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Unid 2
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Unidade II
5 BALANÇO SOCIAL E CONTABILIDADE AMBIENTAL
Torres (2008) afirma que no Brasil os primeiros registros de ações organizadas voltadas para o tema
são de 1965, com a publicação da Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas, e de 1969, com
a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), entidade que existe até hoje. É
importante ressaltar que alguns autores consideram a Carta como o primeiro documento com o termo
“responsabilidade social” no Brasil, o que pode ser verificado neste trecho:
O termo inicialmente era usado no plano das ideias e das intenções “cristãs” com o intuito de
conscientizar empresários do valor dos princípios de justiça social. Ou seja, mais do que produzir bens e
serviços, há uma função social junto aos trabalhadores e à sociedade. Convenhamos: empresários sérios
falando em justiça social nos primeiros anos de um governo militar que combatia o comunismo era
coisa bem arriscada, tanto que a iniciativa não progrediu efetivamente.
Observação
Em 1977 ocorreu o 2º Encontro Nacional de Dirigentes de Empresas, promovido pela ADCE, com
incentivo à participação das empresas frente a problemas sociais. Um dos assuntos debatidos foi a
criação de um balanço social, segundo Barbosa (2003). Era o germe da mudança se multiplicando.
Porém, já que nessa época o governo militar continuava pouco afeito a discussões que pudessem ser
interpretadas como socialistas (muito embora não fossem, evidentemente), e o receio do empresariado
de certa forma continuou a prejudicar as discussões.
Freire e Malo (1999) pontuam que na década de 1970 foi criada a Relação Anual de Informações
Sociais (Rais), um relatório obrigatório para todas as empresas com informações sociais dos funcionários.
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Unidade II
Muito timidamente, é um antepassado longínquo do Balanço Social que mais tarde foi desenvolvido no
Brasil e no mundo.
No início da década de 1980, segundo Torres (2008), a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial
e Social (Fides) elaborou um modelo de Balanço Social sem muita repercussão. Nessa década, o modelo de
desenvolvimento econômico do governo militar mostrava esgotamento, uma vez que era baseado no
protecionismo da indústria brasileira, pouco competitiva quando comparada a similares de outros países
desenvolvidos. O protecionismo consistia, entre outros fatores, na proibição de importações de produtos e
bens de capital que tivessem similar nacional. Os sindicatos ganharam força e reinvindicações de trabalhadores
passaram a fazer parte do dia a dia das empresas. Organizações sociais, em maior parte ligadas à Igreja Católica,
também abriram espaço para reinvindicações locais. O germe da mudança se espalhava lenta e continuamente.
Antes mesmo da liberação das importações, em 1989 surgiu o Grupo de Instituições, Fundações
e Empresas (Gife), a primeira associação da América do Sul a reunir empresas, institutos e
fundações interessados em aperfeiçoar o ambiente político institucional do investimento social
privado. Ou seja, tratava-se da destinação de recursos privados para fins públicos via projetos
sociais, culturais e ambientais.
Saiba mais
Conheça o Gife e compreenda como suas ações contribuem para a RSE:
http://www.gife.org.br/.
O Instituto Ethos (2007, p. 6) define balanço social como “levantamento dos principais indicadores
de desempenho ambiental, econômico e social da empresa”. Desde 2007 o Ethos disponibiliza uma
metodologia de criação do balanço social que abrange, além de dados financeiros, as dimensões
ambientais, econômicas e sociais ligadas à gestão das empresas.
Observação
Martins, Bernardo e Madeira (2009, p. 106) resgatam a origem do balanço social no Brasil na
publicação em 1984 do Balanço Social da Nitrofértil, empresa estatal no polo petroquímico de Camaçari,
Bahia, onde se apresentavam as ações internas realizadas. Esse documento é considerado o primeiro do
gênero no Brasil.
Outras organizações publicaram seus balanços sociais entre as décadas de 1980 e 1990, como:
• Femaq;
• Sistema Telebrás;
• Usiminas;
• Light.
• o exemplo nacional de atuação em RSE do Banco do Brasil, Usiminas, Inepar, Petrobras, Natura,
Azaleia e O Boticário, entre outras.
