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ANO
O
CADERNO DO
ESTUDANTE
COMO PENSAR
TUDO ISTO?
SOLUÇÕES
Soluções das fichas de verificação
1 F 1 F 1 F 1 F
2 V 2 F 2 V 2 F
3 F 3 V 3 F 3 V
4 F 4 F 4 F 4 V
5 V 5 V 5 F 5 F
6 F 6 F 6 V 6 F
7 V 7 V 7 F 7 V
8 F 8 F 8 F 8 V
9 F 9 F 9 V 9 F
10 F 10 F 10 F 10 V
11 V 11 V 11 F 11 V
12 F 12 F 12 F 12 V
13 F 13 F 13 V 13 F
14 F 14 F 14 F 14 F
15 V 15 V 15 F 15 F
16 V 16 F 16 F 16 V
17 F 17 F 17 V 17 V
18 V 18 V 18 F 18 F
19 F 19 V 19 V 19 F
20 F 20 V 20 F 20 V
1
Orientações para a aplicação dos critérios de classificação
Para que possas verificar o teu desempenho nas Fichas Formativas, apresentamos-te Cri-
térios de Correção para cada uma delas. Assim, poderás ter uma ideia da classificação obtida
e, se for esse o caso, do que precisas de fazer para melhorar.
Estes Critérios de Correção têm uma estrutura semelhante àquela que é aplicada na cor-
reção dos Exames Nacionais; assim também já ficas com uma ideia de como essas provas são
classificadas.
As Fichas Formativas estão cotadas para um total de 200 pontos (o que corresponde a
20 valores). Regra geral, elas apresentam as seguintes tipologias de questões: questões de
escolha múltipla, questões de resposta direta e objetiva e questões de desenvolvimento.
A classificação de cada uma destas tipologias de exercícios obedece a regras próprias. Veja-
mos, em seguida, em que é que consistem e como se aplicam essas regras.
2
Descritores do nível de desempenho no domínio da
comunicação escrita em língua portuguesa
As linhas (horizontais) servem para avaliares a tua resposta no que diz respeito ao domínio
específico da disciplina. Para obter o nível 3, deves cumprir todos os descritores apresentados
nesse patamar. Se não cumprires um deles, verifica se cumpres os descritores do nível 2. Se
isso não acontecer, faz o mesmo para o nível 1. Se isso não acontecer, então a classificação da
tua resposta será 0 pontos. Depois de identificares o teu desempenho em termos científicos,
deves avaliar o teu desempenho linguístico, ou seja, tens de verificar qual das colunas (ver-
ticais) se aplica melhor à tua resposta. Por exemplo, imagina que a tua resposta cumpria os
descritores científicos do nível 3; para saber se a tua resposta deve ser classificada com 18, 19
ou 20, deves considerar o seguinte:
• se o teu discurso apresenta incorreções que comprometem parcialmente a sua clareza, a
classificação a atribuir é a que se encontra na coluna 1 (18 pontos, no exemplo apresentado);
• se o teu discurso apresenta incorreções que não comprometem a clareza, a classificação a
atribuir é a que se encontra na coluna 2 (19 pontos, no exemplo apresentado);
• se o teu discurso é globalmente claro e correto, podendo apresentar falhas pontuais, a clas-
sificação a atribuir é a que se encontra na coluna 3 (20 pontos, no exemplo apresentado).
3
Questões de desenvolvimento
Nas questões de desenvolvimento, os critérios de classificação apresentam-se organizados
por parâmetros:
A – Problematização;
B – Argumentação;
C – Adequação;
D – Comunicação.
Cada parâmetro encontra-se organizado por níveis de desempenho.
A cada nível de desempenho corresponde uma dada pontuação.
Se não for atingido o nível 1 de desempenho num dado parâmetro, a classificação a atribuir
a esse parâmetro é 0 pontos. O parâmetro D – Comunicação só é classificado se for atingido o
nível 1 de desempenho em, pelo menos, um dos outros parâmetros. A classificação a atribuir à
resposta resulta da soma das pontuações atribuídas aos diferentes parâmetros.
4
Soluções das fichas formativas
Capítulo 1
GRUPO I
1 (B) 8
2 (A) 8
3 (D) 8
4 (B) 8
5 (D) 8
6 (A) 8
7 (B) 8
8 (A) 8
9 (C) 8
10 (C) 8
5
GRUPO II
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
O argumento cético da regressão infinita parte do pressuposto de que todas as crenças se jus-
tificam com base noutras crenças. Mas, se esse fosse o caso, cada vez que tentamos justificar
uma crença apresentamos outra crença que, por sua vez, também precisa de ser justificada
com base noutra, e assim sucessivamente até ao infinito. Nesse caso, nunca teremos uma
crença devidamente justificada e, consequentemente, nunca teremos conhecimento.
Contudo, é possível rejeitar o pressuposto de que todas as crenças se justificam com base
noutras crenças. É justamente isso que fazem os fundacionalistas. Para os fundacionalistas,
existem dois tipos de crenças – as crenças básicas e não-básicas.
As crenças não-básicas precisam de ser justificadas com base noutras crenças, ao passo que
as crenças básicas são autoevidentes, isto é, são de tal modo evidentes que não precisam de
ser justificadas por outras crenças: justificam-se a si mesmas.
Assim sendo, bastaria uma crença básica para travar a regressão infinita de justificação, ser-
vindo assim de fundamento para toda a cadeia de justificações.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
6
Cenário de resposta – 2.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Descartes considera que existem três tipos de ideias – as ideias adventícias, as ideias factícias
e as ideias inatas:
• as ideias adventícias são ideias que não dependem da sua vontade e parecem ser causa-
das por objetos físicos exteriores à mente (como por exemplo, ouvir um ruído, ver o sol,
sentir o calor das chamas…);
• as ideias factícias são ideias inventadas pela vontade e imaginação a partir de outras
ideias (como por exemplo, sereias, unicórnios, centauros...);
• as ideias inatas são ideias que não parecem ser causadas por objetos físicos exteriores à
sua mente nem dependem da sua vontade (isto é, não são criadas pela sua imaginação).
