cabelo castanho escuro está solto e ondulado, e ela
está usando perneiras pretas com uma blusa vermelha hoje. Ela
normalmente não se veste como professora e é mais dura nas
bordas. O delineador grosso ao redor dos olhos pode ser a razão
pela qual ela parece tão inacessível.

—Ele é... apenas um cara com quem cresci, — respondo de


uma maneira sugerindo que não me importo muito com Zane.

— Ele está em uma gangue ou algo assim? — Ela torce o


nariz de uma maneira curiosa, cruzando os braços.

Meus olhos se arregalam. Não tenho permissão para falar


sobre o clube de forma alguma. Essa é uma regra que aprendi
rapidamente crescendo dentro do MC.

— Ou algo assim. — Dou um sorriso tenso e pego minha


caneta. Espero que ela veja que estou ocupada e termine esta
conversa.

— Huh... — Ela bate as unhas na armação de metal antes


de fechar a porta atrás dela. Balançando a cabeça, expiro. Parece
que essa mulher está sempre à espreita. Em seguida, ela me
pedirá o número de Zane. Como estranho vai ser isso?
Recolhendo minha papelada, enfio-as dentro da minha
bolsa e pego minha xícara de café vazia. Entrando no corredor, é
como um cemitério. Luzes piscam pelo longo corredor de
armários pretos sem ninguém à vista. Eu odeio ficar tão tarde,
isso me assusta. Trancando a porta da minha sala, rapidamente
vou para as portas da frente. Meus saltos clicando contra o
azulejo e ecoando pela escola. Finalmente lá fora, eu garanto que
a porta esteja trancada, o vento soprando meu cabelo ao redor do
meu rosto enquanto tento puxar a porta. Relâmpagos no céu
ameaçam uma tempestade, Deus sabe que poderia mandar um
pouco de chuva. Jogando meu cabelo por cima do ombro, vou em
direção ao meu jipe empoeirado. Jogo minhas coisas no banco do
passageiro e tento dar a partida. Não liga.

Minhas sobrancelhas se apertam e tento novamente.

Nada.

Bato no volante.

— Realmente? Por que tudo está dando errado hoje?

Aposto que se eu fosse médica, eu teria um carro que


funcionasse. Reviro meus olhos para meus pensamentos
internos. Eu sou meu pior inimigo às vezes.

Pegando minha bolsa, pego meu telefone e ligo para Bobby.


— Ei, está tudo bem? —Bobby responde o som da música
alto ao fundo, me dizendo que ele está no clube.

— Meu jipe não quer ligar. — Eu suspiro pesadamente.

— Você está na escola?

— Sim. — Esfrego minha testa frustrada.

— Á caminho. Fique no jipe! — Ele usa a voz do pai em mim


e não posso deixar de inclinar a cabeça para o lado e rir.

— É um estacionamento da escola, o que pode acontecer?


— Eu me pergunto mais do que ele. Apenas alguns dias atrás,
um carro correu para um pátio tentando nos matar. Tranco
minhas portas com esse pensamento.

— Apenas confie em mim e faça o que eu digo. — Ele desliga,


deixando minha mente cambaleando. Se alguém conhece o
escuro melhor, provavelmente é ele. Ele é um motoqueiro fora da
lei.

Jogo meu telefone no banco ao meu lado. Está tão silencioso


que posso ouvir meu coração bater e minha respiração não está
tão quieta quanto eu pensava. Uma sombra corta a janela do jipe
e eu prendo o ar. Estou com medo de olhar nessa direção, mas
sentar aqui e fingir que não havia nada lá é perigoso. Meus olhos
se movem lentamente para o preto ameaçador que brilhou ao
longo da minha janela segundos atrás. Não há nada lá além de
uma frieza tão sem vida que arrepios correm pela minha nuca.

De repente, uma mão bate na minha porta e eu grito, quase


pulando no banco do passageiro para fugir.

— Você precisa de uma carona? — Thad, o diretor, fica ao


lado da minha janela sem se importar com o mundo que ele quase
me fez mijar.

Mão no meu peito, respiro tentando acalmar meu coração


acelerado.

— Jesus, Thad! — Eu grito com raiva. Ele fica lá, mãos agora
nos bolsos enquanto ele olha em volta do meu Jeep.

— Não, eu tenho alguém vindo, — eu grito através da janela


de vidro. Não abro a porta nem a janela. Os pelos do meu pescoço
me dizendo para ser cautelosa.

Thad fica lá, olhando para mim um segundo mais do que o


necessário. Seus cabelos arenosos soprando com o vento e
relâmpagos brilhando em seus olhos. Agora com a mão em volta
do pescoço, engulo o caroço seco que se forma no fundo da
garganta. O constrangimento crescendo a cada segundo.

— Meu namorado está a caminho! — Eu minto, me sentindo


desconfortável com o seu olhar intrusivo. Seus olhos se voltam
para os meus e ele dá um sorriso conhecedor. Ele sabe que eu
sou cheia de merda. Eu nunca mencionei um namorado antes.

— Ok, vejo você amanhã. — Ele se vira, casualmente se


afastando enquanto assobia e gira chaves na mão esquerda.

Agarrando o volante, eu abaixo a cabeça e solto a respiração


que eu estava segurando.

Jesus, ele é assustador.

Erguendo a cabeça, percebo que sou o único veículo no


estacionamento. Mas não vejo o veículo de Thad em nenhum
lugar do estacionamento. O que é estranho.

Minutos passam e meus olhos estão colados no lugar onde


Thad foi para dentro da escola, certificando-me de que ele não
me espreite de novo. A noite está brincando comigo e me fazendo
ouvir e ver coisas que não estão lá. O barulho leve de um motor
pode ser ouvido, e eu me viro no banco, afundo de alívio. Os faróis
do caminhão de Bobby acelerando pela estrada da escola.

Destrancando a porta, deslizo com as pernas trêmulas.

Bobby pula do lado do motorista, suas botas de couro


pisando no cascalho solto, os olhos varrendo o estacionamento
como se estivesse procurando por alguém. Seus olhos azuis
batem nos meus e é como se uma máscara de algo mais leve se
encaixe. Seus cabelos loiros desgrenhados soprando contra o
rosto.

Estou tão aliviada em vê-lo.

A porta do passageiro do caminhão abre e um homem com


pele cor de caramelo e apenas o cabelo o suficiente para começar
uma pequena onda fica fora do caminhão. Ele parece familiar.

—Vamos ver o que descobrimos, humm? — Bobby


murmura.

Ele beija minha bochecha e se inclina no meu carro, o som


do motor tentando girar enquanto ele tenta dar partida. Nada.

— Isso já aconteceu antes, mas geralmente consigo dar a


partida, — eu o informo. Ele morde o lábio, olhando para os
medidores.

— Você deixou uma luz ou rádio ligado por engano?

— Não. Não que eu possa lembrar de qualquer maneira.

— Humm. OK. Saint, vamos fazer uma transferência de


carga! — Ele grita para a camionete estacionada na minha frente.

Saint se inclina para a traseira do caminhão, lutando com


alguns fios antes de soltar os cabos de bateria.

Saint. É por isso que eu o conheço. Eu o vi passear com


Zane quando criança, mas nunca conversei com ele.
Destrancando meu capô, ele o conecta à caminhonete de
Bobby, e ficamos ali esperando que ele transfira carga suficiente
para a minha bateria.

— Tudo bem enquanto você esperava? —Bobby pergunta.


Lábios apertados aceno com a cabeça, não querendo dizer a ele
como o diretor me assusta. Como tudo ultimamente. Ele vai me
fazer ficar no clube.

Bobby esfrega as mãos e se inclina dentro do meu jipe para


girar a chave. Ele dispara e chuta antes de finalmente funcionar.

— Você conseguiu! — Eu sorrio, mas Bobby não está


sorrindo.

— Vamos levá-lo ao clube, testar a bateria.

Ele olha para o jipe com um olhar curioso.

Eu realmente só quero ir para casa, mas o jipe está


estragando.

— Sim, claro. — Eu relutantemente desisto. Da próxima vez


que o jipe fizer isso, talvez eu não consiga encontrar alguém.

— Saint! — Bobby chama. Saint anda pela frente do jipe e


levanta o queixo para Bobby. Ele é mais baixo que Zane, mas
seus braços e peito são bem construídos. Ele é um prospecto pela
aparência do seu patch.
— Dirija o jipe dela de volta para o clube.

Saint assente e entra. Ele nem faz perguntas. É difícil


acreditar que Zane faria o mesmo sendo um prospecto também.

— Vamos. — Bobby pressiona a mão nas minhas costas,


levando-me de volta à sua caminhonete.

Ao subir na cabine, cheira a couro e não vem dos assentos.


É dos coletes de couro que eles usam. Eu vim a amar esse cheiro.
Eu posso farejar em qualquer lugar.

— Como é a escola? — Bobby pergunta, saindo do


estacionamento.

— Boa. Parece que eu nunca saí, — respondo, olhando pela


janela. Bobby continua dizendo que ele não pode acreditar que
eu sou professora, e como minha mãe deve estar grávida. Mas
tudo em que consigo pensar é que Zane estará no clube quando
chegarmos lá.

Desde que eu o vi dias atrás, não consigo tirá-lo da cabeça.


Estou curiosa para saber o que ele está fazendo, como está
fazendo e com quem está. Será como nos velhos tempos com
todos nós pirralhos do lado de fora fofocando e bebendo? Ainda
determinado que não há nada entre nós e somos amigos casuais,
mesmo que todos nos entreolhamos com um olhar mais atento.
— Você está bem? — A voz de Bobby corta meus
pensamentos e minha cabeça se move em sua direção.

—Sim, tudo bem! — Respondo um pouco rápido demais,


ganhando um olhar estranho. — Apenas um longo dia. — Eu
digo, parecendo não ser grande coisa.

Não querendo falar sobre isso, me inclino para frente e ligo


o rádio.

Drops of Jupiter do Train começa a tocar. Meus olhos se


arregalam e meu coração acelera. Minhas narinas se dilatam
quando a letra se transforma em algo mais pessoal.

Zane cantou isso para mim um dia antes de tudo dar errado.

Observando Piper mergulhar no oceano, uma onda enorme


desliza para cima e a leva a encarar o rosto diretamente na areia.
Eu rio, perdendo o fôlego e vislumbro Zane me olhando através do
fogo queimando intensamente entre nós. Continuamos fixando os
olhos assim e isso faz meu coração parar toda vez. Seus olhos
verdes encobertos e determinados ultimamente. Eu não sei o que
isso significa, se é que alguma coisa.

Piper cospe e lava o rosto, usando o oceano para limpar-se.


Delilah ri e joga mais areia lamacenta nela.
Zane se aproxima casualmente ao meu lado e usa um graveto
para cutucar o fogo. Meus dentes deslizam sobre o lábio inferior e
eu, nervosamente, ligo o rádio sentado ao nosso lado. Drops of
Jupiter do Train canta para nós.

Zane começa a cantar a letra e não posso deixar de encará-


lo. Ele é tão quieto e irritado o tempo todo, ouvi-lo cantar é como
assistir o rei da selva ronronar. Ele olha para mim e se inclina, o
cheiro do suor e da colônia me fazendo sorrir ainda mais. Ele está
tão perto e no meu espaço todo o meu corpo está quente.

— Eu absolutamente amo quando você sorri, — diz rouco em


meu ouvido, o calor da respiração grudando na minha pele. A
profundidade de sua voz se enraíza em minha alma e não quero
nada além dele para continuar cantando para mim. A maneira
como ele me faz sentir como se nada pudesse romper a barreira
da confiança que temos, é diferente de tudo que eu já senti.

Bobby entra no clube e eu fujo das minhas memórias. A


música no rádio acabou. Há motos por toda parte e duas latas de
lixo em chamas.

—Há uma festa? — O tom na minha voz não pode ser


suprimido. Todo mundo não deveria estar preso com a ameaça
dos Lost Wolfs?
— Na verdade não, apenas comemorando o quanto
ganhamos no leilão da moto que construímos para o autismo.
Trouxemos vinte mil! —Bobby está orgulhoso.

Eu quero sorrir, quero ser feliz por eles, mas não posso. Eu
não estive em uma festa desde o tiroteio.

— Vocês não deveriam estar atentos ou algo assim? —


Ótimo, agora eu pareço minha mãe.

Bobby coça o queixo, um olhar perplexo fixando seu rosto.

— Sobre isso. Não dissemos nada ao clube sobre o que


aconteceu. Você não diz nada para ninguém também. Não até
sabermos que isso é algo real.

Engolindo em seco, luto contra o desconforto subindo pela


minha garganta. Não gosto de guardar coisas importantes das
pessoas. Eu sou péssima nisso.

— Vamos lá, vamos olhar o seu jipe e você pode ir. — Ele
estaciona o caminhão e desliga o motor.

Saindo da caminhonete, meus olhos varrem o mar de


corpos que estão fervilhando dentro e fora do clube. As mulheres
estão vestindo calças de couro e shorts curtos, alguns com
coletes de couro e botas de couro. Eu quase esqueci o quão
confiante as mulheres podem ser. Puxo minha jaqueta jeans um
pouco mais confortável, pareço uma virgem em uma festa da
fraternidade com minhas roupas de trabalho. Não que eu me
vista muito diferente, não indo à escola.

Saint entra na entrada da garagem, os faróis refletindo em


os rostos enquanto ele puxa meu jipe em uma das baías da
garagem. Estou por perto, encostada na armação de metal da loja
e observo. Música sai do clube, fumaça saindo da porta aberta
como se os portões do inferno estivessem pegando fogo. Soa como
um bom tempo, eu apenas fico muito ansiosa quando estou
cercada por tantas pessoas. Sinto que não consigo respirar, e
estou constantemente nervosa que algo vai acontecer e não
vamos ouvir. Como balas atingindo o clube.

Eu sei que Zane está lá, no entanto. Eu posso sentir isso.


Minhas sobrancelhas se juntam de repente, com raiva por
continuar pensando nele. Nós somos apenas amigos. Não
podemos ser mais nada. Ele deixou isso claro. Por que não
consigo seguir em frente?

Um homem corpulento e bêbado tropeça em meu caminho,


tentando acenar para alguém atrás de mim. Olhando por cima do
ombro para ver quem ele está gritando, ele de repente bate em
mim e cerveja gelada escorre pelo meu vestido. Eu suspiro, e o
homem congela quando ele olha para o líquido pingando de mim.
Bobby bate a tampa do capô do meu jipe tentando levantar a
cabeça e ver do que se trata.
—O que aconteceu, o que há de errado? — Saint está ao
meu lado em segundos, mas não demora muito para descobrir o
que aconteceu com minhas costas curvadas e minha mandíbula
caída, meu peito ensopado. Fazendo cócegas no meu peito e meus
dedos gotejam com gotas de cerveja fedorenta.

— Seu idiota! —Bobby agarra o cara pela camisa, os dentes


rangendo de raiva. — Dê o fora daqui! — Bobby empurra o cara
e chuta na bunda dele para seguir em frente. Ele se vira para
mim, apoiando as mãos nos meus ombros.

— Merda, você está bem? — Ele pergunta.

— Sim, apenas me surpreendeu é tudo. — Jogo meus dedos


livres de gotas.

— Entre e se limpe, sua bateria está uma merda e eu vou


trocá-la. Estará pronta quando você voltar. — Ele aponta a
cabeça para o clube, e eu olho na direção dele como se fosse uma
casa mal-assombrada.

Realmente não quero entrar lá, mas também não quero meu
jipe embebido em cerveja barata. Além disso, e se eu for parada?

— Vamos lá, eu vou te levar. — A voz carismática de Saint


envolve-me. Seus suaves olhos castanhos me dizendo que ele vai
me proteger.
— Obrigada. — Eu mascaro um sorriso e o sigo através da
multidão turbulenta. Todo mundo quase se joga fora do caminho
enquanto ele avança. É o patch, o pedaço de um crânio sendo
esmagado, rotulando-o como um dos Devil’s. É louco o quanto de
respeito ele tem.

Uma vez dentro do clube, a música está tão alta que posso
sentir o baixo batendo no meu peito. As garotas estão se beijando
no bar para chamar atenção, as pessoas estão usando drogas
sem se importar com o que o amanhã traz, e é tão difícil desviar
o olhar. É como outro mundo aqui. Sempre foi assim.

As pessoas esbarram em mim e as garotas gritam quando


um homem nu, de brincadeira, as persegue com um chicote.

Instantaneamente, os cabelos na parte de trás do meu


pescoço se erguem e meus pés param de se mover quando uma
energia trava sobre mim como um peso pesado. Saint desaparece
na multidão sem mim e eu giro para inspecionar o que me excita.
Meus olhos disparam através da multidão, como se eu estivesse
atraída por algo incontrolavelmente e pouso em Zane sentado em
um sofá. Ele está inclinado para a frente, com os braços
pendurados nos joelhos, e os olhos fixos em mim. Uma
articulação oscila de sua boca e as meninas sentam-se no
encosto do sofá atrás dele como se ele fosse um deus grego. Ele é
o dono da sala sem sequer tentar. Sua presença atrai todas as
mulheres a quilômetros de distância, quero sentar ao pé do trono
e encarar olhos místicos que contam as histórias do submundo.
A maneira como ele me faz sentir pequena em uma multidão tão
grande me faz sentir baixa em comparação.

É disso que estou falando. Essa conexão tensa com apenas


um olhar silencioso é o que me faz sentir algo por Zane. Nós
nunca discutimos isso embora. Será que ele ainda sente isso?

— Merda, aí está você! —São gritos no meu ouvido me


fazendo sacudir de surpresa. Zane tira o baseado da boca, a
fumaça saindo pelo nariz. Uma energia tensa percorre seu corpo
grosso e tatuado. Olho para Saint e percebo que Zane deve estar
com ciúmes dele estar tão perto de mim.

Querendo testar essa teoria, sorrio e descanso a mão no


ombro de Saint. Ele é difícil de tocar, mas não faz nada para mim
pelo simples contato.

— Oh hey! Sim, a multidão meio que me dominou! — Eu


fecho meus olhos e coloco o tipo de sorriso com o qual Piper
encantaria um cara. Lábios carnudos, apenas mal se abriram, e
leve mordidela ao lábio inferior.

Ele ri, sua língua lambendo o lábio inferior como se ele


estivesse interessado.

— Você está bem? — Seus olhos abaixam os meus.

— Sim, você pode me mostrar o banheiro? — Eu sei onde é,


mas por que não fazer Zane pensar que Saint está me levando lá?
Os olhos de Saint se iluminam e ele assente. Virando-se, ele
pega minha mão e me leva pelo corredor até o banheiro. Seus
dedos são macios, mas sua palma áspera.

Assim que minha mão livre bate na maçaneta, uma bota


dispara na frente da porta me impedindo de entrar.

— Seu pai avisou a todos para ficarem longe de você, então


não fique tentando brincar comigo. Este clube é a única coisa que
tenho para mim.

Meus olhos se arregalam, surpresos que Saint esteja


apontando minha besteira e se levantando. Ele tem bolas.

Sorrindo, abro a porta e a fecho.

Eu odeio irritá-lo, mas tenho certeza que ele fez sua parte
de irritar-me com as vadias que anda. Além disso, eu duvido que
Zane faça algo. Ele é frio quando se trata de suas emoções.

Olhando no espelho, toda a frente do meu vestido está


manchada de cor amarelada.

Bruto.

Agarrando toalhas de papel pelo punhado, tento absorver a


espuma. Meus seios estão pegajosos e o cheiro é avassalador. Eu
gosto de cerveja, não me interpretem mal. Menos quando
derrubam em mim.
Passando uma toalha entre meus seios, eu bufo e a jogo no
balcão. Eu preciso ir para casa e tomar banho.

Faço minhas necessidades e acabo me perdendo em meus


pensamentos. Descansando o queixo na mão, olho para os
azulejos gordurosos no chão. Gostaria de saber se as Old Ladies
têm que esfregar aqui ou se os prospectos fazem? Aposto que são
os prospectos.

De repente, a porta do banheiro é aberta e um bando de


garotas bêbadas entram.

—Alguém está aqui! — Eu levanto rapidamente e levanto


minha calcinha, esquecendo de limpar.

Uma mulher baixa com cachos marrons nas costas me olha


com raiva. Sua maquiagem escura, combinando não apenas sua
alma, mas sua blusa de couro amarrada tão apertada que seus
seios estão derramando.

Quando noto. É porra da Baby.

O tempo não foi bom para ela. Você pode dizer que ela
festejou demais. A vida do clube não combina com ela.

— Por que você está aqui? — Suas sobrancelhas afiadas se


estreitam em mim.

Rugas se formam na minha testa com a descrença que essa


mulher tem.
— Até onde eu sei, faço parte do clube. E você? — Eu refuto.
Uma das garotas atrás de seus suspiros e as narinas de Baby se
abrem. Ela não é do clube, nem chega perto. Ela pode estar com
Zane, mas ele nunca a fará uma Old Lady. Que eu saiba.

— Tire sua bunda deste banheiro e deste clube, — ela


ameaça.

Levantando meu queixo, eu ando até ela.

— Ou o que, Baby? — Eu não recuo. Eu posso não ser tão


durona como ela ou usar couro a ponto de parecer que estou
pronta para uma orgia BDSM, mas não vou deixá-la me tirar
daqui. De novo não. Não dessa vez.

— Você realmente quer ir para cima dela? — Uma das


meninas que não tem ideia do que se trata pergunta por trás de
Baby. Não posso aceitar todos, de fato, duvido que consiga aceitar
algo. Eu preciso sair deste clube.

— Mexa-se, — eu aviso Baby, mas ela não se mexe.

Merda, eu decido sair, caminho pelas meninas e de repente


ouço um barulho atrás de mim, quando viro um punho na
direção do meu rosto, bato meu corpo na porta do banheiro.

Meu rosto esquenta, pulsa, e de repente vejo vermelho. Eu


nunca fui atingida antes. A raiva rasga minha coluna, e de
repente eu quero dar a Baby tudo o que tenho.
Com a mão fechada, eu parto para cima de Baby, não me
importando se ela foi a única a me bater ou não. Meu cotovelo
bate em uma das meninas no nariz quando eu bato em Baby bem
na boca. Meu punho deslizou sobre os dentes como uma pedra
pulando na água.

Merda bate no ventilador. Meu cabelo está puxado, meu


vestido rasgado. Eu agarro, dou um tapa e dou um soco em
alguém ao meu alcance. Glitter cobre meus braços, e minha alça
do sutiã é arrancada de mim.

— Ei! Ei! — Saint pula no meio, tentando dividir a luta. Sou


violentamente empurrada para fora do banheiro e na parede do
corredor. Meu peito subindo e descendo com adrenalina.

As meninas começam a gritar comigo para sair do clube.


Que eu não pertenço a ele.

Eu quero voltar lá e terminar isso, mas meus seios estão a


mostra e minha roupa rasgada.

— Vá! — Saint grita comigo, tentando manter a bagunça das


meninas no banheiro.

Forçando-me a ir embora, Zane fica no final do corredor.


Apoiando o ombro na parede, ele casualmente esfrega o queixo
com uma mão. As luzes de fumaça acima lançando apenas luz
suficiente sobre ele para dar-lhe uma estranha vibração.
Olhando na minha direção, ele dá uma olhada dupla e soca
a parede.

— Addie, o que aconteceu com o seu rosto?

Sua voz me irrita. Ele me irrita. Por que estou esperando por
ele? Por que eu me importo? Por que ele se importa?

Eu o empurro o mais forte que posso, e ele me dá um olhar


duro.

— Por que ela? — Eu bato nele, e seus olhos se arregalam.


— Nós somos amigos? Somos apenas amigos? Hã? —Eu continuo
colocando minhas mãos nele, empurrando-o para a multidão.
Todo mundo para e olha para nós, e meus olhos começam a
lacrimejar.

A bagunça que estou e meu rosto doendo tanto que passo


por ele e corro para fora.

Bobby está apenas saindo do lado do condutor do meu jipe,


e eu deslizo para cima atrás dele. Beijo-o na bochecha e entro.

— Obrigado, pai. —Não passa despercebido, eu o chamo de


pai. Eu faço isso de tempos em tempos, dependendo do meu
humor.

— Addie? — A voz de Bobby fica trêmula, mas eu coloco o


jipe na estrada e saio de lá.
Meus pneus guincham quando Zane aparece no meu
espelho retrovisor.

Estou com muita raiva. Por que ele tem que ser tão difícil?
Por que Zane tem que ser tão complicado? E por que Baby, o que
há de tão especial nela?

Uma lágrima escorre pela minha bochecha e me sinto


humilhada. Isso é loucura. Eu disse a mim mesma que não
chegaria a esse ponto novamente e aqui estou eu.

Abro minhas janelas para obter uma brisa, respiro fundo.


Eu ligo o rádio, tentando abafar as vozes na minha cabeça. Ghost
de Badflower está tocando, e bato meus dedos na alavanca de
câmbio.

Casa. Quando eu chegar em casa, as coisas serão melhores.


Vou me mimar e ficar longe do mundo que não consigo entender.
ZANE

De pé na calçada, olho as luzes traseiras vermelhas do jipe


de Addie enquanto ela se afasta. Seu rosto estava cortado como
se alguém tivesse batido nela. Apenas uma pessoa seria burra o
suficiente para fazer isso. Baby.

— Que porra foi essa? — Bobby assobia, pisando atrás de


mim.

Sussurros de raiva no meu ouvido e meus dedos se


contraem com o desejo de machucar alguém ou algo. É
insuportável.

— Você vai me responder? — Bobby pressiona.


— Eu vou cuidar disso, — eu mordo por entre os dentes
cerrados.

Virando-me para onde estou marchando de volta para o


clube.

Todo mundo está dançando, bebendo e praticamente


fodendo. Alheio que um dos nossos foi apenas agredido.

—Todo mundo fora! — Eu grito acima da música. Saint e


Rad olham para mim surpresos do sofá. É a primeira vez que eu
levanto minha voz. Eu nem tinha certeza de que tinha esse tipo
de volume em mim.

— Vocês ouviram, deem o fora! — Rad acena com as mãos


em direção à porta. Empurrando uma garota do colo.

— A festa acabou! — Saint está nas minhas costas.

A música corta e todo mundo começa a caminhar pelas


portas duplas. Entre a multidão, vejo Bull sentado no bar,
fumando um cigarro casualmente. Quanto mais velho ele fica,
menos se importa com festas.

Com a cabeça baixa, ele sopra fumaça sobre a bancada, me


olhando.

—Eu não penso muito em brigas de putas no meu clube.


Especialmente quando uma delas é filha de um membro.
— Eu sei, — murmuro.

— Conserte, — ele exige. Uma de suas maiores regras é não


haver cadelas no clube, apenas por esse motivo. Ele deve ter visto
tudo correr mal, mas parece que alguém concorda que o que
aconteceu não deveria ter acontecido. Addie é nossa.

A raiva borbulha no meu peito como uma infecção ruim. O


pensamento de que Addie se machucou em meu próprio clube
me torna um monstro hostil e incontrolável.

Eu preciso sair e colocar minha cabeça em linha reta antes


mesmo de tentar juntar essa merda. Eu sou capaz de matar
alguém aqui se eu não tomar um ar fresco. Eu preciso de alívio,
algo para aliviar minha raiva.

— Cuide de limpar este lugar. Eu voltarei — digo a Saint.


Ele assente, empurrando a porta.

Subindo na minha moto, digito o número anônimo que é a


minha morfina. O único número salvo no meu telefone. A única
linha para o submundo que poucas pessoas conhecem.

Bata em mim. - Z

Três pontos aparecem quase instantaneamente.

Casa
é respondido de volta. Minha missão me esperará na minha
unidade de prédios. Também conhecida como casa para afastar
qualquer pessoa que esteja rastreando meu telefone.

— Aonde você vai? — Delilah corta minha raiva como uma


faca quente em manteiga fresca. Colocando meu telefone no
bolso, eu a encaro.

— Mova-se, — eu rosno, a besta dentro de mim sacudindo


sua gaiola para sair. Eu não quero machucá-la, acho que nunca
faria, mas essa coisa escura dentro de mim é imprevisível. Não
posso domá-lo, mal consigo controlá-lo.

— Não, me diga aonde você vai quando fica assim? Desde


que éramos crianças e você ficava chateado, você fugia por horas,
Zane! Por quê? Aonde você vai?

Eu acelero minha moto, meus olhos esfaqueando os dela


para sair do caminho. Eu não posso contar a ela. Meu pai me fez
prometer não contar a ninguém.

Farta de mim ela zomba, jogando as mãos para cima em


mim antes de sair. Certamente xingando-me.

Eu sei que ela se importa, mas é tarde demais para mim.


Não é ela. Não é minha família. É algo com que nasci e se tornou
muito maior do que eu esperava.
Correndo a noite toda na minha moto, eu passo entre
carros e caminhões. O ceifador da noite rindo ao meu lado
enquanto dirijo erraticamente, como se eu tivesse um desejo de
morte. Talvez eu faça. Isso faria muito mais sentido do por que
eu sou do jeito que sou.

Os semáforos logo à frente ficam amarelos e eu dou a minha


moto tudo o que tem, girando o acelerador para trás, brinco com
o destino e corro pelo agora sinal vermelho. Carros pisam no freio
e buzinas soam quando eu quase levo uma pancada. Um sorriso
puxa o canto dos meus lábios enquanto meu coração bate mais
forte do que há algum tempo.

Jesus, eu estou realmente fodido.

Parando no estacionamento da unidade de prédios da


cidade, subo até a unidade número 666. Eu não a peguei, ela me
foi dada. Era como se o destino me desse às cartas de tarô para
assassinatos em massa.

Pressiono minha impressão digital direita na fechadura e ela


emite um sinal sonoro antes de desbloquear e revelar uma chave
Skelton dourada.

Com o punho fechado, destranco a fechadura def-con que


contém o meu segredo mais profundo. Um que me colocaria no
corredor da morte, se alguma vez fosse descoberto. O segredo que
meu pai me ensinou a aperfeiçoar. Puxando a porta de metal
apenas o suficiente para eu me encaixar, eu a fecho, e viro para
pescar a corda na luz no escuro. Uma lâmpada solitária varre
para frente e para trás, exibindo armas de todos os tipos em
prateleiras empoeiradas e facas que fizeram assassinatos não
resolvidos.

Teias de aranha labirinto ao redor da área, a luz não chega


aos cantos mais escuros da unidade.

Dando um passo à frente, minha bota chuta alguma coisa.

Um envelope amarelo.

Minha missão.

Suspirando, eu dobro para baixo e pego. Ao abri-lo,


encontro meu alvo.

Assunto: Teagan Fisher

Idade: 47

Local: Trabalha no Hampton Bar até meia-noite.

Razão da contratação: Estuprador que escapou do sistema


de justiça.

Meus olhos se voltam para a esquerda, encontrando uma


imagem do Sr. Fisher.
Cabeça em forma de ovo com cabelos escuros e oleosos para
trás. Nariz de pássaro e covinha no queixo. Seus olhos
amendoados me encaram dizendo que é a hora dele.

Minhas mãos começam a tremer, pensando na adrenalina


prestes a envenenar minhas veias, mas quando minhas
pálpebras piscam, ainda vejo o rosto machucado de Addie. Minha
raiva ficando mais quente a cada segundo.

Eu preciso dessa matança, é a única maneira de pensar


como uma pessoa normal.

Fechando o arquivo, tento tirar Addie da minha cabeça e


pego meu veneno para acabar com esse filho da puta.

Quando o sangue jorrar na noite oferecendo um sacrifício


ao ceifador, serei presenteado com a resposta do que devo fazer
com o meu relacionamento com Addie. O Diabo vai me dar à
resposta. Ele sempre faz.

Espere, eu disse relacionamento?

Não é isso não. Seja o que for não é isso. Mas é uma amizade
que eu não quero foder, porque meu pau decidiu que nunca
conheci uma garota como Addie, e percebi que nunca a terei.

***
Chegando ao local que me foi dado, o Hampton Bar, desligo
o motor, ainda montando na minha moto, visto meu par favorito
de luvas pretas e olho o lugar. É algum tipo de boate. Eu nunca
estive neste lugar antes, então, novamente, eu não sou muito
social. A ideia de dançar em um clube é cômica.

Palmeiras decoram cada lado da entrada, as portas duplas


cor-de-rosa abertas para que você possa ver o interior. Luzes
roxas e azuis dançam e tecem no chão e eu juro por Deus que
estou prestes a sofrer um derrame.

Colocando minha moto no suporte, vou em direção ao


prédio, meu coração lentamente começa a acelerar. Garotas
tropeçando nos calcanhares saem do prédio e entram no
estacionamento, olhando para mim enquanto passo por elas. Eu
as ignoro. Elas estão tão bêbadas que nem se lembram de me ver.
A veia no meu pescoço palpita com antecipação, e meus dentes
estão quase quebrando. A caçada faz parte da parte divertida,
você pode contar muito sobre uma pessoa exatamente onde ela
fica. Vamos ver quem é o Sr. Fisher. Entrando no clube, o ar está
denso e nebuloso, mas vejo minha vítima quase imediatamente.
Ele está dançando no meio da pista, dançando pelo menos um pé
mais alto que todos os outros. Pelo menos eu acho que está
dançando, inferno, eu nem chamaria essa merda tocando pelos
alto-falantes, de música. Ele está vestindo uma camisa branca
desabotoada no meio do peito peludo e calças pretas justas com
sapatos ridículos.

Estalando meu pescoço, eu me pergunto se devo dar um


passo atrás dele e fazer isso ou esperar que ele se afaste da
multidão. Eu não vou dançar se eu entrar na pista de dança e
isso me fará sobressair. A primeira regra do pai sobre matar:
sempre se misture. Suspiro, ficando impaciente. Como um
viciado em drogas olhando para a próxima dose, tendo que
esperar o momento certo. Você só tem uma chance.

O som muda de Techno para outra música que é tão


barulhenta. Está começando a me dar uma porra de dor de
cabeça.

O Sr. Fisher desliza através da multidão, caminhando em


direção à parte de trás do clube e eu ando na parede, mantendo
um olho nele.

Ele passa pelo bar e segue por um corredor escuro. Ele está
usando o banheiro. Perfeito.

Puxando meu capuz, eu caminho de volta pelo corredor, à


escuridão cheirando a mofo e cerveja barata. Minhas botas
grudam no chão sujo, como se as pessoas que passavam tivessem
derramado suas bebidas e ninguém se importasse em limpá-las.
Ao abrir a porta coberta de anúncios, há três banheiros sem
portas e uma pia rachada. O Sr. Fisher está em um dos três
mictórios manchados de urina fazendo barulhos com a boca.
Devo deixá-lo me ver? Devo fazê-lo antes que ele saiba que está
chegando? Meus ouvidos correm da quantidade de sangue que
empurra minhas veias. Estou praticamente tonto com o
pensamento de matá-lo.

Eu passo atrás dele, minha frente quase nivelada com as


costas. Seus olhos encontram os meus no espelho manchado
acima do mictório, seus olhos se arregalam com alarme, e meu
coração relaxa ao ver seu rosto. O olhar de horror, o último
suspiro fugaz antes que eu tome sua alma eterna. Seu peito bate
e ainda encontro consolo no que está prestes a acontecer.

Puxando a arma da minha cintura, eu a seguro na cabeça


dele e urina escorre pelas pernas. Eu quero continuar com o
olhar brilhando em seus olhos. Um de medo, e me dando poder.
Mas tenho que ser rápido. Puxando o gatilho, a arma dá um
puxão suave na minha palma, cuspindo uma bala na parte de
trás do crânio. O silenciador absorve a maior parte do som. Sua
cabeça salta para o espelho fazendo o quebrá-lo, e ele cai em sua
própria urina.

Eu respiro o cheiro metálico, e minha cabeça balança para


trás. A fuga da raiva e a confusão reprimida correm tão livres
quanto o sangue de sua cabeça. Finalmente posso pensar
claramente agora. É como se toda a pressão e tensão
simplesmente desapareceram assim que puxei o gatilho. Torna-
se claro para mim que a Baby precisa ir.
Olhando para o saco de merda no chão, não me sinto mal,
se alguma coisa eu fiz para essa cidade foi um serviço. Ele teria
estuprado novamente, ou pior.

Este é o mundo que meu pai me ensinou. Aquele que me


impediu de me tornar um psicopata completo.

Eu sou um assassino contratado, e só meu pai sabe disso.


Ele prometeu à mamãe que nunca faria isso de novo, mas quando
ele me viu começando a se tornar como ele... Começou a pegar
trabalhos de vez em quando e me mostrou como assumir o cargo.
Eram aquelas viagens que eu ansiava. Um pai-filho se unindo
para tirar a vida de outro ser humano.

Só aceito casos como esses e, assim, controlo minha


vontade de ferir pessoas inocentes. Não tenho orgulho do que
sou. Um monstro que se arrasta nas sombras fazendo com que
todas as mulheres olhem por cima do ombro. A bomba-relógio no
canto, bebendo café que pode explodir a qualquer minuto e levar
uma lanchonete.

É por isso que vivo o estilo de vida dos motoqueiros.


Ninguém mais me aceitaria.

Não se eles soubessem quem eu realmente era, mas o clube


saberia por que, de uma maneira fodida, nenhum dos meus
irmãos é tão diferente de mim. Só não estou pronto para contar
a ninguém.
Montando minha moto, pego as luvas das minhas mãos e
as enfio no meu esconderijo. O ar da noite esfria nos meus
pulmões. Sim, estou mais calmo agora. Eu posso realmente
pensar.

Somos apenas amigos? Ecoa através do meu crânio como


um soco na cabeça. Amo Addie desde o dia em que pulei na frente
de uma bala por ela. Mas quanto mais de um monstro eu seria
para levar um cordeiro para o lobo mítico.

Será que me satisfaria finalmente ter Addie do jeito que


sempre a quis?