O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), uma organização de cidadania ativa
sem fins lucrativos, define:
No balanço social, a empresa divulga ordenadamente suas ações voltadas aos funcionários
e dependentes, além da comunidade, tornando públicas as atividades que buscam melhorar a
qualidade de vida para todos, construindo e melhorando os vínculos entre a empresa, a sociedade
e o meio ambiente.
Santos (1998, p. 4) pondera que “O balanço social é um poderoso referencial de informações nas
definições de políticas de recursos humanos, nas decisões de incentivos fiscais, no auxílio sobre novos
investimentos e no desenvolvimento da consciência para a cidadania”.
O balanço social, na sua definição mais ampla, inclui, ainda, informações sobre o meio ambiente
e sobre a formação e a distribuição da riqueza gerada pelas empresas (valor adicionado). Quando
apresentado em conjunto com as demonstrações financeiras tradicionais, é efetivamente o instrumento
mais eficaz e completo de divulgação e avaliação das atividades empresariais.
Tinoco (2002) pontua que o balanço social deriva utilidade junto a diversos usuários:
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Barros Correa, Carvalho e Santos Alves (2010) abordam a questão do público externo e interno:
Dessa forma, o balanço social é um instrumento de demonstração das atividades das empresas que
tem por finalidade conferir maior transparência e visibilidade às informações que interessam não apenas
aos sócios e acionistas das companhias (stockholders), mas a um número maior de atores: empregados,
fornecedores, investidores, parceiros, consumidores e comunidade (stakeholders).
Lembrete
Segundo Tinoco (2002), na década de 1960 a pressão popular por mudanças de cunho social nos
EUA e na Europa acabaram incluindo informações quantitativas e qualitativas nos demonstrativos
contábeis: emprego, condições de trabalho e bem-estar dos empregados. Uma lei francesa de 1977
exige de empresas com mais de 300 funcionários detalhes sociais nos balanços:
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A lei (francesa) divide-se, em síntese, em sete grandes capítulos de informações, que são:
I - Emprego.
V - Formação.
VI - Relações profissionais.
• Absenteísmo e turnover.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
• Relações profissionais.
Tinoco (2002) também sugere indicadores qualitativos e quantitativos a partir do balanço social:
• De caráter econômico:
• De caráter social:
— o nível de absenteísmo;
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Godoy et al. (2007) aponta que são três os modelos mais utilizados no Brasil para elaborar o balanço
social: o do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), o do GRI (Global Reporting
Initiative) e o do Instituto Ethos.
Saiba mais
Ibase:
INSTITUTO ATK/WHH. Brasil: balanço social Ibase. [s.d.]. Disponível em: http://
www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/66. Acesso em: 26 dez. 2018.
GRI:
Ethos:
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Figura 6
Garcia e Oliveira (2009, p. 14) citam a Resolução 750, de 1993, do Conselho federal de Contabilidade:
Organizações com estratégia alinhada com conceitos de RSE idealmente devem incluir em meio
ao plano de contas contábil o ativo e o passivo ambiental, a receita ambiental e custos e despesas
ambientais, de acordo com Ferreira (2003):
• Ativo ambiental: bens e direitos com origem nas ações de gestão ambiental.
• Custos e despesas ambientais: gastos com o sistema de gestão ambiental. Nessas contas, Ribeiro
(1992) aprofunda a questão:
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1 Ativo
1.1 Ativo circulante
1.1.1 Disponível
1.1.1.1 Caixa
1.1.1.2 Banco conta movimento
1.1.2 Créditos
1.1.2.1 Clientes ambientais
1.1.2.2 Subvenções ambientais a receber
1.1.3 Estoques
1.1.3.1 Renovável
1.1.3.2 Não renovável
1.1.3.3 Reciclada
1.1.3.4 Reutilizável
1.2 Ativo realizável a longo prazo
1.3 Ativo permanente
1.3.1 Investimentos
1.3.1.1 Participação em fundo de investimentos ambientais
1.3.2 Imobilizado
1.3.2.1 Equipamentos ambientais
1.3.2.2 Depreciação, exaustão acumulada
1.3.3 Diferido
1.3.3.1 Projetos de gestão ambiental
1.3.3.2 Treinamento ambiental
2 Passivo e patrimônio líquido
2.1 Passivo circulante
2.1.1 Empréstimos e financiamentos
2.1.1.1 Financiamentos ambientais
2.1.2 Obrigações
2.1.2.1 Multas por danos ambientais
2.2 Passivo exigível a longo prazo
2.2.1 Fornecedores
2.2.1.1 Fornecedores ambientais
2.3 Resultado de exercícios futuros
2.4 Patrimônio líquido
2.4.1 Capital social
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Ativo
Investimentos em meios patrimoniais, utilizados para preservação e recuperação do meio ambiente
natural.
