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Segurança de Processo e Proteção Ambiental 117 (2018) 152–158

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Segurança de Processo e Proteção Ambiental

página inicial do jornal: www.elsevier.com/locate/psep

Aumento da taxa de recuperação de água do processo híbrido de membrana

no tratamento de efluentes petroquímicos
Carla Denize Venzkea,b, Alexandre Giacobboa,b, Jane Zoppas Ferreira b,
Andréa Moura Bernardes b,ÿ, Marco Antônio Siqueira Rodrigues a
a Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas – ICET, Universidade Feevale, Rodovia 239, n. 2755, Vila Nova, Novo Hamburgo, RS, Brasil
b
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais – PPGE3M, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Av.
Bento Gonçalves alves, n. 9500, Porto Alegre, RS, Brasil

informações do artigo abstrato

Historia do artigo: O objetivo deste trabalho é aumentar a recuperação de água através de um processo híbrido Osmose Reversa
Recebido em 13 de março de 2018
+ Eletrodiálise Reversa (RO-EDR), onde o EDR é utilizado para recuperar água do rejeito produzido pela
Recebido em formulário revisado em 27 de abril de 2018
tecnologia RO. O efluente utilizado nos experimentos foi coletado em uma indústria petroquímica, localizada no
Aceito em 30 de abril de 2018
sul do Brasil, após tratamento convencional (biológicas e lagoas de estabilização). Os testes de RO foram
Disponível on-line em 3 de maio de 2018
realizados em um equipamento piloto, possuindo um módulo de membrana espiral, com área de membrana de
7,2 m2. Para os testes de EDR, foi utilizado um equipamento piloto, com 300 membranas íon-seletivas, com
Palavras-chave:
área total de membrana de 28,8 m2. Os resultados mostram que a aplicação da tecnologia EDR foi adequada
Processo híbrido
Osmose Inversa para o tratamento do rejeito de RO, obtendo uma eficiência de remoção acima de 90% para cloretos e
Reversão de Eletrodiálise alcalinidade. A água recuperada atende aos padrões de reuso em torres de resfriamento. Além disso, a
Águas residuais pré-troquímicas recuperação total da água tratada foi satisfatória, atingindo uma taxa de recuperação de 87,3%, tornando o
Reuso de água processo híbrido EDR-RO um destaque. © 2018 Instituição de Engenheiros Químicos. Publicado por Elsevier
BV Todos os direitos reservados.

1. Introdução
A escassez de água, aliada à tendência de crescimento econômico nas próximas
décadas, aponta para uma intensificação da crise hídrica.
Segundo informações divulgadas pela Agência Brasileira de Águas (Ana, 2012), a
situação atual dos recursos hídricos é alarmante: em todo o mundo, um bilhão e duzentos
milhões de pessoas não têm acesso à água tratada e um bilhão e oitocentos milhões de
pessoas não têm saneamento adequado Serviços. A questão é que, se mantidos os
atuais padrões de consumo e seus conseqüentes danos ao meio ambiente, o cenário
pode piorar rapidamente. A escassez de água pode afetar aproximadamente 90% das
nações em desenvolvimento, metade da população mundial, e estima-se que nos
próximos 25 anos a escassez de água aumentará quatro vezes (Lee et al., 2009).
Esse cenário preocupa as indústrias petroquímicas, que estão associadas a
processos produtivos com uso intensivo de água (Munirasu et al., 2016). Nessas
indústrias, a água é utilizada principalmente em torres de resfriamento, em caldeiras de
alta pressão, como água de processo, como água de contenção de fogo e como água
potável, sendo as torres de resfriamento
ÿ Autor correspondente.
E-mail: amb@ufrgs.br (AM Bernardes).
o maior consumidor de água (Bayat et al., 2015; Padaki et al., 2015; Walker et al., 2013;
Wang et al., 2014). Diante desse contexto, as indústrias precisam buscar alternativas
para garantir a quantidade de água necessária para manter seu nível de produção,
mesmo no futuro, com a esperada redução das reservas.
Portanto, como os sistemas convencionais de tratamento atualmente empregados
não são capazes de remover o alto teor de sais presentes nos efluentes, dificultando o
reúso da água no processo produtivo, é importante adotar medidas que levem ao
emprego de tecnologias de reúso de efluentes (Colla et al. al., 2016; Hansen et al., 2016).
Assim, novas tecnologias vêm sendo estudadas, dentre as quais, algumas consistem em
processos de separação por membranas. Essas tecnologias provavelmente serão
amplamente utilizadas pelas indústrias petroquímicas, especialmente após os tratamentos
convencionais de efluentes. Nesse contexto, a osmose reversa (OR) e a Eletrodiálise
Reversa (EDR) são tecnologias promissoras, pois, quando utilizadas para produzir água
de alta qualidade, têm se mostrado bastante eficazes no atendimento aos padrões de
qualidade exigidos pela indústria (Padaki et al., 2015). ; Wang et al., 2014).
A tecnologia RO já foi utilizada por diversas indústrias, como química, eletroquímica,
têxtil, papeleira, de couro, alimentícia e até mesmo pelas indústrias petroquímicas
(Shenvi et al., 2015).
Pesquisas recentes desenvolvidas por Colla et al.(2016) apontam essa tecnologia

