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MINISTÉRIO DA
MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS SAÚDE
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Projeto Gráfico
Amaurício Cortez

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD


Q54t Quesada, Andrea Amaro
Transtornos mentais e suicídio na infância e adolescência / Andrea Amaro Quesada, Antônio Gilberto Ramos
Nogueira, Carlos Henrique de Aragão Neto e Vagner Silva Ramos Filho. – Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020.
15 p. : il. color.
(Curso Prevenção ao Suicídio; fascículo 3).

ISBN 978-65-86094-33-6

1. Transtornos mentais e emocionais. 2. Suicídio. 3. Prevenção ao suicídio. I. Nogueira, Antônio Gilberto Ramos. II.
Aragão Neto, Carlos Henrique de. III. Ramos Filho, Vagner Silva. IV. Título.

CDD 616.858445

Elaborado por Francisco Edvander Pires Santos - CRB-3/1212

Esse fascículo é parte integrante do projeto “Ações Inte-


gradas de Educomunicação para prevenção ao Suicídio
Todos os direitos desta edição reservados à:
e da Automutilação” que entre si celebram a Organização
Fundação Demócrito Rocha Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
e a Fundação Demócrito Rocha, através da Carta Acordo
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará
nº SCON2020-00088.
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148
fdr.org.br | fundacao@fdr.org.br
Sumário
Introdução 4

1. Especificidades na infância e adolescência 5


1.1. Epidemiologia do suicídio na infância e adolescência 5
1.2. Peculiaridades da avaliação na infância e adolescência 6
1.3. Fatores de risco de acordo com a idade 7

2. Transtornos mentais em idade precoce 9


2.1. Transtornos depressivos 9
. 2.2. Transtorno Bipolar 10
2.3. Transtornos relacionados ao uso de substâncias 11
2.4. Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) 11
2.5. Transtorno de ansiedade 13
2.6. Transtorno Desafiador Opositivo 13
2.7. Transtorno de Conduta 13
2.8. Transtornos de Estresse Pós-Traumático 14

Referências bibliográficas 15
INTRODUÇÃO
suicídio, um fenôme-
no multifacetado e
complexo, ocorre em
razão da interação
de fatores genéticos,
epigenéticos, sociais,
econômicos e cultu-
rais (BOTEGA, 2015;
T U R E C K I ; B R E N T,
2016). Trata-se de um
problema relevante de saúde pública, cujas
taxas têm aumentado significativamente na
população jovem em diversos países, inclu-
sive no Brasil (BRASIL, 2019). Apesar disso, a
discussão sobre suicídio ainda é cercada de
mitos, tabus e estigma social.
Considerando a importância da infor-
mação para a prevenção ao suicídio e a ne-
cessidade de uma intervenção precoce, o
presente fascículo aborda a epidemiologia
do suicídio na infância e na adolescência,
as peculiaridades da avaliação nessa faixa
etária e os fatores de risco de acordo com
a idade, com foco nos transtornos mentais.
O objetivo deste fascículo é fornecer
mais subsídios ao leitor para uma melhor
compreensão a respeito da infância e da
adolescência, sobre os transtornos men-
tais mais comuns nessa faixa etária e os
principais fatores de risco para o suicídio
nessa idade. O acesso à informação é uma
ferramenta fundamental para a prevenção.

4 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


1.
.

ESPECIFICIDADES
NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
1.1. EPIDEMIOLOGIA DO
SUICÍDIO NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
ocê sabia que a cada três
segundos uma pessoa ten-
ta tirar a própria vida e que
há um suicídio a cada 40 se-
gundos ao redor do mundo?
Além disso, para cada suicí-
dio completo, ocorrem no
mínimo 20 tentativas (OMS,
2014). E você sabia também
que, no Brasil, 32 pessoas
por dia tiram a própria vida (DA SILVA, et al.,
2018)? Trata-se de um tema complexo a ser
discutido, sendo muitas vezes evitado, devi-
do ao receio de incentivar o jovem a tirar a
própria vida. Já o suicídio em crianças é um
evento raro, embora pensamentos e ten-
tativas possam ocorrer (KUCZYNSKI, 2014;
KORCZAK, 2015). No entanto, as maiores
taxas de prevalência de ideação (12,1%) e
tentativa de suicídio (4,1%) ocorrem na ado-
lescência quando comparadas a todos os
outros momentos da vida (MIRANDA, 2014).
Segundo a Cartilha de Agenda Estratégi-
ca do Ministério da Saúde (MS), “a autoagres-
são está entre as três primeiras causas de
morte entre as pessoas com idade entre 15
e 35 anos” (BRASIL, 2017, p. 9). Tentativa de
suicídio é o principal motivo de atendimento
psiquiátrico de emergência em adolescentes
(SCIVOLETTO; BOARATI; TURKIEWICZ, 2010).

