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Proteção contratual

Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB Impresso por: Vinícius Dos Reis
Introdução ao Direito do Consumidor -Turma 2 (Parceria Data: terça, 30 ago 2022, 16:29
Curso:
ILB/ANATEL)
Livro: Proteção contratual
Descrição

MÓDULO VI - PROTEÇÃO CONTRATUAL


Índice

1. Módulo VI - Proteção Contratual

2. Unidade 1- O contrato de consumo e o contrato clássico


2.1. Pág. 2
2.2. Pág. 3
2.3. Pág. 4 - Contrato de adesão
2.4. Pág. 5
2.5. Pág. 6 - Contratos
2.6. Síntese

3. Unidade 2 - Função social dos contratos


3.1. Pág. 2
3.2. Pág. 3
3.3. Síntese

4. Unidade 3 - Cláusulas abusivas


4.1. Pág. 2
4.2. Síntese

5. Exercícios de Fixação - Módulo VI


1. Módulo VI - Proteção Contratual

- Distinguir o contrato clássico do contrato de consumo;

- identificar as características dos contratos nas relações de consumo;

- compreender a importância da função social dos contratos;

- identificar cada hipótese legal exemplificativa das cláuculas abusivas e assim traçar a noção necessária para reconhecê-las;

- visualizar as situações práticas da proteção contratual através dos exemplos e de jurisprudência atualizada.
2. Unidade 1- O contrato de consumo e o contrato clássico

Até aqui estudamos vários aspectos imprescindíveis sobre o direito do consumidor, passamos pelas responsabilidades civis nas relações de consumo, detivemo-nos na
publicidade e suas implicações, e, no módulo anterior, tivemos oportunidade de concentrar nossa atenção nas práticas abusivas que mais causam danos ao consumidor.

Veremos agora o contrato de consumo e o contrato clássico.

Quais as formas dos chamados “contratos de consumo”, conforme entendidos pelo CDC ?

Antes da chegada do Código de Defesa do Consumidor, as relações contratuais, inclusive as de consumo, tinham por alicerce a máxima de que “o contrato faz lei entre as
partes”, em tradução livre ao princípio basilar dos contratos clássicos, chamado de pacta sunt servanda.

A mudança trazida pelo CDC na matéria é significante. Estudamos na Unidade 3 do Módulo III que, ao vincular a oferta ao anunciante, o Código coloca a demonstração do
compromisso firmado acima da cláusula contratual.

2.1. Pág. 2

É normal, ao falar de contrato, que venha à mente um maço de papéis preenchido por uma
sequência de cláusulas estipulantes de direitos, deveres, características, definições etc.

Esquecemo-nos, no entanto, que existem outras formas de contratar, as quais estão sendo
realizadas todos os dias.

Vejamos o exemplo:

João acorda, prepara-se para ir ao trabalho, passa na padaria e toma um café com pão: contrato de alimentação.

Pega um ônibus que o leva até o metrô onde este segue para o seu trabalho: dois contratos de transporte em sequência.

Compra um jornal na banca: contrato de compra e venda.

Paga cinco reais para engraxarem o seu sapato na sapataria ao lado: contrato de serviço.
2.2. Pág. 3

Todas essas atividades e muitas outras são formas de contratação não escritas. 

Levando em conta que João, nosso personagem, ainda vai sair para almoçar, comprar itens para o lanche da família e pegar novamente um metrô e um ônibus para chegar
em casa, conclui-se que este indivíduo realizou nove contratos em um dia somente com atividades do cotidiano.

Para refletir

Já pensou nos contratos que você firma ao longo do dia?


2.3. Pág. 4 - Contrato de adesão

E o contrato de adesão?

Existem negócios no âmbito do consumo que necessitam da proteção de um contrato escrito e formalizado. Pensando nestes e com a preocupação de que o instrumento
contratual fosse adequado à produção em escala e o consumo por esta gerado, o CDC inovou na normatização brasileira, instituindo o contrato de adesão. Observe a norma
legal:

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
2.4. Pág. 5

O que representa, na prática, o contrato de adesão?

O contrato de adesão, assim como outros itens destinados à regulação da atividade de


consumo, tem sua base histórica determinada pela Revolução Industrial e seus
desdobramentos, como a massificação dos produtos, a proliferação dos serviços e a criação
cada vez mais crescente de novas “necessidades” de consumo. Representa, então, uma quebra
contundente do regramento aplicado ao contrato clássico.

