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DIRECTOR: Serôdio Towo | Segunda-Feira, 30 de Maio de 2022 | Edição nº: 466 | Ano: 10 | Tiragem: 7500 exemplares
Educação
está à 03 e 04
deriva
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É tempo de resgatar o amor-próprio
Uma das maiores provas do su- República Unida da Tanzânia, Julius que o raciocínio é aplicável a todas as
cesso da colonização em África, mas Nyerere, sobre quem se debruçou esferas da sociedade moçambicana.
particularmente em Moçambique, é Jakaya Kikwete, que também lide- É inegável – porque por demais
o desdém com que a sociedade olha rou aquele país irmão. evidente – a crise de auto-estima
para tudo o que é local/nacional. Na plateia, estavam ilustres convi- que se apossou dos moçambicanos.
Ao moçambicano, foi transmitida a dados, incluindo Joaquim Chissano Abduzidos pela globalização, viram
ideia de que tudo o que é de dentro é e Armando Guebuza, que têm em o processo de aculturação aprovei-
defeituoso, e em certos casos até pe- comum o facto de terem sido presi- tar o terreno fértil preparado pelo
caminoso. Por isso mesmo, deve ser dentes de Moçambique, sendo que, colonialismo para consumar a com-
erradicado e substituído por aquilo antes disso, estiveram profunda- pleta alienação de todo um povo.
que é “belo e nobre” - o alheio. mente envolvidos na Luta Armada Hoje, os moçambicanos sabem mais
Mostrando ser bons alunos, os de Libertação de Moçambique. De dos Estados Unidos da América do
moçambicanos seguem os ensina- forma astuta, Graça Machel convi- que do seu próprio país, cantam e
mentos ao pé da letra, com um ri- dou os moçambicanos a “ignora- dançam ritmos musicais de Ango-
gor típico dos mais fanáticos cren- rem” os erros dos heróis moçam- la e África do Sul; e interessam-se
tes afectos às seitas religiosas que, bicanos – em particular dos dois mais pela história de Malcolm X do
nos últimos tempos, surgem quais ex-estadistas – valorizando os seus que pela epopeia heróica e glorio-
cogumelos. Em obediência aos sa- grandes feitos. sa de Eduardo Chivambo Mondla-
grados ensinamentos, os moçambi- Em alguns círculos de opinião, ne, o célebre arquitecto da unidade
canos abandonam os seus hábitos e a mensagem da antiga primeira- nacional.
costumes, apodados como diabóli- -dama foi interpretada como uma Atingimos um estágio de falta de
cos, e atribuem um estatuto inferior tentativa de dar imunidade aos li- amor-próprio sem paralelo ao nível
às suas próprias línguas. bertadores da pátria ou de sugerir da Comunidade de Desenvolvimen-
Transmitidas de geração em gera- que estes deviam ter uma espécie to da África Austral, e se não inver-
ção, estas lições, verdadeiramente de carta-branca para “fazer e des- termos esta tendência, facilmente
corrosivas para a auto-estima, leva- fazer”. É uma leitura aceitável, até chegaremos a um ponto de perda
ram o povo, sobretudo os mais no- porque é provável que os termos total da identidade nacional.
vos, a um ponto perigoso e vergo- usados conduzam a essa conclusão. O “muro na mesa” da mamã Gra-
nhoso, em que simplesmente não se No entanto, entendemos nós que o ça é, por estas e por outras, mais do
revêem nos valores culturais nem na propósito da presidente do Fundo que oportuno. Os moçambicanos
história da sua própria pátria. de Desenvolvimento da Comunida- precisam perceber, de uma vez por
Foi exactamente a isso que aludiu de (FDC) é outro. todas, que, não sendo superiores a
a antiga ministra da Educação de Quanto a nós, a activista social nenhum outro povo, também não
Moçambique, Graça Machel, num quis convocar a sociedade para uma são inferiores em nada, pelo que
simpósio organizado pela Fundação reflexão em torno da forma como a não há razão para que se envergo-
Samora Machel, em parceria com a sociedade trata o que é “seu”, e em- nhem dos seus heróis, da sua cultu-
Universidade Eduardo Mondlane bora tenha destacado figuras políti- ra, da sua identidade e da sua místi-
(UEM). O mote do evento foi a vida cas e ligadas à libertação do país do ca. A moçambicanidade é sagrada.
e obra do primeiro presidente da jugo colonial português, parece-nos serodiotouo@gmail.com
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE DA
REDACÇÃO, MAQUETIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
S.T. PROJECTOS E Tchumene 1 | Rua Carlos tembe, Parcela Nº 696, Matola | Telf: 869744238 | Celular: 82 4753360 |
COMUNICAÇÃO, LDA Email: dossiereletronico@gmail.com| DIRECTOR: Serôdio Towo, serodiotouo@gmail.com, Cell: 82 4753360
DIRECÇÃO: |COORDENADOR EDITORIAL: Amad Canda, candaamad@gmail.com, 846526459 | REDACÇÃO: Serôdio
Towo, Amad Canda, Arão Nualane, Quelto Janeiro, Hélio de Carlos| FOTOGRAFIA: Albino Mahumana|
Serôdio Towo (Director-Geral) ADMINISTRAÇÃO: Gabriel Muchanga , sebmuchanga@gmail.com, 84 228 5835|GRAFISMO: Herbigno Lote |
ADMINISTRAÇÃO : CORRESPONDENTES: Eng. Aspirina (Xai-Xai) - 84 5140506) | Henriques Jimisse (Pretória)| PUBLICIDADE
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Registo N° 19/GABINFO-DEC/2012 Cell: 84 1065591, admis.factos@gmail.com| COLUNISTAS: Fernando Benzane e Rui Maquene|
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água. De acordo com fontes do O problema do livro escolar está longe de se cingir
aos erros ou equívocos no conteúdo, que, segundo
fontes do sector, são abundantes. Tão grave quanto
Dossiers & Factos, o cenário ve- isso é o enorme atraso da chegada daquele impor-
tante instrumento [livro], que é de distribuição gra-
tuita no ensino primário.
rifica-se nas escolas públicas um Para as nossas fontes, a sexta classe pode ser
considerada o mais fiel reflexo dessa realidade trá-
gica, uma vez que cumpriu o primeiro trimestre do
pouco por todo o país, havendo presente ano lectivo sem sequer um livro. Ao que o
Dossiers & Factos apurou, apenas há duas semanas
começaram a chegar os primeiros livros deste nível.
