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TeaEdu U1
TeaEdu U1
Meu nome é Melissa dos Santos Lopes. Sou mestre em Artes pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bacharel em Teatro
pela mesma instituição; coordenadora e professora da Escola Superior
de Artes Célia Helena, na qual leciono as disciplinas Jogos Teatrais e
Improvisação Corporal; sou, ainda, uma das fundadoras do Grupo
Matula Teatro, onde atuo como atriz e arte-educadora. Já ministrei,
também, diversas oficinas para não atores, além de já ter lecionado
em diversas escolas de Ensino Infantil, Fundamental e Médio.
E-mail: melslopes@gmail.com
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
792 S233t
ISBN: 978-85-67425-54-2
CDD 792
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O teatro em sala de aula. Uma ferramenta para a educação do sensível. O es-
tudo do teatro sob um ponto de vista contemporâneo e crítico por meio dos con-
teúdos que compõem a prática teatral: jogos de integração, jogos de confiança,
improvisação com e sem palavras. Criação de personagens e montagem de ce-
nas teatrais.
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1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao Caderno de Referência de Conteúdo de
Teatro para Educadores!
O assunto de que trataremos é fascinante! Iniciaremos nos-
sos estudos abordando a importância da disciplina teatral no âm-
bito escolar e descobriremos onde o binômio teatro-educação
surgiu. Em um segundo momento, abordaremos a educação pelo
sensível, mostrando como as atividades teatrais podem auxiliar no
desenvolvimento humano de qualquer indivíduo, especialmente
em seu processo de formação.
10 © Teatro para Educadores
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de
Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Comédia: as Comédias Gregas, além da função de di-
vertir a população que se posicionava no Théatron,
criticava autoridades da época de forma criativa, en-
volvendo sempre, como afirma Aristóteles, alguns
tipos de erros ou feiúras que não causavam dor ou
desastre. O principal autor das comédias foi Aristó-
fanes.
2) Ditirambo: deu origem ao teatro grego antigo. Diti-
rambo eram hinos em homenagem à Dionísio, deus
do vinho, da fertilização e do teatro.
3) Elementos teatrais: são as partes que compõem o
todo da arte teatral: texto, cenografia, figurino, ilu-
minação, maquiagem, sonoplastia, adereços, perso-
nagens/atuação, plateia etc.
4) Jogo: uma ação que propicia o envolvimento e a li-
berdade pessoal de um coletivo com regras, tempo e
espaço estabelecidos.
5) Jogos teatrais: surgiu nos Estados Unidos, na década
de 1960, quando novas formas de teatro se tornaram
© Caderno de Referência de Conteúdo 21
ARTES
Teatro Educação
Teatro-educação
Raciocínio
Jogos
Jogos Jogos
Teatrais
Produção
C
Indivíduos
Autônomos
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de teatro para educadores,
pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim,
mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado,
você estará se preparando para a avaliação final, que será disser-
tativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar
seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua
prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JAPIASSU, R. Metodologias do ensino de teatro. Campinas: Papirus, 2001.
SLADE, P. O jogo dramático infantil. São Paulo: Summus, 1978.
SPOLIN, V. Improvisação para o teatro. 4. ed. Tradução de Ingrid Koudela e Eduardo
Amos. São Paulo: Perspectiva, 2001.
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1. OBJETIVOS
• Conhecer a história do teatro ocidental.
• Identificar o surgimento do teatro na instituição escolar.
• Conhecer historicamente a trajetória das atividades tea-
trais na formação escolar.
• Identificar e compreender o teatro como área de conhe-
cimento.
• Conhecer algumas ferramentas para identificar a melhor
maneira de inserção das práticas teatrais em sala de aula.
2. CONTEÚDOS
• A entrada do teatro na instituição escolar.
• A formação do arte-educador.
• Teatro na sala de aula.
• Teatro: a arte do presente.
30 © Teatro para Educadores
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Para darmos início aos estudos de Teatro para Educadores,
é necessário antes conhecermos um pouco da história do teatro
e depois refletirmos sobre o fato de o teatro, muitas vezes, ser
visto na escola como recreação, ou seja, como atividade supérflua
e de lazer. Tal classificação é dada pelos próprios pais, professores
e alunos.