Ela vai me aceitar e a minha maneira de viver


3

ADDIE

Por fim, em casa, tiro minhas roupas e visto uma longa


camisa de flanela, a barra fazendo cócegas na parte superior das
minhas coxas grossas.

Passando a mão pelo cabelo, olho-me no espelho acima da


minha cômoda. Tristes olhos azuis sussurram para mim o
quanto estão cansados por se sentir assim. Meu rosto
machucado, dói como o inferno.

Eu preciso parar de dizer que pode haver algo entre Zane e


eu. Quero dizer, ele manteve Baby por perto depois de todo esse
tempo! Se fosse qualquer outro cara, eu o teria abandonado. É
por causa da minha história e de Zane que me mantém firme.

Erguendo meu queixo com olhos determinados, inspiro


profundamente.

Eu vou encontrar outra pessoa. Vou viver para mim — digo


para meu reflexo.

Como uma forte dor de cabeça, no dia em que quase joguei


minha carreira fora, Zane tropeça em minha mente.
— Addie, eu não entendo por que você não vai? É um ótimo
estágio! — Minha mãe bufa do outro lado da mesa. Seu cabelo
loiro estava mais lindo hoje do que o normal. Eu sabia que ela
ficaria brava quando lhe disse que estava pensando em esperar
para ir embora.

— Eu só quero ter certeza de que é o que eu quero. — Dou


de ombros, olhando do outro lado para as pessoas que passam.
Certamente haverá algo aqui que eu posso pegar.

— Essa não é você. Você estava tão empolgada com esse


estágio. —Mãe bate na mesa com o dedo indicador antes de cair
de volta no assento.

Todo mundo ao nosso redor continua a comer e cuida dos


seus negócios no pátio, mas sinto que estão prestando atenção
em nós.

De pé, pego minha bolsa e deslizo por cima do ombro. Eu


deveria encontrar Zane em vinte minutos.

— Eu tenho que ir, — murmuro para minha mãe. Eu sabia


que ela ficaria chateada, mas ela vai superar isso.

— Addie espera!

Não querendo ouvir minha mãe se aprofundar mais e


assumir que sabe o que estou passando, entro no meu jipe e vou
em direção ao clube. Minhas mãos estão suando segurando o
volante. Por que estou tão nervosa?

Entrando no clube, deslizo para fora do jipe e puxo meu


vestido marrom que subiu das minhas coxas suadas. Eu exalo
uma respiração.

Andando na esquina ouço risos e sorrio. Parece que um dos


garotos está se divertindo. Merda, eu me pergunto se Zane espera
que eu faça a mesma coisa e me entregue. Espere, por que estou
tendo esses pensamentos? Nós estamos apenas saindo, o que
está acontecendo entre nós. Estou surpresa que ele me pediu
para sair hoje à noite. Zane não é de convidar alguém.

O ar está denso e duas pessoas na traseira de uma moto me


fazem parar a ponto de quase tropeçar nos meus próprios pés.
Um homem está de calça jeans nos tornozelos e uma garota em
cima dele.

Eu reconheço essa garota.

Ela ri e levanta a cabeça, e é então que noto que não é


apenas uma garota e um homem, é Zane e a garçonete da
Hooters. Baby.

Soluço, minha mão cobrindo minha boca para conter os


pedaços do meu coração quebrando no chão. Eu nunca senti
uma quantidade tão grande de dor se concentrar no centro do
meu peito antes. Eu quero chorar e gritar. Parece que eu levei um
soco no estômago e não consigo recuperar o fôlego.

Meus olhos se enchendo de lágrimas, eu me viro. Eu pensei


que era importante para Zane, mas ele obviamente é como
qualquer outro homem neste clube. Pensando com o pau dele, e
não com o coração.

Levantando meu queixo, eu descobri muito rápido. Zane


não é o cara que eu pensava que era. Eu preciso ir.

Meus pés começam a voltar para o meu jipe. Estou com


raiva, triste e só quero fugir. Longe de todos e deste maldito clube.

Eu estou indo para o Texas. Eu estou fazendo esse estágio.

Meu coelho sai de debaixo da cama, me fazendo voltar de


minhas memórias.

— Porque você sempre faz isso! Eu rosno.

Curvando-me para pegá-lo, eu corro minhas unhas entre


suas orelhas cinza pontudas. É como se a memória viesse me
lembrar da miséria que Zane me causou.

— Você sentiu minha falta, Jersey? — Eu sussurro para o


meu coelho. Ele fecha os olhos, gostando do meu carinho. Ele é
tão fofo. É bom saber que ele precisa de mim.
Colocando-o de volta no chão, saio da sala e vou para a
cozinha. É pequena. Pisos quadriculados, alguns balcões e
aparelhos desatualizados. Minha decoração country parece
reunir tudo. Eu amo a aparência de madeira rústica, e minha
mesa da cozinha de madeira do celeiro é provavelmente a minha
coisa favorita em casa. Comprei de um velho celeiro no Texas.
Observar Bobby tentando trazê-lo aqui para mim sozinho foi
engraçado.

Abrindo os armários, pego os ingredientes para fazer minha


comida favorita.

Torrada francesa.

—Alexa toque uma música para mim, digo em voz alta.

Ela instantaneamente toca Wait do Maroon 5. Minha mãe


me deu um Alexa no último Natal e eu juro que é como ter uma
colega de quarto. Uau, isso parece triste. Eu realmente preciso
sair.

Balançando a cabeça, danço pela cozinha pegando uma


tigela, ovos, leite e fazendo minhas coisas. Fazendo qualquer
coisa para tirar os eventos desta noite da minha cabeça.

Ligando o fogão para aquecer a panela, eu viro para pegar o


Pão e vejo uma sombra escura se mover pela cozinha.
Gritando, largo a tigela de ingredientes no chão e pulo para
trás. Gemas e leite espalhados por todo o chão.

Zane senta na minha mesa da cozinha como um fantasma


escuro. Seus cabelos pretos despenteados como se ele dirigisse
sua moto até aqui. O capuz escuro e o corte de couro completam
o pacote do próprio Diabo.

— Como você chegou aqui? —Eu pergunto sem fôlego.

— Chaves, — ele diz. — Esqueci que Bobby disse a ele onde


estava a sobressalente quando ele pegou meus papéis outro dia.

Tentando me recompor, coloco meu cabelo atrás da orelha


e tento puxar minha camisa um pouco mais para baixo.

— O que você está fazendo aqui, Zane?

Ele esfrega o queixo e olha para o meu coelho cheirando sua


bota.

— O que aconteceu com o seu rosto? — Ele pergunta. Eu


cruzo meus braços.

— Eu bati em uma porta, — respondo sarcasticamente,


ganhando-me um olhar mortal em troca. — Baby e sua equipe
me encurralaram. Eu cuidei disso — eu xingo.

Ele suspira, esfregando o queixo com a mão. Ele parece


zangado, mas não sei dizer se é comigo ou com a Baby.
— Eu estava pensando, você não vai deixar isso passar, vai?

— Deixar o que passar?

— Nós, sendo mais que amigos. — Ele olha para cima, olhos
verdes de esmeralda me fazendo ofegar. Mudando de assunto do
meu rosto para algo mais.

Uau, estamos realmente fazendo isso. Finalmente estamos


falando sobre o que está acontecendo entre nós.

— Bem, estamos? — Eu cruzo meus braços. — Eu não gosto


de jogos, Zane. Por que você fez isso comigo anos atrás? Você está
com Baby, se sim, por que continua me olhando do jeito que você
...

Ele se levanta abruptamente, a cadeira caindo de costas.


Fechando o espaço entre nós em segundos, ele está na minha
frente, o cheiro dele me excitando. Respiro fundo, olho de volta.
Mesmo com a diferença de idade entre nós, ele é mais alto que
eu; intimidador como sempre.

— Addie, eu queria ser mais do que essa merda de amigos


com você, por um tempo muito longo. A diferença é... Eu não
mereço você. Você merece alguém melhor.

Olhando para ele, minhas narinas se abrem.


— Certo, mas apenas se você puder ter a Baby também,
certo? Ha, vou encontrar outra pessoa e podemos fingir que não
nos conhecemos, Zane.

Em um movimento rápido, suas mãos estão agarrando


minhas coxas e me jogando no balcão. Fazendo tudo que estava
em cima cair no chão.

— Não brinque comigo, Addie! — Ele resmunga, seus olhos


ferozes se estreitam em mim.

— Ou o que Zane? O que você vai fazer comigo? — Eu


provoco, me recompensando com seus dedos cavando minhas
coxas. Seus ombros sobem e caem quando ele respira
pesadamente. O silêncio entre nós ensurdecedor.

— Exatamente, — eu finalmente sussurro. Eu sabia que ele


não faria nada comigo.

Seus olhos caem nos meus lábios, e eu instintivamente caio


nos dele em troca.

— E se eu te beijar?

Meus olhos se arregalam. Zane e eu nunca nos beijamos,


mas sempre me perguntei como ele beijava. Seria áspero, gentil,
molhado?

— Você não vai, — eu empurro.


Seus olhos passam da minha boca para os meus olhos.

— Eu tenho medo se eu fizer... —Ele para e eu reviro os


olhos. Veja, eu sabia que ele não faria nada.

De repente, minha cabeça bate no armário atrás de mim


enquanto lábios macios pressionam os meus. Tudo na sala fica
embaçado, e meus braços envolvem sua cabeça, minhas unhas
arranhando seus cabelos macios. Anos de desejo sexual
provocam explosões como o quatro de julho.

Ele me beija apaixonadamente. Duro, mas há uma ternura


possessiva por trás disso que me faz desejar mais.

Ele morde meu lábio inferior, exigindo entrada e desliza sua


língua contra a minha. Meus dedos do pé enrolam, minha
calcinha umedece, e eu não posso deixar de gemer. Foda-se ele
pode beijar!

Suas mãos deslizam pelas minhas coxas, arrepios se


espalhando pela minha pele pelo toque quente.

Sim, é isso que eu quero. Eu preciso.

Dedos fazem cócegas entre minhas coxas enquanto ele


empurra minha camisa de flanela para o lado, e sua boca desce
pelo meu pescoço até a clavícula. Seus lábios são tão leves,
lembrando-me da cortina que flutua na janela, acariciando a
brisa que vem do verão. Eu suspiro por ar, meu coração batendo
cem milhas por minuto.

Cantarolando, lambendo meus lábios e gostando de Zane,


fecho meus olhos.

E vejo ele e Baby.

Como se eu estivesse sido apenas mergulhada em água


gelada, bato minha mão contra seu peito, empurro-o de volta.

Mãos contra minha boca macia, eu o encaro praticamente


ofegante.

Quase ocupando toda a minha cozinha, ele fica lá com olhos


perturbados. Seus ombros largos e os braços pendendo para o
lado enquanto ele olha para mim.

— Não! Não serei aquela garota. — Balanço a cabeça. Meu


corpo está gritando comigo com ódio, mas meu coração está
praticamente me agradecendo por me defender.

— Você escolheu Baby, lembre-se. Você está com a Baby! —


Minha voz se eleva, irritada por ele estar com ela e tentando me
deitar.

— Não. Eu não a escolhi. Ele fecha os olhos como se minhas


palavras o machucassem fisicamente. — Não queria que você
jogasse fora sua vida por mim, Addie. Eu não te mereci na época
e não te mereço agora.
Meus olhos se enchem de lágrimas não derramadas. Ele
partiu meu coração pensando que estava me fazendo um favor?
Tentando me proteger? De repente não tenho palavras. Eu o odeio
por isso, mas também estou surpresa com o ato altruísta que ele
foi capaz de realizar. Mas se isso é verdade, que ele estava apenas
usando Baby, por que Baby ainda está por aí?

—Prove! — Eu pulei fora do balcão e me afastei dele.

O silêncio cai entre nós e o ar se espessa. Meus dedos do pé


gelam com o leite frio derramado no chão, o cheiro dele ainda
permanece na minha pele.

Eu o quero, mas apenas se isso significa que eu posso ter


tudo dele.

— Você está certo. Você não me merece, Zane. Você não


pode me dar o que eu preciso. — Lágrimas caem na minha
bochecha dolorida.

— O que você precisa? — Ele diz com a voz rouca.

— Você inteiro. — Meu coração sangra para ele entender


que nós faremos isso ou não.

Seus ombros se levantam com uma grande inspiração e ele


esfrega o queixo.

Sentada lá esperando ele dizer que vai tentar, mas ele não
diz. Apenas vira as costas e desaparece na sala tão
silenciosamente como ele entrou. O som da minha porta batendo
atrás dele.

Certo. Concordo, sabendo que Zane não é o tipo de cara que


pode estar com apenas uma garota. Não sou ninguém especial só
porque temos história.

Correndo minhas mãos pelos meus cabelos, a raiva varre


meus membros e me sufoca.

Por que eu voltei?


ZANE

A fumaça escorre pelos meus lábios e sai noite adentro


enquanto olho para a casa do clube que se tornou minha casa. O
assassinato de antes não fez nada pelos meus nervos. Estou
estressado, com raiva e com muito tesão. Ainda sinto o cheiro de
Addie no meu hálito, sinto sua pele cremosa contra minhas
palmas.

Ela levantou a voz, defendeu-se e isso tanto me irritou como


me excitou. Eu a quero, porra Deus sabe disso, mas me assusta
estar com alguém tão brilhante e cheio de vida. E se eu apagar
aquela luz que amo tanto?

Dando outra tragada, ponho a cabeça para trás e solto uma


nuvem de fumaça no ar parado. Ela parece pegajosa pra caralho,
mas eu meio que gosto disso quando se trata dela. Isso significa
que ela vai ser apenas minha, sempre ao meu lado e pronto para
montar.

As coisas entre nós vão dar terrivelmente errado ou


terrivelmente certo. O pai e a mãe dela me detestariam se
soubessem as coisas fiz que eu quero fazer naquele corpo
voluptuoso dela.

De qualquer maneira, Baby tem que ir. Ela colocou as mãos


em Addie, e essa é uma linha vermelha no meu livro.

Jogando meu baseado na noite, eu atravesso o


estacionamento e empurro as portas do clube. Piper e Delilah
estão sentadas no bar, bêbadas e rindo sobre quem diabos sabe.
Não presto atenção e vou pelo corredor. Passando de porta em
porta, eu sei que Baby está no meu quarto, embora eu tenha dito
a ela para não se sentir em casa quando eu não estiver aqui.

Abrindo a porta do meu quarto, Baby está dormindo na


minha cama como eu esperava. Sua bochecha ficou vermelha
pela briga de mais cedo, me lembrando do por que estou aqui em
primeiro lugar.

Minha mandíbula aperta quando eu a encaro.

A luz da lua derrama através da janela em cascata por suas


pequenas coxas cremosas, e minhas narinas se abrem. Não
consigo nem sentir um desejo de luxúria por saber que machucou
Addie. Eu empurro sua perna, e ela se vira, me dando um tapa,
seus olhos meio sonolentos de dormir.

— Estou dormindo, vá se foder, —ela geme.

— Pegue sua merda e saia. — Meu tom não é amigável. Ela


para, a testa enrugada, e os olhos apertados quando ela olha para
mim.

— O que? Não! —Ela puxa os cobertores tentando se cobrir.

— Não? Eu não estava perguntando! — Puxo o cobertor para


dela e ela me chuta no estômago, empurrando-me para longe. —
Que porra é essa, Baby? — Eu seguro meu estômago onde ela me
espetou com suas unhas pintadas de vermelho. Ela sempre teve
um temperamento difícil. Eu perdi a conta de quantas vezes ela
me deu um soco ou jogou algo em mim no meio de uma de suas
birras.

— Você perdeu a cabeça? Eu não estou indo a lugar


nenhum! Ela grita histericamente, com os olhos cheios de
lágrimas. Fechando o espaço entre nós, ela joga um punho para
mim, e eu pego segundos antes de colidir com o meu rosto. Eu
não queria que terminasse assim, mas ela não me deixou outra
escolha a não ser, ser um idiota.

Ainda com a mão em seu pulso, eu a agarro pelos cabelos e


a puxo para fora da minha cama. Ela grita, agarrando minha mão
para deixar ir, eu sei que assim que eu faço, ela vai ficar me
perfurando como um saco de pancadas. Vestindo uma das
minhas camisas, seus seios caem do decote em V, as pernas
chutando loucamente por toda parte mostrando sua calcinha de
seda preta.

— Pare de lutar comigo! — Eu grito, tentando acalma–lá.

Saindo do meu quarto, a arrasto para o corredor pelo pulso.

Ela coça meu braço e eu deixo ir permitindo cair no chão


em um monte de pernas e braços.

— Qual a porra do seu problema! — Ela chora, recuando na


parede como um animal inocente. Ela não é inocente, não deixe
essa donzela em travessuras de angústia enganar você. Ela é vil,
e eu olhei para além de suas táticas de menina má por muito
tempo. Somos uma família, e ela não sabe nada sobre isso.

Agachando, fico na cara dela, certificando-me de que está


prestando atenção.

— Eu te disse quando nos conhecemos, Baby. Primeiro não


somos uma coisa. Segundo, nunca machuque minha família —
eu a lembro.

— Eu não fiz, — ela mente.

Inclinando minha cabeça para o lado, eu a encaro como a


mentirosa que ela é. Meu cabelo varrendo meus olhos enquanto
a encaro.
—E Addie? — Eu sussurro, e seus olhos brilham com
reconhecimento. Sim, ela machucou Addie e essa foi a última
gota disso... Seja lá o que for.

— Eu nunca tive uma chance contra ela, não é? Os olhos


dela se erguem, o queixo tremendo.

Eu me levanto, expirando.

— Estávamos apenas nos divertindo, já disse isso várias


vezes. Você é quem continuou tentando me consertar mentiu
para si mesmo que éramos mais. — A raiva vibra minha voz
quando penso em como ela tentaria me arrastar com suas
amigas, me comprar roupas e me dizer para sorrir com mais
frequência.

— Você tem o maldito apelido dela tatuado nas suas costas,


Zane! — grita, e minhas costas brilham como se eu tivesse
acabado de colocar a tinta na minha pele ontem. Ninguém nunca
me disse nada sobre a tatuagem, pois apenas Baby sabe a quem
o nome pertence.

—Sim, eu tenho, — murmuro.

Levantando-me, agarro seu pulso e a puxo pelo corredor, ela


se levanta e segue. Seus dedos tentando erguer o meus, e me
xingando todo o caminho.
— Zane, o que você está fazendo? — A voz de Delilah racha
com preocupação.

— Zane? —Piper me olha confusa do bar enquanto eu


arrasto uma Baby seminua para fora do clube.

Empurrando Baby para fora das portas do clube, que quase


cai de bunda. Eu não sinto muito por ela. Ela é uma valentona,
a vi perseguir garotas para fora deste clube e agora é a vez dela.

— Não volte, — aviso, meu dedo apontando diretamente


para ela.

— Para onde eu vou? —Ela joga as mãos para fora, as


lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Não é problema meu. — dou de ombros.

Agarrando a porta, fecho e tranco. Virando-me para


encontrar Piper olhando para mim com os olhos arregalados.

— Você perdeu a cabeça? — Piper late.

— Você viu o rosto de Addie? — Eu levanto uma


sobrancelha.

Piper e Delilah congelam, olhando uma para a outra.

— Baby e suas amigas a atacaram hoje à noite. Terminei


com essa cadela. — Dou detalhes suficientes, elas devem ficar
agradecidas por receberem. Não preciso me explicar.
Passando por elas, vou para a cozinha, os eletrodomésticos
prateados refletindo as luzes acima. Meu pai está sentado lá,
tomando sorvete de chocolate com uma colher, age
completamente alheio a qualquer coisa que acabou de acontecer.

— O que eu te disse? —Ele bufa, seus olhos penetrando no


chocolate como se ele desviasse o olhar pudesse fazer com que
derretesse. Eu não respondo por que ele me contou muita merda
ao longo dos anos. Eu não consigo acompanhar.

Lentamente, ele vira a cabeça e os olhos azuis me deixam


quieto.

— Para parecer normal, e ter o Baby como sua namorada


era Zane normal.

Eu zombei. — Eu não a amava. Amor, que palavra


inconstante. Além disso, o que ter uma cadela brava ao seu lado
faz pela normalidade?

— O que o amor tem a ver com alguma coisa? É a aparência,


filho!

Língua no céu da minha boca levanto meu queixo para ele.

— É isso que mamãe, Delilah e eu somos, uma aparência?

Ele se levanta, com o rosto zangado. Eu atingi um nervo,


mas o que ele espera. Toda essa conversa sobre parecer normal,
agir como se você tivesse sentimentos, mesmo que você não possa
apenas zerar de volta para ele. O próprio homem.

— Não. Tive sorte e encontrei alguém que me entendeu,


Zane.

— Certo. — Concordo meus olhos nunca deixando os dele.

— Bem, eu não vou fingir brincar de casinha com alguém


que não me respeita. Vou tentar a minha sorte, encontrando uma
cadela que está no meu estilo de vida — rosno em resposta. Deus
só pode salvar Baby de mim cortando sua garganta irritante por
algum tempo. É melhor para todos que ela se foi. Inclinando para
frente, eu pego o pote de sorvete de chocolate fora da mesa pronto
para ir para o meu quarto para a dormir.

— Você está jogando um jogo perigoso, Zane, — papai


adverte, e uma pequena voz na minha cabeça tenta me dizer para
ouvir, mas eu simplesmente não posso. Se eu fingir ser algo que
não sou mais, vou quebrar.

— Perigoso é algo que eu jogo muito bem, — murmuro,


enfiando uma colher de sorvete na boca antes de sair da cozinha.
O chocolate frio quase me faz suspirar e traz de volta memórias
de quando papai e nós nos sentávamos na frente da TV e
comíamos um pote inteiro quando eu era criança.

Piper e Delilah não estão mais no bar, estão do lado de fora


gritando como bêbadas histéricas. Piper empurra Baby, e Delilah
pula no meio delas tentando acabar com uma briga de gatos de
rua.

Espero que a Baby apenas saia. Porra, não era nem uma
coisa e eu continuava tentando dizer isso a todos. Conhecendo
Piper e Delilah, elas provavelmente a levaram adiante, dizendo-
lhe coisas estúpidas como se nunca tivessem me visto fazer isso
ou aquilo antes que ela estivesse na minha vida.

Se fizeram, era uma fachada. Eu nunca mudei.

Irritado com os acontecimentos do dia, vou para o meu


quarto e bato a porta. Colocando o sorvete na mesa de cabeceira,
olho por cima do ombro para o espelho atrás de mim. O reflexo
da minha grande tatuagem reivindicando a maioria das minhas
costas olhando de volta para mim. Chamas rasgam minhas
costas e de repente parecem reais, como se minhas costas
pegassem fogo. Nomes daqueles com quem eu mais gosto
tatuados no fogo.

O nome Sunny bem no meio.

Ou Addie como todo mundo a chama. Só eu a chamo de


Sunny.

Às vezes me pergunto onde estaria se nunca houvesse um


tiroteio.

Se eu fosse normal.
4

ADDIE

Dois dias depois

No pátio do Lancaster Diner, vejo as pessoas. Esperando


Piper e Delilah aparecerem. Elas estão explodindo meu telefone
para almoçar e recuperar o atraso desde que voltei do Texas. Acho
que adiei porque senti que elas estavam conectadas a Zane. Não
é culpa delas se Zane e eu temos um vínculo tácito que nem
mesmo conseguimos descobrir.

Não, não pense em Zane. É o dia das meninas, pense no dia


das meninas. Os enormes guarda-sóis no centro das mesas
projetavam a sombra, mas não o calor. O cheiro de comida e o
oceano se misturam em um perfume que você só pode ter aqui
na costa. Os pássaros cantam logo depois do parapeito gritando
por um pouco de pão jogado e percebo o quanto senti falta da
minha cidade natal. Estou feliz por ter conseguido tirar uma hora
do almoço hoje. Espero que a senhorita Louve não estrague
demais o almoço. Pensando na escola, minha mente muda para
o Sr. Thad. A situação toda está realmente começando a me
incomodar. Sinto-me ferrada se fizer algo ou se não fizer.
O vidro quebrado atrás de mim me faz pular da cadeira em
pânico. Um garçom cai de joelhos pegando o copo e percebo que
sou a única em pé. Engolindo a secura de repente cobrindo
minha garganta, sento-me novamente.

Não posso ir a lugar nenhum sem olhar mais por cima do


ombro. Eu me pergunto se Bobby descobriu mais sobre aquele
clube ameaçando Zane.

— Ei, vadia! — Piper sorri, puxando uma cadeira de metal.


Seu cabelo vermelho brilha do sol, fazendo-a saltar mais sardas
no nariz, e ela parece fofa em seu pequeno vestido amarelo e
jaqueta jeans azul.

— Você parece fofa. — Eu concordo com a cabeça em


aprovação.

— Essa? — Ela puxa a jaqueta. — É tudo o que limpei hoje.


Ela ri.

Isso faz mais sentido. Piper é mais atraente do que eu, e o


que ela está vestindo hoje é algo que eu usaria.

— Desculpe estou atrasada! — Delilah bufa, quase


derrubando um garçom tentando chegar à nossa mesa.

Delilah é... Bem apenas como eu me lembro. Cabelo com


duas tranças bagunçadas sobre os ombros, uma camiseta com
faixa e jeans azul rasgado. Uma bagunça, mas ela faz com que
pareça fofo. Se eu tentasse usar isso, iria parecer uma sem teto.

Ela puxa uma cadeira e afunda nela como se tivesse corrido


aqui em vez de dirigir.

—Hoje foi sem parar. — Ela respira pesadamente,


gesticulando com a mão acima dela. Seus olhos pousam no meu
rosto e eu sei que ela pode ver o machucado que Baby me deu.
Nenhuma maquiagem no mundo poderia encobri-la. Eu tentei.

— Por que, o que está acontecendo? — Eu pergunto e abaixo


minha cabeça.

— Apenas, minha mãe está na minha bunda porque meu


irmão está sendo estranho.

— Certo? — Os olhos de Piper se arregalam e meu peito se


contrai. Não posso deixar de me preocupar com ele agora.

— O que está acontecendo com ele? — Pegando meu copo


de água, tomo um gole tentando não agir muito preocupada.

— Ele terminou com Baby, — sussurra Piper, e eu quase


cuspi água em todos os menus.

— Bem, não terminou. Eles não estavam juntos — defende


Delilah com um rolar de olhos.
Tossindo, pego um guardanapo e começo a limpar minha
bagunça. Puta merda, ele se livrou do Baby.

— Ele fez hein? — Ele realmente a deixou. Foi por mim?

—Ele também não foi muito sutil. —Piper franze os lábios,


olhando o cardápio. Eu me pergunto o que ela quer dizer com
isso.

— Bem, ela bateu em Addie, o que você esperava? — Delilah


zomba.

—Eu cuidei disso, — Piper sorri presunçosamente.

— O que você fez? — Inclino minha cabeça para o lado,


meus olhos em Piper. Eu vi o recado dela, ela pode ser brutal.
Não que eu me importe se ela bateu em Baby. Espero que sim.

— Ela quase arrancou o cabelo de Baby. — Delilah ri,


olhando para Piper.

— Você o que? —Não posso deixar de rir junto com elas. —


Eu gostaria de poder ter visto isso.

— Foda-se sim, eu fiz. Ninguém mexe com a minha irmã do


clube. Por que você não veio nos ver? — Piper me olha com raiva.
Abro a boca para explicar, mas a fecho. Ter Piper e Delilah
lutando nas minhas batalhas não ajudaria em nada no que diz
respeito a Baby.
— De qualquer forma, desde então, ele apenas se ofereceu
para correr com o clube, os perigosos, e tem sido caótico. Não é
como ele. — Delilah suspira a testa enrugada de preocupação.
Ela sempre protegeu seu irmão mais velho.

Minhas sobrancelhas levantam ouvindo isso. Gosto que


minha família vire as costas por Baby ter me atacado, mas Zane
está sendo mais agressivo do que o habitual e geralmente é do
tipo silencioso. Ele se senta atrás e observa. Ele não precisa fazer
nada, apenas seu olhar pode causar danos. Parece que saiu dos
trilhos. Mas por quê? Por minha causa? Ele estourou? Eu me
pergunto se devo colocar nossa besteira mesquinha ao lado e
checá-lo.

— O suficiente sobre Zane, como é ser professora? —Piper


muda de assunto. Tentando acompanhar a mudança na
conversa, pisco rapidamente tentando pensar.

— Uh, é bom. — É tudo o que posso reunir. Eu ainda estou


pensando em tudo que está acontecendo com Zane.

Piper e Delilah me olham e olho para baixo.

— Você está bem?

O rosto de Delilah enruga de preocupação.

— Sim, eu estou apenas... Eu aceno minha mão tentando


pensar em fugir. — Cansada. — Eu rio nervosamente.
— Ok, o que houve? — Piper coloca o cardápio na mesa e
apoia o queixo nas mãos.

Delilah me olha com expectativa, esperando que eu


responda. Rasgando meu olhar do dela, eu morder meus lábios e
olhar para fora na distância. Não sei o que dizer que eles
acreditariam.

— É Zane, não é? —Piper bate na unha da cabeça e minha


cabeça vira em sua direção. Meus olhos se arregalam e meus
lábios se abrem.

— Não é nenhum segredo que vocês dois estão brigando há


anos. —Piper revira os olhos e meu corpo inteiro formiga com
pânico.

— É por isso que você está nos evitando, certo? — Delilah


uma sobrancelha em minha direção.

— Não eu? — Eu tropeço na minha resposta.

— Espere, aconteceu algo entre você e Zane, é por isso que


ele está agindo assim? —Piper levanta uma sobrancelha.

Abro a boca para falar, mas a fecho tão rápido quanto uma
ratoeira.

— Não, eles não fizeram nada. — Delilah apenas acena para


Piper. Aparentemente, elas estão nos observando mais perto do
que eu pensava.
— É apenas complicado, — eu finalmente resmungo. Elas
não entenderiam.

— Algo definitivamente aconteceu! — Delilah observa.


Esfregando minha testa freneticamente, é óbvio que elas sabem
sobre Zane e eu, mas há quanto tempo elas sabem sobre nós,
isso me daria alguém para conversar sobre todos esses...
Sentimentos.

— Você pode amar alguém sem ter um relacionamento? —


A pergunta cai da minha boca antes que eu possa pegá-la de
volta.

Ambas as meninas olham para mim, e eu sei que cruzei uma


linha. Zane é uma família. Eu apenas admito. Eu amo Zane.

— Eu vejo a maneira como você e Zane se olham, e a


maneira como vocês dois ficam tensos ao conversar um com o
outro. Eu posso praticamente sentir a energia sexual quando
vocês dois estão na mesma sala, — acrescenta Piper. — Vocês
dois estão jogando esse jogo há tanto tempo, eu diria que sim.
Pode ser amor. — Ela encolhe os ombros.

— Sim, mas é o código do clube. Não devemos ficar juntos,


— lembra Delilah.

— Foda-se isso. — Piper revira os olhos. A infratora de


regras como sempre.
— Não, você pode causar problemas ao meu irmão, Addie!
— O rosto de Delilah começa a ficar vermelho, e sei que ela está
prestes a ficar toda D em mim. É exatamente por isso que eu
nunca quis contar a ninguém sobre isso. Zane e eu não podemos
ficar juntos por causa do clube. Zane pode perder seu Patch e eu
também posso perder Piper e D.

— Eu sei disso muito bem, Delilah, por que você acha que
Zane e eu nunca aceitamos as coisas como amigos? Ou porque
eu não disse nada a vocês sobre isso. Nossos pais pensaram que
seria uma ideia fofa que todos nós terminássemos juntos quando
éramos apenas crianças, mas então todos atingimos a puberdade
e foi muito estranho para nossos pais. Nós, crianças, somos
muito próximos, crescemos juntos e sabemos muito um do outro.
Então os pais fizeram uma regra: seríamos apenas familiares e
amigos.

Minha alma gêmea esteve ao alcance de toda a minha vida,


mas precisamos ficar em silêncio e imaginar o que aconteceria.

— E se quebrarmos as regras?

— Então, realmente, como é ser professora? — Delilah


pergunta, mudando de assunto. Um que é apenas como direito
igualmente estressante agora.

— Eu sempre me perguntei o que aqueles professores fazem


na sala dos professores, algo de bom lá? — Piper ri.
— Sala de professores é uma merda, — eu as informo com
um sorriso. — Não há uma máquina mágica de sorvete lá ou algo
assim. Fora isso, eu não sei. O diretor está tramando algo
obscuro — começo a divagar.

— O que você quer dizer? — Piper pergunta em torno de


uma boca cheia de comida.

— Eu acho que ele está assediando as alunas ou algo assim.


A maneira como ele olha para elas, é assustador.

— Eu pararia essa merda! — Delilah responde


imediatamente.

— Como ir ao conselho escolar?

— Nah, eles vão encobrir isso para não ser grande coisa,
talvez transferir o otário. Não, você precisa sujar as mãos! — Piper
aponta para mim. — Estilo Devil’s Dust.

— Certifique-se de que não existam muitas testemunhas


quando você fizer isso! — Delilah assente.

Minha mente começa a pensar nos cenários que eu poderia


fazer para que o Sr. Thad caísse.

— Você foi criada pelo clube, garota. Certamente você pode


inventar alguma coisa. — Piper ri, fazendo nos três rirmos.
A maneira como elas fazem parecer que não é grande coisa,
talvez não seja.

Talvez eu possa fazer isso sozinha.

***

Dirigindo para o estacionamento da escola, eu desligo meu


jipe e começo a recolher minhas coisas para terminar o dia na
escola. O almoço com as meninas foi um pouco mais tenso do
que eu esperava, mas é bom tirar as coisas do meu peito.
Bocejando, saio do meu carro e bato a porta. Estou cansada, os
pesadelos se tornando cada vez mais frequentes.

As minhas sandálias de ouro rosa batem no chão enquanto


atravesso o estacionamento. Todas as crianças já estão na aula
agora, então não há ninguém para ser visto aqui. Cruzando os
braços, olho em volta. Vou para a minha sala de aula quando vejo
o Sr. Thad saindo do vestiário feminino agindo de forma suspeita.
Meus olhos se arregalam e eu corro atrás de uma entrada para
outra classe, para não ser vista.

Que porra ele está fazendo?

Enfiando a cabeça, encontro a senhorita Hadwig saindo do


vestiário das garotas, os dedos abotoando freneticamente a
blusa. Sua maquiagem colorida está manchada no rosto e seu
cabelo loiro está despenteado. Ela está sempre sorrindo, dando
enigmas idiotas aos estudos sociais. Eu nunca a vi triste.
Saindo, eu a alcanço e ela se torna quase frenética me
dando um tapa.

— Ei, está tudo bem. Sou eu! — Ela se afasta do meu toque
e eu levanto minhas mãos para sugerir que não sou uma ameaça.

Fungando, ela passa os dedos sob o nariz escorrendo.

— O que aconteceu? — Eu sussurro. Ela balança a cabeça,


não querendo me dizer. — Diga-me, — eu pressiono. Ela ri seus
olhos cinzentos me olhando com cautela.

— Você não pode salvar nenhuma de nós, — ela treme. – É


ele ou o nosso trabalho!

— Nós?

— Por que você acha que Jodi foi embora? Não seja tão
ingênua! Jodi, a outra professora de ciências. — Ela se levantou
e saiu sem uma razão para isso. Então a verdade me bate como
uma pilha de tijolos. Isso foi o Sr. Thad? Jesus, o que ele fez com
ela? Há quanto tempo isso vem acontecendo?

— Aquele filho da puta. Ele não está assediando as alunas,


está machucando as professoras.

— Com licença. — Hadwig passa por mim e sai da escola.

De repente, não me sinto mais segura nessa escola. Como


um predador se tornou o maldito diretor?
Minhas narinas se abrem. Meu coração me dizendo que
preciso fazer algo sobre isso antes de ser o próximo, e se crescer
com um clube de moto me ensinou alguma coisa, é que você não
pode confiar em outras pessoas para cuidar de merda por você.
Você tem que fazer isso sozinha.

Eu rapidamente vou para a minha sala de aula e jogo


minhas coisas no chão e sento na minha mesa. Meus dentes
mordiscam meu lábio inferior, tentando pensar em como lidar
com isso.

Devo falar com as crianças? Não, eles não vão me dizer


nada.

Ameaçá-lo? Ah, Jodi é maior que eu e obviamente perdeu


essa batalha.

A campainha toca e minha cabeça começa a doer com ela.


Eu preciso de um café ou algo assim.

Saindo da minha sala de aula, vou para a sala dos


professores, pensando em Piper e Delilah enquanto estou aqui. A
velha cafeteira fica no balcão vendo dias melhores, me faz desejar
que tivéssemos alguma máquina mágica de café expresso. Os
sofás rasgados parecem algo fora dos clubes de strip e as mesas
e cadeiras estão aqui desde que eu era estudante.

Pego minha xícara de café do armário e despejo um pouco,


colocando açúcar e gelo. Chegando à geladeira, pego o leite e
despejo. Dou agitação e o leite dança com o preto, tornando-o
uma cor de caramelo gostoso. Eu amo café gelado. Meu vício é
isso.

— Addington, finalmente voltou estou vendo.

Virando-me para a voz masculina, encontro o Sr. Thad bem


atrás de mim. Ele está no meu espaço pessoal, o cheiro de seu
hálito de alho ultrapassando o café no ar. Mal consigo puxar
minha mão e empurrá-lo para longe. Seus olhos escuros dançam
de alegria, como se ele estivesse procurando algum tipo de medo
de mim.

— Sim, eu voltei. — Eu respondo nervosamente.

— Sabe, eu sempre me interessei pela vida social dos meus


professores. — Ele balança um dedo para mim, seus lábios
torcidos para o lado.

— Nada de especial aqui, Sr. Thad. —Eu fingi um sorriso,


pegando minha xícara de café no balcão.

Ele agarra meu pulso e um medo gelado ondula meu braço.