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Por exemplo, na cidade da Matola, o Serviço Dis-
trital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT)
convocou os directores das 21 Zonas de Influência
Pedagógica (ZIP) desta região para procederem ao
levantamento dos livros a partir do dia 27 de Maio.
Em algumas escolas da província de Maputo, os
professores e gestores nem sequer têm conheci-
mento da recente chegada do livro, o que pode
mostrar que ainda não foram solicitados para o le-
vantamento, por um lado, e que as quantidades que
já se encontram em solo pátrio podem não ser sufi-
cientes para todas as escolas, por outro.
Outro dado importante que nos foi reportado por
fontes do sector refere que os livros recém-chega-
dos são frágeis, o que deriva do uso de um papel su-
postamente sem qualidade. Nossas fontes prevêem,
por isso, que não durem os três anos recomendados.
MINEDH orienta professores a usarem livros
electrónicos
M
arceta Macacho Dhlakama, pai do
já falecido líder da Renamo Afon-
so Dhlakama, abriu as portas da
sua casa, em Mangunde, distrito
de Chibabava, província de Sofala, para falar
de parte da história e vida de seu filho Afonso
Dhlakama, figura que durante seus últimos
40 anos se dedicou à luta pela democracia em
Moçambique. Quando recebeu a nossa equi-
pa, em 2019, tinha já mais de 95 anos, mas
a memória continuava intacta. Usando três
idiomas – português, xindau e xichangana –
rebobinou a fita da vida do seu filho, incluin-
do a infância. Garante que Afonso Dhlakama
pensou sempre no bem-estar dos moçambi-
canos, e não propriamente em obter ganhos
pessoais ou para a família, que, aliás, pagou
caro pelas “aventuras heróicas” do histórico
líder da “perdiz”. Ele próprio, Marceta Dhlaka-
ma, chegou a ser torturado quando Afonso
Dhlakama fugiu. Esta entrevista, que foi pu-
blicada na edição 329, é agora resgatada, no
âmbito da celebração dos 10 anos do Jornal
Dossiers & Factos.
D&F Texto e Fotos de Serôdio Towo Marceta Macacho Dhlakama, pai de Afonso Dhlakama (O País)
Dossiers & Factos (D&F) – Para iniciar a nos- sa conversa, gostaríamos que começasse por contar-nos a infância de Afonso Dhlakama.
Marceta Dhlakama (MD) – Afonso Dhlakama
mento difícil para nós os pais, ça, mesmo em brincadeiras com amiguinhos.
Terá sido o caso de Dhlakama?
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ele foi sempre quem liderava o grupo de amigos. e sempre de militar. Saiu novamente sozinho e fugiu da Beira para se juntar à Renamo?
Falando ainda do seu potencial, Dhlakama tinha entregou-se ao exército da Frelimo, lá na sede do MD – Desde esse período, nunca mais voltei a
muita pontaria, veja que, enquanto outros me- distrito. E foi novamente um momento difícil para ver o meu filho. Confesso que só reapareceu aqui
ninos ou jovens da sua idade usavam fisgas para nós os pais, porque ficámos sem saber para onde em casa em 1994, dois anos depois dos Acordos
abater galinhas do mato, ele usava apenas a mão é que ele teria ido. Fiquei a saber de algumas pes- de Paz, quando nos aproximávamos à realização
para atirar contra a galinha no ar, e era frequente soas que se encontrava na sede do distrito, e lá fui, das primeiras eleições. Durante todo este perío-
ele fazer isso. Mas há também uma outra nota, ele encontrei-o já na instrução militar, para depois ser do, apenas acompanhava informações a respeito
sempre foi um menino atencioso e com respeito, transferido para Beira, e mais tarde sumiu para se dele.
sobretudo para com os mais velhos, e era muito juntar à Renamo. D&F – E durante o período da guerra dos 16
obediente. D&F – Em algum momento lhe terá segreda- anos, onde é que vocês estavam?
D&F – Ficámos a saber, por exemplo, que ele do que um dia poderia desaparecer? MD – É uma longa história, mas, tal como disse
era professor e, mais tarde, mandou-o à tropa. MD – Nem tão pouco. Tomei conhecimento antes, não foi vida fácil. Passámos por momentos
Pode falar-nos deste episódio? através de pessoas daqui da zona que o conhe- difíceis, durante cerca de um ano, fui sujeito à per-
MD – Não foi da minha iniciativa que ele fos- ciam e que iam sempre à cidade da Beira, para seguição e torturas por parte das tropas governa-
se à tropa. Confesso que fiquei preocupado com vender galinhas e cabritos. São esses que vieram mentais, e, mais tarde, ele mandou sua tropa para
a ida dele à tropa colonial, porque eu conhecia a informar-nos que nosso filho já não se encontrava vir recolher-nos, ou seja, toda a família, em oca-
vida militar, pois também cumpri esse dever. O no quartel, e que era procurado pelo SNASP. Esse siões distintas.
