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KARINE DE OLIVEIRA SILVA

O PSICOPATA CRIMINOSO E SUA MENTE

Caxias do Sul
2021
KARINE DE OLIVEIRA SILVA

O PSICOPATA CRIMINOSO E SUA MENTE

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Curso de Psicologia da
Instituição Anhanguera de Caxias do Sul, como
requisito parcial à obtenção de nota.

Orientador: Jonas Angelo Martins Ferreira

Caxias do Sul
2021
KARINE DE OLIVEIRA SILVA

O PSICOPATA CRIMINOSO E SUA MENTE

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Curso de Psicologia da
Instituição Anhanguera de Caxias do Sul, como
requisito parcial à obtenção de nota.

BANCA EXAMINADORA

Jonas Ângelo Martins Ferreira

Orientador Prof(a). Jonas Angelo Martins


Ferreira

Bernardo Mantovani

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Nívea Silene Santos dos Santos

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Caxias do Sul, 10 de outubro de 2021.


SILVA, Karine de Oliveira. O psicopata e sua mente. 2021. 30f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Instituição Anhanguera de Caxias
do Sul, Caxias do Sul, 2021.

RESUMO

Esse estudo atenta-se para assuntos polêmicos que devem ser discutidos à luz de
estudiosos sobre o assunto. Procura-se mostrar como a psicopatia afeta a mente e o
comportamento do sujeito que a possui e como isso pode prejudicar outros
indivíduos, causando, muitas vezes, danos psicológicos, físicos e materiais. A mente
do psicopata se diferencia por completo de outros indivíduos da sociedade, para
eles causar qualquer tipo de dano para alguém não o faz sentir culpa, medo ou
remorso, pois possuem personalidade fria, perversa, egocêntrica e, muitas vezes,
cruel. Essa pesquisa tem como objetivo geral compreender os aspectos que levam
um indivíduo a se tornar um psicopata. E como objetivos específicos procura-se
conceituar a psicopatia e sua influência na mente do sujeito com o transtorno;
compreender o que leva um sujeito a desenvolver tais características; buscar
fundamentos da Psicologia em concordância com a psicopatia. Utiliza-se um estudo
de revisão bibliográfica, a partir de fontes primárias, com a consulta em livros da
área jurídica (doutrina e jurisprudência que tratem do assunto), psicologia e da
clínica médica. Foi feita a análise de textos legais (legislação vigente), bem como em
fontes secundárias (artigos, revistas, publicações especializadas, entrevistas,
reportagens realizadas pela imprensa escrita e dados oficiais publicados na internet).

Palavras-chave: Psicopata. Psicologia. Comportamento. Mente perigosa.


SILVA, Karine de Oliveira. The psychopath and his mind. 2021. 30f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Instituição Anhanguera de Caxias
do Sul, Caxias do Sul, 2021.

ABSTRACT

This study pays attention to controversial issues that should be discussed in the light
of scholars on the subject. It seeks to show how psychopathy affects the mind and
behavior of the subject who has it and how it can harm other individuals, often
causing psychological, physical and material damage. The psychopath's mind is
completely different from other individuals in society, for them to cause any kind of
harm to someone does not make them feel guilt, fear or remorse, as they have a
cold, perverse, egocentric and often cruel personality. This research has as a general
objective to understand the aspects that lead an individual to become a psychopath.
And as specific objectives, it seeks to conceptualize psychopathy and its influence on
the mind of the subject with the disorder; understand what leads a subject to develop
such characteristics; seek foundations of Psychology in agreement with psychopathy.
A bibliographical review study is used, based on primary sources, by consulting
books in the legal area (doctrine and jurisprudence dealing with the subject),
psychology and clinical medicine. Legal texts (current legislation) were analyzed, as
well as secondary sources (articles, magazines, specialized publications, interviews,
reports made by the written press and official data published on the internet).

Keywords: Psychopath. Psychology. Behavior. Dangerous mind.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7
2 A PSICOPATIA E SUA INFLUÊNCIA NA MENTE DO SUJEITO COM ESSE
TRANSTORNO ........................................................................................................... 9
3 O QUE LEVA UM SUJEITO A DESENVOLVER TAIS CARACTERÍSTICAS ....... 15
4 FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA COM VISTAS A PSICOPATIA .................... 23
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 28
6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 29
7

1 INTRODUÇÃO

A psicopatia não habita apenas o imaginário das telas de cinema e da


televisão, pode ser parte do dia a dia das pessoas. Assim, o psicopata convive
tranquilamente em meio à sociedade e muitas vezes, sem sequer levantar suspeitas,
tendendo a cometer atos criminosos sem sentir qualquer remorso, que impactam
diretamente na percepção de maldade. Nesse sentido, considerando a cadeia de
eventos, a criminologia, o direito penal e a aplicabilidade da sanção penal sofrem
consequências.
A sociedade está em constante mudança e por conta dessas
transformações, o comportamento humano também sofre alterações, assim como as
leis, conceitos, concepções de crime e prática criminosa. Contextos físicos,
biológicos e psicológicos refletem diretamente na prática de delitos. No que tange ao
contexto psicológico, é perceptível que vários distúrbios têm implicado na atitude e
personalidade do indivíduo portador (BORGES, 2020).
Dentre todos os distúrbios, há um em especial que é foco do
desenvolvimento deste trabalho: a psicopatia, que está em evidência nos meios de
comunicação em número crescente de casos pela tendência que os psicopatas têm
de cometer crimes violentos que impressionam a população e o Poder Judiciário, e
também por ser notório que o legislador pátrio não se ateve para a falta de punição
eficaz para os psicopatas, nem para o fato da coexistência de presos comuns e
psicopatas.
Levando em consideração que os psicopatas não entendem punições e não
aprendem com elas, já que se trata de pessoas desprovidas de remorso e com
dificuldade de reintegração e ressocialização na sociedade, alguns países, como por
exemplo, os Estados Unidos, decidiram optar pela prisão perpétua ou pela pena de
morte, o que não é aceito na legislação constitucional pátria (BORGES, 2020).
O tema escolhido se deu devido a importância do estudo da mente e do perfil
do psicopata para a sociedade, pois se sabe que esse tipo de individuo se diferencia
de outro. Muito se questiona o que leva um indivíduo a tornar-se psicopata, se ele
nasce com essa condição patológica ou se o ambiente em que está inserido o
8

