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COMBUSTÃO

A combustão é definida como sendo uma reação química violenta, com


produção de luz e calor. Várias reações químicas podem resultar no fenômeno da combustão: a
combinação do carbono, do hidrogênio, do enxofre e outros elementos com o oxigênio; a
combinação do cloro com o hidrogênio; a combinação do iodo com o fósforo e outras.
Contudo, o primeiro exemplo citado constitui o mais empregado. É este tipo de combustão que
nos interessa.

O principal objetivo da combustão é a obtenção de calor, embora, algumas


vezes, a finalidade seja a obtenção de luz, produtos químicos, etc. O calor de combustão é o
calor resultante da reações exotérmicas que se desenvolvem no processo de combustão. A
quantidade de calor produzida é medida em calorias (poder calorífico)

A maioria dos combustíveis industriais são compostos de carbono, hidrogênio e


enxofre (este em pequena proporção).

Na combustão a reação que ocorre é denominada basicamente de oxidação.


Assim, quando o carbono puro (C) é queimado, a reação que se passa é:

C + O2 CO2 + 97.200 Kcal

Portanto, quando o carbono puro queima totalmente, produz somente o dióxido


de carbono (CO2), também conhecido como gás carbônico, acompanhado da liberação de
97.200 Kcal. quando a queima não é total, obtém-se em lugar de dióxido de carbono (CO2), o
monóxido de carbono (CO), e a reação escreve-se:

C + 1/2 O2 CO + 28.880 Kcal

Evidentemente, deve-se orientar a queima no sentido de se obter CO2 pois


têm-se assim uma liberação bem maior de calor.

Na prática, queimam-se combustíveis que não se compõem apenas de carbono


(C), mas também de hidrogênio (H) e enxofre (S). Assim, numa combustão as reações são, em
última análise:

C + O2 CO2 + 97.200 Kcal

2H2 + O2 2H2O + 136.400 Kcal

S + O2 SO2 + 70.400 Kcal


C + 1/2 O2 CO + 28.880 Kcal

CO + 1/2 O2 CO2 + 68.320 Kcal

Sabendo-se que os pesos atômicos correspondentes aos seguintes elementos são:

ELEMENTOS SIMBOLOS PESO ATÔMICO (Kg/mol)

Carbono C 12
Hidrogênio H 02
Enxofre S 32
Oxigênio O 16

Podemos dizer que nas reações acima:

a) 12 Kg de C reagem com 32 Kg de O2 formando 44 Kg de CO2 e liberando


97.200 Kcal. Se 12 Kg de C, para formar CO2, liberam 97.200 Kcal, 01 Kg
libera 8.100 Kcal.

b) 4 Kg de H2 reagem com 32 Kg de O2 formando 36 Kg de H2O, liberando


136.400 Kcal. Se 4 Kg de H2 liberam 136.400 Kcal, 1Kg libera 34.100 Kcal.

c) 32 Kg de S reagem com 32 Kg de O2 formando 64 Kg de SO2 e liberando


70.400 Kcal. Se 32 Kcal de S liberam 70.400 Kcal, 1 Kg libera 2.200 Kcal.

d) 12 Kg de C reagem com 16 Kg de O2 formando 28 Kg de CO e liberando


28.880 Kcal. Se 12 Kg de C, para formar CO liberam 28.880 Kcal, 1 Kg libera
2.407 Kcal.

e) 28Kg de CO reagem com 16 Kg de O2 formando 44 Kg de CO2 e liberando


68.320 Kcal. A quantidade de calor liberado por Kg em termos de C é igual a
5.693 Kcal.

** como a reação (e) é uma reação intermediária, passando do estado de CO


para o estado final de CO2, a quantidade de calor por Kg de C é determinada pela diferença
entre a quantidade de calor liberado por Kg de C nas reações (a) e (d).
1. Combustão Industrial:

Na combustão utilizada para fins industriais os detalhes dos diversos estágios


que ocorrem na queima dos combustíveis não tem, aparentemente maior interesse, posto que
os produtos intermediários que possam se formar, muitas vezes, dificilmente teriam ação sobre
o material exposto ao aquecimento. Contudo , todo o cuidado deve ser tomado para que esses
produtos atinjam o seu estágio final antes de passarem aos gases da chaminé. Por outro lado,
há operações que requerem chamas redutoras ou oxidantes e, nestas condições o cuidado deve
ser tomado para que um tipo indesejável de chama, não ocorra.

