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Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais - HISTORIA

NOVA
' •*v?-’á 3
CLIO
AS REVOLUÇÕES A HISTÓRIA
E SEUS
( 1770- 1799) PROBLEMAS

Jacques Godechot

Entre os primeiros volumes da Nova Clio — versão nacional da


universalmente aclamada “Nouvelle Clio” publicada na França pela
Presses Universitaires de France — a PIONEIRA escolheu As Revolu­
ções de G o d e c h o t não só pela atração do tema, mas sobretudo pela
originalidade do trabalho, pois o AUTOR, um especialista sobre o
período revolucionário, não se satisfaz em repetir seus predecesso­
res, pois a história se renova ininterruptamente. Documentos são
descobertos que permitem esclarecer questões até então obscuras; a
extensão dos conhecimentos, a colaboração internacional e a inter­
pretação das diversas disciplinas científicas tornam possível novos
pontos de vista, novas interpretações.
Dois aspectos predominam e orientam a obra de GODECHOT. O
primeiro é sua convicção de que a “Revolução Francesa” não podia
ser considerada como um fenômeno particular, isolado, nacional,
mas que se constituía no mais importante episódio de uma grande
revolução que transtornou todo o ocidente — e se espalhou mesmo
pelo mundo oriental — por três quartos de século, de 1770 a 1850.
O segundo aspecto refere-se ao papel dos “Grandes Homens” e das
“Massas” no movimento revolucionário, isto é, ao papel das idéias e
das forças profundas das grandes correntes de ordem social e eco­
nómica.
Com base nos valiosos estudos aparecidos na década de 1950 na
França e outros surgidos no exterior com o mesmo enfoque,
tornou-se possível, diz GODECHOT, escrever a história das Revolu­
ções não apenas “vista de cima” mas também uma história “vista de
baixo”. Mesmo estes trabalhos consideram os grupos sociais de ma­
neira estática.
As Revoluções apresenta duas tendências fundamentais: extensão em
superfície e desenvolvimento em profundidade, o que dá à obra um
invulgar valor. Com a publicação da Nova Clio a PIONEIRA está
certa de estar cumprindo parte do seu compromisso social para com
os estudiosos do Brasil.

LIVRARIA PIONEIRA EDITORA


FICHA CATALOG' ÃFICA AS
(Preparada pelo Centro de Catalogação-na-Fonte,
Câmara Brasileira to Livro, SP)
REVOLUÇÕES
G523r
Godechot, Jacques, 1907-
As revoluções: 1770-1799; traduçao de Erothildes S
( 1770-1799)
Millan Barros da Rocha. Sao Paulo, Pioneira,
1976.
p. ilust. (Biblioteca Pioneira de ciências
sociais. História. Serie nova Clio)
Bibliografia.
í livraria
1. França - História - Revolução, 1789-1799
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301.15309 (17.) 301.633309 (18.)
BIBLIOTECA PIONEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
JACQUES GODECHOT
HISTÓRIA Diretor da Faculdade de Letras e
Ciências Humanag de Ttíulouse

Conselho Diretor:
n
Eduardo D ’OHveira França
Hector Hernan Bruit
José Gentil da Silva
José Roberto do Amaral Lapa
José Sebastião Witter
Luis Lisanti
Manuel Nunes Dias
Maria Luiza Marcílio
AS
Regis Duprat
REVOLUÇÕES
SÉRIE “NOVA CLIO” ( 1770 - 1799)
Orientação:
Luis Lisanti

Supervisão Editorial:
Tradução de
Cristiana Monteiro de Siqueira Pontes
E r o th ild es M illan B a rro s d a R o ch a

L IV R A R IA PIO N EIR A ED ITO RA


São Paulo
Capítulo 4 A R EV O LU Ç Ã O N A FR A N Ç A de 1787 a 1789 33 Capítulo 7 A R E P Ú B L IC A DEM OCRÁTICA E O
1. Características Específicas ........................................ 33 G O V ERN O REVOLUCIO N ÁRIO NA
2. Causas Particulares ............................ 33 FRANÇA (1 7 92-1795)............................................. 75
3- A Revolta Aristocrática ............................... ............ 35 1. A Guerra e suas Consequências ......................... 75
4. 1789 na França ............................................................ 37 2. A Queda da Monarquia e o Primeiro Terror ... 76
5. A Declaração dos Direitos do Homem e do 3. A Convenção e a Proclamação da República .... 79
Cidadão .......................................................................... 43 4. O Governo Revolucionário e a Defesa Nacional 80
Íí 5. As Antecipações Económicas e Sociais............. 85
U 6. A Decadência do Governo Revolucionário...... 87
Capítulo 5 A C O N ST R U Ç Ã O DE U M A M O N A R Q U IA 7. A Vitória Revolucionária..................................... 89
C O N S T IT U C IO N A L N A FR A N Ç A ................... 49
1. A Obra Social ............................................................... 49 Capítulo 8 A R EP Ú BLIC A BURGUESA NA FRANÇA
2. A Obra Económica .................. 50 (1 7 9 5 -1 7 9 9 ).......................... 91
.3. A Obra Administrativa ............................................. 53 1. O Diretório e suas Instituições ..:...................... 91
Íí
4. A Obra Política ........................................................... 56 2. A Evolução Política do Diretório até o dia 18
H
5. A Obra Religiosa......................................................... 57 Ú Frutidor do ano V (4 de setembro de 1797) .... 93
«k«*
3. Evolução Política da França de 18 Frutidor do
ano V (4 de setembro de 1797) até 30 Prairial
Capítulo 6 REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO NA do ano VII (18 de junho de 1799) ................... 96
EU R O PA E NO M U N DO DE 1789 A 1792 .... 61
1. A Nova Chama Revolucionária na Grã-Bretanha, Capítulo 9 O M UNDO FRANCÊS DE 1792 A 1799 ......... 103
nos Países-Baixos holandeses e belgas, na Suíça 6l 1. As Regiões Anexadas à França........................... 103
2. O Despertar do Movimento Revolucionário na 2. As Colónias ............................................................ 107
Europa Central e Setentrional ............................. 64 3. As Regiões Conquistadas e não anexadas
a) Alemanha .................. 65 à França................................................................... 108
b) Áustria ................... 65 4. As Repúblicas Irmãs ............................................ 111
c) Margem Esquerda do Reno............. 66
d) Hungria .............. 66 Capítulo 10 OS PA ÍSES IN DEPEN DEN TES DE 1792
ei Polónia .................... 67 A 1799 ........................................................................ 115
f) Suécia .............'........ ................................................. 68 1. A Europa................................................................ 115
3. A Revoluçãona Europa Meridional ..................... 69 a) Grã-Bretanha ....... 115
a) Itália .............................. 69 b) As Alemanhas .............. 117
b) Espanha ..................... 70 c) A Rússia ................. 119
4. As Repercussões da Revolução nos Bálcãs, na d) Os Paises Escandinavos ............. 120
Rússia e Fora da Europa........................................ 70 ei A Espanha ................... 121
5. O MovimentoContra-Revolucionário ................. 70 f ) Os Bãlcâ< ................................................................. 122
— VIII — — IX

II
„ A , . ................ 1 2 2 b) A História Narrativa no Estrangeiro 151
2. A m erica..................................................... \ 22
a) Os Eslai/os Unidos ......................................... 124 d A História "Explicativa"............... 152
hl 0 C an adá ......................................................... 125 3. A Época da Pesquisa Científica .............. 155
cl A Am érica E sp a n h o la ........................... ..................... _ , at Aiilard e sua Escola ..................... 155
, ........ 1 2 6
di 0 B r a s i l .................................................. 197 b) Jaarès............................ 157
3. Ásia, África, Oceania .............................................
............. 1 / / cl Mathiez................................. 158
a) As Ín d ias ....................................... 127
d> Sagnac e Lefebvre .......................... 160
hl A C h in a ................................................................. 128
cl 0 Ja p ã o ......................................... -j 4. As Tendências Atuais......................................
d) A Á sia do Sudeste ...................................................... ^ al Os Historiadores Conservadores............................. 163
e) A Pérsia ea T urquia ............................................ \29 hl Os Divulgadores............................... 164
f l 0 M aghreb ................................................................. ,,, d Os Eruditos ......................... 164
gl A Á frica Austral e a Centra! ....................................... ^ ^
hl A Oceania ........................................................................
Capítulo 2 REVO LU Ç Ã O FRAN CESA OU REVO LU Ç Ã O
133 O C ID EN TA L? ..................................................... , 6g
Capítulo 11 B R U M Á R IO ........................................ 133
1. O Verão de 1799 ................................ ...................... DJ 1. A Questão .............................................
2 . A Situação Social, Económica e Política da
2. Objeções à Noção de Revolução Ocidental..... 1 7 0
França no período final do Diretório .................
3. O Problema dos Limites Cronológicos e
3. O Golpe de Estado do 18 e 19 Brumário ....... 17»
Geográficos ........................................ ^y 3
4. Conclusão......................................................................
4. A Revolução Americana .................. 175
5. As Agitações Revolucionárias da Grã-Bretanha 177
SEGUNDA PARTE 6. A Revolução nos Países-Baixos............... 178
/. As Revoluções da Suíça ................... j yg
Problemas e Direções de Pesquisa
Capítulo 3 C ER TEZ A S E H IPÓ TE SES SO BR E AS
Capítulo 1 UM A N T IG O D E B A T E : H IST O R IA D O R E S CAUSAS DA REVO LU ÇÃ O ................................ 133
“R E V O L U C IO N Á R IO S” CO N TRA 1. Uma Conspiração? ..................... 183
“C O N SER V A D O R ES” ............................................. 2. A Estrutura da Sociedade..................... 184
1. Os Contemporâneos dos Acontecimentos ...... 1
3. As Transformações Demográficas .................... 185
2 Os Polêmicos dos Três Primeiros Quartéis dos
4. A Estrutura e a Conjuntura Económicas .......... 187
147
Século X IX .................................................................. 3. O Movimento das Idéias: as Luzes.................... I 89
a l A H istória N arra tira na E ram a ................................. 1 4 7 6. A Evolução Política........................ 190
— X — — XI —
3. A Evolução Política da França desde o 18
Caoítulo 4 P R É-R EV O LU Ç Ã O , R EV O LU Ç Ã O E
Frutidor do no V (4 de setembro de 1797) até o
C O N T R A -R EV O LU Ç Ã O (1787-1792) ...............
dia 30 Prairial do ano VII (18 de junho
1. As Características Específicas da Revolução ^
d e l 7 9 9 >....................................................................... 2 3 8
Francesa ........................................
2. Causas Particulares ..................................................
Capítulo 7 O M U N D O , E X C E T O A FRANÇA, DE 1792
3. A Revolução na França de 1787 a 1789 ........... ^
A 1 7 9 9 ..
............................................ 243
4 1789 na Fran ça..................................................
L As Regiões Anexadas à França............... 2 4 3
5. A Declaração dos Direitos do Homem e do ^
2. As Colónias ..................... 0 ,
Cidadão ........................................................ 204 3. Os Países Conquistados e não anexados
6 Cidadãos Ativos e Cidadãos Passivos..........-
1 A Nova Chama Revolucionária na Gra-Bretanha. , à/ rança " . .................................................................... 2 4 6
"*■ As Repúblicas Irmãs ................ 247
nos Paises-Baixos Holandeses, Belgas e na
5. A Europa Independente................. 249
8. o Despertar do Movimento Revolucionáno na ^
6. A Am érica...........................
■Europa Central e Meridional ............. ...................
7. Os Acontecimentos do Verão de 1799 25S
9 . A Contra-Revolução e as Origens da Guerra ..
CONCLUSÃO G ERA L
Capítulo 5 JA C O B IN O S E SA N S-C U LO T TES N A ^ ...................................................................... 2 6 5

FR A N Ç A (1792-1 795) ................................................. ^


1. Os Sans-Culottes ........................................................ ^ t e r c e ir a , p a r t e

2. A Queda da Monarquia ........................................... ^


Os Meios de Pesquisa:
3. O Primeiro Terror ............................................
4. Girondinos e Montanheses .................
Fontes e Bibliografia
3. O Governo Revolucionário e a Defesa ^
Capítulo 1 O S O U 1 A S F A O R G a n j z a ç AO DO
N acional................. 227
6. Antecipações Económicas e Sociais ...... - ........... A. Na França.... ................... 271
7. A Decadência do Governo Revolucionário ..... ^ B. Nos Estados Unidos írZl
C- Na Itália .... .................................... 2 ?3
8 A Vitória Revolucionária .................
D. Na U .R.S.S............. ............................................... 273
Capítulo 6 DE BARRAS A B O N A P A R T E (1 7 9 5 -1 7 9 9 ). .. 2 3 5 E- Nos Outros Países 277>
........................................................... 2 7 3
1. A Constituição do Ano UI ............................
Capítulo 2 AS FO N TES
2. Babeuvistas e Realistas até 18 Frutidor do
A. Fontes Manuscritas ................................. 2 7 ^
Ano V (4 de setembro de 179- > ................... ...................................................... 2 7 5
- XIII —
— XII —
aI N a França ................................................................................ a. I J
b) Fora da França ....................................................................... 278
B. Fontes Impressas ................................................... 279
a) França ..................................................................... 280
b) Principais Paises Europeus .......................................... 284
c) América , Á sia, Á frica ................................................. 288

Capítulo 3 OS T R A BA L H O S ...................................................... 291


A. Bibliografias ............................................................ 291 PREFACIO
B. Os Instrumentos de Trabalho: Dicionários e
Revistas. Atlas ........................................................ 291 É inútil explicar porque, entre os 53 volumes que deviam consti­
C. Obras Gerais ........................................................... 292 tuir esta coleção, escolhi para redigir os que tratam do período revo­
D. Obras Gerais sobre a Revolução na França..... 293 lucionário. Há trinta anos tenho consagrado minhas principais pes­
quisas a este período. Entretanto, se escrevo uma nova obra sobre a
E. Obras Sobre a História de Algumas Cidades
Revolução, não é com o objetivo de repetir o que disseram meus
ou de Algumas Regiões da França durante o predecessores. A história se renova ininterruptamente. São descober­
Período Revolucionário............. .......................... 305 tos documentos que permitem esclarecer questões que permanece­
F. Os Principais Países do Mundo Durante o ram obscuras. Além do mais, a extensão dos conhecimentos, a cola­
Período Revolucionário ............. 306 boração internacional, a interpenetração de diversas disciplinas cien­
G. Algumas Biografias ............................................... 310 tíficas tornam possíveis novos pontos de vista e interpretações dife­
rentes dos que foram propostos até o presente.
Destes pontos de vista, destas interpretações, há dois que pre­
Capítulo 4 AS O BR A S ESPEC IA LIZA D A S .......................... 315 dominam e que têm orientado minha obra. A primeira, consequência
A. As Causas da Revolução....................................... 315 de toda uma série de trabalhos recentes, me persuadiu de que a “Re­
B. As Revoluções de 1770 a 1787 .......................... 319 volução Francesa não podia ser considerada como um fenômeno
particular, isolado, nacional, mas que constituía, sem dúvida, o mais
C. A Revolução na França de 1787 a 1789 .......... 320
importante episódio de uma grande revolução, que transtornou todo
D. A Construção de uma Monarquia o Ocidente — e se espalhou mesmo pelo mundo oriental — durante
Constitucional na França ...................................... 321 três quartos de século, de 1770 a 1850.
E. Revolução e Contra-Revolução na Europa e no Certamente a idéia não é nova. Ela se propagou correntemente
Mundo de 1789 a 1792 ........................................ 323 na época revolucionária. Barnave a desenvolvera em sua Introduction
à la Révolution Française, que Jaurès resumia do seguinte modo: “não
F. A República Democrática e o Governo
se pode falar propriamente de uma revolução francesa, mas sim de
Revolucionário na França ..................................... 324 uma revolução européia que atingiu, na França, seu apogeu”. De
G. A República Burguesa na França ....................... 328 fato, por um lado, Barnave não captou bem os laços que ligavam a
H. O Mundo Francês, de 1792 a 1799 .................. 330 revolução americana à revolução fràncesa, e, por outro lado, a concen­
I. Países Independentes de 1792 a 1799 ............. 332 tração da revolução no Oeste e no centro da Europa. De modo que a
J. Brumário e o Final do Diretório ........................ 333 expressão “revolução européia” é ao mesmo tempo insuficiente e
muito ampla. Mas Barnave possuía uma visão bem precisa.
Algumas décadas mais tarde, Augusto Comte, em seu Système de
ín d ic e R e m is s iv o ...................................................................... 335 Politique Positive falava de uma grande “revolução ocidental”. E
— XIV —
certo que, para este filósofo, a “revolução ocidental” era infinita- limitando-a ao período de 1763 a 1801, em um artigo extremamente
mente mais ampla e mais profunda. Ele a caracterizava pela supressão sugestivo . Em seguida, Palmer e eu próprio, num relatório apresen­
da escravidão e emancipação da mulher. Fixava suas origens na Idade tado ao Congresso Internacional de Ciências Históricas realizado em
Média. Todavia, notava nessa revolução ocidental uma crise particu- Roma em 1955, expressamos a idéia de uma “revolução atlântica”,
íarmente aguda, iniciada em 1789 e que, em 1853, ainda não termi­ tendo o oceano constituído uma ligação entre a Europa Ocidental e a
nara. Esta concepção apresentada aliás de maneira bastante indefi­ América . Finalmente, Robert Palmer retomou o problema em seu
nida não parece ter convencido muito. conjunto, apoiando a concepção de uma revolução “ocidental” com
Na segunda metade do século X I X e na primeira nietade do sé­ grande quantidade de argumentos extremamente sólidos, em dois
culo X X , os historiadores trataram de modo mais sistemático a revo­ importantes volumes publicados em 1959 e 19644. Como disse Bar-
lução “francesa” como um fenômeno particular ligado à França e sem nave, é certo que a idéia de uma revolução francesa, “ponto culmi­
relacioná-la com o que acontecia em outros países. A rigor, tratava-se nante” de uma revolução mais ampla, européia, ocidental ou atlân­
de reconhecer uma certa “influência” da emancipação das colónias tica, presta-se à discussão. Não nos esquivaremos a isso. Encontrare­
inglesas da América sobre a França — emancipação essa que na maio­ mos na segunda parte deste volume a argumentação asseverada pelos
ria das vezes não se podia chamar de “revolução”. Quanto às profun­ adversários destà concepção, com as réplicas que nos propomos
das modificações verificadas na Europa e América Central e Meri­ fazer-lhes! Entretanto, consideramos desde agora que a noção de re­
dional, consecutivas à revolução “francesa”, via-se ainda aqui o jogo volução “ocidental” se impõe de modo a dominar nosso volume e foi
de “influências”. As revoluções do século X IX eram consideradas assim que lhe demos por título não “A Revolução Francesa e a Eu­
sequelas em relação aos vínculos mais ou menos fracos com a Revo­ ropa”, mas “As Revoluções”.
lução de 1789- Por que não pensar que todas essas “revoluções em A segunda interpretação refere-se ao respectivo papel dos
cadeia”, que agitaram quase que tão-somente os países do Ocidente, “Grandes Homens” e das “Massas” no movimento revolucionário,
ainda mais os países costeiros do Atlântico, entre 1770 e 1848, não isto é, no final das contas, ao papel das idéias e das forças profundas
são manifestações de uma única e mesma revolução, a revolução “li­ das grandes correntes de ordem social e económica. Sem dúvida,
beral” ou “burguesa”, cujas causas, profundas e gerais, foram as Barnave já havia mostrado, há 50 anos, antes de Marx, em sua Intro-
mesmas em todos os países, e variaram somente em função de condi­ duction à la Rêvolution Française, não apenas que a Revolução era
ções particulares encontradas em cada região? européia, mas que ela provinha de uma lenta evolução da sociedade:
Contra esta concepção particularista da revolução “francesa”, os na Idade Média, a propriedade, essencialmente agrícola, determinara
historiadores reagiram há uns dez anos. Georges Lefebvre, na nova a formação de uma sociedade aristocrática. O desenvolvimento do
redação de sua Rêvolution Française publicada em 1951, consagrou comércio e da indústria acarretou “uma nova distribuição da ri­
uma importante monografia â evolução do mundo de 1780 à 1800, e, queza”, e esta nova distribuição proporcionou uma “nova distribuição
sem explicitá-lo, está claro que ele a considera como dominada por do poder”, isto é, uma revolução. Mas a obra de Barnave surgiu ape­
um grande movimento revolucionário cujo epicentro se desloca dos nas em 1843- Poucos são os que conheceram suas idéias antes dessa
Estados Unidos à França, após ter passado pela Holanda. Esta con­ data. A maioria dos historiadores do início do século X IX atribuiu a
cepção de uma “revolução ocidental” foi apresentada com a máxima revolução à influência das idéias filosóficas e à ação de alguns ho­
nitidez nos Estados Unidos, principalmente porque os historiadores mens.
americanos, sem dúvida mais distanciados da Europa, podiam ter uma Michelet tentou reagir| contra esta tendência. Ele colocou o
visão mais ampla. Em um textbook, isto é, num manual destinado “povo” no primeiro plano dos agentes da Revolução. Mas fez do
aos estudantes, Louis Gottschalk e Donald Lach falaram de uma “povo” uma descrição mística e imprecisa que não contribuiu para o
“primeira revolução mundial”, que se desenrolou na Europa Ociden­ progresso dos conhecimentos históricos. Jaurès, redigindo sua histó­
tal e na América, de 1770 a 1815, sendo considerada a segunda revo­ ria “socialista” da Revolução, colocou-a sob a tríplice inspiração de
lução mundial a revolução oriental e “socialista” iniciada na Rússia Marx, Michelet e Plutarco. Com Marx, ele queria ser materialista e
em 1905, triunfante no mesmo país em 1917, e que desde então dar um lugar preponderante à interpretação económica da História.
realizou p/ogressos gigantescos, essencialmente no Oriente e sobre­ Com Michelet, ele desejava ser místico, isto é, dar importância às
tudo na Ásia. Robert Palmer esboçou uma concepção semelhante, idéias e à sua ação sobre o “povo”. Enfim, com Plutarco, tencionava
prestar homenagem aos “grandes homens” e preservar para a história
Seu fim moral. Más Jaurès compreendeu até. que ponto o conceito
“povo”, de Michelet, era vazio, quantos documentos faltavam para
escrever um estudo fundamentado na interpretação económica da
História. Foi por esta razão que solicitou e obteve, em 1903, a criaçâo
ABREVIAÇÕES
de uma comissão encarregada da pesquisa e da publicação de documentos
referentes à vida económica da Revolução. No quadro de trabalhos desta
comissão e sob a influência de Jaurès, apareceram as primeiras gran­ Revistas e comissões francesas
des obras referentes à história económica e social do período revolu­
cionário. Ann ............................. Annales (E.S.C.)
Se nós lhe anexamos os raríssimos estudos inspirados no mesmo A.H.R.F........................ Annales Historiques de la
ponto de vista sobre os movimentos revolucionários havidos no es­ Révolution Française.
trangeiro, torna-se possível escrever a história da Revolução, não A.R................................ Annales Révolutionaires.
mais apenas “vista de cima”, mas também uma história “vista de
baixo”. Mesmo estes trabalhos consideram os grupos sociais de ma­ Commission d'bistoire économiqne: Comissão encarregada da pesquisa e
neira estática. Provavelmente, durante seu desenvolvimento, na evo­ publicação de documentos dos arquivos referentes à vida económica
lução, no decorrer do século X V III, encontraremos uma das causas da Revolução.
mais profundas e legítimas da Revolução. Foram realizados estudos
da história demográfica e seu desenvolvimento na Europa e na Amé­ 0 Comité des traiaux historiques: Comité de trabalhos históricos e
rica. Não é mais possível ao historiador negligenciá-los. científicos do Ministério da Educação Nacional, seção de história
Desse modo, extensão em superfície, desenvolvimento em pro­ moderna (desde 1715) e de história contemporânea.
fundidade, são as duas tendências fundamentais que caracterizarão,
atrevemo-nos a esperar, este novo estudo do período revolucionário. R.E.H ............................ Revue des Études Historiques.
R.F.................................
La Révolution Française.
NOTAS: R.H ................................
Revue Historique.
1 R.H.E.S......................... Revue d’Histoire Economique
^ “Europe and the Modern World”, Chicago, 1954. et Sociale.
“The World Revolution o f the West”, 1763-1801” em Political Science Quarterly, março de R.H.M. Revue d’Histoire Moderne.
1954.
3
“Le Problème de 1’Atlantique”, em Comitato Internazionale de Scienza Storiche, X Congresso
R.H.M .C...................... Revue d’Histoire Moderne et
Intemazionale, Relazioni, T. V., Firenze, 1956. pp. 175-239- Contemporaine.
4
The Age o f the Dernocratie Revolution, Princepton University Press, 2 vols., 1959-1964; a obra R.Q .H ........................... Revue des Questions Historiques.
foi resumida em francês, sob o título: 1789, Les Révolutions de la Liberté et de 1’Egalité, Paris, 1968. R.S.H ............................ Revue de Synthèse Historique.
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A.S.I..............................Archivio Storico Italiano.
N.R.S............................Nuova Rivista Storica
Pol. Sc. Quar.: Political Science
Quarterly
R .S.I..............................Rivista Storica Italiana
R .S.R ............................ Rassegna Storica del
Risorgimento Italiano.
#
#
m
Retvmdicado p<& Inglaterra
Espanha, Rússia e Estados Unidos
#
Moscou 500 1000 km

Com panhia da Baia


São PetersbUrgo >
de Hudson i Império
Russo ■ Revolta de
§ América \do Norte dezembro de 1825
Inglesa \ Hudson Islândia
:stocofmo Revoltas polacas de
Colónias
espanholas
VLuisiana Frontera J>.-, 1791-94 ( Kosciusko) *
/ de 1818 \
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França em i 303 V •B erlim
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Independência reconhecida
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Lisboa f \ \
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1776 África
Trafalqar
México: Revolução R EVOLUCOES
dos irlandeses
unidos 1798 NAEURÒPA
Edimburgo
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}Grã-Bretanha 1791-1799
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Porto Rico (Esp.)
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OCEANO unidos
República do Haiti
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1791-1801 * Guadalupe (F r.) Motins da
Marinha 1 797 Spithead
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*1811 Caracas • Barb ad o s U n g i.)

Trm id a d (F r .)
Çfóva; Revoluções da R EVO LU CO ES NO M UNDO A T L A N T IC O
Bolfuar 1 8 1 Q d a /
Granada
OCEANO PACIFICO América Latina 1770-1799 República
Venezuela « 1810-1825 Francesa _
Datas correspondentes ao triunfo de uma
lv Guiana ttf* 1789
revolução ou a declaração de independência
Bordéu* O Diretório
Datas correspondentes a 1795-1799
* <o Colónias ilonha
x espanholas revoluções fracassadas ou reprimidas
Toulouse T'R ep úb lica
; Qu<to 1819 Amazonas Batalhas t ■romana
-Guayaqutl
Movimentos de tropas ou #
personagens franceses
Movimento de outras tropas ou
^Nápoles
Brasil outras personagens franceses Repúbl ica1
(Colónia de Portugal) Pertence à Inglaterra napolitana
Fronteiras ou nomes políticos de 1799
enquanto que reino
Lima’ da Córsega — 1794
Fronteiras em litígio

>

#
prim eira parte

A SITUAÇÃO DOS
CONHECIMENTOS
r

capítulo 1

Características Gerais
do Período
Eis uma série de fatos que demonstram e ilustram a tendência
geral de que o período que vai aproximadamente de 1770 a 1850
seja uma época revolucionária.
De 1770 a 1783: revolução americana, formação da repúblicà dos
Estados Unidos com um governo constitucional, liberal e mais demo­
crático que os demais governos de então. 1780-1783: agitações revo­
lucionárias na Irlanda e na Inglaterra, tendo por objetivo, de um lado,
a autonomia da Irlanda, e, de outro, a reforma parlamentar na Ingla­
terra. 1783-1787: revolução nas Províncias Unidas para impedir o
“stathouder”* de tornar-se rei hereditário e para dar um sentido de­
mocrático às instituições do país. Somente a intervenção armada da
Inglaterra e da Prússia impede a eclosão do movimento. 1787-1790:
revolução nos Países-Baixos Austríacos. 0 movimento, inicialmente
dirigido contra as reformas “esclarecidas” de José II, dá origem a um
verdadeiro partido democrático. 1768-1782: revoluções democráti­
cas em Genebra; elas fracassam sempre em virtude da intervenção
armada estrangeira. 1781: movimento revolucionário em Friburgo,
na Suíça. 1772 e 1789: o rei da Suécia apóia-se nos burgueses e nos
camponeses contra a nobreza e dá ao regime um sentido mais demo­
crático. 1787-1815: revolução francesa. 1788-1794: revolução polo­
nesa. 1792-1795: reinicio da revolução belga com ajuda da França.
1792-1801: revolução na Alemanha Renana com o auxílio do
exército francês. 1795: entrada das tropas francesas na Holanda,
revolução, terminando com a criação da república batava. 1795-1797:
reinicio vitorioso da revolução em Genebra. 1796-1799: revolução
nos diversos Estados italianos. 1798-1799: revolução, na Suíça,
- 3 —
formação da república helvética. 1797-1801 — os “grandes princí­
pios” da Revolução são levados pelo exército francês às Ilhas Jónicas
e daí aos Bálcãs, a Malta, ao Egito, à Síria. 1805-1815: esses “grandes
princípios” graças aos exércitos imperiais atingem a Europa Central, a
Polónia e até mesmo a Rússia, a Espanha e Portugal. 1810-1825: a
invasão da Espanha tem como consequência a revolução das colónias
espanholas na América. Vencida provisoriamente na Europa em
1815, a Revolução surge na Itália e na Espanha em 1820, na Grécia,
em 1821, na prança, na Bélgica, na Polónia em 1830, em toda a
Europa Ocidental e Central em 1848. capítulo 2
A reação geral verificada entre 1849-1850, aliás, após ter supri­
mido os vestígios dos regimes senhorial e feudal nas regiões da Eu­
ropa Central onde eles floresciam ainda, termina com essas agitações
revolucionárias. O regime capitalista sucede aos regimes senhorial e
As Causas
feudal e até 1917 sofrerá apenas fracas investidas. Como não pensar
que estas revoluções façam parte de um mesmo conjunto? Não se Sem dúvida, circunstâncias particulares explicam a eclosão da
poderia caracterizá-las pelas expressões: “revoluções em cadeia”, revolução em cada Estado, mas um movimento muito geral, como o
“revolução ocidental” e “revolução atlântica”? que acabamos de definir, deve ter causas comuns. Elas residem na
estrutura da sociedade, na natureza e na evolução económica e na
NOTA: conjuntura política.
* “Stathouder” — nos Países-Baixos, título dado, de início, ao governador de cada província,
depois aos chefes militares da União, principalmente aos Príncipes de Orange. (Rev.) 1) A ESTRUTURA DA SOCIEDADE

Os países que foram os primeiros e os mais profundamente con­


turbados pelo movimento revolucionário — colónias inglesas da
América do Norte, Europa Ocidental — possuíam no século X V III
estruturas sociais que apresentavam, entre si, grandes analogias, con­
trastando profundamente com as da Europa Oriental, e mais ainda
com as da Ásia e da África.
No fim do século X V III, a sociedade ocidental caracterizava-se
pelo enfraquecimento do regime “feudal”. Restam apenas vestígios
desse regime na América do Norte, na Inglaterra, nos Países-Baixos,
na Itália Setentrional e Central. A servidão subsiste apenas em alguns
pontos, na França e na Alemanha. E verdade que a escravidão negra é
prática corrente nas colónias, mas isto é considerado como um fenô­
meno particular ligado ao clima tropical e independente de legislação
européia. O agricultor e o camponês são, por toda parte, proprietá­
rios completos ou detêm livremente a terra, isto é, são de fato pro­
prietários com a condição de pagarem rendas senhoriais de valor bas­
tante variável, conforme as regiões; ou são ainda arrendatários ou
meeiros. Evidentemente há camponeses sem terras, “braçais” que
possuem apenas os braços para trabalhar, mas eles podem se deslocar
livremente. A propriedade é geralmente.pequena e bastante dividida.
— 5 —
Nobrezá e clero ainda possuem, sem dúvida, uma boa parte do solo, trial”: as oficinas artesanais começam a ser substituídas por grandes
30 a 40% ' segundo as regiões, mas uma fração das terras nobres e a “manufaturas” e, por toda parte, “bombas de fogo”, isto é, as maqui­
maior parte dos bens da Igreja são alugados aos camponeses arrenda­ nas a vapor acionam as maquinarias. Utiliza-se cada vez mais a hulha
tários ou meeiros. em vez do carvão vegetal para a transformação do minério de ferro.
O regime agrário apresenta, de resto, vários aspectos. No Resulta daí um começo de concentração industrial, possível pela
Oeste e no Sul da Europa Ocidental, os campos, em geral de formato concentração de capitais nas mãos de algumas famílias ricas, nobres
irregular, são cercados de sebes: e nisso o individualismo do campo­ ou burguesas.
nês se afirma ainda mais. No Norte, ao contrário, existe o regime do A estrutura da sociedade na Europa Ocidental levou a burguesia,
campo aberto. Os lotes são agrupados em “soles”* ou “saisons”, e detentora do poder financeiro, a desejar exercer por si própria, e em
todos os que cultivam os campos de um mesmo “sole” são obrigados seu benefício, o poder de fato; e ela induz os camponeses ,a reivindi­
ao mesmo tipo de cultivo. Uma vez terminada a colheita, todos os car o desaparecimento dos úitimos vestígios do regime “feudal”. Leva
habitantes da aldeia, mesmo os que não possuem terras, têm o direito os arrendatários, meeiros e braçais a reivindicar a propriedade com
de levar seus animais, aos campos liberados da produção: é a livre posse total de maiores extensões de terra.
pastagem, à qual se atêm os “braçais”, mas que os grandes proprietá­
2) AS TRANSFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS
rios, nobres ou burgueses, se esforçam por suprimir.
A leste do Elba, o regime agrário é bem diferente. A terra per­
Essas reivindicações tornaram-se mais violentas devido ao cres­
tence inteira e realmente ao senhor. Os camponeses servos nunca são
cimento demográfico, que começou cerca de 1730. Em virtude da
proprietários, nem fazendeiros; eles estão “ligados à terra” e são ven­
falta de estudos suficientes, ainda estamos mal informados sobre as
didos com ela. Sem nenhuma instrução, os camponeses da Europa
causas, a extensão e amplitude desse fenômeno. Ao passo que, antes
Oriental estão, passivamente submetidos ao senhor, que goza de po­
de 1730, a população da Europa Ocidental assinalara oscilações rápi­
deres muito amplos e quase absolutos. Além disso, a mentalidade do
das e profundas perdas catastróficas, consequência de “pestes” ou de
grande proprietário prussiano, do magnata polonês, ou húngaro, do
guerras, seguidas de “recuperações” espetaculares devidas a uma na­
grande senhor russo é bastante diferente da que tem o grande pro­
talidade extremamente elevada — desde esta data a população não
prietário francês “hobereau”, ou o proprietário inglês “landlord”, ou
cessou de crescer. No continente, a população passou de cento e
ainda do barão napolitano. Ainda mais, na Europa Oriental não existe
dezoito milhões, por volta de 1700; a cento e oitenta e sete milhões
praticamente uma burguesia. As cidades, raras e pouco povoadas em
no final do século; na França, ela passou de dezoito milhões, em
sua maioria não passam de grandes mercados e o comércio está nas
1715; a vinte e seis, em 1789; na Inglaterra, passou de cinco a nove
mãos dos judeus.
Barnave, em 1792, já havia compreendido claramente que a milhões no mesmo período.
grande propriedade agrícola exclusivista tinha como corolário o “re­ As causas desse aumento são ainda pouco conhecidas. Mas
gime aristocrático”. Na Europa Ocidental, pelo contrário, “o artesa­ distinguem-se as consequências que foram consideráveis. Nas “pi­
nato e o comércio” tinham se disseminado entre a população e râmides das idades”, os jovens ocupam, doravante, um lugar prepon­
“criado um novo meio de riqueza em auxílio da classe trabalhadora”. derante. A França, sobretudo, é dominada pela juventude em 1789;
Com efeito, a Oeste do Elba, as cidades eram numerosas, ricas e somente 24% de sua população ultrapassam 40 anos, enquanto
povoadas. Graças ao comércio marítimo que se desenvolvera desde a 40% têm de 20.a 40 anos e 36%. menos de 20 anos. De resto, ainda
exploração do Atlântico, rio século X V I, a burguesia era muitas vezes que o aumento relativo da população tenha sido mais ou menos o
mais rica e mesmo mais poderosa do que a nobreza. Em certos países mesmo em toda a Europa, há, em 1789, países que já estão “superpo-
do Ocidente (Inglaterra e Províncias Unidas), ela participava do po­ voados”; é este o caso da França. É, portanto, na França que os jo­
der, mas em outras partes, especialmente na França, ela aspirava a vens formam a massa mais numerosa e a mais explosiva, porque ela
está em situação de “subemprego”. Isto explica, em parte, o papel
governar.
que a França vai ter na Europa de 1789 a 1815, e a importância da
O desenvolvimento do comércio teve como consequência o im­
fase francesa da Revolução.
pulso da indústria. Mais ou menos depois de 1750 assiste-se em toda
È certo que a pressão demográfica foi muito mais sensível nas
a Europa Ocidental ao início de uma verdadeira “revolução indus­
— 7 —
— 6 —
classes humildes e nos países superpovoados; se os pobres sobrevi­ trienal de cultura pela rotação bienal, geralmente usada na Europa
vem. eles vivem mal. À medida que a população aumenta, a melhoria Meridional, o fechamento das propriedades, a supressão da pastagem
do nível de vida que precisamente tinha permitido esse aumento, livre e dos direitos de uso, a partilha das terras comuns, a melhoria
tende a se degradar e as crises económicas, mais frequentes depois de dos processos de cultivo, o desenvolvimento e a racionalização da
1770, tornam a vida mais difícil às populações indigentes. pecuária, a introdução ou extensão da cultura de plantas novas:
Para uma população em expansão eram necessários novos em­ milho, batata, forragens artificiais. Os progressos da agricultura, gra­
pregos. A Rússia, a Prússia, a Áustria, a Hungria e a Suécia dispu­ ças à aplicação desses métodos, são importantes na Inglaterra e aliás
nham de imensos territórios incultos: isto permitiu a organização de muito menos acentuados nos Países-Baixos. Mas o programa dos fi­
uma verdadeira “colonização” interior. A Suíça, a Alemanha Renana, a siocratas favorece sobretudo os grandes proprietários, e os grandes
Inglaterra e a Irlanda enviaram colonos para a América; as colónias fazendeiros, isto descontenta os pequenos fazendeiros e sobretudo os
americanas expandiram-se para o Oeste. Na Inglaterra e na Ale­ braçais, que se vêem reduzidos à condição de proletários.
manha, a revolução industrial levou às fábricas uma parcela do exce­ A indústria se desenvolve, pode-se falar de “revolução industrial”
dente populacional. Mas, a França, que tinha perdido em 1763 o na Inglaterra. Watt aí inventou a máquina a vapor entre 1769 e 1776,
Canadá e a Luisiana, não podia mais enviar emigrantes para além- mas que foi utilizada pela primeira vez na França, na usina metalúr­
mar; a sua revolução industrial era ainda embrionária, e não podia gica de Creusot, somente em 1785. A fusão do minério de ferro com
absorver o excedente de população. Além do mais, nos últimos anos carvão coque, tentada na Inglaterra e na Alemanha desde 1750, não
do século XV III os desempregados e os vagabundos eram numero­ foi experimentada na França senão em 1769, em Hayange e em
sos na França, sobretudo nos campos. Saint-Etienne; o primeiro “alto-forno”, utilizando o “carvão de
A proporção dos “indigentes”, como se dizia então, é enorme: pedra” foi construído em Creusot, em 1785. A indústria têxtil
uma pesquisa feita em 1790 pelo Comité de Mendicância da Assem- mecaniza-se, mas neste campo também a Inglaterra está bastante
bléia Constituinte revelou que em quarenta e dois departamentos a adiantada. Em 1789, ela contava cohn 20.000 “máquinas de fiar”, en­
proporção dos indigentes atingia a nona parte da população. Mas ul­ quanto a França possuía apenas 7.000. A Inglaterra conta, no final do
trapassava a quinta parte em seis departamentos. Estes indigentes são século X V III com numerosas fábricas, utilizando várias centenas de
muitas vezes vagabundos “sem eira nem beira”. Vagam pelas florestas operários. Em 1789, na França, as minas de carvão de Anzin ocupa­
onde constroem, eles próprios, suas cabanas e trabalham ocasional­ vam 4.000 operários e 475 carreteiros. A Bélgica e a Alemanha Re­
mente como carvoeiros. Invadem os bens pertencentes às comunas e nana estão mais ou menos no mesmo nível que a França; a Itália do
tentam explorar as charnecas e pântanos. Adversários naturais de Norte está mais atrasada e perto de 1789 aí se encontram apenas
um sistema social que os marginaliza na Nação, eles formarão um três ou quatro grandes manufaturas têxteis, como as fábricas Clerici,
exército, prontos para a revolução, e às vezes para a contra-revolu­ na Lombárdia, que empregavam 300 operários, ou as fábricas dê Ni-
ção. colo Tron em Veneza, que assalariavam 500 operários.
A Inglaterra que, do ponto de vista industrial está vinte anos na
3) ESTRUTURA E CONJUNTURA ECONÓMICAS frente dos outros países do continente, tende, pois, a se apoderar dos
principais mercados. A partir de 1780, a concorrência inglesa desloca
Comparada à Europa Oriental, a Europa Ocidental se mostra a França de sua posição preponderante no Oriente. Os tratados co­
muitíssimo mais industrializada. Entretanto, em fins do século XV III, merciais assinados pela França com os Estados Unidos em 1778, em
ela continua a ser uma zona essencialmente rural. As preocupações 1787 com a própria Inglaterra, não podem restabelecer a situação.
dominantes dos economistas são relativas à produção agrícola. Em­ Em todos os países do continente a burguesia comercial está descon­
bora a Europa Ocidental tenha aumentado desde o início do século tente e geralmente irritada contra os ingleses, que ela torna respon­
— esse aumento, sem dúvida, a princípio se deve à pressão demográ­ sáveis pelo declínio dos seus negócios.
fica — ela parece ainda insuficiente. Os “fisiocratas” propõem múlti­ Após ter sido favorável de 1730 a 1770, a conjuntura económica
plas reformas para elevá-la. Em numerosos países fundam-se socieda­ tornou-se desíavorável. Os preços que haviam baixado de 1660 a
des agrícolas que difundem o programa dos fisiocratas. Estes preco­ aproximadamente 1730 subiram desta data até mais ou menos 1770.
nizam a aceleração dos desbravamentos, a substituição da rotação Essa alta foi devida, sem dúvida, à colocação em circulação do ouro
— 8 — — 9 -
produzido pelas minas do Brasil e da prata que continuava a ser ex­ - executivo e judiciário. Estas idéias são retomadas por Montesquieu,
traída de diferentes regiões da América. Todavia, os salários não ti­ um presidente do Parlamento de Bordéus. No Espírito das Leis
nham acompanhado a alta dos preços. De 1770 a 1800, porém (1748), ele anexa às teorias de Locke considerações relativas à in­
constata-se na França, sobretudo, altos e baixos acentuados na curva fluência do clima e do meio físico sobre a organização política. Mas
dos preços. Essas oscilações correspondem a uma série de crises que isto é para concluir que o governo deve pertencer à elite e à aristo­
tiveram como consequência o marasmo dos negócios. Essas crises pa­ cracia. Sua obra teve um sucesso imenso na Europa e na América.
recem ser devidas a intempéries, provocando colheitas ora insuficien­ Os teóricos do regime aristocrático tiveram numerosos adversá­
tes, ora abundantes. Essas crises atingem duramente os operários das rios, dentre os quais Voltaire ocupa o primeiro lugar. Não que Vol-
cidades e dos campos, num século em que apenas a caridade não é taire tenha lutado pela “democracia”. Preconizava porém um regime
suficiente para aliviar a miséria. Elas são acompanhadas pela recru­ monárquico no qual o soberano, “esclarecido” pelos “filósofos”, go­
descência do banditismo, às vezes por desordens mais graves, po­ vernaria apoiando-se no povo contra os aristocratas egoístas e muitas
dendo chegar até ao motim revolucionário. vezes retrógrados. E a teoria do “despotismo esclarecido”. Em lugar
As revoluções, cuja lista enumeramos, foram de modo geral de­ do “direito histórico” apoiado na geografia, invocado por Montes-
sencadeadas por uma destas crises económicas: crise provocada pela quieu e seus imitadores, Voltaire contrapõe o “direito natural”, que
alta dos preços, em virtude de novos impostos, nas colónias inglesas implica na igualdade de todos face ao monarca. Voltaire ataca tam­
da América, entre 1763 e 1770; crises devidas às intempéries e às bém com espírito, mas não sem veemência, os privilégios da nobreza
más colheitas que se seguiram, na Europa, em 1770, 1774, 1783, e da igreja.
1784 e sobretudo 1788-1789. Contrariamente, a superprodução, le­ Foi o genebrino Jean-Jacques Rousseau que se tornou um dos
vando a uma baixa catastrófica dos preços, engendrou também cri­ primeiros teóricos da democracia. No Discurso sobre as Artes e as Ciên­
ses, como no caso da viticultura na França; o vinho foi muito abun­ cias (1730), mais ainda no Discurso sobre a Desigualdade (1733) e no
dante entre 1770 e 1789, daí resultando uma baixa dos preços e a Contrato Social (1762), Rousseau retomou e expôs com clareza as
ruína dos viticultores. idéias de jurisconsultos do século anterior sobre o “direito natural”.
Entretanto, diferentemente de Montesquieu e de Voltaire, Rousseau
4) 0 MOVIMENTO DAS IDÉIAS: AS LUZES dava preeminência ao poder legislativo exercido por todos os cida­
dãos; o executivo deveria ser-lhe subordinado. Para Rousseau, o es­
Os desequilíbrios sociais, a pressão demográfica e a consequente tado ideal era a pequena república, como Atenas na Antiguidade,
falta de empregos, o início da revolução industrial e as crises econó­ ou Genebra. Nela, a sociedade devia ser formada por pequenos pro­
micas multiplicam os descontentes em todas as classes. Estes, por dutores independentes, livres e iguais. Na pior das hipóteses, Rous­
toda parte, desejam modificar as condições de vida e solicitam um seau admite que nos grandes Estados, onde a democracia direta não é
programa aos pensadores políticos que no século X V III são denomi­ possível, os cidadãos sejam “representados” por deputados. Os discí­
nados “filósofos”. pulos de Rousseau, especialmente o abade Mably e Morelly foram
Todavia, as idéias dos “filósofos” eram variadas e estimularam ainda mais longe, e traçaram os primeiros esboços de um regime
tendências diversas, muitas vezes contraditórias, no seio do movi­ “comunista”. A Enciclopédia, publicada na França a partir de 1751,
mento revolucionário. E certo que todos os “filósofos” depois de traduzida em vários idiomas, extensamente difundida na Europa e na
Descartes, Spinoza, John Locke, pensam que não é mais possível América, divulgou bastante as idéias dos filósofos, chamadas desde
aceitar, sem discussão, o legado do passado e que é indispensável então, Les Lumières na França, lluminismo na Itália, Enlightenment nos
submeter as idéias recebidas à “dúvida metódica”, ou mesmo à expe­ Países Anglo-Saxões, Aufklàrung, na Alemanha.
riência científica. Mas as conclusões decorrentes, desses confrontos A propagação das luzes foi facilitada, também, pelas numerosas
terminam em perspectivas muito diferentes. John Locke, no seu Tra­ sociedades que se criaram então, e às quais Augustin Cochin deu o
tado do Governo C iv il, publicado em 1689, quis justificar a revolução nome de “sociedades de pensamento”: sociedades de agricultura, so­
inglesa do ano anterior, mostrando que todo governo devia alicer­ ciedades “amigos do país”, sociedades económicas, gabinetes de lei­
çar-se num contrato firmado entre o soberano e seus súditos, e que a tura e finalmente lojas maçónicas. Muito se tem discutido sobre o
condição de um bom governo era a separação dos poderes legislativo, papel da maçonaria nas origens da Revolução. O que há de certo é
— 10 — — 11 —
que as lojas, como as outras “sociedades de pensamento”, contribuí­ pelos membros destas famílias. Na Alemanha, os senados de cerca de
ram para a difusão das idéias dos filósofos, isto é, o raçionalismo, o cinquenta “cidades livres” estão cheios de aristocratas e a nobreza
hábito de discutir os princípios sobre os quais se assentava, até en­ dirige as assembléias de Estado, particularmente as do Meklembourg
tão, a sociedade. Elas contribuíram para abalar o prestígio das autori­ e do Wurtemberg, muitas vezes comparadas, no século X V III, ao
dades mais respeitadas; os, soberanos, as igrejas, a aristocracia. Por Parlamento Britânico. Nas Províncias Unidas e nos Países-Baixos
toda parte, elas “minaram” o Antigo Regime e contribuíram para sua austríacos, os corpos municipais, as assembléias provinciais ou gerais
queda. são órgãos da aristocracia. Na França, a aristocracia é preponderante
nos parlamentos provinciais que ainda subsistem e nas corporações
5) A EVOLUÇÃO POLÍTICA municipais. A Aristocracia continua bastante poderosa ainda no Par­
lamento britânico e no Parlamento irlandês. Nas colónias inglesas da
Todas estas forças lentas e profundas não teriam talvez terminado América do Norte as assembléias coloniais representam, sobretudo, a
em revoluções, se a conjuntura política não lhes tivesse servido, -de aristocracia local, embora fossem eleitas por um corpo eleitoral maior
certo modo, como catalisador. As grandes guerras do século X V III, que qualquer assembléia européia. Na Espanha, a aristocracia domina
especialmente a Guerra de. Sucessão da Áustria e a Guerra dos Sete também os corpos constituídos e o mesmo ocorre na América espa­
Anos tinham custado caro. Para custeá-las foi necessário criar novos nhola, onde ela açambarca todos os lugares dos cabildos.
impostos. Não era possível exigir mais dos camponeses e burgueses A aristocracia pretende não somente conservar sua situação
que, até então, tinham suportado a parte principal dos encargos do ameaçada pelos soberanos, mas ainda melhorá-la, seja do ponto
Estado, sem tributar também a Nobreza e a Igreja. Mas era indispen­ de vista financeiro, como político. Desse modo, em quase todo o
sável, então, abolir os privilégios fiscais dessas ordens. Para isto era mundo ocidental, os corpos aristocráticos esforçam-se por “fechar-
preciso aumentar os poderes do Estado, isto é, do soberano, como se”, impedindo os enobrecimentos; lutam para aumentar suas rendas
aconselhavam os partidários do “despotismo esclarecido”. e diminuir seus encargos fiscais; procuram, por todos os meios, au­
Contra a abolição dos privilégios erguem-se as aristocracias, mentar os seus poderes. Na França, esta tendência foi qualificada de
agrupadas em toda a Europa Ocidental e Central, como também “reação aristocrática”, ou “nobiliária”, continuando todavia a existir
na América, em “corpos constituídos”, mais ou menos poderosos, uma reação aristocrática em todo o Ocidente.
mais ou menos numerosos, porém sempre em luta contra o sobe­ Inicialmente os soberanos tentaram romper a resistência dos cor­
rano. Na Suécia, o Riksdag (Parlamento), formado pelos representan­ pos aristocráticos recorrendo a meios autoritários. Desse modo, Luís
tes das quatro ordens: nobreza, clero, burguesia e camponeses — é XV, em 1771, aconselhado pelos ministros Maupeou, Terray e d’Ai-
dominado pelos aristocratas até o fim da “era da liberdade” em 1772. guiilon suprimiu os parlamentos e reformou o fisco, tornando-o
Na Polónia e na Boémia a dieta é formada p'or uma esmagadora menos injusto. Inspirando-se nesse exemplo, o rei da Suécia, Gus­
maioria de nobres; os burgueses têm nela apenas uma representação tavo III, impôs em 1772 uma constituição — a primeira constituição
insignificante. A dieta da Hungria compõem-se de uma câmara alta, escrita dos tempos modernos — que reduziu consideravelmente os
formada por “magnatas” e bispos, e uma câmara baixa, formada pela poderes do Riksdag (parlamento), portanto da aristocracia. Em 1775,
pequena nobreza e deputados das cidades, porém cada cidade dis­ Maria Teresa forçou os “corpos constituídos” da Áustria, da Boémia,
punha apenas de um voto, e a aristocracia vencia amplamente. Na dos Países-Baixos e da Lombárdia a aceitar novos impostos e uma
Prússia não havia dieta nacional, mas “landtage” (dietas) provinciais, tarifa alfandegária elevada. A partir de 1765 o governo da Inglaterra
nas quais desde Frederico II a nobreza e os funcionários — em estendera às colónias, sem consultá-las, o “Stamp Act” , ou seja, a
grande parte nobres — têm influência preponderante. Na Itália, a obrigação do papel selado. Diante da resistência das assembléias co­
nobreza ou o patriciado estão no comando de numerosos Estados, loniais, o rei retirou essa lei em 1766, mas com o “Declaratory Act” ,
sobretudo Veneza, Génova, Milão, Toscana; a nobreza tem uma firmou sua superioridade indiscutível sobre as assembléias coloniais,
grande influência nos reinos da Sardenha-Piemonte e de Nápoles. mais ou menos na época em que Luís X V proclamava, na famosa
Na Suíça, apesar das aparências, mesmo nos cantões “democráticos” sessão da “flagelação”, sua autoridade sobre parlamentos da França.
a aristocracia domina. Assim, no cantão de Uri a função de “Lànd- Dessa maneira, entre 1765 e 1772, os corpos aristocráticos tive-
mann”, isto é, chefe do cantão, de 1700 a 1798 foi exercida somente
- 13 —
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ram que se dobrar, porém não se confessaram vencidos. Pensavam
aliar-se às classes populares contra os soberanos. Os reis também
pensavam nessa aliança. Os déspostas esclarecidos, José II da Áustria
e Gustavo III da Suécia, não hesitavam em se apoiar no povo na sua
luta contra os privilégios, enquanto na França e nas colónias inglesas
da América, ao contrário, foram os aristocratas que se esforçaram por
levantar burgueses, camponeses e artesãos contra o soberano. Vê-se,
portanto, o papel que representou a luta entre os soberanos e os
corpôs aristocráticos na origem das revoluções. O terceiro estado foi
induzido a essa luta tanto por uns como por outros. Em breve repre­ capitulo 3
sentaria um papel preponderante, e a “revolta aristocrática” deveria,
infalivelmente, ceder lugar à revolução popular.

NOTA: As Revoluções de 1770 a 1789


Terra que se deixa em pouso de três em três anos. (Rev.)

A época revolucionária começa em torno de 1770. Os primeiros


movimentos graves manifestaram-se de modo mais ou menos simul­
tâneo nas colónias inglesas da América è em Genebra. Não é nosso
propósito nem cabe expor aqui as diversas peripécias dessas diferen­
tes revoluções. Mas desejamos mostrar até que ponto elas foram re­
voluções, e quais os traços comuns que as caracterizam.

1) A REVOLUÇÃO AMERICANA

A Guerra dos Sete Anos foi originariamente uma luta entre os


colonos franceses e os colonos ingleses da América. Estes, vitoriosos,
pensavam usufruir todos os benefícios, particularmente as ricas terras
que iam dos Apalaches ao Mississipi. Porém o governo britânico
também se considerava vencedor e queria reservar as terras recente­
mente conquistadas aos seus novos súditos canadenses, ou a futuros
imigrantes, e desse modo a 7 de outubro de 1763 proibiu qualquer
outro povoamento. Por outro lado, considerou legítimo que os colo­
nos, beneficiários da guerra, pagassem os custos. Assim sendo, deci­
diu retornar ao sistema de comércio em vigor no passado, isto é, ao
"exclusivo”, que proibia às colónias comerciar còm outros países
além da Metrópole. Ora, as colónias inglesas obtinham um grande
lucro com o melaço comprado nas Antilhas francesas: doravante tais
lucros deveriam destinar-se aos ingleses. Além disso, sem consultar
as Assembléias locais, foram criados novos impostos nas colónias. Em
1765, o Stamp Act criava aí o direito de cobrar uma taxa de selagem
sobre os diferentes documentos comerciais e sobre os jornais.
Essas medidas provocaram um grande descontentamento e os
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protestos unânimes. Eles provinham sobretudo dos comerciantes dos mostrar de modo insofismável sua hostilidade contra a política in­
principais portos e dos grandes agricultores, isto é, da aristocracia glesa. A 16 de dezembro de 1773, um grupo de indivíduos disfarça­
que dominava as assembléias coloniais. Do mesmo modo que os dos em Peles-Vermelhas subiu a bordo dos barcos da Companhia das
“corpos intermediários” na Europa, tais assembléias empenharam-se índias e jogou ao mar os carregamentos de chá.
em luta contra o soberano. Elas declaravam que, em virtude das pró­ A esse desafio o governo inglês respondeu com as “leis de coer­
prias tradições constitucionais britânicas, não se podia estabelecer ção”: fechamento do porto de Boston, nomeação de funcionários bri­
tânicos em substituição aos que os colonos tinham eleito. Porém, a
novos impostos sem o consentimento dos súditos ou de seus manda­
essa altura (1774), o Parlamento inglês votava o Ot/ebec Act que, por
tários. O Parlamento de Londres replicou dizendo que seus mem­
bros representavam todos os súditos da coroa. As assembléias colo­ outras razões, descontentava os colonos. Com efeito, essa lei garantia
aos habitantes do Canadá francês a sua língua, sua religião e suas
niais não admitiram este argumento e reclamaram não só a abolição
instituições: toda esperança de fusão do Canadá com as antigas coló­
dos novos impostos, como também uma revisão do estatuto das co­
lónias britânicas. Pela primeira vez os representantes de nove coló­ nias britânicas se desfazia.
nias se reuniram em Nova York num Congresso (1765) que conde­ As queixas dos colonos ingleses da América cresceram. Um novo
nou o princípio dos “impostos sem representação”. Para alicerçar Congresso “continental”, composto desta vez por representantes de
seus protestos, as assembléias buscaram o apoio popular. Os comer­ todas as colónias, reuniu-se em Filadélfia, a 5 de setembro de 1774.
ciantes concordaram em boicotar as mercadorias inglesas, os traba­ Entregou ao governo inglês um protesto firme, porém moderado,
lhadores das cidades formaram associações com eles, as associações contra as “leis de coerção” e organizou um boicote mais eficaz de
dos “Filhos da Liberdade” para resistir ao arbítrio do soberano inglês. todas as mercadorias britânicas, por intermédio de uma “Associação”
0 governo inglês cedeu, abolindo em 1766 óStam p Act. Todavia, no que agrupava todos os elementos revolucionários das treze colónias.
ano seguinte, o Parlamento britânico decretava para as colónias Aprofundou-se, de um lado, a divergência entre “os patriotas” e “os
novos impostos sobre o papel, o vidro, o chumbo e o chá. O boicote conservadores”, que começavam a se qualificar de “legalistas”, —
e a agitação voltaram. Quando os aduaneiros quiseram receber os visto que eles defendiam o governo britânico, e também entre os
impostos alfandegários, foram maltratados. A tensão entre os colonos patriotas e os soldados ou funcionários do rei da Inglaterra. A guerra
americanos e os soldados britânicos aumentou. A 5 de março de não tardaria a eclodir: no começo de abril de 1775, o General Gage
1770 os primeiros tiros da guerra anglo-americana foram disparados: foi informado de que os “patriotas” armazenavam pólvora e material
três habitantes de Boston foram mortos. Foi o “massacre de Boston”. militar na pequena povoação de Concord, ao norte de Boston. A 18
de abril, um forte destacamento da guarnição de Boston foi enviado a
Ainda uma vez o governo inglês cedeu, abolindo todos os novos Concord para apoderar-se do depósito e prender os chefes patriotas,
impostos, salvo os direitos sobre o chá, para manter o princípio de Samuel Adams e John Hancock. Depois de uma noite de marcha, os
sua autoridade. Porém, era precisamente esse o princípio que estava
uniformes vermelhos foram detidos por uns cinquenta patriotas
em jogo, e alguns “patriotas” americanos, como Samuel Adams, pen­ armados diante do povoamento de Lexington — eram os primeiros
savam já na independência. Foram criados “comités de ligação” em “ínsurretos”. Após um momento de hesitação, a tropa abriu fogo e os
todas as colónias, que difundiram as palavras de ordem dos patriotas. patriotas perderam oito homens. Os soldados conseguiram avançar,
Em 1773, o conflito que se acalmara um pouco, voltou. Em con­ mas em Concord foram recebidos pelo fogo sustentado pelos patrio­
sequência da crise que grassava na Europa nessa época, a Companhia tas. Tiveram que fazer meia volta sem ter podido cumprir sua missão;
inglesa das índias não conseguia mais vender seu chá. O governo no caminho de volta, foram atacados pelos revoltosos e perderam um
deu-lhe, então, o monopólio da venda do chá nas colónias. Isto lesava décimo do efetivo — 247 homens num. total de 2.500, três vezes
particularmente os comerciantes americanos. Embora tenham feito mais que os patriotas. Pela primeira vez na história das revoluções do
esforços para acalmar as massas populares nos anos anteriores, enca­ fim do século X V III, os revolucionários armados faziam recuar tro-
beçaram a oposição e organizaram o contrabando. Para lutar contra pas regulares.
isso, a Companhia das índias baixou o preço do chá. Então, os oposi­ Os comb,ates de Concord e Lexington são os primeiros de uma
tores comerciantes, membros dos comités de correspondência, fi­
guerra, inicialmente civil, isto é, travada entre insurretos e um exér­
lhos da Liberdade — organizaram uma manifestação que deveria
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cito profissional, porém em breve ela será internacional, quando os U GUERRA DA INDEPENDENCIA AMERICANA
Estados Unidos obterão a aliança da França, Espanha e das Províncias OU REVOLUÇÃO SOCIAL?
Unidas. Em maio de 1 ' /5, um II Congresso “continental” chamou os
cidadãos às armas e organizou milícias, sob o comando do General A luta dos Estados Unidos contra a Inglaterra foi apenas uma
Washington. Durante um certo tempo ainda, os patriotas esperavam “uuerra de independência” ou foi uma revolução? O problema foi
obter concessões que lhes permitissem permanecer como parte da muito discutido, em particular pelos historiadores americanos que
Grã-Bretanha. Porém logo ficou claro que as posições das colónias e estão bastante divididos a respeito. Alguns têm procurado ver, na
as da Inglaterra eram inconciliáveis. Numa brochura enérgica intitu­ guerra da independência americana, uma revolução talvez mais radi-
lada Le bon sens , o escritor inglês Thomas Paine recomendou não cal que a Revolução Francesa. Outros negam que essa guerra tenha
somente a independência das colónias, como também a sua transfor­ trazido às antigas colónias inglesas profundas modificações económi­
mação em República. A 7 de junho de 1776, no Congresso continen­ cas e sociais. O meio termo é a opinião que parece prevalecer. A
tal, Richard Henry Lee, deputado da Virgínia, propôs a formação de Guerra da América foi também uma revolução política, económica e
uma Federação americana independente. Um comité de cinco mem- social, porém foi mais moderada nestes dois últimos campos. E ne­
bros, presidido por Thomas Jefferson, preparou a declaração da in­ cessário notar, entretanto, que a revolução foi decisiva e vitoriosa, e
dependência, que foi adotada pelo Congresso a 4 de julho de 1776. que a exemplo da Europa, não foi seguida, a mais ou menos longo
No entanto, durante dois anos ainda os insurretos irão lutar prazo por uma contra-revolução.
quase sozinhos contra as tropas britânicas, ajudados por alguns vo- A Guerra da América foi, incontestavelmente, uma grande revo­
luntarios entusiastas vindos da Europa, como o prussiano Steuben, o lução política: os patriotas quiseram, pela primeira vez, transformar
po ones osciusko, ou o francês La Fayette. Foi somente após ter for- em fatos as idéias dos filósofos, sobretudo as de Locke, Montesquieu
ç o o exercito inglês do General Burgoyne a capitular em campo e Rousseau, que haviam escrito que todo governo deveria ser fun­
aberto, em-Saratoga, a 17 de outubro de 1777, que os então jovens damentado num pacto ou contrato social. Os Estados americanos,
Umd°s puderam obter a aliança da França (6 de fevereiro de logo após a Confederação, estabeleceram, portanto, Constituições
- • egundo tal tratado, a França comprometia-se a obter da In- geralmente precedidas por uma declaração dos direitos. Constitui­
g aterra o reconhecimento da independência dos Estados Unidos ções e declarações dos direitos foram mais facilmente aceitas pelos
ias eia prometia também não reconquistar o Canadá. O tratado con- cidadãos americanos do que, mais tarde, pelos habitantes da Europa,
■ V ‘n nn ente cláusulas económicas e comerciais. Em 1779, os Es- sem dúvida porque nas colónias inglesas da América as noções de
ProvGrií, r°TS nje« ° ^ aram a altarR a da Espanha, e em 1780, a das Constituição, de liberdade individual e de igualdade diante da lei
rina n i n ? K . p s Palses neutros, sob a direção da tsarina Cata- eram mais familiares que na Europa. De qualquer forma, os proce­
fazer mm ussia’ formaram então uma liga que se encarregou de dimentos práticos adotados na redação das constituições e das decla­
mnçpniipn 9 ue os ingleses respeitassem a liberdade dos mares. Em rações de direitos deveriam constituir, de algum modo, jurisprudên­
Atlântirr> ^ dlÍ5,so’ a Inglaterra Ficou isolada e suas comunicações no cia, e ser posteriormente imitadas na Europa e principalmente na
tornaram-se Cd?p aS Pelíf frotas .francesas, espanholas e holandesas França. . „ ,
menrn anc ílceis e ela nao pode mais enviar reforços e abasteci- O mesmo ocorreu com outras instituições, tais como comités de
consemnn f SeUS ? xérCÍtOS da América. Em contrapartida, a França Correspondência, os comités de Salvação Pública e Vigilância, os
de oito mil KZtr C e^ar a° S ^stados Unidos um corpo expedicionário clubes, os representantes em missão, o controle de preços, o papel-
munições a, ornens>comandado por Rochambeau e forneceu armas e moeda, o juramento às leis, a prisão de suspeitos, etc.
de vitórias A ln*urretos- Estes, a partir de 1780, obtiveram uma série Na Carolina, foi a antiga assembléia legislativa colonial que votou
lava em VorP ^ C ° utubro de 1781 o último exército inglês capitu- a nova constituição. Mas em cada condado, os deputados eram muni­
Sin av am ^ kt° r A ? ° de m e m b ro de 1782, os Estados Unidos dos de instruções parecidas com os “cahiers de doléances , de que
franco-inelê atf t ° S preliminares de paz com a Inglaterra; o tratado serão portadores os deputados franceses de 1789- Essas instruções
recomendavam aos deputados que cuidassem da distinção entre leis
pendêncif 1 d§ Ve,rsalhes.’ in clu íd o em 1783, reconhecia a inde-
sjpj c L° s Estados Unidos, do sul dos Grandes Lagos ao Missis- fundamentais e leis comuns, que observassem com atenção o número
de câmaras a serem criadas com o novo regime, porque alguns rei­
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vindicavam duas câmaras, enquanto outros desejavam apenas uma; eleito às funções superiores. Um artigo da constituição impunha aos
que zelassem pela “separação dos poderes” recomendada por Locke e cidadãos a frequência às igrejas. Esta constituição, submetida ao refe­
Montesquieu. rendo, foi adotada, mas a participação eleitoral foi bastante pequena,
Na Pensilvânia, uma “convenção” foi encarregada de redigir a menos de um quarto dos inscritos.
constituição. A convenção foi eleita em condições bastante irregula­ Muitas das novas constituições americanas foram precedidas de
res. O Oeste da região, de povoamento mais recente e mais “demo­ ma “declaração de direitos”. A mais antiga, a mais liberal e a mais
crata”, designou proporcionalmente mais deputados que o Leste. A ortante por suas repercussões, foi a declaração dos direitos de
convenção redigiu, em 1776, uma constituição que parece ser a mais Virgínia, datada de 12 de junho de 1776. Ela afirma especialmente
democrática publicada no mundo antes da Constituição Francesa de ue “Todos os homens são naturalmente iguais, livres e independen­
1793. Essa constituição instituía um regime de uma só câmara, na tes”' que eles devem gozar a “vida e a liberdade, com meios de ad-
qual os deputados eram eleitos em sufrágio quase universal. Com uirir e possuir propriedades, de procurar e obter a felicidade e a
efeito, todos os contribuintes de mais de 21 anos eram eleitores e segurança”. Reconhece a soberania do povo, proclama a resistência à
elegíveis para qualquer função. Ora, quase todos os cidadãos da Pen­ opressão, a separação dos poderes, as garantias aos culpados, aos acu­
silvânia pagavam um imposto: O Poder executivo era confiado a um sados e aos condenados; a responsabilidade pessoal dos funcionários,
presidente eleito pela Câmara e era assistido por um Conselho. O liberdade de imprensa, o livre exercício do culto. Quase um mês
presidente não tinha o direito de veto e não podia exercer seus pode­ depois, a 4 de julho de 1776, o Congresso de Filadélfia, proclamando
res senão após a aprovação do Conselho. O referendo estava pre­ a independência dos Estados Unidos, publicava uma Declaração dos
visto. Um “conselho de censores” formava um embrião de Corte Direitos que relembrava os direitos essenciais dos homens “criados
Constitucional. Ele devia reunir-se a cada sete anos para verificar se a iguais”: “A vida, a liberdade, a busca da felicidade”. Todavia, a Decla­
constituição não tinha sido violada durante esse período. Essas insti­ ração dos direitos de 4 de julho de 1776 insiste principalmente nos
tuições foram impostas pelos democratas, que tinham vencido os direitos dos cidadãos dos Estados Unidos, tendo, em consequência,
conservadores quando das eleições para a Convenção. um caráter menos universal do que a declaração dos direitos de Vir­
Em Massachussets, as coisas se passaram de outro modo. Um gínia e do que a declaração francesa de 1789-
homem, John Adams, teve um papel fundamental. Expôs suas idéias Somente cinco anos depois da proclamação da independência é
sobre a futura constituição do Estado nos seus “Thoughts on Go- que foi adotada, em 1781, a primeira constituição americana, os “ar­
vernments”, publicado em 1776. Considerava que o governo deveria tigos da confederação”. Estes artigos organizavam a nova república
ter por objetivo a “felicidade do povo” e que a república deveria ser sob a forma de um Estado Federal, bastante diferente, aliás, das duas
baseada na virtude. Mostrava-se partidário do sistema de duas câma­ repúblicas federais que poderiam servir de modelos, as Províncias
ras, da eleição dos funcionários por um ano — inclusive o governa­ Unidas e a Suíça. Preocupado excessivamente em preservar a demo­
dor do Estado de uma educação nacional subvencionada pelo Estado cracia o poder federal estava bastante fraco. Conseguiu terminar a
e não pelas igrejas. Por outro lado, era hostil à eleição de uma con­ guerra, mas mostrou-se incapaz de resolver os problemas que se co­
venção e pensava que a assembléia existente tinha o poder de redigir locavam após o retorno à paz: manutenção ou abolição da escrava­
a constituição. Sob sua influência, a assembléia de Massachussets re­ tura, crise financeira, desorganização do comércio e das comunica­
digiu, em 1778, uma constituição que, em suma, reproduzia em li­ ções', ofensiva dos conservadores. Uma nova constituição foi adotada a
nhas gerais a organização do governo britânico. Mas, a Assembléia 17 de setembro de 1787 por uma convenção reunida em Filadélfia e
decidiu submeter esta constituição ao referendo. Assim, ela foi rejei­ composta dos homens mais ilustres dos Estados Unidos. Após ter
tada pelo voto popular, tendo os democratas e os “legalistas” votado sido aprovada pelas legislaturas da quase totalidade dos Estados, essa
também contra ela, por diferentes razões. Então, uma convenção foi constituição foi posta em vigor a 4 de março de 1789- Ela organizava
eleita. Esta adotou uma constituição redigida por John Adams que se os três poderes, segundo as idéias de Locke e Montesquieu. O execu­
havia inspirado, segundo dizia, nas idéias de Locke, Sidney, Rousseau tivo era confiado a um presidente eleito pdr quatro anos e múilido de
e Mably. Na verdade, ela não diferia muito da precedente e instituía grande autoridade; o legislativo com duais câmaras, a dos representan­
um governador, um senado e uma câmara dos “comuns”. O sufrágio tes cujo número era proporcional ao dos habitantes de cada Estado,
era amplo, mas era necessário possuir uma renda elevada para ser e o'Senado, composto de dois senadores por Estado; o judiciário com
- 20 — — 21 —
uma Corte Suprema Apesar de uma invocação a Deus, esta consti­ pelas conversas dos soldados que voltavam da América, e, enfim,
tuição era de fato, laica, e, nos Estados da Confederação onde a
pela propaganda americana.
greja ng ícana tinha sido Igreja Oficial, antes de 1776, ela foi des-
A Revolução dos Estados Unidos acarretou a publicação, na Eu­
Lratico, e p Ira S o 1T
crático ?asseparaçao dai Igreja
lnStKUÍa,JdeSSe m° d° ’ COm Um sistema demo'
e do Estado. ropa, de numerosas obras sobre a América. De 1760 a 1790 vinte e
seis delas foram publicadas em três línguas, quinze em quatro línguas
WashingStoVcercPoamsneCTebumante “arist<?crática” dessa constituição — (francês, inglês, alemão, holandês). A imprensa periódica recebeu um
lução americana tinha SÍ L cenmoma] < fase monárquico — a revo- grande impulso com a revolução americana: o número de jornais au­
revoltosos tinham obrÍ democratlca' Com efeito, os mentou na maior parte dos países da Europa; na Alemanha, por
seus bens; abolido a s ' n J adversar,os a emigrar e confiscado exemplo, passou de 410, na década de 1770-1780, a 718 na década
em certos Estados s o h r , ! anua‘s’ ^ ase feudais que existiam ainda seguinte, ou seja, um aumento de 75% , sendo que vinte e nove des­
leis que estabeleciam ^ U<l° no .c ? ^ ova York; foram suprimidas as ses novos jornais empregaram a palavra patriota no seu título. As
sões; fo, ampliado o d.Vpfr^ ' 1^ ^ 065 ° U 3 prim°genitura nas suces- “sociedades de pensam ento”, recebendo numerosos jornais
praticamente universal , C V° ! ° qiíe’ 3 part‘r de 1800, tornou-se multiplicaram-se, e muitas das lojas maçónicas, sobretudo a de Buda­
nham então a União P em Sete doS dezesseis Estados que cômpu­ peste, qualificaram-se de “americanas”.
tos políticos americanY61^ qVe 3 escraYldao era mantida, mas mui- A propaganda americana foi de início obra dos representantes
çado dos imigrantes “ deploravam' E cert° 0ue ° trabalho for- diplomáticos dos Estados Unidos na Europa, Isaac de Pinto, depois
tia e que o regime do tados_ po,r c°ntratos de “indentures” subsis- John Adams em Haia; Franklin, depois Jefferson em Versalhes. Os
revolução americana ommm nao df Saparec,e,ra mteiramente. É que a europeus que tomaram parte na guerra de independência foram, por
voltando-se às m s t i t u S !^ estabe'e- r a liberdade e a democracia, sua vez, agentes de propaganda: La Fayette, Kosciusko, Filippo Maz-
dida em que era con er f pa^ ad° ; ela era revolucionária, na me- zei, italiano estabelecido na Virgínia, mais tarde encarregado da mis­
nária aos velhos países ^ E u ro p a 0 ” 51” ^ muito revolucio- são na Toscana e depois na Polónia. Ao lado desses grandes persona­
gens e outros de menor importância, é preciso juntar a massa dos
AS repercu ssõ es da r ev o lu ç ã o
soldados, tanto provenientes do Hesse, que combateram do lado in­
AMERICANA NA EUROPA glês, como os franceses do exército de Rochambeau. Um historiador
americano, Forrest Mac Donald, afirmou que estes últimos foram
propagandistas ativos. Tendo localizado num mapa as suas povoações
são na Europa°InTclaím113 ebetlvamente>uma imensa repercus- de origem, ele constatou que a sua distribuição coincidia com a dos
que eles viviam numa ó 6 3 -d-eU 3° f europeus a impressão de motins agrários ocorridos na França entre 1789 a 1792. Por certo
ções. Viram que as d o , conhecer Pr°digxosas modifica- coincidência impressionante, mas que não prova necessariamente
picas, mas suscetíveis d f fll? sof,ca* ue discutiam não eram utó- uma relação de causa e efeito, porque outras explicações são possí­
Europa o “mito” am »^ apllcaÇ.ao imediata. Finalmente, ela criou na veis.
mocrática, próxima da^o3"^ ’ d inJaêem de uma sociedade nova, de- As novas constituições americanas foram lidas com sofreguidão,
relação à revolução am ciedade descrita por Rousseau. A atitude em publicadas pelo menos cinco vezes em francês, de 1776 a 1786, e
Irlanda, as Província? ? / 03? 3 V3n° U conforme ° país- A Inglaterra, a pelo menos uma vez em holandês em 1787 Os franceses ficaram pro­
que partidários e adverc- j apaixonaram-se de tal forma por ela fundamente impressionados com o ato pelo qual o povo exercia seu
Na França, Alemanha c°* d° S ,nsu[retos chegaram às vias de fato. poder constituinte, criando uma constituição. E eles discutiram tam­
acontecimentos da A n? ■ c ° publ,co cu,to mteressou-se pelos bém um outro problema: como prevenir, numa república, a formação
de imediato mas tiv e r T ^ 3' -S ° a? provotavam desordem logo de uma aristocracia hereditária? Mably, Mirabeau temiam que insti­
mente em 1796 Qllf, . m Uma açao a ongo prazo. Na Itália foi so- tuições tais como as câmaras altas, ou a ordem de Cincinato, dessem
tuições democráticas do°pVe ^ntuT sias.T ° por Franklin e pelas insti- origem a uma nova nobreza. Estas controvérsias ampliaram a noção
A Europa ± , Es,I<los C " ,dos- , de progresso e deram uma nova dimensão às idéias de liberdade e
imprensa, através dac j - cimento da revolução americana através da igualdade. Doravante, os Estados Unidos em lugar da Inglaterra,
discussões, nas “sociedades de pensamento”,
tornou-se o país que se devia imitar.
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A influência da revolução americana não se limitou às discussões fast, que provocou uma intensa emoção; os preparativos militares
acadêmicas. Em vários países ela lançou os partidos uns contra os franceses na Normandia, inspiraram também receios de uma invasão.
outros, provocando, desse modo, uma série de revoluções “em ca­ O governo britânico não possuía tropas disponíveis e convocou vo­
deia”. Com efeito, os elementos de um grande conflito estavam acu­ luntários, recrutados de início exclusivamente entre os protestan­
mulados tanto na Europa como na América. Em numerosos Estados, tes. Mas logo o número de voluntários aumentou. Os católicos
os monarcas, mais ou menos “esclarecidos”, se esforçavam para au­ foram admitidos em suas fileiras. Em 1779, havia 40.000 voluntários,
mentar seus poderes, combatendo os “corpos constituídos”, fortale­ e o dobro em 1782. Os “Irish Volunteers” (voluntários irlandeses),
zas dos aristocratas. Na França, o “triunvirato” Maupeou — Terray conscientes de sua força, reinvindicaram do governo britânico “a li­
— d’Aiguillon desferiu um primeiro golpe nos privilégios, sujpri- berdade”, pela qual combatiam os insurretos americanos. Eles pre­
mindo, a 23 de fevereiro de 1771, os parlamentos e efetuando seve­ tenderam mesmo boicotar também as mercadorias inglesas e encon­
ros cortes nas rendas e pensões da nobreza, início de uma reforma traram na Câmara dos Comuns o mesmo defensor dos revoltosos
mais radical do sistema financeiro. A súbita morte de Luís X V inter­ americanos, Burke. Estimulado pelo deputado Grattan, o Parlamento
rompeu a obra desses ministros; realmente, Luís X V I os destituiu e de Dublin concedeu créditos ao rei apenas por seis meses. O go­
anulou suas reformas, a fim de se tornar popular diante da nobreza.
Na Suécia, na mesma época (1772), Gustavo III terminou com a verno inglês fez algumas concessões para acalmar a agitação. A lei do
teste (bill du test) foi abolida na Ilha, o Parlamento irlandês foi decla­
hegemonia 4a nobreza. Nos Estados austríacos, Maria Teresa se es­
forçava para não se preocupar com a resistência dos corpos constituí­ rado autónomo e os dois reinos da Grã-Bretanha e da Irlanda foram
proclamados iguais — regime que deveria perdurar até a promulga­
dos. Em toda a Europa Ocidental e Central, a luta entre o “despo­
ção do UActe d ’Union, em 1800. Estas concessões não satisfizeram
tismo esclarecido” e a aristocracia estava iniciada. Mas os aristocratas
em nada aos Irlandeses. Reuniram, então, uma “Grande Convenção
e os soberanos, empenhando-se numa luta de forças da qual não sus­
Nacional” em Dublin, no mês de novembro de 1783. Essa Conven­
peitavam á importância, iriam desencadear profundas revoluções.
ção reclamou o direito de voto para os católicos e um parlamento
Logo o conflito entre os monarcas e corpos aristocratas dará lugar a
que fosse eleito somente por três anos. Os protestantes irlandeses
uma luta entre aristocratas e democratas.
amedrontaram-se e o Parlamento de Dublin repeliu essas reinvindi-
cações. Os católicos constituíram-nas em seu programa e formaram
4) AS AGITAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS DA GRÂ-BRETANHA uma organização revolucionária clandestina, a dos Irlandeses-Unidos,
para realizá-lo.
Cronologicamente, foi na Grã-Bretanha, e curiosamente na Irlanda A própria Inglaterra passava na mesma época, pelo distúrbio de
que a luta eclodiu inicialmente e é aí que a ligação com a revolução uma violenta agitação. As divergências entre colonos americanos ti­
americana apareceu mais nitidamente. E certo que a revolta da Ir­ veram suas repercussões na Metrópole. Os mais “radicais” dos
landa contra a Inglaterra está ligada à hostilidade antiga existente “Whigs” se colocaram como defensores dos revoltosos. Desde 1780,
entre os habitantes da ilha contra seus conquistadores. Todavia, é John Jebb enumerava num relatório reinvindicações que, durante
necessário assinalar que o movimento não começou nos condados quase um século, constituíram a base do programa radical: sufrágio
católicos, mas nas regiões protestantes. Havia, então, um Parlamento universal masculino, voto secreto, renovação anual do Parlamento,
Irlandês, composto na sua grande maioria por anglicanos e demasia­ distritos eleitorais iguais, com número de deputados proporcionais à
damente subordinado ao Parlamento de Londres. O Parlamento Ir­ população, imunidade parlamentar, supressão das condições de ele­
landês desejava, naturalmente, emancipar-se desta tuteia; a revolta gibilidade à Câmara dos Comuns. Formaram-se “associações” para
dos Estados Unidos, que enfraquecia a Inglaterra, pareceu fornecer- defender essas reinvindicações. Essas associações foram numerosas,
lhe a ocasião oportuna para isso. Com efeito, a revolta americana sobretudo em Londres e Yorkshire; estas agitações também se torna­
teve sérias repercussões sobre a economia irlandesa. As exportações ram conhecidas como “Yorkshire movernent”. Em junho de 1780
da ilha para a América decaíram completamente, resultando daí uma ocorreram em Londres manifestações anticatólicas, provocadas pelo
grave crise económica, marcada por agitações agrárias. Além disso, a
projeto de abolição do “bill du test”, e pelas dificuldades económicas.
ilha pareceu estar diretamente ameaçada pelas operações. Em abril de
1778, o corsário John Paul Jones realizou uma incursão sobre Bel- Foram os “Gordon Riots” (Tumultos de Gordon), assim chamados
devido ao nome do excêntrico escocês, Lord George Gordon, que
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Rmisseau e dos revolucionários americanos, democratas sinceros
pareceu ter erradamente desencadeado a revolta. No decorrer de ^uJencontraremos em 1795, como Van der Capellen tot de Poli um
oito dias de tumultos, ocorreram trinta e seis incêndios, mais do que los primeiros holandeses que se colocou a favor dos msurretos e lhes
em Paris durante toda a revolução e houve quase trezentos mortos. J nviou 20.000 libras tiradas de sua fortuna pessoal. E e traduziu em
Muitos burgueses liberais se atemorizaram. Eles atribuíram estas agi­ holandês o Ensaio sobre a liberdade civil de Price, e publicou em 178
tações diversas e mesmo contraditórias ao movimento das “associa­ ° panfleto virulento contra o “stathouder”. Ao seu ado pode-se
ções”, que foi desacreditado. A abolição de algumas sinecuras, a reali­ menctonar também Van der Kemp, de Luzac Paulus, Vreede,
zação de certas economias orçamentárias impediram as manifestações Schimmelpenninck e outros mais. Vários dentre eles haviam conser-
dos chefes radicais. A crise foi séria e contribuiu para a demissão ;a 0 ligações familiares com os descendentes dos holandeses que se
coletiva do ministério North — a primeira que registra a história dos inhana fixado, no início do século X V II, na Nova-Amsterda, que se
regimes parlamentares — e para a conclusão da paz com os Estados
ornou mais tarde Nova York. Desejavam submeter a função do
Unidos. Mas a paz retornou, o governo real retomou sua força. R e­
“stathouder” ao controle estrito do legislativo e alguns falava
peliu várias leis de reforma aplicadas pelo segundo, Pitt, entre 1782 e
mesmo em aboli-lo. Mas não pensavam ainda em fazer o proletária o
1785; obteve principalmente a rejeição, em 1790, de uma petição
participar ativamente da vida política. Regentes e patriotas estavam
reclamando a abolição do “Test Act” na Inglaterra. Se o movimento
persuadidos de que a derrota britânica na America iria ser um golpe
revolucionário inglês havia malogrado, não havia, entretanto, desapa­
L a i para o comércio inglês, e que o interesse do seu pais era, dora­
recido: falaremos dele quando a revolução tiver eclodido na França.
vante, o de aliar-se à França.
51 A REVOLUÇÃO NOS PAÍSES-BAIXOS Em 1783, a recusa feita por Guilherme V, a todos os pedidos de
concessões e de reformas provocou a formação de uma coalizao de
Em resumo, a revolução havia fracassado na Grã-Bretanha, mas reuentes e de patriotas. Eles se agruparam numa associaçao que orga­
se propagava pelo continente. Nos Países-Baixos, Províncias Unidas nizou banquetes cívicos, formou um comité central em Amsterda,
e Bélgica — os “corpos constituídos” opunham-se ao soberano, aqui comités correspondentes e clubes em cada província.
o “stathouder” Guilherme V, lá o imperador José II, ou o bispo de A conclusão da paz entre as Províncias Unidas e a Inglaterra,
Liège. Embora esses corpos fossem formados essencialmente de aris­ depois da guerra da Independência dos Estados Unidos, foi uma de-
tocratas, entusiasmaram-se pela revolução americana e pretenderam cepção para a burguesia e aumentou o seu descontentamento 8o-
representar “o povo” face ao déspota, do mesmo modo que o Con­ mente as potências vitoriosas, as Províncias Unidas, deviam ceder a
gresso havia representado o povo americano face ao governo inglês. Inglaterra um território nas índias. Além do mais, o comércio entre a
Nas Províncias Unidas o “stathouder” Guilherme V queria au­ Holanda e os Estados Unidos não atingiu a amplitude esperada pelos
mentar os seus poderes e pensava mesmo em adotar o título de rei. comerciantes, porque os portos americanos renovaram suas antigas
Ele só poderia fazê-lo em detrimento dos corpos aristocráticos e relações com os ingleses. Uma delegação da burguesia das principais
estes reagiram. Em 1783, as Províncias Unidas se encontraram divi­ cidades da Holanda impôs ao “stathouder” a deposição do duque de
didas em três grandes partidos. Os “orangistas” eram favoráveis ao Brunswick, seu antigo tutor, chefe do exército (julho de 1784), de­
“stathouder” e ao aumento das suas prerrogativas. Compunham-se da pois a conclusão de uma aliança com á França, destinada sobretudo a
velha nobreza, o patriciado das províncias do interior, os pastores impedir a abertura do porto de Escaut e em seguida a restauraçao do
calvinistas hostis às idéias filosóficas, os judeus tradicionalmente pro­ porto de Antuérpia, do qual Amsterda receava a concorrência (6 de
tegidos pelo “stathouder”, o proletariado das províncias marítimas: setembro de 1784). Apesaf dessas concessões a revolta estourou ™
Holanda e Zelândia. O partido dos “regentes” era, dos “corpos cons­ grandes cidades. A insígnia laranja, cor do stathouder , e vaiada
tituídos”, o que queria manter a organização tradicional. Agrupava os
enquanto se aclama a insígnia negra dos patriotas Formam-se
burgueses liberais e frequentemente os dissidentes religiosos. Estes
corpos francos que se tornam confederados em 1785. Os patriotas
não eram democratas, pretendiam somente governar-se a si próprios
eliminam pouco a pouco os antigos regentes das municipahdac
e reduzir o “stathouder” unicamente ao poder executivo e ao co­ Uma espécie de “levantamento em massa” é decretado pelos Estados
mando do exército. O partido “patriota”, finalmente, compunha-se
da Holanda e em setembro de 1785, ém Haia, uma revolta iria amea-
de uma minoria muito ativa da nobreza e da burguesia, admiradores
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çar durante três dias o stathouder em seu palácio. Guilherme V ten­ religiosa e suprimindo os conventos das ordens contemplativas, des­
ciona abandonar as Províncias Unidas. contentou, com essas medidas, a massa da população. A supressão de
Em 1786, os patriotas pensam ter ganho a partida. A 22 de se­ corporações e a liberdade do comércio de cereais satisfizeram apenas
tembro, destituem o stathouder e encarregam uma comissão com­ S ns. Os democratas manifestaram descontentamento porque essas
posta de cinco membros de restaurar as instituições republicanas. reformas não foram acompanhadas da liberdade política que eles
Nas eleições que se verificaram no início de 1787, em Amsterdã e reinvindicavam. Industriais e comerciantes censuravam José II por
em Roterdã para a renovação dos conselhos municipais, os patriotas não ter conseguido das Províncias Unidas a abertura do porto de
obtêm grande maioria. Alguns dentre eles pretendem transformar o
regime em uma república unitária. Antuérpia. ,
Finalmente, toda a populaça© se uniu contra Jose 11. Mas este,
O stathouder, que até então havia dado provas de uma extraordi­ com a obstinação que lhe era característica, prosseguia imperturba­
nária passividade, reagiu finalmente. Dirige-se à Inglaterra, que há velmente com sua obra. Em 1787, sobrepujando as tradições belgas,
vários anos garantia aos “orangistas” seus subsídios, enquanto sua es­ subvertia todas as instituições judiciárias e administrativas do país,
posa implorava o auxílio de seu irmão, o novo rei da Prússia suprimia os antigos tribunais e as velhas circunscrições provinciais,
Frederico-Guilherme II. Este último, de acordo com o governo bri­ substituía-lhes as jurisdições análogas às que havia criado na Áustria e
tânico enviou um exército contra as Províncias Unidas; a frota inglesa as divisões territoriais novas, administradas por intendentes direta­
percorreu as regiões costeiras, ameaçando desembarcar as tropas. Os mente subordinados a Viena. Desse modo, a Bélgica perdia sua
soldados prussianos venceram facilmente as milícias recrutadas pelos quase autonomia e, de agora em diante, dependia diretamente do
patriotas, ocuparam Haia e restauraram os antigos poderes do Stat­ imperador. A oposição aumentou, as autoridades suprimidas
houder, (setembro de 1787). Os patriotas esperavam que a França recusaram-se a publicar os éditos, tratou-se de uma greve de impos­
viesse em seu auxílio, mas a crise financeira e política a paralisava. tos; os jornais denunciaram a violação dos direitos da Bélgica, os
Uma centena de patriotas foi aprisionada, mas o maior número — quais o próprio José II havia se comprometido a respeitar pela carta
talvez quarenta mil — atravessou a fronteira, refugiando-se na Bél­ da foyeuse Entrée. As revoltas eclodiram, os revolucionários adotaram
gica e na França. Muitos aí permaneceriam até o momento em que a insígnia brabantina, negra, amarela e vermelha. O imperador revi­
pudessem retornar a seu país, em 1795, com os exércitos franceses dou através de um novo golpe de força, a anulação da Joyeuse En­
vitoriosos.
trée, no dia 7 de janeiro de 1789-.
Malograra a revolução das Províncias Unidas. Foi facilmente ven­ A miséria de 1788 e a crise económica dela resultante, as agita­
cida pela intervenção armada do estrangeiro: a lição não devia ser ções da França onde se iniciava a revolução, expandiram logo a agita­
perdida pelos contra-revolucionários. ção a todos os Países-Baixos austríacos e também ao principado de
Este revés não desencorajou os belgas vizinhos, que estavam em Liège, onde os habitantes censuravam o príncipe — bispo por exer­
luta contra seu soberano. Inicialmente, a revolução belga, como a cer um governo arbitrário. As tropas austríacas foram expulsas du­
americana e a holandesa, era conservadora e tinha por finalidade rante o outono de 1.789-
manter as antigas instituições da Bélgica e os privilégios do corpo À medida que a oposição aumentava, suas dissidências se mani­
aristocrático, ameaçados pelas inovações de José II. Mas, aqui tam­ festavam. Os que desejavam a continuação- do antigo Regime, os
bém motivos de ordem económica e política uniram os burgueses e “Statistes”, dirigidos pelo advogado Van der Noot, se separaram dos
os operários à agitação revolucionária. O início da revolução indus­ “patriotas”, também chamados “Vonckistes”, denominação provinda
trial teve como consequência o aumento da produção das manufatu­ de seu chefe, Vonck. Os patriotas belgas sofreram profundamente a
ras e pressionou ainda mais a reabertura do porto de Antuérpia. As influência da revolução americana. A declaração da independência da
obras dos filósofos, tão lidas aí quanto na França, sendo mesmo mais' província de Flandres, que eles redigiram, asemelha-se, como uma
amplamente difundidas graças à uma imprensa mais livre e mais nu­ irmã, à declaração da independência dos Estados Unidos e o Ato de
merosa, deviam despertar, na pequena burguesia, o desejo de parti­ União das Províncias Belgas , que votaram, Reproduzia quase ao pé da
cipar mais dos negócios do Estado. As reformas desastrosas de José letra certas passagens dos “Artigos de Confederação americanos.
11 uniram contra ele homens das mais diversas tendências. Se ele Aí cessou a colaboração dos “Statistes” e “Vonckistes . Os Statis­
satisfez à minoria voltairiana da burguesia instaurando a tolerância tes recusaram sua colaboração às reformas mais liberais. Foi então
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que José II morreu, precisamente em fevereiro de 1790. Seu irmão e Contrato Social, em 1762, estimula os descontentamentos. A partir
sucessor Leopoldo II parecia menos intransigente. Os “Statistes” dei­ de 1765, os “nativos” se revoltaram contra os representantes e os
xaram suas tropas reocupar a Bélgica e as instituições tradicionais patrícios’ conhecidos também como “negativos”, devido à sua ati­
loram restabelecidas. No bispado de Liège, os contingentes alemães tude. Pelo compromisso de 9 de março de 1768, os nativos obtive­
restauraram os poderes do príncipe-bispo. Os mais ardentes patriotas ram uma concessão embora insignificante: a cada ano, cinco famílias
belgas vieram juntar-se aos patriotas holandeses na França. de nativos ascenderiam à burguesia. O conflito se abrandou durante
A revolução belga, como a holandesa, havia fracassado; do algum tempo, mas não estava resolvido. As dificuldades económicas
mesmo modo também sucumbia diante da intervenção armada do que atingiram Genebra por volta de 1780 ressaltaram-no. Em 1781,
estrangeiro. os “nativos”, aliados desta vez aos burgueses, formam um partido
revolucionário muito forte que cria uma “Comissão dç Segurança”,
cujo nome, as atribuições e a ação são análogas a dos comités de
6) AS REVOLUÇÕES DA SUÍÇA
Segurança formados na mesma época nos Estados Unidos e anunciam
a Suíça, o governo estava nas mãos de corpos aristocráticos e o< que serão criados pouco mais tarde nos Países-Baixos e na França.
estes não haviam receado as usurpações de um soberano. Mas, neste Em abril de 1782, a Comissão de Segurança genebrina se apossa
Pais, pela primeira vez no século X V III, os “oligarcas” terão que do poder e prende alguns chefes do patriciado. Mas os patrícios,
utar contra os “democratas”. As revoluções que eclodiram em alguns ainda livres, apelam aos aliados tradicionais do patriciado genebrino:
nt°cs suíços, e principalmente em Genebra, devem seu interesse a Berna, Zurique, Piemonte e a França. Estas potências enviam tropas
que obrigam os revolucionários genebrinos a deixar o poder e resta­
r-Ste COnflito, que constitui, num microcosmo, uma espécie de pré-
duração da Revolução Francesa. belecer o Antigo Regime. Na mesma época (1781) uma revolta de
M ç T camponeses do cantão de Friburgo foi severamente reprimida.
a .!Ça, as revoluções são, como as outras, a consequência, ao
Òs chefes dos “democratas” suíços se exilaram. A maioria passou
mesmo tempo, do progresso das “luzes”, da luta de classes e das
para a França, onde formou um grupo muito ativo, que contou prin­
ma'CU c -es económicas. As idéias dos filósofos haviam feito tanto
cipalmente com o advogado Castella, de Friburgo, o rico banqueiro
dp^t Pro,®resso neste país, do que a própria existência de alguns,
ítre eles e de modo especial Rosseau, cidadão de Genebra. Os genebrino Clavière, os panfletários de Roveray, Reybaz, Etrenne
ene rinos Charles Bonnet e Saussure não eram somente naturalis- Dumont, que iriam se tornar amigos de Mirabeau. Estes emigrados,
g S’ ..mas a*nda filósofos. Em Berna, o médico Albert de Haller; em como os holandeses e os belgas, vão contribuir para a explosão da
asi eia, os Bernoulli, ilustres matemáticos e físicos e o jurijta Pierre revolução na França, para sua retomada em seus países de origem e
depois para sua extensão em toda Europa Ocidental.
do S> em ^ausane> ° Coronel Frederic-César de Laharpe, preceptor
nQS la.etos ^a tsarina Catarina II; em Zurique, Pestalozzi, um dos re-
va ores da pedagogia, contribuíram poderosamente para a expan­
são das novas idéias.
ali ^ raj como to^a a Europa no fim do século X V III, a Suíça estava
“j^Nada na desigualdade. Os cantões não eram iguais entre si e,
famT ° ^0<^er se concentrava nas mãos de um pequeno número de
este' laS ^ shuação de Genebra era particularmente característica a
cia*! reSEe*to- A população aí se dividia em quatro grupos: o patri-
va; ° ’ - Í ° s únicos membros faziam parte das assembléias e governa-
direif1 ^ Ç ^ ljc a ; os burgueses, ou “representantes”, que gozavam os
de OS, de cidadãos, mas não integravam os conselhos: os nativos,
preCerT 6ntes im‘Srantes chegados a Genebra nos dois séculos
catJ"e entes> e os “habitantes”, ou estrangeiros. Nestas duas últimas
“h Lê° naS encontravam-se os artesãos, os mais pobres. “Nativos” e
a itantes” não possuíam qualquer direito político. A publicação do
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capítulo 4