Prevenção ao Suicídio 5
As estatísticas são preocupantes. Porém, a morte e o morrer. Assim, para avaliar o ris- sinta à vontade. A família, os educadores,
apesar de todas as vidas perdidas anualmen- co de suicídio e o potencial de letalidade do os profissionais de saúde e toda a comunida-
te, os suicídios são evitáveis. Estima-se que comportamento da criança/adolescente, é de precisam olhar atentamente para a crian-
96,8% dos que tiraram a própria vida tinham necessário considerar qual é o conceito de ça/adolescente, a fim de identificar sinais de
algum transtorno mental, não necessaria- morte para aquele indivíduo, pois o enten- sofrimento emocional e comportamento sui-
mente diagnosticado e/ou tratado (DA SILVA dimento das consequências do ato suicida cida. Ao perceber/ouvir algo que gere preo-
et al., 2018). É importante buscar entender requer a compreensão da morte e das emo- cupação quanto à saúde mental, um médico
todo e qualquer meio que vise a prevenção ções a ela relacionadas (REIMHERR; MC- deve ser consultado imediatamente.
ao suicídio; os esforços devem ser abrangen- CLELLAN, 2004).
tes e integrados entre os múltiplos setores Lembre-se: às vezes, a criança ou ado-
da sociedade (saúde, educação, economia, Ordinariamente, dos 18 meses aos lescente que está pensando em suicí-
política, justiça e meios de comunicação) seis anos de idade, as crianças não dio não diz a você porque está preo-
com o propósito de proporcionar um aces- fazem distinção entre o que tem vida cupado com a sua reação. Perguntas
so mais amplo ao tratamento e sensibilizar a e o que não tem, entendendo a mor- diretas e sem julgamento podem in-
população para identificar precocemente as te como reversível e mutável (sendo centivar a compartilhar seus pensa-
pessoas em risco e estabelecer intervenções possível reverter a morte). Já entre mentos e sentimentos.
adequadas. sete e onze anos de idade, a morte é
entendida como irreversível, porém
elas não conseguem explicar as cau-
1.2. PECULIARIDADES DA sas e consequências da morte. Após
Perguntas que contribuem para
avaliação da intencionalidade sui-
AVALIAÇÃO NA INFÂNCIA E os 11 anos de idade, a morte já é en- cida em crianças e adolescentes:
ADOLESCÊNCIA tendida como um processo interno
A morte de um ente querido é um evento
que implica na parada das atividades • Você já ficou tão triste ou irritado que
do corpo, sendo universal e absoluto desejou estar morto?
extremamente doloroso. Quando isso ocorre (TORRES, 1996, 1999, 2002). • Você já fez algo com intenção de se
na infância ou na adolescência, contrariando machucar ou até mesmo de morrer?
a ordem natural, essa perda torna-se ainda Outro aspecto que deve ser considerado
• Você, às vezes, pensa em tirar a pró-
mais difícil, principalmente quando se trata pria vida?
de um suicídio.
por ser uma característica marcante da ju- • Se sim, você já pensou em como faria
ventude é a impulsividade, oriunda da ima- isso?
Atentar-se para os comportamentos, as turidade do lobo frontal, responsável pelo
emoções, sentimentos e pensamentos da controle das emoções e tomada de decisão, (Adaptado de BOTEGA, 2015).
população infanto-juvenil, bem como sua o que pode levar à ação de forma impensada
realidade, é fundamental para prevenção ou inconsequente, motivada pelo impulso e
ao suicídio. Portanto, é preciso explorar as emoções (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2010;
diversas “infâncias” e “adolescências” em DA SILVA et al., 2018).
suas pluralidades, singularidades e fragilida- Por todas as peculiaridades próprias da
des. Nesse sentido, torna-se importante re- idade e do tema, a abordagem sobre suicí-
conhecer jovens em sua integralidade, con- dio precisa acontecer em ambiente tranquilo
templando as dimensões pessoal, familiar e e acolhedor. A escuta deve ser cuidadosa e
socioeconômica, e assim atuar em todos os compassiva, sempre despida de julgamentos
fatores de vulnerabilidade. e suposições, visando descobrir as compe-
Em cada fase do desenvolvimento hu-
mano, há um entendimento diferente sobre tências e os fatores de proteção do indivídu

