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QUESTÃO

Analise a regra de inversão do ônus da prova no Código de Defesa do Consumidor e estabeleça


as semelhanças e distinções em relação à chamada distribuição dinâmica do ônus da prova
previsto no art. 373, § 1º do CPC e que deve ser analisada em meio à decisão saneadora e de
organização do processo – art. 357 do CPC.

O artigo 373 do CPC determina a regra normal para distribuição do ônus da prova, sendo
ao autor, do fato constitutivo de seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.

Ocorre que em algumas hipóteses, o ônus da prova poderá ser distribuído de forma
diversa, nos termos do art. 373, §1º do CPC, nos casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o
encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário.

Caso o juiz opte por essa alternativa, deverá fazê-lo de forma fundamentada,
normalmente, por decisão saneadora, nos termos do art. 357, inciso III, do CPC.

Sendo assim, podemos observar que as exceções a regra do 373 do CPC estão contidas
em algumas leis, ou a impossibilidade ou excessiva dificuldade de cumprir o encargo (e maior
facilidade da parte contrária produzir esta prova).
Seguindo esse entendimento, o Código de Defesa do Consumir apresenta uma exceção,
invertendo o ônus da prova a favor do consumidor, nos termos do art. 6º, inciso VII.
Ressalte-se que este artigo se refere a um direito básico do consumidor que deve ser
rigorosamente observado pelo juiz. Isso porque, o consumidor por ser hipossuficiente, seja
financeiramente, tecnicamente, ou até mesmo, quando o fornecedor oculta os dados e as
informações pertencentes ao consumidor.
Desta forma, inegável que a posição fragilizada e desfavorável do consumidor implicaria
em grave prejuízo processual caso esta exceção ao 373 não existisse.

Assim, diante de todo o exposto, podemos observar que a exceção presente no CDC se
refere maior facilidade de o fornecedor produzi-la, ou ainda, da impossibilidade do consumidor
de fazê-la.

Por sua vez, o consumidor não precisa comprovar essas premissas para que o juiz
determine a inversão, pois como já mencionado, trata-se de um direito básico do consumidor.
Por esta razão, a inversão do ônus da prova deve ser aplicada imediatamente na relação de
consumo.

No que se refere à distribuição dinâmica do ônus da prova, prevista no art. 373, §1º, do
CPC, a parte deve requerer ao juiz a inversão, comprovando minimamente as razões de sua
impossibilidade ou maior facilidade da parte contrária em produzir aquela prova. Depois disso,
o juiz decidirá no saneador se o ônus será invertido ou não.

Como o próprio nome diz, a inversão dinâmica do ônus da prova não é definitiva na ação
de rito comum pelo CPC. O juiz pode determinar a inversão do ônus da prova referente a apenas
determinada prova, e não sobre todas as alegações.
Referências:

Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo/coordenação


Teresa Arruda Alvim Wambier...[et al.] - 1. ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

NERY JR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado –
16ª edição rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.

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