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Curso de Direito
Direito dos Recursos Naturais
Importância dos recursos naturais
Desde tempos remotos, os recursos naturais tiveram sempre
uma importância vital na vida sócio-económica e política, de tal
maneira que os estádios de desenvolvimento da humanidade
foram sempre classificados com referência a eles como foram os
casos da:
Idade da pedra;
Idade do bronze;
Idade do ferro;
Idade do cobre;
Idade do ouro;
Idade do petróleo (como, certamente, será classificada a idade actual)
iniciada em 1855, com desenvolvimento exponencial no século
passado;
E, provavelmente, num futuro breve, a Idade do Sol que é também um
grande recurso natural que começa a despontar.
Conceito
A partir da raiz da definição de Direito, (conjunto de normas jurídicas
que regula a conduta do homem em sociedade) podemos apresentar uma
definição de Direito dos Recursos Naturais. Sendo certo que não existe uma
definição unanimemente aceite.
3. Sistema islâmico
O Direito islâmico se baseia na Shari´ah, lei suprema que tem origem
divina. Segundo os princípios de Direito islâmico, os recursos do subsolo
pertencem ao Estado guardião da propriedade da comunidade que é
inalienável (a comunidade ou a terra se quisermos).
Fases de desenvolvimento da legislação
dos recursos naturais
Partindo do quadro legal das relações entre Estados produtores e as
empresas estrangeiras (multinacionais) especializadas em actividades de
descoberta e exploração ou produção de recursos naturais, Gao divide esse
desenvolvimento em três fases distintas:
Fase das concessões - que começou no início do sec. XX e se
prolongou até meados deste mesmo século e eram, sobretudo,
as empresas concessionárias que determinavam as regras de
jogo, com vantagens para si nesta fase.
Fase do confronto – esta fase durou cerca de 25 anos. É nesta
fase que os países produtores de recursos naturais procuraram
se impor e reganhar o controlo sobre os seus recursos naturais.
Fase da cooperação – a fase da cooperação é a fase actual, que
iniciou nos finais da década de 80 do Séc. Passado. Nesta fase,
as empresas estrangeiras assim como os Estados produtores
encontraram estabilidade e reciprocidade de interesses na
actividade de exploração de recursos naturais. Na fase de
cooperação verificou-se, a partir dos finais do século passado, o
princípio da “nacionalização dos quadros” nas empresas
multinacionais, onde os técnicos especializados deixaram de ser
eminentemente estrangeiros, dando lugar à técnicos nacionais
de países protutores de recursos naturais, incluindo nos órgãos
de direcção das mesmas.
As concessões tradicionais
Noção de Concessão
A concessão, em Direito dos Recursos Naturais, é um contrato pelo
qual o Estado atribui direitos sobre recursos naturais e actividades com eles
relacionadas à empresas especializadas.
As concessões tradicionais foram as formas jurídicas dominantes
durante a primeira metade do sec. XX com as seguintes características:
1. Eram contratos de longa duração, entre 35 a 99 anos sem
qualquer possibilidade de renegociação do mesmo.
2. Eram contratos relativos a uma só fase e, ainda que não se
realizasse a pesquisa ou prospecção, os recursos eram da
concessionária e o Estado não podia fazer nada.
3. Nas concessões tradicionais os contratos abriam, em geral,
várias excepções à legislação em vigor do país produtor a
favor das empresas concessionárias.
4. As áreas de concessões eram zonas extensas, muito vastas e
não se previa a libertação das mesmas antes do período de
vigência do contrato de concessão que, como se viu, eram de
longa duração.
5. As empresas concessionárias realizavam todo o investimento
para as actividades de descoberta e exploração ou produção,
e os Estados produtores eram remunerados com um modesto
royalty (prémio). Em geral, as empresas concessionárias
estavam isentas de impostos e direitos aduaneiros.
6. A propriedade dos recursos da área concedida era das
empresas concessionárias, e os Estados só recuperavam a
propriedade das mesmas após o termo do contrato de
concessão, por vezes, já sem recursos naturais nenhuns.