6 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Esse período, turbulento por natureza,
é caracterizado por inúmeros fatores de ris-
co, os quais tornam os adolescentes ainda
mais vulneráveis. São eles: fatores de risco
1.3. FATORES DE RISCO DE sociodemográficos, genéticos e epigenéticos
(mudanças de expressão gênica pelas expe-
ACORDO COM A IDADE riências e ambiente), histórico e dinâmica fa-
Mesmo para um profissional com muita miliar, psicopatologias, traumas, abusos, es-
experiência, é impossível dizer com certeza tresse, relações interpessoais disfuncionais,
se alguém irá ou não se suicidar. O que se bem como características de personalidade,
pode fazer é avaliar o risco de isso acontecer dentre outros.
em um determinado momento. As dificuldades de enfrentamento desses
As razões que levam ao suicídio de um estressores representam um grande risco
adolescente ou à tentativa de suicídio são para a manifestação de psicopatologias e
multifatoriais e complexas. O desejo de mor- comportamento suicida. Como ilustrado na
te pode variar, mas ele geralmente sofre a figura abaixo, a forma como o indivíduo vai
influência de pressões e estressores ambien- responder ao estressor dependerá de seus
tais, o que acentua a relevância de avaliar, recursos cognitivos, econômicos e sociais.
com atenção, as circunstâncias que tornam Aliás, os recursos cognitivos são comprome-
mais provável o comportamento suicida (TU- tidos nas psicopatologias, podendo aumen-
RECKI; BRENT, 2016). tar ainda mais o risco de comportamento
suicida (LUPIEN et al., 2009).
Os jovens com tendências suicidas
normalmente emitem sinais de aler-
ta. É importante prestar atenção a
esses sinais, até porque nem sempre Fatores que influenciam a resposta
é fácil percebê-los. ao Estresse Psicossocial

A adolescência é cheia de conflitos e


contradições, repleta de transformações
biopsicossociais, período no qual o indiví-
duo não tem maturidade suficiente para ter
independência, mas também não é mais
criança para que possa deixar a responsa- Vulnerabilidade
Interação de fatores
bilidade de lado. É uma fase de intensa au- Resiliência responsáves:
tocobrança e de pressão da sociedade para Capacidade de sensibilidade
minimizar ou superar individual;
que o jovem se encaixe nos padrões. Muitas efeitos nocivos. estresse emocional.
expectativas são criadas, podendo resultar
em inseguranças e conflitos com as regras,
sendo difícil distinguir os sinais que levam
ao suicídio do comportamento esperado
para a idade.

Prevenção ao Suicídio 7
FATORES DE RISCO

Pessoais: doenças psiquiátricas;


desesperança; solidão; tristeza;
impulsividade; preocupação;
ansiedade; baixa autoestima; baixa
resiliência; angústia, irritabilidade;
agitação; sentimentos de inutilidade;
perfeccionismo; pensamento
desorganizado e/ou com conteúdo
divergente da realidade; tentativa de
suicídio prévia; uso de álcool e outras
drogas; eventos estressantes; doenças
clínicas crônicas e estigmatizantes;
autolesão sem intenção suicida;
ausência de rede de apoio; história
de adoção; traumas decorrentes de
abusos emocional, físico e/ou sexual;
negligência; tentativa ou suicídio de
pessoas conhecidas, famosas e/ou ídolos
(efeito de contágio ou efeito Werther*).

Familiares: violência doméstica;


pouca comunicação com os pais;
grupo familiar em crise por separação A prevenção ao suicídio en-
conjugal; doença física ou morte; volve o reforço de fatores de pro-
histórico familiar de transtornos teção, bem como a diminuição de
mentais e/ou dependência química; fatores de risco individuais e ambientais
histórico familiar de suicídio. (ARAÚJO; VIEIRA; COUTINHO, 2010). Segun-
do A OMS (2014), são fatores protetores: vín-
Sociodemográficos: pobreza;
culos consistentes com familiares e pares;
desemprego dos pais/responsáveis;
bom relacionamento no ambiente escolar
baixo nível educacional; pertencer a
(colegas e professores); habilidades socioe-
minorias (LGBT**, indígena, pessoa
mocionais como, autoconfiança, autocon-
em situação de rua); acesso aos meios
trole e empatia; flexibilidade cognitiva; ter
letais para o suicídio.
uma crença/religião e integração social.
Escolares: bullying e cyberbullying;
baixo desempenho escolar; abandono Quanto mais fatores de risco para o
escolar; problemas disciplinares; adolescente, maior será o risco de
dificuldade de interação social. suicídio.

*Os sofrimentos do jovem Werther: livro bani- Quanto mais sólidos os fatores de
do na Europa no século XVIII pela acusação proteção, menor chance de suicí-
de induzir casos de suicídio entre jovens por dio, mesmo na presença de fatores
identificação e imitação. de risco.
**LGBT: Lésbicas, gays, bissexuais e transgê-
neros e transsexuais.
Fonte: BOTEGA, 2015.

