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As Revoluções 1770-1799 - Jacques Godechot
As Revoluções 1770-1799 - Jacques Godechot
NOVA
' •*v?-’á 3
CLIO
AS REVOLUÇÕES A HISTÓRIA
E SEUS
( 1770- 1799) PROBLEMAS
Jacques Godechot
Conselho Diretor:
n
Eduardo D ’OHveira França
Hector Hernan Bruit
José Gentil da Silva
José Roberto do Amaral Lapa
José Sebastião Witter
Luis Lisanti
Manuel Nunes Dias
Maria Luiza Marcílio
AS
Regis Duprat
REVOLUÇÕES
SÉRIE “NOVA CLIO” ( 1770 - 1799)
Orientação:
Luis Lisanti
Supervisão Editorial:
Tradução de
Cristiana Monteiro de Siqueira Pontes
E r o th ild es M illan B a rro s d a R o ch a
II
„ A , . ................ 1 2 2 b) A História Narrativa no Estrangeiro 151
2. A m erica..................................................... \ 22
a) Os Eslai/os Unidos ......................................... 124 d A História "Explicativa"............... 152
hl 0 C an adá ......................................................... 125 3. A Época da Pesquisa Científica .............. 155
cl A Am érica E sp a n h o la ........................... ..................... _ , at Aiilard e sua Escola ..................... 155
, ........ 1 2 6
di 0 B r a s i l .................................................. 197 b) Jaarès............................ 157
3. Ásia, África, Oceania .............................................
............. 1 / / cl Mathiez................................. 158
a) As Ín d ias ....................................... 127
d> Sagnac e Lefebvre .......................... 160
hl A C h in a ................................................................. 128
cl 0 Ja p ã o ......................................... -j 4. As Tendências Atuais......................................
d) A Á sia do Sudeste ...................................................... ^ al Os Historiadores Conservadores............................. 163
e) A Pérsia ea T urquia ............................................ \29 hl Os Divulgadores............................... 164
f l 0 M aghreb ................................................................. ,,, d Os Eruditos ......................... 164
gl A Á frica Austral e a Centra! ....................................... ^ ^
hl A Oceania ........................................................................
Capítulo 2 REVO LU Ç Ã O FRAN CESA OU REVO LU Ç Ã O
133 O C ID EN TA L? ..................................................... , 6g
Capítulo 11 B R U M Á R IO ........................................ 133
1. O Verão de 1799 ................................ ...................... DJ 1. A Questão .............................................
2 . A Situação Social, Económica e Política da
2. Objeções à Noção de Revolução Ocidental..... 1 7 0
França no período final do Diretório .................
3. O Problema dos Limites Cronológicos e
3. O Golpe de Estado do 18 e 19 Brumário ....... 17»
Geográficos ........................................ ^y 3
4. Conclusão......................................................................
4. A Revolução Americana .................. 175
5. As Agitações Revolucionárias da Grã-Bretanha 177
SEGUNDA PARTE 6. A Revolução nos Países-Baixos............... 178
/. As Revoluções da Suíça ................... j yg
Problemas e Direções de Pesquisa
Capítulo 3 C ER TEZ A S E H IPÓ TE SES SO BR E AS
Capítulo 1 UM A N T IG O D E B A T E : H IST O R IA D O R E S CAUSAS DA REVO LU ÇÃ O ................................ 133
“R E V O L U C IO N Á R IO S” CO N TRA 1. Uma Conspiração? ..................... 183
“C O N SER V A D O R ES” ............................................. 2. A Estrutura da Sociedade..................... 184
1. Os Contemporâneos dos Acontecimentos ...... 1
3. As Transformações Demográficas .................... 185
2 Os Polêmicos dos Três Primeiros Quartéis dos
4. A Estrutura e a Conjuntura Económicas .......... 187
147
Século X IX .................................................................. 3. O Movimento das Idéias: as Luzes.................... I 89
a l A H istória N arra tira na E ram a ................................. 1 4 7 6. A Evolução Política........................ 190
— X — — XI —
3. A Evolução Política da França desde o 18
Caoítulo 4 P R É-R EV O LU Ç Ã O , R EV O LU Ç Ã O E
Frutidor do no V (4 de setembro de 1797) até o
C O N T R A -R EV O LU Ç Ã O (1787-1792) ...............
dia 30 Prairial do ano VII (18 de junho
1. As Características Específicas da Revolução ^
d e l 7 9 9 >....................................................................... 2 3 8
Francesa ........................................
2. Causas Particulares ..................................................
Capítulo 7 O M U N D O , E X C E T O A FRANÇA, DE 1792
3. A Revolução na França de 1787 a 1789 ........... ^
A 1 7 9 9 ..
............................................ 243
4 1789 na Fran ça..................................................
L As Regiões Anexadas à França............... 2 4 3
5. A Declaração dos Direitos do Homem e do ^
2. As Colónias ..................... 0 ,
Cidadão ........................................................ 204 3. Os Países Conquistados e não anexados
6 Cidadãos Ativos e Cidadãos Passivos..........-
1 A Nova Chama Revolucionária na Gra-Bretanha. , à/ rança " . .................................................................... 2 4 6
"*■ As Repúblicas Irmãs ................ 247
nos Paises-Baixos Holandeses, Belgas e na
5. A Europa Independente................. 249
8. o Despertar do Movimento Revolucionáno na ^
6. A Am érica...........................
■Europa Central e Meridional ............. ...................
7. Os Acontecimentos do Verão de 1799 25S
9 . A Contra-Revolução e as Origens da Guerra ..
CONCLUSÃO G ERA L
Capítulo 5 JA C O B IN O S E SA N S-C U LO T TES N A ^ ...................................................................... 2 6 5
Sgoian
asi& ^ s!
O 796-99) e (1820)
Washington 'Atenas Revolução
iostonl Revolução Te rro r 1793-
(capital) 1800 Adams o3 Nápoles grega 1821
M É X IC O
Francesa
Independência reconhecida
Yorktown ^1782^
« Inglaterra em 1 783
•1781 A Franklin Espanha #
,arribeau 1820 MÍd" /
Charleston
NovaOrleans Revolução Portugal (1 8 1 2 -2 0 )j
Lisboa f \ \
Americana
Miranda
flórida
1776 África
Trafalqar
México: Revolução R EVOLUCOES
dos irlandeses
unidos 1798 NAEURÒPA
Edimburgo
francesajngtei O C ID E N T A L
}Grã-Bretanha 1791-1799
Belize . . Fronteiras 1789
Trm id a d (F r .)
Çfóva; Revoluções da R EVO LU CO ES NO M UNDO A T L A N T IC O
Bolfuar 1 8 1 Q d a /
Granada
OCEANO PACIFICO América Latina 1770-1799 República
Venezuela « 1810-1825 Francesa _
Datas correspondentes ao triunfo de uma
lv Guiana ttf* 1789
revolução ou a declaração de independência
Bordéu* O Diretório
Datas correspondentes a 1795-1799
* <o Colónias ilonha
x espanholas revoluções fracassadas ou reprimidas
Toulouse T'R ep úb lica
; Qu<to 1819 Amazonas Batalhas t ■romana
-Guayaqutl
Movimentos de tropas ou #
personagens franceses
Movimento de outras tropas ou
^Nápoles
Brasil outras personagens franceses Repúbl ica1
(Colónia de Portugal) Pertence à Inglaterra napolitana
Fronteiras ou nomes políticos de 1799
enquanto que reino
Lima’ da Córsega — 1794
Fronteiras em litígio
>
#
prim eira parte
A SITUAÇÃO DOS
CONHECIMENTOS
r
capítulo 1
Características Gerais
do Período
Eis uma série de fatos que demonstram e ilustram a tendência
geral de que o período que vai aproximadamente de 1770 a 1850
seja uma época revolucionária.
De 1770 a 1783: revolução americana, formação da repúblicà dos
Estados Unidos com um governo constitucional, liberal e mais demo
crático que os demais governos de então. 1780-1783: agitações revo
lucionárias na Irlanda e na Inglaterra, tendo por objetivo, de um lado,
a autonomia da Irlanda, e, de outro, a reforma parlamentar na Ingla
terra. 1783-1787: revolução nas Províncias Unidas para impedir o
“stathouder”* de tornar-se rei hereditário e para dar um sentido de
mocrático às instituições do país. Somente a intervenção armada da
Inglaterra e da Prússia impede a eclosão do movimento. 1787-1790:
revolução nos Países-Baixos Austríacos. 0 movimento, inicialmente
dirigido contra as reformas “esclarecidas” de José II, dá origem a um
verdadeiro partido democrático. 1768-1782: revoluções democráti
cas em Genebra; elas fracassam sempre em virtude da intervenção
armada estrangeira. 1781: movimento revolucionário em Friburgo,
na Suíça. 1772 e 1789: o rei da Suécia apóia-se nos burgueses e nos
camponeses contra a nobreza e dá ao regime um sentido mais demo
crático. 1787-1815: revolução francesa. 1788-1794: revolução polo
nesa. 1792-1795: reinicio da revolução belga com ajuda da França.
1792-1801: revolução na Alemanha Renana com o auxílio do
exército francês. 1795: entrada das tropas francesas na Holanda,
revolução, terminando com a criação da república batava. 1795-1797:
reinicio vitorioso da revolução em Genebra. 1796-1799: revolução
nos diversos Estados italianos. 1798-1799: revolução, na Suíça,
- 3 —
formação da república helvética. 1797-1801 — os “grandes princí
pios” da Revolução são levados pelo exército francês às Ilhas Jónicas
e daí aos Bálcãs, a Malta, ao Egito, à Síria. 1805-1815: esses “grandes
princípios” graças aos exércitos imperiais atingem a Europa Central, a
Polónia e até mesmo a Rússia, a Espanha e Portugal. 1810-1825: a
invasão da Espanha tem como consequência a revolução das colónias
espanholas na América. Vencida provisoriamente na Europa em
1815, a Revolução surge na Itália e na Espanha em 1820, na Grécia,
em 1821, na prança, na Bélgica, na Polónia em 1830, em toda a
Europa Ocidental e Central em 1848. capítulo 2
A reação geral verificada entre 1849-1850, aliás, após ter supri
mido os vestígios dos regimes senhorial e feudal nas regiões da Eu
ropa Central onde eles floresciam ainda, termina com essas agitações
revolucionárias. O regime capitalista sucede aos regimes senhorial e
As Causas
feudal e até 1917 sofrerá apenas fracas investidas. Como não pensar
que estas revoluções façam parte de um mesmo conjunto? Não se Sem dúvida, circunstâncias particulares explicam a eclosão da
poderia caracterizá-las pelas expressões: “revoluções em cadeia”, revolução em cada Estado, mas um movimento muito geral, como o
“revolução ocidental” e “revolução atlântica”? que acabamos de definir, deve ter causas comuns. Elas residem na
estrutura da sociedade, na natureza e na evolução económica e na
NOTA: conjuntura política.
* “Stathouder” — nos Países-Baixos, título dado, de início, ao governador de cada província,
depois aos chefes militares da União, principalmente aos Príncipes de Orange. (Rev.) 1) A ESTRUTURA DA SOCIEDADE
1) A REVOLUÇÃO AMERICANA
A Revolução na França
de 1787 a 1789
1) CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS
— 36 —
trolador geral das finanças. Durante três anos esforçou-se, como subvenção territorial e reclamou também a convocação dos Estados
Necker, enfrentando as dificuldades através de empréstimos. Mas,
Gerais (24 de julho).
no fim de 1786 o crédito do governo estava esgotado. Não havia Brienne decidiu recorrer à força: sessões solenes do Parlamento,
outra alternativa: bancarrota ou retomada dos projetos de reformas depois exílio do Parlamento em Troyes. No mesmo momento, nesta
de Turgot e Necker, com seu corolário, a oposição dos corpos privi cidade, os parlamentares proclamaram que os “Estados Gerais pode
legiados. Calonne considerou-se bastante hábil para fazer com que
riam sozinhos examinar e sanar as dificuldades do Estado”. As outras
esses projetos de reformas fossem aceitos pelos privilegiados, esco
cortes soberanas da França se aliaram ao Parlamento de Paris. As
lhidos por ele e reunidos em uma assembléia de notáveis.
revoltas nas ruas de Paris, uma campanha de panfletos sustentaram a
O plano definido por Calonne incluía principalmente a igualdade
revolta da aristocracia parlamentar. O governo cedeu. Retirou seu
de todos diante de um novo imposto, a “subvenção territorial”, já
projeto de “subvenção territorial”, convocou o Parlamento em Paris
sugerido por Turgot e Necker e que devia substituir a vintena. Os
e prometeu a convocação dos Estados Gerais para 1792.
oytros impostos seriam conservados. Calonne propunha também a Todavia, seria preciso viver na expectativa. Brienne submeteu
amortização da dívida do clero pelo produto do resgate dos direitos projetos de empréstimos ao Parlamento convocado em “Sessão
senhoriais recebidos pela Igreja.
Real”, a 19 de novembro de 1787. O Parlamento protestou contra
A assembléia dos notáveis reuniu-se em 22 de fevereiro de 1787.
as formas inusitadas de sua reunião, formulou veementes críticas à
Seus membros, contrariados pelos rumores que se haviam espalhado política financeira do governo e solicitou que os Estados Gerais se
sobre sua provável servilidade, estavam resolvidos a passar para a reunissem em 1789- O rei prometeu antecipar a reunião dos Estados
oposição; eles rejeitaram os projetos do Controlador Geral. Luís sem precisar a data e ordenou o registro dos empréstimos. “E ilegal,
XV I destituiu Calonne e convocou o chefe da oposição, o Arcebispo exclamou o duque D ’Orléans. — Sim, é legal porque eu o quero”,
de Toulouse, Loménie de Brienne, para a assembléia dos notáveis. replicou Luís XV I. Afirmação imprudente do absolutismo real num
Brienne compreendeu logo que só o plano de Calonne permitiria momento em que o governo não tinha mais meios de se fazer respei
equilibrar o orçamento. Eliminou do plano alguns pontos acessórios,
tar. O exílio do duque D ’Orléans e a prisão de dois conselheiros
mas conservou o essencial, a subvenção territorial. Os notáveis con
conseguiram apenas aumentar a agitação revolucionária em Paris, e
tinuaram intransigentes e declararam que “somente os representantes
em todo o reino. A 17 de abril, o rei declarou, muito acertadamente,
autênticos da Nação” tinham o poder de conceder um novo imposto:
que se submetia às exigências dos parlamentares e “a monarquia não
era motivo para reclamar a convocação dos Estados Gerais, como
seria mais do que uma aristocracia de magistrados.”
aliás explicou-o claramente La Fayette, um dos notáveis, a 21 de
maio. Efetivamente, os parlamentares, para ter o apoio da burguesia, se
colocavam como os defensores dos “direitos da Nação”. Também
Luís X V I rejeitou ainda esta perspectiva. Destituiu a Assembléia lembravam, a 3 de maio de 1788, as “leis fundamentais do reino”: “O
a 25 de maio de 1787. A reunião da Assembléia dos Notáveis mar voto dos subsídios, como eles explicavam, competia unicamente aos
cou verdadeiramente o início da revolução na França. Ela tornou evi Estados Gerais; os franceses não podiam ser nem presos, nem deti
dente a todos a atitude da aristocracia, mais violentamente hostil do
dos arbitrariamente, mas acrescentavam eles: os privilégios consa
que nunca ao fortalecimento do poder real, a fim de manter seus
grados pela lei e pela tradição são invioláveis.”
privilégios. Ela marcou o início da “pré-revolução” ou “revolta nobi
Esta última afirmação poderia ter sido explorada pelo governo
liária”, resultado lógico e consequência final da reação feudal, ini
para separar os aristocratas da massa do Terceiro Estado e tentar re
ciada após várias décadas. Mostrou que a reparação financeira estava
formas contando com seu apoio. Brienne nada fez em relação a isso.
ligada à reforma do regime, e que, além do mais, o déficit era o
Limitou-se a repetir o golpe de força que Maupeou havia dado em
“tesouro da Nação.”
1771, sem estar seguro do apoio popular. A 8 de maio, Lamoignon
A Assembléia dos Notáveis dissolvida, se recusarmos a idéia de
despojava os parlamentos de suas atribuições essenciais e as dividiu
uma bancarrota, era forçoso apresentar as reformas aos parlamentos.
entre 47 “grandes bailiados”*, e uma “corte plenária” de notáveis —
Foi o que fez Brienne. Mas o Parlamento de Paris, apesar de aceitar
considerados submissos. O processo criminal foi reformado, as justi
algumas reformas menores e principalmente a expansão das assem ças senhoriais foram espoliadas da maioria de suas causas.
bléias provinciais por toda França, recusou a mais importante, a Estas reformas manifestaram-se como um desafio à declaração de
— 38 —
— 39 -
3 de maio; desencadearam por toda a França a revolução que se pre memórias foram impressas e causaram agitação, mas permitiram aos
parava há um ano. Os parlamentos recusaram-se a se submeter e a patriotas expor e discutir seu programa.
revolta estourou na maioria das cidades em que estavam as cortes A 24 de agosto, Brienne demitiu-se e foi substituído por Nec-
soberanas. Em Grenoble, foi o “Dia das Telhas”: a 7 de junho os ker que contava com a confiança dos patriotas.
revolucionários, sobre os telhados, atiram telhas nas tropas encarre Retomando a tática de Calonne, Necker quis que os próprios
gadas de pôr em execução os éditos governamentais. Em Toulouse, privilegiados consentissem na duplicação e no voto por cabeça. Con
em Pau, Rennes, Dijon, Besançon, houve manifestações análogas. vocou a Assembléia dos Notáveis a 6 de novembro de 1788: para sua
Em Dauphine, após o Dia das Telhas, os aristocratas e os burgueses grande decepção, ela exigiu que os Estados Gerais se reunissem
de Grenoble convidam as três ordens da província a se reunir. A “como em 1614” e denunciou “a revolução que se preparava.”' Nec
Assembléia, reunida no castelo de Vizille, decide convocar sem auto ker apoiado pela opinião pública, foi além desta oposição. Conse
rização real os Estados da província, que não estavam se reunindo guiu, no Conselho de 27 de dezembro, que o rei adotasse a duplica
mais desde 1628. Ela especifica que eles deveriam ter entre seus ção do Terceiro Estado, mas não pôde obter uma decisão sobre -o
còmponentes tanto deputados do Terceiro Estado como delegados voto e os próprios Estados deveriam se pronunciar quanto a esta
das duas ordens privilegiadas. Solicita aos futuros Estados Gerais que questão fundamental.
se componham da mesma maneira e preconiza a admissão dos ple
beus a todos empregos. 4) 1789 NA FRANÇA
O programa formulado pela aristocracia parlamentar, portanto, já
1789 é a data em que, tradicionalmente, os historiadores estabe
era ultrapassado. E necessário, entretanto, ressaltar que a assembléia
leciam o início da revolução na França. De fato, ela começara há dois
de Vizille não reclamou nem a igualdade de direifos, nem a supressão
anos, mas sob a forma de uma revolta das “classes constituídas”,
de ordens, nem a abolição do regime feudal.
muito análoga à das classes aristocráticas americanas, irlandesas, ho
Contudo, ao lado das classes privilegiadas que até então tinham landesas ou belgas.
conduzido a luta contra o governo, formava-se um partido que se A partir de 1789, na França, a revolução irá ultrapassar esse está
qualificou de “nacional”, ou de “patriota”, que já havia guiado os revo gio. Embora a oposição aristocrática ao governo se desloque e enfra
lucionários americanos, holandeses e belgas. Um comité de trinta queça, ela é substituída por uma revolta da burguesia, logo em se
membros coordenava através de “comités de Correspondência” a guida ela própria é apoiada por uma gigantesca oposição camponesa.
ação desse partido, cujos chefes eram recrutados entre os nobres li A união momentânea destes três grandes movimentos, no início de
berais (La Fayette, Mirabeau, La Rochefoucauld), alguns magistrados agosto, culminará com o desmoronamento do Antigo Regime e com
(Hérault de Séchelles, Fréteau), os jornalistas (Brissot, Servan), os a proclamação de princípios sobre os quais devia ser fundamentado
filósofos ’ (Condorcet), os advogados (Target, Bergasse, Lacretelle, não somente o Novo Regime da França, mas o de toda Europa mo
Danton, Barnave, Mounier). Os patriotas, também unidos aos privi derna. Assim, em 1789, a revolução deveria ser, na França, extre
legiados, reclamam a convocação imediata dos Estados Gerais. Mas, mamente mais radical do que nos outros países e infinitamente mais
separando-se da aristocracia, exigem a “duplicação” do Terceiro Es rica em resultados duradouros.
tado, o “voto por cabeça”, sem o qual esta duplicação não teria ne O ano de 1789 começa pela organização das eleições nos Estados
nhum sentido e a redação de uma “constituição”. Rapidamente os Gerais, cujo regulamento de 29 de janeiro fixa as modalidades: o
patriotas irão suplantar os parlamentos no comando da agitação. sufrágio era muito grande, porque bastava ter 25 anos e estar inscrito
Diante da verdadeira tempestade que sacudia a França, Brienne no catálago de contribuições. Não se exigia nenhuma condição de
foi obrigado a capitular. Uma decisão do Conselho anunciou, a 5 de forcuna para a elegibilidade; o sufrágio, todavia, permitia aos deputa
julho de 1788, a convocação dos Estados Gerais para l.° de maio de dos do Terceiro Estado, vários cargos. Os eleitores deviam confiar a
1789, sem nada precisar quanto ao número de deputados, nem seus mandatários os cadernos em que seriam consignadas suas “quei
quanto ao voto. Ao contrário, a mesma decisão estabelecia, de fato, a xas”.
liberdade de imprensa, autorizando todos os franceses a apresentar As eleições e a redação dos cadernos se realizaram num clima da
suas idéias sobre a reforma do Estado: quase duas mil e quinhentas mais total liberdade. Nos cadernos de paróquia e sobretudo nos “ca-
— 40 — — 41 —
dcr nos gerais”, a burguesia pôde, graças à sua influência, inscrever trário do alto clero e da maioria da nobreza, eram tradicionalistas.
suas principais reivindicações: voto de uma constituição, supressão de CO' Alguns padres vieram juntar-se ao Terceiro Estado a 12 de
privilégios, às vezes liberalismo económico. A forma monárquica do unho Considerando que representavam 98 centésimos da nação, os
Estado não chegou a ser nunca contestada. Mas, nos quarenta mil DUtados do Terceiro Estado, ultrapassando a falta da maioria dos
cadernos redigidos pelas assembléias primárias, encontram-se queixas rivilegiados, declararam formar uma “Assembléia Nacional”. Logo
unânimes dos camponeses contra o regime feudal. atribuindo-se a concessão dos impostos, confirmam proviso-
Os privilegiados manifestam sua adesão ao rei, mas reconhecem ríamente os que existiam: era de prever que, no caso em que o
que devem ser realizadas profundas reformas. Eles denunciam a arbi rei e os privilegiados não admitissem seus projetos, eles poderiam, a
trariedade do governo e esboçam planos para a racionalização da ad exemplo dos patriotas belgas, proclamar a greve do imposto, ameaça
ministração. Bem poucos pretendem renunciar a seus privilégios ou excessivamente grave para o governo real.
ao regime feudal. Entretanto, Luís X V I, repreendido severamente por seus adep
As eleições e a redação dos cadernos resultaram em agitação. A tos decide anular pela força as decisões do Terceiro Estado. Ele
crise económica, a mais grave que a França conheceu em meio século, manda fechar, a 20 de junho, a sala de reuniões. Os deputados se
impunha, aliás, a realidade de suas misérias. Em Paris, a 28 de abril, dirigem, então, ao Jeu de Paume* e sob a iniciativa de Mounier, pres
no bairro Saint-Antoine, houve um violento motim. As províncias tam entusiasmados e unânimes o juramento de “jamais se separar e
foram também palco de agitações mais ou menos violentas, fraca de se reunir novamente em qualquer lugar em que as circunstâncias o
mente reprimidas pelas forças armadas, vítimas também da crise. exigissem, até que a constituição fosse estabelecida e firmada com
Não parece que estas agitações tenham influenciado as eleições. fundamentos sólidos.”
Os deputados foram exclusivamente membros do clero, nobres e Apesar desta imponente manifestação, o rei, compelido por seus
burgueses; entre estes últimos, os “homens da lei” formavam uma irmãos e pela rainha, decide impor sua vontade. A 23 de junho
grande maioria. O corpo de deputados da nobreza contava com al realizou-se uma “assembléia real”; o rei anunciou um programa in
guns nobres “liberais”, tais como La Fayette. Um outro nobre, co teiro de reformas, mas não falou nem de voto per capita, nem de
nhecido por sua vida agitada e seus panfletos mordazes, o Conde de igualdade fiscal, tampouco da abolição do regime feudal. O Terceiro
Mirabeau, havia sido eleito para o Terceiro Estado de Aix-en- Estado, após a leitura do discurso real, permanece na sala e mantém
Provence. Distinguia-se também o Abade Sieyès, eleito pelo Ter as decisões que tomara em nome da Nação. Mirabeau simboliza sua
ceiro Estado de Paris, cuja brochura Qu’est-ce que le Tiers Etat? aca resistência respondendo a um emissário do rei: “Ide dizer aos que
bava de se tornar célebre e o Bispo d’Autum, o cínico Talleyrand. vos envia que estamos aqui pela vontade do povo e que não deixa
Poucos deputados do Terceiro Estado são conhecidos fora de sua remos nossos lugares senão pela força das baionetas”.
província. Nenhum camponês e nenhum artesão foi eleito para os Luís X V I pareceu submeter-se. Deixou o clero e os nobres libe
Estados. rais se reunirem nas “Comunas” e, exatamente a 27 de junho, convi
A 5 de maio de 1789, os Estados Gerais foram solenemente dou os recalcitrantes a formar uma Assembléia Nacional, que a partir
abertos pelo rei, em Versalhes. Desde o início travou-se um longo desse momento teve a aprovação real.
debate que se referia aparentemente ao processo, mas, na realidade, Mas tratava-se de mera dissimulação, para ganhar tempo e reunir
dos deputados seriam verificados nas reuniões separadas de cada or tropas em torno da capital. Os movimentos de tropas redobraram a
dem, ou em sessão plenária? Ou seja, seriam mantidas as “formas” de inquietude que se apoderou de todos os espíritos diante do espetá
1614, e, em consequência, o voto por ordem que daria a maioria aos culo da incapacidade dos deputados. Camponeses e burgueses se per
privilegiados, ou seria aprovado o voto per capita? O Terceiro Es suadiram rapidamente de que todos os privilegiados estavam de
tado, unânime, era partidário da verificação dos poderes em comum acordo quanto a resistir às reivindicações populares, de que eles iam
e do voto per capita que por si só poderia permitir reformas eficazes. obter do rei a dissolução dos Estados Gerais e de que existia uma
Recusou-se, portanto, a verificação de poderes em assembléias “conspiração aristocrática” contra a “vontade do povo”. Populações
separadas e a 10 de junho as duas outras ordens foram convidadas urbanas e rurais se amedrontaram e se armaram. E, armados,
a se unir ao Terceiro Estado. Estas ordens estavam divididas, os temem-se mutuamente. Acreditava-se, em toda a parte, haver ban
nobres liberais e os padres pensavam como o Terceiro Estado. Ao didos” a serviço dos “aristocratas”.
— 42 — - 43 -
Desde o começo de julho um “medo” coletivo agita toda a região iedade burguesa. Os deputados do Terceiro Estado defende-
campestre normanda. Nas cidades e especialmente em Paris, a exci Pr° p0rtanto, as reivindicações camponesas mais essenciais, a fim de
tação chega ao apogeu. Os aristocratas e seus agentes começam a •^nter” o movimento revolucionário: eis um dos aspectos mais ori-
ser ameaçados. Foi nesta atmosfera causticante que se preparou, a 11 C°ais da revolução na França. Na realidade, esta aliança tácita da
de julho, a destituição de Necker, prenúncio do golpe de força pla h'rauesia e dos camponeses permite à revolução alcançar sem difi-
nejado pelo rei. Foi esta, realmente, a centelha que ateou fogo à Uldade seus resultados mais definitivos. Durante a noite de 4 de
pólvora. O povo de Paris se revoltou e a 14 de julho, atacando os cUoSto, sob a influência dos deputados do Terceiro Estado e de al-
depósitos de armas, se apoderou da Bastilha que era não somente urn uns nobres liberais, a massa de representantes da nobreza e do clero
arsenal, mas uma prisão do Estado, símbolo da arbitrariedade real. Os consentiu nos “sacrifícios” esperados pela França com tanta impa
parisienses, revoltados, formam uma municipalidade insurrecional ciência. Nesse clima de entusiasmo, a Assembléia decretou a abolição
uma guarda nacional e adotam.uma insígnia, juntando às cores azul é do regime feudal e dos privilégios, a igualdade diante do imposto e a
vermelha de Paris, à branca dos Bourbons. Luís X V I, surpreendido supressão dos dízimos. Estas decisões espetaculares foram logo di
pela amplitude da revolta, chama Necker e vai a Paris, a 17 de julho, fundidas através de milhares de jornais, de brochuras e de gravuras
confirmar os fatos já verificados. que tiveram as mais profundas repercussões: as agitações rurais dimi
A Revolução se espalha por toda a França como um rastilho de nuíram, a Assembléia pôde recomeçar seus trabalhos num clima de
pólvora. Em todas as províncias, o povo armado se apossa dos pode calma.
res municipais. Os camponeses, por essa razão, se apoderam dos cas
telos e exigem que sejam queimadas as velhas “cartas”, nas quais es 5) A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO
tavam inscritos os direitos feudais. Quando encontram resistência HOMEM E DO CIDADÃO
chegam, as vezes, até a incendiar as moradias senhoriais. Os revolto
sos temem-se mutuamente e assim se desencadeia durante a segunda Os constituintes — assim se chamariam doravante os deputados
quinzena de julho, em três quartos da França, esse estranho fenô _ haviam decidido, desde o início de julho, começar sua obra por
meno que se chamou o grande medo e que distingue tão nitidamente a uma declaração de direitos, como haviam feito os constituintes ame
Revolução Francesa das que eclodiram nos outros países do Oci ricanos. Mas há uma diferença bastante grande entre a Declaração
dente. 0 grande medo deveria ter uma influência decisiva sobre o Francesa dos direitos do homem e do cidadão, cuja redação terminou
curso da Revolução, porque o mundo rural, tão submisso e tão pas a 26 de agosto, e as declarações americanas. Estas últimas, mesmo a
sivo há séculos, a partir de então, em armas, reivindica a abolição do maior, a da Virgínia, continuavam individualistas, bem “americanas .
regime feudal. Os deputados franceses, ao contrário, quiseram trabalhar pela huma
À revolução aristocrática que desde 1787 se ligava ao absolu nidade. Desde 1789, a revolução francesa se distingue das que a pre
tismo real e à revolução dos juristas e legalistas que, desde 5 de maio cederam no Ocidente por sua característica universalista. Côm efeito,
de 1789, pretendia fazer triunfar os princípios da liberdade e da a declaração francesa é redigida em termos que se possa aplicar em
igualdade dos direitos somente pela força do processo, sucedia todos os países, em todos os tempos. Ela é válida tanto para uma
bruscamente a mais violenta “jacquerie”* que a França já conheceu há monarquia, como para uma república. Ela é verdadeiramente univer
séculos. Os burgueses, únicos representantes do Terceiro Estado na sal, o que constituiu sua grandeza e lhe garantiu seu prestígio.
Assembléia Nacional, tinham a intenção de redigir metodicamente Na declaração francesa, um acordo entre os projetos apresenta
uma constituição que proclamasse, com a liberdade individual e a dos por diversos deputados, principalmente por Sieyès e por La
igualdade diante da lei, o respeito pela propriedade. Eles se aperce Fayette dá ênfase à liberdade. Os homens nascem e continuam livres.
beram, então, amedrontados, que a própria propriedade estava amea A liberdade “é o direito de fazer tudo o que não prejudique os ou
çada porque os direitos feudais e os dízimos eram propriedades cuja tros”. Estabelecem-se claramente as bases judiciárias da liberdade in
abolição imediata era reivindicada pelos camponeses. dividual. Definem-se as liberdades de opinião e a liberdade de im
Todo o programa de trabalho que a Assembléia Nacional havia prensa. Mas a declaração não menciona nem a liberdade de culto,
elaborado no início de julho se viu arruinado. Pareceu urgente ter nem a liberdade de domicílio, nem a da indústria e do comércio, nem
minar com a insurreição camponesa, erro que ameaçaria a própria a liberdade de associação, nem a liberdade de ensino.
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A igualdade ocupa uma'posição mais limitada. Ela não figura ocadas. Mas, a essas convocações, acompanhadas de uma recru-
entre os direitos imprescritíveis, todavia o primeiro artigo afirma qUe Tscência da miséria e da elevação dos preços, seguiu-se, como em
os “homens nascem iguais”. O artigo 6 determina que a lei é igual . . . Q o levante do povo de Paris. A 5 de outubro, uma comitiva de
para todos, estabelece portanto, a igualdade diante da justiça e Á *U lhères, acompanhada da guarda nacional, dirigiu-se a Versalhes e
possibilidade de se admitir os cidadãos em todos os empregos. A 111 dia 6 reconduziu a Paris a família real. Desde então o rei ficou
igualdade fiscal é consagrada pelo artigo 13. n° o nas Tulherias, como refém dos patriotas. A assembléia o seguia
O direito de propriedade figura entre os “direitos naturais iml I Pr capital e adotou então a teoria de Sieyès sobre o poder consti-
prescritíveis e o último artigo repete que a “propriedade é inviolável "uinte ela decidiu que a Assembléia Nacional e Constituinte era su-
e sagrada . Era preciso, após a jacquerie” que terminara, dar maior tUrior ao rei e que este não podia rejeitar uma disposição constitu
segurança às propriedades. cional Ela iria, pois, exercer uma verdadeira ditadura e, durante dois
A soberania, declara o artigo 3, reside na Nação. O rei (sobre 0 anos governar soberanamente a França, renovando todas as estrutu-
qual não há dúvida) pode ser apenas o mandatário da Nação. A sobe ns políticas, administrativas, económicas, sociais e mesmo religiosas.
rania nacional não é divisível; portanto, as “ordens” não seriam capa Independência em tudo? Seria demais afirmá-lo. Em Paris, a assem
zes de subsistir. bléia irá sofrer intensamente a pressão do povo, mantido em alerta,
A lei é a expressão da vontade geral, portanto, todo atentado à irmado desde julho e reunido em organizações revolucionárias.
ordem pública deverá ser reprimido. O respeito a esta ordem é asse Desde o início de setembro os patriotas eram chefes de todos os
gurado pela separação dos poderes, à qual a declaração consagra um corpos municipais da França. Armados, formaram milícias, “as guar
artigo inteiro. das nacionais” que desde o mês de agosto planejaram as federações
Ao lado destes princípios fundamentais, a declaração trata, em locais, e a partir de novembro formarão federações regionais e final-
outros artigos, das forças armadas, das finanças, asseguradas por “uma mente se reunirão em Paris, numa grandiosa Federação Nacional, a
contribuição pública, livremente aprovada” da responsabilidade de 14 de julho de 1790.
funcionários. Enfim, proclamou-se a resistência à opressão e tratou-se Cidadãos,, os patriotas se reuniram para discutir os negócios do
de legalizar as insurreições de julho. Estado em clubes, provindos freqúentemente de numerosas “socie
A Declaração, sem dúvida, é obra de uma classe, a burguesia. dades de pensamento”, que foram criadas a partir de 1750, mas que
Mas ela sofreu bastante a influência das circunstâncias. Simultanea se inspiravam também em clubes ingleses, americanos, genoveses e
mente à condenação dos abusos do Antigo Regime, ela é a base da holandeses. Durante os primeiros anos da Revolução, houve clubes
nova ordem. Colocada sob a égide do Ser supremo, preserva ao cato de todas as gamas políticas, mas os que agrupavam os patriotas mais
licismo sua primazia. Se a liberdade da indústria e do comércio foi enérgicos corresponderam-se entre si e se habituaram a chamá-los
discreta, apesar dos fisiocratas, foi devido a esta questão. A liberdade Jacobinos, porqúe a sociedade parisiense “Amigos da Constituição ,
da associação não é mencionada, porque os constituintes desejavam, que os dirigia, localizava-se no refeitório do convento dos Jacobinos,
senão reprimir inteiramente, pelo menos reduzir o número de con na Rua Saint-Honoré.
gregações religiosas. Estes clubes exerciam uma vigilância ativa sobre os negócios lo
A declaração não é, pois, nem a cópia servil de modelos america cais, estimulavam as autoridades, repreendiam os moderados e de
nos, nem a transcrição prematura de idéias filosóficas. Foi uma obra nunciavam os “aristocratas”. Mas aí eram discutidas também as gran
humana que teve o maior número de contingências históricas no des reformas votadas pela Constituinte, que se instruiu lendo as nu
meio das quais nasceu. Embora redigida pela burguesia francesa do merosas novas gazetas. Na realidade, a liberdade de que gozava a
século X V III e em seu interesse, ela ultrapassa amplamente, devido à imprensa, desde o mês de maio de 1789, havia permitido a multipli
sua importância, os interesses desta classe, as fronteiras da França e cação dos jornais. Eles também representam todas as opiniões. A im
os limites do século. Ela também despertou no mundo inteiro pro prensa mantém os cidadãos atentos e os cidadãos orientam a assem
fundas repercussões. bléia. É nestas condições que, em dois anos, de setembro de 1789 a
Este caráter explosivo” da declaração inquietou o rei. Ele não setembro de 1791, a Constituinte construiu um regime novo, cujos
sancionou mais os decretos de 4 de agosto; e, como após o dia 23 de pormenores certamente deveriam ser efémeros, mas cujas linhas ge-
junho, pensava novamente em golpe de Estado. Novas tropas foram ràis formaram a estrutura da França moderna.
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NOTAS:
A Construção de uma
Monarquia Constitucional
na França
A Assembléia Constituinte teve como objetivo fundamental, na
França, a construção de um regime de acordo com os princípios
enunciados na Declaração dos Direitos do Homem. Este regime seria
uma monarquia constitucional.
Nas novas instituições, estabelecidas pela Assembléia, convinha
distinguir duas partes. Algumas instituições seriam permanentes e
elas constituem a base da sociedade moderna. São principalmente as
instituições sociais, económicas e, até certo ponto, administrativas.
Ao contrário, a obra política e religiosa da assembléia foi efémera;
após um ano da promulgação da Constituição de 1791, não restava
quase nada dela.
1) A OBRA SOCIAL
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sembléia senão a 27 de setembro de 1791, três dias antes de sua ("erais foram reunidos para terminar com a crise financeira, isto é,
separação. A igualdade supunha também a supressão de todas discri para suprimir o déficit. A partir do mês de maio de 1789, a opinião
minações entre brancos e negros, assim como a abolição da escravi eral considerava ser preciso vender os bens do clero, a fim de pagar
dão. Mas os representantes dos colonos franceses se insurgiram vio o débito- Esta opinião foi expressa pela primeira vez a 6 de agosto, na
lentamente contra uma decisão que, segundo eles, causaria infalivel tribuna da Constituinte. As discussões foram longas e bastante polê
mente a ruína das colónias. Eles não admitiam nem mesmo a igual micas. Mirabeau colocou claramente os termos do problema; os bens
dade civil entre os brancos e homens de cor livres. A assembléia, do clero seriam postos à disposição da Nação para servir de paga
após algumas hesitações acabou por segui-los, a fim de evitar umá mento aos débitos, mas o Estado custearia as despesas do culto, de tal
revolta pretendida pelos colonos. Mas, agindo dessa forma, preparava sorte que não houvesse mais as escandalosas irregularidades que se
nas colónias uma explosão que causaria a ruína dos plantadores, constatavam então entre os subsídios dos padres e bispos. Outros
muito mais do que acontecera com a aplicação dos princípios de deputados mostraram que era indispensável tirar do clero seus bens
1789. para fazê-lo desaparecer como ordem religiosa. Finalmente, a 2 de
A consequência mais importante da igualdade de direitos foi a novembro, os bens da igreja foram nacionalizados. Eles deveriam
possibilidade que teriam todos os franceses de acesso a todos os pagar e garantir a emissão de uma espécie de papel-moeda, os “assig-
empregos. A nobreza perdeu, portanto, o monopólio dos grandes nats”. Estes “assignats” serviriam para o pagamento da dívida do Es
ofícios; mas, de fato, a burguesia, quase sozinha, aproveitou-se desta tado, mas, com eles, poder-se-iam comprar bens nacionais. Todos os
confusão porque só ela possuía o saber indispensável, ou pelo menos “assignats”' recolhidos deviam ser queimados.
o dinheiro que permitia dar a suas crianças a instrução necessária. A venda de bens nacionais começou em maio de 1790. As facili
Entretanto, no exército, onde a coragem podia nesta épóca substituir dades de pagamento eram concedidas aos compradores, que de
a ciência, alguns camponeses sem instrução ascenderam até aos mais viam pagar a vista apenas de 12 a 30% do preço de compra, segundo
altos postos; desde então, todo soldado poderia atingir os postos mais a natureza da propriedade e tinham doze anos para pagar o restante,
elevados do exército. na base de 5% de juros. Assim, a assembléia esperava favorecer os
Ainda mais importante, por suas consequências, foi a abolição do camponeses. De fato, os “trabalhadores braçais” não puderam com
regime feudal que a assembléia havia votado entusiasticamente, du prar quase nada. Se muitos dos lotes eram pequenos, outros, pelo
rante a noite de 4 de agosto. Entretanto, as modalidades de aplicação, contrário, eram muito grandes, as vendas se verificavam em leilões e
promulgadas somente a 15 de março de 1790, decepcionaram. Real o parcelamento só era permitido se o total de lances parciais fosse
mente, apenas foram abolidos gratuitamente o dízimo e os direitos superior ao preço da mais alta oferta para a venda em bloco. As ven
feudais honoríficos” e pessoais. Em compensação, as múltiplas ren das tiveram, no início, uma afluência enorme. Mas foram principal
das anuais, ou direitos verdadeiros, deveriam ser resgatados a uma mente camponeses proprietários, burgueses, nobres e, algumas ve
taxa onerosa. Logo que os camponeses tomaram conhecimento destas zes, padres, que se aproveitaram da ocasião. Os camponeses pobres
disposições, consideraram-se enganados. Os distúrbios rurais reco- só puderam fazer aquisições, agrupando-se. A divisão da propriedade
meçaram. Durante todo ano de 1790, os campos ficaram em estado territorial foi profundamente modificada mas foi sobretudo a parte
de alerta. Foi somente mais tarde que a assembléia legislativa e a da burguesia e dos camponeses mais abastados que aumentou.
Convenção, após a deposição do rei, deram satisfação aos campone Quanto aos “assignats”, certamente possibilitaram o pagamento
ses, abolindo completamente e sem indenização alguma todos os ves da dívida. Porém, somou-se à dívida antiga uma dívida nova, muito
tígios do regime feudal. Além disso, a servidão não pesou mais sobre mais considerável, causada pelo reembolso de todos os cargps supri
as pessoas, nem sobre as terras; o direito de propriedade foi total, no midos. Também as emissões de “papel-moeda” se sucederam rapi
sentido romano da palavra e a permuta de terras seria facilitada. damente. Os franceses não as aceitaram áem desconfiança; eles não se
esqueceram das “letras” do banco de I.aw. O papel-moeda come
2) A OBRA ECONÓMICA çou a sofrer, desde 1791, uma certa depreciação. Sem dúvida ela foi
limitada — e benéfica porque foi inicialmente um estímulo para a
Desde o início, a Constituinte foi levada a tomar medidas que economia — se a situação financeira não tivesse forçado o tesouro a
provocaram uma nova divisão da propriedade territorial. Os Estados recorrer a novas e mais maciças emissões. Na realidade, os impostos
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não eram mais recolhidos; o tesouro estava vazio. Assim, o “papel- provir essencialmente de três “contribuições” diretas: a contribuição
moeda” não foi utilizado para os fins qué lhe haviam sido atribuídos da propriedade rural, a contribuição pessoal mobiliária e as patentes
inicialmente, isto é, o pagamento dos débitos. Em 1792, os “assig- (impostos diretos que serviam de base para se estabelecer certos di
nats perdiam um terço de seu valor. A Constituinte, sem o querer, reitos locais por parte dos comerciantes, industriais etc.). Reduziu-se
havia criado uma grave crise monetária que pesou bastante sobre a a jurisdição de feiras e mercados aos regulamentos mais elementares
evolução da França e que só terminou em 1797. de polícia e aboliu-se qualquer taxa. Esta medida que favorecia a alta
Esta crise impediu a assembléia de prosseguir em sua obra de de preços, descontentou os pobres, que temiam a miséria. Desde
reformas económicas. Ela se inspirou amplamente nas idéias dos fi- 1791, a liberdade da circulação e do comércio de cereais provocou
siocratas e economistas: “laissez-faire, laissez-passer”. A assembléia agitações em numerosas províncias francesas.
concedeu a todos os franceses a liberdade de cercar e de cultivar o A completa liberdade do comércio seria favorecida pela institui
solo à sua vontade. Os proprietários podiam aí encontrar suas vanta ção do princípio de uniformidade dos pesos e medidas. Essa liber
gens, mas os trabalhadores que desfrutavam da livre pastagem para dade teria como consequência o desenvolvimento de bancos, socie
alguns animais que possuíam, como cabras ou carneiros, se viram pri dades financeiras e, portanto, do crédito. A negociação de valores
vados de um dos seus recursos. É certo que a sobreposição de pe tornou-se quase livre, as profissões de corretor de câmbio e corretor
quenas propriedades criou a impossibilidade de se cercar terras em de comércio poderiam ser exercidas por todos, sem restrições.
várias regiões. Com o mesmo pensamento, a assembléia preparou a A Constituinte foi muito menos categórica em relação ao comér
divisão das pastagens comunais. O Legislativo e a Convenção tenta cio exterior. Aqui, os interesses dos grandes negociantes não coinci
riam colocar em execução esta decisão, mas muitas comunas foram diam mais com os princípios e a assembléia considerou os interesses
reticentes. Apesar disso, a Constituinte favoreceu muito o individua mais importantes que os princípios.
lismo agrário. No total, o número de propriedades rurais aumentou e Na verdade, ela aboliu os privilégios e as franquias de que goza
o parcelamento do solo se acentuou.
vam alguns portos — Lorient e principalmente Marselha. Também
Os Constituintes, quase unânimes com referência a estas refor suprimiu os privilégios das companhias comerciais, especialmente os
mas rurais, estavam mais divididos em relação à indústria. Uns, de que se referiam à Companhia das índias. Mas manteve um sistema
acordo com os economistas, desejavam a abolição das corporações; alfandegário protecionista e manifestou hostilidade aos tratados co
os outros, ao contrário, se opunham a essa idéia. A assembléia não merciais de 1778 com os Estados Unidos e de 1786 com a Inglaterra,
abordou a questão senão em fevereiro de 1791. Os partidários da os quais fizeram baixar as tarifas alfandegárias.
abolição demonstraram que as corporações gozavam de “privilégios O comércio colonial permaneceu rigorosamente regulamentado.
exclusivos e, em consequência, deviam desaparecer, conforme as Apesar dos violentos protestos dos deputados coloniais, a Consti
decisões de 4 de agosto. A abolição foi votada. Ao contrário, baseada tuinte manteve o sistema do “exclusivo”, mas recusou-se a legislar
na proposição do deputado Le Chapelier, a Constituinte manteve as sobre o estatuto interno das colónias e criou “assembléias coloniais
velhas ordenanças de polícia, que impediam a reunião de operários
com competência para essa finalidade. Estas assembléias mantiveram
em associações de classe, sua coalizão e direito de greve. A lei de
Chapelier passou, por assim dizer, sem debates: o problema operário o fáfico de negros e a escravidão.
Todas estas medidas tomadas no campo social ou no setor eco
só se colocaria nos mesmos termos cinquenta anos depois. Disto re
nómico deviam ser permanentes. A classe camponesa francesa e a
sultou apenas que esta lei fez triunfar na legislação operária, sob o
estrutura rural da França continuaram durante mais de cinquenta
pretexto do liberalismo económico, os interesses dos patrões facili
tando, dessa maneira, o advento do capitalismo. anos do mesmo modo como a Constituinte as regulamentou. Quanto
ao liberalismo económico interno, foi uma das cafacterísticas domi
No que se refere às mudanças, o princípio “laissez-faire, laissez-
passer , também triunfou, pelo menos no interior do território me nantes da França, até 1914.
tropolitano. Todos os tributos de passagens (péages), direitos de al 3) A OBRA ADM INISTRATIVA
fândega (octrois), impostos de alfândega (douanes), “traites” (subsí
dios), ou impostos sobre transportes e de um modo geral a maioria Alguns aspectos da obra administrativa também persistiram du
dos impostos indiretos são abolidos. As receitas do Estado deviam
rante muito tempo, como por exemplo a nova divisão da França em
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departamentos. Outros aspectos tiveram caráter mais efémero.'- Essas novas circunscrições foram próvidas de tribunais, todos se
Impunha-se a reconstrução administrativa da França. melhantes, com poderes perfeitamente delimitados. A capital do can
Há muito tempo, a administração monárquica estudara uma ma tão rec-ebeu um juiz de paz, instituição imitada da Holanda e Ingla
neira de substituir a confusão das antigas circunscrições, desiguais e terra. O juiz de paz era mais um árbitro do que um juiz propria
ilógicas, que tornavam o mapa da França, em 1789, o mais compli mente dito. Presidia também um tribunal de polícia correcional, en
cado e absurdo mosaico, por divisões racionais. carregado de punir os pequenos delitos. Em cada capital dc distrito
Em 1787, assim que a monarquia criou as “assembléias provin havia um tribunal civil e em cada departamento, um tribunal crimi
ciais”, pensara numa circunscrição especial na qual houvesse um “de nal. Todos os juízes eram eleitos e pagos pelo Estado. No tribunal
partamento de imposto”, isto é, a repartição de contribuições. Em criminal eram os próprios cidadãos que se pronunciavam sobre as
1789, um geógrafo, Letrosne, aconselhou a divisão da França, a diligências a serem empreendidas e sobre a culpabilidade do acusado.
exemplo dos novos Estados americanos, em 25 circunscrições finan Na verdade, o tribunal criminal tinha, além dos juízes, escolhidos
ceiras, 250 distritos, 4.500 circunscrições administrativas, todos entre os que constituíam os tribunais civis, dois júris formados por
aproximadamente de forma quadrangular. Condorcet, aprovando to cidadãos sorteados, um júri de acusáção e um júri de julgamento.
talmente em seu conjunto a parte económica do projeto, considerou Todos os tribunais deviam julgar dê acordo com códigos uniformes.
ser preciso “conciliar as mudanças com as conveniências locais”. Isto A Constituinte empreendeu a redação de novos códigos, mas não
foi feito pela Constituinte. pôde terminar senão um único código penal, que se inspirava nas
A supressão dos privilégios provinciais e comunais, abolidos na idéias liberais de Beccaria. Suprimia a tortura e os castigos bárbaros.
noite de 4 de agosto, facilitava a reorganização: a Constituinte divi Todavia, a pena de morte foi mantida. Os apelos começaram a surgir
diu, portanto, a França em 83 “departamentos”, mas decidiu que “os de um tribunal a outro e a Constituinte, para evitar a reconstituição
antigos limites das províncias deviam ser respeitados sempre que não dos antigos parlamentos, criou apenas duas cortes supremas, o Tri
houvesse real utilidade ou absoluta necessidade de destruí-los”. bunal de Cassação, também formado por juízes eleitos e encarrega
Desse modo, a Bretanha formou cinco departamentos, a Provença dos de conhecer, não profundamente, mas apenas a forma dos negó
três, porém Aunis e Saintonge agruparam-se para formar apenas um. cios e uma Alta Corte que se reunia, excepcionalmente, para julgar
Esses departamentos receberam nomes de acidentes geográficos ca- crimes e delitos de ordem política.
racterísticos de seu meio ambiente. A principal idéia era criar cir
Este sistema judiciário pareceu lógico, coerente e humano. Foi,
cunscrições tais que se pudesse alcançar a capital de cada departa
mento e depois o ponto mais distante, em um dia de viagem. sem dúvida, uma das mais notáveis reformas da Constituinte, com
Os departamentos foram divididos em distritos — nove, no má posta na maioria por “homens de lei”.
ximo. Os habitantes poderiam efetuar em um dia o trajeto de ida e A Constituinte foi muito mais hesitante em assuntos militares.
volta de seu domicílio à capital do distrito. Os próprios distritos Legalizou as milícias, que foram constituídas espontaneamente em
compreendiam um determinado número de cantões. A unidade ad julho e agosto de 1789 e constituiu, com elas, uma “guarda nacio
ministrativa elementar continuou sendo a comunidade ou paróquia, nal”. Mas, no modo de pensar dos constituintes, assim como no dos
que recebeu a denominação de comuna. próprios guardas, não se tratava de um exército; a guarda nacional
Cada uma destas circunscrições seria administrada pelos repre destinava-se unicamente a manter a ordem no interior. A Consti
sentantes da popylação. Na direção da comuna, do distrito e dos de tuinte cpnservou, então, o exército de profissionais e se limitou a
partamentos, os conselhos eleitos dividiam-se em dois setores, sendo possibilitar aos soldados o acesso a todos os postos. Mas, este exér
um encarregado do executivo (diretório do departamento e do dis cito se desfez rapidamente: os soldados se insurgiram contra os ofi
trito, prefeito e oficiais municipais da comuna); o outro deliberava ciais nobres e estes emigraram em massa. A assembléia convocou,
(conselho geral do departamento, do distrito e da comuna). O rei é então, os voluntários, provenientes da guarda nacional e formou-se
representado por um procurador síndico, todavia este não era no um exército de soldados — cidadãos ao lado do velho exército de
meado, mas eleito. Dessa maneira, na França, a Constituinte dotou o mercenários. Pela mesma razão, a marinha se reorganizou e os postos
país da mais completa descentralização administrativa que ele já co da marinha real foram amplamente abertos aos funcionários do co
nhecera. mércio.
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4) A OBRA POLÍTICA se duas assembléias legislativas consecutivas confirmarem a lei votada
pela primeira assembléia: desse modo, o rei pode se opor à execução
,A obra política era fundamental para os constituintes. Tratava-se de uma lei durante um período variável de dois a seis anos. Por outro
de redigir o “pacto social”. Este, entretanto, foi singularmente efé lado, ele não poderá dissolver a assembléia.
mero: não havia decorrido um ano e não restava quase nada dos arti Esta constituição, que apresenta analogias com a constituição dos
gos puramente políticos da Constituição de 1791. Estados Unidos, para funcionar adequadamente, pressupunha um
Na realidade, os constituintes não ousaram ir até o extremo dos acordo profundo entre o Executivo e o Legislativo. Este acordo não
princípios enunciados na Declaração dos Direitos do Homem. Não pôde ser estabelecido; além disso, o problema religioso veio deterio
criaram nem uma república democrática, nem mesmo instituíram o rar rapidamente as relações entre o rei e a assembléia, agravando,
sufrágio universal, mas se esforçaram por encontrar um compromisso dessa maneira e de modo particular, os conflitos políticos do país.
que salvaguardasse uma parte dos antigos poderes do rei e, princi
palmente, que conservasse a realidade do poder político para os pos 5) A OBRA RELIGIOSA
suidores (aos “notáveis”).
Quanto aos conselhos de Sieyès, a Constituinte dividiu os cida A Constituinte foi levada a inserir na Constituição de 1791 toda
dãos em dois grupos: os cidadãos passivos, que gozavam apenas dos uma série de disposições referentes à Igreja Católica. Sem dúvida, os
direitos civis e os cidadãos ativos, que possuíam, além disso, os direi “cadernos” não reivindicavam qualquer modificação do estatuto relfi
tos políticos. Somente eram eleitos os franceses obrigados a pagar gioso da França. Mas, os imperativos financeiros forçaram os deputa
contribuições diretas, com uma quantia igual ao salário de três dias dos a tratar da religião. A abolição do dízimo na noite de 4 de agosto,
de trabalho. Nessa situação, tratava-se de cerca de 4.300.000 cida e, mais ainda, a colocação dos bens do clero à disposição na Nação,
dãos em uma população de mais de vinte e cinco milhões. Além disso, obrigaram a assembléia a decidir que os ministros do Culto seriam
elegiam-se diretamente apenas os membros dos conselhos munici pagos pelo Estado. Este não podia pagá-los sem determinar a quanti
pais. As demais autoridades — assembléia legislativa, conselhos ge dade deles, em consequência teriam que intervir no traçado das cir
rais de outros departamentos e de distritos, Juízes — eram eleitas cunscrições religiosas, como era lógico, aliás, fazer coincidir com as
pelos “eleitores” escolhidos, por todos cidadãos ativos, entre os novas divisões administrativas. A assembléia constituinte foi, por
50.000 mais ricos dentre eles, os que eram proprietários c5u usufrui- tanto, fatalmente levada a dar ao clero uma “constituição civil”.
dores de um bem que valesse, conforme as localidades, de 150 a 400 Alguns deputados, aproveitando-se do fato de estarem abertas as
dias de trabalho. discussões sobre o problema, tentam aplicar um anticlericalismo,
A assembléia legislativa, eleita por dois anos, era dotada de pode herdado de V o ltaire, de H elvetius ou de H olbach; outros
res importantes: iniciativa e voto de leis, voto exclusivo do orça aproveitaram-se para experimentar as teorias jansenistas e galicanas
mento, poder de decisão em questões referentes à guerra ou à paz e (pertencentes à Igreja da França) que; desde 1764, quando se deu a
direito de dirigir proclamações ao povo. Mas o rei ainda é forte. Se expulsão dos jesuítas, dominavam o pensamento religioso francês.
ele não é mais “rei da França pela graça de Deus”, tornando-se sim Nenhum constituinte, aliás, tinha a intenção de organizar um Estado
plesmente “rei dos franceses”, sua pessoa era, entretanto, “inviolável laico: não se concebia, então, que a religião pudesse ser separada do
e sagrada”, a sucessão ao trono era assegurada segundo a lei sálica, Estado.
hereditariamente, por ordem de primogenitura, com exclusão das A constituição civil do clero declarava não reconhecer os votos
mulheres. O rei nomeia e destitui os ministros que somente são res solenes e suprimia os conventos das ordens contemplativas, conside
ponsáveis perante ele e devem, aliás, ser escolhidos fora da assem rados inúteis. Ela organizava as circunscrições eclesiásticas, baseadas
bléia. O rei tem autoridade sobre o exército e a marinha porque desde então nas divisões administrativas: devia' haver um bispo por
continua a nomear uma proporção bem grande de oficiais superiores departamento, o que ocasionava o desaparecimento de 52 dioceses;
e generais. Dirige a diplomacia e propõe a declaração de guerra ou a mantinha dez metrópoles eclesiásticas. Os ministros do Culto eram
conclusão da paz à assembléia que, por sua vez, decide. Mas, sobre pagos pelo Estado, mas a decisão muito mais grave era que todos
tudo, o rei tem o direito de voto suspensivo: ele tem o direito de deviam ser eleitos: os bispos pelas assembléias eleitorais do departa
recusar sua sanção a uma lei. Então, esta se torna somente executória mento e os párocos pelas assembléias distritais. Os vigários eram es-
— 56 — — 57 —
colhidos pelos párocos. A instituição canónica seria dada pelos bispos amedrontou-se com este estado de espírito, os guardas nacionais de
aos párocos e aos bispos pelo arquiepiscopal. Era proibido aos bispos La Fayette atiraram nos manifestantes que, a 17 de julho, no
pedir ao papa qualquer confirmação. Eles somente poderiam Campo-de-Marte, assinavam uma petição em favor da República.
escrever-lhe “em testemunho da unidade da fé e da comunhão”. Desde então, a Constituinte se esforçou por moderar o caráter de
Os funcionários eclesiásticos — assim como os funcionários civis sua obra. De julho a setembro de 1791 reviu a constituição, restrin
— deviam prestar juramento, “ser fiéis à Nação, à lei e ao rei, e gindo o número de eleitores, diminuindo a liberdade dos clubes e
manter em plenos poderes, a constituição”. A constituição civil do transformando a “constituição civil do clero” em uma simples lei.
clero, votada em julho de 1790, foi muito bem recebida pelo baixo Após ter restaurado solenemente Luís XVI em suas funções, a as
clero, mas vários bispos se mostraram bastante hostis em relação a sembléia se separou a 30 de setembro. Pensava ter restabelecido a
ela. A maioria dos membros do clero esperaram a decisão do papa união e a paz no seio da Nação. Na realidade, o tiroteio do Campo-
para se pronunciar. O próprio Luís X V I desejara conhecer esta deci de-Marte e o cisma religioso dividem mais do que nunca os france
são antes de a ratificar, mas, pressionado pela Constituinte, foi obri ses. Não somente os franceses, mas a Europa inteira. O triunfo da
gado a sancioná-la depois de 24 de agosto de 1790. revolução na França reanimou, com efeito, os revolucionários venci
O Papa Pio VI não aceitaria quase nada de tão fundamentais ino dos ou desiludidos, da Grã-Bretanha, Províncias Unidas, Bélgica e
vações na organização do culto. Indignava-se porque elas tinham sido Genebra. Ele suscita vocações revolucionárias em toda a Europa Oci
decididas sem que ele fosse consultado. Manifestava, aliás, uma pro dental ou Central. A partir de então é toda Europa que está dividida
funda hostilidade aos princípios de 1789 e acusava, não sem razão, os em dois grandes partidos, o da revolução e o da contra-revolução.
revolucionários franceses de provocarem agitações nas possessões de
Avignon e do Comtat. Após ter hesitado durante muito tempo, o
NOTA:
papa saiu enfim de seu silêncio, e pelas cartas pastorais de 10 de
março e 13 de abril de 1791, condenou formalmente a constituição “Assignats”: papel-moeda emitido na França, durante a revolução de 1790. (Rev.)
civil.