Descartes considera que a ideia de Deus, ou Ser Perfeito, só pode fazer parte deste último
conjunto porque a ideia de Deus não corresponde à ideia de algo material que parece ter sido
introduzido na mente através dos sentidos, ou seja, não é uma ideia adventícia. Além disso,
Descartes considera que esta ideia não pode ser factícia, pois isso implicaria que a ideia tinha
sido produzida pelo próprio (Descartes) através da sua imaginação. Contudo, Descartes con-
sidera que uma causa tem sempre de ser tão perfeita quanto os seus efeitos (isto é, o menos
perfeito nunca pode dar origem ao mais perfeito). Ora, uma vez que ele duvida, não é perfeito e,
por conseguinte, não pode ser a origem da sua ideia de perfeição. Resta assim a possibilidade
de esta ideia ter sido posta no seu espírito por um ser tão perfeito quanto ela, ou seja, por Deus.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
7
Cenário de resposta – 3.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Hume pensa que não podemos justificadamente confiar na indução, visto que esta não pode
ser justificada a priori, pois não se trata de uma relação de ideias, visto que o seu contrário
não implica contradição (não é contraditório o sol não nascer amanhã apesar de, até hoje, ter
nascido todos os dias); nem pode ser justificada a posteriori, porque recorrendo à experiência
teremos apenas acesso a alguns casos de indução e, se generalizarmos a partir de alguns ca-
sos bem-sucedidos para todos os outros, estaremos a cometer uma petição de princípio, pois
estaremos a recorrer à indução para justificar a nossa confiança na própria indução.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
8
Cenário de resposta – 4.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
A objeção do tom de azul desconhecido é um contraexemplo ao princípio da cópia, de acordo
com o qual todas as nossas ideias são cópias das nossas impressões.
Este contraexemplo consiste em imaginar uma situação em que alguém é colocado perante
uma vasta gama de tons de azul, tendo um dos tons de azul sido propositadamente escondi-
do. Alguém que nunca tenha tido experiência desse particular tom de azul pode, ainda assim,
formar uma ideia a seu respeito, mesmo na ausência de uma impressão que lhe corresponda.
Ora, isso não seria possível se, de facto, todas as nossas ideias fossem cópias de impressões.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
9
GRUPO III
Clarificação do problema
• Problema da possibilidade do conhecimento: Será o conhecimento possível?
Opção A
Concordar com o autor do texto e defender o ceticismo:
• Defender o ceticismo com base no argumento cético da regressão infinita;
• Rejeitar o empirismo de David Hume mostrando que, uma vez que só temos acesso
às nossas representações mentais, nunca poderemos estar certos de que existe um
mundo exterior às nossas mentes;
• Rejeitar o racionalismo de René Descartes mostrando que nem sequer a proposição
“Penso; logo, existo!” é absolutamente certa e indubitável.
Opção B
Discordar do autor do texto e defender o racionalismo:
• Defender o racionalismo cartesiano com base na indubitabilidade do cogito “Penso;
logo, existo!”;
• Rejeitar o empirismo de David Hume mostrando que podemos formar ideia de certas
tonalidades, apesar de nunca as termos visto;
• Rejeitar o ceticismo, mostrando que nem todas as crenças se justificam com base
noutras, como é o caso do cogito.
10
Opção C
Discordar do autor do texto e defender o empirismo:
• Defender o empirismo de David Hume com base no argumento da prioridade, ou do
cego de nascença;
• Rejeitar o racionalismo de René Descartes, mostrando que a proposição “Penso; logo,
existo!” é absolutamente certa e indubitável;
• Rejeitar o ceticismo, mostrando que nem todas as crenças se justificam com base
noutras, como é o caso das crenças acerca da nossa experiência imediata, como por
exemplo: “estou a ter uma sensação de azul”.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos
parâmetros seguintes.
11
Apresenta inequivocamente a posição defendida.
Evidencia um domínio satisfatório das competências
argumentativas, elencando argumentos, razões ou
exemplos.
2 12
Apresenta, com imprecisões, argumentos persuasivos,
B razões ponderosas ou exemplos adequados e
plausíveis a favor da posição defendida ou contra a
Argumentação posição rival da defendida.
a favor de uma
posição pessoal Apresenta a posição defendida, ainda que de modo
implícito.
Evidencia uma intenção argumentativa, mas os
1 argumentos ou razões apresentados a favor da 8
perspetiva defendida, ou contra a perspetiva rival da
defendida, são fracos ou claramente falaciosos, ou os
exemplos selecionados são inadequados.
Aplica rigorosa e coerentemente os conceitos
relevantes para a discussão do problema em causa.
3 Mobiliza (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) 12
à discussão do problema em causa, mostrando
compreensão sistemática dessa(s) perspetiva(s).
Aplica, com imprecisões pontuais mas de modo
globalmente adequado, os conceitos relevantes para a
discussão do problema da compatibilidade.
C
2 Mobiliza, com imprecisões pontuais, (uma) 8
Adequação
perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do
conceptual
problema em causa, mostrando compreensão dos
e teórica
aspetos centrais dessa(s) perspetiva(s).
Aplica escassamente, e com imprecisões, conceitos
relevantes para a discussão do problema da
compatibilidade.
1 Mobiliza, com imprecisões, (uma) perspetiva(s) 6
teórica(s) adequada(s) à discussão do problema a
que o texto responde, mostrando uma compreensão
rudimentar dessa(s) perspetiva(s).
Apresenta um discurso estruturado e fluente.
3 Escreve com sintaxe, ortografia e pontuação 4
globalmente corretas.
Apresenta um discurso razoavelmente estruturado.
Escreve com sintaxe, ortografia e pontuação
globalmente corretas.
D 2 OU 3
Comunicação Apresenta um discurso estruturado e fluente.
Escreve com incorreções sintáticas, ortográficas ou de
pontuação que não afetam a inteligibilidade do discurso.
Apresenta um discurso pouco estruturado.
GRUPO I
1 (D) 8
2 (C) 8
3 (D) 8
4 (C) 8
5 (A) 8
6 (C) 8
7 (A) 8
8 (C) 8
9 (C) 8
10 (D) 8
13
GRUPO II
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
O critério de demarcação proposto por Popper é a falsificabilidade, testabilidade ou refutabili-
dade, tal como refere o autor no texto.