influencia a desenvolver esse tipo de transtorno. É importante saber como funciona a


mente de um indivíduo que possui esse distúrbio.
O presente trabalho atenta-se para assuntos polêmicos que devem ser
discutidos à luz de estudiosos sobre o assunto. Procura-se mostrar como a
psicopatia afeta a mente e o comportamento do sujeito que a possui e como isso
pode prejudicar outros indivíduos, causando, muitas vezes, danos psicológicos,
físicos e materiais. A mente do psicopata se diferencia por completo de outros
indivíduos da sociedade, para eles causar qualquer tipo de dano para alguém não o
faz sentir culpa, medo ou remorso, pois possuem personalidade fria, perversa,
egocêntrica e, muitas vezes, cruel.
Esse estudo tem como questionamento o seguinte: Por que um indivíduo se
torna psicopata? Quais são suas implicações para a sociedade?
Essa pesquisa tem como objetivo geral compreender os aspectos que levam
um indivíduo a se tornar um psicopata.
E como objetivos específicos procura-se conceituar a psicopatia e sua
influência na mente do sujeito com o transtorno; compreender o que leva um sujeito
a desenvolver tais características; buscar fundamentos da Psicologia em
concordância com a psicopatia.
Utiliza-se um estudo de pesquisa bibliográfica, a partir de fontes primárias,
com a consulta em livros da área jurídica (doutrina e jurisprudência que tratem do
assunto), psicologia e da clínica médica. Foi feita a análise de textos legais
(legislação vigente), bem como em fontes secundárias (artigos, revistas, publicações
especializadas, entrevistas, reportagens realizadas pela imprensa escrita e dados
oficiais publicados na internet).
Esse estudo encontra-se estruturado da seguinte forma: inicialmente no
primeiro capítulo estuda-se a psicopatia e sua influência na mente do sujeito com
esse transtorno; no segundo capítulo procura-se compreender o que leva um sujeito
a desenvolver tais características; no terceiro capítulo procura-se trazer os
fundamentos da Psicologia, com vistas a psicopatia.
9

2 A PSICOPATIA E SUA INFLUÊNCIA NA MENTE DO SUJEITO COM ESSE


TRANSTORNO

Segundo Alves (2020), a ideia de seres humanos desprovidos de emoções e,


como consequência, sem limites, sem obstáculos aos seus interesses mais
obscuros, causa a sensação de medo e curiosidade na coletividade.
A psicopatia é tema até mesmo no entretenimento. Personagens fictícios ou
baseados na realidade renderam filmes, séries e os mais diversos tipos de histórias.
Responder ao questionamento sobre a origem de tanta maldade não se limita
apenas a curiosidade social, interferindo diretamente em variadas áreas do
conhecimento. Afinal: “eles são loucos ou, simplesmente, maus?” é uma questão
que influencia no tratamento, aplicação da sanção penal e na prevenção (ALVES,
2020).
De acordo com Alves (2020), os psicopatas são indivíduos que transitam
tranquilamente na sociedade, apesar de portadores do transtorno de personalidade
antissocial e possuem uma capacidade cognitiva intacta e perfeita, com plena
clareza da realidade de seus atos, criminosos ou não. Razão pela qual se diferem
dos doentes mentais que não têm capacidade para distinguir o mundo real sem
delírios (como é o caso do esquizofrênico ou psicótico).
Eles não possuem a noção de consciência, que os faria processar e
responder aos estímulos emocionais. Logo, um indivíduo que não possui emoções
apresenta severa falha em associar atos e consequências. Por exemplo, um ser
humano comum consegue visualizar que determinada conduta gerará uma
consequência e a imagem dessa causa uma emoção (ansiedade, temor, angústia) A
emoção, por sua vez, impede a conduta. Na psicopatia, essa dinâmica não funciona
normalmente.
A problemática do psicopata é a inabilidade em sentir empatia, compaixão,
amor ou criar qualquer laço afetivo puro e genuíno com seus pares. Segundo Hare
(2013), que desenvolveu o método de avaliação psicológica chamado Psychopathy
Checklist, os sintomas da psicopatia se dividem em duas categorias. Quanto aos
emocional/interpessoal, são eloquentes, superficiais, egocêntricos, grandiosos, com
ausência de remorso ou culpa, não têm empatia, enganam e manipulam com
10

facilidade, possuindo emoções “rasas”. No desvio social, são impulsivos, com


controle de comportamento frágil, necessidade de excitação, falta de
responsabilidade, apresentam problemas comportamentais de modo precoce e são
antissociais.
Huss (2009, p. 96) diferencia os psicopatas em dois tipos, com relação a
duas das suas peculiaridades: o caráter impulsivo e ansioso. O psicopata primário
tende ir de encontro ao ideal do criminoso que permeia o imaginário social. Possui a
inteligência acima da média e um charme aparente. O psicopata secundário detém
grande discrepância, pois as atitudes antissociais são consequências da
impulsividade.
É preciso frisar de onde surge a característica da impulsividade no sujeito
psicopata. A busca pelo resultado imediato de suas ações, o desejo de alcançar
determinado objetivo instantaneamente é o que faz surgir as atitudes impulsivas.
Esse perfil de criminoso tem a peculiaridade de não medir consequências quando
quer algo (HARE, 2013).
A manipulação do psicopata cria uma “máscara social” quase impecável,
eles conseguem enganar e até fingir determinadas emoções, quando conveniente, a
depender da situação. Entretanto, logo mostram contradições entre palavras e
atitudes. A falta de culpa se dá pela irresponsabilidade de suas ações e, para esses
indivíduos é justificável ou correto praticar tais atos, até mesmo os criminosos
(SILVA, 2014).
Quando se fala em comportamento precoce de psicopatas, inclui-se o uso
de álcool, vandalismo e vida sexual ativa. No que se refere aos comportamentos
destrutivos por si só, ainda na fase prematura, entre a infância e principalmente
adolescência, sofrem influências sociais, relacionadas à convivência familiar e em
comunidade, visto aqueles que crescem em bairros perigosos ou com famílias
desestruturadas. A discrepância em relação ao psicopata é a conduta extrema,
mesmo comparada aos que tiveram vivências semelhantes (SILVA, 2020).
Os maus tratos a animais é uma característica marcante no relato de muitos
criminosos, descrevendo a conduta com assustadora naturalidade (ALVES, 2020).
Segundo Hare:
Crueldade contra animais na infância costuma ser sinal de graves
problemas emocionais ou comportamentais. O serial killer de Milwaukee,
11

Jeffrey Dahmer, por exemplo, chocava colegas e vizinhos, deixando um


rastro de pistas horríveis em suas atividades: a cabeça de um cachorro
espetada em um pedaço de pau, sapos e gatos pendurados em árvores e
uma coleção de esqueletos de animais (HARE, 2013, p. 78).