Foi o cisma da Igreja da França. Daí por diante, passou a haver
duas igrejas: a Igreja Constitucional, reconhecida e paga pelo Estado,
cujos membros tinham prestado o juramento exigido, e a Igreja Ro
mana, que permaneceu fiel ao Papa, cujos padres eram rebeldes ao
juramento e se recusavam a reconhecer a constituição. Se os proble
mas políticos, económicos e sociais já dividiam os franceses, a ques
tão religiosa os perturbou bem mais seriamente. Luís X V I, sincera
mente muito católico e profundamente crente, arrependeu-se amar
gamente de haver sancionado a constituição civil. Quis ter como
orientador espiritual apenas um rebelde e como o povo parisiense
se esforçasse por impedi-lo, decidiu fugir da capital a 20 de junho de
1791. Queria também reunir as tropas que mantinha concentradas na
fronteira franco-alemã, para desencadear uma contra-revolução. Po
rém, foi lamentavelmente detido em Varennes-en-Argonne.
A crise religiosa, o remanejamento dos contra-revolucionários
emigrados e a fuga do rei desencadearam uma recrudescência da agi
tação em toda França. A assembléia interditou Luís XV I de suas
funções e governou a França, desde então, acumulando o executivo e
o legislativo. Os revolucionários mais exaltados — e os mais lógicos
— acharam que era inútil conseryar a-ficção de um governo monár
quico e que era necessário proclamar a República. Mas a assembléia
— 58 — — 59 —
capítulo 6
Revolução e Contra-revolução
na Europa e no Mundo
de 1789 a 1792
A França nos aparecia como um “relais” no movimento revolu
cionário, iniciado nos Estados Unidos aproximadamente em 1770; o
incêndio, que mal acabara de se extinguir na Grã-Bretanha, nos
Países-Baixos e em Genebra, recomeça desde que a revolução parece
triunfar na França. O movimento revolucionário recebe, então, a
adesão de países que não tinham sido ainda atingidos: Alemanha, Po
lónia, Áustria, Hungria, Itália e mesmo, em pequena extensão, a Es
panha. Esse movimento atravessa os oceanos e, inflamando as coló
nias francesas, ameaça outras colónias, principalmente as da Espanha
e de Portugal.
Para explicar esta rápida expansão do movimento revolucionário,
não é preciso denunciar uma “propaganda” dirigida pelos Jacobinos
franceses. O “clube da propaganda” provavelmente existiu apenas na
imaginação dos contra-revolucionários da Europa Central. Se houve
propaganda nesta época, ela foi espontânea. As idéias revolucionárias
circularam graças aos jornais, às gravuras, às peças de teatro, à cor
respondência de. estrangeiros residentes na França, ou de franceses
estabelecidos no estrangeiro — mesmo os emigrantes políticos —
graças, enfim, às narrativas de viajantes.
A República Democrática
e o Governo Revolucionário
na França
(1792 - 1795)
1) A GUERRA E SUAS CONSEQÚÊNCIAS
decidissem quais seriam os deputados admitidos. A lei de 22 floreai espontânea; e o general Bernadotte,. novo embaixador da França,
(11 de maio) eliminou 106 novos eleitos (dos quais 104 eram Jacobi deixava a Capital. As negociações de Rastadt tornavam-se cada vez
nos, ou “exclusivos” e dois realistas); 53 candidatos da minoria foram mais difíceis.
admitidos, enquanto os outros 53 não foram substituídos: é a isto O Diretório, entretanto, tomava decisões que só viriam agravar a
que denominamos golpe de Estado de 22 floreai.* situação e tornar bem mais provável o reinicio de uma guerra geral.
O Diretório talvez contasse com o apoio desses deputados se a Bonaparte, após ter inspecionado rapidamente seu exército da Ingla
sua política exterior não tivesse se prestado às mais vivas críticas. Na terra, voltava a Paris e declarava ao Diretório que, não possuindo a
realidade, o Diretório só havia aceito o tratado de Campo-Fórmio supremacia nos mares, as oportunidades de sucesso de um desem
porque lhe era impossível resistir às imposições de Bonaparte, mas barque eram mínimas. Ele propunha atacar a Inglaterra pelo Oriente
ele esperava obter no Congresso de Rastadt a concessão da margem para atingi-la exatamente na fonte do seu poder económico e para #
esquerda do Reno. Bonaparte, nomeado plenipotenciário em Ras começar, ocupar o Egito, província do Império Otomano. O Diretó
tadt, renunciara rapidamente a suas funções e aceitara o comando de rio, aconselhado por seu ministro de Assuntos Estrangeiros, Talley- #
um exército da Inglaterra, destinado a terminar a guerra por uma rand, aceitou. Os membros do Diretório estavam satisfeitos, aliás, em
invasão das Ilhas Britânicas. Mas o Diretório, esperando a paz e o afastar da França um general cuja glória e populariade os aborreciam.
desembarque, retomara o programa de propaganda republicana e da A expedição do Egito, preparada no maior sigilo, deixou a Eu
expansão continental dos Girondinos. Com o apelo dos “patriotas” ropa em maio de 1798. Ela ancorou diante de Malta e se apossou
suíços, balenses** e valdenses*** as tropas francesas penetravam em sem dificuldade da mais poderosa base naval do Mediterrâneo a 11
território helvético, no fim de janeiro de 1798. Ajudados pelos sol de junho: os cavaleiros de Malta foram expulsos e a ilha declarada #
dados franceses, os patriotas suíços se apoderavam do poder: uma unida à França. No dia l.° de jtalho as tropas francesas desembarca
“República Helvética” única e indivisível foi criada, mas Mulhouse e vam no Egito. Elas ocupavam Alexandria, venciam os Mamelucos e
Genebra, aliadas aos antigos cantões suíços, foram anexadas à França. entravam no Cairo no dia 23 de julho. Infelizmente, a esquadra do
Todas essas transformações encontraram resistência. Os camponeses almirante Brueys, que protegera a marcha do comboio, fora comple #
dos 4 “cantões primitivos” e os de Vaiais se revoltavam à convocação tamente destruída pela frota de Nelson, no dia l.° de agosto: Bona
de seus párocos e foram vencidos pelo exército francês, que, para parte e seu exército estavam, dessa forma, prisioneiros de sua con #
estabelecer a calma, prolongava sua estadia no país e sobrecarrega quista. #
va-o com pesados ónus de guerra. O desastre de Abuquir causou uma grande repercussão na Eu
Na mesma época, por ordem do Diretório, em Roma, o assassi ropa. Levou a Turquia, até então indecisa, a pegar em armas contra a #
nato do general Duphot, noivo de Désirée Clary, cunhada do embai França e depois o rei de Nápoles, compelido pela Inglaterra e pela
xador Joseph Bonaparte, provocou a ruptura das relações diplomáti Áustria, a atacar a República Romana (novembro de 1798). O Gene
cas entre a França e Saint-Siège. Este assassinato pareceu ainda mais ral MacDonald evacuou Roma, mas retomou a ofensiva no começo
odioso ao Diretório pois se dava logo em seguida ao assassinato de de dezembro e entrou vitoríosamente na cidade no dia 13. Para evi
um outro diplomata francês, Hugo de Bassville, morto em circuns tar um ataque semelhante por parte do rei da Sardenha, na Itália do
1 V
tâncias análogas, a 13 de janeiro de 1793. O Diretório, dominado Norte, o Piemonte foi ocupado pelas tropas francesas a 5 de de
por um adversário do catolicismo, La Revellière-Lépeaux, ordenou a zembro e o rei foi obrigado a se refugiar na Ilha da Sardenha. Mas a
ocupação dos estados pontificais. Foi criada no dia 15 de fevereiro expansão francesa na Itália continuava. O General Championnet, su
de 1798 uma “República Romana”, e o papa refugiou-se na Toscana. cessor de MacDonald, perseguia as tropas napolitanas em debandada,
Com a República Cisalpina e a República de Génova, democratizada entrava em Nápoles a pedido dos patriotas, mas, contrariamente às
em “república Lígure” por Bonaparte desde maio de 1797, havia de instruções do Diretório, enfim preocupado em não irritar demasia
agora em diante 3 “repúblicas irmãs”, na Itália; elas se uniram à Re damente os governos europeus, proclamava uma “República Napoli
pública Batava e à República Helvética. Os governos europeus fica tana” ou “Parthénopeena” (26 de janeiro de 1799). A Toscana, úl
ram seriamente alarmados com esse acontecimento; em Viena, a timo Estado independente da Itália peninsular, estava igualmente
bandeira tricolor foi arrancada da embaixada da França, no dia 13 de ocupada e “democratizada” em março de 1799.
abril de 1798, durante uma manifestação, que não parece ter sido Esta expansão francesa, que o próprio Diretório não podia mais
— 98 — — 99 —
m
#
conter, acompanhada pela ascensão de “patriotas” ao poder e pela
“democratização” das instituições, provocava a volta da guerra geral, de 30 prairial (18 de junho de 1799). Os Diretores demissionários
foram substituídos por Roger Ducos e pelo General Moulin, homens
tanto mais inevitável quanto as potências hostis à Revolução, Áustria ;
apagados, que passavam por jacobinos. Eles se reuniram a Barras,
e sobretudo a Rússia, foram encorajadas pela neutralização das me
Sieyès e Gohier, para completar o “3-° Diretório”, e escolheram mi
lhores tropas francesas e de seu General Bonaparte no Egito.
Formou-se uma segunda coligação entre a Inglaterra, Áustria, nistros reputados “jacobinos”, especialmente Fouché para a polícia,
Rússia, e o rei de Nápoles, refugiado na Sicília e a Turquia no fim de Robert Lindet para as finanças, Cambacérès para a Justiça, Bernar-
dezembro de 1798. A Áustria concordou em dar direito de passagem dotte e depois Dubois-Crancé para a Guerra: os Jacobinos pareciam
às tropas russas. O Diretório tomou isso como pretexto para declarar haver retomado a direção do Estado na França.
guerra à Áustria (12 de março de 1799). O Congresso de Rastadt,
que ainda se mantinha há 6 meses, foi brutalmente interrompido ; notas
O Mundo Francês
de 1792 a 1799
Na primavera de 1799, às vésperas do reinicio da guerra, a Re
pública Francesa atingiu sua maior extensão. A França era a grande
Nação, admirada por uns, odiada por outros. A França, na sua expan
são, algumas vezes anexou a seu território os países que conquistara,
outras os dotou de um estatuto provisório não fazendo pressuposi
ções sobre seu futuro, outras ainda transformando-os em “repúblicas
irmãs”.
— 120 — — 121
/) OS BALCÃS nas assembléias revolucionárias e difundindo-os em numerosos
exemplares. Os federalistas revidavam, imprimindo, às vezes com
Nos Bálcãs, o espetáculo é quase análogo: a península balcânica exageros, a relação de massacres, revoltas agrárias e incêndios de cas
ainda estava inteiramente sob o domínio turco e apesar dos franceses telos. Reeditavam Publicola, um panfleto de Joim Quincy Adams,
fixados no Império Otomano terem organizado clubes, especial filho de John Adams, que se aproximava, tanto pelo estilo, quanto
mente em Constantinopla, Esmirna e Alepo; apesar de terem tam pelas idéias, das Reflexões de Burke.
bém plantado uma árvore da liberdade nas ruas de Péra e de alguns A discussão relativa ao setor da política exterior se deu.em 1793,
muçulmanos terem ostentado a insígnia tricolor, as idéias revolu com o início da guerra contra a Inglaterra. Os democratas pretendiam
cionárias penetraram nos Bálcãs apenas lentamente. Essas idéias en que a aliança concluída com a França, em 1778, criasse nos Estados
traram de três maneiras: por intermédio de marinheiros gregos que Unidos a obrigação moral de manter a nova república, enquanto os
voltaram de portos franceses; através de revolucionários vienenses e
federalistas exigiam que seu país se desvencilhasse dos vínculos
pelas ilhas jónicas, assim que foram ocupadas pelos exércitos france confusos desta aliança (estangling). Genêt, o novo representante da
ses. Estes entraram em contato com os gregos da região do Magne, França nos Estados Unidos, acreditou que poderia contar com pleno
sublevados contra os turcos; as idéias revolucionárias que aí se esta- apoio de todos os democratas para levar este país à guerra. Provocou
belecêram deveriam se expandir e, embora, em 1799 a populaçao das manifestações do tipo jacobino. Os democratas ostentaram o barrete
Ilhas Jónicas se encontrasse revoltada contra os franceses, essas idéias vermelho e a insígnia tricolor; trataram-se por “cidadãos”. Os clubes
se desenvolveram e teriam, alguns anos mais tarde, como consequên se multiplicaram, assim como as plantações de árvores da liberdade.
cia, as primeiras insurreições dos Serbos e Gregos em luta por suas Genêt fez concessão de cartas patentes” a corsários americanos.
independências. Sendo W ashington um partidário decidido da neutralidade,
proclamou-a solenemente a 22 de abril de 1793. Os chefes do par
2) A AMÉRICA tido democrata, Jefferson, Madison e Monroe, não ousaram se opor a
essas tendências. Washington solicitou à Convenção a volta de Ge
Quanto à América, o período que se estende de 1792 a 1799 nêt. Os montanheses que dominavam a assembléia desde 2 de junho
assinala uma pausa no processo revolucionário: o grande movimento de 1793, concordaram com ela simplesmente porque Genêt era Gi-
que inflamara as treze antigas colónias inglesas, a partir de 1770, se rondino. Mas, até a chegada de seu sucessor Fauchet e mesmo de
acalmou e as colónias espanholas não tinham começado ainda a des
pois, a propaganda revolucionária continuou ainda durante algum
pertar ao sopro da liberdade, enquanto o Canadá, muito pouco po
tempo. O orador que falou em Boston a 4 de julho de 1794, por
voado, se aproveita da conjuntura política para adquirir os primeiros
ocasião do aniversário da independência dos Estados Unidos
elementos de uma certa autonomia. esforçou-se para explicar e inocentar o Terror. Pastores da Nova In
glaterra louvaram em termos líricos a França, que destruía a Igreja
a) OS ESTADOS UNIDOS
católica e o papado.
Desde 1789, os habitantes dos Estados Unidos se entusiasmaram Mas a reação não tardou a se desencadear. Em relação ao domí
pela Revolução Francesa, que parecia ser o prolongamento da sua. La nio^ político exterior, Washington enviou à Inglaterra o “Grão Juiz
Fayette encarregou Jefferson, o embaixador dos Estados Unidos em Jay ”, encarregado da missão de restabelecer, entre os Estados Unidos
Paris, de levar a George Washington, o novo presidente, uma das e a Grã-Bretanha, relações políticas, económicas e culturais tão ínti
chaves da Bastilha. Os franceses que viviam nos Estados Unidos cria mas quanto possível. Em 1795, assinou-se um tratado; praticamente
ram clubes e publicaram jornais, refletindo as diversas tendências da ele terminava com o tratado franco-americano de 1778 e concedia à
opinião; os americanos também tomaram partido nas brigas políticas Inglaterra condições extremamente favoráveis. Apesar de uma fortís
da França. Os “federalistas”, isto é, os conservadores, criticaram, a sima oposição, este tratado foi ratificado pelo Congresso.
partir de 1792, a marcha que a Constituição tomara na França, en Desde então, os federalistas passam a orientar a opinião ameri
quanto os democratas continuavam a aprovar tudo o que lá se pas cana, a qual se desvia cada vez mais da França. Em sua “mensagem”
sava, mandando traduzir os principais discursos dos oradores, feitos de 1795, o presidente denuncia como sendo “antiamericanos” os
— 122 — — 123 —
clubes jacobinos. Os jornais federaiistas fazem uma violenta cam pouco numerosa, sendo porém a maioria de língua e origem france
panha contra a França. sas: esta população, bastante influenciada por seus padres, é hosdl à
Em 1797, uma missão americana enviada à França para tentar revolução descristianizadora. A população de língua inglesa possui os
aproximar os dois países fracassou lamentavelmente, por culpa de mesmos sentimentos que os ingleses possuíam contra a França e a
Talleyrand, Ministço das Relações Exteriores do Diretório, que ten revolução. Contudo, o “bill” de 1791, ao organizar uma administra
tou extorquir dos negociantes exorbitantes taxas; foi “o negócio X, ção autónoma para o Alto Canadá, colonizado pelos ingleses e uma
Y, Z”. Isto causou o rompimento das relações diplomáticas entre os outra para o Baixo Canadá, onde predominavam os franceses, satisfez
dois países e provocou mesmo quase uma guerra. O presidente John as principais aspirações dos canadenses.
Adams, que substituiu Washington em 1797, fez votar um alien bill,
que permitiu a expulsão dos franceses considerados suspeitos e um c) A AMÉRICA ESPANHOLA
sedition act, que autorizou sanções contra qualquer pessoa que calu
niasse, pela imprensa, um funcionário americano, ou conspirasse As “luzes” penetraram na América Espanhola e Portuguesa, ape
contra ele. Nelson e Souvorov ocuparam na opinião americana o sar da Inquisição.A burguesia e a nobreza liam as obras dos filósofos,
mesmo lugar que Robespierre e Bonaparte haviam ocupado. O go especialmente as de Voltaire, Rousseau e do Abade Raynal. Embora
verno americano chegou até à recusa de concessão de passaportes ao a situação política dos crioulos fosse igual à situção das classes cor
economista Dupont de Nemours e à uma delegação do Instituto da respondentes, na Europa, eles acusavam os governos europeus de
França, que desejavam visitar os Estados Unidos. explorá-los economicamente e oprimi-los politicamente. Desde
Entretanto, a França não havia perdido todos seus partidários nos 1781, o pai de Simon Bolívar queixava-se do governo espanhol por
Estados Unidos. James Sullivan, jornalista, publicou em Boston, maltratar mais os crioulos do que os escravos negros, o que é um
1798, um livro no qual procurava dar à Revolução Francesa uma ex exagero evidente. Havia porém o exemplo dos Estados Unidos e os
plicação favorável: logo, os democratas, com Jefferson, voltarão ao crioulos, que constituíam nas colónias espanholas e portuguesas a
poder e, desse modo, assistir-se-á a uma nova evolução da opinião. classe dirigente e a única instruída, aspiravam à independência. Em
Entretanto, não se deve esquecer que foi o fato de manter-se algumas províncias, como na Nova Granada em 1781, e na Guiana,
neutro que permitiu aos Estados Unidos sua consolidação. Em 1789, em 1788, eclodem insurreições. Mas a burguesia crioula pretendia
sua existência era ainda indefinida, sua situação política e económica apenas ascender ao poder, não tendo, como os revolucionários da
era precária e suas finanças se encontravam num estado deplorável. América do Norte, a intenção de organizar um Estado verdadeira
Washington, através de uma política sábia e prudente, soube consoli mente democrático, desejava ainda menos conceder a igualdade de
dar a União, sempre respeitando os direitos dos Estados. Criou uma direitos aos índios. Também a grande revolta dos índios e mestiços
sólida tradição presidencial, que exerceria na história dos Estados do Peru, incitados por Tupac Amaru, em 1780, não pertence ao ciclo
Unidos um papel tão importante quanto a sua própria constituição. O da revolução ocidental e não teve qualquer influência em relação à
Secretário das Finanças do Estado, Hamilton, soube acabar com a mesma; foi reprimida de modo sangrento pelos crioulos.
inflação, sequela da guerra da independência e criar uma moeda nova Entretanto, esta burguesia acolhia avidamente as notícias da R e
e forte, o dólar, assim como o banco nacional. A paz permitiu a re volução Francesa. Em 1793, Narino, um alto funcionário espanhol,
tomada da marcha em direção ao Oeste e novos Estados foram cria publica em Bogotá uma tradução da Declaração dos Direitos do Homem
dos e' admitidos na União. Enfim, a neutralidade durante a guerra e do Cidadão. Esta tradução, publicada em várias centenas de exem
européia favoreceu o desenvolvimento do comércio e da indústria plares, despertou a curiosidade dos crioulos, quase os únicos a saber
nos Estados do Nordeste. Desta maneira, o desenvolvimento da Re ler, porém provocou imediatamente a reação das autoridades. A l.°
volução, na Europa, contribuiu para a consolidação dos Estados Uni de novembro de 1794, o capitão geral de Caracas ordenava o em
dos. bargo das publicações. Narino foi detido juntamente com uma de
zena de seus amigos e dois médicos franceses. O ato da acusação
b) 0 CANADÁ recriminou-os pelo fato de terem desejado estabelecer na Nova Gra
nada “uma república independente semelhante à da Filadélfia”. Após
O Canadá, colónia britânica desde T 763, possui uma população ter sido condenado, Narino foi levado para a Espanha onde acabou
— 124 — — 125 —
1794, e na Bahia, em 1798. Com a investigação realizada nesta úl
sendo libertado. Passou pela França, depois pela Inglaterra e se con-
tima cidade, descobriram-se documentos que eram a tradução de
ç.,ffrou à emancipaçao de seu país. opúsculos revolucionários, trazidos da França em 1797, por uma fra
* Em Quito, Santa Cruz Espejo, um dos poucos indígenas que rea-
gata. Seis dos conjurados foram condenados à morte. O imenso Bra
sil ainda não estava amadurecido para a Revolução.
Brumário
1) 0 VERÃO DE 1799
PROBLEMAS
E DIREÇÕES DE PESQUISA
!
I
I
capítulo 1
Um Antigo Debate:
Historiadores “Revolucionários”
contra
Historiadores “Conservadores”
A Revolução, da mesma maneira que a Reforma do século X V I,
i ou a revolução comunista do século X X , provocou no mundo
I perturbações tão profundas, opôs tão viólentamente seus partidários
e seus adversários, seus admiradores e os que a desprezavam, os que
dela tiravam proveito e suas vítimas, que durante muito tempo —
como ainda hoje continuam dizendo — tem sido impossível realizar-
se um estudo imparcial sobre o assunto. Também é indispensável se
reportar a essas antigas discussões e mostrar como, pouco a pouco,
quando as paixões se aquietaram, os estudos tomaram uma orienta
ção cada vez mais objetiva.
Antes de tudo, uma observação geral. Com exceção dos contem
porâneos, como Barnave em sua Introductiort à la Révolution Fran-
çaise, ou do abade Barruel em suas Memóires pour servir à ÍHistoire du
Jacobinisme, a maioria dos historiadores/considera as revoluções dos
Estados Unidos, da Irlanda, da Suíça, da Holanda, da Bélgica e da
França, no fim do século X V III, igualmente como revoluções sepa
radas umas das outras e sem grandes relações entre si. Os historiado
res franceses, especialmente, consagram seus trabalhos à Revolução
Francesa. Portanto, a Revolução Francesa torna-se o centro de um
vasto campo de estudos, visto que a Revolução, fora da França, foi
negligenciada e que principalmente os historiadores franceses con
centraram suas atenções na Revolução da França, como seria natural;
muitos historiadores estrangeiros também consagraram seus-traba-
— 143 —
lhos à Revolução Francesa. Portanto, esta se tornou o centro de um tornou-se bastante conhecido oficialmente, sendo censor imperial,
imenso campo de estudos, ao passo que a Revolução fora da França depois censor real e membro da Academia Francesa desde 1811. Foi
foi negligenciada e, sobretudo as relações entre os diferentes movi um libelo contra a Revolução. Toulongeon, contemporâneo de La
mentos revolucionários que agitaram o mundo ocidental por volta cretelle, escreveu com outro espírito e com um método diferente.
das três últimas décadas do século X V III, não foram objeto de pes Sendo nobre liberal, fizera parte da Assembléia Constituinte e via as
quisa dos historiadores. Portanto, não nos admiremos se os autores coisas com superioridade, com um certo ceticismo atrevido. Em 1801
cujas obras tentamos caracterizar aqui estejam concentrados na histó começou a publicar uma Histoire de Erance depuis la Révolution de
ria da Revolução “Francesa”. 1789, Ecrite d’après les Mémoires et Manuscrits Contemporains Recueillis
dans les Dépôts Civils et Militaires”? Pela primeira vez um historiador
1) OS CONTEMPORÂNEOS DOS ACONTECIMENTOS da Revolução trabalhava com documentos inéditos e Toulongeon
publicava em cada volume documentos particularmente importantes.
Desde o mês de abril de 1789, Lescène des Maisons publicava Seu livro é. imparcial. Procura explicar as causas dos principais acon
uma Historie de la Révolution en France, obra evidentemente sem tecimentos que retrata, seja recorrendo às suas reflexões pessoais,
grande valor. A primeira grande Histoire de la Révolution quase acom seja após investigação realizada junto a testemunhas sobreviventes.
panhou a marcha dos acontecimentos. Iniciada em 1790, foi con Toulongeon é o precursor da Escola Histórica Científica, que estu
cluída em 1803? Escrita por dois “Amigos da Liberdade”, ignora-se, dará a Revolução nas últimas três décadas do século X IX .
entretanto, a identidade dos autores. UHistoire, dos “Dois Amigos”, A lista dos historiadores contemporâneos da Revolução pode ser
devido a sua forma e seu plano, exerceria influência muito profunda encerrada com Madame de Staèl. Suas Considérations sur les Princi-
sobre os historiadores que escreveram depois: sendo uma história de paux Evénements de la Révolution Française apareceram em 1818. Não
caráter puramente político, não encara os acontecimentos da Revolu é uma narração, mas uma tentativa de explicação, freqúentemente
ção senão na medida em que eles exercem influência sobre a capital. muito perspicaz. Sem dúvida, Germaine de Staèl admira muitíssimo
Em 1792, o pastor Rabaut-Saint-Etienne publicava um pequeno seu pai, Necker, bastante severo para com seus adversários. Ela tam
resumo dos acontecimentos que se desenrolavam na França há dois bém se mostra hostil ao governo da Convenção. Mas, muito envol
anos, sob o título: Almanach Historique de la Révolution Française pour vida com a política do Diretório, soube explicar, melhor que seus
l’année 1792. A obra obteve enorme sucesso. Foi reimprimida quase predecessores, como este regime se encaminhou para a ditadura mili
todos os anos e, no mínimo, quatro vezes ainda após 1814. É uma tar.
exposição simples e precisa, um pouco oratória, dos fatos políticos da Embora não sejam historiadores propriamente ditos, mas polêmi
Revolução Francesa. O autor faz a apologia da obra da Constituinte, cos, não se poderia negligenciar a obra de Burke (Réflexions sur la
em resposta às Refléxions sur la Révolution de France, do escritor inglês Révolution de France, 1790) nem a de Mallet du Pan (Correspondence
Burke, que a condenava. Politique 1796), nem a de Joseph de Maistre (Considérations sur la
Foi preciso esperar 1796 para ver surgir uma obra consistente France, 179Ò), nem mesmo a do abade Barruel (Mémoires pour Servir
sobre a Revolução3 escrita por Fantin Désodoards. Foram feitas nu à l’Histoire du Jacobinism e, 1797). Estas obras exerceriam até nossos
merosas edições, cada uma delas descrevendo um novo período; en dias uma profunda influência sobre os historiadores: tanto os autores
tretanto, sua “filosofia” é quase sempre pueril, sua documentação é conservadores como os hostis à Revolução vêem nela uma espécie
bastante insuficiente, seus erros são numerosos e sua inclinação a de atentado à ordem estabelecida pelo próprio Deus e, de um modo
favor dos Girondinos é bem evidente. Sem dúvida, foi por esta úl geral, a consequência da filosofia das “luzes”, na verdade uma conspi
tima razão que Fantin Désodoards obteve sucesso. ração maçónica.
A 18 brumário, Bonaparte anunciara: “A Revolução termi 2) OS POLÊMICOS DOS TRÊS PRIMEIROS
nou”. Não teria chegado o momento de escrever sua história? Foi o
QUARTÉIS DO SÉCULO XIX
que pensaram alguns historiadores dos quais os mais importantes
foram Lacretelle e Toulongeon. O “compêndio” de Lacretelle, mais a) A HISTÓRIA NARRATIVA NA FRANÇA
tarde transformado em História e continuado por um estudo do Con
sulado e do Império'', obteve um sucesso tão grande que seu autor Com a Restauração, mais uma vez a revolução parece terminada.
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f I
Surgia uma nova geração de historiadores. Estes não foram testemu terminara no 18 brumário e que ela continuara durante o Consulado
nhas dos grandes dramas revolucionários. Na França e Inglaterra, a e o Império. Naturalmente, ele não via o epílogo em Waterloo. Mig
maioria daqueles que se inclinam a favor da revolução são racionalis- net, assim como Thiers, escreveu apenas uma história política; seu
tas e liberais, que simpatizam pelo menos com uma fase da revolu estilo é mais frio e calculista que o de Thiers; apesar de ter adotado o
ção. í ponto de vista da burguesia liberal, ele não se revolta.
1) Thiers. Destes autores, convém colocar em primeiro plano Para se documentar, Thiers e Mignet limitaram-se a ler Le Moni-
Adolphe Thiers6. Os dez volumes de sua Histoire de la Révolution teur, algumas memórias e a consultar algumas testemunhas. Ignora
Française, publicados de 1823 a 1827, foram lidos avidamente pela ram a quantidade de documentos acumulados nas bibliotecas e arqui
sociedade liberal e tiveram numerosas reedições, sendo que a décima vos. Estes foram revelados ao público pela gigantesca Historie Parle-
sexta apareceu em ' 1866. “Thiers, escreveu A. Aulard, fez com que a mentaire de la Révolution Française que Buchez e Roux começaram a
história da Revolução entrasse tanto para o domínio público como publicar a partir de 1833, compreendendo 40 volumes. Buchez exer
para a literatura clássica.” I ceu um importante papel nas origens do socialismo cristão. Suas
Thiers nasceu em Marselha, em 1797. Ele se documentou sobre a idéias aparecem principalmente nos prefácios dos volumes. Algumas
Revolução, não para fazer obra científica mas por um dever de jorna dessas idéias causaram verdadeiro escândalo. Desse modo, Buchez
lista, porque Le Constitutionnel, no qual colaborava, esforçava-se em pensa que a Constituinte não cumpriu seu dever porque não soube
opor seu ponto de vista às violentas críticas contra-revolucionárias “estabelecer um princípio socializador”. Elogia Robespierre, que ten
publicadas nos jornais de direita. Nos prospectus de sua obra, Thiers tou, através do culto do Ser Supremo, dar fundamentos à idéia de
escrevia: “A história da Revolução foi escrita apenas por contempo fraternidade e sacrifícios. Evidentemente, esta obra é mais uma cole
râneos... É chegado o momento dos escritores pertencentes à geração tânea de documentos do que uma “Histoire”. Nela aparecem, confu
atual e não tendo pela Revolução senão o interesse comum da justiça samente, artigos de jornais, panfletos, memórias, processos verbais
e da liberdade sé tornarem finalmente os historiadores desta época da Comuna e das seções de Paris e discursos. A publicação desta
memorável...” Realmente, não foi a narrativa histórica que deu su compilação orientou os historiadores em direção às pesquisas de ar
cesso ao livro, mas suas tendências políticas: o elogio feito à monar quivos e o primeiro que a eles recorreu foi Jules Michelet.
quia constitucional de 1791 podia ser oposto às tentativas absolutis 3) Michelet. Jules Michelet foi, por sua vez, um professor, um
tas de Carlos X , em 1823; a objetividade com a qual Thiers elabo arquivista, um erudito e poeta. Ensinou, desde a idade de 28 anos, na
rou, em 1826, a história do processo de Luís X V I e do Terror, tinha Escola Normal Superior, na Sorbone e no Colégio de França. Em
o caráter de uma verdadeira provocação. 1830, aos 32 anos, foi nomeado chefe de seção nos Arquivos Nacio
Enfim, a Histoire de la Révolution, de Thiers, era notavelmente nais. Como erudito, utilizou em suas obras um grande número de
documentada para a época, apoiada, pelo menos nos dois primeiros fontes inéditas, as quais criticou com sagacidade. Mas como poeta
volumes, por numerosos documentos explicativos. Além disso, deixou-se levar, com muita frequência, por sua inspiração. Disse que,
Thiers realizou uma verdadeira investigação; “entrevistou” os sobre para ele, a história era uma “ressurreição” e isto nos levou muitas
viventes da Revolução. vezes a crer que sua narrativa se fundamentava mais em sua imagina
Thiers mostra somente três aspectos da Revolução: as lutas polí ção do que em sua documentação. Porém é bastante inexata essa
ticas parisienses, as operações militares e, finalmente, os problemas afirmativa.. A sensibilidade extrema de' Michelet ajudou-o a com
financeiros. As causas dos grandes acontecimentos que ele descreve preender melhor os acontecimentos, a expressá-los mais vivamente,
são superficialmente analisadas. Apesar de suas imperfeições, a His porém ele nunca se afastou das regras do método histórico. Michelet,
toire de la Révolution de Thiers exerceu uma influência profunda e cujo pai era um pequeno impressor arruinado pelas medidas tomadas
duradoura. contra a imprensa por Bonaparte em 1800, pertence, por nasci
2) Mignet. Mignet, compatriota e amigo de Thiers, publicou, mento, a uma das classes sociais que mais contribuiu para a Revolu
em 1824, uma Histoire de la Révolution, porém em apenas dois volu ção: a classe dos “sans-culottes”. Também “ele sente” as aspirações
mes. Mais do que Thiers o fizera, ele explicava que o encadeamento profundas do “Povo” — ou do que ele chama o povo — melhor do
das diferentes fases da Revolução tinha uma espécie de fatalidade. que qualquer daqueles que o precederam na historiografia revolucio
Mignet, além disso, teve o mérito de mostrar que a Revolução não nária.
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Em 1847, Michelet publica o primeiro volume de sua Histoire de frequência, apesar disto, Lamartine se contenta com uma informação
la Rêvolution'. Esta, que se detém na queda de Robespierre, incluiu medíocre, transformada e desvirtuada ainda por sua imaginação.
em sua primeira edição sete volumes e foi terminada em 1853- Mi Completamente diferente é a obra de Louis Blanc. Ele também
chelet não esconde sua admiração pela Revolução e por alguns revo não era um historiador profissional e, como Lamartine, escrevia uma
lucionários, especialmente os dantonistas, os quais, a seu ver, encar obra ocasional, destinada a glorificar a revolução montanhesa e as
nam o patriotismo da nova França. Suas fontes de informação são concepções de Robespierre9. Mas, Louis Blanc preocupou-se com
amplas e recentes. Ele utilizou três grupos de fontes: os documentos uma' documentação precisa. Proscrito em 1849, foi em Londres,
impressos, as fontes manuscritas e a tradição oral. Entre os impres utilizando-se das riquezas conservadas no British Museum. que ele
sos, utiliza os textos publicados por Buchez e Roux; serve-se do escreveu a maior parte de seu livro. Esta circunstância, limitando na
7VÍoniteur, das Révolutions de Paris e de memórias. Consultou suas turalmente todo campo de suas investigações, colocou-o em contato
fontes manuscritas nos Arquivos Nacionais e nos Arquivos do Sena, com fontes que até então tinham sido ignoradas pelos historiadores,
especialmente os documentos relativos à emigração, à Vendéia e à
atualmente desaparecidos, queimados no incêndio de 1871. Em rela
“chouanneie”.*
ção a isto, sua obra tem um valor excepcional, visto que conta com
documentos aos quais nos é agora quase impossível recorrer. Infe- Louis Blanc foi o primeiro historiador da Revolução a citar sua
lizmente, Michelet desprezava “a ostentação” de referências precisas, referência para cada fato, em uma nota colocada ao pé da página,
e é difícil encontrar em sua obra impressões exatas dos documentos exemplo que só seria habitualmente seguido bem mais tarde. Não há
desaparecidos; as anotações feitas por ele, em relação aos documen dúvida de que a história de Louis Blanc, como as outras, é essencial
tos, foram queimadas por sua viúva. Michelet, finalmente, refere-se mente política, e, apesar das idéias “socialistas” de seu autor, dá aos
muito ao que chama de “tradição oral”. Não que ele tenha interro problemas económicos apenas uma importância mínima.
gado, como Thiers, alguns dos grandes participantes sobreviventes da
b) A HISTÓRIA NARRATIVA NO ESTRANGEIRO
epopéia revolucionária, mas interroga “o povo” que segundo ele, não
se engana jamais. Michelet também é, às vezes, levado à generaliza
Para os historiadores que acabamos de estudar, a história da
ções apressadas e sem valor científico. A admiração total que Miche
let professa pelo “povo” cega-o com muita frequência. Fala de seu Revolução é uma arma destinada a servir na luta em que se empe
senso do direito, da justiça, sem se aprofundar, ou melhor, deixa de nhavam cada dia seus contemporâneos. Esta concepção não foi uni-
estudar a estrutura deste “povo”, que ele invoca incessantemente, e caménte privilégio dos historiadores franceses. Nós a encontramos
de distinguir as diferentes categorias sociais que o compõem. Na rea também entre autores estrangeiros, como Carlyle e Sybel!"
lidade, exclui delas os trabalhadores rurais e urbanos. L ’Histoire de la Foi em 1837 que apareceu The French Rêvolution, de Thomas
Rêvolution Française, de Michelet continua sendo, portanto, apesar da Carlyle." Carlyle nasceu em 1795, na Escócia, foi pastor e professor.
amplitude da documentação utilizada, bastante subjetiva. Ela vale Calvinista puritano, mostra-se hostil ao racionalismo, ao materialismo
principalmente nor seu estilo incomparável, por sua eloquência arre e ao capitalismo. Mas, como Michelet, ao. qual foi comparado fre
batadora, por seu nobre idealismo. Michelet despertou vocações e qúentemente, tem um temperamento de poeta e para ele também ò
não teve discípulos. “povo” está no primeiro plano de sua história. Em relação à Revolu
4) Lamartine e Louis Blanc. No mesmo ano em que aparecia o ção Francesa está tão bem documentado quanto poderia estar um
primeiro volume da Histoire de la Rêvolution Française, de Michelet, inglês nesta época e se irrita mesmo por nada poder afirmar a não ser
foram colocadas à venda duas outras obras sobre o mesmo assunto: a através de provas. Entretanto, Carlyle é um homem apaixonado, de
Histoire des Girondins, de Lamartine7 e a Histoire.de la Rêvolution, de testa os direitos do homem, a igualdade que é uma utopia, e Robes
Louis Blanc8. Mais poeta e muito menos historiador que Michelet, pierre, uma “fórmula” feita homem. Sua paixão, contudo, não o cega
Lamartine redigiu uma obra ocasional, com muitos erros: tratava-se a ponto de impedir-lhe a compreensão. Procura sempre explicar.
de justificar as aspirações da burguesia liberal contra uma república Desse modo, a propósito das vítimas do Terror, escreveu: “Destruam
moderada. Todavia, a documentação de Lamartine foi menos sumária dez vezes mais, porém seguindo as regras e, no campo de batalha,
do que se considera freqúentemente. Consultou não somente as conseguirão uma gloriosa vitór-ia com um Te Deum...” Ao tempera
memórias publicadas, mas também manuscritos inéditos; Com muita mento arrebatado e freqúentemente vulgar de Carlyle se acrescentou
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r
ainda a popularidade de seu livro, que obteve um estrondoso su tecimentos desaparece e os traços gerais da evolução se esclarecem
cesso, não somente nos países anglo-saxônicos, mas em toda Europa. plenamente...” Para chegar a este ponto, Tocqueville procurou
O alemão Von Sybel, ao contrário de Carlyle, era um historiador documentar-se cuidadosamente. Teve a preocupação constante de
profissional e um erudito; foi sucessivamente professor em diversas recorrer às fontes. Trabalhou na Biblioteca e nos Arquivos Nacio
universidades e depois diretor dos arquivos da Prússia. Escreveu uma nais, nos Arquivos de Indre-et-Loire, no British Museum e foi um dos
Geschichte der Revolutionszeit. A primeira parte, publicada em três vo primeiros a examinar, no Public Record Office em Londres, os relató
lumes, de 1853 a 1858, pára em 1795; ela é, portanto, contemporâ rios enviados pelos agentes britânicos na França. Não se contentou
nea das grandes obras de Michelet e de Louis Blanc. E o primeiro em ler os documentos de ordem política, mas, exercendo também
historiador que tentou estudar a Revolução Francesa sob um ponto aqui o papel de pioneiro, examinou as “contas das secções” e as ma
de vista internacional, mas ele escreveu uma história essencialmente trizes de contribuição territorial estabelecidos por ordem da Consti
“diplomática”, na qual prevalece a perspectiva prussiana. Tenta de tuinte; comparou os registros de propriedade do século X V III e do
monstrar que a Revolução, na França, não foi apenas política, mas século X IV , com o cadastro contemporâneo; leu os “cahiers de do-
teve causas sociais. Primeiramente, explica que a Revolução Francesa léances”* e recorreu aos atos de venda de bens nacionais. Infeliz-
é caracterizada, antes de tudo, por uma grande transferência de pro mente, sua morte prematura aos 53 anos, em 1859, impediu-o de
priedades, tiradas das classes privilegiadas e passadas às mãos da bur terminar a grande obra que projetava.13
guesia e de camponeses abastados. Porém a Revolução, segundo ele, Apesar de seu caráter parcial, a obra de Tocqueville se impõe, ao
enfraqueceu irremediavelmente o Estado. No que se refere à política historiador por seus méritos consideráveis. Em muitos domínios, ele
internacional, Sybel faz recair o peso da responsabilidade da guerra abriu caminhos que só seriam retomados muito tempo depois. Sendo
sobre os Girondinos, que romperam imprudentemente o equilíbrio um dos primeiros a perceber o caráter europeu e mesmo ocidental da
europeu edificado pelo Antigo Regime. Revolução, cujo aspecto francês foi apenas um episódio, ele assinalou
também suas profundas origens de ordem económica e social.
ct A HISTORIA -EXPLICATIVA"
Um dos méritos de Tocqueville foi o de ter evidenciado, embora,
Entre 1854 e 1889 aparece um certo número de obras que não sem dúvida, não tivesse lido Karl Marx, o papel exercido pela luta de
têm mais por objetivo principal o estabelecimento de fatos e sua des classes na evolução histórica. Evidentemente, embora os problemas
crição, mas tentam, sobretudo, explicá-los. escapem ainda a Tocqueville, isto seria apenas uma consequência do
caráter incompleto de sua obra. Ele pouco se preocupa com a Con
1) Tocqueville. Em 1836, Alexis de Tocqueville'2 já era co venção; não parece vislumbrar o papel fundamental exercido pela
nhecido pela publicação de um estudo sociológico sobre os Estados guerra na marcha da Revolução. Apesar destas reservas, o livro de
Unidos, La Démocratie en Amérique, que permanece como a obra Tocqueville, tanto por seu esforço na perspectiva de uma síntese ob
mais importante que um europeu já escreveu sobre este assunto. jetiva, quanto pela segurança de sua informação e suas qualidades
Mas, desde esta época sentia-se atraído pela história da Revolução. literárias, ocupa um lugar de primeiríssimo plano na historiografia da
Sendo de uma inteligência notável, Tocqueville soube dominar as Revolução.
idéias que havia recebido da aristocracia, da qual descendia e da ma
gistratura, da qual fora membro. Casado com uma inglesa, tendo 2) Qutnet. Ao mesmo tempo em que Tocqueville preparava
mesmo contatos diretos com os Estados Unidos, membro do Parla seu livro, Edgard Quinet escrevia um outro, com o mesmo espírito.14
mento e logo depois, em 1849, ministro dos Negócios Estrangeiros, Edgard Quinet nasceu em 1803 e morreu em 1875. Era professor no
sua experiência lhe permite, mais que aos outros historiadores, pro Colégio de França, como Michelet. Como ele, também foi exilado
por considerações gerais. Além disso, não quer escrever uma nova após o golpe de Estado de 2 de dezembro e passou a escrever em
história narrativa da Revolução. “Indicarei os fatos, sem dúvida, e Bruxelas uma Philosophie de l ’Histoire de France, publicada na Revue
seguirei seu encadeamento, explica a um amigo; mas o meu principal des deux Mondes, em 1855. Este estudo deveria servir de introdução à
objetivo não será o de narrá-los.” Tocqueville, o primeiro dos histo uma Philosophie de l’Histoire de la Révolution. Em 1856, quando surgiu
riadores da Revolução, conduz, como disse justamente Georges Le- o livro de Tocqueville, Quinet refez seu trabalho, resumindo seu tí
febvre, “a síntese a este nível superior em que a desordem dos acon tulo, que passou a ser La Révolution. O livro foi publicado em 1865,
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em dois volumes; foi ao mesmo tempo uma obra filosófica, uma his obra de valor, que Taine truncara ou interpretara mal numerosos do
tória, uma epopéia e um panfleto. A obra abrangeria todo período cumentos e que, sobretudo, havia lido apenas uma ínfima parte dos
compreendido entre 1789 até a queda do Império e teria por epílogo documentos que lhe eram indispensáveis conhecer para escrever uma
um estudo sobre a Campagne de 1815 . publicada desde 1861. Mas, obra bem informada. Na realidade, se Taine tivesse a intenção de
Quinet se deteve no 18 brumário. Quinet, que escreveu seu livro no reunir uma documentação completa, não teria jamais conseguido es
exílio, não pôde consultar quase nada para se documentar, além das crever seu livro. O que se pode recriminar nele é o fato de ter-se
obras de Buchez e Roux, de Michelet, de Louis Blanc, de Tocque- dirigido, de preferência, aos documentos que justificaram sua tese.
ville e Le Moniteur. Na realidade, Quinet não pretende descrever “Aparentemente, escreve Aulard, Taine somente procura encon
com precisão os acontecimentos da Revolução, mas contribuir com trar nos documentos o que lhe interessa”. Não diremos que ele eli
reflexões que fazem de seu livro um manifesto contra o segundo mine o testemunho adverso, porém este escapa à sua percepção.
Império. Para Quinet, a História da França é uma longa luta pela Rècrimina-se Taine por haver escrito uma história estritamente
liberdade. Esta luta por si só explica a Revolução e Quinet se mostra da França. Não percebeu que a Revolução Francesa era apenas um
tão hostil ao despotismo do Antigo Regime, exagerando suas caracte- aspecto de uma revolução infinitamente mais vasta, percebendo ainda
rísticas, quanto ao Terror, cujas causas não compreende. Filho de menos que as circunstâncias exteriores explicavam sua evolução in
uma protestante e de um católico, Quinet atribui uma considerável terna.
importância às questões religiosas. Considera o catolicismo incompa Entretanto, Taine contribuiu com novos pontos de vista para a
tível com a liberdade e declara que o revés da Revolução foi conse Historia da Revolução. Um dos primeiros, a mostrar que èsta história
quência de sua política religiosa. não era essencialmente parisiense, mas provincial, não somente polí
3) Paine. Quinet instava os historiadores da Revolução a uma tica, mas económica e social. Ele percebeu bem que a Revolução
maior objetividade. Nem ele, nem o próprio Hippolyte Taine o al causara uma grande mudança de propriedades, da nobreza e do clero
cançaram em suas Origines de la France Contemporaine. obra em para a burguesia e a classe camponesa abastada. Mas, devido à falta
cinco volumes publicada de 1875 a 1893-'' Taine se tornara conhe de tempo não pôde aprofundar o problema. Taine mostrou também
cido devido às suas brilhantes obras de crítica literária e de filosofia, que os homens na massa não raciocinavam do mesmo modo que iso
quando, amedrontado pela Comuna de Paris, em 1871, decidiu estu lados; foi, dessa forma, um dos primeiros historiadores a estudar a
dar as causas remotas da semana sangrenta. Assim como Tocqueville, psicologia coletiva, mas o fez apenas facciosa e superficialmente. Por
voltou suas reflexões para a queda do Antigo Regime. Porém, mais tanto, Taine foi mais um estimulador do que um mestre e, como
feliz que seu predecessor, pôde conduzir seus estudos até 1808. Michelet, não teve discípulos.
De origem burguesa, mas com espírito livre e independente,
Taine foi perseguido, na Universidade, no início do Segundo Impé 3) A ÉPOCA DA PESQUISA CIENTÍFICA
rio, em razão de suas opiniões políticas e religiosas. Sua sensibilidade
extrema explica sua atitude a respeito da Comuna de 1871. Esta sen a) AULARD E SUA ESCOLA
sibilidade freqiientemente paralisou sua inteligência. Explica, dessa
maneira, o facciosismo com o qual abordou o estudo da Revolução: A partir de 1881, com a publicação da revista La Révolution Fran
achava que apenas os notáveis eram capazes de governar. Se o povo çaise. o trabalho coletivo se organiza, tendo em vista a pesquisa cien
se envolve, participando dos negócios do Estado, apenas conseguirá tífica referente à história da Revolução. Na origem desta renovação
provocar uma terrível anarquia. Taine ataca o povo com seus sarcas de métodos, está a criação, erri 1881, de um comité encarregado de
mos. Também é severo com Napoleão, que, por suas instituições e preparar a celebração do centenário de 1789- Suas finalidades, na
principalmente pelo Código Civil, consolidou a obra da Revolução e, verdade, não eram inteiramente desinteressadas: tratava-se de conso
portanto, preparou a Comuna de 1871... lidar a República. Mas, em 1888, o Comité se transformava em “So
A obra de Taine, notavelmente escrita, obteve magnífico sucesso ciedade da História da Revolução Francesa”, e, esta se consagrava
e exerceu uma influência inesquecível. Múltiplas referências feitas a cada vez mais a atividades puramente científicas. Sua revista La Réro-
documentos de artigos pareciam provar sua consistência. Mais tarde, lution Française. fundada qm 1881, destaca-se, a partir de 1886,
Aulard demonstrou que esta obra tinha apenas uma aparência de entre as melhores revistas históricas, ocasião em que Alphonse Au-
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larcU tornou-se seu diretor. No mesmo ano, o Ministro de Instrução toire Politique de la Rêvolution Française, publicado em 1901. Esta
Pública criava junto ao Comité de Trabalhos Históricos, uma “Co obra, tal como a de Taine, sofreu numerosas críticas. De início
missão encarregada de pesquisar e publicar os documentos históricos reprovaram-lhe o caráter exclusivamente “político”: estudar um fe
relativos à Revolução de 1789”. Ela deveria iniciar, desde 1889, sob nômeno revolucionário tão amplo e tão complexo, sob este único
a direção de Alphonse Aulard, o monumental Recueil cies Actes dit aspecto seria desvirtuá-lo completamente. Lamentou-se, também, a
Comité de Salut Public.17 Por sua vez, a Cidade de Paris instituía uma posição facciosa constante tomada por Aulard em favor de Danton e
“Comissão encarregada de pesquisar e publicar os documentos inédi seus adeptos contra Robespierre e seu grupo. Admira-se apenas que
tos relativos à história de Paris durante a Revoltição Francesa”. Em tenham sido deliberadamente deixados de lado os problemas religio
1903, o Parlamento, em reação à proposição de Jaurès, estabelece sos que exerceram um papel predominante na Revolução Francesa,
uma “Comissão encarregada de pesquisar e publicar os documentos papel este reconhecido pelo próprio Aulard, que lhe consagrara vá
dos arquivos referentes à vida económica da Revolução”. A seção rios artigos. No fundo, este livro é quase somente uma história do
histórica do estado maior do exército empreende, por sua vez, a pu pensamento republicano na França, de 1789 a 1799- Foi mais por seu
blicação de uma série completa de volumes sobre as guerras da Revo ensino, sua revista18 e suas publicações eruditas que Aulard exerceu
lução. uma influência, do que por seu livro, já ultrapassado pela ciência
Diante da “Sociedade de História da Revolução Francesa” e de histórica no próprio momento em que era publicado.
sua revista aparecem logo concorrentes, apresentando tendências di
ferentes e que não pretendem nada menos que uma obra gigantesca b) JAURÈS
de estudo e documentação. Em 1886, ao mesmo tempo em que se
desenvolviam esses cómitês, essas sociedades, essas revistas, foi Na realidade, foi em 1901 que um homem, apesar de não ser um
criada pelo Estado e Cidade de Paris, na Sorbonne, uma cadeira de historiador profissional mas um filósofo e um parlamentar, Jean Jau
História da Revolução. Seu primeiro titular seria Alphonse Aulard. rès, publicava o primeiro volume de sua Histoire Sociahste^ de la Révo-
Alphonse Aulard nasceu em 1849; filho de um professor de filo lution Française. Falando dos historiadores da Revolução, escrevia
sofia, seguiu a carreira de seu pai. Professor titular de Letras, escre em sua introdução: “O que faltou, mesmo aos mais importantes, não
veu uma tese sobre o poeta italiano Leopardi (1877). Porém, há são exatamente os documentos, mas a preocupação e o sentido da
muito tempo fora atraído pela Revolução Francesa. Com a idade de evolução económica e da profunda e instável vida social”. Jaurès
quatro anos, conhecera Thibaudeau, membro da Convenção e este apresenta, no início de sua obra, um notável quadro da França no fim
contato com o veterano da Revolução lhe produzira uma profunda do Antigo Regime, conforme os “Cahiers de doléances” e, ao contrá
impressão. Em 1882, publica uma obra sobre Les Orateurs de la Cons- rio de Michelet, concluiu que a Revolução não foi consequência da
tituante, de la Législative\ de la Convention. Ele aplicava ao estudo dos miséria, mas da elevação do nível de vida das classes médias, de sua
grandes revolucionários os processos científicos que os filósofos co intensa vitalidade, de sua maturidade, do sentimento de seu papel na
meçavam a utilizar. Este livro atraiu sobre ele a atenção dos historia economia da Nação e do legítimo desejo que essas classes manifesta
vam de dirigir também a política do país. Entretanto, Jaurès admite a
dores e Aulard foi nomeado encarregado do Curso de História da
miséria do proletariado agrícola e artesanal, reconhecendo a pouca
Revolução, na Sorbonne. Sua primeira conferência, realizada a 12 de
informação existente sobre o assunto e a necessidade de se fazer pu
março de 1886, deu-se numa atmosfera tensa. Temiam-se manifes
tações. Não houve nada disso, porém Aulard expôs seu programa, blicar documentos indispensáveis antes de se empreender novos es
rigorosamente objetivo e científico. Ele se aplicava à expansão dos tudos. Jaurès, apesar do lugar eminente que concede às correntes
métodos de erudição que os historiadores alemães empregavam há lentas e profundas da evolução económica e social, não negligencia,
várias décadas: sempre consultar autores originais, não dizer nada para tanto, a força das idéias. Muito pelo contrário, consagra páginas
que não se saiba ser original, nem escrever nada sem citar suas refe repletas de novos resumos à efervescência ideológica que marcou a
rências e apresentar os fatos de maneira imparcial e objetiva. Revolução, não somente na França, mas no mundo, todavia com ex
A obra de Aulard pode ser dividida em duas partes. De um lado, ceção da Itália e dos Estados Unidos, porque parece não ter perce
a publicação de documentos, de outro, parte de estudos numerosís bido bem o papel exercido por esses países. Os capítulos, no decor
simos, baseado nos quais Aulard tentou fazer a síntese de uma His- rer dos quais analisa as idéias revolucionárias na Inglaterra e na Ale
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manha, merecem continuar como clássicos. Entre os pensadores fran esclarece com a minúcia de um juiz de instrução, ao mesmo tempo
ceses, é Condorcet que absorve completamente sua atenção. Jaurès erudito e publica regularmente o resultado de suas pesquisas, ini
se esforça sempre, no decorrer de sua obra, em resolver o difícil cialmente em sua revista e depois em volumes. Foi tanto o contato
problema das relações entre os fatos económicos e os ideais revolu com assuntos de venalidade e corrupção, como também o espetáculo
cionários. Sem dúvida, às vezes se engana; sem dúvida, algumas de dos acontecimentos da guerra de 1914-1918, que levaram Mathiez a
suas hipóteses foram abandonadas em consequência disso. Mas Jau se interessar pelos problemas económicos. Embora sendo admirador
rès percebeu bem que a questão da paz e da guerra era o núcleo da de Jaurès, não era, na re?'idade, “o homem de nenhum sistema”.
história da Revolução Francesa e se dedicou entusiasticamente a este Desconfia da sociologia, do que se chamou posteriormente “a histó
problema, tão próximo daquele que, quase diariamente evocava na ria não factual”. Não foi porque acreditasse na influência preponde
Câmara. A. Mathiez, em 1922, encarregado de reeditar a história de rante da infra-estrutura económica que escreveu La Vie Chère et le
Jaurès, disse a seu respeito: “Nenhuma outra história da Revolução
Mouvement Social sous la Terreur, mas foram suas pesquisas, suas des
chegou tão perto da realidade. Nenhuma outra fez progredir tanto a
cobertas que o levaram a isso. Sem dúvida, é a parte mais importante
ciência. Ela é muito mais um ponto de partida do que de chegada”. de sua obra. Pôde desenvolver, muitíssimo melhor do que antes dele
c) MATHIEZ
se tentara fazer, o programa social dos Robespierristas e mostrou que
as divisões internas dos revolucionários se originaram de concepções
sociais radicalmente diferentes.