A Revolução na França
de 1787 a 1789

1) CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS

A revolução que eclodiu na França pòr volta de 1787 se insere


em um grande movimento revolucionário que abrangeu todo o Oci­
dente. Ela é da mesma natureza, mas foi muito mais intensa. Convém
indicar aqui as razões desta diferença de intensidade. A nosso ver, há
sobretudo duas razões: a posição que a França ocupava no mundo, no
século X V III e as relações que as classes sociais francesas mantinham
entre si.
A França, quanto à sua superfície, era muito mais vasta do que
qualquer dos países anteriormente atingidos pela revolução, com ex­
ceção dos Estados Unidos; quanto à população, ela os ultrapassava
com uma diferença muito grande, pois em 1789 contava aproxima-
damente 26 milhões de habitantes, enquanto a Grã-Bretanha, o país
mais povoado depois da França, entre os que haviam sofrido agita­
ções revolucionárias antes de 1789, não atingia sequer a metade
dessa população. Na verdade, parece que em 1789, a França fora
“superpovoada” e também se explica como a revolução nela tomara,
desde esta época, a característica de uma “revolta da fome”.
Sé Lõndres era a maior cidade do Ocidente com um milhão de
habitantes, Paris surgia logo em seguida com 650.000.
A renda do Estado, ainda que sua insuficiência tenha sido uma
das causas da Revolução, aproximava-se de 500.000.000 libras por
ano e era mais importante que a do reino da Grã-Bretanha, o dobro
da renda de Habsburgo, o triplo da renda da Prússia, da Rússia e da
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Espanha ou das Províncias Unidas, vinte e cinco vezes superior à dos \ íes agrárias” Se o campesinato belga, alemão, suíço, napolitano
Estados Unidos. hmeteu-se a certas condições bastantes análogas, ao contrário os
No domínio intelectual, a superioridade da França no Ocidente c stados Unidos, Inglaterra, Países-Baixos, Itália do Norte esta-
era incontestável; a maior parte dos “filósofos” do século X V III am praticamente emancipados do regime feudal. Assim sendo, bur-
havia escrito em francês e nesta época a língua francesa era, de fato, a V pces e camponeses franceses, embora com queixas diferentes, re­
língua universal. conhecem hostilidades iguais face à nobreza e vão, em geral se unir
Ao contrário, a situção ocupada no Estado pela burguesia e pelo ontra ela: e é esta união que constitui o caráter específico da Revo­
campesinato não correspondia ao papel económico e à força real des­ lução na França e explica seu primeiro êxito, sua extensão, sua pro­
sas duas classes sociais. Embora a burguesia não cessasse de crescer fundidade e solidez.
em número e em riqueza, desde o início do século, era cada vez mais
despojada das grandes funções públicas. Ao passo que no século 2) CAUSAS PARTICULARES
X V II a burguesia havia fornecido ao Estado, ministros, como Col-
bert, a maioria dos intendentes, vários magistrados aos parlamentos, Na França, a revolução provém de causas gerais da revolução
oficiais à marinha e ao exército, prelados à igreja; no século X V IIl’ ocidental, mas há causas que lhe são particulares.
todos esses postos passam a ser reservados à nobreza; finalmente, as A Guerra da Independência dos Estados Unidos não somente
reformas do conde de Saint-Germain no exército, e de Sartine na permitiu aos franceses familiarizar-se com a revolução americana,
marinha (1774-1777), deram praticamente o monopólio de todos os mas> com o agravamento considerável da crise financeira da qúal a
cargos importantes à nobreza. Sem dúvida, a burguesia pode ascender França sofria cronicamente, há longos anos, deveria fornecer à revo­
à nobreza e ela não deixa de fazê-lo, comprando cargos enobrecedo- lução uma das mais imediatas de suas causas. Os encargos da guerra
res, mas, fazendo isto, desvia do comércio e da indústria os capitais aumentaram um déficit antigo e crónico. Tornou-se então evidente,
que poderiam ter sido úteis; ela retarda o desenvolvimento econó­ às pessoas esclarecidas, que este déficit não poderia desaparecer
mico da França e torna-se consciente disso. A situação da burguesia senão através de uma reforma radical do sistema financeiro. Os múl­
francesa é, portanto, muito diferente da situação da burguesia britâ­ tiplos impostos de baixo rendimento que existiam então, talha, capi­
nica, que participa amplamente do governo e da maioria dos cargos tação*, vintena**, imposto sobre o sal***, “subsídios”, ‘ contribui­
do Estado desde 1640, ainda mais diferente da situação das burgue­ ções",'direitos de alfândega, etc., deveriam ser substituídos por um
sias americana ou holandesa. A burguesia francesa, mais que qual­ pequeno número de impostos racionais e proporcionais à riqueza de
quer outra, é impelida -pelo desejo violento de se assenhorear do cada um, sem isenções nem privilégios. Os fisiocratas propunham
poder. mesmo a instituição de um imposto único, recaindo sobre a unica
No século X V II, se a nobreza tende a monopolizar os cargos é propriedade agrária, a “subvenção territorial”. Os economistas rei­
porque se encontra cada vez mais em piores condições para viver de vindicavam a abolição de todos os impostos indiretos que sobrecar­
suas rendas, em consequência da elevação constante dos preços regavam mais os pobres do que os ricos, iurgot tornou-se controla­
desde 1730. E também para aumentar suas rendas que ela procede, dor geral em 1774 e apresentou a Luís XVI um programa baseado
então, a frequentes restabelecimentos de “terriers” e exige com nestes princípios; os nobres, o alto clero, exigiram sua revogação em
maior rigor as rendas feudais que lhe são devidas. A reação aris­
tocrática, geral^ em todo Ocidente, é assinalada, na França, por uma A França interveio portanto na guerra'da América, com as finan­
reação feudal especialmente pronunciada. Os camponeses, que su­ ças arruinadas. Necker, que as dirigia então, recorreu aos expedien­
portam as opressões desta reação, estão particularmente atormenta- tes clássicos e sobretudo aos empréstimos. A dívida aumentou de tal
dos. maneira que os empréstimos foram concedidos, porém sob taxas ar­
Por outro lado, o grande crescimento da população desenvolveu, rumadoras, 8 e lOÇf. Para manter a confiança, Necker, em 178.1,
junto aos camponeses, uma fome de terras” difícil de satisfazer na publicou pela primeira vez na França o orçamento, sob o título de
ocasiao em que os senhores, quando da partilha das terras_ comuns, Conta prestada ao Rei. Esta prestação de contas, dçcididamqnte oti-r
apo eraram-se de um terço das mesmas e, para aumentar suas rendas mista, era inexata e nós a qualificamos imediatamente de conto de
relativas às propriedades, tendem a agrupá-las em “grandes proprie- fadas”. Necker omitira, nesse orçamento, as despesas de guerra e as
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„ Fstados Unidos comprassem da França seus produtos ma-
estimativas das receitas eram consideradas exageradas pela maioria. de que o* Esta ^ ^ fo. alcançado. 0 s Estados Unidos
Dessa maneira, apareceria um excedente de mais de dez milhões, nufaturados. M ^ suas maténas-primas e com o produto de
visto que o déficit atingia, no mínimo, setenta milhões. Por outro exportaram para as A ^ ^ g naQ na França, os produtos ma-
lado, a prestação de contas revelou aos franceses uma cifra de pen­ sua venda comp necessltavam. q goVerno de Luís X V I persistiu
sões concedidas pelo rei aos cortesãos, considerada enorme e foi essa a r m a is nesta política económica liberal O regulamento de 7 de
uma das razões de seu sucesso: as queixas da burguesia e da pequena alnda ™ãis nes ^ ampliou a lista de mercadorias amencaUas admm-
nobreza deveriam se alimentar durante muito tempo com estas reve­ dezembro de 1787^ P q ^ sido concluído, com a Ingla-
lações. Elas foram fatais a Necker, cuja demissão foi exigida por das na Antdhas^ COnhecido pelo nome de seu signatano
Maria Antonieta e seus adeptos. ,erra, um M O ^ de ambas as partes, os direitos
A situação financeira continuou se agravando, porque nenhuma britânico, Lden. n Inglaterra que com isto se beneficia,
medida eficaz foi tomada. Paralelamente, a crise económica que atin­ dÊ T lia ^ a S m ^ u t o s manufaturados. Em toda a
gia a Europa Ocidental, era particularmente sensível na França. inundando a ™ Ç d comerciais de 1778 com os Estados
A curva geral dos preços, que se elevara lenta mas regularmente França acusam- e os os regulamentos de 30 de
por volta de 1730 a 1770, deixa seu aspecto estável para tomar um U m mSdee i7 8 4 I dt 7 de dezembro de 1787, de provocarem o ma-
aspecto desordenado. Enquanto, em consequência de uma super­ ag°mo económico De fato, as causas da crise estavam em toda parte,
produção motivada por um incremento na plantação de videiras, o residiam no atraso sofrido pelo desenvolvimento economico.
preço dos vinhos decai, e as colheitas de cereais são freqiientemente
más ocasionando uma queda de produção. A nartir de 1787, a crise económica se agravou ainda mais. Neste
A má colheita de 1774 provoca uma elevada alta de preços dos . kdanra comercial da França, até então amplamente benefi-
cereais, agravada ainda por sua livre circulação, autorizada por Tur- dad, so fre"- reviravolta; «s importações se elevam a seiscentos e
got. Em abril e maio de 1775, na região parisiense, isto resultou em vê'milhões enquanto as exportações atingem apenas qu.nhen-
onze milhoe , q mdhões de libras. No setor agrícola, as íntem-
graves revoltas, conhecidas sob o nome de “guerra das farinhas”. Esta tos e Quaren tiveram como consequência colheitas bastante
foi uma das causas da queda de Turgot. Uma grande seca, em 1785,
trouxe uma catástrofe para os rebanhos de carneiros, e o gado de £ £ £ S o o g o v e r n o havia
maior porte (cavalos, burros, muares, bois), é atingido por epizootias ',b“ d a Osdp r : ç r T o f « ^ “ reaS C a m m p ia a m e „ ,e motivando
frequentes. Dessa maneira, o camponês policultor, a quem a venda
do vinho fornecia o essencial para a sua liquidez financeira, vê que uml alta geral do custo de vida. E o mecanismo de todas as crises do
esta desaparece no momento de maior necessidade para completar a Antigo Regime se movimentou. As indústrias, já no marasmo, viram
sua colheita insuficiente através de compras a preços elevados. Estas sua dificuldades aumentadas: os operários e artesaos, obrigados a
suas d“ ‘cu“ a reservas para a própria alimentaçao, pararam de
dificuldades económicas se traduziram nas curvas demográficas; os
gastar todas manufaturados Algumas indústrias fecharam, o
nascimentos diminuem, a mortalidade aumenta. Ao “esplendor” do comprar produtos m nu / como COnseqúência ime-
reinado de Luís X V sucedeu o “declínio” da época de Luís X V I.
S n S í T " T i ^ t T O próprio produtor.agrícola não
O declínio atingiu também o comércio e a indústria. A revolução
industrial na França teve um atraso de vinte anos em relação à da Dcxfià compensar a falta de ganho, devido à insuficiência de sua co-
podia compensai mesma maneira, seu nível de vida tam-
Inglaterra. A partir de 1783, no Oriente, os tecidos franceses sofrem
b t a Y a i » Õ s ‘ desempregados agrícolas afluem para as cidades, na
séria concorrência dos produtos têxteis britânicos; as manufaturas do
Languedoc, que abasteciam os mercados do Oriente, são forçadas. a esperan a vã de encontrar trabalho, ou então formam bandos que
diminuir suas atividades e, desse modo, muitos operários ficam de­ S c o r r e m os campos, exigmdo esmolas sob ameaça. Eles vao contn-
sempregados. Durante a Guerra da América, o governo francês havia bmr ativamente para a revolução, aterrorizando os proprietários.
aberto ao comércio estrangeiro, isto é, ao dos Estados Unidos, os
portos das Antilhas, habitualmente reservados ao comércio francês 3) A REVOLTA ARISTOCRÁTICA
devido ao “pacto colonial”. Após o fim da guerra, o decreto do Con­ Em 1783, após alguns, ministros efémeros,-Calonne torna-se con-
selho de 30 de agosto de 1784 mantém esta disposição, na esperança
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trolador geral das finanças. Durante três anos esforçou-se, como subvenção territorial e reclamou também a convocação dos Estados
Necker, enfrentando as dificuldades através de empréstimos. Mas,
Gerais (24 de julho).
no fim de 1786 o crédito do governo estava esgotado. Não havia Brienne decidiu recorrer à força: sessões solenes do Parlamento,
outra alternativa: bancarrota ou retomada dos projetos de reformas depois exílio do Parlamento em Troyes. No mesmo momento, nesta
de Turgot e Necker, com seu corolário, a oposição dos corpos privi­ cidade, os parlamentares proclamaram que os “Estados Gerais pode­
legiados. Calonne considerou-se bastante hábil para fazer com que
riam sozinhos examinar e sanar as dificuldades do Estado”. As outras
esses projetos de reformas fossem aceitos pelos privilegiados, esco­
cortes soberanas da França se aliaram ao Parlamento de Paris. As
lhidos por ele e reunidos em uma assembléia de notáveis.
revoltas nas ruas de Paris, uma campanha de panfletos sustentaram a
O plano definido por Calonne incluía principalmente a igualdade
revolta da aristocracia parlamentar. O governo cedeu. Retirou seu
de todos diante de um novo imposto, a “subvenção territorial”, já
projeto de “subvenção territorial”, convocou o Parlamento em Paris
sugerido por Turgot e Necker e que devia substituir a vintena. Os
e prometeu a convocação dos Estados Gerais para 1792.
oytros impostos seriam conservados. Calonne propunha também a Todavia, seria preciso viver na expectativa. Brienne submeteu
amortização da dívida do clero pelo produto do resgate dos direitos projetos de empréstimos ao Parlamento convocado em “Sessão
senhoriais recebidos pela Igreja.
Real”, a 19 de novembro de 1787. O Parlamento protestou contra
A assembléia dos notáveis reuniu-se em 22 de fevereiro de 1787.
as formas inusitadas de sua reunião, formulou veementes críticas à
Seus membros, contrariados pelos rumores que se haviam espalhado política financeira do governo e solicitou que os Estados Gerais se
sobre sua provável servilidade, estavam resolvidos a passar para a reunissem em 1789- O rei prometeu antecipar a reunião dos Estados
oposição; eles rejeitaram os projetos do Controlador Geral. Luís sem precisar a data e ordenou o registro dos empréstimos. “E ilegal,
XV I destituiu Calonne e convocou o chefe da oposição, o Arcebispo exclamou o duque D ’Orléans. — Sim, é legal porque eu o quero”,
de Toulouse, Loménie de Brienne, para a assembléia dos notáveis. replicou Luís XV I. Afirmação imprudente do absolutismo real num
Brienne compreendeu logo que só o plano de Calonne permitiria momento em que o governo não tinha mais meios de se fazer respei­
equilibrar o orçamento. Eliminou do plano alguns pontos acessórios,
tar. O exílio do duque D ’Orléans e a prisão de dois conselheiros
mas conservou o essencial, a subvenção territorial. Os notáveis con­
conseguiram apenas aumentar a agitação revolucionária em Paris, e
tinuaram intransigentes e declararam que “somente os representantes
em todo o reino. A 17 de abril, o rei declarou, muito acertadamente,
autênticos da Nação” tinham o poder de conceder um novo imposto:
que se submetia às exigências dos parlamentares e “a monarquia não
era motivo para reclamar a convocação dos Estados Gerais, como
seria mais do que uma aristocracia de magistrados.”
aliás explicou-o claramente La Fayette, um dos notáveis, a 21 de
maio. Efetivamente, os parlamentares, para ter o apoio da burguesia, se
colocavam como os defensores dos “direitos da Nação”. Também
Luís X V I rejeitou ainda esta perspectiva. Destituiu a Assembléia lembravam, a 3 de maio de 1788, as “leis fundamentais do reino”: “O
a 25 de maio de 1787. A reunião da Assembléia dos Notáveis mar­ voto dos subsídios, como eles explicavam, competia unicamente aos
cou verdadeiramente o início da revolução na França. Ela tornou evi­ Estados Gerais; os franceses não podiam ser nem presos, nem deti­
dente a todos a atitude da aristocracia, mais violentamente hostil do
dos arbitrariamente, mas acrescentavam eles: os privilégios consa­
que nunca ao fortalecimento do poder real, a fim de manter seus
grados pela lei e pela tradição são invioláveis.”
privilégios. Ela marcou o início da “pré-revolução” ou “revolta nobi­
Esta última afirmação poderia ter sido explorada pelo governo
liária”, resultado lógico e consequência final da reação feudal, ini­
para separar os aristocratas da massa do Terceiro Estado e tentar re­
ciada após várias décadas. Mostrou que a reparação financeira estava
formas contando com seu apoio. Brienne nada fez em relação a isso.
ligada à reforma do regime, e que, além do mais, o déficit era o
Limitou-se a repetir o golpe de força que Maupeou havia dado em
“tesouro da Nação.”
1771, sem estar seguro do apoio popular. A 8 de maio, Lamoignon
A Assembléia dos Notáveis dissolvida, se recusarmos a idéia de
despojava os parlamentos de suas atribuições essenciais e as dividiu
uma bancarrota, era forçoso apresentar as reformas aos parlamentos.
entre 47 “grandes bailiados”*, e uma “corte plenária” de notáveis —
Foi o que fez Brienne. Mas o Parlamento de Paris, apesar de aceitar
considerados submissos. O processo criminal foi reformado, as justi­
algumas reformas menores e principalmente a expansão das assem­ ças senhoriais foram espoliadas da maioria de suas causas.
bléias provinciais por toda França, recusou a mais importante, a Estas reformas manifestaram-se como um desafio à declaração de
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3 de maio; desencadearam por toda a França a revolução que se pre­ memórias foram impressas e causaram agitação, mas permitiram aos
parava há um ano. Os parlamentos recusaram-se a se submeter e a patriotas expor e discutir seu programa.
revolta estourou na maioria das cidades em que estavam as cortes A 24 de agosto, Brienne demitiu-se e foi substituído por Nec-
soberanas. Em Grenoble, foi o “Dia das Telhas”: a 7 de junho os ker que contava com a confiança dos patriotas.
revolucionários, sobre os telhados, atiram telhas nas tropas encarre­ Retomando a tática de Calonne, Necker quis que os próprios
gadas de pôr em execução os éditos governamentais. Em Toulouse, privilegiados consentissem na duplicação e no voto por cabeça. Con­
em Pau, Rennes, Dijon, Besançon, houve manifestações análogas. vocou a Assembléia dos Notáveis a 6 de novembro de 1788: para sua
Em Dauphine, após o Dia das Telhas, os aristocratas e os burgueses grande decepção, ela exigiu que os Estados Gerais se reunissem
de Grenoble convidam as três ordens da província a se reunir. A “como em 1614” e denunciou “a revolução que se preparava.”' Nec­
Assembléia, reunida no castelo de Vizille, decide convocar sem auto­ ker apoiado pela opinião pública, foi além desta oposição. Conse­
rização real os Estados da província, que não estavam se reunindo guiu, no Conselho de 27 de dezembro, que o rei adotasse a duplica­
mais desde 1628. Ela especifica que eles deveriam ter entre seus ção do Terceiro Estado, mas não pôde obter uma decisão sobre -o
còmponentes tanto deputados do Terceiro Estado como delegados voto e os próprios Estados deveriam se pronunciar quanto a esta
das duas ordens privilegiadas. Solicita aos futuros Estados Gerais que questão fundamental.
se componham da mesma maneira e preconiza a admissão dos ple­
beus a todos empregos. 4) 1789 NA FRANÇA
O programa formulado pela aristocracia parlamentar, portanto, já
1789 é a data em que, tradicionalmente, os historiadores estabe­
era ultrapassado. E necessário, entretanto, ressaltar que a assembléia
leciam o início da revolução na França. De fato, ela começara há dois
de Vizille não reclamou nem a igualdade de direifos, nem a supressão
anos, mas sob a forma de uma revolta das “classes constituídas”,
de ordens, nem a abolição do regime feudal.
muito análoga à das classes aristocráticas americanas, irlandesas, ho­
Contudo, ao lado das classes privilegiadas que até então tinham landesas ou belgas.
conduzido a luta contra o governo, formava-se um partido que se A partir de 1789, na França, a revolução irá ultrapassar esse está­
qualificou de “nacional”, ou de “patriota”, que já havia guiado os revo­ gio. Embora a oposição aristocrática ao governo se desloque e enfra­
lucionários americanos, holandeses e belgas. Um comité de trinta queça, ela é substituída por uma revolta da burguesia, logo em se­
membros coordenava através de “comités de Correspondência” a guida ela própria é apoiada por uma gigantesca oposição camponesa.
ação desse partido, cujos chefes eram recrutados entre os nobres li­ A união momentânea destes três grandes movimentos, no início de
berais (La Fayette, Mirabeau, La Rochefoucauld), alguns magistrados agosto, culminará com o desmoronamento do Antigo Regime e com
(Hérault de Séchelles, Fréteau), os jornalistas (Brissot, Servan), os a proclamação de princípios sobre os quais devia ser fundamentado
filósofos ’ (Condorcet), os advogados (Target, Bergasse, Lacretelle, não somente o Novo Regime da França, mas o de toda Europa mo­
Danton, Barnave, Mounier). Os patriotas, também unidos aos privi­ derna. Assim, em 1789, a revolução deveria ser, na França, extre­
legiados, reclamam a convocação imediata dos Estados Gerais. Mas, mamente mais radical do que nos outros países e infinitamente mais
separando-se da aristocracia, exigem a “duplicação” do Terceiro Es­ rica em resultados duradouros.
tado, o “voto por cabeça”, sem o qual esta duplicação não teria ne­ O ano de 1789 começa pela organização das eleições nos Estados
nhum sentido e a redação de uma “constituição”. Rapidamente os Gerais, cujo regulamento de 29 de janeiro fixa as modalidades: o
patriotas irão suplantar os parlamentos no comando da agitação. sufrágio era muito grande, porque bastava ter 25 anos e estar inscrito
Diante da verdadeira tempestade que sacudia a França, Brienne no catálago de contribuições. Não se exigia nenhuma condição de
foi obrigado a capitular. Uma decisão do Conselho anunciou, a 5 de forcuna para a elegibilidade; o sufrágio, todavia, permitia aos deputa­
julho de 1788, a convocação dos Estados Gerais para l.° de maio de dos do Terceiro Estado, vários cargos. Os eleitores deviam confiar a
1789, sem nada precisar quanto ao número de deputados, nem seus mandatários os cadernos em que seriam consignadas suas “quei­
quanto ao voto. Ao contrário, a mesma decisão estabelecia, de fato, a xas”.
liberdade de imprensa, autorizando todos os franceses a apresentar As eleições e a redação dos cadernos se realizaram num clima da
suas idéias sobre a reforma do Estado: quase duas mil e quinhentas mais total liberdade. Nos cadernos de paróquia e sobretudo nos “ca-

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dcr nos gerais”, a burguesia pôde, graças à sua influência, inscrever trário do alto clero e da maioria da nobreza, eram tradicionalistas.
suas principais reivindicações: voto de uma constituição, supressão de CO' Alguns padres vieram juntar-se ao Terceiro Estado a 12 de
privilégios, às vezes liberalismo económico. A forma monárquica do unho Considerando que representavam 98 centésimos da nação, os
Estado não chegou a ser nunca contestada. Mas, nos quarenta mil DUtados do Terceiro Estado, ultrapassando a falta da maioria dos
cadernos redigidos pelas assembléias primárias, encontram-se queixas rivilegiados, declararam formar uma “Assembléia Nacional”. Logo
unânimes dos camponeses contra o regime feudal. atribuindo-se a concessão dos impostos, confirmam proviso-
Os privilegiados manifestam sua adesão ao rei, mas reconhecem ríamente os que existiam: era de prever que, no caso em que o
que devem ser realizadas profundas reformas. Eles denunciam a arbi­ rei e os privilegiados não admitissem seus projetos, eles poderiam, a
trariedade do governo e esboçam planos para a racionalização da ad­ exemplo dos patriotas belgas, proclamar a greve do imposto, ameaça
ministração. Bem poucos pretendem renunciar a seus privilégios ou excessivamente grave para o governo real.
ao regime feudal. Entretanto, Luís X V I, repreendido severamente por seus adep­
As eleições e a redação dos cadernos resultaram em agitação. A tos decide anular pela força as decisões do Terceiro Estado. Ele
crise económica, a mais grave que a França conheceu em meio século, manda fechar, a 20 de junho, a sala de reuniões. Os deputados se
impunha, aliás, a realidade de suas misérias. Em Paris, a 28 de abril, dirigem, então, ao Jeu de Paume* e sob a iniciativa de Mounier, pres­
no bairro Saint-Antoine, houve um violento motim. As províncias tam entusiasmados e unânimes o juramento de “jamais se separar e
foram também palco de agitações mais ou menos violentas, fraca­ de se reunir novamente em qualquer lugar em que as circunstâncias o
mente reprimidas pelas forças armadas, vítimas também da crise. exigissem, até que a constituição fosse estabelecida e firmada com
Não parece que estas agitações tenham influenciado as eleições. fundamentos sólidos.”
Os deputados foram exclusivamente membros do clero, nobres e Apesar desta imponente manifestação, o rei, compelido por seus
burgueses; entre estes últimos, os “homens da lei” formavam uma irmãos e pela rainha, decide impor sua vontade. A 23 de junho
grande maioria. O corpo de deputados da nobreza contava com al­ realizou-se uma “assembléia real”; o rei anunciou um programa in­
guns nobres “liberais”, tais como La Fayette. Um outro nobre, co­ teiro de reformas, mas não falou nem de voto per capita, nem de
nhecido por sua vida agitada e seus panfletos mordazes, o Conde de igualdade fiscal, tampouco da abolição do regime feudal. O Terceiro
Mirabeau, havia sido eleito para o Terceiro Estado de Aix-en- Estado, após a leitura do discurso real, permanece na sala e mantém
Provence. Distinguia-se também o Abade Sieyès, eleito pelo Ter­ as decisões que tomara em nome da Nação. Mirabeau simboliza sua
ceiro Estado de Paris, cuja brochura Qu’est-ce que le Tiers Etat? aca­ resistência respondendo a um emissário do rei: “Ide dizer aos que
bava de se tornar célebre e o Bispo d’Autum, o cínico Talleyrand. vos envia que estamos aqui pela vontade do povo e que não deixa­
Poucos deputados do Terceiro Estado são conhecidos fora de sua remos nossos lugares senão pela força das baionetas”.
província. Nenhum camponês e nenhum artesão foi eleito para os Luís X V I pareceu submeter-se. Deixou o clero e os nobres libe­
Estados. rais se reunirem nas “Comunas” e, exatamente a 27 de junho, convi­
A 5 de maio de 1789, os Estados Gerais foram solenemente dou os recalcitrantes a formar uma Assembléia Nacional, que a partir
abertos pelo rei, em Versalhes. Desde o início travou-se um longo desse momento teve a aprovação real.
debate que se referia aparentemente ao processo, mas, na realidade, Mas tratava-se de mera dissimulação, para ganhar tempo e reunir
dos deputados seriam verificados nas reuniões separadas de cada or­ tropas em torno da capital. Os movimentos de tropas redobraram a
dem, ou em sessão plenária? Ou seja, seriam mantidas as “formas” de inquietude que se apoderou de todos os espíritos diante do espetá­
1614, e, em consequência, o voto por ordem que daria a maioria aos culo da incapacidade dos deputados. Camponeses e burgueses se per­
privilegiados, ou seria aprovado o voto per capita? O Terceiro Es­ suadiram rapidamente de que todos os privilegiados estavam de
tado, unânime, era partidário da verificação dos poderes em comum acordo quanto a resistir às reivindicações populares, de que eles iam
e do voto per capita que por si só poderia permitir reformas eficazes. obter do rei a dissolução dos Estados Gerais e de que existia uma
Recusou-se, portanto, a verificação de poderes em assembléias “conspiração aristocrática” contra a “vontade do povo”. Populações
separadas e a 10 de junho as duas outras ordens foram convidadas urbanas e rurais se amedrontaram e se armaram. E, armados,
a se unir ao Terceiro Estado. Estas ordens estavam divididas, os temem-se mutuamente. Acreditava-se, em toda a parte, haver ban­
nobres liberais e os padres pensavam como o Terceiro Estado. Ao didos” a serviço dos “aristocratas”.
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Desde o começo de julho um “medo” coletivo agita toda a região iedade burguesa. Os deputados do Terceiro Estado defende-
campestre normanda. Nas cidades e especialmente em Paris, a exci­ Pr° p0rtanto, as reivindicações camponesas mais essenciais, a fim de
tação chega ao apogeu. Os aristocratas e seus agentes começam a •^nter” o movimento revolucionário: eis um dos aspectos mais ori-
ser ameaçados. Foi nesta atmosfera causticante que se preparou, a 11 C°ais da revolução na França. Na realidade, esta aliança tácita da
de julho, a destituição de Necker, prenúncio do golpe de força pla­ h'rauesia e dos camponeses permite à revolução alcançar sem difi-
nejado pelo rei. Foi esta, realmente, a centelha que ateou fogo à Uldade seus resultados mais definitivos. Durante a noite de 4 de
pólvora. O povo de Paris se revoltou e a 14 de julho, atacando os cUoSto, sob a influência dos deputados do Terceiro Estado e de al-
depósitos de armas, se apoderou da Bastilha que era não somente urn uns nobres liberais, a massa de representantes da nobreza e do clero
arsenal, mas uma prisão do Estado, símbolo da arbitrariedade real. Os consentiu nos “sacrifícios” esperados pela França com tanta impa­
parisienses, revoltados, formam uma municipalidade insurrecional ciência. Nesse clima de entusiasmo, a Assembléia decretou a abolição
uma guarda nacional e adotam.uma insígnia, juntando às cores azul é do regime feudal e dos privilégios, a igualdade diante do imposto e a
vermelha de Paris, à branca dos Bourbons. Luís X V I, surpreendido supressão dos dízimos. Estas decisões espetaculares foram logo di­
pela amplitude da revolta, chama Necker e vai a Paris, a 17 de julho, fundidas através de milhares de jornais, de brochuras e de gravuras
confirmar os fatos já verificados. que tiveram as mais profundas repercussões: as agitações rurais dimi­
A Revolução se espalha por toda a França como um rastilho de nuíram, a Assembléia pôde recomeçar seus trabalhos num clima de
pólvora. Em todas as províncias, o povo armado se apossa dos pode­ calma.
res municipais. Os camponeses, por essa razão, se apoderam dos cas­
telos e exigem que sejam queimadas as velhas “cartas”, nas quais es­ 5) A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO
tavam inscritos os direitos feudais. Quando encontram resistência HOMEM E DO CIDADÃO
chegam, as vezes, até a incendiar as moradias senhoriais. Os revolto­
sos temem-se mutuamente e assim se desencadeia durante a segunda Os constituintes — assim se chamariam doravante os deputados
quinzena de julho, em três quartos da França, esse estranho fenô­ _ haviam decidido, desde o início de julho, começar sua obra por
meno que se chamou o grande medo e que distingue tão nitidamente a uma declaração de direitos, como haviam feito os constituintes ame­
Revolução Francesa das que eclodiram nos outros países do Oci­ ricanos. Mas há uma diferença bastante grande entre a Declaração
dente. 0 grande medo deveria ter uma influência decisiva sobre o Francesa dos direitos do homem e do cidadão, cuja redação terminou
curso da Revolução, porque o mundo rural, tão submisso e tão pas­ a 26 de agosto, e as declarações americanas. Estas últimas, mesmo a
sivo há séculos, a partir de então, em armas, reivindica a abolição do maior, a da Virgínia, continuavam individualistas, bem “americanas .
regime feudal. Os deputados franceses, ao contrário, quiseram trabalhar pela huma­
À revolução aristocrática que desde 1787 se ligava ao absolu­ nidade. Desde 1789, a revolução francesa se distingue das que a pre­
tismo real e à revolução dos juristas e legalistas que, desde 5 de maio cederam no Ocidente por sua característica universalista. Côm efeito,
de 1789, pretendia fazer triunfar os princípios da liberdade e da a declaração francesa é redigida em termos que se possa aplicar em
igualdade dos direitos somente pela força do processo, sucedia todos os países, em todos os tempos. Ela é válida tanto para uma
bruscamente a mais violenta “jacquerie”* que a França já conheceu há monarquia, como para uma república. Ela é verdadeiramente univer­
séculos. Os burgueses, únicos representantes do Terceiro Estado na sal, o que constituiu sua grandeza e lhe garantiu seu prestígio.
Assembléia Nacional, tinham a intenção de redigir metodicamente Na declaração francesa, um acordo entre os projetos apresenta­
uma constituição que proclamasse, com a liberdade individual e a dos por diversos deputados, principalmente por Sieyès e por La
igualdade diante da lei, o respeito pela propriedade. Eles se aperce­ Fayette dá ênfase à liberdade. Os homens nascem e continuam livres.
beram, então, amedrontados, que a própria propriedade estava amea­ A liberdade “é o direito de fazer tudo o que não prejudique os ou­
çada porque os direitos feudais e os dízimos eram propriedades cuja tros”. Estabelecem-se claramente as bases judiciárias da liberdade in­
abolição imediata era reivindicada pelos camponeses. dividual. Definem-se as liberdades de opinião e a liberdade de im­
Todo o programa de trabalho que a Assembléia Nacional havia prensa. Mas a declaração não menciona nem a liberdade de culto,
elaborado no início de julho se viu arruinado. Pareceu urgente ter­ nem a liberdade de domicílio, nem a da indústria e do comércio, nem
minar com a insurreição camponesa, erro que ameaçaria a própria a liberdade de associação, nem a liberdade de ensino.
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A igualdade ocupa uma'posição mais limitada. Ela não figura ocadas. Mas, a essas convocações, acompanhadas de uma recru-
entre os direitos imprescritíveis, todavia o primeiro artigo afirma qUe Tscência da miséria e da elevação dos preços, seguiu-se, como em
os “homens nascem iguais”. O artigo 6 determina que a lei é igual . . . Q o levante do povo de Paris. A 5 de outubro, uma comitiva de
para todos, estabelece portanto, a igualdade diante da justiça e Á *U lhères, acompanhada da guarda nacional, dirigiu-se a Versalhes e
possibilidade de se admitir os cidadãos em todos os empregos. A 111 dia 6 reconduziu a Paris a família real. Desde então o rei ficou
igualdade fiscal é consagrada pelo artigo 13. n° o nas Tulherias, como refém dos patriotas. A assembléia o seguia
O direito de propriedade figura entre os “direitos naturais iml I Pr capital e adotou então a teoria de Sieyès sobre o poder consti-
prescritíveis e o último artigo repete que a “propriedade é inviolável "uinte ela decidiu que a Assembléia Nacional e Constituinte era su-
e sagrada . Era preciso, após a jacquerie” que terminara, dar maior tUrior ao rei e que este não podia rejeitar uma disposição constitu­
segurança às propriedades. cional Ela iria, pois, exercer uma verdadeira ditadura e, durante dois
A soberania, declara o artigo 3, reside na Nação. O rei (sobre 0 anos governar soberanamente a França, renovando todas as estrutu-
qual não há dúvida) pode ser apenas o mandatário da Nação. A sobe­ ns políticas, administrativas, económicas, sociais e mesmo religiosas.
rania nacional não é divisível; portanto, as “ordens” não seriam capa­ Independência em tudo? Seria demais afirmá-lo. Em Paris, a assem­
zes de subsistir. bléia irá sofrer intensamente a pressão do povo, mantido em alerta,
A lei é a expressão da vontade geral, portanto, todo atentado à irmado desde julho e reunido em organizações revolucionárias.
ordem pública deverá ser reprimido. O respeito a esta ordem é asse­ Desde o início de setembro os patriotas eram chefes de todos os
gurado pela separação dos poderes, à qual a declaração consagra um corpos municipais da França. Armados, formaram milícias, “as guar­
artigo inteiro. das nacionais” que desde o mês de agosto planejaram as federações
Ao lado destes princípios fundamentais, a declaração trata, em locais, e a partir de novembro formarão federações regionais e final-
outros artigos, das forças armadas, das finanças, asseguradas por “uma mente se reunirão em Paris, numa grandiosa Federação Nacional, a
contribuição pública, livremente aprovada” da responsabilidade de 14 de julho de 1790.
funcionários. Enfim, proclamou-se a resistência à opressão e tratou-se Cidadãos,, os patriotas se reuniram para discutir os negócios do
de legalizar as insurreições de julho. Estado em clubes, provindos freqúentemente de numerosas “socie­
A Declaração, sem dúvida, é obra de uma classe, a burguesia. dades de pensamento”, que foram criadas a partir de 1750, mas que
Mas ela sofreu bastante a influência das circunstâncias. Simultanea­ se inspiravam também em clubes ingleses, americanos, genoveses e
mente à condenação dos abusos do Antigo Regime, ela é a base da holandeses. Durante os primeiros anos da Revolução, houve clubes
nova ordem. Colocada sob a égide do Ser supremo, preserva ao cato­ de todas as gamas políticas, mas os que agrupavam os patriotas mais
licismo sua primazia. Se a liberdade da indústria e do comércio foi enérgicos corresponderam-se entre si e se habituaram a chamá-los
discreta, apesar dos fisiocratas, foi devido a esta questão. A liberdade Jacobinos, porqúe a sociedade parisiense “Amigos da Constituição ,
da associação não é mencionada, porque os constituintes desejavam, que os dirigia, localizava-se no refeitório do convento dos Jacobinos,
senão reprimir inteiramente, pelo menos reduzir o número de con­ na Rua Saint-Honoré.
gregações religiosas. Estes clubes exerciam uma vigilância ativa sobre os negócios lo­
A declaração não é, pois, nem a cópia servil de modelos america­ cais, estimulavam as autoridades, repreendiam os moderados e de­
nos, nem a transcrição prematura de idéias filosóficas. Foi uma obra nunciavam os “aristocratas”. Mas aí eram discutidas também as gran­
humana que teve o maior número de contingências históricas no des reformas votadas pela Constituinte, que se instruiu lendo as nu­
meio das quais nasceu. Embora redigida pela burguesia francesa do merosas novas gazetas. Na realidade, a liberdade de que gozava a
século X V III e em seu interesse, ela ultrapassa amplamente, devido à imprensa, desde o mês de maio de 1789, havia permitido a multipli­
sua importância, os interesses desta classe, as fronteiras da França e cação dos jornais. Eles também representam todas as opiniões. A im­
os limites do século. Ela também despertou no mundo inteiro pro­ prensa mantém os cidadãos atentos e os cidadãos orientam a assem­
fundas repercussões. bléia. É nestas condições que, em dois anos, de setembro de 1789 a
Este caráter explosivo” da declaração inquietou o rei. Ele não setembro de 1791, a Constituinte construiu um regime novo, cujos
sancionou mais os decretos de 4 de agosto; e, como após o dia 23 de pormenores certamente deveriam ser efémeros, mas cujas linhas ge-
junho, pensava novamente em golpe de Estado. Novas tropas foram ràis formaram a estrutura da França moderna.

— 46 — — 47 —
NOTAS:

* Taxa “per capita”. (Rev.)


“ Tributo da vigésima parte do rendimento. (Rev.)
•“ Direito sobre o sal, que se cobrava antes da Revolução Francesa em 1789. Por exemplo
impostos sobre produtos e gêneros cobrados antigamente, depois chamados de “droits reúnisM >
direitos reunidos e que hoje têm o nome de “contributions indirects”, contribuições indiretas, (\Ç
Azevedo, Domingos, “Grande Dicionário”, p. 730.) (Rev.)

* Territórios sob a jurisdição de um bailio (Rev.)


* Quadra reservada aos jogos, fechada e quase sempre coberta. (Rev.)
* Insurreição de camponeses conrra a nobreza, em 1358. O termo originou-se de “Jacques
Bonhomone”, apelido com que os nobres se referiam ao povo para demonstrar a passividade com
que se deixava explorar por eles. (Rev.) capítulo 5

A Construção de uma
Monarquia Constitucional
na França
A Assembléia Constituinte teve como objetivo fundamental, na
França, a construção de um regime de acordo com os princípios
enunciados na Declaração dos Direitos do Homem. Este regime seria
uma monarquia constitucional.
Nas novas instituições, estabelecidas pela Assembléia, convinha
distinguir duas partes. Algumas instituições seriam permanentes e
elas constituem a base da sociedade moderna. São principalmente as
instituições sociais, económicas e, até certo ponto, administrativas.
Ao contrário, a obra política e religiosa da assembléia foi efémera;
após um ano da promulgação da Constituição de 1791, não restava
quase nada dela.

1) A OBRA SOCIAL

A Sociedade do Antigo Regime. baseava-se na hierarquia e no


privilégio, isto é, na desigualdade. Ao contrário, a Declaração dos D i­
reitos do Homem, em seu artigo I, proclamava a igualdade diante da
lei. A constituinte se esforçou para fazer passar esta igualdade nas
constituições. Ela não chegou a isso nem fácil, nem inteiramente. Se
a Constituinte aboliu, desde 4 de agosto de 1789, as três ordens que
dividiam os franceses e a servidão pessoal (.havia ainda um milhão e
meio de servos na França), se ela concedeu os direitos civis aos es­
trangeiros e aos comediantes, em compensação a igualdade dos ju­
deus provocou discussões bastante vivas e não foi decretada pela As-

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sembléia senão a 27 de setembro de 1791, três dias antes de sua ("erais foram reunidos para terminar com a crise financeira, isto é,
separação. A igualdade supunha também a supressão de todas discri­ para suprimir o déficit. A partir do mês de maio de 1789, a opinião
minações entre brancos e negros, assim como a abolição da escravi­ eral considerava ser preciso vender os bens do clero, a fim de pagar
dão. Mas os representantes dos colonos franceses se insurgiram vio­ o débito- Esta opinião foi expressa pela primeira vez a 6 de agosto, na
lentamente contra uma decisão que, segundo eles, causaria infalivel­ tribuna da Constituinte. As discussões foram longas e bastante polê­
mente a ruína das colónias. Eles não admitiam nem mesmo a igual­ micas. Mirabeau colocou claramente os termos do problema; os bens
dade civil entre os brancos e homens de cor livres. A assembléia, do clero seriam postos à disposição da Nação para servir de paga­
após algumas hesitações acabou por segui-los, a fim de evitar umá mento aos débitos, mas o Estado custearia as despesas do culto, de tal
revolta pretendida pelos colonos. Mas, agindo dessa forma, preparava sorte que não houvesse mais as escandalosas irregularidades que se
nas colónias uma explosão que causaria a ruína dos plantadores, constatavam então entre os subsídios dos padres e bispos. Outros
muito mais do que acontecera com a aplicação dos princípios de deputados mostraram que era indispensável tirar do clero seus bens
1789. para fazê-lo desaparecer como ordem religiosa. Finalmente, a 2 de
A consequência mais importante da igualdade de direitos foi a novembro, os bens da igreja foram nacionalizados. Eles deveriam
possibilidade que teriam todos os franceses de acesso a todos os pagar e garantir a emissão de uma espécie de papel-moeda, os “assig-
empregos. A nobreza perdeu, portanto, o monopólio dos grandes nats”. Estes “assignats” serviriam para o pagamento da dívida do Es­
ofícios; mas, de fato, a burguesia, quase sozinha, aproveitou-se desta tado, mas, com eles, poder-se-iam comprar bens nacionais. Todos os
confusão porque só ela possuía o saber indispensável, ou pelo menos “assignats”' recolhidos deviam ser queimados.
o dinheiro que permitia dar a suas crianças a instrução necessária. A venda de bens nacionais começou em maio de 1790. As facili­
Entretanto, no exército, onde a coragem podia nesta épóca substituir dades de pagamento eram concedidas aos compradores, que de­
a ciência, alguns camponeses sem instrução ascenderam até aos mais viam pagar a vista apenas de 12 a 30% do preço de compra, segundo
altos postos; desde então, todo soldado poderia atingir os postos mais a natureza da propriedade e tinham doze anos para pagar o restante,
elevados do exército. na base de 5% de juros. Assim, a assembléia esperava favorecer os
Ainda mais importante, por suas consequências, foi a abolição do camponeses. De fato, os “trabalhadores braçais” não puderam com­
regime feudal que a assembléia havia votado entusiasticamente, du­ prar quase nada. Se muitos dos lotes eram pequenos, outros, pelo
rante a noite de 4 de agosto. Entretanto, as modalidades de aplicação, contrário, eram muito grandes, as vendas se verificavam em leilões e
promulgadas somente a 15 de março de 1790, decepcionaram. Real­ o parcelamento só era permitido se o total de lances parciais fosse
mente, apenas foram abolidos gratuitamente o dízimo e os direitos superior ao preço da mais alta oferta para a venda em bloco. As ven­
feudais honoríficos” e pessoais. Em compensação, as múltiplas ren­ das tiveram, no início, uma afluência enorme. Mas foram principal­
das anuais, ou direitos verdadeiros, deveriam ser resgatados a uma mente camponeses proprietários, burgueses, nobres e, algumas ve­
taxa onerosa. Logo que os camponeses tomaram conhecimento destas zes, padres, que se aproveitaram da ocasião. Os camponeses pobres
disposições, consideraram-se enganados. Os distúrbios rurais reco- só puderam fazer aquisições, agrupando-se. A divisão da propriedade
meçaram. Durante todo ano de 1790, os campos ficaram em estado territorial foi profundamente modificada mas foi sobretudo a parte
de alerta. Foi somente mais tarde que a assembléia legislativa e a da burguesia e dos camponeses mais abastados que aumentou.
Convenção, após a deposição do rei, deram satisfação aos campone­ Quanto aos “assignats”, certamente possibilitaram o pagamento
ses, abolindo completamente e sem indenização alguma todos os ves­ da dívida. Porém, somou-se à dívida antiga uma dívida nova, muito
tígios do regime feudal. Além disso, a servidão não pesou mais sobre mais considerável, causada pelo reembolso de todos os cargps supri­
as pessoas, nem sobre as terras; o direito de propriedade foi total, no midos. Também as emissões de “papel-moeda” se sucederam rapi­
sentido romano da palavra e a permuta de terras seria facilitada. damente. Os franceses não as aceitaram áem desconfiança; eles não se
esqueceram das “letras” do banco de I.aw. O papel-moeda come­
2) A OBRA ECONÓMICA çou a sofrer, desde 1791, uma certa depreciação. Sem dúvida ela foi
limitada — e benéfica porque foi inicialmente um estímulo para a
Desde o início, a Constituinte foi levada a tomar medidas que economia — se a situação financeira não tivesse forçado o tesouro a
provocaram uma nova divisão da propriedade territorial. Os Estados recorrer a novas e mais maciças emissões. Na realidade, os impostos
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não eram mais recolhidos; o tesouro estava vazio. Assim, o “papel- provir essencialmente de três “contribuições” diretas: a contribuição
moeda” não foi utilizado para os fins qué lhe haviam sido atribuídos da propriedade rural, a contribuição pessoal mobiliária e as patentes
inicialmente, isto é, o pagamento dos débitos. Em 1792, os “assig- (impostos diretos que serviam de base para se estabelecer certos di­
nats perdiam um terço de seu valor. A Constituinte, sem o querer, reitos locais por parte dos comerciantes, industriais etc.). Reduziu-se
havia criado uma grave crise monetária que pesou bastante sobre a a jurisdição de feiras e mercados aos regulamentos mais elementares
evolução da França e que só terminou em 1797. de polícia e aboliu-se qualquer taxa. Esta medida que favorecia a alta
Esta crise impediu a assembléia de prosseguir em sua obra de de preços, descontentou os pobres, que temiam a miséria. Desde
reformas económicas. Ela se inspirou amplamente nas idéias dos fi- 1791, a liberdade da circulação e do comércio de cereais provocou
siocratas e economistas: “laissez-faire, laissez-passer”. A assembléia agitações em numerosas províncias francesas.
concedeu a todos os franceses a liberdade de cercar e de cultivar o A completa liberdade do comércio seria favorecida pela institui­
solo à sua vontade. Os proprietários podiam aí encontrar suas vanta­ ção do princípio de uniformidade dos pesos e medidas. Essa liber­
gens, mas os trabalhadores que desfrutavam da livre pastagem para dade teria como consequência o desenvolvimento de bancos, socie­
alguns animais que possuíam, como cabras ou carneiros, se viram pri­ dades financeiras e, portanto, do crédito. A negociação de valores
vados de um dos seus recursos. É certo que a sobreposição de pe­ tornou-se quase livre, as profissões de corretor de câmbio e corretor
quenas propriedades criou a impossibilidade de se cercar terras em de comércio poderiam ser exercidas por todos, sem restrições.
várias regiões. Com o mesmo pensamento, a assembléia preparou a A Constituinte foi muito menos categórica em relação ao comér­
divisão das pastagens comunais. O Legislativo e a Convenção tenta­ cio exterior. Aqui, os interesses dos grandes negociantes não coinci­
riam colocar em execução esta decisão, mas muitas comunas foram diam mais com os princípios e a assembléia considerou os interesses
reticentes. Apesar disso, a Constituinte favoreceu muito o individua­ mais importantes que os princípios.
lismo agrário. No total, o número de propriedades rurais aumentou e Na verdade, ela aboliu os privilégios e as franquias de que goza­
o parcelamento do solo se acentuou.
vam alguns portos — Lorient e principalmente Marselha. Também
Os Constituintes, quase unânimes com referência a estas refor­ suprimiu os privilégios das companhias comerciais, especialmente os
mas rurais, estavam mais divididos em relação à indústria. Uns, de que se referiam à Companhia das índias. Mas manteve um sistema
acordo com os economistas, desejavam a abolição das corporações; alfandegário protecionista e manifestou hostilidade aos tratados co­
os outros, ao contrário, se opunham a essa idéia. A assembléia não merciais de 1778 com os Estados Unidos e de 1786 com a Inglaterra,
abordou a questão senão em fevereiro de 1791. Os partidários da os quais fizeram baixar as tarifas alfandegárias.
abolição demonstraram que as corporações gozavam de “privilégios O comércio colonial permaneceu rigorosamente regulamentado.
exclusivos e, em consequência, deviam desaparecer, conforme as Apesar dos violentos protestos dos deputados coloniais, a Consti­
decisões de 4 de agosto. A abolição foi votada. Ao contrário, baseada tuinte manteve o sistema do “exclusivo”, mas recusou-se a legislar
na proposição do deputado Le Chapelier, a Constituinte manteve as sobre o estatuto interno das colónias e criou “assembléias coloniais
velhas ordenanças de polícia, que impediam a reunião de operários
com competência para essa finalidade. Estas assembléias mantiveram
em associações de classe, sua coalizão e direito de greve. A lei de
Chapelier passou, por assim dizer, sem debates: o problema operário o fáfico de negros e a escravidão.
Todas estas medidas tomadas no campo social ou no setor eco­
só se colocaria nos mesmos termos cinquenta anos depois. Disto re­
nómico deviam ser permanentes. A classe camponesa francesa e a
sultou apenas que esta lei fez triunfar na legislação operária, sob o
estrutura rural da França continuaram durante mais de cinquenta
pretexto do liberalismo económico, os interesses dos patrões facili­
tando, dessa maneira, o advento do capitalismo. anos do mesmo modo como a Constituinte as regulamentou. Quanto
ao liberalismo económico interno, foi uma das cafacterísticas domi­
No que se refere às mudanças, o princípio “laissez-faire, laissez-
passer , também triunfou, pelo menos no interior do território me­ nantes da França, até 1914.
tropolitano. Todos os tributos de passagens (péages), direitos de al­ 3) A OBRA ADM INISTRATIVA
fândega (octrois), impostos de alfândega (douanes), “traites” (subsí­
dios), ou impostos sobre transportes e de um modo geral a maioria Alguns aspectos da obra administrativa também persistiram du­
dos impostos indiretos são abolidos. As receitas do Estado deviam
rante muito tempo, como por exemplo a nova divisão da França em
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departamentos. Outros aspectos tiveram caráter mais efémero.'- Essas novas circunscrições foram próvidas de tribunais, todos se­
Impunha-se a reconstrução administrativa da França. melhantes, com poderes perfeitamente delimitados. A capital do can­
Há muito tempo, a administração monárquica estudara uma ma­ tão rec-ebeu um juiz de paz, instituição imitada da Holanda e Ingla­
neira de substituir a confusão das antigas circunscrições, desiguais e terra. O juiz de paz era mais um árbitro do que um juiz propria­
ilógicas, que tornavam o mapa da França, em 1789, o mais compli­ mente dito. Presidia também um tribunal de polícia correcional, en­
cado e absurdo mosaico, por divisões racionais. carregado de punir os pequenos delitos. Em cada capital dc distrito
Em 1787, assim que a monarquia criou as “assembléias provin­ havia um tribunal civil e em cada departamento, um tribunal crimi­
ciais”, pensara numa circunscrição especial na qual houvesse um “de­ nal. Todos os juízes eram eleitos e pagos pelo Estado. No tribunal
partamento de imposto”, isto é, a repartição de contribuições. Em criminal eram os próprios cidadãos que se pronunciavam sobre as
1789, um geógrafo, Letrosne, aconselhou a divisão da França, a diligências a serem empreendidas e sobre a culpabilidade do acusado.
exemplo dos novos Estados americanos, em 25 circunscrições finan­ Na verdade, o tribunal criminal tinha, além dos juízes, escolhidos
ceiras, 250 distritos, 4.500 circunscrições administrativas, todos entre os que constituíam os tribunais civis, dois júris formados por
aproximadamente de forma quadrangular. Condorcet, aprovando to­ cidadãos sorteados, um júri de acusáção e um júri de julgamento.
talmente em seu conjunto a parte económica do projeto, considerou Todos os tribunais deviam julgar dê acordo com códigos uniformes.
ser preciso “conciliar as mudanças com as conveniências locais”. Isto A Constituinte empreendeu a redação de novos códigos, mas não
foi feito pela Constituinte. pôde terminar senão um único código penal, que se inspirava nas
A supressão dos privilégios provinciais e comunais, abolidos na idéias liberais de Beccaria. Suprimia a tortura e os castigos bárbaros.
noite de 4 de agosto, facilitava a reorganização: a Constituinte divi­ Todavia, a pena de morte foi mantida. Os apelos começaram a surgir
diu, portanto, a França em 83 “departamentos”, mas decidiu que “os de um tribunal a outro e a Constituinte, para evitar a reconstituição
antigos limites das províncias deviam ser respeitados sempre que não dos antigos parlamentos, criou apenas duas cortes supremas, o Tri­
houvesse real utilidade ou absoluta necessidade de destruí-los”. bunal de Cassação, também formado por juízes eleitos e encarrega­
Desse modo, a Bretanha formou cinco departamentos, a Provença dos de conhecer, não profundamente, mas apenas a forma dos negó­
três, porém Aunis e Saintonge agruparam-se para formar apenas um. cios e uma Alta Corte que se reunia, excepcionalmente, para julgar
Esses departamentos receberam nomes de acidentes geográficos ca- crimes e delitos de ordem política.
racterísticos de seu meio ambiente. A principal idéia era criar cir­
Este sistema judiciário pareceu lógico, coerente e humano. Foi,
cunscrições tais que se pudesse alcançar a capital de cada departa­
mento e depois o ponto mais distante, em um dia de viagem. sem dúvida, uma das mais notáveis reformas da Constituinte, com­
Os departamentos foram divididos em distritos — nove, no má­ posta na maioria por “homens de lei”.
ximo. Os habitantes poderiam efetuar em um dia o trajeto de ida e A Constituinte foi muito mais hesitante em assuntos militares.
volta de seu domicílio à capital do distrito. Os próprios distritos Legalizou as milícias, que foram constituídas espontaneamente em
compreendiam um determinado número de cantões. A unidade ad­ julho e agosto de 1789 e constituiu, com elas, uma “guarda nacio­
ministrativa elementar continuou sendo a comunidade ou paróquia, nal”. Mas, no modo de pensar dos constituintes, assim como no dos
que recebeu a denominação de comuna. próprios guardas, não se tratava de um exército; a guarda nacional
Cada uma destas circunscrições seria administrada pelos repre­ destinava-se unicamente a manter a ordem no interior. A Consti­
sentantes da popylação. Na direção da comuna, do distrito e dos de­ tuinte cpnservou, então, o exército de profissionais e se limitou a
partamentos, os conselhos eleitos dividiam-se em dois setores, sendo possibilitar aos soldados o acesso a todos os postos. Mas, este exér­
um encarregado do executivo (diretório do departamento e do dis­ cito se desfez rapidamente: os soldados se insurgiram contra os ofi­
trito, prefeito e oficiais municipais da comuna); o outro deliberava ciais nobres e estes emigraram em massa. A assembléia convocou,
(conselho geral do departamento, do distrito e da comuna). O rei é então, os voluntários, provenientes da guarda nacional e formou-se
representado por um procurador síndico, todavia este não era no­ um exército de soldados — cidadãos ao lado do velho exército de
meado, mas eleito. Dessa maneira, na França, a Constituinte dotou o mercenários. Pela mesma razão, a marinha se reorganizou e os postos
país da mais completa descentralização administrativa que ele já co­ da marinha real foram amplamente abertos aos funcionários do co­
nhecera. mércio.
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4) A OBRA POLÍTICA se duas assembléias legislativas consecutivas confirmarem a lei votada
pela primeira assembléia: desse modo, o rei pode se opor à execução
,A obra política era fundamental para os constituintes. Tratava-se de uma lei durante um período variável de dois a seis anos. Por outro
de redigir o “pacto social”. Este, entretanto, foi singularmente efé­ lado, ele não poderá dissolver a assembléia.
mero: não havia decorrido um ano e não restava quase nada dos arti­ Esta constituição, que apresenta analogias com a constituição dos
gos puramente políticos da Constituição de 1791. Estados Unidos, para funcionar adequadamente, pressupunha um
Na realidade, os constituintes não ousaram ir até o extremo dos acordo profundo entre o Executivo e o Legislativo. Este acordo não
princípios enunciados na Declaração dos Direitos do Homem. Não pôde ser estabelecido; além disso, o problema religioso veio deterio­
criaram nem uma república democrática, nem mesmo instituíram o rar rapidamente as relações entre o rei e a assembléia, agravando,
sufrágio universal, mas se esforçaram por encontrar um compromisso dessa maneira e de modo particular, os conflitos políticos do país.
que salvaguardasse uma parte dos antigos poderes do rei e, princi­
palmente, que conservasse a realidade do poder político para os pos­ 5) A OBRA RELIGIOSA
suidores (aos “notáveis”).
Quanto aos conselhos de Sieyès, a Constituinte dividiu os cida­ A Constituinte foi levada a inserir na Constituição de 1791 toda
dãos em dois grupos: os cidadãos passivos, que gozavam apenas dos uma série de disposições referentes à Igreja Católica. Sem dúvida, os
direitos civis e os cidadãos ativos, que possuíam, além disso, os direi­ “cadernos” não reivindicavam qualquer modificação do estatuto relfi
tos políticos. Somente eram eleitos os franceses obrigados a pagar gioso da França. Mas, os imperativos financeiros forçaram os deputa­
contribuições diretas, com uma quantia igual ao salário de três dias dos a tratar da religião. A abolição do dízimo na noite de 4 de agosto,
de trabalho. Nessa situação, tratava-se de cerca de 4.300.000 cida­ e, mais ainda, a colocação dos bens do clero à disposição na Nação,
dãos em uma população de mais de vinte e cinco milhões. Além disso, obrigaram a assembléia a decidir que os ministros do Culto seriam
elegiam-se diretamente apenas os membros dos conselhos munici­ pagos pelo Estado. Este não podia pagá-los sem determinar a quanti­
pais. As demais autoridades — assembléia legislativa, conselhos ge­ dade deles, em consequência teriam que intervir no traçado das cir­
rais de outros departamentos e de distritos, Juízes — eram eleitas cunscrições religiosas, como era lógico, aliás, fazer coincidir com as
pelos “eleitores” escolhidos, por todos cidadãos ativos, entre os novas divisões administrativas. A assembléia constituinte foi, por­
50.000 mais ricos dentre eles, os que eram proprietários c5u usufrui- tanto, fatalmente levada a dar ao clero uma “constituição civil”.
dores de um bem que valesse, conforme as localidades, de 150 a 400 Alguns deputados, aproveitando-se do fato de estarem abertas as
dias de trabalho. discussões sobre o problema, tentam aplicar um anticlericalismo,
A assembléia legislativa, eleita por dois anos, era dotada de pode­ herdado de V o ltaire, de H elvetius ou de H olbach; outros
res importantes: iniciativa e voto de leis, voto exclusivo do orça­ aproveitaram-se para experimentar as teorias jansenistas e galicanas
mento, poder de decisão em questões referentes à guerra ou à paz e (pertencentes à Igreja da França) que; desde 1764, quando se deu a
direito de dirigir proclamações ao povo. Mas o rei ainda é forte. Se expulsão dos jesuítas, dominavam o pensamento religioso francês.
ele não é mais “rei da França pela graça de Deus”, tornando-se sim­ Nenhum constituinte, aliás, tinha a intenção de organizar um Estado
plesmente “rei dos franceses”, sua pessoa era, entretanto, “inviolável laico: não se concebia, então, que a religião pudesse ser separada do
e sagrada”, a sucessão ao trono era assegurada segundo a lei sálica, Estado.
hereditariamente, por ordem de primogenitura, com exclusão das A constituição civil do clero declarava não reconhecer os votos
mulheres. O rei nomeia e destitui os ministros que somente são res­ solenes e suprimia os conventos das ordens contemplativas, conside­
ponsáveis perante ele e devem, aliás, ser escolhidos fora da assem­ rados inúteis. Ela organizava as circunscrições eclesiásticas, baseadas
bléia. O rei tem autoridade sobre o exército e a marinha porque desde então nas divisões administrativas: devia' haver um bispo por
continua a nomear uma proporção bem grande de oficiais superiores departamento, o que ocasionava o desaparecimento de 52 dioceses;
e generais. Dirige a diplomacia e propõe a declaração de guerra ou a mantinha dez metrópoles eclesiásticas. Os ministros do Culto eram
conclusão da paz à assembléia que, por sua vez, decide. Mas, sobre­ pagos pelo Estado, mas a decisão muito mais grave era que todos
tudo, o rei tem o direito de voto suspensivo: ele tem o direito de deviam ser eleitos: os bispos pelas assembléias eleitorais do departa­
recusar sua sanção a uma lei. Então, esta se torna somente executória mento e os párocos pelas assembléias distritais. Os vigários eram es-
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colhidos pelos párocos. A instituição canónica seria dada pelos bispos amedrontou-se com este estado de espírito, os guardas nacionais de
aos párocos e aos bispos pelo arquiepiscopal. Era proibido aos bispos La Fayette atiraram nos manifestantes que, a 17 de julho, no
pedir ao papa qualquer confirmação. Eles somente poderiam Campo-de-Marte, assinavam uma petição em favor da República.
escrever-lhe “em testemunho da unidade da fé e da comunhão”. Desde então, a Constituinte se esforçou por moderar o caráter de
Os funcionários eclesiásticos — assim como os funcionários civis sua obra. De julho a setembro de 1791 reviu a constituição, restrin­
— deviam prestar juramento, “ser fiéis à Nação, à lei e ao rei, e gindo o número de eleitores, diminuindo a liberdade dos clubes e
manter em plenos poderes, a constituição”. A constituição civil do transformando a “constituição civil do clero” em uma simples lei.
clero, votada em julho de 1790, foi muito bem recebida pelo baixo Após ter restaurado solenemente Luís XVI em suas funções, a as­
clero, mas vários bispos se mostraram bastante hostis em relação a sembléia se separou a 30 de setembro. Pensava ter restabelecido a
ela. A maioria dos membros do clero esperaram a decisão do papa união e a paz no seio da Nação. Na realidade, o tiroteio do Campo-
para se pronunciar. O próprio Luís X V I desejara conhecer esta deci­ de-Marte e o cisma religioso dividem mais do que nunca os france­
são antes de a ratificar, mas, pressionado pela Constituinte, foi obri­ ses. Não somente os franceses, mas a Europa inteira. O triunfo da
gado a sancioná-la depois de 24 de agosto de 1790. revolução na França reanimou, com efeito, os revolucionários venci­
O Papa Pio VI não aceitaria quase nada de tão fundamentais ino­ dos ou desiludidos, da Grã-Bretanha, Províncias Unidas, Bélgica e
vações na organização do culto. Indignava-se porque elas tinham sido Genebra. Ele suscita vocações revolucionárias em toda a Europa Oci­
decididas sem que ele fosse consultado. Manifestava, aliás, uma pro­ dental ou Central. A partir de então é toda Europa que está dividida
funda hostilidade aos princípios de 1789 e acusava, não sem razão, os em dois grandes partidos, o da revolução e o da contra-revolução.
revolucionários franceses de provocarem agitações nas possessões de
Avignon e do Comtat. Após ter hesitado durante muito tempo, o
NOTA:
papa saiu enfim de seu silêncio, e pelas cartas pastorais de 10 de
março e 13 de abril de 1791, condenou formalmente a constituição “Assignats”: papel-moeda emitido na França, durante a revolução de 1790. (Rev.)
civil.
Foi o cisma da Igreja da França. Daí por diante, passou a haver
duas igrejas: a Igreja Constitucional, reconhecida e paga pelo Estado,
cujos membros tinham prestado o juramento exigido, e a Igreja Ro­
mana, que permaneceu fiel ao Papa, cujos padres eram rebeldes ao
juramento e se recusavam a reconhecer a constituição. Se os proble­
mas políticos, económicos e sociais já dividiam os franceses, a ques­
tão religiosa os perturbou bem mais seriamente. Luís X V I, sincera­
mente muito católico e profundamente crente, arrependeu-se amar­
gamente de haver sancionado a constituição civil. Quis ter como
orientador espiritual apenas um rebelde e como o povo parisiense
se esforçasse por impedi-lo, decidiu fugir da capital a 20 de junho de
1791. Queria também reunir as tropas que mantinha concentradas na
fronteira franco-alemã, para desencadear uma contra-revolução. Po­
rém, foi lamentavelmente detido em Varennes-en-Argonne.
A crise religiosa, o remanejamento dos contra-revolucionários
emigrados e a fuga do rei desencadearam uma recrudescência da agi­
tação em toda França. A assembléia interditou Luís XV I de suas
funções e governou a França, desde então, acumulando o executivo e
o legislativo. Os revolucionários mais exaltados — e os mais lógicos
— acharam que era inútil conseryar a-ficção de um governo monár­
quico e que era necessário proclamar a República. Mas a assembléia
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capítulo 6

Revolução e Contra-revolução
na Europa e no Mundo
de 1789 a 1792
A França nos aparecia como um “relais” no movimento revolu­
cionário, iniciado nos Estados Unidos aproximadamente em 1770; o
incêndio, que mal acabara de se extinguir na Grã-Bretanha, nos
Países-Baixos e em Genebra, recomeça desde que a revolução parece
triunfar na França. O movimento revolucionário recebe, então, a
adesão de países que não tinham sido ainda atingidos: Alemanha, Po­
lónia, Áustria, Hungria, Itália e mesmo, em pequena extensão, a Es­
panha. Esse movimento atravessa os oceanos e, inflamando as coló­
nias francesas, ameaça outras colónias, principalmente as da Espanha
e de Portugal.
Para explicar esta rápida expansão do movimento revolucionário,
não é preciso denunciar uma “propaganda” dirigida pelos Jacobinos
franceses. O “clube da propaganda” provavelmente existiu apenas na
imaginação dos contra-revolucionários da Europa Central. Se houve
propaganda nesta época, ela foi espontânea. As idéias revolucionárias
circularam graças aos jornais, às gravuras, às peças de teatro, à cor­
respondência de. estrangeiros residentes na França, ou de franceses
estabelecidos no estrangeiro — mesmo os emigrantes políticos —
graças, enfim, às narrativas de viajantes.

1) A NOVA CHAMA REVOLUCIONÁRIA


NA GRÃ-BRETAN HA, NOS PAÍSES-BAIXOS
HOLANDESES E BELGAS, NA SUÍÇA

A assinatura do tratado de paz de 1783 permitiu ao governo bri­


tânico resistir à pressão dos revolucionários irlandeses e dos radicais
— 61 —
ingleses, mas, tanto uns quanto outros, foram desencorajados. As no­ desde que em 1787 os exércitos anglo-prussianos restauraram ple­
tícias da Revolução da França reanimaram-nos. Elas provocam en­ namente todos os poderes do “stathouder”; na Bélgica, desde que em
tusiasmo entre o povo britânico. Os dissidentes religiosos aplaudem a dezembro de 1790 as tropas imperiais reocuparam o país e restabele­
emancipação das minorias religiosas francesas e a nacionalização dos ceram o Antigo Regime, assim como no principado de Liège o
bens do clero. Fox, Erskine, os escritores Thomas Paine e Godwin rincipe-bispo teve suas funções restabelecidas. Foi da França, onde
os poetas Robert Burns, Wordsworth, Coleridge, Southey, homens estavam refugiados em massa, que os patriotas prepararam a reto­
do povo como o sapateiro Thomas Hardy; na Irlanda, os membros da mada da revolução. . . . .
associação secreta dos Irlandeses-Unidos se distinguem entre os que Havia em 1789 mais de cinco mil holandeses instalados em Paris
em grande número, aplaudiram os acontecimentos da França. e nas cidades do Norte da França. Eles formaram os “clubes batavos”,
Alguns não se contentam em aplaudir, mas querem agir. desde o início da Revolução e se corresponderam clandestinamente
Formam-se sociedades e clubes para estabelecer um programa, pre­ com seus amigos que viviam nas Províncias Unidas. Os clubes que
parar, em caso de necessidade, um movimento revolucionário que o existiram neste país antes da reação de 1787, se reconstituíram secré-
fará triunfar. Já existia então uma “Sociedade da Revolução”, fundada tamente sob a forma de “sociedades de leitura”. Um agente secreto
com o objetivo de comemorar a revolução inglesa de 1688: em suas do governo francês, Caillard, enviado às Províncias Unidas, calculava
reuniões são feitas pronunciações favoráveis à revolução francesa_ em vários milhares o número de Jacobinos deste país, sendo que
principalmente pelo pastor Price — expressam-sè votos favoráveis a mais de 5.000 teriam sido inscritos nos únicos clubes clandestinos de •
uma nova revolução britânica. Mas isto é insuficiente. Fundam-se Amsterda. Patriotas holandeses emigrados na França e Jacobinos
novas organizações. A “Sociedade Correspondente de Londres” clandestinos das Províncias Unidas preparavam ativamente uma nova
criada a 25 de janeiro de 1792, semelhante aos clubes jacobinos revolução, visto que a guerra, desejada por eles, teria levado os exér­
franceses, organiza uma rede revolucionária em todo o país. A “So­
citos franceses à Holanda.
ciedade de Informação Constitucional” possui sucursais na Irlanda e Acontecia o mesmo na Bélgica. No fim de 1790, os chefes de
na Escócia; o “Clube Revolucionário Britânico”, fundado a 18 de no­ dois partidos vencidos, os “statistes” conservadores, assim como os
vembro de 1792, celebra as primeiras vitórias dos exércitos france­ “vonckistes” patriotas, refugiaram-se na França, onde vários dentre
ses. Estas , sociedades e ainda outras organizam um movimento de eles tornaram-se muito influentes, como por exemplo, o banqueiro
petições em favor de reformas já reivindicadas durante os anos de Walckiers ou o antigo diretor do Jou rn al général de l tu rope,
1780-1783; reconhecimento dos “direitos do homem”, extensão do Lebruh-Tondu que em 1792 será ministro dos Negócios Estrangeiros
direito de sufrágio e reforma parlamentar. Não pleiteavam igualdade da França. Estes patriotas publicam um Manifeste des Belges et Liégeois
social. Burke calculou mais tarde que teria havido mais de 80.000 Unis, redigido pelo próprio Lebrun, e reivindicam a formação de
Jacobinos na Grã-Bretanha por volta de 1792. Entretanto, suas uma república belga. Mas Vonck recusou-se a assiná-lo, porque o
manifestações não ultrapassaram o estágio oratório, ou seja, a peti­ achou muito “democrata”; quanto aos “statistes”, estes tinham a in­
ção. Isto porque os problemas considerados mais graves na França e tenção de criar, na Bélgica, uma monarquia governada pelo jovem
em alguns Estados do Continente não existiam ainda na Inglaterra: há duque Béthune-Charost. Tanto uns como outros, todavia, estimula­
mais de cem anos que a burguesia participava do governo e a igual­ ram os revolucionários franceses à guerra, na esperança de instaurar
dade de impostos fora estabelecida há muito tempo. Se existia o re- na Bélgica o regime com o qual sonhavam.
gime feudal, este era muito menos significativo do que na França; Deu-se a mesma coisa com os suíços. Após o revés da Revolução
principalmente não comportava nem direitos eventuais, nem cor- de 1782, grande número de genebrinos refugiou-se na França. Entre
veias* importantes e o dízimo somente era pesado na Irlanda. Sem eles, Clavière tornou-se Ministro das Finanças em 1792. Os genebri-
duvida, a desigualdade das classes sociais era muito grande, mas em nos foram reagrupados pelos refugiados de Friburgo e de Neuchâtel,
consequência de sua situação, a burguesia ‘inglesa tinha tendência a onde as agitações verificadas entre 1780 e 1789 foram severamente
ligar sua causa à da aristocracia e não a dos camponeses, como acon­ reprimidas. Esses suíços formam, em Paris, o clube helvético, que de­
tecia na França. Só na Irlanda a massa da população suportava impa­ clara em seus estatutos querér “propagar a liberdade em seus cantões
cientemente a dominação britânica e a agitação cresceu. suíços, onde a aristocracia corrompeu as primeiras instituições do
Nos Países-Baixos, a reação triunfava; nas Províncias-Unidas, país”. Os membros do clube trocam correspondência com seus ami-
— 62 — — 63 —
aI ALEMANHA
gos e inundam a Suíça com jornais e panfletos revolucionários. La-
harpe, da região de Vaud mantém-se cuidadosamente informado da Na Alemanha eram principalmente os intelectuais reunidos nas
marcha da revolução e encoraja seus compatriotas a fazer de Vaud,
lojas maçónicas, ou na sociedade dos “Iluminados” da Baviera que
província então submetida a Berna, um cantão soberano, indepen­
manifestavam seu entusiasmo pela revolução e o expressavam nos
dente e igual aos outros. Diante da tempestade que ameaçava sacudir
a Suíça, alguns membros do patriciado, tais como Charles Muller de livros e jornais. Christian Schubart, da Suábia, lhe consagra a maior
Friedberg, em Saint-Gall, ou Pierre Ochs, em Basiléia, propõem re­ parte do jornal que publica: A Crónica. Um comerciante de Ham­
formas; porém não são ouvidos. burgo, Henri Sieveking, organiza a 14 de julho de 1790 uma reunião
para festejar o aniversário da tomada da Bastilha. Os participantes
Assim, a agitação aumenta. Em 1790, os camponeses de Schaff- ostentam a insígnia tricolor, o poeta Klopstock compõe uma ode.
house e de Vaiais reivindicam a abolição do regime feudal. No ano Dois anos mais tarde, Sieveking criou, com seus amigos, uma socie­
seguinte, cinco camponeses rebeldes” de Vaiais são condenados à dade que logo tomou o aspecto de um clube jacobino. As autorida­
morte e executados. No ‘ bispado de Basiléia”, isto é, na região de des municipais não tardaram a julgar subversivas as atividades deste
Porrentruy, surgem reivindicações semelhantes: o bispo apela para as clube e ordenaram seu fechamento. Em Koenigsberg, o filósofo
tropas austríacas, que restabelecem a ordem. Mas, na primavera de Kant, já muito célebre e com a idade de 65 anos, defendeu a revolu­
1792, o território de Porrentruy é ocupado pelos franceses que aí ção, pelo menos com certo cuidado. As obras que ele escreveu a
proclamam a “república rauraciana”. No cantão de Zurique são mui­ partir de 1789 trazem, todas, o cunho da revolução. Seus amigos e
tos os intelectuais favoráveis à revolução: Lavater, Escher, Usteri, seus discípulos são inscritos como “Jacobinos” numa lista negra
Pestalozzi. O fechamento das fronteiras austríacas e francesa aos pro­ preparada pelas autoridades. Fichte, que lecionava em lena, aderiu
dutos têxteis suíços às vésperas da revolução criara além disso uma mais abertamente à revolução e sob sua influência redigiu 0 2spelo aos
crise económica neste cantão onde a indústria têxtil era desenvolvida. Príncipes para a Reivindicação da Liberdade de Pensamento, publicado
Esta crise e as informações recebidas sobre a revolução da França anonimamente em 1793- Ele explicou a seus contemporâneos a im­
incentivaram os intelectuais e os artesãos a redigir suas reivindicações portância da revolução num outro livro publicado no mesmo ano sob
e reclamar a reforma do Estado, a liberdade e a igualdade, a abolição o título Contribuições Destinadas a Retificar 0 Julgamento do Público
dos direitos feudais. Foi esse o Memorial redigido durante o verão de sobre a Revolução Francesa. mas não tanto quanto Kant ou Sieveking,
1794. Sua redação foi qualificada de “conspiração” e severamente ele pensava provocar na Alemanha uma insurreição. Herder, Schiller,
reprimida. Goethe e ainda outros escritores exprimiam também sua simpatia
Entretanto, em Genebra, a revolução vencida em 1782 recome­ pela Revolução.
çou, apesar de algumas concessões feitas pelos “negativos” em 1789.
b) ÁUSTRIA
Em 5 de dezembro de 1792, os democratas vencidos dez anos antes
retomaram novamente o poder e concediam o direito de burguesia a
todos os “nativos” e a todos os “habitantes”. Os clubes do tipo jaco­ Na Áustria e na margem esquerda do Reno, as manifestações
bino se multiplicavam e logo um comité revolucionário era colocado revolucionárias não se limitaram a tomadas de posição, a publicações
na direção dos negócios do cantão. Mais tarde um tribunal revolucio­ ou a reuniões; elas tiveram por objetivo uma transformação rápida da
nário condenaria à morte onze aristocratas. Genebra realizava so- sociedade. _ . . . . .
zmha, mas paralelamente à França, sua própria revolução: exemplo Nas Províncias da Baixa-Áustria, Estíria e Tirol, a agitação tinha
significativo, embora isolado. como origem a política dos “déspotas esclarecidos , José II e Le<J
poldo II. Estes, para vencer a resistência dos corpos privilegiados as
2) O DESPERTAR DO MOVIMENTO suas reformas, provocaram e apoiaram a oposição da burguesia e
REVOLUCIONÁRIO NA EUROPA mesmo de camponeses isolados contra o clero. Eles subvencionaram
CENTRAL E SETENTRIONAL escritores que, em panfletos, demonstraram a estas classes que elas
Simultaneamente, nascia na Europa Central, na Polónia e na Sué­ não exerciam o seu devido papel na administração e principa mente
cia um movimento revolucionário. hás dietas provinciais.
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O início da revolução na França levou José II e mais ainda Leo­ por readquirir o apoio dos nobres húngaros, fazendo concessões aos
poldo II a abandonar rapidamente sua política de reformas. As aristocratas, como por exemplo adiando a abolição da corvéia. Estas
reivindicações dos burgueses e camponeses tornaram-se ainda mais decisões mantêm a agitação da classe camponesa e não conseguem a
exigentes. Os camponeses, ameaçadores, reuniram-se ao redor dos adesão da pequena nobreza, dirigida pelo conde Fekete. A dieta pre­
castelos e fizeram com que os burgueses redigissem petições, ex­ para uma Declaração Húngara dos Direitos do Homem e do Cidadão &
pondo suas reivindicações. Desse modo, José Von Sonnenfels, An- um Ato Constitucional. O imperador Francisco II em 1793, impediu
dreas Riegel e o hospedeiro de Graz Fr. Haas, reclamaram a que estes documentos lhe fossem apresentados. Como acontecera na
organização de um governo constitucional com representação dos Áustria, a oposição se refugia nos clubes clandestinos. O Príncipe
quatro Estados: clero, nobreza, burguesia e classe camponesa. Leo­ Martinovicz, que escrevera em 1790 panfletos reformistas por ordem
poldo II não se mostrou sistematicamente hostil a estas reivindica­ de Leopoldo II, formou duas sociedades secretas: a “Sociedade dos
ções, porém morreu a l.° de março de 1792. Seu filho e sucessor Reformadores” reúne os membros da pequéna nobreza e reclama,
Francisco II, com apenas 24 anos de idade, era um adversário obsti­ em seu “catecismo”, a abolição dos privilégios do clero e magnatas e,
nado da revolução. Ele recusou qualquer concessão. Os descontentes principalmente, a formação de um Estado nacional húngaro. A “So­
se agruparam em clubes clandestinos, qualificados de “Jacobinos” ciedade dos Jacobinos” reúne os democratas mais radicais e reivin­
pelas autoridades. Estes clubes tentaram estabelecer contatos com os dica a “emancipação dos camponeses”.
revolucionários franceses e formaram verdadeiras conspirações Os principais membros destas sociedades estavam em contato
contra o governo imperial. A maioria seria descoberta em 1794, dois com os Jacobinos austríacos. Martinovicz, detido pela políticiá de
de seus chefes condenados à morte e os outros a diversas penas de Viena a 24 de julho de 1794, denunciou os “Jacobinos” húngaros. Os
prisão. principais chefes foram presos em agosto. Julgados, dezoito entre
eles — e o próprio Martinovicz — foram condenados à morte e exe­
c) MARGEM ESQUERDA DO RENO cutados.
Estas conspirações poderiam ter provocado uma revolução na
Na margem esquerda do Reno, os intelectuais e principalmente
Hungria? Não parece. Ao contrário da Áustria e da Alemanha Oci­
professores são os admiradores e propagadores das idéias revolucio­
dental, onde as estruturas sociais, semelhantes às da França, permi­
nárias, como Forster, o bibliotecário da Universidade de Mogúncia, tem a esperança de uma revolução, na Hungria a fraqueza da burgue­
ou Jean de Muller, secretário do arcebispo desta cidade. Desde 1790 sia e a servidão das massas camponesas tornavam pouco provável o
os burgueses começaram a ap/resentar reivindicações e os camponeses sucesso de um movimento revolucionário. Um movimento como
a se revoltar. Os senhores tomaram medidas rigorosas. Alguns revo­ esse poderia, no máximo, beneficiar a pequena burguesia em detri­
lucionários partiram para a França vizinha, como o padre Euloge
Schneider, que passou para a Alsácia em junho de 1791. A maioria mento dos magnatas.
permaneceu no mesmo local e provocou a revolução desde a entrada
das tropas francesas, no outono de 1792. e) POLÓNIA

d) HUNGRIA Foi realmente o que se passou na Polónia, em 1791- Sabe-se da


situação quase anárquica da Polónia, no fim do século XV III, uma
Na Hungria, a agitação estava ligada, como na Áustria, à política massa de 8 a 9 milhões de camponeses escravos, cerca de cem mil
dos déspotas esclarecidos: José II, com o objetivo de centralização, nobres, um número muito reduzido de burgueses ocupando algumas
diminuíra os poderes da “Dieta” húngara e tentara germanizar a funções públicas e as profissões liberais, è o comércio abandonado
administração do país. Os senhores, praticamente os únicos a serem aos judeus, considerados estrangeiros. Um rei eleito, sem poderes
representados na dieta, se colocaram ao lado da oposição. Contra eles, reais, uma dieta paralisada pelo liberum veto, que necessitava da una­
Jose^ tentou acalmar os camponeses, abolindo a corvéia. Portanto, nimidade para tornar uma decisão executória.
na Flungria, a oposição é essencialmente aristocrática e nacional, O rei, Stanilas Poniatowski, antigo amante de Catarina II, queria,
es e o início da revolução, José II, depois Leopoldo II, se esforçam como todos os déspotas esclarecidos, aumentar seus poderes. Para
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realizar seus propósitos, ele buscou apoio na nobreza e na burguesia 3) A REVOLUÇÃO NA EUROPA MERIDIONAL
fracionadas, que despertavam para as novas idéias, liam avidamente
as informações vindas dos Estados Unidos ou da França e desejavam Na Europa Meridional, as estruturas sociais diferiam segundo os
transformar a Polónia em um país moderno. Com o auxílio desses países. Elas explicam as variações do movimento revolucionário nesta
J “patriotas”, ele deu a 3 de maio de 1791 um verdadeiro golpe de
Estado e promulgou uma Constituição que tornava a monarquia here­ zona.
ditária, abolia o liberam veto e transformava a dieta em um parlamento a) ITÁLIA
de tipo moderno. Mas, a burguesia via seus direitos ampliados apenas
em pequena proporção. A condição dos judeus e camponeses não foi
modificada. Essa “revolução” não rompeu, portanto, as estruturas so­ Na Itália do Norte, o regime feudal havia quase desaparecido; a
ciais do país. Sem dúvida, ela introduziu na Polónia um primeiro burguesia era poderosa e freqúentemente os camponeses eram pro­
sopro de liberdade. Deu, principalmente à Rússia, à Prússia e à Áus­ prietários, fazendeiros ou meeiros. Entretanto, existia um grande
tria, um pretexto para intervir e destruir o “movimento jacobino” de número de trabalhadores braçais. No reino de Nápoles, ao contrário,
Varsóvia. Com isso, ajudou singularmente os revolucionários da o regime feudal, importado pelos Normandos, era mais severo do
França, retendo, de 1792 a 1794, importantes forças no Leste que que na França; os camponeses raramente eram proprietários e a bur­
poderiam derrotá-los. Ao difundir na burguesia e mesmo entre certas guesia só era importante em algumas cidades. Em toda a Itália, o
categorias de camponeses as idéias revolucionárias, o “golpe de Es­ clero era influente, mas estava dividido, sobretudo no Norte, pelo
tado” real de 1791 permitiu o movimento revolucionário de 1794. “jansenismo”, que criticava a autoridade do papa e até a dos bispos.
Nessa época, Kosciusko e seus adeptos “jacobinos” prepararam uma Em 1789, aparecem na Itália do Norte e em Nápoles, movimen­
nova constituição que teria emancipado os camponeses. Com isso, tos e clubes revolucionários. Buonarroti em Pisa, Ranza em Verceil,
contrariara a massa da aristocracia. Os insurretos dividiram-se em são, nesta ocasião perseguidos pela polícia devido a suas opiniões e
“realistas” e em “amigos da liberdade”. Estas divisões enfraqueceram obrigados a se refugiarem na Córsega. Apesar disto, formam-se círcu­
a resistência. Russos e austríacos dominaram a insurreição antes que los nos cafés e nos fundos das farmácias. Burgueses e nobres fazem aí
tivesse sido tomada qualquer medida favorável aos camponeses. Na a apologia da Declaração dos Direitos do Homem. Os camponeses, às
verdade, a Polónia, nesta época, não estava mais preparada que a vezes, se manifestam. Em Rueglio, em Dronero, no Norte do Pie­
Hungria para uma revolução dirigida pela burguesia, devido à sua monte, eles se unem às autoridades municipais, aos padeiros e gri­
estrutura social. tam: “Viva Paris! Viva a França!” Em Bolonha, estudantes dirigidos
por Luigi Zamboni organizam uma conspiração e formam um motim.
f) SUÉCIA Zamboni e um de seus companheiros de Rolandis, serão presos e
executados a 23 de abril de 1796, alguns dias antes da chegada das
tropas francesas. Em Nápoles, assim que a esquadra do almirante
Na Suécia, o rei Gustavo III quis, como Stanilas Poniatowski, na Latouche-Tréville acaba de ancorar na baía, em dezembro de 1792,
Polónia, aproveitar-se das “luzes” para renunciar ao poder real, os revolucionários organizam células ou “conversações” e “comis­
apoiando-se na burguesia e nos camponeses contra a aristocracia. O sões”, reunindo os delegados de várias células. Em 1794, esta organi­
Ato de União e de Segurança, de 1789, concedé a todos os suecos “a zação foi destruída por divisões internas e os extremistas a deixam
igualdade de direitos”. A nobreza sueca, desconterité; não irá, como a para formar o clube Reomo (Repubblica o morte), embora os que per­
polonesa, até o ponto de provocar a intervenção êstfangeira, mas manecem dêem à sua sociedade o nome de Liomo (Liberta o morte).
foram os aristocratas que, para se vingar, assassinaram o rei a 16 de Estes clubes acabaram por ser descobertos pela polícia; cinquenta
março de 1792. Entretanto, eles não tocaram nas disposições essen­ e seis Jacobinos foram presos e três dentre eles condenados à morte
ciais do Ato de União. Os camponeses permaneceram livres e uma e executados. Muitos patriotas emigraram e vieram se refugiar ,na
I gigantesca operação de divisão e de /reconstituição de terras melho­ França, ou, após o início da guerra, em térritórios italianos ocúpâdõs
rou mais sua situação. A “revolução real” impediu na Suécia a pelos franceses; eles, como os patriotas batavos, belgas e suíços se
revolução popular. juntariam aos exércitos franceses para provocar a revolução ria Itália.
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b) ESPANHA todo mundo ocidental. Aliás aconteceu o mesmo com um movi­
mento contra-revolucionário que lhe seguiu.
Na Espanha, o governo havia tomado as mais rigorosas medidas Esse movimento, de início, foi ideológico e doutrinal. E impor­
para impedir toda propaganda revolucionária; foi ajudado pela Inqui­ tante notar que neste domínio, a contribuição dos teóricos franceses
sição. Alguns espanhóis, principalmente José Marchena e Vicente foi bastante medíocre. Nem Cazalès, nem o abade Maury, nem o
Maria Santivanez passaram pela França, depois de Bayonne ou Per- conde Ferrand, nem mesmo o abade Barruel, chegam a estabelecer,
pignan, e tentaram propagar as idéias revolucionárias na Espanha. entre 1789 e 1792, uma teoria coerente da contra-revolução. Ao
Estas encontraram uma sólida barreira. Alguns pequenos grupos de contrário, o inglês Burke, o suíço Mallet du Pan, o súdito do rei da
revolucionários foram descobertos pelo governo, como o de Pícor- Sardenha, Joseph de Maistre, publicam importantes obras que se
nell y Gomila haviam formado em Madri, no fim de 1794 e no tornarão os breviários dos contra-revolucionários; os franceses Bo-
início de 1795. Os membros desse grupo foram condenados à morte, nald é Chateaubriand só escreverão seus livros após 1796. Todavia,
depois agraciados. O analfabetismo das massas, o poder da Igreja e a no domínio da contra-revolução, a ação acompanha a doutrina. Na
fraca posição ocupada pela burguesia na sociedade, explicam a resis­ Inglaterra, a publicação das Reflexões sobre a Revolução da França de
tência da Espanha à penetração das idéias revolucionárias. Burke demove a burguesia das idéias revolucionárias. O governo é
encorajado a usar de severidade; Pitt manda fechar os clubes, perse­
4) AS REPERCUSSÕES DA REVOLUÇÃO guir seus adeptos. Na Europa Central e na Itália, os soberanos aban­
NOS BÁLCÃS, NA RÚSSIA donam a política do “despotismo esclarecido”.
E FORA DA EUROPA Na França, os contra-revolucionários que fracassam em todas
suas tentativas, do início de julho ao fim de setembro de 1789, não
A este respeito, a situação era ainda pior nos Bálcãs e na Rússia. vêem mais sua salvação a não ser na emigração através do país onde a
Na península balcânica os camponeses estavam submetidos ao domí­ luta contra a revolução começou a se organizar.
nio turco, na Rússia eram servos. Todavia, tanto aqui quanto lá, A emigração começou no dia seguinte ao 14 de julho de 1789-
houve algumas manifestações significativas: os Bálcãs entram em con­ Um dos irmãos do rei, o conde de Artois, deu o sinal. Os nobres que
tato com a revolução através de suas regiões costeiras adriáticas de temiam a “jacquerie” passaram para o estrangeiro, na Sabóia, na
Viena e Bucareste. Um grego, instalado em Viena, Rhigas, traduz A Suíça, no Piemonte e sobretudo nos principados renanos. O número
Marse/hesa, desenha um mapa da Grécia, redige um Hino à liberdade de emigrados aumentou em 1790 e 1791, de modo que, em conse­
e um projeto de constituição para a Grécia. Em 1797, será preso com quência dos motins do exército e da marinha, muitos oficiais deixa­
seus companheiros pela polícia austríaca, em Trieste. ram a França. Esses emigrados, que se lembravam da história recente
Mais além, através do Leste, na Rússia, constata-se apenas uma da Holanda e de Genebra, esperavam que uma intervenção estran­
atividade platónica. O poeta Raditchev consagra alguns versos à revo­ geira viesse logo submeter pela força os revolucionários e restaurar a
lução, o que lhe causou o exílio ha Sibéria por Catarina II. As massas antiga ordem das coisas. O rei e a rainha, desde que foram aprisiona­
continuam passivas. dos nas Tulherias, em outubro de 1789, voltam suas atenções para o
Fora da Europa, a revolução já havia abalado a América do estrangeiro. Se eles condenam oficialm ente os emigrados,
Norte, de 1770 a 1789- Ela se expande pela América Central abran­ reduzindo-lhes a turbulência, se temem as intrigas dos irmãos do rei
gendo as colónias francesas, a partir de 1789. Aqui, é a obstinação cuja ambição os inquieta, entretanto, depositam sua esperança na in­
dos colonos brancos, recusando mesmo a igualdade de direitos civis tervenção do imperador: José II, irmão de Maria Antonieta morre a
com mulatos e negros livres, que provoca agitações nas Antilhas 20 de fevereiro de 1790, mas seu sucessor, Leopoldo II, após a der­
francesas. Desde 1792, estas colónias estão em plena revolta; as co­ rota de Varennes, reencontra em Pillnitz o rei da Prússia e ambos
lónias espanholas vizinhas observam o incêndio e meditam sobre suas lançam uma primeira advertência oficial à França.
causas. • O que inquietava os.soberanos eram os princípios que a nova
França pretendia estabelecer como base de sua política. A Revolução
5) 0 MOVIMENTO CONTRA-REVOLUCIONÁRIO francesa era feita, na realidade, em virtude da soberania do povo e
.Desse modo, o movimento revolucionário expandiu-se bastante a pela vontade popular. Os franceses não somente modificavam as ins-
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tituições que os governavam, mas afirmavam também o desejo de desejavam voltar vitoriosos ao seu país; pelos revolucionários suíços,
serem franceses. E este o sentido da federação das guardas nacionais, italianos, alemães e de Sabóia, que desejavam estabelecer um novo
que se realizou perto de Valença, a 29 de novembro de 1789; os regime em suas pátrias, começaram logo a pregar “a guerra dos pa­
habitantes do Languedoc e os de Dauphine proclamaram então que triotas contra os reis”. Em vão, uma minoria de Jacobinos, encabeça­
eles eram, antes de tudo, franceses. Mais característica ainda foi a dos por Robespierre, transmitiu amplamente as advertências: a
federação de Estrasburgo, realizada a 13 de junho de 1790: aí, mais guerra, declaravam eles, causará a ruína da revolução ou a ditadura
de 3-000 delegados das guardas nacionais da Alsácia, de Lorena e de militar. Não foram ouvidos. A corte, secretamente, incitou também à
Franche-Comté, afirmaram sua nacionalidade francesa, não porque os guerra, esperando conseguir com isto sua libertação. O imperador
tratados concluídos entre soberanos tivessem reunido suas províncias Francisco II não tinha a moderação de seu pai. Ele enviou à França
à França, mas porque eles queriam ser franceses. um verdadeiro ultimato: a 20 de abril de 1792, Luís X V I propôs ao
Aplicada à Alsácia, esta doutrina do “direito dos povos de dispor Legislativo uma declaração de guerra “contra o rei da Boémia e da
de si mesmos” já estava repleta de consequências internacionais. Os Hungria”. Essa declaração foi votada entusiástica e unanimemente,
príncipes alemães possuíam, realmente, direitos senhoriais na Alsá­ com exceção de sete votos.
cia. Então, se a Alsácia era considerada francesa, não seria conve­
niente conceder indenidades a esses príncipes a fim de compensar a
abolição dos direitos senhoriais. Também o deputado Merlin de NOTA:
Douai pôde declarar, a 28 de outubro de 1790, na tribuna da Consti­
«tf
* Dias de trabalho gratuito que os servos davam a seus senhores. (Rev.)
tuinte: “Hoje... que a soberania dos povos é, enfim, consagrada cla­
morosamente... que importância têm para os povos da Alsácia e da
França as .convenções que, na época do despotismo, resultaram na
união entre o primeiro e o segundo? O povo aisaciano está unido ao
povo francês porque o quis... Não é só pelos tratados dos príncipes
que se regulam os direitos das Nações”.
O direito internacional foi profundamente transformado por
estas novas teorias. Elas eram singularmente subversivas numa Eu­
ropa onde a maioria dos Estados era composta de agregados de
povos diferentes. Já em Avignon, possessão do papa, situada na Sa-
bóia, província sarda, na Bélgica Austríaca, levantavam-se vozes que
reclamavam em virtude do “direito dos povos de dispor de si mes­
mos”, a abolição dos antigos regimes e a união à França revolucioná­
ria. Os habitantes de Avignon apresentaram a 12 de junho de 1790
uma reivindicação nesse sentido. Após longas discussões, porque a
Constituinte temia que sua decisão ocasionasse a guerra e porque ela
renunciaria publicamente a toda guerra de conquista, a assembléia
acabou, entretanto, por votar em favor da anexação a 13 de setembro
de 1791. Este voto espalhou alarmes por todos os lugares da Europa.
Sem dúvida, esse voto contribuiu mais do que a pressão dos emigra­
dos para confirmar a declaração de Pillnitz.
Esta declaração e as bravatas dos emigrados aumentaram o or­
gulho nacional francês. A maioria dos patriotas, os que na nova as­
sembléia legislativa se reuniram em torno de Brissot e deputados
“girondinos” declararam não recear a guerra. Os Girondinos, condu­
zidos por patriotas belgas e holandeses emigrados na França e que
— 72 — — 73 —
capítulo 7

A República Democrática
e o Governo Revolucionário
na França
(1792 - 1795)
1) A GUERRA E SUAS CONSEQÚÊNCIAS

A guerra vai modificar consideravelmente a marcha da revolução.