A imagem do psicopata é associada aos mais diversos tipos de crimes,


especialmente os crimes brutais. Seja por falta de conhecimento técnico ou tentativa
de gerar atenção para a notícia, é comum que os veículos de comunicação atribuam
erroneamente o transtorno nas manchetes de crime (SILVA, 2014).
A questão é que nem todo psicopata torna-se necessariamente um
criminoso cruel que vira notícia e posteriormente é julgado. Alguns vivem “na
sombra” com negócios de natureza questionável, aplicando golpes e outros tipos de
delitos que não geram grande comoção social. Outros ficam no âmbito da
imoralidade, para tirar proveito dos outros, como um parasita: enganam a família,
têm condutas antiéticas, por exemplo, longe da imagem comum do delinquente
sanguinário; assim, o psicopata segue vivendo entre as pessoas (SILVA, 2020).
A premissa de que nem todo criminoso é um psicopata e nem todo psicopata
é um criminoso torna-se imprescindível. O desvio das regras de convivência social
impostas, no caso da pessoa que comete delito, por si só, não é suficiente para
defini-la como psicopata.
Segundo Silva (2014, p. 37): “[...] a prevalência geral do transtorno da
personalidade antissocial ou psicopatia é de cerca de 3% em homens e 1% em
mulheres, em amostras comunitárias (aqueles que estão na sociedade).” Embora
pareça um quantitativo pequeno deve-se considerar o impacto causado pelos
psicopatas e a imprecisão dos dados. Pois, por mais rebuscado que seja o critério
de pesquisa, esses indivíduos se camuflam na multidão. A própria essência do
transtorno dificulta a coleta de informações.
A ausência de emoções torna os psicopatas mais propensos a cometer
crimes. Conforme Hare (2013, p. 100): “em média, nas prisões dos Estados Unidos,
cerca de 20% dos presos, em ambos os sexos, são psicopatas, sendo responsáveis
por mais de 50% dos crimes graves.” Os psicopatas não possuem limites ou
inibidores entre suas ações e o que for necessário para alcançá-las; se for preciso
usar a violência para alcançar qualquer objetivo, eles o farão sem pensar duas
vezes.
12

Nesses casos, é crucial fazer a distinção entre o ato violento praticado e o


psicopata, pois, pela ausência de emoções desse sujeito, o ato é executado de
modo frio e os das pessoas comuns, muitas vezes, é causado pelo excesso de
sentimento, quando o agente é impossibilitado de pensar de forma clara e racional
sobre seus atos (ALVES, 2020).
Huss (2009, p. 99) fala sobre a violência vista por dois prismas: a violência
instrumental, onde os atos foram estruturados com planejamento e calculados
previamente; a violência reativa, que provém de um sentimento, que ocorre no “calor
do momento”, onde a emoção inviabiliza a compressão do ato. Em alguns casos, a
diminuição da pena é a solução encontrada na legislação brasileira.
Segundo Borges (2020), ainda que alguns indivíduos apresentem
características que levantem suspeitas desde a infância de que mais tarde venham a
desenvolver algum transtorno, para a Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento da CID-10, somente se pode falar em psicopatia a partir dos 18
(dezoito) anos de idade, pois é quando as características mais específicas se tornam
mais frequentes.
Segundo Cardoso e Sabbatini (2018), essas características são a ausência de
empatia, utilização de mentiras despudoradamente, inteligência acima da média,
habilidade para manipular pessoas e liderar grupos, desconsideração pelos
sentimentos alheios, egoísmo exacerbado, problemas na autoestima, ausência de
culpa e compaixão, responsabilização de terceiros por seus atos, ausência de medo
de ser pego, impulsividade e incapacidade para aprender com a punição ou com
experiências.
Por serem pessoas inteligentes, segundo Borges (2020), os psicopatas,
apesar de não saberem sentir compaixão por outras pessoas e terem emoções
superficiais, são inteiramente capazes de demonstrar amizade, consideração e
carinho. Conquistam com facilidade o carisma e a simpatia das pessoas, mas isso, é
apenas um meio, como a mentira e a sedução, das quais o psicopata se utiliza para
atrair e manipular suas vítimas. Não se importam com o que é amoral ou moral, pois
não fazem diferenciação entre um e outro.
Alguns escritores afirmam que a psicopatia é uma doença mental que possui
uma base genética (SADOCK, 2017, p. 854). No entanto, segundo a doutrina
13

dominante, a psicopatia não se trata de uma doença, mas de um transtorno de


personalidade. Robert Hare (1973, p. 4-5), considerado referência do mundo da
psicopatia, também reforça essa tese. Para Hare (1973), a psicopatia representa
uma desordem de personalidade dissociativa, antissocial ou sociopática, ou seja,
uma forma específica de distúrbio de personalidade.
Ballone (2008) sustenta que a psicopatia não é uma enfermidade mental
porque as doenças desse grupo estão bem delimitadas. Além disso, os doentes
mentais não têm consciência de seus atos por não possuírem compreensão da
realidade, já que sofrem, em sua maioria, processos de alucinação. Os psicopatas,
ao contrário, compreendem a realidade, mas não conseguem evitar a prática de
certos atos, como se sua razão fosse sufocada por sua emoção.
Na Classificação Internacional de Doenças (CID), a psicopatia está inserida
no grupo da Personalidade Dissocial (Código F60.2), que é uma perturbação da
personalidade, que se caracteriza pelo desprezo social e total ausência de empatia
para com os terceiros. A minoria dos doutrinadores tem a compreensão de que a
psicopatia pode ter causas físicas (CID-10).
Nascimento (2016, p. 315) apud SABBATINI e CARDOSO (2018), por
exemplo, fizeram pesquisas a partir das quais identificaram que o cérebro de
psicopatas possui uma falha na ligação entre o sistema límbico (local onde se
processam as emoções) e o córtex pré-frontal (local onde se processa o
planejamento e a consciência). Ainda foi descoberto que os psicopatas possuem a
massa cinzenta pré-central diminuída, o que poderia ser a causa da perda do
julgamento moral e da impulsividade e que essas características podem ser
passadas geneticamente.
Jorge Moll e Ricardo Oliveira (neurologistas brasileiros), a partir de
experiências com psicopatas e pessoas comuns, comprovaram que os psicopatas
possuem um distúrbio no sistema límbico. Essa parte do cérebro é responsável por
processar as emoções. Essas experiências se deram da seguinte forma: foram
demonstradas imagens com cenas de crimes, guerras e amoralidades e imagens
com momentos felizes e paisagens bonitas, alternadamente, a fim de se verificar que
área do cérebro entraria em maior atividade em cada etapa da pesquisa. Os
indivíduos pesquisados apenas deveriam prestar atenção a todos os estímulos, sem
14