Entre os historiadores da Revolução que sofreram a influência de
Mathiez, como Aulard, tentou esboçar uma síntese da Revolução.
Jaurès, não resta dúvida a necessidade de se colocar Albert Mathiez
Sua morte prematura, em 1932, impediu-o de terminá-la e o que foi
no primeiro plano.20 Ao contrário de Jaurès e também de Aulard,
publicado dela não possui homogeneidade. Na realidade, essa obra
Mathiez abordara o estudo como especialista. Professor titular de his
tória em 1897, desde sua primeira publicação escrevia sobre a histó compreende, de um lado, três pequenos volumes,' consagrados ao
período de 1787-1794 e o 3.° volume, aliás, se refere às lutas entre
ria da Revolução: era um “Étude critique sur les journées des 5 et 6 Girondinos e Montanheses durante nove meses, de 10 de agosto de
octobre 1789”, que foi publicado na Revue Historique, em 1898 e 1792 a 2 de junho de 1793; por outro lado, dois grandes volumes,
1899- Desde então, Mathiez, tanto pelo magistério que exerceu
um, estudando a reação termidoriana, o outro, o Diretório, até o 18
desde 1908 em diversas universidades, quanto por seus múltiplos es fruddor. Provav.elmente, se Mathiez tivesse vivido, teria retomado o
tudos, se consagrou de corpo e alma à história da Revolução. Se que, em seu pensamento, era ainda apenas um esboço. Todavia, por
guindo os conselhos de Aulard, Mathiez empreendeu, primeira seu estilo arrebatador, por sua extrema clareza, este esboço se impôs
mente, o estudo da política religiosa da Revolução. Suas teses tive aos historiadores e aos estudiosos. Evidentemente, como La Révolu
ram como objeto de estudo uma, a Théopbilanthropie, outra as Origi tion , de Aulard, a de Mathiez é essencialmente uma história política,
nes des Cultes Révolutionnaires. Seguiram-se várias outras obras relati
sendo que os problemas económicos e sociais, embora tratados,
vas aos problemas religiosos da Revolução. Mathiez mostrou clara
mente que a atitude dos revolucionários, em questão de religião, es ficam em segundo plano. E característico notar que Mathiez não quis
ver na conspiração de Babeuf senão um esforço dos antigos terroris
tava ligada às profundas aspirações das massas. E esta opinião que, no
tas para retomar o poder e não a viu como a primeira afirmação de
próprio modo de dizer de Mathiez, trouxe as primeiras dificuldades
entre ele e seu mestre, Aulard, que considerava os cultos revolucio uma doutrina comunista e como a primeira tentativa para aplicá-la.
nários apenas como expedientes. Por outro lado, o estudo das con Não resta dúvida de que Mathiez destruiu a legenda do “bloco” revo
lucionário. Prim eiro ele mostrou que a Revolução na França
cepções religiosas dos revolucionários colocou Mathiez em contato
com Robespierre, o organizador do culto do Ser supremo. constituiu-se de uma série de revoltas, após a revolta nobiliária em
Robespierre se tornou, então, o foco de atenção dos estudos de 1787, até a revolta dos Thermidorianos contra os Robespierristas,
em 1794. Mostrou, melhor do que todos seus antecessores, as divi
Mathiez- Em 1908, funda a “Sociedade dos Estudos Robespierristas”,
sões entre os dirigentes da revolução e relacionou estas divisões aos
e publica os Annales Révolutionnaires. Seu caráter, naturaímente des
confiado, sentiu-se à vontade em meio às lutas políticas e rivalidades grandes problemas económicos e sociais que a guerra e a crise eco
pessoais dos Girondinos, dos Dantonistas e Robespierristas. Ele os nómica haviam exacerbado. Mathiez não foi apenas um eminente his
toriador, mas também um grande professor, um estimulador. Embora
— 158 —
— 159 —
de um caráter difícil, embora temido por seus alunos e pelos que o grego e ao latim somente aos 17 anos. Titular aos 25 anos, ensinou
rodeavam, tinha o dom de fascinar seu auditório. Suscitou numerosas nos liceus da província, mas, desde 1905, durante os raros momentos
vocações e chegou a ser um verdadeiro fundador de escola. de lazer de que dispunha, começou a elaborar uma tese monumental
sobre Les Paysans du Nord Pendant la Révolution Française.' Ele a
d) SAGNAC E LEFEBVRE defendeu, em 1924, com a idade de 50 anos. Esta tese assinala uma
data importante na historiografia da Revolução. Pela primeira vez, a
Philippe Sagnac e Georges Lefebvre pertenciam à mesma geração história da classe camponesa era abordada com um rigor científico, a
de Mathiez. Ambos, assim como Mathiez, desde o início de sua car Revolução era vista de baixo e não do alto, e sob a influência de
reira, dirigiam suas pesquisas para os problemas sociais da Revolução Jaurès, Georges Lefebvre explica assim seu ponto de vista: “É nos
Francesa. Realmente, Philippe Sagnac consagrava sua tese principal, campos que aparece mais claramente e quase isenta de qualquer
em 1898, à Législation Civile de la Révolution Française: foi esta a pri mistura, a característica principal da grande crise: ela foi uma revolu
meira vez que problemas em grande parte jurídicos foram abordados ção essencialmente social para os camponeses”. O departamento do
por um historiador e Sagnac mostrou, em seu estudo, o imenso pro Norte se prestava, aliás particularmente, a este gênero de pesquisas:
veito que a história da sociedade poderia tirar de um exame aprofun já apresentava uma acentuada densidade (147 habitantes por quiló
dado das instituições. A tese complementar, ainda escrita em latim, metro quadrado) e um princípio de industrialização que permitia
tratava de um problema importante, o da “reação senhorial” no fim confrontar os problemas camponeses com os apresentados no início
do século XV III. Em seguida, Philippe Sagnac consagrou à Revolu da revolução industrial. Sua situação na fronteira da França, os ata
ção numerosos artigos em diversas revistas. Também escreveu uma ques desencadeados pelo inimigo e o Terror que, por esta razão, foi
síntese que se relaciona com os três primeiros anos da Revolução e aí mais intenso do que em qualquer outra parte, não isolaram os
constitui o primeiro tomo da “Histoire de France Contemporaine”, grandes movimentos revolucionários. G. Lefebvre mostrou como os
publicado sob a direção de Ernest Lavisse. Esta obra continua sendo, camponeses estavam ligados aos antigos costumes rurais, coletivos e
ainda hoje, uma das melhores entre as que foram publicadas, relati igualitários. Como escreveu A. Mathiez: “jamais a história social da
vas ao início da Revolução até a queda da monarquia. revolução fora investigada com esta profundidade e esta amplitude”.
Philippe Sagnac tomou consciência de que era preciso ampliar o G. Lefebvre continuou e ampliou seus estudos relativos aos campo
estudo da Revolução, indo além dos limites da França. A primeira neses. Em 1932, sob o título Questions Agraires au Temps de la Ter-
guerra mundial levou-o a publicar uma obra sobre o Rhin Français reur, publicou textos característicos, precedidos por uma importante
Pendant la Révolution et 1’Empire, livro escrito em consequência dos introdução, em que retoma todo problema da política agrária. Ao
acontecimentos, de acordo com as únicas fontes, mas que fornece contrário de Albert Mathiez, G. Lefebvre chegava à conclusão de que
ainda informações úteis. Depois, foi a revolução americana que atraiu esta política fora apenas uma obra ocasional e que não seria possível
Sagnac. Consagrou-lhe um volume na coleção Peuples et Civilisations, descobrir entre os Robespierristas um plano de reformas agrárias efi
cuja direção assumia ao lado de Louis Halphen. Em 1923, Philippe cazes e profundas.
Sagnac foi convidado para suceder Aulard na cadeira de história da Georges Lefebvre prosseguiu seus trabalhos de história rural em
Revolução, na Sorbonne. Com a colaboração de um jurista, emigrado um livro extremamente sugestivo sobre La Grande Peur de 1789■ A
situação dos campos em 1789, o contingente enorme de “bandidos ,
da Rússia em 1919, Boris-Mirkine-Guetzévitch, tentou ampliar o consequência da explosão demográfica do século X V III, explicam o
campo de ação desta cadeira, criando em 1936, um “Instituto Inter Grande Medo, o medo dos “bandidos”, isto é, dos vagabundos, que
nacional de História da Revolução Francesa”. Mas, este Instituto, que se suspeita terem passado para o serviço dos senhores. Este movi
se destinava mais ao grande público culto do que aos eruditos, não mento é o primeiro grande estremecimento revolucionário que aba
chegou a despertar vocações, nem produziu as obras que se poderia lou o povo francês em seu conjunto. Este estudo foi ainda ampliado
esperar. Talvez as circunstâncias do período imediatamente prece num volume consagrado a toda história do ano “Quatre-vingt-neuf’,
dente à guerra fossem pouco favoráveis. publicado na ocasião do sesquicentenário do aniversário da Revolu
Philippe Sagnac foi sucedido, na Sorbone, em 1937, por Georges ção, em 1939-
Lefebvre.” Nascido em 1874, como Mathiez, Georges Lefebvre não Nesta data, decorreram sete anos desde que Georges Lefebvre
foi inicialmente orientado para os estudos literários. Dedicou-se ao
— 160 — — 161 —
sucedera a Mathiez na direção dos Annales Historiques de la Rêvolution riadores consagram-se a uma obra de divulgação e conseguem um
Française. Sem consagrar tantos esforços quanto seu predecessor ao brilhante sucesso junto ao grande público. Enfim, os eruditos se es
estudo de Robespierre e do Terror, escreveu, entretanto, sobre estes forçam, através de suas pesquisas, por renovar e fazer progredir a
problemas vários artigos importantes que encontraremos agrupados história da Revolução.
nos Etudes sur la Rêvolution Française, publicados em 1954. Mas, G.
a) OS HISTORIADORES CONSERVADORES
Lefebvre, com o auxílio do Centro Nacional de Pesquisa Científica,
impulsionou ativamente a publicação das obras de Robespierre, pu
blicação essa iniciada por Mathiez. De 1950 a 1967, foram imprimi São recrutados, antes de 1944, principalmente nas fileiras da Ac-
dos seis grandes volumes, os quais passaram, desde então, a se consti tion Française, mas contaram e contam ainda com uma receptividade
tuir num instrumento de trabalho indispensável a quem deseja estu que ultrapassa muito o número de adeptos deste movimento. Assim,
dar a Revolução. a Revolução Francesa de Pierre Gaxotte," publicada em 1928, teve
Georges Lefebvre tinha intenção de escrever uma síntese: em inúmeras edições, datando a última de 1962. E um livro inteligente,
bem informado, notavelmente bem escrito, mas sistematicamente
1930, publicava, em sua coleção Peup/es et Cirilisations um volume
sobre a Revolução, encarregando-se ae redigir o período de 1787 a hostil à Revolução. Pierre Gaxotte tenta demonstrar — como Burke
1795; Raymond Guyot encarregou-se do Diretório e Sagnac de uma — que ela foi, na história da França, apenas “um acidente lamentável
ampla conclusão sobre “A Revolução e a Civilização Européia”. Mas, e sinistro, fruto da perversidade de uns e do extremismo de ou
em 1937, Georges Lefebvre escrevia para a Coleção Armand C olin, tros”."6 Ele atribui suas causas principais, não à miséria dos campone
dois pequenos volumes, um sobre Les Thermidoriens; em 1946, es ses, que era, segundo dizia, “mais fingida que real”, mas à cegueira
crevia outro sobre Le Directoire; em 1935, redigia para a coleção Peu- das classes dirigentes, o que não é, como já vimos, inteiramente ine
ples et Cirilisations uma obra sobre Napoléon. De modo que ele escre xato. Ele é severo com os chefes do movimento revolucionário. Ro
veu uma ampla composição histórica, desde as origens da Rêvolution bespierre fica atingido pelo “delírio da persecução”, Marat, “sifilítico
Française até o fim do Império. Em 1951, ele retomou esta obra, até à medula dos ossos”, era “meio louco” e não pensava senão n,a
dando uma nova redação à La Rêvolution Française, desta vez intei “batalha e no crime”. Nesta obra, escrita pouco tempo após a Revo
ramente de sua autoria. Esta coleção, pela amplitude de sua penetra lução Russa de 1917, Pierre Gaxotte acusá os montanheses de quere
ção — esforça-se por estudar a revolução como um fenômeno não rem introduzir o comunismo na França. Sob esta perspectiva, ele
somente francês, mas mundial — pela amplitude de sua informação, julga legítimo o pedido de ajuda estrangeira feito por Luís XV I e
pela probidade científica da qual dá prova o autor, é atualmente o Maria Antonieta. Para Pierre Gaxotte, a Revolução termina a 9 ter
melhor livro que possuímos sobre a Revolução. Aliás, Georges Le midor. Ele se refere ao D iretório apenas em algumas páginas,
febvre não parou aí. Prosseguiu suas pesquisas e trabalhos com uma caracterizando-o unicamente pelas dilapidações, pelas velhacarias e
atividade admirável, não diminuída pela idade. Inaugurou, em 1953, pelas dificuldades financeiras. A reforma económica, realizada após
uma nova compilação de documentos consagrados à história dos Es 18 frutidor, não é mais do que o resultado da expansão revolucioná
tados Gerais de 1789- Georges Lefebvre morreu a 28 de agosto de ria na Europa. Esta obra, entretanto, deliciou dezenas de milhares de
1959- Deixou várias obras, posteriormente publicadas."4 Pode-se leitores.
afirmar que a obra de Georges Lefebvre ocupa um lugar muito im Os historiadores conservadores não se limitaram a redigir gran
portante na historiografia da Revolução. Para os que se iniciam no des sínteses, brilhantes, porém contestáveis e contestadas. Eles tam
estudo deste período, ela se constitui tanto num ensinamento quanto bém empreenderam trabalhos mais precisos que, apesar de sua orien
num exemplo. tação freqúentemente acentuada, são bastante úteis aos historiadores.
G. Gautherot publicou um útil estudo sobre a Revolução Francesa,
4) AS TENDÊNCIAS ATUAIS no Bispado de Basiléia;"7 o marquês de Roux dedicou-se ao estudo
de Poitiers e Viena durante a Revolução"8. Se suas conclusões são
Quais são as tendências atuais? Voltamos a ver os prolongamen “orientadas”, pelo menos suas pesquisas seguem as regras da erudi
tos das que já estudamos. Os adversários da Revolução, Burke, o ção e os fatos que eles descrevem são expostos com a mais perfeita
abade Barruel e Taine contam sempre com discípulos. Outros histo objetividade.
— 162 — — 163 -
bI OS DIVULGADORES
fundamental, às quais se deve dar prioridade, e as superestruturas,
que abalaram mais os contemporâneos e os primeiros historiadores
Talvez o grande público nunca tivesse sido mais ávido pela histó da Revolução, mas que é necessário colocar em seu devido lugar na
ria do que atualmente. A radiodifusão e a televisão ajudam a venda hierarquia de valores para bem julgar o desenrolar da história. Toda
de revistas e livros de divulgação histórica. Por sua vez, estes permi via, estes eruditos dividem-se em dois grupos: os que aceitam so
tem acompanhar melhor e compreender algumas emissões. Alguns mente o marxismo como método e os que o admitem como doutrina.
autores se especializaram na divulgação da história revolucionária. Entre os que se encontram no primeiro grupo, podemos classificar os
Seguem o exemplo de G. Lenôtre, cuja série “Velhas casas, velhos franceses, como Mareei Reinhard,” os ingleses, como Alfred Cob
papéis”, obteve um grande sucesso e trouxe mesmo algumas indica ban,34 os americanos, como Crane Brinton, Louis Gottschalk, Léo
ções úteis aos eruditos." Louis Hastier retomou o mesmo gênero, ten Gershoy’7, Robert Palmer.18 No segundo grupo também encontra
tando decifrar alguns enigmas h istó rico s.M as, é sem dúvida André mos historiadores de diferentes nacionalidades, mas com predomi
Castelot que conta atualmente com o maior número de leitores com nância de russos e dos provenientes das repúblicas populares: france
suas biografias de personagens célebres da época revolucionária.11 ses como Ernest Labrousse,” Daniel Guérin,40 Albert Soboul,41Jean
Pela quantidade e beleza das ilustrações que contém, a obra de F. Bruhat;43 ingleses como George Rudé;43 italianos, como D. Cantimo-
Furet e D. Richet deve ser classificada entre os livros de divulgação. " ri44 e A. Saitta;45 alemães como W. Markov,46 russos como N.
O fato destes dois historiadores não terem ainda publicado nenhum Strange,47 V.M. Dalin48 e A. Manfred;49 poloneses como B. Lesno-
estudo erudito sobre a Revolução confirma esta classificação. Entre dorski;5" húngaros, como K. Benda;51 japoneses, como K. Taka-
tanto, as idéias encontradas em suas obras merecem atenção. Para hashi.52 Entre os historiadores franceses marxistas e não marxistas,
estes autores, a importância da Revolução de 1789 deve-se à conjun nunca houve discussões verdadeiramente violentas, semelhantes às
ção de três revoltas, a dos deputados dos Estados Gerais, a dos pari célebres contendas que opuseram, há cinquenta anos, Aulard e
sienses e a dos camponeses. Mas logo em seguida a Revolução teria Taine, ou Mathiez e Aulard. Os historiadores não marxistas estudam
“resvalado”, os dias 20 de junho e 10 de agosto de 1792 teriam esca as infra-estruturas, especialmente as estruturas demográficas ou (do
pado ao controle dos políticos e a França submergira num caos. Os
mínio ainda mais novo), as estruturas mentais e religiosas. Eles diri
autores fazem um esforço interessante para ligar os movimentos re
gem também suas pesquisas em direção à política internacional, às
volucionários de 1789-1794 às tendências que se manifestaram na
guerras, aos grandes atores da época revolucionária, quer pertençam
França desde o século X V I. Tentam, aliás erroneamente, aplicar a
ou não às classes “populares”. Os marxistas dirigem suas pesquisas de
psicanálise aos homens e aos acontecimentos da Revolução Francesa. preferência para os movimentos das massas revolucionárias, para seus
Estas obras, por mais atraentes que sejam, não contribuem quase chefes e precursores do movimento comunista, como Babeuf ou
nada para o progresso da ciência histórica. São os eruditos, professo Buonarroti. Mas estes estudos se completam e os trabalhos de uns
res e orientadores de pesquisa, cujos trabalhos possuem apenas uma nunca foram seriamente contestados pelos outros.
tiragem restrita que Constituem o ponto culminante da pesquisa, Não acontece a mesma coisa no estrangeiro. Os historiadores
tanto no domínio da história revolucionária, como em qualquer não-marxistas anglo-saxônicos criticam recentemente, com veemên
outro. cia, os trabalhos dos marxistas. Robert Palmer53 e Alfred Cobban54
consideram os esquemas propostos pòr Karl Marx como ultrapassa
c) OS ERUDITOS dos pela sociologia contemporânea e que aplicando-se os métodos
desta sociologia à História da Revolução chegar-se-ia a diferentes
Todos concordam quanto aos processos de investigação. Acres conclusões. Mas, quais são estes métodos e a que resultados podem
centam métodos bem mais modernos aos que já haviam sido pouco a levar? Vejamos o que não dizem. Alfred Cobban, em seu livro bas
pouco utilizados desde o século X V I e não hesitam em utilizar a tante inteligente e cuja leitura é excitante para todo historiador, faz
estatística. Para lidar com grandes núriíerÓS; servem-se das mais aper mais perguntas do que dá respostas. Além disso, Cobban e Pâlfner
feiçoadas máquinas eletrónicas e mecâhográficas. acusam os historiadores marxistas de “moldar os fatos”, a fiffi de
Todos eles também sofreram a influência do marxismo, isto é, no enquadrá-los em sua doutrina, em vez de tirar, do exame deitei fa
estudo da sociedade distinguem as infra-estruturas que têm um papel tos, as conclusões que se impõem. Não parece que se possa fflánter
— 164 — — 165 —
seriamente esta queixa, pelo menos no que se refere aos melhores chin, "La Crise de l’Histoire Révolutionnaire, Taine et M. Aulard”, em Le Comspondant, 25 de
março e 10 de abril de 1909; Alberc Petti, “Deux Conceptions de 1’Histoire de ia Révolution,
historiadores marxistas. A perpétua indagação sobre as conclusões da Taine e M. Aulard”, Revue des Deux Mondes, 1.» de setembro de 1910, pp. 77-98.
história é, em todo caso, uma condição de sua renovação e de seu Sobre A. Aulard: G. Belloni, A. Aulard, Paris, 1952; H. Chobaut, “L’Oeuvre d’Aulard et
progresso. As divergências constatadas tanto hoje como ontem nas 1'Histoire de la Révolution", nos A .H .R .F .. 1929, pp. 1-4.
Ver J . Godechot, p. 14
opiniões dos historiadores não podem, no final das contas, servir
^ La Révolution Française. publicada de 1881 a 1938.
senão à causa da ciência histórica.
S obre Jau rès, ver F. Vemuri, Jean Jaurès e Altri Storici delia Revoluzione Francese, Torino,
1948; idem, Historiens du X X ^ siècle, Genebra, 1966; A. Mathiez, “Jean Jaurès, Histoire Socia-
NOTAS: liste de la Révolution Française, t. VII e VIII”, nos A.H.R.F., 1925, pp. 75-76; J . Godechot,
Jaurès Historien”, no volume publicado sob a direção de Vincent Auriol sobre Jean Jau rès, em
Sobre os primeiros historiadores da Revolução Francesa: A. Aulard, "Les Premiers Histo- comemoração ao centenário de seu nascimento, Paris, 1962, pp. 149-175; M. Rebérioux, “Jaurès
riens de la Révolution Française”, em Ètudes et Leçons sur la Révolution Française, 6.a série, 1910, er la Révolution Française”, A .H .R .F., 1966, n.° 2, pp. 171-195.
2h
pp. 32-135. Em seguida à morte de Albert Mathiez, os A.H.R.F. publicaram inúmeros artigos, sobre sua
* Histoire de la Révolution de 1789 et de 1'Ètablissement d'une Constitution en France. precedeu de pessoa, sua obra e seu ensino (1932, pp. 193-284). Indicamos principalmente o artigo de G. Le
1’Exposé Rapide des Administrations Successives qui ont determine cette Révolution Mèmorable. pelos dois febvre, “Albert Mathiez”, pp. 193-210. A. Troux publicou, na mesma época, uma brochura: Un
“Amigos da Liberdade”, Paris, Clavelin, depois Bidault, 1790-1803, 20 vols. in 8.°. Grand Historien Comtois , Albert M athiez, Nancy, 1935. Ver também J. Godechot, “Mes Souvenirs
sur Albert Mathiez”, A.H .R.F.. 1959, pp. 97-109.
Histoire Philosophique de la Révolution de France, depuis la Convocation des Notables par Louis
X V I, jusqu’à la Séparation de la Convention. Paris, ano IV, 2 vols. in 8.°. Reeditados em um unico volume, Paris, A. Colin, 1960.
4 Paris, 1801-1803, 1806, 5 vols. in-8.°. Sobre Georges Lefebvre, consultar o livro de F. Venturi, citado anteriormente à p. 259, o.°
1, um artigo do próprio G. Lefebvre, “Pro Domo”, nos A.H.R.F., 1947, pp. 188-190 e o n.° 1,
Paris, 1801-1810, 4 vols. in-4.°.
dos A .H .R .F .. de 1960 (pp. 1-128) que lhe foi consagrado imediatamente após sua morte.
Sobre Thiers e Michelet, consultar: A. Aulard, “Thiers Historien de la Révolution Française”,
em La Révolution Française, 1914, t.66, pp. 492-520, e t.67, pp. 5-29; idem , “Michelet Historien Ver p. 299, n.° 132.
24
de la Révolution Française”, na La Révolution Française, 1928, pp. 136-150 e 193-213. Especialmente Ètudes Orléanaises. sobre a estrutura social de Orléans, às vésperas da
Revolução, Paris, 2 vols., 1962 e 1963.
7 1847-1848, 8 vols. in-8.°.
H 1847-1862, 12 vols. in-8.°. ^ N° 93
9 A .H .R .F ., 1928, resumo escrito por E. Le Gallo, pp. 384-385.
Louis Blanc retomava, assim, uma tradição que fora inaugurada por Buonarroti, com sua
Conjuration de lÈgalite (1829), continuada pelos socialistas Laponnerave (Histoire de la Révolution N.° 668
Française, 1838), Tissot (Histoire de Robespierre, 1844), Cabet (Histoire Populatre de la Révolution "* N r 246 e 248
Française, 1845), Esquiros (Histoire des Montagnards , 1848). 29
Ver também o n.° 362
* Movimento dos Chouans, rebeldes realistas do Oeste durante a Revolução Francesa. (Rev.)
K) Mi N."' 356, 436
Sobre Carlyle, ler: A. Aulard, “Carlyle Historien de la Révolution Française”, em Ètudes et
Leçons sur la Révolution Française. 7.a série, 1911, pp- 196-211. ‘ N.”' 348, 355
Londres, 3 vols. in-8.° ~ N.”' 99 b.
12 N.os 77, 128, 146, 377, 549, 575a, 636, 662.
Sobre Tocqueville, consultar: G. Lefebvre, Introduction à 1’Ancien Régime et la Révolution de
Tocqueville, nas Oeuvres Complètes deste último, edição definitiva, publicada sob a orientação de N.“' 46, 127b, 483, 487, 488.
J.P.Mayer, t.II, Paris, 1952, pp. 9-30; G. Lefebvre, A propos de Tocqueville, nos A.H.R.F., 1955,
N .° 34 e The Jacobins, Nova York, 1930.
pp. 313-323; E.T. Gargan, Alexis de Tocqueville, The Criticai Years 1848-1851, “The Catholic , 36
University of America Press, Washington, 1955; M. Reinhard, “Tocqueville Historien de la Révo N.‘,N 33, 389.
lution”, A .H .R.F., 1960, pp. 257-265; R. Herr, Tocqueville and the Old Regime. Princeton Univer N.’1' 101, 374.
sity Press, 1962.
Somente o primeiro volume, intitulado L ’Ancien Régime et la Révolution foi publicado em 8 N.°' 26, 38, 41, 42, 43, 44, 269, 473
39
1856 (Paris, Michel Lévy, I vol. in-8.°). Trata-se de um estudo sobre as causas da Revolução. Dos , N 29, 150.
volumes que deveriam vir a seguir, restam alguns fragmentos, muito interessantes, publicados em Ver mais adiante, cap. V, nota 20.
parte por Gustave de Beaumont em 1861, mas que, após terem sido ampliados com inúmeros 4 I
textos inéditos, foram objeto de uma edição definitiva, sob os cuidados de André Jardin (Galli- N .' 20, 59, 99, 126, 225, 449, 612, 616, 617, 618, 644a.
42
mard, 1953, t. II, Oeuvres Complètes de A. Tocqueville). Ver cap. VII, nota 1.
* Livro de queixas dos Estados Gerais de 1789. (Rev.) 4 N.°' 39-b, 127, 457, 507, 610.
14 44
Sobre E. Quinet, consultar: A. Galante Garrone, Introdução à tradução italiana de E. Qui Ver p. 287.
net, La Revoluzione, Torino, 2 vols., 1953, pp. XV-LXII. Resumo desta obra publicado por G. 45
N .° 422.
Lefebvre, nos A .H .R .F., 1954, pp. 182-184. 46 ^
Sobre Taine: A. Aulard, Taine Historien de la Révolution Française, Paris, 1907; A. Mathiez, N .' 118, 615 e mais adiante, cap. IV, nota 66.
47
“Taine Historien”, na Revue d’Histoire Moderne et Contemporaine, 1906-1907, pp. 257-284; A. Co- N ° 317
— 166 — 167 —
N.° 642.
49
98.a
N.” 310, 311. 312
N.° 570 e mais adiante, cap. IV, nota 66.
s2
" Membro do comité diretor da “Sociedade de estudos Robespierristas” e autor de vários
estudos sobre a Revolução (ver A .H .R .F ., 1960, pp. 117-125, “Georges Lefebvre e os historiado
res jajjoneses”).
Ver o sumário da tese de A. Soboul sobre os Sans-culottes parisiens, por Robert Palmer, nos
French Historical Studies. 1960, n.° 4, “Popular Democracy in the French Rêvolution”, pp. 445-
469.
The Social Interpretation o f the French Rêvolution . n.° 127 b. capítulo 2
Revolução Francesa
ou
Revolução Ocidental?
1) A QUESTÃO
— 174 — — 175 —
prias temiam que o direito de taxação dos ingleses vinha diminuir As províncias que contribuíram com menos de 60 soldados para a
seus poderes. Mas, logo as revoltas contra o Stamp-Act mostraram à guerra (Aunis, Angoumois, Berry, etc.) foram pouco agitadas. Aque
aristocracia local que ela devia recear mais a cóler.a popular que o las cujos habitantes participaram em grande número da campanha,
governo britânico. A aristocracia abandonou sua atitude de oposição sofreram, ao contrário, importantes revoltas camponesas (Artois,
contra a Inglaterra, porém não pôde deter o movimento de luta dos Ile-de-France, Flandres, Poitou, etc.) Forrest MacDonald formula a
pequenos arrendatários contra os ingleses.19 hipótese de uma relação de causas e efeitos. Entretanto, não se pode
Estas interpretações foram recentemente criticadas por F.B. Tol- ria aceitá-la sem pesquisas mais amplas. Independentemente do pro
les.'° Ele acha que elas carecem de matizes e que generalizam muito blema de saber se os soldados franceses na América estiveram a par
rapidamente. Nos Estados do Sul, como ele diz, a Revolução se fez dos ideais de liberdade e mesmo de igualdade, ideais esses dos insur-
em proveito da aristocracia e manteve-se a escravidão. Mesmo em retos, muitas outras causas podem explicar a coincidência dos dois
alguns Estados do Norte, não se pode identificar aristocrata e “lega mapas elaborados pelo historiador americano: o exército francês do
lista”, os aristocratas não emigraram. Por outro lado, Tolles admite o Antigo Regime era formado por mercenários que serviram a longo
caráter “revolucionário” das reviravoltas produzidas na indústria e no prazo. Esses mercenários eram recrutados nas mais pobres 'provín
comércio pela insurreição das colónias inglesas da América. A Revo cias, naquelas onde o desemprego era maior. Desse modo, a pobreza
lução provocou a criação de um grande número de novas indústrias e das classes rurais e desemprego dos operários agrícolas explicam as
suscitou a formação de estabelecimentos de crédito. No campo do insurreições camponesas de 1789 a 1792.2’ Seria conveniente levar o
pensamento e, sobretudo, da religião, a insurreição dos Estados Uni estudo mais adiante. Os nomes dos combatentes franceses da guerra
dos foi também uma revolução. Ela teve como primeira consequên da América, com seus lugares de origem, foram publicados ao
cia, o “estabelecimento” da Igreja nos Estados onde o anglicanismo mesmo tempo na França e nos Estados Unidos.' Seria necessário ver
era a religião oficial e terminou, finalmente, com a separação entre se, na relação de uma província, encontramos entre os agitadores do
Igreja e Estado.' período revolucionário um número bem grande desses soldados.
Sem dúvida, não se pode aceitar inteiramente a tese de Jameson.
Não há dúvida de que, do mesmo modo que a revolução francesa, a 5) AS AGITAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS DA
revolução americana modificou o equilíbrio das classes sociais até GRÃ-BRETANHA
certo ponto, tendo em vista a situação anterior.
Todos os historiadores americanos insistiram na influência consi Todos os historiadores concordam atualmente que ás agitações
derável que esta revolução exerceu sobre a revolução francesa. Não revolucionárias da Irlanda tiveram causas absolutamente análogas às
nos .reportaremos novamente aos incidentes da revolução americana dos Estados Unidos.25 Entretanto, é necessário saber que os historia
sobre a literatura, a imprensa, a diplomacia, as finanças, o pensa dores britânicos estão bastante divididos em relação ao método que
mento político e constitucional da França e do resto da Europa.21 convém empregar para estudar este período da história da Grã-
Queremos, porém, atrair a atenção dos pesquisadores para a questão Bretanha. Sir Lewis Namier renovou-o, porém aplicando-o princi
que mereceria ser retomada e seriamente explorada. palmente no preparo da biografia dos “grandes homens” da época e
M. Forrest MacDonald, um historiador americano, questionou se para desmontar o mecanismo da máquina política inglesa." As con
os antigos combatentes franceses da guerra da Independência dos Es cepções de Namier foram seriamente criticadas por FL Butterfield' ,
tados Unidos, após retornarem à França não foram ardentes propa que lhe recriminou o fato de ter negligenciado a estrutura da socie
gandistas das novas idéias e se não haviam exercido um papel nas dade, as opiniões e os movimentos das massas. Foi H. Butterfield
agitações revolucionárias de 1789 e 1792." Este autor assinalou que mostrou as estreitas relações entre as agitações insurrecionais
sobre o mapa da França o local de origem de cada um dos 6.000 irlandesas, o movimento “pelas reformas” na Inglaterra e as revoltas
soldados que, após terem participado da guerra, voltaram à França provocadas em Londres por Gordon.'8 Toda esta agitação foi descrita
(2.000 morreram na América). Obteve, desse modo, um mapa no por S. Macdoby29 mas as revoltas de Gordon, em Londres, em junho
qual os agrupamentos de pontos formam manchas mais ou menos de 1780, foram particularmente estudadas por G.F.E. Rudé, que se
extensas; este mapa apresenta grandes semelhanças com o mapa das esforçou em determinar, como o fez em relação às agitações revolu
agitações rurais, estabelecido após os trabalhos de Georges Lefebvre. cionárias na França, os grupos sociais aos quais pertenciam os princi-
— 176 — — 177 —
pais participantes.50 É verdade que as revoltas de Gordon se origina tuídos privilegiados”. Mathiez recriminou a autora por não haver
ram de medidas destinadas a abrandar o estatuto dos católicos na mostrado que, ao contrário dos democratas franceses que não hesita
Grã-Bretanha e foram provocadas pela “Associação Protestante”, ram em fazer triunfar seu programa para se unir às massas campone
cujo presidente era Lorde George Gordon. Mas estas revoltas se sas e aos sans-culottes das cidades, os democratas belgas, amedronta
transformaram em um verdadeiro ataque contra as casas dos ricos e dos pelas primeiras manifestações da revolução francesa, suavizaram
também contra o Banco da Inglaterra. Constata-se que a maioria dos seu programa, contornaram e adiaram-no, embora os camponeses e
insurretos era composta de assalariados ou pequenos artesãos. ,A es pequenos artesãos se desinteressassem na luta. Os “statistes” vence
trutura social deste grupo apresenta grandes similaridades com a dos ram, porém muito fracos para governar, tornaram a chamar os aus
sans-culottes parisienses, doze ou treze anos mais tarde. Já na época, tríacos. P. Harsin analisou mais recentemente a revolução do Bis
Walpole, levando em consideração a origem social dos revoltados e pado de Liège. Ela fracassou pela mesma razão que a revolução
constatando que a ação principal deles fora dirigida contra as casas do belga, devido à extrema moderação de seus chefes. G. Lefebvre la
ricos, as prisões e o Banco da Inglaterra, escrevia que a hostilidade mentou que P. Harsin não estudasse melhor as causas desta modera
manifestada contra os católicos fora apenas um pretesto. Estamos, na ção. Segundo G. Lefebvre, uma das causas foi o fato de que a revolu
realidade, diante de uma revolta “popular” que se assemelha às que ção de Liège continuou sendo essencialmente urbana. E preciso, to
eclodiram nas duas últimas décadas do século X V III, na América do davia, perguntar por que os camponeses da região de Liège, assim
Norte, nos Países-Baixos, na França e na Itália. como os dos Países-Baixos Austríacos, não se sublevaram esponta
neamente como na França? Para responder a essa pergunta seria pre
6) A REVOLUÇÃO NOS PAÍSES-BAIXOS ciso empreender um estudo aprofundado das estruturas sociais da
classe camponesa belga, de seus encargos feudais e fiscais e compará-
Pelo menos na França, a revolução que se deu de 1780 a 1787 los à situação dos camponeses franceses. G. Lefebvre acredita que, na
nos Países-Baixos holandeses é pouco conhecida. A obra Les Troubles França, os encargos senhoriais e reais que oneravam os camponeses,
de Hollande à la Veille de la Révolution Française, escrita em francês e eram demasiadamente mais pesados do que seria na Bélgica — e cer
de autoria de Peyester é boa e apresenta um quadro completo e pre tamente, também se poderia dizer o mesmo da Holanda. Em toda
ciso dos acontecimentos. Porém, essa obra data de 1905. Também o parte, nesses países, não houve uma comoção comparável à que pro
autor não procurou relacionar a Revolução Holandesa aos grandes vocou, na França, a convocação dos Estados Gerais.35
movimentos que agitaram todo o Ocidente na mesma época e não
estudou as relações entre as dificuldades económicas da época e as 7) AS REVOLUÇÕES DA SUÍÇA
origens da revolta.31 As revoluções da Suíça não foram mais estudadas do que a dos
Parece claro que a revolução nas Províncias Unidas seguiu o es Países-Baixos em seus aspectos relacionados com a evolução geral do
quema esboçado por R. Palmer: revolta dos corpos privilegiados (no mundo ocidental no fim do século XV III. Entretanto, algumas coin
caso, as municipalidades, os Estados Provinciais e os Estados Gerais) cidências impossíveis de serem notadas, como por exemplo, a publi
contra o poder de tendências “despóticas” do “stathouder”, depois a cação do Contrato Social, por Jean-Jacques Rousseau, em 1762, a
aliança entre os privilegiados e alguns grupos sociais mais democra condenação do livro ao fogo no mesmo ano pelo magistrado de Ge
tas. Seria preciso retomar inteiramente este problema e esclarecê-lo nebra, as agitações que começaram nésta época nesta cidade e que
com novos conhecimentos, proporcionados pela história dos preços e terminaram pelo édito de conciliação de 11 de março de 1768. O
a dos grupos sociais. Contrato Social é um reflexo dessas lutas e apresenta para Genebra
Quanto à Revolução dos Países-Baixos austríacos e do Bispado uma constituição ideal? Os historiadores de Rousseau estão profun
de Liège, estamos melhor informados. Madame Tassier Charlier, em damente divididos a este respeito. De uma maneira geral, os adversá
seu livro sobre os Démocrates Belges de 1789'' analisou bem a compo rios se esforçaram por demonstrar que ele apenas visava o deátino de
sição social deste grupo e também o de seus adversários, os “estatis- sua pequena pátria.36 Ao contrário, os que quiseram fazer de Rous
tas”. Os democratas belgas foram recrutados, de 1787 a 1789, assim seau um teórico formulador de idéias de valor universal reduziram a
como os democratas franceses da mesma época, na pequena e média uma insigpiflcância a influência exercida pelas lutas civis de Genebra
burguesia, enquanto os “statistes” representavam os “corpos consti sobre seu pensamento.37
— 178 — — 179 -
Robert Palmer, por sua vez, acha que o Contrato Social provocou que mostram o máximo de restrições devem-se a Mareei Reinhard (A.H.R.F.. 1960, pp. 220-223)
e a Alfred Cobran, (H istory, 1960, pp. 234-239). O problema foi retomado e discutido novamente
o aparecimento de uma forte corrente democrática que se manifestou no decorrer da Conferência de Historiadores Franco-Americanos, que se realizou em Paris, de l.°
em Genebra, a partir de 1762 e, em consequência, as revoluções de a 3 de julho de 1960, sob os auspícios da Societè d ’Histoire Moderne e da Society fo r French Histórical
1768, 1782 e 1792.38 Até que ponto essas revoluções genebrinas Studies. Os debates realizados figuram no Bulletin de la Societe d’Histoire Moderne. 1960. Os textos
dos principais historiadores que se pronunciaram a favor ou contra a noção de “Rêvolution Occi-
estão ligadas à evolução da conjuntura económica? M. Patrick dentale” foram publicados por Peter Amann, The Eighteenth Century Rêvolution , French or Wester? ,
0 ’Mara, em seu trabalho datilografado ainda não publicado39 mos Boston, 1963- Em último lugar, o inglês George Rude se mostrou bastante hostil à noção de
“rêvolution occidentale” em seu livro Revolutionary Europe (n.° 396). Ver as objeções de Albert
trou que as curvas de diversos preços, em Genebra, tinham no século Sobgul no artigo muito interessante que publicou em Information Historique de 1969 (n.° 47a).
X V III a mesma característica que na França. Os estudos de M. Louis “Le Discours de Duport et la Propagande Révolutionnaire en Suisse”, nos A .H .R .F.. 1955,
Henry provam que a evolução demográfica desta pequena república pp. 55-58; Propaganda und Diplomatie. Zurique, 1957.
9
foi também paralela à dos países ocidentais.40 M. Daniel Candaux, F. Venturi, “La Circolazione delle Idee”, Rassegna storica del Risorgimento, 1954, pp. 203-222;
idem, “L’Illuminismo nel Settecento europeo”, em Comité International des Sciences Historiques. XI
que continuou as pesquisas referentes a este problema, acha, ao con e Congrès, Estocolmo, 1960, Rapports, t. IV. pp. 106-135.
trário, que “quanto mais se avança no século, menos as agitações ge 10
Paul Bois, n.° 135 e J. Godechot, n.° 111 Milão.
nebrinas têm apoio económico”. ' Parece-me que as curvas traçadas 11Le Constituzione Giacobine, Milão, 1957.
por M. 0 ’Mara provam o contrário, isto porque sua edição era dese 12
D. Cantimori, Utopisti e Riformatori lta lia n i, Florença, 1943.
jável. Para pôr fim à controvérsia, seria útil estabelecer os gráficos de J. Godechot, n.° 31
natalidade, de casamentos, de mortalidade para o total da população. 14
M. Vaussard, Les Origines Religieuses du Risorgimento, Paris, 1959.
Encontramos indicações úteis sobre a situação do cantão de Zu- 15
Sobre a maneira como Voltaire empregou o termo “Rêvolution” no Essai sur les Moeurs
rich, no fim do século X V III em um livro de Wolfgang von Wart- (1756), ver o artigo de G. Mailhos em seus Cahiers de Lexicologie. 1968, II, pp. 84-93-
burg.42 O cantão foi agitado por insurreições camponesas desde o Sobre as interpretações da Revolução Americana, nos reportaremos aos trabalhos de S.
início da Revolução Francesa, as oposições entre os diferentes grupos Morgan, The American Rêvolution. A Review o f Changing Interpretations, American Historical Asso-
ciation, Service Center for Teachers of History, n.° 6, Washington, 1958; Cari Becker, History of
sociais deveriam ser, portanto, mais intensas antes de 1789- Mas, o Polit^çal Parties in the Province o f New York, 1760-1776 , 1909-
autor concede uma posição muito proeminente às correntes ideológi Arthur Meier Schlesinger, The Colonial Marchants and the American Rêvolution. 1918.
IS
cas, negligencia o estudo das estruturas sociais e não examinou a in N. ° 496.
19
fluência da conjuntura económica. Sua conclusão de que, às vésperas Irvin Mark, Agrarian Conflicts in Colonial, New York, 1771-1773, 1940.
30
da Revolução Francesa, o Estado era próspero, o povo feliz, cheio de N.° 498. Numerosas referências bibliográficas.
veneração e de reconhecimento para com seu governo e de que os ^ N.° 38.
camponeses consideravam os citadinos e os pastores como seres su “The Relation of the French Peasant Veterans of the American Rêvolution to the Fali of
periores, está em contradição com os acontecimentos que se desenro Feudalism in France, 1789-1792”, in Agricultural History, outubro 1951, pp. 151-161.
laram em seguida, ou, pelo menos não permite dar-lhes uma explica J. Godechot, Les Combattants de la Guerre d ’lndépendence des Etats-Unis et les Troubles Agra ires
en France de 1789 à 1 7 9 2 , in A.H .R.F., 1956, pp. 292-294.
ção aceitável. Na verdade, falta-nos uma grande obra sobre a Revo “4
Les Combattants Français de la Guerre d’lndépendence des Etats-Unis. 1778-1789. Listas estabe
lução, na Suíça, no período anterior a 1789- lecidas conforme os documentos autênticos depositados nos Arquivos Nacionais e nos Arquivos da
Guerra, Paris, publicações do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Quantin, 1903, Bibl. Nat.
NOTAS Foi. Lh4 2391; edição americana, Senado dos Estados Unidos, LVIIIX Congresso, 2.a sessão,
doci^nento n.° 77.
L. Gottschalk, Europe and the Modern World, Chicago, Scott, Foresman and Co., 1951-1954, “ N.° 265.
2 vols. in-8.°
The Structure o f Politics at the Acession o f George 111, 2 vols., 1929, nova edição revista, 1957;
N.“%41, 42; 43, 44 da bibliografia publicada na terceira parte do presente volume. England in the Age o f the American Rêvolution, 1930.
3 N.° 45 H. Butterfield, George III and the Historiens, Londres, 1957.
28
4 Pp. 35-42 Idem, n.° 506.
29
5 N.° 31.. N .° 264.
30
6 N.° 38. G. Rudé, “The Gordon Riots; a Study of the Rioters and their Victims”, in Transactions o f
Encontraremos as discussões que se seguiram ao relatório apresentado ao Congresso nos Atti the Royal Historical Society, 5.a série, VI (1956), pp. 93-114; e “I tumulti di Gordon (1780)”, in
do Congresso (Roma, 1957, pp. 565-579- Os mais importantes resumos críticos de minha obra Movimento Operaio, 1955, pp. 833-853.
Grande Nation foram redigidos por Georges Lefebvre (A.H.R.F. 1957, pp. 272-274) e Mareei Depois da obra de De Peyster, foram publicados numerosos estudos, mas são todos escritos
Reinhar (R.H.M.C., 1958, pp. 154-160) os que se referem à The Age o f the Democratic Rêvolution e em holandês. Ver os n.ws 268, 512 e 512a.
— 180 — — 181
" N.° 513
Sumário do livro de Suzanne Tassier, feito por Albert Mathiez, nos A .H .R .F., 1930, pp.
483-484.
.14
N.° 514.
!5 G. Lefebvre, nos A.H .R.F., 1954, pp. 264-266. Ver também o sumário feito pelo mesmo
autor, do livro de P. Rechet (n.° 513 a) nos A .H .R .F., 1934, pp. 264-268.
). Lemaitre ,J .J . Rousseau, Paris, 1925; A. Sorel, VEurope et la Révolution Française, T. 1, p.
183; B. Champion, L'Esprit de la Révolution Française, p. 15.
,7 J.S. Spink,Jean-Jacques Rousseau et Genève, Essai sur les Idées Politiques et Religieuses de Rous
seau dans leur Relation avec la Pensée Genevoise au Siècle, pour servir d’Introduction aux Lettres Ecrites
de la Montagne, Paris, 1934. De qualquer forma, a questão continua aberta (cf. R. Derathe.Jean
capítulo 3
Jacques Rousseau et la Science politique de son temps, Paris, 1950 et F. Jost, "Jean-Jacques Rousseau,
Suíça, Friburgo, 2 vols. 1962). A questão foi debatida nos dias de estudos organizados em Dijon
em 1962 para a comemoração do 200.° aniversário do “Contrato Social”; ver as comunicações
publicadas em um volume de 540 pp. in-8.°, Paris, Les Belles-Lettres, 1964. (Publicações da Uni
versidade de Dijon, t. X X X .)
Certezas e Hipóteses
38
N.° 38.
Geneva in the Eighteenth Century: A Socioeconomic Study o f the Bourgeois City during its Golden
sobre as Causas
Age (tese da Universidade da Califórnia, 1956).
4<> Anciennes Familles Genevoises, Ètude Demographique, XVI — X X e Siècles, Paris, 1956.
da Revolução
J.D . Candaux e J . Godechot, “Révolutions Genevoises et Révolution Française", Informa
tion Historique, 1960, p. 157. 1) UMA CONSPIRAÇÃO?
42 N.° 509.
Ver os sumários-do livro de Wolfgang von Wartburg por A. Rufer, A.H.R.F., 1959, pp.
189-191 e j . Godechot, R .H ., t. C C X X I, 1959, pp. 321-322.
Entre os múltiplos problemás colocados pela Revolução, não há
dúvida de que nenhum fez correr mais tinta do que o das suas causas.
O historiador inglês Alfred Cobban tentou1 classificar os historiado
res da Revolução conforme a atitude que adotaram em relação às
suas causas. Constatou, finalmente, que era possível classificá-los em
duas categorias: os que atribuem a Revolução à vontade dos homens,
isto é, a uma conspiração e os que julgam que ela resulta da “força
das coisas”. Entre os primeiros, o abade Barruel escrevia desde 1798
que a revolução era a obra dos franco-maçons na primeira fila dos
quais ele colocava Voltaire, d’Alembert e o rei da Prússia, Frederico
II.2
Esta concepção bastante simplista, mas sedutora, não foi total
mente abandonada hoje em dia, e Bernard Fay defendeu a tese da
conspiração maçónica, mais recentemente da conspiração de Or-
leans. Não é necessário insistir sobre a pouca consistência desta
tese. Embora a maçonaria tivesse sido uma associação secreta inter
nacional e tivesse contado com numerosíssimas lojas, precisamente
nos países mais agitados pelo movimento revolucionário, seria
atribuir-lhe uma influência e um poder excessivos o fato de acreditar
que ela tenha conseguido incitar, em toda parte, a burguesia contra o
Antigo Regime e impulsionar as massas camponesas ou os artesãos
das cidades. Certamente, a questão não está encerrada porque a
franco-maçonaria é uma associação secreta. Entretanto, M. Lepage,
— 182 - — 183 —
após ter realizado atento exame da lista dos franco-maçons do Mans forma, entramos em choque com dificuldades consideráveis; a impor
constata que eles eram recrutados essencialmente na nobreza, no tância da população das cidades, o número de documentos fiscais e
clero e na burguesia. Mais da metade dos maçons do Mans, desde de registros de notários a examinar, parecem levantar um obstáculo
1790, tomou partido contra a Revolução, sendo que os outros a ser quase invencível. Os poucos estudos publicados relativos a esta ques
viam ocupando postos importantes na municipalidade, na guarda na tão e cujos títulos serão encontrados na bibliografia (p. 299), são quase
cional e no clube dos Jacobinos. A partir de 1792 e até sob o Impé insuficientes. Georges Lefebvre também procurou estudar a burgue
rio, as lojas deixaram de se reunir.4 Seria necessário concluir, devido sia de Orleans;8 Jean Sentou dedicou-se ao estudo da de Toulouse.9
a isso, por que a maçonaria não exerceu qualquer papel na prepara Para contornar esta dificuldade, recorreu-se a outros meios de
ção da Revolução? Isto seria demasiado. Difundindo as obras dos investigação. Pode-se estudar uma categoria social restrita escolhida
filósofos, as lojas certamente contribuíram para criar uma mentali na burguesia.10 Nas cidades onde os contratos de casamento são a
dade pré-revolucionária ou revolucionária. Habituando seus mem norma, pode-se também estudar, durante um ou vários anos, a situa
bros às livres discussões sobre os problemas políticos e religiosos, ção económica e social dos recém-casados; tem-se, dessa maneira,
essas lojas prepararam-nos para exercer um papel nas novas assem uma espécie de “corte” nas estruturas económicas e sociais de uma
bléias. Embora nem todos os maçons tenham sido “patriotas”, todavia cidade, pelo menos no nível dos jovens casais. Este método, em fase
a maioria dos patriotas tinha sido maçom. de aplicação, parece que dará bons resultados." Conviria que um
método semelhante fosse igualmente aplicado no estrangeiro, pelo
2) A ESTRUTURA DA SOCIEDADE menos nos países onde a proporção de contratos de casamento em
relação aos casamentos atingisse 75% . Isto permitiria ultrapassar o es
Entre os defensores da corrente da “força das coisas” podemos tágio certamente interessante e útil, mas ainda muito vago de certos
colocar em prirqeiro plano, Barnaye. Presentemente, é fácil consultar estudos. "
sua lntroduction à la Révolution Française, depois que ela foi reeditada Se a burguesia quer o poder, a aristocracia não somente defende
nos Cahiers des Annales (E.S.C.) Para Barnave, a revolução francesa é suas posições com rigor, como reclamá uma participação maior no
apenas o “ápice” de uma revolução européia e esta é consequência da poder." Nos arquivos dos parlamentos, há grande quantidade de
transformação das estruturas económicas e sociais. Na Idade Média, processos empenhados pelas comunidades contra seus senhores por
segundo ele, o regime feudal existia em toda a Europa e baseava-se questões de direitos feudais. Em seis comunas do Languedoc escolhi
essencialmente na propriedade de terras. As grandes descobertas, a das ao acaso, todas estiveram envolvidas em processos sobre aumen
Renascença, a Reforma, tiveram como consequência o desenvolvi tos, ou de exigências abusivas de direitos feudais, na segunda metade
mento da riqueza mobiliária, que é, como declara Barnave, “o ele do século X V III.
mento da democracia e o cimento da unidade dos Estados”. A classe A aristocracia, forçada a procurar novas fontes, não tentou, entre
que concentrava a riqueza mobiliária e que Barnave denominava “o tanto, obtê-las unicamente através de um melhor rendimento do re
povo , mas que na realidade era a burguesia, quis participar do po gime senhorial. Marc Bloch indicou em quais direções seria conve
der. Para Barnave é esta a causa fundamental da Revolução e a que niente orientar a pesquisa14 Mais recentemente, Robert Forster mos
explica a razão pela qual ela tinha sido mais profunda e mais violenta trou como a aristocracia de Toulouseíse esforçou por fazer render
nos países do Ocidente, onde a burguesia era mais rica, mais nume mais, não somente seus direitos senhoriais, mas suas propriedades
rosa e mais poderosa do que em qualquer outra parte. O esquema territoriais.15 Mareei Reinhard, por sua vez, esboçou o lugar que a
que Barnave esboçava em 1792 permanece correto. Também é con nobreza ocupava no exército, no comércio, na indústria, nas profis
veniente aprofundar o estudo das estruturas económicas e sociais em sões liberais e na função pública às vésperas da Revolução.
todos os países do»Ocidente. Na França, de uma maneira geral,
multiplicaram-se os trabalhos sobre as estruturas sociais dos campos,'' 3) AS TRANSFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS
enquanto fora dela eles são infinitamente mais raros.7
Todavia, embora tenha sido seu enriquecimento que incitou a bur Se a rivalidade entre as classes sociais foi tão viva no Ocidente,
guesia a tomar o poder, portanto a fazer a revolução, é conveniente não teria sido devido ao aumento considerável da população que tor
estudar a estrutura económica e social das cidades. Mas, agindo dessa nou mais rude a luta pelas terras e pelos empregos? Atualmente,
— 184 — — 183 —
estabeleceu-se que a população aumentou de 40% a 80% em toda colheitas e das crises económicas resultantes disso, a partir de 1780.
a Europa, no século X V III. Somos levados a pensar que um fenô A crise da indústria têxtil do Languedoc agrava a crise agrícola e mul
meno tão geral exerceu necessariamente uma influência sobre as ori tiplica os desempregados. Mais ainda, as exigências dos senhores se
gens da Revolução. A fim de determiná-la, convém estudar detalha- tornam mais severas. Daí resultam os processos relativos aos direitos
damente o mecanismo deste aumento. Michel Fleury e Louis Henry feudais que se multiplicam e desenvolvem um verdadeiro ódio dos
aperfeiçoaram um método de análise dos registros paroquiais que camponeses contra a aristocracia e mesmo contra o regime que a
permite o acesso a essas causas.18 Infelizmente, este método, muito protege.
minucioso, exige muito tempo. Ele foi empregado por L. Henry e E. É verdade que não se podem generalizar os resultados obtidos
Gautier para o estudo da aldeia normanda de Crulai. Foi aplicado pelo estudo dessas paróquias. Convém multiplicar estes estudos na
também pela universidade de Toulouse em várias comunas do Lan- França e fora dela. Mas, sendo conhecido o papel que exerce a pres
guedoc. Certas paróquias possuíam de 300 a 600 habitantes no início são demográfica nas revoluções atuais dos países chamados “subde
do século X V III e contavam com 500 a 1.100 no final desse século, senvolvidos”, é normal pensar que ela teve um lugar análogo nas
tendo havido um aumento médio de 60% . Como se deu esse au origens da revolução ocidental, no século XVIII.'
mento? Não foi pelo aumento da taxa de natalidade: esta, muito ele
vada no início do século, se mantém no mesmo nível, ou até mesmo 4) A ESTRUTURA E A CONJUNTURA ECONÓMICAS
com tendência a diminuir. Em Lévignacsur-Save sua diminuição é tal,
que sugere, a partir de 1760, uma restrição voluntária dos nascimen No que se refere à estrutura, constata-se que as regiões onde o
tos. A mortalidade infantil (bebés de menos de um ano) continua movimento revolucionário teve sua origem e onde foi mais violento,
muito alta, tendo mesmo a tendência a aumentar nas últimas décadas têm estruturas económicas análogas: Nova Inglaterra, Holanda, Bra-
do século X V III. Acontece a mesma coisa com a mortalidade juvenil bante, Liège, França, Renânia, Itália do Norte. Em todas essas re
(de 1 a 14 anos). Ao contrário, constata-se uma diminuição, às vezes giões, a agricultura ainda é preponderante, mas a terra é explorada
bastante elevada, da taxa de mortalidade dos adultos e principal por camponeses livres, pequenos proprietários, meeiros ou arrenda
mente dos “jovens adultos” (de 15 a 39 anos); isto sugerirá que o tários. A servidão quase desapareceu. A indústria se desenvolve, sem
aumento da população se deve, principalmente, à melhora do nível que apareçam ainda as grandes concentrações de operários proletari-
de vida. Efetivamente, o equipamento médico, embora' existindo, zados. Enfim, são numerosas as cidades habitadas por uma rica bur
continua medíocre. As autoridades municipais se queixavam da inca guesia comerciante. Entretanto, nos Estados Unidos, ao sul do Poto-
pacidade das “parteiras”.3’ mac, estendem-se regiões desprovidas de indústrias, onde a terra está
Mas há grande quantidade de documentos que provam a exten dividida em imensos domínios pertencentes a um pequeno número
são das culturas e seu aperfeiçoamento pela introdução de plantas de grandes proprietários e explorados por escravos negros. A Virgí
novas de origem americana. Por toda parte, os terrenos incultos são nia, entretanto, exerceu um importante papel na revolução ameri
explorados, o sistema de rotação trienal das culturas é substituído cana. Mas os plantadores da Virgínia se mostraram hostis à abolição
lentamente pelo sistema bienal. Das plantas vindas da América, no da escravatura, e esta, apesar das tendências contrárias dos burgueses
século X V I, é o milho que obtém maior sucesso. O subdelegado de e dos camponeses da Pensilvânia e da Nova Inglaterra, foi mantida
Pamiers assinala que o rendimento do grão de milho é de 32 por um, em consequência de um compromisso tácito. Mas o problema da es
enquanto que o trigo rende apenas dois e meio a três por um. A cravidão continuará sendo sempre um elemento de litígio entre o
vinha também, nas terras favoráveis, atinge uma extensão considerá Norte e o Sul dos Estados Unidos e provocará, oitenta anos depois,
vel; a venda do vinho dá aos habitantes dinheiro líquido que lhes uma longa e violenta guerra civil.
permite comprar, de agora em diante, a carne; açougues comunais ou Na Polónia, também a estrutura económica e social era muito
particulares apareceram, a partir de 1750 nas aldeias onde ainda não diferente da que havia na Europa Ocidental. O grupo de “patriotas”
existiam. Portanto, é a melhoria da alimentação que provoca o au era recrutado na pequena nobreza pobre e numa burguesia restrita,
mento da população. os “Jacobinos” que formavam a extrema-esquerda deste grupo eram
Rapidamente, entretanto, os novos recursos se tornam insuficien pouco numerosos: uma centena em Varsóvia, menos ainda na Cracó-
tes para fazer subsistir uma população maior. Daí a gravidade das más via e Vilno. Os patriotas impuseram ao rei Stanilas Poniatowski a
— 186 — — 187 —
constituição de 3 de maio de 1791 que não suprimia a servidão e que anos do início da revolução americana. Aliás, as medidas fiscais to
praticamente não modificava o destino dos camponeses. Na época da madas peio governo britânico, o direito do selo e o imposto sobre o
insurreição de 1794, quando os jacobinos quiseram empreender re chá, contribuíram para a elevação dos preços, portanto, para criar
formas mais radicais referentes especialmente à escravidão e à pro uma crise económica. Certamente, todos esses estudos são ainda bas
priedade territorial, elas foram estimuladas pela ala direita dos patrio tante insuficientes e muito fragmentários. Entretanto, parece desde
tas. “Não resta dúvida, escreve B. Lésnodorski, que a fraqueza dos agora provável que o marasmo económico, incontestável na França
jacobinos face às forças preponderantes da direita e da reação feudal, de 1770 a 1789, se estendeu a uma grande parte do Ocidente e ex
foi decisiva”. As causas da insurreição foram aqui, como na Virgínia, plica, em parte, o movimento revolucionário.
muito mais intelectuais do que económicas e sociais. Todavia, os ja
cobinos exerceram um papel de precursores, de vanguarda. Suas 5) 0 MOVIMENTO DAS IDÉIAS:
idéias serão retomadas posteriormente. Apesar dessas exceções, a AS LUZES
revolução parece bem ligada a um determinado tipo de estrutura
económica e social. O papel das “Luzes” nas origens da Revolução, foi há muito
Ela sofreu também a influência da conjuntura económica. Sobre a tempo demonstrado ou exaltado, conforme as tendências de cada
França, os trabalhos de M. Ernest Labrousse' mostraram que a curva „
um:
->7
de preços, após ter acusado uma alta constante por volta de 1730 a Nenhum historiador coloca em dúvida a influência das “luzes”
1770, marca, a partir desta data, uma diminuição ou pelo menos uma sobre a Revolução. Mas eles se dividem quanto à sua parte dé in
estagnação e depois, entre 1780 e 1790, oscilações formam profun fluência, sendo que alguns lhe atribuem um papel essencial, en
dos ziguezagues, que são o índice de uma crise económica. As curvas quanto outros, que dão uma grande importância ao fator económico,
demográficas, traçadas até o presente, mostram que os nascimentos, acham que elas tiveram apenas uma ação secundária. Por outro lado,
os casamentos e falecimentos refletem fielmente este estado de coi os historiadores estão divididos igualmente quanto à respectiva in
sas; também M. Labrousse pode opor, com argumentos, o “esplendor fluência dos diferentes filósofos. Finalmente, o problema da “circula
do reino de Luís X V ” (entre 1750 e 1770) ao “declínio do reino de ção das idéias” foi examinado apenas nos últimos anos.