8 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


2.
TRANSTORNOS
MENTAIS EM
IDADE PRECOCE
iversos distúrbios de Dentre os transtornos mentais, aqueles O diagnóstico nessa fase é mais difícil
saúde mental podem mais associados ao comportamento suici- porque os sintomas se confundem com
surgir na infância/ da são: (1) Transtornos de Humor (depres- birra, tristeza, irritabilidade, agressividade
adolescência, tais são e transtorno afetivo bipolar); (2) uso/ e rebeldia. O que diferencia a depressão de
como depressão, an- abuso de substâncias psicoativas (lícitas e tristeza é a intensidade e a persistência das
siedade, transtornos ilícitas); (3) Transtorno de Deficit de Atenção emoções e comportamentos. (QUEVEDO;
alimentares, transtor- e Hiperatividade; (4) Transtornos de Ansie- NARDI; DA SILVA, 2019).
no de deficit de aten- dade; (5) Transtorno Desafiador Opositivo; A manifestação da depressão, na infân-
ção e hiperatividade (6) Transtorno de Conduta; e (7) Transtor- cia e adolescência, pode estar associada a
(TDAH), transtornos no de Estresse Pós-Traumático, que serão eventos estressantes e traumáticos, privação
de conduta, transtorno de estresse pós- abordados posteriormente (BOTEGA, 2015; de sono e deficiência nutricional. Dentre os
-traumático, dentre outros. O que diferencia SOUZA et al., 2017). eventos estressantes e traumáticos, pode-se
uma psicopatologia de uma emoção típica citar: separação dos pais, abuso físico, emo-
como ansiedade é o seu caráter disruptivo cional e/ou sexual, negligência, mudança de
e disfuncional.
2.1. TRANSTORNOS residência e/ou de escola, morte de paren-
Na maioria destes transtornos, os sinto- DEPRESSIVOS tes, amigos e/ou colegas, perda ou morte do
mas tendem a ser semelhantes a sentimen- A depressão, cuja origem é genética e animal de estimação. Essa psicopatologia é
tos que todos vivenciam, como tristeza, rai- ambiental, atinge cerca de 2% das crianças caracterizada por inúmeros sintomas, como
va, impulsividade, desconfiança, excitação, e 5% dos adolescentes. É caracterizada por citados no quadro da próxima página.
distração, hiperatividade e solidão. A dife- comprometimentos cognitivos, emocionais
rença entre um transtorno e um sentimen- e sociais. Atualmente ela é muito mais vista
to normal é a intensidade com que este se como alterações do hormônio do estresse, o
apresenta e o tempo de duração dos senti- cortisol. Na depressão, há um aumento des-
mentos/sintomas. Esse quadro pode ser tão se hormônio, o que pode estar associado à
acentuado a ponto de interferir nas ativida- atrofia hipocampal e a prejuízos de funções
des normais e trazer sofrimento. Em razão dependentes do lobo frontal, como as exe-
do alto risco de comportamento impulsivo cutivas: tomada de decisão, planejamento,
e autolesivo, as mudanças patológicas do controle das emoções, além de deficits na
comportamento não devem passar desper- memória de trabalho (KANDEL et al., 2014).
cebidas ou ser confundidas com uma fase
de temperamento difícil ou retraído.

Prevenção ao Suicídio 9
Sintomas: 2.2. TRANSTORNO BIPOLAR Alguns sintomas do THB na adolescência:

• Tristeza profunda; O diagnóstico do Transtorno Bipolar (TB), • Oscilações de humor repentinas;


• Isolamento social; também conhecido como Transtorno de Hu- • Variação de estados de depressão e
• Apatia; mor Bipolar (THB), em crianças e adolescen- euforia;
• Sentimento de culpa; tes tem aumentado significativamente nos • Episódios prolongados de raiva ou fúria;
• Irritabilidade intensa; últimos anos. Na adolescência, a interação • Ansiedade ou preocupação excessivas;
• Anedonia: perda de prazer em atividades de fatores genéticos e ambientais aumen-
• Hiperatividade e excitabilidade;
anteriormente prazerosas; • Alterações no padrão de sono (dificul-
• Sentimentos de desesperança; tam a susceptibilidade de manifestação do dades para dormir e acordar, terror notur-
• Dificuldades de concentração e memória; transtorno (BALANZÁ-MARTÍNEZ; TABARÉS- no, e/ou despertares recorrentes durante
• Retardo ou agitação psicomotora; -SEISDEDOS, 2015). o sono);
• Angústia; Nessa faixa etária, geralmente aparece • Dificuldades de concentração, planeja-
• Agressividade; de forma atípica com prevalência maior de mento, tomada de decisão e memória;
• Pessimismo; • Verborragia (fala excessiva e rápida);
• Alterações no apetite e/ou mudanças re- humor irritável do que euforia. O curso da • Comportamento sexual de risco, princi-
pentinas de peso; doença tende a ser mais crônico do que epi- palmente na fase de mania.
• Mudanças bruscas de comportamento; sódico, e sintomas mistos com depressão e
• Descuido com a aparência pessoal; mania concomitantes são comuns. Apresen- (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
• Cansaço frequente; ta alta prevalência de comorbidades, prin- 2013; DOME; RIHMER; GONDA, 2019)
• Perda de energia; cipalmente com o transtorno do deficit de
• Alterações no padrão de sono;
• Sintomas físicos, como dores de cabeça atenção e hiperatividade (APA, 2013; BALAN-
e estômago; ZÁ-MARTÍNEZ; TABARÉS-SEISDEDOS, 2015). Importantes recomendações:
• Baixa autoestima e sentimento de infe- Esse transtorno afeta seriamente o de-
rioridade; senvolvimento biopsicossocial dos jovens, • Acompanhamento médico-psiquiátri-
• Uso de álcool e/ou outras drogas; estando associado a altas taxas de tentativa
co e psicoterápico;
• Ideação suicida ou pensamentos trági- • Uso de medicação conforme reco-
cos, incluindo o de morte. de suicídio, a dificuldades escolares, à pro- mendação médica;
miscuidade sexual, ao abuso de substâncias, • Não interromper o tratamento sem a
a problemas legais, a dificuldades nas rela- recomendação médica, pois isso pode
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
ções interpessoais e a um risco mais elevado desencadear estados intensos de depres-
2013; QUEVEDO, NARDI; DA SILVA, 2019) são e/ou euforia;
de hospitalizações. Pessoas com transtorno
• Abstinência de álcool, drogas e esti-
bipolar apresentam de dez a 30 vezes mais mulantes;
Fique atento! risco de suicídio do que a população típica • Buscar hábitos saudáveis de vida,
Compreender a depressão nos ado- (DOME, RIHMER; GONDA, 2019). Tantos pre- como horas de sono suficientes e em ho-
lescentes é fundamental. Observe os juízos, por sua vez, justificam a importância rário regular, alimentação equilibrada e
sinais e comportamentos dos adoles- de um diagnóstico precoce e de tratamento atividade física.
centes. É importante tentar manter a adequado, o qual envolve prescrição medi-
comunicação e expressar preocupa- camentosa, psicoterapia individual, terapia Você sabia?
ção, apoio e amor. familiar e mudanças no estilo de vida. Os estudos apontam que o uso de
Se o adolescente confia em você, mos- maconha pode potencializar os sinto-
tre empatia e leve a questão a sério. mas de doenças mentais como esqui-
zofrenia, ansiedade, transtorno bipo-
lar, depressão, dentre outras. (DIEHL
et al., 2010).