De acordo com este critério, uma teoria só é científica se é, à partida, empiricamente falsificá-
vel, isto é, se, à partida, somos capazes de conceber um teste experimental que seria capaz de
demonstrar que essa teoria é falsa.
De entre as várias críticas que são levantadas a este critério, podemos destacar a de que o
falsificacionismo não está de acordo com a prática científica.
Ora, afirma-se que o falsificacionismo não está de acordo com a prática científica porque, na
prática científica habitual, os cientistas trabalham no sentido de confirmar as suas teorias, e
não no sentido de as falsificar ou refutar. Daí o autor referir que este critério está longe de ser
óbvio e raramente é compreendido.
Nota: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
14
Cenário de resposta – 2.1
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
De entre as várias razões que levaram Popper a opor-se à perspetiva segundo a qual a ciência
começa com a observação, destaca-se o facto de a observação em ciência não ser pura nem
imparcial.
Quando partimos para uma observação, dispomos já de expectativas prévias que necessa-
riamente vão condicionar ou influenciar as nossas observações e interpretação dos factos.
Ou seja, não existe uma observação pura e imparcial dos factos, pois o nosso contacto com o
mundo, quer seja através da experiência sensorial sob a forma da observação, quer seja atra-
vés das nossas ações, é sempre mediado por teorias e expectativas que já dispomos acerca do
lugar onde habitamos.
A mente dos cientistas não é uma tábua rasa, uma vez que as teorias e expectativas prévias
influenciam a forma como os cientistas interpretam aquilo que observam e leva-os a selecio-
nar os aspetos da realidade que melhor se adequam aos propósitos das suas investigações.
Nota: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
15
Cenário de resposta – 3.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
A acumulação de anomalias é uma das condições que pode levar a um período de crise na
ciência.
Nem sempre o trabalho de resolução de enigmas, característico do período de ciência normal,
decorre de acordo com o esperado. Por vezes, os cientistas tropeçam em acontecimentos que
o paradigma vigente pode não conseguir explicar de modo adequado.
Uma vez que estes percalços experimentais fazem parte de qualquer processo de investiga-
ção, pequenas anomalias são normalmente vistas com repúdio pela comunidade científica.
Contudo, quando o fracasso se torna persistente de tal forma que ponha em causa as con-
vicções ou maneiras de proceder aceites, a confiança no paradigma vigente é naturalmente
abalada e a ciência entra em crise.
Nota: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
16
Cenário de resposta – 4.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
De entre as críticas apresentadas a Thomas Kuhn acerca do desenvolvimento da ciência e,
nomeadamente, à tese da incomensurabilidade de paradigmas, destaca-se a objeção baseada
no crescente sucesso da ciência.
A objeção baseada no crescente sucesso da ciência sustenta a ideia de que, uma vez que as
teorias científicas atuais têm uma maior capacidade de prever o comportamento da natureza
do que as suas antecessoras, podemos concluir que estão mais próximas da verdade, o que
significa que a tese da incomensurabilidade é falsa.
Nota: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
17
GRUPO III
Clarificação do problema
• Problema da evolução da ciência ou do progresso científico.
• Será que há progresso científico?
Opção A
No caso de o aluno concordar com a perspetiva de Kuhn:
• Existem períodos de ciência normal em que a prática científica é orientada por um pa-
radigma e em que o desenvolvimento da ciência é cumulativo;
• Os períodos de ciência normal são interrompidos por períodos de ciência extraordinária
que culminam em revoluções científicas;
• Uma revolução científica consiste numa mudança de paradigma – o novo paradigma e
o paradigma anterior são incomensuráveis;
• A incomensurabilidade dos paradigmas contraria a noção de que a ciência, no seu todo,
progride cumulativamente na direção da verdade.
Opção B
No caso de o aluno discordar da perspetiva de Kuhn:
• O progresso da ciência implica que as teorias possam ser comparadas;
• As teorias podem ser comparadas considerando a sua resistência a testes empíricos
rigorosos;
• As novas teorias corrigem os erros das anteriores e alargam o seu campo de aplicação;
• Ao eliminar erros, as novas teorias aproximam-se cada vez mais da verdade.
Nota: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
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A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos
parâmetros seguintes.
A – Problematização ........................................................................................................................ 8 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal .............................................................. 16 pontos
C – Adequação conceptual e teórica ........................................................................................... 12 pontos
D – Comunicação ............................................................................................................................... 4 pontos
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Aplica rigorosa e coerentemente os conceitos relevantes
para a discussão do problema em causa.
3 Mobiliza (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) 12
à discussão do problema em causa, mostrando
compreensão sistemática dessa(s) perspetiva(s).
Aplica, com imprecisões pontuais, mas de modo
globalmente adequado, os conceitos relevantes para a
discussão do problema da compatibilidade.
C
2 Mobiliza, com imprecisões pontuais, (uma) perspetiva(s) 8
Adequação
teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em
conceptual
causa, mostrando compreensão dos aspetos centrais
e teórica
dessa(s) perspetiva(s).
Aplica, escassamente e com imprecisões, conceitos
relevantes para a discussão do problema da
compatibilidade.
1 Mobiliza, com imprecisões, (uma) perspetiva(s) teórica(s) 6
adequada(s) à discussão do problema a que o texto
responde, mostrando uma compreensão rudimentar
dessa(s) perspetiva(s).
Apresenta um discurso estruturado e fluente.
3 Escreve com sintaxe, ortografia e pontuação 4
globalmente corretas.
Apresenta um discurso razoavelmente estruturado.
Escreve com sintaxe, ortografia e pontuação
globalmente corretas.
D 2 OU 3
Comunicação Apresenta um discurso estruturado e fluente.
Escreve com incorreções sintáticas, ortográficas ou de
pontuação que não afetam a inteligibilidade do discurso.
Apresenta um discurso pouco estruturado.
20
Capítulo 3
GRUPO I
1 (A) 8
2 (B) 8
3 (D) 8
4 (C) 8
5 (C) 8
6 (B) 8
7 (C) 8
8 (D) 8
9 (C) 8
10 (A) 8
21
GRUPO II
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Quem elogia um quadro afirmando que este é bastante realista parece aderir a uma versão da
teoria representacionista da arte. De acordo com esta teoria, para que algo seja arte é neces-
sário que seja uma representação.
