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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2


UNIDADE 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS ....................................................................... 4
2.1 ORIGEM DA “POLÍTICA PÚBLICA” – O COMEÇO DA CONVERSA..................................... 4
2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS NO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL.......................................... 6
2.3 CICLO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA ........................................................................... 9
UNIDADE 3 – PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS ................................................ 15
3.1 O PROGRAMA NO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL .............................................. 15
3.2 AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS ................................... 17
UNIDADE 4 – DAS POLÍTICAS AOS SISTEMAS DE SAÚDE NO BRASIL ........... 21
4.1 CICLO ECONÔMICO DA DOENÇA E CICLO DINÂMICO DA SAÚDE ................................. 23
4.2 NOSSO SISTEMA DE SAÚDE .................................................................................. 28
4.3 A ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA.............................................................. 32
4.4 OS SISTEMAS DE SAÚDE E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) .............................. 33
UNIDADE 5 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ................................... 39
5.1 CONCEITO E DEFINIÇÃO....................................................................................... 40
5.2 O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE ................................................. 42
5.3 A INFORMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .......................................... 45
UNIDADE 6 – INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA ........................................... 48
6.1 MORBIDADE ....................................................................................................... 51
6.2 MORTALIDADE .................................................................................................... 53
6.3 LETALIDADE ....................................................................................................... 55
UNIDADE 7 – DOENÇAS PREVENÍVEIS E ALGUNS PROGRAMAS ESPECÍFICOS
.................................................................................................................................. 56
7.1 DOENÇAS PREVENÍVEIS MEDIANTE VACINAÇÃO ...................................................... 56
7.2 DOENÇAS VEICULADAS POR ÁGUA E ALIMENTOS .................................................... 57
7.3 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES ............................................................... 58
7.4 DOENÇAS CAUSADAS POR ECTOPARASITAS ........................................................... 58
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Leia atentamente as afirmativas abaixo, pois delas resultam os temas que


nos propomos a refletir neste módulo:
O processo saúde-doença é resultante de determinada organização social e
influenciado pela inserção social dos indivíduos e grupos na busca por uma
qualidade de vida melhor.
A doença é a causa e o efeito ao mesmo tempo, da pobreza, da alimentação
incorreta, das más condições de habitação, da ignorância e tantos outros.
O país que não investe em promoção e prevenção, acaba gastando o dinheiro
público para remediar o que não soube prevenir.
O fortalecimento de políticas públicas saudáveis requer ampliação do
interesse e da preocupação de diferentes setores no sentido de criar
ambientes favoráveis à vida (DALLARI, 1987; KAWAMOTO, 1995; CHIANCA,
1999; BRASIL, 2003).
O desejo, a elaboração, implementação, enfim, a EFETIVAÇÃO de políticas
públicas para um país saudável é a tônica das nossas reflexões ao longo deste
módulo, pois sem elas vivemos num círculo vicioso que pode ser denominado de
“círculo econômico da doença” e com elas, ao contrário, teremos o “ciclo dinâmico
da saúde”.
Nosso começo de conversa passa necessariamente pela origem da política
pública, conceitos, definições, estas políticas no Estado de Bem-Estar e um modelo
do seu ciclo.
A terceira unidade discorre sobre programas governamentais, o
planejamento e avaliação desses programas.
Na quarta unidade, partimos para as políticas públicas voltadas para o
âmbito da saúde, nosso foco de estudo. Nesse momento, explicaremos os ciclos
econômico da doença e dinâmico da saúde.
As políticas evidentemente nos levam ao sistema de saúde em vigor no
Brasil, portanto, veremos a estrutura político-administrativa, os serviços de saúde, as
instituições e a organização do SUS.

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Para que esse sistema funcione, ele precisa de todo um suporte que parte
justamente dos sistemas de informação, então também veremos alguns desses
sistemas.
Morbidade, mortalidade e letalidade são os indicadores básicos que dão
direção para a saúde coletiva agir, portanto também serão foco de estudo.
Para finalizar o módulo, vamos concentrar esforços em programas
específicos para doenças preveníveis, a título de exemplo: doenças preveníveis
mediante vacinação, veiculadas por água e alimentos, por vetores e por
ectoparasitas.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS

Vamos conhecer um pouco das políticas públicas, desde sua origem,


passando pelo estado de bem-estar social, definições, até modelos de
implementação, porque, embora parcela considerável dos profissionais de saúde
trabalhe diretamente na atenção básica, outros podem trilhar caminhos mais amplos
e participar efetivamente da elaboração dessas políticas, então acreditamos ser
importante que tenham uma noção mínima do assunto. Isto é: os profissionais da
saúde não necessariamente estarão na linha de frente, poderão optar por participar
de instância macro, então precisam ter noções mínimas da teoria da política pública.

2.1 Origem da “política pública” – o começo da conversa


Souza (2006) explica com muita propriedade que entender a origem e a
ontologia de uma área do conhecimento, é importante para melhor compreender
seus desdobramentos, sua trajetória e suas perspectivas. E sua revisão de literatura
sobre políticas públicas que dará o tom nesta primeira unidade.
A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica
nasceu nos EUA, rompendo ou pulando as etapas seguidas pela tradição europeia
de estudos e pesquisas nessa área, que se concentravam, então, mais na análise
sobre o Estado e suas instituições do que na produção dos governos. Assim, na
Europa, a área de política pública vai surgir como um desdobramento dos trabalhos
baseados em teorias explicativas sobre o papel do Estado e de uma das mais
importantes instituições do Estado – o governo –, produtor, por excelência, de
políticas públicas.
Nos EUA, ao contrário, a área surgiu no mundo acadêmico sem estabelecer
relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a
ênfase nos estudos sobre a ação dos governos.
O pressuposto analítico que regeu a constituição e a consolidação dos
estudos sobre políticas públicas é o de que, em democracias estáveis, aquilo que o
governo faz ou deixa de fazer é passível de ser: (a) formulado cientificamente e (b)
analisado por pesquisadores independentes. A trajetória da disciplina, que nasce
como subárea da ciência política, abre o terceiro grande caminho trilhado pela
ciência política norte-americana no que se refere ao estudo do mundo público. O
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primeiro, seguindo a tradição de Madison, cético da natureza humana, focalizava o


estudo das instituições, consideradas fundamentais para limitar a tirania e as
paixões inerentes à natureza humana. O segundo caminho seguiu a tradição de
Paine e Tocqueville, que viam, nas organizações locais, a virtude cívica para
promover o “bom” governo. O terceiro caminho foi o das políticas públicas como um
ramo da ciência política para entender como e por que os governos optam por
determinadas ações.
Na área do governo, propriamente dito, a introdução da política pública como
ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da valorização da
tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências.
Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara que estimulou a
criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental financiada
por recursos públicos e considerada a precursora dos think tanks.
O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas de
sistema, engenheiros, sociólogos, entre outros, influenciados pela teoria dos jogos
de Neuman, buscava mostrar como uma guerra poderia ser conduzida como um
jogo racional. A proposta de aplicação de métodos científicos às formulações e às
decisões do governo sobre problemas públicos se expande depois para outras áreas
da produção governamental, inclusive para a política social (SOUZA, 2006).
Ainda nessa origem americana, a mesma autora acima cita quatro grandes
fundadores do conceito.
a) Nos idos de 1930, H. Laswell introduz a expressão policy analysis (análise de
política pública), como forma de conciliar conhecimento científico/ acadêmico
com a produção empírica dos governos e também como forma de estabelecer
o diálogo entre cientistas sociais, grupos de interesse e governo.
b) H.Simon (1957) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos decisores
públicos (policy makers), argumentando, todavia, que a limitação da
racionalidade poderia ser minimizada pelo conhecimento racional. Para
Simon, a racionalidade dos decisores públicos é sempre limitada por
problemas, tais como informação incompleta ou imperfeita, tempo para a
tomada de decisão, autointeresse dos decisores, entre outros, mas a
racionalidade, segundo Simon, pode ser maximizada até um ponto satisfatório

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pela criação de estruturas (conjunto de regras e incentivos) que enquadre o


comportamento dos atores e modele esse comportamento na direção de
resultados desejados, impedindo, inclusive, a busca de maximização de
interesses próprios.
c) Lindblom (1959; 1979) questionou a ênfase no racionalismo de Laswell e
Simon e propôs a incorporação de outras variáveis à formulação e à análise
de políticas públicas, tais como as relações de poder e a integração entre as
diferentes fases do processo decisório, o que não teria necessariamente um
fim ou um princípio. Daí por que as políticas públicas precisariam incorporar
outros elementos à sua formulação e à sua análise além das questões de
racionalidade, tais como o papel das eleições, das burocracias, dos partidos e
dos grupos de interesse.
d) Easton (1965) contribuiu para a área ao definir a política pública como um
sistema, ou seja, como uma relação entre formulação, resultados e o
ambiente. Segundo ele, políticas públicas recebem inputs dos partidos, da
mídia e dos grupos de interesse, que influenciam seus resultados e efeitos.
Caminhando na esteira dos acontecimentos, embora fazendo um recorte no
tempo, iremos nos deparar com o Estado de bem-estar social.

2.2 Políticas públicas no Estado de bem-estar social


Em linhas gerais, se analisarmos ao “pé da letra”, bem-estar social seria
exatamente ter qualidade de vida, ou seja, um estado que reúne um conjunto de
fatores que levam o sujeito a ter uma existência tranquila e viver com satisfação.
O bem-estar social engloba, portanto, as coisas que incidem de forma
positiva na qualidade de vida: um emprego digno, recursos econômicos para
satisfazer as necessidades, um lar para viver, acesso à educação e a saúde, tempo
para o lazer, entre outros. Apesar de a noção de bem-estar ser subjetiva (aquilo que
é bom/favorável para uma pessoa pode não sê-lo para outra), o bem-estar social
está associado a fatores econômicos objetivos.
O Estado do Bem-Estar Social surgiu em resposta à Grande Depressão,
iniciada em 1929, quando aconteceu o “Crash” da Bolsa de Valores de New York,
crise esta, que se estendeu por quase toda a década de 1930, afetando vários

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países além dos Estados Unidos. As principais consequências dessa crise foram
altos índices de desemprego e uma queda acentuada no Produto.
Em resposta à depressão, os Estados Unidos buscou estabilizar o nível da
atividade econômica e aprovou uma legislação destinada a atenuar vários dos
problemas específicos: seguro-desemprego, seguridade social, seguro federal para
os depositantes, programas federais destinados a suportar preços da agricultura e
um conjunto de outros programas visando diversos objetivos econômicos e sociais.
O conjunto destes programas ficou conhecido como “New Deal”.
Nesta época, o Estado passou a intervir intensa e diretamente na economia
por meio das suas empresas estatais.
No Estado de Bem-Estar, também chamado de Estado-providência (Welfare
State) ou ainda Estado Social, o Estado é forte: presta muitos serviços públicos, atua
combatendo a pobreza, e também subsidiando empresas (subsídios incluem
construir hidrelétricas, telecomunicações e petroleiras para melhorar o sistema).
Nesta orientação, o Estado de Bem-Estar intervém na economia e na sociedade
com o fim de estimular o desenvolvimento e proporcionar, com mecanismos
reguladores e de seguridade social, condições de vida mínimas à grande maioria da
população (CRUZ, 2001).
O surgimento do Estado de Bem-Estar social pressupôs a garantia de
materializar direitos como a vida, a saúde e a alimentação. A partir deste momento,
o caráter assistencial e de caridade começa a desaparecer e os benefícios
começam a serem percebidos como direitos da cidadania. Mas, neste período, estes
direitos ainda eram considerados como dádivas provenientes de um Estado bom
(FREIRE Jr, 2005).
Como o Estado de bem-estar não se manteve e o sistema capitalista não
sustenta a possibilidade do provimento de todos os direitos sociais, fortaleceu-se o
estado mínimo aos direitos da população. Neste meio em que promessas não são
cumpridas, surge o Estado Democrático de Direito, que busca a efetivação da
Constituição, num caráter mais dinâmico e aberto, visando o pleno desenvolvimento
humano (FREIRE Jr, 2005).
Como afirma Batista et al. (2008, p. 11), as políticas promovidas pelos
Estados de Bem-Estar Social no pós-guerra levaram a uma melhoria considerável

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das condições de vida e de trabalho, contribuindo para o aumento progressivo da


expectativa de vida de suas populações.
Para Oliveira, Scortegagna e Oliveira (2010), neste contexto globalizado
atual, o sistema capitalista encontra novas formas de excluir, surge então, a
necessidade de políticas que garantam direitos elementares. Entretanto, as políticas
não se formulam aquém da globalização, assim, cabe pensar se realmente as
políticas estão incluindo os excluídos. Garantir, por exemplo, o direito ao voto
representa realmente um real Estado Democrático de Direito ou a obrigatoriedade
sobrepõe a consciência e camufla os interesses do Estado?
Sendo assim, torna-se imprescindível pensar o que atualmente representam
as políticas públicas, pois estas são permeadas pelas contradições entre a
reprodução do capital e as demandas sociais.
Segundo Bucci (2002, p. 241), as políticas públicas são

programas de ação governamental visando a coordenar os meios à


disposição do estado e as atividades privadas, para a realização de
objetivos relevantes e politicamente determinados.