emitir qualquer resposta. Não era esperada nenhuma reação dos voluntários. Os
neurologistas apenas observaram que área cerebral se movimentou de forma mais
intensa no momento em que as imagens eram mostradas. Os dois neurologistas
chegaram à conclusão de que, nos psicopatas, a região do sistema límbico quase
não sofria alteração independente da imagem vista ter momentos felizes ou serem
moralmente inaceitáveis, enquanto nas pessoas comuns, essa área do cérebro se
movimentava muito quando havia alternância da imagem feliz para imagem amoral
devido a repulsa às imagens. Apesar da maioria dos doutrinadores acreditarem que
a psicopatia surge através de um transtorno da personalidade, é importante frisar
que a relação do sujeito com a sociedade também interfere no comportamento e na
personalidade do indivíduo (BORGES, 2020).
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3 O QUE LEVA UM SUJEITO A DESENVOLVER TAIS CARACTERÍSTICAS

Segundo Mira e López (2005), do ponto de vista psicológico, o delito é a


consequência do conflito das forças e fatores que determinam o sujeito e os
mecanismos psicológicos que atuam na execução dos atos socialmente aceitos e
dos atos delituosos são os mesmos. Tanto Dias e Andrade (1984), quanto
Fernandes e Fernandes (1995) explicitam sobre autores que consideram os fatores
genéticos determinantes para a formação de uma personalidade criminológica e
também citam outros autores que discordam totalmente, afirmando que o fator
determinante é a formação, ou seja, dizem que é o desenvolvimento do sujeito
desde a infância que dirá se ele será ou não um criminoso.
De forma mais atual, Fiorelli e Mangini (2009) demonstram acreditar que o
que forma um indivíduo criminoso ou não é uma junção destes dois fatores, genética
e desenvolvimento, com todos os demais fatores (ambientais, sociais, econômicos,
etc.), sugerindo como hipótese, que a genética traz apenas predisposições.
De forma mais precisa, Mira e López (2005) afirmam que a reação das
pessoas em dado momento depende da interação de três fatores: os fatores
herdados (temperamento, constituição corporal, etc.), os fatores mistos (caráter) e os
fatores adquiridos (experiências anteriores, situação externa atual, modo de
percepção, etc.). Todos esses comportamentos são justificados pelas vivências e
pela forma de ser de cada um desses indivíduos, resumidas na personalidade de
cada um. Essas capacidades e predisposições ou tendências denominam-se
disposições individuais. É evidente que se a disposição daquele que optou pelo
crime “[...] for de tal monta que revela tendência para a prática futura de outros
delitos, ele deve ser encarado como um indivíduo perigoso para a sociedade”
(FERNANDES e FERNANDES, 1995, p. 50).
Essas personalidades criminológicas se baseiam nas características
encontradas, inclusive, nos sujeitos que vivem de acordo com a lei. Segundo Dias e
Andrade (1984), a teoria do condicionamento aponta a extroversão como uma das
características que aumenta a propensão para o crime e indica também que altos
graus de ansiedade podem colaborar. Outra característica é a impulsividade,
afirmando que ela “[...] poderia influenciar a decisão no sentido de se cometer um
16

delito, assim como o cuidado com que ele fosse executado” (FELDMAN, 1977, p.
211). Tem-se também a agressividade, que segundo Fernandes e Fernandes
(1995), surge juntamente com o desenvolvimento da inteligência humana como uma
forma de auto-proteção.
Os diversos sentimentos encontrados na essência humana são, segundo
Fiorelli e Mangini (2009), afetados pelos estados emocionais do sujeito: quando se
tem raiva ou se vivencia um elevado nível de estresse, isto irá modificar a forma de
percepção da pessoa, o que leva qualquer ato ou palavra a ser considerado o
estopim para a ação de um comportamento criminal. Muito popularmente se ouve
associar ao sujeito criminoso o traço insano. Embora esta associação esteja,
segundo Casoy (2002), correta, este adjetivo é utilizado de forma equivocada.
Casoy (2002) diz que a insanidade, muitas vezes, alegada nos tribunais,
como tentativa de absolvição do criminoso, ao contrário do que muitos pensam, não
é uma condição de saúde mental, refere-se à habilidade de saber se suas ações são
certas ou erradas no momento em que estão ocorrendo. Tal traço diz muito a
respeito da personalidade psicopática.
Segundo Garcia (1979) e Fonseca (1997), os psicopatas já foram chamados
de mania sem delírio (Pinel, em 1805), “loucos morais“ (Prichard, em 1835),
degenerados (Morel, em 1857), enfermos de caráter (Boudet, em 1858), “variantes
mórbidos do normal” (Moebius, em 1900). A psicopatia foi conhecida também como
fase inicial de uma autêntica neurose (Jaspers, em 1913) ou psicose (Kraepelin, em
1921), como uma personalidade anormal que sofre e faz sofrer (Schneider, em
1950) e, por fim, como personalidade sociopática ou comportamento antissocial ou
ainda associal (Henderson em 1939 e Cleckley em 1959) (apud HENSEL, 2009).
A psicopatia é um Transtorno de Personalidade, também conhecido como
Transtorno de Personalidade Antissocial. Com efeito, por absoluta carência de
qualquer sentimento de culpa ou arrependimento, certos criminosos recidivantes
efetivamente representam sério perigo à sociedade quando em liberdade e mesmo
quando enclausurados, pois na prisão sempre procuram degenerar os demais. Eles
são dotados de um poder irreversível de praticar o mal. Neles não existe qualquer
traço de simpatia humana, não existe qualquer noção de dever para com a
comunidade. (FERNANDES; FERNANDES, 1995, p.298).
17

O termo antissocial refere-se (de acordo com o Manual de Diagnóstico e


Estatística da Associação Americana de Psiquiatria), a certos
comportamentos delinquentes crônicos que não se corrigem pela
experiência nem pelo castigo (FONSECA, 1997, p. 469).

