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9600 34853 2 PB
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Resumo: O objetivo desse artigo é analisar a Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas (EPJAI)
e sua correlação com as Relações-étnico raciais no Brasil, sendo feito um breve histórico da EPJAI, e a
discussão sobre as Relações-étnico raciais e como ela marca a educação, levando em consideração que
o público ao qual frequenta essa modalidade é, na maioria das vezes, excluído socialmente, carregando
heranças históricas do período escravocrata no Brasil. É uma pesquisa feita como forma de trabalho
de conclusão da disciplina Educação de Jovens e Adultos I do curso de Pedagogia da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) no período de 2019.2
Palavras chave: Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas (EPJAI). Relações-étnico raciais.
Introdução
Metodologia
O universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos
valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido
aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só
por agir, mas por pensar sobreo que faze por interpretar suas ações dentro e a
partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes (MINAYO,
2009, p.21).
Portanto é possível compreender que o trabalho trata de questões que não são
inteiramente calculadas, ou seja, não se limita a valores quantitativos, mas busca refletir
impactos educacionais a respeito do grupo étnico e realidade social que o sujeito pertence,
nesse caso educandos da EPJAI. Se tratando, dessa maneira, de um estudo que atravessa as
relações, intencionalidades, valores e historicidade dos sujeitos, logo, associada à abordagem
qualitativa.
O Brasil foi marcado por um período escravocrata de quase 4 séculos, e passou a ser
um dos países que mais resistiu a propagar a abolição deste período. Após lutas e
mobilizações dos escravizados e grupos abolicionistas, houve então o fim da escravidão por
meio da Lei Áurea, oficialmente Lei n.º 3 353 de 13 de maio de 1888. Entretanto, apesar da
abolição, não houve nenhuma segurança para que fossem garantidas políticas públicas
direcionadas a população negra que se encontrava em “liberdade”. A Constituição da
República Federativa do Brasil proclamada em 1988 prevê que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.
Considerações Finais
Posto isso, é possível concluir que a EPJAI tem um encargo fundamental na reparação
dessa desigualdade racial e também social existente no país, entretanto ainda há uma
necessidade em trazer abordagens, ações e reflexões em torno de assuntos que trate das
relações étnico-raciais de maneira significativa, pois, apesar de serem temas que se
entrelaçam ainda existe a necessidade de pensar e construir políticas públicas efetivas que
combatam a discriminação racial e elabore urgentemente planos reparadores dos problemas
frutos do racismo, e que assolam não só o âmbito educacional, mas de todas as esferas sociais.
Considerando, portanto, que essa discussão atravessa questões de ordem histórica, social,
cultural, política e econômica e deve ser refletida na prática docente.
É indispensável, a construção de medidas que preparem os educadores da EPJAI, para
realizarem as possíveis práticas educativas antirracistas no espaço escolar, a fim de
desenvolver o reconhecimento, a valorização e o respeito dentro e fora das salas de aulas, isso
pode ocorrer, por exemplo, por meio da efetivação da Lei 10.639/03, assim tendo um
currículo que perceba e entenda a heterogeneidade do público alvo dessa modalidade. Do
mesmo modo que é de extrema importância ter a qualificação dos profissionais da educação,
por meio de formações, cursos de extensão, entre outros dispositivos que podem auxiliar no
processo educativo, inclusivo e de transformação no mundo social.
Mesmo com o progresso de pessoas afrodescendentes estarem acedendo, de maneira
gradativa, nos espaços escolares, não concluindo somente o ensino básico, mas alcançando
também o ensino superior, muito ainda deve ser feito para poder continuar avançando.
Também é necessário refletir que os problemas raciais e a falta de acesso à educação desses
jovens, adultos e idosos não é uma questão somente da escola e dos profissionais da educação,
mas também de toda a sociedade, que deve refletir e se mobilizar em reparar as mazelas que
Referências
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