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SAÚDE MENTAL DO HOMEM

PROF. VITOR DE SOUZA SOARES


A construção social das feminilidades e
masculinidades - o gênero

• Envolvem relações de poder historicamente construídas, implicando na


criação de um ideal hegemônico - o homem - em um contexto de oposição
a “outro” subalterno - a mulher.

• Contudo, essa relação não pressupõe tão somente a opressão do homem


sobre a mulher (a desigualdade de gênero), mas também sob “outros”
homens.
Reflexões teóricas sobre as masculinidades

a) elas se diferenciam em cada cultura,


b) elas se diversificam no decorrer do tempo,
c) se modificam através de várias intersecções identitárias,
d) mudam conforme a experiência de cada sujeito.

Nesse sentido, há múltiplas formas de ser homem, conferindo o caráter fluido


das masculinidades (eis aqui o motivo pelo qual o termo está no plural).
Os homens precisam provar-se constantemente

Autocontrole: tornar o corpo em expressão de dominação.


a) Meninos na escola: evita-se ao máximo que estes demonstrem sentimentos, como
sensibilidade e tristeza, transformadas em virilidade e agressividade.
b) “Homem não chora”: ainda está muito presente em nossa sociedade, refletida
também nas escolas.
c) Controle emocional: dificulta os meninos a manifestarem suas emoções e
demonstrarem dificuldades e fraquezas, o que pode acarretar a longo prazo
algum distúrbio ou transtorno mental.
d) Violência: são problemas estreitamente relacionados às necessidades de saúde da
população masculina. Contudo, têm sido negligenciados
Disfunção erétil (impotência sexual)

• Disfunção erétil é um assunto sobre o qual muitos homens evitam falar, mas
atinge, em algum grau, 25 milhões de brasileiros acima dos 18 anos.
• Pode ter origem em diversos fatores, sejam eles físicos, psicológicos ou até
mesmo comportamentais, como o uso de bebidas alcóolicas e tabagismo.
• A manutenção da qualidade de saúde e de vida é de fundamental
importância para evitar a disfunção erétil. O controle do sedentarismo,
obesidade, colesterol, estresse, hipertensão arterial e do diabetes são
imprescindíveis. Deve-se evitar o uso de drogas ilícitas, fumo e o abuso de
bebidas alcoólicas.
Perfil de saúde mental do homem

• Relacionado à diversas condições negativas, desde abuso de álcool até


patologias consideradas mais graves, como a depressão, o transtorno de
estresse pós-traumático (TEPT), transtorno bipolar e a psicose.

• Dados do Ministério da Saúde:


a) homens apresentam maior mortalidade por suicídio: 79%, enquanto as mulheres
evidenciam 21%, tendo como meio mais utilizado o enforcamento (66,1%), inclusive
utilizando métodos mais letais, em que não há tempo para tentar salvar o paciente.
Esse é um padrão que se repete no mundo inteiro.
Perfil de saúde mental do homem

• Necessidade dos homens de provar-se contra a natureza e para outros


homens: por exemplo, na vida militar, longe de intervenções consideradas
desviantes.
• Nas instituições educacionais, isso se materializa na “escolha” quase que
inevitável dos meninos às atividades ao ar livre, tomando a quadra da
escola e o esporte como parte da “essência” masculina. Não gostar da
prática esportiva é encarado como um desvio.
Perfil de saúde mental do homem

• Intolerância e depreciação de outras formas de ser homem, o que se


materializa em violência aos “outros” homens: homens negros, homens
indígenas, homossexuais e idosos.
• No que diz respeito à interseccionalidade de raça, no Brasil, homens indígenas são
os que mais cometem suicídio comparados a brancos e negros, principalmente na
faixa de etária de 10 a 19 anos. Esse dado fez com que o governo brasileiro
produzisse um programa específico sobre prevenção de suicídio em povos
indígenas.
• Podemos identificar também o homem negro, principalmente enquanto jovem e
com baixo indicador socioeconômico, como tendo maior propensão a manifestar
um primeiro episódio psicótico, sintoma de transtornos mentais ligados à
esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão, apresentando alucinações, ideias
delirantes e desorganização do pensamento.
Perfil de saúde mental do homem