— Oh, eu duvido disso. Sendo a cadela de um motoqueiro,


tenho certeza que você tem algumas histórias. — Sua voz é baixa,
seu sorriso se transforma em algo malicioso.
Eu tiro meu braço do dele, minhas narinas se abrem. Torna-
se mais do que nunca evidente que eu preciso derrubar esse filho
da puta da escola.

Olhando por cima do ombro enquanto me afasto, meu


coração continua batendo acelerado, não por medo, mas por
raiva. Ele colocou as mãos em mim, ele estava me testando.

— E me chame de Thad, — ele insiste, gostando do jogo que


está jogando com a minha mente. Me ocorre que é isso que ele
faz, ele brinca com a mente das mulheres antes de atacar.

Minha mão trêmula sacode minha xícara, o gelo que não


derreteu atingindo a lateral do copo de cerâmica.

— Ei, não se esqueça sobre a da busca de drogas hoje! —


Senhorita Louve me lembra de passagem.

— Certo! — Eu finjo um sorriso por trás da minha raiva.

E isso me bate uma ideia. Eu sei o que preciso fazer.

Correndo para minha sala, folheio o calendário na minha


mesa.

É hoje que o xerife está trazendo seu K9 para verificar se


há contrabando nos armários.

Se o Sr. Thad tiver drogas, eles teriam que prendê-lo. Todo


mundo veria, e ele seria derrubado. Então, talvez os professores
possam apresentar suas reivindicações em cima das acusações.
Eles estariam seguros e o conselho escolar não seria capaz de
ignorar.

Agarrando meu telefone, passo o polegar sobre o número de


Zane.

Merda. Eu preciso dele, só ele pode fazer isso.

Você pode me trazer uma onça para a escola? - A

Leva apenas alguns segundos antes que ele responda.

Que dia ruim? -Z

Você pode obtê-lo para mim? -A

Claro. - Z

A campainha toca e eu sei que os alunos começarão a entrar


na minha turma a qualquer segundo. Não consigo me concentrar
o suficiente para dar uma aula agora. Minhas mãos estão suadas,
meus braços trêmulos.

Enquanto os alunos entram, eu decido que vão assistir a


um filme na fotossíntese.

— Quietos! — Exijo a aula, e todo mundo começa a ficar


quieto ao encontrar seus lugares. Ligando a TV, sento na minha
mesa e olho pela janela. Meu coração batendo forte no meu peito.
Esta é a coisa certa a fazer. Essas garotas precisam de
alguém agora, e sinto que é meu dever fazer isso.

Duas motos rugem pelo caminho e eu pulo da minha


cadeira, ganhando os olhos de todos os estudantes em minha
direção.

— Apenas continuem assistindo o filme. — Eu sorrio e saio


da aula. Apressando-me, corro para a frente da escola para pegar
as drogas antes que o Sr. Thad encontre Zane.

Empurrando a porta da frente ao abrir uma brisa rajadas


em torno de mim, e Zane está puxando fora seu capacete. Ele
balança a cabeça e passa a mão pelos cabelos. Os olhos do
oceano olham para mim e o vento bate nos meus pulmões.

Ao descer da moto, ele estende a mão para mim e eu pego a


sacola plástica.

— Você está bem? — Ele levanta uma sobrancelha.

— Apenas cuidando de alguma coisa, — eu informo, mas se


alguma coisa, minha afirmação parece preocupá-lo mais. —
Obrigado. — Dou um sorriso e giro o calcanhar para cuidar dos
negócios, mas sou revertida com a mesma rapidez.

Os olhos cor de gema olham para mim, apagando a


Sunshine e substituindo-a por algo mais escuro.

— Bonitinha, agora me diga a verdade, — ele grita.


Suspirando, eu olho fora em Saint montando uma moto
atrás de nós.

—Acho que o diretor está estuprando e chantageando as


professoras, explico. — Os ombros de Zane erguem um fantasma
do túmulo, seu rosto florescendo de raiva.

— Você não precisa se envolver.

— Eu trabalho aqui, como não posso? — Eu sussurro. Piper


e Delilah fariam isso sozinhas, não pediam um homem para fazer
isso. Eu também posso fazer isso.

— Então você está tentando enquadrá-lo? — As


sobrancelhas de Zane se erguem, e posso dizer que ele está a
cerca de dois segundos de cuidar disso sozinho.

— Sim! Quero dizer — eu xingo, me sentindo frustrada. —


E se eu for a próxima? — Eu dou de ombros. O silêncio cai entre
nós, e Zane lentamente coloca um fio de cabelo atrás da minha
orelha.

— Eu não gosto disso, Addie, — afirma.

Meus olhos piscam para ele saber, e fico com raiva.

— Sim, bem, eu não pedi sua permissão!

— Deixe o clube lidar com isso. — Ele tenta entrar, mas eu


não estou cedendo tão fácil. Eu não sou uma donzela em perigo.
— Eu vou ficar bem.

Puxando de seu alcance, eu me viro para entrar. Não estou


confiante de que tudo ficará bem. De modo nenhum.

Uma vez lá dentro, ouço as motos ligarem e saírem da


escola.

— Pensei ter dito que não os queria por perto! — A voz do


Sr. Thad soa da porta do escritório, e eu quase grito. Ele está
sempre me assustando.

— Sim, foi por isso que eu disse para ele sair, — eu minto.

Tirando o cabelo de seu rosto, ele me dá uma olhada que faz


minha pele arrepiar e vai para o ginásio.

Ginásio. Ele não está em seu escritório.

Como se eu fosse um agente secreto ou algo assim, deslizo


contra a parede e entrei no escritório dele. Sua mesa está limpa,
apenas seu nome e um relógio parado na beira.

Cheira como ele aqui. Creme de barbear é o que me lembra.

Tento abrir a gaveta da mesa, mas ela não se mexe. Está


trancado. Merda.

Virando-me, encontro a jaqueta dele pendurada em um


cabide.
Enfiando minha mão em um dos bolsos, deixo a erva e puxo
minha mão livre. Meu coração está acelerado e minha boca seca
por ofegar de pânico.

Olhando para os dois lados para garantir que a barra esteja


limpa, eu rapidamente vou em direção a minha sala.

— Ei, eu vi que o Sr. Motoqueiro estava aqui novamente. —


Louve sacode os ombros de uma maneira sedutora. Assustada,
coço minha testa. O ciúme sussurra no meu ouvido coisas que
devo dizer ou fazer à senhorita Louve pelo interesse repentino em
Zane, mas ele não é meu. Por que eu deveria me importar tanto
que ela pense que ele é atraente?

— Uh, sim. Ele estava me trazendo alguns papéis — minto.


Ela olha para as minhas mãos e eu sou pego na minha mentira.
Talvez eu devesse contar a ela sobre o Sr. Thad. Gostaria de saber
se ele a procurou.

Cruzando os braços, tiro meu quadril e vou em frente.

— O Sr. Thad já esteve... fora de sintonia com você?

Ela bufa, jogando a mão para mim.

— Aquele velho pervertido. Ele está apenas se divertindo


inofensivo. — Seu comportamento leve me faz acreditar que ela
está alheia ao comportamento do Sr. Thad ou talvez esteja
dormindo com ele. Ela é uma grande namoradeira.
— Não, eu estava apenas curiosa. Ele flertou comigo e isso
me fez sentir um pouco estranha. — Torço meu lábio. Ela ri e joga
o cabelo por cima do ombro.

— Ele não é nada para se preocupar. — Ela ri.

Eu aceno, engolindo em seco.

— Certo, é melhor eu voltar para a aula.

Ela se vira, voltando pelo corredor e eu corro para minha


sala.

Aquela passou perto.

Eles estão todos quietos e assistindo TV. Deslizando na


minha cadeira, exalo uma grande respiração.

Jesus que era arriscado.

Abaixando minha cabeça em minhas mãos, tento acalmar


meu coração acelerado.

Foi para o melhor da escola.

Eu fiz isso por eles.

Duas horas se arrastam e, a cada minuto que passa, fico


cada vez mais paranoica. Estive no banheiro quinze vezes por
causa do café, o que não ajuda com a toxicidade ansiosa que me
atravessa agora. Talvez eu deva ir pegar a erva e chamar essa
coisa toda. Eu sou a pior fora da lei.

Um latido faz arrepiar os cabelos do meu pescoço e eu me


levanto da minha mesa. Tarde demais para desistir.

O xerife está aqui. Tentando manter a calma, espio do lado


de fora da porta e vejo o Sr. Thad, o xerife e um cão pastor alemão
passando pelos armários e em direção ao escritório.

Eu pulo de volta para minha sala. É isso. O bastardo está


caindo.

Risos me fazem ter uma careta e olho pela da porta. Eles


estão saindo do escritório!

— Que porra é essa?

Meu coração começa a bater tão forte que acho que posso
desmaiar.

Algo está errado. Será que eles encontraram?

Eu aperto direito, e meus olhos se arregalam.

— Foda-se, e se ele o encontrou? Será que ele sabia que era


eu?

Rapidamente, corro para a minha mesa e começo a abrir


gavetas. Nada ali. Embalo os papéis e ainda não encontro nada.
Mãos trêmulas, tiro minha bolsa da minha gaveta de baixo e há
o farrapo de maconha.

Aquele filho da puta!

Usando o punho, ouço o cachorro se aproximando.

Girando nos calcanhares, entro em pânico. Coloco na minha


calça?

Uma brisa sacode meu cabelo sobre o meu rosto e eu corro


para a janela e jogo a fora.

— Sra. Addington! Mr. Thad e o xerife entram.

— Oi! — Eu tento sorrir, mas realmente, quero dar um soco


nesse idiota.

— Procedimento padrão. — Ele encolhe os ombros quando


o cachorro fareja pela sala.

— Claro! — Eu aceno minha mão sobre as mesas.

O cachorro se dirige para minha mesa e eu fico tensa. Por


favor, não cheire.

Ele cheira e resmunga em torno da minha bolsa e eu prendo


a respiração.

Finalmente, ele segue em frente, e o Sr. Thad e eu


conectamos os olhos.
Boa tentativa idiota.

— Muito bom. — O Sr. Thad nunca quebra o contato visual,


seus olhos redondos confirmando que estou na merda. Assim que
eles saem da sala, eu caio no chão e seguro minha cabeça nas
mãos.

Eu estou tão fodida.

Saindo da escola cedo para evitar o Sr. Thad, tranco minha


sala de aula e tento expulsar as crianças da escola. Meus olhos
arregalados e coração batendo, eu mantenho meus olhos abertos
para Thad enquanto caminho para o meu jipe. O carro dele está
desaparecido. Ele está na escola? Penso se eu deveria dizer Zane
que as coisas correram mal.

Não, ele está apenas esperando que eu ligue e diga que ele
estava certo.

Não posso sair, preciso desse emprego. Eu amo meu


trabalho.

Finalmente, voltando para casa, coloco minhas chaves entre


os dedos e corro pelo gramado para chegar ao meu apartamento.
A porta está aberta, a maçaneta solta e o gesso rachado. Alguém
invadiu minha casa. Foi o Sr. Thad ou os caras depois do clube.
Isso não é bom. Não entro, começo a recuar lentamente.
Balançando a cabeça, e medo sussurrando nas minhas
costas como um fantasma, eu corro de volta para o meu jipe e
tranco as portas. Jogando minha bolsa no meu lugar, pego meu
telefone e ligo para Bobby.

— Alguém invadiu minha casa! — Eu respiro pesadamente.


Estou com tanto medo que minha mão está tremendo como um
viciado em crack.

— Afaste-se daí. Estamos a caminho.


ZANE

Sentado no bar tomando uma cerveja, eu assisto Bobby


atender o telefone animadamente. A fumaça dança perto do teto
e faz calor por dentro. Meus dedos tremem quando a vontade de
machucar alguém está se tornando insuportável. Tantas vozes e
raiva correndo pelas minhas veias, está chegando ao ponto que
eu não posso separá-las. Toda vez que alguém me irrita, passa
pela minha cabeça quantas maneiras eu poderia matá-los antes
que eles tirassem a próxima palavra de sua boca mundana.

Bobby desliga o telefone e olha para nós com os olhos


arregalados.

— Bull, uma palavra.


Bull suspira, empurrando a si mesmo fora do sofá do outro
lado da sala. Ele é tão alto que precisa se desvencilhar das
almofadas. Seu cabelo escuro que combina com o meu varrendo
o dele assustador como olhos fodidos. Não tenho medo de muita
gente, mas meu pai é um idiota.

Ele entra em outra sala e Bobby entra logo atrás dele,


fechando a porta.

— O que você acha disso? — Rad pergunta, virando uma


cerveja como uma adolescente entediada. Seu rosto está
vermelho por estar na praia o dia todo, e seu cabelo está ainda
mais emaranhado do que o normal.

— Foda- se se eu souber. — Dou de ombros, voltando meus


olhos para a TV.

Os segundos nem passam antes que as portas da igreja se


abram e Bull está parado na porta com as mãos nos quadris.

— Bloqueio.

Todos nós nos endireitamos. Confinamento é quando todos


os membros próximos e familiares vivem dentro do clube por
segurança.

— Por quê? —Saint pergunta, sua língua correndo para


molhar o lábio inferior. Ele sempre lambe o lábio inferior, é chato
para mim, mas ele diz que as garotas adoram.
Bull olha para mim e sei que ele está prestes a dizer algo
ruim.

— O homem que atirou em mim, aquele que você tentou


matar, Zane. O presidente dos Lost Wolfs; Bender. Ele saiu da
prisão e enviou uma mensagem alguns dias atrás. — Ele olha
para Bobby e tudo ao meu redor perde cor.

Engolindo em seco, meus olhos caem no chão. Eu sabia que


esse dia chegaria. Eu estive esperando por isso.

— Por que estamos apenas descobrindo agora? — Rad


zomba.

— Vocês são prospectos. — Bull levanta a voz, colocando-o


em seu lugar. Talvez eu seja um prospecto, mas eu deveria saber
se alguém está lá fora, olhando para mim.

— A casa de Addie foi apenas invadida e não sabemos quem


fez isso, mas é a segunda vez que ela tem sido alvo, e ela estava
na praia no dia do tiroteio, — informa Bobby.

Deslizando fora do banco, não espero para ouvir mais nada.


O pânico corre em meus ouvidos e meu dedo no gatilho parece
pesado.

Preciso pegar Addie e arrastar a bunda dela para cá. Eu


posso ficar de olho nela, e ela não pode continuar fugindo de mim
quando está presa dentro das paredes do clube.
Além disso, com a merda que ela está fazendo ultimamente,
preciso mantê-la perto.

Ela não vai gostar, mas eu não dou a mínima.


ADDIE

Sentada no meu jipe no posto de gasolina, ouço um exército


de motos parar. Sinto-me segura instantaneamente e abro a
porta para sair. A noite está quente, a fumaça no ar das cinzas é
mais densa que hoje.

Bobby lidera o grupo e para a moto primeiro, tirando o


capacete. Corro rapidamente para ele, assustada e me sentindo
vulnerável. Eu o abraço forte. O que eu fiz hoje foi tão estúpido.
Não sou como Piper e Delilah, não penso como uma fora da lei e
me meti em um lugar muito ruim. Estas são todas as coisas que
eu quero dizer a ele. Mas não.
Envolvendo seus braços em volta de mim, inspiro o cheiro
de couro.

— Você está bem? — Sua voz áspera pergunta.

Concordo, mas não digo nada, pois a sensação profunda no


fundo da minha garganta me diz que posso chorar.

Afastando-me, eu tento me recompor.

— Você encontrou alguém?

— Não, mas sua casa foi definitivamente invadida. É uma


porcaria, quem estava lá estava procurando por alguma coisa —
Bobby me diz, e meu estômago afunda mais no poço de medo do
que já estava.

—Seu arquivo cheio de documentos da escola foi jogado


fora, e parece que eles levaram um computador ou laptop de uma
mesa, — explica Zane, e meus olhos se voltam para ele. Eu quero
correr em seus braços e perguntar se estou segura. Perguntar a
ele se foram os Lost Wolfs ou o idiota da minha escola.

Quebrando o contato visual, lembro que não contei a ele que


o plano que planejara hoje deu errado. Ele ficará chateado, com
certeza.

Bobby se vira conversando com alguns dos caras sobre o


que encontraram pela casa, e Zane aproveita a oportunidade para
conversar comigo sozinho.
Esfregando o queixo, uma mão no bolso da calça jeans, ele
olha para trás para Bobby, os cabelos escuros batendo contra a
testa antes de olhar para mim com aqueles musgosos olhos
verdes.

— Olha, você precisa vir ao clube por um tempo, — diz Zane,


em vez de perguntar.

Cruzando os braços, a incerteza se amarra no meu peito. Eu


sabia que o bloqueio estava chegando.

—Eu preciso te contar uma coisa. — Mordo meu lábio


inferior. — O diretor sabe que tentei derruba-lo. Isso pode apenas
ser ele tentando me assustar.

O rosto de Zane fica vermelho, seu corpo repentinamente


duro.

— Eu cuidarei disso. — Ele se vira, declarando a conversa


encerrada. Estendendo a mão, agarro seu Patch e tento puxá-lo
de volta.

— Zane, espere!

Ele para, mas apenas porque corro o risco de rasgar seu


Patch. Seus olhos verdes me lembrando a calma antes de um
furacão.

— Você não pode simplesmente sair por aí levando todo


mundo para algo que pode ser uma ameaça, Zane, — eu sussurro
alto. — Eu deveria ter levado isso para o conselho da escola, —
digo a mim mesma mais do que ele.

Ele balança a cabeça. — Eu sabia que não deveria ter


deixado você se misturar com essa merda, — ele se repreende.
Eu estremeço, minhas sobrancelhas se estreitando.

— Zane, eu não sou sua. Você não é meu dono, sou adulta
e posso fazer o que quiser.

— Certo, e é exatamente por isso que você está nessa


posição, não é, — ele repreende.

Deus, ele é um idiota, mas a maneira como ele se importa e


quer me proteger... faz algo comigo.

Bobby termina sua conversa e volta sua atenção para mim.

— O clube está em bloqueio, eu vou ter alguém indo pegar


suas coisas, mas você precisa ficar no clube até resolvermos isso,
— Bobby estalando os dedos.

Os olhos de Zane encontram os meus, sabendo que eu quero


discutir.

— E o meu trabalho, eu simplesmente não posso deixar de


aparecer. Passei metade da minha vida para conseguir este
emprego.
— Vou levá-la e buscá-la, — oferece Zane. Bobby olha de
soslaio e meu coração se acalma. Se eu confio em alguém para
me levar de moto, seria Zane.

— Tudo bem, — eu murmuro, sabendo que não vou ganhar


essa batalha e se eu tiver que ter uma babá, eu quero Zane.
5

ADDIE

Estacionando meu jipe no clube, está cheio com a família e


amigos íntimos dos membros. Parece que eu sou a última a
aparecer, então eu vou pegar uma cama no chão, tenho certeza.
Esta não é a minha primeira vez aqui no bloqueio. Isso acontece
com mais frequência do que você pensa.

Puxando minhas chaves da ignição, saio e Piper sai


correndo do clube de salto alto e um vestido minúsculo, as mãos
no ar como se ela não me visse há anos.

— Addie! Ela grita, se jogando em mim. O cheiro de perfume


e tequila é forte. Quero contar a ela como a ideia delas saiu pela
culatra, mas, conhecendo Piper, ela vai querer fugir e me mostrar
como é feito.

— Você está bêbada? — Envolvo meus braços em volta dela,


abraçando-a de volta.

— Não, quero dizer que já tomei alguns, mas preciso disso


neste lugar. — Ela ri, dando um passo para trás. Ela sabe que o
estresse pode trazer. — Não há espaço pessoal e todo mundo está
na cara de todo mundo.
— Sim, mal posso esperar. — Sarcasmo no fundo da minha
voz. É uma coisa que sinto falta de morar no Texas. Sem
bloqueios.

— Sua mãe está ajudando as outras Old Ladys a


prepararem o jantar. — Ela coloca as mãos nos quadris. — Não
é uma refeição de cinco pratos, mas enche sua barriga se você
estiver com fome. — Ela aperta minha bochecha onde Baby me
bateu, e eu estremeço.

— Sim, vou encontrá-la. — Caminhando para o clube, Piper


segue ao meu lado.

Falando sobre um cara que ela gosta muito, mas tudo em


que consigo focar é onde está Zane? Ele ainda não parou com as
outras motos.

Dentro do clube, está tão lotado quanto eu pensava. A mãe


de Zane, Dani, está estendendo um berço e distribuindo sacos de
dormir enrolados, e alguns dos caras estão brigando por um saco
de batatas fritas perto do bar.

Deslizando pela multidão, faço meu caminho em direção à


cozinha.

— Com licença, — digo educadamente, tecendo corpos de


couro e tatuagens.
Finalmente, chegando à cozinha, abro as portas e uma
garrafa vazia de mostarda é jogada em mim.

— Nós dissemos para sair! Quando estiver pronto, está


pronto! — Cherry grita, jogando mais porcaria para mim.

Abaixando bem a tempo, meus cabelos caindo no meu rosto,


eu rio, fazendo com que todas as Old Ladys olhem na minha
direção.

— Oh merda, me desculpe! — Cherry cobre a boca de


surpresa. Sua filha Piper se parece tanto com ela que você
pensaria que elas eram gêmeas. Cabelos sedosos e ruivos, sardas
e corpos magros que poderiam se safar de assassinato.

— Pegue uma faca e comece a preparar sanduíches,


querida. — Minha mãe me joga um pedaço de pão. Indo para a
ilha, começo a passar maionese no pão.

As portas duplas da cozinha se abrem e Maverick entra. Ele


é filho de Bull e Anahí. Ele está na adolescência, sua acne
tomando conta de seu rosto.

— Ei, você pode me roubar outro sanduíche? Ele sussurra


para mim. Seu cabelo escuro me lembrava Zane e Dani. Ele se
parece como eles.

— Claro, amigo. — Pego dois sanduíches e cubo com batatas


fritas antes de entregá-lo a ele.
— Doce. Obrigado! — Ele pega o prato e se vira para voltar
furtivamente.

— Você sabe que ele vai ser tão grande quanto um zagueiro,
se você continuar alimentando-o! — Dani me repreende, me
pegando dando mais a ele.

— Eu não posso evitar. Ele é como um irmão mais novo para


mim. Se ele quiser mais comida, eu vou dar a ele. Não é como se
ele estivesse acima do peso. Ele está crescendo.

— Bem, quando ele for um jogador de futebol famoso, ele


pode me levar para voar pelo mundo. — Eu rio, e isso deixa as
mulheres conversando.

Sanduíche após sanduíche, pedaço após pedaço até que


finalmente ninguém mais entra para o jantar. Estou tão
estressada que o pensamento de comida me deixa doente, então
eu não como. Não essa noite.

Lavando minhas mãos, volto para a área principal do clube.


É um hospício. Tantos corpos em um espaço tão pequeno. Alguns
dos caras estão jogando cartas, as Old Ladys estão quase
gritando umas com as outras, rindo, e eu nem sei o que Piper e
Delilah estão fazendo com Saint e Rad. Eles têm cartas grudadas
na testa. Mordiscando meu lábio, decido olhar lá fora, não
consigo pensar aqui. Se eu tentar puxar papéis aqui, terei marcas
de botas e fumaça de maconha por todo lado.
Pego minha bolsa do meu jipe e me sento na calçada antes
de espalhar papéis e marcadores. O chão é quente e duro. Mas
está quieto aqui fora. Eu posso pensar.

No final do trabalho de um aluno, mastigo minha caneta


vermelha tentando entender a comparação entre átomos e
comida. Suas mentes podem ser muito confusas às vezes.

— Você poderia ter feito isso no meu quarto, você sabe. —


Uma voz grave deixa meu corpo tenso e a cabeça se levanta.

Zane está encostado no meu jipe, com os braços cruzados e


a cabeça abaixada. Soltando minha caneta da minha mão, sorrio
e balanço a cabeça.

— Não, eu estou bem. Eu precisava de um pouco de ar —


justifico. Hoje tem sido um longo dia, muito para lidar.

— Humm. — Ele resmunga. — Então, o que estamos


fazendo sobre esse diretor?

Eu sabia que ele não deixaria isso ir.

— Eu não sei. Eu cruzei uma linha. — Eu suspiro. — O Sr.


Thad sabe que eu o enquadrei, e sou definitivamente um alvo
agora.

— Bem, eu vou estar com você o tempo todo, e se ele olhar


para você errado. Eu vou lidar com a situação, Sunny.
Meu coração bate contra o peito como se eu estivesse
correndo em vez de me sentar. Ele me chamou de Sunny. Ele não
me chama assim desde que éramos crianças.

Ele volta para o clube me deixando em uma piscina de


memórias.

Sentada em uma mesa de piquenique que já viu dias


melhores, estou recostada nas mãos, meu pé batendo na base no
ritmo dos alto-falantes do carro de Piper.

O sol está brilhando mais forte do que nunca hoje e minhas


bochechas estão quentes e rosadas. Sentindo como se alguém
estivesse me olhando, eu rolo minha cabeça para o lado e encontro
Zane em pé na porta do clube, olhando para mim. Seus braços
estão cruzados, seus tornozelos também. Seu cabelo balança nos
olhos com o leque soprando atrás dele, e ele está sem camisa,
apenas seus jeans baixos pendurados no corpo.

Forçando-me a desviar o olhar antes que alguém perceba


nosso jogo, eu me sento.

— Vou pegar um pouco de água. Quer alguma coisa? — Eu


pergunto a Piper.

Dançando como se ninguém estivesse assistindo, ela balança


a cabeça.
— Ok, — eu rio. Entrando na porta dos fundos do clube, entro
na cozinha e pego um copo do escorredor. Encho o copo com gelo e
água da geladeira, o som do gelo estalando da água fazendo
minha boca salivar.

Tomando alguns goles, esfria minha garganta apenas o


suficiente, mas não faz nada para a transpiração calor nas minhas
costas. Suspirando, eu me viro e corro direto para Zane. Ele sorri e
pressiona a mão na geladeira atrás de mim me enjaulando. Meus
olhos se voltam para ele, meu coração batendo forte nos meus
ouvidos quando ele olha para mim. Ele está tão perto que eu
poderia beijá-lo.

Seus dedos mergulham no meu copo de água, puxando um


pedaço de gelo. Minha boca se abre, mas eu não digo nada.

Lentamente, ele corre o gelo no meu pescoço e ao redor da


minha clavícula. Está tão frio que dói, gotas de água escorrendo
pelos meus seios.

— Você lá fora, absorvendo os raios do sol, é como se você


fosse a porra do sol, Addie.

Eu zombo, sua linha muito romântica.

— Você seria meu sol? Minha Sunny? — Ele sussurra, e meus


olhos se arregalam. A atração entre nós é tão forte que deveria ter
seu próprio nome.
A porta da cozinha se abre e nos separamos.

— Ei, nós devemos ir nadar! — Piper anuncia não percebendo


Zane e eu desajeitadamente evitando um ao outro.

Zane me dá uma última olhada antes de colocar o cubo de


gelo em sua boca sexy e sair da cozinha.

Eu era o Sunny dele a partir daquele dia.

Balançando a cabeça para fugir da memória, eu limpo


minhas mãos cobertas de terra de cascalho e me levanto, quase
batendo em uma mulher com cheiro de perfume.

— Desculpe, eu...

Minha boca fica aberta quando eu pego Baby olhando para


mim com os lábios franzidos. Sua camisa vermelha rasgada e
revelando seu sutiã preto e seu jeans apertado como o inferno.
Nós somos tão diferentes.

— Você parece surpresa em me ver. — Ela gira os cabelos.


Fechando a boca, olho para o chão, perdida para o que dizer a
seguir.

— Baby, estou surpresa. Por que você está aqui? — Eu a


encaro e cruzo os braços. — Eu pensei que Zane tivesse te
expulsado.
— Oh, por favor. Você realmente achou que Zane iria se
livrar de mim para sempre? Ele sabe o quanto você é frágil. Não
sacrificaria o que temos, apenas por alguém como você, querida.

Minhas narinas se alargam, minhas unhas cortam a palma


da minha mão. Quero bater nela, quero encontrar Zane e exigir
respostas. Porém, sei que vagabundas de clubes e como elas
adoram ficar sob a pele das pessoas íntimas dos membros.
Também não preciso fazer uma cena com a família e os amigos
aqui.

— Mova-se! — Eu exijo, passando por ela. O som de suas


risadas estridentes me fazendo terminar hoje. Indo para o clube,
irritada, Delilah está do lado de fora fumando um cigarro, me
encarando com os olhos semicerrados. Ela está vestindo uma
blusa e calça jeans folgada, mostrando sua barriga macia.

— Você vai levar isso? — Ela assente para Baby. Olhando


por cima do ombro, eu faço uma careta para ela.

— Ela não vale a pena, — murmuro. — Eu sei que ela está


mentindo.

Piper dá um passo ao lado de Delilah, seu rosto sério, em


vez de bêbado.

— Ela está entrando em sua casa e está cagando em você


com um sorriso no rosto, — Piper informa com um tom quente.
A raiva ferve dentro de mim. Elas estão certas. Parece mesquinho,
mas para todas as mulheres deste clube, eu pareço fraca.

— Então agora o que? Eu me viro, jogando minhas coisas


no chão. Ambas as meninas se aproximam de mim, com os
braços cruzados.

— Bull não gosta de brigas em seu clube, então é melhor


fazermos isso lá fora. — Delilah ri. Piper bate com a mão e as
duas caminham em direção a Baby, que está ao telefone em pé
no estacionamento.

Seguindo-as, sinto-me desenvolver como uma chama negra,


uma que é ouvida, mas não vista. Baby tirou muito de mim e eu
sempre me virei para o outro lado, algo que minha mãe me
ensinou. Hoje à noite, vou ensinar aquela vadia que há o outro
lado de Addie.

Lado Devil’s Dust.

Piper arrebata Baby pelos cabelos, fazendo-a gritar e soltar


o telefone no chão. Deixe Piper bater em alguém e ainda parecer
uma modelo.

Sem perder uma batida, fecho meu punho e bato em seu


lindo rosto. Seu nariz racha, ou talvez seja minha articulação
porque um calor intenso corre pelos meus dedos enquanto eu
faço contato.

— Merda! — Eu grito, sacudindo meu punho.

— Um bom! — Piper ri, derrubando Baby no chão.

— Espere, deixe-me explicar! — Baby chora, segurando o


nariz sangrando.

Desço e levanto o queixo com o dedo, certificando-me de que


ela me olhe nos olhos. Sua maquiagem pesada e características
de boneca me deixando doente. Eu odeio a quão bonita ela é.

— Esta é a minha casa, vadia! — Eu cuspo na cara dela, e


as meninas riem. Não acredito que fiz isso, minha mãe morreria
se soubesse que eu cuspi em alguém. Mas o sentimento dentro
de mim é incrível. Quero fazer de novo, quero mais dessa raiva.
Eu quero ensinar uma lição. Essa personalidade é mais do que
parece, talvez.

Agarrando seu cabelo do lado esquerdo, minhas unhas


cavam em sua carne. Eles não são tão perfeitos. Eles não são
macios e cremosos. Eles se sentem firmes e irreais.

— São reais? — Eu pergunto.

— O que você está fazendo? — Preocupação na voz de


Delilah, mas eu a ignoro.
— O que? Por quê?

Aperto com mais força, fazendo-a estremecer. A geleia lá


dentro me fez querer enfiar minhas unhas até que ela sangre.

— Não! — Ela chora, tentando se afastar. Eu zombei.


Espero que ela não pague um centavo bonito por isso.

— Segure-a, — digo às meninas. Piper agarra suas mãos, e


D coloca seus pés. Fico de pé, vendo Baby mexer como um verme.

Puxando meu joelho para cima, bato com o pé em seu peito


novamente, e novamente, desejando que o implante rebente
dentro dela.

— Jesus Cristo! — Piper ri, tentando segurar uma Baby que


grita. Eu seguraria sua boca, mas estamos sem controle no
momento. Deveríamos realmente pensar em adicionar outra
garota à nossa equipe.

— O que está acontecendo aqui fora? — A voz de Dani


fazendo as meninas e eu ficarmos tensas. Dani é o tipo de mãe
que vai quer nos ajudar ou nos fazer limpar nossa bagunça.

— Corre! Delilah sussurra. Se alguém conhece Dani, é sua


filha.

As meninas soltam Baby, e corremos para a escuridão


rindo. Eu sou uma outra pessoa agora. Escura, ousada e ruim.
Colocando meus braços no ar, grito e rio, a noite
sussurrando em meu ouvido o quanto está orgulhosa de mim por
me defender.

Estava bem. Foda-se ser a pessoa maior. A partir de agora,


estou me defendendo.

A pressa é incrível, eu me sinto alto.

—Esse aplique nunca mais será o mesmo. — Piper ri


desacelerando.

—Oh meu Deus, nunca vi nada assim. — Delilah levanta a


mão e eu bato em sua mão.

— Eu não sabia que você tinha isso em você, merda! — Piper


passa as mãos pelos cabelos.

Eu rio, não tenho certeza de onde veio esse mal interior. Eu


acho que apenas ser pisada uma e outra vez realmente contribuiu
para algo dentro de mim. Eu tentei ser uma dama, mas,
eventualmente, você tem que lidar com suas coisas.
ZANE

Deitado na cama, olho para o teto, meus braços atrás da


cabeça. Ainda estou de jeans, mas tirei a camisa mais cedo.
Todas essas pessoas no clube, o ar condicionado não consegue
acompanhar. Eu durmo apenas de cueca, mas ter o lugar cheio
de família me deixa desconfortável. O pensamento de Thad
machucando Addie me deixou com raiva. Eu não quero matar e
torturar um ninguém, eu quero matá-lo. Quero ver sua cabeça
saltar fora do chão com uma bala no crânio. Ver o medo em seus
olhos quando ele perceber que mexeu com a garota errada; que
Addie é minha mulher.
Sentando jogo minhas pernas sobre a lateral do colchão e
jogo a cabeça nas mãos. Deus, eu estou tão fodido. Eu não
consigo dormir por merda. Nunca consegui dormir muito, mas
saber que Addie está em perigo me deixa mais hostil do que o
normal. Eu deveria ter ouvido meu instinto hoje e não a deixar
tentar derrubar o diretor. Que merda eu estava pensando? Por
outro lado, eu daria qualquer coisa a Addie se ela perguntasse.

Ela é minha fraqueza.

Um barulho estridente faz com que eu levante minha cabeça


e olhe para o chão escuro. Parecia uma mulher gritando.
Levantando-me, abro a porta e olho para o corredor escuro. Um
gemido empurra meus pés para frente, minhas sobrancelhas se
estreitam sobre o que poderia ser.

Acendendo a luz do corredor, encontro Addie enrolada em


um lençol suado em uma cama. O rosto dela se contraiu de dor
e as mãos acenando.

Ela está tendo um pesadelo.

Pés descalços contra o chão frio, caminho até ela e a pego.


Ela para de chorar e descansa a cabeça no meu peito, suas unhas
cravando no meu peitoral.

Não posso deixá-la dormir aqui em uma cama de merda. Eu


a levo para o meu quarto. Fechando a porta atrás de mim, não
consigo colocá-la na cama. Eu fico olhando para ela, desejando
que a minha vida fosse muito mais simples do que é.

Descansando meu nariz contra sua bochecha, fecho meus


olhos, a fera dentro de mim rosnando e circulando sua gaiola com
o pensamento de estar ao lado de algo tão frágil.

—Posso ficar com você? — Eu sussurro contra sua pele


delicada.

—Sim, ela murmura. Não esperando uma resposta de volta,


estou chocado. Sei que ela não se lembrará disso amanhã, sei
que ela não está no estado de espírito certo, mas ainda faz algo
comigo.

—Estou com frio, Zane. — Ela me puxa para perto, e eu não


posso deixar de me perguntar se ela está acordada. Quero que
ela se lembre disso, quero que isso seja coisa nossa. Eu quero
abraçá-la e acaricia-la durante toda a noite como eu sempre
sonhei.

Colocando-a na minha cama, penso em me arrastar ao lado


dela para manter afastada a escuridão que a assombra, porque
sou a coisa mais assustadora deste clube e nada ousar chegar
perto dela enquanto ela dorme ao meu lado. Sabendo que no
fundo ela não se lembra de nada disso, ou de como chegou aqui,
eu a cubro e pego um travesseiro preso entre o colchão e a parede.
Jogando-o no tapete desgastado no chão em frente à minha
cama, me deito de costas. O travesseiro dobrado sob minha
cabeça.

Meu amor por ela é mais alto que meus demônios. Talvez,
apenas talvez, eu possa domá-los o suficiente para estar com ela.
Passar minhas mãos pela curva de seu corpo e provar a doçura
de sua pele pela primeira vez. Ela vale a pena perder o clube?
Alguns homens crescem sonhando com carros ou com certas
faculdades para entrar. Este clube era meu forro de prata. A
única coisa que eu sempre quis foi um lugar à mesa. Agora tenho
que decidir se Addie vale mais do que isso.

Sua mão voa sobre a cama, suas lindas unhas pintadas de


rosa me atraindo.

Estendendo a mão, enredo meus dedos nos dela e a ouço


respirar.

Pela primeira vez desde que me lembro... caí em um sono


mais escuro que no meu dia.

Addie

Ao acordar, estico meu corpo, meus dedos se curvando


sobre si mesmos, pois descansei mais do que há muito tempo.
Meus olhos se abrem e de repente me lembro que estou no clube.
Mas não estou no chão, estou em uma cama. Estando na posição
vertical, eu me encontro no quarto de Zane. Na cama de Zane.

Que porra é essa?

A porta do quarto se abre de repente, e eu rapidamente tento


cobrir a cabeça com os dedos.