Desde o início, a guerra e as primeiras derrotas que dela resultarão
vão reavivar o medo entre as massas populares francesas. Enquanto
em 1789, sentia-se medo de um “complô aristocrático”, desta vez o'
medo era plenamente justificado pelos sucessos da coligação dos
contra-revolucionários da França, e do estrangeiro e pelas ameaças
que essa coligação profere. Os revolucionários, para se defender,
replicam com medidas destinadas a atemorizar o adversário. A guerra
traz então o Terror. A revolução, que até 1792 rara e ocasionalmente
havia causado derramamento de sangue, vai se tornar sanguinária; o
Terror, provocado pela guerra, vai se instituir num sistema de go­
verno. I
O Terror foi a arma das massas populares, dos “sans-culottes”,
isto é, deste conjunto heterogéneo de operários agrícolas, de peque­
nos artesãos e pequenos comerciantes, pouco instruídos, prontos
para as mais primitivas reações. Todavia, o Terror amedrontará não
somente os adversários da revolução, mas também a maioria dos bur­
gueses, que havia, até então, dirigido o movimento revolucionário.
Estes se retraem e o poder passa aos “sans-culottes”, e aos que se
sentem mais em comunhão de idéias com eles. Serão levados a rever
os princípios sobre os quais, até então, esteve alicerçada a nova or-
— 73 —
r dual a fim de salvar a liberdade e a independência da Nação? Não 1
j
seria necessário suspender as liberdades individuais para se introduzir
mais igualdade? Dessa maneira, a guerra conduz ao estabelecimento
eretos. A 20 de junho, os trabalhadores da periferia de Paris se revol­
tam, invadem as Tulherias e desfilam durante oito horas diante do
rei. Mas este se recusa firmemente a retirar seu veto.
Esta resistência do rei encorajou os contra-revolucionários do in­
de um regime novo, caracterizado por verdadeiras antecipações socía- terior, enquanto nas fronteiras, Prussianos e Austríacos aumentavam
lizantes.
lentamente sua pressão. O Legislativo, contornando o veto real, pro­
Finalmente, a guerra traz a esperança aos patriotas de todos os clama a Pátria em perigo a 11 de Julho e autoriza os federados a se
países. Desde então, exilados, ou antes fugitivos, vêm à França e aí dirigirem a Paris para a festa de 14 de julho: muitos já se encontra­
organizam “legiões” com os seus compatriotas, e assediam os gover­
vam a caminho, principalmente os Marselheses, que avançavam em
nos para que encaminhem, desde que as operações o permitam, os
direção da Capital, levados pelo Chant de Guerre de 1’armée du R hin ,
exércitos revolucionários para seus países de origem, a fim de derru­
ue Rouget de Lisle acabava de compor em Estrasburgo e que se
bar os antigos regimes. Desse modo, em consequência da guerra, a
revolução vai se tòrnar libertadora e também, rapidamente, conquis- chamou, desde então “A Marselhesa”. As seções de Paris contavam
com estes “federados”, para forçar o rei a retirar seu veto ou mesmo,
tadora. Sem a guerra, provavelmente jamais teria havido o Terror.
caso ele persistisse, para derrubá-lo. Ora, Luís X V I se conservou
Mas com a guerra, sem o Terror, a vitória teria sido provavelmente
passivo. Embora seus ministros “feuillants”, isto é, moderados, o ti­
impossível. E sem vitória, a revolução não teria triunfado tão de­
pressa, nem na França nem fora da França. vessem abandonado, esperava calma e confiantemente a entrada dos
austríacos e prussianos em Paris. Entretanto, ele lhes tinha pedido
para intimidar os revolucionários através de uma proclamação. Esta,
2) A QUEDA DA MONARQUIA
redigida por um emigrado e assinada por Brunswick, o general-chefe
E 0 PRIMEIRO TERROR do exército prussiano, foi conhecida na capital no dia l.° de agosto.
Este manifesto, tão violento quanto inábil, ameaçava abandonar Paris
Logo de imediato, a guerra se apresenta em más condições. Os a “uma execução militar” e a “uma subversão total , se fosse come­
Girondinos imaginavam ter diante de si apenas a Áustria, cujas tropas tido o mínimo ultraje à família real. Como todos os processos de
estavam cansadas por cinco anos de lutas contra os Turcos, e cuja intimidação, aos quais o rei havia recorrido desde o início da revolu­
população, influenciada pela propaganda revolucionária, não manifes­ ção, este produziu um resultado inverso do que se esperava. Causou
tava nenhum entusiasmo pela guerra. Eles pensavam, apesar do um verdadeiro sobressalto revolucionário. Seções parisienses e fede-
exemplo holandês, que a Prússia, o Estado Alemão “esclarecido” por rados, marselheses e elementos provenientes de Brest, sobretudo,
excelência, não interviria contra a revolução. Entretanto, a Prússia, começaram' imediatamente a preparar abertamente a insurreição fi­
de acordo com a declaração de Pillnitz, se uniu à Áustria. Portanto, a nal, que livraria a França de um rei que pactuava com o inimigo da
França combateria com seu exército que vivia sempre sob a reputa­
ção das grandes vitórias conquistadas durante a Guerra dos Sete Anos. Nação.
A sublevação se deu a 10 de agosto. Depois de uma fraca resis­
Efetivamente, os primeiros combates foram desastrosos para as tência, as Tulherias foram invadidas pelas massas populares. A família
tropas francesas. Na fronteira belga, alguns regimentos debandaram, real havia se refugiado na sala da Assembléia, ela mesma desampa­
revoltaram-se contra a traição e massacraram seus oficiais, enquanto rada diante destas novas forças, dirigidas pela Comuna Insurrecio-
outros se passaram para o lado inimigo. O pavor se espalhou por toda nal” de Paris e por chefes populares, tais como Robespierre, antigo
a França. A Assembléia, suspeitando que a família real informava o constituinte e Danton, um dos dirigentes do Club des Cordeliers .
inimigo, vota decretos com à finalidade de impedir o rei de tentar um Ao legislativo só restava inclinar-se diante dos vencedores de 10
golpe de Estado e para reforçar a defesa: a dissolução da guarda real, de Agosto. Deteve o rei, permitindo que fosse aprisionado pela Co­
a deportação dos “padres rebeldes”, a organização, sob os muros de muna na torre do Templo e anunciou a eleição, por sufrágio univer­
Paris, de um campo de 20.000 “federados”, isto é, de voluntários, sal, de uma nova constituinte chamada Convenção, como nos Estados
provenientes da guarda nacional e reunidos simultaneamente para Unidos, encarregada de dar à França um novo regime.
festejar o aniversário da Federação de 1790, e para defender a capi­ Mas o perigo exterior não cessava de crescer. O exército prus­
ta . Luís X V I, encorajado pelos sucessos do inimigo, veta esses de- siano, seguido por um corpo de emigrados, havia entrado na França
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pouco depois de 10 de agosto. Apoderou-se facilmente de lugares 3) A CONVENÇÃO E A PROCLAMAÇAO
nas fronteiras e justamente a 2 de setembro apossou-se de Verdun, a DA REPÚBLICA
grande fortaleza que defendia Paris. Aos olhos dos patriotas, essa
Série de capitulações surpreendentes só podia ser causada por múlti­ Valmy deu-se a 20 de setembro. No dia seguinte, 21, se reunia à
plas traições e no que se refere a Verdun, eles não erraram. Convenção. As eleições foram realizadas através de sufrágio univer­
O medo redobra e leva as massas a aterrorizar pela violência sal, mas os moderados, assustados pelos massacres de setembro, de­
aqueles que consideravam seus inimigos. Desde o dia seguinte ao 10 sertaram das urnas; apenas um décimo dos eleitores votou. A Con­
de agosto, sob sua pressão, as autoridades haviam aprisionado em venção era composta, portanto, apenas por uma minoria de partidá­
rios da realeza; compreendia sobretudo “homens de lei”, burgueses e
Paris e na província, numerosos aristocratas ou padres rebeldes
considerados “suspeitos”, e cúmplices dos estrangeiros. A notícia da
li pequenos comerciantes. Entre 750 deputados, contava-se apenas com
queda de Verdun, apelo trágico do governo aos voluntários, provo­ dois verdadeiros operários.
cam uma recrudescência do medo; receia-se que os suspeitos se Desde sua reunião, a Convenção aboliu a realeza e decretou que
aproveitem da partida dos patriotas para as fronteiras, a fim de fugir seus atos seriam datados do Ano I da República. Esperando o voto
da prisão e massacrar suas famílias. Grupos de revolucionários, exci­ de uma nova Constituição, manteve as instituições estabelecidas pela
T,;'- Constituinte. Entretanto, certas organizações surgidas espontanea­
tados e exasperados, se lançam sobre as prisões de Paris e, durante
quatro dias, massacram os prisioneiros, depois, às vezes, de um jul­ mente depois de 10 de agosto e que haviam feito reinar na França “o
gamento sumário. Houve cerca de 1.300 vítimas, a metade dos de­ primeiro Terror”, continuaram em atividades. A guerra continuava e.
tentos. Na Província, igualmente, assinalam-se muitas execuções. O a política interior estava estreitamente ligada ao destino dos em­
novo ministro da Justiça, Danton, pareceu estar de acordo com isto. preendimentos militares.
Certamente, esta Convenção burguesa não tinha a mínima idéia
Este levante popular se infiltra nos exércitos. O general Dumou- do que fosse “socialismo”, não aspirava de modo algum a uma ampla
riez, que desde o início da guerra comandava as tropas, reúne todas distribuição das riquezas e ainda menos a ressuscitar os controles
as suas forças em Argonne, na retaguarda dos Prussianos. Estes, for­ económicos abolidos desde 1789- Mas seus membros, sincera e ar­
çados a enfrentá-los, se prepararam a 20 de setembro para atacar o
gpp dentemente patriotas, desejavam punir os traidores, responsáveis
exército francês acampado nas colinas de Valmy. Dumouriez dis­ pela invasão — a começar pelo rei — expulsar da França as tropas
punha de excelente artilharia nova, fabricada segundo os planos do estrangeiras e organizar a paz, de tal forma que as novas instituições
engenheiro Gribeauval, pouco antes da revolução. A violência e a fossem doravante resguardadas de uma intervenção estrangeira.
precisão dos tiros dos canhões, a firme atitude das tropas que espera­ No início, para a Convenção, tudo pareceu correr bem: os Prus­
ram bravamente o ataque, aos gritos, de “Viva a Nação”, desencora­ sianos e os Austríacos, em retirada, bem cedo estariam longe do solo
jaram os Prussianos, aliás já bastante castigados pelas chuvas diluvia- francês e as tropas revolucionárias, por sua vez, ocuparam os
nas e por um péssimo abastecimento. Brunswick deu a ordem da Países-Baixos Austríacos e a maior parte da margem esquerda do
retirada. O grande poeta alemão Goethe, que estava presente, com­ Reno. O reino da Sardenha que havia se unido à coligação, foi igual­
preendeu todo o significado do dia: “Deste lugar e deste dia, disse mente invadido; as tropas francesas, aclamadas pelos habitantes, ocu­
ele, marca-se uma era nova na história do mundo”. A Nação armada pavam a Sabóia e o Condado de Nice.
e a vontade popular pareciam ter tido razão, em relação às combina­ Os revolucionários holandeses, belgas, suíços e saboianos exulta­
ções dos soberanos. Com efeito, os Prussianos se retiravarq, não so­ vam. Viam aproximar-se o dia em que, nos seus países também, a
mente porque as tropas francesas lhes haviam imposto, mas porque o liberdade seria estabelecida. Desde o início, os Girondinos consti­
rei da Prússia pensava em suas fronteiras a Leste. Catarina II, da Rús­ tuíam a maioria na Convenção, e dirigiram o governo até 2 de junho
sia, aproveitãva-se realmente da ausência de seus vizinhos para tentar de 1793. Em matéria de política exterior, mostraram-se muito sensí­
se apoderar de uma nova parte da Polónia. O rei da Prússia desejava veis às pressões que os patriotas estrangeiros exerceram sobre eles.
manter o equilíbrio com a Rússia, anexando, ele também, uma parte O ministério dos “Negócios Estrangeiros” foi, aliás, confiado a
da Polónia. Os acontecimentos da Polónia, tanto quanto os aconte­ Lebrun-Tondu que, antes de 1789, dirigiu um dos jornais “patriotas”
cimentos de Valmy, salvaram a França e a revolução. da Bélgica. Os Girondinos decidiram então, ajudar os patriotas es­
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trangeiros e propagar a revolução pela Europa. A pedido deles, a ram o exército francês, que bateu em retirada no começo da prima­
Convenção votou em 19 de dezembro de 1792 um decreto que pro­ vera de 1793, como no ano precedente. Dumouriez, vencido na Bél­
vocou uma enorme repercussão: “A Convenção Nacional declara em gica, em Nerwinden, a 18 de março, atribuiu ao regime a responsabi­
nome da Nação Francesa, que ela concederá fraternidade e auxílio a lidade de sua derrota, e quis marchar sobre Paris, mas suas tropas se
todos os povos que desejarem recobrar a sua liberdade”. Mas, ao opuseram a isso, passando-se para o lado inimigo. Esta traição desor­
lado desta tendência que levava a revolução a se tornar libertadora, ganizou a Defesa Nacional e deu origem a um novo “medo” no inte­
delineava-se uma outra, que a transformaria em conquistadora. Cer­ rior da França.
tas regiões ocupadas, principalmente a Sabóia, haviam pedido, indis­ Os “sans-culottes”, alarmados, multiplicam os organismos revolu­
cutivelmente de forma espontânea e geral, sua união à França. Mui­ cionários. Os comités de “vigilância”, os batalhões “revolucionários”
tos revolucionários pensavam que aconteceria o mesmo com a maio­ que já haviam feito uma primeira porém efémera aparição em agosto
ria dos povos libertados e que, em todo caso, a França, para proteger e setembro de 1792, retornaram às suas atividades. Os clubes de
e defender a Revolução, deveria se expandir até as suas “fronteiras “Jacobinos”, onde um número cada vez maior de “sans-culottes”
naturais”: o Reno, os Alpes, e os Pirineus. Seria conveniente, por­ substitui os burgueses, fazem uma intervenção mais eficaz na sua vida
tanto, anexar também a Bélgica e a margem esquerda do Reno. política e administrativa. As prisões se multiplicam, fora de qualquer
Foram feitos plebiscitos populares com esse propósito, mas não reu­ diretriz governamental. Em Paris, as “seções”, dominadas pelos “sans-
niram, apesar da pressão militar, senão um número mínimo de votan­ culottes’ e a Comuna, acusam os Girondinos de paralisar a Conven­
tes. ção e o governo. Suas ligações com Dumouriez, os esforços que eles
Esta política de anexações inquietou a Europa. Todos os sobera­ fazem para se manter sob seu comando, agora que sua conduta já era
nos ficaram igualmente perturbados com o processo e a condenação suspeita, foram desacreditados. Na Convenção e logo em toda a
de Luís X V I. A Convenção estava muito divididq nesse caso. Os mo­ França, uma luta violenta separa os Girondinos dos montanheses; ela
derados e muitos Girondinos acharam que era suficiente consérvar o termina no dia 2 de junho de 1793 com a vitória da Mofuanha. Uma
rei na prisão até a concretização da, paz. Mas, em Paris, os “Sans- insurreição dos “sans culottes” parisienses impõe à Convenção a pri­
Culottes” e, na Convenção, os deputados montanheses reclamavam são de 29 deputados girondinos.
uma punição exemplar, que castigasse a traição real e tornasse qual­ Este golpe de força provocou perturbações muito graves na
quer restauração impossível. Em um armário de ferro, nas Tulherias, França. Agora, depois de 12 de março, os departamentos do Oeste, e
foram descobertos papéis que comprovavam, de forma incontestável, principalmente a Vendéia, tinham-se insurgido e reclamavam a res­
que o rei mantivera “contatos com o inimigo” e isto reforçou a argu­ tauração da monarquia. Com a notícia do dia 2 de junho, outras in­
mentação dos montanheses: Luís X V I foi condenado à morte por surreições eclodem na Normandia, na região de Bordéus e na maior
uma insignificante maioria e foi executado a 21 de janeiro de 1793. parte do Sudeste: em breve, perto de 60 departamentos estão em
oposição ou em revolta aberta contra a Convenção montanhesa.
A morte do rei, a política conquistadora e anexionista dos Giron- Desde sua reunião, a Convenção havia começado a redigir uma
dmos, a abertura ao comércio do “porto de Escaut”, fechado desde constituição, mas sua redação fora retardada pelos conflitos entre Gi­
1583, a agitaçao dos revolucionários em muitos países da Europa rondinos e Montanheses. Agora, com os Girondinos eliminados, a
razem estourar a guerra. Uma imensa coligação — a primeira — sé
constituição é rapidamente terminada. A Constituição de 1793, ou
une contra a França. A Inglaterra, que desde 1773 lutava contra as do ano I, é muito mais democrática que a de 1791- Ela instaura o
revoluções, depois a Espanha, se uniram à Áustria, à Prússia e à Sar- sufrágio universal masculino e o referendo, proclama a liberdade dos
enha, altamente apoiadas pela Tsarina Catarina II. Portugal, a maio­
povos de disporem de si mesmos e reconhece também, grande ino­
ria dos Estados alemães e italianos entraram igualmente na luta. Na
vação, alguns direitos “sociais”: a sociedade deve prover subsistência
Europa, apenas a Turquia, a Suíça e os Estados Escandinavos manf aos infelizes, seja procurando-lhes ocupação, seja ministrando-lhes
veram a paz com a França.
auxílio. Ela deve a todos a instrução. Mas a Constituição de 1793 é
4 )0 GOVERNO REVOLUCIONÁRIO também mais descentralizadora que a de 1791- Sua assembléia legis­
E A DEFESA NACIONAL lativa é eleita apenas por um ano, seu Conselho executivo, composto
de ministros escolhidos fora da assembléia, não parece ser necessa-
As forças consideráveis postas em campo pela coligação submete­
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riamente muito forte. Também a Constituição, depois de ter sido espécie de governo parlamentar que dirigia soberanamente os negó­
aprovada no referendo por 1.800.000 “sim”, foi colocada dentro de cios do país, enquanto possuidor da confiança da Assembléia.
uma “arca” de cedro e depositada aos pés do presidente da Conven­ O Comité de Salvação Pública controlava a rápida execução de
ção: jamais deveria ser alterada. Entretanto, a Constituição de 1793 suas decisões por intermédio de “representantes em missão”, envia­
exerceu um papel importante na história. Pela primeira vez, ela colo­ dos à província e aos exércitos por “agentes nacionais”, superpostos
cava oficialmente, diante do mundo, os problemas da democracia so­ aos administradores de distritos e comunas e nomeados pelo go­
cial. Serviu de orientação aòs democratas que mais tarde a elogia­ verno. Os Comités de Vigilância Revolucionária foram legalizados e
riam; Babeuf, Buonarroti e mais tarde Louis Blanc, Barbes e Jaurès. encarregados localmente da vigilância dos suspeitos, o papel das so­
Se a Constituição estava reservada para o futuro, no presente a ciedades populares ou clubes dos jacobinos foi oficialmente reconhe­
Convenção organizou o “governo revolucionário”. Ela proclamou, a cido. Pediu-se o controle das autoridades. As eleições foram suspen­
10 de outubro de 1793, que o governo da França seria “revolucioná­ sas e a renovação dos “Conselhos Administrativos” confiada aos “re­
rio” até a paz, isto é, excepcionalmente. As numerosas medidas to­ presentantes em missão”, auxiliados pelas sociedades populares. Os
madas separadamente, a maioria sem plano de conjunto, tinham res­ “exércitos revolucionários”, pelo contrário, formados por numerosos
tabelecido aos poucos o governo revolucionário. O decreto do dia 14 departamentos que detinham os suspeitos, foram suprimidos por
frimário, ano II ( 4 de dezembro de 1793) dá, em certa medida, sua serem muito indisciplinados. A maior centralização que a França teve
codificação. até então veio logo após a descentralização da Constituinte.
O poder executivo estava de fato confiado a dois comités da Estas medidas tiveram seu primeiro efeito: a guerra civil, que
Convenção, o Comité de Salvação Pública e o Comité da Segurança ameaçava lançar contra Paris dois terços dos departamentos france­
Geral. O Comité de Salvação Pública havia sido criado sob o nome ses, retrocedeu. Os insurretos “federalistas” da Normandia foram
de Comité de Defesa Geral no dia l.° de janeiro de 1793, no mo­ vencidos em Pacy-Sur-Eure, a 13 de julho. A maioria dos departa­
mento em que as relações entre a França e a Inglaterra estavam ten­ mentos se aliou à Convenção e a revolta se concentrou em três focos
sas. Reorganizada e reduzida a 9 membros depois da traição de Du- distintos, contra os quais foram dirigidos os exércitos regulares: a
mouriez, a 6 de abril de 1793, ela é encarregada de dirigir o governo, Vendéia, Lião, a Provença, e as cidades insurretas, Marselha e Tou-
com exceção das finanças e da polícia. Depois da eliminação dos Gi- lon. Para reprimir essas insurreições e prevenir outras, punir os trai­
rondinos, o comité sofre um novo remanejamento. Em julho e dores e os contra-revolucionários, a Convenção organizou o “Ter­
agosto de 1793 forma-se aquilo que se chamou o “grande comité” e ror”.
que vai governar ditatorialmente a França durante um ano salvando-a Desde o mês de março de 1793, recomeçou-se a aprisionar os
da invasão. E composto por 12 membros que, aliás, estão longe de “suspeitos”. A 17 de setembro de 1793, um decreto determinou as
ter as mesmas idéias. Podem-se distinguir entre eles os moderados diversas categorias de “suspeitos”, e ordenou a sua prisão. Entre
(Robert Lindet, Lazare Carnot, Prior da Costa do Ouro), especializa­ 300.000 a 500.000 pessoas foram aprisionadas. Os tribunais revolu-.
dos nos problemas militares e económicos; uma “esquerda” (Robes- cionários foram estabelecidos para julgá-las. Aliás, a 17 de agosto de
pierre, Saint-Just, Couthon) que dirige politicamente o país, Jean 1792, foi criado o primeiro tribunal extraordinário, mas a lentidão de
Bon Saint-André e Prior do Marne se ocuparam principalmente das seu funcionamento causou os massacres de setembro. Fora suprimido
questões marítimas; Billaud-Varenne e Collot d’Herbois se mostra­ a 29 de novembro. Depois da traição de Dumouriez, foi restabele­
ram partidários de profundas reformas sociais; o eloquente Barère cido um tribunal revolucionário em Paris. Outros funcionaram nas
era o porta-voz do comité na Convenção; um antigo membro do Par­ províncias, sob nomes diversos; 17.000 suspeitos, pelo menos, foram
lamento de Paris, Héraut de Séchelles, foi rapidamente eliminado. condenados à morte, mas se levarmos em conta as execuções sumá­
O Comité de Segurança Geral, estabelecido desde o nascimento rias e as mortes nas prisões, calcula-se ser de 35 a 40.000 o número
da Convenção, a partir de setembro de 1793 foi igualmente com­ total das vítimas do Terror.
posto por. 12 membros, que ficaram em seus cargos por 9 meses e As diferentes regiões da França foram desigualmente atingidas:
foram de máxima importância na polícia política. 89% das condenações à morte foram pronunciadas nas regiões amo­
Estes dois comités, responsáveis perante a Convenção, que podia tinadas, ou dentro dos departamentos fronteiriços. Em 6 departa­
P°r ocasião de sua renovação mensal “derrubá-los”, formavam uma mentos não houve nenhuma condenação à morte* em 31 elas são
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inferiores a 10. Os operários forneceram o maior contingente às mitê de Salvação Pública podia enfrentar o inimigo em todas as fron­
jurisdições revolucionárias, 31% do total. Em seguida vêm os cam­ teiras com forças numericamente superiores.
poneses (28%), aristocratas e sacerdotes são pouco numerosos em
relação ao total das vítimas, mas proporcionalmente ao efetivo da 5) AS ANTECIPAÇÕES ECONÓMICAS E SOCIAIS
nobreza e do clero, eles formam um grupo importante.
O Terror se impôs, sobretudo de outubro de 1793 a julho de O financiamento de uma tal produção de guerra, impôs ao An­
1794: ele foi essencialmente político e repressivo. Foi um instru­ tigo Regime um problema quase insolúvel. Ora, o papel-moeda colo­
mento de defesa nacional e revolucionária. Os comités governamen­ cava à disposição dos comités governamentais meios de pagamento
tais _ assim eram chamados os comités de Salvação Pública e de quase ilimitados. Era suficiente fabricar as cédulas. Mas então apare­
Segurança Geral — não tinham apenas que vencer os inimigos do ceu um fenômeno novo ou que pelo menos nunca atingira esta am­
interior. Tinham também que afastar a invasão em direção a todas as plitude. a inflação. E sua consequência imediata, a alta dos preços e a
fronteiras, lutar na terra e no mar contra a coligação européia. vida cara.
Nesta luta, a França podia sobrepujar a desigualdade aparente de A vida cara é a consequência não somente do aumento enorme
forças, se soubesse utilizar todos os seus recursos. Com 26 milhões dos meios de pagamento postos à disposição da Nação, como tam­
de habitantes, ela era, sem dúvida depois da Rússia, o Estado mais bém a mobilização, que retira dos campos enorme quantidade de
povoado do continente. homens ativos, diminuindo a produção. Ela está ligada também a uma
A criação da Guarda Nacional levava ao princípio do serviço mili­ série de más colheitas, que continua. Depois das secas de 1788-1789,
tar obrigatório e universal. Desde o mês de fevereiro de 1793 a os anos 1791, 1792, 1793, são deficitários. Os mercados estão maí
Convenção decretou o recrutamento de 300.000 homens. Esta supridos, visto ser a colheita insuficiente e porque os camponeses
convocação provocou ou serviu de pretexto para a revolta do Ven- não queriam receber o papel-moeda, que se desvalorizava sem cessar,
déia. Entretanto, a convocação se efetuou na maior parte da França, flflt Desta forma, os produtos alimentares se vendiam cada vez mais caros
mas deve-se reconhecer que era insuficiente. Em agosto, a Assem­ e a alta se estendia a todas as mercadorias.
bléia proclamou a “convocação em massa”: os solteiros de 18 a 25 Assim, não é de admirar, dentro dessas condições, que todos os
anos eram convocados para os exércitos, mas todo o resto da Nação '• que passavam fome e sofriam com a vida cara, achassem que a
devia ter como objetivos finais para sua atividade, a guerra e a vitó­ revolução não havia atingido a sua meta. Nas cidades, sobretudo em
ria. Os exércitos foram aumentados assim para mais de um milhão de Paris, os sans-culottes” manifestam-se a respeito, em muitas retoma­
homens, cifra que jamais havia sido atingida e pareceu, então, astro­ das realizadas durante o verão e o outono de 1793 contra o movi­
nómica. Eles foram reorganizados pela “reunião”, que misturou os mento revolucionário. Os “sans-culottes” não formam uma “classe”
antigos soldados de carreira, os voluntários e os convocados. A noção no sentido que tem atualmente. É um grupo composto de muitos
de massa, que vai dominar a civilização contemporânea, apareceu trabalhadores independentes, pequenos comerciantes, artesãos, mas
assim pela primeira vez. Para armar, equipar, nutrir essas massas, também operários rurais e aprendizes. Estes “sans-culottes”, aspiram,
seria necessário uma produção maciça de armamento, de equipamen­ antes de mais nada, a uma maior igualdade, principalmente ao “usu­
tos e de víveres. Na Europa Continental, a França era o único país fruto”, isto é, a divisão dos víveres e dos salários. Eles não são hostis
onde a indústria era suficientemente desenvolvida para prover rapi­ à propriedade. O seu ideal é uma sociedade de pequenos produtores
damente todas as necessidades. As fábricas de armas foram multipli­ independentes e pequenos proprietários. Têm uma concepção bas­
cadas, todas ás ínanufaturas têxteis foram obrigadas a trabalhar para o tante anárquica do governo que desejariam ver exercido diretamente
exército e se estabeleceram por toda parte oficinas de confecção de pelo povo, deliberando nas assembléias primárias e votando em alta
uniformes e de sapatos. Siiprifâm-se os “déficits” por meio de , voz- Tiveram como principal porta-voz H ébert e os que foram
requisições. chamados de “enraivecidos”, principalmente Jacques Roux. Este úl­
Os peritos foram mobilizados p>afa aperfeiçoar os apetrechos, timo declarava, desse modo, à Comuna de Paris, no dia 21 de junho:
criar novos engenhos de gú£rfa. O telégrafo, inventado por Chappe, O que é a liberdade, quando uma classe de homens pode deixar
o aerostato desenvolvido por Conté, apareceram pela primeira vez, outra em privação? O que é a igualdade, quando o rico pode, com
nos exércitos. Um ano após a invasão, na primavera de 1794, o Co- seu monopólio, exercer direito de vida e morte sobre seus semelhan­
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tes? Liberdade, Igualdade, República, tudo isso não é mais que um colónias. Mas tais inovações poderiam, então, ter alguma garantia de
fantasma”. durabilidade?
Para lutar contra a alta do custo de vida, a Convenção, sob a
pressão dos “sans-culottes”, resolve estabelecer uma taxa sobre as 6) A DECADÊNCIA DO GOVERNO REVOLUCIONÁRIO
mercadorias de consumo, infinitamente mais completa e mais estrita
do que todas aquelas que tinham sido editadas pelo Antigo Regime. O Terror, o gigantesco esforço da Defesa Nacional, as restrições
Foi o “máximo geral” dos preços e dos salários, instituído a 29 de económicas e sociais, conduziram a resultados reduzidos. No inte­
setembro de 1793. Os comités e os exércitos “revolucionários” de­ rior, as revoltas foram vencidas. Lião é retomada a 9 de outubro;
viam forçar os camponeses a abastecer os mercados e a vender o Marselha, desde 25 de agosto e Toulon a 18 de dezembro. Os Ven-
máximo. A pena de morte era prevista a quem quer que tentasse deanos são massacrados a 23 de dezembro e se a insurreição dos
países do Oeste ainda se prolonga por uma guerrilha, a insurreição
subtrair-se à taxa ou ao racionamento.
semelhante à dos povos da Vendéia, esta é mais irritante do que
Seria isso suficiente para satisfazer os “sans-culottes”? Eles recla­ realmente perigosa. Na primavera de 1794, as tropas francesas po­
mavam também a igualdade de bens, pela multiplicação dos impostos diam, em sua maioria ser reagrupadas diante do inimigo exterior.
sobre os ricos, e a divisão das terras. Ao mesmo tempo, alguns deles Tomavam a ofensiva em todas as frentes e a 25 de junho, o exército
lutavam contra a religião, tendo como meta descristianizar a França. do Norte obtinha a brilhante vitória de Fleurus, que reabria as portas
A maioria dos membros do Comité de Salvação Pública e o próprio da Bélgica aos franceses. Terminada a guerra civil, sendo a invasão
Robespierre eram contrários a estas tendências anarquistas que repelida, o Terror, com seu cortejo de dificuldades e violências eco­
ameaçavam paralisar a Defesa Nacional. Compreendiam perfeita­ nómicas e sociais, pareceram insuportáveis.
mente que a campanha de “descristianização”, podia levar grande Então, precisamente na época de Fleurus, o Terror sofria uma
massa de franceses a se voltar contra a Revolução. Também o Comité recrudescência. No dia 22 prairial* (10 de junho), Robespierre fizera
permitiu que Danton e seus adeptos “os indulgentes” — se empe­ votar uma lei que apressava o processo do tribunal revolucionário,
nhassem na luta contra o Terror. Ao mesmo tempo deu uma espécie suprimindo as poucas garantias a que tinham direito os acusados,
de satisfação aos “sans-culottes”, regulamentando, através dos “decre­ privando-os principalmente de defensores. As condenações à morte
tos de ventoso”* a distribuição dos bens de suspeitos reconhecidos se multiplicaram e muitos inocentes morreram.
como “inimigos da Revolução” aos indigentes. Na realidade, esta Esta lei acentuou as divergências que opunham o Comité de
medida, que era praticamente inexequível, estava destinada a acalmar Salvação contra o Comité de Segurança Geral e além disso impeliu
os “sans culottes” no momento em que seus porta-vozes — Hébert e a imensa maioria dos franceses contra o Terror, que não tinha mais
os enraivecidos, foram detidos. Mas, para impedir também que a motivos para se prolongar e ainda, contra Robespierre, que parecia
Revolução não seguisse então o caminho traçado pelos “indulgentes” ser o responsável por esse estado de coisas.
e que não se concluísse rapidamente por um compromisso de paz e Os “sans-culottes” parisienses descontentes com a execução de
pela restauração, Danton e seus adeptos foram igualmente detidos. seus porta-vozes, em março, irritados com a publicação do “maxi-
“Hebertistas”, “enraivecidos”, “indulgentes”, levados diante do tri­ mum” dos salários, que diminuía seu nível de vida no exato momento
bunal revolucionário foram condenados à morte e executados a 24 de da “soudure”,** apoiaram muito fracamehte os adeptos de Robes­
março, 3 e 13 de abril de 1794. pierre.
Durante quatro meses o Comité de Salvação Pública de Robes­ O “grande Comité de Salvação Pública”, privado de todo apoio
pierre tem plenos poderes. Em reação à “descristianização e na popular, foi derrubado a 9 termidor ano II### (27 de julho de 1794).
esperança de reunir as massas, tenta implantar um culto deísta, o do Depois de uma vã tentativa de resistência, Robespierre e seus adep­
“Ser Supremo”. Prossegue igualmente com uma política moderada, tos tidos como “fora da lei”, foram presos e guilhotinados no dia
instituindo, pelo “Grande Livro de Beneficência Nacional”, moradias seguinte.
aos pobres ainda ativos, assistência domiciliar aos doentes e um auxí­ A primeira consequência das vitórias revolucionárias foi justa­
lio aos velhos. Ao mesmo tempo adota-se o princípio da gratuidade mente a queda de Robespierre e logo mais o fim do Terror. O au­
e obrigatoriedade do ensino primário e suprime-se a escravidão nas mento dos preços e dos salários não tardou a ser suprimido (de­
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zembro de 1794) e a legislação social do ano II desmoronou-se logo do “Conservatório de Música”, do Museu do Louvre, do Museu de
após o início de sua aplicação. 1 „ _ _ História Natural e do Conservatório das Artes e Ofícios.
Os sobreviventes dos Girondinos foram chamados a Convenção,
que se denominou “termidoriana”. A maioria da Assembléia, que se­ 7) A VITÓRIA REVOLUCIONÁRIA
guira os a leptos de Robespierre por um ano apenas por força da
necessidade, porque a vitória era a condição indispensável para a so- A vitória de Fleurus foi seguida pela ocupação da Bélgica, du­
brevivência dos princípios de 1789, voltou às suas idéias liberais e rante o verão de 1794, e das Províncias Unidas durante o inverno
individualistas. Não se tratava de fazer vigorar a Consritmção de seguinte. A margem esquerda do Reno, salvo Mogúncia, caiu nova­
1793, considerada muito democrática. O governo revolucionário foi mente em poder dos exércitos republicanos. Nas duas extremidades
mantido, mas com muitas atenuantes, enquanto a Convenção redigia dos Pirineus, as tropas francesas atravessaram a fronteira e penetra­
uma nova Constituição, a do ano III (1795). ram na Espanha. Sob esses golpes, a Coligação ficou enfraquecida.
Com efeito, a Convenção do Termidor se empenhou numa polí­ Sua solidez não era muito grande, visto que. nenhum tratado geral
tica de reação e esta tendência se manifestou através das dificuldades agrupara os diversos participantes. A Espanha desconfiava da Ingla­
impostas à atividade de clubes ou sociedades populares. terra, mas sobretudo o problema polonês continuava a separar a
Do ponto de vista económico, houve no interior a volta ao libera­ Prússia, Áustria e Rússia. No fim de 1792, depois de Valmy, Prússia
lismo. A supressão do “maximum” provocou uma alta acelerada dos e Rússia apoderaram-se de uma vastíssima parte da Polónia, sendo
preços, seguida por emissões maciças de papel-moeda.A França en­ esta a segunda divisão deste infeliz país. O governo austríaco ficou
trou, desta forma, no que se chamou mais tarde um ciclo infernal . descontente por ter sido frustrado. Nesse ínterim, os patriotas polo­
Os capitalistas ficaram arruinados e os trabalhadores, pagos em neses, agrupados em torno de Kosciusko, pensaram, em 1794, atra­
papel-moeda, ficaram reduzidos à miséria. Os “sans-culottes” de Paris vés de uma reviravolta na fé nacional e revolucionária, poder captu­
se revoltaram no germinal* e no prairial ano III (abril-maio 1795), rar o invasor russo e transformar a Polónia numa república de­
mas estes foram reprimidos peio exército que peia primeira vez mocrática como a França. Os patriotas poloneses se insurgiram e
desde 1789, marchava contra o povo revoltado. Os partidários da prepararam uma nova constituição que previa 3. emancipação dos
realeza tentaram se aproveitar desta situação para retomar o poder, camponeses. Mas não foram seguidos pela pequena nobreza. A Áus-
porém a tentativa de desembarque de um grupo de emigrados a Qui- ma e a Rússia aproveitaram o pretexto desta revolta “jacobina” para
beron fracassou de maneira sangrenta (27 de junho a 21 de julho)^e intervir. Kosciusko foi capturada pelos russos em outubro e Varsóvia
uma insurreição dos realistas parisienses, no dia 13 “vindímiário”** capitulou a 6 de novembro de 1794.
ano IV (5 de outubro de 1795), foi aniquilada pelas tropas governa­ Para estar em condições de reivindicar uma parte da Polónia, a
mentais sob o comando do jovem general Bonaparte, que se desta­ Prússia devia transportar todas as suas tropas para leste, e para isto
cara em Toulon em 1793- negociar com a França. O grão-duque da Toscana, irmão do impera­
No domínio espiritual e intelectual, o papel da Convenção do dor, acabava de mostrar, aliás, que um príncipe podia negociar com a
Termidor foi notável. Para terminar com a crise religiosa começada revolução, pois havia concluído a paz com a Convenção, em 9 de
em 1790, a Convenção estabeleceu a separação da Igreja e do Es­ fevereiro de 1795. A Prússia negociou a 6 de abril em Basiléia: reco­
tado, ainda uma antecipação, mas que terá, no mundo, grandes re­ nhecia a República Francesa e admitia a neutralidade de toda a Ale­
percussões. Se a obrigação e a gratuidade do ensino primário não manha do Norte. As Províncias Unidas, transformadas em República
foram aplicadas, por outro lado o ensino secundário foi renovado Batava, assinaram a paz em 16 de maio. Elas cediam à França a Flan-
pela criação de “escolas centrais” que, rompendo com as tradições, dres Holandesa; Maestricht e Venloo deviam pagar uma grande in-
punham em primeiro plano o estudo das ciências, do desenho e das denização de 100 milhões de florins e assinaram uma aliança ofensiva
línguas vivas. , e defensiva. A Espanha, por sua vez, concluiu a paz em Basiléia no
O ensino superior foi melhorado pela criaçao da Escola Politéc­ dia 22 de julho, cedendo a parte espanhola da ilha de São Domingos.
nica, o primeiro ensaio de uma Escola Normal, o estabelecimento de Q^pto à Polónia, ultimou a terceira divisão em 24 de outubro de
um Instituto destinado a reunir os estudiosos e a orientar a pesquisa
científica, o estabelecimento de arquivos nacionais e departamentais, A França revolucionária, embora continuasse em guerra com a
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Inglaterra, Áustria e os Estados Italianos, aparecia como a potência l ’:
mais influente da Europa Ocidental. Os soberanos da Europa, assim
como os patriotas de todos os países, solicitavam ansiosamente a de­
finição da política que iria introduzir nos territórios por ela ocupa­
dos.
Em 1793, os adeptos de Robespierre, por toda a parte, pareciam
ter repudiado o programa traçado pelos Girondinos no decreto de 19
de novembro de 1792: fronteiras naturais para a França, auxílio aos
povos desejosos de recobrar sua liberdade e formar repúblicas inde­ capítulo 8
pendentes. Mas os Girondinos, ou seus herdeiros espirituais, haviam
voltado ao poder depois de 9 termidor e eram numerosos; enchiam
o Comité de Salvação Pública, obtendo assim com facilidade a maio­ 1
ria na Convenção. Também fizeram votar, a l.° de outubro de 1795,
a anexação da Bélgica. Almejavam igual solução para a margem es­ A República Burguesa na
querda do Reno, mas a decisão foi posta de lado porque os austríacos
tinham ainda Mayence e porque a Renânia conservava sua condição França (1795-1799)
de campo de batalha.
O restabelecimento de uma república Batava reanimou as espe­ 1) 0 DIRETÓRIO E SUAS INSTITUIÇÕES
ranças dos patriotas alemães, suíços e italianos. Eles desejaram com
maior entusiasmo ainda a vitória da França, pois graças a esta vitória
A Convenção do Termidor não quis que fosse aplicada a Consti­
poderiam destruir o Antigo-Regime e edificar repúblicas em seus
tuição de 1793, por considerá-la muito democrática e assim redigira
países. Mas a Convenção se separou a 25 de outubro de 1795. E ao
uma nova, durante a primavera de 1795. Este texto foi votado pela
Novo Regime implantado na França, o do Diretório, que vai caber a
Convenção no dia 17 de agosto de 1795, e adotado pelo povo fran­
árdua responsabilidade da construção de uma nova' Europa.
cês no decorrer de um “référendum”, em setembro de 1795, por
L.057.390 votos a favor e 49-978 contra em 6 milhões de eleitores,
NOTAS: aproximadamente. A Constituição do ano III, redigida durante a rea­
* Ventoso - sexto mês do calendário republicano francês, que começava a 19 de fevereiro e
ção, é bastante modificada em relação à de 1793. Ela organiza um
acabava a 20 de março. (Rev.) regime semelhante ao de 1791, no qual o rei é colocado de lado,
Prairial - nono mês do ano republicano francês, que começava em 20 de maio ê terminava concentrando o poder nas mãos dos “notáveis”.
em 18 de junho. (Rev.)
À Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, a
#*Epoca do ano em que a colheita de um gênero permite esperar pela colheita seguinte! (Rev.)
***Termidor - décimo primeiro mês do calendário republicano francês, que começava a 19 de
Constituição do ano III substitui uma declaração de direitos e deve­
julho e terminava a 17 de agosto. (Rev.) res, na qual se elimina um dos artigos mais significativos de 1789: “os
* Germinal - sétimo mês do calendário republicano francês, de 21 ou 22 de março a 18 ou 19 homens nascem e continuam livres e com direitos iguais”. A liber­
de abril. (Rev.)
dade e a igualdade são definidas de macieira restrita. A declaração
**Vindimiário - primeiro mês do calendário republicano francês, que principiava a 22 de se­ não menciona nem o direito à instrução, nem o direito ao trabalho,
tembro e acabava a 21 de outubro. (Rev.)
nem à assistência, e à insurreição, que figuravam na declaração de
1793.
A Constituição do ano III conserva o regime republicano, criado
em 1792, mas suprime o sufrágio universal. Só seriam cidadãos com
direito ao voto os franceses que pagassem uma contribuição direta; o
sufrágio era, portanto, teoricamente maior que em 1791, período em
que era preciso pagar um imposto equivalente a pelo menos 3 dias de
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trações eram renovados a cada ano. Entretanto, nada havia sido pre­
trabalho para ser eleitor. Todavia, manteve-se o sistema eleitoral ern
duas fases existentes desde o início da revolução. visto para resolver um conflito entre o executivo e o legislativo, nem
O Poder Legislativo não foi mais confiado a uma única assem­ para garantir a estabilidade de um governo em circunstâncias excep-
bléia, como acontecia desde 1789, mas pela primeira vez na França cionais, como em guerra, por exemplo. Ora, é exatamente em cir­
foj confiado a duas assembléias, “O Conselho dos Quinhentos e 0 cunstâncias excepcionais que a Constituição será aplicada.
Conselho dos Antigos”, composto de 250 membros de mais de 4o
anos, casados ou viúvos. Estes conselhos poderiam ser renovados em 2) A EVOLUÇÃO POLÍTICA DO
um terço cada ano. DIRETÓRIO ATÉ 0 DIA 18
O poder executivo é exercido por um Diretório composto por 5 FRUTIDOR* DO ANO V (4 DE SETEMBRO DE 1797)
membros — daí o.nome do regime. Os Dirigentes, eleitos por 5 anps
pelos Conselhos Legislativos, e renováveis em um quinto cada ano, Desde 9 termidor a situação económica da França continuou se
dispõem de poderes muito maiores que os do rei em 1791. No­ agravando. O índice do custo de vida em Paris passou de 100, em
meiam os ministros, que não passam de simples funcionários. Diri­ 1790, a 5.340, em novembro de 1795. A miséria das classes popula­
gem a administração, o exército, a polícia e a diplomacia. Somente as res atinge seu ponto culminante durante o inverno do ano III. Os
finanças não são de sua alçada, pois são controladas por 5 comissários democratas, cujo porta-voz no momento era Babeuf, redator da
da tesouraria e 5 comissários da contabilidade nacional, eleitos nas “Tribuna do Poro", e os “realistas”, tentam se aproveitar da situação
mesmas condições dos Dirigentes. atacando violentamente o Diretório. Contra eles, este só pôde contar
A organização administrativa da França, fixada em 1790, com a burguesia, que se aproveitou da revolução, a “classe honesta”.
manteve-se em suas diretrizes principais. Os departamentos não Trata-se de uma base frágil e o Diretório será levado, cada vez mais,
foram modificados. Foram dirigidos por uma administração central a se utilizar do exército, intervir na Política e continuar dando golpes
de 5 membros eleitos, mas controlados por um comissário central de Estado. O primeiro deles deu-se a 18 frutidor do ano V, que
nomeado pelo Diretório, um quase prefeito. Os distritos de 1790 marca uma ruptura na história do regime.
foram suprimidos, mas, na chefia de cada cantão, houve uma munici­ O “Primeiro Diretório” foi composto por antigos Convencionais
palidade cantonal, experiência interessante que teria o mérito de Regicidas: Barras, Reubell, La Révellière, Lépeaux, Carnot e Letour-
permanecer. Por outro lado, as comunas de menos de 5.000 habitan­ neur. Tentaram, inicialmente, governar com os Jacobinos, mas Ba­
tes perderam seu Conselho Municipal, substituído pela eleição de um beuf permaneceu irredutível. Decretada a sua prisão em 5 de' de­
agente municipal e um adjunto. A organização da justiça sofreu as zembro de 1795, ele se torna clandestino. Com o italiano Buonarroti
consequências dessas modificações administrativas. Se há sempre um e alguns antigos Convencionais, organizou uma conspiração contra o
juiz de paz em cada cantão, os tribunais civis ficam reduzidos a um Diretório, a qual tinha como objetivo instaurar um regime comu­
para cada departamento. nista. Babeuf era, assim, o primeiro político a querer tornar realidade
A Constituição do ano III tentou entravar a atividade dos clubes o que até então se considerava uma utopia filosófica. Aliás, ele rom­
e sociedades populares. A imprensa foi regulamentada e os jornais, pia com os métodos insurrecionais seguidos até o momento, organi­
mediante uma lei, podiam ser suspensos por um ano. Todavia, a im­ zando uma “Conjuration de 1’Egalité”, secreta e dirigida por um pe­
prensa foi realmente mais livre sob o regime do Diretório do que sob queno grupo de homens. A crise económica favoreceu os projetos
o regime da Convenção. dos adeptos de Babeuf. O papel-moeda se desvalorizou totalmente e
A Constituição do ano III reconhecia a separação entre a Igreja e o Diretório foi obrigado a recolocar em circulação a moeda metálica.
o Estado, mas sob o Diretório foram feitas novas tentativas, como Esta brutal inflação aumentou ainda mais a miséria do povo, que se
sob os regimes precedentes, para implantar um culto oficial, primei­ tornou sensível à propaganda de Babeuf. Sob a influência de Carnot,
ramente a teofilantropia deísta, depois o culto “decadário”*, pura­ o Diretório resolveu tomar a ofensiva. Os conjurados, denunciados
mente racionalista. Estas tentativas fracassaram, lamentavelmente'. por um agente duplo, foram detidos em 10 de maio de 1796, e logo
Os autores da Constituição do ano III fizeram todos os esforços conduzidos diante da Alta Corte de Justiça, em Vendôme. Babeuf e
para impedir a volta ao regime do ano II. Os poderes foram, tanto um dos seus amigos foram condenados à morte e executados. A
quanto possível, separados; os conselhos legislativos e as adminis­ conjuração dos “Iguais” devia tèr imensas repercussões no século
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X IX . Imediatamente lançou de novo o Diretório contra os modera­ verno opor-se a seus pontos de vista políticos. Entretanto, os realistas
dos. Depois das eleições do ano V (primavera de 1797) — que de­ e os moderados, chamados “Clichyanos”, denominação oriunda do
viam renovar um terço dos Conselhos Legislativos, os moderados club de Clichy, onde eles se reuniam — os quais haviam tido a maio­
conseguiram um brilhante sucesso e elegeram para o Diretório, para ria nos Conselhos e contavam com dois quintos dos Dirigentes, pen­
substituir Letourneur, um dos seus, Barthélemy, que negociava os savam poder continuar sua política de reação no interior e de paz
tratados de Basiléia. Desde então, os dirigentes republicanos (Reu- baseada nos “pequenos limites”, no exterior. Na hipótese de encon­
bell, La Révellière, Lépeaux) entraram em conflito com os Conse­ trar alguma resistência por parte do Diretório, alguns de seus chefes,
lhos, onde dominavam os moderados, fortemente apoiados pelos rea­ principalmente o Deputado d’André e o general Pichegru, então pre­
listas de confiança. Os Conselhos desejavam uma paz rápida, sem
anexações; os realistas esperavam que ela permitisse uma próxima
f sidente do Conselho dos Quinhentos, preparavam um golpe de Es­
tado, de acordo com a Inglaterra e os emigrados.
restauração. Mas a política do Diretório não era orientada precisa­ No Diretório, Barras estava a par desses arranjos, pelos papéis
mente nesse sentido. Mais que nunca, o Diretório contava com os apreendidos de um dos chefes da espionagem realista, o conde d’An-
“patriotas” alemães, suíços, italianos, para apoiar a ofensiva dos seus traigues, detido pelas tropas de Bonaparte. Então, Barras se aliou a
exércitos e seus delegados, acorrendo rapidamente a Paris, assevera­ Reubell e à La Révellière, que decidiram preceder os Clichyanos fa­
vam ao Diretório a sua boa vontade. Os italianos, sobretudo, eram zendo um apelo a Hoche, comandante do exército de Sambre-e-
ativos e tinham entre eles alguns que já pensavam em realizar, com a Mosa, e que parecia o menos perigoso dos generais republicanos,
ajuda da França, a unidade nacional e conseguir, ao mesmo tempo, a Sob o pretexto de alcançar as costas do Oeste, a fim de preparar uma
independência de seu país. invasão na Grã-Bretanha, as tropas de Hoche deviam atravessar Paris
Entre os três exércitos franceses, os de Sambre-e-Mosa e o da e deter os principais Clichyanos. O ministério foi modificado, os Cli­
Itália, compostos em sua maioria por “Jacobinos”, desejavam que a chyanos foram afastados e o próprio Hoche foi nomeado ministro da
guerra continuasse a ser “revolucionária” e libertasse os povos sub­ f e : Guerra. Mas, esses preparativos foram descobertos pelos adversários
metidos aos “tiranos”. Somente o exército do “Reno-e-Mosela” co­ do Diretório, que denunciaram duas violações da Constituição: a en­
mandado por Pichegru, depois por Moreau, estava vacilante e parecia trada de tropas do exército de “Sambre-e-Mosa” no raio constitu­
disposto a apoiar os contra-revolucionários do interior. cional, sem autoridade dos conselhos legislativos e a nomeação de
A campanha de 1796 agravou estas oposições e consolidou os Hoche para o ministério, sendo que ele não tinha a idade exigida; a
republicanos. O exército do Sambre-e-Mosa, comandado por Jour- transação fracassou (julho de 1797).
dan, alcançou importantes vitórias iniciais sobre o Reno e atingiu o Os realistas e os moderados se achavam no dever de explorar sua
alto vale do Main, mas o exército do “Reno-e-Mosela”, sob o co­ vitória; começaram a reorganizar a guarda nacional eliminando os re­
mando de Moreau, foi derrotado na região do Danúbio e sua retirada publicanos, e reclamaram o fechamento dos clubes jacobinos. Mas,
acarreta a retirada do exército de Sambre-e-Mosa. Ao contrário, na foram precedidos pelo Diretório. Desde o início de julho, por
mesma época, o exército da Itália, conduzido por Bonaparte, depois instigação de Bonaparte, as tropas do exército da Itália enviaram a
de brilhantes vitórias ocupava, no Norte da Itália, a quase totalidade Paris “petições” que reclamavam a eliminação dos Clichyanos. O Di­
da planície do Pó. Os reis de Nápoles e da Sardenha foram obrigados retório fez, então, um apelo a Bonaparte. Este enviou a Paris um de
a assinar a paz (10 de outubro de 1796 e 5 de abril de 1797). A seus generais de divisão, Augereau, acofnpa.nhado de soldados em
campanha.de 1797 foi ainda mais decisiva no continente. Depois de “licença oficial”: o “triunvirato” Barras, Reubell, La Révellière-
haver imposto a paz ao papa, em Tolentino (19 de fevereiro de Lépeaux dispunha, de agora em diante, de meios para se livrar de
1797), o exército de Bonaparte avançou até a poucas léguas de seus adversários. Estes, no dia 2 e 3 de setembro, propuseram a
Viena; a Áustria, última potência beligerante do continente, foi obri­ acusação do triunvirato. Mas Pichegru, seu chefe, não ousou agir
gada a concluir o armistício de Leoben a 18 de abril de 1797. Bona­ imediatamente. Pelo contrário, _na noite de 3 para 4 de setembro
parte surgia, portanto, cortio o grande vencedor da Coligação. Aliás, (17-18 frutidor) o triunvirato deteve os principais Clichyanos, espe­
as contribuições que recebia dos países conquistados serviam, em cialmente os dois Dirigentes da minoria; todavia, Carnot, advertido,
parte, para preencher o orçamento do Estado. Tornava-se, então,
conseguiu escapar. Os Conselhos, reunidos em suas formas legais,
cada vez mais difícil a um partido político e mesmo ao próprio go­
mas onde só os republicanos estavam presentes, cassaram os manda­
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pôs ao Conselho uma redução da dívida, através de uma verdadeira
tos de 198 deputados; 33 deles foram condenados à deportação, ao J bancarrota; o Diretório poderia, desse modo, se libertar da tutela
mesmo tempo em que outros 12 “indivíduos”, entre os quais o diri­ financeira que os generais exerciam sobre ele. A lei, votada a 30 de
gente Barthélemy. Todas as leis de reação, votadas depois das elei­ setembro, reduzia a dívida de 250 para 83 milhões, isto é, de dois
ções realistas do ano V foram revogadas e as léis da Convenção | terços; um terço de cada título de renda ou pensão continuava ins­
contra os emigrados e os padres refratários passaram novamente a crito no grande livro da dívida pública; era o terço consolidado. Os
vigorar. Uma lei sobre a imprensa submeteu os jornais, durante um dois outros terços eram reembolsados por meio de vales e de bónus
ano, à inspeção da polícia, como autorizava a Constituição. que podiam ser utilizados, até certo ponto, para pagamento dos bens
O Diretório, completado por dois republicanos, François de I nacionais. Os capitalistas foram em parte espoliados, porém as finan­
Neufchâteau e Merlin de Douai, substituiu autoritariamente os fun­
ças foram sanadas. As cobranças foram aumentadas pela criação de
cionários e os eleitos, — julgados moderados por republicanos. Com -
novas contribuições: a das portas e janelas e um imposto sobre a
efeito, nem o Diretório, nem q s Conselhos legislativos tinham mais
circulação nas estradas, ou direito de passagem, que quase não subsis­
liberdade de ação. Dependiam do exército da Itália e de seu chefe, tiu ao Diretório. Uma “agência de contribuições diretas”, composta
que os tinha salvo. As negociações de paz, empreendidas há vários por funcionários, elevou os impostos com mais exatidão. As reformas
meses com a Inglaterra, foram rompidas. Por outro lado, Bonaparte,
financeiras do “segundo” Diretório contribuíram bastante para repor
que desde o armistício de Leoben negociava com a Áustria sem che­
a ordem no Estado e abriram o caminho às grandes medidas tomadas
gar a uma conclusão, importunado que estava com as ordens do Dire­
por Napoleão depois de 1800.
tório, com as pretensões da Áustria e com seus pontos de vista pes­
No domínio militar, tratava-se de assegurar, de maneira regular,
soais, passou, desde então, a agir livremente. Exigiu da Áustria o que
o recrutamento do exército. O Legislativo e a Convenção já haviam
achava mais importante: o reconhecimento da República Cisalpina,
feito isto para o exército, através de apelos a voluntários e pela
que ele criara.. A Áustria pediu, em compensação, uma parte do “Vê- "requisição” ou “recrutamento em massa”. A lei, votada a 5 de se­
neto”, com a própria Veneza, enquanto a França anexava as ilhas tembro de 1798, sob a proposição do general Jourdan e Delbrel,
Jónicas. Assim, Veneza foi dividida, como a Polónia* conforme os ambos deputados, estabelecia de maneira definitiva na França, o
mais desacreditados procedimentos da diplomacia do Antigo- serviço militar obrigatório e universal: “Todo o Francês é soldado e
Regime. A Áustria concordava plenamente com a anexação da Bél­ deve defender a Pátria”. Os cidadãos que atingiam a idade de 20 anos
gica à França, mas apesar do desejo do Diretório, recusava formal­ deviam inscrever-se ao mesmo tempo (isto é, conscritos) nos vários
mente envolver-se nas negociações da margem esquerda do Reno: o quadros de recrutamento do exército. A duração do serviço, em
problema “renano” foi, portanto, confiado a uma conferência tempo de paz, era de 5 anos, mas o governo podia não chamar todos
franco-alemã que devia iniciar-se em Rastadt. O tratado, assinado em os conscritos; um sorteio indicava, então, os que iriam servir o exér­
Campo-Fórmio, a 18 de outubro de 1797, acabava, portanto, com a cito. Esta lei, muitas vezes modificada, devia de modo geral, vigorar
guerra continental. As hostilidades continuavam somente no mar,
até 1872.
entre a França e a Inglaterra. Pela primeira vez, a República francesa Se o golpe de Estado de 18 frutidor permitiu a aprovação de
poderia se reorganizar sem estar pressionada pelas necessidades da algumas grandes leis orgânicas, não restabeleceu, porém, a estabili­
guerra. dade política. O golpe de Estado deveria reconduzir os Jacobinos ao
poder. Mas o Diretório, composto por moderados, receou rapida­
3) EVOLUÇÃO POLÍTICA DA FR A N Ç A , mente ver-se invadido pelos “anarquistas”, que ele supunha ligados
DE 18 FRUTIDOR DO ANO V <4 DE SETEMBRO aos “patriotas” de países ocupados, hostis à transformação desses ter­
DE 1797) ATÉ 30 PRAIRIAL DO ritórios em verdadeiros protetorados franceses. Desse modo, o se­
ANO VII (18 DE JU N H O DE 1799) gundo Diretório” considerava logo suspeitos os Jacobinos. Ora, as
eleições do ano VI, em abril de 1798, deram a maioria aos Jacobinos,
Depois do golpe de Estado de 18 frutidor, os esforços do go­
mas freqúentemente as assembléias eleitorais estavam divididas e os
verno se orientaram sobretudo no sentido de ordenar as finanças e
candidatos da minoria foram igualmente proclamados eleitos. O Dire­
reorganizar o exército. A 24 frutidor (10 de setembro), portanto 6
tório solicitou aos Conselhos Legislativos, ainda não renovados, que
dias depois do golpe de Estado, o ministro das Finanças, Ramel, pro-
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decidissem quais seriam os deputados admitidos. A lei de 22 floreai espontânea; e o general Bernadotte,. novo embaixador da França,
(11 de maio) eliminou 106 novos eleitos (dos quais 104 eram Jacobi­ deixava a Capital. As negociações de Rastadt tornavam-se cada vez
nos, ou “exclusivos” e dois realistas); 53 candidatos da minoria foram mais difíceis.
admitidos, enquanto os outros 53 não foram substituídos: é a isto O Diretório, entretanto, tomava decisões que só viriam agravar a
que denominamos golpe de Estado de 22 floreai.* situação e tornar bem mais provável o reinicio de uma guerra geral.
O Diretório talvez contasse com o apoio desses deputados se a Bonaparte, após ter inspecionado rapidamente seu exército da Ingla­
sua política exterior não tivesse se prestado às mais vivas críticas. Na terra, voltava a Paris e declarava ao Diretório que, não possuindo a
realidade, o Diretório só havia aceito o tratado de Campo-Fórmio supremacia nos mares, as oportunidades de sucesso de um desem­
porque lhe era impossível resistir às imposições de Bonaparte, mas barque eram mínimas. Ele propunha atacar a Inglaterra pelo Oriente
ele esperava obter no Congresso de Rastadt a concessão da margem para atingi-la exatamente na fonte do seu poder económico e para #
esquerda do Reno. Bonaparte, nomeado plenipotenciário em Ras­ começar, ocupar o Egito, província do Império Otomano. O Diretó­
tadt, renunciara rapidamente a suas funções e aceitara o comando de rio, aconselhado por seu ministro de Assuntos Estrangeiros, Talley- #
um exército da Inglaterra, destinado a terminar a guerra por uma rand, aceitou. Os membros do Diretório estavam satisfeitos, aliás, em
invasão das Ilhas Britânicas. Mas o Diretório, esperando a paz e o afastar da França um general cuja glória e populariade os aborreciam.
desembarque, retomara o programa de propaganda republicana e da A expedição do Egito, preparada no maior sigilo, deixou a Eu­
expansão continental dos Girondinos. Com o apelo dos “patriotas” ropa em maio de 1798. Ela ancorou diante de Malta e se apossou
suíços, balenses** e valdenses*** as tropas francesas penetravam em sem dificuldade da mais poderosa base naval do Mediterrâneo a 11
território helvético, no fim de janeiro de 1798. Ajudados pelos sol­ de junho: os cavaleiros de Malta foram expulsos e a ilha declarada #
dados franceses, os patriotas suíços se apoderavam do poder: uma unida à França. No dia l.° de jtalho as tropas francesas desembarca­
“República Helvética” única e indivisível foi criada, mas Mulhouse e vam no Egito. Elas ocupavam Alexandria, venciam os Mamelucos e
Genebra, aliadas aos antigos cantões suíços, foram anexadas à França. entravam no Cairo no dia 23 de julho. Infelizmente, a esquadra do
Todas essas transformações encontraram resistência. Os camponeses almirante Brueys, que protegera a marcha do comboio, fora comple­ #
dos 4 “cantões primitivos” e os de Vaiais se revoltavam à convocação tamente destruída pela frota de Nelson, no dia l.° de agosto: Bona­
de seus párocos e foram vencidos pelo exército francês, que, para parte e seu exército estavam, dessa forma, prisioneiros de sua con­ #
estabelecer a calma, prolongava sua estadia no país e sobrecarrega­ quista. #
va-o com pesados ónus de guerra. O desastre de Abuquir causou uma grande repercussão na Eu­
Na mesma época, por ordem do Diretório, em Roma, o assassi­ ropa. Levou a Turquia, até então indecisa, a pegar em armas contra a #
nato do general Duphot, noivo de Désirée Clary, cunhada do embai­ França e depois o rei de Nápoles, compelido pela Inglaterra e pela
xador Joseph Bonaparte, provocou a ruptura das relações diplomáti­ Áustria, a atacar a República Romana (novembro de 1798). O Gene­
cas entre a França e Saint-Siège. Este assassinato pareceu ainda mais ral MacDonald evacuou Roma, mas retomou a ofensiva no começo
odioso ao Diretório pois se dava logo em seguida ao assassinato de de dezembro e entrou vitoríosamente na cidade no dia 13. Para evi­
um outro diplomata francês, Hugo de Bassville, morto em circuns­ tar um ataque semelhante por parte do rei da Sardenha, na Itália do
1 V
tâncias análogas, a 13 de janeiro de 1793. O Diretório, dominado Norte, o Piemonte foi ocupado pelas tropas francesas a 5 de de­
por um adversário do catolicismo, La Revellière-Lépeaux, ordenou a zembro e o rei foi obrigado a se refugiar na Ilha da Sardenha. Mas a
ocupação dos estados pontificais. Foi criada no dia 15 de fevereiro expansão francesa na Itália continuava. O General Championnet, su­
de 1798 uma “República Romana”, e o papa refugiou-se na Toscana. cessor de MacDonald, perseguia as tropas napolitanas em debandada,
Com a República Cisalpina e a República de Génova, democratizada entrava em Nápoles a pedido dos patriotas, mas, contrariamente às
em “república Lígure” por Bonaparte desde maio de 1797, havia de instruções do Diretório, enfim preocupado em não irritar demasia­
agora em diante 3 “repúblicas irmãs”, na Itália; elas se uniram à Re­ damente os governos europeus, proclamava uma “República Napoli­
pública Batava e à República Helvética. Os governos europeus fica­ tana” ou “Parthénopeena” (26 de janeiro de 1799). A Toscana, úl­
ram seriamente alarmados com esse acontecimento; em Viena, a timo Estado independente da Itália peninsular, estava igualmente
bandeira tricolor foi arrancada da embaixada da França, no dia 13 de ocupada e “democratizada” em março de 1799.
abril de 1798, durante uma manifestação, que não parece ter sido Esta expansão francesa, que o próprio Diretório não podia mais
— 98 — — 99 —
m
#
conter, acompanhada pela ascensão de “patriotas” ao poder e pela
“democratização” das instituições, provocava a volta da guerra geral, de 30 prairial (18 de junho de 1799). Os Diretores demissionários
foram substituídos por Roger Ducos e pelo General Moulin, homens
tanto mais inevitável quanto as potências hostis à Revolução, Áustria ;
apagados, que passavam por jacobinos. Eles se reuniram a Barras,
e sobretudo a Rússia, foram encorajadas pela neutralização das me­
Sieyès e Gohier, para completar o “3-° Diretório”, e escolheram mi­
lhores tropas francesas e de seu General Bonaparte no Egito.
Formou-se uma segunda coligação entre a Inglaterra, Áustria, nistros reputados “jacobinos”, especialmente Fouché para a polícia,
Rússia, e o rei de Nápoles, refugiado na Sicília e a Turquia no fim de Robert Lindet para as finanças, Cambacérès para a Justiça, Bernar-
dezembro de 1798. A Áustria concordou em dar direito de passagem dotte e depois Dubois-Crancé para a Guerra: os Jacobinos pareciam
às tropas russas. O Diretório tomou isso como pretexto para declarar haver retomado a direção do Estado na França.
guerra à Áustria (12 de março de 1799). O Congresso de Rastadt,
que ainda se mantinha há 6 meses, foi brutalmente interrompido ; notas

pelo assassinato de três plenipotenciários franceses, no dia 28 de


* Decadário - referente às décadas do calendário republicano. (Rev.)
abril de 1799- Apenas um deles sobreviveu a seus ferimentos.
* Frutidor - décimo segundo mês do calendário republicano francês, de 18 de agosto a 17 de
A guerra recomeçou na Alemanha e na Itália. Foi em toda parte setembro. (Rev.)
desastrosa para as tropas francesas. Na Alemanha, Jourdan foi ven- , j Floreai - oitavo mês do ano e segundo da primavera, no calendário da I República Francesa
eido em Stokach, a \l de março e suas tropas atravessaram o Reno. (20 de abril a 20 de maio).
Na Itália, Schérer, após ter sido vencido em Adige no dia 20 de *#Da cidade de Basiléia, Suíça, em alemão Basel. (Rev.)
março e a 5 de abril, seu sucessor Moreau não pôde defender a trin­ ***Região onde se reuniam adeptos de uma seita, de Valdo, no Alpes. Ainda falam francês nos
vales chamados “Valdenses”, no Piemonte. (Rev.)
cheira de Adda, forçada a 27 de abril; ele evacuou a República Cisai- *
pina e o Piemonte. O general MacDonald, que retomara o comando
do exército' de Nápoles depois da chamada de Championnet pelo
Diretório, fora forçado a recuar para o Norte. Ligúria unia-se às tro­
pas de Moreau no fim de junho. Nesta ocasião, as tropas francesas
apenas possuíam na Itália, Génova e o Litoral da Riviera, onde en­
frentavam as tropas austro-russas, comandadas pelo célebre General
Souvorov.
Na França, a maioria “jacobina” que se reformara nos “Conse­
lhos”, depois das eleições do ano VII, acusou o Diretório e seus
ministros de responsáveis pelos desastres militares. Era apoiada na
sua oposição pelos generais que o Diretório havia despojado ou des­
gostado, como por exemplo Championnet e pelos excluídos ou mal­
tratados “patriotas” das repúblicas irmãs, que depois da ocupação de
sua pátria pelas tropas da contra-revolução, se refugiaram na França.
No dia 5 de junho de 1799, o Conselho dos Quinhentos convidava o
Diretório a dar explicações sobre a sua política, e no dia seguinte
mostrava sua agressividade, anulando como inconstitucional a eleição
ao Diretório de Treilhard, que tivera lugar um ano antes. O Diretó­
rio somente respondeu a 18 de junhò (30 prairial) e de maneira
muito vaga. A oposição ao Diretório conduzida por Lucien Bonã-
parte, declarou este texto insuficiente e reclamou com violência a
demissão de La Révellière-Lépeaux e de Merlin de Douai, considera­
dos responsáveis pelo “Golpe de Estado”, de 22 floreai, ano VI. Os
dois membros do Diretório se aceitaram; este foi o golpe de Estado
— 100 — — 101
capítulo 9

O Mundo Francês
de 1792 a 1799
Na primavera de 1799, às vésperas do reinicio da guerra, a Re­
pública Francesa atingiu sua maior extensão. A França era a grande
Nação, admirada por uns, odiada por outros. A França, na sua expan­
são, algumas vezes anexou a seu território os países que conquistara,
outras os dotou de um estatuto provisório não fazendo pressuposi­
ções sobre seu futuro, outras ainda transformando-os em “repúblicas
irmãs”.

