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Plataforma Linguagens Enem - Competência 05 - Habilidade 15

Questão 01 (Enem 2014 – 1ª Aplicação – Prova Questão 02 (Enem 2014 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q105) amarela – Q116)
TEXTO I Psicologia de um vencido
João Guedes, um dos assíduos frequentadores Eu, filho do carbono e do amoníaco,
do boliche do capitão, mudara-se da campanha ha- Monstro de escuridão e rutilância,
via três anos. Três anos de pobreza na cidade basta- Sofro, desde a epigênesis da infância,
ram para o degradar. Ao morrer, não tinha um vintém A influência má dos signos do zodíaco.
nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia,
onde estivera preso por roubo de ovelha. Profundíssimamente hipocondríaco,
A história de sua desgraça se confunde com a Este ambiente me causa repugnância...
da maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura, Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
uma cidadezinha distante, triste e precocemente en- Que se escapa da boca de um cardíaco.
velhecida, situada nos confins da fronteira do Brasil
com o Uruguai. Já o verme — este operário das ruínas —
MARTINS, C. Porteira fechada. Porto Alegre: Movimento, 2001 (fragmento). Que o sangue podre das carnificinas
TEXTO II Come, e à vida em geral declara guerra,
Comecei a procurar emprego, já topando o que
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
desse e viesse, menos complicação com os homens,
mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de E há de deixar-me apenas os cabelos,
sangue, fui nesses lugares que sempre dão para Na frialdade inorgânica da terra!
descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado pe- A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos
dindo referências, e referências eu só tinha do diretor de uma literatura de transição designada como pré-
do presídio. -modernista. Com relação à poética e à abordagem
FONSECA, R. Feliz Ano Novo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (fragmento). temática presentes no soneto, identificam-se marcas
A oposição entre campo e cidade esteve entre dessa literatura de transição, como
as temáticas tradicionais da literatura brasileira. Nos A a forma do soneto, os versos metrificados, a pre-
fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse sença de rimas e o vocabulário requintado, além
embate incorpora um elemento novo: a questão da do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos
violência e do desemprego. vigentes no Modernismo.
As narrativas apresentam confluência, pois ne- B o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia
las o(a) simbolista, manifesta em metáforas como “Mons-
A criminalidade é algo inerente ao ser humano, que tro de escuridão e rutilância" e "influência má dos
sucumbe a suas manifestações. signos do zodíaco”.
B meio urbano, especialmente o das grandes cida- C a seleção lexical emprestada ao cientificismo,
des, estimula uma vida mais violenta. como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigêne-
C falta de oportunidades na cidade dialoga com a sis da infância” e “frialdade inorgânica”, que resti-
pobreza do campo rumo à criminalidade. tui a visão naturalista do homem.
D êxodo rural e a falta de escolaridade são causas D a manutenção de elementos formais vinculados
da violência nas grandes cidades. à estética do Parnasianismo e do Simbolismo,
E complacência das leis e a inércia das persona- dimensionada pela inovação na expressividade
gens são estímulos à prática criminosa. poética, e o desconcerto existencial.
E a ênfase no processo de construção de uma poe-
Correção: Tipo de erro: sia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que
Acerto
Habilidade Não Instalada Interpretação incorpora valores morais e científicos mais tarde
Desatenção ao Enunciado Cansaço renovados pelos modernistas.
Erro Texto Não Compreendido

Correção: Tipo de erro:


Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 03 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova Questão 04 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q110) amarela – Q113)
Casa dos Contos A pátria
& em cada conto te cont Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
o & em cada enquanto me enca Criança! não verás nenhum país como este!
nto & em cada arco te a Olha que céu! que mar! que rios! que floresta"
barco & em cada porta m A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
e perco & em cada lanço t É um seio de mãe a transbordar carinhos.
e alcanço & em cada escad Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
a me escapo & em cada pe Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
dra te prendo & em cada g Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
rade me escravo & em ca Vê que grande extensão de matas, onde impera,
da sótão te sonho & em cada Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
esconso me affonso & em Boa terra! jamais negou a quem trabalha
cada claúdio te canto & e O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
m cada fosso me enforco &
ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978. Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
O contexto histórico e literário do período barro-
coárcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de Criança! não verás país nenhum como este:
1975. A restauração de elementos daquele contexto Imita na grandeza a terra em que nasceste!
por uma poética contemporânea revela que BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.
A a disposição visual do poema reflete sua dimen-
Publicado em 1904, o poema A pátria harmoni-
são plástica, que prevalece sobre a observação za-se com um projeto ideológico em construção na
da realidade social. Primeira República. O discurso poético de Olavo Bi-
B a reflexão do eu lírico privilegia a memória e res- lac ecoa esse projeto, na medida em que
gata, em fragmentos, fatos e personalidades da A a paisagem natural ganha contornos surreais,
inconfidência Mineira. como o projeto brasileiro de grandeza.
C a palavra "esconso" (escondido) demonstra o de- B a prosperidade individual, como a exuberância da
sencanto do poeta com a utopia e sua opção por terra, independe de políticas de governo.
uma linguagem erudita. C os valores afetivos atribuídos à família devem ser
D o eu lírico pretende revitalizar os contrastes bar- aplicados também aos ícones nacionais.
rocos, gerando uma continuidade de procedimen- D a capacidade produtiva da terra garante ao país a
tos estéticos e literários. riqueza que se verifica naquele momento.
E o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa E a valorização do trabalhador passa a integrar o
linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vi- conceito de bem-estar social experimentado.
vido pelos inconfidentes.
Correção: Tipo de erro:
Correção: Tipo de erro: Habilidade Não Instalada Interpretação
Habilidade Não Instalada Interpretação Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço Erro Texto Não Compreendido
Erro Texto Não Compreendido
Plataforma Linguagens Enem - Competência 05 - Habilidade 15
Questão 05 (Enem 2016 – 1ª Aplicação – Prova A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial
amarela – Q99) do Modernismo, cujas propostas estéticas transpare-
Em casa, Hideo ainda podia seguir fiel ao impera- cem, no poema, por um eu lírico que
dor japonês e às tradições que trouxera no navio que A configura um ideal de nacionalidade pela integra-
aportara em Santos. […] Por isso Hideo exigia que, ção regional.
aos domingos, todos estivessem juntos durante o al- B remonta ao colonialismo assente sob um viés
moço. Ele se sentava à cabeceira da mesa; à direita iconoclasta.
ficava Hanashiro, que era o primeiro filho, e Hitoshi, o C repercute as manifestações do sincretismo
segundo, e à esquerda, Haruo, depois Hiroshi, que era religioso.
o mais novo. [...]. A esposa, que também era mãe, e as
D descreve a gênese da formação do povo
filhas, que também eram irmãs, aguardavam de pé ao
redor da mesa […]. Haruo reclamava, não se cansava brasileiro.
de reclamar: que se sentassem também as mulheres E promove inovações no repertório linguístico.
à mesa, que era um absurdo aquele costume. Quando
se casasse, se sentariam à mesa a esposa e o mari- Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
do, um em frente ao outro, porque não era o homem Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
melhor que a mulher para ser o primeiro […]. Elas se- Erro Texto Não Compreendido
guiam de pé, a mãe um pouco cansada dos protestos
do filho, pois o momento do almoço era sagrado, não
era hora de levantar bandeiras inúteis […].
NAKASATO, O. Nihonjin. São Paulo: Benvirá, 2011 (fragmento). Questão 07 (Enem 2017 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q27)
Referindo-se a práticas culturais de origem nipô-
nica, o narrador registra as reações que elas provo- E aqui, antes de continuar este espetáculo, é
cam na família e mostra um contexto em que necessário que façamos uma advertência a todos e
A a obediência ao imperador leva ao prestígio a cada um. Neste momento, achamos fundamental
pessoal. que cada um tome uma posição definida. Sem que
cada um tome uma posição definida, não é possí-
B as novas gerações abandonam seus antigos vel continuarmos. É fundamental que cada um tome
hábitos. uma posição, seja para a esquerda, seja para a direi-
C a refeição é o que determina a agregação familiar. ta. Admitimos mesmo que alguns tomem uma posi-
D os conflitos de gênero tendem a ser neutralizados. ção neutra, fiquem de braços cruzados. Mas é preci-
E o lugar à mesa metaforiza uma estrutura de poder. so que cada um, uma vez tomada sua posição, fique
nela! Porque senão, companheiros, as cadeiras do
Correção: Tipo de erro: teatro rangem muito e ninguém ouve nada.
Habilidade Não Instalada Interpretação FERNANDES, M.; RANGEL, F. Liberdade, liberdade. Porto Alegre: L&PM, 2009.
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro A peça Liberdade, liberdade, encenada em
Texto Não Compreendido
1964, apresenta o impasse vivido pela sociedade
brasileira em face do regime vigente. Esse impasse
é representado no fragmento pelo(a)
Questão 06 (Enem 2017 – 1ª Aplicação – Prova A barulho excessivo produzido pelo ranger das ca-
amarela – Q19) deiras do teatro.
O farrista B indicação da neutralidade como a melhor opção
Quando o almirante Cabral ideológica naquele momento.
Pôs as patas no Brasil C constatação da censura em função do engaja-
O anjo da guarda dos índios mento social do texto dramático.
Estava passeando em Paris. D correlação entre o alinhamento político e a posi-
Quando ele voltou de viagem ção corporal dos espectadores.
O holandês já está aqui. E interrupção do espetáculo em virtude do compor-
O anjo respira alegre: tamento inadequado do público.
“Não faz mal, isto é boa gente,
Vou arejar outra vez.” Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
O anjo transpôs a barra, Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Diz adeus a Pernambuco, Erro Texto Não Compreendido
Faz barulho, vuco-vuco,
Tal e qual o zepelim
Mas deu um vento no anjo,
Ele perdeu a memória...
E não voltou nunca mais.
MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
Plataforma Linguagens Enem - Competência 05 - Habilidade 15
Questão 08 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova azul – Q23)
O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas, etiquetá-las, selá-las, envolvê-las em pa-
pel celofane, branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em dúzias... Era fastidioso. Para passar mais
rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão
vinha? Vinha o encarregado do serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas,
voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas intermináveis, de lin-
guagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda – foram mestras.
O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo
que convida, um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua voz.
Ficou mais quente. A própria inteligência se transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante.
REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio. 2009.