Luís X V I”. A crise do ano 1788-1789, devida às catástrofes meteoro Georges Lefebvre, fazendo uma apreciação do livro' de Daniel
lógicas de 1788 é bem conhecida; sabe-se que o dia 14 de julho de Mornet, lamentava que o autor não tivesse assinalado melhor até
1789 não significa apenas o dia da tomada da Bastilha, mas também o que ponto as idéias dos filósofos haviam sofrido influência dos fatos
dia em que o preço do pão, em Paris, atingiu o nível mais elevado do políticos e da evolução económica, isto é, não tinha assinalado me
século. Ninguém mais contesta que, na França, a conjuntura econó lhor a parte respectiva das luzes, dos acontecimentos e da conjuntura
mica tenha exercido um papel importante, alguns consideram mesmo económica, nas origens da Revolução Francesa. Trata-se de um
fundamental, nas origens da revolução. eterno processo entre historiadores (apenas historiadores) e historia
Mas, e em outros países do Ocidente? As pesquisas sobre o mo dores da literatura. Os primeiros recriminam os segundos por se res
vimento de preços não se desenvolveram em outros lugares tão antes tringirem ao estudo das idéias, sem se preocupar com a “atmosfera”
quanto na França' . política, económica, social, na qual elas foram emitidas; os segundos
As variações dos preços, na Europa Ocidental, parecem ligadas criticam os primeiros porque, segundo dizem, desconheciam o valor
principalmente à conjuntura meteorológica: ou, então, esta é a estético de uma obra literária. Desse modo, os historiadores lamen
mesma para todo hemisfério norte' . Não é de se admirar, portanto, tam que R. Mauzi, em sua tese sobre L’Idée du Bonheur au X V IIIe
que as curvas de preço afetem do mesmo modo toda Europa Ociden S i è c l e tenha examinado unicamente as publicações literárias e filo
tal. sóficas e não as obras políticas. As vezes, também os especialistas da
No que se refere aos Estados U nidos, Anne Bezançon literatura se contentam em analisar as obras deste ou daquele autor,
preocupou-se com esta revolução de preços . A inflação veio per sem tentar explicar ou as condições de seu aparecimento, ou a in
turbar gravemente os preços de 1778 a 1781, todavia constata-se fluência que tiveram. Uma censura como essa foi formulada perti
antes de qualquer inflação, uma elevada alta de preços dos cereais, ao nentemente por Georges Lefebvre em relação à obra La Pensée Euro-
mesmo tempo que na Europa de 1771 a 1774, isto é, nos mesmos péenne, de Paul Hazard.’"
— 188 — — 189
Em escala internacional, uma nova divisão vem ainda juntar-se à do a origem da Revolução nas colónias inglesas da América, assim
primeira, é a das fronteiras políticas, que limitam, infelizmente de como na França." Porém, estamos totalmente desprovidos de estu
modo frequente, o campo de investigação dos pesquisadores. Ber- dos sobre a história financeira comparada.
nard Fay certamente ocupou-se do espírito revolucionário “na França É certo que, no fim do século X V III, muitos governos tenham
e nos Estados Unidos e efà um esforço louvável para a época em julgado que tivessem exaurido as faculdades contributivas dos ple
que o livro apareceu (1925). Mas Bernard Fay teve a tendência de beus e se vissem na obrigação de aumentar os impostos dos privile
não ver senão a França e os Estados Unidos. Ele não percebeu até giados. Certamente foi esta uma das causas da “reação aristocrática”,
que ponto as correntes que percorriam os dois países eram correntes tendo R.R- Palmer constatado que ela se estende a toda Europa Oci
verdadeiramente internacionais. A. Mathiez já o assinalava ao fazer a dental e Central e à América.'8 Esta interpretação coloca em dúvida,
apreciação desta excelente tese de doutorado." É a Franco Venturi de um lado, as causas do “despotismo esclarecido”, que quisera re
que se atribui o mérito de ter exposto, em duas brilhantes comunica forçar os poderes do Estado para aumentar seus recursos financeiros,
ções, as indicações preliminares essenciais de um estudo sobre a cir- de outro lado, a atitude dos “corpos constituídos”, que foram os
culação internacional das idéias no século X V III. ~ Falta examinar, principais órgãos da “reação aristocrática”, face às novas tendências
detalhadamente, como as idéias se propagaram, aplicando-se, por
“despóticas” do Estado.19
exemplo, o método que Daniel Mornet indicara para a França; es Frente a esses “déspotas esclarecidos” colocam-se os corpos
tudo dos catálogos de bibliotecas públicas e particulares, análise de constituídos”, que agrupam aristocratas e oligarcas. Na,Franca, esta
jornais, exame do ensino desenvolvido nas escolas, nos colégios e nas oposição constitui a “pré-revolução” estudada por Jean Egret. ^
universidades e também a ação da franco-maçonaria. Vemos que o A Commission Internationale pour 1'Histoire des Assernblées d btat ,
campo de exploração é muito vasto. instituída no quadro do Comité Internacional de Ciências Históricas,
Convém ainda determinar a parte de influência deste ou daquele empreendeu trabalhos e publicações que colocarão em evidência a
“filósofo”. Estamos-principalmente interessados em estudar a propa atitude da “reação aristocrática” dos “corpos intermediários : parla
gação do pensamento de Montesquieu e foi em relação a isto que se mentos, estados gerais ou provinciais, dietas, etc. Quanto à Bélgica,
manifestaram violentamente entre os historiadores as mais notórias consultaremos os trabalhos de E. Lousse41 e para o conjunto da Eu
controvérsias. E. Carcassone consagrou, em 1927, sua tese de douto
ropa, os de A. Goodwin. . _ ,.
rado à influência exercida por Montesquieu sobre as constituições De uma maneira geral, encontraremos numerosas indicações bi
francesas do período revolucionário." Ele se esforçou por demons bliográficas sobre este assunto no livro de R.R. Palmer, já citado.
trar que Montesquieu tivera uma influência preponderante em rela
ção ao pensamento constitucional francês. A. Mathiez recriminou-o NOTAS:
violentamente por haver estudado os textos de Montesquieu, em si 1 Historiam and the Causes o f the French Rêvolution, Londres, 1958.
mesmos, sem considerar suficientemente o ambiente histórico: “O : Mémoires pour servir i thistoire du Jacobintsme, Hamburgo, Fauche, 1798, 5 vols. in-8.°.
professor de letras não ultrapassa a literatura. Por trás das obras lite- ' La Franc-maçonnerie et la Rêvolution lntellectuelle du X IX ’ Siècle. Paris, 1955; La Grande Révolu-
rána.Sj de não é capaz de encontrar as forças sociais que as condicio tion, 1715-1815 . Paris, 1959.
nam . Esta controvérsia levou A. Mathiez a assinalar precisamente 4 Consultar os trabalhos de Serge Hulin, Les Francs-Maçons (Paris, 1960) e de Jean Palou, La
o lugar de Montesquieu no pensamento político do século XV III, Franc-Maçonnerie (n.° 66 a) e no que se refere à França, o livro de Roger Priouret, n.° 193, o artigo
de Daniel Ligou (n.° 195 a), também as obras bastante documentadas de A. Bouton e M. Lepage
mostrando que este se dividia em três correntes: a corrente do di n.° 194; e de A. Bouton, n.° 195. Jacques Druz mostrou a inutilidade da conspiração “ilummista
reito histórico, com Montesquieu; a corrente do “despotismo escla na Alemanha, R .H ., pp. 313-339, “La Légende du Complot Illuministe et les Origines du Roman-
recido , com Voltaire; e a corrente do direito natural, voltada para a tisme Politique en Allemagne”. Ver também os n.°' 21a. e 21b.
' Paris, 1960.
democracia, com Rousseau. 5 A maioria dos historiadores sustenta a
6 Georges Lefebvre já estudara, em 1924, os Paysans du Nord. Sua tese, esgotada nas livrarias,
mesma opinião de Mathiez. Os historiadores, não os juristas.16 acaba de ser reeditada pela casa Laterza, n.° 132. Outras teses seguiram as mesmas direções, como
a de Robert Laurent, n.° 134, a de Paul Bois, n.° 135 e a de E. Le Roy-Ladurie, n.° 138a. Citare
6) A EVOLUÇÃO POLÍTICA mos, também, o trabalho de Aibert Soboul, n.° 449-
Citamos, entretanto, para a Itália, os trabalhos de LJmberto Marcelli e de Renato Zangheri,
n.° 450.
Todos concordam que o agravamento dos encargos fiscais tenha 8 Comission d'Histoire Èconomique de la Rêvolution, 2 vols., Paris, 1962-1963.
— 190 — - 191 —
. , w Rnustan (Les Philosophes et la Societé française au XVlU e Siècle, Paris, 1911); de
,, ? ' ° 127 f £onsultar- também: "UHistoire Sociale, Sources e Méthodes. Acles du Paris, 1878); de M. ^ philosophiques en France au XVlll'Siècle, Paris, 1920; L Eroltt-
colloque de lEcole Norma/e Supeneure de Samt-Cloud (15-16 de maio de 1965), Paris, 1967 e Problè- B. F a y , ' F ran T au XVIII. Siècle. Paris, 1925); de D. Mornet, n.° 472; de Pau!
PaeriSdei9 6 8 tlflCatl0n S° C‘a e’ AcUs iu ColloíIue Intemacionale de 1966, publicadas por R. Mousnier, tton de la Pensei ° J au XV1IH Siècle, de Montesquieu à Lesstng, Paris, 1946); de Funo Diaz
k’> S S & w K ' nelSeUecentofrancese, Tor.no, 1962).
Por exemplo, os “Marchands d’Étoffe de Toulouse à la fin du X V IIe Siècle” (artigo de G
78 A H R F -, 1934, pp. 366-372.
Marm,ère A nn.du M td,, 1958, pp. 251-308), ou os "Citoyens actifs de Grenade-sur-Garonne”'
79 Parts, 1960; ver o artigo de L. Trénard nos A .H .R .F., de 1963, pp. 309-330 e 428-452.
Ha f e5?rd’ ,b ,d ' í,958’ PPn 309' 3 l6 ) ou o* “Six Cents plus imposés du Département de la
Haute-Garonne en l’an X ” (P. Bouyoux. ib id .. 1958, pp 317 329) epartement de la
30 A.H.R.F-, 1947, pp. 388-389.
11 A .H .R .F., 1947, pp- 388-389.
12 A .H .R .F., 1925, p p - 395-396.
” Montesquieu et le Problème de la Constitution Française au X V III1 Siècle, Paris, 1927.
14 A H R F ., 1927, pp. 509-513, respostas de E. Carcassone, ib id ., 1928, pp. 82-93 e 191-
1956 v n t v T r “ n Ie fM lT BerenS° ’ U Soc'“ à Vlnrta alla f ine del1’ 700, Florença
à Mayence au X W S * £
192 -'5 ... . Place J e Montesquieu dans FHistoire des Doctrines Politiques du XVI11' Siècle”, ib id ..
j p, 5 ° bre 2 “reaç“ ^ udal” nào há’ infeli 2 mente, nenhuma obra de conjunto desde a tese latina 1930 pp. 97-112; “Les Philosophes et le Pouvotr au Mtlteu du XV1I1 Siecle , tbid., 1935, pp.
de Ph. SagnacQ uomodoJuraDomw,, Aucta Ferint Ludovico XVI Regnante, Parts, 1898, e o livro de
1- 12 .
M. C-ohring, D,e Feudal,tat ,n F ran krach vor und ir, der Grossen Révolution Berlin, 1934 a comnle- 16 Ver especialmente Montesquieu et sa pensee constitui,onnelle, sob a direção de B. Mtrkine-
B lo ch n ° 446° mmt° SU8eStlVO' mas ,nfelÍ2mente muito breve para o século X V Ilí, de Marc • . Henri Pucet com a colaboração de P. Barriere, P. Bastid, J . Brethe de La Grassaye,
u’ tt R UCaseJ n , Ch Ersenmann. A Sardot, J . Graven, J.P. Niboyet M. Pré.ot e P. Rain, Paris, 1952.
1936, pp.U366-3P78Sé de NobleSSe França,se' Qualques Jalons de Recherche”, A.H.E.S., t. VIII, ' 7 Ouanto à Franca, os estudos de Ma.cel Marion, n.° 167, embora excelentes, nao foram
retomados senão por alguns trabalhos regtonais que, em geral os confirmam (ver por exem p lo ^
15 N.° 147. P ie i L a Taille Proportionnelle dans les General,tés de Caen et d Alençon, Caen 1937, Y. Preei, Le
16
T è .lfm e d Z lÍ Generalite de Caen. Caen, 1939; 1 Villain, Contes,acons Ftscales sous IAncten
, N \ l4& E necessário salientar as pesquisas de M. Viilani sobre o regime feudal no reino de
Nápoles, as vesperas da Revolução. Ver também o n ° 147a Reg,me dans les Pays dlElection, de Taille Personelle, Parts, 1942).
... r
W 84^no e m q “ « ^ alta muko a«ntuada em
ultrapassado em 1789. UÇa° as Prov,nclas Unidas; o nível de 1784 será apenas
pp. 1-20 ^ R° y' Ladurie' “Aspects Historiques de la Nouvelle Climatologie”, R H ., 1961, t. 225,
H 26 '
N.° 459.
27
Citemos os livros clássicos de F. Rocquain tLEspri, Révolutionnaire Avant la Révolution,
— 192 — - 193 -
capítulo 4
Pré-revolução, Revolução
e Contra-revolução (1787-1792)
1) AS CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DA
REVOLUÇÃO FRANCESA
I
seguiu os principais benefícios. A. Mathiez mostrou-o bem em um
as cidades em três categorias: aquelas onde não houve “revolução
sugestivo artigo sobre “Les capitalistes et ia prise de la Bastille”.49
municipal”, isto é, aquelas onde as antigas autoridades continuaram
Mas a razão essencial da tomada da Bastilha pareqe residir na deser
ção das tropas. em seus cargos; as cidades onde a revolução municipal foi incompleta
e nas quais os antigos poderes subsistiram ao lado dos novos, e, fi
A Revolução, todavia, não teria conseguido as grandes vitórias do nalmente, aquelas onde a revolução municipal foi total, onde a antiga
verão de 1789 se os camponeses, diante da notícia da tomada da administração fora eliminada pela força ou onde tenha sido mantida,
Bastilha, nao tivessem pegado em armas e se a insurreição não tivesse embora estivesse inserida no núcleo de uma grande maioria de pa
se propagado em toda a França através do “Grande Medo”. A estra triotas, ou ainda onde seus poderes tenham sido restritos à “polícia
nheza do fenomeno, seu desenvolvimento quase simultâneo na maio ordinária”, apossando-se, desse modo, a municipalidade patriota dos
ria das províncias francesas e especialmente nas regiões mais distan poderes políticos. Não se trata de uma síntese definitiva, mas de
ciadas umas das outras, sua importância na história da Revolução direções de pesquisas.
levaram um certo número de contemporâneos, Malouet, o astró Quanto à formação das guardas nacionais, seu estudo é tão im
nomo Flaugergues de Viviers, Delichères d’Aubenas, a pensar que se portante quanto o da revolução municipal embora não exista atual
tratava de uma conspiração parisiense, tendo por finalidade a supres mente nenhuma obra de conjunto sobre a questão.56
são do regime feudal. Eles achavam que no comando desta conspira
ção se encontrava o duque de Orleans ou pelo menos alguns de seus 5) A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO
agentes, como Choderlos de Laclos. Esta hipótese foi retomada por HOMEM E DO CIDADÃO
numerosos historiadores no séculoXIX e mesmo, finalmente, por As origens da Declaração dos Direitos provocaram uma longa
Bernard Fay. Ele mostrou que, no início, há a crise económica la- controvérsia. Em 1896, o historiador alemão Jellinek tentou mostrar
tente ha vários anos em seguida a superexcitação dos camponeses que ela não possuía nenhuma originalidade, que seu texto era a
devida a eleição dos Estados Gerais e o receio de que as reformas reprodução às vezes literal de alguns artigos das declarações america
reivindicadas por eles, nos cadernos de reclamações, fossem com n a — especialmente da Declaração dos Direitos de Virgínia — que
prometidas por uma “conspiração aristocrática”. Nestas condições o elas próprias inspiravam-se quase totalmente nos textos célebres do
menor acontecimento poderia desencadear uma ampla sublevação direito público inglês (por exemplo, napetition des droits de 1689), os
camponesa e foi uma notícia totalmente falsa, a do aparecimento dos quais, por sua vez, tinham suas origens nas obras protestantes e espe
bandidos , que provocou a insurreição, em várias regiões, mas não cialmente nos tratados luteranos alemães.
simultaneamente como se acreditava. Georges Lefebvre traçou um E. Boutmy respondeu a esta questão, mostrando que as declara
mapa muito expresso sobre correntes do Grande Medo. Depois da
ções francesa e americana tinham como origem as obras dos “filóso
publicação desta obra, nada mais houve que pudesse desmentir as
conclusões de seu autor. fos” do século X V III, também francesas ou de língua francesa. * Em
seguida, M. Marcaggi escreveu uma obra em que se esforçava por
As revoltas camponesas não pararam senão quando a Consti
mostrar que a declaração tinha sua origem principalmente em textos
tuinte decidiu, na noite de 14 de agosto, a abolição do regime feudal
franceses, proclamações reais, atos de cortes soberanas e reivindica
a supressão dos direitos senhoriais e dos “dízimos”. É provável que
ções dos “cadernos”. Porém, não resta mais dúvidas que a declara
um verdadeiro cenário tenha sido montado pelos patriotas com o
auxílio da minoria liberal da ^nobreza e do clero para obter da assem ção francesa tenha-se inspirado bastante nas declarações americanas.
bléia um voto de princípio. Os decretos votados eram ambíguos, e Sem dúvida, os princípios que encontramos em umas e outra foram
mantidos ou expressos muitas vezes anteriormente por numerosos
não alcançaram todo seu significado senão mais tarde, proporcional
mente aos progressos da Revolução. Em relação à sua importância e “filósofos”, desde a Antiguidade até o século XVIII. Mas, o próprio
sua consequência, nos reportaremos à obra de Mareei Garaud.54 Jefferson, havia declarado que ele tinha aproveitado, desses princí
Por sua vez, os citadinos aproveitaram-se das agitações para se pios, aqueles que lhe pareciam “a expressão do pensamento ameri
apossar dos poderes municipais e formar as guardas nacionais. Daniel cano”. Os constituintes franceses extraíram das declarações america
Ligou acaba de retomar o problema da “revolução municipal”, que nas não somente os princípios que convinham ao povo francês, mas
ainda não havia sido objeto de um estudo de conjunto.55 Ele classifica também os que tinham um valor universal e é nisto que consiste a
originalidade da declaração francesa.
— 202 —
208 —
6) CIDADÃOS ATIVOS E CIDADÃOS PASSIVOS • difundido Um estudo feito sobre a aldeia vizinha de Toulouse
mostra que aí se arrolavam, em 1791, 9 6 r/r de cidadãos ativos entre
A obra política da Constituinte foi a parte mais efémera de seu o s quais mais de 60Çf eram “trabalhadores braçais” que possuíam
empreendimento. Foi ela, também, que provocou as mais vivas con anenas uma casa e um pequeno pedaço de terra.
trovérsias porque nela encontramos numerosas contradições. Ini P Paul Bois chegou a conclusões idênticas, estudando Les Paysans
cialmente, por que, após ter proclamado o princípio igualitário, a de 1'Ouest!''' Para o conjunto das aldeias do departamento Sarthe,
Constituinte estabeleceu um regime censitário, que é a negação da M Bois constata que, se colocarmos à parte os domésticos, excluí
quele princípio? Heinz Klay interessou-se em resolver este pro dos do voto por definição, não há, por assim dizer, cidadãos passi
blema. O autor mostra, primeiro, como o princípio de igualdade vos Em relação a isto, Paul Bois fez, aliás, a seguinte observação
dos direitos foi estabelecido pelos filósofos do século X V III, e pelos muito interessante:'1'’ “Admite-se, em geral, que o Antigo Regime
deputados da Assembléia Constituinte. Mas estes se encontraram exercia uma pressão fiscal muito pesada sobre os camponeses, já des
diante de um sistema censitário que já existia nas instituições muni pojados de uma boa parte de sua renda. Ora, uma imposição de três
cipais do Antigo Regime e pàrecia suscetível de eliminar das urnas os dias de trabalho representa, por definição, quase 1 9 da renda anual
elementos mais perigosos cia população. Além disso, os projetos de de um trabalhador agrícola, a categoria mais pobre. Para um agricul-
assembléias formulados por lurgot e Necker previam um censo e a j-Qj. ^ menos de 1Çf. Das duas uma: ou bem o fisco do Antigo Re
maioria das constituições americanas organizam também um sistema gime atingia pesadamente os camponeses, o que significa que lhes
censitário. Finalmente, calcula Heinz Klay, a burguesia liberal, dona tomaram mais de 1 9 de sua renda, e, desse modo, seriam todos
da Assembléia Constituinte, quase não podia aceitar tanto o sufrágio cidadãos ativos; ou se os cidadãos passivos eram relativamente nume
universal quanto a igualdade económica. Assinala que a Assembléia rosos, o caso é que os impostos do Antigo Regime eram tão baixos
concede com repugnância a igualdade aos judeus e às pessoas de cor que não tomavam à maioria dos camponeses esse 1r/r de sua renda!
e que se recusou a abolir a escravidão. Entretanto, outros trabalhos sobre os departamentos do Sena, do
Entretanto, o sufrágio censitário afastou das urnas um grande nú Sena-et-Oise, do Somme e sobre a Alsácia trazem novos esclareci
mero de franceses? Iradicionalmente são citadas sem verificação mentos sobre a questão.
séria, as cifras de 4 .3 0 0 .0 0 0 cidadãos “ativos” e, pelo menos Concluímos: no estado atual de nossos conhecimentos, parece
3-000.000 “passivos”. Albert Mathiez, em sua Révolution Fran que nos campos. a imensa maioria dos cidadãos foi “ativa” em 1791-
çaise , escrevia que “três milhões de pobres ficavam fora da cidade”; Aliás, é muito significativo que algumas aldeias tivessem, em 1790,
por outro lado, os estudos empreendidos por Jean Sentou sobre mais cidadãos ativos do que em 1795, embora entre essas duas datas
“Impôts et citoyens actifs à Toulouse au début de la Révolution”,'1: a população tenha aumentado e em 1795 fosse suficiente pagar um
mostram que num bairro da cidade, a “municipalidade” de Saint- imposto qualquer para se ter direito de voto.
Étienne, somente 4()0f dos cidadãos eram "ativos”, isto é, pagavam Nas cidades, pelo contrário, a situação é muitíssimo diferente e é
um imposto' superior a três libras, tendo sido fixado em 20 “sois” o provável que tenha variado de uma cidade para outra. Em resumo,
dia de trabalho. Todos os cidadãos ativos eram “acomodados”. eram excluídos do direito de sufrágio pela Constituição de 1791, os
Entretanto, é imprudente generalizar. Jean Bourdon me recrimi vagabundos, os domésticos e os artesãos pobres das cidades. Entre
nou com certa veemência, por haver “falseado a perspectiva histó tanto, os eleitores só elegiam diretamênte os membros dos conselhos
rica , escrevendo na primeira edição de minhas “Institutions”' 4 que municipais e os eleitores de segundo grau, escolhidos entre os cida
apenas os ricos tinham o direito ao voto no quadro da Constituição dãos mais ricos. Em Sarthe, Paul Bois constatou que aqueles que
de 1791. Os estudos que foram empreendidos após esta época per podiam ser eleitos dessa maneira, abrangiam ainda nos campos todos
mitiram, felizmente; esclarecer o problema, mostrando que era pre os “lavradores”, quase todos os “bordagers” ou pequenos^ explorado
ciso distinguir claramente entre as cidades, cujo dia de trabalho fora res, uma boa parte dos artesãos e mesmo dos diaristas. Portanto,,
fixado num nível bastante alto, onde só os cidadãos, pelo menosos mais do que a distinção entre cidadãos ativos e passivos foi princi
acomodados, tinham o direito de voto; e os campos, onde, ao contrá palmente o sistema de eleições em dois graus e também o imposto
rio, o dia de trabalho fora estabelecido em um nível mais baixo e exigido dos “eleitores” que deram à Constituição de 1791, um cará
onde os impostos eram mais pesados, o sufrágio foi infinitamente ter democrático.
— 204 — — 203 —
7) A NOVA CHAMA REVOLUCIONÁRIA NA
opõem-se firmemente ao que afirmaram numerosos autores. Acha
GRÃ-BRETANHA. NOS PAÍSES-BAIXOS
HOLANDESES E BELGAS E que R.C. Cobb se equivoca quando declara que o movimento jaco
NA SUÍÇA bino não teve nenhuma influência sobre o povo inglês. Portanto, pa
rece que R.C. Cobb exagerou muito em sua exposição e que é pre
Ninguém pode negar que o início da Revolução na França tenha ciso referir-se às interpretações dadas por Brown, Dechamps, Mac-
coby. Ao contrário, convém acentuar que a exposição de R.C. Cobb
PfOV6? ™ uma inovação dá oposição revolucionária na Grã-Breta-
nha. Todavia, objetou-se que os “jacobinos” ingleses tenham se as não dizia respeito à Irlanda, onde não se colocou em dúvida a exis
t ê n c i a de um importante movimento revolucionário.
semelhado, por suas idéias, aos jacobinos da França e que tenham
tido a importância c,ue se lhes atribuiu. Em uma comunicação kSociété A retomada do movimento revolucionário nas Províncias Unidas
n ã o provocou tantas discussões, sem dúvida porque ela não foi muito
Moderne. R.C. Cobb pretendeu demonstrar que os “Jaco
binos ingleses eram pessoas ricas, cultas, liberais, porém industriais estudada. Mais de quarenta mil holandeses teriam atravessado a fron
e comerciantes em sua maioria, “estranhos em seu próprio país, iso teira francesa na ocasião da restauração do “stathouder”, em 1787.
lados do povo que detestava esses patrões extremamente severos Será exato? Há possibilidade de controlar esta cifra. A maioria deles,
privados politicamente de meios de pressão sobre as classes dirigen estaria estabelecida no Norte da França, ao redor de Saint-Omerou
tes e que se recrutavam quase exclusivamente entre os “dissidentes” em Paris. A que atividades se dedicaram? Como e em que condições
religiosos (presbiterianos, independentes, batistas). Segundo R C entraram em contato com os meios revolucionários franceses? Esta é,
Cobb, esta ‘ seita” exerceu apenas uma influência mínima porque o entretanto, ainda uma investigação a se realizar.
povo inglês se considerava, por volta de 1789, como o povo “mais Algumas obras recentes tornaram mais precisos nossos conheci
e
íz da terra e, efetivamente, de 1750 a mais ou menos 1810 o mentos sobre a Suíça. Joseph Feldman e Ariane Méautis consagraram
nível de vida dos ingleses nao cessara de elevar-se. Melhoria essa interessantes obras à propaganda revolucionária na Suíça, no início da
provada pelo aumento do consumo da carne, melhoria da higiene e Revolução.7' Eles estudam primeiramente os clubes formados em
finalmente, o crescimento considerável da população. Aliás, esses in Paris pelos patriotas suíços, fugitivos ou exilados em consequência do
gleses tao satisfeitos com seu destino, constituíam o povo “mais pa revés das revoluções genebrina e friburguesa de 1781-1782. Descre
triota de toda a Europa”, e aceitaram facilmente, com alegria mesmo vem os projetos elaborados por esses patriotas para provocar uma
a guerra contra a França. Os clubes franceses estariam, portanto to revolução na Suíça. Estes levantamentos provocaram um verdadeiro
talmente equivocados quanto à força do movimento revolucionário pânico na aristocracia e na burguesia privilegiada dos cantões helvéti
inglês, ao ranfiar cegamente nas publicações das Corresponding Socie- cos. A partir de 1791, os revolucionários suíços, apoiados pelos fran
ties e nas alucinações um pouco beatas de alguns emissários ingleses ceses, tornam-se mais agressivos e o objetivo deles é inicialmente “o
que vinham fazer sua peregrinação em Paris”. Para R.C. Cobb o fato bispado de Basiléia”, isto é, o território de Porrentruy. Os patriotas
fundamental e a ausência, na Inglaterra, de um espírito revolucioná- suíços tentam ao mesmo tempo fundar em Paris uma “legião helvé
tica”; fracassam, mas se engajam em massa na “legião dos Allobro-
Esta interpretação se acha em contradição com algumas obras es ges”, chefiada pelo médico da Sabóia, Doppet. Por sua vez, Wolfang
senciais. Ela suscitou importantíssimas restrições. von Wartburg deu contribuições para tornar mais preciso o movi
M. Reinhard, baseando-se nos estudos demográficos em anda mento revolucionário no cantão de Zurique. Este autor mostra que
mento na Inglaterra, perguntou se o nível de vida havia aumentado existia um espírito inteiramente revolucionário em Zurique e no
tão nitidamente quanto R.C. Cobb o afirmava e, conseqiientemente, campo vizinho e que as notícias da França contribuíram para agitá-lo
se a impressão de prosperidade experimentada pelos ingleses era real ainda mais.
ou justificada. M. Bedarida contestou as afirmações de R.C. Cobb
sobre o recrutamento dos jacobinos ingleses. Ele acha que os arte 8) 0 DESPERTAR DO MOVIMENTO
sãos eram mais numerosos em suas fileiras. Porém, as mais sérias REVOLUCIONÁRIO NA EUROPA CENTRAL
objeções foram formuladas em uma carta de R.R. Palmer, o qual E MERIDIONAL
rejeita os argumentos de R.C. Cobb que, sem provas válidas,
— 206 — Jacques Droz, em seu livro sobre L'Allemagne et la Rêvolution
— 207 —
Française'- mostrou bem as diferentes correntes que agitaram a Ale ica “esclarecida” dos imperadores José II e Leopoldo II: seu
manha desde 1789 e explicou porque elas eram essencialmente espe l •ndono por Francisco II, em consequência dos acontecimentos da
culativas e pouco voltadas para a ação. F ra n c a descontentou burgueses e camponeses, obrigando-os a se
Jacques Droz estabelece de maneira mais nítida que os alemães reunir clandestinamente para discutir as notícias da Revolução o que
na véspera da Revolução, não tinham absolutamente patriotismo po nrecipitou a conspiração. ,,
lítico. Foi a Revolução que despertou, entre eles, porém muito lenta V Esta se ligou à conspiração dos Jacobinos húngaros, conhecida ha
e obscuramente as primeiras manifestações nacionalistas. Quanto aos muito mais tempo, porém sobre a qual acabam de ser fornecidas nu-
problemas económicos e sociais abordados pela Revolução na Franca merosas inform ações,8" inform ações essas que provocaram
os alemaes interessam-se pouco por esses problemas porque o jul interpretações variadas e controvérsias. „
gam resolvido há muito tempo. Georges Lefebvre explicou dessa Inicialmente, qual era a natureza do movimento “jacobino na
maneira esta atitude dos alemães: “seu desprezo pela ação política e Hungria? K. Benda admite que, no fim do século X V III, a estrutura
social continuava sendo uma fuga diante de um presente que o des- social da Hungria era pouco favorável ao aparecimento de um movi
potismo monárquico e senhorial lhes tirava toda esperança de uma mento revolucionário. Esta estrutura assemelhava-se à dos países da
melhoria. Portanto, o movimento revolucionário na Alemanha Europa Oriental: imensa maioria de camponeses servos analfabetos,
continua sendo, principalmente “doutrina de gabinete” ou “agradável nobreza poderosa mas dividida em um pequeno número de magna
passatempo de homens inteligentes e eruditos, além do mais bem tas” grandes proprietários e uma pequena nobreza pobre, proporcio
garantidos . Conforme escreve Jacques Droz, é a consequência da nando principalmente funcionários ao Estado, burguesia pouco nu
estrutura social, do poderio da nobreza, da pouca importância da merosa e pouco influente. K. Benda recrimina a F.P. Sugar por haver
burguesia, da submissão dos camponeses, especialmente no Leste tratado da conspiração jacobina húngara sem se preocupar com esta
onde eles eram quase todos servos. Nas cidades onde, como em infra-estrutura. Benda é de opinião que precisamente ela explica
am urS °’ a burguesia exercia uma enorme influência, graças a seu tanto a conspiração quanto seu fracasso. F.P. Sugar, sem negar a
numero e a sua riqueza, as manifestações revolucionárias foram mais influência das estruturas sociais, acredita que o papel das idéias revo
serias. lucionárias francesas foi muito grande e que o julgamento de K.
Entretanto, é preciso notar que esta interpretação do movimento Benda é falseado por uma interpretação marxista excessivamente sis
revolucionário na Alemanha foi contestada pelos historiadores mar temática. , , i
xistas especialmente os da República democrática alemã. Para estes a É preciso saber também até que ponto Martinovicz, a alma da
epoca revolucionária é aquela em que a Alemanha passa da economia conspiração, não era um agente duplo, porque sua atitude frente à
feudal a economia capitalista e eles procuram dar à atitude dos ale polícia após a descoberta da conjuração foi verdadeiramente es
maes frente a Revolução, uma explicação de acordo com os princí tranha. Quanto a este ponto, não se encontrou resposta satisfatória.
pios do materialismo histórico. Rejeitam especialmente a tese se Todo esse movimento de pesquisas mostra a importância da conspira
gundo a qual a Alemanha teria repelido os princípios revolucionários ção dos Jacobinos húngaros e coloca-a em seu devido lugar na histo
sob pretexto de que o despotismo esclarecido lhe teria proporcio ria geral da Revolução. A . _ .„ .
nado um progresso equivalente. Essas idéias foram desenvolvidas por Sob o ponto de vista económico e social, a Boémia e a Polonia
Joachim Streisand. apresentam muitos traços comuns com a Hungria: massa de campo
Entretanto, faltam-nos estudos aprofundados sobre as estruturas neses servos analfabetos, burguesia pouco numerosa o comercio
sociais na Alemanha e se conhecemos bem o destino dos campone está nas mãos dos judeus — nobreza muito importante; porém, aqui
ses, ignoramos o número e a fortuna dos nobres e dos burgueses.™ também dividida entre magnatas, grandes proprietários e uma gran e
h a estrutura social — camponeses livres e pequenos proprietá quantidade de pequenos nobres, freqúentemente sem terras. Na
rios, burguesia forte —- que explica certamente a existência de um Polónia, em 1791, houve uma revolução, depois uma tentativa de
movimento revolucionário mais importante, indo até à conspiração revolução mais radical, que fracassou em 1794. Aqui, a pequena no
jaco ina na Baixa Áustria. Esses Jacobinos austríacos, que eram breza (que atinge 20% da população) e a burguesia apoiaram o rei
pouco conhecidos, foram estudados por Ernest Wangermann.’9 É Stanilas Poniatowski em seus esforços para transformar a constituição
certo que no início do movimento jacobino austríaco há também a polonesa, porque esta tentativa deveria permitir-lhes a ascensao ao
— 208 — — 209 —
r
poder. Portanto, em certo sentido, ela era democrática. Mas, nem os Ocidental, a massa do povo espanhol mostrou-se, nessa época, irre-
nobres, nem os burgueses pensaram nos camponeses servos, cuja iutivelmente hostil à Revolução. Por que? Uma resposta válida po-
condição permanece imutável. A. Jo b ert" mostrou como as “luzes” j rá ser conseguida assim que se conheça melhor as estruturas sociais
eram propagadas entre a burguesia e a pequena nobreza e porque da Espanha no fim do século X V III e assim que tenha estudado
essas classes desejavam renovar a instrução. J . Fabre, por sua vez,114 melhor a mentalidade dos espanhóis, formada pela longa luta contra
retificou a imagem que se fizera do último rei da Polónia, sobretudo os muçulmanos, assim como o papel absolutamente particular que
após a Histoire de L’Anarchie de Pologne, publicada por Rulhière em exerceu o clero neste país.
1789. Ele vê em Stanislas um soberano, deixando-se arrastar pela
corrente do^ despotismo esclarecido”, sinceramente desejoso de 9) A CONTRA-REVOLUÇÃO E AS
fazer da Polónia um Estado moderno.*5 ORIGENS DA GUERRA
Quanto à Europa Meridional, nossa documentação é infinita-
mente melhor. A propósito da Itália, os historiadores têm estado di Como a revolução, a contra-revolução se expandiu em todo Oci
vididos há muito tempo e ainda o estão. Até mais ou menos 1920, a dente.9' A oposição entre essas duas correntes de sentido contrário,
maioria dos historiadores das origens do “Risorgimento” tenderam a foi a origem da guerra que começou a 20 de abril de 1792. Mas, os
considerar que o movimento revolucionário fora inteiramente impor novos princípios de direito público aplicados pela França, a concep
tado pelos franceses por ocasião da sua invasão, em 1796. Depois ção da soberania nacional e a doutrina do direito dos povos disporem
desta data e às vezes sob a influência do fascismo, estudamos, de um de si próprios que, aplicada ao Condado de Venaissin e à Alsácia
a o, os movimentos revolucionários que se produziram esponta desencadearam as primeiras anexações de territórios à França, preci-
neamente na Itália antes de 1796 e, de outro lado, examinamos as pitaram o conflito. A idéia de renúncia à guerra, emitida a 22 de
igaçoes entre a revolução italiana e as que se desenrolavam no resto maio de 1790, foi rapidamente dissipada por todos esses princípios,
do Ocidente. também novos, mas infinitamente mais dinâmicos. Esta reviravolta no
• eníão’ os historiadores italianos pouco se preocupavam com direito público europeu foi objeto de poucos estudos. Quanto ao
a influencia que as estruturas sociais ou a conjuntura económica pu “nacionalismo”, uma das forças que pode contribuir para a guerra
deram ter sobre o movimento revolucionário. Isto não significa que teria aparecido na França desde 1789? Beatnce Hyslop acreditou
se tenha negligenciado a história económica na Itália. Mas, ela se nisso. Mas o termo data do século X IX . No fim do século XV III,
interessava principalmente pela Idade Média ou pelo século X V I e só se pode falar de “patriotismo”, de “sentimento nacional”. A defi
parecia se deter nojim iar do Risorgimento. Foi S. Gramsci que de nição que B. Hyslop deu de “nacionalismo”, pareceu a G. Lefebvre
nunciou esta lacuna. Os historiadores italianos iniciaram o trabalho totalmente errada.96 Entretanto, é incontestável que a Revolução ex
hem que qualquer estudo atingisse a mesma erudição de que são citou, na França, o sentimento nacional e contribuiu para colocar os
prova, na França por exemplo, os trabalhos de G. Lefebvre, P. Bois revolucionários franceses em oposição aos “tiranos conjurados”. A
F, de haint-Jacob, sobre os camponeses, acabam de ser publicadas anglofobia há vários séculos era parte integrante desde a guerra dos
obras mais respeitáveis. Cem Anos? — do património nacional francês e ela fora reavivada
No conjunto, são ainda os acontecimentos políticos os mais co pelo tratado de Paris de 1763 e pela guerra da Independência dos
nhecidos B. O o ce expôs com clareza e minúcia o papel dos Jacobi Estados Unidos. O fato de os monarquistas, adversários dos demo
nos de Nápoles. A açao de Buonarroti e de seu grupo foi valorizada cratas, se mostrarem anglófilos, reforça a anglofobia entre os revolu
por uma serie inteira de trabalhos.* cionários e explica a fácil extensão da guerra, desde o inicio de
O movimento revolucionário na Espanha não provocou polêmi 1793.97 Todavia, nenhuma investigação séria foi realizada até o pre
cas tao importantes. Durante muito tempo, aliás, acreditou-se ser sente, sobre o sentimento do povo francês — e não de alguns políticos
quase inexistente. __em relação, à guerra. O povo francês desejou ou não a guerra em
Foi Richard Herr que estudou de maneira mais precisa as primei 1792? Questão essencial, para a qual se espera uma resposta. ^
ras manifestações revolucionárias na Espanha"' Ele é de opinião de Durante muito tempo a contra-revolução pareceu estar ligada a
flnL^i ê A UP° S reVOÍUC'onános aí foram Pouco numerosos e sem in- Igreja católica. A rejeição feita pelo papa, depois pela maioria do
encia. Ao contrario do que se constata em outros países da Europa clero francês, à “constituição civil do clero”, provocou na Igreja da
— 210 — — 211 —
França um grave cisma. Os “rebeldes” vieram aumentar o número 3) t i-^ W h o t “Les Relations Èconomiques entre la France et les Etats-Unis, de 1/78 a
de contra-revolucionários. A historiografia tradicional considerava 1 7 8 9 " > Frtnch Historical Studies. 1958, pp. 26-39.
que a Assembléia Constituinte cometera um erro, votando a “consti : 1 n o 493.
tuição civil”. Em uma obra recente, o abade Bernard Plongeron pro = r ' |nch u Traité de Commene de 1786 entre la France et [ Angleterre, Paris, 1900; F. Dumas,
. . C , [e Traité de Commene entre la France et tAngleterre, Toulouse, 1914.
pôs rever este julgamento à luz dos debates provocados pelo Concí
" : '!J Godechot, “La France et les Problemes de 1’Atlantique à Veille de la Rêvolution", na
lio Vaticano II e da evolução da Igreja Católica depois desse
Concílio.9* Ele nos convida a reconsiderar o problema dos juramen Ktt% d“ , >Assistance et 1'Etat en France à la Veille de la Rêvolution , Paris, 1908; E. Chaudron,
tos, a rever a classificação destes em “religiosos” e em “políticos”. C B rmbliaue à Troyes à la Fin de l’Ancien Regime et Pendant la Rêvolution, 1771-1800, Paris,
& L,Asrist<tnce dans le District de B ar Pendant la Rêvolution , Paris, 1933.
Não é necessariamente a prestação ou a recusa do juramento de ->s
1790 que definiu o partidário ou o adversário-da Revolução. O abade
* ^ Z b l é e des Notables: la Con/érence du 2 mars , Paris, 1921, Sociedade de História da Revo
Plongeron renova, também, o estudo das diferenças e semelhanças
lução Francesa. , , .
entre a Igreja constitucional e a Igreja romana. Enfim, coloca em 37 •rúnnne and the Assembly o f French Notables of 1787 and the or.gins of the Revolte
questão a associação tradicional de revolução à descristianização e de Mobilia^ " b H r i t o r t c a l R e v L , 1946, vol. 66, pp. 202-234 e 329-377.
contra-revolução à recristianização. Ele é, portanto, excelente em 28 N.° 389-
novas direções de pesquisas. 29 Ni” 520 e 522.
w i Puch, “Calonnes New Deal”, ia Journal o f Modern Hrstory ,1 9 3 9 , PP- 289-312, F.
, W' w i Puei, -Finance et Politique dans les Dermeres Annees de 1 Ancien Regime , in
NOTAS: R ev oln on , 1939, t. H, Paris, 1945, PP. 485-498.
N.° 516
' N .° 132
<2 A .H .R.F., 1947, pp. 377-380.
Ver em último lugar M. Bouloiseau, Cabiers de Doléances du Tiers État du Bailliage de Rouen t. ” les Parlamentaires Bourguignons à la fin du XV1IP Stecle, Dijon, 1937.
II, 1960; P. Bois, Cabiers de Doléances du Tiers État de la Sénechaussée de Cháteau du-Loire, 1960; D.
Ligou, Cabiers de Doléances du Tiers État du Pays et Jugerie de Riviire-Verdun, 1961. Estes três J. Égret, n.*“ 516 a 522.
volumes pertencem à “Collection de Documents Inédits sur 1’Histoire Économique de la Révolu-
tion Française”. " N.° 486, t. III.
3 v' l a Campagne de 1789 en Bourgogne, Paris, 1904.
Cf. o estudo já citado, de G. Lefebvre, os de R. Laurent, n.° 134; A. Soboul, n.° 449 e de P.
Bois, n.° 135. ” N.'” 517 e 539.
4
Ver, por exemplo, M. Henriot, n.° 124. ’ 8 N.'" 518 e 522.
Ver o n.° 127e. N.° 524.
7 A.H .R.F., 1951, pp. 85-86; e 1956, p. 299. 40 A.H .R.F., 1947, pp. 185-187.
La Disgráce de Turgot, Paris, 1961. 4 ' N.° 523
X
T.I., Paris, 1914. • jurisdição do bailio, magistrado, cavaleiro de Malta, dignidade superior àda comenda. (Rev.)
9
Necker, Fourrier de la Rêvolution, Paris, 1933. 42 Paris, 1957-1960.
K)
G. Lefebvre, sumário do livro do abade Lavaquery nos A.H .R.F., 1935, pp. 357-359- ** jurisdição do Senescal — juiz supremo ou governador geral em certos Estados. (Rev.)
^ Necker, 1732-1804, Paris, 1938. 43 Paris, 1960.
^G. Lefebvre, sumário do livro d’E. Chapuisat nos A .H .R .F., 1940, pp. 240-241. 44 Paris, 1961. I
La Banque Protestante en France, de l'Edit de Nan tes à la Rêvolution, t. II, Paris, 1961, ver
45 Desse modo, os cadernos de corporações de Montargis foram encontrados recentemente
sobretudo pp. 369-420. (n.° 528). Ver também os n.°s 526 e 527.
Calonne, Paris, 1950.
15 Recueil de Documents Relatifs aux Séances des Etats Generaux, mai-juin 1789, preparado pelo
Ver o n.° 372a. Instituto de História da Revolução Francesa da Faculdade de Letras de Paris, sob a direção de
1^6P. Chevallier, Loménie de Brienne et l’0rdre Monastique, Paris, 2 vols. 1960. Georges Lefebvre e Anne Terroine, t. I: Les Preliminaires de la Sêance du 5 mai 1789; t. II: La
Seance du 23 ju in , Paris, 1953 e 1962.
Finances et Monnaies Rêvolutionnaires, II: Les Receites et les Dêpenses du Trêsor Pendant FAnnée 47
^789; le compte Rendu au R oi, de Mars de 1788; le Demter Budget de 1’Ancien Rêgime, Paris, 1936. N.° 530.
Esquisse du Mouvement des Prix et de Revenus en France au XVIII*Stècle, Paris, 2 vols. 1933 e 4X A.H .R.F., 1948, p. 84.
n.° 150.
19 49 A.H .R.F., 1962, pp. 578-582.
50
Ver os resumos feitos por G. Lefebvre, nos A.H.R.F. 1937, pp. 289-329. Ver o n.° 531 a.
— 212 — — 213 —
1La Grande Révolution, Paris, 1959, pp 127-217 a ^ 70 Bulletin de la Societé d’Histoire M odeme, 12.a série, n.° 14, sessão de 27 de março de 1960,
mente, pp. 180-182. ’ PP' ^ 217' 3 RevolutIon Orléan.ste”, ver especial-
pp. 2-5.
5 2 N .° 532 7 Ver os n.“ 256, 261, 263, 264.
5 3
Ver o n.° 532 a. 72 N.“' 256, 264.
54
N.° 114. 77 j peldman, Propaganda und Diplomatie. Eine Studie itber die Beziehungen Frankreichs zu den
tidgenossischen Orten vom Beginn der Franzòsischen Révolution bis zum Sturz der Girondisten, Zurique,
desenvolvidas em t * ”* * * ' • R M E S ‘ ‘ 960, pp. 146-177. Estas tdéias serão 1957; A. Méautis, Le Club Helvétique de Paris (1790-1791) et la Diffusion des ldées Révolutionnaires
,n Suisse, Neuchâtel, 1969.
I
quarlfa” f n o f l 9 f M ní ÍOnalA
d aKMeUrthe foÍ dentifi~ « estudada, porém há mais de 74 N.° 509.
Oi."' 547 e 548) consagrou suas pesquisas à criação das guardas nacionais
75 N.° 277.
7" A.H .R.F., 1950, p. 92.
alemã, ^ Mtnfcht‘" Und B“ r&erm h <* ■ Leipzig, 1896, trad. fr„ Paris, 1902; 2.* ed.
58 77 N.° 282.
La Déclaratíon des Drotriits de 1'Homme e du Citoyen et M. Jellinek, nos Annales der 7H Quanto a Mayence, o problema foi estudado por F.G. Dreyfus, n.° 282b.
Sciences Pol,tiques, t X V III, 1902, pp. 415-443. Mas, Jellinek se reafirmou suas posições (“Ré- 79
ponse a M. Boutmy , na Revue de Droit Public, T. X V III, 1902, pp. 415-443). N.° 560. Ver também o n.° 570 a.
Kalman Benda publicou realmente em três grandes volumes as obras dos Jacobinos húnga
Les Origines de la Déclaratíon des Droits de l'Homme de 1789, Paris, 1912. Klõvekorn ao
contrario, adotava a atitude de Jellinek (Zur Entstehung der Erklàrung der Memchen und Búrger- ros (A Magyar Jakubinusok T ratai, Budapeste, 1952-1957, 3 vols. in 8.°). Tirou dessa obra um
estudo sintético publicado em alemão (“Die Ungarischen Jakobiner”, em Maximilien Robespierre,
J ' Berl,m’ 1911). Gilbert Chinard produziu recentemente documentos que parecem resolver Beitràge zu Seinem 200. Geburtstag, herausgegeben von Walter Markov, Berlim, 1958, pp. 441-
o debate num sentido bastante favorável a Jellinek. Num primeiro artigo, Gilbert Chinard mostrou
472) e em francês (n.° 570). Na mesma época, mas sem conhecer esses trabalhos, F. P. Sugar
7 “ u c t uque de La Rochefoucauld d'Enville publicara em um periódico surgido de 1777 a 1779 publicava um artigo sobre o mesmo assunto (“The Influence of the Enlightenment and the French
Les Ajfaires d’Angleterre et d’Amérique, as traduções das constituições d'Angleterre et d’Amérique’
Révolution in X V III Century Hungary”, no Journal o f Central European A ffairs, 1958, X V III, pp.
as traduções das constituições americanas, das quais lera o texto inglês no "Remembrancer”, jornal
331-335) e mais recentemente, Ch. d’Eszlary, parecendo, entretanto, ignorar os trabalhos de
publicado em Londres. Todavia, este “Remembrancer” reproduzira, por um erro ainda mal expli Benda, imprimia na R.H.M.C. (1960, pp. 291-307), um artigo sobre “Les Jacobins Hongrois et
cado, nao a Declaraçao de Virgínia, datada de 12 de junho de 1776 e composta de 16 artigos mas
Leurs,Conceptions Jurídico-Politiques”. Finalmente R.R. Palmer, em seguida às publicações de
um projeto de 1 ° de junho, composto de 18 artigos. Durante muito tempo será este projeto o
Benda, publicava no Journal o f Central European A ffairs, em colaboração com P. Kenez, a tradução
umco conhecido em seu texto francês e o que Marcaggi considera como a verdadeira Declaração inglesa de “catéchismes” dos jacobinos húngaros (1961, pp. 423-442, “Two Documents of the
da Virgínia. E nele que se baseava a argumentação de Boutmy, enquanto Jellinek recorreu ao texto
Hungarian Revolutionary Movement o f 1794”). Publiquei a tradução francesa desses dois textos
oficial e e esta uma causa de sua controvérsia. (“Notes on the French Translations o f the Forms de
em minha obra sobre “La Pensée Révolutionnaire”, Paris, A. Colin, 2.a edição, 1969, pp. 342-366.
Governments or Constitutions of the Several United States, 1778 e 1783”, em Year Book o f the
American Philosophical Society, 1943, pp. 88-106). Gilbert Chinard mostrou em um segundo estudo 81 A.H.R.F., 1960, pp. 217-219.
82
que o projeto de declaração redigido por Lafayette foi revisto por Jefferson, o autor da declaração As repercussões da Revolução na Boémia foram estudadas por Madame K. Mejdricka, n.°
americana (La Déclaratíon des Droits de 1’Homme et ses Antécédents Américains, Washington 1945). 571.
Enfim num terceiro estudo, o mesmo autor analisa uma obra anónima, surgida em Paris em 1791 83
e intitulada^ Déclaratíon des Droits de 1’Homme et du Citoyen, Comparée avec les Lois des Peuples N.° 308.
84
Anctens et Modernes, et pnncipalement avec les Déclarations des Ètats-Ums de /'Amérique Esta obra N.° 309.
escrita por um homem verdadeiramente informado pelos próprios autores da declaração francesa
mdica, para cada um de seus artigos, os artigos das declarações americanas (Massachussetts, Penn- Já, em 1913, Mlle. J. Klotz apresentava L ’0euvre Législative de la Diète de Quatre Ans, Ver
sylvama, Delaware, Maryland Virgínia, Carolina do Norte) que lhe serviram de fontes (“Notes on também os n.os 310, 311, 312, 312a.
86 .
the American Origins o f the Déclaratíon des droits de 1'homme et du citoyen”, in Proceedings o f the E impossível resumir aqui, mesmo rapidamente, as polêmicas que se deram a este respeito.
American Philosophical Socety, 1954, t. 98, PP. 383-396). Ver minhas Institui,ons , 2.a fd pp Reportar-nos-emos ao volume Questioni d i Storia del Risorgimento e deli’unita d’ltalia (n.° 297),
60
especialmente o capítulo l.°: “Introduzione alio Studio del Risorgimento”, por E. Rota (pp. 1-28)
N.» 541 e mais recentemente às “Nuove Questioni”... (Milano, 1961), artigo de V.E. Giuntella (pp. 311-
6 I 343), assim como ao livro de Giorgio Candeloro (n.° 299), cap. l.°, § 1; “II Risorgimento e la
Edição de 1922, t. I, p. 114
precedente storia italiana”, pp. 13-16. Bom resumo no pêqueno livro de P. Guichonnet, UUnité
^Ann. du M idi, 1948, t. 61, pp. 159-179. Italienne, Paris, 1961.
