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Aula 01 divulgadas e estudas no Brasil.

Autores do darwinismo social foram


insistentemente traduzidos e citados, com destaque
para postulação da raça como critério de hierarquia. No
Refletindo sobre a cultura e história afro-brasileira e indígena final do século XIX, muitos autores insistiram nos
malefícios da miscigenação, que determinaria uma
- Contextualização população deficiente.

Mostrar que existe um novo cenário e novos sujeitos, tentando se Segundo Costa (2013), as teorias defendiam, além da
constituir como cidadãos, com todos os direitos, aliás são grupos que existência de raças humanas, a superioridade de umas
vão constituir a formação básica do Brasil. A denominada “escravidão sobre outras, de modo a se configurarem algo como um
antiga” tem seus modelos mais visíveis nas cidades-estados gregas, e, “direito de superioridade”, em que raças superiores
em Roma, a pessoa escravizada nesses contextos tinham as mais poderiam e/ou deveriam tutelar os inferiores.
variadas origens, como prisioneiros de guerra, devedores, criminosos e
escravidão podiam ser transitórios e, fundamentalmente, a Entre os principais teóricos estão: Georges Vacher de
rentabilidade das pessoas escravizadas residia naquilo que elas Lapouge, que distinguiu o Homo europeu, destinado a
produziam. dominar, e o Homo alpino, destinado a trabalhar e
obedecer. O conde Joseph Arthur de Gobineau (1816 –
A denominada escravidão moderna surgiu no contexto da expansão 1882), concepção de que a raça ariana era superior, e
europeia para a América, e se caracteriza, diferencialmente da Charles Letourneau, que “foi autor lido e respeitado no
escravidão antiga, por seu caráter comercial, a rentabilidade da Brasil”. Compartilhava dessa ideia Raimundo Nina
escravidão está muito mais na compra e venda de cativos(as) do que Rodrigues
naquilo produzido por essas pessoas, ademais, constrói-se todo um (1862 – 1906), que foi contra a miscigenação, alinhando a
sistema produzido, como o açucareiro e cafeeiro, com base no trabalho uma perspectiva mais pessimista da nossa sociedade.
cativo, fato que não se fazia presente nesta escala no mundo antigo. Silvio Romero (1851 – 1914), ao contrário dessa linha
pessimista, mantinha uma visão mais otimista da
Escravo: que ou quem está sob o poder absoluto de um senhor que o miscigenação – darwinista social – ele acreditava na
aprisionou ou comprou, está na dependência do outro, é presa de um superioridade da raça branca e pela seleção natural do tipo
sentimento e de um princípio, escravo do dever. Cativo: prisioneiro de branco.
guerra, seduzido, atraído, obrigado, sujeito. Quatrocentos anos de
escravatura negra deixaram profundas marcas entre nós, que são Conceito científico de raça
perceptíveis em histórias e piadas, carregadas de preconceito.
Do ponto de vista científico, o termo raça possui duas
O cativo negro simplesmente gerava tributos para o rei, lucros para a acepções básicas, a raça refere-se a seu uso sociológico,
burguesia metropolitana e para os comerciantes da colônia, garantia à designando as características políticas ou culturais do
honra e à riqueza da nobreza e dos senhores, sustentava o trabalho da grupo, decorrentes de uma história comum. A segunda
catequização e expansão da fé realizado pela igreja. acepção, de cunho biológico, a palavra raça designa um
grupo de indivíduos que tem uma parte importante de
A mão de obra indígena pelo africano seus genes em comum, e que pode ser diferenciada dos
membros de outros grupos a partir desses genes. A
A opção da escravidão dos negros africanos foi por ser mais rentável, racialização implica na ideia de superioridade de um
mão de obra especializada. As tentativas de explicação eram muitas, grupo em relação a outro, com base em preconceitos
como: referentes a características físicas ou culturais.

