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Texto Gêneros Literários
Texto Gêneros Literários
Os gêneros literários são: narrativo (contação de histórias), lírico (expressão subjetiva de ideias e emoções)
e dramático (instruções para a encenação teatral).
Os gêneros literários são três: narrativo ou épico, lírico e dramático. O narrativo está relacionado à
contação de uma história e, por isso, apresenta narrador, personagens, trama, tempo e espaço. O lírico se
refere a textos extremamente subjetivos e conotativos, que podem ser escritos em verso ou prosa.
A teorização em torno da questão dos gêneros literários teve início na Antiguidade, com filósofos como
Platão e Aristóteles. Nessa época, além das epopeias, o teatro era bastante valorizado. Assim, o texto
teatral faz parte do gênero dramático e apresenta atos, cenas, rubricas e falas.
Existem significativas diferenças entre linguagem literária e linguagem não literária. Compreender cada
uma delas é essencial para o entendimento dos diversos tipos de texto.
situações comunicacionais são responsáveis por indicar o tipo de discurso que será utilizado.
Os textos podem ser divididos conforme a linguagem escolhida para a construção do discurso. São dois
grandes grupos, que privilegiam a linguagem literária e a linguagem não literária. Apesar de os textos
literários e não literários apresentarem pontos convergentes em sua elaboração, existem alguns aspectos
que tornam possível a diferenciação entre eles. Saber identificá-los e reconhecê-los conforme o tipo de
linguagem adotado é fundamental para a compreensão dos diversos gêneros textuais aos quais estamos
expostos no nosso dia a dia.
Nessa questão, não existe uma linguagem que seja superior à outra: ambas são importantes e estão
representadas pelos incontáveis gêneros textuais. As diferenças nos tipos de linguagem estão ancoradas
pela necessidade de adequação do discurso, pois para cada situação escolhemos a maneira mais
apropriada para elaborar um texto. Se a intenção é comunicar ou informar, certamente adotaremos
recursos de linguagem que privilegiem o perfeito entendimento da mensagem, evitando assim entraves
linguísticos que possam dificultar o acesso às informações. Se a intenção é privilegiar a arte, através da
escrita de poemas, contos ou crônicas, estarão à nossa disposição recursos linguísticos adequados para
esse fim, tais como o uso da conotação, das figuras de linguagem, entre outros elementos que confiram ao
texto um valor estético.
Dessa maneira, confira as principais diferenças entre a linguagem literária e a linguagem não literária:
→ Linguagem literária: pode ser encontrada na prosa, em narrativas de ficção, na crônica, no conto, na
novela, no romance e também em verso, no caso dos poemas. Apresenta características como a
variabilidade, a complexidade, a conotação, a multissignificação e a liberdade de criação. A Literatura deve
ser compreendida como arte e, como tal, não possui compromisso com a objetividade e com a
transparência na emissão de ideias. A linguagem literária faz da linguagem um objeto estético, e não
meramente linguístico, ao qual podemos inferir significados de acordo com nossas singularidades e
perspectivas. É comum na linguagem literária o emprego da conotação, de figuras de linguagem e figuras
de construção, além da subversão à gramática normativa.
→ Linguagem não literária: pode ser encontrada em notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos,
verbetes de dicionários e enciclopédias, propagandas publicitárias, textos científicos, receitas culinárias,
manuais, entre outros gêneros textuais que privilegiem o emprego de uma linguagem objetiva, clara e
concisa. Considerados esses aspectos, a informação será repassada de maneira a evitar possíveis entraves
para a compreensão da mensagem. No discurso não literário, as convenções prescritas na gramática
normativa são adotadas.
A linguagem nada mais é do que a expressão do pensamento por meio de palavras, sinais visuais ou
fonéticos, através dos quais conseguimos estabelecer a comunicação. Compreender os aspectos presentes
em cada uma das linguagens é fundamental para a melhor compreensão dos diferentes tipos de discurso
que produzimos e aos quais estamos expostos em diferentes situações comunicacionais.
• Epopeias: são narrativas escritas em verso (com o passar do tempo, as epopeias foram substituídas
pelo romance). São exemplos:
o A Ilíada e a Odisseia, ambas do poeta grego Homero;
o Eneida, de Virgílio;
o Os Lusíadas, de Camões;
o O Uraguai, de Basílio da Gama.