O Transtorno de Personalidade Antissocial trata-se de uma incapacidade de


se adaptar às normas sociais que ordinariamente governam vários aspectos do
comportamento do indivíduo adolescente e adulto. Embora caracterizado por atos
antissociais e criminosos de forma contínua, o transtorno não é sinônimo de
criminalidade (SADOCK e SADOCK, 2017).
Holmes (1997) corrobora com esta última ideia, afirmando que seria um erro
grave se considerar que todos os indivíduos com esse transtorno são criminosos,
sendo que a parte que se envolve com esses tipos de atos, é considerada psicopata.
O transtorno de personalidade antissocial, segundo Fiorelli e Mangini (2009),
também pode ser intitulado psicopatia, sociopatia, transtorno do caráter, transtorno
sociopático, transtorno dissocial e transtorno de conduta. O Transtorno da
Personalidade Antissocial é um padrão de desconsideração e violação dos direitos
alheios (JORGE, 2020). Possui como características centrais o engano e a
manipulação, não possuem empatia e costumam ser insensíveis e desprezar os
sentimentos alheios.
Segundo o DSM-IV-TR (2002), o Transtorno da Personalidade é considerado
como experiências e comportamentos subjetivos persistentes que não estão de
acordo com os padrões culturais vigentes. Normalmente, têm início na adolescência
ou no início da vida adulta, costumam não se modificar com o tempo. Possuem
traços de personalidade rígidos e mal adaptativos e produzem comprometimento de
desempenho em diversas áreas da vida. Dividem-se em Grupo A (Transtorno da
Personalidade: Paranoide, Esquizoide e Esquizotípico), Grupo B (Transtorno de
Personalidade: Antissocial, Boderline, Histriônico e Narcisista) e Grupo C
(Transtorno da Personalidade: Esquiva, Dependente e Obsessivo-Compulsivo) –
(JORGE, 2020).
Embora a terminologia da palavra “psicopatia” esteja relacionada com
doenças mentais, os atos criminosos não são decorrentes: “[...] de mentes
adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista, combinado com uma total
18

incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com


sentimentos” (SILVA, 2018, p.37).
Segundo Silva (2018) pode-se afirmar que os psicopatas têm completa
consciência de seus atos, sabem quando estão infringindo leis e/ou regras sociais e
o porquê disso, pois sua deficiência se encontra no campo das emoções e afetos,
não em sua cognição, ou seja, como diz Whitaker (1969), as anormalidades
psicopatas são quantitativas (se tratam de excessos ou defeitos), por isso, não se
incluem no domínio das doenças mentais.
A psicopatia não pode ser considerada uma doença psiquiátrica, pois,
segundo Fonseca (1997), poucos casos de psicopatia se enquadram nos requisitos
básicos, que são: conhecer a evolução, não modificar o diagnóstico com o tempo, os
dados ulteriores da família e etiologia são conformes, sua patofisiologia é clara e
possível indicar um tratamento.
Hensel (2009) diz que a psicopatia não é uma doença mental, mas sim uma
“constituição mental anormal”. Para Fiorelli e Mangini (2009), o antissocial age de
forma a prejudicar a sociedade buscando a praticidade, concentrando-se no
momento presente e em maneiras diretas de atuar. Esse indivíduo não pode ser
considerado um portador de doença, pois, mesmo que se encontre com o emocional
e o comportamental alterados, ainda é redentor de discernimento entre o certo e
errado.
Fiorelli e Mangini (2009) explicam essa alteração como uma estruturação
inadequada da sociabilidade, manifestando crueldade fortuita, sem desejar, o que é
comum nos demais criminosos: riqueza e poder.
Silva (2018) e Fiorelli e Mangini (2009) ressaltam o fato de que, embora
muitos associem o psicopata ao Serial Killer, esta é uma visão reducionista, pois a
taxa de psicopatas que chegam a realmente matar alguém é mínima. Estes
indivíduos costumam cometer outros crimes, considerados de menor gravidade,
como furtos, fraudes, tráfico, entre outros – ou seja – é muito mais fácil encontrar um
político psicopata do que um assassino psicopata. Os indivíduos com perfil psicopata
costumam procurar e almejar funções que lhe tragam status, poder e influência.
Segundo Holmes (1997), os psicopatas apresentam uma tríade de
anormalidade, possuindo sintomas de humor (ausência de culpa e ansiedade,
19

hedonismo, superficialidade de sentimentos e ausência de apego emocional),


sintomas cognitivos (parecem ser muito inteligentes, com habilidades verbais e
sociais bem desenvolvidas e têm habilidade de racionalizar seu comportamento, não
aprendendo com a punição) e sintomas motores (impulsividade e atos agressivos,
embora em minoria, também existem).
As características dos psicopatas citadas por Mira e López (2005) são:
atração pessoal superficial e boa inteligência; ausência de delírios; ausência de
crises; falta de constância; falta de sinceridade; falta de pudor e ética; falta de
autocrítica; egoísmo exagerado; pobreza afetiva; incapacidade de seguir um plano
de vida; tendência à fantasia; propensão aos vícios; vida sexual desajustada.
Segundo Fiorelli e Mangini (2009), o psicopata é conhecido pelo seu
distanciamento afetivo (não aprecia contato íntimo) e pelo histrionismo
(comportamento sedutor, atrativo, convidando à intimidade). Pode ser independente
ou dependente, extrovertido ou introvertido. Pode apresentar traços de obsessão,
ousadia (fazendo com que a pessoa assuma riscos em excesso), de narcisismo
(buscando tratamentos especiais) e egocentrismo (não se preocupa com os demais,
manipulando-os para seus próprios propósitos).
Segundo Fiorelli e Mangini (2009), o PCL-R (escala de Hare), muito utilizado
para identificar a população psicopata e o grau de periculosidade desta, também
elencou as principais características do transtorno, que se encontram citadas a
seguir:

[...] loquacidade (facilidade para discursos); charme superficial; superestima;


tendência ao tédio; mentira patológica; vigarice; manipulação; ausência de
remorso ou culpa; insensibilidade afetivo-emocional; indiferença; falta de
empatia; impulsividade; descontroles comportamentais; ausência de metas
realistas a longo prazo; irresponsabilidade; incapacidade para aceitar
responsabilidade pelos próprios atos; promiscuidade sexual; muitas
relações conjugais de curta duração; transtornos de conduta na infância;
delinquência juvenil; revogação de liberdade condicional; versatilidade
criminal (FIORELLI e MANGINI, 2009. p. 107).