https://doi.org/10.1016/j.psep.2018.04.023 0957-5820/© 2018

Instituição de Engenheiros Químicos. Publicado por Elsevier BV Todos os direitos reservados.
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CD Venzke et ai. / Segurança do Processo e Proteção Ambiental 117 (2018) 152–158
Fig. 1. Fluxograma mostrando as etapas de tratamento do efluente petroquímico.
como bastante favorável ao tratamento de efluentes contendo espécies
dissolvidas visando a recuperação da água. No entanto, se por um lado o
RO fornece um permeado de acordo com os padrões de qualidade da água
exigidos para reúso no processo produtivo, por outro lado esta técnica
ainda apresenta algumas desvantagens, uma vez que apresenta baixa taxa
de recuperação de água e o rejeito produzido contém altas concentrações
de matéria orgânica. compostos e sais inorgânicos. Considerando o atual
cenário de escassez hídrica e os conflitos entre os usuários, ações que
busquem uma descarga líquida próxima de zero precisam ser adotadas.
De fato, surgiram mais pesquisas sobre esse assunto, para aumentar a
recuperação de água do rejeito gerado durante os processos de RO, muitos
dos quais são baseados na Reversão de Eletrodiálise (Walker et al., 2014).
De fato, a combinação de ambas as técnicas traz muitas vantagens,
como reduzir a quantidade de resíduos gerados e atingir altas taxas de
recuperação de água, obtendo até mesmo uma emissão líquida “quase
zero”, com produção de água purificada a custo relativamente baixo (Oren
et al. , 2010; Turek et al., 2009).
Estudos conduzidos por Zhang et al. (2012) empregaram o processo
híbrido RO-ED para tratar efluentes secundários de uma estação de
tratamento de esgoto. Os resultados desse processo envolveram uma
eficiência de remoção entre 55% e 88% de íons e condutividade, permitindo
95% de recuperação de água.
Mais recentemente, Praneeth et al. (2014) usaram ED para tratar o
rejeito de RO em uma indústria têxtil. Os resultados comprovaram que o
processo híbrido aplicado foi extremamente útil, pois, como esperado, o ED
reduziu o volume de resíduos gerados por RO, e concentrou ainda mais o
volume, o que permite o tratamento em evaporadores.
Assim, considerando as tendências da comunidade científica e,
especificamente, a necessidade de aumentar a recuperação de água, o
objetivo desta pesquisa é investigar o processo híbrido RO-EDR no
tratamento de um efluente petroquímico, avaliando a viabilidade de reutilizá-
lo no diversas etapas do processo produtivo, como nas torres de
resfriamento, onde o consumo de água é alto.
2. Materiais e métodos
2.1. Caracterização de águas residuais
O efluente utilizado neste trabalho foi coletado em uma indústria
petroquímica, localizada no sul do Brasil, após tratamento terciário.
153
Nesta indústria, a estação de tratamento de efluentes convencional possui
tratamento primário (físico e químico), tratamento secundário (biológico -
lodo ativado na aeração prolongada) e tratamento terciário (oito lagoas de
estabilização em série). O esgoto foi coletado na última saída da lagoa.
Antes de ser enviado para o processo híbrido RO-EDR, o efluente foi
submetido a um pré-tratamento com filtros de areia (SF) e filtros de carvão
ativado (ACF) para remover material grosseiro e evitar danos aos
equipamentos RO e EDR (Racar et al., 2017). O pré-tratamento é
minuciosamente descrito em outro lugar (Venzke et al., 2017). Na Fig. 1 é
apresentado o fluxograma do processo utilizado neste trabalho.
2.2. Sistema híbrido (RO-EDR)
Os ensaios foram realizados em um sistema piloto RO fabricado pela
PAM Membranas Seletivas, com capacidade de produção de 250 L hÿ1,
composto por um módulo de membrana espiral de poliamida, BW 30 (4040)
(Filmtec, Dow Chemical), com área de membrana de 7,2 m2. Os ensaios
foram realizados com pressões de 1,5, 5, 8, 10 e 12 bar e o fluxo de rejeição
(Rf) foi variado em 150, 300, 450, 600 e 1200 L hÿ1 por 210 min. Os testes
foram realizados em batelada (volume em torno de 10 m3) e todos os testes
foram realizados, no mínimo, em triplicata, à temperatura de 25 ÿC.
Após o tratamento de RO, a melhor condição de operação foi escolhida,
o rejeito foi armazenado em um reservatório com capacidade de 5 m3 e
submetido ao tratamento de Eletrodiálise Reversa (EDR) em uma planta
. Este equipamento
piloto (modelo 2.0 EDR – 300 1E 1s 2e) da Hidrodex® ment possui duas
pilhas em série, cada uma com um par de eletrodos de titânio platinados e