Investimentos realizados que possuem perspectivas de geração de benefícios futuros no processo de
controle de preservação ambiental.
Estoques dos insumos peças e acessórios utilizados no processo de eliminação dos níveis de poluição.
Investimentos em máquinas, equipamentos e instalações adquiridos ou produzidos com a intenção de
amenizar os impactos causados ao meio ambiente.
Gastos com pesquisas visando desenvolvimentos de tecnologias modernas de médio e longo prazo,
desde que constituam benefícios ou ações que irão refletir nos exercícios seguintes.
Bens adquiridos pela companhia que têm como finalidade controle, preservação e conservação do
meio ambiente.
Todo recurso retirado da natureza e que não se renova naturalmente, em quantidade viável no
aspecto temporal. É um recurso exaurível onde se enquadra os metais, zinco, ferro, alumínio, carvão,
petróleo, florestas, mármore etc.
Passivo
Obrigações com terceiros a curtos e longos prazos, com aplicação na natureza e destinadas única e
exclusivamente a promover investimentos em prol de ações relacionadas à extinção ou amenização
dos danos causados ao meio ambiente, inclusive percentual do lucro do exercício com distinção
compulsório direcionado a investimentos na área ambiental.
Obrigações contraídas pela empresa perante terceiros que têm como origem um gasto ambiental
(ativos, custos despesas etc.) constituindo-se de obrigações ambientais, decorrentes de compras de
ativos ambientais, de elementos consumidos durante o processo de produção e aqueles provenientes
de penalidades impostas às organizações, por infração à legislação ambiental, danos ao meio
ambiente e à propriedade de terceiros.
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Ativo ambiental
Lançamentos R$
1. Compras de máquinas e equipamentos
2. Manutenção
3. Investimento em preservação de recursos exauríveis
4. Pesquisa e desenvolvimento
5. Estoques
Passivo ambiental
Lançamentos R$
1. Pagamento de multas ambientais
2. Processos judiciais
3. Custos com tratamentos de resíduos
4. Custos com recuperação ecossistema
6.1 Qualidade
6.1.1 ISO: ISO 9001, 9002, 9003 e ABNT: NBR ISO 9001, NBR ISO 9002 e NBR ISO 9003
Segundo Dotto e Bianchi (2017), a série de normas ISO 9000 é um sistema preparado para gerenciar as
organizações com foco no atendimento das expectativas e foi criado pela ISO (Organização Internacional
para a Padronização) para regulamentar padrões.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
De acordo com a ISO (2015), a família ISO 9000 aborda diferentes aspectos da gestão da qualidade,
fornece orientação e ferramentas para empresas garantirem que seus produtos e serviços atendam às
necessidades do público-alvo, buscando sempre a melhoria contínua (DOTTO; BIANCHI, 2017, p. 18).
A figura a seguir mostra um selo NBR ISO 9001 para o Sistema de Gestão da Fundação Vanzolini
obtido em 2008. A organização certificadora é a IQNET.
Figura 7 – Selo NBR ISO 9001 para uma empresa certificada em 2008 pela IQNET
6.2.1 Emas
O padrão Emas (European Eco-Management and Audit Scheme) é voltado para as indústrias
europeias e trata de sistemas de gerenciamento ambientais. É um sistema de gestão ambiental (SGA)
que incentiva empresas com envolvimento em programas governamentais a se adequarem a um modus
operandi voltado à gestão integrada do meio ambiente. Não é obrigatório, mas a empresa alinhada deve
reportar publicamente o desempenho ambiental.