Algo representa outra coisa se, e só se, um emissor tem a intenção de que algo esteja em vez
de outra coisa e o recetor compreende essa intenção.
O autor do elogio parece estar a subscrever este tipo de teoria, pois está a fazer a sua avaliação
do quadro depender da fidelidade com que retrata a realidade.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
22
Cenário de resposta – 2.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Segundo Collingwood, um ofício é uma atividade na qual uma matéria-prima é transformada
num produto previamente concebido através de uma determinada técnica (suscetível de ser
aprendida), como acontece, por exemplo, na carpintaria, na serralharia e na sapataria.
Já a arte, propriamente dita, é um processo de esclarecimento das emoções do próprio artista.
Neste sentido, o verdadeiro artista não se limita a produzir algo preconcebido – isto é, um pro-
duto final previamente idealizado – de acordo com um plano prévio, recorrendo a determinada
técnica, como acontece, por exemplo, quando alguém faz um copo, um sapato ou uma mesa.
Em vez disso, o artista começa por sentir uma agitação emocional vaga e confusa e recorre
à expressão artística para explorar, de forma consciente e deliberada, aquilo que sente, de
maneira que só depois desse processo é que é capaz de compreender inteiramente os seus
sentimentos.
Ora, se a função da arte fosse simplesmente a de encontrar os meios adequados para estimu-
lar no auditório certas emoções específicas de acordo com um plano prévio, então a arte seria
apenas um ofício. Mas a arte não pode, nem deve, ser considerada um mero ofício. Portanto, a
arte não é uma mera estimulação de emoções.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
• Faz afirmações que podem ser utilizadas para explicar por que razão
Collingwood considera que a arte não pode ser estimulação de
emoções, ou faz afirmações avulsas sobre a distinção entre arte e
1 ofício. 8 9 10
• Apresenta conteúdos irrelevantes e incorretos, mas que não
contradizem os conteúdos relevantes e corretos apresentados.
23
Cenário de resposta – 3.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
A teoria formalista da arte pode ser acusada de circularidade na medida em que define a noção
de forma significante como uma configuração de linhas, cores, formas e espaços que tem a
capacidade de provocar uma emoção estética no espetador; e, por sua vez, define a noção de
emoção estética como o tipo de emoção que sentimos quando estamos perante certas confi-
gurações de linhas, cores e formas, ou seja, quando estamos perante uma forma significante.
Ora, como se pode perceber, esta definição é viciosamente circular e pouco informativa.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
24
Cenário de resposta – 4.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Não, o requisito da artefactualidade não é considerado castrador da criatividade dos artistas
pois, de acordo com os defensores da teoria institucional da arte, a palavra “artefacto” tem um
sentido bastante mais lato do que o tradicional.
Segundo esta perspetiva, além dos objetos materiais concretos produzidos ou transformados pelos
seres humanos, também os movimentos de uma coreografia, ou as notas musicais numa dada me-
lodia, por exemplo, são artefactos; e mesmo objetos que não foram manufaturados ou cujas proprie-
dades formais não foram alteradas pela intervenção direta de um ser humano podem, em determi-
nados contextos, adquirir o estatuto de artefacto, por serem utilizados de certa maneira por alguém.
Deste modo, um simples pedaço de madeira pode ser considerado um artefacto se o usarmos
para nos defendermos de um cão, ainda que as suas propriedades formais não sejam alteradas.
Ora, algo de semelhante pode ocorrer no contexto da arte. Se o pedaço de madeira tivesse sido re-
colhido e exibido numa exposição como uma escultura, também se teria convertido num artefacto.
Assim, os defensores da teoria institucional consideram que, sem um artefacto, entendido
neste sentido lato, nem sequer se pode dizer que tenha havido lugar a qualquer tipo de criação;
portanto, o requisito da artefactualidade não pode ser visto como um elemento castrador da
criatividade dos artistas, mas antes, como uma condição necessária da própria criatividade.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
25
GRUPO III
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Clarificação do problema
• A identificação da teoria da arte segundo a qual toda a arte transmite sentimentos: teoria
expressivista da arte ou teoria da arte como expressão.
Opção B
No caso de o aluno não concordar com a teoria expressivista da arte:
• Muitos artistas afirmam não ter tido a intenção de comunicar emoções nas suas obras;
• Há obras complexas, como algumas obras de ficção, em que diferentes personagens
geram diferentes tipos de emoções nas pessoas, sendo implausível que o autor tenha
experimentado todas essas emoções;
• Os artistas e o seu público não têm de partilhar um estado emocional – por exemplo,
muitos atores estão mais preocupados em gerar uma certa emoção no público do que
em sentir genuinamente essa emoção;
26
• Despertar emoções pode ser uma questão de usar as formas adequadas, sem que o
artista precise de sentir essas emoções – por exemplo, um escritor de livros de terror
pode não ter sentido terror, mas saber como causá-lo nos leitores por meio das formas
literárias adequadas a esse fim;
• A definição de arte como expressão é demasiado restritiva, excluindo da arte um vasto
conjunto de obras geralmente aceites como tal, como é o caso, por exemplo, de obras
de arte conceptual.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
27
Capítulo 4
GRUPO I
1 (C) 8
2 (B) 8
3 (D) 8
4 (C) 8
5 (D) 8
6 (C) 8
7 (B) 8
8 (A) 8
9 (C) 8
10 (A) 8
28
GRUPO II
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
29
Cenário de resposta – 2.
De acordo com Pascal, a fé tem benefícios práticos porque a opção de acreditar em Deus tem
um melhor resultado do que não acreditar em Deus, e nunca tem um resultado pior.
Se Deus não existe, o resultado de acreditar em Deus será praticamente igual ao resultado de
não acreditar; contudo, se Deus existir, ao acreditarmos, temos a felicidade eterna (paraíso) e,
ao não acreditarmos, temos a punição eterna (inferno).