— Café? — Zane pergunta, segurando um copo preto. O


vapor dança acima da borda, o cheiro de cerveja enchendo a sala.
Merda, ele parece incrível mesmo de manhã. Sono pesado em
seus olhos cor de esmeralda, dando-lhes uma aparência sexy. A
barba por fazer em sua mandíbula está mais escura do que o
normal, e ele não está vestindo uma camisa, me dando um
vislumbre completo de seus abdominais duros. O que ele faz, cem
flexões por dia?

Ele me entrega a xícara e eu me esforço para tomar um gole


para impedir minha mente de continuar correndo. Mesmo que
seja lava na minha boca, forço os goles. Não faz nada para conter
o meu desejo. Meu corpo vibra querendo ter seu corpo quente
próximo ao meu tão cedo. Eu nem me importaria com o hálito da
manhã. Meus olhos examinam sua cicatriz em seu bíceps, os
meus ardem na pele do meu braço como se eu tivesse acabado
de levar um tiro ontem.

—Como eu ...
—Você estava tendo um pesadelo, eu te trouxe aqui e você
parecia dormir melhor, —Zane me interrompeu no meio da frase.
Meus olhos caem na xícara de café. Meus pesadelos me
perseguem assim que minhas pálpebras se fecham. Eu não estou
segura, mesmo em minha própria cabeça.

— Obrigada, — apenas sussurro.

— Com o que você sonhou?

Meus olhos se voltam para os dele, e penso por um segundo


em mentir, mas estou curiosa se ele também tem pesadelos.

— Sobre o tiroteio, — confesso. O corpo de Zane incha, como


se eu lhe dissesse que o passado me assombra, o machuque.

— Um dos homens trouxe suas malas. Ele aponta para o


chão e eu aceno. Outra coisa está pesando pesado em minha
mente.

— Por que Baby está aqui? — Eu mudo de assunto. Eu


tenho que morder minha bochecha pensando em como nós a
fodemos na noite passada. Eu me pergunto se nós realmente
ferramos com implante e de seios dela?

Ele me dá um olhar como se ele não soubesse o que estou


falando. Ele realmente não sabe ou é bom em mentir.
— Sim, eu a encontrei ontem à noite e ela não parecia
chateada com um rompimento. — O sarcasmo pinga da minha
língua.

Zane encolhe os ombros.

— Eu não a vejo desde que terminei as coisas.

Ele se vira para a cômoda e percebo que suas costas estão


cobertas de chamas. Meus olhos se arregalam quando pousam
no nome Sunny dançando na fumaça. Quase engasgando
tentando recuperar o fôlego, ele se vira para me ajudar.

Eu aponto para ele, olhos arregalados.

— Você tem meu nome em você? — Eu sussurro. As letras


eram duras, mas tinham um tom suave. Parecia pessoal.

Seus ombros se levantam e ele se vira, jogando uma camisa


vermelha para fora da cômoda e sobre a cabeça.

— Apresse-se, você vai se atrasar para o trabalho, — ele


resmunga. Assim que ele chega à porta, ele para, com a mão no
batente da porta.

— A única coisa que me queimou o suficiente para eu


nunca me arrepender foi deixar você ir, Sunny, — ele murmura,
e lágrimas enchem meus olhos. Ele olha por cima do ombro, seus
olhos me perfurando. — Você vê que eu não tenho o nome de
Baby nas minhas costas? — Ele sai, fechando a porta.
Meu nome está tatuado nas costas dele! Me ocorre que eu
realmente significo algo para ele. Nós, poderíamos ter sido uma
coisa se déssemos o salto.

***

Jogando meu cabelo em um rabo de cavalo baixo e liso, pego


as roupas dobradas na minha mala. Eu não consegui arrumar
minhas coisas, então estou nervosa para ver o que os caras me
pegaram. Não está fechado, e parece que alguém estava mexendo
nas minhas coisas. Chegando às minhas roupas, algo macio bate
nos meus dedos e pula.

Caindo na minha bunda gritando, duas orelhas de coelho


surgem.

— Jersey! — Eu xingo. Estendendo a mão, eu o pego. Ele


mexe o nariz, os olhos olhando ao redor da sala.

— Isso é novo para você, não é? —Eu uso minha voz de


bebê.

A porta se abre e Zane está na sala com a arma apontada.


Seus olhos encontram eu e Jersey, e ele relaxa, esgueirando-se
para a moldura da porta.

— Desculpe, Jersey me deu um susto. — Eu ri.


Ele enfia a arma na parte de trás da calça jeans e se agacha
para olhar para Jersey.

— Você é a única pessoa que conheço que tem um coelho


de estimação. Ele passa os dedos fortes entre as orelhas de
Jersey, — e ele fecha os olhos. De repente, sinto ciúmes do meu
coelho.

— Vou pedir a um dos meninos que pegue água e comida


para ele. Mantenha-o aqui, ele está seguro aqui.

Olho para ele, um sorriso puxando meus lábios.

— Obrigada. Por tudo.

Seus olhos se voltam para os meus, um pequeno sorriso


quase puxando seus lábios.

— Sem problemas.

Ele se levanta, tirando a mão do coelho, Jersey tenta chutar


para voltar para ele.

Zane nos deixa, fechando a porta.

— Eu sei, ele também tem esse efeito em mim, — sussurro


para Jersey antes de colocá-lo no chão.

Voltando às minhas roupas, pego algumas coisas e vou ao


banheiro para me trocar. Jersey me seguindo. Coloco calças
pretas com minha camisa de flanela branca e preto que sobe no
meio da coxa, certificando-me de arregaçar as mangas para não
morrer de calor.

Vestindo um par de chinelos, pego minha xícara de café e


saio pela porta. Mandando um beijo para Jersey antes de sair.

Já é um hospício aqui esta manhã. Conversas distantes


vindo da sala principal, e o cheiro de ovos e bacon dominando o
cheiro de homens e couro.

Deslizando pelo corredor, fico cara a cara com algumas das


minhas meninas.

— Ei! Você parece fofa! — Piper balança os ombros enquanto


mastiga um pedaço de torrada.

— Obrigado. — Rio dela.

— Ei! Coma! — Cherry cutuca o prato de Piper e começa a


falar sobre como ela é adulta.

O ruído baixo da voz de um homem tem minha atenção nas


portas fechadas da capela. Os homens devem estar na igreja.
Olhando por cima do ombro, as meninas estão ocupadas
arrebentando umas nas outras, então eu decido espionar o que
os homens estão falando. Estou curiosa para saber se Zane está
falando sobre Thad.

— Apenas certifique-se e fique com ela, iremos a todos os


bares e ver o quais as informações que nós podemos desenterrar
sobre esses Lost Wolfs em meio tempo, — Bull afirma para a
mesa.

— Entendi, — a voz familiar de Zane responde.

— Mantenha suas malditas mãos para si mesmo! — Bobby


exige, e eu reviro os olhos.

—Eu também tenho um olho com as outras garotas hoje, —


diz Lip.

— Você não deveria estar fazendo isso, — Delilah sussurra


no meu ouvido, me fazendo pular.

— Jesus, você vai me dar um ataque cardíaco! — Eu ofego,


segurando meu peito.

— Sim, bem, isso será o menor dos seus problemas se um


dos irmãos te pegar ouvindo. — As sobrancelhas dela se erguem.

Engolindo, eu aceno, sabendo que ela está certa. Às vezes é


difícil lembrar que mesmo que este lugar é família, somos nós
que eles são mais duros. A Delilah é um clube completo.

Girando com os pés descalços, Delilah se dirige ao balcão


para o café da manhã. Sua calça de moletom é dois tamanhos
grande demais para ela, mas sua blusa preta é dois tamanhos
pequenos demais.
O martelo bate de dentro da capela e então eu rapidamente
passo para o sofá, agindo como se estivesse cuidando dos meus
próprios assuntos.

Os homens saem e botas param atrás de mim.

— Está pronta? Zane pergunta.

Engolindo um gole do meu café morno, eu me viro e sorrio.

—Hum.

Indo para o meu jipe, noto Zane parar em sua moto.

Eu diminuo meus passos e olho para ele confusa. Ele está


me seguindo de moto?

Ele estende um capacete e meu estômago cai. Ele quer que


eu monte com ele.

— Oh, não, eu não estou indo nisso para trabalhar!

— Bem, visto que sou eu quem cuida de você hoje, não vejo
de que outra forma você está fazendo sua bunda fofa trabalhar?
— Ele fala sério, o riso dançando nos olhos dele.

— Meu cabelo estará em toda parte, Zane, — eu argumento.

Ele encolhe os ombros, não dando a mínima para o meu


cabelo.
— Foda-se isso. Estou indo no meu jipe. — Voltando, vou
em direção ao meu carro e entro. Onde estão minhas chaves?
Olho pela viseira do sol, nada. O assoalho; nada.

Algo pelo canto dos meus olhos chama minha atenção.

Zane fica lá com um sorriso arrogante no rosto, balançando


minhas chaves nos dedos.

Segurando o volante, eu soco como se fosse a cabeça de


Zane. Filho da puta! Eu quase esqueci o quão irritante ele pode
ser.

Puxando minha bolsa do banco do passageiro, saio e bato a


porta.

— Te odeio! — Eu rosno, passando por ele em sua moto.

Ele ri, se divertindo antes de me mandar um beijo.

Depois que eu aperto meu capacete, zangada com Zane no


processo, ele liga o motor em sua moto. Não é que eu não goste
de andar, simplesmente não é o passeio ideal para trabalhar. Eu
também não estive em uma há muito tempo.

Deslizando atrás dele, minha mochila escolar pendurada no


meu peito, envolvo meus braços em torno dele. Ele é tão
musculoso que meus dedos mal tocam. Jesus, ele cheira bem.
Como sabão e couro.
Não espero que ele acelere tão rápido que nos lança para a
frente e eu aperto mais forte. Tê-lo entre as minhas pernas assim
tirando minha mente do meu cabelo e o suor escorrendo pelas
minhas costas.

Descansando minha bochecha contra as costas dele, inspiro


seu perfume, absorvo o vento selvagem batendo em meu rosto e
me perco no pensamento de que talvez um dia um passeio como
esse seja mais do que apenas um passeio para o trabalho. Talvez
possa ser para sempre.

Chegando na escola, Zane estaciona na parte de trás do


estacionamento onde uma pequena árvore lança apenas sombra
suficiente em um pequeno pedaço de grama verde. Deslizando
meu capacete da minha cabeça, eu balanço minha cabeça para
não ser esmagada em um espaço tão pequeno, e a entrego a ele.
O suor gruda na minha linha do cabelo, e eu posso sentir sulcos
do capacete na minha testa.

— Então, o que você vai fazer enquanto eu estiver lá? — Eu


questiono antes de descer da moto, certificando-me de que minha
perna não toque no escapamento. Já tive isso apenas uma vez e
ainda tenho a cicatriz da moto de Bobby.

Ele encolhe os ombros, saindo da moto atrás de mim.

— Ler, — ele afirma casualmente.


Ler? Minhas sobrancelhas franzem. Ele lê? Gosta de
revistas?

Zane abre o zíper de um de seus alforjes e pega um livro que


parece ter visto melhores dias. Pego ele, curiosa sobre o que ele
estaria lendo e ele cresceu como se eu fosse o valentão e ele é o
garoto de quem peguei o dinheiro do almoço. Faltam cores na
capa e a encadernação parece que ele rolou o livro mais de uma
vez e o colocou no bolso de trás. Ele leu isso algumas vezes pela
aparência.

— Gatsby? — Eu li o título em voz alta. Uma das minhas


leituras favoritas.

— O que? — Olhos encobertos, ele me dá um olhar maligno,


um para lançar um feitiço de arrepios ao longo dos meus braços.
Eu posso dizer que ele se sente julgado, mas estou excitada mais
do que tudo. Um garoto mau que é educado.

— Eu imaginei você mais como um cara de revista de peças


de moto.

Ele pega o livro de volta e o examina. Seu corpo relaxa


enquanto ele o segura firmemente em uma palma.

— Gosto de ler. Isso me permite ver como... como são as


pessoas normais. — Seu tom dá um mergulho vulnerável, e meu
coração pula. Ele pensa que é tão diferente, isso o assusta. Quero
dizer, às vezes ele é sombrio e assustador, mas não acho que seja
tão anormal quanto acha.

— Bem, você verá que a obsessão nesse livro não é tão


normal! —Eu aponto, dando alguns passos para trás em direção
à escola. — Todo mundo tem suas falhas, ninguém é perfeito e
lendo livro após livro que você vai ver que ninguém é normal.

Seu rosto endurece, sua mão rola o livro.

— Você leu este?

Eu zombei.

Eu gostaria de ter feito tudo na terra com você, —cito


exatamente do livro. Nossos olhos travam e me ocorre o que
acabei de dizer. Limpando a garganta, giro nos calcanhares.

Isso ficou estranho rapidamente. Mas é verdade…

As horas passam e Zane fica deitado debaixo da árvore. Ele


está sem camisa, com o peito bronzeado e provavelmente suando.
Eu mastigo a ponta do meu lápis pensando em suas pernas
dobradas apenas o suficiente para eu subir no meio. O jeito que
ele olhava para mim com um sorriso arrogante no rosto. Eu
montava em seu colo e arrancava a fivela do cinto da calça jeans
da cintura sexy.

— Senhora Addington?
Minha cabeça sacode para uma estudante na minha mesa
segurando seu teste. Os olhos dela se arregalaram de
preocupação e as sobrancelhas se ergueram. Felizmente, ela não
tem ideia do que era o meu sonho molhado, porcaria minha
calcinha está tão molhada.

— Certo, apenas coloque-os na cesta com a face para baixo.


— Pisco várias vezes para voltar no momento e me afastar da
terra dos motoqueiros de fantasia.

Suspirando, olho para a lição de amanhã. Pelo menos Thad


não me confrontou sobre nada hoje, se alguma coisa ele está me
evitando. Por enquanto.

Talvez seja porque ele viu Zane e o Sr. Thad sabe que ele já
mordeu mais do que consegue mastigar.
ADDIE

Dois dias depois

Olhos assombrados olhando para mim na escuridão me


fazem balançar minhas mãos para mantê-lo longe, o som de fogos
de artifício disparando, e o riso de Zane ecoando nos meus
ouvidos. Eu giro e viro tentando fugir, mas tudo apenas se torna
mais alto. Homens meio mortos andando de moto jogam cobras
em mim e minhas pernas estão afundando na areia, então não
posso me mexer.

— Addie! — A voz de Zane ecoa na minha cabeça.

— Socorro! — Eu grito, e então sou empurrada com muita


força e levada a uma luz brilhante da sala.

Estou suada, com a boca seca e sem fôlego.

Zane senta no final da cama, olhando para mim com os


olhos arregalados.

— Eu tive... tive um pesadelo, — eu grito. É o mesmo sonho


que tenho todas as noites.

Zane agarra o lençol e puxa fora da cama. O ar fresco


refresca. Minha camisa grande e meu short curto me deixam um
pouco desconfortável e envolvo meus braços em volta das minhas
pernas.

— Vamos lá, vamos pegar algo para beber.

— Não, eu estou bem. — Eu aceno para ele.

Seus olhos verdes brilham com manchas escuras.

—Levante-se. Ele dá um tapinha na cama e se levanta. Ele


está vestindo nada além de boxer e eu não posso deixar de
encarar a protuberância.

Ele cruza os braços e meus olhos deslizam para os dele.

— O que está em sua mente? — Ele inclina a cabeça para o


lado, brincando comigo.

— Divirta-se, — eu respondo com uma voz rouca.

Ele fica lá, ideias dançando em sua cabeça.

Esfregando o queixo, ele me olha mais uma vez antes de dar


um passo à frente e me agarrar da cama. Eu chio apenas
enquanto ele caminha para o corredor escuro. Ele pisa sobre um
colchonete, o som de pessoas roncando e tossindo me dizendo
que estão dormindo.

—Onde estamos indo? — Eu sussurro, batendo nas costas


dele.
Ele me ignora e entra na cozinha. Acendendo as luzes, os
utensílios de aço inoxidável brilham.

Ele me senta no balcão, a frieza me fazendo quase saltar


fora.

— Está frio! Eu lamento.

— Você vai viver, ele corta. Idiota.

Ele abre a geladeira e pega um pote de sorvete de chocolate,


pegando duas colheres no escorredor.

Ele abre a tampa e se posiciona entre as minhas pernas, um


sorriso brincando em seus lábios.

— Por que você está sorrindo? — Pego minha colher, mas


ele a tira da minha mão e leva sua colher de sorvete de chocolate
nos meus lábios. Ele está me alimentando.

Abrindo minha boca, ele a coloca, uma porção de chocolate


cobrindo minha língua.

— Este é o melhor remédio para pesadelos, — afirma.


Agarrando a colher, eu o fiz largar, encho com sorvete e o
alimento. Seus lábios macios deslizando sobre a prata, me
fazendo querer puxá-lo para mais perto de mim.

— Eu serei o juiz disso, — eu refuto.


Ele me alimenta novamente, e eu sinto meus mamilos
brotarem com a frieza entrando em minhas veias.

— Você sempre teve pesadelos? — Ele pergunta, e eu


suspiro.

— S-im.

— Eu também, ele sussurra, e meus olhos caem nos dele.

— Você sempre os teve?

Ele concorda.

— Os meus sempre terminam com você sendo levada para


o mar, ou esses demônios com cara de touro cavalgando com
você, — ele confidencia, e meu coração se parte. As minhas
sempre terminam com Zane cada vez mais longe.

Terminado o assunto, ele joga sua colher na pia e pega a


minha jogando-a na pia também.

Eu pulo fora do balcão, assim como ele coloca o sorvete de


volta no congelador.

Ele limpa a boca com as costas da mão, seu abdômen


agarrando minha atenção.

— Pronta para dormir? Ele pergunta.

Estou pronta para outra coisa.


Andando até mim, ele me agarra por baixo das coxas e me
joga por cima do ombro.

— Eu posso andar, você sabe! — Eu rio, mas ele me ignora


e apaga as luzes.

Ele passa por cima dos membros adormecidos e me leva de


volta para o quarto dele antes de me jogar na cama.

Ele se posiciona no chão e eu corro para o lado da cama.


Seus lençóis cheiram tão limpos que não posso deixar de inalá-
los.

— Você pode dormir aqui em cima comigo, você sabe. — Eu


sorrio para ele.

— Você não está pronta para esse tipo de entretenimento,


— ele diz, rolando de lado tentando esconder seu enorme tesão.

Meu clitóris palpita pensando nele entre as minhas pernas


apenas momentos antes.

Deus, quando vai essa punição acabar?

***

Os dias passam e eu continuo a dormir na cama de Zane.


Uma noite acordei com a mão na dele. Eu não pude deixar de
morder o lábio e esfregar o polegar sobre o dele. Eu queria ficar
acordada e saborear o momento para sempre, mas o sono
assumiu. Ele me leva para a escola em sua moto todos os dias e
lê enquanto estou trabalhando. Parecendo sexy como o inferno
debaixo daquela maldita árvore sem camisa. As coisas estão
ficando intensas, como se uma bomba-relógio estivesse pronta
para explodir a qualquer momento. Tanto entre mim e Zane,
quanto na escola, o Sr. Thad não disse nada, mas é apenas
porque Zane está comigo.
6

ZANE

Levando o Jipe de Addie para o estacionamento da escola,


eu o coloco no parque. Eu venho fazendo essa merda há uma
semana e preciso de algumas respostas sobre quem está
ameaçando o clube. Só consigo ficar ocioso por um tempo. Tudo
isso seria inútil se esse idiota de Thad não fosse mais uma
ameaça para Addie.

— Bem, eu te vejo depois da aula. — Addie sorri para mim.


Seu cabelo está solto hoje, a chuva no ar dá um pouco mais de
cacho do que o normal. Já era hora de chover com todos os
incêndios, mas não está fazendo nada para o ar. É como uma
nuvem de fumaça gigante, e a cinza é tão espessa que eu posso
senti-la no meu cabelo.

Concordo, meus olhos caindo no decote de seu vestido


branco e jaqueta azul. Ela se veste tão sexy, sem sequer tentar.
Ela desce e eu coloco o assento para trás, pegando minha nova
leitura do dia.

Harry Potter do caralho. Pode não me dar uma ideia de como


as pessoas normais agem, porque é fantasia ou algo assim, mas
até agora me ajuda a entender como interagir socialmente.
Conversar entre duas pessoas não é fantasia e eu sou péssimo.
Eu nunca digo as coisas certas quando alguém está falando
comigo.
ADDIE

Revendo o último teste, olho pela janela para ver se vejo


Zane no estacionamento. Não pude vê-lo o dia inteiro com a
chuva e ele ficou no meu jipe. Não posso deixar de pensar em me
esgueirar lá com ele e subir em seu colo. Ninguém saberia pelas
janelas embaçadas e nas cinzas no ar, e mais a chuva forte
abafaria os gemidos.

As janelas estão cheias de condensação, então não consigo


entender se ele está dentro ou não. Não o vejo em nenhum outro
lugar, então ele deve estar lá dentro. Provavelmente dormindo.
Eu sei que estou cansada. O bloqueio junto com esta chuva me
esgotou.
Suspirando, folheio meus testes para ver quantos me
restam.

Três. Talvez eu devesse simplesmente levá-los para o clube.


Não, está ficando cada vez mais agitado lá a cada minuto, com o
clube não tendo nenhuma resposta sobre os Lost Wolfs.

Eu deveria mandar uma mensagem para Zane, pra que ele


saiba que vou demorar mais alguns minutos. Só de saber que ele
está lá fora, me faz sentir mais segura. Thad ainda não disse nada
para mim, mas a tensão está aí. É apenas uma questão de tempo
antes que ele venha até mim. Eu sei isso.

Saio em vinte.

Ele não responde de volta. Agarrando meu marcador


vermelho, comecei a fazê-lo para poder voltar ao clube e relaxar.

A porta da minha sala se abre e eu hesito antes de olhar


para cima. Meu coração bate forte contra o meu peito quando
percebo que é Thad, fechando a porta atrás dele. Nós não falamos
desde então, bem desde que eu tentei enquadra-lo. As coisas
ficaram quietas pelos corredores, e eu entendi quando ele
percebeu que as mulheres desta escola não seriam mais vítimas.

Ele se vira e seus olhos me lembram os de um gato à noite.


Cabelos na parte de trás do meu pescoço me alertando para sair
da sala de aula.
Ele afrouxa a gravata, o botão branco desgrenhado da calça
cáqui.

Eu me levanto, minha garganta parecendo uma lixa.

— Você não trouxe seu cão de guarda com você hoje? — Ele
inclina a cabeça para o lado. Ele deve estar falando de Zane, com
ele estando no jipe, ele não pode vê-lo. Meus olhos caem no meu
telefone, eu deveria mandar uma mensagem para Zane para
entrar aqui agora.

Tentando ser o mais suave possível, meus dedos


pressionam meu telefone na palma da mão.

— Acho que não! — Thad está no meu espaço, a mão


enrolada no meu pulso e apertando em segundos.

— Deixe me ir! — Eu cerro os lábios trêmulos.

— Você é uma puta estúpida pensando que poderia me


derrubar, — ele rosna, batendo meu pulso contra a mesa,
fazendo-me largar o telefone. A dor dispara no meu braço e eu
clamo.

Levantando meu joelho, eu o chuto nas bolas, e ele me solta,


curvando-se para agarrar seu lixo.

Correndo através dele, aponto para a porta até uma dor


aguda irradiar através do meu couro cabeludo. Thad puxa meu
cabelo com tanta força que caio de peito primeiro no chão.
Começo meu caminho até a porta, arrastando meus joelhos para
fugir. Ele ri, gostando da luta. Sabendo que não estou chegando
a lugar algum, me viro e chuto no peito, jogando-o na minha
mesa. Um grampeador, marcadores e papéis caem no chão.

Eu chuto o seu tronco, mas não acontece nada, ele está de


volta em mim em segundos. Suas mãos agarrando minha
jaqueta, rasgando meu vestido. Aperto minhas coxas o mais forte
possível, e lágrimas brotam nos meus olhos. É isso. Tentei salvar
as mulheres da escola e agora me tornei o alvo.

Estendendo a mão procurando algo para me proteger a uma


polegada de distância, minha mão pousa em um grampeador.

Chorando alto, torço em suas garras e bato contra sua


cabeça. O barulho do clique fazendo-o gritar como uma mulher
antes que o sangue escorra pelo seu rosto. Acertei.

Bati na cabeça dele uma e outra vez, raiva e medo


derramando através de cada ataque até que ele cai em cima de
mim. Respirando bruscamente, ainda choro pelas bochechas,
certificando-me de que ele não está se movendo.

— Cai fora! — choro, largando o grampeador sangrento no


chão, empurro seu corpo flácido para o lado e me mexo debaixo
dele. — Fora de mim! —Soluço, socando-o onde meus punhos
pousam.
A porta da sala de aula é aberta e Zane fica parado na porta,
inchado e pronto para lutar.

— Addie! — Ele respira pesadamente. Caindo de joelhos, ele


me ajuda o resto do caminho debaixo do corpo de Thad.

— Você está bem? — Ele pergunta com uma voz apressada.


Seus olhos percorrem todo o meu corpo por lesões.

— Onde você estava?

— Eu estava vasculhando o escritório dele quando ouvi você


gritar pelo corredor.

Abrindo caminho no colo de Zane, eu o puxo para perto e


choro. Ele hesita por um minuto, sem saber o que fazer com
minhas emoções derramando em seu colo.

— Oh meu Deus. — Eu choro, mas de repente estou com


raiva. Como ousa aquele filho da puta pensar que ele poderia me
fazer fugir, tirando minha autoestima. Ainda sinto seus dedos
coçando minhas pernas. Seu hálito quente na parte de trás do
meu pescoço.

Seus dedos se enroscam lentamente no meu cabelo, e ele


me acaricia enquanto soluço. Poderia ter sido estuprada ou
morta. Tentei um monstro e não aguentava a força que o
acompanhava. Estou sempre tentando salvar pessoas, fazendo-
me esquecer o que está acontecendo dentro de mim.
Thad geme e eu grito, jogando minhas mãos em torno de
Zane.

— Foda-se, — Zane diz com rouca.

Ele está vivo! Merda, o que eu faço? Nós chamamos a


polícia? Eu vou para a cadeia.

Zane puxa o telefone do bolso.

— Traga a van para a escola, temos um problema, — Zane


fala ao telefone.

— O que é que foi isso? O que você vai fazer? — Meus cílios
ainda estão no meu rosto.

Zane agarra meus ombros e olha direto nos meus olhos.


Seus olhos verdes dançam de emoção, e me ocorre que esse é o
lado sombrio de Zane que ninguém conhece. Sua natureza
violenta, seu prazer na vida.

— Liguei para Rad e Saint. Agora, vá ao clube, cuido disso.


— Ele ignora minha pergunta. Não pressiono por mais, não tenho
certeza se estou pronta para conhecer Zane dentro e fora.

— Não posso ir ao clube, tenho sangue por todo o lado e


você não está comigo. Eles vão fazer perguntas — eu indico.

Zane morde o lábio inferior, olhando para o lado em busca


de respostas.
— Ok, vá para o seu apartamento, e eu te encontro lá o mais
rápido possível.

— Mas.

— Faça isso, Addie. A dureza em sua voz é composta por


sua mão macia agarrando meu queixo. Ele se inclina e pressiona
seus lábios nos meus e instantaneamente tudo ao meu redor se
transforma em nada. Sua boca macia e exigente tomando a
minha me joga em um mundo de faz de conta. Não há homem
meio morto aos nossos pés, nenhuma lei proibindo sobre
estarmos juntos. Apenas ele e eu.

Puxando seus lábios dos meus, sou jogada de volta na


realidade dos meus erros. Meu coração dispara e a testa suando.

— Agora vá, ele sussurra contra os meus lábios.

Concordo com a cabeça e me forço a pegar minha bolsa,


telefone e sair daqui.
ZANE

Agarrando Thad pelos cabelos, grampos inchando de sua


pele, eu encaro seus olhos vermelhos.

— Você fodeu com a mulher errada, — eu rosno antes de


empurrá-lo de volta ao chão.

Andando de um lado para o outro, penso como vou acabar


com esse idiota. Ele machucou Addie. Meu raio de sol. Meus
dedos esticam, a veia no meu pescoço palpita com cada impulso
do meu coração. Eu nunca estive tão excitado em minha vida.
Braços tensos, inclino a cabeça para trás e rugo. Eu grito tanto,
como se a noite respondesse e aliviasse a dor que irradia através
de mim. Minha raiva me levou de volta ao dia do tiroteio. Addie
ficou ferida, e algo dentro de mim quebrou. Dei um pedaço da
minha alma a Addie naquele dia e nunca consegui recuperá-lo.

Puxando minha arma da cintura, eu a seguro acima da


cabeça de Thad. Tão bravo que minha mão treme, meus dentes
se apertam com força até quase estalar. Ele choraminga, seu mijo
escorrendo entre as pernas.

— Não somos tão predadores agora, somos? — Abaixando-


me, entro em sua linha de visão, pressionando o cano da minha
arma na têmpora dele. — Você tentou esconder a luz de mim.
Você tentou apagar o sol de que tanto preciso. — Agarro-o pelos
cabelos, arqueando seu pescoço para me olhar nos olhos.

— Você não vê. Quando ela não está feliz, eu não estou feliz!
— Eu grito na cara dele.

— Seu pessoal vai pagar por isso, ele solta, — rindo de mim.

— Tão difícil para um homem prestes a morrer. — Afasto a


cabeça dele de mim e esfrego meu queixo, pensando. Aqui estou
pensando ... pensando que não sou digno. Não é normal, e não
merece uma vida de prazeres simples como dono do coração de
uma mulher, e então eu o encontro. O mais baixo dos baixos, um
pedaço de merda que se alimenta de mulheres. Machuca-as,
ataca-as. Minha mão começa a tremer novamente, meus dentes
cerrados. Esse filho da puta me faz tão hostil.
— Já chega, Zane! — A voz do meu pai cresce atrás de mim,
mas eu não desisto. — Não faça isso. Você está muito perto disso.

— Ele não a merece, — murmuro para Thad soluçando. —


Ninguém faz. — Eu não tiro os olhos fora dele e me levanto. Estou
enlouquecendo.

— Filho. — O desespero na voz do meu pai quase me afasta.


Quase. Com meu braço esticado, eu puxo o gatilho sem nenhum
esforço. O tiro ecoa por toda a sala, e o cheiro de pólvora e sangue
dança ao meu redor como um velho cigano lançando um feitiço.
Minha mão continua tremendo, minhas narinas se abrem. Matá-
lo não fez nada por mim. Por quê? Não estou calmo, estou com
mais raiva.

Eu puxo o gatilho novamente e novamente. Nada. Não há


alívio. As vozes na minha cabeça estão ficando mais altas, meu
peito inchando de frustração.

Gritando de raiva, puxo o gatilho até as mãos do meu pai


me envolverem e me afastar do corpo mutilado.

Jogo a arma no chão e passo as mãos pelos cabelos. Meus


joelhos batem no chão e inclino a cabeça no meu colo.

— O que está acontecendo? Eu fervo. Matar é minha única


fuga, deixa a escuridão respirar, mas agora está apenas
hibernando em minha alma, ultrapassando todos os meus
pensamentos. Nenhuma luz pode penetrar nas rachaduras e me
dar um vislumbre de clareza.

— Que porra é essa? — Rad sussurra.

— Filho, respire. — A voz do meu pai não faz nada para me


acalmar, sua mão agora esfregando meu ombro sentindo calor e
desconforto. Matar é meu remédio para as vozes, para o conflito
do ceifador lançando suas ideias tóxicas em minha cabeça. Essas
ideias são tão altas e pouco claras que me sinto mais perdida do
que nunca. Thad me quebrou. Ele tocou meu anjo, e agora matá-
lo não é suficiente para acalmar a fera dentro de mim.

— Por que diabos estamos na escola de Addie? — Bobby


pergunta com ódio. Percebo que Rad e Saint trouxeram meu pai
e Bobby junto com eles.

— Eu não sei, ele acabou de nos ligar, informa Rad.

Olhos no chão, corpo ainda tremendo, eu me forço a dar a


ele os detalhes.

— Addie estava com problemas. Eu a protegi.

— O que diabos você quer dizer com ela estava com


problemas? Por que você a está protegendo?

Eu não respondo. Não posso.


— Devagar Bobby! Meu pai defende, ficando entre mim e
Bobby.

— Você vai me dizer o que está acontecendo aqui?

O tom de sua voz diz o quão irritado ele está. Fico de pé,
com os olhos lacrimejantes e me estreitando nele. Ele está pronto
para lutar, os ombros levantados e o peito inchado. Seu cabelo
loiro no rosto e a mandíbula apertada. Ele não quer fazer isso
agora, não quando estou fora de controle. Vou me arrepender do
que fizer com ele.

— Onde está Addie agora? — Meu pai pergunta. Ele olha


apenas como eu, mas mais velhos. Seus olhos verdes se acalmam
e o temperamento se acumula. Como ele faz isso? Como ele
venceu os demônios?

— Eu pedi a ela para ir de volta para o seu apartamento.

— Você pediu a ela? — Bobby aperta os olhos para mim,


inclinando a cabeça.

— Este é o diretor, ele está machucando as professoras aqui


e Addie tentou fazê-lo ser demitido. Ele pegou e tentou machucá-
la. —Eu explico tudo para ele.

Bobby tenta vir até mim, e Rad e Saint o bloqueiam. Eu


levanto meu queixo, pronto para dar um tiro nele, se isso significa
que eu posso estar com Addie.
Papai coloca a mão no meu peito.

— Vá ficar com ela. Nós vamos cuidar disso, papai informa.


Balanço a cabeça.

— Não, eu prometi a ela que cuidaria disso. Eu vou me


livrar...

— Droga, Zane. Apenas vá, porra! — Papai perde a


paciência, um vislumbre de sua própria fera brilhando em seus
olhos. Com quem eu estou muito familiarizado.

Deslizando minha língua ao longo do meu lábio inferior, a


ideia de estar com Addie quando estou tão em conflito e fora de
controle me assusta. No entanto, é o único lugar que eu quero
estar agora. Meu sol. Eu preciso da luz dela agora.

Girando nos calcanhares, saio da sala de aula.

— Pegue minha moto, papai grita pelo corredor.


Sobrancelhas franzidas, mãos cerradas, saio para fora, tudo em
que consigo pensar é Addie; minha obsessão. Espere, não.
Perseguir alguém é um jogo de garotos. Addie sempre foi minha,
apenas brincamos de criança. Até agora.

Esta noite. Estou pegando o que sempre foi meu.


7

ADDIE

Sentada no sofá, não sei do que tenho mais medo, do que


Zane está fazendo com Thad agora, ou se um Lost Wolfs pode
aparecer aqui. Não tenho nada para me proteger. Todas as vezes
que meu pai tentava me esconder uma arma no meu
apartamento, eu lhe assegurei que nunca precisaria dela. Eu
preciso disso agora.

Ligo e desligo a TV. Estou ansiosa e assustada. Quando


Zane vai chegar?

Ouço um barulho lá fora eu me levanto. Meu peito está


pegando fogo pela minha respiração superficial, como se eu
respirasse lentamente, para que um predador não perceba que
eu estou aqui. Um gato mia e o barulho de uma lata de lixo soa
mais uma vez. Eu suspiro e respiro.

Acalme-se, digo a mim mesma. Estou com tanto medo que


acabei de analisar tudo. Agitando minhas mãos, eu ando em
círculo. Praticando respirações profundas.

Relaxar. Eu posso fazer isso — digo novamente a mim


mesma. Meus olhos caem no meu rádio e eu estico meu pescoço.
Música, que tal alguma música? Eu falo comigo mesma,
ligando o rádio ao lado da minha TV, Juice WRLD Lucid Dreams
começa a cantar. Fechando os olhos, eu começo a cantar com ele.
Lentamente, tornando-se cada vez menos tenso.

Uma batida bate na minha porta da frente e eu congelo. Eu


me escondo? Pergunte quem está aí?

— Addie sou eu. — A voz de Zane é tensa como se ele


estivesse machucado. Meus pés já estão se movendo antes de eu
decidir que é seguro. Eu destranco as novas fechaduras que o
clube colocou, mais do que suficiente para manter alguém de
fora.

Abrindo a porta, Zane tem uma mão desesperadamente


pressionada contra a moldura, seus ombros subindo e descendo
como se estivesse correndo. Ele está sem fôlego e suando. Ele
parece quase doentio.

— Zane? — Eu murmuro. Minha mão estica para tocá-lo,


mas eu repenso e puxo-o de volta. Sua cabeça se levanta
lentamente e olhos verdes brilhantes me hipnotizam. A luz da
varanda lançando apenas iluminação suficiente para eu ver o
sangue em todas suas roupas.

Ofegando com a visão diante de mim, cubro minha boca


com minhas próprias mãos manchadas de sangue.

— O que aconteceu? — Eu pergunto.


— Eu preciso de você. Eu preciso... — ele gagueja. Minhas
sobrancelhas franzem, estendo a minha mão para ele mais uma
vez.

— Zane, você está me assustando. —Eu nunca o vi assim


antes. O suor escorre da testa para os cílios, os lábios inchados
e separados.

— Só... eu preciso de você, Addie. Eu não posso pensar que


eu apenas preciso... —Suas palavras saem em jorros, sua
respiração ofegante. O desespero em sua voz me despedaçando.

— E o clube? Minha voz quase sussurra.

Ele balança a cabeça. — Só você, — ele respira.

Agarrando seus ombros, eu o puxo para dentro e antes que


eu saiba o que fiz, ele me coloca contra a parede, seu corpo duro
entre as minhas pernas. Zane chuta a porta da frente e fecha com
tanta força que as fotos caem da parede no chão.