^ Revue de Synthèse, 1951, pp. 115-117. //Materialismo Storico e la Filosofia d i B. Croce, Torino, 1948; ll Risorgimento, Torino, 1949-
N.° 191. Citamos sobre Veneza, Marino Berengo, La Società Veneta alia fine del 700 (Firenze, 1956);
6 N.° 135, pp. 224-241. sobre os estados do papa, L. Dal Pane, Lo Stato Pontifício e il Movimento Riformatore deli Settecento
(Milano, 1959), assim como os trabalhos de V. Marcelli (“La Crisi Economica e Sociale di Bologna
^ Ibid, p. 237, n.° 1. nel 1796”, nas Atti e Memorie delia Deputazione di Storia Patria per le Provinde di Romagna, III,
1953); sobre o reino de Nápoles, a obra de G. Gingari, Giacobini e Sanfedesti in Calabria nel 1799
tionnaiíe“ ° o 240a ^ ^ V“ & VA,Isace Prerévolutionnaire et Révo/u- (Messina, 1957) completa e moderniza os trabalhos de Rodolico (ll Popolo Agli Inizi del Risorgi
68 . mento nell’ ltalia Meridionale, 1798-1801, Firenze, 1925), ou de Simioni (Le Origini del Risorgi
Ibid ., p. 243. mento Politico deli’ltalia Meridionale, Messina, 2 vols. 1925-1931). Ver também os n.os 300 b, 300 c,
69
N.° 265, pp. 323-326. 300 d, 676 a e 677 b.
— 214 — — 215 —
1
Em francês, a melhor obra é a de M. Vaussaràjansénism e e Gallicanisme aux Origines Religieuses
du Risorgimento (Paris, 1959). Sobre a sociedade italiana poderemos consultar a obra do mesmo
autor: La Vie Quotidienne en Italie au X VIIIe Siècle (Paris, 1959).
89
N .° 678.
90
Ver Bibliografia, A .H .R .F., 1960, pp. 369-387.
9 1 .
Jean Sarailh mostrou como e até que ponto as “luzes” haviam penetrado na Espanha (n.°
301) e M. Defoorneaux esclareceu a ação de Pablo de Olavide (Rabio de Olavide ou l’Afrancesado
1725-1803, Paris, 1959).
N.ON303 e 304.
93
Ver o n.° 106.
94
Citámos o estudo de B. Mirkine-Guetzévitch, “La Rêvolution Française et 1’Idée de Renort-
ciation à la Guerre”, na R.F. , pp. 255-268.
95 capítulo 5
N .° 526.
96
A. H .R.F., 1935, pp. 259-261.
9?
98
N.° 474.
B. Plongeron, Conscience Religieuse en Rêvolution, Paris, 1969.
Jacobinos e “Sans-Culottes”
ria França (1792-1795)
1) OS “SANS-CULOTTES”
— 222 — — 223 —
Dá-se o mesmo com a história militar.”* As traições e os revezes quando já tinha sido consumida a colheita do aao anterior e não se
podia dispor ainda da nova. Mas esta época é também a das grandes
sofridos pelas tropas francesas coincidiram com a insurreição da
operações militares e não se pode minimizar o fator medo. Que dese
Vendéia e que, na realidade, foi mais uma consequência do que uma
coincidência. Há muito tempo se vem indagando sobre as causas pro- javam os “sans-culottes”?
fundas desta insurreição camponesa. De uma maneira geral, os histo A análise dos processos-verbais das assembléias gerais e dos co
riadores hostis à Revolução sustentaram a tese de uma sublevação mités civis das seções, assim como das deliberações das sociedades
espontânea; os que eram favoráveis à mesma, consideraram-na como : populares, fracionadas ou não, permitiram a Albert Soboul destacar
os caracteres dominantes das aspirações sociais, económicas e políti
um movimento provocado pela ação do clero, da nobreza e dos emi-
cas da sans-culotterie parisiense. Ela foi, antes de tudo, igualitária. Re
grados.39
Estas tentativas de explicação pareceram insuficientes a Léon clamava “a igualdade de usufrutos”, porém, ao contrário, não foi hos
Dubreuil. Após haver afastado o determinismo geográfico, imaginava til à propriedade. Seu ideal era uma sociedade de pequenos produto
que as causas da revolta deveriam ser procuradas na estrutura so- | res e de pequenos proprietários livres. Reclamava assistência aos po
bres, enfermos e anciãos. Reivindicava energicamente o direito à ins
ciai.40 Esta pesquisa foi realizada por Paul Bois e precisamente para o |
trução e professava um grande respeito pelas pessoas cultas. Tinha
Departamento de Sarthe. Fazendo generalizações, ele acredita p>orém
uma concepção muito particular e anárquica da soberania popular,
que suas conclusões são válidas para todo o Oeste da França.’ Se
gundo ele, é na origem da insurreição que se encontra um velho ■ que residia, segundo ela, nas assembléias das seções parisienses, diri
antagonismo entre rurais e burgueses, entre cidades e aldeias. A re gidas de fato por alguns militantes que impunham silêncio a seus
volta eclodiu nas regiões onde há muito tempo os camponeses se < adversários ou eliminavam-nos mediante o voto em aberto. Quando
achavam em luta com os burgueses por causa da aquisição de terras. o governo perdeu de vista os interesses do povo, os sans culottes de
viam, como julgavam, “levantar-se em massa” para impor suas idéias.
Por outro lado, na grande propriedade senhorial, os camponeses não
Albert Soboul descreve com muita finura e penetração o tipo do
tinham relação direta com o próprio senhor a não ser através de seus
“sans-culottes”, vestido com a carmanhola* tendo na cabeça o boné
agentes, burgueses, que consideravam responsáveis pelos defeitos do
vermelho, armado com uma espécie de lança.4 Os “sans-culottes”
regime feudal. Hostis aos burgueses, os camponeses repeliam sua
parisienses impuseram o governo revolucionário.
ideologia, especialmente a república e a descristianização. É evidente
que as outras causas da revolta, tradicionalmente reconhecidas, não Discute-se muito, não tanto a respeito do número de pessoas
devem ser eliminadas, especialmente o recrutamento de 300.000 executadas durante o Terror — D. Greer calcula-as aproximada-
homens, embora tenham sido infinitamente mais superficiais. Se as mente em cerca de 17.000 mas quanto ao número de suspeitos
explicações de Paul Bois parecem pertinentes para o Sarthe e se são aprisionados. Louis Jacob, em seu estudo sobre Les Suspects Pendant
muito sedutoras de uma maneira geral, conviria comprová-las nos ou- la Révolution, 1789-1794, calcula que não houve, nesse período,
tros departamentos insurretos, especialmente, na Vendéia. mais de 70.000 suspeitos encarcerados, enquanto Greer, apoiado por
A insurreição na Vendéia assinalou, na França, o início de uma Georges Lefebvre, eleva esta cifra a 5 0 0.000 e Mathiez até a
ação contra-revolucionária que deveria ser duradoura e estender-se a 300.000. Evidentemente, não é possível obter uma cifra mais precisa
uma boa parte do território. A resistência a este movimento e os : sem que se tenham feito numerosos estudos regionais, pois a porcen
novos impulsos dados à luta para o triunfo da Revolução procederam tagem dos detidos em relação à população variava muito conforme as
dos “sans-culottes” parisienses. ' Realmente, foram os sans-culottes de , cidades. Um determinado número de suspeitos foi transferido para
Paris que, nos dias 31 de maio e 2 de junho de 1793, implantaram o jurisdições de exceção. Nossos conhecimentos sobre o tribunal revo
governo revolucionário e o Terror e foi sua abstenção em intervir, a lucionário de Paris se tornaram mais precisos devido a T.L. God-
9 termidor, ano II (27 de julho de 1794), que determinou a queda frey. O autor interessou-se principalmente pelo estudo do pessoal
de Robespierre. Albert Soboul tentou saber os motivos que teriam do tribunal, sobre o qual, entretanto, não pôde reunir todas as
atuado sobre os “sans-culottes”, a fim de induzi-los à sublevação. Para informações desejáveis. Examinou também as relações do tribunal
ele, o fator essencial foi a fome. Não resta dúvida de que as grandes com as demais autoridades; porém, aqui também existem lacunas. O
jornadas revolucionárias de 1789 a 1796 tiveram lugar no momento ! livro não é definitivo e o tribunal revolucionário de Paris ainda es
da “soudure”, isto é, no fim da primavera e no início do verão, pera seu historiador.48
— 224 —
A época em que o tribunal fez o maior número de vítimas foi a rém com muita frequência, tinham conhecimentos insuficientes. Isto
do “Grande Terror”, isto é, quando foi aplicada a famosa lei de 22 resultou em atrasos e dificuldades consideráveis.
prairial, ano II. Os historiadores não concordam quanto às causas Ao nível dos exércitos, estas dificuldades foram ilustradas por R.
desta lei. Segundo A. Mathiez, seria consequência dos decretos de Werner.'4 O autor demonstrou que o exército do Reno se manteve
ventoso, que tinham por finalidade apressar a execução dos suspei com dificuldade e com frequência sobrevivia devido às requisições
tos já escolhidos por “comissões populares” instituídas nos termos efetuadas numa zona de sete departamentos franceses e nos países
dos decretos. Porém a lei de prairial foi apresentada à Convenção conquistados. Essas requisições criaram, entre os soldados e a
“sem que o Comité de Segurança Geral tivesse sido consultado”. população, uma animosidade que resultou na “grande fuga” de 1793,
Este, de certa forma por despeito, “falseou completamente a aplica isto é, no êxodo maciço dos camponeses alsacianos que, após a inva
ção da lei” através de práticas odiosas, combinando as mais diferentes são austríaca, acompanharam o inimigo em sua retirada.
causas a fim de levar à condenação os acusados por “fornadas”,* ale Graças a Norman Hampson, acabam de realizar-se considerá
gando as chamadas conspirações de prisões e a fim de multiplicar as exe veis progressos em nossos conhecimentos relativos à marinha. Nor-
cuções. É mais ou menos esta a interpretação que foi adotada em mi nrm Hampson, que é ao mesmo tempo historiador e marinheiro,
nhas Institutions. Henri Calvet pronunciou-se contra esta concep determinou com precisão a importância das forças navais francesas no
ção. Segundo ele, não há nenhuma relação entre os decretos de ano II, em relação às da Inglaterra: a diferença entre ambas era pe
ventoso e a lei do prairial; esta lei estaria na própria lógica da evolu quena e o Comité de Salvação Pública poderia legitimamente
ção revolucionária, da centralização da justiça e do desenvolvimento suprimi-la. Realizou, para isto, um gigantesco esforço de mobilização.
do Terror, conforme uma espécie de mística intrínseca. Encontraram-se homens, porém tornou-se muito mais difícil formar
Esta opinião, discutível e discutida,'1 levou Georges Lefebvre a oficiais. Todavia, Norman Hampson demonstra, contrariamente a
reconsiderar o problema. ' Tanto quanto Henry Calvet, ele não acre uma lenda que ainda persiste, que os oficiais de origem plebéia pro
dita nas relações entre os decretos de ventoso e a lei do prairial; cedentes da marinha mercante estiveram à altura de sua tarefa. O
assim como ele, é também sensível à lógica interna do sistema terro fracasso da frota francesa por ocasião dos célebres combates de junho
rista, porém acha que foram princípalmente as circunstâncias que de 1794, deve-se não à inferioridade dos estados maiores, mas a cau
provocaram o voto da lei: tentativas de assassinato, de Collot d’Her- sas políticas e estratégicas. Entre os primeiros, temos a revolta rea
bois, por Admirat, e de Robespierre, por Cécile Renault. Se ele atri lista de Toulon, que entregou ao inimigo um determinado número
bui a hostilidade do Comité de Segurança Geral à lei prairial, não de navios franceses e paralisou durante muito tempo a produção do
explica as hecatombes do messidor** por uma falsa aplicação de suas arsenal; entre as segundas, está a mediocridade dos planos elaborados
cláusulas: a intenção dos robespierristas era realmente exterminar pelo Comité de Salvação Pública e muito semelhantes aos planos do
todos os “inimigos do povo” e esta expressão era bastante amea Antigo Regime.
çadora. Percebemos as consequências desta interpretação pela idéia
que se faz de Robespierre. Segundo Mathiez, embora em parte ele 6) A í ANTECIPAÇÕES ECONÓMICAS E SOCIAIS
fosse inocente pelos massacres do Grande Terror, cujo Comité de O Terror nao somente conteve os inimigos do interior, como
Segurança Geral assumia toda responsabilidade, ele vem a ser, pelo permitiu impor aos franceses uma economia dirigida. Esta economia
contrário, seu principal organizador. dirigida, marcada pela redistribuição de bens, pelo racionamento,
O Terror, detendo em seu desenvolvimento as insurreições pela estipulação dos preços, fazia parte do “programa” dos Jacobinos,
contra-revolucionárias do interior, foi certamente um dos elementos ou lhes foi imposta, contra sua vontade, pelas circunstâncias? A.
da vitória, mas um outro elemento foi a formação de exércitos, con Mathiez inclinou-se pela primeira hipótese.55 Ele achava que os Jaco
tando no total com um milhão de homens, cifra jamais atingida na binos queriam realmente instaurar na França um regime de aparência
Europa. A formação dos exércitos deu origem a alguns trabalhos re socialista. G. Lefebvre e E. Labrousse combatem esta idéia em suas
centes. É necessário mencionar principalmente o do general Herlaut obras.57 Eles pensam que os Jacobinos eram, do ponto de vista eco
sobre Bouchotte, le Aíinistre de la Guerre de l’an II. Bouchotte estava nómico, tão “liberais” quanto os outros deputados da Convenção,
ligado aos patriotas extremistas e colocou grande número deles nos ItlJv mas que, sendo mais sensíveis aos perigos que a guerra causava à
gabinetes do Ministério. Estes levaram para lá seu entusiasmo, po Revolução, aceitaram, a fim de lutar contra eles, segundo a feliz
— 226 — — 227 —
expressão de Ernest Labrousse, “antecipações económicas e sociais”
Dor finalidade dar aos “sans-culottes” uma satisfação de princípio no
que instauraram na França, durante alguns meses, um regime sociali-
momento em que eram detidos seus porta-vozes, Hébert e os enra-
zante que eles não tinham absolutamente nenhuma intenção de con
■. Aliás, os decretos tiveram apenas um início de aplicacão, estu
solidar. Os recentes trabalhos de R.C. Cobb, de Albert Soboul e de
Georges Rude confirmam este ponto de vista. dado por R. Schnerb no departamento de Puy-de-Dôme.6 Pode-se
constatar que, nesta região, a quantidade de indigentes muito variável
Na origem das medidas económicas e sociais se encontra o au-
de uma comuna para outra, foi em geral muito pequena. Portanto, é
mento de preços motivado pela escassez de mercadorias — conse preciso concluir que, se o pensamento que determinou a redação dos
quência da guerra — e principalmente pela inflação. Depois da decretos de ventoso pode, até certo ponto, ser considerado como
publicação da excelente obra de J. E. Harris, The Assignats,59 apenas
uma “antecipação social”; os próprios decretos salientam as medidas
G. Hubrecht estudou a evolução do curso dos “assignats” e suas con destinadas a facilitar o acesso dos pobres à propriedade, como a
sequências no plano local, no Alto-Reno,60 depois em Bordéus.61 venda dos bens do clero e dos emigrados.
Seria interessante realizar mais estudos análogos em outros departa É nesta mesma categoria que é necessário colocar as tentativas
mentos.
feitas para melhorar a “beneficência” e organizá-la segundo um plano
Foram os ‘sans-culottes”, e principalmente os de Paris que dese “nacional”, pela instituição de um esquema de segurança social. A
jaram a regulamentação e, acima de tudo, o “máximo”. Estamos bem aplicação destas leis não foi ainda estudada. A única e recente obra
informados sobre seus votos e sobre a maneira com que impuseram à
de conjunto sobre a reorganização da assistência na época revolucio
Convenção o que se poderia chamar de seu programa, conforme a nária é a de Jean Imbert sobre Le Droit Hospitalier de la Rêvolution et
tese de Albert Soboul. Este, sem anular inteiramente as conclusões de 1’Empire. Mas Jean Imbert se limita estritamente ao estudo da
de Daniel Guérin, renovou completamente nossos conhecimentos a regulamentação de hospitais e nao examinou em que medida foram
este respeito. Foi em consequência da ação dos “sans-culottes” pari aplicados o “grande livro da beneficência nacional” e os auxílios do
sienses — e, em menor extensão, dos provinciais — que foi insti miciliares aos enfermos e aos anciãos. Há aqui todo um estudo a ser
tuído o máximo”, isto é, a limitação dos preços e dos salários. Para feito, situando-se mais no plano humano que no do direito.
os convencionalistas, tratava-se não de uma inovação, de uma Podemos igualmente relacionar a abolição da escravatura com as
antecipação económica e social”, mas antes de tudo, de um retorno antecipações sociais, visto que a abolição deveria ser restabelecida
do Antigo Regime. Os “sans-culottes”, ao contrário, ficaram des- sob o Consulado, para desaparecer definitivamente nas colónias fran
contentes com o máximo ’ dos salários e sua aplicação em Paris foi
uma das causas de sua rejeição em relação a Robespierre, e de sua cesas, apenas em 1948.
abstenção, na noite do 9 termidor.
7) A DECADÊNCIA DO GOVERNO REVOLUCIONÁRIO
A política de redistribuição das terras estaria mais ligada, entre os
robespierristas, a um profundo desejo de renovação social, ou não
A rápida decadência do governo revolucionário deve-se, certa
seria também mais que um aspecto episódico da política de defesa
mente, ao fato de que fora imposto à Convenção pelos sans-
nacional? A. Mathiez inclinou-se pela primeira hipótese e defendeu-a
culottes” parisienses e ao fato de que o Comité de Salvação Pública
com vigor. Achava que a decisão de confiscar os bens dos suspeitos
Robespierrista esforçou-se por afastar os “sans-culottes de sua dire-
reconhecidos como inimigos da Revolução” e de distribuí-los gratui
ção. A espécie de anarquia para a qual tendiam os sans-culottes de
tamente aos indigentes, cuja lista as municipalidades deveriam esta Paris inspirava um sentimento de repugnância em Robespierre e seus
belecer era uma medida de caráter socialista que inaugurava uma amigos; a publicação do decreto de 14 frimário do ano II (4 de de
nova política económica cujos principais traços foram esboçados por zembro de 1793) foi um primeiro esforço a fim de coordenar as me
Saint-Just em suas Institutions Républicaines. Georges Lefebvre não didas revolucionárias para deter as iniciativas desordenadas dos comi
compartilhava desta opinião. No prefácio de suas Questions Agrairés tés revolucionários e suas seções parisienses.
au Temps de la Terreur,67 ele mostra que os decretos do ventosój G. Lefebvre, contrariamente a A. Mathiez, julgava que este de
eram praticamente inaplicáveis. Na maioria dos casos, os indigentes creto fosse um primeiro golpe fatal dado à Revolução. Porém, a
não teriam obtido senão um pequeno pedaço de terra inútil. Real detenção, o processo de julgamento e a execução dos hebertistas e
mente, segundo Georges Lefebvre, os decretos de ventosô tiveram dos enragés (17-24 de março de 1794) marcariam, mais do que a
— 228 —
— 229 —
queda de Robespierre, o início da reação. Esta é a tese defendida por A política polonesa da Convenção é ainda muito discutida. J.
Daniel Guérin, ' que acusava Robespierre de ter, tanto quanto Dan Grossbart consagrou-lhe vários artigos. * Julga que, se o Comité de
ton, “traído o povo com sagacidade”. Esta interpretação, logo ao ser Salvação Pública recusou, em 1794, ajudar a Polónia até que a liber
publicada, causou certo escândalo e Georges Lefebvre pôs-se a dade e igualdade de todos os cidadãos diante da lei não tivessem sido
refutá-la, embora reconhecendo que ela não era inteiramente ine estabelecidas isto não passou de um pretexto; realmente, a Conven
xata. Desde então, os estudos mais aprofundados de Albert Soboul ção não tinha meios materiais para ajudar a Polónia. B. Lésnordorski
juntam-se à interpretação de Guérin com algumas coisas em comum. retomou o problema em seu estudo sobre os Jacobinos poloneses.
Todavia, A. Soboul valoriza os esforços dos “sans-culottes” para re Acha que a política de Robespierre postulava o^ rápido estabeleci
tomar o poder em 1795. Só foram definitivamente vencidos após as mento da paz, imediatamente após os primeiros êxitos militares dos
jornadas do germinal e do prairial do ano III.74 exércitos franceses. O apoio à Polónia só faria prolongar a guerra,
O processo de Danton e dos indulgentes, a lei de 22 do prairial, implicando a França em numerosas dificuldades políticas da Europa
foram tanto mais impotentes para restabelecer a confiança dos Oriental: esta poderia ter sido a razão pela qual o Comité de Salvação
“sans-culottes” em Robespierre, que este, pela instituição do culto ao Pública Robespierrista se recusou a ajudar a Polónia.
Ser Supremo, afastou os ateus que eram bastante numerosos entre os
chefes do movimento. As dificuldades do abastecimento e a alta do NOTAS:
“máximo” dos víveres não foi acompanhada pela dos salários e acen
tuaram o descontentamento. Explica-se, desse modo, que a queda de t
É o que se esforçaram por determinar G. Rudé, n.° 127 e A. Soboul, n.° 618.
Robespierre não tenha causado reações violentas nem em Paris, nem ~ French Historical Studies, 1960, n.° 4, pp. 445-469, “Popular Democracy in the French Go
na província. vernment”.
1 V eros n.*” 217, 218, 225.
8) A VITÓRIA REVOLUCIONÁRIA Por J . Godechot, nos A .H .R .F., 1952, pp. 113-251.
Foi o Terror que, ao quebrar as resistências interiores, permitiu à 5 N.° 409.
Convenção enfrentar vitoriosamente a invasão estrangeira. 6 N.° 618
A diplomacia do Comité de Salvação Pública, ao contrário, foi Publicadas por J. Godechot, nos A .H .R.F., 1946, pp. 289-382 e à parte, Mémoires de
Etienne-Louis-Hector Dejoly, Paris, 1946.
sempre objeto de controvérsias e a grande obra de A. Sorel UEurope K
N.° 575
et la Révolution Française, foi recusada por um número cada vez
9 N.° 575 a.
maior de historiadores. Um americano, Sidney Seymour Biro pre Histoire du Clergé Pendant la Révolution Française, Bruxelas, 1801.
tendeu renovar a história das relações franco-alemães, que evidente
Abel Dechène, “Les Documents sur la Persécution en Normandie, Conservés dans les Pa-
mente se situa no ponto central da história das relações internacio piers de 1’abbé Barruel”, in Revue Catholique de Normandie, 1930, pp. 170 e 225. Os docurtientos
nais desta época. Mas sua obra se apóia numa documentação antiga referidos neste artigo foram publicados na mesma revista pelo cónego Uzureau (1929, p- 58; 1930,
p. 282; 1931, p- 43). Entretanto, o livro do abade Barruel é a base de toda uma literatura que se
e freqúentemente medíocre. Embora a volumosa obra de Biro con esforça por esboçar o martiológio dos padres detidos, deportados ou massacrados (por exemplo, o
tenha de vez em quando algumas indicações interessantes, está longe abade Blin, Les Martyrs de la Révolution dans le Diocese de Séez, Paris, 1876, ou Jacques Herissay, Les
Pontos de Rochefort, Paris, 1925). Embora haja uma parte de verdade em todas essas obras, é con
de renovar nossos conhecimentos, como esperava o autor. Real veniente desconfiar de suas tendências hagiográficas.
mente, não são as relações da França com a Alemanha que precisam 12
N.° 577.
de estudos, mas as da Convenção com os países do Norte e do Leste É preciso assinalar que as conclusões de Pierre Caron estão livres das responsabilidades das
da Europa. quais se lhes havia acusado, tanto Marat (ver em último lugar Jean Massin, n.° 394) quanto Dan
ton, que fora inocentado por A. Aulard (Ètudes et Leçons sur la Révolution Française, 2.a série,
Sobre a Suécia, a obra de R. Petiet, Gustave IV — Adolphe et la “Danton et les Massacres de Septembre”, Paris, 1902), mas atacado por A. Mathiez, Autour de
Révolution Française , lh mereceria ser reexaminada e desenvolvida e Danton, cap. VI e V II, Paris, 1926.
seria preciso demonstrar porque o Comité de Salvação Pública não A. Chuquet, n.° 623, t. I: La Première Invasion Prussienne, 1886, está convencido do suicí
incentivou mais os escandinavos à ação contra a coalizão. Quanto à dio. Mas, a tese de assassinato foi defendida por E. Pionnier (Histoire de la Révolution à Verdun,
Paris, 1906) e combatida por Sainctelette (La Mort de Beaurepaire, Paris, 1908).
Europa Oriental, o trabalho de Germaine Lebel77 é infelizmente de Ele publicou um “Recueil de documents” (Paris, 1947) e uma obra de síntese em dois
difícil acesso. Aliás, pelo fato de desconhecer a língua, a autora não volumes sobre essas missões (Les Missions du Conseil Exécutif Provisoire et de la Commune de Paris
pôde utilizar os arquivos turcos. dans l’Est et le N ort, aoút — novembre, 1792, Paris, 2 vols., 1950 e 1953).
— 230 — — 231 —
* Nome dado, em 1792, aos realistas “constitucionais” cujo clube estava situado no convento
dos “Feuillants”, (da ordem de São Bernardo) perto das Tulhérias. (Rev.) Os trabalhos de A. Soboul colocam um ponto final nas polêmicas levantadas pelo livro de
16 Daniel Guérin (La Lutte des Classes Sous la Primière République, Bourgeois et “Bras Nus" (1793—
N.° 223. 1797), Paris- 2 vols., 1949, nova edição, 1968). Este comparava, erradamente, os “bras nus” ao
17 N .° 89, cap. VII. proletariado. Realmente, a luta de classes no período revolucionário não se apresenta nas mesmas
18
“De la Véritable Nature de l’Opposition Entre les Girondins et ies Montagnards”, A .R ., formas que toma após 1848; nem os “sans-culottes” nem os “bras nus” chegaram a formar uma
1923, pp. 177-197, e Girondins et Montagnards, Paris, 1930, cap. l.°. classe social.
19 • * Espécie de casaca muito usada no tempo da Revolução Francesa. (Rev.)
Ver, a este respeito, em último lugar, M.J. Sydenham, n.° 583. O livro de Bernardine
Melchior-Bcnnet (n.° 583 a) é estritamente “fatual”. 44 The lncidence o f the Terror, Cambridge, U.S.A., 1935.
30 A .H .R.F., 1932, pp. 385-424 e 484-500 45 Paris, 1952.
21 N .° 28, pp. 25-66. 46 Um estudo deste gênero foi realizado sobre o Languedoc (R. Descadeillas, n.° 600; D.
Ligou, Les Suspects du District de Montauban; Mme. Septe, “Les Suspects du District d’Auch”, em
22 A.H .R.F., 1954, pp. 324-341.
Comités des Travaux Historiques Congrès des Societés Savantes de Toulouse, 1953.
23 N .° 385, pp. 29-30.
26 1933, pp. 305-333. N.° 111, nova edição, pp. 300-301 e 382-383.
27 1936. N.° 601.
28 1939, pp. 15-20 e 27-28. Ver a comunicação de H. Calvet, feita à Sociedade de História Moderna e as objeções que
lhe foram feitas no Bulktin desta Sociedade, maio-junho, 1949, pp. 2-5.
J . Godechot, n.° 31, t. I, pp: 76-80.
30 52 N .° 603.
Talvez tenha mesmo recebido da Inglaterra, por intermédio de Charles de Lameth, o di
** Décimo mês do Calendário republicano da França, que começava a 19 ou 20 de junho e
nheiro para este fim (ver A. Mathiez, Ètudes Robespierristas, t. II, cap.,IV; “Danton, Talon, Pitt et Ia
mott de Louis X V I”, e Danton et la p a ix , cap. V. A intervenção da Espanha é certa. Jacqueline terminava a 19 ou 20 de julho. (Rev.)
Chaumiê esclareceu totalmente esta questão (Les Relatiom Diplomatiques entre VEspagne et Ta France
53 N .° 619.
de Varennet à la Mort de Louis X V I, Paris, 1957). O embaixador da Espanha em Paris, Ocariz, teria
distribuído 2.300.000 libras, das quais 500.000 ao “convencional” Chabot (cf. L. Hastier, Vieilles 54 N.° 607.
Histoires Êtranges Énigmes", pp. 9-56). O próprio processo se tornou melhor conhecido para nós 55 N .° 625.
depois que André Sevin estudou Le Défenseur du R oi, R. de Séze (Paris, 1936).
Especialmente em La Vie Chère et le Mouvement Social Sous la Terreur, Paris, 1927 e em
Sobre o processo de Luís X V I, consultar os documentos publicados por A. Soboul, “Le Girondins et Montagnards, Paris, 1930.
Procés de Louis X V I”, Paris, 1966.
-12Ver os n. O primeiro, no prefácio de Questions Agraires au Temps de la Terreur, Paris, 2.a ed., 1954 e
350 a 360. em sua Révolution Française, n.° 27; o segundo no tomo 5 da Histoire Générale des Civilisations, n.°
33
N .° 353. 29- '.V
.
34 58
N .° 350. Ver n.os 126, 127, 630.
59
35 N.° 359. N .° 170.
60
36 N .° 173.
Consultar, a respeito da Inglaterra, o Barão Ernof, M aret, Duque de Bossano, Paris, 1878. 61
A .H .R .F., 1939, pp- 14-41.
1932, pp. 517-533). Estão sendo realizados trabalhos sobre a história militar da Revolução. national Review o f Social History de 1959, pp- 432-445.
66
“La Terreur, Instrument de la Politique Sociale des Robespierristes: les Décrets de Ventôse
4() J- Godechot, n.° 117, pp.216-230.. sur le Séquestre des Biens des Suspects et leur Application”, artigo publicado nos A .H .R .F ., 1928,
Histoire des Insurrections de 1’Ouest, Paris, 2 vols., 1929-1930. pp. 193-219 e reproduzido no volume Girondins et Montagnards, Paris, 1930.
4 I
N.° 135. Consultar também C. Tilly, The Vendée. A Sociological Analysis o f the Counterrevolu- Nova edição, Paris, 1954.
tton o£ 1793, Cambridge (Mass,), 1964, tradução francesa, 1970. 68
A .H .R .F., 1929, pp. 24-33 e 1934, pp. 402-434.
“ N.° 618. 69
Desde a publicação das obras de Mathiez e de Lefebvre, a maioria dos autores se colocaram
232 —
— 233 —
sob o ponto de vista deste último, especialmente D. Guérin (Bourgeois et “bras nus” , op. cit.) e
Soboul (n.° 618).
70
N.° 198.
71
^ Ver Gaston Martin, Histoire de fEsclavage dans les Colonies Françaises”, Paris, 1948.
Bourgeois et “bras nus”..., op. cit., p. 325.
A .H .R.F., 1947, pp. 173-179.
4 Ver os n.0' 99, 628, 629, 630.
75 N .° 560.
76
N.° 318.
77
N.° 292,
78
N.° 306.
79
N .° 311. capítulo 6
De Barras a Bonaparte
(1795-1799)
1) A CONSTITUIÇÃO DO ANO III
1) AS REGIÕES ANEXADAS
Á FRANÇA
1 1
As insurreições populares antifrancesas constituem um amplo ção de um camponês: “Não queremos a República se tivermos que
manancial de pesquisas a serem feitas. Em que medida e por quem pagar como antes...” Rapidamente, os camponeses foram enquadra
foram essas insurreições organizadas e coordenadas? Os documentos dos por aqueles nobres e burgueses que haviam permanecido hostis à
dos agentes secretos da Inglaterra poderiam proporcionar muitas in Revolução. A reconquista começou. Como escreveu Gaetano Cin
formações a este respeito 0 e os próprios agentes que contribuíram gari, os bandos camponeses não estavam animados por um fanatismo
para a formação da coalizão e coordenaram as insurreições merece religioso ou antifrancês, mas somente pela atração da pilhagem, pela
riam biografias.71 hostilidade aos ricos que haviam tomado partido em favor da Repú
Caso se ignore ainda como foram organizadas e sincronizadas, — blica e pelo obscuro desejo de voltar a uma espécie de idade de ouro
muitíssimo mal, aliás — as insurreições de 1799, ao contrário de al em que o povo fosse menos miserável.
gumas dessas revoltas, são muito mais conhecidas em seu mecanismo Na Itália Setentrional, algumas insurreições antifrancesas não
e na composição de suas tropas. Em relação a isto, o livro de Gaetano eram anti-republicanas e se a coalizão se aproveitou delas, estas não
Cingari, Giacobini e Sanfedististi in Calabria nel 1799 ' proporcionou foram organizadas pór ela. Essas foram as revoltas suscitadas pela so
progressos decisivos em nossos conhecimentos. O autor mostrou que ciedade dos Raggi no Piemonte, na primavera de 1799.7'
a insurreição pudera se propagar facilmente na Calábria, devido à Outras insurreições eclodiram em 1799: elas não foram coorde
situação económica e social da região: a antiga nobreza estava em nadas nem com as precedentes, nem com a ofensiva dos Aliados na
decadência, enquanto a burguesia se enriquecia à custa dos campone Holanda e na Suíça. Se a sublevação dos camponeses do Languedoc
ses, cuja proletarização progredia rapidamente e que não encontra foi objeto de inúmeras monografias,74 as insurreições que se produ-’
vam outra saída para sua miséria a não ser a pilhagem. ziram nas repúblicas Batava e Helvética são ainda pouco conhecidas e
■
As “luzes” haviam penetrado na nobreza e na burguesia; de 1790 as causas profundas, económicas e sociais de umas e outras não foram
a 1798, 493 pessoas pertencentes a essas classes sociais foram perse esclarecidas.
guidas por delito de opinião, participação de uma loja maçónica, ou ittl Iodas essas insurreições foram, aliás, reprimidas e a ofensiva dos
de um clube jacobino clandestino. Em 1799, quando os jornais anun Aliados foi repelida ou contida quando Bonaparte regressou à França
ciaram a proclamação da República em Nápoles e antes do apareci m e preparou, com Sieyès e alguns outros políticos, a mudança do re
mento de algum soldado francês na maioria das localidades de Calá gime. Escreveu-se muito sobre o golpe de Estado de 18 brumário,
bria, burgueses e aristocratas esclarecidos se apossaram do poder, fi suas origens e suas causas.1’ Mas, a maioria dos autores se esforçou
zeram plantar árvores da liberdade, organizaram municipalidades re em lançar o descrédito sobre o Diretório e fazer a apologia de Bona
volucionárias e guardas cívicas. Mas os revolucionários, uma vez no parte que tivera a coragem de mudar um regime “podre” — ou muito
poder, não pensaram realizar nenhuma reforma social; o destino, dos simplesmente, republicano. Por fim, Albert Ollivier76 dedicou-se
camponeses não mudou nada. Especialmente não se tratou da redis- mais que seus antecessores à análise da psicologia de Bonaparte. Al
tribuição das terras. Nestas condições, foi fácil ao Cardeal Rufio,
vindo da Sicília, agrupar os camponeses insatisfeitos ou descontentes, Ff bert Ollivier, estudando os esboços de romances escritos pelo Gene
ral em sua juventude, Le Masque Propbète, Clisson et Eugénie, mostra
contra os burgueses que eles detestavam há muito tempo, ou contra que o herói desses relatos hesitou incessantemente entre a glória e a
os nobres liberais que haviam tomado o poder. renúncia: assim foi Bonaparte. Entretanto, na preparação do 18
Deu-se na Calábria um fenômeno análogo ao que constatamos no brumário é indispensável levar em consideração a inclinação que
Oeste da França (p. 224). Aliás, é sintomático constatar que este an Bonaparte manifestava pelo poder, nos “proconsulados” que exerceu
tagonismo entre camponeses e burgueses, chegando até à guerra ci desde 1796 (na Cisalpina, no Egito) e a tendência manifestada pelo
vil, tenha sido esclarecido quase simultaneamente por historiadores íg
!» ! próprio Diretório, para governar através de “golpes de Estado”, não
que trabalhavam separadamente, cada um ignorando profundamente somente na França, mas principalmente nas “repúblicas irmãs”, onde
as pesquisas do outro: Paul Bois no Mans e Gaetano Cingari em % ele ordenou freqúentemente a seus generais e a seus comissários que
Messina. De qualquer forma, Ruffo teve a habilidade de compreen realizassem tais golpes e os habituou, dessa maneira, a usar da força
der a situação e de explorá-la, proclamando, desde seu desembarque contra o poder civil legalmente estabelecido.77
na Calábria, a abolição dos impostos mais impopulares. Também as Quanto aos motivos da acolhida favorável que teve o golpe de
massas componesas se reuniram a ele. E característica esta exclama Estado, Albert Ollivier os encontra, assim como seus antecessores, na
— 256 — — 257 —
situação “deplorável” da França por ocasião do 18 brumário. A situa 9 termidor, as recordações deixadas pelo Terror, o cansaço dos re
ção seria tão má como freqúentemente se tem dito? A ordem estava publicanos tornaram-na pouco provável — finalmente, a ditadura mi
restabelecida internamente, o inimigo repelido no exterior, o Diretó litar, que o próprio Diretório preparava sem perceber. Esta solução,
rio conseguira realizar uma importante obra legislativa e administra prevista por Robespierre desde o inverno de 1791-1792, era a mais
tiva que, se tivesse sido lealmente aplicada, teria feito com que o país provável. Quis o destino que esta ditadura coubesse, por sorte, a
voltasse rapidamente à calma e à prosperidade. Mas, seria possível Bonaparte, o general de maior prestígio e incontestavelmente o mais
estabelecer um governo republicano na França, em 1799? inteligente. Mas era também o mais ambicioso e o mais perigoso,
A. Mathiez e Georges Lefebvre, em suas diversas obras, assinala para a França e para a paz do mundo. Sob outros aspectos, ele deve
ram justamente que republicanos, constituídos por uma pequena mi ria prolongar a Revolução por mais quinze anos e levá-la, através da
noria em 1792, continuavam sendo uma minoria em 1799- A repú Europa, até a Moscóvia, Dalmácia e Guadalquivir: são essas as gran
blica só poderia viver, portanto, graças à ditadura. O Diretório desde des linhas que a pesquisa histórica deve deduzir da história do 18
o início tentara escapar à ditadura, mas errou em 1797, permitindo brumário.
que se operasse uma restauração realista. Também o “triunvirato’’
ditatorial, constituído por Barras, Reubell e La Révellière-Lépeaux, notas
se apoderara da ditadura a 18 frutidor do ano V (4 de setembro de ' Sobre o Condado, Chobaut, “Un Révolutionnaire Avignonnais, A. P. Peyre, A.H.R.F. ,
1797) e a conservou até junho de 1799, época em que foi derrubado 1931, PP 31-48 e 97-108 e Vaillandet, "La Mission de Maignet en Vauclause”, A.H.R.F., 1926,
por uma coalizão de Jacobinos e de generais descontentes. Esta coali pp. 168-178 e 240-243. Sobre Montbéliard, H. Hugon, em Franche-Comie et Monts Ju ra de 1923.
Sobre Porrentruy, J. Suratteau, “Un Commissaire du Directoire: F. A. Roussel”, A .H .R.F., 1957,
zão não poderia durar. Quem exerceria a ditadura? Os Jacobinos? pp. 316-339, assim como sua tese (n.° 640 b) e as obras mais antigas de G. Gauthebot, n.° 6 6 8 .
Mas, em 1794 haviam perdido o apoio que possuíam no país. Por Sobre o principado de Salm, Ch. Chapelier, na Semaine Religieuse de Saint-Dté, 1920. Sobre Mu-
lhouse, Meininger, Le Traité de Réunion de Mulhouse a la France, Mulhouse, 1910; Ch. Schmidt,
tanto, somente na falta de uma restauração realista seria possível uma Une Conquete Douanière, Mulhouse, Paris, 1912. Sobre Genebra, Chapuisat, n.° 669 e De la Ter-
ditadura militar. reur a 1’annexion, Genebra, 1913; La Suisse et la Révolution Française, Genebra, 1945 e Barbey,
Desportes et l’Annexion de Genebe a la France, Paris, 1910.
Não se pode negar que a ditadura militar tenha parecido a muitos
2 Ver os artigos de F. Vermale, nos A.H.R.F. e do mesmo autor, La Révolution en Savoie,
republicanos uma boa solução. Para compreendê-la é preciso estudar Chambery, 1926, assim como F. Avezou, Annecy, 1937; o estudo de J. Nicolas (n.° 241 a), e
a evolução da mentalidade do exército, ou, pelo menos, dos oficiais. Cónego Gros, La Maurieene pendant la Révolution, 1947. Sobre o Condado de Nice, J. Combet, n.°
Muitos destes haviam começado como voluntários, em 1791, 1792 e 243 e La Révolution a Nice (1912).
1793, para defender a Revolução e a República. Estavam convenci 1 N.os 270, 271, 6 6 6 , 667, 667 a, a serem completados por S. Tassier-Charlier, “Les Sociétés
des Amis de la Liberté et de 1’égalité en Belgique” (A.H.R.F., 1933, 307-316) e “La technique des
dos de que tinham o monopólio do espírito republicano. Julgavam révolutions nationales et le duel Cornet de Grez-Verlooy , in Mtscellanea l.Van dex Essen, Bruxe
t.er o direito de intervir, mesmo pelas armas, a fim de expulsar os las, 1947, pp. 901-913, e também F. Leleux, Anvers et la Première Occupation Française par les Armées
Révolutionnaires, Liege, 1960.
bisbilhoteiros que punham a perder o regime. As cartas desses ofi Ver L. Leclére, “L’Esprit Public en Belgique de 1795 a 1800” R.H.M., 1940, pp. 32-43 e
ciais mostram este estado de espírito. Desse modo, o general Dupuy, “Decadaire resp. Maandelijkse rapporten van de Commissarissen van het Directoire Executif in
filho de um padeiro de Toulouse, ardente democrata; escreveu a um het Department van de Nedermaas, 1797-180C” (em francês), em Anciens pays et Assemblées d’Etat.
Etudes Publiées par la Section Belge de la Commission Internationale pour 1’Histoire des Pays d’Etat, t. X,
de seus amigos durante o verão de 1797: “Vamos, meu amigo, queira Louvaina, 1955- Ver também o n.° 272 a.
o ceu que possamos vos dar a mão, e, quanto a mim, desejaria que Th. Vandebeeck e J. Grauwels, De Boerenkrijg inf het departement van de Nedermaas, Lou
não estivesse só, mas com o exército”. E, alguns meses mais tarde, vaina, 1961 (Anciens Pays et Assemblées d'Etats, t. X X III), n.° 667 b.
queixou-se de que seus eleitores não tivessem escolhido mais milita 6A .H .R .F., 1935, pp. 364-365.
res para deputados, porque apenas estes seriam capazes de chamar à Ver os estudos recentes de R. Devleeshouwer (667 a), R. Darquanne (667 c) e J. Cathelin
razão os grandes faladores ignorantes” que governavam a França. O (667 d).
exército estava persuadido de que conservara a pura doutrina repu Gand, 1954.
Foram realizados alguns trabalhos sobre a venda dos bens nacionais. Ver I. Delatte, La
blicana e que, somente ele, poderia salvar a República.78 Vente des Biens Nationaux en Belgique”, R.H.M ., 1940, pp. 44-51. Anexar: Jan Lambert, Inbes-
Portanto, em 1799 havia para a França, apenas três soluções: a lagnane en Verkoop van de Nationale Goederen” (no departamento de Escaut), Bijdragen tot de
restauração monárquica — porém o fracasso das tentativas contra- Geschiedenis van het Blatteland in Vlaanderen, II, Gent, 1960, ver também o n.° 272 a.
revolucionárias não o permitiu — uma nova ditadura jacobina — 10 Ver os n.°' 231 e 232, assim como, para cada uma das colónias, as obras mais detalhadas do
general Nemours (Histoire Milttaire de la Guerra d’Independence de Saint-Domingue, 2 vols., 1929) a
mas, a destruição dos “sans-culottes” e dos quadros jacobinos desde
— '258 —
francês (Les Français en Italie, Paris, 1961) está desatualizado em relação à pesquisa histórica atual,
e essencialmente anedótico.
mm&ÊMIiP l
France,de 1789 a 1w T f t ! ! w 4 ) “ '* Rév° lutÍon F™ ^ ' - ' « Representam* d e T c ^ '
* N.° 674.
:7 N.° 673.
■>u
Struttura-Sociale e Realtà Política nel Progetto Constituzionale dei Giacobini Piemontesi”,
em Società, 1949, pp. 436-475. Sobre a imprensa, ver a obra recente de R. de Felice, citado na
p. 287.
* ~ H)
Consultar os n.°' 675 e 676. Estas duas obras tratam de quase todas as questões políticas e
í ^ X P ^ , dr953ntDOmmgUe " *a RéV° lut,0n"' * C/,i A W « * /7fi9_
institucionais. C. Zaghi termina uma obra de conjunto sobre a República Cisalpina. Para mais
precisões, poderemos nos dirigir a três importantes artigos de Baldo Perón (“La Passione delfln-
dependenza nella Lombardia Occupata dei Francesi, 1796-1797”, N .R.S., 1931; “La Societá Popo-
lare di Milano, 1796-1799”, R.S.J., 1954, pp. 511-517; “II Colpo di Stato deli Ambasciatore
14 234’ Trouvé nella Repubblica Cisalpina”, Miscellaneo Cessi, 1959).
K)
Poderemos ler a este respeito um artigo de C. de Langasco, “Un Esperimento di Política
Giansenista? La Repubblica Ligura, 1797-1800”, in Nuove Richerche Storiche sul Ciansenismo (Roma,
•p». « - 5 6 , ,„ b „ ,„ „ io ........................... £ £ £ “ ( * 1954, pp. 211-229), o estudo de M. B. Hill, “Les Preliminaires de ia Constitution Ligurienne de
1798” (A.H.R.F., 1958, pp. 51-57), e o livro de R. Boudard, Génes et la France dans la Deuxième
N.° 2 7 3 . Mi.itie du XVIII *7siècle. Paris, 1962.
Firenze, 1956.
32
Os países da “terra firme” — que deveriam ser anexados à República Cisalpina — foram
estudados por R. Fasanari, Cli Albori del Risorgimento a Verona, 1785-1801, Verona, 1950, e A.
Frugoni, Breve Storia delia Repubblica Bresciana (1797), Brescia, 1947.
33
Do primeiro citamos: “La Crisi Economica e Sociale a Bologna nel 1796”, em At ti e Memo-
rie delia Deputazione di Storia Patria per la Provinda di Romagna , 1953, nuova seria, III, 83 p.; “La
Crisi Economica e Sociale a Bologna e le Prime Venditedei Beni Ecclesiastici, 1797-1800”, ib id .,
2r&í*5/a - X W l ^ ^ L 1928^ DT /apfiem ”' E~ 1 “ * 1953-1954, 43 pp.; “La Vendita dei Beni Ecclesiastici a Bologna e nelle Romagne, 1797-1815”,
favorável à autonor 0 ^ 0 ^e^ãt^na R ”nâniâ^mes^í^,lV 99rA2 mak!r;,,S^rOU'^n*0* ^ ^ ^ u^ ibid., 1956-1957, pp. 247-328. La Proprietà Terriera e le Origini del Risorgimento nel Bolognese, t. 1,
rança, garantia das novas jj™ ’ sendo esta considérad^Tnt^ssJvd, era 1789-1804, Bologna, 1961 e o n.° 675 a. Do segundo: Prime Ricerche Sulla Distribuzione delia
'* !? * ' ^ ' d° qUe ° ret0rn° 30 Santo-Império, ^ e M c e r ^ o Am° o Proprietà Fondiaria nella Rianura Bolognese, 1789-1813 , Bolonha, 1957.
N.° 677 e La Crisi del Potere Temporale alia Fine del Settecento e la Parentesi Costituzionale del
1798-1799 (Bologna, 1954, Premessa al l.° volume delle Assemblee delia Republica Romana) Con
4 ^ RbeÍnlandtS im Ze,taU'rd e rf ™ ™ » ‘h'n Revolution , 1780-/80/ ,. sultar também o n.° 677a.
35
S c í S r r ' ***»■• 36
La Vendita dei Beni Nazionali nella Repubblica Romana. Roma, 1960.
N.° 678.
Nós o completaremos por Lucarelli, La Puglianel Risorgimento, Trani, 1948; Ruggiero Ro
mano, “Vincenzio Russo egli estremisti delia Repubblica napoletana del 1799”, em Atti delPAcca-
demia Nazionale dei Scienzi Morali e Politici di N apoli, 1952-1953, t.65, pp. 67-128; Helmut Goetz,
“I Membri francesi del Governo Provisorio delia Repubblica Napoletana del 1799”, em Quellen
und Forschungen ausltalianischen Archiven und Bibliotheken, e 39, pp. 277-325, e 40. Os proble
mas sociais foram abordados, mas não resolvidos, por N. Rodolico, II Popolo Agli Inizi del Risorgi
mento nel?Italia Meridionale , 1798-1801 (Florença, 1925). Ver também o n.° 678 a. 4
““Er™v:'“ rsr**™ a—- 38 r
Esta, muito interessante, foi estudada principalmente por G. Vaccarino, n.° 679 e em vá
rios artigos: “Crisi Giacobina e Cospirazione Antifrancese nelTanno VII in Piemonte”, in Occidente,
, “ »•*»■ »» - * » «. " L a 1952; “Annessionismo e Autonomia nel Piemonte Giacobino dopo Marengo”, in Studi in Memória
di Gino Solari, 1953. Consulte-se também o estudo de R. Nouat sobre fcerise, “Un Giacobino
Piemontese”, in Itinerari, 1956, pp. 281-310.
39 .
O melhor estudo sobre esta república é o que foi redigido põt A. Rufer, n.° 283. Uma
grande quantidade de documentos foi publicada (ver p. 29). Recentèmente surgiram também estu
dos regionais; sobre o cantão de Berna, o estudo muito tradicional è bastante favorável ao Antigo
Regime, de Richard Feller, Geschichte B em s, t. IV: Der Untirgang des alten B em s, 1798-1799,
Berna, 1960; sobre o cantão deZurique,o de Wolfang von wartburg,n.° 509; sobre o Vaiais, o de
Michel Salamin, Histoire Politique du Vaiais sous la Rèpubiique Helvétique, 1798-1802, Sierre, 1957.
Já foram abordados por mim em meu trabalho Commissaires aux Armées, n.° 656.
“ ‘^ « * * £ g í £ á Os problemas relativos ao desenvolvimento do ensino foram entretanto vistos através de
— 260 —
Pestalozzi (A. Rufer, Pestalozzi, die Franzòsische Rêvolution und die Helvetik, Berna 1928' E We
namericano de H istória, Madri, 1953, “Causas y Caracteres de la Independência Hispanoameri-
ber, Pestalozzi der Revolutionàre P atn ot, Zurique, 1946; M Bachlin, Pestalozzi ais Social Revolutiã
nare^ Zurique, 1946). ” ” Madri, Í9 5 3 e os estudos de R. Konetzke, “La Condicion legal de los Crioilos y las Causas
j . la "independencia”, nos Estúdios Americanos, 1950, pp. 31-54; assim como o de B. Lewin, Lar
C. C e s tr e jo h n Thelwall, Paris, 1906. Wovimientos de Emancipacion en Hispano America y la Independencia de America, Washington, 1955.
4.1
Steven Watson, n.° 265. Ver os n” 689a e 689b.
44
Steven Watson, n.° 265, p. 361. 68 Razão pela qual os documentos deste general foram objeto de uma monumental publica
45 rão: Archivo del General M iranda, Caracas, 1929-1933, 15 vols. Esses documentos começaram a
G. E. Manwaring e B. Dobrée, The Floating Republic. Londres, 1935. l explorados, especialmente por C. Parra-Perez, Miranda e Mme. de Custine (Paris, 1950) e por J.
46
Steven Watson, n.° 265, p. 387. F Thorning M iranda: World C itizen , University o f Florida Press, Gainesville, 1952. Afora essas
47
„kras citamos ainda: E. Clavery, Trois Precurseurs de 1’lndépendence des Colonies Sud-Amencames:
Para todas estas questões, consultem-se as obras de S. L. Gwynn, Henry Grattan and his Miranda, 1765-1816; N arino, 1766-1823; Espejo, 1745-1795 (Paris, 1923); R. Caillet-Bois, En-
lim es (Londres, 1939) e pnncipalmente de R. B. Mcdowell, b ish Public Opinton 1750-180(1
(Londres, 1944). w sayo sobre el Rio de la Plata y la Revolucion Francesa (Buenos Aires, 1929) e o pequeno ensaio de H.
48 Barbagelata, La Rêvolution Française et 1'Amérique Latine (Paris, 1936).
Ver a grande obra de H. Desbrières, Projels et Tentatives de Debarquement aux í/es Britann, 69 Os documentos publicados por H. Huffer (Diplomatische Verhandlungen aus der Zeit der
clrd iff 1 9 5 0 ’ 19 0 0 6 ma'S recentemente E H Stuart Jones, The Last Im asion o f B ritain. franzõsischen Rêvolution, t. II: Der Rastatter Congrews und die Zweite Coalition, Bonn, 1879) e por
49 Pallain Le Ministere de Talleyrand sous le Directoire, Paris, foram amplamente utilizados por R.
N.° 259. Guyot, n.° 655. Poderemos completar esta obra pelo estudo já citado de Cario Zaghi, n. 661.
50
N.°' 277 e 279. 70 Os que foram publicados pela Historical Commission (Report on lhe Manuscripts of). B F°rtes-
5 I
cue esq. preserved at Dropmore, mais conhecidos sob a abreviação de Dropmore papers, t. IV e V,
Paris ! 9 4 7C m f Je L E,at Prussie" * la F,n du X V II,e W f “ l“ Genèse de la Mentalite Romantique. Londres, 1905-1906) não foram ainda utilizados como seria conveniente.
52
__^ M. N. Strange, n.° 317. 71 Apenas o general de Stamford foi estudado pelo comandante M. H. Weiil (Un Agenl ln-
connu de la Coalition: o General de Stamford. d'Après sa correspondance Inêdtle. Paris, 1920). As
M N ational Consciousness in Eighteenth Century Rússia. Harvard University Press, 1960. pesquisas realizadas para identificar Vannelet, um correspondente do Conde d'Antraigues, cujas
G. Berti mostrou como a Rússia, aproveitando-se da Revolução, desenvolveu suas ligações cartas eram enviadas aos governos austríaco e napolitano, continuam sem resultados até o presente
com os Estados Italianos (Rússia e stati italiani nel Risorgimento. Torino, 1957), o que permitiu a (ver^J. Godechot, n.° 106, pp. 186-215). Ver também os n."' 646a e 646b.
Paulo fazer-se proclamar, em 1798, embora não católico, grande mestre da ordem de Malta Messina, 1957.
depois, graças a uma paradoxal aliança com a Turquia, de apoderar-se, em 1799, das Ilhas Jónicas e
7 3 Ver a este respeito Giorgio Vaccarino “Crisi Giacobina e Cospirazione Antifrancese
desenvolver desse modo, a influência russa na Grécia e nos Bálcãs (consultar a este respeito Bons
nelFAnno VII in Piemonte”, no Ocidente, 1955; e n.° 678, G. Vaccarino mostrou que os revolta
Mouravieff, L Alliance Russo-Turco au Milieu des Guerres Napo/éoniennes, Neuchâtel, 1954.)
dos pretendiam criar uma república piemontesa e alguns, entre eles, desejavam mesmo criar uma
N .° 302.
56 * república italiana que irouxesse reformas sociais inspiradas nas idéias de Babeuf e de Buonarroti.
N .° 303. As memórias de Bongiovanni, um dos insurretos, publicadas por G. Vaccarino, confirmam ainda
57
mais esta interpretação (Felice Bongioanni, Mémoires duhjacobin (1799), Turim, 1758).
Consultar a obra mais recente de M. Artola, n.° 304.
Joseph Lacoutre, Le Mouvement Royaliste dans le Sud-Ouest, Hossegor, 1932, T. dc Hansy,
Felix Gilberto, To the Farewell Address, Ideas o f Early American Foreign Policy, Princeton Conlribution à l’Histoire de l’Insurrection de Thermidor an VII dans l'Ariege, Foix, 1936.
University Press, 1961, A. de Conde, n.° 493; L. M. Sears, n.° 574.
75 A. Vandal, n.° 697; Bainville, n.° 698; A. Meynier, Les Coups d’Etat du Directoire, t. III: Le
Consultar a_ este respeito, o artigo de Beatrice Hyslop, '‘The American Press and the
irench Rêvolution , nas Transactrons o f the American Philosophical Society. 1960, n.° I, pp. 54-85. 18 brumaire, Paris, 1928.
“Le Comité de Salut Public et Ia Mission de Genêt aux-Etats-Unis”, na R.H.M. 76 N.° 699
5-35. 1909, pp.
Consultar minha Grande N ation , n.° 31, t. II, cap. X III, pp. 451-477.
6I
, M ftrson . Friend o f France. The Career o f Ed. Ch. Genêt. Nova York, Londres, 1928. 78 Le General Dupuy et sa Correspondance, edição crítica de Cl. Petitfrère, Paris, 1962 (Biblio-
teca de História Revolucionária).
,, , f 7° ? ^ SU'ta,de eXCelf " f „ obra de Miss Frances Chllds. french Refugee Life in the Umted
òtates, 1 /9 0 -1 8 0 0 , Baltimore, 1940.
6.1
E. W. Lyon, em seu artigo “The Directory and the United States", (A.H.R 1938)
limitou-se a examinar a política governamental.
N.° 655.
65
Talleyrand. t. 1, Paris, 1928. Sobre a “quase guerra” ver Ulane Bonnel, La France Les
Etats-Unis et !a Guerre de Course (1797-1815), Paris, 1961.
,, ,. umf bibliografia sobre esta questão no livro Handbook o f Latm American
Studies, 1934-1958, 21 vols., e em R. A. Humphreys, “The Historiography o f the Spanish Ameri-
’ ln X Congresso Intemazionale d i Scienze Storiche, Roma, 1955; Relazioni, t 1 pp
x u j / 0'™ 3 ’ J .? 55)- Entre as sínteses rápidas, uma das melhores é a que foi escrita por
Richard Konetzre, “Die Rêvolution und die,Unabhàngigkeitskámpfe in Latein Amerika” na Misto-
ria M undi, t. IX , n.° 39.