que aconteceu foi que Afonso, na companhia de foi outro momento de desespero que nós os pais, D&F – Pode contar-nos esse episódio de
outros amigos, também professores, decidiu en- sobretudo a mãe, tivemos, porque não sabíamos torturas de que foi alvo por parte das tropas
tregar-se para cumprir o dever militar. Então, foi da existência de um outro exército, só sabíamos governamentais?
tudo da sua iniciativa, e foi um momento doloro- que ele estava na tropa da Frelimo, e, de repente, MD – Depois de meu filho ter regressado da
so, porque, durante os cerca de três anos em que informam-nos que ele fugiu e desapareceu da tro- Beira com a resposta de que devíamos perguntar
ele esteve na tropa, nunca tivemos contacto al- pa... isso foi complicado! ao Ian Smith sobre o paradeiro de Afonso, nada
gum com ele. Quando regressou, ficámos a saber D&F – E o que é que vocês fizeram quando mais podíamos fazer. Eu cheguei a acreditar que
que esteve no Niassa, a cumprir a tropa colonial. ouviram que ele tinha desaparecido? talvez tivesse morrido, mas, na mesma altura, já
MD – Mandámos um dos irmãos à Beira, para se ouviam rumores de que ele se encontrava do
Torturado porque o filho se aliou à Renamo se inteirar do assunto, e a resposta que lá teve foi outro lado do movimento rebelde, porque já fala-
estranha. Disseram a ele que devia ir perguntar ao va para a Rádio Voz da Luta Livre. Aliás, não falava,
D&F – E quando regressa da tropa colonial, Ian Smith. E nada mais podíamos fazer, porque, na ele sempre cantava uma canção, a mesma que foi
qual foi a vida que Dhlakama levou? altura, o regime era muito forte. muito entoada no seu velório e no cortejo fúne-
MD – Nada disso. Ele não ficou muito tempo D&F – Por acaso, lembra-se de como e quan- bre. É um cântico que ele gostava muito, onde di-
aqui em casa. Já vinha com outros pensamentos, do voltou a ter contacto com ele, depois que zia: “família, quando eu morrer, não chorem, por-
que jurei lutar e morrer pelo
povo”.
D&F – E então o que veio a
seguir?
MD – A partir dessa altura,
nunca mais tivemos sossego
aqui na zona, começou a haver
movimentos estranhos de pes-
soas desconhecidas, algumas
que vinham pedir água, mas,
na verdade, eram espiões do
SNASP. E, num belo dia, numa
tarde, chegou um carro aqui
em casa, o que era raro, porque
quem entrava com viatura até
aqui era somente ele, sendo
que, na altura, estava na Beira.
Foi dessa vez que prenderam a
mim, meu irmão e mais um vi-
zinho que se encontrava aqui
no quintal, e ainda queriam le-
var minha mulher, porque já a
tinham mandado preparar-se
para ir connosco, numa altura
em que eu já estava algemado.
“Pedi a eles que me matas-
sem de uma vez por todas”
Marceta Dhlakama, ao lado do Presidente da República, Filipe Nyusi (Folha de Maputo) • Continua na Pag 12
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Estamos em constantes mudanças. Tal- com uma nova forma de andar. Naque- Ao meu lado estava a rapariga, coberta
vez pela globalização, ou pela rotina da le instante, vi que ela estava a tentar-me. de roupas que aparentavam ser restos da
vida. Mas uma coisa é certa, estamos aos Mas, do meu lado, quis mostrá-la que sou fábrica. Enquanto eu sentava, ouvi logo
poucos a entrar na época da nudez, onde mais forte. Estou a mentir. Estava a gostar que os senhores que estavam nos bancos
olhar para um corpo pelado e transparen- de vê-la. Na verdade, queria assistir-lhe e de trás não queriam mais nada, senão
te não será novidade, nem estranho. nada mais. educar aquela moça que, na verdade, sen-
Um dia, caminhava recentemente pelas Pelas suas posições e olhares, acho que tia-se uma Miley Cyrus ou ainda uma Bri-
artérias da Cidade de Lourenço Marques, ela me confundiu com alguém. Se não tney Spears, quando sobem nos palcos ou
naquelas caminhadas cosmopolitas, sin- me tiver confundido, provavelmente não vão em sítios onde tentam mostrar que o
gradas pela razão da existência humana, aguentou com o meu estilo rafeiro de um seu corpo é melhor que o do outro.
quando o meu olhar foi roubado por um peregrino desinteressado pelas exibições. Os “cotas” não calaram. Concentraram
instante por uma paisagem que me fazia Faltavam dois passos para nos cruzarmos. a miúda, tanto que ela decidiu defender-
lembrar exactamente da época de Adão e De repente, passa um senhor pela minha -se, tirando palavras inesperadas: “Se
Eva, naquele jardim sarcástico e pecador. frente e assobia para a miúda. Num tom não estão aguentar com o meu estilo, fala
De umas colantes praticamente invi- de quem diz que “se não fosse pela idade, logo. Minha corpo é lindaço e não posso
síveis e uma blusa que quase não escon- hoje mesmo te levaria comigo”. Mas, de- esconder. Deixem eu frescar a vontade
dia as duas laranjas internas, caminhava pois passou, e lá restei eu e a exibicionista víu”. Foram palavras dela, sem nenhuma
arfante uma “exibicionista” em minha que, aos poucos, tentava roubar a atenção mudança. O primeiro crime que notei
frente, como quem diz “mesmo se tenta- dos que caminhavam naquela direcção. foi a problemática na construção frásica.
res esquivar o teu olhar, não vais deixar de Já perto, engoli o ar, decidi calar e Em segundo, o nível de intelectualidade
olhar para mim porque além de estar em mostrar que não podia ceder a tais brin- que reside nas mentes do mundo de cada
promoção, quero mostrar-lhe como está cadeiras (atrapalhadoras), que já estão a cidadão.