Freire Jr (2005, p. 48) complementa e afirma que

as políticas públicas são os meios necessários para a efetivação dos


direitos fundamentais, uma vez que pouco vale o mero reconhecimento
formal de direitos se ele não vem acompanhado de instrumentos para
efetivá-los.

Pois bem, quando pensamos em efetivação dos direitos para uma parcela
da população que está marginalizada, podemos pensar em idosos, em negros.
Podemos também afunilar a política para a educação e pensar em pessoas com
necessidades especiais e ainda se pensarmos na saúde, podemos focar em grupos
vulneráveis como crianças desnutridas, áreas de doenças endêmicas. Enfim, são
muitos os vieses que pode seguir uma política pública.

Guarde...
As políticas públicas têm sua importância, entretanto não podem ser
consideradas como a solidariedade ou dádivas de um estado bom em prol do bem-
estar de toda população, por meio de um discurso caridoso e evasivo. Estas
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políticas não podem ser estruturadas apenas como meios de promoção política e
discurso eleitoreiro. Devem ser formuladas e implementadas segundo as
necessidades reais da população.
Não cabe dizer que as políticas públicas são boas ou ruins, mas é preciso
apontar limitações e que estas irão se efetivar garantindo direitos para toda
população a partir do momento em que haja movimentos sociais em prol da garantia
da cidadania, além de melhores condições de vida e sobrevivência.

A cidadania se constrói com a universalidade de direitos. Direito ao trabalho,


direito à saúde, direito à assistência social, direito à educação, direito à
aposentadoria e à pensão (COBAP, 2007, p. 8).

2.3 Ciclo de uma política pública


O ciclo de uma política pública ou também conhecido como elaboração da
política pública, na verdade, é um esquema de visualização e intepretação que
organiza a vida de uma política pública em fases sequenciais e independentes.
O ciclo é constituído dos seguintes estágios: identificação do problema;
formação da agenda; formulação de alternativas; tomada de decisão;
implementação; avaliação e extinção (SARAIVA; FERARREZI, 2006; SOUZA, 2006).
Um problema é a discrepância entre o status quo e uma situação ideal
possível. Um problema público é a diferença entre o que é e aquilo que se gostaria
que fosse a realidade pública. Um problema público pode aparecer subitamente, por
exemplo, uma catástrofe natural que afete a vida de pessoas de determinada região.
Um problema público também pode ganhar importância aos poucos, como o
congestionamento nas cidades ou a progressiva burocratização de procedimentos e
serviços públicos. Um problema público pode estar presente por muito tempo, mas
não receber suficiente atenção porque a coletividade aprendeu a conviver com ele,
como o caso da favelização das periferias das grandes cidades.
Um problema nem sempre é reflexo da deterioração de uma situação de
determinado contexto, mas sim de melhora da situação em outro contexto. Por
exemplo, a falta de acesso pavimentado de um pequeno município à malha viária
estadual passa a ser percebida como um problema relevante a partir do momento
em que o município vizinho é contemplado com esse tipo de obra. Às vezes, se meu
vizinho compra um carro novo, eu começo a perceber meu carro como velho.
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A incorporação de problemas na agenda dos governos, ponto de partida


para a elaboração de propostas de políticas públicas e de ação governamental,
envolve uma série de etapas que têm início com o “acatamento” de um assunto pelo
governo, podendo-se identificar, assim, a forma como ele chega ao debate público
(COSTA; MELO, 1998) e como captura a atenção dos elaboradores da política
(definição da agenda), daí gerando opções de política pública. Em seguida, torna-se
necessária a legitimação da decisão, momento no qual se busca apoio político dos
atores envolvidos com a política pública, para a obtenção da sua aprovação.
Finalmente, implementa-se a política formulada, através da operacionalização em
programas e projetos pelas áreas competentes (PINTO, 2008).

Vejamos abaixo um esquema do ciclo de formulação de políticas públicas.


Ciclo de políticas públicas

De acordo com Souza (2006), esta abordagem enfatiza sobremodo a


definição de agenda (agenda setting) e pergunta por que algumas questões entram
na agenda política, enquanto outras são ignoradas. Algumas vertentes do ciclo da
política pública focalizam mais os participantes do processo decisório, e outras, o

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processo de formulação da política pública. Cada participante e cada processo pode


atuar como um incentivo ou como um ponto de veto.
Se fizéssemos a seguinte pergunta: como os governos definem suas
agendas?, teríamos três tipos de respostas:
1ª Resposta: a primeira focaliza os problemas, isto é, problemas entram na
agenda quando assumimos que devemos fazer algo sobre eles. O reconhecimento e
a definição dos problemas afeta os resultados da agenda.
2ª Resposta: a segunda resposta focaliza a política propriamente dita, ou
seja, como se constrói a consciência coletiva sobre a necessidade de se enfrentar
um dado problema.
Essa construção se daria via processo eleitoral, via mudanças nos partidos
que governam ou via mudanças nas ideologias (ou na forma de ver o mundo),
aliados à força ou à fraqueza dos grupos de interesse. Segundo esta visão, a
construção de uma consciência coletiva sobre determinado problema é fator
poderoso e determinante na definição da agenda. Quando o ponto de partida da
política pública é dado pela política, o consenso é construído mais por barganha do
que por persuasão, ao passo que, quando o ponto de partida da política pública
encontra-se no problema a ser enfrentado, dá-se o processo contrário, ou seja, a
persuasão é a forma para a construção do consenso.
3ª resposta: a terceira resposta focaliza os participantes, que são
classificados como visíveis, ou seja, políticos, mídia, partidos, grupos de pressão,
entre outros, e invisíveis, tais como acadêmicos e burocracia. Segundo esta
perspectiva, os participantes visíveis definem a agenda e os invisíveis, as
alternativas.
A literatura do ciclo de política veio adquirindo progressiva importância nos
estudos sobre a elaboração da política pública. Vários trabalhos mencionados por
Vianna, já em 1996, indicavam a evolução dos estágios de desenvolvimento dessas
políticas.
Ainda sobre as fases ou etapas que compõem o processo, Kingdon (1994) e
Kelly e Palumbo (1992) citados por Pinto (2008) explicam melhor essas fases:
a) Determinação da agenda, onde a dinâmica da definição do problema é
questão essencial para a compreensão da política pública.

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b) Formulação e legitimação da política (seleção de proposta, construção de


apoio político, formalização em lei).
c) Implementação de políticas (operacionalização da política em planos,
programas e projetos no âmbito da burocracia pública e sua execução).
d) Avaliação de políticas (relato dos resultados alcançados com a
implementação das propostas e programas de governo, avaliação dos impactos dos
programas e sugestão de mudanças).
De acordo com a teoria do ciclo da política pública, o caminho seguido
começa com a elaboração de uma agenda, onde interesses e propostas são
colocados na “mesa” de negociações, definindo-se preferências que são adaptadas
ao projeto político governamental, seguido das etapas de formulação de propostas,
escolha de alternativas e implementação das políticas públicas.
As explicações acerca da incorporação de determinado item, na agenda do
governo, estão baseadas nas perspectivas pluralista ou elitista. Na primeira
perspectiva, pluralista, os itens da agenda provêm de fora do governo e de uma
série de grupos de interesse, sendo que as questões podem alcançar a agenda,
através da mobilização de grupos relevantes. Na segunda, elitista, a explicação
privilegia o entendimento de que há um tipo de estabelecimento fechado dentro da
determinação da agenda pelo governo, que opera através da difusão de ideias nos
círculos profissionais e entre as elites que decidem ou influenciam a política pública
(LUKES, 1976 apud PINTO, 2008).
Os partidos políticos, os agentes políticos e as organizações não
governamentais são alguns dos atores que se preocupam constantemente em
identificar problemas públicos. Do ponto de vista racional, esses atores encaram o
problema público como matéria-prima de trabalho. Um político encontra nos
problemas públicos uma oportunidade para demonstrar seu trabalho ou, ainda, uma
justificativa para a sua existência. A partir do momento em que uma espécie da
fauna entra em extinção, e isso vem a conhecimento público, surge a oportunidade
de criação de uma entidade de defesa daquela espécie. A partir do momento em
que um produto importado começa a atrapalhar um setor industrial, surge a
oportunidade política de defender os interesses desse setor industrial.

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Se um problema é identificado por algum ator político, e esse ator tem


interesse na resolução de tal problema, este poderá então lutar para que tal
problema entre na lista de prioridades de atuação. Essa lista de prioridades é
conhecida como agenda.
Segundo Pinto (2008), no âmbito dos atores governamentais, pode-se
distinguir o grupo da chamada Administração Central, que envolve uma combinação
de três atores: o próprio chefe do Executivo, isto é, a autoridade máxima do nível de
governo que se esteja considerando; o staff do gabinete executivo do governo e, por
último, os dirigentes e assessores nomeados, em função de sua vinculação política
ao governante. Esse grupo estabelece as prioridades do processo de construção da
agenda, determinam os itens da agenda, decidindo acerca das questões
fundamentais no desenvolvimento do processo de formulação das políticas públicas.
Os burocratas, isto é, os servidores públicos de carreira, por sua vez, não são
considerados por Kingdon tão influentes na determinação da agenda, tendo, no
entanto, um impacto maior na especificação de alternativas de solução aos
problemas incluídos no debate político. Seu poder, geralmente, manifesta-se no
momento da implementação das políticas.
As críticas em relação à abordagem da política pública como um ciclo
baseiam-se no fato de que a descrição do processo é sequencial e ordenada,
pressupondo-se que todas as alternativas são cuidadosamente discutidas para o
alcance dos objetivos (modelo racional-abrangente), quando, na prática, a
elaboração da política é complexa e interativa. Kingdon (1994 apud PINTO, 2008)
acrescenta às limitações da perspectiva incrementalista que pressupõe que as
mudanças se dão de forma gradual, a partir da incorporação de pequenas
alterações, nas políticas e nos programas, uma crítica do caráter incremental do
processo. Nesse sentido, ressalta que a determinação das agendas tem mostrado
uma grande quantidade de mudança não incremental.
Existem de fato vários modelos teóricos para o ciclo das políticas públicas,
mas não entraremos em detalhes desses vieses.
De todo modo, vale elencar os principais elementos dos modelos de política
pública:

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a política pública permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o


que, de fato, faz;
a política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja
materializada através dos governos, e não necessariamente se restringe a
participantes formais, já que os informais são também importantes;
a política pública é abrangente e não se limita a leis e regras;
a política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados;
a política pública, embora tenha impactos no curto prazo, é uma política de
longo prazo.
A política pública envolve processos subsequentes após sua decisão e
proposição, ou seja, implica também implementação, execução e avaliação
(SOUZA, 2006).

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UNIDADE 3 – PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

De acordo com o sítio/página do Governo do Distrito Federal (GDF),


programas de governo são políticas públicas, principal instrumento que os governos
utilizam para promover a integração entre governo e os setores para otimizar seus
recursos, sejam eles financeiros, humanos, logísticos ou materiais.
Programa de Governo também pode ser entendido como o conjunto de
Compromissos estabelecidos com a sociedade, sob os quais a candidatura será
avaliada e que estabelece o patamar inicial sobre o qual é estabelecida a relação
com o(a) cidadão(ã), tanto para o exercício da Participação direta quanto do
Controle Social, na perspectiva de fazer com que as políticas de Governo sejam
consolidadas como Políticas Públicas, de fato.