1) AS REGIÕES ANEXADAS A FRANÇA

Desde 1791, a França anexara um certo número de territórios


jj|com base no “direito dos povos de disporem de si mesmos” e em
virtude de votos populares. Foi a propósito da Córsega, depois dos
príncipes alemães “que tinham possessões” na Alsácia e no Comtat
I Venaissin que a assembléia constituinte proclamou o “direito dos
povos de disporem de si mesmos”, que viria a ser um dos princípios
fundamentais do direito público internacional moderno. Depois de
¥ longos debates, a anexação de Avignon e do Comtat Venaissin à
França foi votada a 13 de setembro de 1791- Estes territórios forma-
, ram o departamento de Vaucluse. Entretanto, a unidade territorial da
França ainda não era perfeita. Ao longo das fronteiras do Norte e do
Leste restavam ainda territórios estrangeiros, dentre os quais os mais
importantes eram o principado de Salm, a república de Mulhouse e o
i principado de Montbéliard. Esses territórios não podiam deixar de
'j impressionar negativamente o espírito racionalista dos revolucioná­
rios, que desejavam uma Nação “una e indivisível”. Aliás, em se-
tembro de 1792, as tropas francesas entraram na Sabóia, no condado
— 103 —
de Nice, na Bélgica, na Renânia, aclamadas pelos patriotas e, às ve­
breve ocupação de seus altos vales pelas tropas sardas durante o
zes, pela maior parte da população. Qual conduta se poderia ter com
verão de 1794, essas duas províncias seguiram até 1814 as vicissitu­
referência aos pedidos de anexações formulados nessas regiões, ora
des da França. Os territórios circunscritos foram anexados em 1793 e
pelas assembléias, mais ou menos representativas, ora por alguns
1794; o principado de Salm foi integrado aos departamentos de
grupos de patriotas?
A Convenção se mostrou hesitante e dividida. Meurthe e Vosges (2 de março de 1793) e o de Montbéliard foi
unido ao departamento de Doubs (11 de fevereiro de 1794). A “Re­
A 28 de setembro de 1792 iniciou-se o primeiro debate, en­ pública Rauraciana”, isto é, a região de Porrentruy, formou, a 23 de
quanto a assembléia tomou conhecimento da reivindicação que os março de 1793, depois do voto de seus representantes, um novo
habitantes de Sabóia faziam para sua união à França. departamento, o de “Mont-Terrible”, que devia ser unido ao do
Em apoio a essa petição, invocavam o direito dos povos de dispo­ Alto-Reno em 1800.
rem de si mesmos e o precedente de Avignon. Mas, muitos deputa­
As coisas não foram tão simples em relação à Bélgica. Aconse­
dos temiam aventurar a jovem República Francesa numa política de
lhado por patriotas “vonckistas”, Dumouriez imaginou criar na Bél­
conquista. A decisão foi adiada.
gica uma república independente. Mas, desde o começo de de­
O debate recomeçou um mês mais tarde. Na Sabóia, uma “As­
zembro, a maioria na Convenção havia se aliado ao sistema das “fron­
sembléia Nacional dos Allobroges”, eleita por um grande sufrágio e
representando bem a população, proclamara a 21 de outubro “o voto teiras naturais . No dia 15, a Convenção ordenou aos generais ocu­
geral da Nação Allobroge, livre e independente”, de ser reunida à pantes dos países conquistados que destruíssem por toda parte o
“Antigo Regime”, substituindo as administrações principescas por
Nação Francesa. Mas, no condado de Nice, o general d’Anselme,
administrações provisórias “das quais seriam excluídos os inimigos da
apoiado pelos “patriotas”, e sem esperar o voto do povo, introduziu
República e que façam eleger, em seguida, novas administrações, exi­
as instituições francesas. A opinião dos deputados evoluíra rapida­
gindo dos eleitos- que sejam fiéis à liberdade e à igualdade e renun­
mente. Desde antes da Revolução, sob a influência de César, que
ciem aos privilégios”. Na Bélgica, as novas assembléias comunais e
considerava a Gália tendo por limites naturais o Reno, os Alpes e os
provinciais foram eleitas de janeiro a março. Eram, em sua maioria,
Pirineus, certos políticos pretendiam dar como objetivo à política ex­
favoráveis à autonomia da Bélgica e Dumouriez, que tinha vaga espe­
terior da França, justamente o acesso à essas “fronteiras naturais”. O
rança de ser o chefe do Novo Estado, os encorajava a manifestar seus
alemão Cloots havia desenvolvido essas idéias, desde 1785, em sua
obra Voeux d’un Gallophile. Depois das grandes vitórias do outono de sentimentos. Mas a Convenção Girondina proclamava cada vez mais
1792, os Girondinos, que dominavam então a Convenção, adotaram claramente suas novas tendências anexionistas. Entretanto, diante das
hesitações belgas, não se ousou reunir nesse país uma Convenção
esse ponto de vista. Desta forma, a política das “fronteiras naturais”,
como na Sabóia. Danton foi enviado em missão à Bélgica, com ou­
que a Convenção iria adotar, não fosse herança de Richelieu, ter-se-ia
tros comissários, para obter das assembléias locais votos de reunião.
formado em consequência de um grande movimento revolucionário
A Convenção decretou a anexação das diversas partes do território
que transtornou toda a Europa Ocidental em fins do século XV III.
belga através de quinze decretos diferentes, expedidos entre l.° e 30
Desde o começo de novembro, os Girondinos pareciam conver­
de março de 1793. Mas, desde 18 de março, o exército de Dumou­
tidos à política das “fronteiras naturais”. Brissot escreve então ao ge­ riez foi derrotado e a Bélgica evacuada.
neral Dumouriez, comandante em chefe na Bélgica: “Eu vos direi
Os “montanheses” que ascendem ao poder em 2 de junho de
que uma idéia se espalha por aqui, que a República francesa não deve
1793, não partilham, em matéria de política estrangeira, as concep­
ter por limite senão o Reno”. ções dos Girondinos e são hostis ao sistema das fronteiras natu­
No dia 27 de novembro, a anexação da Sabóia era votada pela
rais. Logo após a vitória de Fleurus, a 26 de junho de 1794, as tropas
Convenção, por unanimidade, exceto dois votos. A do condado de
francesas voltam à Bélgica e consideram nulos os votos de anexação
Nice foi obtida um pouco mais dificilmente, mas a 31 de janeiro
finalmente votada. A primeira província formou o departamento de do ano precedente. A Bélgica é considerada um “país conquistado”
Mont-Blanc, e a segunda, a dos Alpes-Marítimos. O rei da Sardenha dotado de uma administração provisória e explorado ao máximo em
reconheceu oficialmente sua anexação pelos tratados concluídos com proveito da França e de seus exércitos, como se ela fósse, em breve,
abandonada.
o Diretório a 15 de maio de 1796 e a 5 de abril de 1797. Afora uma Entretanto, os deputados Girondinos, voltados para a Convenção
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ou seus substitutos, obtêm uma influência cada vez maior. Durante o pequena e a média burguesia. Todavia, um tato merece ser notado: o
ano de 1795, o destino da Bélgica é discutido na Assembléia. povo belga conservou-se calmo, em 1799, no momento em que a
Formaram-se três partidos: os dos pequenos limites, hostil à anexa­ coligação contra-revolucionária redobrou seus esforços contra a
ção, o qual pretendia que a Áustria não o aceitasse e, em consequên­ França.
cia, çetardasse a assinatura da paz; o partido de Carnot, que reco­ No tratado de Campo-Fórmio, a república de Veneza fora divi­
mendava somente a anexação de algumas cidades fortificadas, a fim dida entre a Áustria, a república Cisalpina e a França: esta havia ane­
de melhor defender o território francês; e o partido de Merlin de xado as ilhas Jónicas, Corfu, Cefalônia e Zante, habitadas por uma
Douai e da maioria do Comité de Salvação Pública que, invocando os população de maioria grega e de 'religião ortodoxa. Estas ilhas foram
votos de 1793, reclamava a anexação total. Ele insistia nas vantagens divididas em 3 departamentos que receberam o nome dê Corcira,
de ordem económica que isto traria para a França. Após longas dis­ Itaca e MarEgeu e em cantões e comunas. Mas a introdução de insti­
cussões, a Convenção votou, numa das suas últimas reuniões, a l.° de tuições francesas encontrou a resistência da população. As eleições
outubro de 1795, pela anexação da Bélgica. não puderam realizar-se, na maioria das vezes; os administradores e
Antes desse voto, desde 31 de agosto de 1795 a Bélgica havia os juízes deveriam ser nomeados pelo general representante do go­
sido dividida em 9 departamentos e estes em cantões e comunas. verno francês. Contribuições e requisições de guerra continuaram a
Depois da anexação, o comissário Bouteville-Dumetz foi enviado a ser rigorosamente aumentadas, embora as ilhas tivessem se tornado
Bruxelas com a missão de introduzir as leis francesas. Elas foram território francês. Uma insurreição geral eclodiu, quando, em ou­
promulgadas, sem disposições transitórias, de 22 de novembro de tubro de 1799, os navios russos e turcos surgiram diante do arquipé­
1795 a 20 de janeiro de 1797. ' lago.
Esta mudança brutal causou muitos descontentamentos, princi­ Ultimas anexações realizadas pelo Diretório: Mulhouse, a l.° de
palmente na. Igreja Católica, tradicionalmente poderosa na Bélgica. março de 1798 e Genebra, a 15 de abril seguinte. Mulhouse foi in-
Entretanto, a política de “reunião” praticada pelo Diretório, depois corporada ao departamento do Alto-Reno. Genebra se tornou a capi-
da descoberta da conjuração de Babeuf, abrandou a perseguição tal de um novo departamento alguns meses mais tarde, o de Léman,
anti-religiosa que fora violentíssima durante o verão de 1794. Con­ formado de uma parte do Departamento do Mont-Blanc e do territó­
tudo, os bens da Igreja e dos emigrados foram confiscados e vendi­ rio da velha república de Genebra. Mulhouse adotou facilmente as
dos como propriedades nacionais. instituições francesas, ao passo que Genebra lamentaria sua depen­
Depois do golpe de Estado de 18 frutidor, a perseguição aumen­ dência, com uma integração difícil na Grande Nação.
tou. O segundo Diretório ordenou a deportação coletiva de 8.200
padres belgas que se recusaram a prestar o novo juramento, imposto 2) AS COLÓNIAS
a todos os funcionários públicos. Na realidade, a maioria se escondeu
e cerca de 200 apenas foram enviados para a Guiana, onde muitos O destino das colónias francesas se tornou bastante precário du­
morreram; alguns padres foram condenados à morte e fuzilados. rante o período revolucionário. Em 1789, a França possuía três gru­
Uma parte da Igreja Belga tornou-se inimiga irredutível do Diretó­ pos de colónias. Na América Central, as Antilhas: São Domingos,
rio. muito mais rica e a maior de todas; a Martinica, Guadalupe, Tobago’
Entretanto, não foram os padres belgas que deram origem a uma Santa Lúcia e algumas ilhotas; na África possuía feitorias, das quais a
importante revolta camponesa, em 1798. Os camponeses de Flandres mais importante era São Luís do Senegal; no Oceano índico, o Ar­
e das Ardenas se revoltaram, como os da Vendéia em 1793, para quipélago de Mascarenhas: ilhas de França e Bourbon (reunidas em
escapar ao recrutamento militar instituído pela lei Jourdan-Delbrel. 1793) e as feitorias da índia. As discussões sobre a igualdade de
Os insurretos não podiam, então, contar com nenhum auxílio exte­ pessoas de cor, livres”, isto é, mulatos e escravos libertados, provo­
rior e, assim, foram rapidamente vencidos. Essa revolta foi prema­ caram, desde 1789, agitações violentas nas Antilhas. A primeira fase
tura, pois 6 meses mais tarde poderia ter sido perigosa. da luta entre partidários e adversários da igualdade terminou a 24 de
É difícil determinar, no estágio atual da pesquisa, se a venda dos setembro de 1791 por uma decisão ambígua da Constituinte: ela dei­
bens nacionais aumentou, na Bélgica, o número de proprietários e se xava livres as assembléias coloniais — compostas essencialmente de
a multiplicação dos empregos, devida às novas instituições satisfez a representantes de colonos brancos — para regulamentar a condição
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dos libertos e mulatos. As agitações redobraram nas colónias; os li­ e, tal como acontecera na Bélgica, fez votar anexação através de as-
bertos e logo os próprios escravos se revoltaram. Os plantadores sembléias parciais.. Uma “convenção renana”, eleita por uma dimi­
brancos ficaram aterrorizados e, não podendo esperar nenhum auxí­
nuta minoria da população, reuniu-se em Mayence e votou pela
lio da Metrópole, onde os democratas triunfavam, solicitaram ajuda à
anexação da margem esquerda do Reno à França, a 21 de março de
frota e às tropas britânicas, assim que a guerra franco-inglesa teve 1793. Mas, nesta altura, a região já era percorrida pelos andarilhos
início. No fim de 1793, os soldados ingleses desembarcaram em São austríacos e Mayence capitulava a 23 de julho. Os Montanheses, que
Domingos e em Tobago, em março de 1794, a frota de Jervis con­ tinham subido ao poder em 2 de junho, não pensaram mais na anexa­
quista a Martinica e Guadalupe. Mas os comissários da Convenção ção; era preciso primeiramente reconquistar a margem esquerda. Isto
organizam a resistência. Em São Domingos, Victor Hugues procla­ se deu durante o verão de 1794, mas não completamente. Mayence
mou a abolição da escravatura, que foi sancionada pela Convenção á ficou em mãos dos austríacos: através desta cabeça-de-ponte, eles
4 de fevereiro de 1794; Guadalupe jogou os ingleses no mar e, em
poderiam sempre enviar tropas sobre as retaguardas dós exércitos
São Domingos, foram confinados em alguns portos. Os escravos li­
franceses e, portanto, ameaçar o domínio da França, na Renânia, o
bertados foram conduzidos por um deles, Toussaint-Louverture e, que não deixaram de fazer em muitas ocasiões.
assim, ao contrário do que se esperava, puderam se reabastecer fa­
A Convenção discutiu, entretanto, o destino da Renânia, ao
cilmente de víveres e munições na parte espanhola da ilha: esta foi
mesmo tempo que o da Bélgica em setembro de 1795: a anexação foi
cedida pela Espanha à França1pelo tratado de Bàsiléia, a 22 de julho
adiada. No Diretório, Reubell mostrou-se um fervoroso partidário da
de 1795. Todavia, durante o Diretório, a autoridade da França conti­
anexação. Ele julgava sem importância o problema linguístico e insis­
nuou indefinida em relação à parte francesa da ilha e a posse da parte
tia no valor económico da região, rica em matérias-primas (lã, ferro e
espanhola permaneceu teórica. Em 1799, Toussaint-Louverture pra- carvão), manufaturas (fundições, indústrias têxteis), bens nacionais;
ticamente dominava a antiga colónia francesa. Guadalupe e Santa via de comunicação (o Reno). No verão de 1795, o Jorn al de Paris
Lúcia estavam, por sua vez, submetidas ao governo francês, enquanto colocou em votaçao a seguinte pergunta:“Seria do interesse da Repú­
a Martinica e Tobago estavam ainda sob o domínio inglês. blica Francesa recuar seus limites até o Reno?” Houve cinquenta e
No Senegal, a revolução quase não teve repercussão. Nas Masca-
seis respostas, na sua maioria afirmativas, mas apenas duas foram re­
renhas e em Pondichéry, a população branca e mestiça se dividiu em
partidários e adversários da revolução. Os “Jacobinos” formaram clu­ digidas por Renanos. Os partidários da anexação faziam prevalecer
argumentos de prestígio e de poder, em detrimento da vontade da
bes e tomaram o poder em 1793, mas não conseguiram ficar até a
população. A maioria do Diretório teria desejado que no tratado de
supressão da escravatura. Desse modo, em 1799, a maioria das coló­ paz assinado com a Áustria figurasse a concessão da margem es­
nias possuídas pela França dez anos antes permaneciá fiel à Metró­
querda do Reno à França; vimos que Bonaparte não fez desta cláu­
pole, ou, pelo menos, vinculada ao espírito da Revolução de uma
sula a condição da assinatura do tratado de Campo-Fórmio. O pro­
maneira mais ou menos forte. Elas eram consideradas pela Constitui­
blema deveria ser debatido no Congresso de Rastadt. Entretanto,
ção do ano III como departamentos franceses. Mayence foi evacuada pelas tropas austríacas e devolvida à França em
troca de Veneza, em dezembro de 1797.
3) AS REGIÕES CONQUISTADAS
As preliminares de Leoben garantiram “a integridade do Santo-
E NÃO ANEXADAS À FRANÇA
Império : os patriotas renanos, até então partidários da anexação à
França, pensaram que, se aprovassem esta cláusula, o Diretório re­
Em 1799, outras regiões, na Europa e na África, eram ocupadas
pelas tropas francesas sem que seus destinos fossem decididos. Era o nunciaria à fronteira do Reno. Queriam a todo custo salvaguardar as
caso da Renânia, de Malta e do Egito. Os franceses penetraram na novas instituições: propuseram, então, instituir, à semelhança da R e­
Renânia, assim como na Bélgica, no outono de 1792: fora procla­ pública Cisalpina, uma república Cisrenana e obtiveram a aprovação
mada a abolição do Antigo Regime o que, na maior parte do tempo, do general Hoche. Criaram-se secretarias durante o verão de 1797
limitava-se a discursos e palavras. Os patriotas agrupavam-se em clu­ em várias cidades renanas, a fim de preparar esta república, mas o
bes, entre os quais o de Mayence era sobretudo importante e ativo. General Hoche morreu subitamente a 19 de setembro do mesmo
Em março de 1792, o ministério girondino decidiu anexar a Renânia ano. O Diretório, renovado após o golpe de Estado de 18 frutidor (4
de setembro), retomara a política das fronteiras naturais. A cláusula
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ça continuou distribuída segundo as antigas formas. Bonaparte
de Leoben relativa aos limites do Santo-Império, contida no tratado obstinou-se em fazer respeitar a liberdade de todos os cultos, sendo
de Campo-Fórmio, não foi observada; a Áustria renunciou à margem que ele próprio manifestou publicamente sua simpatia pelo Islão' os
esquerda do Reno sem a garantia de uma ratificação pelo Congresso primeiros hospitais foram criados pelo exército francês, sendo que o
de Rastadt. O projeto da república Cisrenana foi, então, abandonado. estudo das moléstias tropicais foi sistematicamente empreendido.
O Diretório enviou à Renânia, em novembro de 1797, um co­ Quais sériam as intenções insondáveis de Bonaparte e do Diretório
missário civil chamado Rudler, encarregado de preparar a anexação à em relação ao Egito? Sem dúvida pretendiam, na melhor das hipóte­
França. Este dividiu o território em quatro departamentos, estabele­ ses, fazer dele uma colónia, destinada a substituir São Domingos.
ceu tribunais análogos aos que funcionavam na França e aboliu inte­
gralmente, sem nenhum resgate, os dízimos e o regime feudal parti­ 4) AS “REPÚBLICAS IRMÃS”
cularmente pesados na Renânia, e que apesar de algumas medidas
parciais, subsistiram em seu conjunto. Somente as rendas das pro­ A criação de repúblicas livres e independentes se vinculava à
priedades .territoriais eram resgatáveis, mas ainda sob a condição de concepção de uma grande revolução que teria liberado, ao mesmo
que elas nunca fossem misturadas a direitos feudais no ato constitu­ tempo, todos os povos. Esta revolução, começada na Europa por
tivo Desta maneira, a abolição do regime feudal foi mais completa e volta de 1770, atingiu sua total maturidade somente na França: os
mais radical na Renânia do que na França. Talvez seja esta a razão revolucionários das regiões onde a revolução havia fracassado, foram
pela qual esta região permaneceu, de um modo geral, calma, desde a obrigados a pedir a ajuda da França para atingir seus objetivos, e
grande ofensiva contra-revolucionária de 1799- Entretanto, nesta depois a proteção da França para manter o novo regime em suas
época, a Renânia oficialmente não fazia ainda parte do território pátrias. As repúblicas criadas por estes “patriotas” não foram pois,
francês. nem plenas, nem totalmente independentes. A revolução, ajudada
A situação da Ilha de Malta era semelhante. O arquipélago Mal­ pelos exércitos franceses, não foi somente libertadora, mas teve ten­
tês, ocupado por Bonaparte a 12 de junho de 1798, teve proclamada dências imperialistas. As novas repúblicas foram, portanto, “repúbli­
sua anexação à França; mas, tratava-se de um ato unilateral que não cas irmãs”, mais ou menos protegidas pela'“Grande Nação”, a Repú­
foi submetido nem à ratificação dos Conselhos Legislativos, nem à blica Francesa.
ratificação do povo francês. Sem estar organizado em departamentos, Afora a “República Rauraciana”, primeira das repúblicas irmãs,
o arquipélago Maltês foi, entretanto, dividido em cantões, sendo cada fundada em 1792, mas anexada à França desde 23 de março de 1793,
um encabeçado por uma municipalidade. Uma comissão de nove houve seis repúblicas irmãs: a República Batava, reconhecida pela
membros administrava a ilha, mas, muito rapidamente seus poderes França no tratado de Haya, a 16 de maio de 1795; a República Cisal­
foram restritos à cidade de La Valette, porque uma insurreição cam­ pina, reconhecida pela Áustria no tratado de Campo-Fórmio, a 18 de
ponesa, provocada pela política religiosa, pelas requisições e outubro de 1*797; a República Lígure, antiga República de Génova
contribuições, finalmente a notícia do desastre de Abuquir, revolta­ democratizada a 6 de junho de 1797; a República Romana, pro­
ram a maioria da população contra a França (2 de setembro de 1798). clamada a 15 de fevereiro de 1798; a República Helvética, organi­
No Egito, os franceses procuram antes liberar o povo do regime zada em abril de 1798; a República Partenopiana, criada a 26 de
quase feudal sob o qual vivia, do que transformar de maneira racional janeiro de 1799- Os Piemonteses pretendiam fundar uma república
a administração do país: Bonaparte colpcou à testa de cada uma das após à partida do rei da Sardenha, em dezembro de 1798 e os tosca-
antigas províncias um “aga”, ou chefe de polícia e um intendente nos pensaram nisto também, assim que seu grão-duque os abando­
encarregado dos serviços financeiros. Ambos eram assessorados por nou, em março de 1799; mas, o Diretório decidiu fazer com que os
um conselho ou “divã geral” composto de trinta notáveis egípcios, Piemonteses votassem pela anexação à França, a qual foi conseguida
que, na realidade, exerciam apenas um papel consultivo. Isto não após um contestado referendo, a 16 de fevereiro de 1799 e a Tos-
era nada menos do que uma renovação importante que trazia um cana foi evacuada pelos franceses, depois das derrotas sofridas na
reflexo das “luzes” e da legislação revolucionária aos países do Planície do Pó, desde o mês de abril de 1799.
Oriente. Todavia, os antigos impostos subsistiram e foram aumenta­ O primeiro ato destas novas repúblicas foi a redação de uma
dos pelas novas administrações. No domínio judiciário criaram-se constituição. As constituições das repúblicas irmãs foram de maneira
dois únicos tribunais modernos de comércio; quanto ao resto, a justi­
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geral inspiradas pela Constituição do ano III. Isto não seria motivo Ochs, mas os membros do Diretório Francês, Reubell e Merlin de
de espanto; os patriotas que fundaram estas repúblicas admiravam a Do uai a modificaram. Ela foi submetida ao referendo. Os cantões a
Revolução Francesa. Esta havia substituído a. primeira Constituição aceitaram, sucessivamente, alguns com muita dificuldade e após uma
do ano I, considerada inaplicável, pela do ano III, menos democrá­ verdadeira luta armada como aconteceu, por exemplo, nos quatro
tica. Entretanto, os patriotas holandeses, italianos e suíços inseriram cantões “primitivos” e no de Vaiais.
às vezes nas novas constituições, artigos inspirados na Constituição Todas estas constituições criam Estados unitários e centralizados
Francesa de 1793 e muitas vezes inseriram disposições cõncebidas a proclamam a liberdade e a igualdade dos direitos, abolindo o regime'
fim de satisfazer as aspirações locais. Com efeito, na Holanda, Suíça e senhorial e em condições variáveis, conforme as regiões, também os
principalmente na Itália durante a segunda metade do século X V III, direitos senhoriais. Suprimem a nobreza e os privilégios do clero,
houve, um grande movimento de reflexão e de estudos relativo ao at>° **do fre(Hentemente as corporações, as “jurandes”* e as “maítri-
direito público e às constituições. Não nos esqueçamos de que a ses . Entretanto, essas constituições se distinguem da Constituição
Toscana esteve a ponto de ser dotada com o primeiro texto constitu­ Francesa do ano III em vários pontos. Com frequência, o sufrágio é
cional moderno, redigido pelo grão-duque Pedro Leopoldo, sbb a universal (repúblicas Batava, Helvética e Cisalpina). As relações
inspiração de um grupo de juristas e filósofos: Gianni, Paolini, To- entre a religião e o Estado, tão profundamente perturbadas na Fran­
lomei. Somente o veto imprevisto da corte de Viena impediu a ça, foram objeto de exames meticulosos e o catolicismo foi reconhe­
promulgação, em 1787, desta constituição. Não se pode, então, con­ cido como religião do Estado pela República de Lígure. Geralmente,
siderar as instituições novas como cópias servis da Constituição do estas constituições, mais que a da França, assimilaram a noção de
ano III; elas representam um grande movimento original de idéias e direitos sociais da Constituição de 1793- A constituição batava pro­
são, em parte, o produto de circunstâncias locais. clama que as leis devem melhorar a saúde pública e que o Estado
Aliás, algumas foram submetidas ao referendo popular, como foi deve proporcionar trabalho à indústria e subsistência à indigência”.
o caso da constituição batava. A 8 de agosto de 1797, um primeiro ^ constituição Lígure afirma que a sociedade deve proporcionar aos
projeto foi repelido por uma coligação da direita e da esquerda, indigentes meios para subsistir e educação a todos os cidadãos” A
sendo considerado muito revolucionário por uns e muito moderado constituição napolitana declara que o cidadão tem o dever de ajudar a
por outros: pela segunda vez no mundo, uma constituição era rejei­ seu semelhante, alimentar os indigentes, esclarecer e instruir os que
tada pelo povo. O primeiro caso se deu em Massachussetts, em 1778. o cercam. A ação do poder central em relação às administrações pro­
Redigiu-se um segundo p ro jeto , que se aproximava mais da vinciais está mais organizada na Helvécia e na República Romana do
Constituição Francesa do ano III do que o primeiro projeto e que na França: prefeitos nomeados dirigem a administração de cada
adotou-se o referendo de 23 de abril de 1798, por 153-913 sufrágios departamento. Previu-se, na república napolitana, uma espécie de
contra 11.597. Na Itália, a constituição da República Cisalpina foi corte constitucional; a assembléia dos “éforos”, que no decorrer de
redigida por um comité de juristas e políticos italianos, mas serviu-se uma sessão de quinze dias por ano deveria examinar se, durante o
de numerosos artigos das constituições das efémeras repúblicas Bo­ ano precedente, a Constituição fora convenientemente observada. A
lonhesa e Cispadana, que a precederam e que foram longamente dis­ Constituição Francesa do ano VIII se inspirava nestas instituições.
cutidas por assembléias populares bem representativas. A Constitui­ Embora os patriotas fossem uma minoria em todas estas repúbli­
ção Lígure, redigida por uma comissão legislativa, foi aprovada pelo cas, as novas instituições talvez tivessem funcionado normalmente, se
referendo de 2 de dezembro de 1797, por 100.000 sufrágios contra o governo francês não estivesse sempre envolvido com seus comissá­
17.000. A constituição napolitana foi também a obra dos patriotas rios, seus generais e seus em embaixadores da política local. O Dire­
locais. Em compensação, a constituição da república romana foi esta­ tório realmente receava que os patriotas extremistas tomassem o po­
belecida por comissários franceses. Ela reproduziu, às vezes literal­ der. Supunha, não sem razão, que os patriotas tivessem mantido liga­
mente a Constituição Francesa do ano III. Entretanto, as novas ções com os adeptos de Babeuf, principalmente com Buonarroti;
instituições serviram-se de termos da antiguidade romana: cônsules, qualificava-os de “anarquistas” e se esforçava por anular sua influên­
em lugar de “Directeurs” (membros do Diretório), pretores em lugar cia. Por outro lado, era igualmente hostil aos moderados, aos quais
de juízes, etc. acusava de querer restabelecer os Antigos Regimes. Também o D ire­
A constituição helvética foi obra do patriota da Basiléia, Pierre tório Francês foi levado a manter no poder, através de uma série de
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golpes de Estado, homens com os quais acreditava poder contar, mas
que, freqiientemente, eram apenas fantoches.
Em 1796-1797, assim que se formaram as Repúblicas Batava e
Cisalpina, os moderados que dominavam a política francesa após a
descoberta da conspiração de Babeuf, favoreceram a ascensão de
homens de opiniões marcantes, nas repúblicas irmãs. Mas os demo­
cratas, restabelecidos no poder, na França, através do golpe de Es­
tado de 18 frutidor do ano V (4 de setembro de 1797) pensaram que
seria preciso também “democratizar” as repúblicas irmãs. Na Repú­
blica Batava, o general Joubert, ajudante do general Daendels, man­ capítulo 10
dou deter os deputados “federalistas” (22 de janeiro de 1798). Na
República Cisalpina é o general Brune que, de acordo com as suges­
tões dos patriotas; força três membros do Diretório a se demitirem Os Países Independentes
(13 de abril de 1798). Na República Helvética, Rapinat, o comissário
civil junto ao exército helvético, intima dois membros do Diretório a de 1792 a 1799
se demitir e possibilita a ascensão do “Jacobino” Pierre Ochs.
Após o “golpe de Estado” de 22 floreai (11 de maio), o Diretó­ 1) A EUROPA
rio Francês quis se desvencilhar dos Jacobinos locais nas repúblicas
irmãs; daí uma nova série de golpes de Estado. A 12 de junho, na Entre 1789 e 1799, de todos os países independentes da Europa
República Batava, é ainda o General Joubert que, seguindo ordens apenas os Estados Escandinavos não entraram em luta contra a
de Paris e sempre auxiliado pelo Diretório, consegue a demissão de França. Assim sendo, a Europa independente é a Europa contra revo­
dois outros; os deputados jacobinos são igualmente detidos e as mu­ lucionária. Os governos dos países hostis à França mostraram-se tanto
nicipalidades de Amsterdã e Roterdã são destituídas. Na Cisalpina, a mais violentos contra ela quanto mais ativa foi a agitação revolucioná­
30 de agosto e a 10 de dezembro de 1798, os “Jacobinos”, que ti­ ria sobre seu território e quanto mais eles receavam uma revolução
nham obtido o poder alguns meses antes, são eliminados e uma nova no interior dè suas fronteiras. Também a Grã-Bretanha foi o objeto
constituição, menos democrática que a precedente pois suprimia o principal da coligação contra-revolucionária.
sufrágio universal, começa a vigorar por instâncias de Trouvé, mi­
nistro da França em Milão. a) GRÃ-BRETANHA
Os reveses militares franceses da primavera de 1799 produziram
um golpe bastante grave para as repúblicas irmãs. As repúblicas napo­ Na Grã-Bretanha, após a ativa agitação revolucionária de 1791 e
litanas ç rom anas foram vítim as de in su rre iç õ e s co n tra- 1792, as Reflexões sobre a Revolução na França, de Burke, alcançaram
revolucionárias, desde a partida das tropas francesas. Mas as Repú­ um prodigioso sucesso. A burguesia, cuja maioria estava satisfeita
blicas Batava, Helvética e Lígure subsistiram, embora tivessem se com o regime político e que permitia aos mais ricos ascender ao go­
tornado teatro de operações militares; nestes três Estados a tradição verno, considerou-se ameaçada quanto aos seus interesses, assim que
republicana era antiga; estas repúblicas correspondiam realmente aos a França ocupou a Bélgica nos fins de 1792 e reabriu o porto de
Escaut ao comércio marítimo. Ela aceitou facilmente a guerra contra
votos dos patriotas locais.
a França e a guerra permitiu ao ministério, dirigido por Pitt, acentuar
as medidas contra-revolucionárias; os clubes foram fechados, os agi­
NOTAS: tadores e escritores favoráveis à revolução foram perseguidos e con­
* Cargo de jurado, nas corporações do Antigo Regime (Rev.) denados por júris habilmente compostos. A 16 de maio de 1794, Pitt
**Qualidades de mestre nas antigas corporações de ohcios. (Rev.) conseguiu a suspensão do habeas corpus. De agora em diante, os sus­
peitos seriam presos arbitrariamente e embarcados em navios reais
como marujos.
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Entretanto, a agitação revolucionária se mantém entre as classes agosto de 1798, quando uma pequena esquadra francesa desembar­
populares, tanto mais que, em 1795, as vitórias francesas causaram cou um regimento de infantaria e artilharia na baía de Killala a oeste
um sério golpe ao comércio britânico, na ocasião em que as colheitas da Irlanda, já era muito tarde; o general Humbert só pôde conseguir
eram deficitárias; multiplicaram-se os motins em Londres, Birming- a adesão de alguns camponeses. Todavia, ele se aventurou até a uma
ham e Dundee. A 27 de outubro de 1795, ocasião em que o Parla­ centena de quilómetros de Dublin, mas acabou sendo capturado, jun­
mento se reunia, o rei e Pitt ftTram bastante menosprezados durante a tamente com seus homens, pelas forças britânicas, a 8 de setembro.
realização de um “meeting”. Acentuou-se a reação: proibiram-se as Wolfe Tone aprisionado num navio de guerra francês, suicidou-se em
reuniões de mais de cinquenta pessoas, sem a presença de um magis­ seu cárcere. De agora em diante, a Irlanda, tratada completamente
trado. Perseguiram-se as publicações “rebeldes”. Ao mesmo tempo, como país conquistado, ficaria “indissoluvelmente” ligada à Inglaterra
tomaram-se medidas para lutar contra a carestia do pão. Em 1796, pelo Ato de U nião, em 1800. Ela perdia seu Parlamento particular e
atenuou-se a crise económica e na Inglaterra propriamente dita a os católicos irlandeses foram espoliados dos poucos direitos que pos­
agitação diminuiu. Mas ela continuou secretamente entre os mari­ suíam.
nheiros da frota e na Irlanda. Lutando contra a Revolução, o governo britânico combatia, por­
A 15 de abril de 1797, a frota da Mancha se amotinava e a l i de tanto, não apenas a França, mas também tinha intenção de manter a
maio foi seguida pela frota do Mar do Norte. Nesta esquadra, um preponderância das classes abastadas no inferior do reino; sem dú­
marujo chamado Richard Parker proclamava a “república flutuante”. vida alguma, a derrota foi seguida por uma violenta revolução na
As negociações entabuladas entre o almitantado e os amotinados le­ Inglaterra e pela separação da Irlanda. Em 1796 e 1797, a situação
varam a esquadra da Mancha a se submeter, sendo que a do Mar do interior pareceu tão difícil ao governo britânico que ele tentou nego­
Norte deveria imitá-la. Parker foi condenado à morte e enforcado. ciar um tratado. Em outubro de 1796, empreendeu-se uma primeira
Se o governo francês tivesse se aproveitado desse motim, poderia, negociação, por intermédio do Lord Malmesbury, enviado a Paris.
sem dúvida, realizar neste momento o desembarque na Inglaterra. Mas, ela fracassou, em consequência das exigências britânicas: a In-
Parece que os motins tinham sobretudo ligações com os revolucioná­ glaterra.quería reconhecer para a França apenas seus limites de 1792,
rios irlandeses, especialmente os Irlandeses Unidos, embora tivessem além de Nice e da Sabóia; ela exigia as colónias do Cabo e do Ceilão,
vinculações com os Jacobinos franceses. tomadas da República Batava'(20 de dezembro). A agitação irlandesa
Para apaziguar a agitação irlandesa, em janeiro de 1793, Pitt con­ e o motim da frota e na França a eleição do “novo Terceiro Estado”,
cedeu o direito de voto aos católicos, mas isto não foi suficiente. Os favorável à paz, impeliram o governo britânico a retomar as negocia­
católicos reivindicaram igualdade completa em relação aos protestan­ ções. Estas se realizaram, desta vez em Lille, sempre por intermédio
tes. Os membros “whigs” do ministério se mostravam dispostos a de Malmesbury, a partir de 7 de julho de 1797. A partir de então, a
ceder, mas o rei se opôs a isto, sendo acompanhado por Pitt. Na Inglaterra não teria mais interesse pelas fronteiras continentais da
Irlanda, a agitação cresceu. Em Ulster, ela se transformou em guerra Françá, mas continuaria exigindo o Ceilão e o Cabo. Talvez as
civil entre católicos e protestantes. Os Irlandeses Unidos, dirigidos negociações pudessem terminar sem o golpe de Estado de 18 fruti-
por Wolfe Tone, solicitaram auxílio dos Estados Unidos e da França. dor (4 de setembro). Este consolidou os revolucionários no poder:
Esta preparou-se para invadir a Irlanda. A tentativa se deu em fins de eles recusaram à Inglaterra qualquer concessão colonial. As confe­
dezembro de 1796, sob o comando de Hoche, mas devido a mano­ rências foram interrompidas a 19 de setembro.
bras frustradas a frota francesa dividiu-se em dois grupos, desde a saí­ Quatro anos mais tarde, a repressão sangrenta da revolta irlan­
da de Brest. Somente alguns navios atingiram a Irlanda e, desse mo­ desa fez desaparecer o perigo mais grave para o governo britânico.
do, não se pôde ultimar o desembarque. A agitação revolucionária, na Este continuou então a guerra, e foi bem sucedido ao estabelecer a
ilha, persistiu também, encorajada pela sublevação da frota, na pri­ segunda coligação, desde o inverno de 1798 a 1799.
mavera de 1797. A revolta eclodiu alguns meses depois, no início de
1798, no momento em que a França não estava pronta a lhe dar uma b) AS ALEMANHAS
ajuda imediata. Foi uma ampla insurreição camponesa, semelhante à
da Vendéia na França. Sofreu atroz repressão pelo exército britânico, Na Alemanha, os intelectuais, as lojas maçónicas e, em determi­
tendo havido, segundo parece, mais de 30.000 vítimas. A 22 de nados casos, a burguesia e a classe camponesa mostraram-se favorá­
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veis à Revolução. Estas tendências puderam se manitestar com oas-
tante liberdade, sob o governo dos “déspotas esclarecidos , Jose 11 e : inia e em 1793 e 1795 também ocupou-se mais das divisões desse
Leopoldo II. Mas Francisco II, desde seu advento, em 1792, e tam­ p;m. do que na luta contra a Revolução. Sendo um dos primeiros
bém por sua atitude intransigente, levava a França a lhe declarar a entrr os coligados, concluiu a paz com a França em 6 de abril de
guerra e empreendia, no interior do Império, a luta contra todas as -ê ° verno francês, voltando à tradição diplomática do século
manifestações de simpatia em relação à Revolução. Naturalmente, II, não perdeu jamais a esperança de renovar com a Prússia uma
teve mais liberdade para agir no interior dos Estados Hereditários auança contra a Áustria. Mas, a Prússia pretendia, cada vez mais,
do que no resto do Império e, em 1794, quando as conspirações de exercer o papel de protetora dos pequenos Estados da Alemanha do
“Jacobinos” austríacos e húngaros foram descobertas e seus principais Norte: fo; com a finalidade de salvaguardá-los' que ela, em 17 de
incentivadores condenados à morte e executados. A partir de então, maio de 1795, mandou traçar a “linha de demarcação” que garantia
os partidários das “luzes” foram rapidamente desvinculados das fun­ sua neutralidade. Causava-lhe aversão abandonar esta política. Por­
ções públicas e a reação triunfou. Aliás, desde a época de Leopoldo, a tanto, de 1795 a 1799, a Prússia resistiu às propostas de aliança que
Wiener Zeitung empreendera uma campanha contra os liberais. Em ihe foram feitas, tanto pela França quanto pela Inglaterra ou pela
fevereiro de 1793, Francisco II propôs à dieta germânica que interdi-, Rússia. Em junho de 1798, Sieyès foi nomeado embaixador em Ber­
tasse a propaganda revolucionária; a 14 de julho, a dieta chegou até a lim, encarregado da missão de obter a qualquer preço a aliança prus-
dissolução das associações estudantis. A polícia se tornou mais pode­ siana. Mas Frederico-Guilherme III, rei desde novembro de 1797,
rosa, abriu as cartas, fez visitas domiciliares, controlou rigorosamente era mais hostil à revolução do que seu predecessor, mas tinha aversão
a imprensa, o comércio de livros e interditou as obras de Kant. por Sieyès, religioso que renunciou ao estado eclesiástico; recusou
Entretanto, em Viena, persistiu a oposição liberal. Em 1796, ela qualquer compromisso e orientou mesmo, cada vez mais, a política
procurou, através de intrigas na corte, provocar a queda .de Thugut, prussiana num sentido contra-revolucionário, romântico e místico.
Ministro dos Negócios Estrangeiros e facilitou as tentativas de
negociações de paz com a França. Mas as vitórias alcançadas contra o c) A RÚSSIA
exército francês em Suábia, pelo arquiduque Carlos, acabaram com
esta atividade. Alguns meses depois, quando Bonaparte marchou Catarina II, após ter adquirido a reputação de ser a déspota mais
sobre Viena através dos Alpes, os liberais forçaram Thugut a assinar esclarecida da Europa, manifestara, desde o início da Revolução a
as preliminares de Leoben. Entretanto, á propaganda ctíntra- mais viva hostilidade em relação aos “Jacobinos”. Mandara chamar de
revolucionária era bem sucedida. Foi em consequência de sua ação volta os russos que se encontravam na Franca, como por exemplo o
que, a 15 de abril de 1798, a plebe se manifestava contra Bernadotte, jovem príncipe Stroganov, que percorria os países e assistia às ses­
embaixador da França. Em 1799, na Áustria, o estado de espírito era sões dos clubes, acompanhado de seu preceptor, Gilbert Romme.
mais hostil que nunca para a Revolução. Logo ela achou que seria indispensável uma intervenção armada
Acontecia a mesma coisa nos pequenos e médios Estados da contra a França, e a fim de se preparar para isto Catarina II pôs fim à
Alemanha. Na Baviera, em 1794, o governo organizou um verda­ guerra que fazia contra a Turquia, de comum acordo com a Áustria,
deiro Terror branco e submeteu a julgamento um certo número de desde 1787. Em 1792 ela instigou os austríacos e prussianos contra a
“Jacobinos” acusados de traição. Entre os intelectuais liberais da França, rompeu com este país e depositou subsídios na Áustria. Mas,
Alemanha, uns se refugiaram na França, como por exemplo, Reb- em vez de intervir diretamente, declarou que queria arrasar o “Mo­
mann; outros se calaram, como Goethe e Schiller, e, finalmente, ou­ vimento jacobino de Varsóvia, prenunciando, desse modo as segun­
tros, depois de abandonarem suas idéias de 1790, reuniram os adver­ das e terceiras divisões da Polónia. No interior da Rússia, Catarina
sários da revolução, entre os quais se distinguia Gentz. mandava fechar as lojas maçónicas e exilava na Sibéria o poeta Radit-
Na Prússia, o governo e a administração continuavam a ser con­ chev, que manifestara simpatias pela Revolução, lia o Père Duchêne,
siderados, desde Frederico II, “esclarecidos e adiantados em relação de H ébert e preconizava, em sua Voyage Sentimental de Saint-
à França. Por conseguinte, não parecia necessária uma revolução. Foi Pétersbourg a Moscou, a abolição da escravatura na Rússia. Novikov,
contra a sua vontade que a Prússia entrou na guerra, em abril de antigo secretário da “comissão legislativa” de 1767, foi igualmentè
1792; seu governo estava bem mais interessado nos negócios da Po- condenado a quinze anos de prisão em 1792, por haver criticado a
tsarina.
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Com a notícia dos tratados de Basiléia, Catarina manifestou a formar, com a Dinamarca, uma liga dos neutros que impediria
mais viva indignação e concentrou tropas nas fronteiras ocidentais de qualquer hostilidade no Báltico. A Dinamarca foi mais receptiva do
seus Estados. Mas tudo se limitou a novas ameaças. Catarina que a Suécia quanto à propaganda revolucionária. Em Copenhague,
recusou-se a dar a Pitt cinquenta mil homens, apesar do subsídio abriu-se um clube, fundado pelo norueguês Steffens. O ministro
enorme que ele oferecia, de um milhão de libras esterlinas por ano. Bernstorff seguiu a política “esclarecida”. Ele foi o mais caloroso de­
Apenas alguns navios russos se uniram à frota de vigilância britânica fensor da neutralidade dos Estados Escandinavos e chegou mesmo a
na Mancha e no Mar do Norte. Catarina II morreu alguns meses mais interferir, em 1797, para facilitar as negociações de pãz entre a
tarde, a 7 de novembro de 1796. França e a Inglaterra. No geral, as potências escandinavas foram
Seu filho e sucessor Paulo I era um homem impulsivo, bua polí­ pouco atingidas pela sucessão de idéias vindas da França, contudo,
tica foi singularmente mais ativa e mais cheia deLontradições. Ele se sob a influência daí “luzes”, elas se transformaram profundamente
voltou para as pretensões mediterrâneas de sua mãe. Logo que Bo- sob o ponto de vista social. Os camponeses tornaram-se proprietários
naparte aprisionou, em Malta, os cavaleiros de São João de Jerusa­ em número cada vez maior e os judeus adquiriram, pouco a pouco, a
lém, Paulo II se elegeu grão-mestre desta ordem, embora fosse orto­ igualdade.
doxo, e, desde então, pensou apoderar-se da ilha chave do Mediter­
râneo ( í 798). Quando, alguns meses mais tarde, a'Turquia declarou e) A ESPANHA
guerra ao Diretório, agressor do Egito, Paulo II, rompendo com as
antigas tradições russas, se aliou ao sultão. As esquadras russas apare­ Antes de 1770, a Inquisição era ainda poderosa na Espanha. Não
ceram no Mediterrâneo e vieram atacar os franceses instalados em hesitou em condenar à reclusão Olavide, um dos mais “esclarecidos”
Malta e nas ilhas Jónicas. homens do pais. Sem dúvida, livros e jornais estrangeiros podiam
Paulo I, ao contrário de Catarina, não somente aderiu a 29 de chegar, em pequena quantidade, a alguns adeptos das “luzes”, mas a
dezembro de 1798 à segunda coligação, mas prometeu a ajuda efe­ liberdade de ação destes era muito limitada. Desde 1789, os espa­
tiva de seus soldados. Em 1799, desembarcou na Itália Meridional nhóis que viviam na França tiveram que voltar à Espanha, os france­
um contingente de tropas para ajudar o rei de Nápoles, enquanto o ses que viviam na Espanha foram expulsos e a vigilância das frontei­
exército de Souvorov conquistava rapidamente a Itália do Norte: ras se tornou mais rigorosa. Os padres franceses que, em número de
estas vitórias consolidavam as ambições mediterrâneas da Rússia. Do seis a sete mil, atravessaram os Pirineus a partir de 1791, foram sub­
mesmo modo, a Áustria, preocupada, solicitava e obtinha a transfe­ metidos a condições de permanência muito severas. Houve, entre­
rência das tropas de Souvorov na Suíça, e, na Itália, sua substituição tanto, tentativas de propaganda revolucionária na Espanha. Circulou
por um exército austríaco; manobra que seria a origem da derrota da um comunicado: A Nação Espanhola, impresso em Bayonne e foram
coligação. Um outro contingente de tropas russas foi desembarcado distribuídas cópias da Declaração dos Direitos do Homem. Essas ten­
na Holanda, porém foi reenviado ao mar por Brune, em setembro de tativas não causaram nenhuma agitação, comparável aos movimentos
observados na Itália, na mesma época. A Espanha entrou em guerra
1799. contra a França, em 1793. Dois anos mais tarde, as tropas francesas
d) OS PAÍSES ESCANDINAVOS penetraram na França pelas duas extremidades dos Pirineus, mas nem
na Catalunha, nem em Navarra, puderam provocar um movimento
Ao norte das Alemanhas e da Rússia, se situavam os países es­ revolucionário de alguma importância; ao contrário, o povo espanhol
candinavos: a Suécia e a Dinamarca, à qual estava unida a Noruega. ajudou o exército na sua resistência contra as forças francesas, e a
Após o assassinato do rei da Suécia, Gustavo III, a 16 de março de guerra esteve a ponto de tomar então, como aconteceu mais tarde em
1792, vingança da nobreza contra o golpe de Estado Real de 1789, 1808, o aspecto de uma guerra santa. O tratado de Basiléia, de 22 de
que havia arrebatado o poder à aristocracia, ao contrário do que se julho de 1795, restabeleceu a paz entre a França e a Espanha; no ano
poderia pensar, não vê uma reação dos privilegiados. seguinte, a 18 de agosto de 1796, concluiu-se uma aliança entre os
Gustavo Adolfo IV, o novo rei, apóia-se, às vezes, na nobreza e dois países, mas se as “luzes” continuaram a atingir um pequeno nú-
na burguesia; todavia, não reúne os Estados antes de 1800. Em face à mero de espanhóis esclarecidos”, a maioria do povo permaneceu
Revolução, manteve a neutralidade e desde 1794 se esforçou por refratária às idéias revolucionárias.

— 120 — — 121
/) OS BALCÃS nas assembléias revolucionárias e difundindo-os em numerosos
exemplares. Os federalistas revidavam, imprimindo, às vezes com
Nos Bálcãs, o espetáculo é quase análogo: a península balcânica exageros, a relação de massacres, revoltas agrárias e incêndios de cas­
ainda estava inteiramente sob o domínio turco e apesar dos franceses telos. Reeditavam Publicola, um panfleto de Joim Quincy Adams,
fixados no Império Otomano terem organizado clubes, especial­ filho de John Adams, que se aproximava, tanto pelo estilo, quanto
mente em Constantinopla, Esmirna e Alepo; apesar de terem tam­ pelas idéias, das Reflexões de Burke.
bém plantado uma árvore da liberdade nas ruas de Péra e de alguns A discussão relativa ao setor da política exterior se deu.em 1793,
muçulmanos terem ostentado a insígnia tricolor, as idéias revolu­ com o início da guerra contra a Inglaterra. Os democratas pretendiam
cionárias penetraram nos Bálcãs apenas lentamente. Essas idéias en­ que a aliança concluída com a França, em 1778, criasse nos Estados
traram de três maneiras: por intermédio de marinheiros gregos que Unidos a obrigação moral de manter a nova república, enquanto os
voltaram de portos franceses; através de revolucionários vienenses e
federalistas exigiam que seu país se desvencilhasse dos vínculos
pelas ilhas jónicas, assim que foram ocupadas pelos exércitos france­ confusos desta aliança (estangling). Genêt, o novo representante da
ses. Estes entraram em contato com os gregos da região do Magne, França nos Estados Unidos, acreditou que poderia contar com pleno
sublevados contra os turcos; as idéias revolucionárias que aí se esta- apoio de todos os democratas para levar este país à guerra. Provocou
belecêram deveriam se expandir e, embora, em 1799 a populaçao das manifestações do tipo jacobino. Os democratas ostentaram o barrete
Ilhas Jónicas se encontrasse revoltada contra os franceses, essas idéias vermelho e a insígnia tricolor; trataram-se por “cidadãos”. Os clubes
se desenvolveram e teriam, alguns anos mais tarde, como consequên­ se multiplicaram, assim como as plantações de árvores da liberdade.
cia, as primeiras insurreições dos Serbos e Gregos em luta por suas Genêt fez concessão de cartas patentes” a corsários americanos.
independências. Sendo W ashington um partidário decidido da neutralidade,
proclamou-a solenemente a 22 de abril de 1793. Os chefes do par­
2) A AMÉRICA tido democrata, Jefferson, Madison e Monroe, não ousaram se opor a
essas tendências. Washington solicitou à Convenção a volta de Ge­
Quanto à América, o período que se estende de 1792 a 1799 nêt. Os montanheses que dominavam a assembléia desde 2 de junho
assinala uma pausa no processo revolucionário: o grande movimento de 1793, concordaram com ela simplesmente porque Genêt era Gi-
que inflamara as treze antigas colónias inglesas, a partir de 1770, se rondino. Mas, até a chegada de seu sucessor Fauchet e mesmo de­
acalmou e as colónias espanholas não tinham começado ainda a des­
pois, a propaganda revolucionária continuou ainda durante algum
pertar ao sopro da liberdade, enquanto o Canadá, muito pouco po­
tempo. O orador que falou em Boston a 4 de julho de 1794, por
voado, se aproveita da conjuntura política para adquirir os primeiros
ocasião do aniversário da independência dos Estados Unidos
elementos de uma certa autonomia. esforçou-se para explicar e inocentar o Terror. Pastores da Nova In­
glaterra louvaram em termos líricos a França, que destruía a Igreja
a) OS ESTADOS UNIDOS
católica e o papado.
Desde 1789, os habitantes dos Estados Unidos se entusiasmaram Mas a reação não tardou a se desencadear. Em relação ao domí­
pela Revolução Francesa, que parecia ser o prolongamento da sua. La nio^ político exterior, Washington enviou à Inglaterra o “Grão Juiz
Fayette encarregou Jefferson, o embaixador dos Estados Unidos em Jay ”, encarregado da missão de restabelecer, entre os Estados Unidos
Paris, de levar a George Washington, o novo presidente, uma das e a Grã-Bretanha, relações políticas, económicas e culturais tão ínti­
chaves da Bastilha. Os franceses que viviam nos Estados Unidos cria­ mas quanto possível. Em 1795, assinou-se um tratado; praticamente
ram clubes e publicaram jornais, refletindo as diversas tendências da ele terminava com o tratado franco-americano de 1778 e concedia à
opinião; os americanos também tomaram partido nas brigas políticas Inglaterra condições extremamente favoráveis. Apesar de uma fortís­
da França. Os “federalistas”, isto é, os conservadores, criticaram, a sima oposição, este tratado foi ratificado pelo Congresso.
partir de 1792, a marcha que a Constituição tomara na França, en­ Desde então, os federalistas passam a orientar a opinião ameri­
quanto os democratas continuavam a aprovar tudo o que lá se pas­ cana, a qual se desvia cada vez mais da França. Em sua “mensagem”
sava, mandando traduzir os principais discursos dos oradores, feitos de 1795, o presidente denuncia como sendo “antiamericanos” os
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clubes jacobinos. Os jornais federaiistas fazem uma violenta cam­ pouco numerosa, sendo porém a maioria de língua e origem france­
panha contra a França. sas: esta população, bastante influenciada por seus padres, é hosdl à
Em 1797, uma missão americana enviada à França para tentar revolução descristianizadora. A população de língua inglesa possui os
aproximar os dois países fracassou lamentavelmente, por culpa de mesmos sentimentos que os ingleses possuíam contra a França e a
Talleyrand, Ministço das Relações Exteriores do Diretório, que ten­ revolução. Contudo, o “bill” de 1791, ao organizar uma administra­
tou extorquir dos negociantes exorbitantes taxas; foi “o negócio X, ção autónoma para o Alto Canadá, colonizado pelos ingleses e uma
Y, Z”. Isto causou o rompimento das relações diplomáticas entre os outra para o Baixo Canadá, onde predominavam os franceses, satisfez
dois países e provocou mesmo quase uma guerra. O presidente John as principais aspirações dos canadenses.
Adams, que substituiu Washington em 1797, fez votar um alien bill,
que permitiu a expulsão dos franceses considerados suspeitos e um c) A AMÉRICA ESPANHOLA
sedition act, que autorizou sanções contra qualquer pessoa que calu­
niasse, pela imprensa, um funcionário americano, ou conspirasse As “luzes” penetraram na América Espanhola e Portuguesa, ape­
contra ele. Nelson e Souvorov ocuparam na opinião americana o sar da Inquisição.A burguesia e a nobreza liam as obras dos filósofos,
mesmo lugar que Robespierre e Bonaparte haviam ocupado. O go­ especialmente as de Voltaire, Rousseau e do Abade Raynal. Embora
verno americano chegou até à recusa de concessão de passaportes ao a situação política dos crioulos fosse igual à situção das classes cor­
economista Dupont de Nemours e à uma delegação do Instituto da respondentes, na Europa, eles acusavam os governos europeus de
França, que desejavam visitar os Estados Unidos. explorá-los economicamente e oprimi-los politicamente. Desde
Entretanto, a França não havia perdido todos seus partidários nos 1781, o pai de Simon Bolívar queixava-se do governo espanhol por
Estados Unidos. James Sullivan, jornalista, publicou em Boston, maltratar mais os crioulos do que os escravos negros, o que é um
1798, um livro no qual procurava dar à Revolução Francesa uma ex­ exagero evidente. Havia porém o exemplo dos Estados Unidos e os
plicação favorável: logo, os democratas, com Jefferson, voltarão ao crioulos, que constituíam nas colónias espanholas e portuguesas a
poder e, desse modo, assistir-se-á a uma nova evolução da opinião. classe dirigente e a única instruída, aspiravam à independência. Em
Entretanto, não se deve esquecer que foi o fato de manter-se algumas províncias, como na Nova Granada em 1781, e na Guiana,
neutro que permitiu aos Estados Unidos sua consolidação. Em 1789, em 1788, eclodem insurreições. Mas a burguesia crioula pretendia
sua existência era ainda indefinida, sua situação política e económica apenas ascender ao poder, não tendo, como os revolucionários da
era precária e suas finanças se encontravam num estado deplorável. América do Norte, a intenção de organizar um Estado verdadeira­
Washington, através de uma política sábia e prudente, soube consoli­ mente democrático, desejava ainda menos conceder a igualdade de
dar a União, sempre respeitando os direitos dos Estados. Criou uma direitos aos índios. Também a grande revolta dos índios e mestiços
sólida tradição presidencial, que exerceria na história dos Estados do Peru, incitados por Tupac Amaru, em 1780, não pertence ao ciclo
Unidos um papel tão importante quanto a sua própria constituição. O da revolução ocidental e não teve qualquer influência em relação à
Secretário das Finanças do Estado, Hamilton, soube acabar com a mesma; foi reprimida de modo sangrento pelos crioulos.
inflação, sequela da guerra da independência e criar uma moeda nova Entretanto, esta burguesia acolhia avidamente as notícias da R e­
e forte, o dólar, assim como o banco nacional. A paz permitiu a re­ volução Francesa. Em 1793, Narino, um alto funcionário espanhol,
tomada da marcha em direção ao Oeste e novos Estados foram cria­ publica em Bogotá uma tradução da Declaração dos Direitos do Homem
dos e' admitidos na União. Enfim, a neutralidade durante a guerra e do Cidadão. Esta tradução, publicada em várias centenas de exem­
européia favoreceu o desenvolvimento do comércio e da indústria plares, despertou a curiosidade dos crioulos, quase os únicos a saber
nos Estados do Nordeste. Desta maneira, o desenvolvimento da Re­ ler, porém provocou imediatamente a reação das autoridades. A l.°
volução, na Europa, contribuiu para a consolidação dos Estados Uni­ de novembro de 1794, o capitão geral de Caracas ordenava o em­
dos. bargo das publicações. Narino foi detido juntamente com uma de­
zena de seus amigos e dois médicos franceses. O ato da acusação
b) 0 CANADÁ recriminou-os pelo fato de terem desejado estabelecer na Nova Gra­
nada “uma república independente semelhante à da Filadélfia”. Após
O Canadá, colónia britânica desde T 763, possui uma população ter sido condenado, Narino foi levado para a Espanha onde acabou
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1794, e na Bahia, em 1798. Com a investigação realizada nesta úl­
sendo libertado. Passou pela França, depois pela Inglaterra e se con-
tima cidade, descobriram-se documentos que eram a tradução de
ç.,ffrou à emancipaçao de seu país. opúsculos revolucionários, trazidos da França em 1797, por uma fra­
* Em Quito, Santa Cruz Espejo, um dos poucos indígenas que rea-
gata. Seis dos conjurados foram condenados à morte. O imenso Bra­
sil ainda não estava amadurecido para a Revolução.

3) ÁSIA , ÁFRICA , OCEANIA


Concordia, local em que podiam ser lidas as obras chegadas da França a) AS ÍNDIAS
e dos Estados Unidos. Em 1795, ele elabora um plano de hbertaçao
das colónias espanholas da América. Isto resultou numa nova prisão e Na Ásia, com exceção da Turquia — apenas a índia está ligada,
em sua morte. No México, o padre Miguel Hidalgo le avidamente as até certo ponto, ao Ocidente. Após o tratado de Paris, de 1763, os
notícias da França. Mas, outros crioulos, viajando pela Europa, parti­ ingleses começaram a se estabelecer no Decão e em Bengala. Eles
cipam diretamente da Revolução e sonham emancipar sua patria,
conservaram os antigos soberanos, mas haviam-nos submetido ao
igualmente, o argentino Belgrano, que se encontrava na Espan a em protetorado da Companhia Inglesa das índias, o que não se deu sem
1789 antes de se tornar Secretário da Camara de Comercio de Bue­ resistência, e um dos soberanos indígenas, Haider-Ali, apoiado pelos
nos Aires, em 1794, e principalmente o venezuelano Miranda, que franceses durante a guerra da independência dos Estados Unidos,
serviu no exército francês, obteve no mesmo a patente de genera e tentara resistir. Tippou-Sahib, seu sucessor, manteve a política de
concorreu para as primeiras vitórias de 1792. Aprisionado na epoca
união com a França; Bonaparte empreendeu a expedição ao Egito
do Terror, por ser muito ligado aos Girondinos, chegou a Inglaterra
com o objetivo de ajudar Tippou-Sahib na luta contra os ingleses.
em 1797 e preparou ativamente a insurreição das colomas espanholas
Mas, precisamente esta expedição iria permitir aos ingleses aumentar
da América- com a ajuda do governo britânico, do qual a Espanha,
ainda mais o seu domínio na índia e a sua consolidação. O general
aliada da França, era então inimiga. De Londres, Miranda enviou britânico Wellesley — o futuro Wellington — atacou os Estados de
agentes secretos a fim de organizar uma conspiração em La
Tippou-Sahib e se apossou do Seringapatão, sua principal fortaleza.
Guavra. Os conjurados queriam tornar a Venezuela independente.
Tippou foi morto em combate, a 4 de maio de 1799. De agora em
Entre os documentos apreendidos, encontraram-se panfletos repub í- diante, a Inglaterra era dona de toda a índia, e, além disso, direta ou
canos e uma tradução da La Carmagnole. Mais de cinquenta conjura­
indiretamente, tinha conquistado a colónia holandesa do Ceilão.
dos foram executados, enquanto outros partiram para a Europa, se­
guidos por Simon Bolívar: aí, deveriam reavivar sua fe nos princípios b) A CHINA
da Revolução e preparar suas atividades, estudando as campanhas de
Bonaparte, cujo prestígio aumentava rapidamente.
Na China, somente alguns missionários jesuítas representam o
d) 0 BRASIL Ocidente. A China vive quase isolada do resto do mundo a sua vida
milenar. O imperador Kien-Long, da dinastia manchu, elevado ao
As idéias revolucionárias penetraram igualmente no Brasil. Em trono em 1736, reina até 1796. Nesta época, o aumento da popula­
1789, um tenente de cavalaria, Joaquim José da Silva Xavier, cog­ ção chinesa começa a ser mais rápido do que o das superfícies culti­
nominado o Tiradentes, porque tinha alguns conhecimentos da arte vadas; também o nível de vida dos habitantes tende a diminuir e
dentária, organiza uma conjuração com a finalidade de tornar o Brasil surgem os primeiros sintomas de uma crise. A Companhia Inglesa
independente e conseguir a divisão das grandes fortunas. Denunciado, das índias, que já estava estabelecida no Cantão e em dois ou três
foi detido a 10 de maio de 1789- Após o decorrer de um longo outros pontos da China Meridional, aproveitou-se da Revolução e do
processo, foi condenado à morte e enforcado a 21 de abri e / ■ enfraquecimento consecutivo da marinha francesa para expandir o
É considerado, hoje em dia, um herói nacional e precursor da Inde­ comércio britânico na China. Em 1793, uma embaixada, chefiada
pendência do Brasil. Foram descobertas, em seguida, varias outras pelo conde Macartney tenta obter a abertura de novos portos ao co­
conspirações (inconfidências), especialmente no Rio de Janeiro, em mércio britânico. Ela fracassa, mas, o imperador Kien-Long dá ordens
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ao governador do Cantão para facilitar o tráfico dos negociantes in­ dedicam se à evangelização do país e procuram introduzir nele a«
gleses. A extensão deste tráfico coincide com a decadência do Impé­ técnicas do Ocidente. Monsenhor Pigneau de Béhaine, bispo de
rio Chinês, que começa com a abdicação de Kien-Long, em 1796. Adran, se distingue nesta obra. Dá ao Vietnã uma artilharia e uma
Multiplicaram-se as sociedades secretas, hostis à dinastia manchu. marinha modernas, possibilitando-lhe reconquistar, em 1788 o Ton
Eclodem revoltas, às vezes graves, nas diversas províncias. Nenhum quim, que estava sublevado e em 1801-1802, a Cochinchina,'perdida
destes movimentos tem ligações com os do Ocidente. ha dois séculos. Entretanto, a revolução reduziu consideravelmente a
influência da França neste país. O Vietnã, tendo recuperado sua uni­
c) 0 JA P Ã O dade, transforma-se, sob o cetro do imperador Gia-Long, em uma
monarquia absoluta, fortemente centralizada.
Desde 1639, o Japão também se encontra quase completamente O Camboja, bastante enfraquecido, está praticamente dividido
fechado aos europeus. Aí se estabelece uma espécie de regime feu­ entre o Vietnã e o Sião. O Sião se torna na realidade, um Estado
dal, que governa o Èstado, tendo à sua frente o shogun. Todavia, os forte como o Vietnã. Desenvolve-se o comércio com a Inglaterra e
escritores japoneses continuam em contato com a ciência e a técnica há uma certa prosperidade. Entre o Sião e a índia, a Birmânia, apesar
ocidentais através do porto de Nagasaki, que permaneceu aberto aos de espetaculares sucessos sobre a China em 1785, parece, ao contrá­
holandeses. Foram traduzidas para o japonês algumas obras científi­ rio, um pouco enfraquecida: as guerras deterioraram a administração
cas holandesas, especialmente tratados de anatomia e, desde o fim do interior e provocaram o êxodo de uma parte de seus habitantes. ■
século X V III, surge, no Japão, um movimento para o desenvolvi­
mento das relações com o Ocidente. Assim que estoura a revolução ej /I P É R S IA E A T U R Q U IA

na França, ingleses e russos, aproveitando-se da ausência dos france­


ses, tentam obter o direito de comerciar no Japão: isto lhes é recu­ Na extremidade ocidental da Ásia estão a Pérsia e a Turquia.
sado, mas parece que o governo japonês não poderá mais continuar Nesta época, a Pérsia está bastante anarquizada. Em 1786, um chefe
por muito tempo isolado do Ocidente. da tribo turca dos Kadjars, Agha Mohammed, se apossa do poder,
mas é assassinado em 1797. A debilitação deste país atrai as ambições
d) Ã ÁSIA DO SUDESTE dos russos e aos ingleses, donos da índia. Já falamos da Turquia
como potência européia (p. 122). Se na Anatólia o domínio turco não
A Ásia do Sudeste — Indonésia, Malásia, Vietnã, Camboja, Laos, é contestado, em compensação ele é cada vez mais dificilmente su­
Sião — mantém, ao contrário, relações com a Europa. Na Indonésia portado, no fim do século X V III, no Iraque e na Arábia. Na Arábia,
e principalmente em Jâva, os holandeses substituíram os portugueses Abd-el-Wahhab (1703-1791), pretende reconduzir o Islão à ortodo­
desde o fim do século X V III; a Companhia Holandesa das índias xia primitiva, proibindo, por exemplo, o culto de santos, o uso do
Orientais monopoliza o comércio de toda esta região. A ocupação da café e do tabaco. Os Wahhabites começam a lutar contra os turcos,
Holanda pelos franceses, em 1795, depois a formação da República hostis à reforma religiosa que eles preconizam.
Batava, aliada da França e a dissolução, em 1797, da Companhia Ho­
landesa das índias Orientais, dão aos ingleses um pretexto para atacar f) O MAGHREB
os territórios holandeses da Indonésia. Em 1795, eles se apoderam
de Málaca; em 1796, ocupam Amboino. Porém, a maior parte das A Turquia não é, então, apenas potência européia e asiática. Ela
colónias holandesas resiste e os ingleses não poderão penetrar nelas domina também, pelo menos teoricamente, toda a África do Norte
senão no fim do período imperial. até a fronteira de Marrocos. Mas, com efeito, estas regiões lhe esca­
Na Indochina, o Vietnã é o país de maior importância. Ele forma pam.
um Império, governado na época revolucionária por Nguyên-Hue, O paxá de Trípoli, o “bei” de Túnis e o “dei” de Argel reconhe­
que se tornou imperador sob o nome de Quang-Trung. Desde o sé­ cem apenas muito indefinidamente a suserania do sultão de Constan­
culo XVI desenvolveram-se relações com o Ocidente. Os mercado­ tinopla. A incursão pelo Mediterrâneo constitui um elemento essen­
res franceses de Pondichéry comerciam com o Vietnã ao mesmo cial de seus recursos. Mas, desde o século X V I, a França concluiu
tempo em que os missionários, na maioria também franceses, periodicamente com estes soberanos — não sem ter bombardeado
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suas capitais — tratados, pelos quais os navios que ostentassem o O Benim, situado a oeste do baixo vale do Níger, está em deca­
pavilhão francês não podiam ser atacados. Portanto, a Revolução não dência no fim do século X V III. Ao contrário, o Daomé, Estado vi­
deixaria indiferentes os soberanos da África Setentrional. _ zinho, continua próspero até 1797, época em que, sob a chefia do
Desde 1729, as relações entre a França e Trípoli eram pacíficas. sanguinário Adangza, as dificuldades começam a s irgir. Os dois Esta­
O mesmo acontecia entre a França e Túnis, desde 1670 e entre a dos têm relações com os traficantes de escravos e os missionários
França e Argel, desde 1790. Durante a Revolução, a França comprou europeus, principalmente portugueses.
na Argélia e na Tunísia cereais e outros produtos necessários aos A Abissínia, a leste da África, após ter conhecido a ordem e a
exércitos. A tomada de Malta e a libertação dos escravos muçulma­ prosperidade no século X V II, tornou-se anarquizada depois do assas­
nos pelos franceses, tiveram uma grande repercussão nos países bar- sinato de Yassou I, o Grande, em 1706. Na época revolucionária, o
barescos; esses fatos contribuíram para fazer penetrar nesta região, Negus tem apenas autoridade nominal; os rases, governadores de
pela primeira vez, a noção de uma revolução libertadora, dirigida província, são praticamente independentes e o Islão progride à custa
pelos franceses. Mas, esta impressão desapareceu rapidamente com a do Cristianismo.
conquista do Egito e a declaração de guerra da Turquia à França. Ao sul do Equador, a África é teatro de grandes movimentos
Todavia, a Turquia não pôde conduzir as “regências” africanas à migratórios. Os Bantus, vindos do Norte, entre os quais os Cafres,
guerra. No início de 1799, estas se limitaram a romper relações di­ formam a vanguarda, submetem os Hotentotes e começam a entrar
plomáticas com o Diretório. em conflito com os holandeses, fixados desde o século X V I na coló­
O Marrocos é independente; mas, de 1790 a 1792, ele atravessa nia do Cabo.
uma grave crise política, devido à mediocridade do sultão Moulay el
Yazid. Seu sucessor, Moulay Slimane, restabelece a ordem e man­ h) A OCEANIA
tém, com a França, boas relações, que já existiam desde 1767-
Enquanto a África tem relativamente poucas relações com o
g) A Á F R IC A A U S T R A L E A C E N T R A L mundo ocidental, por outro lado a Oceania acaba apenas de ser reco­
nhecida pelos ocidentais. Em 1767, Wallis descobre o Taiti, Cook
Com exceção da África Austral, colónia holandesa ocupada eny efetua suas três viagens de 1769 a 1779: no decorrer dessas viagens
1798 pelos ingleses, o resto da África — África negra — vive voltada ele explora a Nova Zelândia, a leste da Austrália, as Marquesas, ilha
para si mesma, quase desconhecida dos europeus. Estes se limitam a da Páscoa, as Novas Hébridas, a Nova Caledónia, além de outras
comprar escravos — perto de 100.000 por ano, em média — ao ilhas. La Perouse continuou e consolidou as descobertas de Cook.
longo das costas, principalmente no golfo da Guiné. Entretanto, o Ele desapareceu misteriosamente nos recifes de Vanikoro, em 1788.
interesse pela África cresce durante o século X V III. Após as explo­ D’Entrecasteaux, enviado à sua procura, não pôde encontrá-lo, mas
rações realizadas pelo francês Adanson, no Senegal — (1749-1753) e explorou a Nova Caledónia.
do escocês Bruce nas cabeceiras do Nilo azul — (1768-1773), criou- A colonização começou imediatamente, porém devido à Revolu­
se, em Londres, uma Associação Africana com a missão de promover ção, a Inglaterra foi, durante muito tempo, a única a realizá-la. Logo
as explorações: ela enviou Mungo Park para o vale de Níger, mas a após as descobertas, aventureiros, corsários, traficantes e mesmo mis­
revolução retardou sua atividade. A London Missionary Society. fun­ sionários britânicos, dirigem-se para as ilhas dos mares do Sul. Maru­
dada em Londres em 1795 para evangelizar os pagãos, vai concorrer jos, desertores de navios e principalmente baleeiros britânicos
também para que os europeus tenham melhor conhecimento da instalam-se na Polinésia. São os ancestrais dos atuais mestiços.
ÁTrica. No interior do continente africano, estabelecem -se e Desde 1786, o governo britânico decidiu estabelecer uma colô-
dissolvem-se alguns grandes, porém efémeros Impérios Negros. No nica penitenciária na Austrália. Em 1788, o capitão Felipe desembar­
alto vale do Níger, após o esboroamento do Império Songhai, os cava 717 degredados, entre os quais 88 mulheres sob a guarda de
Bambaras criam o Estado bastante fraco de Kaarta. Mais consistente 200 marinheiros, em Botany-Bay; deram origem a Sidney e à colónia
é o Império Flaúca, situado mais a leste e que, na época da Revolu­ de Nova Gales do Sul.
ção, é dirigido por Othman dan Fodio. Um pouco mais a leste, Os missionários protestantes não permaneceram inativos. A Lon­
estabeleceu-se no Darfur, um Estado bastante poderoso. don Missionary Society enviou ao Taiti, desde 1797, um grupo de mis-
— 130 — — 131 —
sionários homens e mulheres. A Churcb Missionary Society Andada
em 1779, estabeleceu-se na mesma época na Nova Gales do òul. As
guerras revolucionárias impediram, então, a partida de missionários
católicos da Europa e o protestantismo se desenvolveu cada vez mais
facilmente nas ilhas do Pacífico. Aliás, a honestidade dos missionários
contrastava, felizmente, com os procedimentos desleais da maioria
dos outros brancos; além do mais, traziam com eles as técnicas euro-
péias.
capitulo 11

Brumário
1) 0 VERÃO DE 1799

Depois das vitórias da primavera de 1799, a segunda coligação


vai tentar, durante o verão, mediante um esforço gigantesco, derrotar
as forças francesas e, com elas, a Revolução. A coligação organiza
insurreições contra os novos regimes criados dentro e fora da França
e procura coordená-los com as ofensivas de seus exércitos regulares.
Esforça-se também para se aproveitar das desuniões e ressentimen­
tos causados entre os “patriotas” pela política inábil do Diretório.
No momento em que os austríacos e os russos conseguiam as
vitórias de Stokach, no Danúbio, a 21 de março e as de Magnano e
de Cassano, respectivamente a 5 e 27 de abril, na Itália Setentrional,
a coligação desencadeou amplas insurreições que desbaratavam os
frágeis governos das repúblicas irmãs da Itália Peninsular. Na Repú­
blica napolitana, o cardeal Rúffo conseguia organizar, desde o início
de fevereiro de 1799, uma insurreição camponesa na Calábria.
Aproveitava-se da hostilidade dos camponeses contra os burgueses e
republicanos, mas também, muito frequentemente, da hostilidade
contra intendentes, arrendatários ou coletores de direitos senhoriais.
A insurreição se estendeu rapidamente, sobretudo quando, a 5 de
março, o exército de MacDonald evacuou Nápoles. A 19 de junho, o
exército da “santa fé” entrava na capital e nela restabelecia o Antigo
Regime. Os patriotas, refugiados nos fortes com alguns elementos
das forças francesas que haviam permanecido no local, capitulavam
sòb a condição de terem a vida salva e as honras de guerra. Mas
Nelson, que bloqueava o porto com sua esquadra, rompia a capitula­
ção e entregava os “Jacobinos” napolitanos às mais atrozes vinganças.
Na mesma ocasião, os camponeses da Umbria, na República Ro-
132
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mana e os da vizinha Toscana se sublevavam ao clamor de Viva M a­ ção, recorrendo a medidas de “salvação pública”. A lei dos reféns (12
ria' A 28 de junho, os m am a ria se apoderavam de Siena e ai, na de julno) autorizava as administrações e departamentos agitados por
praça principal, queimavam 13 judeus, entre os quais três mulheres e assassinatos políticos ou revoltas a deter como reféns os nobres, pa­
duas crianças. Todos os judeus eram acusados de serem Jacobinos . rentes de emigrados e os ascendentes supostamente culpados. Além
Em julho, em Pistóia, foi detido o bispo Scipion de Ricci, que se disso estes reféns eram, como civis, responsáveis por indenizações
salientara antes da revolução como chefe dos jansenistas italianos. Na devidas às vítimas e por recompensas concedidas aos agentes da re­
República Romana, os insurretos eram “mestres de campanha desde pressão. Um empréstimo obrigatório e progressivo de cem milhões
o início do verão de 1799, entretanto as autoridades republicanas concedido aos ricos, reembolsável em bens nacionais, procuraria con­
resistiram em Roma até 30 de setembro e Ancona capitulou somente seguir o dinheiro necessário ao financiamento da guerra sem que se
a 13 de novembro. ; tivesse que recorrer novamente às emissões de papel moeda, lastimá­
Na Itália do Norte houve, especialmente em Emília, algumas in­ vel lembrança. Foram tomadas medidas para a execução rápida e sem
surreições camponesas do tipo contra-revolucionário. Mas a resistên­ exceção da lei sobre o recrutamento. Criaram-se comissões de inves­
cia revolucionária foi enfraquecida no Piemonte pelos próprios jaco­ tigação para informar sobre a conduta dos responsáveis pela derrota,
binos, que se insurgiram contra o Diretório Francês: os patriotas ita­ especialmente os antigos membros do Diretório Reubell, Merlin dé
lianos estavam descontentes com a política do Diretório que constan­ Douai, La Révellière-Lépeaux. Deram liberdade à imprensa e aos
temente era obrigada a tirar do poder os italianos mais patriotas e clubes e os Jacobinos se reuniram novamente em Manège, Paris. Os
que era fortemente oposta à criação de uma Itália republicana unifi­ patriotas italianos refugiados na França foram bem acolhidos e a l.°
cada. Diante da constante incompreensão do Diretório, os patriotas de agosto, os Conselhos Legislativos ouviram com interesse e simpa­
italianos formaram a Sociedade Secreta dos Raios (raggi), organizada, tia a leitura de uma petição, através da qual solicitavam ao Diretório,
segundo parece, conforme o modelo da conjuração dos Iguais. no que pese a ocupação estrangeira, a rápida proclamação da “Repú­
Quando o Diretório descontentou os patriotas italianos decretando, a blica da Itália”.
16 de fevereiro de 1799, a anexação do Piemonte à França logo em Mas estas medidas de salvação pública” vieram de encontro a
seguida à contestação de um plebiscito, a Sociedade dos Raios provo­ resistências enérgicas. Foi igualmente aplicada a lei dos reféns. A lei
cou uma insurreição. Esta foi reprimida severamente pelo general do empréstimo obrigatório incitou a cólera de tòda a burguesia, isto
Grouchy, que comandava as tropas francesas; esta repressão causou é, da classe governante, que era cruelmente hostil a qualquer ressur­
um golpe muito grave às forças democráticas do Piemonte, que dois reição do regime do ano II. Membros do Diretório e ministros não
meses mais tarde não opuseram nenhuma resistência à invasão podiam prescindir da burguesia, da qual dependiam: Sieyès e Fouché
austro-russa. decidiam, a 13 de agosto, fechar o Clqbe dos Jacobinos, que fora
Os chefes da coligação, após a conquista da Itália, previam uma transportado, a 27 de julho, de Manège para a igreja de São Tomás
ofensiva contra as Repúblicas Batava e Helvética, do mesmo modo de Aquino. O governo perdia o apoio dos Jacobinos: deveria procu-
apoiada por revoltas internas e combinada com uma insurreição cam­ rar, desde então, o apoio dos militares. Todavia, as leis de salvação
ponesa do Sudoeste e do Oeste da França. Estas operações trariam, pública produziam um efeito salutar.
tal como eles esperavam, a decisão que acarretaria a queda do regime A insurreição do Sudoeste, particularmente violenta na região de
republicano em Paris. Toulouse, fracassou devido à atitude resoluta das autoridades locais.
As derrotas da Itália levaram os patriotas e os militares franceses A 9 de agosto os camponeses insurretos, cercados pelos “realistas”,
a refletir sobre suas causas. Esboçou-se,, entre eles, uma aliança tácita. foram derrotados perto de Toulouse; a 20 de agosto sua derrota foi
Os Conselhos Legislativos acusaram o- Diretório dos desastres da consumada em Montréjeau. -Uma revolta do Oeste (Bretanha e Ven-
primavera; três membros do Diretório se demitiram, como já o dis­ déia), a que deveria ter-se iniciado junto com a do Sudoeste,
semos, em 30 prairial, ano VII (18 de junho de 1799). O novo go­ iniciou-se apenas em setembro e pôde ser combatida. O desembar­
verno foi uma coligação de “Jacobinos (Fouché e Robert Lindet, que anglo-russo, na Holanda, deu-se após o revés da insurreição do
respectivamente ministros da Polícia e das Finanças) e de generais Sudoeste. Como a frota holandesa de Texel se rendeu sem combater,
(Moulin no Diretório e Bernadotte na Guerra). Durante dois meses, as tentativas de revolta preparadas no interior do país malograram; a
os Jacobinos dominaram e tentaram reanimar o país contra a coliga­ 19 de setembro foi repelida uma investida de forças de desembarque
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e um mês mais tarde, seu chefe, o duque de York, assinava com o eles se encontram muitos compradores de bens nacionais e especula­
general Brune, comandante das tropas franco-batavas, uma conven­ dores enriquecidos pelos fornecimentos feitos aos exércitos. Tam-
ção que previa o reembarque das tropas que ele comandava. Na bém os novos ricos, apesar de serem pouco numerosos, caracterizam
Suíça, as tropas russas de Souvorov, que deviam substituir os austría­ a “sociedade” da época; é nesta categoria social que se recrutam prin-
cos e'ocupar progressivamente todo o país, eram batidas por Mas- cipalmente os “incríveis” e as “maravilhosas”, que são assunto princi­
sena, em Zurique, a 25 e 26 de setembro, por ocasião de seu movi­ pal da crónica mundial.
mento. Desse modo, em consequência de uma falta de coordenação Entretanto, os camponeses continuam a constituir 90% da popu­
das operações, o grande empreendimento tentado pela segunda coli­ lação. Muitos se aproveitaram da venda de bens nacionais e, todavia,
gação fracassava, e, no fim de outubro, o perigo que ameaçava inte­ é impossível apresentar precisões estatísticas relativas a este ponto!
rior e exteriormente a França — e a Revolução — desapareceu. Não parece que o número de proprietários tenha aumentado sensi­
velmente porque, entre os camponeses, foram sobretudo os que já
2) A SITUAÇÃO SOCIAL, ECONÓMICA eram proprietários que compraram; os “trabalhadores braçais” rara­
E POLÍTICA DA FRANÇA NO mente puderam tornar-se compradores, apesar dos longos prazos de
PERÍODO FIN A L DO DIRETÓRIO pagamento concedidos por certas leis. Desse modo, a venda dos bens
nacionais aumentou o número de cultivadores que podiam viver em
Após doze anos de revolução, a sociedade francesa estava pro­ suas próprias terras. Acentuaram-se as características gerais do re­
fundamente transformada. O clero estava disperso e dividido. Muitos gime agrário francês: divisão exagerada do solo e número importante
padres foram para o estrangeiro, emigrados ou deportados. Outros de parcelas exploradas por seus proprietários. Entretanto, o arren­
estavam aprisionados, ou nos pontões* do porto de Rochefort à damento de propriedades, ao Norte e as parcerias ao Sul continuam
espera de uma partida para a Guiana. Os que permaneceram nas pa­ sendo fôrmas de exploração muito difundidas. O número de traba­
róquias estavam divididos em “Romanos , fiéis à igreja tradicional e lhadores braçais, muito considerável antes da revolução, parece ter
em “constitucionais”. O clero perdera todas suas riquezas, desde diminuído um pouco devido principalmente à constituição de gran­
1795, nenhum padre era mais assalariado. Era possível dizer-se que o des exércitos dos quais eram elemento essencial.
clero não tinha mais qualquer influência? Sena um grave erro acredi­ Artesãos e operários continuam sendo pouco numerosos. A
tar nisso. Efetuavam-se ainda muitos registros de católicos. Fracassa? grande indústria não fez nenhum progresso desde 1789; a indústria
ram as tentativas de descristinização e as experiências de religiões de luxo nas cidades e principalmente em Paris periclitou, em conse­
racionalistas, tais como o culto decadário ou deísta, como a.teofilan- quência da emigração de seus principais clientes; não parece que os
tropia. A religião católica não desapareceu, pelo contrário, na reali­ empregos perdidos pelo fechamento destas oficinas tenham sido
dade, ela está em fase de renovação, ao passo que, devido à Revolu­ substituídos pelo desenvolvimento das indústrias de guerra, arma­
ção, o protestantismo e o judaísmo não encontraram desde então mento e têxtil.
maiores obstáculos. A economia da França, que sofrera perturbações muito graves
Nem todos os nobres emigraram. Entre os que ficaram, muitos devido à revolução, está, apesar de tudo, em vias de restabelecimento.
vivem da cultura de suas terras, mas alguns de novo se vincularam à As finanças foram sanadas pelo Ministro Ramel-Nogaret. O nível de
República, dela aceitando funções. Muitos foram, em diferentes vida das classes pobres melhorou graças a uma série de colheitas ex-
graus, vítimas do Terror; e depois do termidor, apesar de pouco a cepcionalmente boas a partir de 1796. Mas, de uma maneira geral,
pouco conseguirem novamente exercer influência, não conseguiram tanto o Estado quanto os particulares tinham dificuldades em arranjar
mais a preponderância que exerciam antes de 1789. dinheiro porque havia pouquíssimos bancos e o crédito era mal orea-
De fato, a burguesia exerceu o poder e o epíteto de “burguês nizado.
relacionado à república diretorial, é perfeitamente merecido. Embora A produção agrícola formava ainda o essencial da produção fran­
todos os cidadãos que pagam um imposto direto sejam eleitores de cesa, ela foi quase completamente consumida na época e, no fim do
primeiro grau, na realidade o setor político conta essencialmente com Diretório, em seguida a boas colheitas, era suficiente para atender a
eleitores de segundo grau, ou seja, 30.000 “notáveis” em toda demanda em larga escala. Ao contrário, a indústria continua seria-
França, sendo em sua maioria grandes proprietários de terra. Entre mente perturbada pela revolução e pela guerra; as exportações para o
— nó —
— 137 —
Oriente e para as Antilhas que, antes de 1789 constituíam o essencial e Brune eram especializados em operações deste gênero, na Cisal­
das exportações francesas, são quase interrompidas. Certamente, com pina e na Píolanda. Aliás, logo que o Diretório rompeu com os Jaco­
a expansão continental da França, desde 1795 e com a criação das binos a 13 de agosto de 1799, não era mais possível recorrer a outra
repúblicas irmãs, o Diretório, elaborara o projeto de criar um amplo íorça senão ao exército. “Eu procuro um sabre’’, declarava então
mercado continental para a economia francesa. Mas, dos tratados de Sieyès, mancomunado com Roger Ducos e, sem dúvida, Barras. Mo-
comércio propostos às repúblicas irmãs e aos países aliados, só se reau parece ter sido sondado a respeito, mas seu passado era confuso.
concluiu o que foi negociado com a República Cisalpina a 21 de fe­ Em 1796 ele estivera muito ligado a Pichegru e aos “realistas”. Aliás,
vereiro de 1798. De qualquer forma, os revezes da primavera de sendo de um temperamento hesitante, ele não se decidiu. Dirigiu-se!
1799 causaram um grave golpe a esta política e adiaram a regulariza­ então, a Joubert, que havia feito suas comprovações. Mas, para
ção da produção industrial e do comércio francês. revesti-lo da glória que lhe faltava, foi nomeado general-chefe do
Também não é de se admirar que os comerciantes e industriais exercito da Itália: após ter obtido a vitória que se esperava sobre os
tenham apelado a todos seus votos em favor da paz; e, na verdade, os austríacos, ele poderia repetir, em Paris, o papel que havia exercido
camponeses que abasteciam o grosso das tropas, formulavam o em Haia um ano antes. A adversidade das armas lez com que Joubert
mesmo voto. Paz exterior e interior eram as mais veementes reinvin- encontrasse a morte em Novi, a 15 de agosto. Restava Bernadotte,
dicações dos franceses durante o verão de 1799- Todavia, a grande então Ministro da Guerra, mas ele não havia mostrado ainda seus
maioria dos franceses insistia na preservação da igualdade diante da “talentos” ao estrangeiro; além disso, dizia-se que ele era muito li­
lei, nas liberdades fundamentais proclamadas pela Declaração dos Di­ gado aos Jacobinos. As coisas estavam dessa forma quando se produ­
reitos de 1789, na venda dos bens nacionais e algumas conquistas ziu um lance teatral: pensava-se que Bonaparte estivesse ainda no
territoriais, como Avignon e talvez a Bélgica. A paz exterior só po­ Egito, porém ele desembarcou inesperadamente em Fréjus, a 9 de
dia, portanto, ser vitoriosa. O regime seria capaz de restabelecê-la? outubro.
Foi recebido como um libertador: o povo francês ignorava suas
3) 0 GOLPE DE ESTADO DE 18 E 19 BRUMÁRIO derrotas no Oriente. Para ele, Bonaparte continuava sendo o glorioso
vencedor da Itália, em 1796, aquele que soubera impor uma paz vi­
A Constituição do ano III tinha dois grandes defeitos. Feita para toriosa à Europa coligada em 1797. Não tinham as dificuldades co­
estabelecer o regime republicano na França, ela afastava do poder meçado com sua partida para o Egito? E este retorno, quase mila­
político a massa dos pequenos camponeses e artesãos, que poderiam groso, não era um sinal? Aliás, com Bonaparte presente, aqueles que
fornecer os melhores defensores da República. Feita para a paz e não desejavam modificar a constituição não podiam sequer pensar em se
prevendo qualquer procedimento excepcional em caso de guerra, ela dirigir a um outro general. Devido a seu nome, seu prestígio, seu
foi utilizada unicamente em tempo de guerra. Sua aplicação foi falha passado, Bonaparte se impunha.
desde o início, visto que a Convenção impôs aos eleitores a obrigação Ele estava em Paris a 14 de outubro. ímediatamente, Sieyès e os
de reeleger para os novos conselhos legislativos os dois terços de “ideólogos” o assediam: Bonaparte facilmente se deixa persuadir de
seus membros. Em seguida, o regime se arrasta em vários golpes de que ele é o “sabre” que se procurava. Mas, quando Sieyès e seus
Estado. Além do mais, desde o dia seguinte ao 18 frutidor, um certo amigos pensam que tudo se passará como nas repúblicas irmãs e que
número de políticos (os ideólogos) pretenderam modificá-la. Consti­ Bonaparte se eclipsará assim que se conclua o golpe de Estado, o
tucionalmente, a revisão só seria possível após um processo que jovem general vê no acontecimento què se prepara a ocasião de con­
devia durar nove anos pelo menos, espaço de tempo incompatível seguir a direção do Estado, coisa que ambicionava desde que se pre­
com a urgência das necessidades do momento. Portanto, seria neces­ parou para isto na Itália e no Egito.
sário imaginar um novo golpe de Estado para dar à França uma cons­ O cenário está pronto desde os primeiros dias de novembro. Sob
tituição melhor. Aliás, este processo era familiar aos homens da o pretexto de uma conspiração “anarquista”, isto é, democrata, o
época, porque ele fora constantemente empregado nas repúblicas ir­ Conselho dos Antigos, de acordo com a constituição decidirá transfe­
mãs. rir as assembléias para fora de Paris, em buint-Cloud, para poupá-las
Quanto ao golpe de Estado destinado a provocar a mudança da de uma “jornada” revólucionária; concomitantemente, o comando do
constituição, quem poderia dá-lo melhor do que um general? Joubert exercito de Paris será confiado a Bonaparte. O primeiro ato
— 138 — — 139 —
realizou-se, sem dificuldade, a 18 brumário (9 de novembro). No dia os íranceses. Em 1799, somente uma minoria aceitava a República;
seguinte os conselhos seriam persuadidos a modilicar a constituição. uma outra minoria queria restaurar o Antigo Regime, enquanto a
O segundo ato esteve a ponto de malograr devido à oposição dos maioria, sinceramente vinculada às “conquistas de 1789”, hesitava
deputados democratas do Conselho dos Quinhentos que, perce­ bastante quanto à natureza do governo a ser estabelecido e reivindi­
bendo o papel que desejavam deles, pediram, quç Bonaparte fosse cava apenas um governo que pudesse lhe garantir estas “conquistas”,
considerado “fora da lei”. Mas, no momento decisivo, seu presidente, reconduzindo à paz. Só tinha condições de s.e estabelecer um regime
Lucien, irmão de Napoleão, suspendeu a sessão e os dois Bonaparte que tivesse um executivo forte, isto porque todos os projetos de
foram pedir auxílio da guarda do corpo legislativo. Os soldados obe­ revisão constitucional visavam reforçar o executivo e diminuir o le­
deceram ao presidente e ao general e, penetrando na sala, expulsa­ gislativo. Realmente, em 1799, na falta de uma restauração pacífica
ram os deputados, a quem, ao contrário, deviam defender. Muitos de Luís X V III, que se tornou impossível devido às declarações do
membros do Conselho dos Quinhentos e certo número do Conselho pretendente que anunciava sua vontade de restabelecer o Antigo R e­
dos Antigos fugiram. Ao mesmo tempo, o Diretório era voluntaria­ gime “menos os abusos”, apenas duas soluções eram viáveis: ou a
mente desorganizado pelas demissões de Sieyès, Roger Ducos e Bar­ volta ao regime do ano II, à ditadura de uma espécie de Comité de
ras, enquanto os dois últimos membros do Diretório, Gohier e Mou- Salvação Pública, que retomara a marcha em direção à democracia,
lin, estavam sob a guarda do general Moreau em seu palácio de Lu­ ou uma ditadura militar que, tranquilizando os que tiravam proveito
xemburgo. da Revolução, restabelecia a paz no interior e no exterior. De fato, a
Era necessário, portanto, constituir um governo provisório. Al­ primeira solução era quase irrealizável porque os principais chefes da
guns membros do Conselho dos Antigos e do Conselho dos Qui­ democracia estavam mortos e porque suas tropas, desvinculadas da
nhentos reuniram-se na tarde de 19 do brumário e decidiram confiar vida política desde 1795, haviam perdido seu dinamismo e esperança
o governo a uma “comissão consular executiva”, formada de dois an­ de uma rápida transformação da estrutura económica e social. Por­
tigos membros do Diretório, Sieyès e Roger Ducos e do general Bo­ tanto, restava apenas uma saída: a ditadura militar e o destino quis
naparte. Este “consulado” estava encarregado de preparar a nova que ela coubesse, ao acaso, ao mais prestigiado, ao mais inteligente e
constituição, com ajuda de duas comissões: uma formada de 25 Anti­ também mais ambicioso dos generais.
gos e a outra de 25 deputados dos Quinhentos; mas, estas comissões Não se tem ainda, na França e no estrangeiro senão uma idéia
que representavam o Poder Legislativo, tinham apenas uma autori­ muita vaga das possíveis conseqúências do golpe de Estado do Bru­
dade restrita diante de um executivo todo-poderoso: o golpe de Es­ mário. Para os franceses, a República continua, mas os ricos se sen­
tado foi conseguido no sentido desejado pelos que queriam desfrutar tem tranquilos, visto que foi descoberta a conspiração anarquista. A
em paz as vantagens que a Revolução lhes havia proporcionado. imensa maioria da população deposita inteira confiança no jovem ge­
neral Bonaparte para restabelecer a ordem e a paz. No estrangeiro, o
4) CONCLUSÃO golpe de Estado do Brumário é considerado uma peripécia a mais na
história caótica da França revolucionária. Uma coisa parece certa: a
Se uma casualidade extraordinária fazia de Bonaparte o beneficiá­ Revolução continua e se os coligados temem mais os talentos milita­
rio do golpe de Estado e iria, em consequência, dar ao novo regime res de Bonaparte do que os de seus companheiros, de modo algum
um aspecto todo particular, o golpe de Estado do Brumário se si­ se consideram derrotados, e não perderam a esperança de atingir, em
tuava, de certa forma inexorável, na evolução da França revolucioná­ 1800, seus objetivos de 1799: vencer a França e a Revolução e resta­
ria e de suas contradições internas. O Antigo Regime fora derrotado belecer o “Antigo Regime” na Europa.
pela violência e os governos que se sucederam na França desde 1789,
foram todos ditaduras: ditadura dos “patriotas” da Constituinte; dos NOTA:
Girondinos da Assembléia Legislativa; da Comuna de Paris, após 10
Embarcação rasa que servia de prisão. (Rev.)
de agosto; depois a do Comité de Salvação Pública; ditadura do Dire­
tório, que finalmente destruiu, através de golpes de Estado, as maio­
rias legislativas que lhe eram desagradáveis. Ditaduras indispensáveis,
aliás, porque,a Revolução havia dividido profunda e irredutivelmente
— 140 —
— 141 —
segunda parte

PROBLEMAS
E DIREÇÕES DE PESQUISA
!