Como ocorre, então, no contrato clássico?

No contrato clássico ou paritário, ambas as partes têm o poder de transacionar livremente. As cláusulas são elaboradas e fechadas de comum acordo. Com isso, o princípio
da autonomia da vontade é categórico. Pode uma das partes recusar a execução de algo que não estava estipulado, da mesma forma que é forte o argumento de que a
outra parte concordou com os termos fixados e, sendo estes estritamente legais, é forçada a cumpri-los tão somente por constar no contrato.

2.5. Pág. 6 - Contratos

O contrato clássico ou paritário é utilizado nas relações de consumo?

Naturalmente, o contrato paritário não teria como acompanhar o crescimento agressivo do capitalismo. Hoje, este tipo de contrato ainda é muito usado; porém, não se
adequa às relações de consumo.

Veja este exemplo: uma empresa que produz, distribui e vende refrigerantes não teria condições até mesmo de manter seu negócio caso tivesse que acertar um contrato
com cada pessoa que quisesse discutir suas cláusulas. Não só não haveria tempo suficiente como tornaria seu negócio inseguro e até mesmo inviável.

Que tipo de contrato é mais utilizado na sociedade de consumo?

Desse modo, em meio à força da nova sociedade de consumo, surgiu o contrato de adesão, assim chamado porque tem suas cláusulas determinadas por uma das partes,
qual seja, o fornecedor do produto ou do serviço. Ao consumidor (a outra parte do contrato) cabe apenas aderir ou não ao mesmo - não lhe é dada a possibilidade de
negociação das cláusulas contratuais. Em contrapartida, o Código de Defesa do Consumidor incorpora em seu texto uma forte proteção ao consumidor, equilibrando a
relação.

Até mesmo o tamanho mínimo da fonte utilizada na redação dos


contratos de adesão (tamanho 12) é prevista no CDC (art. 54, § 3º).

 
2.6. Síntese

Quais são as “autoridades competentes” mencionadas no art. 54 do CDC?

Cumpre destacar que quando o art. 54 do Código fala em “é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente”, refere-se, principalmente, ao
serviço com regulação própria, que é repassado pela Administração Pública aos entes privados por concessão, autorização ou permissão.

Exemplo: Os contratos de adesão de energia elétrica no Brasil têm suas cláusulas determinadas pela Aneel, por meio de anexo ao Regulamento do serviço.

Síntese

Esta unidade nos mostrou que os contratos podem ser celebrados tanto na
forma escrita como verbal. Conhecemos os contratos clássicos ou paritários
em que ambas as partes têm o poder de transacionar livremente, quando as
cláusulas são elaboradas e fechadas de comum acordo, e o princípio no qual
se baseiam: o pacta sunt servanda. Vimos ainda que o CDC inovou na
normatização brasileira instituindo o contrato de adesão, que tem suas
cláusulas determinadas por uma das partes, qual seja, o fornecedor do
produto ou do serviço, e que ao consumidor cabe apenas aderir ou não a ele.
3. Unidade 2 - Função social dos contratos

Na unidade anterior vimos os tipos de contratos, mas você sabia que os contratos têm função social?

É o que descobriremos a seguir.

A função social dos contratos encontra-se formalizada em nossa legislação pelo Código Civil de 2002. É lá que se encontra sua previsão legal, nos artigos seguintes:

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.

Art. 2.035. (...) Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para
assegurar a função social da propriedade e dos contratos.

Importa dizer que o contrato cada vez menos é uma figura imutável, da qual as partes estão irremediavelmente atreladas e
nada pode atingir o convencionado.  

3.1. Pág. 2

Você se recorda da história da peça teatral “O Mercador de Veneza”, de William Shakespeare?

Trata-se de mercador que contrata, com um agiota, fiança para uma viagem marítima. Pactuam, para tal, contrato com cláusula em que o mercador teria que entregar ao
agiota uma libra (aproximadamente meio quilo) de sua própria carne em caso de inadimplemento. Os navios se perdem em alto mar, impossibilitando o mercador de pagar
sua dívida no prazo estipulado. A peça ganhou versão em filme, sendo o agiota protagonizado por Al Pacino.