10 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Sinais de alerta para ideação suicida em Neste período, a necessidade de autono- 2.4. TRANSTORNO DE
adolescentes com transtorno bipolar: mia e rejeição à proteção dos pais podem
levar os jovens a comportamentos de risco. DEFICIT DE ATENÇÃO E
• Humor deprimido; Esses comportamentos estão também asso- HIPERATIVIDADE (TDAH)
• Queda do rendimento escolar; ciados a: presença de comorbidade psiquiá-
• Isolamento social; trica, fácil acesso às substâncias, início preco-
O Transtorno de Deficit de Atenção e Hi-
• Negligência com cuidados pessoais; peratividade (TDAH) caracteriza-se pela tría-
• Preocupação com temas relacionados ce do uso de drogas e maior susceptibilidade de sintomatológica clássica de desatenção,
à morte; aos seus efeitos, vulnerabilidade herdada, hiperatividade e impulsividade, com preva-
• Aumento da irritabilidade, crises inten- dinâmica familiar disfuncional, baixo rendi- lência entre 3% e 6%, em sua maioria em
sas de raiva; mento escolar e crise de orientação sexual.
• Desfazer de pertences; Os transtornos relacionados ao uso de
crianças em idade escolar. Ao contrário do
• Uso de álcool e/ou outras drogas; que tem sido divulgado, a prevalência tem
• Alterações no padrão do sono e/ou substâncias normalmente apresentam como se mantido estável ao longo das três últimas
apetite; comorbidades: depressão, transtorno de de- décadas, sugerindo que o aumento do diag-
• Uso de expressões melancólicas e ficit de atenção/hiperatividade e transtorno nóstico na população se deva ao reconheci-
”autodestrutivas” - “A vida não tem mais bipolar, que podem dificultar a realização do
sentido; quero sumir”; mento clínico (POLANCZYK et al., 2014).
diagnóstico diferencial (HIGA et al., 2013).
• Não fazer planos para o futuro. Dentre os sintomas de TDAH, pode-se
citar: dificuldades de atenção sustentada e
Atenção! de atenção concentrada, dificuldade no con-
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
O uso de substâncias psicoativas cau- trole das emoções, uma menor capacidade
2013)
sa alterações cerebrais, que podem de concluir tarefas e prejuízos nas funções
podem ser irreversíveis, desencade- executivas, como planejamento e tomada
ar psicopatologias e tentativa de sui-
2.3. TRANSTORNOS cídio na idade adulta jovem.
de decisões, além de maior impulsividade e
hiperatividade (MATTOS, 2010; APA, 2013). A
RELACIONADOS AO USO DE Em pessoas que fazem uso abusivo principal área cerebral afetada é o lobo fron-
de álcool, maconha e cocaína, o risco
SUBSTÂNCIAS de suicídio, ao longo da vida, é quase
tal, responsável pelas funções citadas acima
O consumo de álcool e de outras dro- (KANDEL et al, 2014).
seis vezes maior do que o observado O diagnóstico é fundamentalmente clíni-
gas na adolescência pode causar danos ao na população geral.
cérebro jovem, que ainda está em desen- co, sendo importante o uso de ferramentas
O uso abusivo de álcool ou outras complementares, como avaliações neuropsi-
volvimento, podendo acarretar prejuízos à drogas aumenta a impulsividade e
memória, ao aprendizado, à capacidade de cológicas e exames neurológicos para excluir
eleva o grau de letalidade das tenta- outros diagnósticos. Os sintomas de TDAH
abstração, além de aumentar a susceptibili- tivas de suicídio.
dade dos jovens a atitudes impulsivas e à de- variam em uma escala entre leves e graves,
Pelo menos 20% das pessoas que ten- sendo necessária a manifestação deles em
pendência química (SQUEGLIA; GRAY, 2016). taram suicídio fizeram uso de álcool
Os adolescentes são mais vulneráveis aos pelo menos dois ambientes diferentes.
nas seis horas que antecederam a
efeitos do uso de substâncias e apresentam tentativa e 10% da amostra têm de-
um risco maior de envolvimento em aciden- pendência de substâncias.
tes, brigas, atividades sexuais de risco, over- (DIEHL; LARANJEIRA, 2019; WIENER
dose, distúrbios de saúde mental e baixo ren- et al., 2018; DIAS; SILVA, 2019; RO-
dimento escolar. GLIO; KESSLER, 2019).