I
I

capítulo 1

Um Antigo Debate:
Historiadores “Revolucionários”
contra
Historiadores “Conservadores”
A Revolução, da mesma maneira que a Reforma do século X V I,
i ou a revolução comunista do século X X , provocou no mundo
I perturbações tão profundas, opôs tão viólentamente seus partidários
e seus adversários, seus admiradores e os que a desprezavam, os que
dela tiravam proveito e suas vítimas, que durante muito tempo —
como ainda hoje continuam dizendo — tem sido impossível realizar-
se um estudo imparcial sobre o assunto. Também é indispensável se
reportar a essas antigas discussões e mostrar como, pouco a pouco,
quando as paixões se aquietaram, os estudos tomaram uma orienta­
ção cada vez mais objetiva.
Antes de tudo, uma observação geral. Com exceção dos contem­
porâneos, como Barnave em sua Introductiort à la Révolution Fran-
çaise, ou do abade Barruel em suas Memóires pour servir à ÍHistoire du
Jacobinisme, a maioria dos historiadores/considera as revoluções dos
Estados Unidos, da Irlanda, da Suíça, da Holanda, da Bélgica e da
França, no fim do século X V III, igualmente como revoluções sepa­
radas umas das outras e sem grandes relações entre si. Os historiado­
res franceses, especialmente, consagram seus trabalhos à Revolução
Francesa. Portanto, a Revolução Francesa torna-se o centro de um
vasto campo de estudos, visto que a Revolução, fora da França, foi
negligenciada e que principalmente os historiadores franceses con­
centraram suas atenções na Revolução da França, como seria natural;
muitos historiadores estrangeiros também consagraram seus-traba-
— 143 —
lhos à Revolução Francesa. Portanto, esta se tornou o centro de um tornou-se bastante conhecido oficialmente, sendo censor imperial,
imenso campo de estudos, ao passo que a Revolução fora da França depois censor real e membro da Academia Francesa desde 1811. Foi
foi negligenciada e, sobretudo as relações entre os diferentes movi­ um libelo contra a Revolução. Toulongeon, contemporâneo de La­
mentos revolucionários que agitaram o mundo ocidental por volta cretelle, escreveu com outro espírito e com um método diferente.
das três últimas décadas do século X V III, não foram objeto de pes­ Sendo nobre liberal, fizera parte da Assembléia Constituinte e via as
quisa dos historiadores. Portanto, não nos admiremos se os autores coisas com superioridade, com um certo ceticismo atrevido. Em 1801
cujas obras tentamos caracterizar aqui estejam concentrados na histó­ começou a publicar uma Histoire de Erance depuis la Révolution de
ria da Revolução “Francesa”. 1789, Ecrite d’après les Mémoires et Manuscrits Contemporains Recueillis
dans les Dépôts Civils et Militaires”? Pela primeira vez um historiador
1) OS CONTEMPORÂNEOS DOS ACONTECIMENTOS da Revolução trabalhava com documentos inéditos e Toulongeon
publicava em cada volume documentos particularmente importantes.
Desde o mês de abril de 1789, Lescène des Maisons publicava Seu livro é. imparcial. Procura explicar as causas dos principais acon­
uma Historie de la Révolution en France, obra evidentemente sem tecimentos que retrata, seja recorrendo às suas reflexões pessoais,
grande valor. A primeira grande Histoire de la Révolution quase acom­ seja após investigação realizada junto a testemunhas sobreviventes.
panhou a marcha dos acontecimentos. Iniciada em 1790, foi con­ Toulongeon é o precursor da Escola Histórica Científica, que estu­
cluída em 1803? Escrita por dois “Amigos da Liberdade”, ignora-se, dará a Revolução nas últimas três décadas do século X IX .
entretanto, a identidade dos autores. UHistoire, dos “Dois Amigos”, A lista dos historiadores contemporâneos da Revolução pode ser
devido a sua forma e seu plano, exerceria influência muito profunda encerrada com Madame de Staèl. Suas Considérations sur les Princi-
sobre os historiadores que escreveram depois: sendo uma história de paux Evénements de la Révolution Française apareceram em 1818. Não
caráter puramente político, não encara os acontecimentos da Revolu­ é uma narração, mas uma tentativa de explicação, freqúentemente
ção senão na medida em que eles exercem influência sobre a capital. muito perspicaz. Sem dúvida, Germaine de Staèl admira muitíssimo
Em 1792, o pastor Rabaut-Saint-Etienne publicava um pequeno seu pai, Necker, bastante severo para com seus adversários. Ela tam­
resumo dos acontecimentos que se desenrolavam na França há dois bém se mostra hostil ao governo da Convenção. Mas, muito envol­
anos, sob o título: Almanach Historique de la Révolution Française pour vida com a política do Diretório, soube explicar, melhor que seus
l’année 1792. A obra obteve enorme sucesso. Foi reimprimida quase predecessores, como este regime se encaminhou para a ditadura mili­
todos os anos e, no mínimo, quatro vezes ainda após 1814. É uma tar.
exposição simples e precisa, um pouco oratória, dos fatos políticos da Embora não sejam historiadores propriamente ditos, mas polêmi­
Revolução Francesa. O autor faz a apologia da obra da Constituinte, cos, não se poderia negligenciar a obra de Burke (Réflexions sur la
em resposta às Refléxions sur la Révolution de France, do escritor inglês Révolution de France, 1790) nem a de Mallet du Pan (Correspondence
Burke, que a condenava. Politique 1796), nem a de Joseph de Maistre (Considérations sur la
Foi preciso esperar 1796 para ver surgir uma obra consistente France, 179Ò), nem mesmo a do abade Barruel (Mémoires pour Servir
sobre a Revolução3 escrita por Fantin Désodoards. Foram feitas nu­ à l’Histoire du Jacobinism e, 1797). Estas obras exerceriam até nossos
merosas edições, cada uma delas descrevendo um novo período; en­ dias uma profunda influência sobre os historiadores: tanto os autores
tretanto, sua “filosofia” é quase sempre pueril, sua documentação é conservadores como os hostis à Revolução vêem nela uma espécie
bastante insuficiente, seus erros são numerosos e sua inclinação a de atentado à ordem estabelecida pelo próprio Deus e, de um modo
favor dos Girondinos é bem evidente. Sem dúvida, foi por esta úl­ geral, a consequência da filosofia das “luzes”, na verdade uma conspi­
tima razão que Fantin Désodoards obteve sucesso. ração maçónica.
A 18 brumário, Bonaparte anunciara: “A Revolução termi­ 2) OS POLÊMICOS DOS TRÊS PRIMEIROS
nou”. Não teria chegado o momento de escrever sua história? Foi o
QUARTÉIS DO SÉCULO XIX
que pensaram alguns historiadores dos quais os mais importantes
foram Lacretelle e Toulongeon. O “compêndio” de Lacretelle, mais a) A HISTÓRIA NARRATIVA NA FRANÇA
tarde transformado em História e continuado por um estudo do Con­
sulado e do Império'', obteve um sucesso tão grande que seu autor Com a Restauração, mais uma vez a revolução parece terminada.
— 146 — — 147 —
f I

Surgia uma nova geração de historiadores. Estes não foram testemu­ terminara no 18 brumário e que ela continuara durante o Consulado
nhas dos grandes dramas revolucionários. Na França e Inglaterra, a e o Império. Naturalmente, ele não via o epílogo em Waterloo. Mig­
maioria daqueles que se inclinam a favor da revolução são racionalis- net, assim como Thiers, escreveu apenas uma história política; seu
tas e liberais, que simpatizam pelo menos com uma fase da revolu­ estilo é mais frio e calculista que o de Thiers; apesar de ter adotado o
ção. í ponto de vista da burguesia liberal, ele não se revolta.
1) Thiers. Destes autores, convém colocar em primeiro plano Para se documentar, Thiers e Mignet limitaram-se a ler Le Moni-
Adolphe Thiers6. Os dez volumes de sua Histoire de la Révolution teur, algumas memórias e a consultar algumas testemunhas. Ignora­
Française, publicados de 1823 a 1827, foram lidos avidamente pela ram a quantidade de documentos acumulados nas bibliotecas e arqui­
sociedade liberal e tiveram numerosas reedições, sendo que a décima vos. Estes foram revelados ao público pela gigantesca Historie Parle-
sexta apareceu em ' 1866. “Thiers, escreveu A. Aulard, fez com que a mentaire de la Révolution Française que Buchez e Roux começaram a
história da Revolução entrasse tanto para o domínio público como publicar a partir de 1833, compreendendo 40 volumes. Buchez exer­
para a literatura clássica.” I ceu um importante papel nas origens do socialismo cristão. Suas
Thiers nasceu em Marselha, em 1797. Ele se documentou sobre a idéias aparecem principalmente nos prefácios dos volumes. Algumas
Revolução, não para fazer obra científica mas por um dever de jorna­ dessas idéias causaram verdadeiro escândalo. Desse modo, Buchez
lista, porque Le Constitutionnel, no qual colaborava, esforçava-se em pensa que a Constituinte não cumpriu seu dever porque não soube
opor seu ponto de vista às violentas críticas contra-revolucionárias “estabelecer um princípio socializador”. Elogia Robespierre, que ten­
publicadas nos jornais de direita. Nos prospectus de sua obra, Thiers tou, através do culto do Ser Supremo, dar fundamentos à idéia de
escrevia: “A história da Revolução foi escrita apenas por contempo­ fraternidade e sacrifícios. Evidentemente, esta obra é mais uma cole­
râneos... É chegado o momento dos escritores pertencentes à geração tânea de documentos do que uma “Histoire”. Nela aparecem, confu­
atual e não tendo pela Revolução senão o interesse comum da justiça samente, artigos de jornais, panfletos, memórias, processos verbais
e da liberdade sé tornarem finalmente os historiadores desta época da Comuna e das seções de Paris e discursos. A publicação desta
memorável...” Realmente, não foi a narrativa histórica que deu su­ compilação orientou os historiadores em direção às pesquisas de ar­
cesso ao livro, mas suas tendências políticas: o elogio feito à monar­ quivos e o primeiro que a eles recorreu foi Jules Michelet.
quia constitucional de 1791 podia ser oposto às tentativas absolutis­ 3) Michelet. Jules Michelet foi, por sua vez, um professor, um
tas de Carlos X , em 1823; a objetividade com a qual Thiers elabo­ arquivista, um erudito e poeta. Ensinou, desde a idade de 28 anos, na
rou, em 1826, a história do processo de Luís X V I e do Terror, tinha Escola Normal Superior, na Sorbone e no Colégio de França. Em
o caráter de uma verdadeira provocação. 1830, aos 32 anos, foi nomeado chefe de seção nos Arquivos Nacio­
Enfim, a Histoire de la Révolution, de Thiers, era notavelmente nais. Como erudito, utilizou em suas obras um grande número de
documentada para a época, apoiada, pelo menos nos dois primeiros fontes inéditas, as quais criticou com sagacidade. Mas como poeta
volumes, por numerosos documentos explicativos. Além disso, deixou-se levar, com muita frequência, por sua inspiração. Disse que,
Thiers realizou uma verdadeira investigação; “entrevistou” os sobre­ para ele, a história era uma “ressurreição” e isto nos levou muitas
viventes da Revolução. vezes a crer que sua narrativa se fundamentava mais em sua imagina­
Thiers mostra somente três aspectos da Revolução: as lutas polí­ ção do que em sua documentação. Porém é bastante inexata essa
ticas parisienses, as operações militares e, finalmente, os problemas afirmativa.. A sensibilidade extrema de' Michelet ajudou-o a com­
financeiros. As causas dos grandes acontecimentos que ele descreve preender melhor os acontecimentos, a expressá-los mais vivamente,
são superficialmente analisadas. Apesar de suas imperfeições, a His­ porém ele nunca se afastou das regras do método histórico. Michelet,
toire de la Révolution de Thiers exerceu uma influência profunda e cujo pai era um pequeno impressor arruinado pelas medidas tomadas
duradoura. contra a imprensa por Bonaparte em 1800, pertence, por nasci­
2) Mignet. Mignet, compatriota e amigo de Thiers, publicou, mento, a uma das classes sociais que mais contribuiu para a Revolu­
em 1824, uma Histoire de la Révolution, porém em apenas dois volu­ ção: a classe dos “sans-culottes”. Também “ele sente” as aspirações
mes. Mais do que Thiers o fizera, ele explicava que o encadeamento profundas do “Povo” — ou do que ele chama o povo — melhor do
das diferentes fases da Revolução tinha uma espécie de fatalidade. que qualquer daqueles que o precederam na historiografia revolucio­
Mignet, além disso, teve o mérito de mostrar que a Revolução não nária.
— 148 — — 149 —
Em 1847, Michelet publica o primeiro volume de sua Histoire de frequência, apesar disto, Lamartine se contenta com uma informação
la Rêvolution'. Esta, que se detém na queda de Robespierre, incluiu medíocre, transformada e desvirtuada ainda por sua imaginação.
em sua primeira edição sete volumes e foi terminada em 1853- Mi­ Completamente diferente é a obra de Louis Blanc. Ele também
chelet não esconde sua admiração pela Revolução e por alguns revo­ não era um historiador profissional e, como Lamartine, escrevia uma
lucionários, especialmente os dantonistas, os quais, a seu ver, encar­ obra ocasional, destinada a glorificar a revolução montanhesa e as
nam o patriotismo da nova França. Suas fontes de informação são concepções de Robespierre9. Mas, Louis Blanc preocupou-se com
amplas e recentes. Ele utilizou três grupos de fontes: os documentos uma' documentação precisa. Proscrito em 1849, foi em Londres,
impressos, as fontes manuscritas e a tradição oral. Entre os impres­ utilizando-se das riquezas conservadas no British Museum. que ele
sos, utiliza os textos publicados por Buchez e Roux; serve-se do escreveu a maior parte de seu livro. Esta circunstância, limitando na­
7VÍoniteur, das Révolutions de Paris e de memórias. Consultou suas turalmente todo campo de suas investigações, colocou-o em contato
fontes manuscritas nos Arquivos Nacionais e nos Arquivos do Sena, com fontes que até então tinham sido ignoradas pelos historiadores,
especialmente os documentos relativos à emigração, à Vendéia e à
atualmente desaparecidos, queimados no incêndio de 1871. Em rela­
“chouanneie”.*
ção a isto, sua obra tem um valor excepcional, visto que conta com
documentos aos quais nos é agora quase impossível recorrer. Infe- Louis Blanc foi o primeiro historiador da Revolução a citar sua
lizmente, Michelet desprezava “a ostentação” de referências precisas, referência para cada fato, em uma nota colocada ao pé da página,
e é difícil encontrar em sua obra impressões exatas dos documentos exemplo que só seria habitualmente seguido bem mais tarde. Não há
desaparecidos; as anotações feitas por ele, em relação aos documen­ dúvida de que a história de Louis Blanc, como as outras, é essencial­
tos, foram queimadas por sua viúva. Michelet, finalmente, refere-se mente política, e, apesar das idéias “socialistas” de seu autor, dá aos
muito ao que chama de “tradição oral”. Não que ele tenha interro­ problemas económicos apenas uma importância mínima.
gado, como Thiers, alguns dos grandes participantes sobreviventes da
b) A HISTÓRIA NARRATIVA NO ESTRANGEIRO
epopéia revolucionária, mas interroga “o povo” que segundo ele, não
se engana jamais. Michelet também é, às vezes, levado à generaliza­
Para os historiadores que acabamos de estudar, a história da
ções apressadas e sem valor científico. A admiração total que Miche­
let professa pelo “povo” cega-o com muita frequência. Fala de seu Revolução é uma arma destinada a servir na luta em que se empe­
senso do direito, da justiça, sem se aprofundar, ou melhor, deixa de nhavam cada dia seus contemporâneos. Esta concepção não foi uni-
estudar a estrutura deste “povo”, que ele invoca incessantemente, e caménte privilégio dos historiadores franceses. Nós a encontramos
de distinguir as diferentes categorias sociais que o compõem. Na rea­ também entre autores estrangeiros, como Carlyle e Sybel!"
lidade, exclui delas os trabalhadores rurais e urbanos. L ’Histoire de la Foi em 1837 que apareceu The French Rêvolution, de Thomas
Rêvolution Française, de Michelet continua sendo, portanto, apesar da Carlyle." Carlyle nasceu em 1795, na Escócia, foi pastor e professor.
amplitude da documentação utilizada, bastante subjetiva. Ela vale Calvinista puritano, mostra-se hostil ao racionalismo, ao materialismo
principalmente nor seu estilo incomparável, por sua eloquência arre­ e ao capitalismo. Mas, como Michelet, ao. qual foi comparado fre­
batadora, por seu nobre idealismo. Michelet despertou vocações e qúentemente, tem um temperamento de poeta e para ele também ò
não teve discípulos. “povo” está no primeiro plano de sua história. Em relação à Revolu­
4) Lamartine e Louis Blanc. No mesmo ano em que aparecia o ção Francesa está tão bem documentado quanto poderia estar um
primeiro volume da Histoire de la Rêvolution Française, de Michelet, inglês nesta época e se irrita mesmo por nada poder afirmar a não ser
foram colocadas à venda duas outras obras sobre o mesmo assunto: a através de provas. Entretanto, Carlyle é um homem apaixonado, de­
Histoire des Girondins, de Lamartine7 e a Histoire.de la Rêvolution, de testa os direitos do homem, a igualdade que é uma utopia, e Robes­
Louis Blanc8. Mais poeta e muito menos historiador que Michelet, pierre, uma “fórmula” feita homem. Sua paixão, contudo, não o cega
Lamartine redigiu uma obra ocasional, com muitos erros: tratava-se a ponto de impedir-lhe a compreensão. Procura sempre explicar.
de justificar as aspirações da burguesia liberal contra uma república Desse modo, a propósito das vítimas do Terror, escreveu: “Destruam
moderada. Todavia, a documentação de Lamartine foi menos sumária dez vezes mais, porém seguindo as regras e, no campo de batalha,
do que se considera freqúentemente. Consultou não somente as conseguirão uma gloriosa vitór-ia com um Te Deum...” Ao tempera­
memórias publicadas, mas também manuscritos inéditos; Com muita mento arrebatado e freqúentemente vulgar de Carlyle se acrescentou
- 150 - — 151 —
r

ainda a popularidade de seu livro, que obteve um estrondoso su­ tecimentos desaparece e os traços gerais da evolução se esclarecem
cesso, não somente nos países anglo-saxônicos, mas em toda Europa. plenamente...” Para chegar a este ponto, Tocqueville procurou
O alemão Von Sybel, ao contrário de Carlyle, era um historiador documentar-se cuidadosamente. Teve a preocupação constante de
profissional e um erudito; foi sucessivamente professor em diversas recorrer às fontes. Trabalhou na Biblioteca e nos Arquivos Nacio­
universidades e depois diretor dos arquivos da Prússia. Escreveu uma nais, nos Arquivos de Indre-et-Loire, no British Museum e foi um dos
Geschichte der Revolutionszeit. A primeira parte, publicada em três vo­ primeiros a examinar, no Public Record Office em Londres, os relató­
lumes, de 1853 a 1858, pára em 1795; ela é, portanto, contemporâ­ rios enviados pelos agentes britânicos na França. Não se contentou
nea das grandes obras de Michelet e de Louis Blanc. E o primeiro em ler os documentos de ordem política, mas, exercendo também
historiador que tentou estudar a Revolução Francesa sob um ponto aqui o papel de pioneiro, examinou as “contas das secções” e as ma­
de vista internacional, mas ele escreveu uma história essencialmente trizes de contribuição territorial estabelecidos por ordem da Consti­
“diplomática”, na qual prevalece a perspectiva prussiana. Tenta de­ tuinte; comparou os registros de propriedade do século X V III e do
monstrar que a Revolução, na França, não foi apenas política, mas século X IV , com o cadastro contemporâneo; leu os “cahiers de do-
teve causas sociais. Primeiramente, explica que a Revolução Francesa léances”* e recorreu aos atos de venda de bens nacionais. Infeliz-
é caracterizada, antes de tudo, por uma grande transferência de pro­ mente, sua morte prematura aos 53 anos, em 1859, impediu-o de
priedades, tiradas das classes privilegiadas e passadas às mãos da bur­ terminar a grande obra que projetava.13
guesia e de camponeses abastados. Porém a Revolução, segundo ele, Apesar de seu caráter parcial, a obra de Tocqueville se impõe, ao
enfraqueceu irremediavelmente o Estado. No que se refere à política historiador por seus méritos consideráveis. Em muitos domínios, ele
internacional, Sybel faz recair o peso da responsabilidade da guerra abriu caminhos que só seriam retomados muito tempo depois. Sendo
sobre os Girondinos, que romperam imprudentemente o equilíbrio um dos primeiros a perceber o caráter europeu e mesmo ocidental da
europeu edificado pelo Antigo Regime. Revolução, cujo aspecto francês foi apenas um episódio, ele assinalou
também suas profundas origens de ordem económica e social.
ct A HISTORIA -EXPLICATIVA"
Um dos méritos de Tocqueville foi o de ter evidenciado, embora,
Entre 1854 e 1889 aparece um certo número de obras que não sem dúvida, não tivesse lido Karl Marx, o papel exercido pela luta de
têm mais por objetivo principal o estabelecimento de fatos e sua des­ classes na evolução histórica. Evidentemente, embora os problemas
crição, mas tentam, sobretudo, explicá-los. escapem ainda a Tocqueville, isto seria apenas uma consequência do
caráter incompleto de sua obra. Ele pouco se preocupa com a Con­
1) Tocqueville. Em 1836, Alexis de Tocqueville'2 já era co­ venção; não parece vislumbrar o papel fundamental exercido pela
nhecido pela publicação de um estudo sociológico sobre os Estados guerra na marcha da Revolução. Apesar destas reservas, o livro de
Unidos, La Démocratie en Amérique, que permanece como a obra Tocqueville, tanto por seu esforço na perspectiva de uma síntese ob­
mais importante que um europeu já escreveu sobre este assunto. jetiva, quanto pela segurança de sua informação e suas qualidades
Mas, desde esta época sentia-se atraído pela história da Revolução. literárias, ocupa um lugar de primeiríssimo plano na historiografia da
Sendo de uma inteligência notável, Tocqueville soube dominar as Revolução.
idéias que havia recebido da aristocracia, da qual descendia e da ma­
gistratura, da qual fora membro. Casado com uma inglesa, tendo 2) Qutnet. Ao mesmo tempo em que Tocqueville preparava
mesmo contatos diretos com os Estados Unidos, membro do Parla­ seu livro, Edgard Quinet escrevia um outro, com o mesmo espírito.14
mento e logo depois, em 1849, ministro dos Negócios Estrangeiros, Edgard Quinet nasceu em 1803 e morreu em 1875. Era professor no
sua experiência lhe permite, mais que aos outros historiadores, pro­ Colégio de França, como Michelet. Como ele, também foi exilado
por considerações gerais. Além disso, não quer escrever uma nova após o golpe de Estado de 2 de dezembro e passou a escrever em
história narrativa da Revolução. “Indicarei os fatos, sem dúvida, e Bruxelas uma Philosophie de l ’Histoire de France, publicada na Revue
seguirei seu encadeamento, explica a um amigo; mas o meu principal des deux Mondes, em 1855. Este estudo deveria servir de introdução à
objetivo não será o de narrá-los.” Tocqueville, o primeiro dos histo­ uma Philosophie de l’Histoire de la Révolution. Em 1856, quando surgiu
riadores da Revolução, conduz, como disse justamente Georges Le- o livro de Tocqueville, Quinet refez seu trabalho, resumindo seu tí­
febvre, “a síntese a este nível superior em que a desordem dos acon­ tulo, que passou a ser La Révolution. O livro foi publicado em 1865,
— 152 — — 153 —
em dois volumes; foi ao mesmo tempo uma obra filosófica, uma his­ obra de valor, que Taine truncara ou interpretara mal numerosos do­
tória, uma epopéia e um panfleto. A obra abrangeria todo período cumentos e que, sobretudo, havia lido apenas uma ínfima parte dos
compreendido entre 1789 até a queda do Império e teria por epílogo documentos que lhe eram indispensáveis conhecer para escrever uma
um estudo sobre a Campagne de 1815 . publicada desde 1861. Mas, obra bem informada. Na realidade, se Taine tivesse a intenção de
Quinet se deteve no 18 brumário. Quinet, que escreveu seu livro no reunir uma documentação completa, não teria jamais conseguido es­
exílio, não pôde consultar quase nada para se documentar, além das crever seu livro. O que se pode recriminar nele é o fato de ter-se
obras de Buchez e Roux, de Michelet, de Louis Blanc, de Tocque- dirigido, de preferência, aos documentos que justificaram sua tese.
ville e Le Moniteur. Na realidade, Quinet não pretende descrever “Aparentemente, escreve Aulard, Taine somente procura encon­
com precisão os acontecimentos da Revolução, mas contribuir com trar nos documentos o que lhe interessa”. Não diremos que ele eli­
reflexões que fazem de seu livro um manifesto contra o segundo mine o testemunho adverso, porém este escapa à sua percepção.
Império. Para Quinet, a História da França é uma longa luta pela Rècrimina-se Taine por haver escrito uma história estritamente
liberdade. Esta luta por si só explica a Revolução e Quinet se mostra da França. Não percebeu que a Revolução Francesa era apenas um
tão hostil ao despotismo do Antigo Regime, exagerando suas caracte- aspecto de uma revolução infinitamente mais vasta, percebendo ainda
rísticas, quanto ao Terror, cujas causas não compreende. Filho de menos que as circunstâncias exteriores explicavam sua evolução in­
uma protestante e de um católico, Quinet atribui uma considerável terna.
importância às questões religiosas. Considera o catolicismo incompa­ Entretanto, Taine contribuiu com novos pontos de vista para a
tível com a liberdade e declara que o revés da Revolução foi conse­ Historia da Revolução. Um dos primeiros, a mostrar que èsta história
quência de sua política religiosa. não era essencialmente parisiense, mas provincial, não somente polí­
3) Paine. Quinet instava os historiadores da Revolução a uma tica, mas económica e social. Ele percebeu bem que a Revolução
maior objetividade. Nem ele, nem o próprio Hippolyte Taine o al­ causara uma grande mudança de propriedades, da nobreza e do clero
cançaram em suas Origines de la France Contemporaine. obra em para a burguesia e a classe camponesa abastada. Mas, devido à falta
cinco volumes publicada de 1875 a 1893-'' Taine se tornara conhe­ de tempo não pôde aprofundar o problema. Taine mostrou também
cido devido às suas brilhantes obras de crítica literária e de filosofia, que os homens na massa não raciocinavam do mesmo modo que iso­
quando, amedrontado pela Comuna de Paris, em 1871, decidiu estu­ lados; foi, dessa forma, um dos primeiros historiadores a estudar a
dar as causas remotas da semana sangrenta. Assim como Tocqueville, psicologia coletiva, mas o fez apenas facciosa e superficialmente. Por­
voltou suas reflexões para a queda do Antigo Regime. Porém, mais tanto, Taine foi mais um estimulador do que um mestre e, como
feliz que seu predecessor, pôde conduzir seus estudos até 1808. Michelet, não teve discípulos.
De origem burguesa, mas com espírito livre e independente,
Taine foi perseguido, na Universidade, no início do Segundo Impé­ 3) A ÉPOCA DA PESQUISA CIENTÍFICA
rio, em razão de suas opiniões políticas e religiosas. Sua sensibilidade
extrema explica sua atitude a respeito da Comuna de 1871. Esta sen­ a) AULARD E SUA ESCOLA
sibilidade freqiientemente paralisou sua inteligência. Explica, dessa
maneira, o facciosismo com o qual abordou o estudo da Revolução: A partir de 1881, com a publicação da revista La Révolution Fran­
achava que apenas os notáveis eram capazes de governar. Se o povo çaise. o trabalho coletivo se organiza, tendo em vista a pesquisa cien­
se envolve, participando dos negócios do Estado, apenas conseguirá tífica referente à história da Revolução. Na origem desta renovação
provocar uma terrível anarquia. Taine ataca o povo com seus sarcas­ de métodos, está a criação, erri 1881, de um comité encarregado de
mos. Também é severo com Napoleão, que, por suas instituições e preparar a celebração do centenário de 1789- Suas finalidades, na
principalmente pelo Código Civil, consolidou a obra da Revolução e, verdade, não eram inteiramente desinteressadas: tratava-se de conso­
portanto, preparou a Comuna de 1871... lidar a República. Mas, em 1888, o Comité se transformava em “So­
A obra de Taine, notavelmente escrita, obteve magnífico sucesso ciedade da História da Revolução Francesa”, e, esta se consagrava
e exerceu uma influência inesquecível. Múltiplas referências feitas a cada vez mais a atividades puramente científicas. Sua revista La Réro-
documentos de artigos pareciam provar sua consistência. Mais tarde, lution Française. fundada qm 1881, destaca-se, a partir de 1886,
Aulard demonstrou que esta obra tinha apenas uma aparência de entre as melhores revistas históricas, ocasião em que Alphonse Au-
— 154 — — 155 —
larcU tornou-se seu diretor. No mesmo ano, o Ministro de Instrução toire Politique de la Rêvolution Française, publicado em 1901. Esta
Pública criava junto ao Comité de Trabalhos Históricos, uma “Co­ obra, tal como a de Taine, sofreu numerosas críticas. De início
missão encarregada de pesquisar e publicar os documentos históricos reprovaram-lhe o caráter exclusivamente “político”: estudar um fe­
relativos à Revolução de 1789”. Ela deveria iniciar, desde 1889, sob nômeno revolucionário tão amplo e tão complexo, sob este único
a direção de Alphonse Aulard, o monumental Recueil cies Actes dit aspecto seria desvirtuá-lo completamente. Lamentou-se, também, a
Comité de Salut Public.17 Por sua vez, a Cidade de Paris instituía uma posição facciosa constante tomada por Aulard em favor de Danton e
“Comissão encarregada de pesquisar e publicar os documentos inédi­ seus adeptos contra Robespierre e seu grupo. Admira-se apenas que
tos relativos à história de Paris durante a Revoltição Francesa”. Em tenham sido deliberadamente deixados de lado os problemas religio­
1903, o Parlamento, em reação à proposição de Jaurès, estabelece sos que exerceram um papel predominante na Revolução Francesa,
uma “Comissão encarregada de pesquisar e publicar os documentos papel este reconhecido pelo próprio Aulard, que lhe consagrara vá­
dos arquivos referentes à vida económica da Revolução”. A seção rios artigos. No fundo, este livro é quase somente uma história do
histórica do estado maior do exército empreende, por sua vez, a pu­ pensamento republicano na França, de 1789 a 1799- Foi mais por seu
blicação de uma série completa de volumes sobre as guerras da Revo­ ensino, sua revista18 e suas publicações eruditas que Aulard exerceu
lução. uma influência, do que por seu livro, já ultrapassado pela ciência
Diante da “Sociedade de História da Revolução Francesa” e de histórica no próprio momento em que era publicado.
sua revista aparecem logo concorrentes, apresentando tendências di­
ferentes e que não pretendem nada menos que uma obra gigantesca b) JAURÈS
de estudo e documentação. Em 1886, ao mesmo tempo em que se
desenvolviam esses cómitês, essas sociedades, essas revistas, foi Na realidade, foi em 1901 que um homem, apesar de não ser um
criada pelo Estado e Cidade de Paris, na Sorbonne, uma cadeira de historiador profissional mas um filósofo e um parlamentar, Jean Jau­
História da Revolução. Seu primeiro titular seria Alphonse Aulard. rès, publicava o primeiro volume de sua Histoire Sociahste^ de la Révo-
Alphonse Aulard nasceu em 1849; filho de um professor de filo­ lution Française. Falando dos historiadores da Revolução, escrevia
sofia, seguiu a carreira de seu pai. Professor titular de Letras, escre­ em sua introdução: “O que faltou, mesmo aos mais importantes, não
veu uma tese sobre o poeta italiano Leopardi (1877). Porém, há são exatamente os documentos, mas a preocupação e o sentido da
muito tempo fora atraído pela Revolução Francesa. Com a idade de evolução económica e da profunda e instável vida social”. Jaurès
quatro anos, conhecera Thibaudeau, membro da Convenção e este apresenta, no início de sua obra, um notável quadro da França no fim
contato com o veterano da Revolução lhe produzira uma profunda do Antigo Regime, conforme os “Cahiers de doléances” e, ao contrá­
impressão. Em 1882, publica uma obra sobre Les Orateurs de la Cons- rio de Michelet, concluiu que a Revolução não foi consequência da
tituante, de la Législative\ de la Convention. Ele aplicava ao estudo dos miséria, mas da elevação do nível de vida das classes médias, de sua
grandes revolucionários os processos científicos que os filósofos co­ intensa vitalidade, de sua maturidade, do sentimento de seu papel na
meçavam a utilizar. Este livro atraiu sobre ele a atenção dos historia economia da Nação e do legítimo desejo que essas classes manifesta­
vam de dirigir também a política do país. Entretanto, Jaurès admite a
dores e Aulard foi nomeado encarregado do Curso de História da
miséria do proletariado agrícola e artesanal, reconhecendo a pouca
Revolução, na Sorbonne. Sua primeira conferência, realizada a 12 de
informação existente sobre o assunto e a necessidade de se fazer pu­
março de 1886, deu-se numa atmosfera tensa. Temiam-se manifes­
tações. Não houve nada disso, porém Aulard expôs seu programa, blicar documentos indispensáveis antes de se empreender novos es­
rigorosamente objetivo e científico. Ele se aplicava à expansão dos tudos. Jaurès, apesar do lugar eminente que concede às correntes
métodos de erudição que os historiadores alemães empregavam há lentas e profundas da evolução económica e social, não negligencia,
várias décadas: sempre consultar autores originais, não dizer nada para tanto, a força das idéias. Muito pelo contrário, consagra páginas
que não se saiba ser original, nem escrever nada sem citar suas refe­ repletas de novos resumos à efervescência ideológica que marcou a
rências e apresentar os fatos de maneira imparcial e objetiva. Revolução, não somente na França, mas no mundo, todavia com ex­
A obra de Aulard pode ser dividida em duas partes. De um lado, ceção da Itália e dos Estados Unidos, porque parece não ter perce­
a publicação de documentos, de outro, parte de estudos numerosís­ bido bem o papel exercido por esses países. Os capítulos, no decor­
simos, baseado nos quais Aulard tentou fazer a síntese de uma His- rer dos quais analisa as idéias revolucionárias na Inglaterra e na Ale­
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manha, merecem continuar como clássicos. Entre os pensadores fran­ esclarece com a minúcia de um juiz de instrução, ao mesmo tempo
ceses, é Condorcet que absorve completamente sua atenção. Jaurès erudito e publica regularmente o resultado de suas pesquisas, ini­
se esforça sempre, no decorrer de sua obra, em resolver o difícil cialmente em sua revista e depois em volumes. Foi tanto o contato
problema das relações entre os fatos económicos e os ideais revolu­ com assuntos de venalidade e corrupção, como também o espetáculo
cionários. Sem dúvida, às vezes se engana; sem dúvida, algumas de dos acontecimentos da guerra de 1914-1918, que levaram Mathiez a
suas hipóteses foram abandonadas em consequência disso. Mas Jau­ se interessar pelos problemas económicos. Embora sendo admirador
rès percebeu bem que a questão da paz e da guerra era o núcleo da de Jaurès, não era, na re?'idade, “o homem de nenhum sistema”.
história da Revolução Francesa e se dedicou entusiasticamente a este Desconfia da sociologia, do que se chamou posteriormente “a histó­
problema, tão próximo daquele que, quase diariamente evocava na ria não factual”. Não foi porque acreditasse na influência preponde­
Câmara. A. Mathiez, em 1922, encarregado de reeditar a história de rante da infra-estrutura económica que escreveu La Vie Chère et le
Jaurès, disse a seu respeito: “Nenhuma outra história da Revolução
Mouvement Social sous la Terreur, mas foram suas pesquisas, suas des­
chegou tão perto da realidade. Nenhuma outra fez progredir tanto a
cobertas que o levaram a isso. Sem dúvida, é a parte mais importante
ciência. Ela é muito mais um ponto de partida do que de chegada”. de sua obra. Pôde desenvolver, muitíssimo melhor do que antes dele
c) MATHIEZ
se tentara fazer, o programa social dos Robespierristas e mostrou que
as divisões internas dos revolucionários se originaram de concepções
sociais radicalmente diferentes.
Entre os historiadores da Revolução que sofreram a influência de
Mathiez, como Aulard, tentou esboçar uma síntese da Revolução.
Jaurès, não resta dúvida a necessidade de se colocar Albert Mathiez
Sua morte prematura, em 1932, impediu-o de terminá-la e o que foi
no primeiro plano.20 Ao contrário de Jaurès e também de Aulard,
publicado dela não possui homogeneidade. Na realidade, essa obra
Mathiez abordara o estudo como especialista. Professor titular de his­
tória em 1897, desde sua primeira publicação escrevia sobre a histó­ compreende, de um lado, três pequenos volumes,' consagrados ao
período de 1787-1794 e o 3.° volume, aliás, se refere às lutas entre
ria da Revolução: era um “Étude critique sur les journées des 5 et 6 Girondinos e Montanheses durante nove meses, de 10 de agosto de
octobre 1789”, que foi publicado na Revue Historique, em 1898 e 1792 a 2 de junho de 1793; por outro lado, dois grandes volumes,
1899- Desde então, Mathiez, tanto pelo magistério que exerceu
um, estudando a reação termidoriana, o outro, o Diretório, até o 18
desde 1908 em diversas universidades, quanto por seus múltiplos es­ fruddor. Provav.elmente, se Mathiez tivesse vivido, teria retomado o
tudos, se consagrou de corpo e alma à história da Revolução. Se­ que, em seu pensamento, era ainda apenas um esboço. Todavia, por
guindo os conselhos de Aulard, Mathiez empreendeu, primeira­ seu estilo arrebatador, por sua extrema clareza, este esboço se impôs
mente, o estudo da política religiosa da Revolução. Suas teses tive­ aos historiadores e aos estudiosos. Evidentemente, como La Révolu­
ram como objeto de estudo uma, a Théopbilanthropie, outra as Origi­ tion , de Aulard, a de Mathiez é essencialmente uma história política,
nes des Cultes Révolutionnaires. Seguiram-se várias outras obras relati­
sendo que os problemas económicos e sociais, embora tratados,
vas aos problemas religiosos da Revolução. Mathiez mostrou clara­
mente que a atitude dos revolucionários, em questão de religião, es­ ficam em segundo plano. E característico notar que Mathiez não quis
ver na conspiração de Babeuf senão um esforço dos antigos terroris­
tava ligada às profundas aspirações das massas. E esta opinião que, no
tas para retomar o poder e não a viu como a primeira afirmação de
próprio modo de dizer de Mathiez, trouxe as primeiras dificuldades
entre ele e seu mestre, Aulard, que considerava os cultos revolucio­ uma doutrina comunista e como a primeira tentativa para aplicá-la.
nários apenas como expedientes. Por outro lado, o estudo das con­ Não resta dúvida de que Mathiez destruiu a legenda do “bloco” revo­
lucionário. Prim eiro ele mostrou que a Revolução na França
cepções religiosas dos revolucionários colocou Mathiez em contato
com Robespierre, o organizador do culto do Ser supremo. constituiu-se de uma série de revoltas, após a revolta nobiliária em
Robespierre se tornou, então, o foco de atenção dos estudos de 1787, até a revolta dos Thermidorianos contra os Robespierristas,
em 1794. Mostrou, melhor do que todos seus antecessores, as divi­
Mathiez- Em 1908, funda a “Sociedade dos Estudos Robespierristas”,
sões entre os dirigentes da revolução e relacionou estas divisões aos
e publica os Annales Révolutionnaires. Seu caráter, naturaímente des­
confiado, sentiu-se à vontade em meio às lutas políticas e rivalidades grandes problemas económicos e sociais que a guerra e a crise eco­
pessoais dos Girondinos, dos Dantonistas e Robespierristas. Ele os nómica haviam exacerbado. Mathiez não foi apenas um eminente his­
toriador, mas também um grande professor, um estimulador. Embora
— 158 —
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de um caráter difícil, embora temido por seus alunos e pelos que o grego e ao latim somente aos 17 anos. Titular aos 25 anos, ensinou
rodeavam, tinha o dom de fascinar seu auditório. Suscitou numerosas nos liceus da província, mas, desde 1905, durante os raros momentos
vocações e chegou a ser um verdadeiro fundador de escola. de lazer de que dispunha, começou a elaborar uma tese monumental
sobre Les Paysans du Nord Pendant la Révolution Française.' Ele a
d) SAGNAC E LEFEBVRE defendeu, em 1924, com a idade de 50 anos. Esta tese assinala uma
data importante na historiografia da Revolução. Pela primeira vez, a
Philippe Sagnac e Georges Lefebvre pertenciam à mesma geração história da classe camponesa era abordada com um rigor científico, a
de Mathiez. Ambos, assim como Mathiez, desde o início de sua car­ Revolução era vista de baixo e não do alto, e sob a influência de
reira, dirigiam suas pesquisas para os problemas sociais da Revolução Jaurès, Georges Lefebvre explica assim seu ponto de vista: “É nos
Francesa. Realmente, Philippe Sagnac consagrava sua tese principal, campos que aparece mais claramente e quase isenta de qualquer
em 1898, à Législation Civile de la Révolution Française: foi esta a pri­ mistura, a característica principal da grande crise: ela foi uma revolu­
meira vez que problemas em grande parte jurídicos foram abordados ção essencialmente social para os camponeses”. O departamento do
por um historiador e Sagnac mostrou, em seu estudo, o imenso pro­ Norte se prestava, aliás particularmente, a este gênero de pesquisas:
veito que a história da sociedade poderia tirar de um exame aprofun­ já apresentava uma acentuada densidade (147 habitantes por quiló­
dado das instituições. A tese complementar, ainda escrita em latim, metro quadrado) e um princípio de industrialização que permitia
tratava de um problema importante, o da “reação senhorial” no fim confrontar os problemas camponeses com os apresentados no início
do século XV III. Em seguida, Philippe Sagnac consagrou à Revolu­ da revolução industrial. Sua situação na fronteira da França, os ata­
ção numerosos artigos em diversas revistas. Também escreveu uma ques desencadeados pelo inimigo e o Terror que, por esta razão, foi
síntese que se relaciona com os três primeiros anos da Revolução e aí mais intenso do que em qualquer outra parte, não isolaram os
constitui o primeiro tomo da “Histoire de France Contemporaine”, grandes movimentos revolucionários. G. Lefebvre mostrou como os
publicado sob a direção de Ernest Lavisse. Esta obra continua sendo, camponeses estavam ligados aos antigos costumes rurais, coletivos e
ainda hoje, uma das melhores entre as que foram publicadas, relati­ igualitários. Como escreveu A. Mathiez: “jamais a história social da
vas ao início da Revolução até a queda da monarquia. revolução fora investigada com esta profundidade e esta amplitude”.
Philippe Sagnac tomou consciência de que era preciso ampliar o G. Lefebvre continuou e ampliou seus estudos relativos aos campo­
estudo da Revolução, indo além dos limites da França. A primeira neses. Em 1932, sob o título Questions Agraires au Temps de la Ter-
guerra mundial levou-o a publicar uma obra sobre o Rhin Français reur, publicou textos característicos, precedidos por uma importante
Pendant la Révolution et 1’Empire, livro escrito em consequência dos introdução, em que retoma todo problema da política agrária. Ao
acontecimentos, de acordo com as únicas fontes, mas que fornece contrário de Albert Mathiez, G. Lefebvre chegava à conclusão de que
ainda informações úteis. Depois, foi a revolução americana que atraiu esta política fora apenas uma obra ocasional e que não seria possível
Sagnac. Consagrou-lhe um volume na coleção Peuples et Civilisations, descobrir entre os Robespierristas um plano de reformas agrárias efi­
cuja direção assumia ao lado de Louis Halphen. Em 1923, Philippe cazes e profundas.
Sagnac foi convidado para suceder Aulard na cadeira de história da Georges Lefebvre prosseguiu seus trabalhos de história rural em
Revolução, na Sorbonne. Com a colaboração de um jurista, emigrado um livro extremamente sugestivo sobre La Grande Peur de 1789■ A
situação dos campos em 1789, o contingente enorme de “bandidos ,
da Rússia em 1919, Boris-Mirkine-Guetzévitch, tentou ampliar o consequência da explosão demográfica do século X V III, explicam o
campo de ação desta cadeira, criando em 1936, um “Instituto Inter­ Grande Medo, o medo dos “bandidos”, isto é, dos vagabundos, que
nacional de História da Revolução Francesa”. Mas, este Instituto, que se suspeita terem passado para o serviço dos senhores. Este movi­
se destinava mais ao grande público culto do que aos eruditos, não mento é o primeiro grande estremecimento revolucionário que aba­
chegou a despertar vocações, nem produziu as obras que se poderia lou o povo francês em seu conjunto. Este estudo foi ainda ampliado
esperar. Talvez as circunstâncias do período imediatamente prece­ num volume consagrado a toda história do ano “Quatre-vingt-neuf’,
dente à guerra fossem pouco favoráveis. publicado na ocasião do sesquicentenário do aniversário da Revolu­
Philippe Sagnac foi sucedido, na Sorbone, em 1937, por Georges ção, em 1939-
Lefebvre.” Nascido em 1874, como Mathiez, Georges Lefebvre não Nesta data, decorreram sete anos desde que Georges Lefebvre
foi inicialmente orientado para os estudos literários. Dedicou-se ao
— 160 — — 161 —
sucedera a Mathiez na direção dos Annales Historiques de la Rêvolution riadores consagram-se a uma obra de divulgação e conseguem um
Française. Sem consagrar tantos esforços quanto seu predecessor ao brilhante sucesso junto ao grande público. Enfim, os eruditos se es­
estudo de Robespierre e do Terror, escreveu, entretanto, sobre estes forçam, através de suas pesquisas, por renovar e fazer progredir a
problemas vários artigos importantes que encontraremos agrupados história da Revolução.
nos Etudes sur la Rêvolution Française, publicados em 1954. Mas, G.
a) OS HISTORIADORES CONSERVADORES
Lefebvre, com o auxílio do Centro Nacional de Pesquisa Científica,
impulsionou ativamente a publicação das obras de Robespierre, pu­
blicação essa iniciada por Mathiez. De 1950 a 1967, foram imprimi­ São recrutados, antes de 1944, principalmente nas fileiras da Ac-
dos seis grandes volumes, os quais passaram, desde então, a se consti­ tion Française, mas contaram e contam ainda com uma receptividade
tuir num instrumento de trabalho indispensável a quem deseja estu­ que ultrapassa muito o número de adeptos deste movimento. Assim,
dar a Revolução. a Revolução Francesa de Pierre Gaxotte," publicada em 1928, teve
Georges Lefebvre tinha intenção de escrever uma síntese: em inúmeras edições, datando a última de 1962. E um livro inteligente,
bem informado, notavelmente bem escrito, mas sistematicamente
1930, publicava, em sua coleção Peup/es et Cirilisations um volume
sobre a Revolução, encarregando-se ae redigir o período de 1787 a hostil à Revolução. Pierre Gaxotte tenta demonstrar — como Burke
1795; Raymond Guyot encarregou-se do Diretório e Sagnac de uma — que ela foi, na história da França, apenas “um acidente lamentável
ampla conclusão sobre “A Revolução e a Civilização Européia”. Mas, e sinistro, fruto da perversidade de uns e do extremismo de ou­
em 1937, Georges Lefebvre escrevia para a Coleção Armand C olin, tros”."6 Ele atribui suas causas principais, não à miséria dos campone­
dois pequenos volumes, um sobre Les Thermidoriens; em 1946, es­ ses, que era, segundo dizia, “mais fingida que real”, mas à cegueira
crevia outro sobre Le Directoire; em 1935, redigia para a coleção Peu- das classes dirigentes, o que não é, como já vimos, inteiramente ine­
ples et Cirilisations uma obra sobre Napoléon. De modo que ele escre­ xato. Ele é severo com os chefes do movimento revolucionário. Ro­
veu uma ampla composição histórica, desde as origens da Rêvolution bespierre fica atingido pelo “delírio da persecução”, Marat, “sifilítico
Française até o fim do Império. Em 1951, ele retomou esta obra, até à medula dos ossos”, era “meio louco” e não pensava senão n,a
dando uma nova redação à La Rêvolution Française, desta vez intei­ “batalha e no crime”. Nesta obra, escrita pouco tempo após a Revo­
ramente de sua autoria. Esta coleção, pela amplitude de sua penetra­ lução Russa de 1917, Pierre Gaxotte acusá os montanheses de quere­
ção — esforça-se por estudar a revolução como um fenômeno não rem introduzir o comunismo na França. Sob esta perspectiva, ele
somente francês, mas mundial — pela amplitude de sua informação, julga legítimo o pedido de ajuda estrangeira feito por Luís XV I e
pela probidade científica da qual dá prova o autor, é atualmente o Maria Antonieta. Para Pierre Gaxotte, a Revolução termina a 9 ter­
melhor livro que possuímos sobre a Revolução. Aliás, Georges Le­ midor. Ele se refere ao D iretório apenas em algumas páginas,
febvre não parou aí. Prosseguiu suas pesquisas e trabalhos com uma caracterizando-o unicamente pelas dilapidações, pelas velhacarias e
atividade admirável, não diminuída pela idade. Inaugurou, em 1953, pelas dificuldades financeiras. A reforma económica, realizada após
uma nova compilação de documentos consagrados à história dos Es­ 18 frutidor, não é mais do que o resultado da expansão revolucioná­
tados Gerais de 1789- Georges Lefebvre morreu a 28 de agosto de ria na Europa. Esta obra, entretanto, deliciou dezenas de milhares de
1959- Deixou várias obras, posteriormente publicadas."4 Pode-se leitores.
afirmar que a obra de Georges Lefebvre ocupa um lugar muito im­ Os historiadores conservadores não se limitaram a redigir gran­
portante na historiografia da Revolução. Para os que se iniciam no des sínteses, brilhantes, porém contestáveis e contestadas. Eles tam­
estudo deste período, ela se constitui tanto num ensinamento quanto bém empreenderam trabalhos mais precisos que, apesar de sua orien­
num exemplo. tação freqúentemente acentuada, são bastante úteis aos historiadores.
G. Gautherot publicou um útil estudo sobre a Revolução Francesa,
4) AS TENDÊNCIAS ATUAIS no Bispado de Basiléia;"7 o marquês de Roux dedicou-se ao estudo
de Poitiers e Viena durante a Revolução"8. Se suas conclusões são
Quais são as tendências atuais? Voltamos a ver os prolongamen­ “orientadas”, pelo menos suas pesquisas seguem as regras da erudi­
tos das que já estudamos. Os adversários da Revolução, Burke, o ção e os fatos que eles descrevem são expostos com a mais perfeita
abade Barruel e Taine contam sempre com discípulos. Outros histo­ objetividade.
— 162 — — 163 -
bI OS DIVULGADORES
fundamental, às quais se deve dar prioridade, e as superestruturas,
que abalaram mais os contemporâneos e os primeiros historiadores
Talvez o grande público nunca tivesse sido mais ávido pela histó­ da Revolução, mas que é necessário colocar em seu devido lugar na
ria do que atualmente. A radiodifusão e a televisão ajudam a venda hierarquia de valores para bem julgar o desenrolar da história. Toda­
de revistas e livros de divulgação histórica. Por sua vez, estes permi­ via, estes eruditos dividem-se em dois grupos: os que aceitam so­
tem acompanhar melhor e compreender algumas emissões. Alguns mente o marxismo como método e os que o admitem como doutrina.
autores se especializaram na divulgação da história revolucionária. Entre os que se encontram no primeiro grupo, podemos classificar os
Seguem o exemplo de G. Lenôtre, cuja série “Velhas casas, velhos franceses, como Mareei Reinhard,” os ingleses, como Alfred Cob­
papéis”, obteve um grande sucesso e trouxe mesmo algumas indica­ ban,34 os americanos, como Crane Brinton, Louis Gottschalk, Léo
ções úteis aos eruditos." Louis Hastier retomou o mesmo gênero, ten­ Gershoy’7, Robert Palmer.18 No segundo grupo também encontra­
tando decifrar alguns enigmas h istó rico s.M as, é sem dúvida André mos historiadores de diferentes nacionalidades, mas com predomi­
Castelot que conta atualmente com o maior número de leitores com nância de russos e dos provenientes das repúblicas populares: france­
suas biografias de personagens célebres da época revolucionária.11 ses como Ernest Labrousse,” Daniel Guérin,40 Albert Soboul,41Jean
Pela quantidade e beleza das ilustrações que contém, a obra de F. Bruhat;43 ingleses como George Rudé;43 italianos, como D. Cantimo-
Furet e D. Richet deve ser classificada entre os livros de divulgação. " ri44 e A. Saitta;45 alemães como W. Markov,46 russos como N.
O fato destes dois historiadores não terem ainda publicado nenhum Strange,47 V.M. Dalin48 e A. Manfred;49 poloneses como B. Lesno-
estudo erudito sobre a Revolução confirma esta classificação. Entre­ dorski;5" húngaros, como K. Benda;51 japoneses, como K. Taka-
tanto, as idéias encontradas em suas obras merecem atenção. Para hashi.52 Entre os historiadores franceses marxistas e não marxistas,
estes autores, a importância da Revolução de 1789 deve-se à conjun­ nunca houve discussões verdadeiramente violentas, semelhantes às
ção de três revoltas, a dos deputados dos Estados Gerais, a dos pari­ célebres contendas que opuseram, há cinquenta anos, Aulard e
sienses e a dos camponeses. Mas logo em seguida a Revolução teria Taine, ou Mathiez e Aulard. Os historiadores não marxistas estudam
“resvalado”, os dias 20 de junho e 10 de agosto de 1792 teriam esca­ as infra-estruturas, especialmente as estruturas demográficas ou (do­
pado ao controle dos políticos e a França submergira num caos. Os
mínio ainda mais novo), as estruturas mentais e religiosas. Eles diri­
autores fazem um esforço interessante para ligar os movimentos re­
gem também suas pesquisas em direção à política internacional, às
volucionários de 1789-1794 às tendências que se manifestaram na
guerras, aos grandes atores da época revolucionária, quer pertençam
França desde o século X V I. Tentam, aliás erroneamente, aplicar a
ou não às classes “populares”. Os marxistas dirigem suas pesquisas de
psicanálise aos homens e aos acontecimentos da Revolução Francesa. preferência para os movimentos das massas revolucionárias, para seus
Estas obras, por mais atraentes que sejam, não contribuem quase chefes e precursores do movimento comunista, como Babeuf ou
nada para o progresso da ciência histórica. São os eruditos, professo­ Buonarroti. Mas estes estudos se completam e os trabalhos de uns
res e orientadores de pesquisa, cujos trabalhos possuem apenas uma nunca foram seriamente contestados pelos outros.
tiragem restrita que Constituem o ponto culminante da pesquisa, Não acontece a mesma coisa no estrangeiro. Os historiadores
tanto no domínio da história revolucionária, como em qualquer não-marxistas anglo-saxônicos criticam recentemente, com veemên­
outro. cia, os trabalhos dos marxistas. Robert Palmer53 e Alfred Cobban54
consideram os esquemas propostos pòr Karl Marx como ultrapassa­
c) OS ERUDITOS dos pela sociologia contemporânea e que aplicando-se os métodos
desta sociologia à História da Revolução chegar-se-ia a diferentes
Todos concordam quanto aos processos de investigação. Acres­ conclusões. Mas, quais são estes métodos e a que resultados podem
centam métodos bem mais modernos aos que já haviam sido pouco a levar? Vejamos o que não dizem. Alfred Cobban, em seu livro bas­
pouco utilizados desde o século X V I e não hesitam em utilizar a tante inteligente e cuja leitura é excitante para todo historiador, faz
estatística. Para lidar com grandes núriíerÓS; servem-se das mais aper­ mais perguntas do que dá respostas. Além disso, Cobban e Pâlfner
feiçoadas máquinas eletrónicas e mecâhográficas. acusam os historiadores marxistas de “moldar os fatos”, a fiffi de
Todos eles também sofreram a influência do marxismo, isto é, no enquadrá-los em sua doutrina, em vez de tirar, do exame deitei fa­
estudo da sociedade distinguem as infra-estruturas que têm um papel tos, as conclusões que se impõem. Não parece que se possa fflánter
— 164 — — 165 —
seriamente esta queixa, pelo menos no que se refere aos melhores chin, "La Crise de l’Histoire Révolutionnaire, Taine et M. Aulard”, em Le Comspondant, 25 de
março e 10 de abril de 1909; Alberc Petti, “Deux Conceptions de 1’Histoire de ia Révolution,
historiadores marxistas. A perpétua indagação sobre as conclusões da Taine e M. Aulard”, Revue des Deux Mondes, 1.» de setembro de 1910, pp. 77-98.
história é, em todo caso, uma condição de sua renovação e de seu Sobre A. Aulard: G. Belloni, A. Aulard, Paris, 1952; H. Chobaut, “L’Oeuvre d’Aulard et
progresso. As divergências constatadas tanto hoje como ontem nas 1'Histoire de la Révolution", nos A .H .R .F .. 1929, pp. 1-4.
Ver J . Godechot, p. 14
opiniões dos historiadores não podem, no final das contas, servir
^ La Révolution Française. publicada de 1881 a 1938.
senão à causa da ciência histórica.
S obre Jau rès, ver F. Vemuri, Jean Jaurès e Altri Storici delia Revoluzione Francese, Torino,
1948; idem, Historiens du X X ^ siècle, Genebra, 1966; A. Mathiez, “Jean Jaurès, Histoire Socia-
NOTAS: liste de la Révolution Française, t. VII e VIII”, nos A.H.R.F., 1925, pp. 75-76; J . Godechot,
Jaurès Historien”, no volume publicado sob a direção de Vincent Auriol sobre Jean Jau rès, em
Sobre os primeiros historiadores da Revolução Francesa: A. Aulard, "Les Premiers Histo- comemoração ao centenário de seu nascimento, Paris, 1962, pp. 149-175; M. Rebérioux, “Jaurès
riens de la Révolution Française”, em Ètudes et Leçons sur la Révolution Française, 6.a série, 1910, er la Révolution Française”, A .H .R .F., 1966, n.° 2, pp. 171-195.
2h
pp. 32-135. Em seguida à morte de Albert Mathiez, os A.H.R.F. publicaram inúmeros artigos, sobre sua
* Histoire de la Révolution de 1789 et de 1'Ètablissement d'une Constitution en France. precedeu de pessoa, sua obra e seu ensino (1932, pp. 193-284). Indicamos principalmente o artigo de G. Le­
1’Exposé Rapide des Administrations Successives qui ont determine cette Révolution Mèmorable. pelos dois febvre, “Albert Mathiez”, pp. 193-210. A. Troux publicou, na mesma época, uma brochura: Un
“Amigos da Liberdade”, Paris, Clavelin, depois Bidault, 1790-1803, 20 vols. in 8.°. Grand Historien Comtois , Albert M athiez, Nancy, 1935. Ver também J. Godechot, “Mes Souvenirs
sur Albert Mathiez”, A.H .R.F.. 1959, pp. 97-109.
Histoire Philosophique de la Révolution de France, depuis la Convocation des Notables par Louis
X V I, jusqu’à la Séparation de la Convention. Paris, ano IV, 2 vols. in 8.°. Reeditados em um unico volume, Paris, A. Colin, 1960.
4 Paris, 1801-1803, 1806, 5 vols. in-8.°. Sobre Georges Lefebvre, consultar o livro de F. Venturi, citado anteriormente à p. 259, o.°
1, um artigo do próprio G. Lefebvre, “Pro Domo”, nos A.H.R.F., 1947, pp. 188-190 e o n.° 1,
Paris, 1801-1810, 4 vols. in-4.°.
dos A .H .R .F .. de 1960 (pp. 1-128) que lhe foi consagrado imediatamente após sua morte.
Sobre Thiers e Michelet, consultar: A. Aulard, “Thiers Historien de la Révolution Française”,
em La Révolution Française, 1914, t.66, pp. 492-520, e t.67, pp. 5-29; idem , “Michelet Historien Ver p. 299, n.° 132.
24
de la Révolution Française”, na La Révolution Française, 1928, pp. 136-150 e 193-213. Especialmente Ètudes Orléanaises. sobre a estrutura social de Orléans, às vésperas da
Revolução, Paris, 2 vols., 1962 e 1963.
7 1847-1848, 8 vols. in-8.°.
H 1847-1862, 12 vols. in-8.°. ^ N° 93
9 A .H .R .F ., 1928, resumo escrito por E. Le Gallo, pp. 384-385.
Louis Blanc retomava, assim, uma tradição que fora inaugurada por Buonarroti, com sua
Conjuration de lÈgalite (1829), continuada pelos socialistas Laponnerave (Histoire de la Révolution N.° 668
Française, 1838), Tissot (Histoire de Robespierre, 1844), Cabet (Histoire Populatre de la Révolution "* N r 246 e 248
Française, 1845), Esquiros (Histoire des Montagnards , 1848). 29
Ver também o n.° 362
* Movimento dos Chouans, rebeldes realistas do Oeste durante a Revolução Francesa. (Rev.)
K) Mi N."' 356, 436
Sobre Carlyle, ler: A. Aulard, “Carlyle Historien de la Révolution Française”, em Ètudes et
Leçons sur la Révolution Française. 7.a série, 1911, pp- 196-211. ‘ N.”' 348, 355
Londres, 3 vols. in-8.° ~ N.”' 99 b.
12 N.os 77, 128, 146, 377, 549, 575a, 636, 662.
Sobre Tocqueville, consultar: G. Lefebvre, Introduction à 1’Ancien Régime et la Révolution de
Tocqueville, nas Oeuvres Complètes deste último, edição definitiva, publicada sob a orientação de N.“' 46, 127b, 483, 487, 488.
J.P.Mayer, t.II, Paris, 1952, pp. 9-30; G. Lefebvre, A propos de Tocqueville, nos A.H.R.F., 1955,
N .° 34 e The Jacobins, Nova York, 1930.
pp. 313-323; E.T. Gargan, Alexis de Tocqueville, The Criticai Years 1848-1851, “The Catholic , 36
University of America Press, Washington, 1955; M. Reinhard, “Tocqueville Historien de la Révo­ N.‘,N 33, 389.
lution”, A .H .R.F., 1960, pp. 257-265; R. Herr, Tocqueville and the Old Regime. Princeton Univer­ N.’1' 101, 374.
sity Press, 1962.
Somente o primeiro volume, intitulado L ’Ancien Régime et la Révolution foi publicado em 8 N.°' 26, 38, 41, 42, 43, 44, 269, 473
39
1856 (Paris, Michel Lévy, I vol. in-8.°). Trata-se de um estudo sobre as causas da Revolução. Dos , N 29, 150.
volumes que deveriam vir a seguir, restam alguns fragmentos, muito interessantes, publicados em Ver mais adiante, cap. V, nota 20.
parte por Gustave de Beaumont em 1861, mas que, após terem sido ampliados com inúmeros 4 I
textos inéditos, foram objeto de uma edição definitiva, sob os cuidados de André Jardin (Galli- N .' 20, 59, 99, 126, 225, 449, 612, 616, 617, 618, 644a.
42
mard, 1953, t. II, Oeuvres Complètes de A. Tocqueville). Ver cap. VII, nota 1.
* Livro de queixas dos Estados Gerais de 1789. (Rev.) 4 N.°' 39-b, 127, 457, 507, 610.
14 44
Sobre E. Quinet, consultar: A. Galante Garrone, Introdução à tradução italiana de E. Qui­ Ver p. 287.
net, La Revoluzione, Torino, 2 vols., 1953, pp. XV-LXII. Resumo desta obra publicado por G. 45
N .° 422.
Lefebvre, nos A .H .R .F., 1954, pp. 182-184. 46 ^
Sobre Taine: A. Aulard, Taine Historien de la Révolution Française, Paris, 1907; A. Mathiez, N .' 118, 615 e mais adiante, cap. IV, nota 66.
47
“Taine Historien”, na Revue d’Histoire Moderne et Contemporaine, 1906-1907, pp. 257-284; A. Co- N ° 317

— 166 — 167 —
N.° 642.
49
98.a
N.” 310, 311. 312
N.° 570 e mais adiante, cap. IV, nota 66.
s2
" Membro do comité diretor da “Sociedade de estudos Robespierristas” e autor de vários
estudos sobre a Revolução (ver A .H .R .F ., 1960, pp. 117-125, “Georges Lefebvre e os historiado­
res jajjoneses”).
Ver o sumário da tese de A. Soboul sobre os Sans-culottes parisiens, por Robert Palmer, nos
French Historical Studies. 1960, n.° 4, “Popular Democracy in the French Rêvolution”, pp. 445-
469.
The Social Interpretation o f the French Rêvolution . n.° 127 b. capítulo 2

Revolução Francesa
ou
Revolução Ocidental?
1) A QUESTÃO

Entre os problemas que se colocam antes de qualquer estudo


sobre a história da Revolução, o mais importante é o de seus limites
cronológicos e geográficos. Jaurès, em sua história socialista da Revo­
lução, escrevia comentando a célebre: Introduction à la Rêvolution
Française de Barnave: “Não existe, na verdadeira acepção da palavra,
uma revolução francesa: há uma revolução européia, que tem na
França seu ponto culminante”. De fato, os contemporâneos da Revo­
lução tendiam a considerar a Revolução Francesa como uma parte de
um grande movimento que atingira toda a Europa Ocidental e a
América do Norte. Para Camille Desmoulins, as “revoluções da
França e de Brabante” estão relacionadas; para o abade Barruel, o
movimento revolucionário é universal, como a franco-maçonaria que
a provocou. Em 1793, nos clubes jacobinos, associavam-se as bandei­
ras dos Estados Unidos e da Polónia à bandeira tricolor francesa, para
manifestar o estreito parentesco entre as três revoluções. Entretanto,
desde o início do século X IX , sob a influência da esmagadora pre­
ponderância que a França exercera na Europa de 1793 a 1813,
criou-se o hábito de falar em “revolução francesa”, distinguindo-a da
“revolução americana”, “revolução das Províncias Unidas” e “ revo­
lução belga”. Na França, negligenciou-se o estudo dessas revoluções
estrangeiras. Quando muito admitiu-se uma “influência” da revolução
americana sobre a francesa; quanto às revoluções suíças, holandesas e
belgas, mal conhecidas, foram consideradas fenômenos locais e isola­
dos.
— 168 —
— 169 —
Por volta da metade do século X X começou a esboçar-se uma Unidos, da Inglaterra, dos Países-Baixos, da Suíça e da França eram
reação contra a idéia de uma revolução “francesa”. De um lado, este bastante diferentes e que, em consequência, as revoluções que eclo­
movimento foi a consequência de uma visão cada vez mais universa- diram nestes diferentes países não podiam pertencer a um mesmo
lista da história, e, de outro lado, do desenvolvimento de estudos movimento. No que diz respeito às diferentes regiões da Europa
históricos sobre o período revolucionário nos Estados Unidos, na Ocidental, concordaremos que cada uma tenha sua individualidade
Holanda, na Itália e, de um modo geral, nos diversos países que própria e é precisamente esta individualidade que deu a cada revolu­
foram atingidos pelo movimento revolucionário. Georges Lefebvre ção um ritmo específico, um caráter particular, mas que, em seu con­
foi um dos primeiros a sentir esta mudança de perspectiva. Basta junto, as estruturas sociais da Europa Ocidental são muito semelhan­
apenas comparar a primeira redação de sua Rêvolution Française, pu­ tes e não há mais diferenças entre elas do que entre as estruturas
blicada em 1930, com a segunda, datada de 1951. No mesmo ano de sociais das diferentes províncias da França. Quanto ao resto, este
1951, aparecia nos Estados Unidos um manual destinado ao ensino ponto foi pouco contestado, mas insisfimos nas diferenças entre a
superior, cujo autor, Louis Gottschalk, ía mais além do que Georges Europa Ocidental e os Estados Unidos; o problema já foi objeto de
Lefebvre. Após ter mostrado, num capítulo, a formação e o desen­ numerosos debates e trataremos disto mais adiante (pp. 175-77 e
volvimento do espírito revolucionário no mundo, estudava a “pri­ 187-89). A espontaneidade das revoluções que se sucederam na Eu­
meira revolução mundial”, na qual distinguia uma fase americana, ropa após -a revolução francesa foi posta em dúvida; as agitações revo­
uma fase francesa e uma fase napoleônica. Assinalava 1815 como a lucionárias da Bélgica, da Holanda, da Suíça, da Itália, etc., após
data final desta “primeira revolução mundial”. ' 1789, foram consequências da propaganda francesa. Não negaremos
Um aluno de Louis Gottschalk, R. R. Palmer destacava estas esta propaganda, mas ela foi exagerada e desde o início foi feita pelos
novas interpretações do movimento revolucionário em quatro impor­ contemporâneos. Os contra-revolucionários acusaram um “clube de
tantes artigos.' Eu próprio, nesta data, redigia com espírito análogo o propaganda”, instalado na França, de dirigir todos os levantes que se
capítulo sobre “Les Révolutions”, destinado à Histoire Universelle da produziram na Europa. J. Feldmann fez justiça a este “clube de pro­
Encyclopédie de la Plêiade, que surgiu apenas em 1958. Robert Palmer paganda” que jamais existiu.8 Aliás, mesmo que tivesse havido pro­
convidou-me a ir a Princeton, a fim de preparar com ele um relatório paganda, seria ela suficiente para explicar as agitações da Grã-
que apresentamos ao X Congresso Internacional de Ciências Históri­ Bretanha e da Irlanda e as da Polónia? Na realidade, a revolução é,
cas, em Roma, 1955. como Barnave já a compreendera bem, resultante de forças lentas e
Em 1956, Jean Bourbon destacava na Revue de Synthèse, os “no­ poderosas, agindo sobre os setores económicos, demográficos e inte­
vos pontos de vista sobre a Revolução”, enquanto eu expunha mi­ lectuais. As idéias ultrapassaram facilmente as fronteiras.9 Por outro
nhas idéias em La Grande Nation. R. Palmer, por sua vez, precisava lado, os revolucionários tinham uma concepção universalista da revo­
seu ponto de vista numa brilhante síntese, cujo primeiro volume apa­ lução, achando que ela devia se estender à maior parte do Ocidente,
receu em 1959; o segundo em 1964 e, em 1968, um resumo em dos Estados Unidos e da Polónia.
francês.6 Disseram, também que, fora da França, os “patriotas” constituíam
De uma maneira geral, a concepção de uma revolução ocidental apenas uma minoria. Era uma minoria, é certo, mas na França seriam
— ou atlântica — recebeu uma ampla aprovação nos Estados Unidos, uma minoria? Os patriotas na França só puderam governar pela dita­
na Itália, na Bélgica e mesmo na Inglaterra; ela suscitou reservas ou dura, exatamente porque constituíam uma minoria. A revolução
críticas na França e nos países do Leste da Europa.7 coroou-se de êxito, na França, graças à aliança desta minoria de pa­
triotas com a massa de camponeses, em 1789 e com os sans-culottes
2) OBJEÇÕES À NOÇÃO DE parisienses em 1793. São estas as condições que, na maioria das ve­
REVOLUÇÃO OCIDENTAL zes, não existiram fora da França, exceto em Genebra, onde os pa­
triotas “burgueses” se aliaram em 1792 aos artesãos, “habitantes” ou
Vamos indicar as principais objeções levantadas e as respostas “nativos” (ver pp. 30-2). Por que, fora da França, na maioria das
que lhes foram dadas. Alguns historiadores (especialmente M. Re- regiões, os patriotas não conseguiram aliar-se aos camponeses? Foi,
nouvin, por ocasião de uma conferência franco-americana realizada ao que parece, porque o regime feudal atingiu, nessas regiões, um
em Paris, em 1960) declararam que as estruturas sociais dos Estados estágio de evolução diferente do que atingira na França. Ou ele era
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menos rigoroso que na França (Províncias Unidas, Piemonte, Lom- chegada dos exércitos franceses. É exato que, na Espanha, a forte
bárdia, Veneza) e assim os camponeses não tinham mais animosidade estrutura católica, apoiada na Inquisição, sustou todo o movimento
contra os nobres do que contra os burgueses, todos igualmente pro­ revolucionário. O movimento revolucionário só pôde atingir a Es­
prietários da maioria das terras, ou ele era mais sólido do que na panha pelo afastamento da Inglaterra, sob a forma de constituição
maior parte das regiões francesas e os camponeses, muito submissos votada em 1812 pela junta de Cádis. Mas, a Holanda, a Suíça e uma
ao senhor, temiam mais seus agentes recrutados na burguesia, do que parte da Renânia eram povoadas por protestantes e, para eles, o ar­
o próprio regime. Hostis a estes burgueses, os camponeses rejeita­ gumento é sem valor. Na Itália, aliás país essencialmente católico, a
vam, também, sua ideologia. Foi o que sé verificou no reino de Ná­ Igreja não opôs um obstáculo intransponível ao movimento revolu­
poles, como na Vendéia e em outras províncias do Oeste da França. cionário. E que, por volta de 1789, o catolicismo na Itália passou por
Entretanto, houve regiões onde o regime feudal atingiu o mesmo grau uma grave crise: o Jansenismo sucedia então, neste país, à autoridade
de evolução que na França: a Bélgica, a Renânia, certas partes da do papa sobre os bispos e a dos bispos sobre os curas. Muitos padres
Roménia ou da Suíça. Aí, os camponeses apoiaram os “patriotas” saí­ que antes de 1789 haviam aderido ao movimento “jansenista”,
dos da burguesia e os ideais revolucionários se implantaram solida- tornaram-se “jacobinos” após 1796. No Piemonte, durante a reação
mente. austríaca em 1799, contavam-se 742 padres entre os 4.300 “jacobi­
Mas, conforme se contestou, ainda, as novas instituições criadas nos perigosos”. Na Lombárdia, 484 padres foram suspensos durante
fora da França em consequência das revoluções, tiveram como mo­ a reação de 1799- Isto prova que na Itália, a Igreja Católica não se
delo as instituições francesas. Não é errado examinar-se as coisas opôs totalmente à revolução.14
superficialmente, mas desde que se estudem estas instituições cuida­
dosamente, percebe-se que foram bastante considerados os antece­ 3) 0 PROBLEMA DOS LIMITES CRONOLÓGICOS
dentes e necessidades locais. Cario Ghisalberti mostrou, a propósito E GEOGRÁFICOS
das instituições italianas1, o que era a literatura contra-revolucionária
e principalmente as obras de Cuoco, de Burke, de Joseph de Maistre, Parece difícil negar o caráter “ocidental” da Revolução. Como
que denunciaram estas constituições por serem cópias medíocres da demarcar seus limites no tempo e no espaço?
Constituição Francesa do ano III. Realmente, elas se ligam a uma A data inicial é bastante fácil de se determinar. Se 1750, com a
tradição caracteristicamente italiana, marcada pelas obras de Gian publicação da Enciclopédia e 1762, com o Contrato Social, marcam o
Vincenzo Gravina, de Maffei, de Gorani, de Vasco, de Pietro Verri, início do grande movimento de idéias que deveria conduzir à Revo­
de Spedalieri e sobretudo de Gianni e de Maggi que redigiram, a lução,'5 esta não se realiza, efetivamente, antes de 1767-1768; foi em
pedido do grão-duque Leopoldo, antes de 1789, um projeto de cons­ 1767 que o conflito entre as colónias da América e da metrópole
tituição para a Toscana. Antes de 1793, portanto antes da invasão começou a tomar o caráter de uma revolta e foi em 1768 que os
francesa, circularam na Itália numerosos projetos de constituições. “nativos”, em Genebra, obtiveram uma primeira e tímida concessão
Em 1794, Zamboni, em Nápoles, redigia um Essai sur le Gouverne- da oligarquia. Poder-se-ia objetar que a revolução americana e toda
ment d’une République e Buonarroti uma Constitution Politique de revolução ocidental procedem da revolução inglesa de 1688. Certa­
Toute Republique italianne. " Desde que não fossem impedidos pelas mente. Mas, elas provêm também de todo movimento de idéias co­
autoridades francesas, os italianos esforçavam-se por introduzir, nas meçado na Europa com a Reforma e o Renascimento. De fato, oi­
novas constituições, ao lado das disposições herdadas da França, arti­ tenta anos de calma separam a revolução inglesa de 1688 e o movi­
gos inspirados pelos projetos de seus compatriotas; foi especialmente mento revolucionário do fim do século X V III. Sem dúvida, a revolu­
o que aconteceu em Bolonha, em Milão, em Génova e em Nápoles. ção britânica e todo esforço de reflexão política que ela provocou,
Poderíamos constatar as mesmas, coisas em relação à República Ba­ exerceram um importante papel na eclosão do movimento “filosó­
tava ou à República Helvética.11 As instituições revolucionárias são fico” e através disso se ligam à revolução “ocidental”. Mas, trata-se de
provenientes, em toda parte, de um movimento de pensamento eu­ um fenômeno precursor e nitidamente diferente.
ropeu, ou mais exatamente, ocidental. Se é relativamente fácil determinar a data inicial do movimento
Disseram, também, que a posição da Igreja Católica impedira revolucionário, é mais difícil precisar a época em que terminou. É
ainda, fora da França, há muito tempo, a eclosão da Revolução sem a evidente que o ano de 1799, que marca o fim deste volume, não
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marca o término da Revolução. Não sem razão, os ingleses sempre bem restrito. Aliás, houvé em outras regiões e em épocas diferentes,
consideraram que Napoleão havia, através de outros meios e com outras revoluções burguesas e capitalistas, como por exemplo, no
outros fins, continuado a propagar a revolução na Europa. Então, Japão em 1868 e na China em 1911. A nosso ver, a expressão “revo­
seria 1815? Mas a revolução das colónias espanholas da América, lução ocidental” é a que pressupõe o mínimo de opção política, a que
iniciada ‘em 1810, não terminou com o reconhecimento de sua inde­ corresponde à maior objetividade, à mais tranquila visão da evolução
pendência senão em 1825. Mas, as guerras pela independência dos histórica.
povos dos Bálcãs, iniciadas desde 1810 e provisoriamente paralisadas
pelo reconhecimento do reino da Grécia, em 1829, não têm relação 4) A REVOLUÇÃO AMERICANA
com o mesmo movimento revolucionário? E a própria Revolução de
1830 não foi um retorno do ardor deste mesmo movimento nos paí­ Teria sido esta revolução apenas uma insurreição de colonos in­
ses da Europa Ocidental? Na realidade, só se encontra uma ruptura gleses contra a metrópole, a fim de obter a independência, ou foi
verdadeiramente nítida em 1848-1849- A Revolução de 1848 tem uma verdadeira revolução “social”?
duas fases. Devido a suas origens imediatas, ela provém, como as O caráter puramente político da sublevação é a tese tradicional.
revoluções do século X V III, de uma crise de subsistência devida a Esta tese foi defendida especialmente por Cari Becker,16 que se es­
cataclismas meteorológicos e ela chega a todos os países da Europa forçou por demonstrar que os colonos não desejavam senão o “home
que foram atingidos pelo movimento revolucionário de cinquenta rule”. Depois de uns quarenta anos, mais ou menos, alguns historia­
anos atrás. Mas surge um novo elemento: vemos nesta revolução, dores americanos, contrariamente, insistiram no caráter social da Re­
pela primeira vez, a intervenção das massas operárias que as trans­ volução. Entre eles, um dos primeiros foi Arthur Meier Schlesinger,
formações industriais concentraram nas grandes capitais ou nas jazi­ que valorizou o papel dos comerciantes.17 Foram eles que conduzi­
das mineiras. Novos problemas são colocados por este aparecimento ram a luta contra a Grã-Bretanha, a propósito dos direitos sobre os
do proletariado; Karl Marx propõe^no início do ano de 1848, idéias melaços e sobré Stamp-Act. Entretanto, no momento em que o go­
diferentes às das massas proletárias. A Revolução de 1848 encerra o verno britânico pareceu ceder, moderaram os ardores das classes po­
ciclo revolucionário aberto vinte e quatro anos antes, mas abre um pulares controladas por eles. Mas, quando a Inglaterra confiou o mo­
outro que encontrará seu campo predileto não mais no Ocidente, nopólio do comércio do chá à Companhia das índias, seus interesses
mas no Oriente e terá seu desenvolvimento na Rússia, em 1905 e foram gravemente lesados, e eles provocaram novamente a agitação.
sobretudo em 1917. Alguns se atemorizaram com o caráter tomado por ela e quiseram
Desse modo, tratamos do problema dos limites geográficos da moderá-la, mas era muito tarde. Schlesinger não considerara senão a
Revolução do fim do século X V III. E fácil indicar os países que não ação de um único grupo social. J. Franklin Jameson apresentou toda a
foram marcados por ela, ou aqueles que foram apenas atingidos le­ revolução americana como um gigantesco conflito de classes, é certo
vemente; a totalidade da África e da Ásia; na Europa, a Rússia pro­ que iniciado por um protesto contra algumas leis votadas||(peÍo Parla­
priamente dita e a parte da Turquia Otomana. A Polónia, os países mento Britânico, mas continuada por uma luta social. Esta luta
balcânicos, sofreram somente remota reação desta revolução, que transtornou as relações entre as classes, abalou o sistema da escrava­
tinha seu eixo principalmente sobre os Estados Unidos, a Grã- tura, reorganizou as propriedades territoriais, o comércio e até
Bretanha, a França e a Alemanha Ocidental. Também podemos mesmo a vida intelectual e religiosa.
qualificá-la de “ocidental” ou mesmo de “Atlântica” sem desvirtuar o Retomando as idéias de Jameson e aplicando-as à colónia de Nova
seu caráter, pois foram os países banhados por este oceano os mais York, Irving Mark demonstrou que seu governo era dominado, antes
atingidos por ela. da Revolução, por uma restrita aristocracia local. O conselho do go­
Georges Lefebvre objetou, preferindo os qualificativos de “bur­ vernador, a assembléia, os tribunais estavam repletos de homens que
guesa” ou de “capitalista”. E verdade que a revolução do século possuíam imensas propriedades rurais, chegando, às vezes, a 100.000
X V III foi conduzida em toda parte pela burguesia, e que ela permi­ acres. Becker calcula que a oposição às taxas decretadas pelo governo
tiu ao regime capitalista instalar-se e desenvolver-se. Mas, sem o au­ britânico igualava-se a uma oposição popular contra a classe domi­
xílio dos camponeses e dos sans-culoites, o movimento revolucionário nante. No início, os governos locais canalizaram a hostilidade das
não poderia ter triunfado. De modo que o epíteto “burguesa” parece classes populares contra a Inglaterra, sem dúvida porque elas pró­

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prias temiam que o direito de taxação dos ingleses vinha diminuir As províncias que contribuíram com menos de 60 soldados para a
seus poderes. Mas, logo as revoltas contra o Stamp-Act mostraram à guerra (Aunis, Angoumois, Berry, etc.) foram pouco agitadas. Aque­
aristocracia local que ela devia recear mais a cóler.a popular que o las cujos habitantes participaram em grande número da campanha,
governo britânico. A aristocracia abandonou sua atitude de oposição sofreram, ao contrário, importantes revoltas camponesas (Artois,
contra a Inglaterra, porém não pôde deter o movimento de luta dos Ile-de-France, Flandres, Poitou, etc.) Forrest MacDonald formula a
pequenos arrendatários contra os ingleses.19 hipótese de uma relação de causas e efeitos. Entretanto, não se pode­
Estas interpretações foram recentemente criticadas por F.B. Tol- ria aceitá-la sem pesquisas mais amplas. Independentemente do pro­
les.'° Ele acha que elas carecem de matizes e que generalizam muito blema de saber se os soldados franceses na América estiveram a par
rapidamente. Nos Estados do Sul, como ele diz, a Revolução se fez dos ideais de liberdade e mesmo de igualdade, ideais esses dos insur-
em proveito da aristocracia e manteve-se a escravidão. Mesmo em retos, muitas outras causas podem explicar a coincidência dos dois
alguns Estados do Norte, não se pode identificar aristocrata e “lega­ mapas elaborados pelo historiador americano: o exército francês do
lista”, os aristocratas não emigraram. Por outro lado, Tolles admite o Antigo Regime era formado por mercenários que serviram a longo
caráter “revolucionário” das reviravoltas produzidas na indústria e no prazo. Esses mercenários eram recrutados nas mais pobres 'provín­
comércio pela insurreição das colónias inglesas da América. A Revo­ cias, naquelas onde o desemprego era maior. Desse modo, a pobreza
lução provocou a criação de um grande número de novas indústrias e das classes rurais e desemprego dos operários agrícolas explicam as
suscitou a formação de estabelecimentos de crédito. No campo do insurreições camponesas de 1789 a 1792.2’ Seria conveniente levar o
pensamento e, sobretudo, da religião, a insurreição dos Estados Uni­ estudo mais adiante. Os nomes dos combatentes franceses da guerra
dos foi também uma revolução. Ela teve como primeira consequên­ da América, com seus lugares de origem, foram publicados ao
cia, o “estabelecimento” da Igreja nos Estados onde o anglicanismo mesmo tempo na França e nos Estados Unidos.' Seria necessário ver
era a religião oficial e terminou, finalmente, com a separação entre se, na relação de uma província, encontramos entre os agitadores do
Igreja e Estado.' período revolucionário um número bem grande desses soldados.
Sem dúvida, não se pode aceitar inteiramente a tese de Jameson.
Não há dúvida de que, do mesmo modo que a revolução francesa, a 5) AS AGITAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS DA
revolução americana modificou o equilíbrio das classes sociais até GRÃ-BRETANHA
certo ponto, tendo em vista a situação anterior.
Todos os historiadores americanos insistiram na influência consi­ Todos os historiadores concordam atualmente que ás agitações
derável que esta revolução exerceu sobre a revolução francesa. Não revolucionárias da Irlanda tiveram causas absolutamente análogas às
nos .reportaremos novamente aos incidentes da revolução americana dos Estados Unidos.25 Entretanto, é necessário saber que os historia­
sobre a literatura, a imprensa, a diplomacia, as finanças, o pensa­ dores britânicos estão bastante divididos em relação ao método que
mento político e constitucional da França e do resto da Europa.21 convém empregar para estudar este período da história da Grã-
Queremos, porém, atrair a atenção dos pesquisadores para a questão Bretanha. Sir Lewis Namier renovou-o, porém aplicando-o princi­
que mereceria ser retomada e seriamente explorada. palmente no preparo da biografia dos “grandes homens” da época e
M. Forrest MacDonald, um historiador americano, questionou se para desmontar o mecanismo da máquina política inglesa." As con­
os antigos combatentes franceses da guerra da Independência dos Es­ cepções de Namier foram seriamente criticadas por FL Butterfield' ,
tados Unidos, após retornarem à França não foram ardentes propa­ que lhe recriminou o fato de ter negligenciado a estrutura da socie­
gandistas das novas idéias e se não haviam exercido um papel nas dade, as opiniões e os movimentos das massas. Foi H. Butterfield
agitações revolucionárias de 1789 e 1792." Este autor assinalou que mostrou as estreitas relações entre as agitações insurrecionais
sobre o mapa da França o local de origem de cada um dos 6.000 irlandesas, o movimento “pelas reformas” na Inglaterra e as revoltas
soldados que, após terem participado da guerra, voltaram à França provocadas em Londres por Gordon.'8 Toda esta agitação foi descrita
(2.000 morreram na América). Obteve, desse modo, um mapa no por S. Macdoby29 mas as revoltas de Gordon, em Londres, em junho
qual os agrupamentos de pontos formam manchas mais ou menos de 1780, foram particularmente estudadas por G.F.E. Rudé, que se
extensas; este mapa apresenta grandes semelhanças com o mapa das esforçou em determinar, como o fez em relação às agitações revolu­
agitações rurais, estabelecido após os trabalhos de Georges Lefebvre. cionárias na França, os grupos sociais aos quais pertenciam os princi-
— 176 — — 177 —
pais participantes.50 É verdade que as revoltas de Gordon se origina­ tuídos privilegiados”. Mathiez recriminou a autora por não haver
ram de medidas destinadas a abrandar o estatuto dos católicos na mostrado que, ao contrário dos democratas franceses que não hesita­
Grã-Bretanha e foram provocadas pela “Associação Protestante”, ram em fazer triunfar seu programa para se unir às massas campone­
cujo presidente era Lorde George Gordon. Mas estas revoltas se sas e aos sans-culottes das cidades, os democratas belgas, amedronta­
transformaram em um verdadeiro ataque contra as casas dos ricos e dos pelas primeiras manifestações da revolução francesa, suavizaram
também contra o Banco da Inglaterra. Constata-se que a maioria dos seu programa, contornaram e adiaram-no, embora os camponeses e
insurretos era composta de assalariados ou pequenos artesãos. ,A es­ pequenos artesãos se desinteressassem na luta. Os “statistes” vence­
trutura social deste grupo apresenta grandes similaridades com a dos ram, porém muito fracos para governar, tornaram a chamar os aus­
sans-culottes parisienses, doze ou treze anos mais tarde. Já na época, tríacos. P. Harsin analisou mais recentemente a revolução do Bis­
Walpole, levando em consideração a origem social dos revoltados e pado de Liège. Ela fracassou pela mesma razão que a revolução
constatando que a ação principal deles fora dirigida contra as casas do belga, devido à extrema moderação de seus chefes. G. Lefebvre la­
ricos, as prisões e o Banco da Inglaterra, escrevia que a hostilidade mentou que P. Harsin não estudasse melhor as causas desta modera­
manifestada contra os católicos fora apenas um pretesto. Estamos, na ção. Segundo G. Lefebvre, uma das causas foi o fato de que a revolu­
realidade, diante de uma revolta “popular” que se assemelha às que ção de Liège continuou sendo essencialmente urbana. E preciso, to­
eclodiram nas duas últimas décadas do século X V III, na América do davia, perguntar por que os camponeses da região de Liège, assim
Norte, nos Países-Baixos, na França e na Itália. como os dos Países-Baixos Austríacos, não se sublevaram esponta­
neamente como na França? Para responder a essa pergunta seria pre­
6) A REVOLUÇÃO NOS PAÍSES-BAIXOS ciso empreender um estudo aprofundado das estruturas sociais da
classe camponesa belga, de seus encargos feudais e fiscais e compará-
Pelo menos na França, a revolução que se deu de 1780 a 1787 los à situação dos camponeses franceses. G. Lefebvre acredita que, na
nos Países-Baixos holandeses é pouco conhecida. A obra Les Troubles França, os encargos senhoriais e reais que oneravam os camponeses,
de Hollande à la Veille de la Révolution Française, escrita em francês e eram demasiadamente mais pesados do que seria na Bélgica — e cer­
de autoria de Peyester é boa e apresenta um quadro completo e pre­ tamente, também se poderia dizer o mesmo da Holanda. Em toda
ciso dos acontecimentos. Porém, essa obra data de 1905. Também o parte, nesses países, não houve uma comoção comparável à que pro­
autor não procurou relacionar a Revolução Holandesa aos grandes vocou, na França, a convocação dos Estados Gerais.35
movimentos que agitaram todo o Ocidente na mesma época e não
estudou as relações entre as dificuldades económicas da época e as 7) AS REVOLUÇÕES DA SUÍÇA
origens da revolta.31 As revoluções da Suíça não foram mais estudadas do que a dos
Parece claro que a revolução nas Províncias Unidas seguiu o es­ Países-Baixos em seus aspectos relacionados com a evolução geral do
quema esboçado por R. Palmer: revolta dos corpos privilegiados (no mundo ocidental no fim do século XV III. Entretanto, algumas coin­
caso, as municipalidades, os Estados Provinciais e os Estados Gerais) cidências impossíveis de serem notadas, como por exemplo, a publi­
contra o poder de tendências “despóticas” do “stathouder”, depois a cação do Contrato Social, por Jean-Jacques Rousseau, em 1762, a
aliança entre os privilegiados e alguns grupos sociais mais democra­ condenação do livro ao fogo no mesmo ano pelo magistrado de Ge­
tas. Seria preciso retomar inteiramente este problema e esclarecê-lo nebra, as agitações que começaram nésta época nesta cidade e que
com novos conhecimentos, proporcionados pela história dos preços e terminaram pelo édito de conciliação de 11 de março de 1768. O
a dos grupos sociais. Contrato Social é um reflexo dessas lutas e apresenta para Genebra
Quanto à Revolução dos Países-Baixos austríacos e do Bispado uma constituição ideal? Os historiadores de Rousseau estão profun­
de Liège, estamos melhor informados. Madame Tassier Charlier, em damente divididos a este respeito. De uma maneira geral, os adversá­
seu livro sobre os Démocrates Belges de 1789'' analisou bem a compo­ rios se esforçaram por demonstrar que ele apenas visava o deátino de
sição social deste grupo e também o de seus adversários, os “estatis- sua pequena pátria.36 Ao contrário, os que quiseram fazer de Rous­
tas”. Os democratas belgas foram recrutados, de 1787 a 1789, assim seau um teórico formulador de idéias de valor universal reduziram a
como os democratas franceses da mesma época, na pequena e média uma insigpiflcância a influência exercida pelas lutas civis de Genebra
burguesia, enquanto os “statistes” representavam os “corpos consti­ sobre seu pensamento.37
— 178 — — 179 -
Robert Palmer, por sua vez, acha que o Contrato Social provocou que mostram o máximo de restrições devem-se a Mareei Reinhard (A.H.R.F.. 1960, pp. 220-223)
e a Alfred Cobran, (H istory, 1960, pp. 234-239). O problema foi retomado e discutido novamente
o aparecimento de uma forte corrente democrática que se manifestou no decorrer da Conferência de Historiadores Franco-Americanos, que se realizou em Paris, de l.°
em Genebra, a partir de 1762 e, em consequência, as revoluções de a 3 de julho de 1960, sob os auspícios da Societè d ’Histoire Moderne e da Society fo r French Histórical
1768, 1782 e 1792.38 Até que ponto essas revoluções genebrinas Studies. Os debates realizados figuram no Bulletin de la Societe d’Histoire Moderne. 1960. Os textos
dos principais historiadores que se pronunciaram a favor ou contra a noção de “Rêvolution Occi-
estão ligadas à evolução da conjuntura económica? M. Patrick dentale” foram publicados por Peter Amann, The Eighteenth Century Rêvolution , French or Wester? ,
0 ’Mara, em seu trabalho datilografado ainda não publicado39 mos­ Boston, 1963- Em último lugar, o inglês George Rude se mostrou bastante hostil à noção de
“rêvolution occidentale” em seu livro Revolutionary Europe (n.° 396). Ver as objeções de Albert
trou que as curvas de diversos preços, em Genebra, tinham no século Sobgul no artigo muito interessante que publicou em Information Historique de 1969 (n.° 47a).
X V III a mesma característica que na França. Os estudos de M. Louis “Le Discours de Duport et la Propagande Révolutionnaire en Suisse”, nos A .H .R .F.. 1955,
Henry provam que a evolução demográfica desta pequena república pp. 55-58; Propaganda und Diplomatie. Zurique, 1957.
9
foi também paralela à dos países ocidentais.40 M. Daniel Candaux, F. Venturi, “La Circolazione delle Idee”, Rassegna storica del Risorgimento, 1954, pp. 203-222;
idem, “L’Illuminismo nel Settecento europeo”, em Comité International des Sciences Historiques. XI
que continuou as pesquisas referentes a este problema, acha, ao con­ e Congrès, Estocolmo, 1960, Rapports, t. IV. pp. 106-135.
trário, que “quanto mais se avança no século, menos as agitações ge­ 10
Paul Bois, n.° 135 e J. Godechot, n.° 111 Milão.
nebrinas têm apoio económico”. ' Parece-me que as curvas traçadas 11Le Constituzione Giacobine, Milão, 1957.
por M. 0 ’Mara provam o contrário, isto porque sua edição era dese­ 12
D. Cantimori, Utopisti e Riformatori lta lia n i, Florença, 1943.
jável. Para pôr fim à controvérsia, seria útil estabelecer os gráficos de J. Godechot, n.° 31
natalidade, de casamentos, de mortalidade para o total da população. 14
M. Vaussard, Les Origines Religieuses du Risorgimento, Paris, 1959.
Encontramos indicações úteis sobre a situação do cantão de Zu- 15
Sobre a maneira como Voltaire empregou o termo “Rêvolution” no Essai sur les Moeurs
rich, no fim do século X V III em um livro de Wolfgang von Wart- (1756), ver o artigo de G. Mailhos em seus Cahiers de Lexicologie. 1968, II, pp. 84-93-
burg.42 O cantão foi agitado por insurreições camponesas desde o Sobre as interpretações da Revolução Americana, nos reportaremos aos trabalhos de S.
início da Revolução Francesa, as oposições entre os diferentes grupos Morgan, The American Rêvolution. A Review o f Changing Interpretations, American Historical Asso-
ciation, Service Center for Teachers of History, n.° 6, Washington, 1958; Cari Becker, History of
sociais deveriam ser, portanto, mais intensas antes de 1789- Mas, o Polit^çal Parties in the Province o f New York, 1760-1776 , 1909-
autor concede uma posição muito proeminente às correntes ideológi­ Arthur Meier Schlesinger, The Colonial Marchants and the American Rêvolution. 1918.
IS
cas, negligencia o estudo das estruturas sociais e não examinou a in­ N. ° 496.
19
fluência da conjuntura económica. Sua conclusão de que, às vésperas Irvin Mark, Agrarian Conflicts in Colonial, New York, 1771-1773, 1940.
30
da Revolução Francesa, o Estado era próspero, o povo feliz, cheio de N.° 498. Numerosas referências bibliográficas.
veneração e de reconhecimento para com seu governo e de que os ^ N.° 38.
camponeses consideravam os citadinos e os pastores como seres su­ “The Relation of the French Peasant Veterans of the American Rêvolution to the Fali of
periores, está em contradição com os acontecimentos que se desenro­ Feudalism in France, 1789-1792”, in Agricultural History, outubro 1951, pp. 151-161.
laram em seguida, ou, pelo menos não permite dar-lhes uma explica­ J. Godechot, Les Combattants de la Guerre d ’lndépendence des Etats-Unis et les Troubles Agra ires
en France de 1789 à 1 7 9 2 , in A.H .R.F., 1956, pp. 292-294.
ção aceitável. Na verdade, falta-nos uma grande obra sobre a Revo­ “4
Les Combattants Français de la Guerre d’lndépendence des Etats-Unis. 1778-1789. Listas estabe­
lução, na Suíça, no período anterior a 1789- lecidas conforme os documentos autênticos depositados nos Arquivos Nacionais e nos Arquivos da
Guerra, Paris, publicações do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Quantin, 1903, Bibl. Nat.
NOTAS Foi. Lh4 2391; edição americana, Senado dos Estados Unidos, LVIIIX Congresso, 2.a sessão,
doci^nento n.° 77.
L. Gottschalk, Europe and the Modern World, Chicago, Scott, Foresman and Co., 1951-1954, “ N.° 265.
2 vols. in-8.°
The Structure o f Politics at the Acession o f George 111, 2 vols., 1929, nova edição revista, 1957;
N.“%41, 42; 43, 44 da bibliografia publicada na terceira parte do presente volume. England in the Age o f the American Rêvolution, 1930.
3 N.° 45 H. Butterfield, George III and the Historiens, Londres, 1957.
28
4 Pp. 35-42 Idem, n.° 506.
29
5 N.° 31.. N .° 264.
30
6 N.° 38. G. Rudé, “The Gordon Riots; a Study of the Rioters and their Victims”, in Transactions o f
Encontraremos as discussões que se seguiram ao relatório apresentado ao Congresso nos Atti the Royal Historical Society, 5.a série, VI (1956), pp. 93-114; e “I tumulti di Gordon (1780)”, in
do Congresso (Roma, 1957, pp. 565-579- Os mais importantes resumos críticos de minha obra Movimento Operaio, 1955, pp. 833-853.
Grande Nation foram redigidos por Georges Lefebvre (A.H.R.F. 1957, pp. 272-274) e Mareei Depois da obra de De Peyster, foram publicados numerosos estudos, mas são todos escritos
Reinhar (R.H.M.C., 1958, pp. 154-160) os que se referem à The Age o f the Democratic Rêvolution e em holandês. Ver os n.ws 268, 512 e 512a.