Seus lábios pairam sobre os meus, e meu coração bate no


ritmo de um viciado em cocaína. Eu quero perguntar a ele o que
isso significa, mas o olhar faminto em seus olhos me faz
pressionar meus lábios nos dele. Eu sei o que isso significa,
finalmente estamos cedendo ao que nossos corpos lutam há
anos.
Suas mãos acariciam minhas curvas reivindicando cada
centímetro de pele que tenho para oferecer, rosnando em minha
boca enquanto ele beija meu fôlego. Envolvendo as mãos em volta
de mim como um cobertor de segurança, ele nos afasta da parede
e nos vira. Abaixando-nos para o tapete de pele no chão em frente
ao sofá. Agora de joelhos, eu puxo seu corte de couro, e ele puxa
minha jaqueta pelos meus braços de uma maneira rápida. Seus
lábios acariciando a curva do meu pescoço, seu hálito quente me
fazendo suar. Fechando os olhos, eu o respiro através dos meus
lábios entreabertos. Porra, ele parece bem. Meu corpo treme de
desejo, meus mamilos duros de tentação. Meu clitóris palpita de
desejo, querendo que ele me toque tanto.

Com dedos frenéticos, desabotoo a calça jeans, segurando o


meu vestido, ele o rasga, fiapos de barbante e pedaços de algodão
ao nosso redor no tapete.

— Sim, dê para mim! — Zane rosna antes de beliscar o


inchaço do meu peito no meu sutiã de seda rosa. A picada
ardendo todo o caminho até minha boceta e me deixando tão
molhada quanto um lago.

Minhas mãos

Envolvem seu pescoço, um gemido assolando meu corpo


enquanto ele me deita no chão.
Meus pés pressionam contra a barra do jeans dele,
empurrando-os pelas pernas. Ele então tira as botas e a tira do
corpo todo.

Minhas mãos puxam sua camiseta, seus olhos percorrendo


meu corpo enquanto ele me tira completamente de meus trapos.

Mergulhando sua cabeça, beijos fazem cócegas no meu


estômago e meus dedos correm pelo seu cabelo. Lambendo meus
lábios, ofego, eu o quero tanto. Anos olhando para ele, desejando-
o, todos desencadeando esta noite.

Empurrando meus joelhos, vejo seu comprimento pela


primeira vez. Minhas narinas se alargam quando olho para a
dureza diante de mim. Ele se bombeia com uma mão forte, seus
olhos observando minha reação. Se eu não estivesse tão
desesperadamente excitada, poderia vê-lo empurrar-se na palma
da mão até que ele gozasse.

— É isso que você quer? Ele respira roucamente. Concordo,


abrindo mais as pernas.

Deslizando minhas mãos pelo meu peito, por cima do meu


umbigo e em cada lado da minha calcinha, eu lentamente, muito
lentamente a puxo para baixo para revelar minha boceta rosa e
molhada.

— É isso que você quer? — Minha voz é igualmente sensual.


O calor de seus olhos na minha umidade quase me faz
gozar.

— Porra, eu estava certo. Eu não mereço você, Sunny.

— Foda-me, Zane. — Minha declaração sai em uma onda de


ar quente e desespero.

Um leve sorriso se encaixa em seu rosto, e ele pressiona a


ponta entre meus lábios inchados. Assim como eu estou
esperando a plenitude de seu pau, ele para e meus olhos se
abrem.

— Você não é virgem, é? —Vincos enrugam a testa com


preocupação.

— Não, — eu sussurro, e seu rosto dói. Ele desejou que fosse


o meu primeiro. Bem, eu gostaria de ter sido a primeira dele
também, mas a vida nos fez passar por algumas maçãs podres
antes de nos dar o fruto proibido.

— Mas, é a minha primeira vez com alguém que me


interessa, — explico, estendendo a mão para tocar seu rosto.

Minha declaração parece aliviar um pouco o olhar duro em


seu rosto, mas posso dizer que ele esperava que eu esperasse por
ele todos esses anos. O que posso dizer, mudei-me para o Texas
com o coração partido e, consertando-o com apenas uma garrafa
de Jack, acabei no banheiro com um cowboy. Ele era bonito, mas
o sexo era desleixado. Na minha cabeça, tudo que eu pensava era
em Zane. Chorei muito por Zane. Eu me odiava por não ser capaz
de seguir em frente.

Empurrando seu pau dentro de mim vingativamente,


minhas costas arqueiam quando ele empurra para dentro de
mim. Estou esticada deliciosamente e cheia até a borda. Estou
tão molhada que nem dói. Empurrando dentro de mim, fecho os
olhos e enrolo os dedos dos pés no chão. Ele se afasta da ponta
antes de dirigir de volta para mim. A sensação mais intensa que
já experimentei percorre meu corpo como uma colmeia de
abelhas. Minhas unhas cravam em suas costas, e eu gemo mais
alto do que nunca quando meu corpo arqueia por mais.

— Quem quer que fosse, nunca existiu. Somente nós


existimos. Só eu existo! — Ele coloca sua demanda em mim e eu
concordo. Sempre foi ele. Quando ele vai ver isso?

Sua bunda aperta, seus joelhos movendo o tapete para


frente e para trás enquanto ele desliza seu pau dentro e fora.
Prazer dançando dentro de mim é demais para conter, bato
minhas palmas contra cada bochecha dura e tomo conta do
ritmo. Eu quero mais e quero agora. Meus calcanhares na parte
inferior das suas costas, o dirijo contra o meu clitóris cada vez
mais forte.

— Maldição, garota. — Ele geme na dobra do meu pescoço


antes de beliscar minha clavícula.
Não respondo, minha boca está muito seca por ofegar, e
meu coração parece que vai explodir quando estou prestes a
lançar anos de desejo no homem dos meus sonhos ... ou
pesadelos.

Ele bate com o punho no chão e nos rola, então estou em


cima dele agora. Meus seios caem do sutiã e Zane agarra cada
um deles por atrito enquanto o monto. Meus joelhos queimam do
tapete, mas não paro, os formigamentos entorpecem qualquer
dor. Minhas unhas no peito de Zane, que fecha os olhos, seu
corpo se tornando duro como uma pedra quando bombeio para
cima e para baixo nele. Ele está chegando, e com o pouco calor
que me enche, é o suficiente para me jogar fora do penhasco de
êxtase com ele. Cair livremente no desconhecido, tomo isso
voluntariamente. Meus olhos se fecham, minhas unhas estão
sangrando, gemo e me balanço de um lado para o outro até
ordenhar Zane tudo o que ele me deve.

Bufando, suado e incapaz de mover um membro, caio no


tapete ao lado de Zane. Não falamos nada enquanto olhamos para
o teto.

Momentos passam, e quando volto à terra, percebo que


Zane está mais como ele agora. Quando apareceu, estava
perturbado e fora de controle. Não podia nem falar comigo.

— Algo aconteceu hoje à noite, Zane, você estava... ficou


estranho quando apareceu. — Minhas sobrancelhas franzem e
um calafrio percorre meu corpo nu. Cobrindo-me com as mãos,
arrisco um olhar em sua direção.

Ele lambe os lábios, formando rugas ao redor dos olhos.

— Eu sou diferente, Addie.

Eu suspiro.

— Eu gostaria que você parasse de dizer isso. — Ele me


disse essa mesma linha desde que éramos crianças. A desculpa
está me deixando com raiva.

— Eu sou, eu....

— Pare com essa desculpa, Zane! — As palavras caem da


minha boca antes que eu possa pegá-las.

— Eu gosto de matar! — Seu rosto fica vermelho e minha


boca se fecha. Nossa infância em minha memória e tudo começa
a se encaixar. Como ele estava quieto, mas a violência o fez falar.
Como ele ficaria bravo e desapareceria apenas para voltar mais
feliz do que havia sido em dias. — É a única coisa que me acalma
e afoga as vozes na minha cabeça a tal ponto que consigo pensar
com clareza. Só gosto porque é a única maneira de viver, mas
hoje à noite quando atirei em Thad ... não funcionou, Addie. Eu
estava tão louco que queria machucar todos que estavam ao meu
redor. Eu estava perdendo o controle do pouco que aprendi a
controlar ao longo dos anos. — Ele desliza o dedo indicador sobre
a cicatriz no meu braço, o que a bala roçou no dia do tiroteio.

Lágrimas enchem meus olhos pensando em como ele tem


que machucar os outros apenas para sentir um pingo de
normalidade.

— Até hoje à noite, ele sussurra. Ele vira a cabeça na minha


direção e uma lágrima solitária cai na minha bochecha.

— Eu preciso de você. Você empurrou as vozes na minha


cabeça para longe. Éramos só eu e você hoje à noite. — Nossos
olhos travam, nossas almas e corpos nus de quaisquer segredos.
— Eu acho que talvez eu só precisasse de você esse tempo todo.

Puta merda, agora que penso nisso, o dia do tiroteio foi o


dia em que Zane realmente começou a agir de maneira estranha.
As coisas entre nós eram diferentes, e ele pensou que era devido
ao homem que atirou, mas, na realidade, foi o dia em que Deus
tentou me dar a ele. Eu sou a salvação dele.

Soluço, o pensamento de que sou sua resposta. É muita


pressão. Meu coração é o remédio para o assassino, o homem
com uma alma quebrada. Posso assumir essa responsabilidade?

— Diga alguma coisa, — ele me diz. O que posso dizer? Eu


concordo em deitar na cama com ele quando o momento em que
seus demônios em sua alma?
Limpando a garganta, ergo me no cotovelo e olho Zane nos
olhos.

— Você me machucaria?

— Não, — ele responde instantaneamente.

— Nossa família?

— Não. — Novamente, obvio.

— Você vai parar de machucar outras pessoas se eu quiser


ficar com você?

O silêncio cai entre nós, e começo a entrar em pânico. Se ele


disser não, não acho que seja algo que possamos recuperar.

— Se tiver você, farei qualquer coisa para que seja feliz. —


Ele vira a cabeça, o rosto mais sério do que nunca. Estendendo
a mão para mim, e sela o acordo com um longo beijo apaixonado.
Neste momento, eu aceito a escuridão e a alma quebrada de Zane.
Rolando nossos corpos ele está em cima de mim e pressionando
entre as minhas pernas. Seus lábios me beijando e mãos
reivindicando minha pele corada. Ele faz amor comigo no chão do
meu apartamento como se eu fosse a última mulher na terra.
Como se fosse nossa última noite na terra.

Está noite eu jamais esquecerei.


ADDIE

Acordar ao lado de Zane na minha cama deve ser a coisa


mais incrível que uma mulher pode experimentar. Ele é tão quieto
e pacífico. Seu peito nu subindo e descendo lentamente a cada
respiração que passava.

Usando meu dedo, desenho preguiçosamente círculos ao


longo de seu peitoral tenso. Não esqueci as coisas más que ele fez
por mim na noite passada. Thad se foi da minha vida e devo
agradecer a Zane por isso. Minhas sobrancelhas franzem
imaginando o quão ruim ficou depois que eu saí. Eu nunca vi
Zane no seu pior, mas algo me diz que isso me assustaria.
— Addie? — O som da voz de Bobby grita do outro lado do
corredor. Puta merda.

Saltando da cama, pego o roupão de seda pendurado na


parte de trás da minha porta e deslizo para o corredor.

— Sim? — Eu falo.

Virando-se para onde ele está, ele me encara com um rosto


pálido. Seus olhos azuis afiados e zangados.

— Ele está aqui, não é?

Meus olhos se arregalam. Eu admito, estou nervosa por


Zane, mas, novamente, sabendo o que sei sobre Zane, eu diria
que deveria me preocupar mais com Bobby.

Não esperando que eu responda, ele passa por mim e abre


a porta do meu quarto.

— Você está brincando comigo? — Bobby agarra Zane pelo


braço e o joga para fora da minha cama.

Em questão de segundos, Zane volta a dar um soco em


Bobby.

— Oh meu Deus! — Apertando meu rosto com as duas mãos


eu assisto, é tudo o que posso fazer. — Vocês dois parem!
Bobby dá um soco nos olhos de Zane, e Zane pula em Bobby
colocando-o em uma chave de braço. Os dois caem na minha
cômoda.

— Você tem leite?

Gritando, viro e encontro Shadow olhando o conteúdo da


minha geladeira. Os cabelos escuros espetados e os bíceps
apareciam na camiseta cortada. Leite? Ele está preocupado com
leite agora?

— Você não vai fazer alguma coisa? — Eu aceno para os


dois homens lutando no meu quarto.

Shadow olha na direção geral do caos e fecha minha


geladeira.

— Que porra vocês dois achavam que ia acontecer? Ele ri de


passagem.

Eu zombo, fecho meus lábios e olho para Zane agora sob


Bobby sendo socado.

Shadow agarra Bobby pelo corte e o puxa para fora de Zane.

— É o bastante! — Ele late. Zane pula e entrega um soco na


mandíbula de Bobby no último segundo. O som de pele e osso
me fazendo estremecer.

— Eu disse o suficiente! — Shadow grita no rosto de Zane.


Todos os três homens estão no lugar olhando um para o
outro, seus ombros subindo e descendo. A sobrancelha de Zane
está sangrando e o lábio de Bobby está cortado. É um show de
merda.

Bobby olha na minha direção, seus olhos encobertos de


raiva.

— Leve sua bunda para o clube. Agora! — Ele exige, seu tom
grave me faz concordar e não dizer outra palavra. Receio que, se
o fizer, Zane ou Bobby vão para uma partida dois. Eu já me sinto
mal, pois os homens na minha vida estão batendo forte um no
outro por minha causa.

Shadow dá um tapa em Zane na cabeça.

— Você, vem comigo agora! —Shadow agarra Zane pela


nuca e o leva para fora do meu quarto... de cueca.

Isso é ridículo, por que não podemos ficar juntos, por que
isso é tão importante?

Por que é muito estranho para os nossos pais?

Bem, está prestes a ficar muito mais desconfortável para


eles.
8
ZANE

Indo até o clube, procuro a moto de Bobby, ele ainda não


está aqui. O que significa que Addie não está aqui. Tirando o
capacete, eu jogo — o no chão e com toda minha raiva

Estou além de puto. Ninguém me diz com quem eu posso


ficar. Eu não me importo se Bobby é um irmão do clube ou não.
Não é como se Addie e eu não pensássemos muito no que estamos
fazendo. Addie não é apenas qualquer garota para mim, e Bobby
deve me conhecer o suficiente para saber disso.

Meu pai puxa sua moto para perto da minha e desliga o


motor, a carranca no rosto fazendo com que eu olhe para trás.

— O que...

— Eu preciso dela, — eu o interrompo, o desespero na


minha voz fazendo seu rosto assumir uma aparência mais suave.
— É verdade. Tudo o que penso é Addie. Quando estou com ela,
e sem ela. — Meu pai me dá um olhar estranho, mas ele não diz
mais nada. Ele está me deixando explicar. Finalmente.

— Quando estou com Addie, quero ser uma pessoa melhor.


Quando você conheceu mamãe, e ela salvou você ... Addie me
salva. — Eu tento explicar, mas as palavras simplesmente não
estão saindo bem.

Papai coça o cabelo escuro e olha para o clube com um olhar


perplexo no rosto.

— Bem, se ela é o que você diz que é ... você vai passar por
muita merda para conseguir mantê-la. Espero que você esteja
pronto para isso. — Ele levanta o ombro direito antes de descer
da moto.

— Estou. — Concordo com a cabeça, confiante de que


atravessaria o inferno por Addie.

Nesse momento, Bobby estaciona com Addie na traseira da


moto. Addie está com raiva, posso ver isso em suas bochechas
coradas e olhos pesados.

Descendo fora da traseira da moto de seu pai, eles


continuam a discutir um com o outro. Perdendo a paciência, ela
empurra Bobby, fazendo-se escorregar de suas botas.

Correndo até eles, pulo no meio antes que as coisas


aumentem ainda mais.

— É melhor você sair da minha frente! — Bobby aponta para


mim, o nariz a centímetros do meu.
— Estou apenas cuidando dela, — respondo casualmente,
tentando manter a calma. Mas por dentro estou tudo menos
calmo.

— Você não precisa fazer isso. Não é o seu lugar! — Ele


retruca.

— Sempre foi o meu lugar! — Eu grito, e Bobby dá um soco


em mim.

Eu me abaixo e depois o carrego, agarrando-o pelo colete e


o levando para o concreto.

— Pelo amor de Deus. Parem com isso! — Addie grita. Bobby


passa o braço em volta do meu pescoço e aperta, então enfio meu
joelho em seu intestino.

— Você não a merece. Ela precisa de alguém melhor —


Bobby resmunga em meu abraço.

— Você acha que não sei disso?

Um tiro ecoa no ar, fazendo com que Bobby e eu nos


separemos.

— O que diabos está acontecendo aqui? — O vovô Bull exige.

Caindo de bunda, olho para ele com um olhar mortal. Ele


está sem camisa, apenas um jeans escuro e seu corte. Sua mão
se levantou no ar com a arma na palma da mão.
Eu também não tinha percebido que ganhamos audiência,
todos os irmãos e as Old Ladies estão nos cercando.

— Este pequeno idiota está fodendo minha filha pelas


minhas costas. Ele violou a lei! — Bobby tenta me chutar como
uma criança maldita.

— Zane? — Bull inclina a cabeça para o lado.

— Eu...

— Zane, não, —Addie me implora, e calo a boca. Não preciso


verbalizar o que Addie e eu estamos fazendo na frente de todo o
clube.

— Ponham suas bundas dentro da porra do clube. — Bull


aponta o polegar por cima do ombro e começamos a nos levantar.
Meu pai, Addie e Bobby passam todos entrando no clube, mas
Bull me impede com um aperto forte no meu corte.

— Você fica.

— Foda-se, — murmuro. Permanecemos assim até todo


mundo entrar.

— Você é um garoto inteligente. Você tem muitas coisas no


seu futuro no que diz respeito a este clube, mas você também
tem dois tons de fodido, garoto. — Minha cabeça se abaixa, meu
avô conhece meu segredo sombrio. — Dito isto, mesmo os piores
de nós precisam ser cuidados. Ele faz uma pausa e eu esfrego a
parte de trás do meu pescoço.

— Nós?

— Você se importa com ela? Porque se isso é só uma


brincadeira para você, é melhor você me dizer direito, filho.

Fechando meus olhos nos dele, minhas narinas se abrem.

— Eu sempre cuidei de Addie.

Ele sorri, me pegando pelo ombro.

— Eu sei que você a tem. Você me lembra muito seu pai


quando ele conheceu minha filha. — Seu rosto se enruga quando
ele pensa nos velhos tempos. Eu ouvi a história repetidamente.
Vovô atirou em meu pai por brincar com mamãe. Quebrar as
regras do clube traz consequências.

Meus olhos se arregalam com a realização do que está por


vir para mim.

— Sim, você quebrou uma regra, filho. Você pode ser meu
neto, mas isso significa apenas que você deve respeitar as regras
ainda mais. — Ele lê minha mente.

— Então você vai me matar? — Eu dou de ombros. Eu posso


levar uma bala.
— Vamos ver, não é? — Ele ri, me levando para dentro do
clube para um pai irritado.
ADDIE

Sentada no bar, eu roo minha unha nervosamente. É


abafado aqui já que todo mundo ainda está no bloqueio, e minha
mãe está falando nos últimos minutos trinta sobre como eu sou
estúpida por não seguir as regras e elas estão lá para me proteger.
Não escuto. Estou apenas com medo do que os irmãos vão decidir
contra Zane. Eu nunca quis que ele se machucasse,
especialmente pelas pessoas que ele mais ama. Ele e eu estamos
nisso juntos, nós dois merecemos o que acontece.

— Então, você não conseguia manter suas pernas fechadas?


— Delilah se senta no banquinho ao meu lado. Virando a cabeça
em sua direção, pego sem pensar fiapos no meu vestido preto. Eu
sabia que ela iria gritar, e isso não será a última. Eu não a odeio
por isso, ela é uma garota do clube completo e ama seu irmão.

— Espere, você sabia disso? — Minha mãe aponta o dedo


indicador entre Delilah e eu. Seu cabelo loiro é perfeito, sua blusa
não está enrugada, e eu tenho que dizer que tentar corresponder
às expectativas dela é uma vida em si. Eu a admiro, sim, mas não
posso ser ela.

Delilah bufa, seus shorts deslizando pelas coxas pálidas, ela


puxa a camisa pelas costas para que sua bunda não apareça.

— Isso acontece há anos só se tornou real agora. — O tom


indiferente de Delilah me faz revirar os olhos. Ela é tão dramática.
Eu não posso esperar até que alguém varra de seus pés um dia
para que possa dar-lhe um tempo difícil.

— Você colocou Zane em risco, e este clube ontem à noite,


— ela continua a me criticar como se eu fosse criança. Eu já me
sinto culpada o suficiente por Thad e Zane, ela não precisa me
fazer sentir pior.

Eu preciso de uma bebida, digo a mim mesma mais do que


qualquer outra pessoa ao meu redor. Como algo tão pessoal como
eu e Zane dormindo juntos pode ser o tema do clube de motos?

— Oh meu Deus, vocês são tão velhos, — Piper interrompe,


largando dramaticamente a cabeça no braço estendido sobre o
balcão. — Vocês fazem regras estúpidas, e regras estúpidas
devem ser quebradas. Nós crescemos juntos, o que diabos vocês
esperavam? — Ela direciona seus comentários para nossos pais.

— Piper, fique fora disso, — sua mãe, Cherry, grita por trás
do balcão, limpando o interior dos copos de vidro.

— Meu menino sabia onde ele estava se metendo. Se ele não


achasse que Addie valesse a pena, não teria feito.

Minha cabeça estala atrás, Dani senta no sofá lixando as


unhas. Os cabelos escuros trançados por cima do ombro. Ela
parece feroz em sua camisa preta e calça jeans. Ela é a garota-
propaganda da cadela motoqueira.

Seus olhos se levantam para os meus, e eu engulo o nó na


minha garganta. Estou feliz que alguém esteja nos apoiando.

— Só espero que você esteja preparada para pertencer a um


Kingsmen. — Ela levanta uma sobrancelha, chamando Zane pelo
sobrenome. Shadow e Zane são homens complicados, qualquer
um pode ver isso, e estou disposta a apostar que ser mulher deles
é ainda mais difícil. Só peço que Zane não quebre meu coração.

Lentamente, aceno e me viro. Acho que estou pronta para


ser a mulher de Zane

— Isso significa ser sua Old Lady, — informa Delilah, e de


repente percebo que não tenho ideia do que isso implica. Ajudo-
o a enterrar corpos, a esconder drogas? Merda.
9

ZANE

Encostado no final da mesa, eu posso literalmente sentir o


meu pai e Bobby olharem fixamente em mim.

—Boa sorte filho — Lip sussurra em meu ouvido, sua mão


deslizando em a minhas costas enquanto ele encontra seu lugar
há mesa.

Vovô Bull bate o martelo, declarando a reunião em


andamento

— Então, nós estamos aqui porque Zane — ele aponta para


mim — violou a lei do clube. Ele dormiu com uma “irmã”.

Eu faço uma careta, eles fazem parecer sujo tão sujo. Ela
não é minha irmã.

—Nós sabíamos isso podia acontecer com uma das crianças,


— meu pai defende.

—Não, todos nós chegamos um acordo e fizemos a lei anos


atrás! — Bobby balança a cabeça.

Todos eles começam a discutir, e eu cruzo os braços.


Saint dá uma risada, ganhando minha atenção.

— Algo engraçado?

Ele cruza os braços, uma mão esfregando o queixo.

—Sim, que você está prestes a morrer por causa de uma


“boceta”. —Ele estende as mãos, me dando uma olhada.

— Vamos irmão, você poderia ter tido qualquer garota.

— Não é sobre ser burro. — Eu rosno. Eu não espero que


ele entenda.

—Mm, talvez você esteja certo. Eu posso dizer que ele tem
algo em sua mente. —Talvez depois que você levar um tapa na
mão, isso me levará ao caminho para essa pequena e sexy ruiva.
Ele está falando sobre Piper.

— Eu te ameaço, mas não eu estou preocupado. Você não


pode lidar com Piper. — Eu sorrio, e ele levanta a cabeça como se
aceitasse o desafio.

— Zane! — A voz do meu avô tem meus olhos voltados para


os dele.

A decisão foi tomada. Ele bate o martelo, e todos se


levantam em seguida. Então me ocorre que eu não tenho a menor
ideia do que está acontecendo por causa que Saint ficou latindo
na minha orelha como uma maldita cadela.
ADDIE

As portas para a capela finalmente se abrem após uma hora.


E nós mulheres sentadas aguardando. Os homens saem, todos
com rostos sérios e ombros erguidos. Estou presumindo que a
reunião não foi bem. Eu deslizo para fora do banquinho e corro
para Zane.

— O que aconteceu, o que eles vão fazer?

Sua mandíbula está cerrada com força, seus olhos


semicerrados e com raiva enquanto ele olha a área.

— Apenas fique aqui dentro. Ok?


Meu coração começa a bater mais rápido, isso não pode ser
bom.

— Não, eu não vou a lugar nenhum! — Eu recuso.

— Lá fora! Grita Bull. Todo mundo se reúne lá fora,


inclusive eu.

Todos rodeiam Zane e Bobby na frente dele com um .45 na


mão esquerda.

— Você não pode estar falando sério! — Grito e abro


caminho para o círculo. — Éramos nós, então atirem em mim
também!

— Addie! — Minha mãe grita, tentando me puxar de volta.

— Você vai ficar fora disso! Bobby aponta para mim.

— Você quebrou as regras que foram estabelecidas por seus


irmãos. Você concordou com isso quando tomou a
responsabilidade de ser um prospecto, depois o profanou com
olhos cegos, — Bobby prega, e pela primeira vez, me ocorre que
as leis do clube são tão sérias quanto as leis dos civis.

— Que isso seja uma lição para qualquer um que queria


quebrar as regras. Bobby aponta sua arma em Zane, e sangue
corre para os meus ouvidos, o som da multidão se afogando para
fora por meu próprio medo. Meu cabelo voa no meu rosto
enquanto tento me libertar da minha mãe, seu aperto firme me
impede fugir. Zane fica lá como um homem, queixo erguido,
pronto para receber o castigo, sem um pingo de medo no olhar.

Bobby aperta o gatilho, o som ecoando na minha cabeça


como o som de um braço

Quebrando. Eu grito até o meu rosto está prestes a estourar,


lágrimas enchendo meus olhos e borrando minha visão. Bobby
fecha um olho para mirar e adrenalina bombas através de minhas
forças tão letal que consigo me livrar de minha mãe e correr para
Zane.

Abraçando-o apertado, eu fecho meus olhos para esperar


nosso castigo juntos.

Nada acontece.

Braços me envolvem e Zane dá as costas para Bobby. Ele


me puxa para perto como se fosse um escudo e, naquele
momento, percebo que amo tanto este homem que arriscaria meu
próprio bem-estar para estar com ele.

Eu acho que sempre foi assim.

As coisas mudaram para mim e Zane, e dei a ele meu


coração sem saber que eu nunca realmente o recebi de volta.
— Posso ficar com você? Ele sussurra em meu ouvido, e
uma lágrima cai na minha bochecha.

— Sim, — eu murmuro.

Um tiro é disparado e a multidão fica quieta, mas nada


acontece.

Zane não fica tenso como se tivesse sido ferido, e eu também


não sinto nada.

Até eu me mexer. Dor oca ardente dispara através do meu


peito.

— Que porra foi isso Bobby! — Minha mãe grita


histericamente.

— Eu não, eu quero dizer? — Bobby gagueja, abaixando a


arma.

— Seu imbecil! — Minha mãe dá um tapa em Bobby.

— Querida, pense no bebê! — Bobby tenta acalmar a minha


mãe e me ocorre que Bobby acabou revelar que minha mãe está
grávida! Meu lado está molhado, e a sensação de queimação
familiar corre para um ponto. Zane cai de joelhos, empurrando o
meu vestido até inspecionar a fonte do sangue. Meus olhos caem
na carne vermelha e inchada. Eu fui baleada. Meu pai atirou em
mim.
10

ZANE

Tudo fica vermelho, e não quero dizer isso no sentido do


sangue de Addie manchar meus dedos. Eu vou matar o Bobby.

— Eu atirei no ar, eu não ...

— Está feliz, merda! — Eu o empurro com força, e seu rosto


floresce com um tom de vermelho. Ele pressiona a arma no meu
peito, suas narinas dilatando.

— Eu deveria ter atirado em você quando tive a chance!

— Sim, bem, é melhor você fazer valer, filho da puta! — Eu


o levanto, pronto para fazer o que significa proteger Addie.

— Vocês dois calem a boca e me ajudem a levá-la para


dentro! — Doc exige. Merda. Virando-me para ajudar Doc, eu me
sinto como um idiota. Minha garota está machucada e estou aqui
brigando com o pai dela.

Desligando meu temperamento vingativo, dirijo a minha


atenção para minha menina.

— Você está bem, querida? — Eu tiro alguns cabelos do


rosto suado dela.
— Mmmhmm. — Ela sorri, e não posso evitar o sorriso torto
que se encaixa no meu rosto. Ela deveria estar furiosa, me dando
um tapa ou pelo menos reclamando de mim, e ainda assim ela é
forte.

— Você é meu raio de sol, você sabe disso. — Eu acaricio


sua bochecha, seu próprio sangue manchando seu rosto.

Os meninos a pegam e a levam para dentro do clube. Sua


mãe gritando ordens para todos.

— Pegue minha bolsa. Tragam-me algumas toalhas.

Addie deitada em cima da mesa na capela, e seguro sua mão


trêmula.

Bobby olha para mim do outro lado da mesa.

— Querida, eu sinto muito. Eu não queria atirar em


nenhum de vocês. Eu só estava tentando fazer um ponto! —
Bobby sussurra para Addie, pensando que não posso ouvi-lo.

— Você fez um argumento muito estúpido! — Doc o empurra


para fora do caminho, ela está chateada e tem todo o direito de
estar.

— Se vocês dois tivessem trazido isso para a mesa em vez


de escondê-lo.
— Mãe, — Addie interrompe. Sua mãe olha para ela antes
de fechar a boca e limpar a ferida.

— Você está grávida? — Addie pergunta através da dor.


Seus olhos se voltam para os de Bobby antes dos meus.

— Sim, eu estou. — Ela sorri e Addie sorri também.

— Ai! — Addie geme, seu rosto enrugando de dor.

Respiro fundo, meus olhos disparando entre Addie e Doc.

— Ela está bem? O que está acontecendo?

Doc me dá uma olhada, irritada, mas eu não me importo.

— Ela está bem. Por que você não sai até terminarmos? —
Doc insiste com as sobrancelhas estreitas.

— Não, — eu respondo. — Eu não estou indo a lugar


nenhum.

Suas sobrancelhas se erguem, e Bobby dá um passo à frente


como se ele fosse me mover da sala.

— Eu o quero aqui, — responde Addie, apertando minha


mão.

O rosto de sua mãe assume um olhar suave quando ela olha


para mim e Addie como se estivesse olhando para si mesma e
para Bobby pela primeira vez.
Piscando para a realidade, ela começa a trabalhar sua
magia no meu anjo e levanta o vestido para remover a bala.

***

Addie está dormindo na minha cama, com o lado enfaixado.


Doc fez um trabalho incrível ao tirar a bala. Ela nunca
decepciona. Sentado no chão do meu quarto, meus joelhos
dobrados, meus dedos torcem e giram a bala que estava dentro
de Addie momentos antes.

Minha mente borbulhando com a merda que vem


acontecendo nos últimos dias.

Os homens não estão felizes com minhas ações


ultimamente. Todo o clube está em alvoroço agora por minha
causa e de Addie. Além disso, tentei manter Thad longe deles.

Aposto que meu velho está prestes a se cagar, mas é por


isso que eu queria ser um prospecto antes de ser um motoqueiro
completo. Eu sabia que violaria as regras, criaria as minhas e
definiria meu próprio caminho. É assim que sempre trabalhei e
vai continuar a ser. Jersey sai de debaixo da cama e ergue as
pernas traseiras para espiar em cima. Ele sabe que sua mãe está
lá. Ele é realmente uma coisa fofa.
Uma batida leve ecoa pela porta antes que ela se abra. O
cheiro deslizando pelas rachaduras me faz revirar os olhos
instantaneamente.

— Baby.

— Ei, — ela sussurra. Entrando, eu a avalio com um olhar


mortal. Por que diabos ela está aqui?

Percebo que sua clavícula está machucada e seu seio


esquerdo parece todo enfaixado. Eu perguntaria o que aconteceu,
mas isso implicaria que eu me importo. Eu não.

Ela quase parece normal em um capuz e calça jeans, mas


seus saltos pretos gritam a mesma e velha Baby.

— Como ela está?

— Você realmente se importa? Eu zombo, balançando meu


rosto para encará-la completamente. Ela engole e cruza os
braços. — Por que você ainda está aqui?

— Bull. Ele disse que eu poderia.

Eu rio, inclinando minha cabeça contra a parede.

— Então você é prostituta do clube?

As partes da boca e o corpo incham defensivamente.

— Ajudo, faço minha parte.


— Chame como quiser, eu não dou a mínima, nós
terminamos, —eu digo com naturalidade. Ela é como os piolhos,
você acha que se livrar dela apenas para descobrir aquele maldito
idiota.

Sua cabeça vira na direção de Addie e isso me enfurece. Eu


não gosto do jeito que ela olha para ela.

— Saia, — eu murmuro.

— Zane

Eu levanto, meu rosto a centímetros do dela. Estendendo a


mão, ela tenta deslizar a mão sobre o meu peito, e pego seu pulso
antes que ela possa fazer contato.

— Você quer foder o seu caminho até o topo, tudo bem. Mas
você e eu terminamos querida. Percebeu? — Enfio a mão no peito
e seus olhos se enchem de lágrimas.

— Você sempre disse que nunca seríamos uma coisa, mas


pensei que, ao longo dos anos, você não gostaria de colocar um
rótulo nas coisas. Que eu poderia.

— Manipular algo que nunca foi nada?

Ela desliza a lágrima caída e aproveito a oportunidade para


abrir a porta para ela.

Entendendo a dica, ela lentamente sai.


— Ah, e Baby. — Ela para com olhos esperançosos. — Se
você colocar a mão em Addie novamente, nem mesmo o
presidente do clube poderá salvar sua bunda. Isso é uma
promessa.

Seus olhos se arregalam e então fecho a porta em seu rosto.


Quero dizer, ela quer transar com os irmãos, tudo bem, eles
podem ter meus restos, mas é melhor ela nem olhar na direção
de Addie.

Fazendo o meu caminho para a cama, assisto Addie dormir.


Ela é tão linda. Lamento o dia em que a afastei. Tentei fazer algo
de bom, algo de nobre quando parecia que estava transando com
Baby todos esses anos.

Esse único ato bom é a única coisa na minha vida de


pecados que me arrependo. Nunca mais farei o que acho certo.

— Zane? — Addie murmura, mexendo em seu sono.

— Estou aqui, — murmuro contra sua têmpora. — Como


você está se sentindo?

Ela se vira de costas e sorri para mim. Seus olhos azuis me


lembram o oceano em seu dia mais brilhante.

— Isso é muito pior do que o tiro no braço quando éramos


crianças.
— Addie, isso é tudo culpa minha. — A culpa atinge a boca
do meu estômago como uma pedra.

Uma mão macia delicada me alcança e olho para a pele


cremosa da mão de Addie.

— Foi apenas um acidente. Corri para lá, sabendo o risco.


— Ela balança a cabeça e corro minha mão pelos meus cabelos
ansiosamente. Ela nunca deveria ter corrido na minha frente
quando Bobby estava apontando para mim. Tinha mais medo
dela se machucar do que eu.

— Você está com sede?

Ela estremece, tentando se ajustar na cama e percebo que


ela está amarrada em seu vestido e está pressionando seu
ferimento. Puxando minha faca do bolso de trás, solto a lâmina e
seus olhos se arregalam, mas não culpo o que estou prestes a
fazer, pego o meio do vestido e corto até o fim. Parece uma túnica
com fios de barbante por toda parte, e ela está prestes a ter um
ataque de pânico.

— Eu não posso acreditar que você acabou de fazer isso, —


ela murmura, olhando o vestido em trapos em cima dela.

— É melhor do que tentar sair disso. Sente-se, deixe-me


ajudá-la, — eu instruo, não me importando com um maldito
vestido.
Pressionando a parte inferior das costas, eu a relaxo, seu
corpo quente contra a minha mão. Ela geme, e posso dizer que
está com dor. Eu me sinto mal, nunca quis que isso acontecesse.

Depois que ela se levanta, puxo o tecido para tirá-lo de baixo


dela e ajudo seus braços. Seu sutiã e calcinha a mostra, sua linda
pele cremosa, difícil de não tocar com meus dedos.

Ela esfrega os braços como se de repente estivesse com frio,


o ar condicionado está explodindo com tantos corpos no clube.
Empilhando os cobertores, eu a cubro, certificando-me de ter
cuidado com o ferimento.

— Se Bobby não fosse seu pai, eu o mataria, Addie, — eu


prometo a ela. — Eu não me importo se é um acidente ou não,
meu sol está machucado e isso não está bem para mim.

Ela sorri, e a raiva que vem crescendo em mim enquanto


ela estava dormindo diminui lentamente. — Beije-me, — ela
sussurra.

Abaixando-me, a beijo. Nossos lábios se fecham, e sua


língua procura minha boca como se ela estivesse perdida e eu
sou seu mapa para clareza.

Seus braços me envolvem, suas pernas se abrem para me


convidar.

— Você está machucada. — Eu tento desacelerar as coisas.


—Estou bem. Apenas, estava tão assustada hoje tudo que
quero é você. — Ela arranha meu peito.

Ela esfrega o nariz contra a lateral do meu pescoço, o som


dela inalando meu perfume fazendo meu pau disparar como uma
porra de uma flecha. Jesus, as coisas que essa mulher faz
comigo.

— Addie, sou diferente. Não sou normal, eu sei. Mas... posso


ficar com você? — Sussurro. Depois de tudo o que passamos,
quero ouvir e ver nos olhos dela.