3.1 O programa no planejamento governamental


Se pensarmos em planejamento governamental, o qual é desenvolvido em
níveis que se integram e sincronizam os planos, o programa será um dos seus
níveis, a saber:
diretriz – conjunto de critérios de ação e de decisão que deve disciplinar e
orientar os diversos aspectos envolvidos no processo de planejamento. Trata-
se de um nível mais abstrato onde ocorre a formulação geral do objetivo;
objetivo – indica os resultados que a administração pretende alcançar com a
realização das ações governamentais;
metas – é a especificação e a quantificação física dos objetivos estabelecidos;
programa – corresponde às ações que resultam em serviços prestados à
comunidade, passíveis de quantificação.
Elevando o pensamento para a área de planejamento e orçamento público, o
Orçamento-Programa é entendido como uma etapa do planejamento e compreende
os seguintes aspectos:
instrumento de ação administrativa para execução dos planos de longo,
médio e curto prazos;
previsão das receitas e fixação das despesas com o objetivo de atender às
necessidades coletivas definidas no programa de Ação do Governo;

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instrumento de aferição e controle da autoridade e da responsabilidade dos


órgãos e agentes da administração orçamentária e financeira, permitindo,
igualmente, avaliar a execução dos programas de trabalho do Governo.
Nesse sentido, de componente de um sistema integrado de gerência, o
orçamento-programa é entendido como uma das etapas do planejamento e foi
adotado na esfera federal pela Lei nº. 4.320/64.
Segundo Silva (2002), identificam-se na elaboração de um orçamento-
programa, algumas fases nítidas e necessárias, quais sejam:
1. Determinação da situação – identificação dos problemas existentes.
2. Diagnóstico da situação – identificação das causas que concorrem para o
aparecimento dos problemas.
3. Apresentação das soluções – identificação das alternativas viáveis para
solucionar os problemas.
4. Estabelecimento das prioridades – ordenamento das soluções
encontradas.
5. Definição dos objetivos – estabelecimento do que se pretende fazer e o
que se conseguirá com isso.
6. Determinação das tarefas – identificação das ações necessárias para
atingir os objetivos.
7. Determinação dos recursos – arrolamento dos meios: recursos humanos,
materiais, técnicos, institucionais e serviços de terceiros necessários.
8. Determinação dos meios financeiros – expressão monetária dos recursos
alocados.
O orçamento-programa contribui para o planejamento governamental, pois é
capaz de expressar com maior veracidade as responsabilidades do Governo para
com a sociedade, visto que o orçamento deve indicar com clareza os objetivos
perseguidos pela nação da qual o governo é intérprete.
Assim, podemos constatar que é princípio fundamental do Estado moderno
que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário devem organizar e exercer suas
atividades com planejamento permanente, atendendo às peculiaridades locais e aos
princípios técnicos convenientes ao desenvolvimento econômico e social.

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3.2 Avaliação de políticas e programas governamentais


Implementação, execução e avaliação de uma política, um programa, um
projeto que seja, são ações que caminham sempre juntas, porque evidentemente é
pela avaliação que saberemos estar no caminho certo, onde precisa mudar,
aprimorar, corrigir.
Segundo Rua (2004), a avaliação de políticas públicas, programas e projetos
governamentais têm finalidades bastante precisas:
1) Accountability, significando estabelecer elementos para julgar e aprovar
decisões, ações e seus resultados.
2) Desenvolver e melhorar estratégias de intervenção na realidade, ou seja, a
avaliação tem que ser capaz de propor algo a respeito da política que está
sendo avaliada.
3) Empoderamento, promoção social e desenvolvimento institucional,
significando que a avaliação deve ser capaz de abrir espaço para a
democratização da atividade pública, para a incorporação de grupos sociais
excluídos e para o aprendizado institucional e fortalecimento das instituições
envolvidas.
Para Höfling (2001), na análise e avaliação de políticas implementadas por
um governo, fatores de diferentes natureza e determinação são importantes.
Especialmente quando se focaliza as políticas sociais (usualmente entendidas como
as de educação, saúde, previdência, habitação, saneamento, entre outras), os
fatores envolvidos para a aferição de seu “sucesso” ou “fracasso” são complexos,
variados, e exigem grande esforço de análise.
Estes diferentes aspectos devem estar sempre referidos a um contorno de
Estado no interior do qual eles se movimentam. Torna-se importante aqui ressaltar a
diferenciação entre Estado e governo. Estado pode ser entendido como o conjunto
de instituições permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras
que não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a ação do
governo; e Governo, como o conjunto de programas e projetos que parte da
sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil e outros) propõe para a
sociedade como um todo, configurando-se a orientação política de um determinado

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governo que assume e desempenha as funções de Estado por um determinado


período.
Políticas públicas, vimos que seria o Estado em ação, ou seja, é o Estado
implantando um projeto de governo, através de programas, de ações voltadas para
setores específicos da sociedade.
Estado não pode ser reduzido à burocracia pública, aos organismos estatais
que conceberiam e implementariam as políticas públicas. As políticas públicas são
aqui compreendidas como as de responsabilidade do Estado – quanto à
implementação e manutenção a partir de um processo de tomada de decisões que
envolvem órgãos públicos e diferentes organismos e agentes da sociedade
relacionados à política implementada. Neste sentido, políticas públicas não podem
ser reduzidas a políticas estatais (HÖFLING, 2001).
E políticas sociais se referem a ações que determinam o padrão de proteção
social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos
benefícios sociais visando a diminuição das desigualdades estruturais produzidas
pelo desenvolvimento socioeconômico.
As políticas sociais têm suas raízes nos movimentos populares do século
XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no desenvolvimento das
primeiras revoluções industriais.
Educação, saúde e previdência social são exemplos de políticas públicas
sociais, muitas vezes de corte social, de responsabilidade do Estado, mas não
pensada apenas por seus organismos. Elas são interferência do Estado, visando
manter as relações sociais de determinada formação social.
Mas voltemos para a avaliação, que de acordo com Rua (2004), quando
formal é um julgamento, porque envolve valores; sistemático, porque baseia-se em
critérios e procedimentos previamente reconhecidos dos processos ou dos produtos
de uma política, programa ou projeto, tendo como referência critérios explícitos, a
fim de contribuir para o seu aperfeiçoamento, a melhoria do processo decisório, o
aprendizado institucional e/ou o aumento da accountability.
Assim sendo, é possível reconhecer que a avaliação contém duas
dimensões. A primeira é técnica, e caracteriza-se por produzir ou coletar, segundo
procedimentos reconhecidos, informações que poderão ser utilizadas nas decisões

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relativas a qualquer política, programa ou projeto. A segunda é valorativa,


consistindo na ponderação das informações obtidas com a finalidade de extrair
conclusões acerca do valor da política, programa ou projeto. Ainda assim, a
finalidade da avaliação não é necessariamente distinguir as intervenções de
qualquer natureza segundo sejam “boas” ou “más”, “exitosas” ou “fracassadas”.
Muito mais importante e proveitoso é apropriar-se da avaliação como um
processo de apoio a um aprendizado contínuo, de busca de melhores decisões e de
amadurecimento da gestão.
A avaliação formal permite julgar processos e produtos de vários modos.
Primeiro, levantando questões básicas, tais como os motivos de certos fenômenos
(por exemplo: o que causa os elevados índices de morte violenta entre os jovens
brasileiros?). Este tipo de avaliação pode focalizar relações de causa e efeito com a
finalidade de recomendar medidas para lidar com o problema.
Em segundo lugar, a avaliação formal pode ser usada como instrumento de
acompanhamento de políticas ou programas de longo prazo. Nesses casos são
realizadas várias avaliações em estágios-chave da política ou programa, a fim de
prover dados confiáveis sobre os seus impactos e sobre como podem ser estes
mitigados ou melhorados.
Em terceiro, ao final de um programa ou projeto, a avaliação pode indicar o
seu sucesso na consecução dos seus objetivos e permitir avaliar a sua
sustentabilidade, ou seja, a possibilidade da sua continuidade através do tempo.
A avaliação formal pode contribuir para aperfeiçoar a formulação de políticas
e projetos, especialmente tornando mais responsável a formulação de metas, e
apontar em que medida os governos se mostram responsivos frente às
necessidades dos cidadãos. Pode mostrar se as políticas e programas estão sendo
concebidos de modo coordenado ou articulado; e em que medida estão sendo
adotadas abordagens inovadoras na resolução de problemas que antes pareciam
intratáveis.
Pode indicar como vão sendo construídas as parcerias entre governo central
e local, entre os setores, público, privado e terceiro setor, identificar as condições de
sucesso ou fracasso dessas parcerias e apontar como podem ser aperfeiçoadas, a

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fim de ganharem abrangência e se tornarem estratégias nacionais das políticas de


desenvolvimento (RUA, 2004).
Os modelos contemporâneos de formulação de políticas enfatizam a
importância dos objetivos compartilhados em lugar das estruturas organizacionais ou
das funções existentes. Mas a articulação de políticas/programas não se resume a
abordagens compartilhadas de questões comuns. A articulação horizontal entre
agências ou organizações requer melhor coordenação entre os gestores e melhor
articulação vertical entre os que tomam as decisões e os que os implementam. Isto
não é um fim em si mesmo, mas deve estar presente onde agrega valor, e é
especialmente importante quando as políticas ou programas se dirigem às questões
socialmente perversas. Nesses casos, a avaliação formal permite aprender e
incorporar lições à implementação de novas políticas/programas (RUA, 2004).
Após estas considerações, que não podemos dizer que foram breves,
esperamos que entendam a importância da elaboração de uma política pública, da
responsabilidade daqueles que a elaboram e porque sua avaliação faz a diferença.

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UNIDADE 4 – DAS POLÍTICAS AOS SISTEMAS DE SAÚDE


NO BRASIL

Do descobrimento do Brasil, quando aqui chegaram portugueses, outros


europeus e na sequência, negros africanos, somando aos povos indígenas, com
certeza as doenças também aportaram junto e tivemos os mais variados tipos de
epidemias, chegando até mesmo a dizimar milhares de índios e ‘brancos’.
Mais adiante faremos uma breve retrospectiva dos eventos que marcaram
nossa evolução em termos de saúde (a partir da década de 20 do século XX), afinal
de contas, um país de proporções continentais e que foi se diversificando em termos
de população, costumes, entre outros, mais do que natural a necessidade de criar
um sistema de saúde que atendesse a toda população, mas os últimos 70 anos,
quando os indicadores de saúde começaram a registrar progressos será nosso
ponto de corte para falar do processo de implementação das políticas públicas de
saúde.
Como diz Médici (2007), nesse pouco mais de meio século, a expectativa de
vida média do brasileiro aumentou consideravelmente e a taxa de mortalidade
infantil também diminuiu bastante, o que nos mostra mudanças consideráveis em
termos de promoção de saúde.
A municipalização da Saúde no Brasil é fruto de um longo processo,
surgindo na década de 1950, pautada pelas concepções do chamado “sanitarismo
desenvolvimentista”.
Segundo Fadul (1978 apud HEIMANN et al., 2008) a ideia fundamental era
criar uma rede flexível, que a nível municipal se adequasse à realidade do município
e que fosse se tornando mais complexa à medida que o próprio município se
desenvolvesse [...], mas somente na década de 1970 surgiram, em algumas
cidades, como Londrina (PR), Campinas (SP) e Niterói (RJ), experiências de
formulação de políticas locais de saúde e de organização de redes municipais,
baseadas nos princípios da atenção primária, divulgada pela Conferência de Alma
Ata/OMS, e da medicina comunitária.
De âmbito nacional, a assistência médica previdenciária era a principal
forma de prestação de atenção à saúde, caracterizando-se pelo atendimento clínico
individual, com privilégio da atenção hospitalar e especializada, estando ausente
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22

qualquer medida de saúde pública de promoção da saúde ou prevenção de


doenças, que por sua vez, eram executadas em serviços de saúde pública,
organizados em estrutura governamental diversa e com aporte financeiro
extremamente reduzido.
Os serviços de saúde pública, de responsabilidade do Ministério da Saúde e
das Secretarias Estaduais de Saúde, cuidavam basicamente das doenças
infecciosas de caráter endêmico e epidêmico, com alguma ênfase na educação em
saúde. A assistência médica nestes serviços era completamente subordinada ao
enfoque coletivo, sendo oferecida com o objetivo de controlar a
incidência/prevalência das doenças infecciosas, em detrimento da demanda
espontânea por assistência médica individual.
Devido às consequências do modelo econômico vigente na década de 1970
e o endividamento do país, mais precisamente após a segunda metade da década, o
modelo previdenciário brasileiro entrou numa aguda crise financeira, que foi o
primeiro passo para a descentralização da saúde.
Cronologicamente, podemos dizer que a descentralização da saúde no
Brasil se deu assim:
até 1980, o sistema de saúde era centralizador;
em 1987, inicia-se a criação do Sistema Unificado e Descentralizado de
Saúde (SUDS) – primeiro movimento na direção da descentralização e
hierarquização;
1988 – a Constituição estabelece os princípios de universalização do direito à
saúde e ao atendimento médico gratuito como deveres do Estado. Rede
regionalizada e hierarquizada. Criação do Fundo de Seguridade Social;
em 07 de agosto de 1990, é criado o Conselho Nacional de Saúde. Ainda em
1990, nasce a lei nº 8.080, Lei Orgânica da Saúde que veio dispor sobre a
criação do Serviço Único de Saúde (SUS) e estabelecer um conjunto de
ações que devem ser seguidas por instituições públicas federais, estaduais e
municipais. Acontece também a 1ª Conferência de Saúde e, juntamente com
o Conselho de Saúde, regulamentam a participação da comunidade na
gestão do SUS, pela lei nº 8.142.