• Dificuldades e transtornos de aprendizagem: o Manual Diagnóstico e


Estatístico de Transtornos Mentais (o DSM-5) informa a grande propensão dos
meninos em receber o diagnóstico de TEA, TDAH, deficiência intelectual,
Transtorno Opositivo-Desafiante (TOD) e os Transtornos Específicos de
Aprendizagem (TEAp), como dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia.
• Maior incidência masculina: múltiplos fatores, tais como genética, demanda
hormonal e amadurecimento cerebral diferenciado entre meninos e
meninas.
LGBTfobia

• É uma das discriminações pelas quais a masculinidade hegemônica é


construída.
• O Brasil é o país que mais mata a população LGBTQIA+ no mundo, seja por
assassinato ou por suicídio.
• A cada 19 horas morre um LGBTQIA+ no Brasil: 30,9% por armas de fogo,
24,8% por armas perfurocortantes, 13% por suicídio, 7,2% por
espancamento, 4,9% por asfixia, 1,3% por carbonização e 10,5% de outras
formas.
Psicopatologias mais abrangentes nos homens

DEPRESSÃO
• Podem experimentar fadiga, bem como retardo psicomotor, ou uma desaceleração
dos movimentos físicos, da linguagem e nos processos de pensamento.
• Dormir muito ou pouco: problemas de sono, tais como insônia, acordar muito cedo
pela manhã ou excesso de sono são sintomas comuns de depressão.
• Problemas de saúde, como prisão de ventre ou diarreia, bem como, dores de
cabeça e nas costas, são comuns em pessoas que estão deprimidas. os homens
muitas vezes não percebem a dor crônica e os distúrbios digestivos que podem
estar relacionados à depressão.
Psicopatologias mais abrangentes nos homens

DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO: o retardo psicomotor pode diminuir a


capacidade de um homem para processar a informação, prejudicando a
concentração no trabalho ou outras tarefas.

ESTRESSE: os homens podem ser mais propensos a relatar sintomas como o


estresse. A exposição prolongada ao estresse pode levar a mudanças tanto no
corpo e no cérebro, que por sua vez podem levar à depressão.
Psicopatologias mais abrangentes nos homens

ANSIEDADE: forte ligação entre os transtornos de ansiedade e depressão. É mais fácil


para homens falarem que se sentem ansiosos do que tristes. Os homens podem
discutir questões sobre o trabalho e perda de um emprego, por exemplo, usando
palavras como preocupação e medo, mas é muito difícil assumirem que estão tristes
ou deprimidos.

ABUSO DE SUBSTÂNCIAS: abusos de substâncias frequentemente acompanham a


depressão. Os alcoólatras são quase duas vezes mais propensos a sofrer de depressão
que pessoas sem problemas com a bebida. Isso pode acontecer tanto com homens
como mulheres, mas o uso de drogas ou álcool para mascarar sentimentos
desconfortáveis é uma estratégia que muitos homens adotam em vez de procurar
cuidados de saúde.
Consequências

• Com a naturalização desses comportamentos, os homens continuam em um


ciclo vicioso de violência: agridem outros homens, agridem as mulheres e
agridem a si mesmos. Isso acarreta em danos à saúde e ao adoecimento
mental desses sujeitos.
• É fundamental intervir nas relações de gênero impostas em nossa sociedade
e produzidas e reproduzidas pela escola, no intuito de evitar que outras
pessoas venham a ser afetadas.
Consequências

• Falar sobre masculinidades e falar sobre saúde mental são pautas políticas
no Brasil, ao ponto que nosso país presencia a onda de um
neoconservadorismo.
• Retomar o processo democrático é essencial para que essas agendas de
gênero e sexualidade possam progredir, inclusive na área de educação e
saúde, e cada vez mais homens possam desconstruir-se e cuidar de si
mesmos.
Referência

• Alves, Isabella Nara Costa. Saúde mental do homem e construção das


masculinidades na sociedade e na escola. 4º Seminário Internacional
Desfazendo Gênero. Editora Realize. 2019. Disponível em:
https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/64237.

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