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Comercio e Investimento Na Agenda Bilateral Brasil-China
Comercio e Investimento Na Agenda Bilateral Brasil-China
Comércio e investimento na
agenda bilateral Brasil-China
Lia Baker Valls Pereira
Pesquisadora da FGV/IBRE e professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Uerj
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CONJUNTURA COMÉRCIO EXTERIOR
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CONJUNTURA COMÉRCIO EXTERIOR
que explica grande parte dos inves- nologias, embora algumas questões Ganham participação como recep-
timentos na África e na América do como energia continuem na agenda tores de investimentos diretos chine-
Sul. O terceiro visa à exportação de prioritária. Comparamos o período ses: a Europa que passa de um per-
produtos e serviços em que a Chi- de 2005-2013 com o de 2014-2016 centual de 16% para 31%, a América
na possui vantagens comparativas e (gráfico 1). Observa-se que a partici- do Norte (Estados Unidos e Canadá)
se encontram com excesso de ofer- pação do investimento em tecnologia de 21% para 25% e o Leste Asiático
ta, com a mudança de orientação aumentou de 2,2% para 12,4%, nos de 10% para 12%. América do Sul e
do motor de crescimento do inves- períodos analisados. Chama atenção Austrália perdem participação e, em
timento em infraestrutura para o a elevação dos investimentos em tu- 2014-2016 registram percentuais de
consumo doméstico. Nesse caso rismo (0,4% para 7,8%) e de trans- 12%. África e o Oriente Médio mos-
estão equipamentos para constru- portes (4,8% para 12,5%), o que tram a maior perda em termos per-
ção, tecnologias para construção de sinaliza a procura por diversificação. centuais, passando de 16% para 7%.
ferrovias, entre outros. O quarto é Os investimentos em energia perma- O Conselho Empresarial Brasil
explicado pela procura da China na necem com a maior participação, China (www.cebc.org.br) realiza
aquisição de novas tecnologias que mas essa caiu de 49% para 24% e a um trabalho de levantamento dos
garantam sua posição no clube dos agricultura ficou relativamente está- investimentos chineses no Brasil e
países de renda alta. As compras de vel, passou de 4,1% para 3,9%. divulga detalhadamente os projetos.
empresas de alta tecnologia e parce- A procura por maior diversifica- Aqui utilizamos os dados do China
rias com centros de pesquisa avan- ção, além da questão de segurança Global Investment Tracker, pois o
çados é a forma escolhida. alimentar e de insumos estratégicos objetivo era apresentar um quadro
A análise dos investimentos dire- levou a um aumento da participação geral dos investimentos chineses no
tos da China no exterior mostra que dos países desenvolvidos como des- mundo. Não há divergências quan-
o governo tem procurado enfatizar tino dos investimentos, como mos- to às tendências entre as duas fontes
a vertente de absorção de novas tec- tra o gráfico 2. para o caso brasileiro.
50
40
30
20
10
0
Agricultura Químico Energia Entretenimento Finanças Imobiliário Tecnologia Turismo Transportes Serviços
2005-2013 2014-2016
Fonte: http://www.aei.org/china-global-investment-tracker/
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Outros
Austrália
América do Sul
Oeste Asiático
Leste Asiático
Europa
América do Norte
0 5 10 15 20 25 30 35
2014-2016 2005-2013
Fonte: http://www.aei.org/china-global-investment-tracker/
Os investimentos chineses ti- US$ 12 bilhões. Nos dois casos, o se- para o Brasil foi de US$ 45,6 bi-
veram dois picos na série dispo- tor de energia explica cerca de 85% lhões, o que representa para igual
nível desde 2009. O primeiro em dos investimentos. período 6% do total dos investimen-
2010, quando alcançou US$ 13,9 Em todo o período (2009-2016), tos chineses no mundo. A composi-
bilhões e o segundo em 2016, a soma dos fluxos de investimentos ção do montante investido no Brasil
é explicada por: energia (71%); me-
tais (9%); financeiros (5%); agrícola
Grafico 3: Os investimentos chineses no Brasil
(4%); imobiliários (4%); químicos
em US$ bilhões
(3%) e tecnologia (1%).
16 Da mesma forma que na pauta
de exportações, há o desafio de di-
14
versificar a agenda de investimen-
12 tos. É uma tarefa do Brasil montar
uma estratégia de identificação de
10
possíveis empreendimentos em que
8 os chineses possam ter interesse. É
6 uma tarefa que deve ser realizada
com conhecimento técnico e trans-
4 parência. A estratégia de interna-
2 cionalização para consolidar o pa-
pel da China no cenário político e
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
econômico internacional não relega
a segundo plano o “caráter de ne-
Fonte: http://www.aei.org/china-global-investment-tracker/ gócios” dos investimentos.
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