Estendendo a mão, ela esfrega meu queixo. O toque fazendo


meu rosto inteiro formigar.

— Sempre tão sério, — ela zomba, me fazendo sorrir. — Você


é tão idiota às vezes. Você é exatamente com quem queria estar
desde que era adolescente, Zane.

Batendo minha boca na dela, a ouço inalar. Minha mão na


parte de trás do seu pescoço, a puxo para mais perto. Quero tudo
dela, agora.

— Deixe-me trancar a porta. Afastando, me inclino através


do quarto e tranco a porta. Nossos pais estão bebendo suas dores
no bar, que fica a poucos metros de distância.

Fechando o espaço, estou nela em segundos e


cuidadosamente puxando os cobertores ao redor, certificando-me
de observar sua ferida. Passo meus dedos pelo braço dela, pela
axila e desço por seu corpo até o ferimento. Esfregando meu dedo
indicador em círculos ao redor dele.

— Você é a mulher mais forte que conheço, Addie.

— Você traz isso para fora em mim, Zane, — ela murmura.


Meus olhos disparam para os dela e me ocorre que trazemos o
melhor um para o outro. Não sou só eu que preciso dela, ela
também precisa de mim. É bom sentir-se necessário.

Suas mãos descem do meu peito até a fivela do meu cinto,


desfazendo meu jeans.

— Há algo tão sexy no som de um cinto sendo solto, — ela


sussurra. Usando meus cotovelos, me abaixo e beijo a pele
delicada bem entre seus seios. Minha mão esquerda deslizando
por sua barriga antes de colocar um dedo em sua calcinha de
seda.

Ela segura o meu pau, e assobio por entre os dentes. O


intenso acúmulo de desejo corre pelo meu pau como uma teia de
aranha.

Abaixando minha cabeça um pouco mais, mordo o tecido de


sua calcinha, e seu estômago começa a tremer com cada
respiração trêmula que ela toma.
— Você está nervosa? — Meu hálito quente deixa sua pele
cremosa úmida. Aguardando sua resposta, não posso deixar de
tocá-la, minha mão subindo por suas pálidas coxas. Marcas de
beleza marcando sua pele delicada.

— E se você não gostar? Ela pergunta. Vulnerabilidade em


sua voz fofa.

Polegada por polegada, eu puxo sua calcinha pelas coxas e


a jogo sobre minha cabeça.

— Impossível. Amo tudo sobre você, Addie. — Meus olhos


se fixam nos dela assustados.

Nunca tirando meu olhar do dela, aperto minha língua em


seu clitóris inchado e seus olhos se fecham.

O sabor do almíscar enche minha boca, mas há algo doce


por trás dele.

Espalhando-a mais, eu insiro um dedo em seu calor úmido


e sussurro. Nunca tirando minha visão dela, eu agito minha
língua em seu clitóris inchado e seus olhos se fecham.

Espalhando-a mais, insiro um dedo em seu calor úmido e o


dobro para que eu bata em um ponto esponjoso.

Seus joelhos vacilam e sei que alcancei seu ponto G,


mergulho minha boca quente em sua boceta como um homem
faminto.
Ela geme, seu corpo arqueando em mim enquanto lambo e
chupo o orgasmo dela. A maneira como ela se move e os sons me
deixa prestes a explodir minha carga na cama.

Ela está tão molhada e quente na minha boca que continuo


me deliciando com ela enquanto a fodo com os dedos.

Minhas juntas deslizando pelo inchaço de suas nádegas


toda vez que deslizo meu dedo dentro e fora dela.

— Oh meu Deus! Ela sussurra como se estivesse com dor,


mas não é dor. É puro êxtase. Eles podem ser muito parecidos,
mas são diferentes.

Meu pau se contrai, as veias se projetando a ponto de doer.


Eu preciso tê-la ou irei gozar.

Sentado de joelhos, a afasto, seus olhos meio rolando em


sua cabeça. Não dou a chance de voltar à realidade antes de
empurrar para dentro dela. Meu pau reveste sua boceta molhada,
a suavidade dela apertando meu pau como um torno.

Ela envolve seu corpo em volta de mim, e eu a seguro perto.


Nossas respirações quentes e difíceis se tornando uma enquanto
eu lentamente a fodo.

A cama balança e ela vira a cabeça para trás e geme. Suas


mãos envolvem meu pescoço como se fosse o único, minhas mãos
agarraram cada uma de suas nádegas enquanto empurro pau
repetidamente.

— Você está pronta? — Eu pergunto, querendo gozar ao


mesmo tempo. Eu nunca fiz isso com ninguém, não tenho certeza
se é possível.

Ela assente, ofegante.

Soltando uma bochecha, agarro seu seio direito e o solto de


sua sedosa taça. Esfrego a palma da mão sobre o mamilo,
esfregando e puxando-o. Isso parece deixá-la mais molhada. Ela
me observa enquanto movo minha mão para o lado e mordo seu
mamilo. Sua pele salgada enche minha boca.

O som que escapa de seu corpo em seguida me deixa em


uma queda livre em uma nuvem de sol.

Resmungo e a puxo para mim com mais força. Precisando


de mais dela, tudo dela.

Suas unhas arranham minhas costas, causando uma


sensação de queimação quando a preencho com minha liberação.
O prazer corre pelas minhas pernas e faz com que meus pés
tenham cãibras muito intensas.

Enrolados um no outro quando descemos do nosso alto,


deito-me ao seu lado e puxo o cobertor sobre nós dois. Meu pau
ainda está dentro dela. Não quero deixá-la. Ainda não.
Ela está suada, e posso sentir seu coração bater contra o
meu peito enquanto ficamos lá, recuperando o fôlego.

Seu batimento cardíaco é tão forte e delicado ao mesmo


tempo que me faz pensar como é o meu.

É forte? É fraco? Eu tenho mesmo um coração que vale a


pena sentir?

Escovando os cabelos do ombro, eu a beijo e me pergunto


se, depois de tudo, ela finalmente é minha?
11

ADDIE

Três dias chegaram e se foram, e as coisas estão mais


intensas no clube do que nunca. No entanto, as coisas entre mim
e Zane são incríveis. Sei que é a fase da lua de mel, onde tudo é
perfeito, e as borboletas são surreais, mas estou brilhando com
isso e levei um tiro no estômago. Bobby chegou a falar com ele
ontem. Quero dizer, estava apenas oferecendo o banquinho para
o café da manhã, mas é um começo. Meu lado está se curando,
mas se eu me mover da maneira errada, dói muito. Valeu a pena.

— Por que você está sorrindo? — Louve aponta um garfo


para mim antes de esfaqueá-lo em sua própria salada. Olho para
ela, sem perceber que estava sorrindo. É a minha hora do almoço
e estive sentada aqui perdida em transe enquanto comia minha
sopa e sanduíche. Suspiro lembrando que estou na escola. O
rosto ensanguentado de Thad apareceu atrás dos meus olhos
antes de abri-los novamente.

O cabelo castanho escuro da senhorita Louve está solto, e


sua maquiagem é menos escura. Você pode realmente ver as
sardas nas bochechas dela hoje. Talvez seja o vestido amarelo
dela que a faça parecer mais ... legal.
— Bem, vamos apenas dizer que as coisas tomaram um
rumo entre Zane e eu. — Digo algo pessoal, mas ela não sorri.
Ela continua mastigando alto a salada, parecendo
desinteressada. O que é diferente. Ela está sempre fazendo
perguntas sobre ele.

— Você sabe, devemos sair um dia. — Ela muda de assunto.

— Meu clube sempre faz festas no fim de semana

— Não, eu quero dizer que gosto de jantar ou algo assim, —


ela interrompe, o tom agudo de sua voz me faz pensar que ela é
contra The Devil's Dust. Não é algo inédito, o clube tem uma
reputação.

— Claro o que você tem em mente? — Eu dou de ombros.


Eu não saio com ninguém além das garotas do clube. Eu poderia
ter amizade com uma garota fora do clube sem que o assunto da
conversa fosse drogas ou festas.

— Este fim de semana? — Ela se levanta, batendo a tampa


da sua Tupperware. — Você pode ficar longe do seu cão de guarda
por tempo suficiente?

Minhas sobrancelhas se estreitam. Qual é o problema dela?


Virando-me no banco, com o braço sobre as costas, passo a
língua entre os dentes.

— Você está bem?


Ela sorri e pega sua mochila no balcão.

— Sim. Vejo você na sexta à noite. Concordo, observando-a


sair da sala. Talvez seja por isso que nunca quis ter uma amiga
... as mulheres são complicadas.

***

O resto do dia passa como sempre, ensino as crianças e olho


pela janela para Zane lendo na grama. Eu quero estar com ele e
ler na grama. Gostaria de saber quanto tempo essa porcaria de
bloqueio tem que durar? Então podemos realmente ter algum
tempo a sós.

Finalmente chega o fim do dia, pego minhas coisas e corro


para fora da escola. Zane está de pé contra a árvore com Jogos
Vorazes debaixo do braço, pronto para me ver.

— Ei, professora sexy. — Ele pisca, e eu instantaneamente


me sinto travessa. De um jeito bom.

— Você não precisava ficar depois da escola para detenção?


— Eu entro no jogo. Ele me puxa para perto e me beija na frente
de toda a escola. O cheiro de couro e a hortelã que ele estava
sugando tiraram minha cabeça dos livros e entraram em seu
mundo.
— Só se eu conseguir levar uma régua a esse traseiro. —
Suas mãos correm pela minha espinha e seguram minhas costas.
Eu tenho que morder meu lábio inferior para não arquear nele
como um gato. Eu nunca estive tão excitada com tanta frequência
desde que Zane e eu cedemos a nossos sentimentos. Toda vez que
o vejo, meus joelhos amolecem e quero que ele me toque. Quero
tocá-lo em todos os lugares e beijar todas as suas tatuagens. É
insano. Será que algum dia vou me acostumar com sua
sensualidade?

Uma porta bate atrás de nós, um motor acelerando.


Olhando por cima do ombro, é a senhorita Louve no carro dela.

— Quem diabos é essa? — Zane pergunta com raiva. Ela


está claramente tentando chamar nossa atenção.

— Oh, ela é a professora de matemática. Ela está agindo um


pouco estranha ultimamente, me pergunto se é porque Thad está
desaparecido. — confidencio.

— Ele devia estar transando com ela? —Pergunta de Zane.

— Acho que sim. Não tenho certeza.

— Vamos torcer para que ela não seja um problema. — Ele


dá um tapinha na minha bunda, indicando que ele quer que vá.

Virando onde estou, pego meu capacete e o fecho. Zane sobe


na moto primeiro, e depois eu faço. Quando estamos saindo do
estacionamento, a única coisa que continua circulando em
minha mente é Zane mataria a senhorita Louve se ela começasse
a fazer muitas perguntas sobre Thad?
ZANE

De volta ao clube, a música Happier, de Marshmello, toca


nos alto-falantes e os irmãos estão jogando cartas. Piper está
dançando enquanto toca a música e Saint a olha do outro lado
da sala. Tenho certeza que Piper também sabe. Parece
exatamente como nos tempos normais, se não fosse minha mãe
pairando por aí como uma mãe galinha preocupada, vou trocar
meu curativo novamente, ela está na minha bunda.

— Eu vou me trocar, —Addie me diz, a mão no meu peito


enquanto ela beija minha bochecha.
Não posso deixar de vê-la sair da sala e, assim que ela
desaparece, sinto como se estivesse sozinho em uma caverna sem
luz solar.

Minha mãe olha Addie, um pequeno sorriso se encaixa no


rosto dela. Sua camisa azul e calça de couro a rotulavam como a
esposa de um motoqueiro.

— Ei, filho. — Ela desliza ao meu lado. Eu tenho evitado ela,


eu sei que ela quer falar sobre Addie e eu.

— Mamãe.

— Então, você e Addie, hein? — Ela pega um pedaço de fiapo


do meu corte. Presumo que a pergunta seja retórica, por isso não
respondo.

— Você sabe que poderia ter me dito. Você pode me dizer


qualquer coisa.

Olho para ela, curioso se ela realmente quer dizer isso.


Muitas vezes me pergunto se ela sabe que seu filho compartilha
os mesmos pecados que seu marido. Matar era um remédio ao
invés de uma emoção.

— Eu sei mãe. — Eu decido contra o coração e dou-lhe um


beijo na bochecha. Ela agarra meu braço, me parando.
— Ela não pertence ao estilo de vida do clube, filho, ela
estará por você, mas não esqueça que você precisa encontrá-la
no meio do caminho, — ela aconselha.

— Então, deveria conseguir um emprego ou algo assim? —


Eu zombo, sem saber o que ela está dizendo. Não consigo me ver
fazendo compras no Walmart local e não acho que Addie espere
que eu faça.

— Não, mas leve-a para um encontro, encontre suas


amigas, coisas que as meninas normais gostariam.

Esfregando a parte de trás do meu pescoço, suspiro. Eu


nunca tive que fazer essa merda antes.

— Sim, obrigado, mãe. — Ela dá um tapinha no meu ombro


carinhosamente e caminha até onde eles estão jogando cartas.

De repente Rad está ao meu lado, com os braços cruzados.


Ele cheira a água do oceano. Olhando para ele, seu rosto está
vermelho novamente. Seu peito ainda mais queimado pelo sol sob
o corte de couro. Isso faz com que a tatuagem do crânio do polvo
em seu peito pareça mais irritada.

— Estava surfando hoje?

Ele assente, observando alguém particularmente de perto.


Ele parece atordoado. Olhando para sua linha de visão, ele está
olhando diretamente para minha irmã.
Eu bato minha mão contra seu peito.

Quase derrubando ele, ele me olha com os olhos


arregalados.

Eu aponto para ele. — Não!

Ele ri.

— Estou apenas olhando! — Ele joga as mãos para cima.

— Olhe para outro lugar!

— Droga, você está em um relacionamento há cinco minutos


e você já é uma puta!

Eu levanto uma sobrancelha para ele. Ele não sabe nada


sobre mim e Addie.

— Bem, não é nada que você saberá com minha irmã.

Indo em direção ao meu quarto, Baby sai da cozinha, me vê


e se vira.

Boa decisão.

Talvez ela e Rad se encontrem e salvem todos dos


problemas.
12

ADDIE

Dormindo na cama de Zane, sinto a cama afundar e Zane


deslizar comigo. Ele estava dormindo perto de mim quando
adormeci horas atrás, onde ele foi?

Levantando, abro meus olhos para ele. A escuridão


envolvendo a maior parte da minha visão, só consigo ver o
contorno do seu corpo.

— Onde você estava? — Eu pergunto meio adormecida. —


Está tudo bem? — O pensamento de que talvez Thad esteja vivo
e voltar ao clube faz meu coração bater mais rápido.

— Os irmãos precisavam de mim, tinham que sair, —


informa. Eu nem o ouvi sair. Para onde ele foi?

— Mas é o meio da noite.

Jogando os cobertores sobre nós, seus dedos deslizam


lentamente para cima e para baixo na minha espinha.

— Não questione os negócios do clube, Sunny. — O tom da


sua voz me faz acordar como se alguém jogasse água fria no meu
rosto. Ele deve perceber minha apreensão quando ele parar de
me acariciar. — É só isso, não posso contar muitas coisas, não
porque não confio em você, mas para sua própria segurança. —
Seu tom é mais suave, eu deito minha cabeça no meu braço e
aceno. Eu entendi aquilo. Ouvi histórias de namoradas se
machucando por informações sobre o clube.

— Achamos que tínhamos uma pista sobre o paradeiro do


presidente dos Lost Wolfs, que ficou vazio, — ele finalmente
confidencia. É isso aí? Ouvir o quão pequeno e insignificante era
sua corrida, torna a merda correndo pela minha cabeça muito
pior do que ele realmente estava fazendo.

Aconchegando-se ao lado dele, ele me envolve da maneira


mais segura. Quero viver nos braços dele, sentir o batimento
cardíaco dele e nunca deixar ir. Ele pode ser o diabo, mas —

— Você ... você quer ir a um encontro?

Inclino minha cabeça para ele. — Um encontro?

— Comigo? Ele continua, e o nervosismo em sua voz me


abala. Se estivesse em pé, juro que balançaria de pé.

— Onde? — A vertigem na minha voz é forte demais para


mascarar.

Ele encolhe os ombros.

— Vou pensar em alguma coisa, — ele sussurra antes de me


puxar para perto novamente.
Um encontro. Puta merda. Zane Kingsmen está me levando
para um encontro.

— Quero dizer, nunca tinha feito isso antes, então não fique
animada como vou apenas decepcioná-la.

Eu cubro sua boca e balanço minha cabeça.

— Impossível, — sussurrando, beijo seus lábios e, assim,


estamos saindo novamente.
ZANE

Sentado em uma cadeira no pátio com os garotos, espero


que eles não me causem dificuldades. Apenas disse a eles que eu
estou levando Addie para um passeio.

— Você vai a um encontro? Vocês? — Saint ri atrás de sua


cerveja. Ele está sem camisa, como sempre, sua cueca azul
puxada de seu jeans solto enquanto ele se agacha na cadeira na
minha frente. Rad ri, sentando no chão ao nosso lado. Pelo menos
ele está vestindo uma camisa.

Pegando algum cascalho solto, olho de soslaio e olho para


ele.
— Sim, você já levou uma garota para um? — Eu pergunto.
Ele toma um gole e balança a cabeça.

— Inferno nah, você tem que comprar o jantar, encontrar


algo pessoal para fazer depois. Eu simplesmente nunca encontrei
uma garota com quem eu estivesse assim. — Ele encolhe os
ombros.

Sentado na cadeira de metal, o sol brilha em mim, me


deixando quente.

Addie é mais do que um jantar e uma garota do cinema,


como Saint disse. Tem que ser pessoal.

— Você pode levá-la à praia, ensiná-la a surfar, — sugere


Rad. Ele tira a camisa branca e a joga atrás dele. Ele é bronzeado,
porra.

— Eu não sei surfar. — Balanço a cabeça e tomo um gole da


minha cerveja que está esquentando rapidamente.

— Sim, eu sei. — Ele ri. Eu jogo minha cerveja nele. Eu fui


com ele uma vez quando éramos crianças. Primeira onda que veio
foi atingindo e jogado direto em um coral.

Idiota tentou mijar em mim.

— Meu pai levou minha mãe à praia para o seu primeiro


encontro, — digo a eles.
— Seu pai tem muito mais jogo do que você, — Saint ri, me
insultando.

— Não, não faça a cena da praia, — aconselha Saint. — É


melhor levá-la ao cinema e jantar como qualquer outro casal.

Ele tem razão.

— Por que isso é tão difícil? — Eu gemo, deslizando minhas


mãos para cima e para baixo no meu rosto.

— Porque você não quer que o pai dela atire em você na


próxima vez. — Saint ri e Rad caem na gargalhada.

Jogo minha cerveja meio vazia para eles.

— Foda-se vocês.

— Prospectos!

Os meninos e eu ficamos olhando na direção da garagem.


Bobby fica parado com uma chave na mão e um pano sujo na
outra.

— Sim? — Respondemos.

— Vão pegar algumas compras.

— Que porra é essa? — Eu franzi a testa. Certamente eu o


ouvi errado.
— Você queria o trabalho de prospecto faça-o. — Ele sorri
antes de voltar a trabalhar em sua moto. Não posso dizer não,
quero ter uma boa relação com ele por causa de Addie.

— Claro, murmuro, nada feliz com isso.

— Você é um idiota por querer fazer isso de bom grado. —


Rad suspira.

— Não estou comprando tampões para essas cadelas, —


acrescenta Saint.

Entrando no caminhão de Bobby, Saint dirige e Rad se


espalha no banco de trás.

— Você acha que ele nunca vai parar de rebentar suas


bolas? — Rad pergunta, referindo-se a Bobby.

— Sim, depois que ele o afugentar, — Saint ri, recostando-


se na cadeira.

— Vai precisar mais do que um pai para me afastar de


Addie, — afirmo, pendurando meu braço pela janela.

— Porra, isso deve ser bom....

Eu me viro e começo a dar um soco em Rad antes que ele


possa terminar a frase.

— Ei! Ei! Isso machuca! — Rad geme como uma cadela.


— Continue assim e eu vou jogá-lo para fora dessa porra! —
Eu digo seriamente.

Chegando ao mercado, Saint estaciona o caminhão em um


local que tenho certeza de que é para carrinhos devolvidos. É
perto da porta, foda-se. Eu saio e me alongo.

— Pegue um carrinho. Aponto para Rad.

— Por que eu tenho que pegar o carrinho?

— Porque você é retardado. Saint dá um tapa na parte de


trás da cabeça. Rad revira os olhos e pega um carrinho duas
vagas de estacionamento.

Entrando, uma jovem pequena nos cumprimenta sorri para


nós antes de se virar rapidamente. Os motoqueiros que vinham
comprar mantimentos provavelmente não eram o que ela estava
esperando. Três motoqueiros, tatuagens e expressões 'Vá se
foder'.

Nunca estive aqui antes. Sempre como no clube e peço


merda online. Odeio estar perto de tantos estranhos, isso me
deixa ansioso. Pessoas esbarrando em você, saindo na sua frente.
Me coloca no limite. As luzes brilhantes acima me irritam, e o
cheiro de limpador se mistura com o cheiro de uma padaria. Isso
confunde meus sentidos. Isso me faz pensar se vir aqui é algo que
Addie gostaria de fazer nos finais de semana.
— Comida. — Saint aponta para uma grande placa azul
pendurada no teto, apontando para o lado esquerdo da loja.
Prateleiras de roupas e roupas de merda logo abaixo.

Lidero o caminho, pronto para acabar com isso. Há


mulheres comprando pijamas que parecem ser brancas, mas
agora são mais cinzas, e um homem de macacão olha por cima
dos biscoitos, e um filho da puta parece que o diabo apenas o
cuspiu com todas as roupas pretas e tatuagem.

— Que porra nós temos que comprar? — Saint murmura,


pegando uma caixa de cereal e colocando-a de volta no chão.

— Pão. — Pego um pacote e o jogo. Sanduíches são sempre


um sucesso no clube. Eles são rápidos e fáceis.

— Salgadinhos! — Rad pega três sacos grandes de marcas


diferentes.

— Cerveja! — Saint sai em direção à cerveja. Parece legítimo


para mim.

— Onde diabo está o sorvete de chocolate? — Grito para um


deles, fazendo com que uma mulher olhe por cima do ombro para
mim antes que seus olhos se arregalem e ela escolha um corredor
diferente para descer. Nós realmente parecemos tão
intimidadores?
— Hey Zane, quer um pouco de vinho para o seu encontro?
— Saint segura uma garrafa rosa feminina perto do corredor do
álcool.

O tiro e continuo deslizando a merda das prateleiras para o


carrinho. Nem sei o que estou comprando, eles não nos deram
uma lista. Peguei queijo em uma lata, bolachas, sopa, sorvete e
Saint acabou de jogar cerveja. Parece que temos o bastante.

— E lanches ou algo assim? — Rad esfrega o queixo.

— Estou prestes a dar o fora daqui, — eu gemo, terminando


com o dever de prospecto do dia.

— Sim, vamos sair daqui. — Saint joga um pouco de carne


seca.

Virando o carrinho, vou para o caixa. Pessoas correm pelos


corredores não têm nenhuma intenção de parar, e uma mulher
apenas deixou seu carro e seguiu o caminho oposto quando nos
viu.

O respeito é bom, eu não vou mentir, mas eles agem como


se fossemos Jack, o Estripador.

Na fila esperando para pagar nossas compras, Saint se vira


e olha para mim.

— Então, Zane, você está pirando com o presidente do Lost


Wolfs vindo atrás de você? — Saint pergunta seriamente. Ele está
falando de Bender, um nome e rosto que continua a conduzir
meu sangue frio e sem alma para limites imorais.

— Não, — eu minto. Ele está me procurando e pode ser


qualquer um. Ele poderia estar nesta maldita loja, pelo que sei.
Só quero encontrá-lo antes que ele me encontre.

— Cara, eu estaria me mijando. — O tom dopado de Rad


entrando em jogo. Eu juro que ele fumou.

— Ele vem para mim, vou cuidar disso como quando eu era
criança. Apenas meu objetivo é muito melhor agora — digo. É a
verdade, e é isso que digo a mim mesmo quando penso nele
aparecendo.

Saint joga todas as compras, e a velha senhora de cabelos


grisalhos e um corpo de nada além de ossos começa a passar os
itens para tocá-los.

— Bobby te deu dinheiro? — Saint pergunta, estendendo a


mão.

Eu dou de ombros.

— Não, Rad está pagando, eu indico.

— Que porra é essa, cara? — Os olhos de Rad se arregalam.


— Você é quem o irritou!
— Você entendeu você está bem. — Saint ri, pegando
sacolas e colocando-as no carrinho.

— Cara, eu não tenho muito, eu tive que pagar as taxas do


clube! — Ele fica todo chorão, tentando colocar as coisas de volta.

Puxando minha carteira aberta, jogo duas notas de vinte.


Ser um assassino contratado paga bem, ou devo dizer bem pago.
Terminei. A única matança que farei é no clube.

— Aí está a minha parte, vocês podem cobrir o resto. — Eu


levanto meu queixo para eles, e eles seguem o exemplo jogando
vinte para baixo.

A senhora pega o dinheiro e entrega um recibo a Saint.

— Vocês, meninas, tenham um bom dia! — Ela sorri, e as


sobrancelhas de Saint se estreitam antes de olhar para mim.

— Apenas vá, porra. — Enfio o carrinho na parte de trás de


suas panturrilhas, e ele começa a andar.

— A cadela precisa de uns óculos é tudo que eu estou


dizendo, — afirma Saint, não sendo capaz de deixá-lo ir.

Jogamos as compras na traseira do caminhão, mantendo a


cerveja fora do curso e voltamos para o clube.

Tarefa concluída.
13

ADDIE

Delilah se senta na cama com as pernas cruzadas e as mãos


atrás dela. Seu cabelo está solto e desarrumado caindo sobre os
ombros e sobre o peito. A camiseta de faixa cinza que ela está
vestindo aparece logo acima do umbigo. Ela puxa a bainha do
jeans escuro lavado e suspira.

Surfando pelas roupas que encontrei, me deparei com uma


blusa que me lembra o Sr. Thad e meu coração para. É verde e
branco e parece algo que eu usaria em um campo de golfe. Eu a
enterro rapidamente, não querendo olhar mais um segundo.
Pensamentos da polícia encontrando um corpo ou uma família
registrando um relatório de pessoa desaparecida me assustam.

— Então, ele está te levando para um encontro?

Segurando um vestido vermelho sexy com uma mão, jogo


meu vestido casual preto e branco na cama ao lado de Delilah.

— Sim, mas não sei onde. Mordo minha bochecha pensando


em qual vestido usar.

Delilah segura o vestido preto e branco.

—Use isso com algum sapato. Algo branco.


— Ooh, isso seria fofo. — Pego o vestido e tento imaginar
usando-o.

Seria mais confortável do lado, onde Bobby acidentalmente


atirou em mim. É um pouco mais solto que o vestido vermelho,
com certeza.

— Você sabe, você e Zane mudaram tudo para nós.

Sentada na cama ao lado dela, inclino minha cabeça para


trás.

— Como?

— Porque, se você e Zane podem ficar juntos, então


qualquer um de nós pode estar com alguém do clube. — Ela
encolhe os ombros.

Minhas sobrancelhas arqueiam.

— Por que isso é um problema, você gosta de alguém?

Ela me dá um olhar entediado.

— Estou apenas dizendo, agora que é uma opção. É apenas.


Eu não sei. Esquisito. — Ela balança a cabeça e se levanta.

— Bem, ninguém está te pressionando para sair com


alguém Delilah. Zane e eu não pretendíamos mudar nada. Foi
apenas algo que vem surgindo há anos, — tento explicar.
— Eu sei, só espero que ele esteja um pouco mais focado em
encontrar o Lost Wolf do que fugir para o pôr do sol com você. —
Seu tom agudo me ofende. Ela faz parecer como se eu fosse um
caso de uma noite ou uma rameira. Me importo sobre encontrar
Bender apenas tanto quanto ela faz.

— Quero que ele o encontre antes que o bastardo encontre


Zane também, Delilah.

Pouco antes de sair, ela bate as unhas lascadas na moldura


da porta, o rosto coberto por um sorriso condescendente.

— Acredito que sim.

Agarrando minhas roupas fora da cama, me apresso para o


banheiro. As coisas que Delilah me disse no fundo da minha
mente o tempo todo.

Ligando o chuveiro, mordo minha bochecha em


pensamento.

— É claro que quero que Zane esteja seguro, — digo a mim


mesma. Começo a ficar com raiva pensando nisso. Por que D
pensaria que não iria querer o melhor para Zane? Quem sabe, ela
é tão estranha.

A água cai em cascata pelo meu corpo, e arqueio meu torso


para garantir que nenhuma água entre no meu ferimento. Dói
quando tenho que mudar o curativo, mas fora isso não é tão
ruim. Bobby ainda se sente mal por isso. Sempre puxando uma
cadeira para mim e pedindo desculpas. Ele não quis, sei disso.
Fecho os olhos e tento me concentrar no meu encontro com Zane
hoje à noite. Para onde diabos ele poderia me levar?

Limpando a água dos meus olhos, encontro o sabão de


Zane. Maçãs.

Abrindo a tampa, inspiro o perfume. Os tons familiares de


um pomar enlouquecem meus sentidos enquanto os lavo pelos
cabelos. Somente quando penso nesse pomar em particular em
meus cabelos, vejo a neblina se estabelecendo em torno da base
das árvores e as folhas ficando escuras antes de flutuar no chão
coberto de musgo. É como se alguém tivesse tirado uma foto de
uma fazenda assombrada no outono. É assim que vejo Zane e
maçãs.

Riso do outro lado da parede interrompe meus pensamentos


e deligo a água.

Secando, me visto e escovo meu cabelo. Acho que vou deixar


secar ao ar, dar um pouco de ondulação hoje à noite. Borboletas
batem no meu estômago e rosno de frustração. Por que estou tão
nervosa?

Uma hora depois, estou pronta e nervosa.

Uma batida leve na porta quando meu coração caiu na boca


do estômago.
— Está pronta? — Zane pergunta.

Saindo do banheiro, seguro minhas mãos em cada lado do


meu corpo e sorrio.

— Foda-se, — ele sussurra, seu polegar sacudindo seu lábio


inferior enquanto ele me olha.

— Não sabia o que vestir, — confesso. Estava tão nervosa e


não tinha certeza para onde estávamos indo.

— É perfeito. Você é perfeita. — Ele fecha o espaço entre


nós, a mão na minha nuca.

— Quero que você use meu Patch esta noite.

Meus olhos se arregalam com seu pedido.

— Seu Patch?! — Não o meu, mas o dele. Quando um irmão


quer que uma mulher seja dele e que todos saibam eles dão a ela
o seu próprio Patch, transmitindo que pertencem. Mas não é isso.

Ele assente, e engulo em resposta. Acho que nunca vi uma


mulher usar o Patch de um dos homens.

Zane tira seu Patch e me ajuda a vesti lo. É quente e muito


grande para mim. O peso disso ancora uma sensação de
segurança nos meus ossos.

Seu nariz acaricia minha orelha por trás, seu hálito quente
e pegajoso na parte de trás do meu pescoço.
— Estou sonhando com esse dia há muito tempo, — ele
murmura, o desespero em sua voz fazendo meus joelhos
tremerem.

Ele beija meu pescoço, e não posso deixar de me inclinar


para ele, minha mão levantando e segurando sua bochecha
enquanto ele faz coisas incríveis no meu corpo com a boca.

Meus olhos tremem, e minha boca se abre tentando respirar


além da minha excitação. Seu toque simples e o mais fraco dos
barulhos me desenrola como um rolo de seda.

— Vamos lá, ou nunca vamos conseguir, — ele ri.


Endireitando minha coluna, fecho a boca e aliso o vestido. Minha
calcinha está úmida e precisa ser trocada, mas não há tempo
para isso.

Zane entrelaça seus dedos nos meus e me puxa para fora


do quarto.

No final do corredor, passamos por Bobby e minha mãe.


Seus braços estão cruzados, seus olhos no Patch que Zane está
me deixando vestir. Minha mãe sorri com olhos de corça antes de
deslizar para perto de Bobby. Ele parece estar chegando, Bobby...
ele está chegando lá. Depois que acidentalmente atirou em mim,
tenho certeza que mamãe disse para aceitar e seguir em frente.

— Vocês se divirtam! — Mamãe grita para nós como se


fossemos adolescentes saindo no fim de semana.
Aceno uma tchau, mas a maneira como Zane está me
puxando para trás dele, é tudo o que posso fazer.

Na área principal, a alguns metros da porta, Baby sai da


cozinha. Seus olhos caiem sobre mim e Zane antes de cruzar os
braços e olhar.

Zane para e envolve o braço em volta da minha cintura, a


palma da mão firmemente no meu quadril. De repente, meu rosto
está quente e meu corpo zumbe de excitação. Ele silenciosamente
apenas disse a ela que eu sou dele. É o fim para ela.

Do lado de fora do clube, Saint e Rad assobiam e gritam, me


sinto tão estúpida, mas não posso deixar de corar. Todo mundo
está fazendo um grande negócio sobre nós. Zane sai e leva-nos a
sua moto.

— Zane, estou de vestido, eu rio nervosamente.

Com as duas mãos nos meus quadris, ele me puxa para


perto.

— Apenas acesso fácil para mim, — ele sussurra, suas mãos


deslizando para cima do meu vestido e provocando minha
calcinha.

Os arrepios correm pela minha pele e meu corpo afunda


nele.

Puta merda.
Puxando a mão do meu clitóris latejante, ele pisca de
brincadeira e sobe na moto e a liga. Sem discutir com um
pequeno gesto, subo atrás dele e visto meu capacete.

Usando os pés, ele nos afasta do estacionamento e estamos


saindo do clube.

Na estrada, Zane volta para trás, colocando a mão no meu


joelho.

Meus olhos pousam em seus dedos hábeis, minha mente


me perguntando se ele vai me tocar. Quero que ele faça. Preciso
dele.

Como se ele lesse minha mente, seus dedos deslizam entre


minhas coxas cremosas e mergulham sob minha calcinha. Seu
dedo indicador passando através da minha umidade.

Jesus Cristo. Entre o toque dele e a vibração da Harley,


gozarei mais forte do que nunca na traseira da moto. A ideia de
que alguém pudesse nos ver tornando meu corpo mais sensível.

Ele mergulha os dedos profundamente na minha umidade,


e meus dedos se enrolam nos meus sapatos, meus braços
envolvendo-o mais apertado enquanto nos tecemos entre carros
e caminhões. As luzes da noite dançam através de nós enquanto
passamos correndo, e o cheiro de couro e oceano me leva a um
lugar de faz de conta.
Ele acelerou o motor e arqueia o dedo apenas direita. Estou
quase no auge do prazer, mas não estou lá. Amplio minhas coxas
mais, pedindo e implorando por mais, quando de repente
batemos em um solavanco, e seus dedos ficam um pouco mais
profundos. Como um foguete, a lava enche minhas veias, e eu
explodo como o quatro de julho. Aperto a camisa dele e pressiono
meu rosto nas suas costas.

Gemo. Eu gemo tão alto que intensifica meu orgasmo e


ninguém pode me ouvir aqui.

Ele solta a mão e cheira os dedos antes de chupá-los. Não


posso deixar de ofegar e assistir com fascinação. Minhas mãos
escorrendo pela frente de seu estômago duro para encontrar um
pau grande e duro inchando em seu jeans. Ele é tão grande que
posso praticamente imaginar seu pau sedoso em minhas mãos.

Ele vira à direita e começa a desacelerar, caso contrário, eu


retribuiria o favor.

Paramos em um estacionamento, e é aí que percebo que


estamos na biblioteca. O edifício alto feito principalmente de
janelas fica no alto do céu. A enorme fonte de água na frente nos
convida a sentar nos sofás estofados e ler sob as estrelas.

Ele está me levando para a biblioteca.

Compartilhamos um amor comum por livros. Nós


perdermos em um mundo fora do nosso e ter as palavras de uma
página abafando nossa própria miséria, uma pressa e uma
sensação simples de normalidade que ambos desejamos.

Então, para ele me trazer aqui é pessoal e íntimo. Não é o


mesmo encontro antigo e um filme. Isso levou um pensamento, e
adoro isso.

Na verdade, eu o amo.

***

Subindo as grandes escadas para a porta da frente da


biblioteca, Zane se aproxima e agarra minha mão. Dentro do
prédio grande, o cheiro de livros velhos e tinta me atingiu como
uma criança na Disneylândia. O leve cheiro de café flutuando no
ar.

— Então, nunca estive aqui, — ele confessa, uma rachadura


em sua personalidade dura refrescante.

Minhas sobrancelhas franzem e não posso deixar de sorrir.

— Mas você lê muito. Possivelmente mais do que eu.

— Bem, tem essa livraria velha perto do clube, vou lá e pego


livros de segunda mão. É quieto, empoeirado, sem muita gente.
— Ele encolhe os ombros.
— Oh, este lugar tem muito mais livros. Você vai adorar. —
Aperto sua mão. Tentando tranquilizá-lo. Peguei muitos livros
aqui para escola e leitura pessoal.

Ele respira fundo e começa a entrar no prédio. Seus olhos


percorrem a grande área, desde mulheres conversando
animadamente no canto até um grupo de estudantes rindo de
uma mesa sobre livros da faculdade. Multidões o incomodam.
Eles sempre fizeram.

— Sei para onde ir. — Assumindo a liderança, agarro sua


mão e sigo em direção à escada, e subo um lance. Contorno a
seção de fantasia e vou em direção à parte de trás do prédio atrás
de um monte de estantes de livros, onde uma enorme quantidade
de travesseiros enormes são jogados no chão.