Prevenção ao Suicídio 11
Desatenção: Impulsividade:
des, como: transtorno opositor desafiador,
• Dificuldade de prestar atenção a deta- • Antecipar respostas antes das pergun- transtorno de conduta, depressão e ansie-
lhes ou errar por descuido em atividades tas serem finalizadas; dade (MATTOS, 2010).
escolares e de trabalho; • Dificuldade em esperar (ex. ordem da O tratamento do TDAH requer uma abor-
• Dificuldade para manter a atenção em fila; sua vez de falar); dagem multidisciplinar com intervenções
tarefas ou atividades lúdicas; • Fazer colocações em assuntos que psicoterápicas e farmacológicas. É relevante
• Parecer não escutar quando lhe diri- não lhes dizem respeito.
gem a palavra; (RODHE, 2010; AMERICAN PSYCHIATRIC a participação de toda a rede de apoio social,
• Não seguir instruções e não terminar ASSOCIATION, 2013). a qual envolve pais, familiares, profissionais
tarefas escolares, domésticas ou deveres de saúde e educação, bem como ambientes
profissionais; estruturados e rotinas em casa e na escola.
• Dificuldade em organizar tarefas e ati- O impacto desse transtorno na socieda- Nesse sentido, a psicoeducação é fundamen-
vidades;
• Evitar ou relutar em envolver-se em de é significativo, considerando os prejuízos tal para o tratamento tanto com as crianças/
tarefas que exijam esforço mental cons- nas dimensões pessoal, familiar, acadêmi- adolescentes como com suas famílias.
tante; co, profissional, bem como seus efeitos ne-
• Perder coisas necessárias para tarefas gativos na autoestima das crianças e
ou atividades; adolescentes. Destaca-se ain-
• Distrair facilmente por estímulos da a alta prevalência
alheios à tarefa;
• Apresentar esquecimentos em ativida- de comorbida-
des diárias.

Hiperatividade:

• Agitar as mãos ou os pés ou se reme-


xer na cadeira;
• Dificuldades em permanecer parado
em determinadas situações (ex. geral-
mente, não consegue ficar sentado du-
rante as aulas);
• Se movimentar em excesso, subir em
locais altos, correndo riscos desnecessá-
rios de se machucar;
• Dificuldade em brincar ou envolver-se
silenciosamente em atividades de lazer;
• Estar constantemente muito agitado;
• Falar em excesso.