a minha fisionomia”. Claro que eu sou consumir aos poucos o bem-estar social. Digo isto porque a formação da pessoa
forte. Não olhei. Hum…falando a verda- Passando aos poucos ao lado dela imagi- como um ser social e vivente não se pode
de, olhei, mas não com uma intenção. Só nei-me com uma venda nos olhos, feito a cingir simplesmente àquilo que nós acha-
queria mesmo confirmar se ela estava da- um ninja, só para não olhar a tanta expo- mos que é o certo para nós, mas devemos
quele jeito, não mais do que isso. sição circulante que se esquecia da priva- também perguntar até que ponto isso
Isso não vem ao acaso agora. O que in- cidade de seu corpo. Pode ter sido duro, pode afectar a sociedade. Daí, desse tipo
teressa mesmo é que ela, num passo de mas passei sem falar nada. Talvez esperas- de comportamentos, surge a problemáti-
camaleão doentio e com pernas quebra- se que eu lhe cumprimentasse. Mas, iro- ca das alienações sociais. Não estou aqui
das, fazia estilos metamórficos que eu até nicamente, calei e segui o meu caminho, a tentar definir a vestimenta da mulher. É
me perguntava qual era o real estilo dela. pensando que nada mais como aquilo po- obvio que não, mas não quero deixar cá de
Não aguentei, lancei um sorriso. E acho deria me aparecer pela frente. Até quando exclamar que a sociedade me prova a sua
que ela percebeu e, de imediato, parou decidi subir num desses chapas que neste transformação. Não me ponho a dizer se é
um segundo. Para o meu espanto, vejo ela tempo de calor nos fazem ver histórias. para o melhor ou para o pior.
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PRIMEIRO PONTO
O preço alto e a depreciação do cubela, na Zambézia. dadeiros motivos da alta dos pre-
metical ocasionam o alto custo de As pessoas mais pobres conti- ços estão ligados à incapacidade
vida. Em resultado da escalada do nuam a ser as maiores vítimas da governativa de administração e
preço do preço do petróleo, o país falta de mecanismos e políticas gestão do Estado, que ocasiona a
submerge para uma crise social. claras que visem mitigar os efei- desestabilização económica que,
Assim, o receio que se contrapõe tos do agravamento dos preços. por sua vez, conduz à depreciação
é: até que ponto o aumento dos Assim, a vida diária é afectada de constante da nossa moeda, além
preços afecta o bolso do pacato várias formas e o empobrecimen- da incapacidade do Estado em li-
cidadão? O certo é que esta situa- to acentua-se. Além do Governo quidar as suas dívidas.
ção ocasiona a redução da procura negar-lhes parte dos recursos eco- É visível a discriminação das
por vários produtos de primeira nómicos, que lhes é devida, colo- comunidades rurais no modelo
necessidade, surgindo as bolsas de ca os serviços públicos caríssimos de políticas da administração pú-
fome, onda de criminalidade, ele- para além do alcance daqueles que blica, o que reforça a desigualda-
vado índice de corrupção e pouca não podem pagar, tornando difí- de e injustiça, desencorajando o
produtividade. cil a satisfação das necessidades investimento e a ajuda externa e
Os episódios cíclicos de subida básicas, como alimentação, saúde impedindo o crescimento. Porém,
abusiva dos preços em Moçambi- e educação. tendo observado a preocupação
que têm perturbado a realidade O processo de escoamento de dos países ricos com os preços dos
de desenvolvimento rural e levado produtos já é deficitário devido à alimentos e a emergência de no-
várias famílias à desgraça extrema. falta de boas vias de acesso. Com vas crises alimentares no mundo,
Por exemplo, em Machaze, no ex- os preços de combustíveis insus- Moçambique tem agido com indi-
tremo sul de Manica, distrito com tentáveis, estamos diante de um ferença, num verdadeiro “Deixa
potencial faunístico e de produ- retrocesso na vida destas popula- Andar”.
ção de caju, vive-se o real impacto ções que são sujeitas a moldar es- Especificamente em relação à
das políticas governativas, asso- tratégias para fazer face ao novo incapacidade de boa gestão estatal
ciados à seca intensa e severa, vias modelo de vida. Acreditemos que face à subida dos preços, “a cor-
de acesso intransitáveis, escassez uma coisa é certa: “quanto maior rupção, amiguismo e clientelismo
de água e de produtos de primeira o preço de combustíveis, maior é indicam o mau uso ou a omissão,
necessidade. É uma vida anacróni- o impacto no bolso do cidadão ru- pelo agente público, do poder que
ca. É salve-se quem puder. ral, porque menor é a sua renda. a lei lhe outorgou, em busca da
Sabemos que a vida do povo de- No momento de crise que es- obtenção de uma vantagem in-
pende da renda diária que emerge tamos a viver, no que concerne à devida para si ou para terceiros,
de várias fontes de sustentabilida- questão dos alimentos e combus- abdicando, assim, de accionar os
de. A precariedade tem impacto tíveis, existem aspectos que devem mecanismos de redução de pre-
negativo na maior parte dos agre- ser analisados separadamente, de ços dos combustíveis entre outros
gados familiares em Moçambique, acordo com a realidade do nosso produtos.
basta olhar para a forma como país. É urgente a necessidade de Relega-se para o plano secun-
os preços dos combustíveis estão fortificação das políticas que sub- dário os legítimos fins contem-
a influenciar a produção agríco- sidiam a agricultura, os transpor- plados nas normas, prejudicando
la. Como Machaze, estão vários tes públicos e de carga, o pão, a o povo e beneficiando os proprie-
outros distritos moçambicanos, água e energia. tários das empresas revendedoras
como Machanga, em Sofala, e Mo- Em parte, sabe-se que os ver- do combustível.