Casoy (2012) ressalta que um dos critérios importantes para diagnosticar um


sujeito com personalidade antissocial é apresentar uma infância que acumula
pequenos desvios de conduta, como fugas de casa, ausências nas salas de aula,
crueldade com animais ou crianças menores, mentiras patológicas, pequenos furtos,
20

entre outros e uma adolescência com agravamento destes crimes, como tentativas
de suicídio, violência, abuso de álcool e drogas, entre outros. É importante lembrar
que estas características podem ser comuns a outras pessoas, além dos psicopatas,
porém, sinalizam os traços-chave do perfil psicopático, ao menos é o que apresenta
o DSM IV-TR, como pode ser visto a seguir.
De acordo com Hensel (2009), um padrão pervasivo de desrespeito e
violação aos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por
pelo menos três dos seguintes critérios: A - 1. Fracasso em conformar-se às normas
sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de
atos que constituem motivo de detenção; 2. Impulsividade ou fracasso em fazer
planos para o futuro; 3. Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas
corporais ou agressões físicas; 4. Desrespeito irresponsável pela segurança própria
ou alheia; 5. Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em
manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras; 6.
Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido,
maltratado ou roubado outra pessoa. B - O indivíduo tem no mínimo 18 anos de
idade. C. Existem evidências de Transtorno da Conduta com início antes dos 15
anos de idade. D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá
exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.
Silva (2018) apresenta de forma detalhada algumas destas características. O
psicopata costuma ser muito bem articulado, tornando a conversa atrativa e
demonstrando grande eloquência, porém, embora tenha habilidade de falar sobre
diversos assuntos, revela superficialidade de conteúdo e mesmo quando
desmascarado, não demonstra vergonha ou culpa.
Ao afirmar que esses sujeitos são egocêntricos, Silva (2018) fala do
narcisismo e supervalorização que os psicopatas apresentam em relação aos
próprios valores e ações, acreditam que são superiores aos demais, o que lhes dá o
direito de viverem de acordo com as próprias leis e pensam que o mundo deve girar
em torno deles. Ao juntar isso a sua habilidade de transferência de responsabilidade,
tem-se alguém que comete atos mais atrozes e mesmo quando verbalizam remorso,
têm ações que demonstram ausência de culpa. São também considerados
megalomaníacos, com grande fascínio por poder e pelo controle sobre os outros,
21

possuem mania de grandeza. Acreditam poder fazer qualquer coisa, pois pensam ter
habilidades excepcionais.
De acordo com Silva (2018), os psicopatas não possuem a habilidade de se
colocar no lugar dos outros, demonstrando ausência de empatia, para eles, as
demais pessoas são apenas objetos que servem para serem utilizados com o
objetivo de satisfação pessoal. Essa falta de empatia é apresentada não somente
com estranhos, mas também com os próprios familiares. Qualquer laço
aparentemente mais profundo aponta certamente seus sentimentos de
possessividade e seus grandes poderes de racionalidade, que possibilitam que eles
aprendam a fingir sentimentos e não a amar genuinamente.
Para Silva (2018), os psicopatas são mentirosos contumazes, ou seja, fazem
da mentira seu instrumento de trabalho. Junto com a mentira trapaceiam e
manipulam com impressionante frieza e habilidade, o que comprova sua pobreza de
emoções: “[...] evidenciada pela limitada variedade e intensidade de seus
sentimentos” (SILVA, 2018, p. 77).
Costumam confundir os sentimentos e, normalmente, quando demonstram
algum é pura encenação, por isso, são considerados atores da vida real. Silva
(2018) acredita que um dos recursos mais observados em situações de manipulação
psicopática é o que a autora denomina de “jogo de pena”, na qual o indivíduo
psicopata utiliza sentimentos de piedade e solidariedade de outra pessoa para
dominá-la e controlá-la. Outra característica apontada por Silva (2018) é a
impulsividade, com a qual o sujeito visa alcançar o prazer, a satisfação sem qualquer
arrependimento, ou seja, tende viver o momento, buscando satisfazer seus desejos.
Nessa mesma lógica, Silva (2008), cita o um autocontrole deficiente, que faz
com que o psicopata responda às frustrações com violência súbita ou ameaças e ele
facilmente se ofende por motivos banais.
Segundo Silva (2018), os psicopatas possuem grande necessidade de
excitação, não possuem tolerância ao tédio, o que faz com que tenham
incapacidade de serem responsáveis, muitas vezes, ignorando ou tratando com
indiferença seus compromissos.
22

Silva (2018) salienta que para que o diagnóstico de psicopatia seja dado é
necessário que o indivíduo tenha boa parte destas características e apresente, de
forma significativa, os requisitos do DSM-IV-TR citados.
Segundo Holmes (1997), os psicopatas são hedonistas, vivem em busca do
prazer imediato sem se importar com as consequências ou quem irão prejudicar no
caminho da satisfação.
Para Kernberg (1995), o psicopata pode ser passivo-parasita ou agressivo, o
segundo tem como característica a ausência de culpa. Para o autor, a maior
diferenciação entre eles está em relação aos seus crimes. Enquanto os primeiros
praticam mentiras, roubos, falsificações, fraudes e prostituição, os segundos são
comumente vistos praticando assaltos, estupros, roubo à mão armada e
assassinato.
A reduzida tolerância à frustração conduz à violência fácil e gratuita; os
mecanismos de defesa inconscientes de eleição são a racionalização e projeção,
indicando outrem ou a própria sociedade como unicamente culpada e responsável
por seus atos. Não aprende com a punição (FIORELLI e MANGINI, 2009).
De acordo com Silva (2018), os psicopatas podem ser classificados como
portando psicopatia leve (os estelionatários), moderados (os que mandam matar) e
graves (os que matam com as próprias mãos).
Silva (2018) acrescenta que existe um grande problema em se tratando de
pesquisas sobre psicopatas, uma vez que estas só são viáveis em penitenciárias e
que, muitas vezes, não há interesse por parte dos sujeitos pesquisados de
revelarem algo e quando estes aceitam participar, normalmente, procuram manipular
as respostas em busca de vantagens pessoais.
23