75 pares de membranas aniônicas e catiônicas dispostas alternadamente
(HDX 200 Hidrodex® e HDX 100 Hidrodex® respectivamente) separadas ,
por espaçadores de polipropileno, totalizando 28,8 m2 de área de
membrana . Os experimentos de EDR foram realizados aplicando um
potencial elétrico de 250V, vazão diluída de 600 L hÿ1 e vazão concentrada
de 200 L hÿ1. A cada 15 min as polaridades dos eletrodos foram invertidas,
trocando os canais diluídos e concentrados, de modo que cada eletrodo
atua como cátodo durante 15 min e, após, como ânodo por mais 15 min, e
assim sucessivamente. Esse mecanismo foi adotado para minimizar a
incidência de escalonamento e polarização de concentração, reduzindo o
número de interrupções para manutenção (Bacher et al., 2017).
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154 CD Venzke et ai. / Segurança do Processo e Proteção Ambiental 117 (2018) 152–158
Fig. 2. Condutividade do permeado de RO em cada pressão aplicada e taxa de fluxo de rejeição de RO estabelecida.
2.3. Métodos analíticos
Os parâmetros ferro, sódio, cor e dureza foram analisados em espectrofotômetro
de absorção atômica de chama, Spectra AA110 (Varian). Cloreto, nitrato e sulfato
foram analisados por cromatografia iônica, ICS 5000 (Dionex). A DQO e a
alcalinidade foram analisadas por titulação, enquanto pH, condutividade, nitrito,
sólidos totais, sólidos dissolvidos totais, sólidos suspensos totais e coliformes
fecais e totais foram realizados seguindo a metodologia descrita pelos Métodos
Padrão para o Exame de Água e Esgoto ( Eaton e Franson, 2005).
2.4. Balanço de água do processo RO-EDR
O balanço hídrico consistiu em um estudo do fluxo de processo híbrido (RO-
EDR) utilizado no tratamento de efluentes. Inicialmente, o fluxo de alimentação
foi identificado e, em seguida, usando medidores de vazão, as taxas de fluxo de
permeado de RO e rejeito de RO foram medidos.
Posteriormente, durante o tratamento EDR, os fluxos de diluído e concentrado
foram monitorados por meio de medidores de vazão. Uma vez estabelecidas as
vazões, os dados foram calculados e registrado o percentual de recuperação em
cada etapa do processo, bem como a recuperação total da água tratada no
processo híbrido RO-EDR. Além disso, a condutividade foi monitorada durante o
tratamento do processo híbrido.
3 Resultados e discussão
Na Fig. 2 é exibida a variação da condutividade do permeado de RO em
função da vazão de rejeição de RO e da variação da pressão aplicada.
Fig. 3. Condutividade do diluído nos cinco ciclos iniciais de EDR.
É possível observar que a condutividade do permeado de RO permaneceu
estável, 8,74 ± 0,72 S cmÿ1, nas diferentes pressões testadas, trabalhando com
vazão de Rejeição (Rf) de 300 L hÿ1. Nesse sentido, seria possível trabalhar com
a menor pressão para obter uma baixa condutividade com menor consumo de
energia. No entanto, levando em consideração a produtividade (fluxo permeado)
e que quanto maior a pressão empregada, maior a produtividade, uma pressão
intermediária (8 bar) e 300 L hÿ1 de vazão de rejeito foram escolhidas como a
melhor operação condições.
Ao aplicar o tratamento EDR ao rejeito de RO, observou-se uma melhora em
sua qualidade, pois a condutividade foi reduzida de 2699 S cmÿ1 para 242 S
cmÿ1, representando uma eficiência de remoção de 91%. A Fig. 3 mostra o
comportamento da condutividade ao longo de cinco ciclos. Pode-se observar uma
queda acentuada na condutividade nos primeiros cinco minutos de cada ciclo
EDR e um leve aumento no final do ciclo. De acordo com Warsinger et al. (2015),
esse fato pode ser explicado pelo acúmulo de sais na superfície das membranas,
dificultando assim a migração de íons através delas.
Goodman et ai. (2013) também relatam que o EDR tem a vantagem da
capacidade de inverter a polaridade dos eletrodos para reduzir a polarização da
concentração e escamação na superfície da membrana.
Esse processo de reversão (geralmente de 15 a 30 min) é importante para
controlar a incrustação de espécies iônicas propensas à deposição, como fosfato
ou carbonato de cálcio, que exigem tratamentos de limpeza agressivos e caros
para serem removidos. A incrustação de membranas tem sido relatada como um
problema que ocorre em sistemas EDR, sendo os principais compostos
responsáveis o sulfato de cálcio (CaSO4) e moléculas orgânicas carregadas de
alto peso molecular.
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CD Venzke et ai. / Segurança do Processo e Proteção Ambiental 117 (2018) 152–158 155