— Este é o meu lugar de leitura secreta, — sussurro para


ele. — Quando eu quero sair de casa, procurando silêncio, venho
aqui.

Ele assente, posso dizer que ele está fora de seu elemento
aqui. Ele está fazendo isso por mim. Não quero que ele faça isso.
Quero que nós dois aproveitemos esta noite.

— Podemos ir para outro lugar, — afirmo. Eu vou ser feliz


apenas estar com ele.
— Não, quero estar aqui. — Ele olha para mim com
determinados olhos verdes. — Sempre quis vir aqui, confessa. —
Uau, algo que o próprio grande diabo tem medo.

— Vamos. — Puxo o seu braço e dou uma volta em uma


estante de livros. Começo a correr meu dedo ao longo das
lombadas dos livros, olhando para o livro perfeito para ler. Zane
esfrega o queixo com o polegar, os olhos dele, como ele olha entre
os livros. É sexy vê-lo procurar um livro. Ele é tão focado e está
em busca da leitura perfeita.

Por outro lado, continuo procurando um livro para mim,


perdendo-me em fontes e cores. Poderia ficar aqui por horas.

—Você já ouviu falar deste? — Pergunta Zane. Virando-se,


ele segura um livro sobre o qual ouvi falar muito. Garota
desaparecida.

— Eu já vi o filme, mas não tive a chance de ler o livro.

— Se você está procurando normalidade, esse não é o livro


para você. — Rio.

Ele vira, olhando a sinopse novamente.

— Não sei. Parece sombrio e emocionante. — Seu tom baixo,


mas cheio de emoção.
— Sabe, você pode ler pelo prazer de apenas ler. Fazer uma
pausa no mundo e seu caos é igualmente agradável, começo a
murmurar para mim mesma.

— Você leu isso? —Ele pergunta.

— Não.

— Você ... quer ler isso juntos?

Meus olhos se voltam para os dele. Íris de esmeraldas verdes


dançando com sombras. Um fora da lei que descobre armas e
tatuagens, que mata por uma emoção de alívio quer ler um livro
comigo.

— Sim, Sim. — Aceno como um idiota.

Ele sorri, lançando o livro na mão novamente.

— Talvez, se lermos juntos, as partes ruins não serão tão


ruins. — Sua voz de insegurança me atrai. Seu lado alfa é sexy,
mas vê-lo precisar de mim para algo faz com que sinta borboletas
no meu estomago.

Empurrando o queixo, ele volta para o forte de travesseiros.


Nosso lugar secreto.

Ele se deita, enfiando travesseiros embaixo da cabeça para


apoiá-lo.
Caindo de joelhos, deslizo ao lado dele, minha cabeça em
seu ombro e a mão em seu peito duro.

Ele abre o livro e limpa a garganta. Puta merda, ele está


lendo para mim. Meu coração bate forte, meu corpo começa a
suar. Isso tem que ser um sonho.

— Nick Dunne... — Zane começa a ler, seu peito vibrando


com o estrondo baixo de sua voz. Suas palavras fluem sem
contratempos, a tinta sangramento fora da página e pintar o
quadro mais imaginável. Ele e eu em um trono de travesseiros,
ele lendo para mim, é tão íntimo e pessoal. Um primeiro encontro
que certamente irei lembrar para sempre. Um que eu nunca
pensaria que Zane inventaria por conta própria. Quero dizer, o
primeiro encontro de Bobby e minha mãe foi em um barco
roubado!

Tenho que dizer que há mais neste homem do que aparenta,


e ele está me dando pequenos vislumbres do homem que ele pode
ser apenas para mim.

Isso é bom demais para ser verdade?


ZANE

Jogando os cobertores de cima de mim, saio da cama. Meu


corpo nu pegajoso e suado de ter apenas Addie em todos os
sentidos desde domingo. Essa mulher está fazendo coisas
comigo, me fazendo dizer e fazer merda que nunca pensei que
faria. Esfregando minha testa, me ocorre que não tive vontade de
matar alguém, machucar ou torturar outra pessoa.

Lancei um olhar para seu rosto adormecido. Seu cabelo


jogado em volta dela em cachos, sua pele brilhante e lábios
macios.

Preciso de uma porra de bebida.


Agarrando minha cueca fora do chão, enfio uma perna e
puxo para cima. Meu pau vibra, ainda tentando me recuperar do
orgasmo que Addie me deu meia hora atrás.

Coçando meu peito, saio do quarto escuro.

— Estava apenas vindo para procurá-lo. — Meu pai sai das


sombras do corredor. Ele está completamente vestido a essa
hora, com os olhos bem abertos.

— Por quê?

— Tenho algumas informações, encontre-nos na capela.


Talvez coloque uma calça para que Bobby não atire em você desta
vez. — Ele faz uma careta, me olhando.

Agarrando meu lixo, zombo e volto para o meu quarto para


pegar um jeans. Foda-se Bobby. Ele teve sua chance, se ele tentar
ficar entre mim e meu raio de sol novamente. Vou atirar.

Os homens estão sentados à mesa de madeira, meu avô na


cabeceira fumando um cigarro.

Escolho ficar atrás para ouvir. Ainda não ganhei meu lugar
na mesa.

Eu vou embora.

O vovô Bull bate o martelo.


— Então descobrimos que outro clube está passando por
aqui para entregar algumas mercadorias a um clube no Arizona.
Eles nos ofereceram um preço pela proteção quando a última vez
que eles vieram através dos Lost Wolfs levaram sua remessa.

Cerro os dentes. Desde que o presidente deles saiu da


prisão, parece que eles não conseguem se segurar.

— Acho que só precisamos fazer uma visita à porra do clube


deles e acabar com essa merda, — rosna Bobby. Ele parece meio
adormecido, com cabelos em todos os lugares e bolsas sob os
lindos olhos de menino.

— Isso é estúpido e arriscado, — meu pai descarta


rapidamente.

— Nós já somos um alvo para eles, vamos brincar cowboy


podemos colocar nossos entes queridos em perigo, — Bull
concorda. Ele está falando de mim. Se formos atirar e orar, os
Lost Wolfs irão diretamente para o que querem. Eu.

— Concordo com Bobby nisso. Precisamos agir antes que


eles o façam. Eles provavelmente já estão fodendo conosco e nem
sequer estamos cientes disso — afirmo. Não gosto de todo mundo
andando na ponta dos pés ao meu redor.

— Não, eles não são tão inteligentes, — Lip diz. Ele está sem
camisa, bebendo uma cerveja. Eu juro que ele nunca dorme.
— Saint, Rad e Shadow. Vão até lá e vejam a remessa
completa — ordena Bull.

Desdobrando meus braços, passo para a mesa.

— Por que você não está me chamando. Por que incomodar


meu pai com trabalho de prospecto?

Os olhos do vovô atingiram os meus penetrantes olhos


verdes esfaqueando os.

— Porque, se os Lost Wolfs aparecerem, você será a nova


missão deles, filho.

Balanço a cabeça, não gostando de ser mimado como uma


merda de puta.

— Dou conta disso! — rugi. Sou o melhor atirador na mesa,


e ele pode justificar isso. — Aponto para o meu pai. Ele não
discorda. Ele me ensinou tudo o que sei e me superei. Deixe-me
matar todos esses malditos farsantes no asfalto.

— Filho, — meu pai tenta controlar meu temperamento.

— Não, isso é besteira! — Defendo.

— Fim da igreja. — Vovô bate o martelo, terminando a


reunião.

Jogando meus braços para fora, chuto as portas da capela


e volto para o meu quarto. Para o meu sol.
Preciso de sua pele leitosa, seu toque suave para me
derrubar.

Empurrando a porta, puxo meu jeans para baixo e subo em


cima dela. Minha boca na sua antes que ela acorde. Seus braços
serpenteando ao redor do meu pescoço em questão de segundos,
e a lava correndo pelas minhas veias esfria instantaneamente.
Minhas mãos apalpam seu mamilo macio.

Foda-se, paro, minha respiração trabalhando. Seus olhos


agora abertos, ela ainda está olhando para mim. — Eu amo você,
Addie.

Ela sorri sua mão segurando minha bochecha. — Eu


também te amo, Zane
14

ADDIE

Dois dias se passaram, e Zane está ficando nervoso,


querendo que o bloqueio termine. Ele quer a cabeça do presidente
que atirou em nós, Bender. Não o culpo.

Mastigando minhas unhas, olho para o relógio. A escola


acabou. Louve e eu vamos sair hoje à noite, e depois disso Zane
e eu podemos nos enrolar um com o outro e ler.

Isto é, se ele não tiver nenhum trabalho em potencial a fazer.


Ouvi ele os outros homens conversando ontem. Eles tiveram uma
corrida na outra noite que ficou ruim e voltaram para Zane para
ajudar a se livrar dos corpos. Algo sobre a proteção de uma
remessa que estava chegando havia sido atingido e os Devils
tiveram que agir.

O cheiro familiar de sangue e pólvora pairava pesado no ar


quando ele voltou para a cama comigo naquela noite.

É o que ele é. Ele mora no clube, e eu não posso olhar para


o outro lado. Só posso apoiá-lo. Correto?

Uma batida na porta chama minha atenção.


— Pronta? — Louve sorri. Seu cabelo está arrepiado, com
pequenos pedaços caindo e emoldurando seu rosto. Seu vestido
preto é apertado, pressionando contra suas curvas e os saltos
vermelhos combinam com seus lábios cor de diabo. Parece que
ela está pronta para ir ao clube em vez de jantar. Espero que o
plano ainda seja apenas jantar.

Olhando para mim mesma, não tenho certeza do meu traje.


Minha camisa azul-centúria e calça jeans skinny branca são
exatamente o oposto dela.

— Devo mudar? — Enfio meu cabelo atrás da orelha.

— Oh! Que nada. Você parece bem. É só jantar. — Ela joga


a mão para mim, suas unhas vermelhas brilhantes perfeitamente
feitas.

Se ela diz isso. Não tenho certeza se tenho algo tão


arriscado. Tranco minhas coisas na minha mesa e pego minha
bolsa marrom lobo. Minha mãe pegou para mim quando voltei do
Texas.

— Então vamos com meu carro. Vai ser mais fácil, — ela
continua enquanto nós caminhamos pelo corredor, ela está
caminhando alguns passos na minha frente percebi no início de
uma tatuagem em sua parte superior das costas. Eu nunca vi
isso antes. Me pergunto o que é isso. Passamos pelo escritório do
Sr. Thad, e não posso deixar de encarar o escritório vazio como
uma casa mal-assombrada. Louve me pega olhando e seu corpo
respira fundo.

— Eles ainda não tiveram notícias dele, — ela informa, seu


tom desenhado com uma pitada de tristeza.

Engulo o caroço repentino que se forma no fundo da minha


garganta como uma reação alérgica ruim.

— Sim, isso é apenas uma loucura, — murmuro.

— Sim, louco, — ela repete em um sussurro.

Lá fora, Zane senta em sua moto, fumando. Pelo cheiro de


folhas almiscaradas, eu diria que era um baseado.

— Realmente? Ele também vem? — Ela para e faz uma


careta.

— O que? Não, ele... deixe-me falar com ele bem rápido. —


Eu levanto minha mão, pedindo para me dar cinco minutos com
ele. Certamente ele não gostaria de sair com duas garotas
conversando.

Ele esfrega a junta na parte inferior da bota para apagá-la,


a fumaça dançando ao redor dele como se os poços do inferno o
desmaiassem. Ele é tão sexy que eu não acho que ele poderia
fazer algo para me desligar.
— Ei, estou indo jantar com uma amiga. Encontro você no
clube mais tarde, ok?

Ele olha por cima do meu ombro para a senhorita Louve. O


rosto dele não revelava nada. Ele não diz nada, mas posso dizer
que ele está avaliando-a.

— Ela é inofensiva. — Rio, a senhorita Louve teria um


ataque de pânico se ela quebrasse uma unha. — É só jantar e
beber. Nós ficaremos bem. —Reviro os olhos, agarro-o pelo corte
de couro e dou-lhe um beijo em sua bochecha.

— Se você demorar mais de uma hora, vou buscá-la,


Sunny.

Eu faço uma careta.

— Zane, posso sair com amigos. Não gosto de me digam o


que fazer, caramba.

— Não é isso. É que não é seguro. Se fosse embora e


deixasse algo acontecer com você

Eu o cortei com um beijo.

— Vou ficar bem. — Digo sorrindo.

Ele assente, suas narinas se abrem.

— Ligue para mim se vocês, meninas, beberem demais.


Prometa-me. — Suas sobrancelhas abaixam, seus olhos
prenunciam uma escuridão me avisando que se não prometer a
ele, ele me sequestrará de volta ao clube.

— Prometo. — Seguro meu mindinho, ganhando um sorriso


dele. Ele anda para longe, balançando a cabeça. Rindo dele, eu
me viro e dou um pequeno aceno antes de ir para o Beemer
vermelho da senhorita Louve.

Abrindo a porta, deslizo para dentro de seu carro e o cheiro


de cerejas é avassalador, o purificador de ar de cereja vermelho
brilhante pendurado no retrovisor espelha o culpado com certeza.
O carro está muito limpo. Assentos de couro, e não uma mancha
de poeira no painel.

Ela desliza no banco do motorista, as pernas compridas


amontoadas atrás do volante.

Ela joga o cabelo por cima do ombro e sorri para mim.

— Pronta?

— Sim. —Sorrio. Além de Delilah e Piper, não saio com outra


mulher para dar algumas risadas há muito tempo. Poderia usar
isso, usar alguém fora da vida do MC. Falar sobre fofocas de
Hollywood, tempo, apenas coisas normais.

— Então, o seu cão de guarda está bem com você não


estando ao lado dele? — Ela liga o carro.
Minhas sobrancelhas se apertam com o tom de voz dela.
Zane apenas se preocupa com a minha segurança, se ela
soubesse a merda que passamos ultimamente, ela entenderia.
Provavelmente parece que ele está tentando me controlar do ao
lado dela.

— Sim, ele está totalmente bem com isso. — Olho para o


painel para que ela não veja a raiva queimando nos meus olhos.
Eu sou protetora de Zane.

Ela sai do estacionamento, e eu não posso deixar de notar


Zane em pé no espelho lateral. Seus braços estão cruzados, uma
mão esfregando o queixo enquanto ele me vê ir embora. O carro
balança para frente e para trás e nunca separamos nosso olhar
até ficarmos fora de vista.

— Então, me fale sobre o garoto cão de guarda. Ele sempre


esteve em um clube?

— Hum. — Sento-me no meu lugar, apertando o cinto. Não


tenho certeza do que devo dizer, pois estou limitada às
informações que posso dar. Então, novamente, não quero afastá-
la. — Ele cresceu no clube, se é isso que você quer dizer. Nós dois
crescemos — eu decido confiar nela. Tentando virar a conversa
para mim e não para Zane.

— Você também, hein? — Ela me dá uma rápida olhada


antes de olhar para a estrada.
— Sim, quero dizer pela maior parte da minha infância, de
qualquer maneira. — Dou de ombros. É um pensamento confuso
voltado ao que eu lembro por último, mas é sempre a vida do
clube.

Ela morde o lábio inferior e assente.

— Legal. — Ela realmente não parece que está entretida.


Deve estar fazendo conversa fiada.

— E você? — Eu pergunto a ela.

Ela bate a unha na direção da roda, a mandíbula aperta.

— Minha infância foi um inferno e não quero falar sobre


isso. — A finalidade em sua voz faz meus olhos se arregalarem.
Deve fazer-me voltar fora, mas só quero fazer mais perguntas
agora. Aqui estou tentando contar a ela o máximo que posso, e
ela nem quer tentar.

Talvez ter amigos fora do clube seja superestimado.

Seu telefone toca e ela desliza para fora da bolsa, tentando


ficar de olho na estrada. Seus dedos disparam pela tela,
mandando uma mensagem para alguém antes que ela clique em
enviar e clique para vibrar.

Finalmente, paramos no estacionamento de um pequeno


restaurante fofo. Há uma pérgola coberta de treliça e folhagem
verde. O restaurante em si estava coberto de pequenas telhas
marrons e tinta branca. Isso me lembra algo de um filme da
Disney. Pequenos elfos ou gnomos prontos para sair a qualquer
momento.

Virando o carro fora, saímos coloco a alça da minha bolsa


sobre meu ombro. O ar quente refrescante depois de quase ser
sufocado por cerejas.

Esperando a senhorita Louve sair, aproveito a oportunidade


para olhar o lugar. Pequenas luzes acendem um caminho até a
porta, e flores e cogumelos falsos formam um jardim de cada
lado.

— Isso é tão fofo, — eu digo. Não importa quanto tempo


more aqui, sempre me surpreendo com um novo lugar. Eu acho
que é a Califórnia para você. Sempre há lugares fechando e
abrindo.

— Sim, está tudo bem, vamos comer aqui fora, é perfeito. —


Ela corre por mim e a sigo até a porta da frente. Lá dentro, o
cheiro de manteiga e pão faz meu estômago roncar. Mesinhas
com toalhas de mesa xadrez e velas sentadas ao redor do espaço.
Olhando para o telhado, existem videiras e folhas. É como sair da
cidade em uma floresta mágica.

E tudo em que consigo pensar é quanto quero mostrar a


Zane este lugar. É fora do caminho batido, espaçoso e não muito
cheio. Ele pode se divertir aqui.
O anfitrião, um jovem de aparência coberta de tatuagens e
um terno preto com gravata verde, nos cumprimenta. Ele é alto,
o cabelo curto e o rosto pálido.

Louve assume a liderança e diz onde queremos sentar, e ele


pega dois menus e sorri para nós.

— Por aqui. — Ele se inclina antes de liderar o caminho para


o pátio.

Do lado de fora, no pátio, as mesas são de madeira que me


lembram minha velha mesa de madeira do celeiro e pequenas
luzes cintilantes penduradas nos galhos das árvores acima. É
meio romântico.

O anfitrião puxa minha cadeira de metal e me sento.

— Obrigada, — murmuro, chegando até a mesa.

— Vou tomar um copo de seu vinho tinto. — Louve bate no


menu com a unha vermelha. Ela obviamente já esteve aqui antes.

— Eu vou tomar um chá doce. — Eu sorrio e olho para o


menu para saber o que pedir.

Ele se inclina e se afasta.

— Então, qual é o seu primeiro nome? — Eu pergunto. Eu


me sinto estranha chamando-a de senhorita Louve o tempo todo.
— Todo mundo me chama de Louve, — ela informa. Eu espio
acima do cardápio com olhos curiosos.

— Realmente? Quero dizer, acho que não é tão estranho.


Conheço muitos professores que usam seu primeiro nome ou
apelido.

Ela assente e fecha o cardápio.

— Sim, se alguém tentasse me chamar de algo diferente, eu


não responderia. Louve é meu nome e modo de vida. — Ela
encolhe os ombros, os olhos sorrindo.

Não respondo, pois não tenho certeza do que isso significa.

Nossas bebidas são colocadas e um homem diferente do


anfitrião pega um bloco de papel. Parece que ele poderia ser o
gêmeo do anfitrião. A mesma roupa e o mesmo rosto pálido.

— Você está pronta para fazer o pedido? — Ele pergunta,


me pegando olhando para ele.

— Claro, eu gostaria de salmão e salada. — Entrego meu


cardápio com um sorriso gentil.

— Vou levar a salada do jardim, molho extra. — Ela puxa o


cardápio de volta para ele, sem se importar em sorrir.

Ela é realmente difícil de ler. Ela é tão cruel, mas faz isso
com um sorriso.
O homem se inclina novamente e se afasta.

Recostando-me, olho para o cenário enquanto esperamos o


nosso jantar. Somos as únicas lá fora, o céu escurecendo à
medida que a noite se aproxima. O cheiro grelhado vindo do
restaurante fazendo meu estômago roncar.

— Qual é o seu primeiro nome? — Louve finalmente


pergunta.

— Addie, — eu respondo.

Ela toma um gole de vinho, os olhos olhando para mim. Não


posso deixar de sentir que ela está me avaliando. Isso me faz
sentir desconfortável.

Eu levanto, alisando minha camisa.

— Eu vou usar o banheiro, já volto, — eu sussurro.

— Claro! — Ela aponta para as portas duplas à nossa


esquerda. Tomando a direção dela, vou para dentro. Toneladas
de pequenas mesas com velas sentam-se com casais. As luzes
acima estão reduzidas e há conversas leves entre os convidados.
Uma garçonete passa e eu a paro.

— Onde é o seu banheiro?


— Lá. — Ela aponta atrás de mim em direção a um corredor
escuro. Claro, sempre está ao meu lado quando eu desisto e
pergunto.

— Oh, obrigada!

Eu ando em volta das mesas e sigo o corredor sombrio,


encontrando os banheiros imediatamente.

Empurrando a porta, o cheiro de limão bate nas minhas


narinas. Vou para a cabine do meio e faço meus negócios.
Verificando meu telefone do bolso, vejo se Zane ou minha mãe
ligaram.

Nada.

Clicando para dormir, termino e vou lavar as mãos. Olhando


para o meu reflexo brevemente antes de voltar para a minha
mesa.

Louve brilha quando eu volto, sentando e girando seu copo


de vinho.

— Está tudo bem? — Ela pergunta.

— Sim. Sento-me.

— Que tal um brinde? — Ela levanta o copo, os olhos


sorrindo e o rosto amigável. Talvez esta seja apenas como
estranho para ela, toda está fazendo amigos coisa na nossa idade.
Agarrando meu chá doce, eu levanto até o dela.

— Para. Nunca pedir desculpas por liderar o bando. — Ela


abaixa a cabeça, seus olhos uma vez sorridentes ficando um
pouco mais escuros.

Eu olho para ela um pouco confusa. — Bando?

— De mulheres! Não, para as mulheres liderando o


caminho, — continua ela.

— Então, para a mulher liderando o caminho? — Eu posso


entender isso. Eu aperto meu copo no dela antes de tomar um
gole. O gelo pressionando contra meus lábios quando a doçura
sacia minha sede.

— Sabe, Addie, eu costumava ser uma coisinha frágil e


assustada quando criança. Assustada com tudo, e sozinha.
Deus, você sabe como é ter sua família? — A dor aumenta em
sua voz, chamando minha atenção.

Uau, ela está se abrindo.

— Eu não sei. — Eu franzo a testa. Quero dizer, eu tenho


medo. Especialmente quando se trata do clube, mas não posso
dizer isso a ela.

— Claro que não, — ela retruca, veneno em suas palavras


ardendo. — Você tem tudo, e sempre teve, certo? — Ela inclina a
cabeça para o lado, um sorriso condescendente puxando seus
lábios vermelhos. Ela está com raiva de alguma coisa? Eu disse
algo errado?

Abro a boca para responder e minha cabeça de repente


parece leve. Meu refluxo amordaçado me fez querer vomitar.

Segurando a mão sobre a boca, levo um segundo para me


recompor. Minha visão está começando a ficar confusa, minha
boca seca e meu estômago aperta a ponto de parecer que alguém
está brincando com uma boneca de vodu e me apunhalando
repetidamente com um alfinete.

Alcançando meu copo, tomo outro gole, o chá frio correndo


pela minha garganta. Não ajuda em nada com minha repentina
doença.

— Mas, eu segui em frente. Eu sabia que as coisas iriam


eventualmente ficar melhor. Pelo menos é o que meu pai ficava
me dizendo. — Ela encolhe os ombros, tomando um grande gole
de vinho, seus olhos em mim acima da borda do copo. Não
parecendo notar meu desconforto.

Pego a mesa, me sentindo tonta.

— Eu não me sinto tão bem, — eu grito, meu estômago


revirando até eu engasgar.

— Não? — Ela inclina a cabeça para o lado com olhos de


corça.
— Eu não, Hum. — Eu levanto, segurando a mesa para
apoio.

— Eu segui em frente, Addie, até perceber que você fazia


parte da porra da Devil’s Dust! — Suas palavras mordem minha
realidade, mas antes que eu reaja, eu caio no chão, quase levando
a mesa inteira comigo. Minha cabeça bate naquele pátio duro e
tudo gira violentamente. Como se estivesse em uma montanha-
russa e não há sinal de parada.

Louve paira sobre mim, e eu tento empurrá-la para longe.


Mesmo me sentindo doente, sei que ela é uma inimiga, uma
inimiga do clube e eu entrei direto na porra da sua teia.

— Você me envenenou, — eu resmungo, minha boca


espumando e olhos ardendo.

— Esse é o menor dos seus problemas, porra! Ela rosna


antes de bater com o calcanhar direto na minha cabeça.

Nada além de trevas isoladas e o sentimento desamparado


de medo toma conta.
15

ZANE

Faz duas horas e Addie não atende ao telefone nenhuma


vez. Nem mesmo uma porra de texto. Não quero ser aquele cara
que persegue sua mulher, mas estou começando a me preocupar.

Andando pelo bar do clube, tomo um gole da minha cerveja.


Minha mão esfregando a parte de trás do meu pescoço.

— Continue assim, você vai usar um buraco no chão, —


Piper geme, virando a página para uma revista. Ela está sempre
lendo aquele lixo do Cosmo.

— Addie está fora há duas horas, Piper, e não retornou


nenhuma das minhas mensagens de texto ou ligações, — explico.
— Não é como ela se ela fosse me ignorar isso me faz pensar que
algo está errado. Meu instinto está me dizendo que algo está
errado.

— Humm. — Ela morde sua bochecha pensando. — Deixe-


me tentar ligar para ela.

Puxando o telefone, ela tenta ligar, mas vai direto para o


correio de voz.
— Ela não respondeu, respondeu? — Eu levanto uma
sobrancelha. Por que Addie responderia a ela e não a mim?

— O que está acontecendo aqui? — Minha mãe olha para


mim e franze a testa. — Você está bem? Ela pergunta, deslizando
lentamente em um banquinho.

— Ele está preocupado com Addie. Ela saiu com uma amiga
e não ligou ou retornou as mensagens dele — Piper diz a todos
os meus assuntos, mas é verdade.

Mamãe me dá um olhar preocupado, os lábios contraídos.

— Ela disse para onde estava indo?

— Para jantar com uma amiga por cerca de duas horas. —


Eu dou de ombros. — Eu deveria ter descoberto para onde elas
estavam indo. Eu sou um idiota.

— Shadow! — Minha mãe grita e Bobby, Shadow e Lip saem


da capela. Meu pai olhando para minha mãe por chamá-lo como
um animal de estimação.

— Addie está desaparecida, não dá notícias há horas, —


explica ela.

— Ela não está desaparecida, ela simplesmente não atende


ao telefone. — Piper revira os olhos, agindo como se todos
estivéssemos sendo dramáticos.
—Piper, — eu a aviso, ela está ultrapassando um limite que
ela não conhece. Ela e Addie podem ser amigas, mas Addie e eu
estamos muito mais pertos. Ela não me respondeu quando
perguntei se ela estava bem. Foda-se, e se elas ficaram bêbadas
e sofreram um acidente de carro ou algo assim?

— O que diabos você quer dizer? — Bobby olha para mim.


É minha responsabilidade protegê-la. Eu falhei.

— Ela saiu com uma amiga de trabalho e ...

Ele segura a mão para cima, me cortando fora. Isso me


irrita.

Puxando o celular, ele tenta ligar para ela e, é claro, ele vai
para o correio de voz. Por que todos eles assumem que ela
responderia a eles e não a mim?

— Lip, eu não gosto disso. Você pode rastrear o telefone


dela? — A voz de Bobby tremula quando ele olha para o telefone.

— Agora. — Lip se atrapalha com o anel labial e corre para


a capela e todos seguem.

Ele clica e toca em um laptop, e todos esperamos para ver o


que ele encontrou.

— Depressa, porra, — Bobby sussurra antes de se virar para


mim.
— Você sabe quem é essa amiga de trabalho?

— Merda, não me lembro da porra do nome.

— Love ou Louve? Foda-se, não me lembro. É algo estranho.


— Eu começo a ficar frustrado.

— Não estou conseguindo rastrear o telefone dela, cara, —


rosna Lip, continuando a tocar no teclado. — Isso não é bom.
Todos nós temos um GPS no telefone, se o dela não estiver ligado,
significa que alguém a tem, uma má notícia.

— Alguém deve ter pego ela, — afirmo meu tom de voz grave
e pingando de medo. Pessoas, nomes e rostos começam a girar
na minha cabeça, minha mente tentando descobrir quem tirou
meu sol.

Bobby puxa seus cabelos.

— Porra! Ele ruge.

— Oh meu Deus, — minha mãe sussurra, cobrindo a boca


com a mão. Foi jantar com uma professora com quem ela
trabalha todos os dias. Não achei que fosse um problema, não
queria pairar ou dizer não a ela. Eu não queria ser um idiota
controlador. Mas, porra, deveria ter ficado com meu instinto a
seguindo. Eu sabia.
— Vou encontrá-la, — digo a todos; prometo a eles. Preciso,
minha vida sem Addie não é uma vida. Eu abro caminho entre os
irmãos, determinado a encontrá-la.

— Espera! — Shadow me agarra pelo Patch e o empurro.


Estou suando e pela primeira vez na minha vida, estou com
medo. Estou com medo. Estou com medo de perder a única
mulher nesta terra que me tem.

— Você não sabe onde diabos está indo. E se quem a tem


está esperando você sair do clube? Hã? Fazemos isso juntos! —
Papai me puxa pela nuca, tentando chamar minha atenção. A cor
do sangue lava por trás dos meus olhos, a besta dentro de mim
espumante na boca para rasgar a carne de alguém.

Girando nos calcanhares, rugi, a fera dentro de mim e


pronta para matar alguém da minha maneira. Preciso encontrá-
la. Eles não entendem? A culpa é minha, e Addie pode estar em
algum lugar machucado e chorando meu nome para salvá-la.

Esse último pensamento me faz estalar. Pego uma cadeira e


jogo contra a parede, fazendo-a quebrar em um milhão de
pedaços e quebro algumas molduras. Não faz nada pelo que estou
sentindo por dentro, estou chateado e magoado. Agarrando outra
cadeira, eu a lanço através da sala. As garotas gritam e se
afastam no momento em que ela bate na janela.
— Que porra é essa? — Eu ouço vovô Bull xingar do outro
lado do corredor. O sangue corre em meus ouvidos, meus dedos
se esticando como as veias do meu pescoço. Tudo o que posso
ver é vermelho. Quero descobrir quem tem minha namorada e
quero matá-los mil mortes.

— Controle-se! — Bobby está de repente na minha cara.


Aponto para ele, avisando-o para calar a boca. — Não posso ser
controlado ou domado quando estou assim. Alguém tem minha
mulher, e a ira do meu diabo interior está prestes a colocar sua
fúria entre todas as almas que entram em contato.

— Esta é minha filha, e preciso da sua cabeça no lugar! Não


é uma porra de perspectiva! — Bobby tenta ir contra mim.

Chegando a ele, Shadow e Lip pulam na minha frente.

— Saia de cima de mim! — Empurro para eles, querendo


estrangular Bobby. Ele vai nunca saber o que Addie significa para
mim.

— Foda-se. Foda-se todos vocês! Me viro, esfregando a parte


de trás do meu pescoço novamente.

— Ficar contra nós não a trará de volta, filho. Respire, porra!


Meu pai sussurra para mim, mas não estou ouvindo. Tudo o que
consigo pensar é sobre quem tem Addie. Ela está segura? Ela está
machucada?
— Filho, nós a encontraremos. Respire. Você não pode
ajudá-la assim. A voz da minha mãe se enrola em torno da raiva
que me controla, a palma da mão pressionada contra as minhas
costas. — Ele queima. Arqueando minhas costas, fecho os olhos
e respiro através da dor que irradia pelo meu corpo.

— Quem quer me explicar por que minhas cadeiras estão


em uma dúzia de pedaços fodidos? — Bull entra na capela
chamando minha atenção, ele não tem nada além de jeans e
botas. Seu cabelo cor de pimenta combinava com a barba.

— Nós temos um problema. — Minha mãe suspira.

— Addie foi levada por alguém, — Lip informa.

— Preciso falar com Doc, e agora, — Bobby murmura,


puxando o telefone e entrando no canto da sala. Doc vai explodir
uma merda em todos.

— Onde está Doc? — Piper pergunta por cima do ombro de


Bull.

— Trabalho, — diz Bobby, ainda tentando ligar para ela.

— Vá buscá-la. — A voz do meu pai é aguda e não deve ser


questionada. Bobby olha em volta da sala, em conflito se ele deve
ficar e ajudar com Addie, ou vá se certificar de que Doc está
segura.
— E se eles tentarem levá-la a seguir? — O rosto da minha
mãe fica histérico.

— Eu a encontro. Vá — prometo a Bobby. Ele olha para mim


com um olhar.

— Você a encontrando e me liga! — A tensão em sua voz faz


minhas narinas se dilatarem. Eu vou encontrar Addie. Ela é meu
raio de sol e, sem ela, meu mundo não passa de frio, violento e
sombrio. Sem ela, não há vida.
ADDIE

Acordando, a areia gruda no meu rosto, meu nariz queima


e meus olhos lacrimejam por serem atingidos na cabeça. O cheiro
de madeira queimada e sal fazendo minha cabeça doer mais.
Minha visão está embaçada, o som das ondas do oceano correndo
pela costa me dizendo que estou em uma praia ou perto de uma.
Está escuro e quente lá fora. Meu corpo treme e meus membros
tremem lembrando o que aconteceu comigo momentos antes de
sair.

Gemendo, tento me sentar, mas minhas mãos estão


amarradas nas minhas costas. O pânico corre pelos meus
membros como um tiro de eletricidade. Estou na praia, na
mesma praia em que o clube faz nossos piqueniques em família.
Só minha família não está aqui, pessoas que querem me
machucar estão. Olhando para o lado oposto da praia, você pode
ver o vale rolando em brasas dos fogos, parece que eu fui colocado
nos poços do inferno.

Abro a boca para gritar por socorro, mas meus lábios estão
fechados.

Isso não pode estar acontecendo. O que está acontecendo?

Louve entra na minha vista, uma arma na mão. Seus olhos


pretos delineados são apertados com uma sensação de
arrogância, e homens grandes, com grandes músculos, ficam
atrás dela de maneira defensiva. Eles estão todos usando cortes
de couro. Eles são de um clube de motos? Louve está em um
clube de motos?

— Bem-vinda de volta, princesa. — O tom sarcástico da


senhorita Louve me irrita. Ela colocou algo na minha bebida e me
bateu. Ela planejou tudo isso.

Murmuro meu ódio por trás do adesivo, mas apenas me


ganha uma risada do meu sequestrador.

— Você já sabe quem sou? Isso atingiu seu pequeno


cérebro? — Ela empurra minha cabeça com a mão e eu gemo de
dor. Ainda me sinto mal por tudo o que ela colocou na minha
bebida. Meu estômago se sentindo como se tivesse feito duzentos
abdominais.

— Louve significa loba e essa é minha matilha. Nós somos


os Lost Wolfs. — Ela estende as mãos e tudo vem apressado. The
Lost Wolfs foi o clube que começou o tiroteio quando era criança,
o mesmo clube procurando por Zane.

— Veja, quando o pequeno cão de guarda chegou à nossa


escola, percebi quem ele era muito rapidamente. — Ela anda de
um lado para o outro, batendo a pistola contra a coxa. — Ele era
um Devil’s, então você mencionou o nome dele, e percebi que ele
era mais do que um diabo. Ele foi o filho da puta que atirou no
meu pai, quase o matou e o colocou na prisão! — Ela grita,
ficando histérica. Clubes não chamam a polícia, nós lidamos com
isso. Isso é código!

Meus olhos lacrimejam com lágrimas não derramadas. —


Não ligamos para a polícia, alguém na praia ligou.

Como pude ser tão ingênua ao pensar que essa mulher


queria ser minha amiga.

Ela se vira, puxando a parte de trás do vestido e a tatuagem


das cores de seu clube reivindica cada centímetro de suas costas.
Fechando os olhos, me desprezo por não manter os olhos abertos,
como minha mãe sempre me dizia. Meu inimigo estava tão perto,
e nunca suspeitei disso.
— Calma aí, ela não é quem nós queremos, Louve. — Uma
voz baixa e sombria soa no bando de homens. Lágrimas caem
pelo meu rosto enquanto espero a pessoa pertencente à voz dar
um passo à frente. Os homens corpulentos se afastam,
permitindo que um homem alto e familiar apareça. Ele usa uma
bandana preta em volta da cabeça, o cabelo escuro cortado curto
e uma cicatriz feia estraga o lado esquerdo da testa. Nenhum
cabelo está crescendo lá, e a pele é várias tonalidades mais claras
que o resto dele.

Ele é o homem que Zane atirou na cabeça.

Ele é o presidente dos Lost Wolfs.

Ele é Bender.

De repente, sinto-me doente de novo. Ele vai me matar. Vou


morrer. Nunca mais vou ver minha mãe ou Bobby. Nunca mais
vou ver Zane.

— Queremos o homem dela, seu clube. Ela não. — Ele sorri


para mim, mas eu não estou sorrindo.

— Ela sabe onde está meu irmão, eu sei, — zomba Louve. O


irmão dela? Por que diabos saberia onde está o irmão dela?
Percebendo minha confusão, ela se apressa para mim e me
agarra pelos cabelos, os fios estalam em suas garras e minha
cabeça lateja.
— Cadê Thad, sua vadia? Sei que você fez alguma coisa —
ela rosna na minha cara.

Oh meu Deus, o irmão dela é o Sr. Thad. O diretor da escola.


Faz muito sentido agora, eles não estavam dormindo juntos, eles
eram da família. Deus, eles eram tão opostos. Posso ver Louve
sendo motoqueira com a maneira como ela se veste, mas Thad,
ele se vestia como um quadrado.

Bender pega do seu bolso um cigarro, coloca-o entre os


lábios rachados e acende-o com um fósforo. O cheiro de enxofre
fazendo meu nariz doer mais.

Ele inala e joga o fósforo aceso na minha cara.

Doeu, fazendo-me estremecer e me desvencilhar do bastão


de fogo.