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Já há muito que não se via algo do género. libertar África. como problema. Porém, penso que perdemos
Aquela que é por mim considerada uma das Para Graça Machel, os erros de ontem de- nesta constatação a oportunidade de entrar-
mulheres comprometidas com a causa social vem ser objecto de reflexão e motivo de mais mos profundamente no pensamento da Graça
veio a público, mais uma vez, chamar atenção coesão entre os moçambicanos, criando es- Machel. Perdoar os erros dos líderes africanos
em relação à negligência protagonizada no paço de diálogo construtivo, e não promover é nada menos que usar a doutrina religiosa:
que ao reconhecimento do papel dos líderes apedrejamentos. “perdoe aos seus inimigos tal como fez Jesus
africanos diz respeito. Graça Machel, diri- A classe política, jornalística, académica, e Cristo antes da sua crucificação”.
gindo-se aos participantes do simpósio orga- outros sectores vitais são aqui instados a iden- Quero compreender o conceito perdoar da
nizado pela Fundação Samora Machel, e que tificar e usar todos os métodos possíveis para activista não como um acto de esquecimento
contou com a presença do ex-chefe de Estado contribuir na resolução de conflitos que o país do erro, mas sim do reconhecimento do mes-
da República Unida da Tanzânia, insurgiu-se tem, sem nenhum sentimento de ódio ou vi- mo, análise contextual, motivações. Pode isso
contra a forma os líderes africanos estão a ser garice. Não podemos permitir que erros co- fazer com que o erro nos ajude a tomar me-
tratados no mundo e no continente africano, metidos ponham em risco todas as conquistas lhores decisões no futuro.
em particular. obtidas e, acima de tudo, minem a construção Por exemplo, Guebuza pode ter cometido
Viajou no tempo e trouxe figuras tais como de uma nação. erros na execução do plano estratégico da de-
Kwame Nkrumah, Muammar Gaddafi, Jose- Para a mamã Graça, os erros não devem fesa da Zona Económica Exclusiva, caso me-
ph-Désiré Mobutu, Gamal Abdel Nasser, Ro- ser o motivo de marginalização e banalização diático ”Ematum”, mas todos somos unâni-
bert Mugabe, Léopold Sedar Senghor, Cheik destas figuras. Quem esteve atento à disser- mes em afirmar que a decisão foi acertada e
Anta Diop, Thomas Sankara, Eduardo Mon- tação pôde ver que ela fazia esta abordagem Moçambique precisa de meios para defender
dlane, Samora Machel, dentre outras que são com o olhar fixado em duas figuras que fize- a sua soberania, isto é consensual. É este per-
uma referência obrigatória para o ensino e ram parte deste simpósio. Graça aprofundou doar que não deve nos amarrar no sentimento
formação dos jovens da nova geração. seu desabafo, apontado para as figuras dos ex- cíclico de ódio, repulsa e maus-tratos à figura
Há várias personalidades que devem, ou -presidentes Joaquim Alberto Chissano e Ar- do ex-presidente Armando Emílio Guebuza.
seja, merecem ser apontadas na história da mando Emílio Guebuza. Foi tão comovente e Repito, apoio Graça Machel, pelo menos
África como referências, isto pela forma de- emocionante a forma corajosa como a activis- ela foi corajosa e trouxe à boca do mundo o
terminante e comprometida com que lutaram ta levou-nos a reflectir sobre a importância do que tantos, e já há bastante tempo, queriam
pelas causas de libertação e união de África. trabalho desenvolvido por ambos, enaltecen- ou querem expressar à volta deste assunto.
Graça Machel é da opinião de que África do que, nesta tentativa de bem-servir, clara- A falta de perdão e compreensão entre os
precisa de estudar os feitos dos seus líderes. mente pode ter havido erros. que nos lideram pode ser um factor contri-
“Precisamos de compreender motivações Estou claramente de acordo com a postu- buinte para que, em cada fim do ciclo de go-
e aspirações que guiaram os nossos líderes ra da activista social. Tem sido visível a forma vernação, encontremos líderes que teimam
para esta África que hoje usufruímos, é pre- banal como a juventude trata a figura do ex- em violar a Constituição da República em
ciso parar com agendas ocidentais focadas em -presidente Armando Emílio Guebuza. Aliás, nome da permanência perpétua no poder. São
transmitir valores que pouco de África dizem é preciso referenciar que, talvez por conta do estes mesmos líderes que de tudo fazem para
e nossos filhos devem aprender a história da tempo, para o presidente Chissano a situação manter a hegemonia, revelando o medo de se-
África para que destes líderes saiam novos tenha melhorado, mas também foi vítima de rem também tratados da mesma forma pelos
líderes”. bullying e maus-tratos, chegando até a rece- seus sucessores.
Acrescenta que, no processo de construção ber nomes pejorativos durante os anos da sua África não pode ter política de hostilidade
e pacificação de África, há reconhecimento governação. e perseguição, ou seja, métodos e atitudes de
do factor erro. A independência africana foi Alguma opinião académica condena o sacrificar este ou aquele líder por conta dos
conquistada a ferro e fogo e, nesta epopeia, é posicionamento da activista social, o que no erros cometidos, e é isto que se deve evitar.
compreensível que tenha existido algum tipo mundo de concertação de ideias, assim como Viva a iluminada activista das causas
de excesso, mas a meta era única: pacificar e de liberdade de expressão, não deve ser visto sociais!