tabela 1
Monitoramento analítico dos parâmetros. Condições de operação RO: 8 bar, vazão de permeado de 288 L hÿ1 e vazão de rejeição de 300 L hÿ1. Condições de operação do EDR: duas pilhas em
série (com 300 membranas), potencial elétrico de 250V, vazão diluída de 600 L hÿ1 e vazão de concentrado de 200 L hÿ1.

Parâmetro Pós-filtro (SF + ACF) RO Permeado RO Rejeitar EDR diluído Brasileiro atual Torres Limita
legislaçãob

Cloretos (mg L-1) 81,29 3,80 83,31 6,20 ns 500

Nitrato (mg L-1) 0,59 0,01 0,85 0,20 ns ns
Sulfato (mg L-1) 421,1 0,67 514,7 120,1 ns 200
Alcalinidade (mg L-1) 101,8 3,80 122,6 1,00 ns 350
Condutividade ( S cmÿ1) 1382 10,1 2699 242,0 ns ns
Cor (mg L-1 Pt-Co) 146,6 0 150,0 46,00 ns ns
DQO (mg O2 L-1) 21,19 0,90 23,00 15,25 300 75,0
Dureza (mg L-1) 98,65 <0,5 127,9 29,60 ns 650
Nitrito (mg L-1) pH 0,08 <0,001 0,09 0,02 ns ns
7,40 5,82 7,41 3,72 ns 6,0-9,0
Sólidos Totais (mg L-1) 988,0 50,00 1122 290,5 ns ns
TDS (mg L-1) 934,0 <1,0 0 1104 266,5 ns 500
TSS (mg L-1) 34,17 50,00 11,05 100 100
Coliformes fecais (MPN/100 mL) 6,9 × 100 ausente 6,9 × 100 Ausente 104 ns
Coliformes Totais (MPN/100 mL) 2,4 × 103 ausente 2,4 × 103 2,5 × 102 104 ns
Ferro (mg L-1) 1,43 <0,05 1,36 0,39 ns 0,50
Sódio (mg L-1) 227,0 9,60 276,0 39,55 ns ns

(<) limite de detecção.

ns: não especificado.
a Limites estabelecidos na literatura (Ávila Filho e Lopes, 2015; Mancuso e Dos Santos, 2003). b Limites de disposição
estabelecidos pela legislação brasileira vigente (Consema-355, 2017).