7. Os Estados produtores não participavam nas decisões
importantes tais como; a determinação da taxa de produção
ou sobre os preços das vendas dos recursos explorados. Em
suma, eram as empresas concessionárias que tomavam todas
as decisões sobre os recursos e sobre as actividades de
descoberta e exploração bem como a sua comercialização.
Objectivo:
▪ Conhecer a importância dos recursos naturais na vida
sócio-económica e política, e o facto de determinados
períodos históricos terem sido associados a alguns deles
dada a sua importância;
▪ Conhecer a génese da evolução histórica da legislação
dos recursos naturais, sobretudo, dos minerais e dos
hidrocarbonetos (petróleo). Que começou nos EUA,
evoluindo a partir das decisões tomadas pelos órgãos do
Estado sob a forma de actos administrativos e normativos. E,
rapidamente, essas formas de actos e decisões se expandiram
para outros países detentores de recursos naturais; Trata-se de
uma evolução sui generis que passou a ter um carácter
internacional ao se expandir para outros países com regimes ou
sistemas de propriedade diferente daquele que vigora nos EUA.
▪ Ter noção do que é o Direito dos Recursos Naturais;
▪ Saber distinguir a actividade de prospecção da
actividade de pesquisa;
▪ Conhecer os sistemas ou regimes de propriedade
definidos por Blinn, assim como as suas características,
e, sobretudo, saber qual deles vigora no nosso
ordenamento jurídico e porquê?
▪ Conhecer as três fases de desenvolvimento da
legislação dos recursos naturais apresentadas por Gao,
bem como as suas características;
▪ Conhecer a noção de concessão em Direito dos
Recursos Naturais;
▪ Saber o que foram as concessões tradicionais e as suas
características.
Concessões qualificadas
Às concessões tradicionais seguiram-se, segundo Schanze, as concessões
qualificadas.
Neste novo tipo de concessões o acesso e o uso dos recursos naturais,
mormente dos minerais, passou a realizar-se em condições estritas
estabelecidas em leis e/ou em contratos com destaque para:
1 A redução da duração e das áreas das concessões;
2 A divisão das actividades em fases
Outras questões que devem ser reguladas por lei ou por contrato
Propriedade dos recursos naturais extraídos e em que
momento, ou momentos conforme os contratos, se opera a
transmissão de propriedade;
Propriedade dos bens necessários às operações;
Definição de taxa de extracção, níveis e métodos de produção,
vg, boa pratica petrolífera ou melhor metodologia da tecnologia,
incluindo a protecção do meio ambiente;
Fixação de preços e outras decisões sobre comercialização
como reservas de abastecimento do mercado nacional, regime
de exportação, opções de compra de produção;
Clausulas financeiras, relativas ao que se chama de distribuição do
rendimento do projecto, incluindo o regime de retorno do Estado,
nomeadamente o regime fiscal;
Definição de quem toma determinadas decisões e dos poderes de
supervisão e fiscalização do Estado;
E regras sobre tecnologia, onde se destaca a sua transferência do
seu uso para nacionais, emprego e formação de trabalhadores,
preferência de empresas nacionais no fornecimento de bens ou
serviços etc.,
Assim, com base no estudo sobre minerais as componentes
essenciais são:
Afectação de direitos relativos a recursos “a quem”, “por
quem” e “como”
Especificação das obrigações financeiras associadas a essas
afectações;
Regulamentação que consiste na intervenção do Estado através
de actos normativos e administrativos;
Regulamentação da fixação de preços e da comercialização;
Regulamentação da exportação e importação de recursos e
equipamentos necessários às actividades.
Em geral são, ainda, componentes destes regimes as formas de
participação directa do Estado nos empreendimentos através de
empresas estatais e também na regulamentação especial do
investimento estrangeiro na área dos recursos naturais;
E as regras ambientais para a protecção dos recursos