Pascal argumenta, então, que se a opção de acreditar em Deus tem um melhor resultado prá-
tico do que a alternativa de não acreditar, devemos escolher acreditar que Deus existe. Dado
que há mais benefícios na crença em Deus, segue-se que devemos apostar e passar a acreditar
que Deus existe.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
30
Cenário de resposta – 3.
Tomás de Aquino chega à conclusão de que “há um ser inteligente que dirige o mundo natural”,
a qual faz parte do argumento teleológico, ao partir da constatação de que no nosso mundo
existe ordem e finalidade, pois as coisas não parecem estar organizadas por mero acidente ou
acaso, mas sim com um propósito ou desígnio.
Por um lado, as coisas não parecem estar organizadas por mero acidente ou acaso porque,
para Tomás de Aquino, a hipótese do acaso não permite explicar o propósito ou a finalidade
dos processos naturais pois, se essa hipótese do acaso fosse verdadeira e, dessa forma, se os
processos naturais fossem fruto do mero acaso, acidente ou sorte, não se conseguiria explicar
por que razão os processos naturais agem sistematicamente de forma a produzir o melhor. Ou
seja, dado o acaso, seria improvável que os processos naturais produzissem sempre ou quase
sempre o melhor.
Por outro lado, as coisas parecem estar organizadas com um propósito ou desígnio divino, pois
tal como uma flecha só atinge a sua finalidade (o centro do alvo) se for dirigida por um ser inte-
ligente, como um arqueiro, assim também os processos naturais que carecem de inteligência
só atingem a sua finalidade (de produzir o melhor) se forem dirigidos por um ser inteligente
como Deus.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
31
Cenário de resposta – 4.
A teodiceia de Leibniz procura saber por que motivo Deus permite o mal. Para mostrar por que
razão Deus e o mal são compatíveis, Leibniz parte da ideia de que, se Deus existe, então, de
facto, Deus criou um mundo perfeito, ou seja, criou o melhor de todos os mundos possíveis.
Contudo, esse mundo tem de ter partes indesejáveis para ser perfeito, caso contrário, não seria
o melhor de todos os mundos possíveis. Isto porque um mundo sem qualquer mal não teria
muitos aspetos valiosos e bons e, dessa forma, não seria perfeito. Nomeadamente, alguns
males do mundo (como atos de ofensa) são tais que, se Deus os eliminasse, também estaria
a eliminar partes boas e valiosas do mundo (como atos de perdão) que superam esses males.
Outros bens que só existem com males associados são, por exemplo, a existência do livre-
-arbítrio, ou haver um ambiente apropriado para o desenvolvimento moral, etc. Desta forma,
um mundo com mal moral e natural pode ser necessário para haver uma maior perfeição do
mundo.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
32
GRUPO III
Opção A
No caso do aluno defender o argumento teleológico:
• A hipótese do acaso não permite explicar o propósito ou a finalidade dos processos
naturais pois, se essa hipótese fosse verdadeira e, dessa forma, se os processos natu-
rais fossem fruto do mero acaso, acidente ou sorte, não se conseguiria explicar por que
razão os processos naturais agem sistematicamente de forma a produzir o melhor. Ou
seja, dado o acaso, seria improvável que os processos naturais produzissem sempre
ou quase sempre o melhor;
• Podemos estabelecer, como Tomás de Aquino, uma analogia entre uma flecha e os proces-
sos naturais que carecem de inteligência ou cognição. A ideia é que, tal como uma flecha
só atinge a sua finalidade (o centro do alvo) se for dirigida por um ser inteligente, como um
arqueiro, assim também os processos naturais que carecem de inteligência só atingem a
sua finalidade (de produzir o melhor) se forem dirigidos por um ser inteligente, como Deus.
Opção B
No cado do aluno criticar o argumento teleológico:
• O argumento teleológico não é plausível, pois pode-se alegar que não há apenas duas
hipóteses para explicar a ordem ou o desígnio dos processos naturais, ou seja, a hipó-
tese do acaso e a hipótese de Deus;
33
• Além disso, também há a hipótese darwinista, de acordo com a qual os seres vivos
resultam de um processo de evolução por seleção natural e a finalidade ou propósito
dos processos naturais é explicada cientificamente;
• Nesse caso, o darwinismo fornece uma boa explicação de como os processos naturais
podem agir sistematicamente para um fim ou propósito de produzir o melhor, sem a
necessidade de recorrer a um Deus.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
34
Parâmetros Níveis Descritores de Desempenho Pontuação
Identifica e esclarece adequadamente o problema
3 8
filosófico a que o texto responde.
Identifica o problema filosófico a que o texto responde,
2 6
mas esclarece-o com imprecisões ou de modo implícito.
A
Identifica o problema filosófico a que o texto responde,
Problematização mas sem o esclarecer.
OU
1 4
Esclarece o problema filosófico a que o texto responde
com imprecisões ou de modo implícito, mas sem o
identificar.
Apresenta inequivocamente a posição defendida.
Evidencia um bom domínio das competências
argumentativas, articulando adequadamente e com
autonomia os argumentos, as razões ou os exemplos
3 apresentados. 12
Apresenta com clareza e correção argumentos
persuasivos, razões ponderosas ou exemplos adequados
e plausíveis a favor da posição defendida ou contra a
posição rival da defendida.
Apresenta inequivocamente a posição defendida.
B Evidencia um domínio satisfatório das competências
Argumentação argumentativas, elencando os argumentos, as razões ou
a favor de uma os exemplos.
2 8
posição pessoal Apresenta com imprecisões argumentos persuasivos,
razões ponderosas ou exemplos adequados e plausíveis
a favor da posição defendida ou contra a posição rival da
defendida.
Apresenta a posição defendida, ainda que de modo
implícito.
Evidencia uma intenção argumentativa, mas os
1 argumentos ou as razões apresentadas a favor da 4
perspetiva defendida, ou contra a perspetiva rival da
defendida, são fracas ou claramente falaciosas, ou os
exemplos selecionados são inadequados.
35
Parâmetros Níveis Descritores de Desempenho Pontuação
Aplica rigorosa e coerentemente os conceitos relevantes
para a discussão do problema tradicional
do livre-arbítrio.
3 8
Mobiliza (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s)
à discussão do problema em causa, mostrando
compreensão sistemática dessa(s) perspetiva(s).