67
Poderemos consultar, a este respeito, as comunicações apresentadas no Congresso Hispa-
262
263 —
Conclusão Geral
A Revolução tal qual acabamos de mostrar não se apresenta
mais, parece-nos, como uma série de agitações políticas e sociais
ocorridas na França e secundariamente em território de seus vizinhos
imediatos, na última década do século X V III.
A Revolução foi um esforço gigantesco dos habitantes do hemis
fério ocidental para apressar a liberação do homem, a fim de que ele
pudesse desfrutar mais “felicidade” sobre a terra. Não foi em vão que
Saint-Just pronunciou as célebres palavras: “A felicidade é uma idéia
nova na Europa”.
O homem libertou-se, antes de tudo, das opressões da natureza.
Há séculos ele cultivava as mesmas plantas, e estava submisso às
mesmas eventualidades da produção. Caso uma má colheita sobre
viesse, seria uma catástrofe. Em consequência advinha a miséria, fre-
qúentemente a fome, acompanhadas de uma elevada mortalidade. A
introdução de plantas novas na Europa, a maioria delas importadas da
América, a modificação dos processos de cultura, permitiram ao
homem diminuir as más colheitas, praticamente suprimir a fome e
reduzir a gravidade dos períodos de miséria. São esses os elementos
da “revolução agrícola”. Esta revolução desencadeou uma outra, a
“revolução demográfica”. A população do mundo ocidental começou
a crescer rapidamente, tão rapidamente mesmo, que o homem julgou
necessário dominar este crescimento, dirigi-lo, “planificá-lo”, como
diríamos atualmente, através do controle da natalidade, como se ob
serva em várias regiões do Ocidente no decorrer do século X V III.
Ao mesmo tempo, como já o havia assinalado Barnave, a posse
da terra deixou de ser a fonte principal de riqueza. O desenvolvi
mento do comércio marítimo, resultante das descobertas do século
X V I, teve como consequência a formação de burguesias ricas e po
derosas na Inglaterra, nos Países-Baixos, na França, em certas provín
cias da Alemanha e da Itália. Foi a revolução económica que desen-
— 26Ó -
cadeou o aparecimento do capitalismo comercial e- liberou algumas 1750 que começou a aparecer a Encyclopédie. Em todo caso, e certo
categorias sociais do domínio dos grandes proprietários rurais. ue a data de 1799 pouco significa neste movimento revolucionário.
Estas agitações causaram reflexões: o homem se libertava dos ve E uma “peripécia” que talvez tivesse prolongado o movimento modi
lhos conceitos, das antigas formas de pensamento. E a revolução inte ficando um pouco seu aspecto, mas que, contrariamente à afirmaçao
lectual, caracterizada pela expansão das “luzes”, o êxito dos filósofos rle Bonaparte, não “encerrou” a Revolução. A Revolução continua.
e de seus livros. Revolução científica também: o homem se esforça Nas primeiras décadas do século X IX ela atingirá regiões e domínios
por ampliar os domínios nos quais pode dominar a natureza. Ele de que, antes de 1800, ainda tinham sido preservados.
seja reduzir o esforço realizado por seus semelhantes e procura subs
tituir o trabalho humano pela máquina. Os princípios da Revolução
industrial aparecem principalmente na Inglaterra, mas também na
França, na Alemanha e nos Países-Baixos, por volta de 1750.
Diante desses progressos por que não poderia o homem
libertar-se da tirania? Os “filósofos” exaltavam a liberdade. A busca
desta liberdade foi o objetivo da revolução política. Mas não poderia
também se libertar da dominação dos ricos, estabelecendo para isso a
igualdade? Alguns “filósofos” pensavam nisso. As primeiras tentati
vas de revolução social tiveram lugar entre 1770 e 1799-
A revolução foi, portanto, total. Atingiu todos os domínios da
atividade humana. E difícil e talvez temerário estabelecer entre essas
diversas formas de revoluções uma ordem de prioridade ou uma hie
rarquia. Todàs tiveram repercussões umas sobre as outras. Entre
tanto, parece certo que a revolução agrícola tenha dado ocasião à
revolução demográfica e que esta por sua vez tenha desencadeado
um novo desenvolvimento da revolução agrícola. Da mesma forma, a
revolução económica e o desenvolvimento da burguesia capitalista,
tiveram como consequência a revolução política e também a revolu
ção industrial. Ambas provocaram um desenvolvimento mais acen
tuado do capitalismo. Quanto à revolução social, estava apenas se
iniciando. A revolução do Ocidente, no século X V III, caracterizou-
se nesse âmbito pela abolição legal do regime “feudal”, cujos únicos
vestígios subsistiam através de uma tentativa tímida e restrita de
redistribuição de terras e de algumas antecipações socialistas.
Quando se pensa no número de domínios atingidos pela revolu
ção ocidental em sua amplitude, torna-se evidentemente quase pueril
assinalar fronteiras precisas no tempo e no espaço. As regiões mais
atingidas foram evidentemente os Estados Unidos, a França, os
—
OS MEIOS DE PESQUISA:
FONTES E BIBLIOGRAFIA
capítulo 1
P a r a e s t u d a r a R e v o l u ç ã o t o r a d a F r a n ç a , é p r e c i s o r e c o r r e r a g u ia s n a c io n a is r e l a
tiv o s a c a d a país. E m g e r a l , n o c a s o d e s t e s g u ia s n ã o te r e m s id o e s ta b e l e c i d o s s o b o
p o n t o d e v ista d a h i s t ó r ia d a R e v o l u ç ã o , e l e s ti v e r a m c o m o o b j e t i v o p rin cip a l q u a lq u e r
o u t r o a c o n t e c i m e n t o d a h i s t ó r ia d a n a ç ã o d e q u e s e o c u p a m . N e m a C o m is s ã o I n t e r
n a c io n a l d e C o o p e r a ç ã o I n t e l e c t u a l , e n t r e 1 9 2 0 e 1 9 3 9 , n e m a U N E S C O , d e s d e 1 9 4 5 ,
se p r e o c u p a r a m e m c r i a r u m o r g a n i s m o in te r n a c io n a l d e e s tu d o s . E n t r e t a n t o , n ã o fa l
ta m c o m i s s õ e s in te r n a c io n a is , m a s e la s ti v e r a m q u e s t õ e s m e n o s c la r a m e n te d e lim ita d a s
c o m o s e u o b j e t o d e p e s q u is a . A s s im t e m o s a C o m i s s ã o In te r n a c io n a l d e H i s t ó r i a d o s
M o v i m e n t o s S o c ia is e d a s E s t r u t u r a s S o c i a is c u j a a ç ã o u ltra p a ssa a h is tó r ia d a R e v o l u
ç ã o , c o m o a d e f in im o s n o n o s s o p r e f á c i o . E m 1 9 3 6 , f u n d a ra -se c o n v e n i e n t e m e n t e u m
Institut International d'Histoire de la Révolution Française. M a s su a a tiv id a d e fo i p e
q u e n a e e l e d e s a p a r e c e u p o r o c a s i ã o d o in íc io d a S e g u n d a G u e r r a M u n d ia l.
A) NA FRANÇA
F o i a F r a n ç a o p aís q u e d e u as m a i o r e s c o n t r i b u i ç õ e s . M a s fo i um e s f o r ç o d e s o r
.1
d e n a d o . N a v e r d a d e , as r iv a lid a d e s q u e p e r tu r b a r a m o s h o m e n s n a é p o c a d a R e v o l u
ç ã o p e r p e t u a r a m - s e e n t r e s e u s h i s t o r i a d o r e s . C a d a p a rtid o q u is t e r su a o r g a n iz a ç ã o d e
p e s q u is a . O p r ó p r i o E s t a d o n ã o s o u b e i m p o r s u a a u to r id a d e às d i f e r e n t e s a d m in is tr a
ç õ e s e o s o r g a n is m o s s e m u l t ip l ic a r a m , e n t r a n d o f r e q u e n t e m e n t e e m c o n c o r r ê n c i a .
A liá s , m u i t o s d e s s e s o r g a n i s m o s d e s a p a r e c e r a m e , a tu a lm e n te , te n d e -s e à u n if ic a ç ã o da
p e s q u is a . T a lv e z s e j a ú til c o n h e c e r o s a n tig o s c e n t r o s de e s t u d o , a fim d e p o d e r se
o r i e n t a r e n t r e as n u m e r o s a s c o l e ç õ e s q u e e le s p u b lic a ra m ; n ã o p o d e m o s m e n c io n á -la s
a q u i, m a s o l e i t o r e n c o n t r a r á i n f o r m a ç õ e s a s e u r e s p e i t o no Manuel, d e P ie rre C a ro n .
271
A tu a lm e n te , n a F r a n ç a , t o d a p e s q u is a , d e u m a m a n e i r a g e r a l , é d irig id a p e l o Centre Revolução ou alguns d e seus aspectos. A Societé des Etudes Robespierristes é a ú n ic a q u e
National de la Recherche Scientifique. M a s , a h i s t ó r ia d a R e v o l u ç ã o é a p e n a s u m a p a r c e la c o n tin u a a in d a e m a tiv id a d e . F u n d a d a e m 1 9 0 7 p o r A l b e r t M a th ie z e C h a r le s V e lla y ,
d e sd e o in íc io i n t e r e s s o u - s e n ã o s o m e n t e p o r R o b e s p i e r r e , m as p o r to d a h i s t ó r ia d a
ín fim a e m s e u im e n s o c a m p o d e a ç ã o .
R e v o l u ç ã o . E la p u b lic a u m a r e v is ta q u e t e v e in ic ia lm e n t e o n o m e d e Annales Révolu-
E n tr e ta n t o , u m o r g a n is m o m u it o m a is a n tig o q u e o C . N . R . S . , s e m s e r e s p e c ia li
z a d o n a h is tó r ia d a R e v o l u ç ã o , d irig iu e p u b l ic o u n u m e r o s o s tr a b a lh o s s o b r e e s ta
tionnaires ( 1 9 0 8 - 1 9 2 3 ) , d e p o is Annales Historiques de la Révolution Française . E s t a
re v ista , q u e é p u b lic a d a r e g u l a r m e n t e e m f a s c íc u l o s tr im è s t r a i s , é a ú n ic a n o m u n d o
é p o c a . É o Comité des Travaux Historiques et Scientifiques, d o M in is té r io d e E d u c a ç ã o
a tu a lm e n te e s p e c ia li z a d a n o e s tu d o d a R e v o l u ç ã o . D e p o i s d a m o r t e d e G e o r g e s L e
N a c io n a l. E s t e C o m ité h e r d o u , e m 1 8 8 6 , as a t r i b u i ç õ e s d e u m a Commission chargêe de
fe b v re ( 1 9 5 9 ) , f o i d irig id a p o r J a c q u e s G o d e c h o t , E r n e s t L a b r o u s s e , M a r e e i R e in h a r d
Préparer la Publication des Documents Relati/s à l’Histoire de 1’lnstruction Publique Pen-
dant la Période de 1789 à 1808 e q u e n ã o h a v ia f e i t o n a d a , m a s e s t a h e r a n ç a lh e d e u e A lb e r t S o b o u l.
A S o c i e d a d e d e e s t u d o s r o b e s p i e r r is ta s t a m b é m p u b l ic o u u m a Bibliothèque d'His-
c o m p e tê n c i a e m r e la ç ã o a o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io . D e s d e 1 9 1 2 , a s e c ç ã o d e h is tó r ia
toire Révolutionnaire, c o n t a n d o c o m 3 8 v o lu m e s e e d i t o u as Oeuvres Completes de Robes
m o d e r n a (d e s d e 1 7 1 5 ) e d e h i s t ó r i a c o n t e m p o r â n e a , d e s t e C o m i t é , s e o c u p a da
pierre, c o m o a u x ílio d o C .N .R . S . e d a V I s e c ç ã o d a E s c o la d e A lt o s E s tu d o s ( 1 0
R e v o l u ç ã o . D irig iu o u c o n t r o l o u a p u b lic a ç ã o d e m a is d e 7 0 v o l u m e s d e e s t u d o s o u d e
d o c u m e n to s , o s q u a is s e r ã o m e n c io n a d o s m a is a d i a n t e , n e s t a o b r a c o m a in d ic a ç ã o : v o ls.).
N a F r a n ç a e n o e s t r a n g e i r o , a s s o c i a ç õ e s h i s t ó r ic a s , c u j o c a m p o d e a ç ã o é , e m g e r a l,
Comité des Travaux Historiques... A m a is c o n h e c i d a d e s ta s p u b l ic a ç õ e s é o c é l e b r e Re-
m u ito m a is a m p lo q u e a é p o c a r e v o lu c io n á r ia , p o d e m o c u p a r - s e o c a s io n a lm e n te d e s t e
cueil des Actes du Comité de Salut Public, Avec la Correspondance Officielle des Représen-
p e río d o . C ita m o s e s p e c i a l m e n t e a Societé d’Histoire Modeme, c r i a d a e m 1 9 0 1 . E l a e d i
tants en Mission et le Registre du Conseil Exécutif provisoire ( 2 8 v o ls . i n - 4 .° , m a is 3 v o ls .
to u d e -.1 9 2 6 a 1 9 3 9 a Revue d’Histoire Modeme e , d e s d e 1 9 5 4 , a Revue d’Histoire Mo-
d e ín d ic e s e 1 v o l. d e s u p l e m e n t o ) , q u e o r i e n t o u A . A u la r d e c u j o s d o is ú ltim o s
v o lu m e s f o r a m p u b lic a d o s g r a ç a s à d i lig ê n c i a ;d e P . M a u t o u c h e t e , e m s e g u id a , d e
derne et Contemporaine.
G e o rg e s L efeb v re.
B) NOS ESTADOS UNIDOS
O Comité des Travaux Historiques o r g a n iz a , t a m b é m , o s C o n g r e s s o s d e S o c i e d a d e s
E r u d ita s , q u e d e s d e 1 9 4 7 r e c o m e ç a r a m s u a s s e s s õ e s a n u a is. A s c o m u n i c a ç õ e s s ã o p u
b lica d a s n o Bulletin q u e a p a r e c e d e s d e 1 8 8 2 .
O f a to d e t e r e m o s E s t a d o s U n i d o s , e n q u a n to E s t a d o , s e o r ig i n a d o d a R e v o l u ç ã o ,'
n a tu r a lm e n te im p u ls io n a r a m as a s s o c i a ç õ e s h i s t ó r ic a s a m e ric a n a s a e s tu d a r p a r ti c u la r -
J e a n J a u r è s c r i o u , c o m o o d is s e m o s , ju n to a o Comité des Travaux Historiques. u m a
m e n te a é p o c a r e v o l u c i o n á r i a .3 A m a is im p o r t a n t e d e s s a s a s s o c i a ç õ e s é a American
Commission Chargée de Rechercher et de Publier les Documents d'Archives Relatifs à la Vie
Historical Association, q u e p u b lic a a American Historical Revietv. E m 1 9 5 6 , f u n d o u -s e
Economique de la Révolution. C r i a d a e m 1 9 0 3 , e s t a c o m i s s ã o , c o m u m e n t e c h a m a d a Co-
u m a Society for French Historical Studies, q u e c o n s a g r a u m a im p o r ta n te p a r t e d e s u a
mission d’Histoire Economique de la Révolution , c r i o u a n e x o s e m n u m e r o s o s d e p a r t a m e n
a tiv id a d e à R e v o l u ç ã o n a F r a n ç a e n o s E s t a d o s U n i d o s . P u b lic a d e s d e 1 9 5 9 u m a r e
to s s o b a f o r m a o e Comités Départamentaux d ’Histoire Economique de la Révolution. C o
vista: French Historical Studies.
m is s ã o n a c io n a l e c o m ité s d e p a r ta m e n ta is c o n h e c e r a m fa s e s d e g r a n d e a tiv id a d e e p e
r ío d o s d e e s ta g n a ç ã o . E n t r e 1 9 0 3 e 1 9 1 4 f o ra m p u b lic a d a s as p r in c ip a is c o m p il a ç õ e s : C) NA ITÁLIA
C a d e r n o s d e r e c l a m a ç õ e s , d o c u m e n to s r e f e r e n t e s à v e n d a d o s b e n s n a c io n a is ,
p r o c e s s o s - v e r b a is d o s p r in c ip a is c o m i t é s d a s g r a n d e s a s s e m b l é ia s r e v o l u c i o n á r i a s , A e x i s t ê n c i a d a I tá lia u n ific a d a ta m b é m e s t á lig a d a à R e v o l u ç ã o . N ã o n o s e s p a n t e
c o m p ila ç ã o d e d o c u m e n to s le g is la tiv o s e in s t r u ç õ e s d e s ti n a d a s a o s p e s q u is a d o r e s . D e
m o s , p o r t a n t o , s e o i m p o r t a n t e Instituto per la Storia del Risorgimento d e d ic a u m a p a r t e
1 9 0 6 a 1 9 2 1 , a c o m is s ã o p u b lic o u , íg u a lm e n t e u m Bulletin , q u e r e a p a r e c e a p a r t i r d e
d e su as a tiv id a d e s a o s e s t u d o s r e v o lu c io n á r io s . C r i a d o a 9 d e n o v e m b r o d e 1 9 0 6 , c o m
1 9 6 0 . A lg u n s c o m ité s d e p a r t a m e n ta is ( C ô t e - d ’O r , S a r t h e , S e i n e - I n f é r i e u r e , S e in e - a fin a lid a d e d e c o l e t a r , c o n s e r v a r , p u b l ic a r d o c u m e n t o s , liv ro s , m e m ó r ia s r e f e r e n t e s à
e t- O is e e V o s g e s ) p u s s u e m ta m b é m su as p u b l ic a ç õ e s p e r i ó d i c a s . h istó ria d o Risorgimento, o r g a n iz a c o n g r e s s o s a n u a is , p u b lic a u m a r e v is ta , a Rassegna
A p ó s a P r im e ir a G u e r r a M u n d ia l, o b s e r v a - s e u m d e c lí n io d o tr a b a lh o d a c o m is s ã o .
Storica del Risorgimento, as a ta s d o s c o n g r e s s o s e u m a c o l e ç ã o m u ito im p o r t a n t e d e
E s ta r e to m a su as a tiv id a d e s d e 1 9 3 0 a 1 9 3 9 c o m a p u b l ic a ç ã o r e g u l a r d e Mémoires et
f o n te s , m e m ó r ia s e d o c u m e n t o s ( 9 6 v o lu m e s e d i ta d o s ) .
Documents, c o m d o is v o lu m e s e d ita d o s p o r o c a s iã o d o s e s q u i c e n t e n á r i o d a R e v o i u ç ã o
( 1 9 3 9 ) e c o m a e d i ç ã o d e v á r ia s g r a n d e s o b ra s . D) NA U.R.S.S.
H á n o v o p e r ío d o d e le ta r g ia d u r a n te e im e d i a t a m e n t e a p ó s a S e g u n d a G u e r r a
M u n d ia l. D e s d e 1 9 5 6 , a C o m is s ã o n a c io n a l in t e r e s s a - s e p o r q u a lq u e r p e r í o d o c o m N a U . R .S . S . , a s e c ç ã o d e h i s t ó r ia d a A c a d e m i a d e C iê n c ia s d e d ic a u m p a r ti c u la r
p r e e n d id o e n t r e 1 7 5 0 a 1 8 3 0 e p o r n o v o s p r o b le m a s c o m o o d a r e v o l u ç ã o d e m o g r á in te r e s s e à R e v o l u ç ã o . O s h i s t o r ia d o r e s r u s s o s , a n t e s e d e p o is d e 1 9 1 7 , p u b l ic a r a m
fica . A lg u n s c o m ité s d e p a r t a m e n ta is f o r a m r e c o n s t i t u í d o s e r e c o m e ç a r a m s e u s tr a b a n u m e r o s a s o b r a s s o b r e a é p o c a r e v o lu c io n á r ia .
lh o s.
E m 1 9 3 7 , G e o r g e s L e f e b v r e f u n d o u n a S o r b o n n e u m Instituí d’Histoire de la Révo E) OUTROS PAÍSES
lution. M a r e e i R e in h a r d , d e s ig n a d o p r o f e s s o r d e h i s t ó r ia d a R e v o l u ç ã o n a F a c u ld a d e
d e L e tra s d e P a r is , e m 1 9 5 5 , d e u a e s s e I n s tit u to u m n o v o im p u ls o ( v e r M . R e in h a r d , N o s o u t r o s p a í s e s , as a s s o c i a ç õ e s h i s t ó r ic a s d ã o m e n o s i m p o r tâ n c ia a o p e r í o d o
Ulnstitut d’Histoire de la Révolution Française, n a Revue Historique, 1 9 6 1 , t. 2 2 6 , p p . r e v o lu c io n á r io . T o d a v i a , tr a ta m d e v e z e m q u a n d o d e p r o b le m a s lig a d o s a e s s e p e
1 5 3 - 1 5 6 . ) E s te I n s titu to é a tu a lm e n te d irig id o p o r A . S o b o u l. r ío d o e as c o m u n i c a ç õ e s o u a r tig o s s ã o i m p r e s s o s n as re v is ta s q u e p u b lic a m .
Comité des Travaux Historiques, Commission d ’Histoire Economique de la
C .N .R .S .,
Révolution, Instituí d’Histotre de la Révolution, c o n s t i t u e m o s q u a tr o g r a n d e s o r g a n is
m o s o ficia is d e p e s q u is a e x is te n te s , a tu a lm e n te .
J u n t o a e le s , c o n s ti tu í r a m -s e a s s o c i a ç õ e s p a r ti c u la r e s c o m a fin a lid a d e d e e s t u d a r a
— 272 — — 273 —
NOTAS:
Paris, 1933 e 1951. O terceiro volume de índices data de 1964. Um Supplément do Recuei/
esta em preparo. O primeiro volume (10 de agosto de 1792- 15 de agosto de 1793) foi publicadn
em 1966. °
Uma Revue Historique de la Rêvolution Française apareceu de 1910 a 1923, sob a direc'
Charles Vellay, depois de Otto Karmin e, finalmente, de Gustave Laurent. Em relação à Societé d ?
Etudes Robespierristes, ver o artigo de M. Dommanget nos A .H .R.F., 1958, n.° 3, pp. 6-27 **
Sobre a organização do trabalho histórico nos Estados Unidos, consultaremos Tbe H anard
Guide to American History por Oscar Handlin, A.M. Schkesinger, S.E. Morison, F. Merk A M
Schlesinger Jr. e P.H. Buck. Cambridge (Mass.), 1954, SSIV-689 p. in-8.°
capítulo 2
As Fontes
É c o n v e n i e n t e d iv id ir as f o n t e s e m fontes manuscritas e fontes impressas. V am os
re v ê -la s s u c e s s i v a m e n te .
A) FONTES MANUSCRITAS
S o b r e o s a r q u i v o s , e m g e r a l, c o n s u l t a r e m o s o p e q u e n o liv ro d e J e a n F a v i e r , Les
architks , P a r is , P . U . F . , 1 9 5 9 .
a) N a França
1) In v e n t á r io s E R e p e r t ó r io s
2) Os A r q u iv o s N a c io n a is d a França
O m a is r i c o a c e r v o d e a r q u i v o s e m d o c u m e n to s r e f e r e n te s à R e v o l u ç ã o f ra n ce s a
e n c o n t r a - s e in c o n t e s t a v e l m e n t e n o s A r q u iv o s N a c io n a is . O s Etats des Inventaires sã o
r e g u l a r m e n t e p u b l ic a d o s . 1 S e r á p r e c i s o , a n te s d e q u a lq u e r p e s q u is a , c o n s u lta r e s se s
— 274 —
États e d e p o is o s p r ó p r i o s in v e n tá r io s . A s p rin cip a is s é r i e s r e f e r e n t e s à h is tó r ia da
1 ) C o r r e s p o n d ê n c i a p o lític a ; 2 ) M e m ó r i a s e d o c u m e n t o s ; 3 ) A r q u iv o s c o n s u la r e s ; 4 )
R e v o lu ç ã o s ã o as s e g u in te s :
P e sso a l; 5 ) C o n ta b i lid a d e . I n v e n tá r io s s u m á rio s d o s d o is p r i m e i r o s c o n j u n to s e s tã o e m
— Série B: E l e i ç õ e s e v o to s
fase d e p u b l ic a ç ã o .
— Série C: P r o c e s s o s - v e r b a is d a s A s s e m b lé ia s N a c io n a is e d o c u m e n t o s a n e x o s (cf. O s Archives de l’Armée de Terre co m p re e n d e m o S e rv iço H istó rico d o E x é rc ito ,
A. T u etey , Les Papiers des Ãssemblées de la Révolution aux Archives Nationales, Inventaire
in stalad o n o C a s t e l o d e V i n c e n n e s . N a a n tig a s e c ç ã o , as s é r i e s A e B in te r e s s a m a o
de la Série C (Constituante, Législative , Convention), P a r is , 1 9 0 7 , i n - 8 . ° . ) . p e río d o r e v o lu c io n á r io . O s A r q u iv o s A d m in is tr a tiv o s (s é r i e Y ) f o r n e c e m i n f o r m a ç õ e s
— Série D: M is s õ e s d o s r e p r e s e n t a n t e s d o p o v o e c o m i t é s d a s a s se m b lé ia s (c f. P. m u ito p r e c io s a s s o b r e o p e s s o a l. E n c o n t r a r e m o s , ig u a lm e n t e , d o c u m e n to s in te r e s s a n
C a r o n , Les Papiers des Comités Militaires de la Constituante, de la Législative et de la tes n o s A r q u iv o s d a “ e n g e n h a r ia ” , d o M a te r ia l e d a I n t e n d ê n c i a ( v e r o Guide des A r
Convention , P a r is , 1 9 1 2 , in -8 . ° ; C a m i lle B l o c h ,Les Procès-Verbaux du Comité des Pinan- chives des Armées, e d i ta d o p e lo M i n i s t é r i o d a G u e r r a , P a r is , 1 9 6 8 ) .
ces de l’Assemblée Constituante, P a r is , 1 9 2 3 , in -8 . ° ; C . B l o c h e T U E T E Y , Les Procès- Os Archives de la M arine , a n t e r i o r e s a 1 8 7 0 , f o ra m d e p o s ita d o s n o s A r q u iv o s N a
Verbaux et Rapports du Comité de Mendicité de la Constituante ( 1 7 9 0 - 1 7 9 1 ) , P a r is , 1 9 1 1 _ cion ais. O s a n tig o s Archives Coloniales e s t ã o s e n d o d e p o s ita d o s n o s A r q u iv o s N a c i o -
in 8 .° ; P h . S a g n a c e P . C a r o n , Les Documents des Comités des Droits Féodaux et de
nais. _ _ .
Législation , Relatifs à 1’Abolition du Regime Seigneurial, P a r is , 1 9 0 7 , in -8 . ° ; F . G e r b a u x T od os os Archives Départamentales f o r a m c la s s ific a d o s d e a c o r d o c o m u m u n ic o
e C h . S c h m i d t , Les Procès-Verbaux des Comités d'Agriculture et de Commerce de la Consti plano. A p u b l ic a ç ã o d o s in v e n t á r i o s e s t á ig u a lm e n te a d ia n ta d a . P o d e r e m o s c o n s u lta r ,
tuante, de la Législative et de la Convention, P a ris , 1 9 0 6 - 1 9 3 7 , 5 v o l s ., in 8 .° ; J . G u i l . so b re e l e s , u m a r e l a ç ã o já a n tig a d o État des Inventaires, c ita d o n a p. 2 8 9 , n o ta 1 .
l a u m e , Les Procès-Verbaux du Comité d'lnstruction Publique de 1’Assemblèe Législative, d e S u a s s é r i e s s ã o e s s e n c ia lm e n te in te r e s s a n t e s p a r a o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io :
p o is da Convention Nationa/e. P a r is , 1 8 8 9 - 1 9 5 7 , 9 v o ls ., in -8 . ° ) . — Série L: A d m in is tr a ç ã o g e r a l d e 1 7 8 9 a o a n o V I I I .
— Série F: A d m in is tr a ç ã o g e r a l d a F r a n ç a . É a s é r i e m a is r ic a d o s A r q u iv o s N a c i o — Série Q: D o m í n i o s , b e n s n a c io n a is
n ais. E s tá su b d iv id id a e m n u m e r o s a s s u b s é r ie s , c u ja r e l a ç ã o s e r á e n c o n t r a d a na o b r a d e M a s , e n c o n t r a r e m o s n u m e r o s o s d o c u m e n t o s r e la tiv o s à R e v o l u ç ã o , n a s s é rie s r e f e
P. C a r o n , c ita d a n a p. 2 7 1 . A s u b s é r ie F 7 , m u ito v o lu m o s a , c o n t é m o s “ d o s s ie r s ” d e re n te s a o A n t i g o R e g i m e , e s p e c i a l m e n t e a C (a d m i n is tr a ç ã o p r o v in c ia l ), G (c l e r o s e c u
in ú m e ro s p e r s o n a g e n s , e s ta b e l e c i d o s p e la p o líc ia . T a m b é m e n c o n t r a m o s n e s s a s u b sé lar), H ( c l e r o r e g u l a r ), o u n a s s é r i e s re la tiv a s a o p e r í o d o c o n t e m p o r â n e o e p r in c ip a l-
rie a m a io r ia d o s d o c u m e n to s r e f e r e n t e s a o C o m ité d e S e g u r a n ç a G e r a l (c f . P . C a r o n , m e n te n a s é r i e M (a d m i n is tr a ç ã o g e r a l d e s d e o a n o V I I I ) . A s m in u ta s n o ta ria is d e p o s i
Archives Nationales, Le Fonds du Comité de S/ireté Générale A F I , F 7 , D . X L I I I , P a ris , tadas n o s a r q u i v o s d e p a r t a m e n ta is f o r n e c e r ã o i n f o r m a ç õ e s e x t r e m a m e n t e n u m e r o s a s e
1 9 5 4 , 1 8 5 p .in -8 .° ) . U m a p a r te d o s p a p é is d as s e ç õ e s d e P a r is e s tá c o n s e r v a d a n a s é rie ain da p o u c o e x p l o r a d a s .
F 7 , e o in v e n tá r io a r e s p e ito fo i p u b lic a d o p o r A . S o b o u l , Les Papiers des Sections de O s d e p a r t a m e n t o s u l tr a m a r in o s e s t ã o c la s sifica n d o s e u s a r q u i v o s d e a c o r d o c o m o
Paris (1790 - an IV ), P a r is , 1 9 5 0 . O in v e n t á r i o d a s u b s é r ie F 1 0 , r e la tiv o à a g r ic u ltu r a , m e s m o p l a n o q u e o s d e p a r t a m e n t o s d a M e t r ó p o l e : v e r e m r e l a ç ã o à Ilh a d a R e u n i ã o ,
foi e d ita d o p o r G e o r g e s B o u r g i n , Les Papiers des Ãssemblées de la Révolution aux Archi- E .- P . T h É B A U T .Archives Départamentales de la Réunion: Répertoire Numèrique de la Série
ves Nationales, Inventaire de la Sous-Série F 10, P a r is , 1 9 1 8 , i n -8 .° . L, N é r a c , 1 9 5 4 . O s a r q u i v o s d o s a n t ig o s d e p a r t a m e n t o s f r a n c e s e s d a m a r g e m e s
— Série Q: T ítu lo s p a tr im o n ia is . S é r i e d e c a p ita l i m p o r t â n c i a p a r a o e s t u d o da q u e rd a d o R e n o a d o ta r a m o p l a n o f r a n c ê s d e c la s s ific a ç ã o (c f . C h . S c h m i d t , Les Sources
p r o p rie d a d e t e r r i to r ia l e a v e n d a d o s b e n s n a c io n a is . ae 1’Histoire des Territoires Rhénans de 1792 à 1814, Dans les Archives Rhénannes et à
— Série T : S e q u e s tr o . P a p é is d o s e m ig r a d o s e c o n d e n a d o s . Paris, P a r is , 1 9 2 1 ) . .
Série W: M in is té r io P ú b l ic o , trib u n a is r e v o l u c i o n á r i o s , c o m i s s õ e s m ilit a r e s , A lta O s a r q u i v o s c o m u n a i s e s t ã o d iv id id o s e m a r q u iv o s a n t e r i o r e s e p o s t e r i o r e s a 1 7 9 0 .
C o r t e d e J u s t i ç a d e V e n d ô m e (c f . G . B o u r g i n . “ C o n t r i b u t i o n à 1’É t u d e d e s S o u r c e s P o r t a n to , e n c o n t r a r e m o s d o c u m e n t o s q u e in te r e s s a m a n o s s o p e r í o d o , d is p e rs o s e m
d e 1 H i s t o ir e d e s T r i b u n a u x R é v o l u ti o n n a i r ç s a u x A r c h i v e s N a t i o n a l e s ” , A . H .R . F . to d a s as s é r i e s d e s ta s e g u n d a d iv is ã o . A lg u m a s c id a d e s p o s s u e m a r q u iv o s r iq u ís s im o s ;
1 9 2 6 , pp. 5 3 6 - 5 5 4 ) . nelas f o r a m p u b lic a d o s i n v e n t á r i o s e e n c o n t r a r e m o s a lis ta d o s m e s m o s n o s Etat des
— Série B B : D e p ó s ito d e d o c u m e n t o s d o M in is té r io d a J u s t i ç a . A s u b s é r ie B B 3 Inventaires, c ita d o à p . 2 8 9 -
c o m p r e e n d e n u m e r o s o s d o c u m e n t o s r e la tiv o s à h i s t ó r ia p o lí t i c a d a R e v o l u ç ã o . E n c o n t r a m o s d o c u m e n t o s m a n u s c r i t o s r e la tiv o s a o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io , n ã o
— Série A F : S e c r e t a r i a d e E s t a d o I m p e r i a l . A s u b s é r i e A F I I c o n s e r v a o s s o m e n te n o s g r a n d e s d e p ó s i t o s d o s a r q u iv o s q u e a c a b a m o s d e r e la c io n a r , m a s t a m b é m
p r o c e s s o s -v e r b a is d o C o n s e l h o E x e c u t i v o P r o v is ó r i o ( 1 7 9 2 - 1 7 9 3 ) e o s p a p é is d o C o e m n u m e r o s o s o u t r o s d e p ó s ito s p ú b l ic o s o u p a r t i c u l a r e s , c o m o , p o r e x e m p l o , n o s
m ité de S a lv a ç ã o P ú b lica , p u b lic a d o s e m g r a n d e p a r te p o r A u la rd ( v e r p. 2 7 2 ) . A su b sé a rq u iv ó s d o s e r v i ç o d e P o n t e s e C a lç a d a s , o u n o s e s t a b e l e c i m e n t o s d e e n s in o e p r i n c i
r ie A F I I I é e s s e n c ia l p a r a a h is tó r ia d o D i r e t ó r i o e u m a p a r t e d o s d o c u m e n t o s foi p a lm e n te n as bibliothèques:
p u b licad a p o r A . D e b i d o u r , Recueil des Actes du Directoire Exécutif, P a r is , 1 9 1 0 - 1 9 1 7 E m P a r is , a Bibliothèque Nationqle p o ssu i u m r i c o d e p a r t a m e n t o d e m a n u s c r i to s .
4 v o ls. i n - 8 . ° (a t é 3 d e f e v e r e i r o d e 1 7 9 7 ) . F o i p u b l ic a d o , a p a r ti r d e 1 8 9 5 , u m Catalogue Général des Manuscrits Français de la
Archives Privées Deposées aux Archives Nationales. S o b e s ta r u b r ic a e n c o n tr a m o s , ao Bibliothèque Nationale. E n c o n t r a r e m o s u m r e s u m o d e d o c u m e n t o s d e p r im e ir a o r d e m
la d o d e c o l e ç õ e s d e d o c u m e n t o s d e fa m ília ( s é r ie A P ) e d e e m p r e s a s ( s é r ie A Q ) o r e f e r e n t e s a o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o n o Manuel d e P . C a r o n , c ita d o n a p. 2 7 1 . A s
Minutier Central des Notaires de .Paris e du Département de la Seine, fo n te d e u m a r i o u tr a s b i b li o te c a s d e P a r is (M a z a r i n e , A r s e n a l, S a i n t e - G e n e v i è v e , S é n a t, A s s e m b lé e
q u e z a e x t r a o r d in á r ia e c u ja e x p lo r a ç ã o e s t á a p e n a s in ic ia d a ( v e r as in f o r m a ç õ e s a p r e N a t io n a le , I n s tit u t, M i n i s t è r e s , e t c . ) p o s s u e m t a m b é m m a n u s c r i to s c u ja d e s c r i ç ã o e n
s e n ta d a s s o b r e e s t a f o n t e p o r G . P io r o “Sur la Fortune de Danton”, e
, e m d o is a r t ig o s : c o n t r a r e m o s n o Catalogue Général des Manuscrits des Bibliothèques de France. A Bibliot -
“Institution Canonique et Consécration des Premiers Êvéques Constitutionnels” , A . H .R . F . , hèque Historique de la Ville de Paris é p a r ti c u la r m e n te r ic a e m d o c u m e n to s s o b r e o
1 9 5 5 , p p . 3 2 4 - 3 4 3 e 1 9 5 6 , p p . 3 4 6 - 3 7 9 . V e r ta m b é m J .M o n i c a t , Les Archives Notaria- n o ss o p e r í o d o . V e r J . P a l o u , “Un Fonds d’Archives Révolutionnaires peu Connu, la B i
les, R .H ., 1 9 5 5 , t. 2 1 4 , p p . 1 -8 ) . bliothèque Historique de la Ville de Paris” , A .H .R.F., 1 9 5 6 , p p . 4 0 8 - 4 1 3 .
A lg u n s ‘m in is té r io s ” n ã o d e p o s ita r a m s e u s a r q u iv o s n o s A r q u i v o s N a c i o n a i s ; e n A s b i b li o te c a s p ú b lic a s d o s d e p a r t a m e n t o s s ã o i n e g a v e l m e n t e rica s. C o n s u l t a r e m o s
tr e ta n to , e le s p o d e m s e r c o n s u lta d o s : o Catalogue Général, c ita d o a c im a e e s p e c i a l m e n t e a o b r a d e A l b e r t H o u t i n , Les Ma-
Os Archives du Ministère des Affatres Étrangères e s t ã o d iv id id o s e m c i n c o c o n j u n to s : nuscrits de 1’Histoire de" la Révolution et de l’Empire dans les Bibliothèques Publiques des
— 276 — — 277 —
Départements. P a r is , 1 9 1 3 , in - 8 . ° . C o m p l e t a r e m o s e ssa s i n f o r m a ç õ e s , c o n s u lta n d o o n e c e s s á rio e x p l o r a r o s a r q u i v o s d e E s t a d o (Staatsarchiv) das p rin cip a is p r o v ín c ia s a le
Repertoire des Bibliothèques Publiques de Prance, p u b lic a d o p e l a U N E S C O , P a r is , 1 9 5 0 - m ãs e o s g r a n d e s d e p ó s i t o s d e V i e n a e d e B e rlim . E m V ie n a , o
p r in c ip a lm e n te
1 9 5 1 , 3 v o ls. in 8 .° ; o Bulletin d'lnformation de la Direction des Bibliothèques de France, Haus-Hof und Staatsarchiv (a r q u iv o s d o E s t a d o , d a C o r te e d a C a s a Im p e ria is ), e m
p u b l ic a d o e m P a ris d e s d e 1 9 5 2 e o Bulletin de Documentation Bibliographique, p u b li B e r l i m , o Berliner H auptarchiv, a n tig o s a r q u iv o s s e c r e to s da P rú ssia .
c a d o p e l a B ib l io t e c a N a c io n a l, a m b o s r e u n i d o s n u m ú n ic o , e m 1 9 5 6 : o Bulletin des 6 ) N a Itá lia , o n d e a u n if ic a ç ã o s e d e u a p e n a s e m 1 8 6 0 , os Archives d’État, de
Bibliothèques de France, P a r is , p u b lic a d o m e n s a lm e n te . R o m a sã o p o b r e s . P a r a o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o , e le s c o n t ê m a p e n a s d o c u m e n to s
r e la tiv o s à p r im e ir a R e p ú b l i c a R o m a n a ( 1 7 9 8 - 1 7 9 9 ) . 2 O s d ife re n te s d e p ó s ito s d o s a r
q u iv o s d e E s ta d o (Archivi di Stato) c o n s e r v a m d o c u m e n to s q u e in te r e s s a m a o p e r ío d o
b) Fora da França
r e v o lu c io n á r io , e s p e c i a l m e n t e e m M ilã o , G é n o v a , V e n e z a , B o lo n h a , T u r i m e N á p o le s .
É p r e c i s o d a r u m d e s t a q u e e s p e c i a l a o s a r q u i v o s d o “ S a in t-S iè g e ” (A r c h iv io s e g r e to
1) E m c a d a u m d o s p a íse s a tin g id o s p e l a R e v o l u ç ã o , o s d e p ó s ito s d o s a rq u iv o s
V a ti c a n o ), o n d e e n c o n t r a m o s i n f o r m a ç õ e s d e to d a s c a te g o ria s , r e f e r e n t e s à m a io ria
c o n s e r v a m u m a d o c u m e n ta ç ã o m ais o u m e n o s i m p o r t a n t e e m r e la ç ã o à r e v o l u ç ã o no
d o s p a ís e s d o m u n d o e e s p e c i a l m e n t e d a F r a n ç a (cf. A b a d e A u d a rd , “ L ’H i s t o ir e R e li-
t e r r i t ó r i o c o n s id e r a d o , m a s e n c o n t r a r e m o s t a m b é m e m n u m e r o s o s d e p ó s ito s e s tr a n
g ie u s e d e la R é v o l u t i o n F r a n ç a is e a u x A r c h i v e s V a tic a n e s ” , na Recue d’Histoire de
g e i r o s a c e r v o s q u e in te r e s s a m à R e v o l u ç ã o n a F r a n ç a . L i m i t a r - n o s - e m o s a in d ic a ç õ e s
s u m á ria s s o b r e o s a r q u iv o s e s tr a n g e i r o s e , p a r a m a io r e s d e t a lh e s , in d ic a r e m o s a o l e i to r
1’Églisede France, 1 9 1 3 , p p . 5 1 6 - 5 3 5 e 6 2 5 - 6 3 9 ; A . L atreille e J . L eflon , “ R é p e r to i r e
d e s F o rid s N a p o l é o n i e n s a u x A r c h iv e s V a ti c a n e s ” , R .H ., 1 9 5 0 , pp . 5 9 - 6 3 ) .
o s g u ia s g e r a is , tais c o m o o Index Generalis, Annuaire Général des Universités, des
Grandes Ecoles, Académies, Archives, Bibliothèques, Instituís Scientifiques, p o r M oN TES- 7 ) A S u íç a fo i a tin g id a p e l a R e v o l u ç ã o d e p o is d a Itália. O s d o c u m e n to s c o n s e r v a
SUS DE B allore , P a r is , 1 9 . ° a n o , 1 9 5 3 . A r e v is ta in te r n a c io n a l Archivum, p u b lic a d a e m dos nos Archives de la Confédération Helvétique, e m B e r n a , são m u ito im p o rta n te s . E n
P a r is d e s d e 1 9 5 1 , e s tu d a e m u m a s é r ie d e a r tig o s as c a r a c te r ís tic a s d o s g r a n d e s d e p ó s i t r e t a n t o , 'é in d is p e n s á v e l v i s i ta r o s d e p ó s ito s d o s a r q u iv o s d o s d ife r e n te s c a n tõ e s .
to s d o s a r q u iv o s f r a n c e s e s e e s tr a n g e i r o s ; p o r e x e m p l o , o f a s c íc u lo d e 1 9 5 4 fo i c o n s a
g r a d o a o s a r q u iv o s e c le s iá s tic o s d e d i f e r e n t e s p a ís e s e d e d iv e r s a s r e lig i õ e s . O fa sc íc u lo 8 ) A E s p a n h a , a n te s d é 1 8 0 8 , fo i p o u c o a tin g id a p e lo m o v im e n to re v o lu c io n á rio .
V ( 1 9 5 5 ) é u m p r e c io s o Annuaire International des Archives. O f a s c íc u l o X V ( 1 9 6 5 ) T o d a v ia , s e n d o p aís v i z in h o d a F r a n ç a , se u s a r q u i v o s c o n tê m m ú ltip las in fo rm a çõ e s.
e s tu d a Les Grands Dépóts d ’Archives du Monde. P o d e r e m o s n o s r e p o r t a r t a m b é m a o O s d o is p rin cip a is d e p ó s i t o s s ã o : Archivo general, n o C a s te lo d e S im a n ca s , p r ó x i m o d e
p e q u e n o liv ro d e J . F a v i e r . V a lla d o lid e o “Archivo historico nacional", e m M a d r id (cf. M fle. C h a u m ie , “ L es D o -
c u m e n ts C o n c e r n a n t la R é v o l u t i o n F r a n ç a is e C o n s e r v é s à l’Archivo Historico de M a
2 ) N o s E s ta d o s U n i d o s , o n d e o m o v i m e n t o r e v o l u c i o n á r i o c o m e ç o u p o r v o l t a d e
d rid ” , Bulletin de Société de l’Histoire Moderne m a i o - j u l h o d e 1 9 4 9 , pp . 1 5 - 2 0 ) . E n c o n
1 7 7 0 , o s a r q u iv o s d o s d i f e r e n t e s d e p a r t a m e n t o s m in is te ria is f e d e r a is e s t ã o d e p o s ita d o s
t r a r e m o s ta m b é m d o c u m e n t o s m u it o ú te is n o s a rq u iv o s das d ife r e n te s p ro v ín cia s e
n o s Archives Nationales, c r i a d o s e m 1 9 3 4 e m W a s h in g to n . F l á , a í, n u m e r o s o s in v e n tá
p r in c i p a lm e n t e n o s i m p o r t a n t e s Archives de la Couronne d'Aragon, e m B a r c e lo n a . E m
r io s , c u j a lista e n c o n t r a r e m o s .n o Harvard Guide to American History^§§ 2 6 e 4 5 . C a d a
P o r t u g a l , o s Archives Nacionales d e L is b o a e o s a r q u i v o s d e d ife re n te s m in is té rio s p o
e s ta d o d o s E s ta d o s U n i d o s p o s s u i ta m b é m a r q u i v o s e o s a r q u i v o s d o s E s t a d o s d o L e s te
d e r ã o s e r c o n s u lta d o s c o m p r o v e i t o . E m b o r a a E s p a n h a e P o rtu g a l te n h a m c o n tin u a d o
d o s r is ta d o s U n id o s c o n s e r v a m n u m e r o s o s d o c u m e n t o s s o b r e o p e r í o d o r e v o lu c io n á
d u r a n te m u ito t e m p o im u n e s , p a r e c e q u e su a s c o ló n ia s a m e rica n a s c o n h e c e r a m m u ito
r io ( v e r Harvar G uide,§ 4 5 ) . V á r ia s b ib lio te c a s a d q u i r ir a m c o l e ç õ e s d e m a n u s c rito s
c e d o a e f e r v e s c ê n c ia r e v o l u c i o n á r i a , p r o v in d a ta n to d o s E s ta d o s U n id o s q u a n to da
im p o r ta n te s , e s p e c ia lm e n t e a B ib l io t e c a d o C o n g r e s s o , e m W a s h in g to n e a New York
Public Library , e m N o v a Y o r k . F r a n ç a . O s a r q u iv o s d o s p a ís e s d a A m é r i c a L a tin a p o d e m , p o r t a n to , f o r n e c e r in fo rm a
ç õ e s m u it o im p o r ta n te s . O s d o c u m e n t o s a n tig o s e s tã o c o n s e r v a d o s no Archivo General
3 ) E n c o n t r a r e m o s u m a c o n s id e r á v e l d o c u m e n t a ç ã o s o b r e o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io de ín dias, e m S e v ilh a ; no Arquivo Histórico Ultramarino, e m L isb o a . F o r a m p u b lica d o s
n o s a r q u iv o s b r itâ n ic o s e e s p e c ia lm e n t e n o Public Record Office, e m L o n d r e s ( v e r as d iv e r s o s a r tig o s s o b r e a o r g a n iz a ç ã o d o s a r q u iv o s a m e ric a n o s n a Revista de America
d u a s o b r a s d e G a l b r a it h , Introduction to Use o f the Public Record, O x f o r d , 1 9 3 4 e
( P e r u , 1 9 4 5 ; C h ile , 1 9 4 1 ; M é x i c o , 1 9 4 0 ; A r g e n t in a , 1 9 3 8 ) . O s d o c u m e n to s m u ito
Studies in the Public Records, L o n d r e s , 1 9 4 9 ) . H á t a m b é m a r q u i v o s d o E s t a d o d a E s c ó a b u n d a n te s d e M ir a n d a f o r a m p u b lic a d o s d e s d e 1 9 2 6 p e lo g o v e r n o v e n e z u e la n o ( 1 5
c ia ( H . M . General Register House, E d i m b u r g o ) e d a I r la n d a ( Public Record office o f
v o lu m e s p u b lic a d o s ). O s a r q u i v o s b ra s ile iro s c o n t ê m d o c u m e n to s às v e z e s d e s c o n h e
Ireland e State Paper Offtcè, D u b lin ). O Bntish Museum, q u e e x e r c e n a I n g l a te r r a o c id o s , v e r J . G ag É, “ A n t ô n i o d e A r a ú j o , T a lle y r a n d e t le s n é g o cia tio n s s e c r è t e s p o u r la
p a p e l d e B ib l io t e c a N a c i o n a l , p o s s u i u m a d a s m a is ric a s c o l e ç õ e s d e m a n u s c r i to s d o
p a ix d e P o r t u g a l ( 1 7 9 8 - 1 8 0 0 ) ” , n o Bulletin des Études Portugaises, 1950.
m u n d o . E n c o h t r a r e m o s aí n u m e r o s o s d o c u m e n t o s r e la tiv o s a o m o v i m e n t o r e v o l u c i o
n á r io n a F r a n ç a (c a r ta s d e e s p iõ e s ) , à h is t ó r ia d a s g u e r r a s d a V e n d é i a , à “ c h o u a n n e r i e ” 9 ) A f o r a o s p a íse s d i r e t a m e n t e a tin g id o s p e l a R é v o l u ç ã o , h á o u tr o s o n d e o s a rq u i
e à e m ig r a ç ã o . v o s c o n s e r v a m s é r i e s d e d o c u m e n t o s r e la tiv o s a o m o v im e n to r e v o lu c io n á r io , e s p e
4 ) E m r e la ç ã o a o c o n t i n e n t e , é n o s P a í s e s - B a i x o s ( P r o v ín c i a s U n i d a s , B é l g i c a e c ia lm e n t e o s d e M o s c o u , d e L e n in g r a d o , e d e d i f e r e n t e s cid a d e s d a P o ló n ia , d e E s t o
p a ís d e L i è g e ) q u e a R e v o l u ç ã o s e m a n if e s to u p e l a p r i m e i r a v e z . C o n s u l t a r e m o s p r in c o lm o .
c ip a l m e n te o s d o c u m e n to s d o s Archives générales du royaume de Belgique, e m B ru x e la s ,
o s d o s a r q u iv o s d e E s t a d o , e m L i è g e e n as o u t r a s p r o v ín c ia s b e lg a s . N a H o la n d a , o B) FONTES IMPRESSAS
Algemeen Rijksarchief, e m H a i a , é m u ito r ic o .
5 ) A p ó s h a v e r in c e n d ia d o a F r a n ç a , a R e v o l u ç ã o a ti n g e a A l e m a n h a , p e l a R e n â n ia . N ã o h á r e p e r t ó r i o g e r a l d e f o n t e s im p r e s s a s d a h is tó r ia d a R e v o l u ç ã o , e n te n d id a
Um e x c e l e n t e in v e n tá r io d o s a r q u iv o s r e n a n o s f o i p u b l ic a d o p o r C h . S C H M ID T , Les n o s e n t i d o a m p lo q u e n ó s lh e d a m o s a q u i, n e m m e s m o n o se n tid o r e s t r it o e lim ita d o à
Sources de l Histoire des Territoires Rhénans de 1792 à 1814 Dans les Archives Rhénanes et F r a n ç a . E n t r e t a n t o , o f a to d e q u e o s r e p e r t ó r i o s p a r ticu la re s d e fo n te s te n h a m sid o
à P aris, P a r is , 1 9 2 1 . M a s n ã o s ó o s a r q u i v o s r e n a n o s d e v e m s e r c o n s u lta d o s . S e r á e s t a b e l e c i d o s p o r n a ç õ e s , o b r i g a - n o s a a d o ta r e s t e p la n o tra d icio n a l.
— 278 —
a) França m e s, e s tá in c o m p l e t a e s e d e t é m a tu a lm e n te e m 1 7 d e a b r il d e 1 7 9 4 . O s s e is p r im e ir o s
v o lu m e s c o n t ê m o s p r o c e s s o s - v e r b a i s d as a s s e m b ié ia s d o s n o tá v e is e o s c a d e r n o s d e
1) B ib l io g r a f ia
q u e ix a s d o s “ b a ilio s ” e “ s e n e s c a lia s ” p a ra o s E s t a d o s G e r a i s ; o to m o V I I é d e d i c a d o ao
ín d ice a lf a b é t ic o d e s t a p r i m e i r a p a r te . O s t o m o s V I I I a X X X I I r e f e r e m - s e a o s E s ta d o s
E n c o n t r a m -s e f o n t e s im p r e s s a s re la tiv a s a o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o e m to d o s os G e ra is e à C o n s t i t u i n t e ; o fim d o to m o X X X I I e o t o m o X X X I I I c o n t ê m o s ín d ic e s .
d e p ó s ito s d e a r q u iv o s e n as b ib lio te c a s q u e m e n c i o n a m o s a n t e r i o r m e n t e à p á g . 2 7 7 O s t o m o s X X X I V a L s ã o d e d ic a d o s à A s s e m b lé ia L e g is la tiv a , j u n t a m e n t e c o m o
e s p e c ia lm e n te n a Bibliothéque N ationale. na Bibliothéque Historique de la Ville de Paris ín d ice d o t o m o L I . O s t o m o s L I I a L X X X I I r e p r o d u z e m as s e s s õ e s d a C o n v e n ç ã o ,
(c o le ç ã o L ie sv ille ), n a Bibliothéque de l’Arsenal, n a Bibliothéque du Sénat ( c o l e ç ã o P ix é - re a liz a d a s a té 4 d e j a n e i r o d e 1 7 9 4 ; ín d ic e n o t o m o L X X X I (e m 2 v o l s .) . O s 7 1
r é c o u t) , n a Bibliothéque de 1’Assemblée nationale ( c o l e ç ã o P o r t i e z d e l’O i s e ) , n a Bibliothè- p r im e ir o s v o lu m e s d e s t a g i g a n t e s c a c o l e ç ã o f o r a m c o m p i l a d o s a p r e s s a d a m e n te ; p o d e m
que Thiers, n as b ib lio te c a s m u n ic ip a is d e V e r s a l h e s , R o u e n , L i ã o , e t c . N a fa lta de c e r t a m e n t e s e r ú t e is , m a s d e v e m s e r u tiliz a d o s c o m p r u d ê n c i a . A o c o n t r á r i o , a p a r ti r
b ib lio g rafias g e r a is , u t ili z a r e m o s a Bibliographie de 1’Histoire de Paris Pendant la Révolu-
d o to m o L X X I I , p u b l ic a d o e m 1 9 0 7 , fo i e m p r e g a d o u m n o v o m é t o d o , m a is d e a c o r d o
tion Française, d e M a u r i c e T o u r n e u x (P a r i s , 1 8 9 0 - 1 9 1 3 , 5 v o ls . in 8 . ° ) , q u e u ltrap assa c o m as r e g r a s d a c r í t i c a h i s t ó r i c a e o s d e z ú l tim o s v o l u m e s , p o r t a n t o , s ã o p a r ti c u la r
a m p la m e n te o q u a d r o d a c a p ita l.
m e n te p r e c io s o s . E s t a p u b l i c a ç ã o , i n te r r o m p i d a e m 1 9 1 4 , a c a b a d e s e r r e in i c i a d a so b
A o b r a d e A n d r é M o n g l o n d , La France Révo/utionnaire et lm périale, Annales de
o s c u id a d o s d o I n s tit u to d e H is tó r ia d a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a , c o m o a u x ílio d o
Bibliographie Méthodique et Descriptive des Livres lllustrés, G r e n o b l e , 1 9 3 0 - 1 9 6 6 , 8 vols. C .N .R . S ., d a A s s e m b l é i a N a c i o n a l e d o S e n a d o . O t o m o L X X X I I I , p r e p a r a d o c o m
in 8 .° , d á in f o r m a ç õ e s q u a s e u n ic a m e n te s o b r e a l i t e r a t u r a e s o m e n t e p o r s e u in te r m é um m é t o d o a p e r f e i ç o a d o , f o i p u b lic a d o n o in íc io d e 1 9 6 2 ; o to m o L X X X I V , e m 1 9 6 o
d io , s o b r e a s o c ie d a d e , a s id é ia s e o s s e n ti m e n to s . O t o m o V I I I , p u b l ic a d o e m 1 9 6 6 e o to m o L X X X V 1 I I , e m 1 9 6 9 . O to m o L X X X I I bis, c o n t é m o ín d ic e a lf a b é t ic o ,
vai até 1 8 1 0 .
d e s d e 11 d e a g o s t o d e 1 7 9 3 a t é 4 d e ja n e ir o d e 1 7 9 4 ( 1 9 6 6 ) . A p u b l ic a ç ã o q u e c h e g a
P o d e -s e r e c o r r e r ta m b é m a o s c a tá lo g o s d a s g r a n d e s b i b li o te c a s . O Catalogue de a g o ra a té 1 7 d e a b ril d e 1 9 7 4 d e v e r á p r o s s e g u i r n a p r o p o r ç ã o d e u m v o l u m e p o r a n o .
IHistoire de France, e d i ta d o d e s d e 1 8 5 5 p e lo d e p a r t a m e n t o d e i m p r e s s o s d a B ib lio te c a O s p r o c e s s o s - v e r b a is e a s a ta s d iv e r s a s d o s c o m it é s d a s a s s e m b ié ia s f o r a m e d ita d o s
N a c io n a l ( 1 2 v o ls. in 4 . ° , m a is 5 v o ls . d e s u p l e m e n t o s ) , é a in d a ú til e s e r á atu a liz a d o , m o d e r n a m e n te p o r e r u d ito s (v e r p . 1 8 e a n e x a r o Recueil des Actes du Comité de Salut
m as foi e m p a r te s u b s titu íd o p e l o Catalogue de 1’Histoire de la Révolution Française (ná Public, p u b lic a d o p o r A . A ula rd , cf. p . 2 7 2 .