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23

Os sistemas de saúde talvez sejam, dentre os sistemas sociais, os de maior


complexidade relativa, devido à necessidade de operar em meio a uma
multiplicidade de objetivos, entre os quais: a equidade, a eficiência, a eficácia, a
qualidade da assistência e a satisfação do usuário, sendo:
a equidade, visando à redução das desigualdades nas condições de saúde e
de acesso a serviços dos diferentes grupos populacionais;
a eficácia expressa na capacidade dos sistemas de saúde para atingir seus
objetivos, seja em produtos ou resultados;
a eficiência significando a relação favorável entre os resultados obtidos e os
recursos alocados;
a qualidade como o recebimento pelo usuário de atenção oportuna, eficaz,
segura e em condições materiais e éticas adequadas; e, por fim;
a satisfação, traduzida na percepção dos usuários de como os serviços
atendem às suas demandas e o grau em que acolhem sua participação
efetiva no controle público/social (MENDES, 1998).
Não são raros os casos em que o enfermeiro, ao ingressar no serviço
público, é encaminhado a atuar em serviços para assumir a gerência dos mesmos,
na maioria das vezes informalmente, pois se espera do profissional essa
capacitação. Nesses casos, mesmo não tendo tido a base necessária para
desenvolver com competência as funções que lhe são imputadas, na prática acaba
sendo o único profissional de saúde com noção de administração, passando a
exercê-la de forma amadora e intuitiva.
Ressalta-se a importância de, nas disciplinas voltadas para a gestão de
serviços de saúde, buscar uma abordagem que envolva metodologias adequadas ao
gerenciamento de serviços, sem deixar de introduzir noções sobre a gestão de
sistemas de saúde, particularmente o SUS.

4.1 Ciclo econômico da doença e ciclo dinâmico da saúde


Para falarmos sobre o sistema de saúde vigente no Brasil, precisamos de
alguns entendimentos acerca dos determinantes sociais no processo saúde-doença
e estabelecermos algumas relações entre a saúde, sua promoção e o
desenvolvimento socioeconômico.

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Segundo Kawamoto (2009), o processo saúde-doença decorre da qualidade


de vida da população, ou seja, é resultante de determinada organização social e
influenciado pela inserção social dos indivíduos e grupos na busca por uma
qualidade de vida melhor.
Muitos acreditam que desenvolvimento é sinônimo de maior produtividade e
de aumento da renda per capita. Entretanto, isso não acontece quando o
desenvolvimento ocorre independente da melhora do nível educacional, de saúde e
quando utiliza material humano – desnutrido ou desvitalizado por doenças
constantes e outros.
Pode-se dizer que a doença é a causa e o efeito, ao mesmo tempo, da
pobreza, da alimentação incorreta, das más condições de habitação, da ignorância.
Kawamoto (2009) conta que foi baseando-se nesse pressuposto que um dos
diretores da Organização Panamericana de Saúde, Abraham Horwitz, elaborou o
Ciclo Econômico da Doença e o Ciclo Dinâmico da Saúde.
O modelo “econômico” demonstra que a baixa produção leva ao salário
suficiente apenas para a subsistência gerando nutrição deficiente, educação
insuficiente e habitação inadequada; esta condição facilita a instalação de doenças
que levam à redução da capacidade de trabalho, o que gera redução da produção
de bens e serviços, aumento de investimento no atendimento ao doente e redução
das ações de promoção à saúde e de prevenção de doenças. Esses fatores
favorecem a ocorrência de novas doenças, com o ciclo econômico da doença
fechando-se constantemente e levando o indivíduo a ser um “doente crônico”, a
comunidade a viver em risco constante e o país para um subdesenvolvimento
econômico e social.

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Ciclo Econômico da Doença

Fonte: Kawamoto (2009, p. 9) modificado da Folha de São Paulo.

O país que não investe em promoção e prevenção, acaba gastando o


dinheiro público para remediar o que não soube prevenir. Para quebrar esse círculo
vicioso da doença, é necessário um levantamento criterioso de dados para nortear a
definição de prioridades e a melhor utilização dos recursos escassos decorrentes do
próprio desenvolvimento precário.
Em contrapartida a essa situação de doença, no ciclo dinâmico da saúde,
ocorrem condições adequadas de alimentação, habitação, saneamento, educação e
emprego; esses fatores propiciam a manutenção da saúde do indivíduo e da
comunidade, gerando desenvolvimento econômico e investimentos na área da
saúde.

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Ciclo dinâmico da saúde

Fonte: Kawamoto (2009, p. 10) modificado da Folha de São Paulo.

Foi na I Conferência Mundial de Promoção da Saúde, que ocorreu em 1986,


na cidade de Otawa (Canadá), que se elaborou a Carta de Otawa contendo cinco
eixos:
1. Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis.
2. Criação de ambientes favoráveis à saúde.
3. Reforço para a ação comunitária.
4. Desenvolvimento de habilidades pessoais.
5. Reorientação dos sistemas e serviços de saúde.

Nessa concepção, os determinantes da saúde são os fatores sociais,


econômicos e ambientais. Portanto, as intervenções que visam a melhoria das
condições de saúde das populações devem estar centralizadas em:
considerar a saúde como direito humano fundamental e sólido investimento
social;
considerar a equidade como meta para superação das desigualdades
geradas da inserção social diferenciada;
considerar ambiente saudável como aquele isento de riscos de contaminação,
de esforço físico inadequado, de acidentes e de exposição a situações de
discriminação, injustiça e violência;
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transformar as relações excludentes (situações que desencadeiam ou


perpetuam a exclusão social: desemprego, escolarização insuficiente,
moradia inadequada) e conciliar os interesses econômicos e os propósitos de
bem-estar social;
desenvolver ações intersetoriais, porque o nível de saúde de uma população
depende da ação conjunta de diversos setores (secretarias municipais e
estaduais, organizações sociais), sendo que o setor saúde é apenas um
dentre eles;
capacitar a população para participar no controle e melhoria das condições de
saúde, e dessa forma, assumir uma postura atuante na definição dos
problemas e deixando de ser apenas o alvo passivo dos programas.

Kawamoto (2009) cita como exemplo de ação de promoção da saúde um


projeto de urbanização de favela, pelo sistema de mutirão, que tem como proposta
melhorar a qualidade de vida dos moradores. Os profissionais, em conjunto com a
comunidade, identificam os problemas que essa população considera como
problema real e importante e elaboram as ações para o seu enfrentamento; essas
ações são intersetoriais porque envolvem vários órgãos governamentais e não
governamentais:
a) Habitação e urbanismo: com proposta que respeita o meio ambiente, a
segurança dos moradores de áreas de risco (por exemplo, encostas de morros), os
padrões mínimos de engenharia civil.
b) Saneamento básico: oferecendo rede de água potável e de esgoto.
c) Formação de mão de obra direcionada para o sistema de mutirão: com
capacitação dos moradores sobre construção civil, que futuramente poderão
aproveitar essas habilidades no mercado de trabalho.
d) Educação formal: com as escolas da região inserindo as crianças,
adolescentes e adultos com escolarização insuficiente.
e) Saúde: com as unidade de referência desenvolvendo ações educativas,
de desratização, preventivas, de tratamento para as alterações de saúde, de
capacitação da população para participar no controle e melhoria das condições de
saúde.

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f) Sociais: com proposta de capacitação para a cidadania e para o trabalho,


e de inserção no mercado de trabalho.
A melhoria da qualidade de vida da população-alvo do projeto, o aumento
dessa prática e os meios de comunicação divulgando e apoiando essa proposta de
promoção à saúde podem influenciar positivamente na implementação dos cinco
eixos contidos na Carta de Otawa: políticas públicas saudáveis; criação de
ambientes favoráveis à saúde; participação comunitária; desenvolvimento de
habilidades; e reorientação dos sistemas de saúde.
Nessa concepção, o serviço de saúde deixa de ser o centralizador da
atenção, passando a ser apenas um dentre os diversos setores que atuam no nível
de saúde da população, fazendo prevalecer, então, o ciclo dinâmico da saúde.

4.2 Nosso sistema de saúde


Falamos brevemente dos eventos que aconteceram a partir de 1980, no
entanto, para entendermos como é o sistema de saúde brasileiro na atualidade,
precisamos voltar um pouco mais no tempo e ver alguns fatos importantes que
marcaram a saúde no Brasil no século XX, mas de antemão, já podemos enunciar
as garantias decorrentes da atenção à saúde no Brasil. Essas garantias são ou pelo
menos deveriam ser os princípios basilares do nosso sistema de saúde:
universalidade – todas as pessoas têm direito ao atendimento público de
saúde, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação ou outras
características sociais ou pessoais;
equidade – significa atenção à saúde com recursos e serviços de forma justa,
alocando mais a quem tem menos, a fim de reduzir as desigualdades;
integralidade – atender a pessoa como um todo com a realização de ações de
atenção à saúde na sua totalidade, quer seja curativa, preventiva, individual
ou coletiva; e,
participação popular – participação dos usuários dos serviços de saúde e da
sociedade civil organizada, através dos Conselhos de Saúde (permanentes,
deliberativos e paritários) e das Conferências de Saúde (periódicas,
consultivas e paritárias).
Vamos à breve retrospectiva!

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O nascimento da saúde pública no Brasil deu-se na transição do século XIX


para o século XX, no período compreendido entre o fim da monarquia e o início da
“República Velha”. Configurou-se em um processo de elaboração de normas e
organizações sanitárias e de mudança nas práticas dominantes até então. Ficou
conhecido como “sanitarismo campanhista”, tendo sido marcante nos estados de Rio
de Janeiro e São Paulo, visando principalmente sanear os espaços de circulação
das mercadorias exportáveis predominando até meados dos anos 1960.
Na década de 1920 surgem, no bojo da industrialização incipiente, as Caixas
de Aposentadoria e Pensões (CAPs), organizadas pelas empresas e administradas
com a participação dos trabalhadores, regulamentadas por lei. Elas foram a primeira
participação do Estado brasileiro na assistência individual à saúde, mas a
acessibilidade e o alcance dessas CAPs era limitado a algumas empresas ligadas
ao comércio exportador, ferroviário, marítimo e bancário (CARPINTERO; GARCIA,
2000 apud LORA, 2004).
No início de 1930, existiam mais de 180 Caixas (daí vem a expressão, usada
até hoje, de que as pessoas que estão em licença médica estão na Caixa), e Getúlio
Vargas reestruturou a Previdência Social, incorporando praticamente todas as
categorias de trabalhadores urbanos. Assim, foram criados seis grandes institutos
nacionais de previdência por categoria profissional, os chamados Institutos de
Aposentadoria e Pensão (IAPs), cujo financiamento dos benefícios era repartido
entre trabalhadores, empregadores e governo federal. Esta forma de organização e
financiamento da saúde durou mais de três décadas.
Na década de 1960, foram unificados para criar o Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social.
Em 21 de novembro de 1966, durante o governo militar no Brasil, foi
promulgado o Decreto-Lei nº 72, que unificou os Institutos de Aposentadoria e
Pensões e criou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Após 11 anos, a
lei nº 6.439, de 1º de setembro de 1977, estabelece o Sistema Nacional de
Previdência e Assistência Social (Sinpas) e cria como autarquia federal o Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS).
Assim, o INAMPS passou a prestar o atendimento médico-hospitalar, que
continuou sendo apenas aos que contribuíam com a previdência social, ou seja, aos