Parte da série ISO, complementar das normas ISO 9001, 900 e 9003, a norma ISO 14001 é voltada
para aspectos ambientais e descreve os requisitos básicos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). As
empresas se declaram publicamente em conformidade e depois buscam ser certificadas por organizações
correlatas. É adaptada para normas ABNT no Brasil como ABNT NBR ISO 14001:
A ABNT NBR ISO 14001 é uma norma aceita internacionalmente que define
os requisitos para colocar um sistema da gestão ambiental em vigor. Ela ajuda
a melhorar o desempenho das empresas por meio da utilização eficiente dos
recursos e da redução da quantidade de resíduos, ganhando assim vantagem
competitiva e a confiança das partes interessadas (ABNT, 2015).
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Oliveira e Pinheiro (2010) traduzem os benefícios que essa certificação traz para as empresas:
A figura a seguir mostra um certificado internacional de ISO 14001 obtido em 2004 pela empresa M.
T. Technology (em inglês). A organização certificadora é a IQNET.
Figura 8 – Certificado ISO 14001 para uma empresa certificada em 2004 pela IQNET
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
A série OHSAS 18001 (Organizational Health and Safety Assessment Series) trata de Sistema de
Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho, e exige um rígido sistema de gerenciamento de risco. Não há
obrigatoriedade legal para a adoção da OHSAS 18001 pelas empresas, mas mesmo assim a adesão tem
sido crescente, uma vez que facilita o atendimento de obrigações da Legislação Ambiental e as Normas
Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho.
Programas exigidos pela lei brasileira, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, o
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
e o Programa de Atendimento a Emergências, segundo Araújo (2007), são na maior parte das vezes
implementados de forma isolada, sem conexão com sistemas de gestão existentes nas empresas.
A adoção da OHSAS 18001 facilita o cumprimento de marcos legais, além de gerar boa vontade
junto aos sindicatos de trabalhadores. Adicionalmente, melhora a reputação da empresa, reduz custos
com acidentes e pode trazer vantagens competitivas.
A figura a seguir mostra um certificado internacional de OHSAS 18001 obtido em 2007 pela empresa
Borj Pardis (em inglês). A organização certificadora é a Audit People.
Figura 9 – Certificado OHSAS 18001 para uma empresa certificada em 2007 pela Audit People
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Unidade II
O padrão HCS (Humane Cosmetic Standard) e o padrão HHPS (Humane Household Products Standard)
foram criados na década de 1990 por uma coligação europeia de organizações para o bem‑estar dos
animais. Sua função é garantir que cosméticos e produtos domésticos fabricados pela empresa, incluindo
insumos de produção, não têm origem de testes em animais, ou seja, são produtos “livres de crueldade”.
Não se trata de garantir produtos veganos/vegetarianos ou naturais, e sim de garantir que não houve
testes em animais.
O padrão FSC (Forest Stewardship Council) é um padrão de certificação com foco no controle
das práticas produtivas florestais. A ideia é acrescentar valor aos produtos com origem no manejo
responsável das florestas. Além do manejo, esse padrão valoriza o impacto positivo nos trabalhadores e
nas comunidades locais e incentiva a viabilidade econômica dos recursos florestais. O FSC Brasil faz as
certificações em território nacional.
• A certificação de Manejo Florestal garante que a área certificada foi manejada seguindo os
princípios e critérios FSC, e cobre não somente produtos madeireiros, como toras e pranchas,
como produtos não madeireiros, como óleos e sementes.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
• A certificação de Cadeia de Custódia garante o rastreio da matéria-prima das florestas até chegar
na ponta do consumidor, incluindo serrarias, fabricantes de móveis e designers.
• A certificação de Madeira Controlada garante que empresas certificadas não utilizam produtos
com origem florestal duvidosa/inaceitável pelos critérios FSC, como madeira extraída ilegalmente
ou de florestas com árvores geneticamente modificadas.
Empresas certificadas podem utilizar em seus produtos o selo FSC, o que cria diferenciais diante de
concorrência não certificada.