O teatro na educação é um campo de estudo considerado
novo no Brasil, que investiga os aspectos teóricos e práticos da
área teatral no processo de ensino e aprendizagem nas institui-
ções educacionais: formal ou informal.
É importante primeiramente entender qual é o espaço que o
teatro deve ocupar nas instituições de ensino e como o educador
pode se servir dos elementos teatrais na formação do aluno, no
processo de aprendizagem e no desenvolvimento crítico, criativo
e sensível.
© U1 - O Teatro e a Escola 31
Figura 1 Dionísio.
O teatro romano
O teatro romano foi desenvolvido nos moldes do teatro gre-
go, mas exagerou-se na brutalidade de alguns espetáculos apre-
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O teatro na Renascença
Na Renascença, houve um rompimento com as práticas me-
dievais. O teatro, aos poucos, saiu do domínio da Igreja e ressurgiu
dos clássicos, imitando os modelos gregos e romanos.
Na Itália do século 16, surgiu o teatro conhecido como com-
media dell’ arte, que muito colaborou para o teatro moderno,
realizando uma prática coletiva com textos improvisados, cujos
personagens eram sempre estereotipados: Colombina, Pantalone,
Polichinelo, Arlequim e o Capitão Matamoros.
Nessa época, no teatro considerado tradicional, havia duas
correntes distintas no que diz respeito à preparação do ator e à
encenação: uma era ligada à arte do bem falar e bem dizer, que era
a arte do declamador e das narrativas, na qual a estrutura teatral
© U1 - O Teatro e a Escola 35
O teatro no Naturalismo
O teatro no Naturalismo passou a reproduzir no palco a reali-
dade da vida humana, buscando sua essência e reprodução exata,
e não mais a ficção.
O principal encenador de peças naturalistas na França foi An-
dré Antoine (1858-1943). Em seu teatro livre, esse ator vivia a ação
cênica e não representava; os gestos, a voz eram os mesmos da
vida diária. Ele criou a quarta-parede, ou seja, uma cortina invisí-
vel entre atores e plateia, sendo essa última ignorada na estrutura
teatral. Os atores atuavam de perfil, de costas, sem a tradicional
interpretação frontal.
O teatro no Simbolismo
O teatro no Simbolismo surgiu no fim do século 19, com o
intuito de combater as modas naturalistas, as realistas em voga. Os
representantes comportavam-se como literatos que queriam um
teatro invisível, dando ênfase à poesia pura. O corpo dava espaço
aos mistérios da alma, ficando quase estatizado. Esse movimento
se traduziu em experiências para artistas de várias artes e em am-
bientes de convívio social, como casas de café.
O teatro no Expressionismo
O teatro no Expressionismo consistiu-se em outra forma de
reação ao teatro naturalista, apresentando o comportamento de
toda uma geração no pós-guerra, principalmente na Alemanha.
Podemos citar, como exemplo, o teatrólogo e encenador Bertolt
Brecht (1898-1956), que questionou o conceito de “teatro traba-
lhado”, em especial no Expressionismo, e concentrou a atenção
em um tipo de teatro que educasse e formasse a geração do ama-
nhã a partir de temas sociais, como a inflação, a guerra, a família
e a religião.
Brecht adotou o teatro épico, que narra uma situação já
ocorrida, não sendo um teatro de ilusão com histórias de amor e
final feliz. No teatro épico, as cenas são fragmentadas e dialoga-se
com o espectador, sem surpresas. O ator, nesse tipo de teatro, é
uma testemunha, narrando uma situação sem sentimentalismo,
apenas com descrições históricas e distanciamento.
© U1 - O Teatro e a Escola 37
O teatro contemporâneo
O teatro contemporâneo configura-se de várias formas e es-
tilos, especialmente na volta das ideias de companhia, de coletivo,
de trabalho, com objetivos comuns, buscando novas formas de en-
cenações, de relacionamento com o espectador, sem a hierarqui-
zação do autor, encenador, ator e espectador. Dessa forma, todos
participam da concepção do trabalho cênico.