B ib lio te c a N a c io n a l) p o r A . M a r t in e G . W a lter . O s q u a t r o p r i m e i r o s v o lu m e s , p u
b licad o s d e 1 9 3 6 a 1 9 5 5 , c o n t ê m a lista p o r o r d e m a lf a b é t ic a , d e n o m e s d e a u t o r e s e
3) C oleções de L e is e de D ecreto s
d e o b ra s p u b lica d a s n a é p o c a d a R e v o l u ç ã o . O t o m o I V - 2 é c o n s a g r a d o às b r o c h u ra s
a n ó n im a s ; o to m o V c o n t é m a lista d o s jo rn a is e a lm a n a q u e s .
' > A s le is e d e c r e t o s , v o t a d o s p e la s a s s e m b ié ia s r e v o lu c io n á r ia s f o r a m , e m b o a h o r a ,
r e u n id o s e m c o l e ç õ e s . T r ê s d e n t r e e la s sã o p a r t i c u l a r m e n t e ú te is:
2) P ro c esso s V e r b a is e Im pr essõ es d a s A s s e m b l e ia s
A Collection Baudouin o u Collection Générale des Décrets rendus par l’Assemblée Natio
nale, p e l a Assemblée Nationale Législative, p e la Convention Nationale, P a r is , B a u d o u i n ,
O s E s ta d o s G e r a is , a n te s d e s u a tr a n s f o r m a ç ã o e m A s s e m b lé ia C o n s t i t u i n t e , p u b li
6 1 v o ls . F o i c o n t i n u a d a p e i a Collection Générale des Lois et des Actes du Corps Lègislatif e
caram p r o c e s s o s v e r b a is . S o b o s a u s p íc io s d o I n s t i t u t o d e H i s t ó r i a d a R e v o l u ç ã o F r a n
du Directoire Exécutif, 1 8 v o ls .
c e s a e d o C .N .R .S ., G . L e f e b v r e e M lle . A . T e r r o in e e m p r e e n d e r a m o e s t u d o d e um
La Collection du Louvre (i m p r e n s a n o L o u v r e p e la I m p r e n s a R e a l, d e p o i s N a c io n a l)
Recueil des Documents Relatifs aux Séances des États Généraux ( m a i o - j u n h o d e 1 7 8 9 ) . O o u Collection générale des Lois , Proclamations, Instructions et Alitres Actes du Pouvoir Exé
to m o I (Les Preliminaires, la Séance du 5 mai) e o t o m o II (La Séance du 23 juin) fo ram
cutif... arec Tables Chronologiques e des Matières, d e ju lh o d e 1 / 8 8 a o 1 8 b r u m á r io d o
o s ú n ico s p u b lic a d o s (P a r i s , 1 9 5 3 e 1 9 6 2 , in 8 .° ) . E s t a o b ç a , a s sim q u e e s t i v e r te r m i
a n o V I I I , 2 3 v o ls . i n - 4 .° .
n ad a, c o m p le t a r á a d e A . B r e t t e , Recueil des Documents Relatifs à la Convocation des
O Bulletin des L ois, c r i a d o p o r e x e c u ç ã o d o d e c r e t o d e 1 4 frim á r io d o a n o II ( 4 d e
Etats Généraux de 1789, P a r is , 1 8 9 4 - 1 9 1 5 , 4 v o ls . in 8 . ° , m a is u m Atlas des Bailliages d e z e m b b r o d e 1 7 9 3 ) e a b r a n g e n d o o 1 8 b r u m á r io d o a n o V I I I , 1 5 v o l s ., in -8 . ° c o m
oujurisdictions Assimilées Ayant Formé Une Unité Êlectorale en 1789, 1 v o l. in -f o lio .
ín d ic e s .
A s a sse m b ié ia s r e v o lu c io n á r ia s p u b lic a ra m s e u s Procès-Verbaux: Constituante, 75
A lé m d e s s a s c o l e ç õ e s o f ic ia is h á p u b l ic a ç õ e s r e a liz a d a s p o r p a r ti c u la r e s . A m a is útil
v o ls ., m a is 2 v o ls . s u p le m e n ta r e s d e Rapports, m a is 5 v o ls . d e ín d ic e s ; Législative 1 6
e m a is a c e s s ív e l, e m b o r a i n c o m p l e t a , é a d e J . B . D u v e r g ie r , Collection Complete des
v o ls ., m a is 2 v o ls . d e ín d ic e s ; Convention, 7 2 v o l s .; o ín d ic e a n a l íti c o d o s p r o c e s s o s -
Lois, Décrets, Ordonnances, Règlements et Avis du Conseil d É tat , Publiée sur les Éditions
v erb ais d as s e s s õ e s d a C o n v e n ç ã o a c a b a d e s e r p u b l ic a d o p o r G . L e f e b v r e , M . R e i-
Officielles du Louvre, de 1’lmprimerie Nationale par, Baudotn, et du Bulletin des Lois de
n h ard e M . B o u lo is e a u ( 1 9 5 9 - 1 9 6 0 ) ; Conseil des Cinq-Cents, 5 0 v o l s ., Conseil des An-
1788 à 1824 inclusivement, p ar Ordre Chronologique, avec un Choix d’lnstructions Minis-
ciens, 4 9 v o ls ., m ais 9 v o ls . d e ín d ic e s c o m u n s a o s p r o c e s s o s - v e r b a i s d e s s e s d o is C o n
térielles et des Notes sur Chaque Loi Indiquant: l . ° Les Lois Analogues; 2 . ° Les Décistons et
selh o s. A s im p r e s s io n s d e s a s s e m b l é e s ” c o m p l e t a m o s p r o c e s s o s - v e r b a i s . A m e lh o r
Arréts du Conseil d’Êtat: 3 . ° Les Discussions Raportées au Moniteur, Suivie d'une Table
c o le ç ã o d e s s a s impressions e s t á c o n s e r v a d a n o s A r q u i v o s N a c i o n a i s ( C o l e ç ã o C a m u s )
Analytique et Raisomée des PAatières, P a r is , 1 8 2 5 - 1 8 2 8 , 2 4 v o ls . in -8 .° . P o d e r e m o s c o n
so b o c ó d i g o A D X V I I I c ( 5 2 3 v o ls .).
s u lt a r t a m b é m as c é l e b r e s c o l e ç õ e s D a llo z e t S ir e y . i
A A s s e m b lé ia L e g is la tiv a , n a s ú ltim a s s e m a n a s d e s u a e x i s t ê n c i a , d e p o i s a C o n v e n Les Instituttons de la
M u i to m a is r e s u m i d a s s ã o as s e g u in te s o b ra s : F . A . H ÉLiÉ,
ç ã o , p u b lic a ra m um b o le tim o f ic ia l. O s e g u n d o é c o n h e c i d o s o b o n o m e d e Bulletin de
France, Ouvrage Comprenant, outre les lnstitutions, les Principales Lois, P a r i s , 1 8 8 0 , in -
la Convention Nationale. R e p r o d u z f r e q ii e n t e m e n t e d o c u m e n t o s q u e n ã o m e n c io n a m 8 . ° ; L . D u GUIT e H . M õ n n ie r , Les Constitutions et les Principales Lois Politiques de la
o s Procès-Verbaux.
France depuis 1 7 8 9 ... , P a r i s , 1 8 9 8 , i n - 1 2 ; L. C a h en e R . G u y õ T .Uoeuvre Législative de
S o b o s e g u n d o I m p é r i o , o C o r p o L e g is la tiv o d e c id iu im p r im ir o s Archives Parle-
la Révolution, P a r is , 1 9 1 3 ; J . G o d e c h o t , Les Constitutions de la France depuis 1789,
mentaires, de 1787 à 1860, Recueil Complet des Débats Législatifs et Politiques des Cham
P a r is , G a r n i e r - F I a m m a r i o n , 1 9 7 0 .
bres Françaises, Première Série (1787-1799). E s t a p r i m e i r a s é r i e c o m p r e e n d e 8 8 v o lu O s e r u d i t o s c o n t e m p o r â n e o s p u b lic a ra m s é r i e s d e t e x t o s le g is la tiv o s r e l a t i v o s a
— 280 — — 281 —
a lg u n s p r o b l e m a s e s p e c í f i c o s . A C o m i s s ã o d e H i s t ó r i a E c o n ó m i c a d a R e v o lu ç ã o e d ito u e s p ír ito c r í t i c o . C . Bellanger, J . Godechot. P . Guiral, F . Terrou, H is t o ir e G é n é ra le
e s p e c i a l m e n t e o s t e x t o s r e f e r e n t e s a o c o m é r c i o d e c e r e a is ( P . C a r o n , 1 9 0 7 ) , à a g ric u l de la Presse F r a n ç a ís e , P a r is , P . U . F . , 1 9 6 9 , t. I. O p e r ío d o r e v o lu c io n á r io e im p e r ia l fo i
tu r a ( G . B o u r g i n , 1 9 0 8 ) , à a s s i s t ê n c i a p ú b l i c a (C . B l o c h , 1 9 0 9 ) , à in d ú s t r ia (C h tr a ta d o p o r J . GODECHOT. Os liv r o s d e G. LE POlTTEVIN( L a L ib e rte de la Presse d e p u is la
S c h m i d t , 1 9 1 0 ) à m o e d a e a o p a p e l- m o e d a , (C . B l o c h , 1 9 1 2 ) , a o c o m é r c i o (C B lo c h R é v o lu tio n , 1 7 8 9 - 1 8 1 5 ) , P a r i s , 1 9 0 1 , i n - 8 .° ) e M l l e . A lm a SÕDERHjELM(Les Régim e de
1 9 1 2 ) , as c o n t r i b u i ç õ e s d ir e ta s ( C . B l o c h , 1 9 1 4 ) , a o s d i r e i t o s f e u d a is (P . C a r o n e P h la Presse P e n d a n t la R é v o lu tio n F r a n ç a ís e , P a r i s , 1 9 0 0 - 1 9 0 1 , 2 v o ls . i n - 8 .° ) tr a ta m ,
S a g n a c , 1 9 2 4 ) , a o “ m á x im o " g e r a l (P . C a r o n , 1 9 3 0 ) , a o s b e n s n a c io n a is (G . B o u r g i n 1 c o m o s e u s n o m e s o i n d ic a m , m a is d o r e g im e le g a l d a im p r e n s a d o q u e d o c o n t é u d o
v o ls . p u b lic a d o s d e 1 7 8 9 a 6 d e m a r ç o d e 1 7 9 6 , 1 9 2 6 - 1 9 4 4 ) . O s t e x t o s r e l a t i v o s à s d o s jo r n a i s . E . HATIN, p u b l i c o u u m a B ib lio g r a p h ie H is t o r iq u e et C r it iq u e de la Presse
r e l a ç õ e s d a I g r e ja c o m o E s ta d o fo r a m p u b lic a d o s n a S u íç a p o r E . W a l d e r S t a a t u n d P é rio d iq u e F r a n ç a ís e , P a r is , 1 8 6 6 . E l a e s t á in c o m p l e t a e as d e s c r iç õ e s q u e aí s e e n
K ir c h e tn F r a n k r e ic h . B e r n a , 1 9 5 3 , 2 v o ls . i n - 8 .° . c o n tr a m s ã o in s u f i c i e n t e s . N o t o m o I I d e s u a B ib lio g r a p h ie de 1’H is t o ir e de P a r i s ,
A s p e s q u is a s s o b r e a l e g is la ç ã o r e v o l u c i o n á r i a s ã o fa c ilit a d a s p o r a lg u n s d ic io n á r io s M . TOURNEUX d e u u m a lis ta d o s “ jo r n a i s , p a n f le t o s e a lm a n a q u e s p o lít ic o s ” , p u b lic a
o u r e p e r t ó r i o s : B a u d o u i n e R o n d o n n e a u , D ic t io n n a ir e de L é g is la t io n , o u T a b le A lt) d o s e m P a r is , d e 1 7 8 9 a té o a n o V I I I , e n o t o m o I I I h á u m a lis ta d o s jo r n a is e
h a b e tiq u e des lo ts rendues d e p u is l ’a n 1 7 8 9 ( v ie u x style) j u s q u 'à L a n V I in c lu s iv e m e n t a lm a n a q u e s , r e li g io s o s , f i n a n c e i r o s , li t e r á r i o s , c i e n t íf i c o s e d r a m á tic o s . G. WALTER p u
P a r is , a n o V I I I - I X , 7 v o ls . i n - 8 . ° , c o m u m S u p p lé m e n t J u s q t d à le r. V e n d é m ia ire a n \ b lic o u , c o m o d i s s e m o s , n o t o m o V d e s e u C a ta lo g u e de 1’H is t o ir e de la R é v o lu tio n F r a n -
P a r is , a n o X m - 8 .° ; G . B e a u l a c , R é p e rto ire A lp h a b é tiq u e C h r o n o lo g iq u e e p a r C la sse m e u t çaise à la B ib lio t h è q u e N a t i o n a le , u m a lista d o s jo r n a is r e v o lu c io n á r io s c o n s e r v a d o s
de M a t ie r e s des L o ts R e n du es p a r les Ãssem blées N a t io n a le s et les C o r p s L é g is la tifs et des n e s te d e p ó s i t o . E s ta lis ta e s t á c la s s if ic a d a p e la o r d e m a lfa b é tic a d o s títu lo s . E la c o m
A rre te s d u G o u v e rn e m e n t. d e p u is 1 7 8 9 ju s q t d à le r V e n d é m ia ire de l' a n X . P a ris , a n o X . p r e e n d e n ã o s o m e n t e o s jo r n a i s im p r e s s o s e m P a r is , m as ta m b é m m u ito s jo r n a is s u r
g id o s n a p r o v ín c ia e m e s m o a lg u n s jo r n a is e d ita d o s no e s tr a n g e ir o . N e n h u m d e s s e s
4) C oleções de T ex to s A d m in is t r a t iv o s c a tá lo g o s e s t á c o m p le t o .
É i m p o i s ív e l , p a r a n ó s , e m p r e e n d e r a q u i u m e s tu d o , m e s m o s u m a r io , d o s jo r n a is
A m a io r ia d a s c i r c u la r e s m i n i s t e r i a i s r e g u la m e n ta n d o a a p l i c a ç ã o d a s le is fo r a m p u b lic a d o s n a F r a n ç a d u r a n te a R e v o lu ç ã o . C i t a r e m o s o s d e u so m ais c o r r e n t e p a ra o
im p r e s s a s , p o r é m n ã o h á c o l e ç õ e s s is te m á tic a s , e c o m p le ta s . E la s s e a c h a m d is p e r s a s em h is to r ia d o r : L a G a z e tte N a t io n a le ou M o n it e u r V n iv e r s e l, p u b lic a d o a p a rtir d e 2 4 -d e
n u m e r o s o s m a ç o s d o s A r q u iv o s N a c i o n a i s ( F 1 a 2 2 e 2 3 p o r e x e m p l o ) e d e p a r ta m e n - n o v e m b r o d e 1 7 8 9 , m a s p r e c e d i d o d e u m v o lu m e c o m p o s to n o a n o I V p a ra f a z e r sa ir
o jo r n a l d e 5 d e m a io d e 1 7 8 9 . E l e f o r m a , d e s s e m o d o , 2 4 v o ls . in - fo lio p a ra o p e r ío d o
q u e s e e s t e n d e d a r e u n i ã o d o s E s t a d o s - G e r a is a o g o l p e d e E s ta d o d o 1 8 b r u m á r io . E m
5) C oleção de In stru ç õ es a o s Em b a ix a d o r e s 1 8 6 3 , u m a R e im p re ss io n de 1’A n c ie n M o n it e u r f o i p u b lic a d a e m 3 2 v o lu m e s . F o r a m e d i
tados e x t r a t o s p o r G . maranini ( M i l ã o , 1 9 6 2 ) . J.T T -L
E s t a c o le ç ã o , p u b lic a d a s o b o s a u s p íc io s d a C o m m is s io n des A r c h iv e s D ip lo m a t i- F oram ig u a lm e n te r e im p r e s s o s , e m e d i ç õ e s c r ít ic a s , o Pere D u c h e s n e , d H e b e r t
ques d o M i m s t è r e d e s A f f a i r e s E t r a n g è r e s , c h e g a , e m t e s e , a té a “ R é v o lu t i o n fr a n ç a ís e ". ( 1 9 2 2 - 1 9 3 8 e 1 9 6 9 ) - o V ie u x C o r d e lie r , d e C a m i l le D e s m o u lin s ( 1 9 3 6 ) ; o D é fe n se u r de
R e a l m e n t e , e m m u i t o s v o lu m e s fo r a m p u b lic a d a s in s t r u ç õ e s d e 1 7 8 9 , 1 7 9 0 1791 e la C o n s t it u t io n e L e ttre s a u x co m m e tta n ts ( 1 9 3 9 - 1 9 6 2 ) , d e ROBESPIERRE L e J o u r n a l de
1792 O s d o is ú ltim o s v o lu m e s , to m o s X X V I I I - 2 e X X V I I I - 3 , p u b l i c a d o s s o b a d ir e - P a r i s , de 1 7 8 9 à 1 7 9 5 , L e J o u r n a l P o lit iq u e N a t i o n a l e V A m i d u P e u p le fo r a m ta m b é m
r e im p r e s s o s , p a r c ia l o u t o t a l m e n t e .
1963 1 9 6 6 ° r8 e S LlV E T ' r e f e r e m ' Se a o s e i e i t o r a d o s a le m ã e s d e C o l ó n i a e T r e v e s P a ris
1) G rà -B retan h a e Irlan da
D e u m a m a n e i r a g e r a l , c o n s u l t a r e m o s o liv ro d e P . G é r in , Bibliographie de l'His-
toire de Belgique, 1789-1831, 1 9 6 0 . P u b lic o u -s e u m d e te rm in a d o n ú m e ro d e d o c u
m e n to s o fic ia is : L. G a c h a r d , “ L e t t r e s é c r i t e s p a r le s s o u v e ra in s d e P a y s - B a s a u s E t a t s
A p rin cip a l p u b l ic a ç ã o é o Annual Register, or a View o f the History, Politics and d e c e s p r o v ín c e s d e p o u is P h ilip p e II j u s q u ’á F r a n ç o i s I I ” , n o Bulletin de la Commission
Literature... (p u b lic a ç ã o a n u a l).
royale d’histoire, 2 . a s é r i e , t. V I I ; l d ., Documents politiques et diplomatiques sur la Révolu
O s d e b a t e s p a r l a m e n t a r e s s ã o r e l a t a d o s e m W . C o b b e t t . Parliamentary History oi tion belge de 1790, B r u x e l a s , 1 8 3 4 ; E . H u b e r t .Correspondance des Ministres de France
England, t. X V I I a X X X I V e e m The Jou rn al o f the House o f Lords.
Accrédités à Bruxelles, de 1780 à 1790; idem, Correspondance de Maxtmilien de Chestret,
As p u b lic a ç õ e s d e d o c u m e n t o s , o fic ia is o u n ã o , s ã o m u it o n u m e r o s a s . S a l ie n t a m o s agent Diplomatique du prince-évéque de Liège à Paris e à la Haye, 1785-1794 , B r u x e l a s ,
p o r e x e m p lo , T h e E r s k i n e , Speeches, 4 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 4 7 ; The Manuscrits o f J B 1 9 2 1 ; E . H u b e r t e C . T i h o n , Correspondance de Bouteville-Dumetz, Commissaire du
Fortescue (Drofimore P ajers) , 5 v o ls ,, L o n d r e s , 1 8 9 2 - 1 8 9 9 , q u e c o n t é m im p o r ta n tís s i
Gouvernement Français à Bruxelles en 1795 , B r u x e l a s , 2 v o ls ., 1 9 2 9 e 1 9 3 4 ; E . H u b e r t ,
m o s r e la to n o s d e e s p io n a g e m s o b r e a F r a n ç a ; C . J . F o x , Memoriais and Correspondance,
Correspondance de Barthélemy-Joseph Dotrange, agent Diplomatique du Prince-Évéque de
ed itad o p o r L o r d J . R u ssel , 4 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 5 3 - 1 8 5 7 ; l d ., Speeches, with introduc-
Liège auprès de la Cour de Bruxelles, B r u x e l a s , 1 9 2 6 .
tiom by Lord Erskine. 6 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 1 1 ; W . P m . Speeches e d i ta d o p o r W S F o r a m p u b lic a d a s a lg u m a s m e m ó r i a s e d o c u m e n t o s d e h o m e n s d e E s t a d o : as Mé
H ath a w a y , 4 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 0 6 .
moires du Comte de B ray , B r u x e l a s , 1 9 1 1 , e as Considérations Politiques. d o m e s m o ,
1IK ? ™ to a B u rke , d is p o m o s d a e d i ç ã o d e su a Correspondance, 8 v o l s ., L o n d r e s B r u x e l a s , 1 9 0 8 . O s Papiers de Jean-Remi de Chestret pour servir à 1’Histoire de la Révolu
n im T7 0 /G r dlÇa° , ,m u l,t o m ais c ° m P le t a ’ d e T h o m a s W . C o p e l a n d , o t o m o V I I I tion Liégeoise (1787-1791) f o r a m r e i m p r e s s o s p o r u m d e se u s d e s c e n d e n t e s . T h . G o -
1 7 9 2 - 1 7 9 4 ) f o i p u b lic a d o e m 1 9 6 8 (T h e U n i v e r s i t y o f C h i c a g o P r e s s ) ; Speeches e d i
BERT e d i t o u as “ M é m o i r e s d e N i c o l a s V a n d e r H e y d e n ” s o b r e a R e v o l u ç ã o d e L i è g e ,
ta d o p o r F . G . S e l b y , L o n d r e s , 1 8 9 5 ; Burke’s Works, 6 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 6 3 .
d e 1 7 8 9 e o s a c o n t e c i m e n t o s q u e a s e g u i r a m (Bulletin de 1'lnstitut Archéologique Lié-
o r a m p u b lic a d a s n u m e r o s a s Mémoires. S a l ie n t a m o s as d e L o r d B ro ug h a m (E d im
geois, t. X X X V I , 1 9 0 6 , p p . 1 3 - 7 8 ) . P h i l i p p e d e L i m b o u r g p u b l ic o u as “ L e t t r e s e t
— 284 — — 283 —
Mémoires pour servir à l'histoire de la Révolution liégeoise” (Bulletin de la Societé nais f o r a m p u b l ic a d o s p o r C . H il t h y , Les Constitutions Fédérales de la Suisse, 1 8 9 1 .
Veniétoise d ’Archéologie et d’Histoire , t. XIV, 1919). E n tr e as c o r r e s p o n d ê n c i a s , as m a is im p o r ta n te s fazem p a r t e d a c o l e ç ã o Quellen zur
Inúmeros jornais apareceram na Bélgica antes da Revolução e multiplicaram-se Schweizerische Geschichte: R . L u g in b u h l , Aus Philip Albert StapfePs Briefwechsel, 2
entre 1790 e 1795- Consultar A. W a r z É E , Essai Historique et Critique sur les Journaux v o ls., 1 8 9 1 ; O . H u n z ik e r , Zeitgenossische Dartellungen der Unruhen in der Landschaft
Belges, Bruxelas, 1844; Ulysse C a p i t a i n e , Recherches sur les Journaux Ltégeois, Liége, Zurich, 1794-1798, 1 8 9 5 ; E . D u n a n t , Les Relations Diplomatiques de la France et de la
1850; G. C h a r l i e r e R. M o r t i e r , Le Journal Encyclopédique, Paris, 1952. Republique Helvétique, 1798-1803 , 1 9 0 1 ; G . Steiner, Korrespondenz des Peter Ochs, 3
v o ls., 1 9 2 7 - 1 9 3 7 ; A . R u fe r , Der Freistaat der 111 Bunde und lie Frage des Veltlins,
4) A lem a n h a Korrespondez und Aktenstiicke aus den Ja h r en , 1796-1797, 2 v o l s ., 1 9 1 6 - 1 9 1 7 . Q u a n to
aos jo rn a is , n u m e r o s o s e i n d e p e n d e n t e s , c o n s u lta r W e r n e r N á f , Bibliographie de 1’His
Coleções muito importantes de documentos referem-se à história da Alemanha. É toire de la Presse Suisse, 1 9 4 0 .
indispensável a obra de D a h l m a N - W a i t z , Quellenkunde der Deutschen Geschichte, Stu-
6) It á l ia
denten Ausgabe, Munique, 1951.
1) — Império — Textos legislativos em O. F. GERTSCHLAGER, Handbuch der Teutche
Reichsgesetze in Systematischer Ordnung, 11 vols., 1786-1793- E im p o s s ív e l a p r e s e n t a r a q u i u m a lista c o m p le t a de to d o s o s d o c u m e n to s p u b lic a
2) — Prússia — Allgemeins Landrecht fu er die Preussischen Staaten, in Verbindung dos s o b r e o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o n a I tá lia , q u e s e c o n fu n d e c o m as o r ig e n s d o Risor
mit ergrenzenden Verordnungen. herausgegeben von A. G. MANNKOPF, Berlim, 1837, 9 gimento. A s s in a l a m o s c o m o i n s t r u m e n t o d e tr a b a lh o e x tr e m a m e n t e p r á t i c o , a o b r a p u
vols. Quanto aos problemas diplomáticos: H e r m a n Diplomatische Correspondenzen aus blicad a s o b a d i r e ç ã o d e E t t o r e R o t a , Questioni di Storia del Risorgimento e delPunità
der Révolutionszeit, 1791-1797 , Gotha, 1867. il t a l i a , M il ã o , 1 9 5 1 , n o v a e d i ç ã o , 1 9 6 1 , e A . M . G h isa lberti ,
lntroduzione alia Storia
3) — Áustria e Estados austríacos — L . B i t t n e r , Chronologische Verzeichnis der Oster- del Risorgimento, R o m a , 1 9 4 2 .
reichischen Staatsvertrãge, Viena, 2 vols., 1903-1909- As coleções de von A r n e t h es A s p r in c ip a is c o l e ç õ e s s ã o as s e g u i n te s : M . K o v a l e v s k i , I Dispacci Degli Ambascia-
clarecem bastante as origens políticas da revolução na França: M aria Theresa undJosepb tori Veneti alia Corte di Francia durante la Rivoluzione, T o r in o , 1 8 9 5 ; G . COLUCCI, La
I I , ihre Korrespondenz, 3 vols., 1867-1868, idem, Maria Theresa und Marie-Antoinette, Repubblica di Génova e la Rivoluzione Francese, R o m a , 1 9 0 2 ; V . V i t a l e , / Dispacci dei
ihre B rtef wechsel, 1866; idem , e A. G e f f r o y , Correspondance secrète entre Marie-Théreze Diplomatici Genovesi a Parigi, 1787-1793, T u r im , 1 9 3 6 ; F . L emmi, Diplomatici Sardi
et le Comte de Mercy-Argenteau, avec les Lettres de Marie-Thérèze et de Marie-Antoniette, 3 deTPeriodo delia Rivoluzione, 1789-1796, T u r i m , 1 9 2 2 ; D . O l m o , La Rivoluzione Fran
vols., 1874. cese nelle Relazioni Diplomatische di un Ministro Sardo a Roma, 1792-1796, T u r im ,
Sobre a política estrangeira: von V í v e n o t e von Z E IS S B E R G , Quellen zur Geschichte 1922.
der Deutschen Politik Osterreichs wàhrend der Franzòsischen Revolutionskriege, 1 790- II Problema Italiano ldal 1700 al 1813:
E . R o t a p u b l ic o u d o c u m e n t o s s e l e c i o n a d o s .
1801 , Viena, 5 vols. 1 8 7 3 - 1 8 9 0 . Von V í v e n o t também publicou a correspondência 1’ldea U nitaria, M il ã o , 1 9 3 8 . G . N u z z o , Áustria e Governo d’ltalia nel 1794, R o m a ,
trocada entre Thugut, Clerfayt e Wurmser (Viena, 1 8 6 9 ) ; também do mesmo autor, 1940.
consultar: Thugut an d Sein Politisches System. Urkundliche Beitrdge zur Geschichte der F o r a m e d i ta d o s t a m b é m a lg u n s p r o c e s s o s - v e r b a is das a s se m b ié ia s lo ca is o u n a c io
Deutschen Politik des Osterreichischen Kaiserhauses wàhrend der Kriege gegen die franzò- nais: Verbali Delle Seduti delia Municipalità Provvisoria di Venezia, 1 7 9 7 , p o r A . A l-
sische Révolution, Viena, 1 8 7 0 ; Vertrauliche Briefe des Freiherrn von Thugut, Viena, 2 BERTI, R . CESSI e L. M a rcu CCI, B o l o n h a , 1 1 v o ls ., 1 9 1 7 - 1 9 4 8 ; Assemblee delia Repub
vols., 1 8 7 2 . As publicações de von Vivenot completam-se pelas de H . H u f e r e L u c k - blica Romana, p o r V . E . GlUNTELA, l . ° v o l., R o m a , 1 9 5 4 .
w a l d t , Quellen zur Geschichte des Zeitalters der franzòsischen Révolution, der Frieden von E n t r e as n u m e r o s a s c o r r e s p o n d ê n c i a s p u b lic a d a s , e n c o n tr a m o s p r in c i p a lm e n t e o
Campoformio, Innsbruck, 1 9 0 7 . Carteggio d i Pietro e Alessandro Verri dal 1766 al 1797, e d i ta d o p o r F. N o v a t i , E .
4) Renánia e Alemanha Ocidental — Uma coleção muitíssimo importante é a de G r ep p i , H . GlULINI e G . S e r e g n i , M i l ã o , 1 0 v o ls ., 1 9 0 9 ; La Rivoluzione Francese nel
Joseph H a n s e n , Quellen zur Geschichte des Rheinlandes in Zeitalter der Franzòsischen Carteggio di un Osservatore Italiano ( P a o l o G r e p p i ) , M ilão , 3 v o ls ., 1 9 0 0 - 1 9 0 4 .
P a r a a I tá lia , o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o c a ra c te r iz o u -s e p o r u m e x tr a o r d in á r i o d e s a -
Révolution, 1780-1801, Bonn, 4 vols., 1931-1938.
Em relação ao país de Baden, encontraremos documentos na obra publicada por B. b r o c h a m e n t o d a im p r e n s a . A c a b a m d e s e r r e e d it a d o s e x tr a to s d e jo rn a is ja c o b in o s (/
ERDMANNSDÔRFER e K. OBSER, Politische Correspondenz Karl Friedrischs von Baden, Giornali Giacobini Italia n i, p o r R e n z o d e Felic e , M ilã o , 1 9 6 2 ) . C o n s u lta r ta m b é m : F.
1783-1806 , Heidelberg, 5 vols., 1888-1901. Quanto à Souabe, consultaremos G. W FATTORELLO, ll Giornalismo Italiano dalle Origini agli anui 1848-1849, U d in e , 1 9 3 7 , e
V r e e d e , La Souabe après la Paix de Bále. Recueil de Documents Diplomatiques et Parla- D r esle r , Geschichte der Italienischen Presse, t. I, 1 9 3 8 .
mentaires Concernant les Négociations avec la Republique Française , Utrecht, 1879- D . C a n t im o ri e R . de F elice p u b lic a ra m e x t r a t o s das p rin cip a is o b ra s d o s “ ja
Em toda Alemanha surgiram inúmeros jornais, relativamente livres, até 1792. En c o b i n o s ” ita lia n o s : Giacobini Italian i, B a r i , 2 v o ls ., 1 9 5 6 e 1 9 6 4 .
contraremos a relação deles em bibliografia publicada por Karl B ó m e r , particular
mente rica em jornais alemães, Internationale Bibliographie des Zeitungswesens, Leipzig, 7) E spa n h a , Po rtu ga l
M o r r a g h a n , French Travellers in the United States, 1765-1932, N o v a Y o r k , 1 9 3 3 ; C ' Último État des Inventaires publicado: État des Inventaires des Archives Nationales, Departa-
H ^ S h e r r i l l , French Memoires o f Eighteenth Century America (1775-1800), N o v a Y o r k , mentaUs Z l í u L t s H o s p it a l L au Ur. janvier, 1937, Paris, 1938, com um “Supplement ,
Paris, 1955.
Sources Economiques: A n u á r io s e s ta tí s t ic o s d i v e r s o s , e s p e c i a l m e n t e : The Statistical 2 Ver A. Lodolini, o Archivo di Stato di Roma, Roma, 1960.
Recordof the Progress o f the United States, 1800-1906, W a s h i n g t o n , 1 9 0 6 e W . S . R o s -
SITER, A Century o f Population Growth, 1790-1900, W a s h in g to n , 1 9 0 9 .
D iá rio s e P e r i ó d i c o s e m g r a n d e q u a n tid a d e e s t ã o r e l a c i o n a d o s n a o b r a d e W illia m
— 288 — 289 —
capítulo 3
Os Trabalhos
A) BIBLIOGRAFIAS
N ã o h á b ib lio g r a fia c o n s a g r a d a à R e v o l u ç ã o , e m g e r a l, n e m m e s m o à R e v o l u ç ã o n a
F r a n ç a . E n t r e t a n t o , S o b re e e r t a s r e g i õ e s d a F ra n ç a , h á b ib lio g ra fia s r e v o lu c io n á ria s .
C i t a r e m o s a p e n a s as m a is i m p o r t a n t e s . A m a io r ia das o b ra s c o n s a g r a d a s à h istó ria d a
R e v o l u ç ã o c o n t é m aliás a m p la s b ib lio g r a fia s , q u e não d e v e r ã o s e r n e g lig e n cia d a s.'
[1 ] P. CARON, Manuel Pratique pour 1’Etude de la Révolution Française (c ita d o a n te -
rio rm e n te à p. 2 7 1 )
[2 ] A . M a r t in e G . W a l t e r , Catalogue de 1’Histoire de la Révolution Française... (c i
ta d o a n t e r i o r m e n t e à p . 2 8 0 )
[3 ] M . T o u r n eu x , B iblio gra p hie . . . ( c i t a d o à p . 2 8 0 )
[4 ] G é ra rd W a lter , Répertoire de 1’Histoire de la Révolution Française. TravauxPu-
bliés de 1800 à 1940, t. I: Personnes; t. II: Lieux, P a ris , 1 9 4 1 - 1 9 4 5 , 2 vo ls.
[5 1 D a n i e l B e r n a r d , Matériaux pour la Bibliographie de 1’Histoire de la Révolution
dans le Département du Finistère, Q u im p e r , 1 9 2 8 .
[6 ] A . F r a y - F o u r n i e r , Bibliographie de 1’Histoire de la Révolution dans le Département
de la Haute-Vienne, L i m o g e s , 1 8 9 4 .
[7 ] L o u i s L a c r o c q e J e a n D u t h e i l , Bibliographie de 1’Histoire de la Révolution dans la
Creuse, G u é r e t , 1 9 3 5 . ;
[8 ] E . M a i g n i e n , Bibliographie Historique du Dauphiné Pendant la Révolution Fran
çaise (1787-1797), G r e n o b l e , 3 v o ls ., 1 8 9 1 .
[9 ] R . PAQUET, Bibliographie Analytique de 1’Histoire .de Metz Pendant la Révolution,
1789-1800. Imprimés et manuscrits, P a ris, 1 9 2 6 .
[1 0 ] A b b é V . S A N S O N , Répertoire Bibliographique pour la Période dite Révolutionnaire
en Seine-lnférieure, P a r is , 5 v o ls ., 1 9 1 1 - 1 9 1 3 .
B) OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO:
DICIONÁRIOS E REVISTAS. ATLAS
— 291 -
[1 1 ] A b b é V . CARRIÈRE, lntroduction aux Études d ’Histoire Ecclésiastique locale, P a ris, [ 2 6 ] R . R . P almer , Atlas o f World History, C h ica g o , 1 9 5 7 .
1 9 3 4 - 1 9 4 0 , 3 v o ls .
C) OBRAS GERAIS
b) F o r a m p u b lic a d o s a lg u n s dictionnaires d a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a . In fe liz -
m e n te , são m e d ío c r e s ; ò s e r r o s q u e n e le s a p a r e c e m sã o f r e q u e n t e s e s e ria p ru d e n te I n d i c a r e m o s a b a ix o a p e n a s o s e s tu d o s g e r a is r e c e n te s :
c o n tro la r as in fo rm a ç õ e s q u e f o r n e c e m , a n te s d e utilizá-los:
[2 4 ] C ésar-François CASSINI D e T h u r y e seu filho Jacq u es-D o m in iq u e CASSINl D e b) Obras gerais relativas a
T h u r y , Carte de France, levantada de 1 7 4 4 a 1 7 9 3 . alguns aspectos da Revolução
[2 5 ] Atlas des Bailliages et Jurisdictions Assimilées ayant Forme Umté Electorale en 1789
(e s te atlas a c o m p a n h a a g r a n d e o b r a d e A r m a n d B r e t t e , c i ta d a n a p. 2 8 0 ) . 1) Lugar da Revolução francesa na história do mundo:
— 293 —
[4 0 ] G. L efe b v r e , “ L a P la c e d e la R é v o l u ti o n F r a n ç a is e d a n s 1’H i s t o i r e d u M o n d e ” , 6) História religiosa:
em Ann . , 1 9 4 8 , pp. 2 5 7 - 2 6 6 .
[4 1 ] R . R . P a l m e r , “ R e f l e c t io n s o n th e F r e n c h R é v o l u t i o n ” , Pol. Sc. Q uar., m a rço [5 7 ] A n d ré LATREILLE.VÊglise Catholique et la Révolution Française. P aris, 1 9 4 6 - 1 9 5 0 ,
1952.
2 v o ls . ( o t o m o I r e f e r e - s e a o p e r ío d o d e 1 7 7 5 a 1 7 9 9 ) .
[4 2 ] R . R . P a l m e r , “ N o t e s o n th e U s e o f th e W o r d D e m o c r a c y , 1 7 8 9 - 1 7 9 9 ', ’ Pol. Sc. [5 8 ] C ó n e g o L e f l o n , La Crise Révolutionnaire, t. X X da Histoire de 1’Êglise. p u b lica d a
Q uar.. ju n h o , 1 9 5 3 . so b a d i r e ç ã o d e A . F l i c h e e V . M a r t i n .
[4 3 ] R . R . P a l m e r , “T h e W o r ld R é v o l u ti o n o f th e W e s t ” , Pol. Sc. Quar., m a rço [5 9 ] A . S o b o u l , “ S e n t i m e n t R e lig ie u x e t C u l t e s P o p u la ir e s ” , A.H.R.F. 1 9 5 7 , pp .
1954.
1 9 3 -2 1 3 .
[4 4 ] R. R. P a lm er, “ R e c e n t I n te r p r e ta t i o n s o f th e I n f lu e n c e o f t h e F r e n c h R e v o l u - [ 6 0 ] D a n ie l R o p s , VÊglise des Révolutions. t. I, P a r is , 1 9 6 0 .
tio n ", Cahiers d'Histoire Mondiale, 1 9 5 4 , pp. 1 7 3 -1 9 5 . [ 6 1 ] A . L a t r e i l l e , E . D e l a r u e l l e , J . - R . P a l a n q u e , Histoire du Catholicisme en
[4 5 ] J. G o d ech o t e R. R. P alm er, “ L e P r o b l è m e d e 1’A t l a n t i q u e ” , X Congresso inter- France, t. I I I , P a r is , 1 9 6 2 .
nazionale di Science storiche. R o m a , 1 9 5 5 , Relazioni, t. V . p p . 1 7 5 - 2 3 9 , d is
c u s s ã o d e s te r e la tó r io , ib id ., A tti, p p . 5 6 5 - 5 7 9 , F i r e n z e , 1 9 5 5 e 1 9 5 6 . Sobre as igrejas protestantes:
[4 6 ] A . C o b b a n , The Myth o f the French Revoluttion, L o n d r e s , 1 9 5 5 ( c r í t i c a d e G .
L e f e b v r e nos A .H .R .F., 1 9 5 6 , p p . 3 3 7 - 3 4 5 ) . [6 2 ] E . G . L e o n a r d .Histoire du Protestantisme. P a r is , 1 9 5 0 .
[4 7 | J . B o u r d o n , “ P o in ts d e V u e N o u v e a u x s u r la R é v o l u ti o n F r a n ç a is e ” , n a Revue [6 3 ] E . G . L é o n a r d , Histoire Générale du Protestantisme, t. I II , P aris, 1 9 6 4 .
deSynthèse, 1 9 5 6 , pp. 3 5 - 4 2 .
(4 7 a ) A . S o b o u l , “L a R é v o l u ti o n F r a n ç a is e d a n s l’ H i s t o i r e d u M o n d e C o n t e m p o r a i n : Sobre a igreja ortodoxa . ver:
E tu d e C o m p a r a tiv e ”, n a l'Information Historique, 1 9 6 9 , p p . 1 0 7 - 1 2 4 .
[ 4 7 b ] "L 'A bohtíon du Regime Féodal dans le Monde Occidental” , n ú m e r o e s p e c ia l d o s [6 4 ] S. BU LG A KO FF, VOrthodoxie, P a r is , 1 9 .3 2 .
A .H.R.F., 1 9 6 9 , pp. 1 4 5 -3 7 1
Sobre o judaísmo:
2) Filosofia da Revolução:
[6 5 ] S. D o u bn o v , Histoire Moderne du Peuple Ju if, t. I: 1789-1848. tra d u çã o fra n
c e s a , P a r is , 1 9 3 3 .
[4 8 ] B. G ro eth u y sen , La Philosophie de la Révolution Française, P a r is , 1 9 5 6 , n o v a [6 6 ] C . R o th , Histoire du Peuple J u i f . P a ris , 1 9 4 8 .
e d içã o , 1 9 6 6 .
[4 8 a ] M. J. C. W\LE, Constitutiona/ism and the Separation o f Powers, O xfo rd , 1 9 6 7 . Sobre a Franco-maçonaria:
[4 9 1 G . Lefebv re A .H .R .F ., 1 9 3 4 ,
, “F o u le s R é v o l u ti o n n a i r e s ” , pp. 1 -2 6 7) Problemas coloniais:
[5 0 ) R. B a eh rel. “É p id é m ie e t T e r r e u r ” , A .H .R .F., 1 9 5 1 , p p . 1 1 3 -1 4 6 .
[ 6 7 ] G . H a r d y , La Politique Coloniale et le Partage de la Terre. 1 9 3 7 .
[ 6 8 ] J . R . W . G w y n n e T i m o t h y , “T h e R o le o f O v e rs e a s C o lo n ie s in E u ro p e a n P o
4l Comportamento gera! das classes sociais:
w e r s B a l a n c e ” , n o s Canadian Historical Association - Reports. 1 9 5 3 , pp.
— 294 — — 295 —
9) Questões demográficas: Í 9 2 ] A . MATHIEZ, La Révolution Française, 3 v o ls . in 1 6 , P a r is , 1 9 2 2 - 1 9 2 4 , r e e d it a d o
e m 1 v o l ., P a r is , 1 9 6 0 . . ...
[7 7 ] M. R e in h a r d e A. A rm en g au d , Histoire Générale de la Populaiion Mondiale [ 9 3 ] P- GAXOTTE, La Révolution Française, P a r is , 1 9 2 8 , n o v a e d i ç ã o , 1 9 6 2 .
1961.
1041 A .M athiez , La Réaction Thermidorienne, P a r is , 1 9 2 9 - _ .
|9 5 ] G . PARISET, Études d’Histoire Révolutionnaire et Contemporaine, E s t r a s b u r g o ,
10) Movimento intelectual: 1 9 2 9 ( c o m p l e t a a o b r a c ita d a n o n . ° 9 1 ) -
joA l A MATHIEZ, Le Directoire, P a r is , 1 9 3 4 . , _ \ ■ /. o
[ / 8 ] P. V an T lE G H E M , Histoire Littéraire de 1’Europe et de 1’Amérique de la Renaissance à [9 7 ] P h . S a g n a c e J . R o b iq u e t , La Révolution de 1789 , P a ris, 1 9 3 4 , 2 v o ls, in -4 .
nos Jo u rs. 1 9 4 1 .
(s e le ç ã o d e t e x t o s ilu s tr a d o s ). . T . . .
í í o 1 ,H iSt0lre Générale des Littératares . t. I I , 1 9 5 6 , n a Encyclopédie de la Plêiade. |98] Guglielmo ■Ferrero, Les Deux Révolutions Françaises (1789-1796) N e u c h a te l,
[ 7 9 . a ] P . R i b ç r e t t e , Les Bibliothèques Françaises Pendant la Révolution (1789-1795)
P a r is , 1 9 7 0 1 9 5 1 , in -1 6 . . ,
[ 9 8 .a ] A . MANFRED, La Grande Révolution Française du XV111 Stecle, - M o sc o u ,
11) Arte:
[9 9 ] A lb e r t S oboul, Précis d’Histoire de la Révolution^ Française, P a r is , 1 9 6 2 . V ^ r
também as obras citadas anteriormente nos n.' 27 a 32. .
[8 0 ] A M'CH*L’ H " '° " e d e /’Art r. V e t V I . [ 8 1 ] P i e r r e L a vedam, Histoire de Part [99 a] F. FuRET e D. R ichtet, La Révolution, P a r is , 1 9 6 5 - 1 9 6 6 , 2 v o ls . in -4 . .
Moyeh Age et Temps Modernes, 2 . a è d ., 1 9 5 2 (c o l. C lio ).
[ 9 9 .b ] C. M az A U R I C.Sur la Révolution Française, P a r is , 1 9 7 0 .
|81| P i e r r e Lave DAN, Histoire de l’A rt, Moyen Age et Temps Modernes, 2 . a e d iç ã o
1 9 5 2 ( c o l . C lio ). ’
[ 8 2 ] L. D . D o w d , “ L ’A r t C o m m e M o y e n d e P r o p a g a n d e P e n d a n t la R é v o l u ti o n 2) Obras consagradas à Revolução Francesa e publicadas no estrangeiro.
f ra n ça ise , Comtté des Travaux Historiques, Congrès des Societés Savantes G re-
n o b le , 1 9 5 2 , p p . 4 1 1 - 4 2 3 . [1 0 0 ] G . Sa l v e m in i, La Rivoluzione Francese, 1788-1792, M ilã o , 1 9 0 5 , in -8 .° , n o v a
[8 3 ] E . V u il l e r m o z , Histoire de la Musique, P a r is , n o v a e d iç ã o , 1 9 5 5 . e d i ç ã o , M il ã o , 1 9 6 2 . T r a d u ç ã o in g le s a , 1 9 5 4 .
[1 0 1 ] Leo G ershoy , The French Révolution and Napoleon, N o va Y o rk , 1957. V er
12) Ciências e técnicas: ta m b é m a s o b r a s c ita d a s n o s n.os 3 3 a " 3 9 .
— 297 —
[ 1 1 4 ] M a r e e i G A R A up, Histoire Générale du Droit Prive Français (de 1789 a 1804) , I: [ i 2 7 . f l Idem, “Enrichissement et appauvrissement des groupes sociaux à Toulouse sous la
La Révolution et LEgalité, P a r is , 1 9 5 3 ; II: La Révolution et la Propriété Fon- Révolution, P a r is , 1 9 7 0 .
cière, P a r i s ,- 1 9 5 9 . [ 1 2 7 . g ] R - R o b i n , La Societé Françaíse en 1789, P a ris , 1 9 7 0 .
[1 1 5 ] J a c q u e s E l l u l , Histoire des lnstitutions , t. I I: De 1789 à 1 8 7 0 , P a ris , 1 9 5 6 (c o l. [ 1 2 7 - h ] P . M . D u h e t , Les Femmes et la Révolution, P a ris , 1 9 7 1 .
T h é m is ).
( 1 1 5 . a] G . S a u t e l , Histoire des lnstitutions Publiques depuis la Révolution Françaíse, 2) Estudos demográficos: A l é m d a o b r a g e r a l de M . R e in h a r d e A. A rm en -
P a r is , 1 9 6 9 (P r é c is D a llo z ). GAUD, c ita d a n o n .° 7 7 :
[ 1 1 5 .b ] R . RÉMOND, La Vie Politique en France , 1789-1818, P a r is , A . C o li n ( c o l e ç ã o
U ), 1 9 6 6 . [ 1 2 8 ] M . R e i n h a r d , “ L a P o p u la tio n d e s V ille s , sa M e s u re s o u s Ia R é v o lu tio n e t l’E m -
1 1 1 5 .c ] E. Sc h m it tReprasentàtion und Révolution, Eine Untersuchung zur Genes is der
, p i r e ” , Population, 1 9 4 7 .
Kontentalen Theorie un Praxis Parlamentarischer Repràsentation aus der Herrs- [1 2 9 ] P h . A r i è S, Histoire des Populations Françaíse et de -leur Attitude Devant la Vie
chafts praxis des Ancien regime in Frankreich (1760-1789) M u n c h e n , 1 9 6 9 . depuis le X V llle Siècle, P a r is , 1 9 4 8 , n o v a e d içã o , 1 9 7 1 .
1 1 1 5 .d ] J . R o e l s , Le Concept de Répresentation Politique au X V llle Siècle Français, L o u - [1 3 0 ] J- J- S p e n g l e r , Économie et Population , les Doctrines Françaíse Avant 1800 , P a r is ,
v a in a e P a r is , 1 9 6 9 - 1954.
[ 1 3 1 ] O . F e s t y , “L e s M o u v e m e n t s d e la P o p u la tio n F ra n ça íse d u D é b u t d e la R é v o l u
d) História das ldéias ti o n a u C o n s u l a t ” , A .H .R .F., 1 9 5 5 , p p . 2 6 - 4 9 -
[ 1 3 1 . a ] M . R e i n h a r d , Étude de la Population Pendant la Révolution et 1’Émpire, P a r is ,
[1 1 6 ] G e o rg e s L e f e b v r e , “ La R é v o lu tio n F r a n ç a ís e e t l e R a tio n a is m e ” , A .H.R.F., 1963, (Comissão de História Económica e Social da Revolução).
1 9 4 6 , pp. 4 -3 4 .
[1 3 1 .b ] Contributions à 1’Histoire Demographique de la Révolution — françaíse, l . a, 2 . a e
3 . a s é r i e s , P a r is , 1 9 6 2 , 1 9 6 5 e 1 9 7 0 (Comissão de História Económica e Social
I 117) The French Révolution seen from the Right, F ilad élfia,
P au l H . B e ik . 1 9 5 6 , in -4 .°
(Transactions o f the American Philosophical Society, n o v a s s é r i e s , v o l. 4 6 , l . a
da Revolução, Mémoires et Documents, t. X I V e X V I I I . )
p a r te ) .
[ 1 1 8 ] W . M a r k o v (d ir . d e ) , Grundpositionen der Franzósischen Aufklàrung, B e r l im , 3) A classe camponesa:
1 9 5 7 , i n - 8 .° .
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■ 310 —
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[ 4 0 4 ] P . B essand-Massenet, Robespierre, 1 9 6 1 .
[4 0 5 1 G . W alter, Robespierre, P a r is , 2 v o ls ., 1 9 6 1 . [4 2 1 ] C a r lo s E. C oron a B a ka tech , José Nicolas Azara, un Embajador Espahol en
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[ 4 0 7 ] A.O luviçr, Satnt-Just, et la fon e des choses, P a r is , 1 9 5 4 . ch â te l, 1 9 6 9 -
[4 0 7 .a ] Actes du colloque Saint-Just (S o r b o n n e , 2 5 ju in 1 9 6 7 ) , P a r is , 1 9 6 8 . [ 4 2 4 ] C .P a r r a -P er e z , Miranda et Mme. de Custine, P a r is , 1 9 5 0 .
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~ — 312 — - 313 —
[4 2 5 1 J.L eflon, P ie VII, t. I: Des Abbayes Bénédictines à la Papautè, Paris, 1 9 5 8 .
[ 4 2 5 . aj H.LáBOUCHEIX, Richard Price, Théoricien de la Rèvolutions Amèricaenie, 1 9 7 0 .
[ 4 2 5 -bl L . Velluz, Le Pasteur Priestley . P a r is , 1 9 6 8 .
NOTAS:
Poderemos também consultar as bibliografias mais gerais: Bibliographie des Travaux Publies
de 1866 à 1897 sur 1’Histoire de la France depuis 1789, Répertoire Mêthodique de l'Histoire Modeme et
Contemporaine de la France (de 1898 à 1913), Repertoire Bibliographique de 1’Histoire de France de
1920 à 1930, continuado pela Bibliographie intemacionale des Sciences Histortques. Une Btbliographie
Annuelle de FHistoire de France aparece desde L955. As bibliografias nacionais de diferentes países,
citadas no parágrafo precedente, completarão a documeptação no que se refere aos diferentes
Estados.
Em alguns departamentos (Aveyron, Mayenne, por exemplo), há dicionários biográficos de
partamentais onde encontraremos informações sobre os revolucionários provinciais. capítulo 4
As Obras Especializadas
P a ra c a d a u m d o s p e r í o d o s d a h is tó r ia r e v o lu c io n á r ia , lim ita m o -n o s a n o s r e fe r ir
a o s e s tu d o s e s s e n c ia is e r e c e n t e s .
A) AS CAUSAS DA REVOLUÇÃO
a) Causas Sociais
3) Os privilegiados. 0 Clero:
[4 3 4 ] Ch. G irault, Les Biens d’Eglise dans la Sarthe à la Fin du X V IIIe Siècle, Lavai,
1953.
- 314 - - 313 -
Nobreza. Além da obra de Forster (n.° 147): b) Causas económicas
1 4 3 5 ] R . F u n c k - B r e n t a n o , Le Collier de la Reine, P a r is , 1 9 5 2 .
1) 0 problema dos preços:
[ 4 3 6 ] L.H astier, La vérité sur l’Affaire du Collier, P a r is ” 1 9 5 5 .
[4 3 7 ] F .B l u c h e , L O r i g i n e S o c ia le d u P e r s o n n e l M in is té r ie l F r a n ç a is au X V I I U (4531 G Lefebvre, “ L e M o u v e m e n t d e s P r ix e t le s O r ig in e s d e la R é v o l u ti o n F r a n -
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n. 1 3 2 a 1 3 8 , c o n s u lte -s e :
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A l é m d a s o b r a s c ita d a s n o s n.°' 2 5 5 a 2 6 5 :
3) Inglaterra. V e r a lé m d a s o b r a s c ita d a s n o s n.“ 2 5 5 a 2 6 2 : [5 0 3 ] G . 0 ’B r ie n , Economic History o f Ireland in the XVllIth Century, D u b lin , 1 9 1 8 .
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4) Itália. C o n s u lta r as o b r a s c ita d a s n o s n.“ 2 9 4 a 3 0 0 e a n e x a r : 853.
rs.íi q Além das histórias gerais já citadas nos n.” 267 - 269 , consultar: 15 3 0 1 P. C h auvet, 1789: Ulnsurrection Parisienne et la Frise de la B astille, P a r is , 1946.
[5 1 3 ] S. í a s s ie r . L e s D é m o c r a t e s B e lg e s d e 1 7 8 9 ” , Memoires de 1’Académie Royale de [5 3 U Je a n MlCHAUD, Les États Gènéraux et le 14 juillet 1789, P a r is , 1 9 6 0 .
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í5 1 3 a l P * T 1178/ e” Í Í l°nÍr ' C°nsidérations i» r la Révolution Liégeoise. Ses Cau-
/ f - Causes “e son Echec. L a Frontière Linguistique, L i è g e , 1 9 3 3 e) Grande Medo. abolição do feudalismo
[5 1 4 ] P . H abs \N, La Révolution Liégeoise de 1789, B r u x e l a s , 1 9 5 4 .
[5 3 2 ] G e o rg e s Lefebvre, L a Grande Peur de 1789, P a r ts , 1 9 3 2 (n o v a e d i ç ã o , T u r i m ,
f) Transformação da Polónia 1 9 5 3 ) e P a r is , 1 9 7 0 .
[5 3 2 a ] P. KESSEL, La Nuit du 4 aoút 1789, P a r is , 1 9 6 9 .
V e r as o b r a s já c ita d a s n o s n.“ 3 0 5 a 3 1 2 .
f) Municipalidades novas, guardas nacionais, federações.
C) A REVOLUÇÃO NA FRANÇA DE 1787 A 1789
[5 3 3 ] P -H T hore, “ F é d é r a t i o n s e t P r o j e t s d e F é d é r a t i o n s d a n s la R é g io n T o u l o u -
a) A Pré-revolução na França s a in e ” , A .H .R .F.,
1 9 4 9 , PP- 3 4 6 - 3 6 8 . „ , „ _ _ lQ S , n n
[ 534] R . T oujas, “ L a G e n è s e d e 1’I d é e d e F é d é r a t t o n N a t i o n a l e , A .H .R.F., 1 9 5 5 , PP-
^P ^ t i o n L
dl U [5 3 5 1 P- Arches, “ L e P r e m i e r P r o j e t d e F é d é r a t i o n N a t io n a le .A .H .R .F., 1 9 5 6 , pp .
[5 1 7 1
Je,n4s^,tss.^sí:’V[Jr, isr'PMq"u ^ us— d, n „K m
[5 3 6 ] D a n i e f í f e o u , “ A P r o p o s d e la R é v o l u ti o n M u n ic ip a le ” ,
1 4 6 -1 7 7 .
R.H.E.S., 1 9 6 0 , pp.
1950.
b) O ano de 1789
D) A CONSTRUÇÃO DE UMA MONARQUIA
CONSTITUCIONAL NA FRANÇA
li f
Generalidades
[ 5 2 5 ] P. Fbouch , 1789: Dte Grasse Zeitwende, F r a n k f u r t -d e l -M a in e , 1 9 5 7 . a)
c) Eleições para os Estados Gerais e “cadernos de queixas”. V e r .as b ib lio g ra fia s d a o b r a c ita d a n o n .° 3 1 . C o m p le t a r p e l o s s e g u i n te s
liv ro s:
Révolutio^Françatse^S a à eta °^ p u b lÍC ad o s p e la Commission d’Histoire Êconomique de la
b) Poder executivo
[ 5 2 6 ] Bea^ k H vslo p .French Nationalism According to the General Cahiers, N ova
[ 539a] É d ith B e r n a r d in Jean-M arie Roland et le Ministére de llnterieur (1792 1793)
P a r is , 1 9 6 4 .
[5 2 8 ] B e a tr ic e H yslo p “T *° ^ ^ C M ers ° f ^ ’ N ova Y o rk , 1936.
[528] ,CS C ah Í6rS In é d ÍtS d £ 13 V llle d e c) Soberania do povo
15291 J e a BrRa z e y Ae T p S ”^ atÍr / “ ^ t D o lé a n c e s > P - C l p e r ro t, cu ré de [540] E ric T homson, Popular Sovereignty and the French Constituem Assembly
D ijo n f 1 9 6 1 ’ Revolutlon l* Cóte d’0 r , fase. 1 1 (n o v a s é rie ),
1791), M a n ch e ste r, 1 9 5 2 .