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HISTÓRIAS DE VIDA
Uma das maiores provas do su- te da República Unida da Tanzânia, é aplicável a todas as esferas da so-
cesso da colonização em África, Julius Nyerere, sobre quem se de- ciedade moçambicana.
mas particularmente em Moçam- bruçou Jakaya Kikwete, que tam- É inegável – porque por demais
bique, é o desdém com que a socie- bém liderou aquele país irmão. evidente – a crise de auto-estima
dade olha para tudo o que é local/ Na plateia, estavam ilustres con- que se apossou dos moçambica-
nacional. Ao moçambicano, foi vidados, incluindo Joaquim Chis- nos. Abduzidos pela globalização,
transmitida a ideia de que tudo o sano e Armando Guebuza, que têm viram o processo de aculturação
que é de dentro é defeituoso, e em em comum o facto de terem sido aproveitar o terreno fértil prepara-
certos casos até pecaminoso. Por presidentes de Moçambique, sen- do pelo colonialismo para consu-
isso mesmo, deve ser erradicado e do que, antes disso, estiveram pro- mar a completa alienação de todo
substituído por aquilo que é “belo e fundamente envolvidos na Luta um povo. Hoje, os moçambicanos
nobre” - o alheio. Armada de Libertação de Moçam- sabem mais dos Estados Unidos
Mostrando ser bons alunos, os bique. De forma astuta, Graça Ma- da América do que do seu próprio
moçambicanos seguem os ensina- chel convidou os moçambicanos país, cantam e dançam ritmos mu-
mentos ao pé da letra, com um ri- a “ignorarem” os erros dos heróis sicais de Angola e África do Sul; e
gor típico dos mais fanáticos cren- moçambicanos – em particular dos interessam-se mais pela história
tes afectos às seitas religiosas que, dois ex-estadistas – valorizando os de Malcolm X do que pela epopeia
nos últimos tempos, surgem quais seus grandes feitos. heróica e gloriosa de Eduardo Chi-
cogumelos. Em obediência aos sa- Em alguns círculos de opinião, vambo Mondlane, o célebre arqui-
grados ensinamentos, os moçambi- a mensagem da antiga primeira- tecto da unidade nacional.
canos abandonam os seus hábitos e -dama foi interpretada como uma Atingimos um estágio de falta
costumes, apodados como diabó- tentativa de dar imunidade aos li- de amor-próprio sem paralelo ao
licos, e atribuem um estatuto infe- bertadores da pátria ou de sugerir nível da Comunidade de Desen-
rior às suas próprias línguas. que estes deviam ter uma espécie volvimento da África Austral, e se
Transmitidas de geração em ge- de carta-branca para “fazer e des- não invertermos esta tendência,
ração, estas lições, verdadeiramen- fazer”. É uma leitura aceitável, até facilmente chegaremos a um pon-
te corrosivas para a auto-estima, porque é provável que os termos to de perda total da identidade
levaram o povo, sobretudo os mais usados conduzam a essa conclusão. nacional.
novos, a um ponto perigoso e ver- No entanto, entendemos nós que o O “muro na mesa” da mamã
gonhoso, em que simplesmente não propósito da presidente do Fundo Graça é, por estas e por outras,
se revêem nos valores culturais nem de Desenvolvimento da Comuni- mais do que oportuno. Os mo-
na história da sua própria pátria. dade (FDC) é outro. çambicanos precisam perceber, de
Foi exactamente a isso que aludiu Quanto a nós, a activista social uma vez por todas, que, não sendo
a antiga ministra da Educação de quis convocar a sociedade para superiores a nenhum outro povo,
Moçambique, Graça Machel, num uma reflexão em torno da forma também não são inferiores em
simpósio organizado pela Funda- como a sociedade trata o que é nada, pelo que não há razão para
ção Samora Machel, em parceria “seu”, e embora tenha destacado que se envergonhem dos seus he-
com a Universidade Eduardo Mon- figuras políticas e ligadas à liberta- róis, da sua cultura, da sua identi-
dlane (UEM). O mote do evento foi ção do país do jugo colonial portu- dade e da sua mística. A moçam-
a vida e obra do primeiro presiden- guês, parece-nos que o raciocínio bicanidade é sagrada.
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• Continuação da Pag 06
de que ele não se encontra? Vamos cumprir com
as ordens, levamos estes e diremos lá que a mãe
não estava, assim ela fica a cuidar destas crianças.
E assim aconteceu, fomos. Chegados lá no quar-
tel, eles separaram-me do meu irmão e do nosso
vizinho, a mim foram deixar numa cela do quartel,
um sítio bastante escuro, onde nem um raio solar
penetrava, ou seja, lá dentro, não havia diferença
entre noite e dia.
D&F – Mas sofria interrogatório?
MD – Estou a dizer que fui muito torturado. Nas
noites, vinham tirar-me para as matas e diziam que
era o meu último dia, caso eu não dissesse onde es-
tava Afonso, e apontavam-me na cabeça com uma
arma (pistola), empurravam-me, faziam tudo quanto
pretendiam comigo e obrigavam-me a dizer onde
é que estava Afonso, e a minha resposta era apenas
uma e única. Tudo isso aconteceu ainda no decurso
de 1977.
D&F – E qual era mesmo a resposta que lhes
dava?
MD – Eu dizia a eles que não sabia onde é que ele
estava e que eles é que deviam dizer a mim onde
meu filho se encontrava, porque eu sabia que ele es-
tava na tropa, com eles. Um dia, eu pedi a eles que
me matassem de uma vez por todas, pois não tinha
outra resposta a dar-lhes, e, meses depois, acabaram
me libertando.
D&F - Ele nunca mandou cartas ou seus milita-
res para virem tranquilizar a família?
MD – Nunca fez isso. Simplesmente, obtínhamos
informações pela via que acabo de dizer.
D& F – Mas, no seu entender, ele conseguia ter Afonso Dhlakama já demonstrava liderança na infância, afirma o pai (DW)
informação de tudo quanto acontecia convosco?