• Contos e novelas: o conto é uma pequena narrativa, já a novela é uma narrativa de tamanho
intermediário entre o conto e o romance. Duas famosas novelas brasileiras são O alienista, de
Machado de Assis, e A hora da estrela, de Clarice Lispector. Já o conto O segredo de Brokeback
Mountain, de Annie Proulx, ficou mundialmente famoso quando foi adaptado para o cinema.
• Fábulas: são contos cujos personagens são animais. Esse tipo de narrativa sempre apresenta uma
lição de moral. Nesse sentido, é possível citar algumas clássicas fábulas de Jean de la Fontaine,
como:
o A lebre e a tartaruga;
o A raposa e a cegonha;
o A raposa e as uvas;
o O leão e o rato.
Por fim, observe que, neste trecho de Os Lusíadas, a história é contada por meio de versos:
Da terceira vez em que se encontraram — pois não é que estava chovendo? — o rapaz,
irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:
— Você também só sabe é mesmo chover!
— Desculpe.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
2) Gênero lírico
O lirismo está associado à profunda subjetividade.
O gênero lírico está relacionado a textos que expressam emoções, desejos ou ideias de forma
plurissignificativa, ou seja, eles recorrem mais à conotação do que à denotação. Assim, as poesias são
textos líricos que podem ser escritos em forma de verso ou de prosa. No segundo caso, temos a famosa
prosa poética:
Por uma doirada tarde azul, em que os rios, após as chuvas torrenciais, sonorizam
cristalinamente os bosques, os camponeses de uma vila risonha, numa unção bíblica,
conduziam ao tranquilo cemitério florido o loiro cadáver branco de uma virgem noiva, morta
de amor, tão bela e tão nova, umedecida no féretro, como se tivesse acabado de nascer da
rosada luz da manhã.
Infantil ainda, viera outrora da Alemanha através de castelos feudais, de montanhas alpestres,
de árvores
velhas e enevoadas...
[...]
CRUZ E SOUSA. Lenda dos campos. In: PÉREZ, José (Org.). Cruz e Sousa: prosa. 2. ed. São Paulo:
Cultura, 1945.
Melibeu:
Títiro, tu, sentado embaixo da ampla faia,
tocas na tênue flauta uma canção silvestre;
nós deixamos a pátria e estas doces pastagens;
nós fugimos, e tu, tranquilo à sombra, Títiro,
levas selva a ecoar Amarílis formosa.
Títiro:
Ó Melibeu, um deus, a nós, este ócio fez:
Ele sempre será meu deus; que o altar dele,
tenra ovelha de nosso aprisco sempre embeba.
Bem vês, ele deixou meu rebanho pastar
e eu tocar o que bem quiser em flauta agreste.
[...]
VIRGÍLIO. Bucólicas: edição bilíngue. Tradução de Raimundo Carvalho. Belo Horizonte:
Crisálida, 2005.
3) Gênero dramático
A tragédia e a comédia são os principais subgêneros dramáticos.
O gênero dramático está relacionado a textos produzidos para serem interpretados por atores. Tais
textos são compostos por atos, cenas, rubricas (instruções do dramaturgo) e falas.
→ Subgêneros do gênero dramático
• Tragédias: são textos dramáticos de caráter funesto, trágico. São famosas as tragédias gregas, tais
como:
o Édipo rei, de Sófocles;
o Prometeu acorrentado, de Ésquilo; e
o Medeia, de Eurípides.
• Comédias: são textos cômicos, engraçados, com situações e personagens ridículos. No Brasil, O
noviço, de Martins Pena, e o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, são comédias bastante
conhecidas. Aliás, a peça de Suassuna, além de uma comédia, é também um auto.
• Auto: se refere a textos dramáticos que apresentam caráter moral, místico ou satírico. Um auto
bastante conhecido é o clássico Auto da barca do inferno, de Gil Vicente.
• Farsa: é uma peça cômica com apenas um ato. É o caso da Farsa de Inês Pereira, também do
escritor português Gil Vicente:
MÃE Tomai aquela cadeira.
PÊRO E que val aqui uma destas?
INÊS (Ó Jesu! que João das bestas!
Olhai aquela canseira!)
Assentou-se com as costas pera elas, e diz:
PÊRO Eu cuido que não estou bem...
MÃE Como vos chamais, amigo?
PÊRO Eu Pêro Marques me digo,
Como meu pai que Deos tem.
Faleceu, perdoe-lhe Deos,
Que fora bem escusado,
E ficamos dous eréos.
Porém meu é o mor gado.
MÃE De morgado é vosso estado?
Isso viria dos céus.
[...]
VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, 1998.