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empregados com carteira profissional assinada. O atendimento à saúde era


condicionado ao pagamento da previdência.
O INAMPS contava com uma rede própria de serviços, que foi incorporada
por decreto ao Ministério da Saúde, em 1990 e, com a regulamentação do SUS,
transferida parcialmente às Secretarias Estaduais da Saúde. Somente em 27 de
julho de 1993, com a lei nº 8.689, ocorre a extinção do INAMPS e a totalidade de
suas atividades finalmente são incorporadas ao Ministério da Saúde, porém, sem a
transferência correspondente dos recursos financeiros, gerando a crise financeira da
saúde que se estende até os dias atuais.
Esta situação compõe os marcos administrativos nas políticas de saúde
pública no Brasil de 1923 a 1975, período em que é possível evidenciar a
duplicidade assistência/previdência, caracterizada pelo privilégio exercido pela
prática médica curativa, individual, assistencialista e especializada, em detrimento
da saúde pública, bem como o desenvolvimento de um sistema que priorizava a
capitalização da medicina e a sua produção privada.
O Ministério da Saúde esteve, desde sua origem, ligado às ações
preventivas por meio de campanhas sanitárias, assumindo, na área de assistência
médica, apenas as funções de criação e manutenção de grandes hospitais para
enfermidades crônicas (OIKAWA, 2001 apud LORA, 2004).
Com o golpe militar de 1964, os institutos de previdência foram unificados no
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), sob controle estatal. A criação do
Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (Funrural), incluiu os
trabalhadores rurais no sistema previdenciário. Posteriormente, mediante
contribuição individual, os benefícios foram estendidos aos empregados domésticos
e trabalhadores autônomos.
Desta forma, ampliou-se o acesso à assistência médica da população
brasileira, porém apenas uma fração da sociedade tinha o direito ao acesso aos
serviços: aqueles que contribuíam previamente à previdência, ou seja, o restante da
população, que não tinha carteira de trabalho assinada (lembrando que as mulheres
nesta época não faziam parte do mercado formal de trabalho, ou seja, na maioria
eram donas de casa ou trabalhavam dentro do lar), recorriam às práticas populares
de cuidados com a saúde (chás, ervas, curandeiros, curiosas/parteiras, fórmulas

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31

manipuladas por boticários e tantas outras modalidades conhecidas até hoje pela
população que vive em áreas rurais) ou recorriam às Santas Casas, geralmente
quando a enfermidade era grave, que as cuidava e abrigava até a morte.
Desde o início da década de 1970, vários estudos e pesquisas foram sendo
publicados, demonstrando que o modelo de desenvolvimento que o Brasil tinha
adotado concentrava renda, não distribuía benefícios sociais e, portanto, tratava mal
a saúde de sua população.
Em 1975, a Lei nº 6229, organizou o Sistema Nacional de Saúde e
estabeleceu as principais competências das distintas esferas de governo. Essa
organização tinha forte característica centralizadora no nível federal e nítida
dicotomia entre as ações coletivas (competência do Ministério da Saúde) e
individuais (competência do Ministério da Previdência e Assistência Social), o que
fazia com que não se estabelecesse um comando único em cada esfera de governo.
No nível federal, além das competências do Ministério da Previdência e Assistência
Social e do Ministério da Saúde, também se definiam competências para os
Ministérios da Educação, do Trabalho e do Interior (LORA, 2004).
Esse sistema recebeu fortes críticas de setores acadêmicos (Universidades,
Departamentos de Medicina Preventiva e Social e Escolas de Saúde Pública) e de
setores da sociedade civil.
A partir de 1985, no interior do processo de redemocratização do país, deu-
se o nascimento de um considerável movimento de múltiplos atores políticos,
chamado Movimento da Reforma Sanitária.
O grande marco histórico nesse processo foi, sem dúvida alguma, a VIII
Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em março de 1986, que contou com a
participação de diversos setores organizados da sociedade.
Segundo Lora (2004), houve um consenso de que para o setor da saúde no
Brasil não era suficiente uma mera reforma administrativa e financeira, mas sim uma
mudança em todo o arcabouço jurídico-institucional vigente, que contemplasse a
ampliação do conceito de saúde segundo os preceitos da reforma sanitária.
Este encontro foi importante para legitimar as propostas de unificação do
sistema no Ministério da Saúde de garantia, pelo Estado, de condições dignas de
vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e

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32

recuperação da saúde, em todos os seus níveis a todos os habitantes do território


nacional (BRASIL, 1987).

4.3 A estrutura político-administrativa


De acordo com a Constituição Federal (1988) que definiu ser a saúde direito
de todos e dever do Estado e em consonância com a Lei Federal nº 8080/901 que
regulamentou o SUS, fica explícito que o Brasil optou por um sistema público e
universal de saúde, o qual deve garantir atendimento integral para todos os
cidadãos, não cabendo, em nenhuma hipótese, a limitação de seus atendimentos a
um “pacote” mínimo e básico de serviços de saúde, destinado à parcela mais pobre
da população (BRASIL, 2007).
Por isso, precisamos conhecer a divisão ou a estruturação do Ministério da
Saúde e suas secretarias, para entendermos a atenção básica como o eixo que
orienta o SUS, além da média e alta complexidade.
De acordo com Médici (2007), não é fácil delimitar as funções das esferas de
governo (federal, estadual e municipal) no planejamento, no financiamento e na
execução das ações e dos procedimentos de média e alta complexidade, pois esta
divisão não foi estabelecida nas normas legais maiores que constituíram o SUS.
Embora a intenção aqui não seja discutir o SUS propriamente dito,
precisamos ressaltar que este é de responsabilidade das três esferas de governo, de
forma concorrente em suas áreas de abrangência, uma vez que o direito universal à
saúde é dever do Estado (sem distinção) e o financiamento do sistema tem, como
fonte conjunta, recursos do orçamento da União, dos estados (quando for referida a
esfera estadual, subtenda-se sempre a inclusão do Distrito Federal) e dos
municípios.
O SUS é organizado como uma rede regionalizada e hierarquizada e com a
diretriz de descentralização, com direção única em cada esfera de governo (Art.
198).

1
Que prevê em seu artigo 7º, como princípios do sistema, entre outros: I – universalidade de acesso
aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II – integralidade de assistência, entendida
como conjunto articulado e contínuo das ações e dos serviços preventivos e curativos, individuais e
coletivos, exigidos para cada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema; (...).

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33

Sobre a descentralização, esta se dá com ênfase na municipalização


(princípios do SUS, Inciso IX, Art. 7º). Acrescenta-se, ainda, entre as competências
do Ministério da Saúde, “promover a descentralização para as Unidades Federadas
e para os municípios, dos serviços e das ações de saúde, respectivamente, de
abrangência estadual e municipal” (Inciso XV, do Art. 16). E entre as competências
das Secretarias Estaduais de Saúde, “promover a descentralização para os
municípios dos serviços e das ações de saúde” (Art. 17, Inciso I), ou seja, sempre
que possível, de acordo com sua abrangência, os serviços de saúde devem ser
municipalizados ou estadualizados.
Podemos deduzir, assim, que todos os serviços de saúde de caráter local,
isto é, que atendam apenas à população do próprio município, devem ser
municipalizados, mesmo que envolvam atendimentos de média e alta complexidade.
Por outro lado, os serviços de saúde de referência regional ou estadual (que podem
ser subentendidos como aqueles de média ou alta complexidade) estão, a princípio,
na abrangência da esfera estadual.
Com relação à direção do SUS, ela é única, por esfera de governo (Art. 9º),
o que evita o fracionamento das funções de saúde em uma mesma esfera de
governo, como no passado ocorrera com os Ministérios da Saúde e da Previdência.

4.4 Os sistemas de saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS)


Relembrando: o Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu com a Constituição
de 1988, mas só foi regulamentado em 1990, com a Lei Orgânica da Saúde de nº
8080 e nº 8.142; é definido como o conjunto de ações e serviços de saúde prestados
por órgãos e instituições públicas e por entidades privadas conveniadas ou
contratadas, tendo como princípios a universalidade, equidade, integralidade.
Destes princípios derivam outros que são organizativos, a saber:
hierarquização – entendida como um conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; referência e
contrarrefrência;

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34

participação popular – ou seja, a democratização dos processos decisórios


consolidado na participação dos usuários dos serviços de saúde nos
chamados Conselhos Municipais de Saúde;
descentralização da política administrativa – consolidada com a
municipalização das ações de saúde, tornando o município gestor
administrativo e financeiro do SUS (Lei nº 8080/90).

Os objetivos e as atribuições do SUS foram assim definidos:


identificar e divulgar os fatores condicionantes e determinantes da saúde;
formular as políticas de saúde;
fornecer assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações
assistenciais e das atividades preventivas;
executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica;
executar ações visando a saúde do trabalhador;
participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento
básico;
participar da formulação da política de recursos humanos para a saúde;
realizar atividades de vigilância nutricional e de orientação alimentar;
participar das ações direcionadas ao meio ambiente;
formular políticas referentes a medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos, e outros insumos de interesse para a saúde e a participação
na sua produção;
controlar e fiscalizar os serviços, produtos e substâncias de interesse para a
saúde;
fiscalizar e inspecionar alimentos, água e bebidas para consumo humano;
participar no controle e fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;
incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde;
formular e executar a política de sangue e de seus derivados.

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Assim, o Estado adotou uma política de ampliação do acesso à atenção,


promovendo a um maior número de pessoas um leque mais diversificado de ações e
serviços de saúde (LORA, 2004).
Dentro do universo das experiências que foram surgindo, seja em nível local
ou regional, lembremos que a Saúde da Família distinguiu-se como uma estratégia
de real implantação do SUS e de seus princípios doutrinários e organizacionais.
Ressaltemos que existem muitas formas de organização dos sistemas de
serviços de saúde, mas os mais conhecidos, de acordo com Mendes (2002), são
dois:
a) Os que se organizam através de um conjunto de serviços de atenção à
saúde, isolados, e sem comunicação entre si, onde atua uma atenção básica
de forma precária e descontínua. E,
b) Os sistemas constituídos de uma rede integrada de pontos de atenção à
saúde, organizados pela atenção básica, que presta uma assistência
continuada a uma população previamente determinada e se responsabiliza
pelos resultados econômicos e sanitários relacionados a essa comunidade.
Nos sistemas fragmentados, predomina uma estrutura piramidal, onde os
serviços são acessados de forma hierárquica, segundo uma complexidade
crescente. Entretanto, essa forma de conceber a organização do sistema entende a
Atenção Básica enquanto menos complexa do que as demais.

Para Mendes (2002), a Atenção Básica compreende uma série de


conhecimentos interdisciplinares, além de atitudes e habilidades altamente
especializadas.
No sistema integrado de organização dos serviços, o sistema piramidal é
substituído por uma rede horizontal integrada, na qual não há hierarquização dos
serviços. Na rede horizontal, os diferentes pontos de atenção à saúde constituem
“nós” dessa rede, que é coordenada pela atenção básica para que haja uma
interação qualificada entre eles. Portanto, como centro da comunicação desse
sistema, a Atenção Básica tem um papel altamente resolutivo, fundamentalmente
organizador e, sobretudo, de responsabilização pelo usuário em qualquer ponto da
rede.