Se o objetivo é obter máximo de calor, a finalidade será o maior rendimento da


combustão.

Não basta, porém, que o rendimento calorifico atenda às necessidades


requeridas, é preciso que isso seja feito de forma econômica.

Para se atingir tal objetivo são necessários dois passos importantes : 1º - ter
uma combustão eficiente, regulando a quantidade de ar e proporcionando perfeita mistura ar-
combustível; 2º - transferir o máximo de calor obtido na combustão para o material a ser
aquecido.

A simples observação de urna combustão industrial pode não revelar o que se


perde de combustível. Somente o controle exercido na combustão pode revelar o que na
realidade se passa ali , Economizar combustível é um dever social

Fala-se em crise de energia, em escassez da combustíveis, mas o que se perde


atualmente na combustão industrial é de estrarrecedor.

Há um ponto crítico, é verdade, em que se cruzam as linhas de economia e


interesse industrial, é o ponto em que o mínimo de combustível é gasto e o máximo de
produção é atingida. Este ponto varia conforme o tipo de indüstria. A localização deste ponto
em cada indüstria constitui o objetivo do estudo da combustão industrial.

Atualmente, devido à atribulada questão do petróleo, à concorrência e à nova


mentalidade que preside o empzesariado, maior atenção vem sendo dada a este setor. Chegou-
se por fim à conclusáo de que a manutenção do técnico de combustão é um investimento de
grande rentabilidade.

2. Ar de Combustão

O ar atmosférico é a fonte mais abundante e de mais baixo custo, fornecedora


de oxigênio. O ar atmosférico é composto, principalmente, de nitrogênio e oxigênio. Contém
também pequenas quantidades de dióxido de carbono, vapor d'água, gases raros (argônio,
neônio, criptônio, xenônio e hélio) e em certas áreas pode conter óxidos de enxofre e de
nitrogênio, ozona, partículas sólidas e outras substâncias estranhas.

Acredita-se que a atmosfera esteja em contínuo processo de renovação e que a


sua composição seja mais ou menos constante.

Em resumo, o ar atmosférico compõe-se principalmente de:

Oxigênio (O2 ) = 23% (em peso) ou 21% (em volume)


Nitrogênio (N2) = 77% (em peso) ou 79% (em volume)

Também fazem parte da composição do ar quantidades de dióxido de carbono,


vapor d´agua, gases raros (argônio, neônio, criptônio, xenônio e hélio) e em certas áreas pode
conter óxidos de enxofre e de nitrogênio, ozona, partículas sólidas e outras substâncias
estranhas.

O ar de combustão, por sua vez, nada mais é que o ar atmosférico que toma
parte na combustão; este ar às vezes entra em combustão sem maiores cuidados, mas em casos
especiais ele pode receber tratamento especial como filtragem, aquecimento, enriquecimento
com oxigênio, etc.

A medição do ar na combustão industrial é muito difícil. Nas instalações onde o


ar de combustão é suprido exclusivamente por meio de sopradores, esta medição é fácil,
porém, na maioria dos casos, a quantidade de ar de combustão é calculada com base na
análise dos gases de combustão.

Ao ar de combustão deve ser dada toda a atenção, pois a ele e às suas


condições deve-se uma boa eficiência da combustão.
Um excesso de ar de combustão, além de certo limite, pode acarretar prejuizo;
porque o ar que não participa da combustão tende a esfriar a chama sem contribuir para a
reação. Quanto maior for o excesso de ar, maior será aumento da velocidade de circulação dos
gases quentes com consequente perda de calor para a chaminé. Por outro lado, a insuficiência
de suprimento desse ar resulta igualmente um prejuizo. Devido às condições fortuitas
necessárias, caso forneçamos somente o ar exato, dificilmente obteremos o aproveitamento
máximo do combustível.

A quantidade de ar para a combustão pode ser teoricamente calculada com


base na composição do combustível usado, isto é, na sua análise elementar. Esta composição é
possível de ser deduzida, igualmente da análise dos gases de composição. Como a maioria dos
combustíveis industriais são constituídos de carbono e hidrogênio, as quantidades de CO2 e
H2O presentes nos gases permitem calcular as quantidades correspondentes de C e de H2 que
os geraram, e daí, a composição percentual do combustível.