MD – Acredito que sim. Eu acho que ele tinha in- mos a vida quase que no mato. Nós aqui em casa D&F – E quando é que as tropas da Frelimo pa-
formadores ou, no mínimo, devia ter consciência dos vivíamos fugindo das tropas da Frelimo e, em simul- raram de lhe perseguir?
perigos a que estávamos sujeitos, porque isso acon- tâneo, das da Renamo, tal como acontecia com ou- MD – Risos... Depois de as crianças terem sido le-
teceu numa altura em que bastava ter um filho ou fa- tras famílias. Veja que, um dia, eu estando no mato, vadas pelas tropas da Renamo, não passaram muitos
miliar suspeito de estar do outro lado do movimento fugitivo, apareceram tropas da Renamo, e mais tar- dias, outros militares, também da Renamo, vieram
para seres carregado para a reeducação. de ficámos a saber que vinham a mando de Afonso, aqui, vasculharam as matas onde vivíamos, e “rap-
D&F – Nessa mesma altura, em termos de am- e raptaram as crianças que se encontravam aqui em taram” a nós todos da família, e não ficou ninguém.
biente militar aqui na zona, como é que estava? casa, nomeadamente o Elias, Mabote, estes dois são Nesse mesmo dia, muitos residentes daqui de Man-
Havia guerra? irmãos dele, e outras três crianças, primos dele. Esse gunde foram juntamente levados connosco, e ficá-
MD – Sim. A zona já estava afectada, tanto é que foi outro momento de muito sofrimento para a fa- mos a saber que estavam a cumprir ordens do meu
chegámos a perder uma senhora, que accionou uma mília, porque não sabíamos, de facto, o que estava filho, que visava salvar-nos das tropas da Frelimo,
mina e foi despedaçada no local. Isso aconteceu aqui, a acontecer, ou por outra, se essas crianças foram le- que não deixavam a zona à vontade. Aliás, aqui po-
bem próximo de casa, mas não soubemos quem é vadas pelas tropas da Frelimo para serem mortas ou des ter a resposta daquela pergunta que fizeste so-
que tinha colocado essa mina. Pelo facto, passáva- pelas da Renamo com a mesma finalidade. bre se meu filho acompanhava ou não o que acon-
tecia connosco.
D&F – Pode contar-nos detalhadamente como
Estou a dizer que fui muito tortu- é que isso aconteceu?
MD – Sim, o que estou a dizer aconteceu em 1980,
rado. Nas noites, vinham tirar-me no dia 16 de Outubro, ele mandou as suas tropas
operativas em número bastante elevado para virem
para as matas e diziam que era o meu buscar-me, juntamente com toda a família. Recordo-
-me que foi um ambiente também assustador e de
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INSS expõe na “Segurança e Saúde
no trabalho”
A
delegação provincial do Ins-
tituto Nacional de Segurança Falando na cerimónia de abertura,
Social (INSS) de Maputo ex-
pôs, na passada Quarta-feira, a directora dos Serviços Provinciais
os seus serviços a empresas, trabalhadores
e outros actores do mercado laboral local, de Justiça e Trabalho de Maputo, Ilda Tem-
durante o V seminário provincial sobre
Segurança e Saúde no Trabalho, que de- be, reafirmou o compromisso das autori-
correu no Instituto Industrial e Comercial
da Matola, sob o lema "Agir em conjunto
dades em tornar o trabalho cada vez mais
para construir uma cultura de segurança e
saúde positiva".
seguro, sadio e digno para a pessoa hu-
mana, mediante a elevação da consciên-
D&F Texto: Cortesia
cia pública sobre os efeitos nefastos da
Tratou-se de uma iniciativa da delegação pro-
vincial da Inspecção-Geral do Trabalho (IGT) sinistralidade laboral.
de Maputo, no qual se debruçou em torno da
higiene e segurança no trabalho, cujo objectivo e saúde no seu local de trabalho. O evento da Durante o seminário, que teve a duração de
foi de levar a debate os direitos fundamentais do Matola foi a réplica do seminário nacional que um dia, o INSS sensibilizou os cerca de 200 par-
trabalhador, no que diz respeito à sua segurança teve lugar, recentemente, na cidade de Tete. ticipantes sobre o uso da plataforma M-Contri-
buição, uma ferramenta que per-
mite que os utentes, sem precisar
de se deslocarem aos balcões do
INSS, tenham toda a informação
que pretendem, a pertinência de
o patronato inscrever a empresa,
os trabalhadores e canalizar, re-
gularmente, as contribuições nos
prazos estabelecidos pelo Regula-
mento da Segurança Social Obri-
gatória, entre outros temas.
Falando na cerimónia de aber-
tura, a directora dos Serviços Pro-
vinciais de Justiça e Trabalho de
Maputo, Ilda Tembe, reafirmou o
compromisso das autoridades em
tornar o trabalho cada vez mais
seguro, sadio e digno para a pes-
soa humana, mediante a elevação
da consciência pública sobre os
efeitos nefastos da sinistralidade
laboral.
Entre os presentes no evento,
para além dos quadros do INSS e
da IGT, a OTM-Central Sindical,
a CONSILMO, o Conselho Em-
presarial Provincial (CEP), a Pro-
curadoria da República, que apre-
sentou temas sobre a matéria, o
Gabinete de Prevenção e Combate
ao HIV- SIDA, a empresa Cimen-
tos de Moçambique, a Associação
Moçambicana de Profissionais de
Saúde Ocupacional e Seguran-
ça no Trabalho (AMOSSETRA),
para além de trabalhadores de di-
ferentes empresas da província de
Standard do INSS Maputo.
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Júlio Parruque quer melhor gestão das
escolas
O
governador da província de
Maputo, Júlio Parruque, de-
fende a devolução do poder
aos professores para educa-
rem os alunos na plenitude. Defende
ainda o cuidado às escolas, sendo estas
um património do povo.