12 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


2.5. TRANSTORNO DE
ANSIEDADE
A ansiedade é uma resposta emocional
à antecipação de uma ameaça futura, sendo
fundamental para a sobrevivência das espé-
cies. Muitas vezes, é vista como motivação
para determinados comportamentos. Con-
tudo, quando esta se apresenta em níveis
excessivos e causa prejuízos funcionais ou
sofrimento intenso — ou seja, quando ela é
disruptiva —, caracteriza-se o transtorno de
ansiedade (BENTLEY et al., 2016).
O Brasil lidera o ranking mundial de autoridade, e têm dificuldades em seguir
transtornos de ansiedade. Estes, inclusive, regras. Incomodam outras pessoas, apresen-
são a classe mais prevalente entre todos os tam índole vingativa, têm dificuldades com 2.7. TRANSTORNO DE
transtornos mentais (SOUZA; SOUZA, 2017; habilidades sociais e culpam os outros pelos CONDUTA
LUCIANO et al., 2018). Dentre os transtornos seus erros ou mau comportamento. O TOD é O Transtorno de Conduta (TC) tem iní-
de ansiedade, pode-se citar: transtorno de diagnosticado quando há persistência dos cio no final da infância ou no começo da
ansiedade generalizada, transtorno de fo- comportamentos por seis meses ou mais, a adolescência e é mais comum em meninos
bia específica, transtorno de fobia social, ponto de interferir no desempenho social e/ do que em meninas. A hereditariedade e o
transtorno de pânico, mutismo seletivo, ou acadêmico. No entanto, crianças e adoles- ambiente influenciam o desenvolvimento
transtorno de ansiedade de separação, centes que manifestam esse transtorno não deste transtorno. Enquadram-se no diag-
dentre outros (APA, 2013). Cada um destes apresentam comportamentos delituosos ou nóstico de TC indivíduos que apresentam:
tem seus sintomas específicos, mas, em ge- condutas agressivas graves (APA, 2013). violações graves às regras, o que aumenta
ral, são comuns alterações do sono, apeti- Os sintomas do TOD costumam ter início o risco para delitos criminais e uso de subs-
te, sudorese, tristeza, evitações e sintomas no período entre a pré-escola e o ensino mé- tâncias; agressão física constante a outras
físicos - dor de estômago, dores musculares dio. Comportamentos característicos dessas pessoas; confronto com figuras de autori-
e dor de cabeça . crianças incluem: dade e pares; insensibilidade emocional;
O diagnóstico é clínico, podendo utlizar busca por fortes emoções; e insensibilidade
instrumentos complementares de avalia- a punições. Os sintomas devem ser intensos
ção, como: entrevista de anamnese, escalas • Discutir com adultos; o bastante para prejudicar o desempenho
de triagem, avaliação neurológica e neu- • Perder a calma fácil e frequentemente; em relacionamentos, na escola ou no traba-
ropsicológica. O tratamento envolve psico- • Desafiar ativamente regras e instruções;
terapias, técnicas de relaxamento, uso de
• Importunar outras pessoas delibera- lho (APA, 2013; LINDHIEM et al., 2015).
damente; Entre os principais fatores de risco para
medicações e Psicoeducação (BARBIRATO; • Culpar terceiros por seus próprios erros; a manifestação do TC, pode-se citar: dinâ-
ASBAHR, 2014). • Ficar com raiva, ressentido e ser facil- mica familiar caótica com violências; abuso
mente perturbado;
sexual, emocional e/ou físico; negligência;
• Ser cruel e vingativo.
2.6. TRANSTORNO disciplina rígida; histórico de criminalidade
e psicopatologias na família; rejeição pelos
DESAFIADOR OPOS ITIVO Quando houver suspeita de TOD, deve-se pares; bullying e cyberbulling; exposição à
As crianças com Transtorno Desafiador avaliar cuidadosamente as crianças em bus- pobreza e a altas taxas de violência.
Opositivo (TOD) apresentam humor raivo- ca de sinais de comorbidades, como depres- Em geral, a criança com um transtorno
so e irritável, comportamento questionador são, transtorno bipolar, ansiedade, TDAH e
desafiante, principalmente com figuras de história de abusos (LINDHIEM et al., 2015).

Prevenção ao Suicídio 13
de conduta tem as seguintes características: ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
De acordo com APA (2013), o Transtorno
de Estresse Pós-traumático (TEPT) decorre
• Egoísmo;
• Dificuldades em relacionamentos in- de “eventos estressores traumáticos que en-
terpessoais; volvem a experiência pessoal direta, o tes-
• Pouca empatia, prática de bullying, de temunho ou o conhecimento de situações
ameaças e brigas frequentes; cujo conteúdo inclui morte, sério ferimento
• Tendência a interpretar equivocada- ou ameaça à integridade física da própria
mente o comportamento dos outros
como ameaçador e a reagir de maneira pessoa ou de outros” (apud SCHAEFER et
agressiva; al., 2016, p. 112).
• Crueldade com animais; Os eventos traumáticos mais comuns na
• Danificar propriedades (ex. por meio infância e na adolescência são: violência do-
de incêndios); méstica; assaltos; abusos sexual, emocional
• Tendência a mentir e furtar. e/ou físico; negligência; acidentes de carro;
queimaduras; desastres naturais e mortes.
O tratamento é desafiador, uma vez que Dentre os sintomas do TEPT, pode-se ci-
a criança ou adolescente com TC dificilmen- tar: revivência de experiências traumáticas,
te percebe que há algo de errado com seu irritabilidade, nervosismo e isolamento.
comportamento. O tratamento envolve uso Neste ponto, é importante diferenciar o
de medicações, psicoterapia com foco nas Transtorno de Estresse Agudo do Transtor-
emoções, autocontrole e autoestima, bem no de Estresse Pós-Traumático. Geralmente,
como psicoeducação voltada para a família. o Transtorno de Estresse Agudo tem início
É importante também propiciar um ambien- imediatamente depois do evento traumá-
te acolhedor, afetivo, com práticas parentais tico com duração de, no máximo, um mês,
positivas, que incentive atividades pró-so- enquanto o TEPT pode ser uma continua-
ciais (VILHENA; DE PAULA, 2017). ção do Transtorno de Estresse Agudo ou até
mesmo não se manifestar até seis meses
2.8. TRANSTORNOS DE depois do evento.

