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Família e Famílias - Práticas Sociais e Conversações Contemporâneas
Família e Famílias - Práticas Sociais e Conversações Contemporâneas
Apresentação
Prefácio
Parte I
Família, Política e Serviço Social: Práticas e
Concepções
Essa tensão pode ser verificada no artigo 2, item V da Loas, que afirma “a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção ou tê-la provida pela sua família ( grifo
nosso). Isso é reafirmado no artigo 20, que explica quem é a
família e a renda para acesso ao benefício. A tensão também se
expressa entre necessidades e mínimos sociais, dizendo que a
assistencia social se realiza de forma integrada com as políticas
setoriais, visando o enfrentamento da pobreza, à garantia dos
mínimoa sociais, ao provimento de condições para atender às
contingências sociais e à universalização de direitos. A tensão
4 - A modo de conclusão
Este texto não traz respostas, pois não é conclusivo Ele foi
elaborado a partir das experiências das autoras como professoras em
disciplinas que versam sobre a família e redes, crianças e adolescentes,
gênero e cultura.
ainda que as pessoas não convivam na mesma casa ( Sarti, 2003). E esta
é uma realidade não só das classes trabalhadoras. Alguns textos clássicos
mostram como as famílias pobres se aglutinam em torno de um
eixo central moral onde as mulheres ocupam posição central. É uma
realidade que não pode ser vista como “desviante”, mas sim como a
construção possível das relações familiares. Dessa forma, é
fundamental desnaturalizar essas relações, tentando melhor conhecer
esse fenômeno tão familiar e tão diverso.
Trazer essa dimensão da realidade não quer dizer que não se enxergue a
extrema vulnerabilidade das famílias monoparentais femininas expressa
na chamada feminização da pobreza. É importante lembrar que a
associação famílias monoparentais femininas e pobreza reforça o estigma
de que as mulheres são menos capazes para cuidar de suas famílias
Sabrina Celestino
Introdução
A profissão ainda não tinha referencia ética própria, visto que o primeiro
Código de Ética Profissional foi formulado em 1947. A atuação do Serviço
Social baseava-se em valores morais católicos, nos valores sociais e
religiosos dominantes na sociedade da época. A perspectiva
conservadora visava a uma investigação das causas biológicas para os
“desajustamentos dos menores” e famílias. Estabelecia-se um tratamento
por meio da institucionalização, da educação moral e cívica e da
profissionalização com vistas ao idealizado progresso da nação.
Outro exemplo:
Considerações Finais
O Juiz poderia decretar a perda do pátrio poder aos pais que “por
negligência ou má conduta, desassistirem o menor quanto às suas
necessidades básicas ou descumprirem, sem justa causa, as
obrigações fixadas em juízo”. Não identificamos nesse Código item
relativo à penalidade imposta aos pais no capítulo das infrações
cometidas contra a assistencia, proteção e vigilancia a menores, em
relação ao descumprimento de deveres com os filhos. Refere-se à
família como desestruturada e desajustada, responsável pelo
comportamento anti-social de seus tutelados. O Código fala em multa na
mesma forma do anterior.
No artigo 129 do ECA é referenciada medida que pode ser aplicada aos
pais e responsáveis em caso de desrespeito aos direitos de crianças e
adolescentes. No caso de agressões graves, o artigo 130 prevê, inclusive,
Considerações Finais
Parte II
Perspectivas Críticas
Introdução
Considerações Finais
Apesar do pouco tempo, o novo modelo vem sendo edificado a partir das
tentativas e contribuições de vários segmentos da sociedade, se
implicando com a desconstrução do modelo hegemônico-dominante.
Introdução
Uma questão básica para o bem- estar é como alocar a sua produção, a
partir da interdependência dos seus três pilares: família, mercado e
Estado. Apesar da inexistência de uma concepção unívoca de direitos
sociais quanto aos papéis atribuídos a cada um desses pilares, a
crítica feminista vai incidir sobre o papel das mulheres na provisão
do bem – estar, por meio do trabalho doméstico não remunerado e
do cuidado exercido na esfera da produção social.