Aplica com imprecisões pontuais, mas de modo
globalmente adequado, os conceitos relevantes para a
C discussão do problema tradicional do livre-arbítrio.
Adequação 2 Mobiliza, com imprecisões pontuais, (uma) perspetiva(s) 5
conceptual teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em
e teórica causa, mostrando compreensão dos aspetos centrais
dessa(s) perspetiva(s).
Aplica, escassamente e com imprecisões, conceitos
relevantes para a discussão do problema tradicional do
livre-arbítrio.
1 Mobiliza, com imprecisões, (uma) perspetiva(s) teórica(s) 2
adequada(s) à discussão do problema em causa,
mostrando uma compreensão rudimentar dessa(s)
perspetiva(s).
Apresenta um discurso estruturado e fluente.
3 Escreve com sintaxe, ortografia e pontuação 4
globalmente corretas.
36
Soluções das questões para verificação
da leitura dos textos de apoio
1 B 1 D 1 B
2 B 2 B 2 C
3 C 3 D 3 A
4 D 4 A 4 C
1 B 1 B 1 D
2 A 2 C 2 C
3 C 3 D 3 B
4 D 4 B 4 B
1 A 1 B 1 D
2 C 2 D 2 C
3 A 3 C 3 B
4 A 4 A 4 A
37
Critérios específicos de classificação da
prova-modelo de exame
GRUPO I
1 (D) 10
2 (C) 10
3 (A) 10
4 (A) 10
5 (C) 10
6 (D) 10
7 (A) 10
8 (B) 10
9 (D) 10
10 (D) 10
38
GRUPO II
Cenário de resposta – 1.
• Formalização:
(1) (P ǝȓ ¬ Q
(2) Q
(3) ∴ ¬ P
• Inspetor de Circunstâncias:
P Q ( P ǝȓ ¬ Q ) Q ∴ ¬ P
V V V F F V V F V
V F V V V F F F V
F V F V F V V V F
F F F V V F F V F
• Análise:
O argumento é válido, pois não há nenhuma circunstância possível que torne todas as premis-
sas verdadeiras e a conclusão falsa.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
39
Cenário de resposta – 2.
A conceção de liberdade que está a ser criticada no texto é a do libertismo, pois apenas os
libertistas sustentam que as nossas escolhas livres não são determinadas pelos aconteci-
mentos anteriores e pelas leis da natureza. Ou seja, é a única perspetiva que sustenta que “as
ações têm tão pouca conexão com certos motivos, inclinações e circunstâncias que não se
sigam deles com um certo grau de uniformidade”.
Contudo, o autor do texto parece sugerir que uma escolha que não seja determinada por acon-
tecimentos anteriores também não é livre, mas sim simplesmente aleatória, fruto do acaso,
algo que não podemos controlar.
Assim, a única alternativa seria considerar que uma escolha pode ser livre apesar de ser deter-
minada pelos acontecimentos anteriores, mas isso implicaria adotar a conceção de liberdade
do compatibilista, e não a do libertista.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
40
Cenário de resposta – 3.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Opção A
Concordar com os pais e defender o subjetivismo.
O subjetivismo caracteriza-se por defender que os juízos morais se referem às prefe-
rências pessoais de cada indivíduo e, por conseguinte, a sua verdade ou falsidade não é
independente de qualquer perspetiva mas, pelo contrário, é sempre relativa à perspetiva
de cada um.
O aluno pode argumentar a favor desta perspetiva com base no seguinte argumento:
(1) Existem amplos e profundos desacordos no que diz respeito ao valor de verdade dos
juízos morais;
41
(2) Se, além das nossas preferências pessoais e subjetivas, houvesse um domínio de
factos morais ao qual pudéssemos apelar, então tais desacordos não teriam lugar;
(3) Logo, não há um domínio de factos morais além das nossas preferências pessoais e
subjetivas.
Ora, na ausência de um domínio de factos morais, além das nossas preferências pessoais e
subjetivas, a nossa perspetiva acerca da igualdade de género e da sexualidade será um reflexo
dessas preferências e, por isso, a família pode educar os filhos de acordo com essas preferên-
cias, quaisquer que sejam, para que estes venham a assumi-las no futuro, sem que daí adve-
nha qualquer tipo de problema ou erro moral.
O aluno pode ainda:
• Atacar o objetivismo, mostrando que esta teoria nos compromete com a existência de
propriedades muito estranhas, pois, de acordo com esta perspetiva, propriedades mo-
rais, como a correção ou incorreção, são propriedades objetivas das coisas. Mas a cor-
reção ou incorreção dão-nos razões para agir desta ou daquela maneira. Contudo, não
parece haver nada no mundo dos factos objetivos com essa capacidade. Aquilo que nos
leva a agir são sempre as nossas preferências e desejos, mas isso são aspetos subjeti-
vos e não propriedades objetivas das coisas. Por exemplo, o facto de que está um copo
de água em cima da mesa não me dá, por si só, uma razão para fazer seja o que for. É a
minha sede que me faz ter vontade de pegar no copo e beber a água que se encontra no
seu interior.
• Atacar o relativismo, fazendo ver que este conduz ao conformismo. De acordo com o
relativismo, uma prática é correta (ou incorreta) segundo os códigos morais de cada
cultura. Assim, alguém que afirmasse que “a maioria das pessoas aprova o racismo, mas
eu acho que o racismo é errado” estaria a cair em contradição. Ora, isso parece conduzir
a uma certa passividade perante os valores de uma cultura.
Opção B
Concordar com o Estado e defender o relativismo cultural.
O relativismo cultural caracteriza-se por defender que os juízos morais não são objeti-
vamente verdadeiros ou falsos, pois referem-se ao código moral socialmente aprovado.
Para defender esta perspetiva, o aluno pode apoiar-se num argumento como o seguinte:
(1) Culturas diferentes têm códigos morais diferentes;
(2) Se culturas diferentes têm códigos morais diferentes, então não há uma verdade
moral objetiva, pois a verdade dos juízos morais é sempre relativa à cultura ou grupo
social onde estes são formulados, mais propriamente, ao código moral (ou conjunto
de normas) adotado pelos seus respetivos membros;
(3) Logo, não há uma verdade moral objetiva, pois a verdade dos juízos morais é sempre
relativa à cultura ou ao grupo social onde estes são formulados, mais propriamente,
ao código moral (ou conjunto de normas) adotado pelos seus respetivos membros.