6.4.2 MSC
O MSC (Marine Stewardship Council) é uma organização independente sem fins lucrativos fundada
em 1997 responsável pelo estabelecimento de padrões de certificação de pesca sustentável.
O MSC desenvolveu um programa de certificação para incentivar toda a cadeia produtiva a praticar
pesca sustentável, reconhecendo e premiando as melhores práticas. Atividades como mapeamento de
recursos, estabelecimento de padrões de rastreabilidade, melhorias de processos produtivos etc. fazem
parte da atuação da MSC.
Empresas certificadas são incentivadas a utilizar em seus produtos o selo MSC para identificar os
diferenciais de sustentabilidade.
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Unidade II
6.4.3 AA1000
A norma AA1000 (AccountAbility 1000) é um padrão certificável da responsabilidade social que visa
garantir a qualidade da contabilidade, auditoria e relato da RSE.
A norma AA1000, desenvolvida pelo Instituto de Responsabilidade Social e Ética (Isea), foi criada
para assistir organizações na definição de objetivos e metas, na medição do progresso em relação a
essas metas, na auditoria e relato do desempenho e no estabelecimento de mecanismos de feedback.
Compreende princípios e normas de processo (DA SILVA, 2016, p. 140).
6.4.4 GRI
Lembrete
6.4.5 SA8000
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
conselho consultivo convocado pela organização não governamental Council on Economic Priorities
Accreditation Agency (Cepaa), que depois viraria a SAI.
Este conselho consultivo, segundo Lima (2008), tinha representantes de empresas de classe mundial,
como Avon, Toys “R” Us e KPMG, além de diversas ONGs, sindicatos, empresas de consultoria e certificação
e entidades de classe. O objetivo era criar uma norma auditável de responsabilidade social alinhada
com as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos e a Convenção das Nações Unidas sobre Direitos da Criança.
• Trabalho infantil.
• Trabalho forçado.
• Saúde e segurança.
• Liberdade de sindicalização.
• Discriminação.
• Práticas disciplinares.
• Horário de trabalho.
• Remuneração.
• Sistema de gestão.
Quando uma empresa trabalha com uma certificação social como a SA8000, os seguintes assuntos
são envolvidos, de acordo com Guillardi (2006):
• Visão e missão.
• Ética.
• Práticas gerais de RH (apoio às famílias, incentivo à educação).
• Relações de trabalho/sindicais.
• Saúde.
• Relacionamento com a cadeia produtiva (fornecedores, produtores, distribuidores).
• Relação com acionistas.
• Práticas de mercado.
• Atendimento ao consumidor.
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• Marketing social.
• Balanço social.
• Relação com o governo.
• Meio ambiente.
• Ações culturais.
• Apoio à comunidade (filantropia, voluntariado).
• Direitos humanos.
A SA8000 é uma das normas mais conhecidas no mundo, segundo Guillardi (2006):
Outro tópico delicado é remuneração. Guillardi (2006) pontua que “[...] em muitos países o salário
mínimo não é o suficiente para atender as necessidades básicas de um trabalhador e, portanto, não
atendem a SA8000”.
6.4.6 ECS2000
A Sociedade Japonesa de Estudos de Ética nos Negócios (Japan Society for Business Ethics Study),
criada em 1993, desenvolveu a ECS2000 (Ethics Compliance Standard 2000), norma que auxilia na
criação e operação de sistemas de conformidades legais e éticas para empresas japonesas. A ECS200 foi
lançada em 2002 e sugere a introdução de programas de ética empresarial.
1 – A empresa estabelece uma política de ética e desenvolve o Código de Ética correspondente, bem
como os procedimentos e regulamentos para a implantação.
2 – A empresa define a seguir qual profissional é responsável pela conformidade ética e legal e
integra a área de comunicação nas atividades.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
4 – Em função dos resultados auditados, a empresa deve promover melhorias visando a aplicação
plena do Código de Ética.
Sistema de gestão para a responsabilidade social e ética desenvolvido em 1998 pela Universidade
Castellanza (Varese, Itália) com a participação de empresas, consultorias e ONGs comprometidas
com RSE.