— 180 — — 181
" N.° 513
Sumário do livro de Suzanne Tassier, feito por Albert Mathiez, nos A .H .R .F., 1930, pp.
483-484.
.14
N.° 514.
!5 G. Lefebvre, nos A.H .R.F., 1954, pp. 264-266. Ver também o sumário feito pelo mesmo
autor, do livro de P. Rechet (n.° 513 a) nos A .H .R .F., 1934, pp. 264-268.
). Lemaitre ,J .J . Rousseau, Paris, 1925; A. Sorel, VEurope et la Révolution Française, T. 1, p.
183; B. Champion, L'Esprit de la Révolution Française, p. 15.
,7 J.S. Spink,Jean-Jacques Rousseau et Genève, Essai sur les Idées Politiques et Religieuses de Rous­
seau dans leur Relation avec la Pensée Genevoise au Siècle, pour servir d’Introduction aux Lettres Ecrites
de la Montagne, Paris, 1934. De qualquer forma, a questão continua aberta (cf. R. Derathe.Jean
capítulo 3
Jacques Rousseau et la Science politique de son temps, Paris, 1950 et F. Jost, "Jean-Jacques Rousseau,
Suíça, Friburgo, 2 vols. 1962). A questão foi debatida nos dias de estudos organizados em Dijon
em 1962 para a comemoração do 200.° aniversário do “Contrato Social”; ver as comunicações
publicadas em um volume de 540 pp. in-8.°, Paris, Les Belles-Lettres, 1964. (Publicações da Uni­
versidade de Dijon, t. X X X .)
Certezas e Hipóteses
38
N.° 38.
Geneva in the Eighteenth Century: A Socioeconomic Study o f the Bourgeois City during its Golden
sobre as Causas
Age (tese da Universidade da Califórnia, 1956).
4<> Anciennes Familles Genevoises, Ètude Demographique, XVI — X X e Siècles, Paris, 1956.
da Revolução
J.D . Candaux e J . Godechot, “Révolutions Genevoises et Révolution Française", Informa­
tion Historique, 1960, p. 157. 1) UMA CONSPIRAÇÃO?
42 N.° 509.
Ver os sumários-do livro de Wolfgang von Wartburg por A. Rufer, A.H.R.F., 1959, pp.
189-191 e j . Godechot, R .H ., t. C C X X I, 1959, pp. 321-322.
Entre os múltiplos problemás colocados pela Revolução, não há
dúvida de que nenhum fez correr mais tinta do que o das suas causas.
O historiador inglês Alfred Cobban tentou1 classificar os historiado­
res da Revolução conforme a atitude que adotaram em relação às
suas causas. Constatou, finalmente, que era possível classificá-los em
duas categorias: os que atribuem a Revolução à vontade dos homens,
isto é, a uma conspiração e os que julgam que ela resulta da “força
das coisas”. Entre os primeiros, o abade Barruel escrevia desde 1798
que a revolução era a obra dos franco-maçons na primeira fila dos
quais ele colocava Voltaire, d’Alembert e o rei da Prússia, Frederico
II.2
Esta concepção bastante simplista, mas sedutora, não foi total­
mente abandonada hoje em dia, e Bernard Fay defendeu a tese da
conspiração maçónica, mais recentemente da conspiração de Or-
leans. Não é necessário insistir sobre a pouca consistência desta
tese. Embora a maçonaria tivesse sido uma associação secreta inter­
nacional e tivesse contado com numerosíssimas lojas, precisamente
nos países mais agitados pelo movimento revolucionário, seria
atribuir-lhe uma influência e um poder excessivos o fato de acreditar
que ela tenha conseguido incitar, em toda parte, a burguesia contra o
Antigo Regime e impulsionar as massas camponesas ou os artesãos
das cidades. Certamente, a questão não está encerrada porque a
franco-maçonaria é uma associação secreta. Entretanto, M. Lepage,
— 182 - — 183 —
após ter realizado atento exame da lista dos franco-maçons do Mans forma, entramos em choque com dificuldades consideráveis; a impor­
constata que eles eram recrutados essencialmente na nobreza, no tância da população das cidades, o número de documentos fiscais e
clero e na burguesia. Mais da metade dos maçons do Mans, desde de registros de notários a examinar, parecem levantar um obstáculo
1790, tomou partido contra a Revolução, sendo que os outros a ser­ quase invencível. Os poucos estudos publicados relativos a esta ques­
viam ocupando postos importantes na municipalidade, na guarda na­ tão e cujos títulos serão encontrados na bibliografia (p. 299), são quase
cional e no clube dos Jacobinos. A partir de 1792 e até sob o Impé­ insuficientes. Georges Lefebvre também procurou estudar a burgue­
rio, as lojas deixaram de se reunir.4 Seria necessário concluir, devido sia de Orleans;8 Jean Sentou dedicou-se ao estudo da de Toulouse.9
a isso, por que a maçonaria não exerceu qualquer papel na prepara­ Para contornar esta dificuldade, recorreu-se a outros meios de
ção da Revolução? Isto seria demasiado. Difundindo as obras dos investigação. Pode-se estudar uma categoria social restrita escolhida
filósofos, as lojas certamente contribuíram para criar uma mentali­ na burguesia.10 Nas cidades onde os contratos de casamento são a
dade pré-revolucionária ou revolucionária. Habituando seus mem­ norma, pode-se também estudar, durante um ou vários anos, a situa­
bros às livres discussões sobre os problemas políticos e religiosos, ção económica e social dos recém-casados; tem-se, dessa maneira,
essas lojas prepararam-nos para exercer um papel nas novas assem­ uma espécie de “corte” nas estruturas económicas e sociais de uma
bléias. Embora nem todos os maçons tenham sido “patriotas”, todavia cidade, pelo menos no nível dos jovens casais. Este método, em fase
a maioria dos patriotas tinha sido maçom. de aplicação, parece que dará bons resultados." Conviria que um
método semelhante fosse igualmente aplicado no estrangeiro, pelo
2) A ESTRUTURA DA SOCIEDADE menos nos países onde a proporção de contratos de casamento em
relação aos casamentos atingisse 75% . Isto permitiria ultrapassar o es­
Entre os defensores da corrente da “força das coisas” podemos tágio certamente interessante e útil, mas ainda muito vago de certos
colocar em prirqeiro plano, Barnaye. Presentemente, é fácil consultar estudos. "
sua lntroduction à la Révolution Française, depois que ela foi reeditada Se a burguesia quer o poder, a aristocracia não somente defende
nos Cahiers des Annales (E.S.C.) Para Barnave, a revolução francesa é suas posições com rigor, como reclamá uma participação maior no
apenas o “ápice” de uma revolução européia e esta é consequência da poder." Nos arquivos dos parlamentos, há grande quantidade de
transformação das estruturas económicas e sociais. Na Idade Média, processos empenhados pelas comunidades contra seus senhores por
segundo ele, o regime feudal existia em toda a Europa e baseava-se questões de direitos feudais. Em seis comunas do Languedoc escolhi­
essencialmente na propriedade de terras. As grandes descobertas, a das ao acaso, todas estiveram envolvidas em processos sobre aumen­
Renascença, a Reforma, tiveram como consequência o desenvolvi­ tos, ou de exigências abusivas de direitos feudais, na segunda metade
mento da riqueza mobiliária, que é, como declara Barnave, “o ele­ do século X V III.
mento da democracia e o cimento da unidade dos Estados”. A classe A aristocracia, forçada a procurar novas fontes, não tentou, entre­
que concentrava a riqueza mobiliária e que Barnave denominava “o tanto, obtê-las unicamente através de um melhor rendimento do re­
povo , mas que na realidade era a burguesia, quis participar do po­ gime senhorial. Marc Bloch indicou em quais direções seria conve­
der. Para Barnave é esta a causa fundamental da Revolução e a que niente orientar a pesquisa14 Mais recentemente, Robert Forster mos­
explica a razão pela qual ela tinha sido mais profunda e mais violenta trou como a aristocracia de Toulouseíse esforçou por fazer render
nos países do Ocidente, onde a burguesia era mais rica, mais nume­ mais, não somente seus direitos senhoriais, mas suas propriedades
rosa e mais poderosa do que em qualquer outra parte. O esquema territoriais.15 Mareei Reinhard, por sua vez, esboçou o lugar que a
que Barnave esboçava em 1792 permanece correto. Também é con­ nobreza ocupava no exército, no comércio, na indústria, nas profis­
veniente aprofundar o estudo das estruturas económicas e sociais em sões liberais e na função pública às vésperas da Revolução.
todos os países do»Ocidente. Na França, de uma maneira geral,
multiplicaram-se os trabalhos sobre as estruturas sociais dos campos,'' 3) AS TRANSFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS
enquanto fora dela eles são infinitamente mais raros.7
Todavia, embora tenha sido seu enriquecimento que incitou a bur­ Se a rivalidade entre as classes sociais foi tão viva no Ocidente,
guesia a tomar o poder, portanto a fazer a revolução, é conveniente não teria sido devido ao aumento considerável da população que tor­
estudar a estrutura económica e social das cidades. Mas, agindo dessa nou mais rude a luta pelas terras e pelos empregos? Atualmente,
— 184 — — 183 —
estabeleceu-se que a população aumentou de 40% a 80% em toda colheitas e das crises económicas resultantes disso, a partir de 1780.
a Europa, no século X V III. Somos levados a pensar que um fenô­ A crise da indústria têxtil do Languedoc agrava a crise agrícola e mul­
meno tão geral exerceu necessariamente uma influência sobre as ori­ tiplica os desempregados. Mais ainda, as exigências dos senhores se
gens da Revolução. A fim de determiná-la, convém estudar detalha- tornam mais severas. Daí resultam os processos relativos aos direitos
damente o mecanismo deste aumento. Michel Fleury e Louis Henry feudais que se multiplicam e desenvolvem um verdadeiro ódio dos
aperfeiçoaram um método de análise dos registros paroquiais que camponeses contra a aristocracia e mesmo contra o regime que a
permite o acesso a essas causas.18 Infelizmente, este método, muito protege.
minucioso, exige muito tempo. Ele foi empregado por L. Henry e E. É verdade que não se podem generalizar os resultados obtidos
Gautier para o estudo da aldeia normanda de Crulai. Foi aplicado pelo estudo dessas paróquias. Convém multiplicar estes estudos na
também pela universidade de Toulouse em várias comunas do Lan- França e fora dela. Mas, sendo conhecido o papel que exerce a pres­
guedoc. Certas paróquias possuíam de 300 a 600 habitantes no início são demográfica nas revoluções atuais dos países chamados “subde­
do século X V III e contavam com 500 a 1.100 no final desse século, senvolvidos”, é normal pensar que ela teve um lugar análogo nas
tendo havido um aumento médio de 60% . Como se deu esse au­ origens da revolução ocidental, no século XVIII.'
mento? Não foi pelo aumento da taxa de natalidade: esta, muito ele­
vada no início do século, se mantém no mesmo nível, ou até mesmo 4) A ESTRUTURA E A CONJUNTURA ECONÓMICAS
com tendência a diminuir. Em Lévignacsur-Save sua diminuição é tal,
que sugere, a partir de 1760, uma restrição voluntária dos nascimen­ No que se refere à estrutura, constata-se que as regiões onde o
tos. A mortalidade infantil (bebés de menos de um ano) continua movimento revolucionário teve sua origem e onde foi mais violento,
muito alta, tendo mesmo a tendência a aumentar nas últimas décadas têm estruturas económicas análogas: Nova Inglaterra, Holanda, Bra-
do século X V III. Acontece a mesma coisa com a mortalidade juvenil bante, Liège, França, Renânia, Itália do Norte. Em todas essas re­
(de 1 a 14 anos). Ao contrário, constata-se uma diminuição, às vezes giões, a agricultura ainda é preponderante, mas a terra é explorada
bastante elevada, da taxa de mortalidade dos adultos e principal­ por camponeses livres, pequenos proprietários, meeiros ou arrenda­
mente dos “jovens adultos” (de 15 a 39 anos); isto sugerirá que o tários. A servidão quase desapareceu. A indústria se desenvolve, sem
aumento da população se deve, principalmente, à melhora do nível que apareçam ainda as grandes concentrações de operários proletari-
de vida. Efetivamente, o equipamento médico, embora' existindo, zados. Enfim, são numerosas as cidades habitadas por uma rica bur­
continua medíocre. As autoridades municipais se queixavam da inca­ guesia comerciante. Entretanto, nos Estados Unidos, ao sul do Poto-
pacidade das “parteiras”.3’ mac, estendem-se regiões desprovidas de indústrias, onde a terra está
Mas há grande quantidade de documentos que provam a exten­ dividida em imensos domínios pertencentes a um pequeno número
são das culturas e seu aperfeiçoamento pela introdução de plantas de grandes proprietários e explorados por escravos negros. A Virgí­
novas de origem americana. Por toda parte, os terrenos incultos são nia, entretanto, exerceu um importante papel na revolução ameri­
explorados, o sistema de rotação trienal das culturas é substituído cana. Mas os plantadores da Virgínia se mostraram hostis à abolição
lentamente pelo sistema bienal. Das plantas vindas da América, no da escravatura, e esta, apesar das tendências contrárias dos burgueses
século X V I, é o milho que obtém maior sucesso. O subdelegado de e dos camponeses da Pensilvânia e da Nova Inglaterra, foi mantida
Pamiers assinala que o rendimento do grão de milho é de 32 por um, em consequência de um compromisso tácito. Mas o problema da es­
enquanto que o trigo rende apenas dois e meio a três por um. A cravidão continuará sendo sempre um elemento de litígio entre o
vinha também, nas terras favoráveis, atinge uma extensão considerá­ Norte e o Sul dos Estados Unidos e provocará, oitenta anos depois,
vel; a venda do vinho dá aos habitantes dinheiro líquido que lhes uma longa e violenta guerra civil.
permite comprar, de agora em diante, a carne; açougues comunais ou Na Polónia, também a estrutura económica e social era muito
particulares apareceram, a partir de 1750 nas aldeias onde ainda não diferente da que havia na Europa Ocidental. O grupo de “patriotas”
existiam. Portanto, é a melhoria da alimentação que provoca o au­ era recrutado na pequena nobreza pobre e numa burguesia restrita,
mento da população. os “Jacobinos” que formavam a extrema-esquerda deste grupo eram
Rapidamente, entretanto, os novos recursos se tornam insuficien­ pouco numerosos: uma centena em Varsóvia, menos ainda na Cracó-
tes para fazer subsistir uma população maior. Daí a gravidade das más via e Vilno. Os patriotas impuseram ao rei Stanilas Poniatowski a
— 186 — — 187 —
constituição de 3 de maio de 1791 que não suprimia a servidão e que anos do início da revolução americana. Aliás, as medidas fiscais to­
praticamente não modificava o destino dos camponeses. Na época da madas peio governo britânico, o direito do selo e o imposto sobre o
insurreição de 1794, quando os jacobinos quiseram empreender re­ chá, contribuíram para a elevação dos preços, portanto, para criar
formas mais radicais referentes especialmente à escravidão e à pro­ uma crise económica. Certamente, todos esses estudos são ainda bas­
priedade territorial, elas foram estimuladas pela ala direita dos patrio­ tante insuficientes e muito fragmentários. Entretanto, parece desde
tas. “Não resta dúvida, escreve B. Lésnodorski, que a fraqueza dos agora provável que o marasmo económico, incontestável na França
jacobinos face às forças preponderantes da direita e da reação feudal, de 1770 a 1789, se estendeu a uma grande parte do Ocidente e ex­
foi decisiva”. As causas da insurreição foram aqui, como na Virgínia, plica, em parte, o movimento revolucionário.
muito mais intelectuais do que económicas e sociais. Todavia, os ja­
cobinos exerceram um papel de precursores, de vanguarda. Suas 5) 0 MOVIMENTO DAS IDÉIAS:
idéias serão retomadas posteriormente. Apesar dessas exceções, a AS LUZES
revolução parece bem ligada a um determinado tipo de estrutura
económica e social. O papel das “Luzes” nas origens da Revolução, foi há muito
Ela sofreu também a influência da conjuntura económica. Sobre a tempo demonstrado ou exaltado, conforme as tendências de cada
França, os trabalhos de M. Ernest Labrousse' mostraram que a curva „
um:
->7

de preços, após ter acusado uma alta constante por volta de 1730 a Nenhum historiador coloca em dúvida a influência das “luzes”
1770, marca, a partir desta data, uma diminuição ou pelo menos uma sobre a Revolução. Mas eles se dividem quanto à sua parte dé in­
estagnação e depois, entre 1780 e 1790, oscilações formam profun­ fluência, sendo que alguns lhe atribuem um papel essencial, en­
dos ziguezagues, que são o índice de uma crise económica. As curvas quanto outros, que dão uma grande importância ao fator económico,
demográficas, traçadas até o presente, mostram que os nascimentos, acham que elas tiveram apenas uma ação secundária. Por outro lado,
os casamentos e falecimentos refletem fielmente este estado de coi­ os historiadores estão divididos igualmente quanto à respectiva in­
sas; também M. Labrousse pode opor, com argumentos, o “esplendor fluência dos diferentes filósofos. Finalmente, o problema da “circula­
do reino de Luís X V ” (entre 1750 e 1770) ao “declínio do reino de ção das idéias” foi examinado apenas nos últimos anos.
Luís X V I”. A crise do ano 1788-1789, devida às catástrofes meteoro­ Georges Lefebvre, fazendo uma apreciação do livro' de Daniel
lógicas de 1788 é bem conhecida; sabe-se que o dia 14 de julho de Mornet, lamentava que o autor não tivesse assinalado melhor até
1789 não significa apenas o dia da tomada da Bastilha, mas também o que ponto as idéias dos filósofos haviam sofrido influência dos fatos
dia em que o preço do pão, em Paris, atingiu o nível mais elevado do políticos e da evolução económica, isto é, não tinha assinalado me­
século. Ninguém mais contesta que, na França, a conjuntura econó­ lhor a parte respectiva das luzes, dos acontecimentos e da conjuntura
mica tenha exercido um papel importante, alguns consideram mesmo económica, nas origens da Revolução Francesa. Trata-se de um
fundamental, nas origens da revolução. eterno processo entre historiadores (apenas historiadores) e historia­
Mas, e em outros países do Ocidente? As pesquisas sobre o mo­ dores da literatura. Os primeiros recriminam os segundos por se res­
vimento de preços não se desenvolveram em outros lugares tão antes tringirem ao estudo das idéias, sem se preocupar com a “atmosfera”
quanto na França' . política, económica, social, na qual elas foram emitidas; os segundos
As variações dos preços, na Europa Ocidental, parecem ligadas criticam os primeiros porque, segundo dizem, desconheciam o valor
principalmente à conjuntura meteorológica: ou, então, esta é a estético de uma obra literária. Desse modo, os historiadores lamen­
mesma para todo hemisfério norte' . Não é de se admirar, portanto, tam que R. Mauzi, em sua tese sobre L’Idée du Bonheur au X V IIIe
que as curvas de preço afetem do mesmo modo toda Europa Ociden­ S i è c l e tenha examinado unicamente as publicações literárias e filo­
tal. sóficas e não as obras políticas. As vezes, também os especialistas da
No que se refere aos Estados U nidos, Anne Bezançon literatura se contentam em analisar as obras deste ou daquele autor,
preocupou-se com esta revolução de preços . A inflação veio per­ sem tentar explicar ou as condições de seu aparecimento, ou a in­
turbar gravemente os preços de 1778 a 1781, todavia constata-se fluência que tiveram. Uma censura como essa foi formulada perti­
antes de qualquer inflação, uma elevada alta de preços dos cereais, ao nentemente por Georges Lefebvre em relação à obra La Pensée Euro-
mesmo tempo que na Europa de 1771 a 1774, isto é, nos mesmos péenne, de Paul Hazard.’"
— 188 — — 189
Em escala internacional, uma nova divisão vem ainda juntar-se à do a origem da Revolução nas colónias inglesas da América, assim
primeira, é a das fronteiras políticas, que limitam, infelizmente de como na França." Porém, estamos totalmente desprovidos de estu­
modo frequente, o campo de investigação dos pesquisadores. Ber- dos sobre a história financeira comparada.
nard Fay certamente ocupou-se do espírito revolucionário “na França É certo que, no fim do século X V III, muitos governos tenham
e nos Estados Unidos e efà um esforço louvável para a época em julgado que tivessem exaurido as faculdades contributivas dos ple­
que o livro apareceu (1925). Mas Bernard Fay teve a tendência de beus e se vissem na obrigação de aumentar os impostos dos privile­
não ver senão a França e os Estados Unidos. Ele não percebeu até giados. Certamente foi esta uma das causas da “reação aristocrática”,
que ponto as correntes que percorriam os dois países eram correntes tendo R.R- Palmer constatado que ela se estende a toda Europa Oci­
verdadeiramente internacionais. A. Mathiez já o assinalava ao fazer a dental e Central e à América.'8 Esta interpretação coloca em dúvida,
apreciação desta excelente tese de doutorado." É a Franco Venturi de um lado, as causas do “despotismo esclarecido”, que quisera re­
que se atribui o mérito de ter exposto, em duas brilhantes comunica­ forçar os poderes do Estado para aumentar seus recursos financeiros,
ções, as indicações preliminares essenciais de um estudo sobre a cir- de outro lado, a atitude dos “corpos constituídos”, que foram os
culação internacional das idéias no século X V III. ~ Falta examinar, principais órgãos da “reação aristocrática”, face às novas tendências
detalhadamente, como as idéias se propagaram, aplicando-se, por
“despóticas” do Estado.19
exemplo, o método que Daniel Mornet indicara para a França; es­ Frente a esses “déspotas esclarecidos” colocam-se os corpos
tudo dos catálogos de bibliotecas públicas e particulares, análise de constituídos”, que agrupam aristocratas e oligarcas. Na,Franca, esta
jornais, exame do ensino desenvolvido nas escolas, nos colégios e nas oposição constitui a “pré-revolução” estudada por Jean Egret. ^
universidades e também a ação da franco-maçonaria. Vemos que o A Commission Internationale pour 1'Histoire des Assernblées d btat ,
campo de exploração é muito vasto. instituída no quadro do Comité Internacional de Ciências Históricas,
Convém ainda determinar a parte de influência deste ou daquele empreendeu trabalhos e publicações que colocarão em evidência a
“filósofo”. Estamos-principalmente interessados em estudar a propa­ atitude da “reação aristocrática” dos “corpos intermediários : parla­
gação do pensamento de Montesquieu e foi em relação a isto que se mentos, estados gerais ou provinciais, dietas, etc. Quanto à Bélgica,
manifestaram violentamente entre os historiadores as mais notórias consultaremos os trabalhos de E. Lousse41 e para o conjunto da Eu­
controvérsias. E. Carcassone consagrou, em 1927, sua tese de douto­
ropa, os de A. Goodwin. . _ ,.
rado à influência exercida por Montesquieu sobre as constituições De uma maneira geral, encontraremos numerosas indicações bi­
francesas do período revolucionário." Ele se esforçou por demons­ bliográficas sobre este assunto no livro de R.R. Palmer, já citado.
trar que Montesquieu tivera uma influência preponderante em rela­
ção ao pensamento constitucional francês. A. Mathiez recriminou-o NOTAS:
violentamente por haver estudado os textos de Montesquieu, em si 1 Historiam and the Causes o f the French Rêvolution, Londres, 1958.
mesmos, sem considerar suficientemente o ambiente histórico: “O : Mémoires pour servir i thistoire du Jacobintsme, Hamburgo, Fauche, 1798, 5 vols. in-8.°.
professor de letras não ultrapassa a literatura. Por trás das obras lite- ' La Franc-maçonnerie et la Rêvolution lntellectuelle du X IX ’ Siècle. Paris, 1955; La Grande Révolu-
rána.Sj de não é capaz de encontrar as forças sociais que as condicio­ tion, 1715-1815 . Paris, 1959.
nam . Esta controvérsia levou A. Mathiez a assinalar precisamente 4 Consultar os trabalhos de Serge Hulin, Les Francs-Maçons (Paris, 1960) e de Jean Palou, La
o lugar de Montesquieu no pensamento político do século XV III, Franc-Maçonnerie (n.° 66 a) e no que se refere à França, o livro de Roger Priouret, n.° 193, o artigo
de Daniel Ligou (n.° 195 a), também as obras bastante documentadas de A. Bouton e M. Lepage
mostrando que este se dividia em três correntes: a corrente do di­ n.° 194; e de A. Bouton, n.° 195. Jacques Druz mostrou a inutilidade da conspiração “ilummista
reito histórico, com Montesquieu; a corrente do “despotismo escla­ na Alemanha, R .H ., pp. 313-339, “La Légende du Complot Illuministe et les Origines du Roman-
recido , com Voltaire; e a corrente do direito natural, voltada para a tisme Politique en Allemagne”. Ver também os n.°' 21a. e 21b.
' Paris, 1960.
democracia, com Rousseau. 5 A maioria dos historiadores sustenta a
6 Georges Lefebvre já estudara, em 1924, os Paysans du Nord. Sua tese, esgotada nas livrarias,
mesma opinião de Mathiez. Os historiadores, não os juristas.16 acaba de ser reeditada pela casa Laterza, n.° 132. Outras teses seguiram as mesmas direções, como
a de Robert Laurent, n.° 134, a de Paul Bois, n.° 135 e a de E. Le Roy-Ladurie, n.° 138a. Citare­
6) A EVOLUÇÃO POLÍTICA mos, também, o trabalho de Aibert Soboul, n.° 449-
Citamos, entretanto, para a Itália, os trabalhos de LJmberto Marcelli e de Renato Zangheri,
n.° 450.
Todos concordam que o agravamento dos encargos fiscais tenha 8 Comission d'Histoire Èconomique de la Rêvolution, 2 vols., Paris, 1962-1963.
— 190 — - 191 —
. , w Rnustan (Les Philosophes et la Societé française au XVlU e Siècle, Paris, 1911); de
,, ? ' ° 127 f £onsultar- também: "UHistoire Sociale, Sources e Méthodes. Acles du Paris, 1878); de M. ^ philosophiques en France au XVlll'Siècle, Paris, 1920; L Eroltt-
colloque de lEcole Norma/e Supeneure de Samt-Cloud (15-16 de maio de 1965), Paris, 1967 e Problè- B. F a y , ' F ran T au XVIII. Siècle. Paris, 1925); de D. Mornet, n.° 472; de Pau!
PaeriSdei9 6 8 tlflCatl0n S° C‘a e’ AcUs iu ColloíIue Intemacionale de 1966, publicadas por R. Mousnier, tton de la Pensei ° J au XV1IH Siècle, de Montesquieu à Lesstng, Paris, 1946); de Funo Diaz
k’> S S & w K ' nelSeUecentofrancese, Tor.no, 1962).
Por exemplo, os “Marchands d’Étoffe de Toulouse à la fin du X V IIe Siècle” (artigo de G
78 A H R F -, 1934, pp. 366-372.
Marm,ère A nn.du M td,, 1958, pp. 251-308), ou os "Citoyens actifs de Grenade-sur-Garonne”'
79 Parts, 1960; ver o artigo de L. Trénard nos A .H .R .F., de 1963, pp. 309-330 e 428-452.
Ha f e5?rd’ ,b ,d ' í,958’ PPn 309' 3 l6 ) ou o* “Six Cents plus imposés du Département de la
Haute-Garonne en l’an X ” (P. Bouyoux. ib id .. 1958, pp 317 329) epartement de la
30 A.H.R.F-, 1947, pp. 388-389.
11 A .H .R .F., 1947, pp- 388-389.
12 A .H .R .F., 1925, p p - 395-396.
” Montesquieu et le Problème de la Constitution Française au X V III1 Siècle, Paris, 1927.
14 A H R F ., 1927, pp. 509-513, respostas de E. Carcassone, ib id ., 1928, pp. 82-93 e 191-
1956 v n t v T r “ n Ie fM lT BerenS° ’ U Soc'“ à Vlnrta alla f ine del1’ 700, Florença
à Mayence au X W S * £
192 -'5 ... . Place J e Montesquieu dans FHistoire des Doctrines Politiques du XVI11' Siècle”, ib id ..
j p, 5 ° bre 2 “reaç“ ^ udal” nào há’ infeli 2 mente, nenhuma obra de conjunto desde a tese latina 1930 pp. 97-112; “Les Philosophes et le Pouvotr au Mtlteu du XV1I1 Siecle , tbid., 1935, pp.
de Ph. SagnacQ uomodoJuraDomw,, Aucta Ferint Ludovico XVI Regnante, Parts, 1898, e o livro de
1- 12 .
M. C-ohring, D,e Feudal,tat ,n F ran krach vor und ir, der Grossen Révolution Berlin, 1934 a comnle- 16 Ver especialmente Montesquieu et sa pensee constitui,onnelle, sob a direção de B. Mtrkine-
B lo ch n ° 446° mmt° SU8eStlVO' mas ,nfelÍ2mente muito breve para o século X V Ilí, de Marc • . Henri Pucet com a colaboração de P. Barriere, P. Bastid, J . Brethe de La Grassaye,
u’ tt R UCaseJ n , Ch Ersenmann. A Sardot, J . Graven, J.P. Niboyet M. Pré.ot e P. Rain, Paris, 1952.
1936, pp.U366-3P78Sé de NobleSSe França,se' Qualques Jalons de Recherche”, A.H.E.S., t. VIII, ' 7 Ouanto à Franca, os estudos de Ma.cel Marion, n.° 167, embora excelentes, nao foram
retomados senão por alguns trabalhos regtonais que, em geral os confirmam (ver por exem p lo ^
15 N.° 147. P ie i L a Taille Proportionnelle dans les General,tés de Caen et d Alençon, Caen 1937, Y. Preei, Le
16
T è .lfm e d Z lÍ Generalite de Caen. Caen, 1939; 1 Villain, Contes,acons Ftscales sous IAncten
, N \ l4& E necessário salientar as pesquisas de M. Viilani sobre o regime feudal no reino de
Nápoles, as vesperas da Revolução. Ver também o n ° 147a Reg,me dans les Pays dlElection, de Taille Personelle, Parts, 1942).

n N° 77'. '* N.° 38. A C


’9 Sobre o "despotismo esclarecido”, o debate continua em aberto. Ver uma pesqutsa do Co­
19 ° el Reg‘s,res f " ' ™ ” à 1’Histoire de la Population", Paris, 1956, nova edição 1965 mité Internacional de Ciências Históricas, publicada no “Bulletin deste coratte,,!!. 20 (1933), 3 ,
N.° 429.
3) 35 e 39 (1937), um artigo de Charles Morazé, “Essai sur les despotes eclaires Annales ( E . S G ,
1 0 4 8 tto 279-296 e um arttgo de Georges Lefebvre (“Le Despotismo Eclatre A .H .R.F., 19-49,
,,, , ] w w 'Cc ° 't£ S„ Moncassin, Démographie et Subsistances en Languedoc du XV11I‘ Siècle au
debutdu XIXe Steel,, Parts, 1965 (Com.ss.on d'Histoire Économtque et Sociale de la Révoíudon" n o’7 P1P15) Finalmente é preciso lembrar os estudos de Franco Valsecchi (L Assoluttsmo lllum,-
Z ,o l A u s iJ à e " n Lombardia, Bolonha, 2 vols. 1931-1934; “Despotismo,1 1 un«™*o , nas Ques-
21 „ 0„, n o 297, pp. 29-73; “Ultalia dal 1714 al 1788”, na Stona d lta lta , t. V II, Mtlao, 1959).
"C M' Reinnhard- È‘“de de la p«Ptl“t,on Pendant la Révolution et 1’Empire Paris 1960 com
um Supplement , Parts, 1963, publicação da Comission d’H Aloire Économiquede 'la Révolution.' 40 N.°' 516 e 522. Ver o sumário que George Lefebvre fez da primeira obra, nos A .H .R .F.,
1947. pp. 377-381.
lAtlanAauelu d® comumcaÇao de ->■ Godechot e R.R. Palmer sobre Le Problème de
r a m h fq XVIII* Stecle tn.ervençào de V. Lesnodorski; enfim, B. Lesnodorski n ° 311 ver 41 l a Societé dlAncien Regime: Organisalion et Réprésentatwn Corporattves , Louvamo, 19 3,
Tndb ’ 0 ° ^ oS^ ° / UIar’ Les J acoblns Polonais”, nos A.H.R.F. , 1964, pp 329-347 e o n ° 311
I Varsonv,e”! 9 ^ 6 COnsa«rado à "La Pologne, de 1'Époque des Lumières au Duche
c ? ’r , 1 is i/Ç rle maio de 1965 Paris, 1967; “Problemes de Stranficanon Social , Actes du
t a m t e m o s n ^ n O e T s T ”' * ***'* ** P m a “* ™ I I ' S .è c l e . Paris, 1933; ver Mousnier, Parts, 1968; R. Mousn.er, "Les
hiérarchies sociales de 1450 a nos jours , Paris, 1969-
1 7 7 9 -1 8 5 0 ^ ; 42 A. Goodwin, "European Nobility in the XVUIth Century, Londres, 1953.

... r
W 84^no e m q “ « ^ alta muko a«ntuada em
ultrapassado em 1789. UÇa° as Prov,nclas Unidas; o nível de 1784 será apenas

pp. 1-20 ^ R° y' Ladurie' “Aspects Historiques de la Nouvelle Climatologie”, R H ., 1961, t. 225,
H 26 '
N.° 459.
27
Citemos os livros clássicos de F. Rocquain tLEspri, Révolutionnaire Avant la Révolution,

— 192 — - 193 -
capítulo 4

Pré-revolução, Revolução
e Contra-revolução (1787-1792)
1) AS CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DA
REVOLUÇÃO FRANCESA

Todos os historiadores concordam no que diz respeito à superio­


ridade da posição ocupada pela França no mundo, no final do século
XVIII: importância relativa da população francesa, extensão do terri­
tório, expansão da língua e concentração de um número considerável
de “filósofos” e sábios na França. A revolução, na França, deveria ter
necessariamente repercussões mais amplas do que a revolução em
qualquer outro país.
Resta saber porque a revolução, na França, desde 1789, foi infini­
tamente mais radical do que em qualquer outra parte. -Georges Le­
febvre demonstrou, inicialmente, em sua tese sobre Les Paysans du
Nord Pendant la Révolution Française”, ' depois em suas outras obras,
que uma das razões essenciais deveria ser pesquisada na revolta cam­
ponesa. Esta, desde julho de 1789, tomou uma amplitude que não
fora atingida anteriormente em nenhum outro lugar, e é esta revolta
que despojou a Assembléia Constituinte e a monarquia das conces­
sões essenciais. Resta saber, também, porque a revolta camponesa foi
tão grave e porque os burgueses das cidades se uniram a ela. Certa­
mente se conhecem hoje em dia, graças à publicação de numerosos
cadernos de gueixas de paróquias, as reivindicações fundamentais do
mundo rural."
As estruturas sociais rurais foram estudadas, quer nos limites do
departamento , quer nos limites da comuna . São bem menos conhe­
cidas as estruturas sociais das cidades, devido à massa considerável de
documentos a examinar. Dissemos anteriormente que se podia dimi-
- 193 —
nuir parte desta dificuldade estudando a composição social do grupo „ vij a Drivada de Necker do que sobre sua atividade de banqueiro.
de jovens casados pela análise dos contratos de casamento, pelo V rio a recente obra de Herbert Luthy' analisa pela primeira
menos nas províncias em que os contratos de casamento são a norma. vez as operações financeiras do banco Necker e resolve bem os pro-
O exame desses contratos permite, também, determinar a ascensão
social e, em consequência, as ligações entre a cidade e o campõ. NemaSjo^ne também é muito discutido. Sua gestão financeira mere­
J. Sentou determinou a estrutura social de Toulouse durante a revo­ ceria um estudo novo e aprofundado. O livro que P. Jolly lhe consa-
lução . é uma honesta biografia, mas ela não traz nenhum elemento
Seria útil, também, retomar o estudo anteriormente esboçado ovo R- Lacour-Gayet, historiador e financista particularmente com­
por Philippe Sagnac sobre a “reação feudal” na França, no fim do petente, acha que Calonne percebeu, desde sua chegada ao Ministé­
século XV III. Em certas regiões, as relações entre senhores e cam­ rio q u e as finanças da França tinham necessidade de uma reforma de
poneses eram tensas a ponto dos primeiros virem, desde 1770, quali­ estrutura, mas ele não pôde realizá-la." Finalmente, Brienne. Mas, se
ficando os segundos de “republicanos”.'’ Não resta dúvida de que, na o papel deste último em relação às ordens monásticas acaba de ser
segunda metade do século X V III, continuou a aumentar o ódio dos objeto de um exame sério,1'’ o aspecto financeiro de sua ação minis­
camponeses contra os senhores leigos ou eclesiásticos, às vezes terial continua sem ser estudado.
contra seus agentes burgueses. A situação financeira da França no último ano do Antigo Regime,
todavia, foi explicada por F. Braesch.17 Ele estabeleceu e nada contes­
2) CAUSAS PARTICULARES tou suas cifras, que o déficit do orçamento da França, em 1788, se
elevava pelo menos a 125.982.133 libras, ou seja, 209? de despesas,
A crise financeira que começou em 1770, seu agravamento em “impasse” considerável que não podia ser vencido pelos meios clássi­
consequência da guerra da Independência dos Estados Unidos, sem cos. Parece que, em toda parte, 23% das despesas eram devidas à
duvida alguma, deram à crise francesa um caráter particular. Os fra­ corte, isto é, uma importância enorme, embora inferior à que a opi­
cassos de todas as soluções propostas pelos dirigentes das finanças, nião pública lhe atribuía. Porém, mais de 50Çf dos pagamentos
e 1774 a 1789, fizeram da crise financeira o pretexto, senão a causa destinava-se à dívida; somente a bancarrota, a inflação ou profundas
r j j V° luÇa° na França. Entretanto, discute-se sempre sobre a habi­ reformas de estrutura podiam permitir solucionar o déficit.
lidade dos financistas e sobre o valor real de seus planos. Após os trabalhos de Ernest Labrousse,l>< ninguém mais duvidou
Turgot fracassara por falta de realismo? A aplicação de seus pla­ da profundidade da crise económica que opôs os “maus anos” do
nos teria salvado a monarquia? Edgard Faure, em um volume re­ reino de Luís X V I ao “esplendor” de Luís XV . Certamente é pena
cente, rende homenagem à competência financeira de Turgot, mas que Ernest Labrousse não tenha prosseguido a serie de estudos que
atribui seu malogro à falta de apoio na opinião das massas 7 anunciara. Após a crise da viticultura, examinada no volume publi­
Bem mais discutido é o papel de Necker. Mareei Marion em sua cado em 1944, ele deveria analisar a evolução dos preços dos cereais,
Htstoire Fm anaère de la France? fizera as mais expressas restrições a dos produtos de criação de animais, a crise industrial e comercial, a
aos talentos financeiros de Necker. O abade Lavaquery, indo mais diminuição das rendas populares.
longe, tentou demonstrar que a reputação de Necker fora exagerada A existência deste recesso tira dos tratados comerciais de 1 //o
e que os elogios feitos a ele pelos “patriotas” tinham origem na pro­ com os Estados Unidos e de 1786, com a Inglaterra, muito da nefasta
paganda que ele fazia de si mesmo.9 Entretanto, Georges Lefebvre influência que se lhe atribuiu outrora. Não resta dúvida de que estes
recriminou ao abade Lavaquery por não haver estudado Necker na tratados decepcionaram.41 A história do tratado franco-americano foi
função de diretor de um banco particular e de tê-lo difamado siste­ estudada por A. de Conde.71 Todavia, conviria examinar de mais
maticamente: de fato, o autor, apesar de uma sólida documentação perto a incidência do tratado sobre os preços franceses. Pelo contrá­
na° resçondeu a nenhuma das questões colocadas pelo papel dè rio, as obras referentes ao tratado de Eden, com a Inglaterra^ são
Necker. O historiador suíço Edouard Chapuisat retomou o assunto antigas e nada foi escrito depois de Camille Bloch e F. Dumas.
e escreveu uma biografia que ele pretendeu ter sido “a contrapartida Entretanto, como as reclamações contra este tratado foram muito
daquela do abade Lavaquery”. ' 1 A obra, aliás, é apoiada em numero­ intensas nos cadernos de queixas, seria preciso tentar assinalar o
sos documentos autênticos. Porém, ele informa mais sobre a família è ponto de partida do que, na baixa dos preços dos produtos indus-
— 196 — - 197 -
criais, é a consequência da crise geral e do que se deve às incidências .. j u Xv iH e S>ècle" tornou-se clássica. Ele mostrou porque, a partir
do tratado de comércio.' de 1756, o Parlamento de Grenoble se insurgiu de maneira cada vez
A crise, em todo caso, agravou o desemprego. Não se sabe muito n-r.is violenta contra a monarquia, chegando a provocar a revolta po­
a respeito desse desemprego, exceto peto intermédio da assistência pular chamada o “dia das telhas”, de 7 de junho de 1788. Georges
em relação à qual publicaram-se estudos. 4 Haveria necessidade de Lefebvre lamentou que Jean Égret não tivesse analisado mais minu-
um estudo do desemprego rural e do desemprego industrial, na ciosamente a origem social dos parlamentares de Grenoble, o que lhe
França, no fim do Antigo Regime. Até que ponto os desempregados teria permitido situar o Antigo. Regime. ' Em relação a isto, Georges
contribuíram para a formação das tropas para as revoltas de 1788 è Lefebvre citava o exemplo de Albert Colombet, que estudara o re­
1789? C. Rudé tentou determiná-lo.Todavia, foi difícil a ele distin­ crutamento do Parlamento de D ijon." J. Égret respondeu a essas
guir se certo operário parado após uma revolta estava desempregado críticas, examinando, em seu conjunto, as características sociais da
ou não e ele estudou apenas Paris. aristocracia parlamentar.’4 No que se refere à Bretanha, o problema
também foi exposto por H. Fréville no terceiro volume de sua tese.
3) A REVOLUÇÃO NA FRANÇA Resta, portanto, estudar a atitude dos Parlampntos de Toulouse, Pau,
DE 1787 A 1789 Bordéus, Rouen, Douai, Metz e Paris.
A revolta “aristocrática” transformou-se rapidamente em uma
A reunião da assembleia dos notáveis, de 22 de fevereiro de agitação generalizada de todas as classes sociais. Qual foi o papel do
1787, pode ser considerada como o início da Revolução na França. A “Comité dos Trinta” e do “Partido Nacional” no desenvolvimento da
historia da assembléia dos notáveis foi desenvolvida recentemente oposição? Não foi empreendida nenhuma pesquisa neste sentido,
por vários historiadores que nem sempre concordam entre si. P. Re- depois dos estudos de A. Cochin e Ch. Charpentier. " Seria conve­
nouvin, em 1921, investigou uma questão delicada: a conferência de niente, todavia, estabelecer precisamente a composição do grupo de
2 de março de 1787, durante^a qual as contas financeiras de Calonne “patriotas” e suas ligações com os “patriotas” do estrangeiro: Estados
foram vivamente atacadas.1'’ O historiador inglês A. Goodwin, Unidos’, Grã-Bretanha, Províncias Unidas, Países Baixos, Suíça.
Toda esta agitação teve como consequência o decreto do Con­
colocando-se sob um ponto de vista geral, mostrou porque a assem­
bléia dos notáveis era a origem da revolta nobiliária.'7 selho de 5 de julho de 1788, que decide a convocação dos Estados
O americano Louis Gottschalk dispôs-se a determinar o papel Gerais para 5 de maio de 1789- Mas como seriam compostos? Como
exercido por La Fayette na assembléia, enquanto Jean Égret expôs seria feita a votação? A assembléia de Romans, no Dauphiné, reunida
seu ponto de vista, sensivelmente diferente desta questão.5 Enfim, a a 5 de setembro de 1788, exige desdobramento do Terceiro Estado e
política de Calonne, na assembléia, foi examinada com cuidado por F. esta reivindicação é retomada por Mounier que formula um pro­
Nussbaum e W.J. Pugh.1" grama, com o qual espera poder conciliar nobreza e burguesia. Foi
ainda Jean Égret que estudou esta questão” Foi ele também que deu
L. Gottschalk e J. Égret expõem diferentemente o papel de La
Fayette. Para o primeiro, a ação de La Fayette foi essencial na oposi­ esclarecimentos acerca da segunda assembléia dos notáveis, até então
ção à Calonne, à Brienne e, finalmente, à monarquia. Jean Égret acha pouco conhecida.18 Embora a assembléia se mostrasse èm sua maioria
que é preciso modificar muito este julgamento, baseado sobretudo hostil à duplicação do Terceiro Estado, isto foi decidido peto rei, a
nas “Memórias” do herói dos Dois Mundos. Baseando-se nos proces­ pedido de Necker. Entretanto, a obratoa segunda assembléia dos no­
sos verbais da segunda comissão da assembléia, guardados na Biblio­ táveis foi importante e útil. Mas, declàrando-se hostil ao desdobra­
teca Nacional e dos quais Louis Gottschalk só pudera ter conheci­ mento do Terceiro Estado, ela impediu a conciliação das ordens pri­
mento de uma cópia incompleta, ele mostra que “este liberal pouco vilegiadas e da burguesia, esperada por Mounier e preparou, dessa
democrata associou-se à vontade que todos os membros de sua maneira, o fracasso da “revolução dos notáveis .
comissão tu.ham de manter, contra Calonne, a distinção de ordens
nas assembléias” (provinciais). 4) 1789 NA FRANÇA
Foi ainda Jean Égret que estudou a oposição dos parlamentos à
1789, 1’Année Cruciale, é o título do livro que Fr. Braesch consa­
monarquia, outra causa da revolta nobiliária”. Sua grande obra sobre
grou a este importante período, por ocasião do sesquicentenário do
Le Parle ment du Daufihiné et les Affaires Publiques dans la Seconde Moi-
— 198 — — 199 —
aniversário da Revolução. ’* Fr. Braesch perguntou se, em 1789, a ções dos cadernos, as de M. Bouloiseau, de P. Bois e de D. Ligou,
revolução — isto é, o recurso à violência para reformar o Estado — respectivamente, referentes ao bailiado* de Rouen,42 à senescália** de
era inevitável. Ele acredita que nesta época era possível um compro­ Château-du-Loir43 e à jurisdição de Rivière-Verdun em Gascogne44
misso e julga que se este não chegou a se concretizar, as três ordens mostram que, em média, a proporção dos “comparecentes” em rela­
tiveram tanta responsabilidade quanto o rei. Não resta dúvida de que ção aos “possíveis” votantes, é muito pequena: 23 a 25% . Mas, cada
esta interpretação tenha sido inspirada a Fr. Braesch pela época em um dos três autores acha que não é preciso inferir consequências
que a escreveu, ou seja, a do Front Populaire e da guerra da Espanha. excessivas desta proporção. Inicialmente, não é certo que os proces­
Ela encontrou muito ceticismo: Georges Lefebvre notou que em sos verbais tenham registrado todos os presentes; em geral, o nú­
1789 a preeminência das classes dominantes estava ameaçada e que mero dos que não sabiam assinar não foi indicado. A seguir, é preciso
nem estas nem o Terceiro Estado estavam dispostos a ceder, sendo considerar a qualidade dos presentes: em geral, eram os proprietá­
desse modo provável o recurso à violência.40 Mas G. Lefebvre critica rios, os colonos, os artesãos da aldeia. Enfim, assim que a assembléia
também Fr. Braesch pelo fato de não ter levado em conta os aconte­ foi presidida pelo chefe eleito do lugar — síndico, cônsul, prefeito,
cimentos anteriores, principalmente da revolução aristocrática, ou etc., conforme as regiões — este como eleito, estava perfeitamente a
seja, foram os privilegiados que impuseram ao rei a convocação dos par das queixas de seus cidadãos e geralmente as consignava no “ca­
Estados Gerais. Uma vez feita esta convocação, a burguesia reclamou derno”. Não há dúvida de que os “trabalhadores braçais” e “arte­
a igualdade de direitos e entrou em choque com a obstinada oposição sãos”, geralmente analfabetos e freqúentemente ausentes das reuni­
do rei e da maioria dos privilegiados. “A Revolução de 1789 é a ões, quase não puderam fazer ouvir suas vozes. Para a senescália de
revolução da igualdade dos direitos; quanto a isto, ela não era uma Château-du-Loir, os camponeses que pagavam uma contribuição
reforma, mas uma revolução e uma revolução social.” G- Lefebvre igual, pelo menos a dez dias de trabalho — isto é, os futuros eleitores
acha, entretanto, que, Luís XVI talvez tivesse podido impor um compro­ de 1791 — constituem os três quartos dos que compareceram. E
misso antes de 1789, como tentaram, embora sem sucesso — José II verdade que os impostos, nesta região, eram muito pesados. Foram
da Áustria ou Vitor Amadeu III no Piemonte — Sardenha. De raras as paróquias cujos cadernos reproduziram as queixas do “prole­
acordo com Fr. Braesch, de qualquer forma a Constituinte, após o tariado” agrícola (um quinto no bailiado de Rouen). No que se refere
veto da Declaração dos Direitos, não deveria abdicar diante da pres­ às cidades, parece que está perdido um grande número de cadernos
são das massas. Entretanto, pergunta-se: G. Lefebvre, deveria ela ab­ de corporações. Convém procurá-los com cuidado.
dicar diante da autoridade do Antigo Regime? Teria sufocado, dessa Todo este imenso movimento de reflexões e de reivindicações
maneira, a Revolução? Realmente, Fr. Braesch colocou um falso teria sido vão se o Terceiro Estado não tivesse imposto ao rei e aos
problema. Georges Lefebvre, ao contrário, no “Quatre-vingt-neuf ” privilegiados a reunião das ordens e o voto por cabeça. Quanto a esta
publicado no mesmo ano4' demonstrou que 1789 significava o fim de luta que durou de 5 de maio a 27 de junho de 1789, estamos ainda
toda história da França; que a revolução era quase inevitável e que muito mal informados, embora isto possa parecer tão paradoxal. A
ela foi, desde o princípio, uma revolução da liberdade e da igualdade, este respeito, a publicação de documentos referentes às sessões dos
mas que, além disso, fundou a Nação proclamando o direito dos Estados Gerais durante este período será de grande utilidade. O
povos de disporem livremente de si mesmos. Estes princípios tive­ tomo primeiro foi publicado em 1953 e o tomo II em 1962.
ram uma imensa ressonância no mundo, e nele exercem ainda “uma É imensa a “literatura” relativa ao dia 14 de julho, à sua prepara­
influência que não chegou a se esgotar”. ção e às suas consequências. Uma das obras importantes consagradas
Se a Revolução de 1789, para obter na França a vitória desses à insurreição parisiense é a de P. Chauvet.4 O problema que se co­
princípios fundamentais, selou a aliança da burguesia e dos campone­ loca é o seguinte: a 14 de julho, os artesãos parisienses que formaram
ses que não se realizou em nenhum outro lugar, foi devido, incontes­ a massa dos assaltantes da Bastilha, poderiam se apossar do poder ao
tavelmente, ao fato de ter a massa camponesa ficado profundamente invés de deixá-lo à burguesia? O autor acredita que seria possível; G.
agitada pela convocação dos Estados Gerais, pelas operações eleito­ Lefebvre considera que, estando estabelecidas as estruturas sociais da
rais e pela redação dos cadernos de queixas. Ninguém contesta que o França, uma tal eventualidade seria improvável, nem Marx nem Jau­
sufrágio, no campo, tenha sido juridicamente universal. Mas, qual foi rès acreditaram nisso.4* Foi a burguesia aliada aos camponeses e aos
a proporção dos presentes, ou seja, dos votantes? As últimas publica­ artesãos que preparou o dia 14 de julho; foi ela que, em Paris, con-
— 200 — — 201 —

I
seguiu os principais benefícios. A. Mathiez mostrou-o bem em um
as cidades em três categorias: aquelas onde não houve “revolução
sugestivo artigo sobre “Les capitalistes et ia prise de la Bastille”.49
municipal”, isto é, aquelas onde as antigas autoridades continuaram
Mas a razão essencial da tomada da Bastilha pareqe residir na deser­
ção das tropas. em seus cargos; as cidades onde a revolução municipal foi incompleta
e nas quais os antigos poderes subsistiram ao lado dos novos, e, fi­
A Revolução, todavia, não teria conseguido as grandes vitórias do nalmente, aquelas onde a revolução municipal foi total, onde a antiga
verão de 1789 se os camponeses, diante da notícia da tomada da administração fora eliminada pela força ou onde tenha sido mantida,
Bastilha, nao tivessem pegado em armas e se a insurreição não tivesse embora estivesse inserida no núcleo de uma grande maioria de pa­
se propagado em toda a França através do “Grande Medo”. A estra­ triotas, ou ainda onde seus poderes tenham sido restritos à “polícia
nheza do fenomeno, seu desenvolvimento quase simultâneo na maio­ ordinária”, apossando-se, desse modo, a municipalidade patriota dos
ria das províncias francesas e especialmente nas regiões mais distan­ poderes políticos. Não se trata de uma síntese definitiva, mas de
ciadas umas das outras, sua importância na história da Revolução direções de pesquisas.
levaram um certo número de contemporâneos, Malouet, o astró­ Quanto à formação das guardas nacionais, seu estudo é tão im­
nomo Flaugergues de Viviers, Delichères d’Aubenas, a pensar que se portante quanto o da revolução municipal embora não exista atual­
tratava de uma conspiração parisiense, tendo por finalidade a supres­ mente nenhuma obra de conjunto sobre a questão.56
são do regime feudal. Eles achavam que no comando desta conspira­
ção se encontrava o duque de Orleans ou pelo menos alguns de seus 5) A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO
agentes, como Choderlos de Laclos. Esta hipótese foi retomada por HOMEM E DO CIDADÃO
numerosos historiadores no séculoXIX e mesmo, finalmente, por As origens da Declaração dos Direitos provocaram uma longa
Bernard Fay. Ele mostrou que, no início, há a crise económica la- controvérsia. Em 1896, o historiador alemão Jellinek tentou mostrar
tente ha vários anos em seguida a superexcitação dos camponeses que ela não possuía nenhuma originalidade, que seu texto era a
devida a eleição dos Estados Gerais e o receio de que as reformas reprodução às vezes literal de alguns artigos das declarações america­
reivindicadas por eles, nos cadernos de reclamações, fossem com­ n a — especialmente da Declaração dos Direitos de Virgínia — que
prometidas por uma “conspiração aristocrática”. Nestas condições o elas próprias inspiravam-se quase totalmente nos textos célebres do
menor acontecimento poderia desencadear uma ampla sublevação direito público inglês (por exemplo, napetition des droits de 1689), os
camponesa e foi uma notícia totalmente falsa, a do aparecimento dos quais, por sua vez, tinham suas origens nas obras protestantes e espe­
bandidos , que provocou a insurreição, em várias regiões, mas não cialmente nos tratados luteranos alemães.
simultaneamente como se acreditava. Georges Lefebvre traçou um E. Boutmy respondeu a esta questão, mostrando que as declara­
mapa muito expresso sobre correntes do Grande Medo. Depois da
ções francesa e americana tinham como origem as obras dos “filóso­
publicação desta obra, nada mais houve que pudesse desmentir as
conclusões de seu autor. fos” do século X V III, também francesas ou de língua francesa. * Em
seguida, M. Marcaggi escreveu uma obra em que se esforçava por
As revoltas camponesas não pararam senão quando a Consti­
mostrar que a declaração tinha sua origem principalmente em textos
tuinte decidiu, na noite de 14 de agosto, a abolição do regime feudal
franceses, proclamações reais, atos de cortes soberanas e reivindica­
a supressão dos direitos senhoriais e dos “dízimos”. É provável que
ções dos “cadernos”. Porém, não resta mais dúvidas que a declara­
um verdadeiro cenário tenha sido montado pelos patriotas com o
auxílio da minoria liberal da ^nobreza e do clero para obter da assem­ ção francesa tenha-se inspirado bastante nas declarações americanas.
bléia um voto de princípio. Os decretos votados eram ambíguos, e Sem dúvida, os princípios que encontramos em umas e outra foram
mantidos ou expressos muitas vezes anteriormente por numerosos
não alcançaram todo seu significado senão mais tarde, proporcional­
mente aos progressos da Revolução. Em relação à sua importância e “filósofos”, desde a Antiguidade até o século XVIII. Mas, o próprio
sua consequência, nos reportaremos à obra de Mareei Garaud.54 Jefferson, havia declarado que ele tinha aproveitado, desses princí­
Por sua vez, os citadinos aproveitaram-se das agitações para se pios, aqueles que lhe pareciam “a expressão do pensamento ameri­
apossar dos poderes municipais e formar as guardas nacionais. Daniel cano”. Os constituintes franceses extraíram das declarações america­
Ligou acaba de retomar o problema da “revolução municipal”, que nas não somente os princípios que convinham ao povo francês, mas
ainda não havia sido objeto de um estudo de conjunto.55 Ele classifica também os que tinham um valor universal e é nisto que consiste a
originalidade da declaração francesa.
— 202 —
208 —
6) CIDADÃOS ATIVOS E CIDADÃOS PASSIVOS • difundido Um estudo feito sobre a aldeia vizinha de Toulouse
mostra que aí se arrolavam, em 1791, 9 6 r/r de cidadãos ativos entre
A obra política da Constituinte foi a parte mais efémera de seu o s quais mais de 60Çf eram “trabalhadores braçais” que possuíam
empreendimento. Foi ela, também, que provocou as mais vivas con­ anenas uma casa e um pequeno pedaço de terra.
trovérsias porque nela encontramos numerosas contradições. Ini­ P Paul Bois chegou a conclusões idênticas, estudando Les Paysans
cialmente, por que, após ter proclamado o princípio igualitário, a de 1'Ouest!''' Para o conjunto das aldeias do departamento Sarthe,
Constituinte estabeleceu um regime censitário, que é a negação da­ M Bois constata que, se colocarmos à parte os domésticos, excluí­
quele princípio? Heinz Klay interessou-se em resolver este pro­ dos do voto por definição, não há, por assim dizer, cidadãos passi­
blema. O autor mostra, primeiro, como o princípio de igualdade vos Em relação a isto, Paul Bois fez, aliás, a seguinte observação
dos direitos foi estabelecido pelos filósofos do século X V III, e pelos muito interessante:'1'’ “Admite-se, em geral, que o Antigo Regime
deputados da Assembléia Constituinte. Mas estes se encontraram exercia uma pressão fiscal muito pesada sobre os camponeses, já des­
diante de um sistema censitário que já existia nas instituições muni­ pojados de uma boa parte de sua renda. Ora, uma imposição de três
cipais do Antigo Regime e pàrecia suscetível de eliminar das urnas os dias de trabalho representa, por definição, quase 1 9 da renda anual
elementos mais perigosos cia população. Além disso, os projetos de de um trabalhador agrícola, a categoria mais pobre. Para um agricul-
assembléias formulados por lurgot e Necker previam um censo e a j-Qj. ^ menos de 1Çf. Das duas uma: ou bem o fisco do Antigo Re­
maioria das constituições americanas organizam também um sistema gime atingia pesadamente os camponeses, o que significa que lhes
censitário. Finalmente, calcula Heinz Klay, a burguesia liberal, dona tomaram mais de 1 9 de sua renda, e, desse modo, seriam todos
da Assembléia Constituinte, quase não podia aceitar tanto o sufrágio cidadãos ativos; ou se os cidadãos passivos eram relativamente nume­
universal quanto a igualdade económica. Assinala que a Assembléia rosos, o caso é que os impostos do Antigo Regime eram tão baixos
concede com repugnância a igualdade aos judeus e às pessoas de cor que não tomavam à maioria dos camponeses esse 1r/r de sua renda!
e que se recusou a abolir a escravidão. Entretanto, outros trabalhos sobre os departamentos do Sena, do
Entretanto, o sufrágio censitário afastou das urnas um grande nú­ Sena-et-Oise, do Somme e sobre a Alsácia trazem novos esclareci­
mero de franceses? Iradicionalmente são citadas sem verificação mentos sobre a questão.
séria, as cifras de 4 .3 0 0 .0 0 0 cidadãos “ativos” e, pelo menos Concluímos: no estado atual de nossos conhecimentos, parece
3-000.000 “passivos”. Albert Mathiez, em sua Révolution Fran­ que nos campos. a imensa maioria dos cidadãos foi “ativa” em 1791-
çaise , escrevia que “três milhões de pobres ficavam fora da cidade”; Aliás, é muito significativo que algumas aldeias tivessem, em 1790,
por outro lado, os estudos empreendidos por Jean Sentou sobre mais cidadãos ativos do que em 1795, embora entre essas duas datas
“Impôts et citoyens actifs à Toulouse au début de la Révolution”,'1: a população tenha aumentado e em 1795 fosse suficiente pagar um
mostram que num bairro da cidade, a “municipalidade” de Saint- imposto qualquer para se ter direito de voto.
Étienne, somente 4()0f dos cidadãos eram "ativos”, isto é, pagavam Nas cidades, pelo contrário, a situação é muitíssimo diferente e é
um imposto' superior a três libras, tendo sido fixado em 20 “sois” o provável que tenha variado de uma cidade para outra. Em resumo,
dia de trabalho. Todos os cidadãos ativos eram “acomodados”. eram excluídos do direito de sufrágio pela Constituição de 1791, os
Entretanto, é imprudente generalizar. Jean Bourdon me recrimi­ vagabundos, os domésticos e os artesãos pobres das cidades. Entre­
nou com certa veemência, por haver “falseado a perspectiva histó­ tanto, os eleitores só elegiam diretamênte os membros dos conselhos
rica , escrevendo na primeira edição de minhas “Institutions”' 4 que municipais e os eleitores de segundo grau, escolhidos entre os cida­
apenas os ricos tinham o direito ao voto no quadro da Constituição dãos mais ricos. Em Sarthe, Paul Bois constatou que aqueles que
de 1791. Os estudos que foram empreendidos após esta época per­ podiam ser eleitos dessa maneira, abrangiam ainda nos campos todos
mitiram, felizmente; esclarecer o problema, mostrando que era pre­ os “lavradores”, quase todos os “bordagers” ou pequenos^ explorado­
ciso distinguir claramente entre as cidades, cujo dia de trabalho fora res, uma boa parte dos artesãos e mesmo dos diaristas. Portanto,,
fixado num nível bastante alto, onde só os cidadãos, pelo menosos mais do que a distinção entre cidadãos ativos e passivos foi princi­
acomodados, tinham o direito de voto; e os campos, onde, ao contrá­ palmente o sistema de eleições em dois graus e também o imposto
rio, o dia de trabalho fora estabelecido em um nível mais baixo e exigido dos “eleitores” que deram à Constituição de 1791, um cará­
onde os impostos eram mais pesados, o sufrágio foi infinitamente ter democrático.
— 204 — — 203 —
7) A NOVA CHAMA REVOLUCIONÁRIA NA
opõem-se firmemente ao que afirmaram numerosos autores. Acha
GRÃ-BRETANHA. NOS PAÍSES-BAIXOS
HOLANDESES E BELGAS E que R.C. Cobb se equivoca quando declara que o movimento jaco­
NA SUÍÇA bino não teve nenhuma influência sobre o povo inglês. Portanto, pa­
rece que R.C. Cobb exagerou muito em sua exposição e que é pre­
Ninguém pode negar que o início da Revolução na França tenha ciso referir-se às interpretações dadas por Brown, Dechamps, Mac-
coby. Ao contrário, convém acentuar que a exposição de R.C. Cobb
PfOV6? ™ uma inovação dá oposição revolucionária na Grã-Breta-
nha. Todavia, objetou-se que os “jacobinos” ingleses tenham se as­ não dizia respeito à Irlanda, onde não se colocou em dúvida a exis­
t ê n c i a de um importante movimento revolucionário.
semelhado, por suas idéias, aos jacobinos da França e que tenham
tido a importância c,ue se lhes atribuiu. Em uma comunicação kSociété A retomada do movimento revolucionário nas Províncias Unidas
n ã o provocou tantas discussões, sem dúvida porque ela não foi muito
Moderne. R.C. Cobb pretendeu demonstrar que os “Jaco­
binos ingleses eram pessoas ricas, cultas, liberais, porém industriais estudada. Mais de quarenta mil holandeses teriam atravessado a fron­
e comerciantes em sua maioria, “estranhos em seu próprio país, iso­ teira francesa na ocasião da restauração do “stathouder”, em 1787.
lados do povo que detestava esses patrões extremamente severos Será exato? Há possibilidade de controlar esta cifra. A maioria deles,
privados politicamente de meios de pressão sobre as classes dirigen­ estaria estabelecida no Norte da França, ao redor de Saint-Omerou
tes e que se recrutavam quase exclusivamente entre os “dissidentes” em Paris. A que atividades se dedicaram? Como e em que condições
religiosos (presbiterianos, independentes, batistas). Segundo R C entraram em contato com os meios revolucionários franceses? Esta é,
Cobb, esta ‘ seita” exerceu apenas uma influência mínima porque o entretanto, ainda uma investigação a se realizar.
povo inglês se considerava, por volta de 1789, como o povo “mais Algumas obras recentes tornaram mais precisos nossos conheci­
e
íz da terra e, efetivamente, de 1750 a mais ou menos 1810 o mentos sobre a Suíça. Joseph Feldman e Ariane Méautis consagraram
nível de vida dos ingleses nao cessara de elevar-se. Melhoria essa interessantes obras à propaganda revolucionária na Suíça, no início da
provada pelo aumento do consumo da carne, melhoria da higiene e Revolução.7' Eles estudam primeiramente os clubes formados em
finalmente, o crescimento considerável da população. Aliás, esses in­ Paris pelos patriotas suíços, fugitivos ou exilados em consequência do
gleses tao satisfeitos com seu destino, constituíam o povo “mais pa­ revés das revoluções genebrina e friburguesa de 1781-1782. Descre­
triota de toda a Europa”, e aceitaram facilmente, com alegria mesmo vem os projetos elaborados por esses patriotas para provocar uma
a guerra contra a França. Os clubes franceses estariam, portanto to­ revolução na Suíça. Estes levantamentos provocaram um verdadeiro
talmente equivocados quanto à força do movimento revolucionário pânico na aristocracia e na burguesia privilegiada dos cantões helvéti­
inglês, ao ranfiar cegamente nas publicações das Corresponding Socie- cos. A partir de 1791, os revolucionários suíços, apoiados pelos fran­
ties e nas alucinações um pouco beatas de alguns emissários ingleses ceses, tornam-se mais agressivos e o objetivo deles é inicialmente “o
que vinham fazer sua peregrinação em Paris”. Para R.C. Cobb o fato bispado de Basiléia”, isto é, o território de Porrentruy. Os patriotas
fundamental e a ausência, na Inglaterra, de um espírito revolucioná- suíços tentam ao mesmo tempo fundar em Paris uma “legião helvé­
tica”; fracassam, mas se engajam em massa na “legião dos Allobro-
Esta interpretação se acha em contradição com algumas obras es­ ges”, chefiada pelo médico da Sabóia, Doppet. Por sua vez, Wolfang
senciais. Ela suscitou importantíssimas restrições. von Wartburg deu contribuições para tornar mais preciso o movi­
M. Reinhard, baseando-se nos estudos demográficos em anda­ mento revolucionário no cantão de Zurique. Este autor mostra que
mento na Inglaterra, perguntou se o nível de vida havia aumentado existia um espírito inteiramente revolucionário em Zurique e no
tão nitidamente quanto R.C. Cobb o afirmava e, conseqiientemente, campo vizinho e que as notícias da França contribuíram para agitá-lo
se a impressão de prosperidade experimentada pelos ingleses era real ainda mais.
ou justificada. M. Bedarida contestou as afirmações de R.C. Cobb
sobre o recrutamento dos jacobinos ingleses. Ele acha que os arte­ 8) 0 DESPERTAR DO MOVIMENTO
sãos eram mais numerosos em suas fileiras. Porém, as mais sérias REVOLUCIONÁRIO NA EUROPA CENTRAL
objeções foram formuladas em uma carta de R.R. Palmer, o qual E MERIDIONAL
rejeita os argumentos de R.C. Cobb que, sem provas válidas,
— 206 — Jacques Droz, em seu livro sobre L'Allemagne et la Rêvolution
— 207 —
Française'- mostrou bem as diferentes correntes que agitaram a Ale­ ica “esclarecida” dos imperadores José II e Leopoldo II: seu
manha desde 1789 e explicou porque elas eram essencialmente espe­ l •ndono por Francisco II, em consequência dos acontecimentos da
culativas e pouco voltadas para a ação. F ra n c a descontentou burgueses e camponeses, obrigando-os a se
Jacques Droz estabelece de maneira mais nítida que os alemães reunir clandestinamente para discutir as notícias da Revolução o que
na véspera da Revolução, não tinham absolutamente patriotismo po­ nrecipitou a conspiração. ,,
lítico. Foi a Revolução que despertou, entre eles, porém muito lenta V Esta se ligou à conspiração dos Jacobinos húngaros, conhecida ha
e obscuramente as primeiras manifestações nacionalistas. Quanto aos muito mais tempo, porém sobre a qual acabam de ser fornecidas nu-
problemas económicos e sociais abordados pela Revolução na Franca merosas inform ações,8" inform ações essas que provocaram
os alemaes interessam-se pouco por esses problemas porque o jul­ interpretações variadas e controvérsias. „
gam resolvido há muito tempo. Georges Lefebvre explicou dessa Inicialmente, qual era a natureza do movimento “jacobino na
maneira esta atitude dos alemães: “seu desprezo pela ação política e Hungria? K. Benda admite que, no fim do século X V III, a estrutura
social continuava sendo uma fuga diante de um presente que o des- social da Hungria era pouco favorável ao aparecimento de um movi­
potismo monárquico e senhorial lhes tirava toda esperança de uma mento revolucionário. Esta estrutura assemelhava-se à dos países da
melhoria. Portanto, o movimento revolucionário na Alemanha Europa Oriental: imensa maioria de camponeses servos analfabetos,
continua sendo, principalmente “doutrina de gabinete” ou “agradável nobreza poderosa mas dividida em um pequeno número de magna­
passatempo de homens inteligentes e eruditos, além do mais bem tas” grandes proprietários e uma pequena nobreza pobre, proporcio­
garantidos . Conforme escreve Jacques Droz, é a consequência da nando principalmente funcionários ao Estado, burguesia pouco nu­
estrutura social, do poderio da nobreza, da pouca importância da merosa e pouco influente. K. Benda recrimina a F.P. Sugar por haver
burguesia, da submissão dos camponeses, especialmente no Leste tratado da conspiração jacobina húngara sem se preocupar com esta
onde eles eram quase todos servos. Nas cidades onde, como em infra-estrutura. Benda é de opinião que precisamente ela explica
am urS °’ a burguesia exercia uma enorme influência, graças a seu tanto a conspiração quanto seu fracasso. F.P. Sugar, sem negar a
numero e a sua riqueza, as manifestações revolucionárias foram mais influência das estruturas sociais, acredita que o papel das idéias revo­
serias. lucionárias francesas foi muito grande e que o julgamento de K.
Entretanto, é preciso notar que esta interpretação do movimento Benda é falseado por uma interpretação marxista excessivamente sis­
revolucionário na Alemanha foi contestada pelos historiadores mar­ temática. , , i
xistas especialmente os da República democrática alemã. Para estes a É preciso saber também até que ponto Martinovicz, a alma da
epoca revolucionária é aquela em que a Alemanha passa da economia conspiração, não era um agente duplo, porque sua atitude frente à
feudal a economia capitalista e eles procuram dar à atitude dos ale­ polícia após a descoberta da conjuração foi verdadeiramente es­
maes frente a Revolução, uma explicação de acordo com os princí­ tranha. Quanto a este ponto, não se encontrou resposta satisfatória.
pios do materialismo histórico. Rejeitam especialmente a tese se­ Todo esse movimento de pesquisas mostra a importância da conspira­
gundo a qual a Alemanha teria repelido os princípios revolucionários ção dos Jacobinos húngaros e coloca-a em seu devido lugar na histo­
sob pretexto de que o despotismo esclarecido lhe teria proporcio­ ria geral da Revolução. A . _ .„ .
nado um progresso equivalente. Essas idéias foram desenvolvidas por Sob o ponto de vista económico e social, a Boémia e a Polonia
Joachim Streisand. apresentam muitos traços comuns com a Hungria: massa de campo­
Entretanto, faltam-nos estudos aprofundados sobre as estruturas neses servos analfabetos, burguesia pouco numerosa o comercio
sociais na Alemanha e se conhecemos bem o destino dos campone­ está nas mãos dos judeus — nobreza muito importante; porém, aqui
ses, ignoramos o número e a fortuna dos nobres e dos burgueses.™ também dividida entre magnatas, grandes proprietários e uma gran e
h a estrutura social — camponeses livres e pequenos proprietá­ quantidade de pequenos nobres, freqúentemente sem terras. Na
rios, burguesia forte —- que explica certamente a existência de um Polónia, em 1791, houve uma revolução, depois uma tentativa de
movimento revolucionário mais importante, indo até à conspiração revolução mais radical, que fracassou em 1794. Aqui, a pequena no­
jaco ina na Baixa Áustria. Esses Jacobinos austríacos, que eram breza (que atinge 20% da população) e a burguesia apoiaram o rei
pouco conhecidos, foram estudados por Ernest Wangermann.’9 É Stanilas Poniatowski em seus esforços para transformar a constituição
certo que no início do movimento jacobino austríaco há também a polonesa, porque esta tentativa deveria permitir-lhes a ascensao ao
— 208 — — 209 —
r

poder. Portanto, em certo sentido, ela era democrática. Mas, nem os Ocidental, a massa do povo espanhol mostrou-se, nessa época, irre-
nobres, nem os burgueses pensaram nos camponeses servos, cuja iutivelmente hostil à Revolução. Por que? Uma resposta válida po-
condição permanece imutável. A. Jo b ert" mostrou como as “luzes” j rá ser conseguida assim que se conheça melhor as estruturas sociais
eram propagadas entre a burguesia e a pequena nobreza e porque da Espanha no fim do século X V III e assim que tenha estudado
essas classes desejavam renovar a instrução. J . Fabre, por sua vez,114 melhor a mentalidade dos espanhóis, formada pela longa luta contra
retificou a imagem que se fizera do último rei da Polónia, sobretudo os muçulmanos, assim como o papel absolutamente particular que
após a Histoire de L’Anarchie de Pologne, publicada por Rulhière em exerceu o clero neste país.
1789. Ele vê em Stanislas um soberano, deixando-se arrastar pela
corrente do^ despotismo esclarecido”, sinceramente desejoso de 9) A CONTRA-REVOLUÇÃO E AS
fazer da Polónia um Estado moderno.*5 ORIGENS DA GUERRA
Quanto à Europa Meridional, nossa documentação é infinita-
mente melhor. A propósito da Itália, os historiadores têm estado di­ Como a revolução, a contra-revolução se expandiu em todo Oci­
vididos há muito tempo e ainda o estão. Até mais ou menos 1920, a dente.9' A oposição entre essas duas correntes de sentido contrário,
maioria dos historiadores das origens do “Risorgimento” tenderam a foi a origem da guerra que começou a 20 de abril de 1792. Mas, os
considerar que o movimento revolucionário fora inteiramente impor­ novos princípios de direito público aplicados pela França, a concep­
tado pelos franceses por ocasião da sua invasão, em 1796. Depois ção da soberania nacional e a doutrina do direito dos povos disporem
desta data e às vezes sob a influência do fascismo, estudamos, de um de si próprios que, aplicada ao Condado de Venaissin e à Alsácia
a o, os movimentos revolucionários que se produziram esponta­ desencadearam as primeiras anexações de territórios à França, preci-
neamente na Itália antes de 1796 e, de outro lado, examinamos as pitaram o conflito. A idéia de renúncia à guerra, emitida a 22 de
igaçoes entre a revolução italiana e as que se desenrolavam no resto maio de 1790, foi rapidamente dissipada por todos esses princípios,
do Ocidente. também novos, mas infinitamente mais dinâmicos. Esta reviravolta no
• eníão’ os historiadores italianos pouco se preocupavam com direito público europeu foi objeto de poucos estudos. Quanto ao
a influencia que as estruturas sociais ou a conjuntura económica pu­ “nacionalismo”, uma das forças que pode contribuir para a guerra
deram ter sobre o movimento revolucionário. Isto não significa que teria aparecido na França desde 1789? Beatnce Hyslop acreditou
se tenha negligenciado a história económica na Itália. Mas, ela se nisso. Mas o termo data do século X IX . No fim do século XV III,
interessava principalmente pela Idade Média ou pelo século X V I e só se pode falar de “patriotismo”, de “sentimento nacional”. A defi­
parecia se deter nojim iar do Risorgimento. Foi S. Gramsci que de­ nição que B. Hyslop deu de “nacionalismo”, pareceu a G. Lefebvre
nunciou esta lacuna. Os historiadores italianos iniciaram o trabalho totalmente errada.96 Entretanto, é incontestável que a Revolução ex­
hem que qualquer estudo atingisse a mesma erudição de que são citou, na França, o sentimento nacional e contribuiu para colocar os
prova, na França por exemplo, os trabalhos de G. Lefebvre, P. Bois revolucionários franceses em oposição aos “tiranos conjurados”. A
F, de haint-Jacob, sobre os camponeses, acabam de ser publicadas anglofobia há vários séculos era parte integrante desde a guerra dos
obras mais respeitáveis. Cem Anos? — do património nacional francês e ela fora reavivada
No conjunto, são ainda os acontecimentos políticos os mais co­ pelo tratado de Paris de 1763 e pela guerra da Independência dos
nhecidos B. O o ce expôs com clareza e minúcia o papel dos Jacobi­ Estados Unidos. O fato de os monarquistas, adversários dos demo­
nos de Nápoles. A açao de Buonarroti e de seu grupo foi valorizada cratas, se mostrarem anglófilos, reforça a anglofobia entre os revolu­
por uma serie inteira de trabalhos.* cionários e explica a fácil extensão da guerra, desde o inicio de
O movimento revolucionário na Espanha não provocou polêmi­ 1793.97 Todavia, nenhuma investigação séria foi realizada até o pre­
cas tao importantes. Durante muito tempo, aliás, acreditou-se ser sente, sobre o sentimento do povo francês — e não de alguns políticos
quase inexistente. __em relação, à guerra. O povo francês desejou ou não a guerra em
Foi Richard Herr que estudou de maneira mais precisa as primei­ 1792? Questão essencial, para a qual se espera uma resposta. ^
ras manifestações revolucionárias na Espanha"' Ele é de opinião de Durante muito tempo a contra-revolução pareceu estar ligada a
flnL^i ê A UP° S reVOÍUC'onános aí foram Pouco numerosos e sem in- Igreja católica. A rejeição feita pelo papa, depois pela maioria do
encia. Ao contrario do que se constata em outros países da Europa clero francês, à “constituição civil do clero”, provocou na Igreja da
— 210 — — 211 —
França um grave cisma. Os “rebeldes” vieram aumentar o número 3) t i-^ W h o t “Les Relations Èconomiques entre la France et les Etats-Unis, de 1/78 a
de contra-revolucionários. A historiografia tradicional considerava 1 7 8 9 " > Frtnch Historical Studies. 1958, pp. 26-39.
que a Assembléia Constituinte cometera um erro, votando a “consti­ : 1 n o 493.
tuição civil”. Em uma obra recente, o abade Bernard Plongeron pro­ = r ' |nch u Traité de Commene de 1786 entre la France et [ Angleterre, Paris, 1900; F. Dumas,
. . C , [e Traité de Commene entre la France et tAngleterre, Toulouse, 1914.
pôs rever este julgamento à luz dos debates provocados pelo Concí­
" : '!J Godechot, “La France et les Problemes de 1’Atlantique à Veille de la Rêvolution", na
lio Vaticano II e da evolução da Igreja Católica depois desse
Concílio.9* Ele nos convida a reconsiderar o problema dos juramen­ Ktt% d“ , >Assistance et 1'Etat en France à la Veille de la Rêvolution , Paris, 1908; E. Chaudron,
tos, a rever a classificação destes em “religiosos” e em “políticos”. C B rmbliaue à Troyes à la Fin de l’Ancien Regime et Pendant la Rêvolution, 1771-1800, Paris,
& L,Asrist<tnce dans le District de B ar Pendant la Rêvolution , Paris, 1933.
Não é necessariamente a prestação ou a recusa do juramento de ->s
1790 que definiu o partidário ou o adversário-da Revolução. O abade
* ^ Z b l é e des Notables: la Con/érence du 2 mars , Paris, 1921, Sociedade de História da Revo­
Plongeron renova, também, o estudo das diferenças e semelhanças
lução Francesa. , , .
entre a Igreja constitucional e a Igreja romana. Enfim, coloca em 37 •rúnnne and the Assembly o f French Notables of 1787 and the or.gins of the Revolte
questão a associação tradicional de revolução à descristianização e de Mobilia^ " b H r i t o r t c a l R e v L , 1946, vol. 66, pp. 202-234 e 329-377.
contra-revolução à recristianização. Ele é, portanto, excelente em 28 N.° 389-
novas direções de pesquisas. 29 Ni” 520 e 522.
w i Puch, “Calonnes New Deal”, ia Journal o f Modern Hrstory ,1 9 3 9 , PP- 289-312, F.
, W' w i Puei, -Finance et Politique dans les Dermeres Annees de 1 Ancien Regime , in
NOTAS: R ev oln on , 1939, t. H, Paris, 1945, PP. 485-498.

N.° 516
' N .° 132
<2 A .H .R.F., 1947, pp. 377-380.
Ver em último lugar M. Bouloiseau, Cabiers de Doléances du Tiers État du Bailliage de Rouen t. ” les Parlamentaires Bourguignons à la fin du XV1IP Stecle, Dijon, 1937.
II, 1960; P. Bois, Cabiers de Doléances du Tiers État de la Sénechaussée de Cháteau du-Loire, 1960; D.
Ligou, Cabiers de Doléances du Tiers État du Pays et Jugerie de Riviire-Verdun, 1961. Estes três J. Égret, n.*“ 516 a 522.
volumes pertencem à “Collection de Documents Inédits sur 1’Histoire Économique de la Révolu-
tion Française”. " N.° 486, t. III.
3 v' l a Campagne de 1789 en Bourgogne, Paris, 1904.
Cf. o estudo já citado, de G. Lefebvre, os de R. Laurent, n.° 134; A. Soboul, n.° 449 e de P.
Bois, n.° 135. ” N.'” 517 e 539.
4
Ver, por exemplo, M. Henriot, n.° 124. ’ 8 N.'" 518 e 522.
Ver o n.° 127e. N.° 524.
7 A.H .R.F., 1951, pp. 85-86; e 1956, p. 299. 40 A.H .R.F., 1947, pp. 185-187.
La Disgráce de Turgot, Paris, 1961. 4 ' N.° 523
X
T.I., Paris, 1914. • jurisdição do bailio, magistrado, cavaleiro de Malta, dignidade superior àda comenda. (Rev.)
9
Necker, Fourrier de la Rêvolution, Paris, 1933. 42 Paris, 1957-1960.
K)
G. Lefebvre, sumário do livro do abade Lavaquery nos A.H .R.F., 1935, pp. 357-359- ** jurisdição do Senescal — juiz supremo ou governador geral em certos Estados. (Rev.)
^ Necker, 1732-1804, Paris, 1938. 43 Paris, 1960.
^G. Lefebvre, sumário do livro d’E. Chapuisat nos A .H .R .F., 1940, pp. 240-241. 44 Paris, 1961. I
La Banque Protestante en France, de l'Edit de Nan tes à la Rêvolution, t. II, Paris, 1961, ver
45 Desse modo, os cadernos de corporações de Montargis foram encontrados recentemente
sobretudo pp. 369-420. (n.° 528). Ver também os n.°s 526 e 527.
Calonne, Paris, 1950.
15 Recueil de Documents Relatifs aux Séances des Etats Generaux, mai-juin 1789, preparado pelo
Ver o n.° 372a. Instituto de História da Revolução Francesa da Faculdade de Letras de Paris, sob a direção de
1^6P. Chevallier, Loménie de Brienne et l’0rdre Monastique, Paris, 2 vols. 1960. Georges Lefebvre e Anne Terroine, t. I: Les Preliminaires de la Sêance du 5 mai 1789; t. II: La
Seance du 23 ju in , Paris, 1953 e 1962.
Finances et Monnaies Rêvolutionnaires, II: Les Receites et les Dêpenses du Trêsor Pendant FAnnée 47
^789; le compte Rendu au R oi, de Mars de 1788; le Demter Budget de 1’Ancien Rêgime, Paris, 1936. N.° 530.
Esquisse du Mouvement des Prix et de Revenus en France au XVIII*Stècle, Paris, 2 vols. 1933 e 4X A.H .R.F., 1948, p. 84.
n.° 150.
19 49 A.H .R.F., 1962, pp. 578-582.
50
Ver os resumos feitos por G. Lefebvre, nos A.H.R.F. 1937, pp. 289-329. Ver o n.° 531 a.

— 212 — — 213 —
1La Grande Révolution, Paris, 1959, pp 127-217 a ^ 70 Bulletin de la Societé d’Histoire M odeme, 12.a série, n.° 14, sessão de 27 de março de 1960,
mente, pp. 180-182. ’ PP' ^ 217' 3 RevolutIon Orléan.ste”, ver especial-
pp. 2-5.
5 2 N .° 532 7 Ver os n.“ 256, 261, 263, 264.
5 3
Ver o n.° 532 a. 72 N.“' 256, 264.
54
N.° 114. 77 j peldman, Propaganda und Diplomatie. Eine Studie itber die Beziehungen Frankreichs zu den
tidgenossischen Orten vom Beginn der Franzòsischen Révolution bis zum Sturz der Girondisten, Zurique,
desenvolvidas em t * ”* * * ' • R M E S ‘ ‘ 960, pp. 146-177. Estas tdéias serão 1957; A. Méautis, Le Club Helvétique de Paris (1790-1791) et la Diffusion des ldées Révolutionnaires
,n Suisse, Neuchâtel, 1969.
I
quarlfa” f n o f l 9 f M ní ÍOnalA
d aKMeUrthe foÍ dentifi~ « estudada, porém há mais de 74 N.° 509.
Oi."' 547 e 548) consagrou suas pesquisas à criação das guardas nacionais
75 N.° 277.
7" A.H .R.F., 1950, p. 92.
alemã, ^ Mtnfcht‘" Und B“ r&erm h <* ■ Leipzig, 1896, trad. fr„ Paris, 1902; 2.* ed.
58 77 N.° 282.
La Déclaratíon des Drotriits de 1'Homme e du Citoyen et M. Jellinek, nos Annales der 7H Quanto a Mayence, o problema foi estudado por F.G. Dreyfus, n.° 282b.
Sciences Pol,tiques, t X V III, 1902, pp. 415-443. Mas, Jellinek se reafirmou suas posições (“Ré- 79
ponse a M. Boutmy , na Revue de Droit Public, T. X V III, 1902, pp. 415-443). N.° 560. Ver também o n.° 570 a.
Kalman Benda publicou realmente em três grandes volumes as obras dos Jacobinos húnga­
Les Origines de la Déclaratíon des Droits de l'Homme de 1789, Paris, 1912. Klõvekorn ao
contrario, adotava a atitude de Jellinek (Zur Entstehung der Erklàrung der Memchen und Búrger- ros (A Magyar Jakubinusok T ratai, Budapeste, 1952-1957, 3 vols. in 8.°). Tirou dessa obra um
estudo sintético publicado em alemão (“Die Ungarischen Jakobiner”, em Maximilien Robespierre,
J ' Berl,m’ 1911). Gilbert Chinard produziu recentemente documentos que parecem resolver Beitràge zu Seinem 200. Geburtstag, herausgegeben von Walter Markov, Berlim, 1958, pp. 441-
o debate num sentido bastante favorável a Jellinek. Num primeiro artigo, Gilbert Chinard mostrou
472) e em francês (n.° 570). Na mesma época, mas sem conhecer esses trabalhos, F. P. Sugar
7 “ u c t uque de La Rochefoucauld d'Enville publicara em um periódico surgido de 1777 a 1779 publicava um artigo sobre o mesmo assunto (“The Influence of the Enlightenment and the French
Les Ajfaires d’Angleterre et d’Amérique, as traduções das constituições d'Angleterre et d’Amérique’
Révolution in X V III Century Hungary”, no Journal o f Central European A ffairs, 1958, X V III, pp.
as traduções das constituições americanas, das quais lera o texto inglês no "Remembrancer”, jornal
331-335) e mais recentemente, Ch. d’Eszlary, parecendo, entretanto, ignorar os trabalhos de
publicado em Londres. Todavia, este “Remembrancer” reproduzira, por um erro ainda mal expli­ Benda, imprimia na R.H.M.C. (1960, pp. 291-307), um artigo sobre “Les Jacobins Hongrois et
cado, nao a Declaraçao de Virgínia, datada de 12 de junho de 1776 e composta de 16 artigos mas
Leurs,Conceptions Jurídico-Politiques”. Finalmente R.R. Palmer, em seguida às publicações de
um projeto de 1 ° de junho, composto de 18 artigos. Durante muito tempo será este projeto o
Benda, publicava no Journal o f Central European A ffairs, em colaboração com P. Kenez, a tradução
umco conhecido em seu texto francês e o que Marcaggi considera como a verdadeira Declaração inglesa de “catéchismes” dos jacobinos húngaros (1961, pp. 423-442, “Two Documents of the
da Virgínia. E nele que se baseava a argumentação de Boutmy, enquanto Jellinek recorreu ao texto
Hungarian Revolutionary Movement o f 1794”). Publiquei a tradução francesa desses dois textos
oficial e e esta uma causa de sua controvérsia. (“Notes on the French Translations o f the Forms de
em minha obra sobre “La Pensée Révolutionnaire”, Paris, A. Colin, 2.a edição, 1969, pp. 342-366.
Governments or Constitutions of the Several United States, 1778 e 1783”, em Year Book o f the
American Philosophical Society, 1943, pp. 88-106). Gilbert Chinard mostrou em um segundo estudo 81 A.H.R.F., 1960, pp. 217-219.
82
que o projeto de declaração redigido por Lafayette foi revisto por Jefferson, o autor da declaração As repercussões da Revolução na Boémia foram estudadas por Madame K. Mejdricka, n.°
americana (La Déclaratíon des Droits de 1’Homme et ses Antécédents Américains, Washington 1945). 571.
Enfim num terceiro estudo, o mesmo autor analisa uma obra anónima, surgida em Paris em 1791 83
e intitulada^ Déclaratíon des Droits de 1’Homme et du Citoyen, Comparée avec les Lois des Peuples N.° 308.
84
Anctens et Modernes, et pnncipalement avec les Déclarations des Ètats-Ums de /'Amérique Esta obra N.° 309.
escrita por um homem verdadeiramente informado pelos próprios autores da declaração francesa
mdica, para cada um de seus artigos, os artigos das declarações americanas (Massachussetts, Penn- Já, em 1913, Mlle. J. Klotz apresentava L ’0euvre Législative de la Diète de Quatre Ans, Ver
sylvama, Delaware, Maryland Virgínia, Carolina do Norte) que lhe serviram de fontes (“Notes on também os n.os 310, 311, 312, 312a.
86 .
the American Origins o f the Déclaratíon des droits de 1'homme et du citoyen”, in Proceedings o f the E impossível resumir aqui, mesmo rapidamente, as polêmicas que se deram a este respeito.
American Philosophical Socety, 1954, t. 98, PP. 383-396). Ver minhas Institui,ons , 2.a fd pp Reportar-nos-emos ao volume Questioni d i Storia del Risorgimento e deli’unita d’ltalia (n.° 297),
60
especialmente o capítulo l.°: “Introduzione alio Studio del Risorgimento”, por E. Rota (pp. 1-28)
N.» 541 e mais recentemente às “Nuove Questioni”... (Milano, 1961), artigo de V.E. Giuntella (pp. 311-
6 I 343), assim como ao livro de Giorgio Candeloro (n.° 299), cap. l.°, § 1; “II Risorgimento e la
Edição de 1922, t. I, p. 114
precedente storia italiana”, pp. 13-16. Bom resumo no pêqueno livro de P. Guichonnet, UUnité
^Ann. du M idi, 1948, t. 61, pp. 159-179. Italienne, Paris, 1961.
^ Revue de Synthèse, 1951, pp. 115-117. //Materialismo Storico e la Filosofia d i B. Croce, Torino, 1948; ll Risorgimento, Torino, 1949-
N.° 191. Citamos sobre Veneza, Marino Berengo, La Società Veneta alia fine del 700 (Firenze, 1956);
6 N.° 135, pp. 224-241. sobre os estados do papa, L. Dal Pane, Lo Stato Pontifício e il Movimento Riformatore deli Settecento
(Milano, 1959), assim como os trabalhos de V. Marcelli (“La Crisi Economica e Sociale di Bologna
^ Ibid, p. 237, n.° 1. nel 1796”, nas Atti e Memorie delia Deputazione di Storia Patria per le Provinde di Romagna, III,
1953); sobre o reino de Nápoles, a obra de G. Gingari, Giacobini e Sanfedesti in Calabria nel 1799
tionnaiíe“ ° o 240a ^ ^ V“ & VA,Isace Prerévolutionnaire et Révo/u- (Messina, 1957) completa e moderniza os trabalhos de Rodolico (ll Popolo Agli Inizi del Risorgi­
68 . mento nell’ ltalia Meridionale, 1798-1801, Firenze, 1925), ou de Simioni (Le Origini del Risorgi­
Ibid ., p. 243. mento Politico deli’ltalia Meridionale, Messina, 2 vols. 1925-1931). Ver também os n.os 300 b, 300 c,
69
N.° 265, pp. 323-326. 300 d, 676 a e 677 b.