42
Ora, uma vez que as noções de “certo” e “errado” são sempre relativas a cada cultura, a nossa
opinião acerca da igualdade de género e da sexualidade deverá ser um reflexo daquilo que a
nossa sociedade aprova ou reprova. Portanto, o Estado pode escolher transmitir aos alunos
a perspetiva dominante em relação a esses tópicos, pois, independentemente do que os pais
possam pensar acerca do assunto, essa é a perspetiva correta.
O aluno pode ainda:
• Atacar o subjetivismo, fazendo ver que, ao contrário do que esta perspetiva defende,
nem sempre os nossos juízos morais correspondem às nossas preferências subjetivas.
Por exemplo, podemos achar que é correto uma pessoa de quem gostamos ir fazer vo-
luntariado para um país distante, embora subjetivamente preferíssemos que essa pes-
soa não viajasse para longe. Isso significa apenas que a prática de voluntariado é social-
mente encorajada, mas isso não implica que as nossas preferências pessoais estejam
alinhadas com aquilo que é socialmente aprovado.
• Atacar o objetivismo, mostrando que esta teoria nos compromete com a existência de
propriedades muito estranhas, pois, de acordo com esta perspetiva, propriedades mo-
rais, como a correção ou incorreção, são propriedades objetivas das coisas. Mas a corre-
ção ou incorreção dão-nos razões para agir desta ou daquela maneira. Contudo, não pa-
rece haver nada no mundo dos factos objetivos com essa capacidade. Assim, resta-nos
assumir que os únicos factos morais que existem são as diferentes convenções sociais
adotadas pelas diversas sociedades.
Opção C
Concordar com o Estado e defender o objetivismo.
O objetivismo caracteriza-se por defender que um juízo moral é correto quando, inde-
pendentemente de gostos e de convenções, tem as melhores razões do seu lado.
O aluno pode argumentar a favor desta perspetiva com base no seguinte argumento:
(1) Há juízos morais que são justificáveis de um ponto de vista imparcial (como por
exemplo, deve haver igualdade de oportunidades;
(2) Se há juízos morais que são justificáveis de um ponto de vista imparcial, então há
juízos morais objetivamente verdadeiros;
(3) Logo, há juízos morais objetivamente verdadeiros.
Isto significa que, para os objetivistas, as avaliações morais têm de ser justificadas de uma
forma que seja aceitável para qualquer indivíduo racional, seja qual for a sua sociedade. Ora,
uma vez que a igualdade de género pode ser imparcialmente justificada, podemos considerar
que o juízo “deve haver igualdade de oportunidades” é objetivamente verdadeiro e, consequen-
temente, podemos educar os alunos para aceitarem esse princípio, independentemente das
preferências que os pais tenham a esse respeito.
O aluno pode ainda:
• Atacar o subjetivismo, mostrando que, uma vez que defende que os nossos juízos morais
se limitam a descrever as nossas preferências pessoais, o subjetivismo implica implau-
sivelmente que somos moralmente infalíveis. Ora, todos temos a experiência de já ter-
43
mos estado errados em relação a questões morais, e de termos mudado de perspetiva
precisamente por considerarmos que a perspetiva que defendíamos era falsa. Por isso,
podemos considerar que o subjetivismo é falso.
• Atacar o relativismo, fazendo ver que este implica implausivelmente que não existe pro-
gresso moral das sociedades porque, de acordo com o relativismo, não existe um padrão
neutro do que é certo ou errado que nos permita comparar as diferentes sociedades e
verificar quais estão mais próximas e quais estão mais distantes desse ideal. Mas, nesse
caso, não poderíamos dizer, por exemplo, que o estatuto social da mulher na sociedade
portuguesa atual é melhor ou pior do que era antes do 25 de Abril, isso é simplesmente
absurdo. Logo, o relativismo cultural é falso.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A – Argumentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 pontos
C – Adequação conceptual e teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 pontos
D – Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 pontos
44
Parâmetros Níveis Descritores de Desempenho Pontuação
NOTA: A resposta é classificada com zero pontos no parâmetro D – Comunicação se não for atingido o nível 1
de desempenho em, pelo menos, um dos outros parâmetros.
45
Cenário de resposta – 4.a
Sim, pois, embora Hume reconheça que as nossas cadeias de justificações podem, de facto,
acabar por regredir infinitamente, deixando as nossas crenças injustificadas, também acredita
que estas podem acabar por desembocar em algo autoevidente, presente à nossa memória ou
aos nossos sentidos o que, em última análise, pode servir de fundamento ou justificação para
algumas das nossas crenças. Nesses casos, poderemos vir a desenvolver crenças verdadeiras
e devidamente justificadas e, consequentemente, poderemos vir a obter conhecimento.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
46
Cenário de resposta – 4.b
Não, pois, ao contrário de Hume, que acreditava que, sem poder apresentar um facto presente
à memória ou aos sentidos, não poderemos alcançar o conhecimento de nenhuma existência
real, Descartes acreditava na possibilidade de haver conhecimento a priori acerca do mundo.
Nomeadamente, Descartes pensava que, ainda que a experiência sensível seja inteiramente
ilusória, podíamos, apenas com base no nosso pensamento, saber coisas como “eu existo”,
“Deus existe” ou “Deus não é enganador”.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
47
Cenário de resposta – 5
De acordo com o falsificacionismo de Popper, uma teoria é científica só se é, à partida, em-
piricamente falsificável, isto é, se somos capazes de conceber uma observação possível que
mostraria que a teoria é falsa.
Pelo contrário, a pseudociência faz afirmações vagas e genéricas, insuscetíveis de refutação
experimental, isto é, enunciados que não podem verdadeiramente ser postos à prova através
da experiência.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
48
Cenário de resposta – 6
No texto apresentado, Kuhn refere-se ao período de ciência normal.
A ciência normal, ou ciência paradigmática, é a investigação científica orientada por um para-
digma.