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Outro aspecto importante da regionalização do SUS diz respeito ao modelo


assistencial. A organização piramidal do sistema de saúde por níveis hierarquizados
de “complexidade”, ao reproduzir a ideia de centro-periferia, discrimina
negativamente os municípios menores, reproduzindo desigualdades e induzindo
relações competitivas, incompatíveis com a proposta de regionalização solidária,
que demanda formas de articulação mais igualitárias, horizontais e flexíveis.
O modelo vertical de organização do sistema de saúde também tende a
desconsiderar a densidade cognitiva da atenção básica e sua importância para a
organização regionalizada do sistema de saúde com eficiência e qualidade.
A instalação e fortalecimento das comissões intergestoras regionais e de
fóruns de participação e controle social, com representação dos conselhos
municipais, constitui uma das estratégias para viabilizar a cogestão regional.
Segundo Mendes (2002), através de tecnologias de informação, pretende-se
promover uma maior transparência e compartilhamento dos processos de gestão,
possibilitando acompanhamento e controle dos fluxos intermunicipais de pacientes;
fortalecimento do controle social e disseminação de informações e criação de canais
virtuais de debate, entre outros.
Para o SUS atingir os seus objetivos, é preciso qualificar permanentemente
a gestão pública de saúde em todas as esferas governamentais, pois ao gestor
público, em qualquer nível que se encontre, federal, estadual ou municipal, cabe
uma grande responsabilidade. Eles não são meros agentes administrativos. Eles
formulam e produzem políticas e estratégias institucionais, dirigem, comandam,
conduzem e difundem as decisões.
Muito além de qualificar os gestores, precisamos de uma equipe
multiprofissional, qualificada e, evidentemente, estrutura física e equipamentos que
deem o suporte básico para as múltiplas dimensões de necessidades da população.
Segundo a ANVISA (2007), Serviços de Saúde são estabelecimentos
destinados a promover a saúde do indivíduo, protegê-lo de doenças e agravos,
prevenir e limitar os danos a ele causados e reabilitá-lo quando sua capacidade
física, psíquica ou social for afetada.
Para Novaes (2004), os serviços de saúde são hoje estruturas
organizacionais e técnicas extremamente diversificadas, incluindo desde

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37

consultórios individuais e unidades básicas até hospitais terciários e especializados,


bem como serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. A condição essencial para
sua identificação é ser o espaço onde se localizam os profissionais e as tecnologias
materiais responsáveis pela realização da atenção à saúde da população.
Ainda de acordo com as análises de Novaes, os serviços se transformam
continuamente no que diz respeito ao perfil tanto dos profissionais, com uma
ampliação nas categorias inseridas nos processos assistenciais, com especialização
horizontal (tipos de profissionais) e vertical (tipos de especialistas nas categorias
profissionais), quanto das tecnologias materiais incorporadas e dos procedimentos
diagnósticos e terapêuticos realizados. Isso faz com que os serviços de saúde,
atualmente sempre integrados a “sistemas de atenção à saúde”, constituam-se em
objetos que desafiam categorizações e dificultam as análises que buscam identificar
e mensurar a sua participação e o seu impacto sobre os problemas de saúde de
populações especificadas.
Enfim, poderíamos dizer que os serviços de saúde possuem três funções
básicas: cuidar da doença, prevenir a doença e promover a saúde, através da
fiscalização de ambientes propícios ao surgimento de doenças e das mais diversas
campanhas de conscientização da população.
Quanto a atenção básica, esta caracteriza-se por:

um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que


abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É
desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias,
democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a
populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a
responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no
território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de
saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato
preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos
princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do
cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização,
da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2007).

A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na


complexidade, na integralidade e na inserção sociocultural e busca a promoção de
sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de

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sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo


saudável (BRASIL, 2007).
Como gestores dos sistemas locais de saúde, os municípios e o Distrito
Federal, são os responsáveis pelo cumprimento dos princípios da Atenção Básica,
pela organização e execução das ações em seus territórios.

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UNIDADE 5 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Dados que processados viram informações e estas, por sua vez se


transformam em conhecimentos, são elementos que toda e qualquer organização
precisa ter para realizar processos e tomar decisões. Assim, informação, decisão e
operação são componentes que precisam se inter-relacionar para produzir os efeitos
desejados.
O processador decisorial compreende todo o conjunto que produz decisão.
O processador operacional identifica todas as ações de produção e o processador
de informação engloba todas as atividades relativas à informação e está sempre
situado entre os dois.
Segundo Magalhães, Lunkes e Muller (2001), o subsistema de informação
inclui todos os componentes humanos e materiais que participam na memorização,
processamento e difusão da informação. Uma organização sem sistema de
informação é um ser inerte, não funciona nem existe, os seus componentes de
decisão não podem comunicar com os componentes de operação, não entram
recursos nem saem produtos, porque ninguém dispõe de informação para agir. É por
isso que o subsistema de informação se torna fundamental no funcionamento e
evolução das organizações.
No caso da saúde, temos o Sistema de Informação em Saúde (SIS), definido
como um conjunto de componentes que atuam de forma integrada, através de
mecanismos de coleta, processamento, análise e transmissão da informação
necessária e oportuna para implementar processos de decisões no Sistema de
Saúde. Seu propósito é selecionar dados pertinentes e transformá-los em
informações para aqueles que planejam, financiam, proveem e avaliam os serviços
de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, é essencial conceber o SIS como um
instrumento para o processo de tomada de decisões, seja na dimensão técnica, seja
na dimensão de políticas a serem formuladas e implementadas. O sistema deve ser
concebido na qualificação de suas ações, como produtor de conhecimentos e como
descritor de uma realidade. Um SIS deve assegurar a avaliação permanente da
situação de saúde da população e dos resultados das ações de saúde executadas,

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fornecendo elementos para, continuamente, adequar essas ações aos objetivos do


SUS (BRASIL, MS, Portaria Ministerial nº 3 de 04/01/96).
Como se vê, a informação é essencial para corrigir distorções, para avaliar,
enfim, para tomar decisões.
Uma vez que os Sistemas de Informação em Saúde tem se utilizado
amplamente dos recursos do processamento eletrônico de dados aplicados de forma
intensiva, equipamentos e meios computadorizados (informática) e redes de
comunicação eletrônica, os quais permitem obter, organizar e processar um conjunto
cada vez maior de dados, nosso objetivo nesta unidade é justamente mostrar a
importância desse sistema e as suas variantes ou ramificações.

5.1 Conceito e definição


Um Sistema de Informação (SI) é um sistema cujo elemento principal é a
informação. Seu objetivo é armazenar, tratar e fornecer informações de tal modo a
apoiar as funções ou processos de uma organização.
Um sistema geralmente coleta, processa, armazena, analisa e dissemina
dados e informações para um propósito específico (TURBAN et al., 2007 apud
VALLE et al., 2010) ou seja, apresenta informações para apoiar as necessidades de
informações de uma organização.
Vamos definir alguns termos essenciais que a todo o momento encontramos
quando se trata de um sistema de informações:
dados – são a base para gerarmos informação, a matéria-prima;
informação – é o produto obtido a partir de uma determinada combinação de
dados, da avaliação e do juízo que fazemos sobre determinada situação. É
um importante recurso para subsidiar o processo de tomada de decisão, de
planejamento, de execução e de avaliação das ações desencadeadas;
indicador – é uma representação numérica ou não que, considerando nossas
referências e critérios, nos permite, a partir da “preferência” que damos a
determinados eventos (atividades realizadas, ocorrência de doenças),
produzir informações visando a elaborar um conhecimento (quantitativo e/ou
qualitativo) sobre uma determinada situação, com o propósito de tomar

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41

decisões e agir para transformar a realidade compreendida no espaço


indicado.
As pessoas, juntamente com os processos que executam e com as
informações e documentos que manipulam, também fazem parte do SI. O SI é algo
maior que um software, pois além de incluir o hardware e o software, também inclui
os processos (e seus agentes) que são executados fora das máquinas.
Isto implica em que pessoas que não usam computadores também façam
parte do sistema e, consequentemente, necessitem ser observadas e guiadas pelos
processos de planejamento e análise de sistemas.
As vantagens do uso de sistemas de informações são:
maior eficiência;
maior controle sobre as operações;
menores custos;
menor quantidade de erros;
melhoria dos serviços ao consumidor;
melhor planejamento e organização das atividades operacionais e de
distribuição;
decisões baseadas em melhores informações;
menor dependência de processos intensivos em mão de obra não
especializada.
Impactos negativos também podem ocorrer em uma estrutura de trabalho
em decorrência do uso de um SI, tais como:
o desemprego tecnológico, provocado pelo avanço das tecnologias baseadas
em microeletrônica e, consequente, introdução de máquinas de controle
numérico, robôs e computadores substituindo pessoas;
o isolamento das pessoas, provocado pela sua maior autonomia em relação
aos serviços de apoio e pelas possibilidades criadas para o trabalho a
distância, até mesmo em grupo;
o empobrecimento das funções do trabalho. Por exemplo: em épocas
passadas, os gerentes de banco, tinham autonomia para conceder um
empréstimo a um cliente específico baseados no histórico e na sua percepção
em relação a esse cliente. No modelo atual, o sistema de informação fica

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responsável por essa análise e, consequente, liberação de crédito, no caso


do banco. Ou seja, o cargo tinha um valor agregado que deixou de existir;
a própria intensificação do trabalho. Hoje, em termos de produtividade, um SI
permite que uma única pessoa faça o trabalho de várias e trabalha muito
mais. O celular, o correio eletrônico permite muito mais contatos do que
fazíamos antes do advento da tecnologia da informação;
a redução do nível de autonomia e aumento do controle sobre os
funcionários.

5.2 O sistema nacional de informação em saúde


Como em qualquer outra atividade, no setor saúde a informação também
deve ser entendida como um redutor de incertezas, um instrumento para detectar
focos prioritários, levando a um planejamento responsável e a execução de ações
que condicionem a realidade às transformações necessárias.
A Organização Mundial da Saúde define Sistema de Informação em Saúde
(SIS) como um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da
informação necessário para se planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de
saúde. Considera-se que a transformação de um dado em informação exige, além
da análise, a divulgação, e inclusive recomendações para a ação.
No novo modelo de assistência à saúde, é preciso reverter a atual situação
de centralização de dados, de limitação do uso dos mesmos, da demora com que
são analisados e que retornam para o nível local, idealizando um novo sistema em
que os dados passem a ser analisados no próprio município, gerando de forma
oportuna subsídios para o planejamento e para as ações em saúde, bem como de
ações para a melhoria da qualidade dos dados.
É por meio dos Sistemas de Informações (SI), Sistemas de Informações em
Saúde (SIS), aliada a tecnologia da informação (TI), que se constroem ou
reorganizam as organizações estrategicamente falando subsidiadas justamente
pelas informações (EDUARDO; MIRANDA, 1998).
Na gerência de serviços de saúde, é básica a necessidade de cadastros de
pacientes, da população, de estabelecimentos, da produção das atividades de
saúde, do conhecimento do perfil de doenças atendidas, da mortalidade, do número

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de profissionais de saúde, do número de consultórios, dos leitos, dos medicamentos


utilizados, dos gastos efetuados e de tantas outras informações. Além disso, as
informações necessitam ser cruzadas para se conhecer o modus operandi dos
serviços, o alcance de suas metas, objetivos e impactos.
Esse conhecimento pode ser expresso por indicadores que adotam
metodologias apropriadas e informam sobre o desempenho (indicadores de
performance) da instituição ou de seus programas de saúde específicos. Constituem
ferramentas de monitoramento das atividades e do alcance de objetivos e metas.
Existem várias oportunidades de uso da informação para o gerenciamento e
a melhoria da qualidade da assistência nos serviços de saúde. Relatórios, websites,
salas de discussão, são algumas destas oportunidades de acessar o conhecimento
científico. Por meio delas, permitem-se atualizações sobre temas relativos à saúde e
à assistência clínica, características de administração e de transações financeiras,
educação profissional e fontes de pesquisa (PAZ; LAWAND; MALAGUTTI, 2007).
As organizações de atenção à saúde, de tecnologias médicas ou de saúde,
são os estabelecimentos onde se realizam os procedimentos médicos e cirúrgicos
ou práticas de saúde em geral, sejam de prevenção, de diagnóstico, de tratamento
ou apoio. Além disso, há fatores ligados à política de saúde, em que os sistemas de
atenção sofrem da escassez de recursos financeiros, materiais, inadequação de
recursos humanos, interesses mercantilistas, dentre outros, que podem prejudicar a
qualidade técnica da prestação de serviços.
Os SIS tiveram um crescimento acelerado nos últimos anos, especialmente
com a implantação do SUS. Ao Departamento de Informática do SUS (DATASUS) é
atribuída a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre
saúde. O DATASUS mantém em seu site um “Caderno de Informações de Saúde”,
com diversos tipos de dados – demográficos, epidemiológicos, financeiros – sobre
cada estado e município do Brasil (BRASIL, 2011 apud NEVES; JUNGES, 2011).
No Brasil, existem cinco principais SIS ligados ao Ministério da Saúde:
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); Sistema de Informações sobre
Nascidos Vivos (SINASC); Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN); Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) e Sistema de
Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS) (BARBOSA, 2006).