A Tabela 1 mostra os resultados do pós-filtro, o permeado de RO
e o rejeito de RO, bem como o tratamento EDR do rejeito de RO,
além dos limites estabelecidos para reaproveitamento em torres de resfriamento.
Considerando a qualidade das águas residuais pós-filtragem, parece que
apesar de estarem em dia com sua quitação, de acordo com a legislação brasileira
vigente (Consema-355, 2017), esses valores são
superiores aos exigidos para a reutilização industrial.
O permeado de RO está de acordo com o padrão estabelecido
na literatura para reúso de água, com exceção do pH. o
valor encontrado para o pH está abaixo do limite, o que significa que, antes
reaproveitamento da água no processo produtivo, é necessário um ajuste. O controle
de pH deve ser muito rigoroso, pois um pH menor que
recomendado pode causar corrosão nas tubulações, e um pH alto
pode aumentar o potencial de formação de incrustações (Ávila Filho e
Lopes, 2015). De fato, o tratamento RO proporcionou a geração de
água de excelente qualidade, sendo uma tecnologia promissora para
reuso. Esses resultados estão de acordo com o relatado por Padaki et al.
(2015), que afirmam que a tecnologia RO é altamente eficiente para atender
padrões de qualidade da água exigidos pela indústria petroquímica.
Quanto aos resultados de rejeição de OR, como esperado, os índices foram muito
alta, contendo altas concentrações de sais inorgânicos e
compostos. Conforme relatado por Ghyselbrecht et al. (2012) e Zhang
et ai. (2012), o processo de RO gera rejeitos com altos níveis de salinidade, que
podem ter um grande impacto nos corpos d'água quando
descartado indevidamente. Após o tratamento EDR, a qualidade deste
stream melhorou consideravelmente, evidenciando que a combinação é
muito vantajosa para um maior volume de reúso de água. Como mostrado em
Na Tabela 1, os parâmetros: cloretos, sulfato, alcalinidade, DQO, dureza, TDS, TSS
e ferro, apresentaram resultados muito inferiores aos
os limites máximos estabelecidos por Mancuso e Dos Santos (2003)
e Ávila Filho e Lopes (2015), para que o efluente tratado seja
reutilizado em torres de resfriamento.
Ressalta-se que, para o reaproveitamento de águas residuais tratadas em
sistemas de refrigeração, a água deve atender aos padrões de qualidade
estabelecidos na literatura, para determinadas concentrações de contaminantes
pode causar corrosão e incrustação em tubulações e equipamentos - o que é
influenciada por vários parâmetros, como pH, alcalinidade, dureza
e a presença de sulfatos, ferro, cloretos e sólidos (Malakootian
et al., 2010; Quevedo et al., 2012). Outros parâmetros como COD
e coliformes (totais e fecais) também devem ser rigorosamente controlados,
podem levar a um aumento da concentração de microrganismos,
e sua presença leva ao crescimento de biofilmes nos dutos,
resultando em corrosão (Ávila Filho e Lopes, 2015).
Figs. 4 e 5 mostram a eficiência de remoção dos parâmetros avaliados após o
tratamento de RO e após o EDR tratar o rejeito de RO
(RO-EDR).
Como pode ser visto nas Figs. 4 e 5, o RO apresentou alta remoção
eficiências para todos os parâmetros. Assim, TSS, coliformes (total e
fecal) e cor tiveram uma taxa de remoção de 100%, enquanto o restante
parâmetros (sólidos totais, TDS, DQO, cloreto, nitrato, sulfato, alcalinidade,
condutividade, ferro, sódio, dureza e nitrato)
eficiência de remoção de mais de 95%. Outros autores também alcançaram resultados semelhantes
resultados empregando RO no tratamento de efluentes em geral
(Colla et al., 2016; Suárez et al., 2014).
As saídas do processo híbrido RO-EDR, onde o EDR foi usado
para tratar a rejeição de RO, como mostrado nas Figs. 4 e 5, mostram uma remoção
eficiência acima de 90% para cloreto e alcalinidade. Outros parâmetros,
como sólidos totais, TDS, TSS, cor, nitrato, sulfato, condutividade,
ferro, sódio, dureza e nitrito, tiveram eficiência acima de 70%. Dentro
em relação à cor e DQO, a taxa de remoção foi menor, embora o
os valores estão dentro dos limites estabelecidos para reaproveitamento em torres de resfriamento.
Foram encontradas taxas de remoção diferentes para cada íon, e alguns tiveram
uma redução muito significativa, como o cloreto, por exemplo, que
uma eficiência de remoção de 92,55%. O sulfato, por sua vez, foi
removido em 76,62%. Esses resultados eram esperados uma vez que íons com
raios iônicos mais altos têm menor mobilidade (Valero et al., 2015).
Em um contexto semelhante, Praneethet al. (2014) tratou a rejeição de RO de
efluente da indústria têxtil por eletrodiálise, e os resultados mostraram
que o método aplicado é extremamente útil porque ED reduz
o volume de rejeito de RO, bem como concentra o volume a ser
posteriormente tratados em evaporadores.
3.1. Cálculo do balanço hídrico
A condutividade e a vazão (Q) de cada estágio do processo
foram monitorados, permitindo assim avaliar as condições de operação de cada
tecnologia utilizada no tratamento de efluentes,
identificar a recuperação obtida em cada etapa, além da
recuperação total da água tratada pelo processo híbrido RO-EDR. Fig. 6
mostra o fluxograma do processo híbrido RO-EDR.
Conforme mostrado no fluxograma (Fig. 6), o permeado de RO apresentou
uma condutividade de 10,1 S cmÿ1 e representa uma recuperação de água de
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156 CD Venzke et ai. / Segurança do Processo e Proteção Ambiental 117 (2018) 152–158