PROVÍNCIA DE MAPUTO
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AVISA KAMAL BADRÚ
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A TERRAhttps://t.me/+_2ZrVaXr8M01ODI0
E OS HOMENS Fotos de Albino Mahumana
as minhas portas. Nas dificul- Muzilene deseja mais bênçãos “divinas”, pois
tem um projecto com vista a resgatar todas as
pessoas que estão a trilhar os meus caminhos.
dades, consegui virar-me, conse- “Tenho um projecto muito brilhante de
workshops nas escolas primárias e secundárias.
Mall e eles aceitaram que trabalhas- arte tem o poder de transformar a pessoa que
faz coisas maliciosas”, explicou.
O nosso interlocutor ganhou o primeiro e
se aqui, exactamente naquele mo- segundo prémios numa exposição feita na Es-
cola de Artes Visuais, num concurso promovido
pelo Fundo Nacional de Energia (FUNAE). Arre-
mento em que estava a começar a cadou igualmente o primeiro prémio no Núcleo
de Arte, numa exposição intitulada “Com Mar
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50Mt
I
BRASIL
NTERNACIONAL GARGANTA FUNDA
Graça Machel na
& Dossiers
Factos
O
uma palestra onde convidou a qualquer preço. Na cultura,
número de mortos Equipes de resgate estão trabalhando um ex-presidente tanzaniano, tudo que vem de fora é melhor
pelas chuvas torren- com o auxílio de cães farejadores e na esteira desse encontro que o nosso, para não falar da
e equipamentos em busca de ela deixou ficar um discurso luta geracional nesta área, no
ciais que atingem a
desaparecidos. de reconciliação, sendo que, desporto (os nossos Mambas
região metropolita-
Ao todo, 593 pessoas que ficaram para cimentar esse discurso, viraram um saco de pancada).
na do Recife subiu para 56 nes- ilhadas em várias localidades foram estiveram lado a lado os Felizmente, as senhoras vão
te domingo (29/05), segundo o resgatadas desde sábado.
ex-presidentes Chissano e dando o ar da sua graça e vão
governo de Pernambuco, que De acordo com a prefeitura do Recife, Guebuza. Estamos a viver disfarçando o caos social. Neste
também contabiliza informou o alerta de fortes chuvas neste final
momentos difíceis como país, momento, somos um povo sem
56 desaparecidos. de semana continua. A Defesa Civil
estadual orienta que moradores de em que ninguém acredita em alma. Alguém tem que nos unir,
áreas de risco deixem morros e encostas ninguém. Se éramos um povo alguém tem que pacificar os
Também há registro de 3.957 e busquem abrigos seguros. pacífico, melhor esquecer, nossos corações, e as mulheres
desabrigados, especialmente nos O impacto dos temporais levou nove porque isso ficou lá atrás, são o nosso suporte emocional,
municípios da Região Metropolitana municípios a decretarem situação de estamos embrutecidos, por são elas que nascem, dão à luz,
da capital. As chuvas castigam o estado emergência: Recife, Olinda, Jaboatão que não sei, mas a fotografia são elas que nos educam. Bem-
desde a segunda-feira. A primeira dos Guararapes, São José da Coroa não é boa. As redes sociais haja, mamã Graça, por dar o
morte foi registrada na quarta-feira. Grande, Moreno, Nazaré da Mata, trouxeram o pior de nós, e é primeiro passo. Não pare, mãe, o
Em meio a uma trégua da chuva, Macaparana, Cabo de Santo Agostinho
lá onde desaguam as nossas momento é de olhar para dentro
cerca de 1.200 militares - segundo e São Vicente Ferrer.
frustrações como povo. Os mais de casa.
o governo do estado - do Corpo de O presidente Jair Bolsonaro anunciou
Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar em suas redes sociais neste domingo
O maior país de
e Assistência Social, com auxílio de que irá a Pernambuco para "melhor se
helicópteros e barcos, retomaram os inteirar da tragédia".
trabalhos de busca pela manhã por
pessoas desaparecidas. A tempestade
vem provocando deslizamentos de
terra em morros, transbordamento de
rios e grandes torrentes de lama.
Neste domingo, equipes dos
ministérios do Desenvolvimento
Regional, da Cidadania, da Defesa,
da Saúde e também das Forças
Armadas foram para o Grande Recife,
3 África
De acordo com o governo de com a participação dos ministros das Zimbabwe já não faz fronteira o objectivo a atingir com tanto
Pernambuco, foram registrados 12 respectivas pastas. jps (AFP, Agência com Moçambique. Ao que tudo desnorte. Primeiro foi aquele
pontos de deslizamento na região. Brasil, ots) indica, este país, ex-vizinho e irmão, barulho de conteúdos estranhos,
agora está deslocado para a região onde se incentivava os meninos
do Magrebe, pois é banhado pelo a serem “diferentes”, e agora vem
Mar Vermelho e passa pelo Golfo este texto totalmente sem sentido.
de Aden. Aliás, provavelmente A pergunta que não cala é porque
deve ser o país mais extenso do é que estão constantemente a
mundo, porque está em toda mexer no currículo, porque é que
África, faz fronteira com o Sudão, as matérias estão constantemente
Malawi, Congo, Moçambique, a serem remexidas, a quem querem
enfim, está em toda a África. agradar? Todo dirigente que
Estranho não é? Pois é. O MINEDH, chega ao Ministério da Educação
através do seu livro da sexta classe, e Desenvolvimento Humano tem
acabou de consagrar o Zimbabwe que deixar a sua marca e corre
como um país mutante e elástico. para o currículo escolar. Trazem
O mapa cor-de-rosa finalmente essas aberrações a que vamos
foi executado com sucesso. Esses assistindo. Para Garganta, tal
dados constam deste manual de como a Constituição da República,
ensino, o que é muito preocupante. o currículo escolar deveria ser
Não dá para perceber o que está “sagrado”. Chamboco para quem
Inundações tomaram conta de Recife a acontecer com o ensino, qual é mexer de qualquer maneira.