— 321 —
[541| H em K la y , Zensusivahlrecht und Gleichheitsprinzip. Eine Untersuchung a u f [5 5 5 ] -M. C h a r t ie r , “ L e C l e r g é C o n s t itu tio n n e l d u D is tr ic t d A v e s n e s p e n d a n t la R é
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1) Policia política:
, m7 ) , £ ® r a ’ n o s r e P o r t a r e m o s às b ib lio g r a fia s a p r e s e n ta d a s n a s o b ra s
c i t a d a s , n. 297 e 299-
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8 ) P ara a Espanha, le r R ic h a r d Fíerr , op. cit. , n .° 3 0 3 (5 8 7 ] M. R u fa s, “ Le C o m ité de S u r v e i l l a n c e e t le s S u s p e c t s d e C a rca sso n e ,
A .H .R .F., 1 9 5 4 , p p . 2 3 2 - 2 5 3 . „
9 ) P a ra o s B á lc ã s , n o s r e p o r t a r e m o s a o s n.os 2 9 1 e 2 9 2 . |588] D a v id L . D owd , “ S e c u r it y and th e S e c r e t P o lic e D u r i n g th e R e ig n o f T e r r o r ,
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1 1 ) P ara a América, Ásia e África, v e r o s n.”' 3 2 1 a 3 4 7 e a n e x a r : B o n n e t - l a - M o n t a g n e ” , A .H .R .F., 1 9 5 7 , p p . 2 9 6 - 3 1 5 - „ _ ,.
1 5 9 1 ] R . C . C O B B , “ L a C o m m i s s io n T e m p o r a i r e d e C o m m u n e - A f r a n c h i e , Cahiers
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F) A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA E 0 GOVERNO
1959.
REVOLUCIONÁRIO NA FRANÇA
2) Exército revolucionário
a) O dia 10 de agosto
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[5 7 5 ] A ib e r t M Le 10 aoút, P a r i s , 1 9 3 1
a t h ie z ,
tements, P a r is , 1 9 6 1 - 1 9 6 3 , 2 v o ls . É a o b r a e s s e n c ia l q u e c o m p l e t a r e m o s
[ 5 7 5 . a] M . R einhard,L a Chute de la Royautê. P a ris , 1 9 6 9 .
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- 324 - — 323 —
, 5 9 3 -a l e nt d e [6 1 4 ] D . L. D owd , “J a c o b i n i s m a n d th e F in e A r ts , T h e R e v o l u ti o n a r y C a r e e r s o f
[5 9 4 ] R . c . C o b b “I - A r m é f n - , • P P • 2 4 2 ' 2;>2 e 1 9 5 2 , p p . 5 1 - 7 0 e 1 0 9 - 1 3 2 B o u q u i e r , S e r g e n t a n d D a v id ” , Art Quarterly , 1 9 5 3 , pp. 1 9 5 -2 1 4 .
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16,01 G 'Y9 ” 7 p T 2 2 e’ s' ' " r“ p ,,“k "’ “ '■ Réyol““ "
' 6UI R H “ r“ k) Campanhas militares
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N u m e r o s a s o b r a s a n tig a s , e s p e c i a l m e n t e as p u b lic a çõ e s d o E s ta d o -M a i o r do
7) Politica cultural. A lé m d o n .° 2 0 2 : e x é r c i t o , to d a s a n t e r i o r e s a 1 9 1 4 e:
— 328 — 329 —
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[6 5 6 ] J. G o d ech o t , Les
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[ 6 5 7 ] J . G ag É, “A n to n io d e A r a ú jo , T a lle y r a n d e t les N é g o c i a t i o n s S e c r è t e s p o u r la 4) Genebra:
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1815, P a r is , 1 9 6 7 .
[6 7 6 -a ] U. Marcelli,L a Vendita dei Beni Nazionali nella Repubblica Cisalpina, Bo
lo n h a , 1 9 6 7 .
330 — — 331 -
f
2) Canadá:
[6 7 9 ] G . VACCARINO .1 Patrioti "anarchistes" e fid ea dell-unità italiana, T o rin o , 1 9 5 5 .
7) Sobre a República Helvética: a r tig o d e G . R ufer, c ita d o n o n .° 2 8 3 . [6 8 5 ] S. D . C lark .T he Social Development o f C anadá, T o ro n to , 1 9 4 2 .
[ 6 8 6 ] E . M ac I nnis .C an ada, a Political and Social History, N o v a Y o r k , 1 9 4 7 .
c) Os paises ocupados. [ 6 8 6 . a ] G . P aquet e J . P . WALLOT, La Liste Civile du Bas-Canada 11794 - 1812) (Ex
trait de la Revue d’Histoire de 1’Amèrique Française, 1 9 6 9 - 1 9 7 1 ) .
2, ... 273, 3) América e s p a n h o la : A lé m d o s n.°' 3 2 9 - 3 3 2 :
3) Egito.
[6 8 7 ] C a r l o s P ereyra , Historia de America Espahola, 8 v o ls . M a d r i, 1 9 2 0 - 1 9 2 5 .
í 6 8 0 . a ] F 'c C H erotn°R X ' B°naparle: Gouverneur de 1’égypte, P a r is , 1 9 3 6 , [688] A . A n t o n i o B allesteros B eretta, Historia de America y de los pueblos americanos,
i c . riEROLD, Bonaparte en Égipte, P a r is , 1 9 6 4 .
1 5 v o ls . e d i ta d o s d e p o is d e 1 9 3 6 , B a r c e l o n a e B u e n o s A ir e s .
[ 6 8 9 ] R i c a r d o Levene .Historia de America, 1 4 v o ls ., B u e n o s A i r e s , 1 9 4 0 - 1 9 4 5 .
V e r o s n.“ 231 a 234. d) Colónia> [ 6 8 9 - a] F . M auro , “ L e B r é s il d e 1 7 5 9 à 1 8 0 8 ” e m l'Information Historique, 1 9 6 4 , p p .
1 3 9 -1 4 6 .
I) OS PAÍSES INDEPENDENTES DE 1792 a 1799 [ 6 8 9 . b] K atia M . d e
Q ueirós M attoso, Presença Francesa no Movimento Democrático
Baiano de 1798, B a h ia , 1 9 6 9 -
a) Grã-Bretanha [ 6 8 9 . c ] C . G . M ota .Atitudes de Inovação no Brasil, 1789, 1801 , L isb o a ,
V e r o s n.°' 2 5 5 à 2 6 5 .
h) As ia , África e Oceania
A lé m d o s n.°' 2 7 3 a 2 8 2 :
[6 9 0 ] P. M . Sykes .History o f Pérsia, P a r is , 1 9 1 5 .
[6 9 1 ] G . E. H arvey, A History o f Burma from the Earliest Times to 1824, L o n d re s,
1925.
’ SÊfe “ bTsJSí SK’'’**'. [6 9 2 ] W . A. R. W ood , History o f Stam , B angkok, 1933.
[ 6 9 3 ] G . D ubarbier , Histoire de la Chine Moderne, P a r is , 1 9 4 9 .
c) Rússia [ 6 9 3 . a ] D . Lombard , La Chine lm périale, P a r is , P U F , 1 9 6 7 ( c o l e ç ã o , “ Q u e s a is -je ? ” ).
Além dos n.“ 313 a 317: [ 6 9 4 ] R . M antran , Histoire de la Turquie, P a r is , 1 9 5 2 .
[ 6 9 5 ] J e a n CHESNEAUX, Contribution à 1’Histoire de la Nation Vietnamienne, P a r is ,
16821 ^ H,„„d [6 -9 6 ]
1955.
A bdel I smail, Histoire du Liban du X V IV Siècle à nos Jo u rs, P a r is , 1 9 5 6 .
1 Muitos estudos, que não pudemos citar aqui serão mencionados na 2.a parte desta obra:
“Problemas e direções de pesquisas”.
f i Espanha
V e r o s n.u' 3 0 1 a 3 0 4
— 332 —
— 333 -
ÍNDICE REMISSIVO
30£
A b d -e l - W a h Ha b , 129 A lexa n dre (C h a rles A l e x is ), 218
A b is s ín ia , 131 A lpes, 80, 104, 118
A b o l iç ã o d o R e g im e F eud al , 4 5 , 50 A lpes M a r ít im o s , 104
A b u q u ir , 99, 110 A l s ã c ia , 72, 103, 205, 2 1 1 , 243
A cloque (G e n e v iè v e ), 2 1 8 , 3 1 3 A m m an (P e t e r ) , 1 6 7
A co m b (F r a n c ê s), 318 A n t u é r p ia , 27, 28
A dam s (Jo h n ), 2 0 , 2 3 , 1 2 3 , 1 2 4 , 2 5 5 A m b o in o , 128
A dam s (S a m u el), 1 6 , 17 A m é r ic a do N o rte , 5, 13, 70, 125,
A d a n g za , 131 169, 178
A d a n so n , 139 A m é r ic a e s p a n h o l a , 125, 126, 255
A d et , 254 A m é r ic a l a t in a , 266
A d ig e , 100 A m é r ic a p o r t u g u e s a , 125, 255
1 A
A
d m in is t r a ç ã o
d m ir a t , 226
, 92 A
A
m ster d ã
n a r q u ia
, 2 6 , 2 7 , 2 8 , 6 3 , 114
, 129
A d ra n ,129 A n a t ó l ia , 129
A g it a ç ã o , 24, 29, 61, 66 A n c h el ( R .) , 3 0 2
A ig u il l o n ( D ’) , 2 4 A n d ré ( D .D ') , 2 1 8
A im o n d ( C h .) , 3 0 5 A n dreas (W il l y ) , 307
A i x -e n -P r o ven ce ,42 A n g o u m o is , 177
A lberti ( A .) , 2 8 7 A n selm e (G e n e r a l ), 104
A l e x a n d r ia , 99 A n t il h a s e s p a n h o l a s , 246
A lem a n h a , 5, 8, 12, 2 2 , 2 3 , 6 1 , 65, A n t il h a s f r a n c e s a s , 70, 107, 254
335
i
Arfaut, 322 B astid (P,), 312 Boivin-Champaux, 3 0 6 Burns (Robert), 62
Ariés (Ph.;, 299 Baviera, 65, 118 Bolívar (Simón), 1 2 5 , 1 2 6 Bus (Ch. du), 321
Aristocracia, 6 , 13 , 1 5 , 2 1 , 2 3 Bayone, 70, 121 Bolonha, 6 9 Butterfield (H.), 177
Argel, 129 Beard (Charles A.), 309 B o n a LD, 71
Argélia, 130 Beauvais, 299 BONNEL (ULANE), 330 Cabet, 1 6 7
Argone. 78 Becamps ( P .) , 326 bonnet (Charles), 30 Cádiz, 1 7 3
Armengaud (A.), 296 Becker (C.), 175 Boston, 1 6 , 1 7 , 1 2 3 , 1 2 4 Cahen (León), 281, 312
Arnaud(J.), 319 Bedarida, 206 B otany-Bay, 1 3 1 Caillard, 63
Arneth (VON). 286 Beer (William), 288 Bouchavy (Jean), 3 1 7 Caillet-Bois (R.), 310
Artois, 177 Belfast, 24 Boucher ( M . ) , 3 0 7 Cairo (O), 99, 100
Artois (Conde de>, 71 B é l g ic a , W .)2 6 , 2 8 , 2 9 , 3 0 59 Bouchotte, 2 2 6 'Çalábria, 256
Assembleia dos Notáveis, 38, 41 63, 72, 80, 81, 89, 90, 96, 104 Bouissounouse (Jeannine), 3 1 2 Calkin (H.I.), 306 •
Assembleia nacional, 43, 44, 104 105, 106, 108, 115, 138, 145, Bouloiseau, 3 1 2 Calonne, 3 7 , 3 8 , 4 1 , 1 9 7 , 1 9 8
“Assignats”, 51 171, 172, 191, 223, 243, 244, Bourdon (J.), 3 2 2 Calvet ( H .) , 2 2 6 , 3 2 6
Atenas, 11 245 Bourgin (Georges), 3 0 0 Cambacéres, 1 0 1
Atlântico, 18 Belgrano, 126 Bourmont-Coucy, 311 Camboja, 1 2 8 , 1 2 9
Ato de União das Províncias Beloch ( K . J . ) , 315 Boursin ( E .) , 2 9 2 Campo-Fórmio, 9 6 , 1 0 7
Belgas, 29 Bellivière ( E .) , 3 0 5 Bouteville-Dumetz, 1 0 6 Canadá, 1 8 , 1 2 2 , 1 2 4 , 1 2 5 , 2 5 4
Augé-Laribé(M.), 295 Bemis (Samuel F.), 309 Boutmy ( E .) , 2 0 3 Candeloro ( G .) , 3 0 8
Augereau, 95 Benda ( K . ) , 1 6 5 , 2 0 9 Brabante, 1 6 9 , 1 8 7 Cantimori ( D .) , 1 6 5 , 2 8 7
Aulard (A.), 154, 155, 156, 157, Bengala, 127 Cantão, 1 2 7 , 1 2 7
158, 159, 165, 218, 221, 237 B rachin (Pierre), 3 1 8 Cabo (O), 1 1 7
Bénin, 131
Aunis, 54, 177 Bénoit, 303 Braesch ( F .) , 3 2 0 Caponetto ( S .) , 3 3 1
Austrália, 131 Berengo (M.), 248 Brasil, 1 0 Caracas, 1 2 5
Áustria, 9, 12, 13, 29, 61, 65, 66, Bergasse, 40 Brauba.ch (MAX), 3 1 8 Carlos (Arquiduque), 118
67, 68, 75, 80, 89, 90, 94, 96, Berge(P.), 311 B rest, 7 7 , 1 1 6 Carlos x, 148
100, 106, 107, 110, 111, 118, B erlim, 119 Bretanha, 1 9 9 Carlyle (Tomás), 151
119, 200, 208, 223, 239, 252 Berna, 30, 31, 32, 64 Brett ( A . ) , 2 9 2 Carnot, 82, 93, 95, 106, 238
Autun, 42 Bernadotte, 99, 118, 134, 139 B ridoux ( F .) , 3 0 6 Carolina, 19
Avallon, 306 Bernard (Daniel), 190 Brienne (Loménie de), 3 8 , 3 9 , 4 0 , Carré (Henri), 306
Avignon, 72, 103, 104, 138 Bernardim (Edith), 321 4 1 , 197 Carrière (Victor), 275, 292
Bernoulli, 30 Brière (G.), 292 Cassano, 133,
B abeau ( A .E .) , 1 1 3 , 1 1 4 , 1 5 9 Bernstorff, 121 Brinton (Crane), 165 Cassini de Thury (César François),
Babeuf, 8 2 , 9 3 , 1 0 6 , 1 6 5 , 2 3 7 Berry, 177 B ríssot, 40, 72, Í04 293
Bachlin (M .), 2 6 3 Besançon, 40, 188 Brown (P.A.), 306 Cassini de T hury
Baden, 2 8 6 Bessand-Massenet ( P .) , 312 Bruce, 130 (Jacques-Domínique), 293
B aehrel ( R .) , 2 9 4 BÉTFIUNE - CHAROST(DUQUE DE), 63 Brucker (Gane A . ) , 3 1 1 Castelnaudary, 326
Bailly (Jean-Sylvain), 3 1 1 Beurnonville, 233 B rueys, 9 9 Castelot (A.), 310
B ainville, 3 3 3 Beyssi (J.), 329 BruhatCJ.), 1 6 5 , 2 4 6 Castella, 31, 32
Bálcãs, 4, 1 2 2 , 174 Bens nacionais, 50 Brune (General), 1 1 4 , 1 2 0 , 1 3 9 Castres, 185
Barbagallo (Corrado), 293 Billaud-Varenne, 82 Brunschwig, 2 5 2 Castries (Duque de), 297, 311
B arbagelata ( H . D .) , 3 1 0 Birmânia, 129 Brunswick (Duque de), 2 7 , 7 7 , 7 8 ' Càtalano (F.), 308
B arbes, 8 2 Birminghan, 116 Bruxelas, 1 0 6 , 1 5 3 , 2 4 4 Catarina ii, 30, 67, 70, 78, 80, 119,
B arnave, 6, 40, 145, 184 Biro (S.S.), 230 Bryant ( A . ) , 3 0 6 120, 252
B arras, 93, 95, 101, 139, 140, 239, Blanc (Louis), 151 B ucarest, 7 0 Catalunha, 121
258 Blet(H.), 304 Buchez, 1 5 4 Cefalònia, 107
B arruel (Abade), 71, 145, 147, 162, Bloch (Marc), 185 B udapeste, 23 Cento (Alberto), 312
169,183,219 Bloch (Camille), 282 B uenos Aires, 1 2 6 César, 104
B arthélémy, 94, 96 Bluche (F.), 316 Bulgakotf, 2 9 5 Cessi (R.), 330
B arthou (L.), 312 Bogotá, 125 Bordéus, 1 1 , 2 2 8 Ceilão, 117, 127
B asileia, 30, 64, 89, 94, 108, 112, Boémia, 12, 13, 73, 252 Burgoyne (General), 1 8 Chamboux (Marcel), 301
120, 121, 163 Bois ( B . ) , 201, 205, 210 Burke, 2 5 , 6 7 , 7 1 , 1 2 3 , 1 3 6 , 1 4 6 , Championnet (General), 99
B assville (Hugo de), 98 B o i s (Paul), 224, 256 1 6 2 , 163, 172 Chappe, 84
336 337
D e m o n g e o it (A.), 325 E , 309
C h a p u isa t (E.), 196, 307, 331 C o n s t a n t in o p l a , 122 is e n m a n n
D en e c k é r e (M arcel ), 244 E (f r a c a s s o s ), 1 0 6
C h a rlier (G .), 178, 286 C o n s t it u iç õ e s , 19, 22
D e n is (E.), 307
x é r c it o s
C o l o n iz a ç ã o , 131
Duby (G.), 298 E uropa O cid en tal , 1 2 , 24, 31, 35,
D a n y , 308
Ducos (R o g e r ), 101, 139, 140
C ollo t -D ’H e r b o is , 81, 226 D ard , 311 59, 9 0 , 169, 171, 174, 187,
D u m a s (F.), 197
C o m b e r t (J.), 305 D aum as ( M .) , 2 9 6 191, 2 0 9 , 25 3
D u m o n t (E t ie n n e ), 31 E uropa O rien ta l , 5 , 6, 104, 2 30
C o m é r c io , 6, 9, 10, 37, 54 D a u p h in -M e u n ie r , 295
D u m o u r ie z , 76, 78, 81, 82, 83, 105 E van g elização , 1 2 5
C o m ité de M e n d ic â n c ia , 8 D a u try (J .) , 3 1 2
D u n d e e , 116 E x il a d o s , 2 9 , 3 0
C o m it é d e S a lva ção P ú b l ic a , 85, D a v ie s (A .) , 3 1 7
D u p a q u ie r (].), 316 E xplo raçõ es , 1 2 6
86, 106, 227, 229, 230, 231 D e b id o u r (A .) , 2 7 6
D u p h o t (G en era l ), 98 E y c k (Er ich ), 3 2 3
C o m it é d e Seg u ran ça G eral , 82, D e b ie n ( G .) , 2 4 5 , 3 0 4 , 3 1 9
D u p u y (G en e r a l ), 258
87, 226 D ech am ps (J.), 207, 306
D u r a n d (C h .), 302 F a bre Q .) , 2 1 0
C o m plô , 75 D e ja c e (A n d ré ), 3 2 3
CONAN (J.), 317 Fa bre (M . A .) , 3 0 9
D e jo in t (G -), 2 3 6
E b e l in g G- B.), 284 F D ’E g l a n t in e , 283
C o n c o r d , 17 D e jo l y (L o u is -H écto r ), 2 1 8 , 2 4 5 a bre
C o n d e (A l e x a n d e r d e ), 197, 253,
E c k h a r d t (S a n d o r ), 307 Fa iv r e G- P-), 310
D elbrel, 9 7 , 106
254, 255
Écouis, 305 F a t t o r e l l o ( F .) , 2 8 7
D elca m bre (E .) , 3 2 8
E d e n , 37, 197 Fauch er ( D .) , 2 9 5
C o n d o rcet , 4 0 , 54, 158 D e l f in a d o , 40
E g e u (M ar ), 107 Fauch et, 123
C o n fed era d o s, 77 D e l ic h è r e s D ’A u ben a s, 202
C o n g r esso , 16, 21, 26, 239
Egito, 99, 100, 108, 110, 120, 127, F a u c h eu x (M arcel ), 316, 327
D elo n ,. 3 0 6
C o n s p ir a ç õ e s , 75, 92
130, 139, 257 F aulkner (H. U.), 309
D em o c r a ta s, 128
C , 183
191, 198, 199
E g r e t G ea n ), F a u r e (Ed ga r ), 196
o n s p ir a ç ã o m a ç ó n ic a D e m o c r a c ia , 11, 22
338 — - 339 -
F a v ie r (Je a n ), 278 G effr o y (A.), 286 G r o u sset ( R .) , 3 1 0 . 120, 128, 135, 139, 145, 170,
F a ij (B .) , 183, 319 G en êt 123, 254
, G r u f f y ( L .) , 3 1 2 171, 173, 179, 257
Fa yet ( J e a n ) , 198, 303 G é n o v a , 12 G u a d a l q u iv ir , 259 H o r o w it z (J .L .) , 3 1 8
F r e d e r ic o -G u il h e r m e II, 28, 119, G é r a r d (R.), 304 G uad alu pe , 107, 108, 246 H o s k in s 316
( W .G .) ,
183 G e r b a u x (F.), 276 G u ia n a , 106, 125, 136, 246 H o u t in (A lbert 277 ),
F e k e t t e (c o n d e ),65 G e r s h o y ( L e o ) , 165, 297 G u é r in ( D .) , 1 6 5 , 2 2 8 , 2 3 0 H o v d e (B.J.), 332
Feld m a n n 171, 207
(J.) , G e r t s c h l a g e r (O.F.), 286 G u er la c (H -), 3 1 2 H u b e r t (E.), 285
Feu ce (R. de), 249, 287 G e y l (P.), 306 G u erra , 211, 217, 218, 228, 235, H u b r e c h t ( G . ) , 117, 228, 301
Ferra n d (C o n d e ), 71 G (C ), 1 7 2 , 2 8 7
h is a l b e r t i a rlo
252, 254, 256 H u f f e r ( H . ) , 286
Ferrero (G.), 237 G ia n n i, 112, 172 G u erra (C o n s e q u ê n c ia s ), 75, 76 H u g u e s ( V i c t o r ) , 108
F e s t y ( O . ) , 299 G il b e r t (F é l ix ), 2 5 3 H u n g r i a , 8, 12, 61, 66, 67, 68, 73,
G u erra (D ecla ra çã o d e ), 7 5 , 7 6
F i l a d é l f i a , 17, 21, 125, 254 G , 11, 30, 31, 33, 59, 61, 71,
en ebra
G u il h e r m e V , 26, 27, 28 209, 252
F i l ó s o f o s , 10 98, 107, 171, 179, 180 G u in é , 130 H u n z ik e r ( O .) , 2 8 7
F i n l e y S h e p a r d ( W . ) , 326 G (C ), 3 1 5
ir a u l t h
G u sta v o III, 13, 24, 68, 120 H yslo p (B é a t r ic e ), 2 1 1 , 3 1 1
F l a n d r e s ( p r o v í n c i a s d e ) , 29, 89, G ir o n d in o s , 72, 76, 79, 81, 82, 88, G u y o t (R.), 162, 239, 255, 281
106, 177 90, 98, 104, 105, 126, 140, I d e ia s (L uz e s ) , 10, 11, 30
F l a u g e r g u e s d e V i v i e r s , 202 146, 152, 158, 159, 220, 221,
H a a s ( F r .) , 6 6 Ien aga (S.), 310
F l e u r u s , 87, 89, 105 222 H a bsbu r g o ( E .J .) , 2 5 2 Ig r e ja , 11
F l e u r y ( M . ) , 186 G iu n t e l l a (V.E.), 287 H a bsbu r g o , 33 Ig u a ld ad e , 47, 50
F o r s t e r , 185, 223, 300 G o bert (T h ), 2 8 5 H a id e r -A l i, 127 Im bert (G ) , 296
a sto n
F o u c h é , 101, 134, 135 G o d ech o t (Ja c q u es), 281, 284, 293
H alph en (L o u is ) , 160 Im bert (Je a 229 n ),
Fox (C. J.), 62, 250, 284 G o d frey ( J .L .) , 2 2 5 129, 246
H a ll (D.G.E.), 310 Ín d ia s ,
F r a c a r d ( L ) , 316 Godwin, 6 2 In d ig e n t e s , 8
H a ller (A lbert d e ), 3 0
F r a n c i s c o I I , 66, 67, 73, 118, 209 G o e h r in g (M .), 2 9 3 In d o c h in a 128 ,
H a m bu rg o , 65, 208
F r a n c o - m a ç o n a r i a , 12, 64 G o éth e , 65, 78, 118 H a m il t o n , 124, 254 In d o n é s ia 128
,
F r a n c h e -C o m t é , 72 G o h ie r , 101, 140
H a m pso n (N o rm a n ), 2 2 7 , 2 9 4 I n d ú s t r i a , 7, 9, 38, 39
F r a n c o v i c h (C.), 331 G olpes d e esta d o , 98, 100 I n g l a t e r r a , 18, 24, 26, 27, 28, 35,
H a n co ck (Jo h n ), 17
F r a n k l i n , 22, 23, 289 G o n ta rd ( M .) , 3 0 3 H a n o ta u x ( G .) , 3 1 0 36, 37, 53, 55, 62, 80, 82, 89,
F r a y - F o u r n i e r ( A . ) , 291 G o o ch , 307
H a n sen (Jo seph ), 2 4 7 , 2 8 6 90, 95, 98, 99, 116, 121, 127,
F r é t e a u , 40 (A.), 191, 198, 284
G o o d w in
H a rd y (T h o m a s), 62, 295 131, 157, 173, 178, 206, 219,
F r e u n d ( M . ) , 323 172
G o r a n i,
H a r r is (S.E.), 228, 301 227, 251, 254, 256, 265
F r é v i l l e (H.), 199, 318 G o rd o n (L o r d ), 2 5 , 1 7 5 , 1 7 7 , 1 7 8
H a r s in (P.), 179, 320 I n g l i s (B.), 319
F r e y r e ( G . ) , 289 G o r d o n ,' T um ultos d e , 25 In s t it u iç õ e s a d m in is tra tiv a s , 5 5
H a rtz (L .), 3 1 9
F r i b u r g o , 31, 63 G o ttsc h a lk (L o u is ) , 165, 170, 198,
H a rv ey ( G .E .) , 3 3 3 In s t it u iç õ e s ju d ic ia is , 5 5
F r o i d c o u r t ( G . d e ) , 330 293
F r õ l i c h (P.), 320
H a ssel (U. v o n ) , 2 9 5 In s t it u iç õ e s m ilita r e s , 5 5
G o u ber t ( P .) , 2 9 9 INSURRETOS, 1 7 , 1 0 2
H a s t i e r (L.), 164, 311, 316
F u g i e r (R .), 295 G r a m sc i (S .) , 2 1 0
H a t i n (E.), 282 In s u r r e iç ã o , 39, 4 0, 50
F u n c k - B r e t a n o ( R . ) , 316 G rã -B reta n h a , 7, 13, 18, 19, 2 4, H a ya n g e , 9 In s u r r e iç ã o c o n tr a -r e v o lu c io n á r ia ,
Fuoc ( R .) , 328 2 5 , 26, 59, 6 1 , 62, 95, 115, 134
H a za rd ( P .) , 3 0 8
F u r e t (F.), 164
123, 171, 174, 175, 177, 178, H a zen ( C .D .) , 3 0 9 “ I r is h V o l u n te e r s”, 25
199, 206, 250, 251, 252, 266 Irlan da , 3, 8, 22, 24, 62, 116, 117,
H éber t , 85, 86, 119, 229
G ach ard (L), 285 G ra tta n , 25, 251, 285 145, 1 7 1 ,1 7 7 ,2 5 0 , 2 5 1
H e l v é t iu s (C l a u d e ), 57
G agé (G en era l), 17 G r a ijw e l s ( J .) , 3 3 7
H en n et (L .), 3 0 4 Ism a il (A -), 3 3 3
G agé <J.), 279 G r a v in a (G.V.), 172 Ít a ca , 107
H e n r io t (M .), 2 9 8
G a l b r a i t h , 278 G ( D .) , 2 2 5 , 2 9 7
GAua , 104
reer
H en r y (L), 180, 186, 315 It á l ia , 5, 11, 35, 68, 71, 94, 100,
G ren o ble , 40, 199 H erd er , 65 112, 120, 133, 134, 135, 139,
G a u t z i n e , 252 G r ib e a u v a l , 78, 220
H e r is s a y (J ), 2 2 2 170, 171, 172, 173, 178, 187,
G araud 202, 298
(M a r c e l ) , G r im a l d i (G.), 325 2 1 0 ,2 1 8 , 2 3 7 , 2 3 9 , 2 4 7 ,2 5 7 ,
H erba u t (G en e r a l ), 226, 313
G a r ç o n ( M a u r i c e ) , 223 G r im a u d (L .), 3 0 3
H err (R ic h a r d ), 1 8 , 2 1 0 , 2 5 3 , 3 0 8 265, 266
G a r m y ( R . ) , 299 G ro eth u y sen (B .) , 2 9 4
H ig g in s ( E .L .) , 2 8 4 ITAMBÉ, 1 2 6
G a s c o n e , 201 G r o s, 263
H o ch e , 95, 109, 116
G a u t h e r o t , 163, 247 (J.G.), 231
G ro ssba r t
H o lba ch , 57 J acob (L .), 225, 297
G a x o t t e ( P . ) , 163, 297 134
G ro u c h y (G e n e r a l ),
H olan da , 26, 27, 55, 63, 71, 112, J a c o b in o s , 47, 62, 63, 64, 65, 66,
— 340 — - 341 —
67, 69, 73, 81, 93, 94, 95, 97, K u sk e ( B r u n o ), 317 L e n o t r e (G .), 164 M acC lo y (S h elby T .), 3 0 2
98, 100, 108, 114, 116, 118, K u t n a r (F.), 307 L e o b e n , 92, 94, 96, 118, 238 M a c c o b y (S.), 177
133, 134, 135, 139, 173, 184, L e ó n (P ie r r e ), 301 M ac D on ald (F o r rest ), 1 3 3 , 1 7 7
187, 206, 210, 227, 231, 248, L a b r a c h e r ie (P ier r e ), 318 L éo n a r d (E .G .), 299 M acD o n a l d (G e n e r a l ), 99, 100
258 L a b r o u ss e (E r n e s t ), 165, 188, 197, L e o p a r d i , 156 M a c D ow ell, 319
J affé (G.-M.), 299 227, 228, 293 L eo p o l d o II, 30, 67, 71, 118, 209 M adelin ( L .) , 3 1 2
J a m e s o n (F.), 1 7 5 , 1 7 6 L acape (H e n r i ), 313 L eo po ld o (I m p e r a d o r P e d r o ), 112 M a d r i, 70
J a n r o t (L.), 3 0 1 L a c o st e (M.), 326 L é o u z o n -L e d u c (E.), 288 M aestrich , 8 9
J a n se n ist a s , 5 7 L a c o u r - G a y e t (R.), 197, 255, 295 L e p a g e (M .), 183 M a f f e i, 172
J a n sill (C.T.), 288 L a c retelle , 40, 146 L esc èn e d es M a is o n s , 146 M aga cllo n (C o n d essa d e ), 3 1 1
J a pã o , 128 L a c r o ix (P.-TH.), 282 L e sn o d o r sk i (B.), 165, 188, 231, M a g g i, 172
J a u rés, 8 2 , 1 5 7 , 1 5 8 , 1 6 9 , 2 9 6 L a F a y e t t e , 18, 23, 38, 40, 42, 45, 309 M a g reb , 129
JAVA, 1 2 8 59, 122 L e s u e u r (E .), 311 M agnan ( J .- L .) , 3 2 3
J ay, 1 2 3 , 2 5 4 La G eo rg e (P . de ), 3 0 2 L e t o n n e lier (G.), 299 M agnano , 133
J e a n B on S a in t -A n d r é e , 1 7 0 La G u a yra , 126 L e t o u r n e u r , 93, 94 M agne , 122
J e bb , 25 La gos (G r a n d e s ), 18 L e t r o s n e , 54 M a g ú n c ia , 89, 108, 109
J e f fe r so n , 18, 23, 122, 123, 124, Lah arpe (F r é d é r ic C ésa r d e ), 3 0 , 6 3 L e v a sseu r (E .), 299 M a ig n ie n , 292
203, 289 LAjONGUIÈRE (DE), 310 L é v ig n a c -su r -S a v e , 186 M a in , 94
J ellin ek , 2 0 3 La llem and (L .), 3 0 2 L ew is (B .), 308 M â is t r e (Jo seph d e ), 7 1 , 1 7 2
J e r v is , 1 0 8 La m a r t in e , 1 5 0 , 151 L e x in g t o n , 17 M A laca , 1 2 8
J e s u ít a s , 5 7 , 5 8 La m o ig n o n , 39 L h é r it ie r , 320 M a l á s ia , 128
J o a c h im (J.), 3 2 9 La n g ero n ( G .) , 3 1 1 L iã o , 83, 87 M a llet d u P an , 71
J o b e r t (A.), 3 0 9 La n g u éd o c , 36, 72, 185, 186, 187, L ib e r d a d e , 4 5 M a lm esbu r y , 117, 285
JOHNSEN (A.O.), 3 0 9 257 L iè g e , 26, 29, 30, 63, 178, 179, 187 M a l o u e t ,(2 0 2
— 342 — — 343 —
204, 218, 2 2 1 , 2 2 5 , 2 2 6 , 228, M o r n e t (D .) , 189, 190, 318 N o v a Y o r k , 16, 26, 27, 175 P e d io (T.), 3 3 2
2 2 9 , 237, 2 5 8 , 302 M o r r a g h a n (F .), 288 N o v a Z e l â n d ia , 131 P e n s il v â n ia , 2 0 , 1 8 7
M a u p e o u , 13, 2 4 , 3 9 M o r r is (G o b e r n a d o r ), 254 N u s s b a u m (F.), 198 P éra, 122
M a u r e l (B .), 2 8 9 M o r t ie r (R .), 286 Nuzzo (G.), 287 P e r e y r a (C .), 3 3 3
M a u r y (A b a d e ), 7 1 M o r t im e r -T e r n a u x , 220 P e r p ig n a n , 7 0
M a u z i, 189 M o s c a t i (R .) , 308 P é r s ia , 1 2 9
O b r a a d m in is t r a t iv a , 53, 54-6
“M a x im u m ", 8 8 M o s c ó v ia , 259 P eru , 125
O b r a e c o n ó m ic a , 50, 53
M a z a u r ic (C l a u d e ), 2 9 7 , 3 2 9 M o u l in ( G e n e r a l ), 134, 140 P e s t a l o z z i, 3 0 , 6 4
O b r a p o l ít ic a , 56, 60
M a z z e i (F iiip p o ), 2 3 M o u n ie r , 40, 43, 199 P e t ie t (R .), 2 3 0 , 3 0 9
O b r a r e l ig io s a , 57, 59
M e d it e r r â n e o , 9 9 , 1 2 9 M o u l a y e l Y a z id , 130 P e t it f r è r e (C l .) , 3 0 4
O b r a s o c ia l , 49, 50
M e il k e (A . W .) , 3 0 6 M o u l a y S l im a n e , 130 P e t o t (J e a n ), 3 0 1
0 ’B r i e n (G.), 319
M e jd r ic k a (K .), 3 2 4 M o l h o u s e , 98, 103, 107, 243 P e y s t e r ( d e ), 1 7 8 , 3 1 9
O b s e r (K.), 286
M é x ic o , 126 M u l l e r ( J e a n d e ), 6 6 P ie m o n t e , 1 2 , 7 1 , 9 9 , 1 3 4 , 1 7 2 , 1 7 3 ,
O c u p a ç ã o m il it a r , 112
M eklem bu rg, 1 3 M ulh er d e F r i e d b e r g (Ch.), 64 200, 249, 257
O c e a n ia , 131
M e s ic k (J . L ) , 2 8 8 M u n g s P a r k , 130 P ic o r n e l l Y G o m il a , 7 0
O c h s (P ie r r e ) , 3 0 , 6 4 , 1 1 2 , 1 1 4
M e s s in a , 2 5 6 P ic q (A .), 3 0 4
O l a v id e , 1 2 1
M etz, 199 N a bo n n e (P .) , 2 3 9 P ic h e g r u , 9 4 , 9 5 , 1 3 9 , 2 3 7
O l m o ( D .) , 2 8 7
M e u e r t , 1 05 N a g a s a k i, 128 P ic h o is (C l .), 3 1 2
O l u v i e r ( A .), 2 5 7
M e u v r e t (J-), 3 1 5 N a m ie r ( S i r L e w is ), 1 7 7 PlGNEAU DE BÉHAINE (M ON S.), 1 2 9
O r l e a n s (L u i z F e l ip e d e ), 1 8 3 , 1 8 5 ,
M e y n i e r (A .), 3 1 2 N á po les, 1 2 , 6 8 , 6 9 , 9 4 , 9 9 , 1 0 0 , P il l n it z , 7 1 , 7 2 , 7 5
202
M ézera y, 2 23 133, 172, 210, 256 P in è d e (C h r is t ia n e ), 3 1 5
O r l e a n s ( d u q u e d e ), 3 9
M ic h a u d (J .), 3 2 1 N a r in h o , 1 2 5 , 1 2 6 PlNTEVILLE DE CERNON, 3 2 2
O t h m a n n d a n F o d io , 1 3 0
M ic h e l (A .), 2 9 6 N a va rra , 121 P i n t o ( I s a a c d e ), 2 3
O u t r e y (A .), 3 2 2
M ic h e l e t , 1 4 9 , 1 5 0 , 1 5 1 , 1 5 2 , 1 5 3 , N ecker, 3 6 , 38, 4 1 , 4 4 , 147, 196, Pio VI, 58
15 4 , 155, 157 197, 199, 204 P io r o (G.), 222, 276, 322
M ig n e t , 148, 1 4 9 N e g o c ia ç õ e s , 1 0 0 P a c y -s u r -E u r e , 8 3 PlRENNE ( H .), 307
M il ã o , 1 2 , 1 1 4 , 1 7 2 N elso n , 9 9 P a in e ( T h o m a s ) , 1 8 , 6 2 P ir in e u s , 80, 89, 121, 218
M il io u k o v , 3 0 9 N e m o u r s ( G e n e r a l ), 124 P a ís e s - B a i x o s , 2 6 , 2 9 , 3 1 , 3 5 , 6 1 , P is a , 6 9
M in n ig e r o d e , 2 5 4 N e r w in d e n , 81 62, 171, 178, 199, 265, 266 P is t ó ia , 134
M ir a b e a u , 2 3 , 3 1 , 4 0 , 4 2 , 4 3 , 5 1 , N e u c h a t e l , 63 P a ís e s - B a i x o s a u s t r ía c o s , 13, 79 P i t t (W .), 1 1 5 , 1 1 6 , 2 5 0 , 251, 2 5 2 ,
222 N e u f c h â t e a u (F r a n ç o is d e ), 9 6 , P a l m e r ( R o b e r t R.), 165, 170, 180, 261
M ir a n d a (G e n e r a l ), 1 2 6 , 2 5 5 238, 259 191, 206, 217, 252, 293 P l u m e t (J .), 3 0 7
M ir k in e -G u e t z é v it c h ( B . ) , 1 6 0 , 3 1 8 N e u m a n n (S t . R.), 298 P a l m s t ie r n a (C. F.), 332 Pó, 94, 111
M is s is s ip i , 1 6 , 1 8 N e u t r a l id a d e , 120-21 P a l o u ( J .) , 277 P o d e r e x e c u t iv o , 5 8 , 8 2
M it c h e l l (M .), 3 0 6 N g u y ê n - H u e , 128 P a m ie r s , 186 P o d e r l e g is l a t iv o , 9 5
M o e c k l i -C ell ier ( M .) , 3 2 4 N í g e r , 130, 131 P a n e (L. d a l ) , 308 P o it ie r s , 1 6 3
M o m m e r s (A . R . M . ) , 3 2 0 N il o , 130 P a n n i k a r (K . M .) , 310 P o it o u , 1 7 7
M o n g l o n d (A n d r é ) , 2 8 0 N ic e , 79, 104, 117, 243 P a o l in i , 112 POLINÉSIA, 1 3 1
M o n ic a t (].), 2 7 6 N o b r e z a , 137 P a p il l a r d (F.), 312 P o l ít ic a , 1 1 , 13
M onroe, 123, 2 5 4 N o r m a n d ia , 25, 79, 81, 83 P á s c o a ( il h a d e ), 131 P o l ít ic a e x t e r i o r , 7 9 , 8 0 , 8 2
M o n ta n h eses, 8 0 , 1 0 5 , 1 0 9 , 1 5 9 , N o r t e , 26, 35, 103, 137, 161, 187, P a q u e t (R.), 291 P o l ít ic a r e l ig io s a , 9 3 , 9 6
221 220, 230, 250 P a r is , 26, 33, 39, 42, 44, 47, 63, 69, P o l ó n ia , 1 2 , 2 3 , 6 1 , 6 4 , 6 7 , 6 8 , 7 8 ,
M o n t b é l ia r d , 1 0 3 , 1 0 5 , 2 4 3 N o r t h (L o r d ), 26 75, 76, 78, 80, 81, 82, 83, 85, 89, 96, 119, 169, 171, 187,
M o n t -B lanc (D e p a r t a m e n t o ), 1 0 4 , N o r u e g a , 120 88, 93, 95, 99, 122, 127, 134, 209, 210, 220, 223, 231, 252,
107 N o u r r i s s o n , 302 135, 139, 149, 150, 154, 156, 253
M o n t e s q u ie u , 1 9 , 2 0 , 2 1 , 1 9 0 Novi, 139 170, 188, 199, 204, 219, 221, PONDICHÉRY, 1 2 8
M o n tessu s d e B a llo re, 2 7 8 N o v i v o k , 253 228, 245, 254 PONIATOWSKY (ESTANISLAO
M o n t r é je a u , 1 3 5 N o v a A m s t e r d ã , 27 P a r is e t (G.), 305 A u g u s t o ), 6 7 , 6 8 , 1 8 7 , 2 0 9
M o r a z é (C h .), 2 9 3 N o v a C a l e d ó n ia , 131 P a r k e r ( R ic h a r d ), 116, 250, 303 P o o r e ( B . P .) , 2 8 8
M o reau, 100, 1 3 9 , 1 4 0 , 2 3 8 N o v a G a l e s , 131, 132 P a r k in ( C h .), 323 P o p e r e n ( J .) , 3 2 3
M o r e a u de S a in t -M é r y , 2 8 9 N o v a G r a n a d a , 125 P a r r a - P e r e z (C.), 313 P o rren tru y, 6 4 , 10 5 , 207
M o r e l l y , 11 N o v a s H é b r id a s , 131 P a u , 40, 199 P o rtu ga l, 8 0
M o r in i -C o m b i ( J .) , 3 0 1 N o v a I n g l a t e r r a , 123, 187 P a u l o I , 120 P o s t g a t e (R.), 3 0 6
-344 — 343 -
PO STH U M U S ( N . W .) , 317 R e n â n ia , 9 0 , 1 0 4 , 1 0 8 , V 09, 1 1 0 , R o h d en (P. R.), 294 S a u v el (T o n y ) , 322
PO TO M A C, 187 172, 173, 187, 223, 247, 252 R olan d (m in is t r o ), 220 S a v ó ia , 71, 72, >3, 79, 103, 104,
P O U L E T (Ch.), 305 R en a u t (C é c il e ), 226 R ( d e ) , 69
o l a n d is 105, 117,''207, 223, 243
P r é l o t ( M . ) , 192 R en n ès, 40 R om a 98, 99, 134
, S a x e - A l t e n b o u r g ( F r . d e ) , 311
P r i c e , 62 R e n o u v in , 170, 198 R o m a i n ( J . P . ) , 223 SÇ H A P IR O 0 . . 1 ) , 312
P r io r d a C o sta d o O u ro , 82 R epressã o , 29, 30 R o m a n s , 320 S c h e l e r ( L ) , 312
P r io r d o M 82
a rn e , R e p ú b l ic a b a t a v a , 8 9, 96, 98, 111, R o p s ( D a n i e l ) , 295 SC H ÉR E R , 100
P r i o u r e t (R.), 302 113, 114, 117, 128, 134, 172, R o s e (G.), 325 SCH ILLER, 65, 118
P r i v i l é g i o s , 12 247, 252, 257 R o s e (R. B.), 325 SC H IM M E LPE N N IN C K , 27
P r e ç o , 35, 36 Repú b l ic a C is p l a t in a , 96, 98, 100, R o s s i t e r (W. S.), 288 S c h m i d t ( C h . ) , 276, 277
P r o p a g a n d a , 23, 60 107, 109, 111, 112, 113, 114, R o t a (E.), 287 S cH N E ID E R (E.), 66
P r o p r ie d a d e , 45 138, 249 R o t h (C.), 295 S c h n e r b ( R . ) , 236, 301
P r o p r ie d a d e r u r a l , 50 R e p ú b l ic a H e l v é t ic a , 98, 111, 114, R o t t e r d á , 28, 144 S c h r y o c k (R. H.), 296
P ro ven ça , 54, 81 134, 172, 249, 257 R ( J e a n - J a c q u e s ) , 11, 19,
o u ssea u S c h u b a r t (C.), 65
P r o v ín c ia s U n id a s , 13, 21, 22, 26, R e p ú b l ic a N a p o l it a n a , 99, 249 27, 30, 120, 125, 179, 190 S e a r s ( L . M . ) , 253
27, 28, 29, 34, 59, 62, 6 3, 89, R e p ú b l ic a Pa r t e n o p ia n a *, 111 Roux, 149, 150, 154, 163 S é e ( H .) , 253
169, 172, 178 R e p ú b l ic a R om an a , 98, 99, 113, Roux (F. C h a r l e s ) , 239 S e e z , 241
P r ú s s ia , 28, 33, 68, 71, 76, 78, 80, 133, 134, 249 Roux ( J a c q u e s ) , 85 S e i g n o b o s , 309
89, 118, 119, 152, 183, 223, R eubell , 9 3 , 9 5 , 113 R o v era y , 31 S e l t z , 239
252 R e v o l u ç ã o a m e r ic a n a , 1 5, 2 2 -4 R udé (G. E.), 165, 177, 198, 217, S e n e g a l , 107, 130, 246
P u b l ic a ç õ e s , 64 R e v o l u ç ã o s o c ia l , 19, 22 ' 218, 228, 293 S e n t o u ( J . ) , 185, 196, 204
P u gh (W . J . ) , 1 9 8 R e v o l t a a r is t o c r á t ic a , 14, 38, 40, R udler , 110 S e r e g n i (G.), 287
P u y -d e -D ôm e , 236 4 2 , 4 4 -5 R u fa s, 325 S e r g e n t , 327
R e y ba z , 31 R u fer , 307, 330 S e r j n g a p a t ã o , 127
Q u an g -T r u n g , 128 ■ R h ig a s (V a l e s t in l is ) , 70 R u ffo (C ardeal ), 1 3 3 , 2 5 6 S e r v a n , 40
Q uebec act , 17 R en o , 65, 66, 79, 80, 89, 90, 94, 98, R ú s s ia , 8, 68, 70, 78, 84, 89, 100, S h e r r i l l ( C . H . ) , 288
Q u ib e r o n , 88 104, 105, 107, 109, 110, 218, 119, 120, 160, 174, 252, 253, SiAo, 128, 129
Q u im b y (R. S .) , 3 0 4 227, 228, 238, 239, 246 266 S i b é r i a , 70, 119
Q u in e t (E dg a r ), 1 5 3 , 1 5 4 R ic c i (S c ip ió n D E ), 1 3 4 S i c a r d ( A b a d e ) , 300
Q u it o , 126 R ic h a r d (Je a n ), 3 2 0 S agn ac (P h .) , 1 6 0 , 1 9 6 S i c í l i a , 100, 256
R ic h e l ie u , 104 S a in c t e l e t t e , 231 S i d n e y , 131
R a ba u t -S a in t 146
-E t ie n n e , R ic h e r t (G a b r ie l l e ) , 164, 300 S a in t -A n t o in e (a rra ba l de P a r is ), S i e n a , 134
R a d i t c h e v (A.), 70, 119, 252 R ie g e l (A n d r e a s), 66 48 S i e v e k i n g ( H . ) , 65
R a i m ò n d , 245 R ig a u t ( G .) , 303 S a in t -G e r m a in (c o n d e de ), 34 S i e y ê s , 41,4 5 , 47, 56, 101, 119, 135,
R a m e l - N o g a r e t , 137, 238 Riv ie r a , 100 S a in t -Ja co b ( P .) , 210, 299 139, 140
R a n z a , 69 R iv iè r e -Ve r d u m , 201 S i l a g i (D.), 324
S a in t -Ju st , 312
R a p i n a t , 114 R iv o ir e (J. A.), 303 S a in t -O m ero u , 207 S i o n (M. L.), 311
R a s c o l (P.), 299 R o b e r t ( D a n i e l ) , 292 Six (G.), 304
S a n to n g e , 54
R a sta d t , 96, 98, 99, 100, 109, 110, R o b e s p i e r r e , 73, 77, 82, 86, 87, 88, S^ in t o y a n t 304
, ( J .) , S o b e r a n i a , 46
239 90, 124, 149, 150, 151, 157, S a it t a ( A .) , 165, 248 S o b o u l ( A l b e r t ) , 165, 217, 218,
R a t in a u d ( J .) , 3 1 2 158, 162, 163, 218, 219, 224, S a lm (P ) , 103, 105
r in c ip a d o d e 224, 225, 228, 230, 294
R eal (W il l y ), 3 2 3 226, 228, 230, 231, 259 S (L.), 286
a lm o n
S o c ie d a d e s d e pen sa m en to , 11
R ebm a n n , 118 R o b i q u e t (J.), 297 S a m b r e , 94, 95, 238 S ô d e r h je l m ( A lm a ), 309
R e f o r m a a g r á r ia , 9 R o c h a m b e a u , 18, 23 S a n c h e z - A l o n s o (B.), 289 So l (C h . E . ) , 305
R e f o r m a f in a n c e ir a , 38, 52 R o c h e f o r t , 136 “ S a n s - C u l l o t t e s ” , 80, 81, 85 SO N N EN FELS ( J . V O N ), 6 6
R e f o r m a s in d u s t r ia is , 53 R o c h e f o u c a u l t ( L a ) , 40 S a n s o n ( A b a d e ) , 291 S orel (A.), 222, 230
R efo r m a s pa rla m en ta res, 38, 39, R o d g e r (A. B.), 330 S a n t a L u c i a , 107, 108 SO U T H E Y , 62
40 R o d o c a n a c h i (E.), 331 S a n t i v a n h e z (V. M.), 70 S o u v o r o v , 98, 120
R e f o r m a s r u r a is , 5 3, 54 R o g g i e r ( H a n s ) , 253, 332 S a r a t o g a , 18 S p e k k e n s (J. P. L.), 329
R e g im e a g r á r io , 6 S a r r a i l h CJ-), 308 S p e i l a n z o n (E.), 308
R e g im e f e u d a l , 5 * O n o m e v e io d e p a r tê n o p e , p e q u e S a r t h e , 224 S p e n g l e r ( ] . J . ) , 299
R e in h a r d (M a r c el), 165, 206, 219, n o p la n e ta d e s c o b e rto e m N á p o le s . S a r t i n e , 34 S p i n k (J. S . ) , 181
238, 280 ( R e v .) S a u s u r r e , 30 S p i t h e a d , 250
346 - — 347 —
St a ê l (M e . d e), 288 T o c q u e v il l e (A l e x is d e ), 152, 153, V a r en n es, 58, 71, 82 W ahl (A.), 233
Sta t is t e s , 29, 30, 63 154 V a r s ó v ia ,68, 89, 119, 187 W 63
a l c k ie r s ,
Sta m pa ct , 15, 16 T , 94
o l e n t in o V a u c l u s e , 103 W a l d e r (E.), 282
Sta th o ud er , 3 T 112
o l o m e i, V a u d ( P a í s d e ) , 64 W a l t e r (G.), 280, 311
S t e f a n o (A n t o n i n o d e ) , 248 T o u l o n , 83, 87, 88, 227 V a u s s a r d (M.), 318 W a l l i s , 131
Steffen s, 121 T o i x e s (F. B.), 176 V e n d é i a , 79, 81, 83, 84, 106, 116, W a n g e r m a n n (E.), 208, 324
S t e i n (H.), 275 T o n e ( W o l f e ) , 116, 117 135, 151, 172, 224 W a r t b u r g (W. v o n ) , 180, 207, 319
S t e i n e r (G.), 287 T o n q u i m , 129 V e n d ô m e , 93 W a r z é e (A.), 286
S t e u b e n , 18 T ô n n e s s o n (K. D.), 328 V e n e z a , 9, 12, 96, 107, 109, 172, W a s h in g t o n ( G .) , 1 8 , 2 2 , 1 2 2 , 1 2 3 ,
S t o k a c h , 100, 133 T o s c a n a , 12, 23, 89, 98, 111, 112, 248 124, 289
S t r a n g e (M. N.), 252, 253, 309 134, 172 V e n e z u e l a , 126 W a terlo o , 149
S t r e i s a n d (J.), 208, 307 T o u j a s (R.), 321 V e n l o o , 89 W a tso n (S . J .) , 3 1 3
S t r i c k l e r (J.), 286 T o u l o n g e o n , 146, 147 V e n t u r i (F.), 190, 318 W a tt , 9
S t r o g a n o v ( P r í n c i p e ) , 119 T ó u l o u s e , 38, 40, 135, 186, 196, V e r c e i l , 69 W e l s c h in g e r , 303
S u é c i a , 8, 12, 24, 64, 68, 167, 169, 199, 204, 205, 258 V e r d u m , 78, 219 W ellesley 127 ,
176, 196, 200, 230, 259, 264 T o u r n é s (R.), 304 V e r h a e g e n (D. R. C.), 331 W e l l i n g t o n , 127
S u l k o n o w s k i ( J . ) , 330 T o u r n e u x (M.), 280, 291 V e r h a e g e n (P.), 307 W e r n e r (R.), 227, 326
SU LLIV A N (J.), 124 T o u s s a i n t - L o u v e r t u r e , 108 V e r l o o y , 245 W e s l e y , 250
S u r a t t e a u ( J - ) , 237, 239, 247, 330 T r a m o n d , 304 V e r n i l l a t ( F r a n c e ) , 304 W est m o r e r l a n d (C o n d e de ), 2 5 1
S y b e l ( v o n ), 152 T r a t o d e n e g r o s , 50 V e r r i ( P . ) , 172 W h it a k e r (A. P.), 310
S y d e n h a m (M. J.), 325 T r a t a d o , 18, 19, 20 V e r s a l h e s , 18, 23, 42, 47 W il k e s , 250
S y d n e y , 20 1 T r e i l h a r d , 100 V i d a l e n c (J-), 297, 316» W in d h a m (W.), 2 8 5
T r é n a r d (L.), 298 V i e n a , 29, 67, 70, 94,-98, 112, 118, W o o d (W. A. R.), 3 3 3
T a it i, 131 T r e v e r i s , 329 128, 163 W o r d su w o r th . 62
T a in e ( H .) , 154, 155, 157, 162, 165, T r o u x ( A . ) , 305 V i e t n ã , 128, 129 W U RM SER, 2 8 6
220 T u e t e y ( A . ) , 275 V lL N O , 187 W URTEM BERG, 13
T a k a h a sh i 165
( K .) , T u p a c A m a r u , 255 V i r g í n i a , 18, 21, 23, 45, 187, 188, X a v ie r (Jo a q u im J o sé da S il v a ),
T a l l e y r a n d , 42, 99, 238, 239 T u r g o t , 35, 36, 38, 196, 204 203 126, 255
T a n d y ( N a p p e r ) , 251 T u r q u i a , 80, 99, 100,119, 127,129, V lZ IL L E , 40
T a r g e t , 40 130, 239 V o l t a i r e . 11, 57, 125, 183, 190 Z agh i (C.), 239
T a r i é (E.), 299 V o n c k , 29, 63, 244, 245 Z am bo n i (L u ig i), 69, 172
T a s s i e r - C a r l i e r ( S . ) , 244 U lster , 116 V o n c k i s t a s , 29, 63, 105 Z an g h eri (R .) , 249
T a t o n ( R . ) , 296 U m b r ia , 133 V o s g e s , 105 Z a n te , 107
T e r r a y , 13, 24 U r i, 12 V o ssler ( C .) , 3 0 9 Z e is s b e r g (V O N ), .286
T e r r o i n e (A.), 280 U s t e r i, 64 V reed e , 27 Z e l â n d ia , 26
T e r r o r , 75, 76, 79, 83, 84, 86, 87, V r e e d e (G. W.), 286 Z eller (G ) , 222, 223
a sto n
123, 126, 136, 148, 154, 162, V a c c a r in o (G.), 332 V u i l l e r m o z (E.), 296 Z u r iq u e , 30, 31, 32, 64, 136, 207
219, 221, 225, 227, 230, 259 V a is s iê r e (P . d e ), 2 8 9
T e x e l , 135 V a l a is , 9 8, 113
T h é b a u t (E. P.), 277 V a len ça , 72
T h e l w a l l , 250 V aleri ( N .) , 3 0 8
T h i b a u d e a u , 156 V a l ja v e c (F -), 3 0 7
T h i e r s ( A . ) , 148, 149, 150 V a lm y , 78, 79, 89, 223
T h o m a . ( F . M . ) , 313 V a llée (G.), 304
T h o m s o n ( E r i c ) , 321 V a llo to n ( H .) , 3 1 0
T h o m s o n ( J . M . ) , 285 V andal ( A .) , 3 3 3
T h o r e (P.H.), 316, 321 V an d er ch a pellen t o t d e Poll, 27
T h u g u t , 118, 286 V an d er K em p , 27
T i e r s o t , 304 V a n d er N o o t , 29
T i h o n ( C . ) , 285 V an D o ren ( C .) , 3 1 9
T i p p o u - S a h i b , 127 V a n ik o r o , 131
T i r o l , 65 V an K a lken (F.), 307
T o b a g o , 107, 108 V a n n es, 316
— 348 — — 349 —
E s t e l i v r o f o i im p r e s s o
(c o m f ilm e s f o rn e c id o s p e l a E d i t o r a )
n a G r á f i c a E d i t o r a B is o r d i L t d a .,
à R u a S a n ta C la r a , 5 4 (B rá s),
S ã o P a u lo .