A relação das mulheres com o Estado moderno é mais complexa que a dos
homens, pois elas são ao mesmo tempo clientes, trabalhadoras
remuneradas e trabalhadoras não remuneradas. Pode-se considerar
que o trabalho remunerado exerceu papel determinante na redução
da dependência das mulheres em relação aos homens, reforçando seu
poder de negociação no interior da família e abrindo novas possibilidades
fora do casamento. Os mercados de trabalho modificaram-se. O
processo de reestruturação produtiva fomentou uma “flexibilização”
considerável. As mulheres que sempre tiveram tendência a ocupar
empregos “”precários” viram o número destes empregos aumentar. Nos
anos 1990, a retração dos Estados de Bem – Estar Social teve importância
particular para as mulheres, na medida em que estas dependem de uma
“renda social “ sob a forma do usufruto de serviços públicos.
Introdução
processo. Os pais ainda são tidos como visitas nas unidades de saúde.
Sua experiência, suas dúvidas e seus temores são desconhecidos e
por isso não são considerados como demandas e nem são atendidos
pelos serviços.
Há que destacar, nesse processo, que os homens não parecem ter como
referencial de masculinidade o cuidado consigo mesmo ou com outrem. O
envolvimento ativo no cuidado e a responsabilidade com as crianças
parecem ainda estar fora do imaginário social de muitos, sendo
identificados por eles como uma função materna. Com freqüência, o ele
acredita não ser capaz de cuidar de seu filho e, considera a mãe a figura
mais adequada para exercer esse papel.
PARTE III
Introdução
Telles( 1992) diz que a família se constituiu, no Brasil, como valor moral e
medida de uma ordem legítima de vida, a partir da qual se tornou
possível articular valores, normas e identidades capazes de moldar
relações sociais. Ela se constitui em garantia ética, moral e
material. Na sociedade brasileira, caracterizada pela lógica da
destituição e privação de direitos, as necessidades sociais são
tratadas como dramas da vida privada, de forma despolitizada, quando na
verdade se trata de questões de ordem pública, afetas à sociedade e em
particular ao Estado.
Está sob ataque uma “sociedade na qual a maioria dos sujeitos sociais
tem sua inserção social relacionada ao lugar que ocupam no salariado,
ou seja, não só na renda, mas também seu status, sua proteção, sua
identidade”(Castel, 1998, p. 169).
Para Castel, foi de uma situação de trabalho sem proteção que emergiu na
sociedade moderna o novo status do trabalho fundado em u tipo de
proteção e de regulação, tornando-se uma forte referencia à medida
que instaura a possibilidade de controlar o futuro porque o presente é
estável.
Introdução
O programa Bolsa Família, criado pelo governo federal em 2003, tem por
objetivo instituir um programa nacional de transferência de renda as
famílias pobres, pautado na gestão descentralizada e intersetorial.
Idade
Somente 8,3% dos entrevistados disseram não saber como fazer para
aumentar a renda da familiar → dado evidencia que há entre os
beneficiários do PBF pessoas que não antevêem perspectiva de futuro em
condições de vida mais satisfatória.
Considerações Finais
Introdução
A família na contemporaneidade
Os conceitos sobre casal, união estável, parceria civil e família são plurais
e divergentes, atravessando questões no campo cultural, moral e
cognitivo.
Apesar dos esforços relativos à legislação que trata a regulação civil entre
pessoas do mesmo sexo, não se observa o reconhecimento dos
núcleos compostos por homossexuais, com crianças ou não, como
entidades familiares, pois o entendimento da família passa pela
procriação. Essa discussão passa por um processo de construção e
desconsrução de culturas, pelo que se entende de família.
Considerações Finais
NUMESS - Núcleo Mineiro de Estudos e Pesquisa em Serviço Social em parceria com
Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia
www.cicloceap.com.br
Livro: Família e Famílias – Práticas sociais e conversações contemporâneas