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EXCELENTÍSSIMO SR.

DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _____ VARA DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE JOÃO PESSOA-PB

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL A PORTADOR DE DEFICIÊNCIA.

ANA MARIA DA CONCEIÇÃO DOS SANTOS, brasileira, divorciada, portador do


documento de identidade sob o nº 2.725.382-2 SSP/PB CPF sob o n.º 042.230.734-
35, residente e domiciliada na Rua Osvaldo Cruz, nº63, Imaculada, município de
Bayeux/ PB, CEP: 589.09-490, vem a presença de Vossa Excelência, com fulcro na lei
nº 8.213, 24 de julho de 1991, alterada pela lei nº 13.135 de 17 de junho de 2015,
propor a presente

AÇÃO DE CONHECIMENTO COM PEDIDO DE BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL DO LOAS

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), Autarquia


Federal, pessoa jurídica de direito público, (CNPJ) 29.979.036.000/-40 com APS
situada a Rua: Paulino dos Santos Coelho, 30, Jardim Cidade Universitária, no
município de João Pessoa-PB. EADJ- EQUIPE DE ATENDIMENTO A
DEMANDAS JUDICIAIS (CNPJ) 29.979.036.000/-40 – JOÃO PESSOA/PB) na pessoa
do seu representante legal infra-assinado, Adelisnilda de Sousa Rocha Formiga,
advogada OAB/PB Nº 26120 domiciliada no Sítio Rancho do Povo, Catolé do Rocha-
PB CEP: 58884-000 e-mail: adelisnildarocha@hotmail.com pelos fatos e
fundamentos que a seguir aduz.
1. DA JUSTIÇA GRATUITA

Com fulcro no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, e do art. 98, do CPC/2015, o autor requer
a concessão do benefício da gratuidade da justiça, pois não detém recursos
suficientes para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem
prejudicar a sua subsistência ou a de sua família.

2. DOS FATOS

A Autora consta com a idade de 43 anos e atualmente reside sozinha. Ocorre que, na
data de DER: 14 de Março de 2021 sob o NB: 710.174.823-7, a autora requereu o
benefício de prestação continuada.

Todavia, o benefício foi indeferido sob a alegação de que “Não comparecimento


para a realização do exame médico pericial”.

Acontece que, a autora como portadora de depressão grave com sintomas


psicóticos está incapacitada de exercer suas atividades para prover seu sustento,
tendo em vista que com todos os seus problemas de saúde, ela não pode e não
consegue ter contato com o ambiente de trabalho.

Esse indeferimento não se fundamenta, tendo em vista o ERRO DE ANÁLISE DO


SERVIDOR em constatar que a autora não compareceu a perícia médica, sendo
comprovado por meio de uma REABERTURA DE TAREFA, afirmando que a mesma
compareceu.

Ademais, é importante destacar que a autora é portadora das seguintes patologias:

 CID 10: F 32.3 - EPISÓDIO DEPRESSIVO GRAVE COM SINTOMAS


PSICÓTICOS;

 CID F 29 – PSICOSE;

 CID 10: F063 – TRANSTORNOS DE HUMOR.


Assim sendo, conforme laudos e exames anexos, fica demonstrado que a autora sofre
de problemas psicológicos graves e não controlados, fazendo uso de vários
medicamentos, além disso, através dos receituários médicos anexados, fica claro a
submissão da autora ao uso de psicotrópicos e acompanhamento psiquiátrico .

Também é importante elencar que mora sozinha e não tem suporte familiar,
dependendo de ajuda de amigos e vizinhos para sobreviver, inclusive mora em uma
residência doada.

Diante disso, como fazem prova os documentos anexados, com a presente ação
judicial, bem como os demais a serem produzidos no decorrer do processo, a Parte
Autora faz jus ao benefício previdenciário indeferido, razão pela qual busca o Poder
Judiciário para ver seu direito reconhecido.

2. FUNDAMENTAÇÃO DE MÉRITO

A Constituição Federal instituiu o benefício assistencial à pessoa portadora de


deficiência nos seguintes termos:

necessitar, independentemente da contribuição à seguridade


social, e tem por objetivos:
(...)
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria Art. 203. A assistência social será
prestada a quem dela manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei.
(Grifou-se) Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993, veio a regular a
matéria, merecendo transcrição o caput e os parágrafos 1º a 3º do art. 20,
in verbis:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um)


salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua
família.
§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, entende-se como família
o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei n. 8.213, de 24 de
julho de 1991, desde que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada
pela Lei n. 9.720, de 30.11.1998)
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora
de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e
para o trabalho.
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa
portadora de deficiência ou idosa cuja renda mensal per capita seja
inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo.
(...)