Fig. 4. Eficiência de remoção (parâmetros: sólidos totais, TDS, SST, coliformes fecais, coliformes totais, cor e DQO), após o tratamento com RO e após o sistema híbrido RO-EDR.

Fig. 5. Eficiência de remoção (parâmetros: cloretos, nitrato, sulfato, alcalinidade, condutividade, ferro, sódio, dureza e nitrito), após o tratamento com RO e após o RO-EDR
sistema híbrido.

Fig. 6. Fluxograma mostrando as etapas do tratamento híbrido RO-EDR com suas respectivas vazão (Q) e condutividade.

49%, o que é consistente com o limite sugerido por McGovern
et ai. (2014), que recomendam operar o sistema RO com uma taxa de recuperação
por carne em torno de 40-60%, para evitar maiores danos
às membranas. Por outro lado, Koo et al. (2011) alcançado
a taxa de recuperação caiu para 40% devido ao acúmulo de bioincrustação no
superfície da membrana.
Vale ressaltar que o aumento da recuperação do permeado ocorre
aumentando o número de módulos e etapas, que podem ser vistos
ÿ

uma recuperação inicial de água de 75%, mas no decorrer do tratamento, na pesquisa realizada por Cuda et al. (2006). Neste estudo, o
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CD Venzke et ai. / Segurança do Processo e Proteção Ambiental 117 (2018) 152–158
os autores demonstraram que utilizando 9 módulos RO e aplicando uma
pressão de 13 bar, é possível obter 66% de recuperação, e, em outro sistema
com 16 módulos, os autores obtiveram uma recuperação de 75% do permeado.
Como pode ser visto na Tabela 1, o permeado de OR apresentou
parâmetros de fábrica bastante satisfatórios para reaproveitamento de água
ÿ
em torres que,
de resfriamento. No entanto,
para a reutilização como Cuda
do permeado et al.
de RO (2006)
como águasugerem
desmineralizada, uma etapa de tratamento posterior com resina de troca
iônica foi suficiente para reduzir todos os compostos alvo inibitórios (TDS,
cloreto, nitrato, sulfato, condutividade, sódio, dureza e nitrato), produzindo
uma água ultrapura que poderia ser usada em caldeiras. Considerando as
características físico-químicas do permeado de OR aqui produzido, outros
autores recomendam um tratamento posterior com eletrodeionização (EDI)
para obtenção de água ultrapura. Nesse sentido, utilizando EDI tratando uma
solução de alimentação semelhante ao permeado de RO produzido aqui,
Arar et al. (2013) produziram água ultrapura (condutividade de 0,6 S cmÿ1).
No presente estudo, o rejeito gerado no processo RO, como esperado,
apresentou alta condutividade, de 2699 S cmÿ1 com vazão de 300 L hÿ1. No
entanto, quando tratado pelo processo EDR, a condutividade diminuiu para
242 S cmÿ1, minimizando a alta salinidade. Em seguida, a recuperação da
água tratada aumentou em 38,3%, enquanto a quantidade de concentrado
descartado diminuiu para apenas 12,7%, com condutividade de 10.071 S
cmÿ1.
Considerando a combinação do permeado de RO com o EDR diluído,
pode-se obter 87,3% de recuperação de água, apresentando esta água uma
condutividade média de 112 S cmÿ1, o que atende aos padrões de qualidade