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Existem ainda muitos outros sistemas que são operados pela rede de
serviços do SUS, servindo como fontes complementares de dados, como: Sistema
de Informações de Atenção Básica (SIAB); Sistema de Informações de Vigilância
Alimentar e Nutricional (SISVAN); Sistema de Informações do Programa Nacional de
Imunização (SI-PNI); Sistema de Informações do Câncer da Mulher (SisCam);
HiperDia; Sistema de Informação sobre Orçamento Público em Saúde (SIOPS);
Sistema de Informações da Anvisa; entre outros (BRASIL, 2010).
A título de exemplo e que está bem perto dos profissionais que atuam na
saúde Coletiva, podemos citar:
Sistema de Informações de Atenção Básica (SIAB) – aporta dados
relacionados à população coberta pela Estratégia Saúde da Família e pelo
Programa de Agentes Comunitários de Saúde nos municípios em que se
encontram implantados, bem como sobre as atividades desenvolvidas pelos
agentes e equipes de Saúde da Família;
Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) –
instrumento de políticas federais focalizadas e compensatórias (Programa
“Leite é Saúde”), atualmente implantado em aproximadamente 1.600
municípios considerados de risco para a mortalidade infantil (NEVES;
JUNGES, 2011);
Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) –
aporta dados relativos à cobertura vacinal de rotina, atualmente implantado
em todos os municípios brasileiros;
Sistema de Informações do Câncer da Mulher-SisCam – faz parte do
programa Viva Mulher, fornece informações referentes aos exames realizados
nesse grupo, assim como a frequência das lesões pré-cancerosas e do
câncer invasivo, além de produzir dados para o monitoramento externo da
qualidade dos exames citopatológicos realizados;
HiperDia – na área de doenças crônicas, faz parte do plano de Reorganização
da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, permitindo o
cadastramento e acompanhamento dos portadores de diabetes mellitus e
hipertensão arterial;

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Sistema de Informação hospitalar (SIH) – de abrangência nacional, tem


origem nas Autorizações de Internações Hospitalares (AIH), destinadas ao
pagamento das internações de hospitais públicos e privados conveniados ao
SUS.
Bittencourt; Camacho e Leal (2006) ressaltam que o SIH tem como
vantagens, fornecer informações diagnóstica, demográfica e geográfica para cada
internação hospitalar ampliando a possibilidade de produção de conhecimento no
campo da Saúde Coletiva. Estes autores realizaram uma pesquisa objetivando
levantar a produção científica envolvendo aplicações dos dados do SIH/SUS na
Saúde Coletiva com o propósito de sintetizar as vantagens e limitações dessa base
de dados para fins de análises de questões relevantes na área.
Dentre vários resultados, apontam que esse sistema contribui sobremaneira
com informações sobre doenças infecciosas e parasitárias, morbidades que levam a
internações como distúrbios psiquiátricos, diarreias, doença de chagas, dengue,
hanseníase, tuberculose, envenenamentos, entre outros.
Como é um sistema nacional, por ele é capaz de separar as morbidades por
concentração regional, e, então, os programas podem ser específicos e também
concentrados nas doenças daquela região, potencializando os esforços, otimizando
os resultados.

5.3 A informatização da assistência de enfermagem


Na Enfermagem, é indiscutível a importância do uso de sistemas de
informações, pois, permite que todos os membros da equipe de enfermagem
possam ter informação suficiente e atualizada para desempenho da assistência
qualificada. Além disso, permite a integração com outros profissionais e também
com a clientela (TAKAHASHI, 1991 apud DUTRA, 2010).
Existe uma necessidade emergente e urgente de apropriação de novas
tecnologias nas profissões de maneira geral e, de forma específica, na saúde e na
enfermagem, imposta pela atual sociedade da informação. Isso se deve, também, à
importância da padronização de linguagens e de dados e ao uso e aos benefícios
dos sistemas computadorizados para os profissionais e, especialmente, para a
qualidade da assistência prestada (PERES; ORTIZ, 2008).

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Na Enfermagem, o sistema de informação é fundamental para subsidiar a


assistência direta ao paciente e a gerência dos serviços de saúde. Seus dados
servem de base para planejar, fornecer, avaliar e documentar o cuidado prestado ao
paciente, apoiar a assistência prestada pela equipe e controlar os custos
hospitalares. Além disso, poderá apoiar as atividades do enfermeiro quanto ao
processo de enfermagem, permitindo maior aproximação com o cliente e melhora da
qualidade da assistência prestada (PERES; LEITE, 2005). Ou seja, a enfermagem
deve analisar os registros referentes aos dados mínimos de enfermagem e de
gerenciamento de enfermagem, possibilitando identificar elementos importantes que
contribuirão para a informatização da documentação da assistência de enfermagem
e que poderão ser utilizados para o refinamento da prática clínica do enfermeiro.
O uso de um sistema informatizado pode aumentar ainda mais os benefícios
(PERES; LEITE, 2005) do sistema de informação para a Enfermagem, porque:
minimiza o tempo gasto em documentar as informações do paciente;
elimina redundâncias;
melhora o tempo de comunicação entre a equipe;
otimiza o acesso à informação;
oferece informações à equipe multidisciplinar;
auxilia no processo de trabalho;
oferece flexibilidade para visualizar e coletar informação necessária;
disponibiliza informações on-line sobre medicamentos, guias de conduta e
protocolos da prática;
permite aumento do tempo dos enfermeiros para o cuidado direto;
melhora a qualidade da documentação;
aumenta a produtividade;
reduz margem de erros;
aumenta satisfação no trabalho;
desenvolve uma base de dados clínica comum aos profissionais envolvidos
na assistência.

Enfim, os sistemas informatizados de documentação em saúde possibilitam


um suporte administrativo para o planejamento do cuidado, o uso de alertas e avisos

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para casos críticos e para simulações de intervenções, e a avaliação e o


monitoramento das intervenções para a comparação entre o cuidado prestado e os
resultados obtidos, devido à sistematização da aquisição, ao armazenamento e à
recuperação dos dados clínicos e gerenciais, assegurando-se uma coleta de dados
eficaz e eficiente (PERES; ORTIZ, 2008).

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UNIDADE 6 – INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA

A disponibilidade de informação apoiada em dados válidos e confiáveis é


condição essencial para a análise objetiva da situação sanitária, assim como para a
tomada de decisões baseadas em evidências e para a programação de ações de
saúde. A busca de medidas do estado de saúde da população é uma atividade
central em saúde pública, iniciada com o registro sistemático de dados de
mortalidade e de sobrevivência. Com os avanços no controle das doenças
infecciosas e a melhor compreensão do conceito de saúde e de seus determinantes
sociais, passou-se a analisar outras dimensões do estado de saúde, medidas por
dados de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção,
condições de vida e fatores ambientais, entre outros. Os indicadores de saúde foram
desenvolvidos para facilitar a quantificação e a avaliação das informações
produzidas com tal finalidade (BRASIL, 2008).
Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contém
informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de
saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem
refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das
condições de saúde. A construção de um indicador é um processo cuja
complexidade pode variar desde a simples contagem direta de casos de
determinada doença, até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais
sofisticados, como a esperança de vida ao nascer.
A qualidade de um indicador vai depender de algumas propriedades dos
componentes utilizados em sua formulação, a saber:
da frequência de casos, tamanho da população em risco;
da precisão dos sistemas de informação empregados (registro, coleta,
transmissão dos dados);
do grau de excelência de um indicador que deve ser definido por sua validade
(capacidade de medir o que se pretende); e,
da confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em
condições similares).
Quanto à validade de um indicador, esta é determinada por:
sua sensibilidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado);
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sua especificidade (capacidade de detectar somente o fenômeno analisado).


Outros atributos de um indicador são:
mensurabilidade (basear-se em dados disponíveis ou fáceis de conseguir);
relevância (responder a prioridades de saúde); e,
custo-efetividade (os resultados justificam o investimento de tempo e
recursos) (BRASIL, 2008).
Podemos ainda citar outras qualidades como a simplicidade, pois ele deve
ser fácil de ser calculado; a robustez porque deve ser pouco sensível às deficiências
dos dados necessários à sua construção; deve ser discriminatoriedade, ou seja,
deve possuir um alto poder discriminatório para vários níveis de condições de saúde
e indicar alterações que ocorram com o tempo.
Espera-se que os indicadores possam ser analisados e interpretados com
facilidade, e que sejam compreensíveis pelos usuários da informação,
especialmente gerentes, gestores e os que atuam no controle social do sistema de
saúde.
Com certeza, não existem indicadores que, isoladamente, sejam capazes de
contemplar todos os atributos de qualidade acima colocados. Portanto, é necessário
a escolha de um conjunto deles. Esta escolha deve decorrer das perguntas que
buscamos responder e do tipo de decisão que se quer apoiar.
O quadro a seguir, procura identificar tipos básicos de indicadores capazes
de contemplar informações referentes à eficiência e eficácia das respostas
produzidas pelo Sistema de Saúde e seu impacto ou efetividade sobre a situação de
saúde. Apresenta também uma síntese sobre as análises que podem ser realizadas
a partir desses indicadores.

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Categoria Tipos básicos de indicadores Tipos de análise que podem ser


do realizadas
Indicador
Eficiência - Produtividade por tipo de - Avaliação quanto à utilização (com ou
procedimento (consultas, exames sem desperdícios) dos recursos
laboratoriais, entre outros). disponíveis.
- Utilização da capacidade instalada Considera-se como uma avaliação da
(rede física). estrutura do Sistema de Saúde.
- Utilização da capacidade operacional
(recursos humanos).
- Distribuição dos gastos por tipo de
atenção prestada (ambulatorial básica e
especializada; hospitalar e urgência;
apoio diagnóstico e terapêutico; entre
outras).

Eficácia - Cobertura alcançada através das Avaliação dos resultados alcançados


ações produzidas (consultas, vacinas, pelas ações produzidas considerando:
partos, entre outras). -quantos foram atingidos (cobertura);
- Concentração de procedimentos -quanto foi oferecido (concentração);
oferecidos (por exemplo: 03 consultas -como foi respondido (resolubilidade).
de pré-natal por gestante). Considera-se como uma avaliação do
- Resolubilidade da atenção (por processo de trabalho em saúde
exemplo: a proporção de altas em
relação às consultas realizadas).
Efetividade -Indicadores de Mortalidade. Avaliação do impacto sobre a situação
-Indicadores de Morbidade. de saúde considerando as respostas
-Indicadores Demográficos. produzidas pelo Sistema de Saúde e
-Indicadores Socioeconômicos. também aquelas geradas por outros
-Indicadores Ambientais (saneamento). setores (educação, saneamento, entre
outros).
Fonte: Pereira (1999, p. 12).

Se gerados de forma regular e manejados em um sistema dinâmico, os


indicadores são instrumentos valiosos para a gestão e avaliação da situação de
saúde, em todos os níveis. Um conjunto de indicadores se destina a produzir
evidência sobre a situação sanitária e suas tendências, como base empírica para
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identificar grupos humanos com maiores necessidades de saúde, estratificar o risco


epidemiológico e identificar áreas críticas. Constitui, assim, insumo para o
estabelecimento de políticas e prioridades melhor ajustadas às necessidades da
população, principalmente se pensarmos no contexto da saúde coletiva.
Além de prover matéria-prima essencial para a análise, a disponibilidade de
um conjunto básico de indicadores tende a facilitar o monitoramento de objetivos e
metas em saúde, estimular o fortalecimento da capacidade analítica das equipes e
promover o desenvolvimento de sistemas de informação intercomunicados (BRASIL,
2008).
Em saúde coletiva, especificamente, temos três indicadores que são muito
importantes: morbidade, mortalidade e letalidade. Vamos falar um pouco mais sobre
eles?!

6.1 Morbidade
A morbidade refere-se ao comportamento das doenças numa população
exposta ao adoecimento. Seus índices permitem conhecer que doenças existem
habitualmente na área, no período e na população estudada (prevalência), e quais
os novos casos das doenças na mesma área, período e população (incidência)
(BRASIL, 2003), ou seja, os seus indicadores básicos são:
a) Taxa de incidência (TI):
Reflete a intensidade com que acontece uma doença em uma população e,
dessa maneira, mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos
dessa doença na população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer.
Sua fórmula é:

b) Taxa de prevalência (TP):


Prevalência implica acontecer e permanecer existindo em um momento
considerado.