A redação do art. 20 da Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993, acima mencionado,


foi alterada pela Lei n.º 12.435, de 06-07-2011, passando a apresentar, a partir de
então, o seguinte teor:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um


salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65
(sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua
família.
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo
requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um
deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e
enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o
mesmo teto.
§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se:
I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo
prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas;
II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a
pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho
pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita sejainferior
a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Portanto, o direito ao benefício assistencial ao deficiente pressupõe o


preenchimento dos seguintes requisitos:
a) condição de deficiente (incapacidade para o trabalho e para a vida
independente, consoante a redação original do art. 20 da LOAS, ou aquela pessoa
que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas, consoante a redação atual do referido dispositivo); e
b) situação de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou
situação de desamparo).

Em relação ao critério para aferição da miserabilidade, este resta configurado


conforme as seguintes informações socioeconômicas:

Dados sobre o grupo familiar:

1. Número de componentes do 1 PESSOA


grupo familiar, com seus - ANA MARIA DA CONCEIÇÃO DOS
respectivos nomes: SANTOS

2. Renda mensal líquida de cada 0,0


membro do grupo familiar:

3. Renda per capita da família R$0,00

Dados sobre as condições socioeconômicas do grupo familiar:

1. Residência própria (sim ou não) Casa Cedida


Em caso de locação, indicar o valor
do aluguel.
2. Situação da residência: simples
3. Situação dos móveis que simples
guarnecem a residência:
4. Despesas com água e luz: R$ 50,00
5. Despesas com alimentação: doação
7. Despesas com saúde: Muito alta
6. Despesas com vestuário: doação
Da análise das informações socioeconômicas nota-se que a Parte Autora vive em
situação de risco social e não possui renda suficiente para atender suas necessidades
básicas, restando caracterizado, assim, o estado de miserabilidade.

No que toca à incapacidade, algumas considerações merecem ser feitas.

Na hipótese, a parte Autora sofre de diversos CID. Em razão das patologias, necessita
de ajuda, de terceiros, sendo necessário o acompanhamento permanente.

Resta, pois, confirmada a realidade da situação de hipossuficiência econômica da


Parte Autora, o que aliado à um quadro de saúde precaríssimo decorrente da
deficiência física, justifica a concessão do Benefício Assistencial.

Neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REQUISITOS.


MENOR DE IDADE. POSSIBILIDADE. 1. O direito ao benefício
assistencial pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos:
a) condição de deficiente (incapacidade para o trabalho e para a
vida independente, de acordo com a redação original do art. 20 da
LOAS, ou impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas,
conforme redação atual do referido dispositivo) ou idoso (neste
caso, considerando-se, desde 1º de janeiro de 2004, a idade de 65
anos); e b) situação de risco social (estado de miserabilidade,
hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) da parte
autora e de sua família. 2. Inexiste impedimento à concessão do
benefício assistencial de prestação continuada a menor de
idade. Precedentes da Corte. 3. Atendidos os pressupostos, deve
ser concedido o benefício. (TRF4, AC 5033029-55.2015.404.9999,
Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Paulo Afonso Brum Vaz, juntado
aos autos em 03/12/2015, sem grifo no original).

Destarte, o indeferimento do beneficio pelo INSS não encontra suporte na legislação


pátria, fazendo a Parte Autora jus à concessão do benefício assistencial desde a data
do requerimento administrativo.

3. REQUERIMENTOS
Diante do exposto, requer:

a) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa do seu


representante legal, para que, querendo, responda a presente demanda, no prazo
legal, sob pena de revelia;

b) A concessão do BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA em virtude da Parte


Autora não poder arcar com o pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua família, condição que
expressamente declara, na forma do art. 5º, LXXVI, da CRFB/88 e do art. 98 e
seguintes, do CPC/15 art. 4º da Lei n.º 1.060/50;

c) A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para conceder o


benefício de prestação continuada desde o requerimento administrativo, bem como
pagar as parcelas atrasadas, monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros moratórios, ambos incidentes até a data do efetivo
pagamento;

d) A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para arcar com as


custas processuais e honorários advocatícios;

e) Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, notadamente a documental e testemunhal.

f) Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em


direito, especialmente pela via documental anexa e mediante a realização de perícia
judicial, caso necessário, com médico especializado na áreagastroenterologista, a ser
designado por Vossa Excelência

g) A parte autora opta pela realização de audiência de conciliação (CPC art. 319,
inciso VII), razão que requer a intimação de seu patrono, instando-a a comparecer
a audiência designada para essa finalidade (CPC art. 334 capt).

O autor renuncia, tão somente para fins de competência, aos valores superiores a
sessenta salários mínimos, valor máximo de alçada desse procedimento especial,
registrando que essa renuncia alcança apenas as parcelas compreendidas no valor da
causa definido pelo art. 292, CPC não atingindo parcelas futuras excedentes, as 12
primeiras após o ajuizamento.

Dá-se à causa o valor de R$: 27.316,00 (vinte e sete mil, trezentos e dezesseis
reais)

Nestes termos, pede deferimento


João Pessoa-PB, 30 de Junho de 2022.

Adelisnilda de Sousa Rocha Formiga


OAB/PB: 26.120

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