As Diretrizes Q-RES descrevem seis instrumentos para a gestão ética e socialmente responsável:
Em 2004 a ABNT publicou a norma ABNT NBR 16001 – Responsabilidade Social – Sistema de Gestão
– Requisitos, que estabelece a responsabilidade da alta administração da empresa em definir a política
de responsabilidade social através de programas com objetivos e metas para contemplar onze temas
(ABNT, 2004):
A Norma Internacional de Responsabilidade Social, ISO 26000, foi publicada em novembro de 2010
após anos de trabalho de mais de 450 pessoas de 100 países. Sua parente local, a ABNT NBR ISO 26000,
foi publicada logo após, em dezembro de 2010.
Essa norma atende a dezenas de países. O maior desafio de sua elaboração e implantação
foram as diferenças culturais e comportamentais no ambiente de negócios. No Brasil, as doações e
contribuições pessoais dos líderes empresariais não são bem vistas, enquanto que as participações
sociais das empresas desses mesmos líderes são bem consideradas. Nos Estados Unidos, a cultura
é outra: empresas doando e contribuindo é um pouco estranho, porém seus líderes e outras
personalidades públicas podem se engajar sem problemas.
A ISO 26000 não tem certificação e é de aplicação voluntária por parte das empresas. Ou
seja, mostra um caminho a trilhar no sentido de RSE mas não tem organizações que façam a
verificação e certificação.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
6.4.10 AA1000
Em 1999, o (Isea) Institute of Social and Ethical Accountability, organização não governamental com
sede em Londres, criou a AA1000, norma internacional certificável de cunho social com foco na relação
e engajamento da empresa com os stakeholders.
A norma não define padrões de desempenho, e sim especifica o processo a ser seguido na construção
do relatório de engajamento. É possível perceber a intencionalidade de aplicação da AA1000: promover
um processo de aprendizagem organizacional.
Antunes (2010) afirma que a função da AA1000 é garantir a qualidade das informações apresentadas
nos relatórios através de métodos e processos de verificação de dados, notadamente os dados de cunho
não financeiros. O autor reputa a AA1000 como uma ferramenta que permite identificar problemas e
oportunidades no que diz respeito a RES.
Como exemplos de empresas que utilizam a norma AA1000 no Brasil, é possível citar Ambev, Itaú
Unibanco, Souza Cruz e Laboratórios Fleury, entre outras.
6.4.11 BS8900
British Standard 8900 é uma norma britânica que na prática não é uma norma de gestão, pois não contém
processos de certificação. Na verdade, funciona como um guia de diretrizes para a gestão da sustentabilidade.
O foco é o equilíbrio entre o capital econômico/financeiro com o capital ambiental da empresa.
O objetivo é melhoria contínua do desempenho de RES. Foi uma das bases para o desenvolvimento
da ISO 26000.
Resumo
Exercícios
Questão 1. “O filho de Maria Félix, de 21 anos, resistiu pouco mais de seis meses de gestação.
Morreu ainda no ventre, com apenas 322 gramas. A causa do aborto, que aconteceu com 25 semanas
de gravidez, foi má-formação: o bebê tinha o intestino para fora do abdômen e problemas no coração.
Não é incomum que as mães da região percam seus filhos precocemente. O bebê de Maria, ao que tudo
indica, foi mais uma vítima precoce do agrotóxico glifosato, usado em grandes plantações de soja e de
milho em Uruçuí, a 459 km de Teresina, no Piauí.
O mesmo veneno que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está
provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que
uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com
baixo peso (quase o dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno
contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou
as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal
do Piauí” (FELIZARDO, 2018).
As externalidades negativas, muito comuns no nosso cotidiano, podem ser descritas como a tomada
de decisão que leva em conta apenas os custos e benefícios privados, em detrimento da avaliação dos
custos e benefícios sociais.
I – A corrupção, disseminada nos países subdesenvolvidos, pode ser referenciada como um caso
clássico de externalidade negativa.