— 214 — — 215 —

1
Em francês, a melhor obra é a de M. Vaussaràjansénism e e Gallicanisme aux Origines Religieuses
du Risorgimento (Paris, 1959). Sobre a sociedade italiana poderemos consultar a obra do mesmo
autor: La Vie Quotidienne en Italie au X VIIIe Siècle (Paris, 1959).
89
N .° 678.
90
Ver Bibliografia, A .H .R .F., 1960, pp. 369-387.
9 1 .
Jean Sarailh mostrou como e até que ponto as “luzes” haviam penetrado na Espanha (n.°
301) e M. Defoorneaux esclareceu a ação de Pablo de Olavide (Rabio de Olavide ou l’Afrancesado
1725-1803, Paris, 1959).
N.ON303 e 304.
93
Ver o n.° 106.
94
Citámos o estudo de B. Mirkine-Guetzévitch, “La Rêvolution Française et 1’Idée de Renort-
ciation à la Guerre”, na R.F. , pp. 255-268.
95 capítulo 5
N .° 526.
96
A. H .R.F., 1935, pp. 259-261.
9?

98
N.° 474.
B. Plongeron, Conscience Religieuse en Rêvolution, Paris, 1969.
Jacobinos e “Sans-Culottes”
ria França (1792-1795)
1) OS “SANS-CULOTTES”

E comum não se insistir muito na importância que teve a guerra


na história da Revolução. Sem a guerra, não haveria Terror; sem Ter­
ror, não haveria antecipações socializantes, nem vitória revolucioná­
ria.
A guerra, o temor da derrota e da contra-revolução sublevaram
as massas urbanas. Como sucedeu em 1789, o medo da “conspiração
aristocrática” incitara as massas camponesas e o mesmo medo suble­
vou os sans-culottes das cidades, de 1792 a 1795. Quem eram esses
“sans-culottes” que iriam dominar o movimento revolucionário du­
rante três anos? Pesquisas recentes mostraram que os “sans-culottes
não formavam uma “classe” no sentido da terminologia marxista.
Trata-se de um grupo social bastante heterogéneo, formado de traba­
lhadores independentes, pequenos comerciantes, artesãos e também
operários, oficiais e aprendizes. Neste grupo, os “proletários” — no
sentido atual do termo — não são os mais numerosos e ríão chegam a
constituir a vanguarda revolucionária da classe dos “sans-culottes”. E
característico que os bairros mais “operários” da capital não figurem
entre os mais revolucionários de Paris. Aconteceria a mesma coisa
com a província? E provável, porém seria necessário empreender
pesquisas a este respeito, análogas às realizadas por G. Rudé e A.
Soboul em relação a Paris. Entretanto, R. R. Palmer" fez objeções a
Soboul: que a interpretação marxista da estrutura social talvez não
estivesse de acordo com a realidade e que os “sans-culottes” teriam
realmente formado, em 1793, uma “classe”, mas evidentemente
— 216 —
— 217 —
muito diferente do que se denomina hoje. Trata-se de um debate de e que Robespierre, tanto quanto Danton, tenha permanecido em
doutrinas, que recobre um debate de palavras. Ela não diminui em plano secundário até que a vitória fosse conseguida. E esta também a
nada as análises feitas por Soboul e Rudé. conclusão que se pode tirar do livro de M. Reinhard.9
Conviria analisar a estrutura social e a mentalidade dos exércitos
da Revolução. Elas foram mais ou menos revolucionárias, mais ou 3) 0 PRIMEIRO TERROR
menos republicanas. Os exércitos do Sul, por exemplo (Pirineus, Al­
pes, Itália), parecem ter sido mais republicanos do que os do Reno. O dia 10 de agosto foi seguido por uma série de atos violentos
Por que? Certamente, a mentalidade e as tendências políticas dos que se verificaram em toda a França e que foram justamente chama­
chefes influíram, todavia a composição desses exércitos desempe­ dos “o primeiro Terror’ . Ele começou pela detenção em massa de
nhou certamente um grande papel. Possuímos controles de muitas padres rebeldes e de “aristocratas” considerados cúmplices do ini­
corporações. Seu exame permitirá empreender um estudo de sua es­ migo.
trutura social. O levante anticlerical de agosto de 1792 foi objeto de numerosas
pesquisas e controvérsias já antigas. O abade Barruel foi um dos pri­
2) A QUEDA DA MONARQUIA meiros a estudar estas detenções de padres rebeldes. Ele interrogou,
durante o inverno de 1792-1793, alguns destes refugiados na Ingla­
A guerra e as primeiras derrotas francesas deram origem às pri­ terra," mas acolheu sem crítica muitas particularidades históricas
meiras grandes manifestações anti-realistas, especialmente a do me­ suspeitas.
morável dia 20 de junho. Quanto aos massacres de setembro, Pierre Caron publicou um
Sobre este dia, foi publicado um documento essencial, as memó­ livro que é um modelo de erudição e de probidade científica na pes­
rias de Charles-Alexis Alexandre, comandante do batalhão Saint- quisa da verdade. " Ele reuniu o maior número possível de documen­
Marcel da guarda nacional, que se recrutava em um dos bairros insur- tos e passou-os através do crivo de uma crítica exigente. Chega assim
retos. Deduz-se dessas memórias que Alexandre não foi o “cabeça” a conclusões quase definitivas. Quanto à organização dos massacres,
da insurreição, como se acreditou durante muito tempo, mas que ele os historiadores estavam divididos desde há um século. Alguns pen­
apenas seguiu com seu batalhão — como Santerre no bairro de Santo savam que tivessem sido preparados por um comité de Vigilância.da
Antonio — as massas insurgidas de “sans-culottes”. Entretanto, Ge- Comuna de Paris e principalmente por Marat, enquanto outros acha­
neviève Aclocque, cujo avô André-Arnoult Aclocque fora o prede­ vam que eles foram a consequência de um movimento popular es­
cessor de Alexandre no comando do batalhão Saint-Marcel, apoiou a pontâneo. P. Caron, após um estudo atento dos fatos, rejeita a tese
opinião contrária. Ela não resiste a um exame dos documentos. O da organização administrativa dos massacres. P. Caron mostra que
“dia” 20 de junho foi um ímpeto “popular” cuja iniciativa e o desen­ massacres análogos aos de Paris foram cometidos nos departamentos.
volvimento são devidos aos “sans-culottes”, estudados por A. So­ Concluiu então pela espontanéidadè, dévido à neutralidade popular e
boul6 — , em relação ao ano II. ao reaparecimento do medo da “conspiração aristocrática”. Qúárito
Sucedeu a mesma coisa no dia 10 de agosto, sobre o qual não aos episódios dos massacres, Pierre Caron destruiu definitivamente
somente as memórias de Alexandre mas também as recordações do lendas e estabeleceu resultados quase definitivos, atingindo, para Pa­
Ministro da Justiça Dejoly7 contribuíram com novos esclarecimentos. ris, a cifra máxima de 1395 vítimas, isto é, a metade das pessoas
Estes dois documentos não poderiam, entretanto, modificar as con­ aprisionadas.
clusões a que chegou A. Mathiez sobre este dia essencial na história Foi a notícia da tomada de Verdum pelos Prussianos que provo­
da Revolução.8 Principalmente não permitem truncar o debate susci­ cou a explosão de setembro. A cidade capitulara em condições miste­
tado entre A.Mathiez e A.Aulard sobre a importância da respectiva riosas: sob a pressão dos “realistas”, a municipalidade suplicara ao
participação de Robespierre e Danton em sua preparação. Mathiez
comandante local, Beaurepaire, que se rendesse. Ele recusara, mas
achava que Robespierre exercera um papel essencial, enquanto Dan­
no dia seguinte foi encontrado morto no hotel local. A cidade
ton, que partira para Arcis-sur-Aube a 5 de agosto e só retornara no
rendeu-se. Beaurepaire teria se suicidado? Teria sido assassinado?'J
dia 9, não interferira em sua organização. E muito provável que o dia
Os dias que se seguiram à tomada de Verdum e os massacres de
10 de agosto seja a consequência de uma pressão dos “sans-culottes” setembro presenciaram uma recuperação prodigiosa da situação na
— 218 — — 219 —
França. Seria esta recuperação devida à ação dos comissários do Con­ de “partidos”, de “facções”, de pessoas. Essas lutas provocaram múl-
selho Executivo e dos comissários da Comuna de Paris, enviados em • 1 s discussões que estão longe de terminar. As mais importantes
missão^à província e aos exércitos? A questão foi estudada por Pierre referem-se à oposição dos Girondinos e dos Montanheses e, no
Caron Este limitou-se às missões no Leste e no Norte porque essas centro deste grupo, o conflito entre Robespierre e Danton.
regiões estavam ameaçadas pela invasão. É aí que os comissários de­ Para Aulard, os Girondinos e os Montanheses entraram em cho­
veriam desenvolver.o máximo de atividades e de energia. Seu estudo que principalmente devido à sua opinião sobre o papel de Paris. Se­
permite recusar as alegações dos historiadores do século X IX que, gundo ele, os montanheses queriam que Paris tivesse, na França, um
baseando-se nos propósitos do ministro Roland, ou de sua mulher, papel mais importante; os Girondinos, ao contrário, desejavam redu­
afirmavam que todos os comissários tinham sido impostos pela Co­ zir a capital a seus “octagésimo terceiro de influência”. 17 Assim, os
muna, ou escolhidos unicamente por Danton. Esses comissários per­ primeiros foram “centralistas”, os segundos “federalistas”. Esta con­
tenciam à burguesia e alguns, tais como Ginguené, tinham já conse­ cepção puramente política da hostilidade entre Girondinos e Monta­
guido uma certa notoriedade. Os Girondinos e em seguida certos nheses foi substituída por A. Mathiez pela de um antagonismo social:
historiadores, especialmente Taine e Mortimer-Ternaux, haviam os Girondinos eram recrutados principalmente na grande burguesia
apontado os comissários como desorganizadores, “anarquistas” inimi­ de negócios, os montanheses o eram entre os homens de lei, peque­
gos da propriedade, “bebedores de sangue”. Isto não significou nada nos comerciantes e artesãos. Entretanto, não se pode generalizar
e nenhum documento permite implicá-los nos assassinatos que se outra medida. As tomadas de posição correspondem freqiientemente
deram nos departamentos, em consequência dos massacres de se­ a diferenças de temperamento, de carreira e de ambição.19
tembro. Em suas ligações com as autoridades locais, os comissários Entre Robespierre e Danton, embora ambos tenham inicialmente
levaram o espírito de conciliação ao extremo, apenas foram observa­ sido Montanheses, notam-se essas diferenças. Tanto Robespierre
dos doze casos de destituição ou de suspensão. Em resumo, contra- quanto Danton vêm encontrando defensores até hoje, de modo que
riamente a uma tradição que pertence à lenda, os comissários utiliza­ os historiadores se dividem em “dantonistas” e em “robespierristas”.
ram infinitamente menos poderes dos quais estavam munidos os re­ A discussão atingiu seu paroxismo no início do século, quando o “ro-
presentantes que a Convenção enviará brevemente aos departamen­ bespierrista” A. Mathiez atacou seu antigo mestre, o dantonista A.
tos e aos exércitos. Entretanto, sua ação teria sido eficaz? Em geral, Aulard, com tanta violência que às vezes ultrapassou os limites das
eles se chocaram com a frieza ou mesmo a hostilidade das autorida­ disputas acadêmicas. Durante vinte e cinco anos, a revista La Rérolu-
des locais recrutadas entre os “Feuillants”* e muito ciosos de sua tion Française apoiou o ponto de vista dos dantonistas, enquanto que
autonomia. Vários deles foram detidos ou reenviados a Paris sob a Societé des Etudes Robespierristes e seu órgão, os Annales Révolution-
forte guarda. Todavia, eles estimularam as levas de voluntários e as naires, fundados em 1908 e transformados em Annales Historiques de
requisições de material e contribuíram totalmente para a vitória. la Rêvolution Française, em 1924, defendiam Robespierre. Após a
Esta vitória, conseguida em Valmy a 20 de setembro de 1792, morte de A. Aulard (1928) e a de Mathiez (1932), a discussão se
acabou com a invasão. Discutiu-se durante muito tempo sobre a acalmou. Quais teriam sido os motivos? Mathiez reprovava a Danton
causa militar real da vitória de Valmy. O exército prussiano teria re­ sua venalidade, sua corrupção; acusava-o de ter desejado salvar o rei,
cuado devido às preocupações de seu soberano a respeito da Poló­ por ocasião de seu processo e de ter teqtado negociar com o inimigo
nia? A retirada teria sido consequência da disenteria que minava o na primavera de 1793, quando a França estava ameaçada. Ele opunha
exército? Ou às dificuldades de reabastecimento devido ao mau es­ a Danton, que tivera apenas objetivos políticos, a figura de Robes­
tado das estradas, em seguida às chuvas intermináveis? Segundo pierre, “o incorruptível”, que tivera por meta a melhoria do destino
Matti Lauerma, Valmy foi uma grande vitória da artilharia francesa, dos infelizes, uma nova divisão da riqueza. Aulard replicava ao
cujo material, construído por Gribeauval nos anos que precederam à mesmo tempo em que exaltava o patriotismo de Danton que, por sua
Revolução, era muito superior à artilharia prussiana. energia, permitiu a espetacular recuperação de setembro de 1792, e
elogiava sua “indulgência”, que ele opunha aos excessos dos “robes­
4) GIRONDINOS E MONTANHESES pierristas” durante o Terror.
Por ocasião da morte de Aulard e Mathiez, acalmaram-se as pai­
A Convenção foi marcada, desde o início, por amargas rivalidades xões e Georges Lefebvre, eleito presidente da Societé des Études Robes-
— 220 — — 221 —
pierristes empreendeu a tarefa de determinar exatamente o estado das origem alemã. Foram os renanos Cloots e Froster que a difundiram
coisas com serenidade e objetividade, num artigo intitulado “Sur nos anos que precederam a Revolução; ela foi adotada por volta de
Danton”.2" F. Lefebvre examina sucessivamente, nesse artigo, um de­ 1791-1792 pelos Girondinos que aproveitaram as vitórias da França,
terminado número de problemas relativos a Danton: sua fortuna e, > depois Valmy, para tentar aplicá-la25 Certamente não seria necessário
em consequência, sua venalidade. Georges Lefebvre, calculando pre­ interpretar as afirmações de Gaston Zeller de maneira muito abso­
cisamente suas despesas e seus lucros, constatou que a estes faltavam luta. Encontra-se a idéia de “fronteiras naturais” entre alguns histo­
no mínimo umas cincoenta mil libras para cobrir as despesas. De riadores franceses do século X V II, como Mezéray, porém é certo
onde provinha esta quantia? São numerosos os testemunhos da vena­ que a diplomacia de Luís X V e Luís XV I não professou o “dogma
lidade de Danton e não lhe foi feita nenhuma refutação séria. Entre­ das fronteiras naturais” e não fez qualquer esforço para anexar a Bél-
tanto, G. Lefebvre reconhecia que persiste uma dúvida, não quanto à gica.
venalidade de Danton, muito provável, mas sobre a de Mirabeau, Durante o período em que as tropas francesas ocuparam a Bél­
que é comprovada. Não é apenas a venalidade de Danton que está gica, a Renânia e a Sabóia, o processo de Luís X V I se desenrolava pa
em jogo, mas ainda seu caráter, inteiramente oposto ao de Robes­ Convenção. Não resta dúvida de que Danton tentou salvar o rei. É
pierre. Em Danton, encontra-se, a par do interesse à nação, dificil­ certo, em todo caso, que uma maioria muito pequena se pronunciou
mente contestável, um certo realismo quef vai até a falta de escrúpu­ pela pena de morte. A execução da sentença deveria transtornar a
los, um desejo de usufrutos, que contrasta com á aspiração que Ro­ França e a Europa. '
bespierre tinha em relação à virtude. A política de Danton, enfim, no Inicialmente ela apresentou a questão da sucessão de Luís XVI.
exterior e mais ainda no interior, opunha-se à de Robespierre. Esta­ O problema de Luís X V II causou muitas polêmicas. O delfim fora
mos perante dois homens de temperamentos diferentes que só po­ verdadeiramente morto no Templo? Não houvera a permissão de sua
diam se opor. fuga desde 1794? E, se morreu no Templo, não teria morrido em
Depois desta notável explicação reproduzida nos Études sur la Ré­ janeiro de 1794? O menino, morto a 8 de junho de 1795, teria sido
volution Française de Georges Lefebvre,2' Gabriel Pioro descobriu substituído por outra criança? A engenhosidade dos pesquisadores
novos documentos inconvenientes para Danton, nas minutas nota­ empenhou-se em captar os menores indícios, a fim de apoiar cada
riais conservadas nos Arquivos Nacionais. Eles provam que as opera­ uma das hipóteses.’' Maurice Garçon parece ter respondido vitorio­
ções financeiras às quais Danton se dedicou para comprar seu ofício samente a todos esses decifradores de enigmas, estabelecendo de
de advogado nos Conselhos do Rei, em 1787, acentuam a sua deso­ maneira quase irrefutável que Luís X V II fora realmente morto no
nestidade.” Um dos últimos historiadores de Danton, Jacques LJéris- Templo a 8 de junho de 1795.” Pouco se discutiu a hipótese levan­
say, apesar de favorávél a seu herói, foi obrigado a reconhecer esse tada por Bernard Devisme: Luís XV III sabia exatamente o que havia
fato.” A medida que se esboroam, pouco a pouco, os argumentos acontecido. Mas considerava seu sobrinho como sendo filho de Fer-
dos defensores de Danton, reforça-se a posição dos robespierristas. sen, e, conseqúentemente, de nascimento ilegítimo. Aliás, as pes­
O número de obras publicadas sobre Robespierre nestes últimos quisas feitas para encontrar o esqueleto de Luís XV II, no cemitério
anos e a conformidade de suas conclusões vêm confirmá-lo.24 Santa Margarida, apesar das afirmações de Jean-Pascal Romain, pare­
A Convenção se reuniu numa atmosfera favorável. O perigo ex­ cem não ter apresentado resultados convincentes.
terior estava afastado, a invasão repelida. Mas, ela se lançou imedia­ 5) 0 GOVERNO REVOLUCIONÁRIO
tamente numa política de conquista e quis dar à França “fronteiras E A DEFESA NACIONAL
naturais”. Durante muito tempo acreditou-se que ela retomava, desse
modo, a política exterior da monarquia; foi essa, em todo caso, a O descrédito em que caiu injustamente a história diplomática há
interpretação de Albert Sorel.2’ alguns anos, impediu que se visse com toda clareza as múltiplas e
Gaston Zeller mostrou, porém, em brilhantes artigos publicados intensas tentativas realizadas por alguns, para precipitar, e por outros,
na Reiue d ’Histoire Moderne, h a Revue de Synthèse,2? e a Information para impedir que se formasse a coalizão em janeiro e fevereiro de
Historique' que não era nada disso. Segundo ele, a noção de “fron­ 1793.36 A França parece ter depositado excessivas esperanças nas dis-
teira natural” não foi formulada primeiramente na França e pelos senções entre a Áustria e a Prússia a propósito da segunda divisão da
franceses. Foi uma idéia que partiu do estrangeiro, sendo mesmo de Polónia.37

— 222 — — 223 —
Dá-se o mesmo com a história militar.”* As traições e os revezes quando já tinha sido consumida a colheita do aao anterior e não se
podia dispor ainda da nova. Mas esta época é também a das grandes
sofridos pelas tropas francesas coincidiram com a insurreição da
operações militares e não se pode minimizar o fator medo. Que dese­
Vendéia e que, na realidade, foi mais uma consequência do que uma
coincidência. Há muito tempo se vem indagando sobre as causas pro- javam os “sans-culottes”?
fundas desta insurreição camponesa. De uma maneira geral, os histo­ A análise dos processos-verbais das assembléias gerais e dos co­
riadores hostis à Revolução sustentaram a tese de uma sublevação mités civis das seções, assim como das deliberações das sociedades
espontânea; os que eram favoráveis à mesma, consideraram-na como : populares, fracionadas ou não, permitiram a Albert Soboul destacar
os caracteres dominantes das aspirações sociais, económicas e políti­
um movimento provocado pela ação do clero, da nobreza e dos emi-
cas da sans-culotterie parisiense. Ela foi, antes de tudo, igualitária. Re­
grados.39
Estas tentativas de explicação pareceram insuficientes a Léon clamava “a igualdade de usufrutos”, porém, ao contrário, não foi hos­
Dubreuil. Após haver afastado o determinismo geográfico, imaginava til à propriedade. Seu ideal era uma sociedade de pequenos produto­
que as causas da revolta deveriam ser procuradas na estrutura so- | res e de pequenos proprietários livres. Reclamava assistência aos po­
bres, enfermos e anciãos. Reivindicava energicamente o direito à ins­
ciai.40 Esta pesquisa foi realizada por Paul Bois e precisamente para o |
trução e professava um grande respeito pelas pessoas cultas. Tinha
Departamento de Sarthe. Fazendo generalizações, ele acredita p>orém
uma concepção muito particular e anárquica da soberania popular,
que suas conclusões são válidas para todo o Oeste da França.’ Se­
gundo ele, é na origem da insurreição que se encontra um velho ■ que residia, segundo ela, nas assembléias das seções parisienses, diri­
antagonismo entre rurais e burgueses, entre cidades e aldeias. A re­ gidas de fato por alguns militantes que impunham silêncio a seus
volta eclodiu nas regiões onde há muito tempo os camponeses se < adversários ou eliminavam-nos mediante o voto em aberto. Quando
achavam em luta com os burgueses por causa da aquisição de terras. o governo perdeu de vista os interesses do povo, os sans culottes de­
viam, como julgavam, “levantar-se em massa” para impor suas idéias.
Por outro lado, na grande propriedade senhorial, os camponeses não
Albert Soboul descreve com muita finura e penetração o tipo do
tinham relação direta com o próprio senhor a não ser através de seus
“sans-culottes”, vestido com a carmanhola* tendo na cabeça o boné
agentes, burgueses, que consideravam responsáveis pelos defeitos do
vermelho, armado com uma espécie de lança.4 Os “sans-culottes”
regime feudal. Hostis aos burgueses, os camponeses repeliam sua
parisienses impuseram o governo revolucionário.
ideologia, especialmente a república e a descristianização. É evidente
que as outras causas da revolta, tradicionalmente reconhecidas, não Discute-se muito, não tanto a respeito do número de pessoas
devem ser eliminadas, especialmente o recrutamento de 300.000 executadas durante o Terror — D. Greer calcula-as aproximada-
homens, embora tenham sido infinitamente mais superficiais. Se as mente em cerca de 17.000 mas quanto ao número de suspeitos
explicações de Paul Bois parecem pertinentes para o Sarthe e se são aprisionados. Louis Jacob, em seu estudo sobre Les Suspects Pendant
muito sedutoras de uma maneira geral, conviria comprová-las nos ou- la Révolution, 1789-1794, calcula que não houve, nesse período,
tros departamentos insurretos, especialmente, na Vendéia. mais de 70.000 suspeitos encarcerados, enquanto Greer, apoiado por
A insurreição na Vendéia assinalou, na França, o início de uma Georges Lefebvre, eleva esta cifra a 5 0 0.000 e Mathiez até a
ação contra-revolucionária que deveria ser duradoura e estender-se a 300.000. Evidentemente, não é possível obter uma cifra mais precisa
uma boa parte do território. A resistência a este movimento e os : sem que se tenham feito numerosos estudos regionais, pois a porcen­
novos impulsos dados à luta para o triunfo da Revolução procederam tagem dos detidos em relação à população variava muito conforme as
dos “sans-culottes” parisienses. ' Realmente, foram os sans-culottes de , cidades. Um determinado número de suspeitos foi transferido para
Paris que, nos dias 31 de maio e 2 de junho de 1793, implantaram o jurisdições de exceção. Nossos conhecimentos sobre o tribunal revo­
governo revolucionário e o Terror e foi sua abstenção em intervir, a lucionário de Paris se tornaram mais precisos devido a T.L. God-
9 termidor, ano II (27 de julho de 1794), que determinou a queda frey. O autor interessou-se principalmente pelo estudo do pessoal
de Robespierre. Albert Soboul tentou saber os motivos que teriam do tribunal, sobre o qual, entretanto, não pôde reunir todas as
atuado sobre os “sans-culottes”, a fim de induzi-los à sublevação. Para informações desejáveis. Examinou também as relações do tribunal
ele, o fator essencial foi a fome. Não resta dúvida de que as grandes com as demais autoridades; porém, aqui também existem lacunas. O
jornadas revolucionárias de 1789 a 1796 tiveram lugar no momento ! livro não é definitivo e o tribunal revolucionário de Paris ainda es­
da “soudure”, isto é, no fim da primavera e no início do verão, pera seu historiador.48
— 224 —
A época em que o tribunal fez o maior número de vítimas foi a rém com muita frequência, tinham conhecimentos insuficientes. Isto
do “Grande Terror”, isto é, quando foi aplicada a famosa lei de 22 resultou em atrasos e dificuldades consideráveis.
prairial, ano II. Os historiadores não concordam quanto às causas Ao nível dos exércitos, estas dificuldades foram ilustradas por R.
desta lei. Segundo A. Mathiez, seria consequência dos decretos de Werner.'4 O autor demonstrou que o exército do Reno se manteve
ventoso, que tinham por finalidade apressar a execução dos suspei­ com dificuldade e com frequência sobrevivia devido às requisições
tos já escolhidos por “comissões populares” instituídas nos termos efetuadas numa zona de sete departamentos franceses e nos países
dos decretos. Porém a lei de prairial foi apresentada à Convenção conquistados. Essas requisições criaram, entre os soldados e a
“sem que o Comité de Segurança Geral tivesse sido consultado”. população, uma animosidade que resultou na “grande fuga” de 1793,
Este, de certa forma por despeito, “falseou completamente a aplica­ isto é, no êxodo maciço dos camponeses alsacianos que, após a inva­
ção da lei” através de práticas odiosas, combinando as mais diferentes são austríaca, acompanharam o inimigo em sua retirada.
causas a fim de levar à condenação os acusados por “fornadas”,* ale­ Graças a Norman Hampson, acabam de realizar-se considerá­
gando as chamadas conspirações de prisões e a fim de multiplicar as exe­ veis progressos em nossos conhecimentos relativos à marinha. Nor-
cuções. É mais ou menos esta a interpretação que foi adotada em mi­ nrm Hampson, que é ao mesmo tempo historiador e marinheiro,
nhas Institutions. Henri Calvet pronunciou-se contra esta concep­ determinou com precisão a importância das forças navais francesas no
ção. Segundo ele, não há nenhuma relação entre os decretos de ano II, em relação às da Inglaterra: a diferença entre ambas era pe­
ventoso e a lei do prairial; esta lei estaria na própria lógica da evolu­ quena e o Comité de Salvação Pública poderia legitimamente
ção revolucionária, da centralização da justiça e do desenvolvimento suprimi-la. Realizou, para isto, um gigantesco esforço de mobilização.
do Terror, conforme uma espécie de mística intrínseca. Encontraram-se homens, porém tornou-se muito mais difícil formar
Esta opinião, discutível e discutida,'1 levou Georges Lefebvre a oficiais. Todavia, Norman Hampson demonstra, contrariamente a
reconsiderar o problema. ' Tanto quanto Henry Calvet, ele não acre­ uma lenda que ainda persiste, que os oficiais de origem plebéia pro­
dita nas relações entre os decretos de ventoso e a lei do prairial; cedentes da marinha mercante estiveram à altura de sua tarefa. O
assim como ele, é também sensível à lógica interna do sistema terro­ fracasso da frota francesa por ocasião dos célebres combates de junho
rista, porém acha que foram princípalmente as circunstâncias que de 1794, deve-se não à inferioridade dos estados maiores, mas a cau­
provocaram o voto da lei: tentativas de assassinato, de Collot d’Her- sas políticas e estratégicas. Entre os primeiros, temos a revolta rea­
bois, por Admirat, e de Robespierre, por Cécile Renault. Se ele atri­ lista de Toulon, que entregou ao inimigo um determinado número
bui a hostilidade do Comité de Segurança Geral à lei prairial, não de navios franceses e paralisou durante muito tempo a produção do
explica as hecatombes do messidor** por uma falsa aplicação de suas arsenal; entre as segundas, está a mediocridade dos planos elaborados
cláusulas: a intenção dos robespierristas era realmente exterminar pelo Comité de Salvação Pública e muito semelhantes aos planos do
todos os “inimigos do povo” e esta expressão era bastante amea­ Antigo Regime.
çadora. Percebemos as consequências desta interpretação pela idéia
que se faz de Robespierre. Segundo Mathiez, embora em parte ele 6) A í ANTECIPAÇÕES ECONÓMICAS E SOCIAIS
fosse inocente pelos massacres do Grande Terror, cujo Comité de O Terror nao somente conteve os inimigos do interior, como
Segurança Geral assumia toda responsabilidade, ele vem a ser, pelo permitiu impor aos franceses uma economia dirigida. Esta economia
contrário, seu principal organizador. dirigida, marcada pela redistribuição de bens, pelo racionamento,
O Terror, detendo em seu desenvolvimento as insurreições pela estipulação dos preços, fazia parte do “programa” dos Jacobinos,
contra-revolucionárias do interior, foi certamente um dos elementos ou lhes foi imposta, contra sua vontade, pelas circunstâncias? A.
da vitória, mas um outro elemento foi a formação de exércitos, con­ Mathiez inclinou-se pela primeira hipótese.55 Ele achava que os Jaco­
tando no total com um milhão de homens, cifra jamais atingida na binos queriam realmente instaurar na França um regime de aparência
Europa. A formação dos exércitos deu origem a alguns trabalhos re­ socialista. G. Lefebvre e E. Labrousse combatem esta idéia em suas
centes. É necessário mencionar principalmente o do general Herlaut obras.57 Eles pensam que os Jacobinos eram, do ponto de vista eco­
sobre Bouchotte, le Aíinistre de la Guerre de l’an II. Bouchotte estava nómico, tão “liberais” quanto os outros deputados da Convenção,
ligado aos patriotas extremistas e colocou grande número deles nos ItlJv mas que, sendo mais sensíveis aos perigos que a guerra causava à
gabinetes do Ministério. Estes levaram para lá seu entusiasmo, po­ Revolução, aceitaram, a fim de lutar contra eles, segundo a feliz
— 226 — — 227 —
expressão de Ernest Labrousse, “antecipações económicas e sociais”
Dor finalidade dar aos “sans-culottes” uma satisfação de princípio no
que instauraram na França, durante alguns meses, um regime sociali-
momento em que eram detidos seus porta-vozes, Hébert e os enra-
zante que eles não tinham absolutamente nenhuma intenção de con­
■. Aliás, os decretos tiveram apenas um início de aplicacão, estu­
solidar. Os recentes trabalhos de R.C. Cobb, de Albert Soboul e de
Georges Rude confirmam este ponto de vista. dado por R. Schnerb no departamento de Puy-de-Dôme.6 Pode-se
constatar que, nesta região, a quantidade de indigentes muito variável
Na origem das medidas económicas e sociais se encontra o au-
de uma comuna para outra, foi em geral muito pequena. Portanto, é
mento de preços motivado pela escassez de mercadorias — conse­ preciso concluir que, se o pensamento que determinou a redação dos
quência da guerra — e principalmente pela inflação. Depois da decretos de ventoso pode, até certo ponto, ser considerado como
publicação da excelente obra de J. E. Harris, The Assignats,59 apenas
uma “antecipação social”; os próprios decretos salientam as medidas
G. Hubrecht estudou a evolução do curso dos “assignats” e suas con­ destinadas a facilitar o acesso dos pobres à propriedade, como a
sequências no plano local, no Alto-Reno,60 depois em Bordéus.61 venda dos bens do clero e dos emigrados.
Seria interessante realizar mais estudos análogos em outros departa­ É nesta mesma categoria que é necessário colocar as tentativas
mentos.
feitas para melhorar a “beneficência” e organizá-la segundo um plano
Foram os ‘sans-culottes”, e principalmente os de Paris que dese­ “nacional”, pela instituição de um esquema de segurança social. A
jaram a regulamentação e, acima de tudo, o “máximo”. Estamos bem aplicação destas leis não foi ainda estudada. A única e recente obra
informados sobre seus votos e sobre a maneira com que impuseram à
de conjunto sobre a reorganização da assistência na época revolucio­
Convenção o que se poderia chamar de seu programa, conforme a nária é a de Jean Imbert sobre Le Droit Hospitalier de la Rêvolution et
tese de Albert Soboul. Este, sem anular inteiramente as conclusões de 1’Empire. Mas Jean Imbert se limita estritamente ao estudo da
de Daniel Guérin, renovou completamente nossos conhecimentos a regulamentação de hospitais e nao examinou em que medida foram
este respeito. Foi em consequência da ação dos “sans-culottes” pari­ aplicados o “grande livro da beneficência nacional” e os auxílios do­
sienses — e, em menor extensão, dos provinciais — que foi insti­ miciliares aos enfermos e aos anciãos. Há aqui todo um estudo a ser
tuído o máximo”, isto é, a limitação dos preços e dos salários. Para feito, situando-se mais no plano humano que no do direito.
os convencionalistas, tratava-se não de uma inovação, de uma Podemos igualmente relacionar a abolição da escravatura com as
antecipação económica e social”, mas antes de tudo, de um retorno antecipações sociais, visto que a abolição deveria ser restabelecida
do Antigo Regime. Os “sans-culottes”, ao contrário, ficaram des- sob o Consulado, para desaparecer definitivamente nas colónias fran­
contentes com o máximo ’ dos salários e sua aplicação em Paris foi
uma das causas de sua rejeição em relação a Robespierre, e de sua cesas, apenas em 1948.
abstenção, na noite do 9 termidor.
7) A DECADÊNCIA DO GOVERNO REVOLUCIONÁRIO
A política de redistribuição das terras estaria mais ligada, entre os
robespierristas, a um profundo desejo de renovação social, ou não
A rápida decadência do governo revolucionário deve-se, certa­
seria também mais que um aspecto episódico da política de defesa
mente, ao fato de que fora imposto à Convenção pelos sans-
nacional? A. Mathiez inclinou-se pela primeira hipótese e defendeu-a
culottes” parisienses e ao fato de que o Comité de Salvação Pública
com vigor. Achava que a decisão de confiscar os bens dos suspeitos
Robespierrista esforçou-se por afastar os “sans-culottes de sua dire-
reconhecidos como inimigos da Revolução” e de distribuí-los gratui­
ção. A espécie de anarquia para a qual tendiam os sans-culottes de
tamente aos indigentes, cuja lista as municipalidades deveriam esta­ Paris inspirava um sentimento de repugnância em Robespierre e seus
belecer era uma medida de caráter socialista que inaugurava uma amigos; a publicação do decreto de 14 frimário do ano II (4 de de­
nova política económica cujos principais traços foram esboçados por zembro de 1793) foi um primeiro esforço a fim de coordenar as me­
Saint-Just em suas Institutions Républicaines. Georges Lefebvre não didas revolucionárias para deter as iniciativas desordenadas dos comi­
compartilhava desta opinião. No prefácio de suas Questions Agrairés tés revolucionários e suas seções parisienses.
au Temps de la Terreur,67 ele mostra que os decretos do ventosój G. Lefebvre, contrariamente a A. Mathiez, julgava que este de­
eram praticamente inaplicáveis. Na maioria dos casos, os indigentes creto fosse um primeiro golpe fatal dado à Revolução. Porém, a
não teriam obtido senão um pequeno pedaço de terra inútil. Real­ detenção, o processo de julgamento e a execução dos hebertistas e
mente, segundo Georges Lefebvre, os decretos de ventosô tiveram dos enragés (17-24 de março de 1794) marcariam, mais do que a
— 228 —
— 229 —
queda de Robespierre, o início da reação. Esta é a tese defendida por A política polonesa da Convenção é ainda muito discutida. J.
Daniel Guérin, ' que acusava Robespierre de ter, tanto quanto Dan­ Grossbart consagrou-lhe vários artigos. * Julga que, se o Comité de
ton, “traído o povo com sagacidade”. Esta interpretação, logo ao ser Salvação Pública recusou, em 1794, ajudar a Polónia até que a liber­
publicada, causou certo escândalo e Georges Lefebvre pôs-se a dade e igualdade de todos os cidadãos diante da lei não tivessem sido
refutá-la, embora reconhecendo que ela não era inteiramente ine­ estabelecidas isto não passou de um pretexto; realmente, a Conven­
xata. Desde então, os estudos mais aprofundados de Albert Soboul ção não tinha meios materiais para ajudar a Polónia. B. Lésnordorski
juntam-se à interpretação de Guérin com algumas coisas em comum. retomou o problema em seu estudo sobre os Jacobinos poloneses.
Todavia, A. Soboul valoriza os esforços dos “sans-culottes” para re­ Acha que a política de Robespierre postulava o^ rápido estabeleci­
tomar o poder em 1795. Só foram definitivamente vencidos após as mento da paz, imediatamente após os primeiros êxitos militares dos
jornadas do germinal e do prairial do ano III.74 exércitos franceses. O apoio à Polónia só faria prolongar a guerra,
O processo de Danton e dos indulgentes, a lei de 22 do prairial, implicando a França em numerosas dificuldades políticas da Europa
foram tanto mais impotentes para restabelecer a confiança dos Oriental: esta poderia ter sido a razão pela qual o Comité de Salvação
“sans-culottes” em Robespierre, que este, pela instituição do culto ao Pública Robespierrista se recusou a ajudar a Polónia.
Ser Supremo, afastou os ateus que eram bastante numerosos entre os
chefes do movimento. As dificuldades do abastecimento e a alta do NOTAS:
“máximo” dos víveres não foi acompanhada pela dos salários e acen­
tuaram o descontentamento. Explica-se, desse modo, que a queda de t
É o que se esforçaram por determinar G. Rudé, n.° 127 e A. Soboul, n.° 618.
Robespierre não tenha causado reações violentas nem em Paris, nem ~ French Historical Studies, 1960, n.° 4, pp. 445-469, “Popular Democracy in the French Go­
na província. vernment”.
1 V eros n.*” 217, 218, 225.
8) A VITÓRIA REVOLUCIONÁRIA Por J . Godechot, nos A .H .R .F., 1952, pp. 113-251.
Foi o Terror que, ao quebrar as resistências interiores, permitiu à 5 N.° 409.
Convenção enfrentar vitoriosamente a invasão estrangeira. 6 N.° 618

A diplomacia do Comité de Salvação Pública, ao contrário, foi Publicadas por J. Godechot, nos A .H .R.F., 1946, pp. 289-382 e à parte, Mémoires de
Etienne-Louis-Hector Dejoly, Paris, 1946.
sempre objeto de controvérsias e a grande obra de A. Sorel UEurope K
N.° 575
et la Révolution Française, foi recusada por um número cada vez
9 N.° 575 a.
maior de historiadores. Um americano, Sidney Seymour Biro pre­ Histoire du Clergé Pendant la Révolution Française, Bruxelas, 1801.
tendeu renovar a história das relações franco-alemães, que evidente­
Abel Dechène, “Les Documents sur la Persécution en Normandie, Conservés dans les Pa-
mente se situa no ponto central da história das relações internacio­ piers de 1’abbé Barruel”, in Revue Catholique de Normandie, 1930, pp. 170 e 225. Os docurtientos
nais desta época. Mas sua obra se apóia numa documentação antiga referidos neste artigo foram publicados na mesma revista pelo cónego Uzureau (1929, p- 58; 1930,
p. 282; 1931, p- 43). Entretanto, o livro do abade Barruel é a base de toda uma literatura que se
e freqúentemente medíocre. Embora a volumosa obra de Biro con­ esforça por esboçar o martiológio dos padres detidos, deportados ou massacrados (por exemplo, o
tenha de vez em quando algumas indicações interessantes, está longe abade Blin, Les Martyrs de la Révolution dans le Diocese de Séez, Paris, 1876, ou Jacques Herissay, Les
Pontos de Rochefort, Paris, 1925). Embora haja uma parte de verdade em todas essas obras, é con­
de renovar nossos conhecimentos, como esperava o autor. Real­ veniente desconfiar de suas tendências hagiográficas.
mente, não são as relações da França com a Alemanha que precisam 12
N.° 577.
de estudos, mas as da Convenção com os países do Norte e do Leste É preciso assinalar que as conclusões de Pierre Caron estão livres das responsabilidades das
da Europa. quais se lhes havia acusado, tanto Marat (ver em último lugar Jean Massin, n.° 394) quanto Dan­
ton, que fora inocentado por A. Aulard (Ètudes et Leçons sur la Révolution Française, 2.a série,
Sobre a Suécia, a obra de R. Petiet, Gustave IV — Adolphe et la “Danton et les Massacres de Septembre”, Paris, 1902), mas atacado por A. Mathiez, Autour de
Révolution Française , lh mereceria ser reexaminada e desenvolvida e Danton, cap. VI e V II, Paris, 1926.
seria preciso demonstrar porque o Comité de Salvação Pública não A. Chuquet, n.° 623, t. I: La Première Invasion Prussienne, 1886, está convencido do suicí­
incentivou mais os escandinavos à ação contra a coalizão. Quanto à dio. Mas, a tese de assassinato foi defendida por E. Pionnier (Histoire de la Révolution à Verdun,
Paris, 1906) e combatida por Sainctelette (La Mort de Beaurepaire, Paris, 1908).
Europa Oriental, o trabalho de Germaine Lebel77 é infelizmente de Ele publicou um “Recueil de documents” (Paris, 1947) e uma obra de síntese em dois
difícil acesso. Aliás, pelo fato de desconhecer a língua, a autora não volumes sobre essas missões (Les Missions du Conseil Exécutif Provisoire et de la Commune de Paris
pôde utilizar os arquivos turcos. dans l’Est et le N ort, aoút — novembre, 1792, Paris, 2 vols., 1950 e 1953).

— 230 — — 231 —
* Nome dado, em 1792, aos realistas “constitucionais” cujo clube estava situado no convento
dos “Feuillants”, (da ordem de São Bernardo) perto das Tulhérias. (Rev.) Os trabalhos de A. Soboul colocam um ponto final nas polêmicas levantadas pelo livro de
16 Daniel Guérin (La Lutte des Classes Sous la Primière République, Bourgeois et “Bras Nus" (1793—
N.° 223. 1797), Paris- 2 vols., 1949, nova edição, 1968). Este comparava, erradamente, os “bras nus” ao
17 N .° 89, cap. VII. proletariado. Realmente, a luta de classes no período revolucionário não se apresenta nas mesmas
18
“De la Véritable Nature de l’Opposition Entre les Girondins et ies Montagnards”, A .R ., formas que toma após 1848; nem os “sans-culottes” nem os “bras nus” chegaram a formar uma
1923, pp. 177-197, e Girondins et Montagnards, Paris, 1930, cap. l.°. classe social.
19 • * Espécie de casaca muito usada no tempo da Revolução Francesa. (Rev.)
Ver, a este respeito, em último lugar, M.J. Sydenham, n.° 583. O livro de Bernardine
Melchior-Bcnnet (n.° 583 a) é estritamente “fatual”. 44 The lncidence o f the Terror, Cambridge, U.S.A., 1935.
30 A .H .R.F., 1932, pp. 385-424 e 484-500 45 Paris, 1952.
21 N .° 28, pp. 25-66. 46 Um estudo deste gênero foi realizado sobre o Languedoc (R. Descadeillas, n.° 600; D.
Ligou, Les Suspects du District de Montauban; Mme. Septe, “Les Suspects du District d’Auch”, em
22 A.H .R.F., 1954, pp. 324-341.
Comités des Travaux Historiques Congrès des Societés Savantes de Toulouse, 1953.
23 N .° 385, pp. 29-30.

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47 N .° 602.
2~54 Ver os n ’ 399, 400, 401, 402, 403, 404, 405.
4ÍÍ Ver também o n.° 412.
UEurope et la Révolution Française (especialmente o t. I). Ver também A. Mathiez (n.° 92, t.
II, p. 166) e ainda G. Lefebvre na l .a edição de s\iz Révolution Française" (1930, pp. 27, 103, 153). Pessoas que exerciam as mesmas funções ou que tinham a mesma sorte. (Rev.)

26 1933, pp. 305-333. N.° 111, nova edição, pp. 300-301 e 382-383.
27 1936. N.° 601.
28 1939, pp. 15-20 e 27-28. Ver a comunicação de H. Calvet, feita à Sociedade de História Moderna e as objeções que
lhe foram feitas no Bulktin desta Sociedade, maio-junho, 1949, pp. 2-5.
J . Godechot, n.° 31, t. I, pp: 76-80.
30 52 N .° 603.
Talvez tenha mesmo recebido da Inglaterra, por intermédio de Charles de Lameth, o di­
** Décimo mês do Calendário republicano da França, que começava a 19 ou 20 de junho e
nheiro para este fim (ver A. Mathiez, Ètudes Robespierristas, t. II, cap.,IV; “Danton, Talon, Pitt et Ia
mott de Louis X V I”, e Danton et la p a ix , cap. V. A intervenção da Espanha é certa. Jacqueline terminava a 19 ou 20 de julho. (Rev.)
Chaumiê esclareceu totalmente esta questão (Les Relatiom Diplomatiques entre VEspagne et Ta France
53 N .° 619.
de Varennet à la Mort de Louis X V I, Paris, 1957). O embaixador da Espanha em Paris, Ocariz, teria
distribuído 2.300.000 libras, das quais 500.000 ao “convencional” Chabot (cf. L. Hastier, Vieilles 54 N.° 607.
Histoires Êtranges Énigmes", pp. 9-56). O próprio processo se tornou melhor conhecido para nós 55 N .° 625.
depois que André Sevin estudou Le Défenseur du R oi, R. de Séze (Paris, 1936).
Especialmente em La Vie Chère et le Mouvement Social Sous la Terreur, Paris, 1927 e em
Sobre o processo de Luís X V I, consultar os documentos publicados por A. Soboul, “Le Girondins et Montagnards, Paris, 1930.
Procés de Louis X V I”, Paris, 1966.
-12Ver os n. O primeiro, no prefácio de Questions Agraires au Temps de la Terreur, Paris, 2.a ed., 1954 e
350 a 360. em sua Révolution Française, n.° 27; o segundo no tomo 5 da Histoire Générale des Civilisations, n.°
33
N .° 353. 29- '.V
.
34 58
N .° 350. Ver n.os 126, 127, 630.
59
35 N.° 359. N .° 170.
60
36 N .° 173.
Consultar, a respeito da Inglaterra, o Barão Ernof, M aret, Duque de Bossano, Paris, 1878. 61
A .H .R .F., 1939, pp- 14-41.

. .. ...... ...................... .... — -. .. ....... «r-.. .........


Quanto à luta entre a Áustria e a Prússia a propósito da Polónia, consultar A. Wahl, Ges- 62
chichte des Europaischen Staatensystems, Berlim, 1912 e principalmente j . Grossbart, “La Pqlitique N .° 618.
63
Polonaise de la Révolution Française”, A .H .R .F., 1929, pp. 35-55, 242-255 e 476-485' 1930 pp La Lutte des Classes sous la Première République: Bourgeois et “Bras Nus", op. cit., p. 325- Ver
129-151. também o n.° 120.
38 64
Sobre a traição de Dumouriez, os estudos de Chuquet (n.° 623, t.V; La Trahison de Du- Ver anteriormente, p. 313-
mouriez, Paris, 1891) e as de Mathiez (Danton et la Paix, Paris, 1919) só foram completados pelos
O “máximo” foi objeto de numerosos estudos, assinalados em minhas Institutions, n.° 111,
documentos publicados por Lucien-Graux (Le Marechal de Beurnonville, Paris, 1930). Por outro
nova edição, p. 410. Seria conveniente anexar aqui o livro de Schepard, n.° 608 e um artigo de R.
lado, o general Herlant descobriu documentos, comprovando que Custine havia negociado com os
prussianos (“Les Négociations de Custine avec l’Ennemi, décember, 1792 — mai 1793”, A .H .R .F., B. Rosé, “ 18th Century Price Riots, The French Révolution and the Jacobin Maximum”, na Inter­
.

1932, pp. 517-533). Estão sendo realizados trabalhos sobre a história militar da Revolução. national Review o f Social History de 1959, pp- 432-445.
66
“La Terreur, Instrument de la Politique Sociale des Robespierristes: les Décrets de Ventôse
4() J- Godechot, n.° 117, pp.216-230.. sur le Séquestre des Biens des Suspects et leur Application”, artigo publicado nos A .H .R .F ., 1928,
Histoire des Insurrections de 1’Ouest, Paris, 2 vols., 1929-1930. pp. 193-219 e reproduzido no volume Girondins et Montagnards, Paris, 1930.
4 I
N.° 135. Consultar também C. Tilly, The Vendée. A Sociological Analysis o f the Counterrevolu- Nova edição, Paris, 1954.
tton o£ 1793, Cambridge (Mass,), 1964, tradução francesa, 1970. 68
A .H .R .F., 1929, pp. 24-33 e 1934, pp. 402-434.
“ N.° 618. 69
Desde a publicação das obras de Mathiez e de Lefebvre, a maioria dos autores se colocaram
232 —
— 233 —
sob o ponto de vista deste último, especialmente D. Guérin (Bourgeois et “bras nus” , op. cit.) e
Soboul (n.° 618).
70
N.° 198.
71
^ Ver Gaston Martin, Histoire de fEsclavage dans les Colonies Françaises”, Paris, 1948.
Bourgeois et “bras nus”..., op. cit., p. 325.
A .H .R.F., 1947, pp. 173-179.
4 Ver os n.0' 99, 628, 629, 630.
75 N .° 560.
76
N.° 318.
77
N.° 292,
78
N.° 306.
79
N .° 311. capítulo 6

De Barras a Bonaparte
(1795-1799)
1) A CONSTITUIÇÃO DO ANO III

Ao contrário da Constituição de 1791 que esteve çm vigor ape­


nas durante dez meses, ou da Constituição de 1793 que não chegou a
ser aplicada, a Constituição do Ano III vigorou durante mais de
quatro anos. Assim sendo, ainda que seu texto tenha sido estudado
cuidadosamente, embora os juristas se tenham inclinado a insistir
sobre os numerosos obstáculos que uniam entre si os distintos pode­
res, de um lado não se chegou a fazer ainda uma comparação entre
ela e as demais constituições da mesma época, e, de outro lado, de
modo algum se estudou atentamente seu funcionamento. Constata­
mos que, apesar de certas diferenças, a inspiração geral de todos os
textos constitucionais do fim do século XV III é a mesma. A Consti­
tuição Americana de 1787 também une os diferentes poderes de
modo que possam causar insucessos uns aos outros. Apesar disso, a
Constituição dos Estados Unidos vigora regularmente há 180 anos.
Então, não foi tanto devido às disposições nela contidas que a Consti­
tuição do ano III durou apenas quatro anos. Foram as circunstâncias
e principalmente a guerra que a impediram de funcionar normal­
mente.
A Constituição do ano III instituía um sistema censitário que pa­
recia, a priori, mais liberal do que o de 1791- No ano III era sufi­
ciente pagar qualquer imposto para se ter direito ao voto, enquanto
que, em 1791, era preciso pagar uma quantia equivalente a pelo
menos três dias de trabalho. Portanto, deveria ter havido mais eleito-
- 234 — — 233 —
res de primeiro grau em 1795 do que em 1791. Ou parece ter ocor­ 2) BABEUVISTAS E REALISTAS ATE 0
rido o contrário pelo menos nos campos. 18 FRUTIDOR DO ANO V
Na organização administrativa da França, a inovação original foi a (4 DE SETEMBRO DE 1797)
supressão dos distritos, assim como dos conselhos municipais das
comunas rurais e a criação de municipalidades de cantão. Discutiu-se A fim de compreender a evolução política do Diretório, é neces­
muito sobre o papel desempenhado por essas municipalidades.' Al­ sário conhecer o pessoal governamental, que formava uma coalizão
guns historiadores acham que elas aniquilaram a vida política local. bem pouco homogénea. Quanto à composição dos Conselhos no
Porém outros contestam, afirmando que eliminaram da administração ano IV e ano V, poderemos analisá-la graças aos estudos bastante
municipal os ignorantes e incapazes, a fim de confiá-la a um pequeno minuciosos de J. Surrateau.1' Esse pessoal teve que enfrentar ataques
número de pessoas competentes que somente poderiam ser providas da esquerda e da direita. O primeiro foi a “conspiração dos iguais,
por uma circunscrição tão vasta quanto o cantão. O mais recente des­ formada por Babeuf e Buonarrcti. Qual foi o objetivo real da conspi­
tes estudos é o de Eugêne Desgranges. O autor salienta que essas ração dos iguais? Instaurar na França um regime comunista, como
municipalidades foram compostas por moderados que fecharam os Buonarroti escreveu em 1828 em sua Conspiration Pour 1'Egalité ' e
olhos ante a guerrilha e se ocuparam essencialmente das escolas e dos como pensou a maioria dos historiadores de Babeuf ou de Buonar­
meios de comunicação. Julga que funcionaram de maneira satisfató­ roti? Ou, somente como o afirmaram Aujard e Mathiez, estabelecer
ria, porém rompiam uma tradição comunal secular. Foi por essa razão na França o regime do ano II.1 Mathiez insistiu muito quanto ao
que desapareceram em 1800. papel, essencial para ele, que os antigos convencionais montanhesès
A Constituição do ano III restabelecia a liberdade económica e o anistiados desempenharam após o dia 13 vindimiário. Segundo ele, o
Diretório decidiu voltar ao uso da moeda metálica. As instituições comunismo não teria sido para Babeuf senão “alguma coisa pura­
financeiras do Diretório são, entretanto, muito pouco conhecidas: mente acessória, de pouco interesse para sua verdadeira política”.
não há nenhum estudo sobre o Ministério das Finanças, o Tesouro e Seu único mérito teria sido unir seu comunismo à sua política de
os comissários da contabilidade. A arrecadação dos impostos foi es­ combate contra o Diretório. 14
tudada por R. Schnerb em Puy-de-Dôme.4 Quanto à política finan­ A luta contra a conspiração de Babeuf lançou o Diretório no ca­
ceira dó Diretório, contamos apenas com um livro antigo, o de M. minho da direita. Também as eleições do ano V (1797) foram favorá­
Marion. Quanto à sua política económica, o livro de G. D eioinf é veis aos “Clichyanos”, moderados e realistas. A restauração de Luís
bastante decepcionante. Além do autor se preocupar somente com os XVII parecia próxima e dificilmente evitável. As intrigas realistas
primeiros anos do Diretório, ele afasta sistematicamente e sem difi­ realmente atingiram nesta época o seu apogeu. Pichegru traiu e G.
culdade tudo o que se refere à política marítima e colonial, assim Gaudrillier deu provas disso.
restringindo consideravelmente a extensão de seu estudo. Além do Em oposição à contra-revolução internacional, o Diretório pro­
mais, G. Dejoint consagrou a maior parte de seu livro à pesquisa das cura, por intermitência, o apoio dos patriotas estrangeiros. Mostrei
“doutrinas” económicas que guiaram os homens do Diretório e não como, entre as eleições do ano V (março de 1797) e o golpe de
se dedicou às suas realizações propriamente ditas. Na realidade, esta Estado do 18 frutidor (4 de setembro de 1797), travou-se uma luta
obra se reduziu a um estudo sobre alguns tratados de comércio con­ entre os dois partidos e entre duas concepções da organização da
cluídos pelo “primeiro” Diretório.7 Europa.18 São pouco conhecidas as relações que os patriotas alemães
tiveram então com o Diretório, e os objetivos precisos da missão da
O Diretório tomou medidas importantes no âmbito militar, ne­ qual Poterat se encarregara na Alemanha do Sul.
cessárias devido à sua política de expansão. De um lado, tentou con­ Porém, o Diretório contava mais com seus exércitos do que com
trolar a ação dos generais, colocando junto a eles “comissários dos a ação dos patriotas cosmopolitas. Eles haviam conseguido grandes
exércitos”. Mas, fracassou neste domínio e preparou, desse modo, vitórias, especialmente com o exército da Itália, comandado por B o­
sua própria ruína. Por outro lado, esforçou-se por dar ao exército naparte, mas suas opiniões políticas divergiam. Aliás, as campanhas
um recrutamento regular, organizando o sorteio militar.9 Conviria es­ desses exércitos prenderam mais a atenção dos historiadores do que
tudar também a Marinha, particularmente ativa sob o Diretório, e sua atitude política e é sempre a campanha realizada por Bonaparte
que os historiadores negligenciaram completamente. na Itália que suscita estudos. Guglielmo Ferrero publicou, sob o tí-í.
— 236 — - 237 -
tulo Aventure, Bonaparti en Italie, 1798-1797 ,2) um livro que teve tada anteriormente, os historiadores não se dedicaram ao estudo
alguma repercussão. Argumentava que Bonaparte conseguira suas vi­ desta questão.
tórias a custo de um risco considerável, que nenhum outro general Quanto à evolução política da França sob o segundo Diretório,
aceitara correr e que concluíra as preliminares de Leoben apenas pelo não existe nenhum estudo aprofundado que tenha renovado o de A.
temor de se vervcompletamente alijado da França por uma ofensiva jyíaynier, Les Coups d’Étàt du Directoire." Não convence, entretanto,
austríaca errf sua retaguarda. Esta brilhante interpretação foi em o que ele diz da preparação das eleições do ano VI. Segundo ele, o
grande parte refutada.21 Deve-se levar em conta o gênio de Bona­ Diretório, sob pretexto de acelerar a reconstrução de estradas, en­
parte. Mas é preciso também não esquecer o rigoroso controle ao viou comissários aos departamentos, dentre os quais um certo nú­
qual fora submetido por parte dos comissários dos exércitos até fins mero era constituído por seus candidatos oficiais às eleições; os de­
de 1796. mais fizeram propaganda a seu favor.'8 Seria conveniente retomar o
Quanto à atitude política dos exércitos, tentei determinar exata­ problema e aplicar às eleições do ano VI o método que Jean Surat-
mente esta questão em diversos artigos.'" Deve-se examinar o pro­ teau empregou em relação às do ano IV e do ano V. Sem dúvida, é
blema de perto, estudando minuciosamente as “mensagens” enviadas principalmente do exterior que se pode compreender o segundo Di­
pelos exércitos ao Diretório por ocasião do 14 de julho de 1797. retório.'
Não resta dúvida de que a maioria republicana do Diretório contava A história da política exterior do segundo Diretório foi melhor
com o exército do Sambre-e-Mosa e o exército da Itália, enquanto os estudada do que a de sua política interna. Bernard Nabonne publicou
“clichyanos” esperavam a colaboração do exército do Reno-e-Mosela, um Mémoire Ju stifica iif lnédit de Reubell, M> que esclarece a política
cujo antigo chefe, o general Pichegru, estava de acordo com eles e deste membro do Diretório. Ele explica por que essa política foi hos­
presidia o Conselho dos Quinhentos e cujo novo chefe, o general til à unificação da Itália. Reubell temia, acima de tudo, que uma Itália
Moreau, se achava bastante comprometido com eles.2’ Desse modo, unificada fosse dominada pelos “Jacobinos”, que, em seguida, teriam
a história da preparação e da execução do golpe de Estado do 18 ajudado os “Jacobinos” franceses a tomar o poder. Porém, desse
frutidor, tornava-se agora mais clara; a atitude de Carnot é ainda modo, Reubell afastou da França os patriotas italianos e preparou a
muito controvertida, tendo sido objeto de um estudo bastante obje­ derrocada de 1799- Cario Zaghi retomou a história do Congresso de
tivo realizado por M. Reinhard." Rastadt. Mostrou que Bonaparte não deixara o Congresso por von­
O golpe de Estado do 18 frutidor exerceu uma profunda influên­ tade própria, mas por ordem do Diretório. Examinou também, à luz
cia não sdmente na política interior da França, afastando a restaura­ de novos documentos, as conferências de Seltz, realizadas entre
ção realista, mas também sobre sua política exterior, ao fazer preva­ François de Neufchâteau e Cobenzl: elas fracassaram porque a Áus­
lecer a política das anexações e das “repúblicas irmãs”.' tria tentou arrancar da França novas “compensações” na Itália, em
troca da concessão da margem esquerda do Reno. A entrada das tro­
3) A EVOLUÇÃO POLÍTICA DA FRANÇA pas francesas nos Estados romanos desencadeou a ruptura das nego­
DESDE 0 18 FRUTIDOR DO ANO V ciações e o fracasso do Congresso.
(4 DE SETEMBRO DE 1797) ATÉ 0 DIA 30 Quanto à expedição do Egito, as obras fundamentais continuam
PRAIRIAL DO ANO VII (18 DE JU N H O DE 1799) sendo as de Fr. Charles-Roux." Porém, os documentos publicados
por B. Nabonne trazem novos esclarecimentos mais precisos sobre as
Este é o período do “segundo Diretório”, ainda mal conhecido. origens da expedição. Reubell se opusera energicamente a ela; po­
Não há boas biografias dos novos membros do Diretório, sendo que rém, Bonaparte, a quem essa expedição interessava muito, defendeu
alguns mereceriam um estudo sério, como por exemplo François de sua causa durante uma noite inteira junto a Barras, e este acabou por
Neufchâteau. Quanto aos novos ministros, somente Talleyrand foi convencer seus companheiros. Entretanto, Bonaparte achava que a
digno de atenção.26 expedição só poderia ter êxito se a Turquia permanecesse neutra:
A história interna do segundo Diretório foi, na realidade, pro­ Talleyrand deveria partir para Constantinopla a fim de negociar esta
fundamente marcada pelo esforço tentado, sob a influência de Ra- neutralidade. Por que não chegou a partir? Teria sido uma traição?
mel, para sanear a situação financeira conhecida pela expressão de Teria sido, como aventou R. Guyot para apresentar sua candidatura
“bancarrota dos dois terços”: desde a grande obra de Marion, já ci­ ao Diretório? O historiador americano C.L.Lokke julga que Talley-
— 238 — - 239 -
rand permaneceu em Paris principalmente para solucionar as dificul­ 1? Uma estatística precisa das eleições do ano V foi estabelecida por J. Suratteau (n.° 649). Ela
mostra que os realistas aliados aos moderados dominaram os Conselhos imediatamente após essas
dades que a questão X .Y .Z . acabava de levantar entre a França e os
eleições.
Estados Unidos. 16 N.° 106, pp. 282-314.
A expedição do Egito era arriscada. Seu sucesso foi devido à 17 La Trahison de Pichegru et les Intrigues Royalistes dans l’Est avant Fructidor, Paris, 1908. As
maior das casualidades. Esta parte da casualidade é a que P. Vandryés redes de informação funcionaram, apesar da detenção, pelo Diretório, de alguns agentes notóricos,
tentou determinar em um estudo bastante curioso.” Ele julga que porém não se pôde identificar todos esses agentes (ver as discussões que se verificaram a este
respeito entre Godechot, M. Reinhard e J . De Grandsaignes nos A.H .R.F., 1957, pp. 213-237, e
havia todas as probabilidades para que Nelson dispersasse a frota 1958, n.° 5, pp. 1-20, assim como no Bulletin de la Societé d’Histoire Moderne, 1959, pp. 5-9). Para a
francesa. Um general que tivesse calculado friamente, não teria acei­ bibliografia de conjunto e também um ensaio de síntese do problema, consultar J. Godechot, n.°
106, capítulo X : “Les Réseaux de Renseignement”, pp. 186-215. Ver também o n.° 413 b.
tado os riscos que correu então Bonaparte.
18 j . Godechot, “I Francesi e 1’Unità Italiana sot to il Direttorio”, na Rivista Storica Italian a;
A derrota, aliás, foi apenas retardada. O fracasso de Aboukir de­ 1952, pp- 96-110 e 193-204; idem, “Unita Batava e Unita Italiana alfEpoca del Direttorio, in
sencadeou o reinicio da guerra geral e, especialmente a paradoxal Archivio Storico Italiano, 1955, pp. 336-356; ver também, do mesmo autor, La Grande Nation , t. I,
aliança russo-turca contra a França. Esta aliança foi objeto de um capítulo VIII e IX.
19 Ver o n.° 656, t. I, pp. 235 e 582 a.
novo exame, realizado por Boris Mouravieff. Este autor mostra que a
^ Paris, 1936.
Rússia, consequentemente, jamais deveria ter retomado a posição Ver meu resumo nos A .H .R.F. , de 1937, pp. 470-473 e o de P. Muret, na R.F., de 1937,
que ocupara então no Mediterrâneo. pp. 221-243.
Quanto à queda do segundo Diretório, no dia 30 prairial, de­ 2” “L’Armée d’Italie”, nos Cabiers de la Rêvolution française, IV, 1936; “Les Insurretions Mili-
monstrei nos meus Comissaires aux Armées que ela foi provocada por taires sous lç Directoire”, nos A .H .R .F ., 1933, pp. 129-221) e em meu estudo sobre Les Commis-
uma coalizão — frágil— de Jacobinos e de generais descontentes sains aux Armées (n.° 656).
J. Godechot, "Moreau et les Papiers de Klinglin” in A .H .R .F ., 1932, pp. 309-324.
que, nesta circunstância, se acreditavam ou se diziam Jacobinos. Ex­
pliquei, em seguida,” como os generais haviam sido preparados para 24 N.° 377, t. II, pp. 224-239.
A história das negociações de Campo-Fórmio e da divisão da República de Veneza foi
esta aliança, pelo papel que eles representaram nos países ocupados. atualizada pelos estudos de Massimo Petrocchi (// Tramonto delia Repubblica di Venezia e /’Assolu-
ttsmo llluminato, Veneza, 1950); de Roberto Cessi (Campoformido, Padova, 1939); ver também os
n.°' 659 e 661.
NOTAS:
A obra de G. Lacour-Gayet, Talleyrand, Paris, 1929-1939, 4 vols., continua sendo funda­
i mental. Ver também E. Dard, Napoléon et Talleyrand, Paris, 1935; e E. Tarlé, Talleyrand, trad.
Ver acima, à p. 206. frac., Moscou, 1958. O ministro das Finanças, Ramel, não tem ainda sua biografia.
1 Ver a bibliografia em minhas Institutions, n.° 111, nova edição, p. 472. Paris, 1928, 3 vols.
N .° 647.
4 Não encontrei pessoalmente nenhum sinal da ação desses comissários. Sobre Haute-
N .° 176. Foi também R. Schnerb que esclareceu a grave crise provocada pela deflação brutal Garonne, consultar o artigo de J . Beyssi, n.° 645.'
"*9 «*T
que constituiu o retorno à moeda metálica ("La Dépression Économique sous le Directoire” nos Mostrei o que pensavam deles os agentes que informavam os ingleses (J. Godechot, “Le
A.H.R.F., 1934, pp. 27-49). Directoire ou de Londres", A .H .R .F ., 1949, pp. 311-336, e 1950, pp. 1-27) e expliquei como os
N .° 167, t. 111. generais haviam feito, nos estados satélites que ocupavam, aprendizagem da técnica de golpes de
* N .° 650. Estado (La Grande Nation, n.° 31, t. II, pp. 451-477).
Primeiro na Revue d’Histoire Diplomatique (1950, pp. 75-103) depois em um volume sepa­
Ver meu resumo nos A .H .R.F., 1952, pp. 429-432.
rado (n.° 658).
* N .° 656. 3 I
9 N.° 661. /
G. Vallée, La Conscription dans le Département de la Charente (1798-1807), Paris, 1936. “ Les Origines de 1'Expedition d’Egypte (Paris, 1910); L ’Angleterre et 1’Expédttion Française
|( £ste foi bem descrito por A Mathiez (n.° 96) e G. Lefebvre (n.° 635). dEgypte (Le Caire, 2 vpJs., 1925); Bonaparte et la Tripolitaine (Paris, 1929); e os n.ws 680 e 680 a.
33
N.°' 648 e 649. N.° 655.
12
Nova edição, Paris, 1957. C. L. Lokke “Porquoi Talleyrand ne fut pas envoyé à Constantinople”, A.H .R.F., 1933, PP-
Cf. A. Aulard, artigo “Babeuf’ na Grande Encyclopêdie: ver também sua Rêvolution Fran- 153-159.
çatse^op. c u ., e A. Mathiez, Le Directoire, op. cit. De la Probabilité en Histoire: “L’Exemple de l’Expedition d’Egypte”, Paris, 1952.
Esta tese não encontrou ainda defensores. Foi vigorosamente combatida por Maurice UAlliance Russo-Turque au Milieu des Guerres Napoléoniennes, Neuchátel, 1954.
Dommanget (Pages Choisies de Babeuf, Paris, 1935); A. Galante-Garrone (Buonarroti e Babeuf, 37
N.° 31.
Tortim, 1948); G. Lefebvre (n.° 635); Les Origines du Communisme de Babeuf (n.° 28) e Cl. Mazau-
rtc (n. 644). Para uma bibliografia de numerosos estudos publicados sobre Buonarroti desde
1937. ver os n.“ 641 e 644 a.
capítulo 7

O Mundo Exceto a França


de 1792 a 1799
O conhecimento da história do mundo, fora da França, inegavel­
mente se acha bastante atualizado nestes últimos anos. Em relação
aos países que não foram atingidos pela Revolução, ou que o foram
muito pouco, a última década do século XVIII não tem um signifi­
cado especial e foi estudada no contexto dos mais amplos conjuntos
cronológicos. Ao contrário, o “mundo francês”, isto é, as regiões
ocupadas pelas tropas francesas, ou os países aliados à França, susci­
tou numerosos estudos, muitas vezes originais. A historiografia sobre
o assunto foi completamente transformada, numerosos problemas
foram resolvidos, outros surgiram, sua discussão foi empreendida.
De um modo geral, o estudo destes problemas provou que a revolu­
ção não fora levada da França pelos soldados e pelos comissários aos
paísqs refratários à mesma, mas que ela permitira a manifestação de
correntes reprimidas pelos governos do Antigo Regime.

1) AS REGIÕES ANEXADAS
Á FRANÇA

A anexação de pequenos territórios tais como o Comtat Venai-


sein, os principados da Alsácia e da Lorena, Montbéliard, Mulhouse e
a vida política nestes territórios após a anexação, foram objetos de
artigos publicados em diversas revistas.1
A Sabóia e Nice mereceram estudos muito detalhados, porém
antigos. Deveriam ser atualizados.'
Os problemas suscitados pela anexação da Bélgica e a vida deste
país durante a ocupação francesa deram origem, também, ao apare-
— 243 -
cimento de numerosíssimos trabalhos. Entretanto, não se pode afir­ colaboradores diretos de Vonck, Verlooy publicou uma apologia do
mar que esses trabalhos tenham resolvido tais problemas. flamengo que pode ser considerada como o ancesfrai do movimento
Sobre os problemas religiosos belgas existem abundantes mono­ flamenguista. Ao contrário, os conservadores, dirigidos por Van der
grafias. Porém, não se pesquisou se e porque a fé aí era mais viva e a Noot, serviam-se quase que exclusivamente do francês. E preciso co­
prática mais geral do que nas vizinhas regiões francesas. Para todos os nhecer esta situação para compreender a atitude do povo belga, de
efeitos, é certo que, por volta de 1799, “o espírito público” — como 1792 a 1799: as classes mais pobres, desconhecendo o francês, esta­
se dizia — sem tender à revolta geral, era bem pouco favorável à vam pouco preparadas para compreender as idéias revolucionárias.
anexarão. Como testemunha, citamos a “guerra dos camponeses”, de Mas, teriam tirado proveito da Revolução? Não parece que a aboli­
1798, que mereceria um novo estudo baseado em uma estatística ção do regime “feudal” na Bélgica e suas consequências tenham sido
social dos insurretos; e os relatos dos comissários do Diretório. objeto de estudos aprofundados.9
Se nos limitarmos unicamente ao domínio político, não serão es­
clarecidos todos os problemas. Por exemplo, o do voto dos belgas 2) AS COLÓNIAS
em favor da anexação à França em 1793: a maioria dos trabalhos
sobre a ocupação francesa na Bélgica e especialmente o de Mme. A revolução nas colónias provocou o aparecimento de uma
Tassier-Charlier tiveram a intenção de provar que o número de vo­ abundante literatura, mas, do mesmo modo, quase exclusivamente
tantes fora insignificante. Para prová-lo, eles compararam o número consagrada aos acontecimentos políticos, de sorte que dificilmente
de votantes com o da população global: porém, como apenas os ho­ permite compreender a natureza das agitações, quase sempre de ori­
mens maiores votavam, a proporção dos eleitores era pequena. gem social ou económica.u
Georges Lefebvre fez observar que, na comuna de Couvin, esco­ Caberia a Georges Debien introduzir um novo método para a
lhida por Madame Tassier-Charlier para comprovar sua tese porque história das colónias francesas. Em sua tese, ele se esforçou por
estava precisamente encravada em território francês e que, portanto, estudar as origens sociais da oposição entre “grandes” brancos e “pe­
os sufrágios favoráveis à anexação deveriam ter sido numerosos, quenos” brancos, entre negros e brancos, entre mulatos e escravos. A
houve apenas 1747 votos em favor da anexação numa população de obra consagrou-se mais particularmente aos “grandes” brancos, gran­
9.523 habitantes. Porém, em relação à esta população, haveria muito des proprietários de terras e de escravos que, reunidos em Paris no
mais de 2.000 eleitores? A questão precisa, portanto, ser revista e clube Massiac, opuseram-se obstinadamente à concessão de direitos
examinada com neutralidade. políticos às “pessoas de cor” livres e, portanto, a qualquer medida
Aliás, os estudos puramente políticos não permitem apreciar que pudesse preparar a abolição da escravatura. Entretanto, os mem­
completamente a atitude dos belgas frente à revolução. A divisão bros do clube Massiac não estavam de acordo com os colonos resi­
linguística da Bélgica, a intensidade da fé religiosa, o estado do re­ dentes na ilha, quanto à questão da abolição do “exclusivo”, isto é,
gime senhorial, os resultados da venda dos bens nacionais, permitem quanto à liberdade comercial. Para satisfazer os comerciantes dos
compreender as reações da população belga. portos franceses, os primeiros se dispunham a manter o exclusivo,
Em relação ao problema linguístico, assinalamos um livro de pri­ enquanto os segundos reclamavam sua abolição. A igualdade das pes­
meiríssima ordem, o de Mareei Deneckére, Histoire de la Langue soas de cor foi defendida por Dejoly e pelo mulato Raimond. '
Française dans les Flandres.* O autor mostra que a expansão do fran­ Georges Eebien não se limitou a: estudar os grandes colonos,
cês foi importante em Flandres entre 1750 e 1815; foi uma conse­ membros do clube Massiac. Em múltiplas publicações, ele determi­
quência, não da anexação à França, mas da estrutura social. A aristo­ nou a situação económica e social de São Domingos às vésperas e nos
cracia austríaca, que governava em Bruxelas antes de 1792, falava primeiros anos da Revolução. Citamos os Etudes Antillaises nos
apenas o francês e a nobreza local a imitou. A burguesia que desejava quais o autor demonstra como as novas idéias se propagaram nas
cultivar-se e lia os filósofos, empregava cada vez mais o francês. O plantações de São Domingos durante a segunda metade do século
flamengo permaneceu como a língua dos pobres, que se desprezavá. XV III e impressionaram não somente os brancos mas também os
Ela servia para estabelecer contato com os pobres, porém, evitava-se negros.
recorrer a ela na “boa sociedade”. Entretanto, em 1787, foi o partido Em consequência dessas publicações, os conhecimentos sobre
democrata de Vonck que mais empregou a língua flamenga. Um dos São Domingos, até 1794, fizeram grandes progressos. Não ocorreu o
- 244 — — 245 -
mesmo em relação à história da ilha, de 1794 a 1799- Quanto aos p{. Hansen.IX As riquezas publicadas nesses volumes estão longe de
estudos sobre as outras colónias, Martinica, Guadalupe, Guiana, ter sido totalmente exploradas. Mas, o que Hansen não imprimiu,
Mascarenhas, as feitorias da índia, o Senegal estão muito atrasados. são os registros de impostos, os catálogos de secção, os documentos
Em que proporção as colónias francesas serviram como ponto de par­ sobre a abolição dos direitos senhoriais e as atas de venda dos bens
tida para difundir as idéias revolucionárias nas regiões vizinhas, nas nacionais. Desse modo, faltam-nos, em relação à Renânia, estudos
Antilhas inglesas e espanholas, nas colónias espanholas e portuguesas semelhantes aos que foram realizados na França sobre a abolição da
da América, ou mesmo nas índias Orientais? Os escravos negros em­ estrutura económica ,e social durante o período revolucionário. So­
pregados nas colónias estrangeiras estariam a par do grande movi­ mente estudos deste tipo permitirão determinar se a população re-
mento que agitava os negros de São Domingos? Todas essas questões nana se beneficiou ou não com a ocupação francesa.
permanecem ainda hoje sem resposta. Malta e o Egito foram colocados em situações análogas às da Re­
Sobre o problema das reações dos franceses e especialmente dos nânia: ocupados sem ser anexados de 1798 a 1800. Sobre Malta, o
deputados das assembléias diante das agitações das colónias, de sua período da ocupação francesa não motivou muitos trabalhos, espe­
mentalidade mais ou menos “colonialista”, ou “anticolonialista”, Jean cialmente erti matéria de história económica e social9 Tendo sido a
Bruhat mostrou o quanto seria preciso ser prudente nos julgamentos ocupação francesa de Malta marcada essencialmente pela defesa de
feitos a este respeito. Concluindo, é preciso evitar atribuir aos ho­ La Valette, as medidas tomadas pelos franceses quase não tiveram a
mens do século X V III nossas concepções e ter cuidado ao considerar possibilidade de transformar a vida dos habitantes da Ilha.
as circunstâncias. Não aconteceu o mesmo no Egito, onde a ocupação francesá foi a
origem da evolução do país.
3) OS PAÍSES CONQUISTADOS E NÃO ANEXADOS A FRANÇA
4) AS REPÚBLICAS IRMÃS
A margem esquerda do Reno só foi oficialmente anexada à
França pelo tratado de Lunéville, em 1801. Durante o período que O “sistema” das “repúblicas irmãs” começou com o estabeleci­
abrange de 1792 a 1799, ela foi constantemente ocupada, total ou mento da efémera “República Rauraciana”, em 1792. Sobre esta,
parcialmente e preparou-se su^t anexação. Uma obra de conjunto que possuímos a obra definitiva de J. Suratteau, Le Département du
trata desta questão é o trabalho de Ph. Sagnac, Le Rhin Français Pen­ Mont-Terrible sous le Régime du Directoire, que torna quase obsoletos
dant la Révolution et l'Empire'\ Esta obra foi justamente criticada de­ os antigos estudos de G. Gautherot sobre La Révolution Française
vido a uma certa parcialidade. Efetivamente redigida durante a guerra dans 1’Ancien Évêché de B á l e A República Batava, organizada a partir
de 1914-1918, ela se baseia essencialmente na análise das fontes de janeiro de 1795, foi, na realidade, o modelo das “repúblicas
francesas conservadas nos Arquivos Nacionais. Também, sem que o irmãs”." Examinou-se a história política dessas repúblicas, porém não
autor tenha um só instante se afastado de sua habitual objetividade, foram abordados problemas muito importantes, como a abolição do
como ele utiliza quase unicamente os relatos dos agentes franceses, regime feudal, a venda de bens nacionais (aliás, pouco numerosos), as
tende a mostrar que os habitantes da margem esquerda do Reno de­ questões religiosas colocadas pelo Novo Regime, as direções toma­
sejavam quase unanimemente sua anexação à França. É verdade que, das pelo comércio exterior da Holanda a partir de 1795, etc.
num outro sentido, muitas entre as obras alemães publicadas, seja O estudo das repúblicas irmãs da Itália marcou, ao contrário,
antes de 1914, seja de 1919 a 1939, carecem ainda mais de objetivi­ imensos progressos desde 1945. A queda do fascismo, a criação de
dade e afirmam que, desde 1792 todos os renanos desejavam conti­ uma república italiana levaram os historiadores italianos a optar pelas
nuar sendo alemães. 6 Mas ésses livros foram consagrados essencial­ fontes do regime democrático na Itália. Antes de 1939, os historia­
mente aos acontecimentos políticos, isto é, aos que se prestam mais a dores italianos estavam divididos com relação ao movimento revolu­
contestações. Os historiadores franceses se interessaram pelos fatos cionário italiano, em duas grandes tendências: uns pensavam que a
económicos e pelas correntes das idéias e desta maneira contribuíram revolução fora integralmente implantada na Itália pelos franceses, ou­
para a renovação da historiografia.17 tros julgavam que ela possuía, pelo contrário, profundas raízes no
Uma obra de grande vulto colocou à disposição dos historiadores próprio país. Esta tendência, em geral, evoluiu desde 1945."
uma enorme quantidade de documentos. É a coletânea compilada por Os problemas gerais relativos ao estatuto político da Itália foram
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abordados antes da guerra/ 9 Eu próprio tratei da atitude da França quisições e as contribuições, inseparáveis destas, não foram compen­
frente ao problema italiano." sadas por nenhuma distribuição de terras. '
A questão das constituições das repúblicas italianas foi estudada Os Estados pontificais deveriam ser divididos em dois. Enquanto
em seu conjunto por Cario Ghisalberti."6 O autor mostra que estas as Romanhas eram unidas à República Cisalpina, as outras províncias
constituições, embora influenciadas pelo modelo francês, não trazem, formaram, em 1798, a República Romana. São, iniciativa feliz, prin­
de modo algum, traços originais e propriamente italianos; elas se li­ cipalmente os problemas económicos e sociais da Emília, que foram
gam, na realidade, a uma completa tradição ilustrada pelos juristas estudados por Umberto Marcelle e Renato Zangheri. Umberto
italianos do século X V III. Realmente, os autores se inspiraram na Marcelle tem o grande mérito de ter sido o primeiro a estudar a
Constituição francesa do ano III, mas, esforçaram-se por adaptá-la, venda dos bens nacionais na Itália: as terras vendidas, provenientes
tanto quanto lhes foi possível, às condições locais. Estas Constitui­ de conventos suprimidos, foram na sua grande maioria compradas
ções tiveram uma influência sobre o comportamento dos italianos por burgueses; alguns nobres, alguns padres figuram, entretanto, na
que não poderia ser negligenciada: elas desenvolveram a idéia unitá­ lista dos compradores. O estudo de Renato Zangheri mostra que a
ria, pela centralização e uniformização das instituições que impuse­ revolução teve por consequência uma lenta modificação da estrutura
ram; estabelecendo um regime representativo, contribuíram para a social. Enquanto em 1789 os bens dos conventos constituíam 14%
educação política dos italianos. da superfície, em 1804 eles não constituíam mais que 9%- Os bens
Antônio de Stefano analisou mais particularmente os artigos rela­ da nobreza, que constituíam em 1789 80% da superfície possuída
tivos às questões religiosas.'7 Ele mostra que os redatores dos textos pelas pessoas privadas, caem para 67% em 1804, enquanto entre
constitucionais sofreram as influências do “jansenismo”; eles se es­ essas duas datas os bens da burguesia passam de 17%' para 30% .
forçaram por fazer passar às leis os princípios deste “jansenismo”: Quanto à parte dos Estados Pontificais que constituía a República
melhoria da condição dos padres, em detrimento dos poderes dos Romana, possuímos agora .os excelentes estudos de V.E.Giuntella.
bispos e da autoridade do papa. Pelo contrário, foram hostis a uma No setor económico e social, Renzo de Felice, inspirando-se nos tra­
política anti-relígiosa e a uma separação das Igrejas e do Estado, balhos de U. Marcelle, estudou a venda dos bens nacionais na Repú­
sendo que muitos haviam desejado mesmo que o Catolicismo fosse blica Romana.35 Aqui, diferentemente do que se passa na Emília, os
proclamado religião do Estado. Por outro lado, os “Jacobinos” ha­ bens nacionais foram a presa de grandes companhias de fornecedo­
viam projetado um tipo de constituição mais “democrática” que foi res, de especuladores, de fazendeiros gerais e de novos ricos. Entre­
descrita por A. Saitta. 8 tanto, eles reivindicaram e, finalmente, a burguesia (especialmente os
comerciantes do campo) se torna a principal beneficiária da venda.
Em relação a cada uma das repúblicas italianas, os trabalhos estão
Sobre a República Napolitana, o livro de Benedetto Croce La
diversamente adiantados. A Cisalpina, a república mais célebre, foi
objeto de numerosos estudos.29 A velha república Ligure foi “demo­ Rivoluzione Napoletana , 3b é sempre essencial, embora^esteja unica­
mente centrado nos problemas políticos e ideológicos.
cratizada” em 1797, mas suas transformações não foram ainda estu­
O Piemonte não foi organizado em República, após sua ocupação
dadas.1*'
pelos franceses em fins de 1798, mas foi o palco de uma agitação
Veneza, ocupada pelas tropas francesas em abril de 1797, prepa­ jacobina que teve por meta a independência sob a forma republi-
rou sua transformação em república democrática. A assinatura do tra­ cana.38 1 .
tado de Campo-Fórmio impediu que isto se verificasse, mas o pe­ Finalmente, a República Helvética “una e indivisível” foi criada
ríodo intermediário entre a Sereníssima e o regime austríaco é inte­ em 1798.39 Mas, os estudos realizados a seu respeito são essencial­
ressante. Marino Beren^o escreveu um bom livro sobre La società mente políticos e nos faltam trabalhos sobre os problemas económi­
veneta alia fin e dèll’7 0 0 : Sem que sua análise social seja tão atenta­ cos40 e principalmente sobre as questões sociais, abolição do regime
mente feita quanto as que o foram na França, ela é entretanto muito feudal e suas consequências, a venda dos bens nacionais, os proble­
instrutiva e nos mostra que os “Jacobinos” venezianos foram recruta­ mas religiosos.
dos quase unicamente na burguesia. Os camponeses, embora descon­
tentes e atingidos pela crise económica, foram rejeitados nas fileiras 5) A EUROPA INDEPENDENTE
dos adversários da Revolução pela ocupação francesa, porque as re­ Os historiadores estão divididos a propósito da natureza do mo-
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vimento revolucionário na Grã-Bretanha. Que importância conviria dade de carvão e de ferro, não pudera começar a se industrializar.
atribuir à agitação revolucionária de 1794? Ao motim da frota de Mas, a situação política e religiosa devida à conquista inglesa, agra­
1797? A revolta irlandesa de 1798? É verdade que no Parlamento vara muito a miséria dos camponeses. Finalmente, desde o século
Britânico, Fox e seus companheiros, cerca de uns noventa, fizeram XVII, os irlandeses oprimidos tiveram sempre a esperança de se li­
uma violenta oposição à política de Pitt. Mas, seria para apoiar a bertar com a ajuda da França, e assim não é de se admirar que seus
França revolucionária, como os acusavam os partidários de Pitt que chefes tenham, desde 1789, entrado em contato com os revolucioná­
os qualificavam de “traidores”, ou simplesmente para derrubar os rios franceses. Desde 1778 Grattan lutava contra o governo britânico
“tories” e substituí-los na chefia do governo? A audiência de Fox no e contra Pitt em particular. Ele obtivera, para o Parlamento Irlandês,
país, aliás, continuou diminuindo e os “revolucionários” britânicos uma relativa autonomia e como esta autonomia coincidira com uma
voltaram-se logo para os intelectuais, como Thelwall.42 certa prosperidade económica, entre 1783 e 1792, muitos irlandeses
Os historiadores britânicos viam relações entre o movimento haviam deduzido que a independência total aumentaria ainda mais a
“radical”, favorável à revolução, o “despertar” religioso de Wesley, as prosperidade. É esta independência que teve por meta a sociedade
tendências liberais de Wilkes e as sociedades hostis à escravidão dos dos Irlandeses-Unidos, cuja convivência com os clubes jacobinos
negros. Mas tudo isto continua delicado e não se procedeu ainda a franceses de um lado, “as sociedades correspondentes” britânicas de
uma avaliação séria, qualitativa e quantitativa, das forças revolucioná­ outro, são certas, mas ainda pouco esclarecidas. De qualquer forma
rias britânicas entre 1792 e 1799-4 Não se pode esquecer que as más Pitt e seu representante na Irlanda, o conde de Westmorland, traba­
colheitas de 1794 e 1795, devidas às condições meteorológicas ex- lharam no sentido de reunir todos os protestantes irlandeses, na oca­
cepcionalmente desfavoráveis, aumentaram o descontentamento e fi­ sião ainda muito divididos, contra os católicos, representados cómo
zeram parecer muito maior do que era na realidade o número de revolucionários aliados aos franceses. Uma tentativa para conceder o
partidários da revolução. De qualquer forma, a situação pareceu tão direito de voto aos católicos irlandeses e assim reconduzi-los às cos­
alarmante que Pitt teve que recorrer às medidas de rigor que assina­ tas da Inglaterra, fracassou diante da hostilidade dos lordes irlandeses
lamos: suspensão do habeas corpus, interdição dos meetings. numero­ protestantes (janeiro-fevereiro de 1795). Os católicos, furiosos, se
sas detenções, multiplicação dos processos por “traição”, etc. Os his­ sublevaram. Esta é a origem da revolta da Irlanda. Mas, conviria es­
toriadores britânicos invocam o fato de que esta legislação de exce­ clarecer melhor a ação dos revolucionários franceses e as promessas
ção fora aceita sem resistência pelo povo inglês para disto deduzir que eles fizeram aos chefes dos Irlandeses-Unidos, Wolfe Tone e
que o movimento revolucionário era pouco profundo.44 E uma ópi- Nappes Tandy.47
nião das mais discutíveis.
Há uma ligação entre a agitação revolucionária e o motim da Estamos melhor informados sobre as tentativas francesas da de­
frota de 1797? Os processos que se realizaram, então, não puderam sembarque na Irlanda.4” Todas fracassaram, mas as condições meteo­
mostrar a existência de ligações. Os historiadores britânicos distin­ rológicas ou a imperícia dos almirantes franceses foram as principais
guem entre a revolta da frota da Mancha, em Spithead (abril de causas desses revezes. O governo de Pitt e a maioria dos historiado­
1797), motivada unicamente pela má nutrição, pelo pequeno número res britânicos persuadiram-se de que se um desembarque obtivera
de concessões e pela severidade do serviço; e o motim da frota do êxito, ele teria colocado, junto a uma sublevação generalizada da Ir­
mar do Norte (maio de 1797), que teria sido provocado pela propa­ landa, a Grã-Bretanha seriamente em perigo.
ganda política. Esta distinção parece bem sutil e parece que muitos Os ingleses, que pressentiam a formação dessa revolta, não ti­
esclarecimentos não foram dados sobre as origens deste motim e nham tropas suficientes na ilha; recrutaram uma milícia de voluntá­
sobre as idéias políticas de seu chefe, o marinheiro Richard Parker. rios que foi constituída essencialmente pelos proprietários rurais an­
Para compreender estas inter-relações torna-se muito evidente glicanos. Estes entraram logo em luta contra os camponeses católicos:
que é preciso estudar, ao mesmo tempo as “sociedades correspon­
foi uma verdadeira guerra civil. Os Irlandeses Unidos julgaram impos­
dentes” britânicas, o motim da frota e a revolta da Irlanda, o que não
sível esperar o desembarque francês; acreditaram poder vencer sozi­
foi feito. O problema irlandês tem sido muitas vezes considerado um
nhos. Eles se sublevaram na primavera de 1798. A revolta teve a
problema particular e tratado separadamente.46 E certo que, na ori­
característica de uma guerra religiosa. Houve massacres de ambas as
gem da revolta irlandesa, há a pobreza do país que, tendo necessi­ partes, ainda pouco conhecidos. A repressão foi sangrenta. A cifra de
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30.000 mortos seria exata? Os historiadores britânicos são muitís­ zine, do funcionário Novikov, estão no centro deste estudo. Mas,
simo discretos a esse respeito. essas atitudes mostram que uma classe de pequenos burgueses come­
Os acontecimentos fazem pensar que uma das razões essenciais çou a se formar no século X V III e que, nas cidades, as greves e os
da entrada da Grã-Bretanha na guerra contra a França foi de ordem jnotins foram os primeiros sinais do descontentamento desta classe,
ideológica. Entretanto, muitos historiadores julgam que os motivos enquanto nos campos multiplicavam-se as revoltas de servos. M.N.
económicos influenciaram tanto, senão mais, a decisão de Pitt. A Strange não nega a influência dos princípios revolucionários sobre a
ocupação dos Países-Baixos e do acesso de Escaut pela França, a burguesia e aristocracia cultas, mas julga que é preciso levar em
aliança entre esta e a República Batava, proprietária de colónias ricas consideração os antagonismos de classes que começam a se manifes-
e populosas da Asia do Sudeste, constituiriam ameaça séria ao pode­
rio económico da Grã-Bretanha? E ainda um problema que não foi taf Em contrapartida, o historiador americano Hans Roggieh ' atribui
estudado de maneira conveniente." a tomada de consciência nacional dos russos somente aos fatores inte­
De qualquer forma, à medida que a guerra continuava, o partido lectuais. No estado atual de nossos conhecimentos, parece certo que
contra-revolucionário se reforçava na Inglaterra. Em 1799, o aconte­ apenas uma ínfima minoria da sociedade russa tenha sido informada
cimento toma um aspecto simbólico, o governo britânico podia, sem da Revolução que agitava a Europa Ocidental e principalmente que
oposição, suprimir as “sociedades de correspondência”. uma minoria, mais ínfima ainda, tenha pensado que um dia a Rússia
Aconteceu o mesmo nas Alemanhas. Trabalhos recentes mostra­ pudesse ser o teatro de agitações análogas. Realmente o Estado
ram que existia no Império dos Habsburgo um movimento liberal, Russo tirou proveito da Revolução. Foi porque a França estava ocu­
certamente revolucionário, que, se estava longe de ter a potência do pada no Ocidente e incapaz de intervir na Europa Ocidental que a
movimento revolucionário britânico, tinha pelo menos preocupado Rússia se expandiu na Polónia e deu um novo impulso à sua política
seriamente o governo austríaco e, dificultando a organização da luta mediterrânea.
contra a França, facilitara as vitórias desta. No Império Germânico, o A Espanha foi a inimiga da França de 1792 a 1795, depois sua
movimento revolucionário permaneceu limitado à Áustria e à Hun­ aliada de 1796 a 1799- A influência da França continuou sendo me­
gria? Os estudos publicados até o presente presumem principalmente díocre neste país. Sobre a Espanha de 1791 à 1799, é preciso recor­
as simpatias de alguns intelectuais alemães pela Revolução francesa." rer aos livros de Carlos Corona ' e de Richard Herr. *’ Richard Herr
Mas, a abolição dos direitos feudais, a venda dos bens do clero e mostrou porque as idéias revolucionárias exerceram, durante este pe­
dos emigrados na Renânia, não teriam provocado nos países vizinhos ríodo, tão pouca influência na Espanha: elas se chocaram com a pos­
— como na Boémia — movimentos visando satisfazer aspirações aná­ sante barreira levantada pela Inquisição e com a xenofobia natural do
logas entre os camponeses. É certo que as tendências revolucionárias povo espanhol. Entretanto, a muralha tinha fissuras, e muitos intelec­
foram dificultadas pelo início do romantismo, que era a negação do tuais foram seduzidos pelas novas idéias, havendo mesmo algumas
racionalismo e fazia a apologia do passado, especialmente da Idade tentativas de conspiração. Embora o livro de Herr fosse tão rico, ele
Média. H. Brunschwig descreveu brilhantemente a evolução das não foi, entretanto, definitivo.57 Sua pesquisa se baseou apenas em
idéias na Prússia, sob o impulso do romantismo.5' Suas afirmações alguns depósitos de arquivos e certamente ainda há muito a dizer
originais, às vezes mesmo paradoxais, não foram discutidas como sobre o comportamento da Espanha em relação à Revolução.
conviria, .certamente devido à época em que o livro foi publicado.
Mas, elas mereceriam um novo exame e a investigação poderia ser 6) A AMÉRICA
completada.
Da atitude da Rússia em relação à Revolução conhecemos princi­ Os Estados Unidos ocupam, entre 1792 e 1799, o primeiro lugar
palmente as manifestações exteriores, isto é, a ação diplomática de na América e o problema capital da história dos Estados Unidos é,
Catarina II e de Paulo I em relação à França revolucionária ou à então, o de suas relações com a França e com a Inglaterra. Esse pro­
Polónia inssurreta e considerada sem aliado. Mas, o que pensou a so­ blema foi recentemente abordado por três historiadores, Felix Gil-
ciedade russa^a respeito da Revolução? A obra do historiador russo bert, Alexandre de Conde e Louis Martin Sears. 5 A. de Conde mos­
M.N. Strange ' veio trazer novos esclarecimentos a este respeito. Se trou como, desde 1783, os Estados Unidos procuraram livrar-se das
bem entendido, as atitudes do poeta Raditchev, do príncipe Galit- estreitas ligações e das obrigações imperativas da aliança com a
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França (Entangling Alliance, expressão difícil de ser exatamente tra- ff lentamente a esta disputa e sua intervenção infeliz certamente refor­
duzida). O pouco proveito económico que esta aliança trazia aos Es- 1 çou a pequena maioria dos federalistas, que elegeram John Adams.
tados Unidos era, aliás, um excelente pretexto para se livrar da §| Desde então, os Estados Unidos tomaram claramente posição contra
França e renovar com a Inglaterra as relações comerciais interrompi- | a França.
das pela guerra. Mas, os princípios da Revolução na França deram I Mas, na França, como evoluía a opinião em relação aos Estados
motivos políticos aos adversários da aliança francesa, os “federalistar» Unidos? Ela merecia ser estudada.6 A questão X,Y,Z, que provocou
e os “hamiltonienses”. Estes conseguiram com a Inglaterra a conclu- • ruptura diplomática entre a França e os Estados Unidos e desenca­
são de um tratado/CÕnhecido por “tratado de Jay”. Foi o primeiro ? deou mesmo uma “quase-guerra”, é bem conhecida a partir dos estu­
tratado anglo-americano concluído depois da guerra da Independên­ dos de R. Guyot e de G. Lacour-Gayet.6 A. de Conde não traz
cia; também provocou nos Estados Unidos violentas manifestações,^ nada de novo a este respeito. Ele concluiu, todavia, que, durante o.
dirigidas ao mesmo tempo contra o governo federal e contra a Ingla- ,| período revolucionário, a política exterior dos Estados Unidos foi
terra. M. de Conde estuda com muito cuidado a situação da opinião a : constantemente favorável à Inglaterra, embora a opinião pública ti­
este respeito. E, evidentemente, um problema essencial. vesse sido, em sua maioria, hostil a uma aproximação com este país.
O tratado Jay desencadeou um golpe mortal à aliança francesa. !j Desse modo, a atitude do Diretório francês é melhor compreendida;
As relações franco-americanas deveriam evoluir desde então, indubi- | não era ilógico esperar que a opinião americana acabasse por apoiar a
tavelmente, num sentido desfavorável, mas esta evolução foi acen- ff política da França revolucionária contra um governo que não levava
tuada pela incapacidade de embaixadores mal escolhidos. Genêt, re- | em conta a vontade popular.
presentante da Convenção nos Estados Unidos, esforçou-se por lan- & A América Espanhola e Portuguesa, até a Independência dos Es­
çar o país na guerra contra a Inglaterra, ao lado da França: agindo tados Unidos, era considerada unanimemente na Europa como a
dessa forma; ele indispôs Washington, Hamilton e os “federalistas". j parte mais evoluída do continente americano. Nela se encontravam
A missão estranha desempenhada por Genêt já fora examinada por J as maiores universidades da América. Apesar da Inquisição, os livros
P. Mantoux6" e por Minnigerode,6 mas A. de Conde traz novos es­ europeus lá chegavam em grande quantidade. As revoluções ameri­
clarecimentos a este .respeito. No momento em que Genêt, por sua cana e francesa provocaram nas colónias espanholas e portuguesas
ação intempestiva, fazia com que muitos americanos se voltassem ; um abalo muito profundo, que até hoje foi apenas superficialmente
contra a França, em Paris, Governor Morris, em razão de suas liga- 7 estudado.
ções com aristocratas notórios, perdiam as simpatias dos revolucioná- | Há muitos esclarecimentos a fazer a respeito de numerosas revol­
rios. Ambos foram chamados de volta, mas seus sucessores, Tauchet, tas que eclodiram nas colónias espanholas e portuguesas da América,
depois Adet na Filadélfia, James Monroe em Paris, não foram mais | entre a Revolução dos Estados Unidos e a Revolução Francesa. Quais
hábeis e seus discursos, como seus atos, em lugar de consolidar uma teriam sido as causas, os fins reais da insurreição de Tiradentes ou de
aliança vacilante, lhes desencadearam golpes fatais. Ainda que pau Tupac-Amaru?67
cesse que a maioria do povo americano e a própria maioria do con- « São também pobres as informações existentes sobre as reper­
gresso fossem hostis ao tratado Jay, este foi ratificado, para surpresa cussões da Revolução da França nas colónias espanholas e portugue­
geral. Os Estados Unidos se aproximaram ainda mais da Inglaterra e sas. Existe, a este respeito, apenas um pequeno número de obras e
suspeitaram cada vez mais das intenções da França, que pensava re­ em geral são superficiais. Somente a ação de Miranda é muito bem
conquistar a Luisiana e o Canadá. A chegada de numerosos emigra­ conhecida.611
dos aos Estados Unidos, refugiados das Antilhas Francesas em re- j 7) OS ACONTECIMENTOS DO VERÃO DE 1799
volta, contribuiu certamente para orientar mais contra a França revo­
lucionária a política dos “federalistas” que nessa ocasião ocupavam o } Os acontecimentos decisivos do verão de 1799 foram a conse­
poder.62 Todavia, é uma questão que não foi esclarecida até o pre- '§ quência da situação mundial e, principalmente, da situação européia
sente: não teria sido por receio de uma revolta de seus escravos que g nesta época. A segunda coalizão, que se formara no fim do inverno,
muitos plantadores tomaram, então, partido contra a França? decidiu realmente provocar, tanto fora da França quanto na metró­
A eleição presidencial de 1766 foi, de qualquer forma, uma vi pole, uma série de insurreições populares que facilitariam os ataques
dadeira batalha, a favor ou contra a aliança francesa. Adet aderiu vio- ■ de seus exércitos.
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1 1
As insurreições populares antifrancesas constituem um amplo ção de um camponês: “Não queremos a República se tivermos que
manancial de pesquisas a serem feitas. Em que medida e por quem pagar como antes...” Rapidamente, os camponeses foram enquadra­
foram essas insurreições organizadas e coordenadas? Os documentos dos por aqueles nobres e burgueses que haviam permanecido hostis à
dos agentes secretos da Inglaterra poderiam proporcionar muitas in­ Revolução. A reconquista começou. Como escreveu Gaetano Cin­
formações a este respeito 0 e os próprios agentes que contribuíram gari, os bandos camponeses não estavam animados por um fanatismo
para a formação da coalizão e coordenaram as insurreições merece­ religioso ou antifrancês, mas somente pela atração da pilhagem, pela
riam biografias.71 hostilidade aos ricos que haviam tomado partido em favor da Repú­
Caso se ignore ainda como foram organizadas e sincronizadas, — blica e pelo obscuro desejo de voltar a uma espécie de idade de ouro
muitíssimo mal, aliás — as insurreições de 1799, ao contrário de al­ em que o povo fosse menos miserável.
gumas dessas revoltas, são muito mais conhecidas em seu mecanismo Na Itália Setentrional, algumas insurreições antifrancesas não
e na composição de suas tropas. Em relação a isto, o livro de Gaetano eram anti-republicanas e se a coalizão se aproveitou delas, estas não
Cingari, Giacobini e Sanfedististi in Calabria nel 1799 ' proporcionou foram organizadas pór ela. Essas foram as revoltas suscitadas pela so­
progressos decisivos em nossos conhecimentos. O autor mostrou que ciedade dos Raggi no Piemonte, na primavera de 1799.7'
a insurreição pudera se propagar facilmente na Calábria, devido à Outras insurreições eclodiram em 1799: elas não foram coorde­
situação económica e social da região: a antiga nobreza estava em nadas nem com as precedentes, nem com a ofensiva dos Aliados na
decadência, enquanto a burguesia se enriquecia à custa dos campone­ Holanda e na Suíça. Se a sublevação dos camponeses do Languedoc
ses, cuja proletarização progredia rapidamente e que não encontra­ foi objeto de inúmeras monografias,74 as insurreições que se produ-’
vam outra saída para sua miséria a não ser a pilhagem. ziram nas repúblicas Batava e Helvética são ainda pouco conhecidas e