Ora, qual seria a função social de tal contrato?

Abstraídas as implicações relativas às diferenças de tempo e lugar, além de que se trata de obra de ficção, analisando o caso somente pela via da obrigação civil, este
contrato claramente não está cumprindo qualquer função social, concorda?
3.2. Pág. 3

O Prof. Miguel Reale, em artigo publicado, define bem a função social do contrato:

" O que o imperativo da 'função social do contrato' estatui é que este não pode ser transformado em um
instrumento para atividades abusivas, causando dano à parte contrária ou a terceiros, uma vez que, nos
termos do art. 187, também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes."

 
Não há razão alguma para se sustentar que o contrato deva atender tão somente aos interesses das partes que o estipulam, porque ele, por sua própria finalidade, exerce
uma função social inerente ao poder negocial, que é uma das fontes do direito, ao lado da legal, da jurisprudencial e da consuetudinária.

3.3. Síntese

 
 
O ato de contratar corresponde ao valor da livre iniciativa, erigida pela Constituição de 1988 a um dos fundamentos do Estado Democrático do Direito, logo no inciso IV do
art. 1º, de caráter manifestamente preambular.
 

Assim sendo, é natural que se atribua ao contrato uma função social, a fim de que ele seja concluído em
benefício dos contratantes sem conflito com o interesse público.

Síntese

A preocupação com a função social dos contratos não carrega de forma alguma a pretensão de
enfraquecer a segurança e efetividade do contrato alicerçada pelo pacta sunt servanda. Busca-se,
isto sim, seguir o princípio de que os contratos não interessam somente às partes que se obrigaram,
mas a toda a sociedade. A cada livre iniciativa resta incólume. Fica claro, no entanto, que ela não
pode ser irrestrita, pois não deve ser abusiva dentro do contexto social em que se vive.

 
4. Unidade 3 - Cláusulas abusivas

Estamos quase chegando ao final do curso. Já podemos constatar que o CDC é um instrumento precioso para preservar os direitos do consumidor.

Veremos agora como são entendidas as cláusulas abusivas nos contratos, expressas em seu artigo 51 e incisos:

 "Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem
renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
limitada, em situações justificáveis;

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;

        III - transfiram responsabilidades a terceiros;

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis
com a boa-fé ou a eqüidade;

        V - (Vetado);

        VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

        VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;

VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;

XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;

        XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;

        XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias;

 XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;

 XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos
direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores;

 XIX - (Vetado)."

4.1. Pág. 2

Esses são os únicos casos possíveis?

Cabe advertir que esta não é uma lista taxativa. Ao dizer "entre outras, no caput do art. 51, quis o
legislador deixar claro que as hipóteses de nulidade não se restringuem às veiculadas por seus incisos.

 
 
Porém, ainda que exemplificativa, a quantidade de incisos denota a intenção de tornar claro o caminho, dando uma ideia geral daquilo que se entende por abusivo, no intuito
de guiar o intérprete. 

4.2. Síntese

Síntese

Cuida, então, o art. 51 do CDC das cláusulas abusivas nos contratos de consumo. E é
importante ressaltar que o que é abusivo numa relação de consumo não necessariamente o
será em outras do mundo civil. Ao proibir cláusulas do tipo que descreve e exemplifica, o CDC
está cumprindo o seu papel de equilibrar a relação entre fornecedor e consumidor, cercando
o segundo de garantias.

Afinal, o consumidor é o hipossuficiente na relação. Ele não controla nenhuma etapa do


tratamento que é dado ao produto até que chegue às suas mãos, além do que, sendo o
contrato de adesão, sequer pode interferir nas cláusulas que lhe são impostas.

Ressalte-se, igualmente, que o art. 51 é válido para todos os contratos regendo relações de
consumo, independentemente de se tratar de contrato de adesão ou não.

 Ver jurisprudência: Cláusulas abusivas

Para refletir

Após ler atentamente os incisos do art. 51, você percebe que o legislador usou a própria
prática auferida nas relações de consumo à época para redigi-los?

 
5. Exercícios de Fixação - Módulo VI

Parabéns! Você chegou ao final do Módulo VI do curso Introdução ao Direito do Consumidor (parceria ILB e ANATEL).

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma releitura do mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado não influenciará na
sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a correção imediata das
suas respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui.

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