 Inadaptação do índio ao trabalho agrícola No século XX, as descobertas da genética deram mais
 O trabalho agrícola era realizado por mulheres objetividade ao conceito de raça, já que não se tratava de
 O maior avanço técnico dos negros africanos estudar os grupos humanos segundos seus caracteres
 A oposição da igreja católica à escravização indígena aparentes (os seus fenótipos), mas analisá-los de acordo
 Os índios seriam mais “selvagens” e “rebeldes” com os conteúdos de seus patrimônios genéticos. Sob essa
 Diferentemente dos indígenas, cuja captura no interior da colônia nova perspectiva, a cor da pele é mero resultado de um
portuguesa da América produzia poucos lucros, os escravizados determinismo genético, já que ela corresponde a uma
africanos eram considerados altamente atraentes do ponto de vista parte ínfima do patrimônio genético. No máximo, três ou
comercial. quatro genes, o que é insignificante em relação a,
aproximadamente, 30 mil genes que integram o DNA
humano.
Aula 02
O conceito de raça
Aula 03
A raça não existe biologicamente, histórica e socialmente. Segundo História e cultura afro-brasileira
Telles (2003), raça é uma construção social, com pouca ou nenhuma
base biológica. A raça existe apenas em razão das ideologias racistas. Antes da travessia forçada por séculos de exploração
No século XIX, as ideias do racismo científico foram traduzidas, colonial, a África experimentava intensa vida social,
política e religiosa. O estudo da história do Continente
Africano possibilita a correção das referências “Casa Grande e Senzala e Sobrados e Mucambos”, lida com a
equivocadas que carregamos sobre os africanos,concepção
além, é de que foi exatamente a miscigenação que promoveu um tipo
claro, de tornar mais denso nossos conhecimentos de sobre
“democratização social” no Brasil.
as suas características e realidades. O melhor caminho
para entender a história social e cultural deste país,
Mitoo da democracia racial
Brasil, é por meio do estudo de suas matrizes culturais,
como indígena, europeia, africana e asiática. As pesquisas da Unesco foram realizadas entre 1951 e 1952 em Estados
Movimento social negro e educação de Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. Florestan Fernandes
tornou-se, em meados de 1950, uma referência nessa interface do
É antiga a preocupação dos movimentos negros com a integração projeto
dosUnesco. Os mitos
assuntos africanos e afro-brasileiro ao currículo escolar. Uma das razões se dão pelo Brasil retratar uma imagem falsa do restante
estava e está nas consequências psicológicas para a criança afro- do mundo, onde o Brasil seria um país acolhedor e teria
brasileira, de um processo pedagógico que não reflete a sua face e de uma democracia racial.
sua família, com sua história e cultura própria, impedindo-a de se
identificar com o processo educativo. Erroneamente, seus antepassados
são retratados apenas como escravos que nada contribuíram ao processo Aula 05
histórico e civilizatório, universal do ser humano.
Políticas Públicas de 1980, 1990 e 2000
Na maioria dos livros e materiais didáticos que “conhecemos”, as
contribuições dos africanos e seus descendentes brasileiros são A análise das políticas educacionais deveria, em
geralmente ausentes dos livros didáticos, e quando são presentes, são primeiro lugar, levar em conta o movimento histórico e
apresentados sob um ponto de vista estereotipado e preconceituoso. político dos movimentos sociais. Importante salientar
Essa distorção resulta em complexos de inferioridade da criança negra, que os pesquisadores da área educacional não querem
minando o desempenho e o desenvolvimento de sua personalidade responsabilizar a escola pela superação do racismo, mas
criativa e capacidade de reflexão, contribuindo sensivelmente para os estes entendem a importância e o espaço privilegiado de
altos índices de evasão e repetência. intervenção e de combate que a escola exerce.

Os brasileiros de ascendência africana, contrariamente aos de outras No final da década de 1970/1980, destaca-se o
ascendências, ficam privados da memória de seus ancestrais no sistema surgimento do Movimento Negro Unificado (MNU) e
do ensino público oficial, além de acarretar uma baixa autoestima e a os Agentes de Pastoral Negras (APNs em 1983). Nesse
construção de uma identidade negativa. período, a Fundação para Livro Escolar propõe a busca
de um livro didático “livre da presença de preconceitos

Aula 04 e inverdades”. Em 1984, foi realizado, em São Paulo, o


terceiro Encontro de Agentes de Pastoral Negros. Em
1986, foi concluída a pesquisa “Diagnóstico sobre a
O branqueamento como solução situação educacional de negros e negras no Estado de
São Paulo”, realizada pela Fundação Carlos Chagas.
Segundo Telles (2003), no Brasil, o eugenismo desenvolveu a linha
neolamarckiana, o qual argumentava que as deficiências genéticas Em 1988, o Ministério da Cultura promoveu o
poderiam ser superadas em uma única geração. Programa do Centenário da Abolição, no qual foi
incluso o projeto “Salve 13 de maio”. O dia da Abolição
- Três correntes: da Escravatura foi transformado e incorporado, por
solicitação de movimentos negros, em dia de debate e
 Que há pouca ou nenhuma discriminação racial e grande fluidez denúncia contra o racismo.
entre raças
 A discriminação racial, apesar de ampla e generalizada, é transitória A Constituição Brasileira de 1988 revolucionou as
 A discriminação racial é estrutural e persistente bases legais da defesa dos direitos humanos no país e
também reconheceu os princípios de tolerância, do
A primeira geração sustentava a tese da democracia racial, segundo a multiculturalismo e da dignidade individual. Em 1994, o
qual o Brasil era, de modo único, uma sociedade que incluía os negros. Ministério da Educação realizou e divulgou um estudo
A segunda geração desafiava a teoria de democracia racial, reconhecendo que os conteúdos veiculados pelo livro
argumentando que o Brasil se caracterizava pela exclusão social. A didático vinham estimulando o preconceito racial. Em
ideia da miscigenação, como aspecto positivo das relações raciais 1995, a comemoração dos trezentos anos da morte de
brasileiras, foi plenamente desenvolvida por Gilberto Freyre na década Zumbi dos Palmares resultou na Marcha Zumbi Contra
de 1930. Gilberto Freyre e seus seguidores, como Donald Pierson, o Racismo pela Cidadania e Vida.
Marvin Harris, Charles Wagley e Carl Degler, acreditavam que a
desigualdade racial existente era um produto tanto da escravidão dos A década de 2000, surge a lei que estabelece a
negros quanto de sua adesão a valores tradicionais, prevendo o seu obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-
desaparecimento em pouco tempo. brasileira no ensino fundamental e médio. Foi criada
também em 2003, a Secretaria Especial de Políticas de
Oliveira Vianna era defensor da miscigenação como estratégia para o Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR).
embranquecimento da população. De outro lado, Gilberto Freyre, em

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