III – Uma grande montadora de veículos fraudou testes de poluentes de seus veículos. Por garantir
um custo privado menor em detrimento de um custo social maior, este é um exemplo clássico de
externalidade negativa.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
IV – Ações regulatórias por parte do Estado acabam por induzir empresas a agir de forma
inadequada no que diz respeito às boas práticas ambientais e sociais. Diante disso, portanto,
seria correto afirmar que o excesso da participação do Estado cristaliza um ambiente com mais
externalidades negativas.
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: apesar de muitas vezes estar no cerne da consecução das externalidades negativas
vindouras e de ser, de forma indireta, um grave problema para a população, o processo de corrupção
em si, não é chamado de externalidade negativa, enquadrando-se em processo designado como falha
de governo. A corrupção pode ser melhor estudada a partir da teoria da regulação, teoria da propina e
outros conceitos ligados à economia e gestão do setor público.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: apesar de discrepantes, ambos são considerados atos que incorrem em externalidade
negativa. No primeiro, o fumante observa apenas o seu bem-estar, ignorando o fato de aquela prática
também prejudicar os não envolvidos no ato de fumar, enquanto, no segundo, ao poluírem cursos
d’agua ignoram o custo marginal social, ou seja, o custo transmitido a toda sociedade, observando
apenas a diminuição ou omissão dos custos que deveriam ser integralmente particulares, neste caso, o
tratamento dos resíduos antes que eles chegassem à população.
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Unidade II
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: de modo nenhum, pois quanto mais eficiente e honesta for a fiscalização por parte do
Estado, maior a garantia de cumprimento de normas estabelecidas. O excesso de normas e fiscalizações
poderia fazer migrar empresas interessadas em continuar socializando os custos de produção, no
entanto, se a fiscalização fosse ostensiva, haveria, de fato, diminuição das externalidades negativas.
Questão 2. Alguns indicadores do balanço social têm caráter econômico. Entre estes indicadores
podemos elencar o valor adicionado por trabalhador; a relação entre salários pagos ao trabalhador
quanto ao valor adicionado; a carga tributária da empresa em relação ao seu valor adicionado,
entre outros.
No que diz respeito à carga tributária, são incontáveis os estudos que tratam da regressividade da
mesma no Brasil. Sobre este quesito destaca-se a importância dos impostos sobre consumo no montante
total de recursos arrecadados pelo Estado, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Chama a
atenção a discrepância entre os dados atinentes ao Brasil e os ligados aos países da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo. Enquanto no primeiro os impostos
sobre consumo representam aproximadamente 50% do total da carga tributária, a média dos países da
OCDE está em torno de 30% nos mesmos termos.
Sabendo que a regressividade tributária é um problema sério no Brasil, avalie as afirmativas e aponte
as que tratam corretamente de mais problemas ligados à área fiscal brasileira.
I – Os impostos sobre consumo, regressivos por natureza, são ainda mais problemáticos quando há
inelasticidade-preço da demanda.
II – Um dos maiores problemas presentes na carga tributária brasileira é a tributação por meio de
impostos diretos, cuja regressividade é maior que nos impostos indiretos.
III – No Brasil, mesmo os impostos de caráter progressivo, sofrem pela letargia do Estado. A ausência
ou demora da atualização das faixas de renda do Imposto de Renda acaba penalizando as famílias com
menos recursos.
IV – Para ingressar na OCDE o país precisa aplicar uma ampla e irrestrita reforma tributária.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
I – Afirmativa correta.
Justificativa: os impostos regressivos são ainda mais nocivos quando incidentes sobre produtos
que o consumidor tem dificuldade para substituir no curto prazo. Arroz, feijão, gasolina, água, energia
elétrica etc.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: os impostos diretos, sobre patrimônio e renda, por exemplo, são menos nocivos à
sociedade que os impostos indiretos, sobre consumo e produção, por exemplo.
Justificativa: o que antes servia de justiça social hoje serve para espoliar o trabalhador brasileiro. O
salário mínimo acompanhou a mudança da inflação, mas as faixas de tributação do imposto raramente
são atualizadas a fim de diminuir a tributação daqueles que ganham menos.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: não é verdade. Exemplo claro sobre os critérios para ingressar na OCDE pôde ser visto
no convite à combalida economia argentina em 2019.
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