4 FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA COM VISTAS A PSICOPATIA

De acordo com Oliveira (2012), os psicopatas têm déficit emocional elevado,


falta de afetividade e pouca ou nenhuma empatia com seu semelhante. Esses
sentimentos são essenciais para os “julgamentos morais”, que utilizam a razão e a
emoção para decidir acerca da moralidade em determinados casos. Julgamentos
morais são as decisões feitas diariamente em situações que aparecem a todo o
momento, que envolvam moralidade. Isto é, baseando-se em todo um arcabouço de
valores éticos prévios, um indivíduo torna-se capaz de decidir se um determinado
cenário é ou não moralmente aceitável.
A questão da precedência das emoções sobre a razão, quando se trata de
julgamentos morais é tema bastante discutido pelos estudiosos da psicologia moral.
Alguns recentes debates na literatura da psicologia social sobre moralidade têm
focado exatamente nesse assunto, com autores argumentando que as emoções têm
papel principal quando se fala em moralidade, enquanto outros afirmam que, quando
trata-se de julgamentos morais, o papel fundamental é do raciocínio (PIZARRO et
al., 2007). De fato, esse debate sobre emoções e razão acerca dos julgamentos
morais remonta às mais antigas filosofias de Hume – afirmando que a razão deve
ser guiada pelas emoções – e Kant – que, em resposta a Hume, ressaltava a
supremacia da razão nos julgamentos morais.
Os chamados “dilemas morais” são clássicos exemplos que evidenciam o uso
das emoções nos julgamentos morais. O cenário problemático tradicional
apresentado pelos pesquisadores é o caso do trolley, dividido em “Switch Case” e o
“Footbridge Case”. Estes casos foram criados primeiramente por Phillipa Foot e
depois aperfeiçoados por Judith Thomson. A primeira situação, denominada “Switch
case”, expõe o seguinte problema: um bonde está passando e um indivíduo observa
que em uma parte do trilho há cinco pessoas presas, enquanto nos trilhos auxiliares
há uma pessoa presa (OLIVEIRA, 2012). O bondinho está desgovernado, e, se
seguir adiante, atropelará as cinco pessoas. O observador, porém, tem próximo a si
uma alavanca, que, se acionada, mudará a direção do bonde, atingindo apenas a
única pessoa que estava presa ao trilho auxiliar. O segundo caso – “Footbridge
Case” – segue a mesma lógica. Aproxima-se um bonde desgovernado, e em sua
24

trajetória há cinco pessoas presas aos trilhos. O observador, neste caso, está acima
dos trilhos, em uma ponte, junto com um indivíduo com sobrepeso. Caso esse
observador empurre esta pessoa próxima, ela certamente irá parar o bondinho,
salvando as cinco pessoas (ressalte-se que o observador não tem peso suficiente
para impedir a passagem do bonde, e obrigatoriamente o obeso será morto) –
(GREENE, 2011).
A resposta mais comum para o caso é aceitar puxar a alavanca no primeiro
caso, mas se recusar a empurrar outra pessoa, como no segundo caso. Juntos,
esses dois dilemas criam um quebra-cabeça para os filósofos morais: O que torna
moralmente aceitável sacrificar uma vida para salvar cinco no dilema “switch case”,
mas não no dilema “footbridge case”? Joshua Greene afirma que a resposta para
esta questão é que o segundo caso envolve as emoções humanas, enquanto o
primeiro não tem essa capacidade (relação de pessoalidade e impessoalidade) –
(GREENE et al., 2001). Além disso, foi descoberto que em cenários que são mais
próximos e pessoais (como o “footbridge case”), partes do cérebro, relacionadas ao
processamento emocional são ativadas. Greene argumentou que a aversão
emocional em empurrar o homem compete com a análise racional do custo-benefício
orientado para salvar mais vidas e, em casos como estes, a emoção ganha.
Novamente, o uso da neuroimagem torna-se presente: no caso de abaixar a
alavanca, foi observada atividade no córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL), uma
região envolvida na tomada de decisão racional e também em "controle cognitivo" de
emoção ou a capacidade de guiar a atenção e o pensamento para superar a
resposta emocional prepotente (GLENN et al., 2009). Assim, em uma visão geral,
alguns dilemas morais têm uma participação emocional em maior medida do que
outros dilemas, e essa diferença no engajamento emocional afeta os julgamentos
morais dos indivíduos (SINNOT-ARMSTRONG, 2011).
Por sua vez, quem não empurra o gordinho de cima da ponte, para parar o
bondinho, age conforme os preceitos deontológicos (pois entendem, racionalmente
pensando, que matar alguém é, per si, uma ação moralmente errada) –
(ALEXANDER e MOORE, 2011).
Neurologicamente analisando, foi realizado um estudo com pacientes que têm
deterioração emocional por lesão ao Córtex Ventromedial Pré-frontal (VMPC). Os
25

pacientes têm como características principais a falta de empatia e o afeto reduzido.