No que diz respeito ao ator, a autora Odette Aslan (2003, p.
346) destaca que:
Ator continua sendo aquele que propõe essa troca, que dá ao ou-
tro, que recebe e se oferece de novo, qualquer que seja sua men-
sagem. Ator-poeta, trovador falando ou cantando, veremos sem
dúvida por muito tempo ainda nas estradas esse eterno sonhador
para quem o prazer de atuar se confunde com o prazer de viver,
para quem o mal de viver se traduz pela dor que se canta e repar-
tindo o que se encanta.
6. TEATRO NA ESCOLA
O binômio teatro-educação não foi uma novidade do século
20. A complexidade desses termos e a sua junção já tinham sido
questionadas em textos da Antiguidade Clássica. Filósofos gregos,
como Aristóteles e Platão, e romanos, como Horácio e Sêneca, já
haviam produzido escritos tecendo observações a respeito da pos-
sível ligação entre teatro e educação.
Nesse contexto, Santana (2000, p. 22-23) comenta que:
Contudo, desde Aristóteles tem-se pensado muito sobre o poten-
cial reflexivo que permeia o fazer e o fruir, o pensar e o sentir con-
tidos na arte dramática. A palavra drama vem de dromenon, refe-
rindo-se à ação, ao passo que teatro, vocábulo que também veio
do grego, significa lugar de onde se vê. Essa capacidade de ver-se
em ação, criticando e apreciando seus próprios gestos e atitudes,
constituiu-se num recurso vital para o processo de humanização da
natureza e, sendo inerente à atividade artística, tem implicações
ontológicas no campo da educação.
7. O ENSINO DO TEATRO
O teatro é a arte do presente, e o cinema é a arte do tempo.
Não se pode reproduzir o teatro que foi visto ontem, nem hoje,
nem amanhã; já um filme que foi produzido há 20 anos pode ser
visto hoje exatamente como ele foi produzido. No teatro, o que
acontece é uma comunicação direta entre o ator e o espectador.
No teatro, existe o universo ficcional, em que a vida é inven-
tada, reinventada e revisitada pelos seus participantes, que criam
e recriam o tempo todo, com base em objetos, fantasias, músicas
e histórias. Nada precisa ser original, mas tudo precisa ser recria-
do. Ao brincarmos de refazer, lembramos, refletimos e damos nos-
sa opinião, ou seja, revemos nossas posições diante da vida.
8. EXPERIÊNCIA CRIATIVA
Uma vez que já entendemos a importância da inclusão do
teatro na escola formal, devemos organizar, agora, a melhor forma
de realizar esse trabalho.
Neste primeiro momento, vamos refletir sobre uma questão
relacionada à experiência criativa: a montagem de um espetáculo
no espaço escolar.
O espetáculo não deve ser uma condição para quem traba-
lha com teatro na escola, pois nem sempre o tempo cedido a essa
© U1 - O Teatro e a Escola 45
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, conhecemos um pouco da história do teatro,
a origem do termo “teatro-educação” e a importância da inserção
do teatro no ambiente escolar. Além disso, pudemos refletir sobre
questões práticas da metodologia teatral.
Agora, convidamos você ao estudo da Unidade 2, que abor-
dará o aspecto do ensino pelo viés da sensibilidade.
Até lá!
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Dionísio. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dioniso#Dioniso_e_o_
teatro>. Acesso em: 10 maio 2010.
Figura 2 Antigo teatro na Grécia Antiga – Epidauro. Disponível em: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Teatro>. Acesso em: 10 maio 2010.
Figura 3 Teatro romano de Emerida Augusta (Mérida). Disponível em: <http://
pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_romano#Estrutura_do_teatro>. Acesso em: 10 maio 2010.
Figura 4 Companhia I Gelosi? (1580 d.C.). Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Commedia_dell’arte>. Acesso em: 10 maio 2010.
Site pesquisado
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental – arte. Brasília: MEC/SEF, 1998. p. 90-91.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf>. Acesso em: 2 fev.
2012.