Você sabia?
Em crianças, a violência doméstica é
a causa mais comum de Transtorno
de Estresse Pós-traumático.

14 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


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Prevenção ao Suicídio 15
AUTORES
Andrea Amaro Quesada Josianne Martins de Oliveira
PhD em Neurociências e Cognição pela Ruhr-Universität Bochum. Médica formada pela Universidade Federal de Goiás. Psiquiatra
Mestre em Psicologia e Psicóloga pela Universidade de Brasília Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e
(UnB). Docente do Curso de Psicologia na Universidade de Residência Médica em Psiquiatria pela Pax Clínica – Instituto
Fortaleza (UNIFOR). Professora do curso de Especialização em de Neurociência. Residência Médica em Psiquiatria da Infância
Neurociências e Reabilitação (UNIFOR). Professora do curso e Adolescência pelo Hospital São Vicente de Paulo. Diretora
de pós-graduação em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva Secretária Adjunta da Associação Psiquiátrica de Brasília no
Comportamental na Unichristus. Trabalhos apresentados em período de 2017 a 2019, quando atuou como Coordenadora
Congressos Nacionais e Internacionais (Alemanha, EUA, Japão, Regional da Campanha de Prevenção ao Suicídio do Setembro
Argentina). Artigos publicados nos periódicos internacionais Amarelo. Trabalhou no Instituto do Câncer Infantil e Pediatria
Psychoneuroendocrinology, Stress. Pesquisadora nas áreas Especializada (Hospital da Criança de Brasília José Alencar)
de estresse, maus-tratos, Síndrome Congênita do Zika vírus no período de 2016 a 2018, atuando como médica psiquiatra
e Fenilcetonúria (PKU). Autora do livro infanto-juvenil A Caixa assistente e preceptora voluntária na Residência Médica de
Mágica e a Busca do Tesouro Escondido. Psiquiatria da Infância e Adolescência do Centro de Orientação
Médico-Psicopedagógica. Trabalhou na Saúde BRB Caixa de
Carlos Henrique de Aragão Neto Assistência, atuando como médica psiquiatra assistente no
Psicólogo e Psicoterapeuta; Especialista em Tanatologia; período de 2014 a 2020 e como coordenadora da equipe médica
Formação em Estudos do Luto; Mestre em Antropologia (UFPI) e da psiquiatria no período de 2018 a 2019. Atualmente, é
com a dissertação “Os Aspectos Socioantropológicos da membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Regional
Tentativa de Suicídio”; Doutor em Psicologia Clínica e Cultura de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Diretora-Tesoureira da
(UnB) com a tese “A Relação entre Autolesão sem Intenção Associação Psiquiátrica de Brasília e atua na rede privada como
Suicida e Ideação Suicida”; Membro da Associação Brasileira médica psiquiatra assistente e diretora técnica médica da Clínica
para Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS). Membro da EKIP – Emil Kraepelin Instituto de Psiquiatria.
International Society for the Study of Self-Injury (ISSS). Membro
da International Association for Suicide Prevention (IASP).

Marina Saraiva Garcia ILUSTRADOR


Psicóloga, formação em Terapia Cognitivo Comportamental Rafael Limaverde
pelo Beck Institute (EUA), especialista em Psicologia Clínica pelo Nascido em Belém/PA, naturalizado cearense, formado em Artes
Conselho Federal de Psicologia (CFP), neuropsicóloga, Mestre em Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), é xilogravurista e
Medicina Molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais ilustrador. Possui mais de 40 livros ilustrados em diversas editoras
(UFMG). Foi conselheira do Conselho Regional de Psicologia do do País. É um dos organizadores do “Festival de Ilustração de
Distrito Federal (CRP-DF) na gestão 2016-2019 e vice-presidente Fortaleza”, evento realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará.
no período de 2017 a 2019. Diretora Secretária da Associação É curador das seguintes exposições: “Eco Barroco”, no Centro
Brasileira de Impulsividade e Patologia Dual (ABIPD) desde Cultural Banco do Nordeste – Fortaleza/CE (2011); “Bestiário
2016. Atua como psicóloga na Secretaria de Saúde do Distrito Nordestino”, na Multigaleria do Centro de Arte e Cultura Dragão
Federal (SES-DF) desde 2005 e trabalha no Centro de Referência, do Mar – Fortaleza/CE (2016); “III Festival de Ilustração de
Pesquisa e Capacitação e Atenção ao Adolescente em Família Fortaleza”, que ocorreu durante a XII Bienal Internacional do Livro
(Adolescentro) desde 2006. Atua na rede privada em Marina no Centro de Eventos do Ceará (2017).
Saraiva - Clínica de Psicologia.

MINISTÉRIO DA
MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS SAÚDE

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