Um paradigma é um modelo teórico amplamente aceite e com grande poder explicativo que
põe fim aos desacordos profundos entre investigadores e escolas, favorecendo a constituição
de uma comunidade científica, e que inclui pressupostos teóricos fundamentais, aplicações-ti-
po, princípios metafísicos, instruções técnicas e metodológicas e orientações gerais acerca do
que é fazer ciência num determinado domínio.
Ora, segundo Kuhn, durante o período de ciência normal, os cientistas dedicam-se à aplicação
e consolidação do paradigma, ou seja, o seu trabalho consiste fundamentalmente na solução
de pequenos puzzles e enigmas que o paradigma deixou em aberto, na tentativa de melhorar a
afinação entre a natureza e o paradigma, na aplicação do paradigma a novas áreas e na cons-
trução de equipamento adequado às exigências experimentais de todos estes processos.
Assim, uma vez que o texto se refere a uma investigação que “tão pouco tem que ver com a
produção de novidades de grande monta”, na qual “já tudo se conhece antecipadamente”, po-
demos concluir que este se refere ao período de ciência normal.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
49
GRUPO III
Cenário de resposta – 1.
Clarificação do problema
O problema subjacente ao texto é o problema da racionalidade da fé teísta. Este problema
pode ser formulado como «Será racional ter fé em Deus?».
• Em primeiro lugar, importa salientar que existem dois conceitos de racionalidade en-
volvidos nesta controvérsia: a racionalidade epistémica e a racionalidade prudencial. A
racionalidade epistémica consiste em ter indícios a favor da verdade de uma proposição.
A racionalidade prudencial consiste em encontrar benefícios práticos associados à cren-
ça numa dada proposição. Assim, quando se pergunta pela racionalidade da fé teísta
está-se a perguntar se há indícios de que Deus existe ou se, mesmo na ausência dos
mesmos, devemos apostar na existência de Deus, pois isso traz-nos benefícios práticos.
• Em segundo lugar, cumpre esclarecer a noção de fé. A fé é um complexo de atitudes
que inclui a atitude proposicional da crença, mas também outras atitudes não-propo-
sicionais como o compromisso, a confiança e a esperança, por exemplo. Neste sentido,
perguntar pela racionalidade da fé em Deus não é apenas perguntar pela crença de
que Deus existe, mas sim perguntar se temos boas razões para adotar esse complexo
atitudinal face à existência de Deus, isto é, se devemos estar comprometidos com isso,
depositar esperança nisso, etc.
• Por fim, resta esclarecer o conceito de Deus. No contexto desta discussão, a palavra «Deus»
serve para referir o Deus teísta, isto é, um ser omnipotente (que tudo pode), omnisciente
(que tudo sabe), sumamente bom (moralmente perfeito), criador do universo e da pessoa.
No que diz respeito a este problema, existem as seguintes respostas possíveis:
– Sim, é racional ter fé em Deus, porque há bons argumentos para isso – teologia natural.
– Sim, é racional ter fé em Deus, porque ainda que não haja bons argumentos para isso
temos mais a ganhar ao apostar nessa fé – fideísmo.
– Não é racional ter fé em Deus, porque há bons argumentos contra isso – ateísmo.
Opção A
Concordar com o autor do texto e defender a teologia natural:
• Defender a teologia natural com base num dos argumentos estudados (ou noutros
igualmente pertinentes): argumento cosmológico, argumento teleológico, ou argu-
mento ontológico;
• Explicar o argumento e justificar a aceitação das suas premissas;
50
• Rejeitar o fideísmo, mostrando, por exemplo, que a aposta de Pascal faz da fé em
Deus um mero cálculo interesseiro;
• Rejeitar o ateísmo fornecendo uma resposta para o problema do mal, como por
exemplo, a teodiceia de Leibniz.
Opção B
Discordar do autor do texto e defender o fideísmo:
• Rejeitar a teologia natural, apresentando críticas aos argumentos teístas, como por
exemplo, defender que pode haver cadeias causais infinitas, defender que a evolução
por seleção natural fornece uma explicação alternativa ao desígnio divino para o apa-
rente propósito que encontramos na natureza ou defender que a existência não é um
predicado real;
• Rejeitar o ateísmo, fornecendo uma resposta para o problema do mal, como por
exemplo, a teodiceia de Leibniz;
• Defender o fideísmo, alegando que, ainda que a fé em Deus não tenha racionalidade
epistémica (por exemplo, porque os argumentos a favor da existência de Deus não
são bons), a fé em Deus tem racionalidade prudencial na medida em que nos propor-
ciona benefícios práticos;
• Explicar a aposta de Pascal.
Opção C
Discordar do autor do texto e defender o ateísmo:
• Defender o ateísmo com base no problema do mal;
• Explicar o problema do mal e justificar a aceitação das suas premissas;
• Rejeitar a teologia natural, apresentando críticas aos argumentos teístas, como por
exemplo, defender que pode haver cadeias causais infinitas, defender que a evolução
por seleção natural fornece uma explicação alternativa ao desígnio divino para o apa-
rente propósito que encontramos na natureza ou defender que a existência não é um
predicado real;
• Rejeitar o fideísmo, mostrando, por exemplo, que a aposta de Pascal faz da fé em
Deus um mero cálculo interesseiro.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A – Problematização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 pontos
C – Adequação conceptual e teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 pontos
D – Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 pontos
51
Parâmetros Níveis Descritores de Desempenho Pontuação
Clarifica adequadamente o problema filosófico inerente à
2 3
A questão formulada.
Problematização Clarifica com imprecisões, ou de modo implícito, o problema
1 2
filosófico inerente à questão formulada.
Apresenta inequivocamente a posição defendida.
Evidencia um bom domínio das competências argumentativas,
articulando adequadamente e com autonomia os argumentos,
ou as razões ou os exemplos apresentados.
3 7
Apresenta, com clareza e correção, argumentos persuasivos,
razões ponderosas ou exemplos adequados e plausíveis
a favor da posição defendida ou contra a posição rival da
defendida.
NOTA: A resposta é classificada com zero pontos no parâmetro D – Comunicação se não for atingido o nível 1 de
desempenho em, pelo menos, um dos outros parâmetros.
52