para reuso em torres de resfriamento. Esses resultados tornam o processo
relevante e bastante satisfatório, principalmente no aumento da recuperação
de água e na redução do volume descartado, pois o concentrado foi reduzido
para apenas 75 L hÿ1 (com alta condutividade), o que representa um descarte
de 12,7% que podem ser tratados posteriormente em evaporadores. Nesse
contexto, vários autores também afirmam que o EDR é um método muito
eficiente para o tratamento do rejeito de RO, pois esse procedimento traz
ganhos significativos ao meio ambiente, reduzindo o volume de descarte e
minimizando as cargas poluentes lançadas nos corpos receptores (Li et al. ,
2013; Oren et al., 2010; Thampy et al., 2011; Zhang et al., 2011). No entanto,
ninguém ainda relatou dados com um processo híbrido RO-EDR tratando um
efluente petroquímico real. Dependendo da configuração do processo de
refino, o efluente petroquímico pode conter metais tóxicos, benzeno, xileno,
tolueno e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, entre outros (Rubio-
Clemente et al., 2015), o que o diferencia dos efluentes gerados em outras
águas. -indústrias intensivas, como curtumes e indústrias de papel e celulose,
por exemplo. Além disso, mesmo após o tratamento secundário, os efluentes
petroquímicos ainda podem conter compostos orgânicos (Rubio-Clemente et
al., 2015), que podem causar incrustações na superfície da membrana (Benito
Alcázar et al., 2010). É claro que os ensaios realizados no presente trabalho
foram de curta duração, mas as condições de operação foram otimizadas
para minimizar a incidência de incrustação, que é o grande desafio na
recuperação de efluentes, tornando esses achados contribuições valiosas.
4. Conclusões
A tecnologia EDR foi adequada para o tratamento do rejeito de RO, com
taxas de remoção acima de 75% para a maioria dos parâmetros avaliados.
Além disso, ao aplicar o processo híbrido (RO-EDR), a recuperação de água
foi muito bem sucedida, 87,3%, enquanto o rejeito foi reduzido de 51% para
apenas 12,7%.
Os resultados aqui apresentados demonstram a viabilidade de
reaproveitamento de efluentes tratados em torres de resfriamento, uma vez
que os parâmetros estão dentro dos limites de qualidade estabelecidos pela
literatura para reaproveitamento na indústria petroquímica, com exceção do pH, que Bouriakov, N., Glueckstern, P., Gilron, J. , 2010. Estudos piloto em alta
157
deve ser ajustado. Além disso, a água aqui produzida poderia ser
posteriormente tratada por resina de troca iônica ou eletrodeionização para
obter água ultrapura, possibilitando sua reutilização em caldeiras. O
concentrado EDR final apresentou alta concentração de sais (condutividade
de 10.000 S cmÿ1), abrindo a possibilidade de um tratamento posterior em
evaporadores.
Reconhecimentos
Os autores agradecem à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
Secretaria de Estado do Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (SCIT/RS)
e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pelo
financiamento.
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