Neste caso, Liane Young et asl., fizeram testes em um grupo de seis pacientes, com
lesões bilaterais de VMPC, a fim de determinar se o processamento sentimental
observado nestes casos é ou não necessário para influir nos julgamentos morais. A
esses indivíduos foi mostrada uma série de situações morais pessoais e impessoais,
solicitando que valorassem e decidissem como agir (OLIVEIRA, 2012). O resultado
foi de que estes pacientes respondem da mesma forma que a média das pessoas
sem lesão alguma às questões impessoais, porém, no que tange às questões
pessoais eles tendem escolher uma atitude sentimentalmente prejudicial, se isso
gerasse um benefício a um maior número de pessoas (tendem ser
consequencialistas em qualquer cenário apresentado, independente da ação)
(CUSHMAN et al., 2010).
Desta forma, apesar de existir vasta discussão argumentando se as emoções
são ou não mais importantes que a razão quando feito um julgamento moral, não há
como negar que o emocional exerce papel importante nestas decisões. Sentimentos
como culpa ou vergonha são necessários, por exemplo, para prevenir um indivíduo
de cometer determinadas ações por julgá-las moralmente incorretas (HUEBNER et
al., s/d). As emoções tornam-se fundamentais para guiar as decisões morais e as
ações individuais (OLIVEIRA, 2012).
Nesse sentido, duas linhas filosóficas surgem como resposta à questão das
decisões morais. Uma ação moralmente “boa” requer um julgamento moral sincero,
quanto uma motivação moral. Para os chamados “internalistas”, estes dois requisitos
estão internamente ligados (seja por sentimentos, seja pela razão). Já para os
“externalistas” a conexão entre julgamentos morais e ações é lapidada por
motivações externas ao próprio julgamento. Para estes, os julgamentos morais são
apenas crenças, por isso, não podem motivar uma ação (KENNETT e FINE, 2008).
A motivação para fazer algo que a moralidade demanda é baseada
principalmente nas emoções. Esta motivação depende dos julgamentos morais, que
é um julgamento de que algo tem significado moral (para expressar julgamentos
morais utilizam-se termos tais como “certo” e “errado”, “bom” e “mau”, “justo” e
“injusto” etc). Normalmente, quando uma pessoa julga que algo tem significação
moral, costuma agir de acordo com esse entendimento (PRINZ e NICHOLS, 2011).
26

Assim, sabendo que uma ação é “ruim” (seja pelos seus resultados, seja pelo agir
em si), um sujeito comum não a cometerá, pois não será motivado a tal, visto
entendê-la como moralmente incorreta. O papel das emoções, então, é de fornecer o
arcabouço a cada pessoa, para que ela seja capaz de julgar uma situação como
moralmente aceitável – utilizando a empatia, compaixão, afeto, respeito, etc. – e
sinta-se, sinceramente, impelida a realizá-la ou não.
Se as decisões morais são baseadas em emoções é de se questionar, então,
se os psicopatas – que têm por característica principal a falta delas – são capazes
ou não de fazer julgamentos morais e guiar-se conforme esse entendimento. Nas
palavras do professor Sinnot-Armstrong, há duas possibilidades óbvias. Em uma
visão clássica, os psicopatas fazem julgamentos morais, mas simplesmente não
ligam se seus atos são moralmente corretos. Falta-lhes a motivação acima
explicada. Já numa visão não clássica, os psicopatas não fazem julgamentos
morais, eles apenas fingem fazê-los a fim de manipular as aparências e as pessoas
ao seu redor (SINNOT-ARMSTRONG, 2011).
O ponto de vista clássico mencionado pelo professor Sinnott-Armstrong
afirma que os psicopatas realmente fazem julgamentos morais, mas não conduzem
suas ações de acordo com tais entendimentos. Nesse sentido, a corrente que adota
essa posição preceitua que as experiências emocionais sucedem os julgamentos
morais, e não os antecede nem os guiam, não sendo pré-requisito necessário.
Assim, os psicopatas são capazes de realizar julgamentos morais tanto quanto uma
pessoa comum da população (OLIVEIRA, 2012). O desvio do psicopata é que ele
simplesmente não liga para o que entende como moralmente reprovável/permissivo
e por não se ocupar com outros tipos de sistema motivacional que inspiram o
comportamento moralmente adequado e inibem aquele inadequado (CIMA et al.,
s/d). Assim, eles são plenamente capazes de fazer e acreditar nos julgamentos
morais, mas lhes falta o mecanismo que traduz esta habilidade cognitiva em
emoções normais ou motivações, a fim de evitar ações imorais (SINNOT-
ARMSTRONG e BORG, 2011).
PPor sua vez, como já citado anteriormente, uma visão não clássica afirma
que os psicopatas não são capazes de fazer julgamentos morais. Essa Teoria é
consequência de uma lógica bastante razoável, mas que pode ter falhas se não
27

analisada corretamente. A premissa demonstrada pelos sentimentalistas, adeptos da


teoria internalista, é que os julgamentos morais são baseados nas emoções; os
psicopatas são carentes emocionalmente; logo, os psicopatas não são capazes de
fazer julgamentos morais (MONTELLO, 2011).
Entretanto, é preciso analisar com mais cuidado a capacidade ou não dos
psicopatas fazer julgamentos morais. Considerando que as emoções têm papel
fundamental nas decisões morais, faz sentido afirmar que a falta delas implica
diretamente na impossibilidade de realizar tais julgamentos. Os internalistas afirmam
que os psicopatas não fazem julgamentos morais “genuínos” (MONTELLO, 2011).
Isso quer dizer que eles não compreendem o sentido das palavras como as pessoas
comuns entendem. Por exemplo, um psicopata pode dizer que sabe o que é beleza,
feiura, bem, mal, amor, horror, mas na verdade ele não tem como saber, pois não há
nada em sua órbita de consciência para que ele possa comparar. Ele pode repetir as
palavras e dizer levianamente que ele entende, mas, ainda assim, não há nenhuma
maneira para ele perceber que ele não entende. Dessa maneira, eles são capazes
de falar o que seu interlocutor quer ouvir, pois que sabem perfeitamente manipular
as feições e a fala a fim de atingir seus objetivos (OLIVEIRA, 2012).
28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A psicopatia ainda segue como sendo um dos grandes desafios da


criminologia, englobando todas as áreas do conhecimento que são interligadas a
essa, a Psicologia, Psiquiatria ou mesmo o Direito. A mente criminosa do psicopata
ainda guarda muitas questões não explicadas, tanto pelo aspecto manipulador e
mentiroso dele, como porque é inegável a dificuldade na realização dos estudos,
visto que os psicopatas não criminosos raramente contabilizam para análise,
geralmente, realizada com criminosos psicopatas e presos.
Ainda que as afirmações dispostas se demostrem pessimistas acerca da
sanção penal aplicada àquele com personalidade psicopática, é preciso julgar
algumas ponderações quanto à importância da criminologia clínica, enquanto aliada
da punição devidamente direcionada a esses apenados.
Somente através de mais estudos, com metodologias claras e direcionadas à
psicopatia poder-se-á determinar o melhor tratamento ou pena a ser imposta ao
psicopata, visando cumprir os objetivos da pena, tanto sociais (proteção coletiva e
demonstração da força punitiva estatal), quanto individuais (ressocialização e
disciplinamento do condenado).
29

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