No processo de combustão industrial, é quase impossível obter uma combustão


completa sem que se tenha um excesso de ar. Assim, excesso de 100% e até 500% são
comuns na queima de combustíveis sólidos. Por outro lado, com combustíveis líquidos e
gasosos pode-se limitar esse excesso a percentagens tão baixas como 10% e 3%. Na prática,
a quantidade de ar de combustão é regulada pela otimização da combustão desejada e, isto
alcançado, nada mais é necessário do que mantê-la.

É comum, quando se faz referência ao ar de combustão falar em ar primário e


ar secundário. Esta referência a um e outro produto só é válida quando o primeiro gera
monóxido de carbono (CO) e o segundo completa a combustão transformando-o em dióxido
de carbono (CO2). O ar que já vem misturado aos combustíveis gasosos ou usado como
agente atomizador nos combustíveis líquidos é chamado erroneamente de ar primário.

As quantidades teóricas de oxigênio e ar necessários à combustão podem ser


calculados, com boa aproximação, pelas fórmulas:

MTO 2 = 2.66 C + 8 (H - O/8) + 1 S ( % em peso)

MTar = 11.5 C + 34.8 (H - O/8) + 4.35 S

VTO2 = 1.86 C + 5.6 (H - O/8) + 0.7 S ( % em volume)

VTar = 8.85 C + 26.65 (H - O/8) + 3.33 S

onde:
MTO 2 - massa teórica do oxigênio C - % de C no combustível

MTar - massa teórica do ar H - % de H2 no combustível


VTO2 - volume teórico do oxigênio O - % de O2 no combustível

VTar - volume teórico do ar S - % de S no combustível

A quantidade teórica de ar necessária à combustão pode ser calculada com boa


aproximação, pela seguinte fórmula:

Kg Ar/ Kg combustível = 11,5 C + 34,7 H2 + 4,3 S

Onde o C, H2 e S representam, respectivamente, os percentuais de carbono,


hidrogênio e enxofre no combustível.

O conhecimento prévio das quantidades necessárias de ar de combustão é de


primordial importância para os cálculos das câmaras de combustão, dutos, chaminés,
exaustores e outros equipamentos. Como a quantidade de combustível a ser usada num mesmo
equipamento pode variar de acordo com as necessidades, as quantidades de ar admitidas à
combustão devem ser igualmente variar e, para este fim, certos dispositivos devem ser
previstos, que podem ser de regulagem manual ou automática.

A velocidade do ar no processo de combustão é outro ponto que deve ser


considerado. É possível obter uma combustão completa e perfeita, até certo ponto, e não se
obter o mesmo rendimento. É preciso não esquecer que o calor da chama é transferido ao
material que está sendo aquecido, entre outros meios, também por condução dos gases
quentes, e o contato destes com o material deve ter uma duração mínima para que essa
transferência seja eficiente.

Exemplo:

Verificar o ar necessário (teórico) para a queima de óleo combustível tipo A


(BPF), cuja análise típica damos abaixo:

C = 84 % , H2 = 11 %, S = 4 % e Água = 1 %

De acordo com os dados acima, temos:

0,84 . 11,5 = 9,66


0,11 . 34,7 = 2,81
0,04 . 4,3 = 0,17
Total de Ar = 13,64 Kg de ar / Kg de BPF

Logo a quantidade de Oxigênio é = 13,64 . 0,23 = 3,13 Kg de Oxigênio.

Conclusão:
- São necessários teoricamente 13,64 Kg de ar / Kg de BPF para a queima
(sem excesso de ar);
- Na prática, é necessário usar mais ar do que a quantidade teórica.
Entretanto, este excesso de ar deve ser o mínimo possível.

3. Otimização da Combustão

3.1 – Temperatura dos Gases de combustão:

A temperatura dos gases é fator importante no controle da eficiência e perdas


da combustão, pois de nada adianta um combustão ser completa e perfeita, se não for eficiente,
isto é, se o calor por ela produzido não for o máximo.

A temperatura dos gases é medida logo após a saída dos mesmos da câmara
de combustão, o que significa que a partir dessa etapa a transferência de calor deixa de ser útil.

3.2 – Controle da Combustão:

O controle da combustão é extremamente importante, pois serve para evitar a


perda de calor e, conseqüentemente de combustível, elevando a eficiência de queima dos
equipamentos e diminuindo o consumo de combustível.