O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de Janeiro daquela década. No
fragmento, o narrador delineia esse contexto centrado no
A julgamento da mulher fora do espaço doméstico.
B relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo.
C destaque a grupos populares na condição de protagonistas.
D processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem.
E vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.

Correção: Tipo de erro:


Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido

Questão 09 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova azul – Q42)


A Casa de Vidro
Houve protestos.
Deram uma bola a cada criança e tempo para brincar.
Elas aprenderam malabarismos incríveis e algumas viajavam pelo mundo exibindo sua alegre habilida-
de. (O problema é que muitos, a maioria, não tinham jeito e eram feios de noite, assustadores. Seria melhor
prender essa gente – havia quem dissesse.)
Houve protestos.
Aumentaram o preço da carne, liberaram os preços dos cereais e abriram crédito a juros baixos para o
agricultor. O dinheiro que sobrasse, bem, digamos, ora o dinheiro que sobrasse!
Houve protestos.
Diminuíram os salários (infelizmente aumentou o número de assaltos) porque precisamos combater a in-
flação e, como se sabe, quando os salários estão acima do índice de produtividade eles se tornam altamente
inflacionários, de modo que.
Houve protestos.
Proibiram os protestos.
E no lugar dos protestos nasceu o ódio. Então surgiu a Casa de Vidro, para acabar com aquele ódio.
ÂNGELO, I. A casa de vidro, são Paulo: Círculo do Livro, 1985.

Publicado em 1979, o texto compartilha com outras obras da literatura brasileira escritas no período as
marcas do contexto em que foi produzido, como a
A referência à censura e à opressão para alegorizar a falta de liberdade de expressão característica da época.
B valorização de situações do cotidiano para atenuar os sentimentos de revolta em relação ao governo instituído.
C utilização de metáforas e ironias para expressar um olhar crítico em relação à situação social e política do país.
D tendência realista para documentar com verossimilhança o drama da população brasileira durante o Regime
Militar.
E sobreposição das manifestações populares pelo discurso oficial para destacar o autoritarismo do momento
histórico.

Correção: Tipo de erro:


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Erro Texto Não Compreendido
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Questão 10 (Enem 2019 – 1ª Aplicação – Prova amarela – Q23)
HELOÍSA: Faz versos?
PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos...
Sonetos... Reclames.
HELOÍSA: Futuristas?
PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia!
Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam
em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Rene-
guei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.
ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.

O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos
1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura
A preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.
B conservadora, ao optar por modelos consagrados.
C preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.
D nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.
E eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos.

Correção: Tipo de erro:


Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido

Gabarito: Questão 1 – C | Questão 2 – D | Questão 3 – E | Questão 4 – B | Questão 5 – E | Questão 6 – B | Questão 7 – D | Questão 8 – E | Questão 9 – C | Questão 10 – B

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