— Isso é verdade, você sabe onde está meu filho? — Bender


pergunta casualmente. Meus olhos ardem em lágrimas, meu
coração bate tão rápido que me sinto doente.

Meus joelhos estão doendo da areia granulada cavando em


meus joelhos, e meus pulsos queimando das minhas restrições.

Eu balancei minha cabeça não. Realmente não, mas


conheço algumas pessoas que o fazem. Deus, sabia que isso não
tinha acabado. Meu instinto me dizia que Thad voltaria para me
assombrar.
— Ela está mentindo, — Louve grita, com lágrimas nos
próprios olhos.

— Você sabe que meus dois filhos se saíram bem,


conseguindo um emprego, avançando com a vida, — Bender fala
enquanto eu continuo tremendo.

Estou com medo, mais do que nunca, mas tenho que


acreditar que meu clube virá atrás de mim. Zane virá atrás de
mim. Então, novamente, é exatamente isso que essas pessoas
querem. Zane. O que acontece se ele tentar vir atrás de mim?
Eles irão certamente matá-lo, e então, provavelmente a mim
também

— Eu tenho o telefone dela, quer que eu faça a ligação? —


Louve pergunta ao pai, atrás dele. Deus, eles são muito
parecidos, é assustador. Ela tem aqueles olhos assombrados,
como não vi isso antes?

Ele esfrega o queixo e se agacha na minha frente. Seus olhos


escuros olhando direto nos meus. Ele é tão vil e intimidante, a
onda de lava enche meu peito, me pedindo para desviar o olhar.

— Eu não sei. O que você acha Addie? Ele zomba do meu


nome e minhas narinas se abrem. Não movo um músculo em
resposta. Ele está tentando me ler.

— Tenho que dizer, gosto de toda essa fita na sua boca. —


Ele ri antes de deslizar um único dedo sobre a fita brilhante na
minha boca. Meus joelhos tremem e fecho meus olhos. Lágrimas
escorrendo pelo meu rosto. — Oh, não chore agora, menina.
Meus homens vão te tratar muito bem! Ele grita, e grandes
homens gordos riem atrás dele.

Ele se levanta e me chuta, sem ter que usar muita força,


pois sou fraca. Caio no chão, meu ombro batendo na areia.

Louve ri.

— Ela é tão patética.

— Faça a ligação, — o pai dela ordena.

Louve tem meu telefone e começa a discar.

Eu grito e chuto minhas pernas, tentando fazê-la parar.


Para apenas leve-me e chamada tudo mesmo.

Porque sem Zane na minha vida ... será inútil e sem direção.
Eu já vivi essa vida antes, e não consigo imaginar o que pensar
nisso novamente.
16

ZANE

— Quem é essa cadela que ela saiu? Descubra!

— Como você apenas a deixou ir sozinha? — A mãe de


Addie está histérica, ela está gritando com todos e chorando.
Bobby tenta consolá-la, mas ele apenas ganha um punhado de
tapas, um punhado de tapas. Doc está lidando com raiva como
inferno.

Meu bolso vibra, e eu rapidamente pegar meu telefone livre


de meus jeans. Rezando para que seja Addie.

— É ela, — digo em voz alta, todo mundo olha na minha


direção. Seus rostos pálidos.

— Atenda! —Doc grita para mim.

— Olá, Addie? — Doc tenta pegar o telefone e uso meu


cotovelo para força-la a sair.

—Addie quem? Uma voz feminina ri. Eu fixo a voz ao rosto.


É a professora que ela saiu.

— Escute sua puta.


—Não, você escuta! Você deseja ver sua cadela outra vez,
você vem para praia da costa. Você tem trinta minutos antes de
começarmos a cortar–lá em trinta pedacinhos membro por
membro.

O telefone fica mudo, e quero esmaga-lo com a minha mão.

—O que eles queriam? Dinheiro? — Doc pergunta com um


rosto vermelho e choroso.

—Eles nos querem na praia. O mesmo lugar que


temos as noites em família. —Minha voz é baixa, o terror corre
pela minha mente como um quebra-cabeça insolúvel. Quem é
essa mulher e por que ela nos quer? O que Addie tem a ver com
isso?

— Vamos lá! — Bobby reúna os homens, e todo mundo


começa a correr para o seu esconderijo de armas.

De jeito nenhuns nós vamos perder Addie, ela é uma das


nossas e todos nós vamos salvá-la. É disso que a nossa
irmandade é feita, o que significa família.

Vou para o meu quarto, pegar minhas armas, munições e


colete balístico. Segurando as tiras, posso sentir meu próprio
coração bater mais forte contra o meu peito.

— Tenho alguns detalhes sobre a professora!


Lip grita do bar. Chutando minha porta aberta, coloco a
minha 45 em meu coldre e vou ver o que ele achou.

Me sinto como um robô direito agora, a minha única missão


é salvar Addie.

— Ela uma professora da escola. O nome verdadeiro dela é


Louve Maroon.

Nada está batendo ela é apenas uma cadela em uma viagem


de poder?

— Ao procurar mais longe seu pai é o presidente do Lost


Wolfs. Ela é filha de Bender. Todo mundo congela e o nome ecoa
na minha cabeça como um sino.

— Seu pai simplesmente acabou de sair da prisão. — Bull


diz ao grupo seus olhos pousando em mim. Isto é por minha
causa por não matar Bender a primeira vez que eu tive a
oportunidade.

— Já chega de história. Vamos lá. — Eu ando na frente da


multidão todos nos seguem Rad e Saint estão ao meu lado. Meus
irmãos leais.

—Nós vamos recupera-la, irmão — Rad bate minha volta, e


eu aceno. Eu sei que vamos.

— Tenho suas costas, irmão, — Saint informa, colocando


uma bala na câmara de sua arma. O barulho do click é uma
promessa para os deuses que suas almas vão serem entregues
esta noite.

Pisando fora, o vento sopra, o som de botas marchando


através do pavimento soando através da noite como aviso para o
ceifeiro. Hoje à noite, a vidas vão ser tomadas, e uma guerra vai
ser vencida.
ADDIE

— Onde eles estão? — Louve grita, andando para trás e para


frente me encarando. Seu cabelo está mais bagunçado do que
antes, e seu vestido está bagunçado com sangue e areia.

Meu corpo molhado com suor e minha boca seca como um


deserto. O som da água batendo, tornando minha sede ainda
pior.

— Eles estão chegando, relaxe, — seu pai rosna, sentado em


uma mesa de piquenique nas proximidades.

— Talvez devêssemos nos divertir até então, — sugere um


dos homens de barriga gorda da multidão. Seu cabelo é
desgrenhado e grisalho, sua barriga me lembra o Papai Noel
Ruim.

Louve cai a seus joelhos, seu vestido subindo, ela empurra


meus pulsos atrás de minhas costas, meus ombros ameaçando
deslocar devido a posição

Eu fico tensa, tentando me libertar de seu agarre.

— Acho que devemos tomar um dedinho. — Ela ri, e o


homem gordo assente com um sorriso.

Seu pai rola seus olhos e cruza os braços como se ele não
ouvisse. Ele não diz para ela parar.

O som de uma faca sacudindo livre da bainha me faz saltar.


Eu tento puxar o meu dedo de volta em minha palma, mas ela é
muito forte. A picada aguda reivindica a pele do meu mindinho e
eu grito atrás da fita. Uma dor lancinante dispara em toda a
minha palma. Meu estômago ameaçando vomitar.

O som de motos ruge na curva, e ela congela, a sensação de


queimação arranhando meus dedos pausando. A sensação
quente e escorregadia de sangue cobrindo o resto da minha mão.
Usando meu dedo anelar, ainda consigo sentir meu dedo
mindinho, para que ela não o corte, mas ela definitivamente o
cortou.

— Pare! O pai dela pede. —Eles estão aqui.


— Você é sortuda! — Ela me empurra e caio com meu rosto
no chão. Choro. Choro por alívio por Zane estar aqui e choro pelos
deuses para protegê-lo.

Os faróis dançam ao redor dos rostos dos Lost Wolfs quando


eles se aproximam e é então que sei que não importa o que, eles
sempre virão atrás de mim.
17

ZANE

Olhando para a praia a cena diante de mim me enfurece.


Tantos homens e aquela cadela parada em torno de Addie. Ela
está machucada e amarrada. O olhar dela angustiado faz algo
comigo que não posso explicar. Nem coloco minha moto em seu
suporte. Ao parar, eu deito e corro para a praia.

— Zane, espere! — Meu pai grita atrás de mim. Não me


importo se todos eles atirarem em mim, não há nada para me
parar.

Não há espera. Addie está machucada, está sangrando e


precisa de mim. A culpa é minha, deveria estar no lugar dela.

Um homem grande passa na minha frente, os familiares


olhos escuros e uma cicatriz feia no rosto me levando de volta ao
dia em que ele tentou matar Bull, no dia em que eu atirei nele.
Bender.

— Calma lá. — Ele aponta uma arma na direção de Addie,


me fazendo parar. —Eu não quero que você me force puxar o
gatilho, e você subindo aqui como um cowboy está me deixando
um pouco tenso. — Ele sorri, sua língua serpenteando ao longo
do lábio inferior.
— Você é um homem morto, — empurro os dentes.

— Sim, isso não funcionou para você da última vez, não foi
campeão? — Ele ri. — Cara, você cresceu pra caramba, não é? —
Seus joelhos quase dobram de emoção quando ele me olha. Uma
mão calma pressiona meu ombro; sei que meu pai está aqui. Ele
está tentando me encorajar a permanecer calmo e paciente.

Meus olhos caem para Addie, seu rosto triste olhando de


volta para mim.

— Eu peguei você, Sunshine, — sussurro para ela. Os olhos


dela se fecham e as lágrimas escorrem pelo rosto.

— O que você quer Bender? — Bull, abre caminho para a


frente dos Devil’s. Assumindo o comando.

— Bull! — O homem balança as mãos, o rosto animado para


ver meu avô. — Como você está, porra? — Suas palavras são
prolongadas, atadas com hostilidade. Ele não parece incomodado
por ter provocado um clube inteiro.

Meu avô não responde.

— Você sabe por que ataquei seu clube naquele dia? Humm.
—Ele balança o dedo indicador para frente e para trás como se
estivesse prestes a nos ensinar uma lição.

— Vá direto ao ponto, Bender — Bull rosna, estou ficando


cansado dos seus jogos.
— Nós queríamos nos juntar a vocês, queríamos ser seus
irmãos, e você caga em nós!

Isso é novidade para mim. Por outro lado, era apenas uma
criança quando tudo isso aconteceu.

— Nós não apenas juntamos um clube. Existem regras e


etapas, — explica Bull, o que faz sentido.

— Sim, bem. Foda-se, nós não queremos mais nos juntar.


Só vou levar a porra do seu clube.

— Como você acha que isso vai acontecer? — Bull inclina a


cabeça para o lado.

— Nenhum presidente, nenhum clube? — Bender ri, a


ameaça me levando a sacar minha arma junto com meus irmãos
em pé ao meu lado.

— Isso não está acontecendo. — Bull abaixa a cabeça.

— Eu não sei como você planeja me parar, a menos que você


tenha algumas superpotências ou alguma merda! — Ele ri de
barriga, olhando por cima do ombro para seus homens gordos.
Eu quero matar todos eles agora, atirar primeiro e ter vantagem.

— Não aceitar o seu clube foi a melhor decisão que tomamos


como clube, —meu pai afirma, seu olho apontando para o cano
da arma. Ele está pronto para acabar com essa merda.
— Bem, seja como for. Bender começa a andar de novo.
Tenho um ponto para resolver. Ele bate no rosto, na cara feia do
caralho. Fiz isso, e isso me deixa orgulhoso. — O único
arrependimento que tenho é não acertar sua cabeça com essa
bala. Bender me encara, ele sabe quem sou.

— Você quase me aleijou, seu filho da puta. Você sabe o


quanto eu senti falta da minha filha? Enquanto ela crescia e
agora vai ver como é! — Em segundos, todos os Lost Wolfs
apontam suas armas para mim. Puxo o gatilho da minha arma,
uma bala correndo para fora da câmara, mas não é rápido o
suficiente para competir com os trinta homens que já puxaram o
gatilho.

Balas passam por mim e eu espero, a sensação familiar de


levar um tiro, mas a sombra escura de um corpo está diante de
mim; me protegendo.

O corpo do meu avô treme e sacode quando balas o atingem,


um após o outro. Tudo diminui quando as lágrimas enchem meus
olhos, meu queixo cai quando um rugido indefeso rasga da minha
garganta. Ele está levando todas as balas por mim. Nosso clube
dispara de volta, o som de tiros ecoando pela noite.

Meu pai corre para Bull, derrubando-o no chão, seu corpo


sendo atingido por uma bala no processo.
Bobby, Lip e os prospectos retornam à chuva de balas,
enquanto papai e eu caímos para o lado de Bull.

Ele está sangrando, o rosto corado e os olhos arregalados.

— Porque você fez isso? — Eu choro, abrindo sua camisa


para ver se ele está usando um colete à prova de balas.

Ele não está. Seu peito tem pelo menos uma dúzia de
buracos de bala e sangue cobrindo sua pele como xarope.

Meu pai começa a tremer, as mãos pressionando as feridas


como se ele pudesse tirar as balas e salvar o homem que fez tanto
por nós. Que nos levou e nos guiou pela vida.

Bull levanta a mão, seus dedos trêmulos segurando o pulso


do meu pai e o parando.

— Não, — Bull grita, empurrando a mão do meu pai.

— É a sua vez de pegar o martelo, filho.

Meu pai chora, balançando a cabeça.

— Não, você vai ficar bem! — Eu minto, ele não vai. Mas não
posso deixá-lo ir, ele não pode. Ele é o maldito presidente! Por
que ele pularia na minha frente? Um prospecto?

— Pegue o martelo, Shadow, e cuide de seu irmão Maverick


e Anahí por mim. — A voz de Bull perde força, e eu também.
Gostaria de dizer que sou um homem forte, pode lidar com
qualquer coisa, exceto ver um homem morrendo em suas mãos,
alguém que o ensinou e o levou a um mundo que o aceita. Não
existe algo como ser forte.

— Você não está morrendo! Eu grito, irritado e chateado por


ele estar desistindo. Vovô Bull olha para mim, seus olhos verdes
parecendo mais sombrios do que nunca.

— Seu pai vai precisar de você ao seu lado, filho. Você é o


vice-presidente.

— Não, sou um prospecto. Eu não mereço ...

— Você é meu neto e meu legado. Você é o meu clube e não


tem mais nada sobre esse clube do que ninguém. Sua voz falha,
seu rosto fica pálido. — Sua respiração se tornando superficial.

Eu seguro sua mão, abaixando minha cabeça. — Não


chorem por mim, meninos. Eu pude ver meu primeiro amor
novamente. Aquela que levou meu coração há muitos anos.

Concordo com a cabeça, lembrando as histórias que ele me


contou de uma ruiva que era má e bonita. Ele a amava, mas Deus
a levou embora.

Lip me afasta, correndo para o lado de seu presidente,


xingando freneticamente e tentando limpar o sangue. Eu estou
em choque
Limpando meu rosto de lágrimas, olho para o caos ao meu
redor. Pessoas sendo baleadas, membros chorando e fumaça de
armas subindo.

Vice-presidente.

Eu sou vice-presidente do meu clube agora, e eu tenho que


levantar-se. Não estar mais sentado atrás e assistindo.

Meus olhos pousam em Bender e Louve pulando em uma de


suas motos tentando fazer uma pausa para isso.

Hoje não.

Bobby está desamarrando Addie, então me aproximo deles


e ajoelho.

— Você está bem? — Esfrego o rosto de Addie. Ela parece


tão desamparada e magoada, a fera dentro de mim está
praticamente quebrando sua gaiola. Quero afastar todo mundo
dela e rugir minha angústia para o mundo.

Ela olha por cima do ombro para Bender e Louve antes de


olhar para mim. Seus olhos azuis e lábios trêmulos me matando
para ver.

— Não deixe que eles escapem, Zane, — ela implora. O


desespero em sua voz persuadindo a escuridão de mim. Se é isso
que meu raio de sol quer, eu o farei. Terminarei esta guerra hoje
à noite. Concordo com a cabeça, é minha hora de fazer o meu
lugar na mesa valer a pena.

— Vou pegá-los. — Dou-lhe um beijo nos lábios, sua boca


tremendo contra a minha. Levantando do chão, eu piso pela areia
em direção aos dois covardes que foderam com o clube errado.

Correndo para uma moto estacionada perto, sem me


importar se é minha, pulo nela e saio correndo da praia,
perseguindo o filho da puta que nos assombra há muito tempo.

Louve olha para trás e estica o braço antes de atirar em


mim. Erra. Bender tenta acelerar a curva muito rápido. Não
diminuo a velocidade, ganho-os e tiro minha outra arma do
coldre.

Aponto para o pneu traseiro e ouço meu pai e o vovô Bull


na minha cabeça.

Ao disparar uma arma, você mira e atira em uma expiração,


filho.

Inalar.

Expirar.

Respirar.
Ao soltar meu último suspiro, atiro. Eu libero tanto com
esse tiro e respiro, que sinto minha alma irromper da câmara da
arma.

O pneu traseiro estala, uma faísca de fogo momentos antes


deles pousarem a moto. Louve voa pela estrada, a moto desliza
pelo asfalto enquanto Bender desce uma colina.

Parando minha própria moto, com os canos quentes, coloco-


a em seu suporte e caminho até Louve, que está mais perto.
Minhas narinas se abrem, raiva dirigindo através de mim como
um veneno tóxico. Apontando minha arma para ela, é óbvio que
ela está morta. Seus olhos estão abertos, sangue saindo dos
ouvidos, nariz e boca. A cabeça dela bateu contra a calçada sem
capacete, matando-a com o impacto.

Passando por cima dela, vou encontrar Bender.

— Saia, saia onde quer que esteja! — Eu canto a melodia, a


besta em mim animada para sair e brincar mais do que nunca.
Este é um ponto que estará no topo do meu ranking, que nunca
será comparada a nenhuma matança antes dela. Este tem
significado. Objetivo.

Sobre a estrada, e descendo a colina gramada, encontro o


pedaço de merda.

Ele geme, segurando o lado do corpo e tentando se ajoelhar.


Descendo a colina, pressiono minha bota no lado dele e o
empurro.

Ele geme, caindo de costas. Eu pairo sobre ele, minha mão


tremendo enquanto eu aponto para ele.

Olhando para mim, seu rosto coberto de sangue, ele sorri.


Interessante.

— Do que você está sorrindo? Inclino minha cabeça para o


lado.

— Você não pode me matar, garoto, ele murmura. Você


deveria saber disso.

Apontando minha arma para a cabeça dele, penso em todas


as vidas que já tirei. O jeito que eu precisava matar para sentir
alívio.

— Eu mataria você mil vezes, se pudesse, — eu sussurro,


meus olhos se enchendo de lágrimas quando penso em Bull
morrendo. Sobre Addie sofrendo, e sobre como esse homem
provocou minha vida desde que eu era menino.

Fechando os olhos, eu tiro a arma. Empurra na minha mão,


a sensação sacudindo através dos meus membros.

Crânio e cérebro se espalham, e os olhos de Bender


permanecem abertos. O mesmo olhar assustador me
aterrorizando. Eu o chuto e atiro nele de novo e de novo. Seu
corpo tremendo com cada bala e impulso da minha bota.

Gritando e liberando a raiva e os pecados da minha alma,


eu bati a merda do seu cadáver, desejando que ele voltasse a viver
para que eu pudesse matá-lo novamente. Ele foi fácil demais para
a dor que causou à minha família.

Luzes vermelhas e azuis iluminam o céu do alto da colina.


Os policiais; merda. Limpando meu rosto, com manchas de
sangue, eu me viro e volto para a moto, e volto para onde meu
clube e meus irmãos me esperam.

Todo mundo paira em torno de Bull, que ainda está deitado


no chão. Meu pai está de pé, segurando o lado dele onde ele foi
baleado. Seu rosto estremeceu de dor e a camisa encharcada.

— Zane! — Addie grita. Mancando em minha direção, seu


rosto perturbado.

Eu corro para ela, envolvendo meus braços em volta dela.


Seu corpo quente contra o meu faz com que tudo pareça que vai
ficar bem. Deus, é tão bom saber que ela está viva.

Empurrando o rosto para o meu peito, ela chora e soluça.


Suas unhas cravando nas minhas costas para alívio.

— Shhh! — Eu tento acalmá-la. Puxando-a o mais perto que


posso.
Os olhos acima da cabeça chamam minha atenção. Bobby.
Ele está olhando para mim pela primeira vez mais do que alguns
idiotas atrás de sua filha. Ele me dá um aceno de cabeça,
transmitindo que aceita que eu esteja com sua filha. Eu aceno de
volta, beijando sua testa.

— Está feito? Meu pai pergunta, mancando. Concordo,


ainda segurando Addie. Não querendo deixá-la ir.

— Bull vai ficar bem? — Addie pergunta. Olhando para Bull,


coberto de sangue, realmente não sei.

— Você está bem? — Eu sussurro no topo da cabeça dela,


mudando de assunto.

— Eu estou, —ela murmura. —Você?

Olho para o meu clube, a tristeza pairando no ar e não sei


se algum dia irei ficar bem.

— Não sei. — Eu tento segurar minhas emoções.

Um corvo pia em cima durante a noite, chamando minha


atenção. Ele circula e chama como se estivesse chorando por nós.
Para Bull. Um homem que chamamos de pai, um homem que
ajudou tantos homens a encontrar o caminho.

Como?
18

ADDIE

Deitada em uma cama na triagem do hospital, Zane segura


minha mão com força. Meus dedos doem tentando segurar seus
dedos grossos entre os meus, mas eu não ousaria deixa-lo ir. Ele
olha para a parede, perdido em seu próprio pesadelo. Bull ficou
gravemente ferido e foi levado de helicóptero ao hospital,
enquanto Shadow e eu estávamos de ambulância. O clube inteiro
está quieto no corredor, uma nuvem cinza escura pairando acima
de todos.

— Nããão!! — O grito repentino da mãe de Zane, Dani, vem


do corredor. A cabeça de Zane se encaixa nessa direção.

— Vá, ela precisa de você. — Eu soluço, conhecendo esse


som tão bem.

Zane beija minha mão e puxa seus dedos dos meus. Minha
mão está suada e pálida devido à perda de circulação.

— Mamãe? — Zane chama, entrando no corredor. Dani bate


em Zane, chorando em seu peito.

— Por quê? Como? — Ela continua soluçando.


Zane estende as mãos como se não soubesse se deveria
abraçar sua mãe ou não. Ele olha para o meu quarto e eu aceno.
Encorajando-o a abraçá-la.

Ele faz, e noto que todo o seu corpo cede de alívio.

— Ele está na UTI, eles não sabem se ele vai.... Ela


interrompe, e o rosto de Zane assume um olhar endurecido.

De repente, minha mãe de rosto vermelho está correndo


para o meu quarto.

— Oh meu Deus! — Ela chora se atirando em mim.

— Mãe, eu estou bem, — digo a ela. — Tenha cuidado para


não machucar o bebê, — eu digo, não quero o estresse de fazê-la
abortar.

— Eu estava tão assustada, eu apenas... Ela me aperta, e


meus olhos se enchem de lágrimas.

— Estou aqui. Eu estou bem — eu sussurro.

Ela levanta, enxugando os olhos das lágrimas.

— Você precisa ir de volta para o Texas, isto não é apenas


para você.

— Mãe, — eu a paro. — Vou ficar aqui. Esta é a minha vida


e tenho mais apoio aqui do que jamais terei no Texas, — informo.
Agarrando minha mão, ela assente. Beijando minha mão.
— Você tem certeza?

Sorrio.

— Tenho certeza.

Um médico vestindo um jaleco entra no meu quarto e Zane


sussurra algo para sua mãe antes de segui-lo.

— Então, bastante líquido e descanso, Addie. — O médico


sorri para mim e entrega a Zane minha papelada.

— Obrigado, doutor, — eu digo, tentando me sentar.

— Por favor, me chame de Fernan. — Ele sorri. Aceno com


firmeza e tento me sentar.

Meu mindinho está torpecido pelos pontos. Louve cortou tão


fundo que houve muitos danos. Ele me ajuda a sair da cama e
entramos no salão principal. Os irmãos e as Old Ladys estão ao
redor da sala de espera. Caras duras agora tristes, homens fortes
agora fracos.

Papai sai do grupo, com o rosto pálido pelos eventos da


noite.

— Onde está Bull? Eu pergunto, meu próprio coração se


partindo.

— Ele está na UTI agora, querida, — ele informa. — Ele


levou muitos tiros e seu coração não está indo bem.
— Ele teve um ataque cardíaco no voo, — Dani informa,
mordiscando sua unha.

— Sinto muito, — murmuro, meu tom grave. Bull é o tipo


de homem que você nunca espera morrer. Ele é apenas aquela
pessoa que está sempre lá.

— Vamos levá-la para casa, — Zane sussurra atrás de mim.


Balanço a cabeça.

— Podemos ficar, — digo a ele, sabendo que é onde ele


precisa estar agora.

— Não, você precisa descansar, — ele recusa, sendo protetor


comigo.

— Você precisa descansar, não há nada que possa fazer


agora. — Shadow me dá um aceno educado e se vira para o clube.
Ele é assustador, mas leal.

— Como você está? — Zane pergunta ao pai, apontando


para a mancha de sangue ao seu lado.

— Recusei-me a deixá-los cuidar de mim. Doc conseguiu.


Estou bem. — Ele encolhe os ombros. Jesus, ele é forte.

— Vá querida. Eu ligo se houver alguma atualização —


mamãe diz.
Zane envolve o braço em volta dos meus quadris e me ajuda
a sair do hospital e em direção à caminhonete de Bobby.

***

De volta ao clube, estou no banheiro me olhando, mais como


se debruçada sobre o balcão revivendo a noite inteira novamente.
Meu cabelo está manchado de sangue, meu nariz arrebentou com
uma pequena tira sobre a ponta e meu rosto vermelho e
arranhado da areia.

O olhar nos olhos de Louve, o som mortal na voz de Bender.


Suspirando, eu baixo minha cabeça. Se eu soubesse quem era a
senhorita Louve, os homens nunca teriam tentado me resgatar,
e Bull ficaria bem. O clube está mortalmente quieto, todos de luto
e orando aos deuses sobre os quais não sabemos nada. Se
perdermos Bull, como esse clube será reconstruído? Como será
que seguiremos em frente em sua memória?

— Você está bem? — Zane entra no banheiro. Ele está sem


camisa, nada além de jeans e uma carranca.

— Tanto quanto posso estar acho.


Zane pega um pano e molha, suas mãos torcendo-o antes
que ele levanta a mão e gentilmente enxugue o sangue seco no
meu rosto.

— Zane, você tem certeza de que Louve e Bender estão....

— Mortos? Sim. — Sua voz é tão confiante que não discuto.


Ele apenas me assusta pensar que poderia estar vivo.

— Você sabe o Sr. Thad era filho de Bender, — informo Zane.

Seus olhos se arregalam, olhando para mim.

Ele lava o sangue e continua a me mimar como se eu não


tivesse dito nada.

—Não importa. Todos se foram, Sunshine.

Engolindo o nó na garganta, concordo.

— Eu sei, — sussurro.

— Deixe-me pegar algumas roupas limpas, — Zane insiste,


me empurrando pela parte inferior das costas.

No quarto dele, ele me ajuda a tirar minhas roupas


manchadas, antes de correr para a cômoda e tirar uma camisa
do Devil's Dust. Desdobrando, ele a enrola e coloca sobre meus
braços e no meu torso machucado. É grande, mas tão macio.
Agarrando-o, inspiro o cheiro de sabão limpo.
— O Devil’s fica bem em você, — ele sussurra, passando as
mãos pelos meus cabelos. Como você pode se sentir tão perdido
e se encontrar ao mesmo tempo? Eu machucado e amado.
Desesperado e agradecido.

Ele se abaixa nos joelhos e me pega, minhas mãos em seu


pescoço enquanto ele me traz para sua cama.

Ele tira seus sapatos e jeans e nos puxa para debaixo dos
cobertores. Uma caverna piscando uma pequena quantidade de
esperança para a noite.

— Se alguma coisa tivesse acontecido com você. Se eu


tivesse te perdido — ele começa, e soluço novamente. O
pensamento da vida sem nós dois juntos, parece sem propósito.
Colocando minha mão em sua bochecha, o beijo. Eu o beijo como
prometi a mim mesma que o beijaria se pudesse vê-lo uma última
vez quando estava na praia. Respiro e exalo seu perfume.

— O que posso fazer para você? Você está confortável? Você


quer comida? — Ele sussurra, esfregando minhas bochechas com
a ponta do dedo. Olhando em seus vibrantes olhos verdes, eu
quero isso. Exatamente isso. Ele e eu juntos.

— Quero que você leia para mim.

Seus olhos brilham, e posso ouvir seu coração bater um


pouco mais forte. Virando-se de lado, ele se liberta e pega um
livro da mesa lateral.
— Era uma vez, — ele começa, e me aconchego mais perto
dele, não me importando com qual livro é.

Se meu príncipe de armadura escura está lendo. Quero


ouvir isso.
ZANE

O olhar dos olhos de Louve e o som de Bender gemendo


ecoam na minha cabeça. Addie gritando, e Bull sendo baleado
várias vezes me faz acordar em pânico suado.

Love Hurts de Nazareth está tocando em uma sala no final


do corredor.

O quarto está escuro e estou coberto de suor. Tentando


recuperar o fôlego, empurro as cobertas de cima de mim.

— Você está bem? — Addie está de pé, esfregando minhas


costas com a mão.

— Pesadelo, — eu digo.
— Quer ir tomar um sorvete? — Sua voz sussurra, fazendo-
me lembrar de nossas viagens noturnas de sorvete à cozinha
quando ela tinha pesadelos.

Ela beija meu ombro e depois meu pescoço. Suas unhas


arranhando minhas costas. A letra da música me faz querer nada
além de ter Addie perto de mim. Não quero sorvete, eu a quero.
Preciso dela.

Rolando em cima dela, ela sorri para mim. Sua mão


machucada alisando meu peito. Agarro-a pelo pulso e beijo o
mindinho.

— Eu te amo, — ela murmura.

— Eu te amo, —sussurro, e é verdade. Ela pode ser a única


pessoa que já amei fora os meus pais e irmã. Curvando-me, a
beijo, e ela respira fundo pelo nariz.

Correndo minha mão pela sua blusa, minha blusa, agarro


seu seio e belisco seu mamilo. Beijando seu pescoço, lambo e
chupo o mergulho de sua clavícula.

Levanto-me, puxando minhas boxers fora e estou de volta


em cima dela em segundos. Ela beija meu peito, meus lábios,
atrás da orelha.
Lentamente, corro minha palma pela barriga, debaixo da
calcinha e no monte de sua boceta. A cabeça dela cai para trás,
os olhos fechados.

— Seja minha Old Lady, Addie? — Eu sussurro para ela


enquanto entrego seu prazer com meus dedos.

— Sim! — Ela geme. Usando as duas mãos, deslizo sua


calcinha de suas coxas e pairo sobre ela.

— Sim? Eu pergunto.

— Sim! — Ela geme mais alto. Agarrando meu pau,


posiciono entre suas pernas e empurro. Ela fica tensa e empurro
mais forte. Ela está tão molhada e pronta, tão disposta e minha.

Meu peito dói com a perda do meu clube, mas o amor de


Addie é tão bom.

Ela empurra contra o meu peito e senta-se de joelhos. Fico


curioso para saber o que está fazendo até ficar de quatro, olhando
por cima do ombro para mim. Porra, ela é incrível.

Esfregando a palma da mão na sua bunda, me pressiono


entre suas pernas e a cabeça dela se encaixa para trás, os cabelos
espalhados pelas suas costas.

Envolvendo meus braços em torno de seu corpo, a puxo de


volta escorada com meu peito. Sua cabeça se apoiando no meu
ombro enquanto faço amor com ela.
Agarrando-a pelo queixo, beijo. Minha língua invadindo sua
boca, provo e belisco cada gota que ela tem.

Minha outra mão brincando com seu mamilo, sinto as


paredes de sua boceta apertarem. Minhas bolas formigam de
excitação quando começo a bater nela com mais força. Seus olhos
se fecham e sua boca se abre.

Beijando sua boca aberta, sinto meu orgasmo perseguir


meus membros e explodir em meu eixo.

Ela estremece e gemo. Puxando-a para perto, querendo sua


pele suada contra a minha, tomo seu orgasmo e a amo mais do
que nunca.

Ela cai de joelhos, bufando, e esfrego minha palma pelas


costas dela. Os cumes de sua coluna correndo sob a minha mão.

Posicionando-me ao lado dela, agarro sua mão e a levanto,


segurando-a.

— Ouça-me, Addie. — Ela olha para mim, seu rosto corado.

— Problemas virão, e a dor vai dançar em sua mágoa. Mas


não esqueça isso.

— Não vou, — ela promete.


EPÍLOGO

ADDIE

Duas semanas depois

O bloqueio foi suspenso oficialmente e os negócios do clube


começaram lentamente. Estou de volta ao trabalho e me pediram
para ser a diretora. Ainda não aceitei. As coisas parecem
estranhas sabendo que Bull está no hospital. Podemos receber
uma ligação que ele está respirando por conta própria, podemos
receber uma que todos temos medo de receber. Que nosso líder
já morreu.

Ainda estou no clube porque tenho medo de ficar sozinha e


Zane se recusa a deixar o clube. Ele está levando seu papel de
vice-presidente muito a sério.

— Como está seu nariz? —Ele passa a ponta do dedo pela


dobra do meu nariz, o simples toque fazendo cócegas.

— Bem. — Eu dou de ombros, meu mindinho está tendo


um tempo muito difícil de curar. Não posso usá-lo.
—Isso parece muito ruim. Piper olha para o meu dedo como
se ela pudesse vomitar.

—Hey, baby girl. — Saint flerta do outro lado do bar. Piper


olha para ele e os ombros de Zane ficam tensos. Se os irmãos ou
Old Ladies vissem Piper e Saint jogando como eles são, eu me
pergunto se eles iriam ameaçá-los com uma bala ou deixar
passar agora que Zane e eu estamos juntos?

Bobby senta ao nosso lado no bar com uma tigela de cereais,


Anahí deve estar no hospital, com Dani verificando Bull.

Bobby com cereal na manhã é não algo que você vê muitas


vezes.

Bobby e Zane têm sido cordiais um com o outro, que é uma


bênção. Bull está ainda na mesma condição pelo que ouvi.

Na UTI do hospital. Tenho visto ele uma algumas vezes e


mata–me ver alguém tão forte, tão vulnerável, lutando por sua
vida. O som de máquinas respirando por ele, o cheiro de
antisséptico é esmagador.

Eu rezo para ele e deixo um beijo sobre o seu rosto antes de


sair. Há flores por todo seu quarto, mas a escuridão e tristeza
pairam tudo isso não apagam a tristeza são apenas algumas
rosas.
As portas do clube se abrem e a cabeça de todos se vira,
esperando que sejam notícias sobre Bull.

É a Anahí. Ela está vestindo preto de novo. Um vestido preto


e saltos finos, com um grande chapéu preto de disquete. Ela está
de preto desde a noite em que descobriu sobre Bull, ficou triste e
surpresa com isso. Bem como todos nós temos. Seu cabelo está
solto e ela não usa maquiagem. Óculos escuros cobrem os olhos
inchados de tanto chorar. Todos nós tentamos estar lá para ela,
mas ela é uma bagunça. Ela tem o direito de ser. Ela só quer o
filho Maverick, que fugiu da última vez que ouvi. Todos saímos
procurando por ele, mas não há informações sobre onde ele está.
Ele é uma alma perdida sem o pai.

Anahí para depois de dar alguns passos dentro do clube,


tirando os óculos do rosto e olhando entre todos. Sua garganta
lateja como se estivesse se preparando para o que está prestes a
dizer.

— Chega disso, — ela começa, seu tom mais forte do que


parece. — Bull não iria querer isso! — Ela grita, e todos dentro e
fora se reúnem para ouvi-la.

Zane envolve seus braços em volta de mim enquanto


ouvimos. Bull pode ter caído, mas sua rainha ainda fala pelo
clube.
— Bull tem tido alguns problemas cardíacos por um tempo,
e conversamos sobre o que aconteceria se algo como ele tendo
um ataque cardíaco pudesse acontecer. Ele quer que o clube
continue, e não espere por ele. Estou optando por mantê-lo na
UTI, como tenho esperança para ele. Para nós. Dito isto, é hora
de uma nova era; para mudar!

Todo mundo começa a sussurrar, a ideia de mudar e seguir


em frente sem ele nem um pouco atraente.

— É isso que Bull quer, ele mesmo disse! — Ela informa a


multidão, deixando-nos todos quietos novamente. — Vamos
prosperar mais do que nunca e deixar Bull orgulhoso, fazendo o
que ele quer. Este é o lar dele, irmãos e você são o legado dele.

Seus olhos caem para Zane e eu olho para ele. Ele sempre
se interessou em ter o Patch do vice-presidente. Ele acha que não
merece isso e vive nos últimos dias como um prospecto. Zane
olha para mim e eu esfrego seu ombro.

— É isso que ele quer, —informo, querendo que ele veja esse
é o desejo de Bull. Zane finalmente se levanta e parece mais alto
do que nunca e está pronto para o trabalho. Zane é seu legado, o
Devil Dust o levando adiante. Nada pode detê-lo agora.

Saint e Rad dão um passo ao lado de Zane, levantando o


queixo. Sua lealdade é honrosa.
— Todo Devil é um legado dele, — confirma Zane, puxo–o
para perto. Estou tão orgulhosa dele.

— O Devil’s Dust continua. — Zane sussurra, e então todo


mundo aplaude.

O FIM

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