Esse controle da combustão pode ser feito através de aparelhos que medem,
basicamente, o seguinte:
- percentual de CO2 nos gases da chaminé;
- percentual de CO nos gases da chaminé;
- percentual de O2 nos gases da chaminé;
- quantidade de fuligem;
- tiragem.

Os indicadores de combustão acima descritos, analisados individualmente


fornecem alternativas de correção da combustão como descrevemos em seguida:
Percentual de CO2:

Mede-se o CO2 através de um equipamento chamado de ORSAT, ou


semelhante e, que consiste em um vidro graduado, no qual coloca-se o produto que vai
absorver o gás desejado, no caso específico o CO2. A leitura é feita diretamente na escala
graduada.
Para o CO2, o líquido usado é o didróxido de potássio. Para o O2, o
procedimento é o mesmo, apenas com líquido diferente. O baixo teor de CO2, pode ser devido
as seguintes condições:
- atomização imperfeita;
- Excesso de ar;
- Tiragem excessiva;
- Entrada falsa de ar na fornalha.
Para o óleo BPF o valor teórico máximo para o CO2 situa-se próximo de 15
%, sendo que o prático máximo considerado é 14 %. Entretanto, valores acima de 12,5 %
podem ser considerados como bons.

Temperatura dos Gases

Temperatura alta dos gases de combustão indica perda de calor pela chaminé.
A boa prática manda que a temperatura deve situar-se em torno de 200 ºC.

A temperatura na chaminé pode-se elevar devido a:

- queimador com capacidade de queima elevada;


- superfície de troca de calor sujas ou subdimensionadas;
- tiragem excessivas e,
- fornalha pequena ou inadequada.

Quantidade de Fuligem

A quantidade de fuligem nos gases de queima também permite estimar a


qualidade de queima, pois a fuligem pode ser devido aos fatores abaixo:

- atomização imperfeita;
- combustível em excesso;
- tiragem insuficiente e,
- falha de projeto na fornalha.
No caso de atomização imperfeita, deve-se verificar se o óleo está na
viscosidade correta (ou aquecido sufucientemente) e se o orifício do queimador está livre.

Evidentemente, entre as conseqüências de fuligem, está a poluição ambiental


que deve ser também evitada. O controle pode ser feito passando os gases de queima através
de papel de filtro e comparando a coloração deste com uma escala padrão.

Tiragem

A tiragem é medida de passagem dos gases de combustão pela caldeira ou


forno. Tiragem excessiva produz um aumento na temperatura dos gases na chaminé e reduz o
percentual de CO2.

Tiragem inadequada, por sua vez, resulta em combustão deficiente e excesso de


fuligem.

A medida da tiragem é feita na câmara de combustão e na chaminé. Tiragem


insuficiente na câmara de combustão acarreta saída dos gases e fumaça para a área exterior e
vizinha. A tiragem deve ser grande o bastante para evitar pressão positiva na câmara de
combustão.

A eficiência da combustão é obtida através de alguns fatores


operacionais,como:

- excesso de ar
- atomização perfeita
- análise dos gases

Além dos itens citados, o operador deve controlar por observação prática as
seguintes características:

- aspecto da chama
- aspecto da fumaça
- aspecto dos gases de saída da chaminé

Outros meios utilizados para a otimização da combustão são os seguintes:

- pré-aquecimento de ar de combustão
- pré-aquecimento do combustível líquido para a obtenção da
viscosidadeidealde qeima.
- análise contínua dos gases de combustão.
4. Procedimento para determinação da Eficiência da combustão:
O procedimento é o seguinte:

- medir a temperatura dos gases de queima através de um orifício feito o mais


próximo possível da saída da câmara de combustão;
- medir a temperatura ambiente na área próxima a tomada do ar de
combustão;
- medir o volume percentual de CO2 nos gases de queima no mesmo ponto
do primeiro parágrafo;
- subtrair a temperatura ambiente da temperatura dos gases de queima;
- com a diferença de temperatura encontrada no item anterior, e o percentual
CO2, entrar no gráfico da página seguinte e determinar o percentual de
perda através dos gases de combustão no eixo das ordenadas e o
rendimento no eixo das abcissas;
- as medições devem ser efetuadas, após as correções, com cerca de 20 a
30 minutos de intervalo.
- Efetuar as correções que se fizerem necessárias e que na maioria dos casos
relacionam-se com a temperatura de aquecimento do óleo e o excesso de
ar.

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