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A TP é mais utilizada para doenças crônicas de longa duração, como


hanseníase, tuberculose, AIDS e diabetes. A prevalência pode ser pontual ou
lápsica.
Taxas de prevalência são valiosas para o planejamento, em função do
conhecimento do número de doentes existentes na comunidade. Para fins
epidemiológicos (identificação de fatores de risco, por exemplo), as medidas de
incidência são mais efetivas.
Sua fórmula:

c) Taxa de ataque (TA):


A TA é usada quando se investiga um surto de uma determinada doença em
um local onde há uma população bem definida. Essas pessoas formam uma
população especial exposta ao risco de adquirir a referida doença em um período de
tempo bem definido. Sua fórmula:

d) Distribuição proporcional (DP), segundo variáveis diversas:


A DP indica, do total de casos ocorridos por uma determinada causa,
quantos ocorreram, por exemplo, entre homens e quantos entre mulheres, ou
quantos ocorreram nos diferentes grupos de idade.
O resultado, sempre é expresso em porcentagem. A DP não mede o risco de
adoecer ou morrer, como no caso das taxas; apenas indica como se distribuem os
casos entre as pessoas afetadas, por grupos etários, sexo, localidade e outras
variáveis (PENIDO, 2010).
Por esses indicadores, a quantidade de casos de uma doença também
permite estimar sua importância para aquela população. Estão relacionados à
morbidade os termos: surto, endemia, epidemia e pandemia.
Surto é um aumento repentino do número de casos, dentro de limites muito
restritos, como uma série de casos de rubéola em uma creche, vários
indivíduos com conjuntivite em um quartel ou vários bebês com infecção
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respiratória em um berçário de hospital. Também pode ser assim considerado


o aumento do número de casos de uma doença em uma área específica,
considerada livre da mesma. Por exemplo, um único caso de poliomielite no
Brasil seria suficiente para configurar um surto.
Endemia é a ocorrência de certo número de casos controlados em
determinada região.
Epidemia é o aumento do número de casos de determinada doença, muito
acima do esperado e não delimitado a uma região.
Pandemia, por sua vez, compreende um número de casos de doença acima
do esperado, sem respeitar limites entre países ou continentes. Os exemplos
mais atuais são a Aids e a tuberculose.

6.2 Mortalidade
A mortalidade é definida como a relação entre o número de óbitos e o
número de pessoas expostas ao risco de morrer. Dados esses que podem ser
agrupados por características como sexo, idade, estado civil, causa, lugar, condição,
dentre outras. Os óbitos ocorridos podem estar classificados segundo a associação
de duas ou mais dessas características (BRASIL, 2003). Isto é, o risco ou
probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de vir a morrer, em
decorrência de uma doença.

Indicadores como os de mortalidade geral, mortalidade infantil, mortalidade


materna e mortalidade por doenças transmissíveis, são muito utilizados para avaliar
o nível de saúde de uma população (PENIDO, 2010).
A Taxa de mortalidade geral (TMG) mede o risco de morte por todas as
causas em uma população de um dado local e período.

A Taxa de mortalidade infantil (TMI) mede o risco de morte para crianças


menores de um ano de um dado local e período.

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A Taxa de mortalidade infantil precoce (TMIP – neonatal) mede o risco de


morte para crianças menores de 28 dias.

A Taxa de mortalidade infantil tardia (TMIT) mede o risco de morte para


crianças com idade entre 28 dias e um ano.

A razão de mortalidade materna (RMM) mede o risco de morte materna.

A Taxa de mortalidade por causa (TMC) mede o risco de morte por


determinada causa, num dado local e período. No denominador deve constar a
população exposta ao risco de morrer por essa mesma causa.

A razão de mortalidade proporcional (RMP) ou Indicador de Swaroop-


Uemura, mede a proporção de óbitos de pessoas com 50 anos ou mais em relação
ao total de óbitos em um dado local e período.

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6.3 Letalidade
Permite conhecer a gravidade de uma doença, considerando-se seu maior
ou menor poder para causar a morte. A determinação da letalidade de certas
doenças permite avaliar a eficácia de estratégias e terapias implementadas. Por
exemplo, espera-se que a vacina antissarampo reduza o número de complicações e
óbitos decorrentes da doença.
Se há muitos óbitos causados pelo sarampo, isto significa que as crianças
não estão tendo acesso à estratégia de vacinação ou que a vacina não está
desempenhando adequadamente seu papel na proteção à saúde.
Para que se possa avaliar o significado dos indicadores e compará-los frente
a populações diferentes sem que haja distorção das informações, esses indicadores
são calculados por meio de taxas, índices e coeficientes, e expressos em
porcentagens. Traduzem, muitas vezes, as condições socioeconômicas e sanitárias
locais, pois estão intimamente relacionados com as condições de vida e saúde da
população (BRASIL, 2003).
A Taxa de letalidade (LT) é uma proporção que mede o poder da doença em
determinar a morte e também pode informar sobre a qualidade da assistência
médica prestada ao doente.

Dessa forma, as ações de vigilância epidemiológica e os resultados obtidos


com a sua implementação e divulgados através de suas bases de dados constituem
um elemento precursor da elaboração e implementação de programas de saúde
coletiva, ao permitirem a identificação de fatores de risco para a determinação dos
processos de morbidade que atingem os grupos populacionais que recebem atenção
específica dos serviços de saúde (BRASIL, 2003).

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UNIDADE 7 – DOENÇAS PREVENÍVEIS E ALGUNS


PROGRAMAS ESPECÍFICOS

Com o intuito de realizar adequadamente a vigilância epidemiológica das


doenças transmissíveis, o sistema de vigilância utiliza diferentes condutas
relacionadas a cada uma delas.
Como integrante da equipe de saúde, é muito importante que o auxiliar de
enfermagem adquira conhecimentos sobre o comportamento das diversas doenças
transmissíveis e as medidas gerais de profilaxia e controle, pois isto lhe possibilitará
maior segurança ao atuar nas intervenções que visam a redução da incidência e/ou
prevalência de doenças que ainda constituem problemas de saúde coletiva no país
(BRASIL, 2003).

7.1 Doenças preveníveis mediante vacinação


Atualmente, com o advento da vacina e os avanços tecnológicos e
científicos observados nas últimas décadas, muitas doenças que determinavam
elevados índices de mortalidade podem ser prevenidas e controladas. Entretanto,
por que ainda vemos pessoas com tétano, crianças acometidas pela meningite ou
coqueluche? E, por que, todos os anos, ocorrem campanhas de vacinação contra a
poliomielite?
Para responder a estas perguntas, muitos determinantes podem ser
considerados, dentre eles, a cobertura vacinal que não alcança todas as pessoas
suscetíveis a essas doenças, os movimentos migratórios que favorecem as idas e
vindas de hospedeiros (pessoas portadoras ou doentes), a desnutrição que pode
interferir nos mecanismos de defesa orgânica e a capacidade do sistema
imunobiológico produzir o estímulo e a devida resposta no organismo (BRASIL,
2003).
São elas: raiva humana, varicela, caxumba, sarampo, rubéola, febre
amarela, meningite, difteria, coqueluche, tétano neonatal, tétano, poliomielite,
hepatite B.

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7.2 Doenças veiculadas por água e alimentos


Algumas doenças são transmitidas ao homem pelo consumo de alimentos e
água contaminados por microrganismos. Embora a ocorrência de algumas dessas
doenças seja muito comum, é importante desenvolver atividades de vigilância para
controlar e prevenir sua evolução para formas mais graves nos indivíduos
acometidos. Uma vez que os alimentos e a água contaminados podem ser
consumidos por várias pessoas ao mesmo tempo, acometendo grandes parcelas da
população num mesmo período, tal fato pode gerar sérios problemas para a saúde
coletiva (BRASIL, 2003).
No que se refere às ações desenvolvidas pelas equipes de saúde nas
unidades assistenciais, a ocorrência de casos de doenças veiculadas pela água e
alimentos contaminados irá desencadear atividades ligadas à prevenção de novos
casos e atenção aos indivíduos já doentes, pois quanto mais cedo forem
identificados e tratados melhor será o prognóstico, diminuindo o risco de
transmissão para outras pessoas.
A existência de doenças transmissíveis veiculadas por água e alimentos
contaminados sinaliza um problema a ser superado - o desencontro das ações de
outros setores de políticas públicas não diretamente ligados à promoção da saúde e
prevenção das doenças. Portanto, a notificação dos casos de doenças desse tipo é
útil para indicar onde os órgãos responsáveis pelo saneamento básico, recolhimento
do lixo, fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, por exemplo, podem
e devem atuar junto aos responsáveis pela assistência à saúde, garantindo, assim,
melhores expectativas para a saúde da população beneficiada com a integração de
suas ações.
Ao auxiliar de enfermagem, compete fornecer orientações de medidas
simples, em sua maioria relacionada aos cuidados no preparo dos alimentos, higiene
individual e do meio ambiente, objetivando maior amplitude da prevenção e controle
das doenças.
São elas: cólera, febre tifoide, hepatite A.

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7.3 Doenças transmitidas por vetores


A ocorrência dessas doenças é bastante elevada em nosso país, algumas
delas endêmicas, ou seja, prevalecem em determinadas regiões. Seu controle ainda
é um desafio tanto para os responsáveis pela vigilância epidemiológica como para
as equipes de saúde das unidades assistenciais, pois são muitos os determinantes
envolvidos na sua incidência, ganhando importância especial os associados ao
desequilíbrio ambiental – quase sempre decorrente das intervenções do homem nas
condições naturais.
A ocupação desordenada das cidades, com desmatamento de grandes
áreas verdes, poluição das águas e acúmulo de lixo em locais sem saneamento, cria
condições favoráveis à multiplicação de insetos e ratos, animais nocivos ao homem.

A contaminação das águas com determinadas substâncias provoca a


extinção de predadores naturais de caramujos e larvas, facilitando sua reprodução e
aumentando, para o homem, o risco de exposição.
Dentre essas doenças e com mais frequência temos: esquistossomose
mansônica; doença de chagas; malária; leptospirose e dengue.

7.4 Doenças causadas por ectoparasitas


Embora não sejam de notificação compulsória, a escabiose e a pediculose
são doenças transmissíveis que ganham destaque pela frequência com que
acometem grandes grupos de pessoas, determinando, assim, a necessidade de
intervenção e de prestação de assistência e cuidados.
Geralmente, ocorrem por inadequadas condições de higiene, presentes em
ambientes com condições sanitárias ou de higiene pessoal desfavoráveis.

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REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. 4 ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2007. (Série E. Legislação de Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Doenças Infecciosas e Parasitárias: Guia de Bolso. 8 ed.,
Brasília, 2010.
SANTOS, Álvaro da Silva; MIRANDA, Sônia Maria Rezende C de (orgs.). A
enfermagem na gestão em atenção primária à saúde. Barueri (SP): Manole, 2007.
KAWAMOTO, E.D.; SANTOS, M.C.H. dos; MATOS, T.M. de. Enfermagem
comunitária. São Paulo: EPU, 2009.
VALLE, André Bittencourt do et al. Sistemas de informações gerenciais em
organizações de saúde. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ANVISA. Agência de Vigilância Sanitária. Os Serviços de Saúde (2007). Disponível


em: <http://www.anvisa.gov.br>
BARBOSA, D. C. M. Sistemas de informação em saúde: a percepção e a avaliação
dos profissionais diretamente envolvidos na atenção básica de Ribeirão Preto/SP,
2006.
BATISTA, A. S. et al. Envelhecimento e dependência: desafios para a organização
da proteção social. Brasília: MPS/SPPS, 2008. (Coleção Previdência Social, v. 28).
BITTENCOURT, Sonia Azevedo; CAMACHO, Luiz Antonio Bastos and LEAL, Maria
do Carmo. O Sistema de Informação Hospitalar e sua aplicação na saúde coletiva.
Cad. Saúde Pública [online]. 2006, vol.22, n.1, pp. 19-30. Disponível em:
http://www.scielosp.org/pdf/csp/v22n1/03.pdf
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde.
Brasília: CONASS, 2007.

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BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Atenção Primária e Promoção


da Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília: CONASS, 2007.
BRASIL. Lei n. 9.656 de 03 de junho de 1998. Dispõe sobre os planos e seguros
privados de assistência à saúde. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656compilado.htm
BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências.
BRASIL. Ministério da Saúde. A experiência brasileira em sistemas de informação
em saúde/Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde, Fundação
Oswaldo Cruz. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informação e Informática do SUS.
Política Nacional de Informação e Informática em Saúde - Proposta Versão 2.0
(Inclui deliberações da 12ª. Conferência Nacional de Saúde). Disponível em:
<http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/A
BRASIL. Ministério da Saúde. Norma Operacional do Sistema Único de Saúde.
NOB/SUS/96. Brasília: Ministério da Saúde, 1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem:
cadernos do aluno: saúde coletiva. 2 ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2003. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de
Enfermagem.
BRASIL. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde
coletiva. 2 ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
BUCCI, M. P. D. Direito administrativo e políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 2002.
CHIANCA, T.C.M.; ANTUNES, M.J.M. A classificação internacional de enfermagem
em saúde coletiva. Brasília: ABEN. 1999.
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