As “luzes” haviam penetrado na nobreza e na burguesia; de 1790 as causas profundas, económicas e sociais de umas e outras não foram
a 1798, 493 pessoas pertencentes a essas classes sociais foram perse­ esclarecidas.
guidas por delito de opinião, participação de uma loja maçónica, ou ittl Iodas essas insurreições foram, aliás, reprimidas e a ofensiva dos
de um clube jacobino clandestino. Em 1799, quando os jornais anun­ Aliados foi repelida ou contida quando Bonaparte regressou à França
ciaram a proclamação da República em Nápoles e antes do apareci­ m e preparou, com Sieyès e alguns outros políticos, a mudança do re­
mento de algum soldado francês na maioria das localidades de Calá­ gime. Escreveu-se muito sobre o golpe de Estado de 18 brumário,
bria, burgueses e aristocratas esclarecidos se apossaram do poder, fi­ suas origens e suas causas.1’ Mas, a maioria dos autores se esforçou
zeram plantar árvores da liberdade, organizaram municipalidades re­ em lançar o descrédito sobre o Diretório e fazer a apologia de Bona­
volucionárias e guardas cívicas. Mas os revolucionários, uma vez no parte que tivera a coragem de mudar um regime “podre” — ou muito
poder, não pensaram realizar nenhuma reforma social; o destino, dos simplesmente, republicano. Por fim, Albert Ollivier76 dedicou-se
camponeses não mudou nada. Especialmente não se tratou da redis- mais que seus antecessores à análise da psicologia de Bonaparte. Al­
tribuição das terras. Nestas condições, foi fácil ao Cardeal Rufio,
vindo da Sicília, agrupar os camponeses insatisfeitos ou descontentes, Ff bert Ollivier, estudando os esboços de romances escritos pelo Gene­
ral em sua juventude, Le Masque Propbète, Clisson et Eugénie, mostra
contra os burgueses que eles detestavam há muito tempo, ou contra que o herói desses relatos hesitou incessantemente entre a glória e a
os nobres liberais que haviam tomado o poder. renúncia: assim foi Bonaparte. Entretanto, na preparação do 18
Deu-se na Calábria um fenômeno análogo ao que constatamos no brumário é indispensável levar em consideração a inclinação que
Oeste da França (p. 224). Aliás, é sintomático constatar que este an­ Bonaparte manifestava pelo poder, nos “proconsulados” que exerceu
tagonismo entre camponeses e burgueses, chegando até à guerra ci­ desde 1796 (na Cisalpina, no Egito) e a tendência manifestada pelo
vil, tenha sido esclarecido quase simultaneamente por historiadores íg
!» ! próprio Diretório, para governar através de “golpes de Estado”, não
que trabalhavam separadamente, cada um ignorando profundamente somente na França, mas principalmente nas “repúblicas irmãs”, onde
as pesquisas do outro: Paul Bois no Mans e Gaetano Cingari em % ele ordenou freqúentemente a seus generais e a seus comissários que
Messina. De qualquer forma, Ruffo teve a habilidade de compreen­ realizassem tais golpes e os habituou, dessa maneira, a usar da força
der a situação e de explorá-la, proclamando, desde seu desembarque contra o poder civil legalmente estabelecido.77
na Calábria, a abolição dos impostos mais impopulares. Também as Quanto aos motivos da acolhida favorável que teve o golpe de
massas componesas se reuniram a ele. E característica esta exclama­ Estado, Albert Ollivier os encontra, assim como seus antecessores, na
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situação “deplorável” da França por ocasião do 18 brumário. A situa­ 9 termidor, as recordações deixadas pelo Terror, o cansaço dos re­
ção seria tão má como freqúentemente se tem dito? A ordem estava publicanos tornaram-na pouco provável — finalmente, a ditadura mi­
restabelecida internamente, o inimigo repelido no exterior, o Diretó­ litar, que o próprio Diretório preparava sem perceber. Esta solução,
rio conseguira realizar uma importante obra legislativa e administra­ prevista por Robespierre desde o inverno de 1791-1792, era a mais
tiva que, se tivesse sido lealmente aplicada, teria feito com que o país provável. Quis o destino que esta ditadura coubesse, por sorte, a
voltasse rapidamente à calma e à prosperidade. Mas, seria possível Bonaparte, o general de maior prestígio e incontestavelmente o mais
estabelecer um governo republicano na França, em 1799? inteligente. Mas era também o mais ambicioso e o mais perigoso,
A. Mathiez e Georges Lefebvre, em suas diversas obras, assinala­ para a França e para a paz do mundo. Sob outros aspectos, ele deve­
ram justamente que republicanos, constituídos por uma pequena mi­ ria prolongar a Revolução por mais quinze anos e levá-la, através da
noria em 1792, continuavam sendo uma minoria em 1799- A repú­ Europa, até a Moscóvia, Dalmácia e Guadalquivir: são essas as gran­
blica só poderia viver, portanto, graças à ditadura. O Diretório desde des linhas que a pesquisa histórica deve deduzir da história do 18
o início tentara escapar à ditadura, mas errou em 1797, permitindo brumário.
que se operasse uma restauração realista. Também o “triunvirato’’
ditatorial, constituído por Barras, Reubell e La Révellière-Lépeaux, notas
se apoderara da ditadura a 18 frutidor do ano V (4 de setembro de ' Sobre o Condado, Chobaut, “Un Révolutionnaire Avignonnais, A. P. Peyre, A.H.R.F. ,
1797) e a conservou até junho de 1799, época em que foi derrubado 1931, PP 31-48 e 97-108 e Vaillandet, "La Mission de Maignet en Vauclause”, A.H.R.F., 1926,
por uma coalizão de Jacobinos e de generais descontentes. Esta coali­ pp. 168-178 e 240-243. Sobre Montbéliard, H. Hugon, em Franche-Comie et Monts Ju ra de 1923.
Sobre Porrentruy, J. Suratteau, “Un Commissaire du Directoire: F. A. Roussel”, A .H .R.F., 1957,
zão não poderia durar. Quem exerceria a ditadura? Os Jacobinos? pp. 316-339, assim como sua tese (n.° 640 b) e as obras mais antigas de G. Gauthebot, n.° 6 6 8 .
Mas, em 1794 haviam perdido o apoio que possuíam no país. Por­ Sobre o principado de Salm, Ch. Chapelier, na Semaine Religieuse de Saint-Dté, 1920. Sobre Mu-
lhouse, Meininger, Le Traité de Réunion de Mulhouse a la France, Mulhouse, 1910; Ch. Schmidt,
tanto, somente na falta de uma restauração realista seria possível uma Une Conquete Douanière, Mulhouse, Paris, 1912. Sobre Genebra, Chapuisat, n.° 669 e De la Ter-
ditadura militar. reur a 1’annexion, Genebra, 1913; La Suisse et la Révolution Française, Genebra, 1945 e Barbey,
Desportes et l’Annexion de Genebe a la France, Paris, 1910.
Não se pode negar que a ditadura militar tenha parecido a muitos
2 Ver os artigos de F. Vermale, nos A.H.R.F. e do mesmo autor, La Révolution en Savoie,
republicanos uma boa solução. Para compreendê-la é preciso estudar Chambery, 1926, assim como F. Avezou, Annecy, 1937; o estudo de J. Nicolas (n.° 241 a), e
a evolução da mentalidade do exército, ou, pelo menos, dos oficiais. Cónego Gros, La Maurieene pendant la Révolution, 1947. Sobre o Condado de Nice, J. Combet, n.°
Muitos destes haviam começado como voluntários, em 1791, 1792 e 243 e La Révolution a Nice (1912).
1793, para defender a Revolução e a República. Estavam convenci­ 1 N.os 270, 271, 6 6 6 , 667, 667 a, a serem completados por S. Tassier-Charlier, “Les Sociétés
des Amis de la Liberté et de 1’égalité en Belgique” (A.H.R.F., 1933, 307-316) e “La technique des
dos de que tinham o monopólio do espírito republicano. Julgavam révolutions nationales et le duel Cornet de Grez-Verlooy , in Mtscellanea l.Van dex Essen, Bruxe­
t.er o direito de intervir, mesmo pelas armas, a fim de expulsar os las, 1947, pp. 901-913, e também F. Leleux, Anvers et la Première Occupation Française par les Armées
Révolutionnaires, Liege, 1960.
bisbilhoteiros que punham a perder o regime. As cartas desses ofi­ Ver L. Leclére, “L’Esprit Public en Belgique de 1795 a 1800” R.H.M., 1940, pp. 32-43 e
ciais mostram este estado de espírito. Desse modo, o general Dupuy, “Decadaire resp. Maandelijkse rapporten van de Commissarissen van het Directoire Executif in
filho de um padeiro de Toulouse, ardente democrata; escreveu a um het Department van de Nedermaas, 1797-180C” (em francês), em Anciens pays et Assemblées d’Etat.
Etudes Publiées par la Section Belge de la Commission Internationale pour 1’Histoire des Pays d’Etat, t. X,
de seus amigos durante o verão de 1797: “Vamos, meu amigo, queira Louvaina, 1955- Ver também o n.° 272 a.
o ceu que possamos vos dar a mão, e, quanto a mim, desejaria que Th. Vandebeeck e J. Grauwels, De Boerenkrijg inf het departement van de Nedermaas, Lou­
não estivesse só, mas com o exército”. E, alguns meses mais tarde, vaina, 1961 (Anciens Pays et Assemblées d'Etats, t. X X III), n.° 667 b.
queixou-se de que seus eleitores não tivessem escolhido mais milita­ 6A .H .R .F., 1935, pp. 364-365.
res para deputados, porque apenas estes seriam capazes de chamar à Ver os estudos recentes de R. Devleeshouwer (667 a), R. Darquanne (667 c) e J. Cathelin
razão os grandes faladores ignorantes” que governavam a França. O (667 d).
exército estava persuadido de que conservara a pura doutrina repu­ Gand, 1954.
Foram realizados alguns trabalhos sobre a venda dos bens nacionais. Ver I. Delatte, La
blicana e que, somente ele, poderia salvar a República.78 Vente des Biens Nationaux en Belgique”, R.H.M ., 1940, pp. 44-51. Anexar: Jan Lambert, Inbes-
Portanto, em 1799 havia para a França, apenas três soluções: a lagnane en Verkoop van de Nationale Goederen” (no departamento de Escaut), Bijdragen tot de
restauração monárquica — porém o fracasso das tentativas contra- Geschiedenis van het Blatteland in Vlaanderen, II, Gent, 1960, ver também o n.° 272 a.
revolucionárias não o permitiu — uma nova ditadura jacobina — 10 Ver os n.°' 231 e 232, assim como, para cada uma das colónias, as obras mais detalhadas do
general Nemours (Histoire Milttaire de la Guerra d’Independence de Saint-Domingue, 2 vols., 1929) a
mas, a destruição dos “sans-culottes” e dos quadros jacobinos desde
— '258 —
francês (Les Français en Italie, Paris, 1961) está desatualizado em relação à pesquisa histórica atual,
e essencialmente anedótico.

mm&ÊMIiP l
France,de 1789 a 1w T f t ! ! w 4 ) “ '* Rév° lutÍon F™ ^ ' - ' « Representam* d e T c ^ '
* N.° 674.
:7 N.° 673.
■>u
Struttura-Sociale e Realtà Política nel Progetto Constituzionale dei Giacobini Piemontesi”,
em Società, 1949, pp. 436-475. Sobre a imprensa, ver a obra recente de R. de Felice, citado na
p. 287.
* ~ H)
Consultar os n.°' 675 e 676. Estas duas obras tratam de quase todas as questões políticas e
í ^ X P ^ , dr953ntDOmmgUe " *a RéV° lut,0n"' * C/,i A W « * /7fi9_
institucionais. C. Zaghi termina uma obra de conjunto sobre a República Cisalpina. Para mais
precisões, poderemos nos dirigir a três importantes artigos de Baldo Perón (“La Passione delfln-
dependenza nella Lombardia Occupata dei Francesi, 1796-1797”, N .R.S., 1931; “La Societá Popo-
lare di Milano, 1796-1799”, R.S.J., 1954, pp. 511-517; “II Colpo di Stato deli Ambasciatore
14 234’ Trouvé nella Repubblica Cisalpina”, Miscellaneo Cessi, 1959).
K)
Poderemos ler a este respeito um artigo de C. de Langasco, “Un Esperimento di Política
Giansenista? La Repubblica Ligura, 1797-1800”, in Nuove Richerche Storiche sul Ciansenismo (Roma,
•p». « - 5 6 , ,„ b „ ,„ „ io ........................... £ £ £ “ ( * 1954, pp. 211-229), o estudo de M. B. Hill, “Les Preliminaires de ia Constitution Ligurienne de
1798” (A.H.R.F., 1958, pp. 51-57), e o livro de R. Boudard, Génes et la France dans la Deuxième
N.° 2 7 3 . Mi.itie du XVIII *7siècle. Paris, 1962.
Firenze, 1956.
32
Os países da “terra firme” — que deveriam ser anexados à República Cisalpina — foram
estudados por R. Fasanari, Cli Albori del Risorgimento a Verona, 1785-1801, Verona, 1950, e A.
Frugoni, Breve Storia delia Repubblica Bresciana (1797), Brescia, 1947.
33
Do primeiro citamos: “La Crisi Economica e Sociale a Bologna nel 1796”, em At ti e Memo-
rie delia Deputazione di Storia Patria per la Provinda di Romagna , 1953, nuova seria, III, 83 p.; “La
Crisi Economica e Sociale a Bologna e le Prime Venditedei Beni Ecclesiastici, 1797-1800”, ib id .,
2r&í*5/a - X W l ^ ^ L 1928^ DT /apfiem ”' E~ 1 “ * 1953-1954, 43 pp.; “La Vendita dei Beni Ecclesiastici a Bologna e nelle Romagne, 1797-1815”,
favorável à autonor 0 ^ 0 ^e^ãt^na R ”nâniâ^mes^í^,lV 99rA2 mak!r;,,S^rOU'^n*0* ^ ^ ^ u^ ibid., 1956-1957, pp. 247-328. La Proprietà Terriera e le Origini del Risorgimento nel Bolognese, t. 1,
rança, garantia das novas jj™ ’ sendo esta considérad^Tnt^ssJvd, era 1789-1804, Bologna, 1961 e o n.° 675 a. Do segundo: Prime Ricerche Sulla Distribuzione delia
'* !? * ' ^ ' d° qUe ° ret0rn° 30 Santo-Império, ^ e M c e r ^ o Am° o Proprietà Fondiaria nella Rianura Bolognese, 1789-1813 , Bolonha, 1957.
N.° 677 e La Crisi del Potere Temporale alia Fine del Settecento e la Parentesi Costituzionale del
1798-1799 (Bologna, 1954, Premessa al l.° volume delle Assemblee delia Republica Romana) Con­
4 ^ RbeÍnlandtS im Ze,taU'rd e rf ™ ™ » ‘h'n Revolution , 1780-/80/ ,. sultar também o n.° 677a.
35

S c í S r r ' ***»■• 36
La Vendita dei Beni Nazionali nella Repubblica Romana. Roma, 1960.
N.° 678.
Nós o completaremos por Lucarelli, La Puglianel Risorgimento, Trani, 1948; Ruggiero Ro­
mano, “Vincenzio Russo egli estremisti delia Repubblica napoletana del 1799”, em Atti delPAcca-
demia Nazionale dei Scienzi Morali e Politici di N apoli, 1952-1953, t.65, pp. 67-128; Helmut Goetz,
“I Membri francesi del Governo Provisorio delia Repubblica Napoletana del 1799”, em Quellen
und Forschungen ausltalianischen Archiven und Bibliotheken, e 39, pp. 277-325, e 40. Os proble­
mas sociais foram abordados, mas não resolvidos, por N. Rodolico, II Popolo Agli Inizi del Risorgi­
mento nel?Italia Meridionale , 1798-1801 (Florença, 1925). Ver também o n.° 678 a. 4
““Er™v:'“ rsr**™ a—- 38 r
Esta, muito interessante, foi estudada principalmente por G. Vaccarino, n.° 679 e em vá­
rios artigos: “Crisi Giacobina e Cospirazione Antifrancese nelTanno VII in Piemonte”, in Occidente,
, “ »•*»■ »» - * » «. " L a 1952; “Annessionismo e Autonomia nel Piemonte Giacobino dopo Marengo”, in Studi in Memória
di Gino Solari, 1953. Consulte-se também o estudo de R. Nouat sobre fcerise, “Un Giacobino
Piemontese”, in Itinerari, 1956, pp. 281-310.
39 .
O melhor estudo sobre esta república é o que foi redigido põt A. Rufer, n.° 283. Uma
grande quantidade de documentos foi publicada (ver p. 29). Recentèmente surgiram também estu­
dos regionais; sobre o cantão de Berna, o estudo muito tradicional è bastante favorável ao Antigo
Regime, de Richard Feller, Geschichte B em s, t. IV: Der Untirgang des alten B em s, 1798-1799,
Berna, 1960; sobre o cantão deZurique,o de Wolfang von wartburg,n.° 509; sobre o Vaiais, o de
Michel Salamin, Histoire Politique du Vaiais sous la Rèpubiique Helvétique, 1798-1802, Sierre, 1957.
Já foram abordados por mim em meu trabalho Commissaires aux Armées, n.° 656.
“ ‘^ « * * £ g í £ á Os problemas relativos ao desenvolvimento do ensino foram entretanto vistos através de
— 260 —
Pestalozzi (A. Rufer, Pestalozzi, die Franzòsische Rêvolution und die Helvetik, Berna 1928' E We
namericano de H istória, Madri, 1953, “Causas y Caracteres de la Independência Hispanoameri-
ber, Pestalozzi der Revolutionàre P atn ot, Zurique, 1946; M Bachlin, Pestalozzi ais Social Revolutiã
nare^ Zurique, 1946). ” ” Madri, Í9 5 3 e os estudos de R. Konetzke, “La Condicion legal de los Crioilos y las Causas
j . la "independencia”, nos Estúdios Americanos, 1950, pp. 31-54; assim como o de B. Lewin, Lar
C. C e s tr e jo h n Thelwall, Paris, 1906. Wovimientos de Emancipacion en Hispano America y la Independencia de America, Washington, 1955.
4.1
Steven Watson, n.° 265. Ver os n” 689a e 689b.
44
Steven Watson, n.° 265, p. 361. 68 Razão pela qual os documentos deste general foram objeto de uma monumental publica­
45 rão: Archivo del General M iranda, Caracas, 1929-1933, 15 vols. Esses documentos começaram a
G. E. Manwaring e B. Dobrée, The Floating Republic. Londres, 1935. l explorados, especialmente por C. Parra-Perez, Miranda e Mme. de Custine (Paris, 1950) e por J.
46
Steven Watson, n.° 265, p. 387. F Thorning M iranda: World C itizen , University o f Florida Press, Gainesville, 1952. Afora essas
47
„kras citamos ainda: E. Clavery, Trois Precurseurs de 1’lndépendence des Colonies Sud-Amencames:
Para todas estas questões, consultem-se as obras de S. L. Gwynn, Henry Grattan and his Miranda, 1765-1816; N arino, 1766-1823; Espejo, 1745-1795 (Paris, 1923); R. Caillet-Bois, En-
lim es (Londres, 1939) e pnncipalmente de R. B. Mcdowell, b ish Public Opinton 1750-180(1
(Londres, 1944). w sayo sobre el Rio de la Plata y la Revolucion Francesa (Buenos Aires, 1929) e o pequeno ensaio de H.
48 Barbagelata, La Rêvolution Française et 1'Amérique Latine (Paris, 1936).
Ver a grande obra de H. Desbrières, Projels et Tentatives de Debarquement aux í/es Britann, 69 Os documentos publicados por H. Huffer (Diplomatische Verhandlungen aus der Zeit der
clrd iff 1 9 5 0 ’ 19 0 0 6 ma'S recentemente E H Stuart Jones, The Last Im asion o f B ritain. franzõsischen Rêvolution, t. II: Der Rastatter Congrews und die Zweite Coalition, Bonn, 1879) e por
49 Pallain Le Ministere de Talleyrand sous le Directoire, Paris, foram amplamente utilizados por R.
N.° 259. Guyot, n.° 655. Poderemos completar esta obra pelo estudo já citado de Cario Zaghi, n. 661.
50
N.°' 277 e 279. 70 Os que foram publicados pela Historical Commission (Report on lhe Manuscripts of). B F°rtes-
5 I
cue esq. preserved at Dropmore, mais conhecidos sob a abreviação de Dropmore papers, t. IV e V,
Paris ! 9 4 7C m f Je L E,at Prussie" * la F,n du X V II,e W f “ l“ Genèse de la Mentalite Romantique. Londres, 1905-1906) não foram ainda utilizados como seria conveniente.
52
__^ M. N. Strange, n.° 317. 71 Apenas o general de Stamford foi estudado pelo comandante M. H. Weiil (Un Agenl ln-
connu de la Coalition: o General de Stamford. d'Après sa correspondance Inêdtle. Paris, 1920). As
M N ational Consciousness in Eighteenth Century Rússia. Harvard University Press, 1960. pesquisas realizadas para identificar Vannelet, um correspondente do Conde d'Antraigues, cujas
G. Berti mostrou como a Rússia, aproveitando-se da Revolução, desenvolveu suas ligações cartas eram enviadas aos governos austríaco e napolitano, continuam sem resultados até o presente
com os Estados Italianos (Rússia e stati italiani nel Risorgimento. Torino, 1957), o que permitiu a (ver^J. Godechot, n.° 106, pp. 186-215). Ver também os n."' 646a e 646b.
Paulo fazer-se proclamar, em 1798, embora não católico, grande mestre da ordem de Malta Messina, 1957.
depois, graças a uma paradoxal aliança com a Turquia, de apoderar-se, em 1799, das Ilhas Jónicas e
7 3 Ver a este respeito Giorgio Vaccarino “Crisi Giacobina e Cospirazione Antifrancese
desenvolver desse modo, a influência russa na Grécia e nos Bálcãs (consultar a este respeito Bons
nelFAnno VII in Piemonte”, no Ocidente, 1955; e n.° 678, G. Vaccarino mostrou que os revolta­
Mouravieff, L Alliance Russo-Turco au Milieu des Guerres Napo/éoniennes, Neuchâtel, 1954.)
dos pretendiam criar uma república piemontesa e alguns, entre eles, desejavam mesmo criar uma
N .° 302.
56 * república italiana que irouxesse reformas sociais inspiradas nas idéias de Babeuf e de Buonarroti.
N .° 303. As memórias de Bongiovanni, um dos insurretos, publicadas por G. Vaccarino, confirmam ainda
57
mais esta interpretação (Felice Bongioanni, Mémoires duhjacobin (1799), Turim, 1758).
Consultar a obra mais recente de M. Artola, n.° 304.
Joseph Lacoutre, Le Mouvement Royaliste dans le Sud-Ouest, Hossegor, 1932, T. dc Hansy,
Felix Gilberto, To the Farewell Address, Ideas o f Early American Foreign Policy, Princeton Conlribution à l’Histoire de l’Insurrection de Thermidor an VII dans l'Ariege, Foix, 1936.
University Press, 1961, A. de Conde, n.° 493; L. M. Sears, n.° 574.
75 A. Vandal, n.° 697; Bainville, n.° 698; A. Meynier, Les Coups d’Etat du Directoire, t. III: Le
Consultar a_ este respeito, o artigo de Beatrice Hyslop, '‘The American Press and the
irench Rêvolution , nas Transactrons o f the American Philosophical Society. 1960, n.° I, pp. 54-85. 18 brumaire, Paris, 1928.

“Le Comité de Salut Public et Ia Mission de Genêt aux-Etats-Unis”, na R.H.M. 76 N.° 699
5-35. 1909, pp.
Consultar minha Grande N ation , n.° 31, t. II, cap. X III, pp. 451-477.
6I
, M ftrson . Friend o f France. The Career o f Ed. Ch. Genêt. Nova York, Londres, 1928. 78 Le General Dupuy et sa Correspondance, edição crítica de Cl. Petitfrère, Paris, 1962 (Biblio-
teca de História Revolucionária).
,, , f 7° ? ^ SU'ta,de eXCelf " f „ obra de Miss Frances Chllds. french Refugee Life in the Umted
òtates, 1 /9 0 -1 8 0 0 , Baltimore, 1940.
6.1
E. W. Lyon, em seu artigo “The Directory and the United States", (A.H.R 1938)
limitou-se a examinar a política governamental.
N.° 655.
65
Talleyrand. t. 1, Paris, 1928. Sobre a “quase guerra” ver Ulane Bonnel, La France Les
Etats-Unis et !a Guerre de Course (1797-1815), Paris, 1961.
,, ,. umf bibliografia sobre esta questão no livro Handbook o f Latm American
Studies, 1934-1958, 21 vols., e em R. A. Humphreys, “The Historiography o f the Spanish Ameri-
’ ln X Congresso Intemazionale d i Scienze Storiche, Roma, 1955; Relazioni, t 1 pp
x u j / 0'™ 3 ’ J .? 55)- Entre as sínteses rápidas, uma das melhores é a que foi escrita por
Richard Konetzre, “Die Rêvolution und die,Unabhàngigkeitskámpfe in Latein Amerika” na Misto-
ria M undi, t. IX , n.° 39.
67
Poderemos consultar, a este respeito, as comunicações apresentadas no Congresso Hispa-

262
263 —
Conclusão Geral
A Revolução tal qual acabamos de mostrar não se apresenta
mais, parece-nos, como uma série de agitações políticas e sociais
ocorridas na França e secundariamente em território de seus vizinhos
imediatos, na última década do século X V III.
A Revolução foi um esforço gigantesco dos habitantes do hemis­
fério ocidental para apressar a liberação do homem, a fim de que ele
pudesse desfrutar mais “felicidade” sobre a terra. Não foi em vão que
Saint-Just pronunciou as célebres palavras: “A felicidade é uma idéia
nova na Europa”.
O homem libertou-se, antes de tudo, das opressões da natureza.
Há séculos ele cultivava as mesmas plantas, e estava submisso às
mesmas eventualidades da produção. Caso uma má colheita sobre­
viesse, seria uma catástrofe. Em consequência advinha a miséria, fre-
qúentemente a fome, acompanhadas de uma elevada mortalidade. A
introdução de plantas novas na Europa, a maioria delas importadas da
América, a modificação dos processos de cultura, permitiram ao
homem diminuir as más colheitas, praticamente suprimir a fome e
reduzir a gravidade dos períodos de miséria. São esses os elementos
da “revolução agrícola”. Esta revolução desencadeou uma outra, a
“revolução demográfica”. A população do mundo ocidental começou
a crescer rapidamente, tão rapidamente mesmo, que o homem julgou
necessário dominar este crescimento, dirigi-lo, “planificá-lo”, como
diríamos atualmente, através do controle da natalidade, como se ob­
serva em várias regiões do Ocidente no decorrer do século X V III.
Ao mesmo tempo, como já o havia assinalado Barnave, a posse
da terra deixou de ser a fonte principal de riqueza. O desenvolvi­
mento do comércio marítimo, resultante das descobertas do século
X V I, teve como consequência a formação de burguesias ricas e po­
derosas na Inglaterra, nos Países-Baixos, na França, em certas provín­
cias da Alemanha e da Itália. Foi a revolução económica que desen-
— 26Ó -
cadeou o aparecimento do capitalismo comercial e- liberou algumas 1750 que começou a aparecer a Encyclopédie. Em todo caso, e certo
categorias sociais do domínio dos grandes proprietários rurais. ue a data de 1799 pouco significa neste movimento revolucionário.
Estas agitações causaram reflexões: o homem se libertava dos ve­ E uma “peripécia” que talvez tivesse prolongado o movimento modi­
lhos conceitos, das antigas formas de pensamento. E a revolução inte­ ficando um pouco seu aspecto, mas que, contrariamente à afirmaçao
lectual, caracterizada pela expansão das “luzes”, o êxito dos filósofos rle Bonaparte, não “encerrou” a Revolução. A Revolução continua.
e de seus livros. Revolução científica também: o homem se esforça Nas primeiras décadas do século X IX ela atingirá regiões e domínios
por ampliar os domínios nos quais pode dominar a natureza. Ele de­ que, antes de 1800, ainda tinham sido preservados.
seja reduzir o esforço realizado por seus semelhantes e procura subs­
tituir o trabalho humano pela máquina. Os princípios da Revolução
industrial aparecem principalmente na Inglaterra, mas também na
França, na Alemanha e nos Países-Baixos, por volta de 1750.
Diante desses progressos por que não poderia o homem
libertar-se da tirania? Os “filósofos” exaltavam a liberdade. A busca
desta liberdade foi o objetivo da revolução política. Mas não poderia
também se libertar da dominação dos ricos, estabelecendo para isso a
igualdade? Alguns “filósofos” pensavam nisso. As primeiras tentati­
vas de revolução social tiveram lugar entre 1770 e 1799-
A revolução foi, portanto, total. Atingiu todos os domínios da
atividade humana. E difícil e talvez temerário estabelecer entre essas
diversas formas de revoluções uma ordem de prioridade ou uma hie­
rarquia. Todàs tiveram repercussões umas sobre as outras. Entre­
tanto, parece certo que a revolução agrícola tenha dado ocasião à
revolução demográfica e que esta por sua vez tenha desencadeado
um novo desenvolvimento da revolução agrícola. Da mesma forma, a
revolução económica e o desenvolvimento da burguesia capitalista,
tiveram como consequência a revolução política e também a revolu­
ção industrial. Ambas provocaram um desenvolvimento mais acen­
tuado do capitalismo. Quanto à revolução social, estava apenas se
iniciando. A revolução do Ocidente, no século X V III, caracterizou-
se nesse âmbito pela abolição legal do regime “feudal”, cujos únicos
vestígios subsistiam através de uma tentativa tímida e restrita de
redistribuição de terras e de algumas antecipações socialistas.
Quando se pensa no número de domínios atingidos pela revolu­
ção ocidental em sua amplitude, torna-se evidentemente quase pueril
assinalar fronteiras precisas no tempo e no espaço. As regiões mais
atingidas foram evidentemente os Estados Unidos, a França, os

Países-Baixos, a Grã-Bretanha, a Alemanha Ocidental, a Suíça e a


Itália. Mas a influência da Revolução se faz sentir, mesmo durante o
período de que nos ocupamos, muito além, atingindo os confins da
Rússia e do Império Otomano através do Leste, até à América Latina
pelo Oeste e Sudoeste. Começamos nosso estudo por volta de 1770.
Mas a reviravolta da conjuntura económica data de 1730, e é em
— 266 - — 267
* ■
terceira parte

OS MEIOS DE PESQUISA:
FONTES E BIBLIOGRAFIA
capítulo 1

Os Guias e a OrganÍ2 ação


do Trabalho
A c o n c e p ç ã o q u e g e r a l m e n t e t e m p r e v a l e c i d o a té h o je , n o q u e s e r e f e r e à h is tó r ia
d a R e v o l u ç ã o , t e v e c o m o c o n s e q u ê n c i a q u e o p r in c ip a l g u ia d e p e sq u is a s s o b r e e s t e
p e r í o d o c o n s a g r o u - s e u n i c a m e n t e à h i s t ó r ia d a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a . T r a t a - s e d a o b r a
d e P i e r r e C a r o n . Manuel Pratique Pour Vétude de la Révolution Française. U ti liz a r e m o s
a n o v a e d i ç ã o in t e i r a m e n t e a tu a liz a d a e m 1 9 4 7 (P a r i s , P ic a r d , 3 2 4 p p ., in -8 . ° ) , m a s q u e
n e c e s s i t a r i a d e u m a n o v a r e f o r m u l a ç ã o . É b a s ta n te la stim á v e l q u e n ã o h a ja u m Manual
s e m e l h a n t e , d e c a r á t e r u n iv e r s a l, c o n s a g r a d o a o p è r í o d o re v o lu c io n á rio n o m u n d o .

P a r a e s t u d a r a R e v o l u ç ã o t o r a d a F r a n ç a , é p r e c i s o r e c o r r e r a g u ia s n a c io n a is r e l a ­
tiv o s a c a d a país. E m g e r a l , n o c a s o d e s t e s g u ia s n ã o te r e m s id o e s ta b e l e c i d o s s o b o
p o n t o d e v ista d a h i s t ó r ia d a R e v o l u ç ã o , e l e s ti v e r a m c o m o o b j e t i v o p rin cip a l q u a lq u e r
o u t r o a c o n t e c i m e n t o d a h i s t ó r ia d a n a ç ã o d e q u e s e o c u p a m . N e m a C o m is s ã o I n t e r ­
n a c io n a l d e C o o p e r a ç ã o I n t e l e c t u a l , e n t r e 1 9 2 0 e 1 9 3 9 , n e m a U N E S C O , d e s d e 1 9 4 5 ,
se p r e o c u p a r a m e m c r i a r u m o r g a n i s m o in te r n a c io n a l d e e s tu d o s . E n t r e t a n t o , n ã o fa l­
ta m c o m i s s õ e s in te r n a c io n a is , m a s e la s ti v e r a m q u e s t õ e s m e n o s c la r a m e n te d e lim ita d a s
c o m o s e u o b j e t o d e p e s q u is a . A s s im t e m o s a C o m i s s ã o In te r n a c io n a l d e H i s t ó r i a d o s
M o v i m e n t o s S o c ia is e d a s E s t r u t u r a s S o c i a is c u j a a ç ã o u ltra p a ssa a h is tó r ia d a R e v o l u ­
ç ã o , c o m o a d e f in im o s n o n o s s o p r e f á c i o . E m 1 9 3 6 , f u n d a ra -se c o n v e n i e n t e m e n t e u m
Institut International d'Histoire de la Révolution Française. M a s su a a tiv id a d e fo i p e ­
q u e n a e e l e d e s a p a r e c e u p o r o c a s i ã o d o in íc io d a S e g u n d a G u e r r a M u n d ia l.

A) NA FRANÇA

F o i a F r a n ç a o p aís q u e d e u as m a i o r e s c o n t r i b u i ç õ e s . M a s fo i um e s f o r ç o d e s o r ­
.1
d e n a d o . N a v e r d a d e , as r iv a lid a d e s q u e p e r tu r b a r a m o s h o m e n s n a é p o c a d a R e v o l u ­
ç ã o p e r p e t u a r a m - s e e n t r e s e u s h i s t o r i a d o r e s . C a d a p a rtid o q u is t e r su a o r g a n iz a ç ã o d e
p e s q u is a . O p r ó p r i o E s t a d o n ã o s o u b e i m p o r s u a a u to r id a d e às d i f e r e n t e s a d m in is tr a ­
ç õ e s e o s o r g a n is m o s s e m u l t ip l ic a r a m , e n t r a n d o f r e q u e n t e m e n t e e m c o n c o r r ê n c i a .
A liá s , m u i t o s d e s s e s o r g a n i s m o s d e s a p a r e c e r a m e , a tu a lm e n te , te n d e -s e à u n if ic a ç ã o da
p e s q u is a . T a lv e z s e j a ú til c o n h e c e r o s a n tig o s c e n t r o s de e s t u d o , a fim d e p o d e r se
o r i e n t a r e n t r e as n u m e r o s a s c o l e ç õ e s q u e e le s p u b lic a ra m ; n ã o p o d e m o s m e n c io n á -la s
a q u i, m a s o l e i t o r e n c o n t r a r á i n f o r m a ç õ e s a s e u r e s p e i t o no Manuel, d e P ie rre C a ro n .

271
A tu a lm e n te , n a F r a n ç a , t o d a p e s q u is a , d e u m a m a n e i r a g e r a l , é d irig id a p e l o Centre Revolução ou alguns d e seus aspectos. A Societé des Etudes Robespierristes é a ú n ic a q u e
National de la Recherche Scientifique. M a s , a h i s t ó r ia d a R e v o l u ç ã o é a p e n a s u m a p a r c e la c o n tin u a a in d a e m a tiv id a d e . F u n d a d a e m 1 9 0 7 p o r A l b e r t M a th ie z e C h a r le s V e lla y ,
d e sd e o in íc io i n t e r e s s o u - s e n ã o s o m e n t e p o r R o b e s p i e r r e , m as p o r to d a h i s t ó r ia d a
ín fim a e m s e u im e n s o c a m p o d e a ç ã o .
R e v o l u ç ã o . E la p u b lic a u m a r e v is ta q u e t e v e in ic ia lm e n t e o n o m e d e Annales Révolu-
E n tr e ta n t o , u m o r g a n is m o m u it o m a is a n tig o q u e o C . N . R . S . , s e m s e r e s p e c ia li­
z a d o n a h is tó r ia d a R e v o l u ç ã o , d irig iu e p u b l ic o u n u m e r o s o s tr a b a lh o s s o b r e e s ta
tionnaires ( 1 9 0 8 - 1 9 2 3 ) , d e p o is Annales Historiques de la Révolution Française . E s t a
re v ista , q u e é p u b lic a d a r e g u l a r m e n t e e m f a s c íc u l o s tr im è s t r a i s , é a ú n ic a n o m u n d o
é p o c a . É o Comité des Travaux Historiques et Scientifiques, d o M in is té r io d e E d u c a ç ã o
a tu a lm e n te e s p e c ia li z a d a n o e s tu d o d a R e v o l u ç ã o . D e p o i s d a m o r t e d e G e o r g e s L e ­
N a c io n a l. E s t e C o m ité h e r d o u , e m 1 8 8 6 , as a t r i b u i ç õ e s d e u m a Commission chargêe de
fe b v re ( 1 9 5 9 ) , f o i d irig id a p o r J a c q u e s G o d e c h o t , E r n e s t L a b r o u s s e , M a r e e i R e in h a r d
Préparer la Publication des Documents Relati/s à l’Histoire de 1’lnstruction Publique Pen-
dant la Période de 1789 à 1808 e q u e n ã o h a v ia f e i t o n a d a , m a s e s t a h e r a n ç a lh e d e u e A lb e r t S o b o u l.
A S o c i e d a d e d e e s t u d o s r o b e s p i e r r is ta s t a m b é m p u b l ic o u u m a Bibliothèque d'His-
c o m p e tê n c i a e m r e la ç ã o a o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io . D e s d e 1 9 1 2 , a s e c ç ã o d e h is tó r ia
toire Révolutionnaire, c o n t a n d o c o m 3 8 v o lu m e s e e d i t o u as Oeuvres Completes de Robes­
m o d e r n a (d e s d e 1 7 1 5 ) e d e h i s t ó r i a c o n t e m p o r â n e a , d e s t e C o m i t é , s e o c u p a da
pierre, c o m o a u x ílio d o C .N .R . S . e d a V I s e c ç ã o d a E s c o la d e A lt o s E s tu d o s ( 1 0
R e v o l u ç ã o . D irig iu o u c o n t r o l o u a p u b lic a ç ã o d e m a is d e 7 0 v o l u m e s d e e s t u d o s o u d e
d o c u m e n to s , o s q u a is s e r ã o m e n c io n a d o s m a is a d i a n t e , n e s t a o b r a c o m a in d ic a ç ã o : v o ls.).
N a F r a n ç a e n o e s t r a n g e i r o , a s s o c i a ç õ e s h i s t ó r ic a s , c u j o c a m p o d e a ç ã o é , e m g e r a l,
Comité des Travaux Historiques... A m a is c o n h e c i d a d e s ta s p u b l ic a ç õ e s é o c é l e b r e Re-
m u ito m a is a m p lo q u e a é p o c a r e v o lu c io n á r ia , p o d e m o c u p a r - s e o c a s io n a lm e n te d e s t e
cueil des Actes du Comité de Salut Public, Avec la Correspondance Officielle des Représen-
p e río d o . C ita m o s e s p e c i a l m e n t e a Societé d’Histoire Modeme, c r i a d a e m 1 9 0 1 . E l a e d i ­
tants en Mission et le Registre du Conseil Exécutif provisoire ( 2 8 v o ls . i n - 4 .° , m a is 3 v o ls .
to u d e -.1 9 2 6 a 1 9 3 9 a Revue d’Histoire Modeme e , d e s d e 1 9 5 4 , a Revue d’Histoire Mo-
d e ín d ic e s e 1 v o l. d e s u p l e m e n t o ) , q u e o r i e n t o u A . A u la r d e c u j o s d o is ú ltim o s
v o lu m e s f o r a m p u b lic a d o s g r a ç a s à d i lig ê n c i a ;d e P . M a u t o u c h e t e , e m s e g u id a , d e
derne et Contemporaine.
G e o rg e s L efeb v re.
B) NOS ESTADOS UNIDOS
O Comité des Travaux Historiques o r g a n iz a , t a m b é m , o s C o n g r e s s o s d e S o c i e d a d e s
E r u d ita s , q u e d e s d e 1 9 4 7 r e c o m e ç a r a m s u a s s e s s õ e s a n u a is. A s c o m u n i c a ç õ e s s ã o p u ­
b lica d a s n o Bulletin q u e a p a r e c e d e s d e 1 8 8 2 .
O f a to d e t e r e m o s E s t a d o s U n i d o s , e n q u a n to E s t a d o , s e o r ig i n a d o d a R e v o l u ç ã o ,'
n a tu r a lm e n te im p u ls io n a r a m as a s s o c i a ç õ e s h i s t ó r ic a s a m e ric a n a s a e s tu d a r p a r ti c u la r -
J e a n J a u r è s c r i o u , c o m o o d is s e m o s , ju n to a o Comité des Travaux Historiques. u m a
m e n te a é p o c a r e v o l u c i o n á r i a .3 A m a is im p o r t a n t e d e s s a s a s s o c i a ç õ e s é a American
Commission Chargée de Rechercher et de Publier les Documents d'Archives Relatifs à la Vie
Historical Association, q u e p u b lic a a American Historical Revietv. E m 1 9 5 6 , f u n d o u -s e
Economique de la Révolution. C r i a d a e m 1 9 0 3 , e s t a c o m i s s ã o , c o m u m e n t e c h a m a d a Co-
u m a Society for French Historical Studies, q u e c o n s a g r a u m a im p o r ta n te p a r t e d e s u a
mission d’Histoire Economique de la Révolution , c r i o u a n e x o s e m n u m e r o s o s d e p a r t a m e n ­
a tiv id a d e à R e v o l u ç ã o n a F r a n ç a e n o s E s t a d o s U n i d o s . P u b lic a d e s d e 1 9 5 9 u m a r e ­
to s s o b a f o r m a o e Comités Départamentaux d ’Histoire Economique de la Révolution. C o ­
vista: French Historical Studies.
m is s ã o n a c io n a l e c o m ité s d e p a r ta m e n ta is c o n h e c e r a m fa s e s d e g r a n d e a tiv id a d e e p e ­
r ío d o s d e e s ta g n a ç ã o . E n t r e 1 9 0 3 e 1 9 1 4 f o ra m p u b lic a d a s as p r in c ip a is c o m p il a ç õ e s : C) NA ITÁLIA
C a d e r n o s d e r e c l a m a ç õ e s , d o c u m e n to s r e f e r e n t e s à v e n d a d o s b e n s n a c io n a is ,
p r o c e s s o s - v e r b a is d o s p r in c ip a is c o m i t é s d a s g r a n d e s a s s e m b l é ia s r e v o l u c i o n á r i a s , A e x i s t ê n c i a d a I tá lia u n ific a d a ta m b é m e s t á lig a d a à R e v o l u ç ã o . N ã o n o s e s p a n t e ­
c o m p ila ç ã o d e d o c u m e n to s le g is la tiv o s e in s t r u ç õ e s d e s ti n a d a s a o s p e s q u is a d o r e s . D e
m o s , p o r t a n t o , s e o i m p o r t a n t e Instituto per la Storia del Risorgimento d e d ic a u m a p a r t e
1 9 0 6 a 1 9 2 1 , a c o m is s ã o p u b lic o u , íg u a lm e n t e u m Bulletin , q u e r e a p a r e c e a p a r t i r d e
d e su as a tiv id a d e s a o s e s t u d o s r e v o lu c io n á r io s . C r i a d o a 9 d e n o v e m b r o d e 1 9 0 6 , c o m
1 9 6 0 . A lg u n s c o m ité s d e p a r t a m e n ta is ( C ô t e - d ’O r , S a r t h e , S e i n e - I n f é r i e u r e , S e in e - a fin a lid a d e d e c o l e t a r , c o n s e r v a r , p u b l ic a r d o c u m e n t o s , liv ro s , m e m ó r ia s r e f e r e n t e s à
e t- O is e e V o s g e s ) p u s s u e m ta m b é m su as p u b l ic a ç õ e s p e r i ó d i c a s . h istó ria d o Risorgimento, o r g a n iz a c o n g r e s s o s a n u a is , p u b lic a u m a r e v is ta , a Rassegna
A p ó s a P r im e ir a G u e r r a M u n d ia l, o b s e r v a - s e u m d e c lí n io d o tr a b a lh o d a c o m is s ã o .
Storica del Risorgimento, as a ta s d o s c o n g r e s s o s e u m a c o l e ç ã o m u ito im p o r t a n t e d e
E s ta r e to m a su as a tiv id a d e s d e 1 9 3 0 a 1 9 3 9 c o m a p u b l ic a ç ã o r e g u l a r d e Mémoires et
f o n te s , m e m ó r ia s e d o c u m e n t o s ( 9 6 v o lu m e s e d i ta d o s ) .
Documents, c o m d o is v o lu m e s e d ita d o s p o r o c a s iã o d o s e s q u i c e n t e n á r i o d a R e v o i u ç ã o
( 1 9 3 9 ) e c o m a e d i ç ã o d e v á r ia s g r a n d e s o b ra s . D) NA U.R.S.S.
H á n o v o p e r ío d o d e le ta r g ia d u r a n te e im e d i a t a m e n t e a p ó s a S e g u n d a G u e r r a
M u n d ia l. D e s d e 1 9 5 6 , a C o m is s ã o n a c io n a l in t e r e s s a - s e p o r q u a lq u e r p e r í o d o c o m ­ N a U . R .S . S . , a s e c ç ã o d e h i s t ó r ia d a A c a d e m i a d e C iê n c ia s d e d ic a u m p a r ti c u la r
p r e e n d id o e n t r e 1 7 5 0 a 1 8 3 0 e p o r n o v o s p r o b le m a s c o m o o d a r e v o l u ç ã o d e m o g r á ­ in te r e s s e à R e v o l u ç ã o . O s h i s t o r ia d o r e s r u s s o s , a n t e s e d e p o is d e 1 9 1 7 , p u b l ic a r a m
fica . A lg u n s c o m ité s d e p a r t a m e n ta is f o r a m r e c o n s t i t u í d o s e r e c o m e ç a r a m s e u s tr a b a ­ n u m e r o s a s o b r a s s o b r e a é p o c a r e v o lu c io n á r ia .
lh o s.
E m 1 9 3 7 , G e o r g e s L e f e b v r e f u n d o u n a S o r b o n n e u m Instituí d’Histoire de la Révo­ E) OUTROS PAÍSES
lution. M a r e e i R e in h a r d , d e s ig n a d o p r o f e s s o r d e h i s t ó r ia d a R e v o l u ç ã o n a F a c u ld a d e
d e L e tra s d e P a r is , e m 1 9 5 5 , d e u a e s s e I n s tit u to u m n o v o im p u ls o ( v e r M . R e in h a r d , N o s o u t r o s p a í s e s , as a s s o c i a ç õ e s h i s t ó r ic a s d ã o m e n o s i m p o r tâ n c ia a o p e r í o d o
Ulnstitut d’Histoire de la Révolution Française, n a Revue Historique, 1 9 6 1 , t. 2 2 6 , p p . r e v o lu c io n á r io . T o d a v i a , tr a ta m d e v e z e m q u a n d o d e p r o b le m a s lig a d o s a e s s e p e ­
1 5 3 - 1 5 6 . ) E s te I n s titu to é a tu a lm e n te d irig id o p o r A . S o b o u l. r ío d o e as c o m u n i c a ç õ e s o u a r tig o s s ã o i m p r e s s o s n as re v is ta s q u e p u b lic a m .
Comité des Travaux Historiques, Commission d ’Histoire Economique de la
C .N .R .S .,
Révolution, Instituí d’Histotre de la Révolution, c o n s t i t u e m o s q u a tr o g r a n d e s o r g a n is ­
m o s o ficia is d e p e s q u is a e x is te n te s , a tu a lm e n te .
J u n t o a e le s , c o n s ti tu í r a m -s e a s s o c i a ç õ e s p a r ti c u la r e s c o m a fin a lid a d e d e e s t u d a r a

— 272 — — 273 —
NOTAS:

Paris, 1933 e 1951. O terceiro volume de índices data de 1964. Um Supplément do Recuei/
esta em preparo. O primeiro volume (10 de agosto de 1792- 15 de agosto de 1793) foi publicadn
em 1966. °
Uma Revue Historique de la Rêvolution Française apareceu de 1910 a 1923, sob a direc'
Charles Vellay, depois de Otto Karmin e, finalmente, de Gustave Laurent. Em relação à Societé d ?
Etudes Robespierristes, ver o artigo de M. Dommanget nos A .H .R.F., 1958, n.° 3, pp. 6-27 **
Sobre a organização do trabalho histórico nos Estados Unidos, consultaremos Tbe H anard
Guide to American History por Oscar Handlin, A.M. Schkesinger, S.E. Morison, F. Merk A M
Schlesinger Jr. e P.H. Buck. Cambridge (Mass.), 1954, SSIV-689 p. in-8.°

capítulo 2

As Fontes
É c o n v e n i e n t e d iv id ir as f o n t e s e m fontes manuscritas e fontes impressas. V am os
re v ê -la s s u c e s s i v a m e n te .

A) FONTES MANUSCRITAS

S o b r e o s a r q u i v o s , e m g e r a l, c o n s u l t a r e m o s o p e q u e n o liv ro d e J e a n F a v i e r , Les
architks , P a r is , P . U . F . , 1 9 5 9 .

a) N a França

1) In v e n t á r io s E R e p e r t ó r io s

P o d e -s e se m p re re c o rr e r à a n t ig a o b r a d e C h .- V . LáNGLOIS e H. STEIN, Les Archives


de l'Histoire de France, P a r is , 1 8 9 1 , i n - 8 .° . P o r é m , m u ita s d as i n f o r m a ç õ e s dad as p o r
L a n g lo is e S te in h á 7 0 a n o s e s t ã o , e v i d e n t e m e n t e , su p e ra d a s. U m p o u c o m a is r e c e n te
e s o b r e t u d o m a is e s p e c i a l m e n t e c o n s a g r a d a à h is tó r ia r e v o lu c io n á r ia é a c o l e ç ã o p u b li­
ca d a p o r A l e x a n d r e T u e t e y , Répertoire Général des Sources Manuscrites de l’Histoire de
Paris Pendant la Rêvolution Française, P a r is , 1 8 9 0 - 1 9 1 4 , c o m 1 1 v o lu m e s e d ita d o s. O s
d o c u m e n t o s in d ic a d o s e d e s c r i to s f o r a m a g r u p a d o s d e a ç o r d o c o m u m p la n o c r o n o l ó ­
g ic o , d e s d e as e l e i ç õ e s a o s E s ta d o s G e r a i s a té o fim d o p ra iria l, a n o II ( 1 8 d e ju n h o d e
1 7 9 4 ) . E m b o r a r e f e r e n t e a p e n a s à h i s t ó r i a d e P a ris , o Répertoire d e T u e te y p o d e p re s ­
ta r im e n s o s s e r v iç o s . M a s , e le n ã o é a b s o l u ta m e n t e e x a u s tiv o p o r q u e T u e t e y n ão c h e ­
g o u a e x p l o r a r s e n ã o o s A r q u iv o s N a c i o n a i s . P r e t e n d e - s e q u e a lg u m d ia e s ta g r a n d e
c o l e ç ã o p o s s a s e r c o m p l e t a d a e te r m i n a d a . O to m o l . ° d a Introduction aux Etudes
d’Histoire Ecclésiastique Locale, d o a b a d e V i c t o r CARR1ÈRE, r e f e r e -s e às f o n te s m a n u s c ri­
tas d a h i s t ó r i a r e lig io s a ( P a r i s , 1 9 3 6 , “ B ib l io t h è q u e d e la S o c i e té d ’h is to ir e E c c lé s ia s ti­
q u e d e la F r a n c e ” ). O c a p ít u lo I I I t r a t a p a r ti c u la r m e n te da R e v o l u ç ã o .

2) Os A r q u iv o s N a c io n a is d a França

O m a is r i c o a c e r v o d e a r q u i v o s e m d o c u m e n to s r e f e r e n te s à R e v o l u ç ã o f ra n ce s a
e n c o n t r a - s e in c o n t e s t a v e l m e n t e n o s A r q u iv o s N a c io n a is . O s Etats des Inventaires sã o
r e g u l a r m e n t e p u b l ic a d o s . 1 S e r á p r e c i s o , a n te s d e q u a lq u e r p e s q u is a , c o n s u lta r e s se s

— 274 —
États e d e p o is o s p r ó p r i o s in v e n tá r io s . A s p rin cip a is s é r i e s r e f e r e n t e s à h is tó r ia da
1 ) C o r r e s p o n d ê n c i a p o lític a ; 2 ) M e m ó r i a s e d o c u m e n t o s ; 3 ) A r q u iv o s c o n s u la r e s ; 4 )
R e v o lu ç ã o s ã o as s e g u in te s :
P e sso a l; 5 ) C o n ta b i lid a d e . I n v e n tá r io s s u m á rio s d o s d o is p r i m e i r o s c o n j u n to s e s tã o e m
— Série B: E l e i ç õ e s e v o to s
fase d e p u b l ic a ç ã o .
— Série C: P r o c e s s o s - v e r b a is d a s A s s e m b lé ia s N a c io n a is e d o c u m e n t o s a n e x o s (cf. O s Archives de l’Armée de Terre co m p re e n d e m o S e rv iço H istó rico d o E x é rc ito ,
A. T u etey , Les Papiers des Ãssemblées de la Révolution aux Archives Nationales, Inventaire
in stalad o n o C a s t e l o d e V i n c e n n e s . N a a n tig a s e c ç ã o , as s é r i e s A e B in te r e s s a m a o
de la Série C (Constituante, Législative , Convention), P a r is , 1 9 0 7 , i n - 8 . ° . ) . p e río d o r e v o lu c io n á r io . O s A r q u iv o s A d m in is tr a tiv o s (s é r i e Y ) f o r n e c e m i n f o r m a ç õ e s
— Série D: M is s õ e s d o s r e p r e s e n t a n t e s d o p o v o e c o m i t é s d a s a s se m b lé ia s (c f. P. m u ito p r e c io s a s s o b r e o p e s s o a l. E n c o n t r a r e m o s , ig u a lm e n t e , d o c u m e n to s in te r e s s a n ­
C a r o n , Les Papiers des Comités Militaires de la Constituante, de la Législative et de la tes n o s A r q u iv o s d a “ e n g e n h a r ia ” , d o M a te r ia l e d a I n t e n d ê n c i a ( v e r o Guide des A r­
Convention , P a r is , 1 9 1 2 , in -8 . ° ; C a m i lle B l o c h ,Les Procès-Verbaux du Comité des Pinan- chives des Armées, e d i ta d o p e lo M i n i s t é r i o d a G u e r r a , P a r is , 1 9 6 8 ) .
ces de l’Assemblée Constituante, P a r is , 1 9 2 3 , in -8 . ° ; C . B l o c h e T U E T E Y , Les Procès- Os Archives de la M arine , a n t e r i o r e s a 1 8 7 0 , f o ra m d e p o s ita d o s n o s A r q u iv o s N a ­
Verbaux et Rapports du Comité de Mendicité de la Constituante ( 1 7 9 0 - 1 7 9 1 ) , P a r is , 1 9 1 1 _ cion ais. O s a n tig o s Archives Coloniales e s t ã o s e n d o d e p o s ita d o s n o s A r q u iv o s N a c i o -
in 8 .° ; P h . S a g n a c e P . C a r o n , Les Documents des Comités des Droits Féodaux et de
nais. _ _ .
Législation , Relatifs à 1’Abolition du Regime Seigneurial, P a r is , 1 9 0 7 , in -8 . ° ; F . G e r b a u x T od os os Archives Départamentales f o r a m c la s s ific a d o s d e a c o r d o c o m u m u n ic o
e C h . S c h m i d t , Les Procès-Verbaux des Comités d'Agriculture et de Commerce de la Consti­ plano. A p u b l ic a ç ã o d o s in v e n t á r i o s e s t á ig u a lm e n te a d ia n ta d a . P o d e r e m o s c o n s u lta r ,
tuante, de la Législative et de la Convention, P a ris , 1 9 0 6 - 1 9 3 7 , 5 v o l s ., in 8 .° ; J . G u i l . so b re e l e s , u m a r e l a ç ã o já a n tig a d o État des Inventaires, c ita d o n a p. 2 8 9 , n o ta 1 .
l a u m e , Les Procès-Verbaux du Comité d'lnstruction Publique de 1’Assemblèe Législative, d e ­ S u a s s é r i e s s ã o e s s e n c ia lm e n te in te r e s s a n t e s p a r a o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io :
p o is da Convention Nationa/e. P a r is , 1 8 8 9 - 1 9 5 7 , 9 v o ls ., in -8 . ° ) . — Série L: A d m in is tr a ç ã o g e r a l d e 1 7 8 9 a o a n o V I I I .
— Série F: A d m in is tr a ç ã o g e r a l d a F r a n ç a . É a s é r i e m a is r ic a d o s A r q u iv o s N a c i o ­ — Série Q: D o m í n i o s , b e n s n a c io n a is
n ais. E s tá su b d iv id id a e m n u m e r o s a s s u b s é r ie s , c u ja r e l a ç ã o s e r á e n c o n t r a d a na o b r a d e M a s , e n c o n t r a r e m o s n u m e r o s o s d o c u m e n t o s r e la tiv o s à R e v o l u ç ã o , n a s s é rie s r e f e ­
P. C a r o n , c ita d a n a p. 2 7 1 . A s u b s é r ie F 7 , m u ito v o lu m o s a , c o n t é m o s “ d o s s ie r s ” d e re n te s a o A n t i g o R e g i m e , e s p e c i a l m e n t e a C (a d m i n is tr a ç ã o p r o v in c ia l ), G (c l e r o s e c u ­
in ú m e ro s p e r s o n a g e n s , e s ta b e l e c i d o s p e la p o líc ia . T a m b é m e n c o n t r a m o s n e s s a s u b sé ­ lar), H ( c l e r o r e g u l a r ), o u n a s s é r i e s re la tiv a s a o p e r í o d o c o n t e m p o r â n e o e p r in c ip a l-
rie a m a io r ia d o s d o c u m e n to s r e f e r e n t e s a o C o m ité d e S e g u r a n ç a G e r a l (c f . P . C a r o n , m e n te n a s é r i e M (a d m i n is tr a ç ã o g e r a l d e s d e o a n o V I I I ) . A s m in u ta s n o ta ria is d e p o s i­
Archives Nationales, Le Fonds du Comité de S/ireté Générale A F I , F 7 , D . X L I I I , P a ris , tadas n o s a r q u i v o s d e p a r t a m e n ta is f o r n e c e r ã o i n f o r m a ç õ e s e x t r e m a m e n t e n u m e r o s a s e
1 9 5 4 , 1 8 5 p .in -8 .° ) . U m a p a r te d o s p a p é is d as s e ç õ e s d e P a r is e s tá c o n s e r v a d a n a s é rie ain da p o u c o e x p l o r a d a s .
F 7 , e o in v e n tá r io a r e s p e ito fo i p u b lic a d o p o r A . S o b o u l , Les Papiers des Sections de O s d e p a r t a m e n t o s u l tr a m a r in o s e s t ã o c la s sifica n d o s e u s a r q u i v o s d e a c o r d o c o m o
Paris (1790 - an IV ), P a r is , 1 9 5 0 . O in v e n t á r i o d a s u b s é r ie F 1 0 , r e la tiv o à a g r ic u ltu r a , m e s m o p l a n o q u e o s d e p a r t a m e n t o s d a M e t r ó p o l e : v e r e m r e l a ç ã o à Ilh a d a R e u n i ã o ,
foi e d ita d o p o r G e o r g e s B o u r g i n , Les Papiers des Ãssemblées de la Révolution aux Archi- E .- P . T h É B A U T .Archives Départamentales de la Réunion: Répertoire Numèrique de la Série
ves Nationales, Inventaire de la Sous-Série F 10, P a r is , 1 9 1 8 , i n -8 .° . L, N é r a c , 1 9 5 4 . O s a r q u i v o s d o s a n t ig o s d e p a r t a m e n t o s f r a n c e s e s d a m a r g e m e s ­
— Série Q: T ítu lo s p a tr im o n ia is . S é r i e d e c a p ita l i m p o r t â n c i a p a r a o e s t u d o da q u e rd a d o R e n o a d o ta r a m o p l a n o f r a n c ê s d e c la s s ific a ç ã o (c f . C h . S c h m i d t , Les Sources
p r o p rie d a d e t e r r i to r ia l e a v e n d a d o s b e n s n a c io n a is . ae 1’Histoire des Territoires Rhénans de 1792 à 1814, Dans les Archives Rhénannes et à
— Série T : S e q u e s tr o . P a p é is d o s e m ig r a d o s e c o n d e n a d o s . Paris, P a r is , 1 9 2 1 ) . .
Série W: M in is té r io P ú b l ic o , trib u n a is r e v o l u c i o n á r i o s , c o m i s s õ e s m ilit a r e s , A lta O s a r q u i v o s c o m u n a i s e s t ã o d iv id id o s e m a r q u iv o s a n t e r i o r e s e p o s t e r i o r e s a 1 7 9 0 .
C o r t e d e J u s t i ç a d e V e n d ô m e (c f . G . B o u r g i n . “ C o n t r i b u t i o n à 1’É t u d e d e s S o u r c e s P o r t a n to , e n c o n t r a r e m o s d o c u m e n t o s q u e in te r e s s a m a n o s s o p e r í o d o , d is p e rs o s e m
d e 1 H i s t o ir e d e s T r i b u n a u x R é v o l u ti o n n a i r ç s a u x A r c h i v e s N a t i o n a l e s ” , A . H .R . F . to d a s as s é r i e s d e s ta s e g u n d a d iv is ã o . A lg u m a s c id a d e s p o s s u e m a r q u iv o s r iq u ís s im o s ;
1 9 2 6 , pp. 5 3 6 - 5 5 4 ) . nelas f o r a m p u b lic a d o s i n v e n t á r i o s e e n c o n t r a r e m o s a lis ta d o s m e s m o s n o s Etat des
— Série B B : D e p ó s ito d e d o c u m e n t o s d o M in is té r io d a J u s t i ç a . A s u b s é r ie B B 3 Inventaires, c ita d o à p . 2 8 9 -
c o m p r e e n d e n u m e r o s o s d o c u m e n t o s r e la tiv o s à h i s t ó r ia p o lí t i c a d a R e v o l u ç ã o . E n c o n t r a m o s d o c u m e n t o s m a n u s c r i t o s r e la tiv o s a o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io , n ã o
— Série A F : S e c r e t a r i a d e E s t a d o I m p e r i a l . A s u b s é r i e A F I I c o n s e r v a o s s o m e n te n o s g r a n d e s d e p ó s i t o s d o s a r q u iv o s q u e a c a b a m o s d e r e la c io n a r , m a s t a m b é m
p r o c e s s o s -v e r b a is d o C o n s e l h o E x e c u t i v o P r o v is ó r i o ( 1 7 9 2 - 1 7 9 3 ) e o s p a p é is d o C o ­ e m n u m e r o s o s o u t r o s d e p ó s ito s p ú b l ic o s o u p a r t i c u l a r e s , c o m o , p o r e x e m p l o , n o s
m ité de S a lv a ç ã o P ú b lica , p u b lic a d o s e m g r a n d e p a r te p o r A u la rd ( v e r p. 2 7 2 ) . A su b sé ­ a rq u iv ó s d o s e r v i ç o d e P o n t e s e C a lç a d a s , o u n o s e s t a b e l e c i m e n t o s d e e n s in o e p r i n c i ­
r ie A F I I I é e s s e n c ia l p a r a a h is tó r ia d o D i r e t ó r i o e u m a p a r t e d o s d o c u m e n t o s foi p a lm e n te n as bibliothèques:
p u b licad a p o r A . D e b i d o u r , Recueil des Actes du Directoire Exécutif, P a r is , 1 9 1 0 - 1 9 1 7 E m P a r is , a Bibliothèque Nationqle p o ssu i u m r i c o d e p a r t a m e n t o d e m a n u s c r i to s .
4 v o ls. i n - 8 . ° (a t é 3 d e f e v e r e i r o d e 1 7 9 7 ) . F o i p u b l ic a d o , a p a r ti r d e 1 8 9 5 , u m Catalogue Général des Manuscrits Français de la
Archives Privées Deposées aux Archives Nationales. S o b e s ta r u b r ic a e n c o n tr a m o s , ao Bibliothèque Nationale. E n c o n t r a r e m o s u m r e s u m o d e d o c u m e n t o s d e p r im e ir a o r d e m
la d o d e c o l e ç õ e s d e d o c u m e n t o s d e fa m ília ( s é r ie A P ) e d e e m p r e s a s ( s é r ie A Q ) o r e f e r e n t e s a o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o n o Manuel d e P . C a r o n , c ita d o n a p. 2 7 1 . A s
Minutier Central des Notaires de .Paris e du Département de la Seine, fo n te d e u m a r i­ o u tr a s b i b li o te c a s d e P a r is (M a z a r i n e , A r s e n a l, S a i n t e - G e n e v i è v e , S é n a t, A s s e m b lé e
q u e z a e x t r a o r d in á r ia e c u ja e x p lo r a ç ã o e s t á a p e n a s in ic ia d a ( v e r as in f o r m a ç õ e s a p r e ­ N a t io n a le , I n s tit u t, M i n i s t è r e s , e t c . ) p o s s u e m t a m b é m m a n u s c r i to s c u ja d e s c r i ç ã o e n ­
s e n ta d a s s o b r e e s t a f o n t e p o r G . P io r o “Sur la Fortune de Danton”, e
, e m d o is a r t ig o s : c o n t r a r e m o s n o Catalogue Général des Manuscrits des Bibliothèques de France. A Bibliot -
“Institution Canonique et Consécration des Premiers Êvéques Constitutionnels” , A . H .R . F . , hèque Historique de la Ville de Paris é p a r ti c u la r m e n te r ic a e m d o c u m e n to s s o b r e o
1 9 5 5 , p p . 3 2 4 - 3 4 3 e 1 9 5 6 , p p . 3 4 6 - 3 7 9 . V e r ta m b é m J .M o n i c a t , Les Archives Notaria- n o ss o p e r í o d o . V e r J . P a l o u , “Un Fonds d’Archives Révolutionnaires peu Connu, la B i­
les, R .H ., 1 9 5 5 , t. 2 1 4 , p p . 1 -8 ) . bliothèque Historique de la Ville de Paris” , A .H .R.F., 1 9 5 6 , p p . 4 0 8 - 4 1 3 .
A lg u n s ‘m in is té r io s ” n ã o d e p o s ita r a m s e u s a r q u iv o s n o s A r q u i v o s N a c i o n a i s ; e n ­ A s b i b li o te c a s p ú b lic a s d o s d e p a r t a m e n t o s s ã o i n e g a v e l m e n t e rica s. C o n s u l t a r e m o s
tr e ta n to , e le s p o d e m s e r c o n s u lta d o s : o Catalogue Général, c ita d o a c im a e e s p e c i a l m e n t e a o b r a d e A l b e r t H o u t i n , Les Ma-
Os Archives du Ministère des Affatres Étrangères e s t ã o d iv id id o s e m c i n c o c o n j u n to s : nuscrits de 1’Histoire de" la Révolution et de l’Empire dans les Bibliothèques Publiques des
— 276 — — 277 —
Départements. P a r is , 1 9 1 3 , in - 8 . ° . C o m p l e t a r e m o s e ssa s i n f o r m a ç õ e s , c o n s u lta n d o o n e c e s s á rio e x p l o r a r o s a r q u i v o s d e E s t a d o (Staatsarchiv) das p rin cip a is p r o v ín c ia s a le ­
Repertoire des Bibliothèques Publiques de Prance, p u b lic a d o p e l a U N E S C O , P a r is , 1 9 5 0 - m ãs e o s g r a n d e s d e p ó s i t o s d e V i e n a e d e B e rlim . E m V ie n a , o
p r in c ip a lm e n te

1 9 5 1 , 3 v o ls. in 8 .° ; o Bulletin d'lnformation de la Direction des Bibliothèques de France, Haus-Hof und Staatsarchiv (a r q u iv o s d o E s t a d o , d a C o r te e d a C a s a Im p e ria is ), e m
p u b l ic a d o e m P a ris d e s d e 1 9 5 2 e o Bulletin de Documentation Bibliographique, p u b li­ B e r l i m , o Berliner H auptarchiv, a n tig o s a r q u iv o s s e c r e to s da P rú ssia .
c a d o p e l a B ib l io t e c a N a c io n a l, a m b o s r e u n i d o s n u m ú n ic o , e m 1 9 5 6 : o Bulletin des 6 ) N a Itá lia , o n d e a u n if ic a ç ã o s e d e u a p e n a s e m 1 8 6 0 , os Archives d’État, de
Bibliothèques de France, P a r is , p u b lic a d o m e n s a lm e n te . R o m a sã o p o b r e s . P a r a o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o , e le s c o n t ê m a p e n a s d o c u m e n to s
r e la tiv o s à p r im e ir a R e p ú b l i c a R o m a n a ( 1 7 9 8 - 1 7 9 9 ) . 2 O s d ife re n te s d e p ó s ito s d o s a r ­
q u iv o s d e E s ta d o (Archivi di Stato) c o n s e r v a m d o c u m e n to s q u e in te r e s s a m a o p e r ío d o
b) Fora da França
r e v o lu c io n á r io , e s p e c i a l m e n t e e m M ilã o , G é n o v a , V e n e z a , B o lo n h a , T u r i m e N á p o le s .
É p r e c i s o d a r u m d e s t a q u e e s p e c i a l a o s a r q u i v o s d o “ S a in t-S iè g e ” (A r c h iv io s e g r e to
1) E m c a d a u m d o s p a íse s a tin g id o s p e l a R e v o l u ç ã o , o s d e p ó s ito s d o s a rq u iv o s
V a ti c a n o ), o n d e e n c o n t r a m o s i n f o r m a ç õ e s d e to d a s c a te g o ria s , r e f e r e n t e s à m a io ria
c o n s e r v a m u m a d o c u m e n ta ç ã o m ais o u m e n o s i m p o r t a n t e e m r e la ç ã o à r e v o l u ç ã o no
d o s p a ís e s d o m u n d o e e s p e c i a l m e n t e d a F r a n ç a (cf. A b a d e A u d a rd , “ L ’H i s t o ir e R e li-
t e r r i t ó r i o c o n s id e r a d o , m a s e n c o n t r a r e m o s t a m b é m e m n u m e r o s o s d e p ó s ito s e s tr a n ­
g ie u s e d e la R é v o l u t i o n F r a n ç a is e a u x A r c h i v e s V a tic a n e s ” , na Recue d’Histoire de
g e i r o s a c e r v o s q u e in te r e s s a m à R e v o l u ç ã o n a F r a n ç a . L i m i t a r - n o s - e m o s a in d ic a ç õ e s
s u m á ria s s o b r e o s a r q u iv o s e s tr a n g e i r o s e , p a r a m a io r e s d e t a lh e s , in d ic a r e m o s a o l e i to r
1’Églisede France, 1 9 1 3 , p p . 5 1 6 - 5 3 5 e 6 2 5 - 6 3 9 ; A . L atreille e J . L eflon , “ R é p e r to i r e
d e s F o rid s N a p o l é o n i e n s a u x A r c h iv e s V a ti c a n e s ” , R .H ., 1 9 5 0 , pp . 5 9 - 6 3 ) .
o s g u ia s g e r a is , tais c o m o o Index Generalis, Annuaire Général des Universités, des
Grandes Ecoles, Académies, Archives, Bibliothèques, Instituís Scientifiques, p o r M oN TES- 7 ) A S u íç a fo i a tin g id a p e l a R e v o l u ç ã o d e p o is d a Itália. O s d o c u m e n to s c o n s e r v a ­
SUS DE B allore , P a r is , 1 9 . ° a n o , 1 9 5 3 . A r e v is ta in te r n a c io n a l Archivum, p u b lic a d a e m dos nos Archives de la Confédération Helvétique, e m B e r n a , são m u ito im p o rta n te s . E n ­
P a r is d e s d e 1 9 5 1 , e s tu d a e m u m a s é r ie d e a r tig o s as c a r a c te r ís tic a s d o s g r a n d e s d e p ó s i­ t r e t a n t o , 'é in d is p e n s á v e l v i s i ta r o s d e p ó s ito s d o s a r q u iv o s d o s d ife r e n te s c a n tõ e s .
to s d o s a r q u iv o s f r a n c e s e s e e s tr a n g e i r o s ; p o r e x e m p l o , o f a s c íc u lo d e 1 9 5 4 fo i c o n s a ­
g r a d o a o s a r q u iv o s e c le s iá s tic o s d e d i f e r e n t e s p a ís e s e d e d iv e r s a s r e lig i õ e s . O fa sc íc u lo 8 ) A E s p a n h a , a n te s d é 1 8 0 8 , fo i p o u c o a tin g id a p e lo m o v im e n to re v o lu c io n á rio .
V ( 1 9 5 5 ) é u m p r e c io s o Annuaire International des Archives. O f a s c íc u l o X V ( 1 9 6 5 ) T o d a v ia , s e n d o p aís v i z in h o d a F r a n ç a , se u s a r q u i v o s c o n tê m m ú ltip las in fo rm a çõ e s.
e s tu d a Les Grands Dépóts d ’Archives du Monde. P o d e r e m o s n o s r e p o r t a r t a m b é m a o O s d o is p rin cip a is d e p ó s i t o s s ã o : Archivo general, n o C a s te lo d e S im a n ca s , p r ó x i m o d e
p e q u e n o liv ro d e J . F a v i e r . V a lla d o lid e o “Archivo historico nacional", e m M a d r id (cf. M fle. C h a u m ie , “ L es D o -
c u m e n ts C o n c e r n a n t la R é v o l u t i o n F r a n ç a is e C o n s e r v é s à l’Archivo Historico de M a ­
2 ) N o s E s ta d o s U n i d o s , o n d e o m o v i m e n t o r e v o l u c i o n á r i o c o m e ç o u p o r v o l t a d e
d rid ” , Bulletin de Société de l’Histoire Moderne m a i o - j u l h o d e 1 9 4 9 , pp . 1 5 - 2 0 ) . E n c o n ­
1 7 7 0 , o s a r q u iv o s d o s d i f e r e n t e s d e p a r t a m e n t o s m in is te ria is f e d e r a is e s t ã o d e p o s ita d o s
t r a r e m o s ta m b é m d o c u m e n t o s m u it o ú te is n o s a rq u iv o s das d ife r e n te s p ro v ín cia s e
n o s Archives Nationales, c r i a d o s e m 1 9 3 4 e m W a s h in g to n . F l á , a í, n u m e r o s o s in v e n tá ­
p r in c i p a lm e n t e n o s i m p o r t a n t e s Archives de la Couronne d'Aragon, e m B a r c e lo n a . E m
r io s , c u j a lista e n c o n t r a r e m o s .n o Harvard Guide to American History^§§ 2 6 e 4 5 . C a d a
P o r t u g a l , o s Archives Nacionales d e L is b o a e o s a r q u i v o s d e d ife re n te s m in is té rio s p o ­
e s ta d o d o s E s ta d o s U n i d o s p o s s u i ta m b é m a r q u i v o s e o s a r q u i v o s d o s E s t a d o s d o L e s te
d e r ã o s e r c o n s u lta d o s c o m p r o v e i t o . E m b o r a a E s p a n h a e P o rtu g a l te n h a m c o n tin u a d o
d o s r is ta d o s U n id o s c o n s e r v a m n u m e r o s o s d o c u m e n t o s s o b r e o p e r í o d o r e v o lu c io n á ­
d u r a n te m u ito t e m p o im u n e s , p a r e c e q u e su a s c o ló n ia s a m e rica n a s c o n h e c e r a m m u ito
r io ( v e r Harvar G uide,§ 4 5 ) . V á r ia s b ib lio te c a s a d q u i r ir a m c o l e ç õ e s d e m a n u s c rito s
c e d o a e f e r v e s c ê n c ia r e v o l u c i o n á r i a , p r o v in d a ta n to d o s E s ta d o s U n id o s q u a n to da
im p o r ta n te s , e s p e c ia lm e n t e a B ib l io t e c a d o C o n g r e s s o , e m W a s h in g to n e a New York
Public Library , e m N o v a Y o r k . F r a n ç a . O s a r q u iv o s d o s p a ís e s d a A m é r i c a L a tin a p o d e m , p o r t a n to , f o r n e c e r in fo rm a ­
ç õ e s m u it o im p o r ta n te s . O s d o c u m e n t o s a n tig o s e s tã o c o n s e r v a d o s no Archivo General
3 ) E n c o n t r a r e m o s u m a c o n s id e r á v e l d o c u m e n t a ç ã o s o b r e o p e r í o d o r e v o lu c io n á r io de ín dias, e m S e v ilh a ; no Arquivo Histórico Ultramarino, e m L isb o a . F o r a m p u b lica d o s
n o s a r q u iv o s b r itâ n ic o s e e s p e c ia lm e n t e n o Public Record Office, e m L o n d r e s ( v e r as d iv e r s o s a r tig o s s o b r e a o r g a n iz a ç ã o d o s a r q u iv o s a m e ric a n o s n a Revista de America
d u a s o b r a s d e G a l b r a it h , Introduction to Use o f the Public Record, O x f o r d , 1 9 3 4 e
( P e r u , 1 9 4 5 ; C h ile , 1 9 4 1 ; M é x i c o , 1 9 4 0 ; A r g e n t in a , 1 9 3 8 ) . O s d o c u m e n to s m u ito
Studies in the Public Records, L o n d r e s , 1 9 4 9 ) . H á t a m b é m a r q u i v o s d o E s t a d o d a E s c ó ­ a b u n d a n te s d e M ir a n d a f o r a m p u b lic a d o s d e s d e 1 9 2 6 p e lo g o v e r n o v e n e z u e la n o ( 1 5
c ia ( H . M . General Register House, E d i m b u r g o ) e d a I r la n d a ( Public Record office o f
v o lu m e s p u b lic a d o s ). O s a r q u i v o s b ra s ile iro s c o n t ê m d o c u m e n to s às v e z e s d e s c o n h e ­
Ireland e State Paper Offtcè, D u b lin ). O Bntish Museum, q u e e x e r c e n a I n g l a te r r a o c id o s , v e r J . G ag É, “ A n t ô n i o d e A r a ú j o , T a lle y r a n d e t le s n é g o cia tio n s s e c r è t e s p o u r la
p a p e l d e B ib l io t e c a N a c i o n a l , p o s s u i u m a d a s m a is ric a s c o l e ç õ e s d e m a n u s c r i to s d o
p a ix d e P o r t u g a l ( 1 7 9 8 - 1 8 0 0 ) ” , n o Bulletin des Études Portugaises, 1950.
m u n d o . E n c o h t r a r e m o s aí n u m e r o s o s d o c u m e n t o s r e la tiv o s a o m o v i m e n t o r e v o l u c i o ­
n á r io n a F r a n ç a (c a r ta s d e e s p iõ e s ) , à h is t ó r ia d a s g u e r r a s d a V e n d é i a , à “ c h o u a n n e r i e ” 9 ) A f o r a o s p a íse s d i r e t a m e n t e a tin g id o s p e l a R é v o l u ç ã o , h á o u tr o s o n d e o s a rq u i­
e à e m ig r a ç ã o . v o s c o n s e r v a m s é r i e s d e d o c u m e n t o s r e la tiv o s a o m o v im e n to r e v o lu c io n á r io , e s p e ­
4 ) E m r e la ç ã o a o c o n t i n e n t e , é n o s P a í s e s - B a i x o s ( P r o v ín c i a s U n i d a s , B é l g i c a e c ia lm e n t e o s d e M o s c o u , d e L e n in g r a d o , e d e d i f e r e n t e s cid a d e s d a P o ló n ia , d e E s t o ­
p a ís d e L i è g e ) q u e a R e v o l u ç ã o s e m a n if e s to u p e l a p r i m e i r a v e z . C o n s u l t a r e m o s p r in ­ c o lm o .
c ip a l m e n te o s d o c u m e n to s d o s Archives générales du royaume de Belgique, e m B ru x e la s ,
o s d o s a r q u iv o s d e E s t a d o , e m L i è g e e n as o u t r a s p r o v ín c ia s b e lg a s . N a H o la n d a , o B) FONTES IMPRESSAS
Algemeen Rijksarchief, e m H a i a , é m u ito r ic o .

5 ) A p ó s h a v e r in c e n d ia d o a F r a n ç a , a R e v o l u ç ã o a ti n g e a A l e m a n h a , p e l a R e n â n ia . N ã o h á r e p e r t ó r i o g e r a l d e f o n t e s im p r e s s a s d a h is tó r ia d a R e v o l u ç ã o , e n te n d id a
Um e x c e l e n t e in v e n tá r io d o s a r q u iv o s r e n a n o s f o i p u b l ic a d o p o r C h . S C H M ID T , Les n o s e n t i d o a m p lo q u e n ó s lh e d a m o s a q u i, n e m m e s m o n o se n tid o r e s t r it o e lim ita d o à
Sources de l Histoire des Territoires Rhénans de 1792 à 1814 Dans les Archives Rhénanes et F r a n ç a . E n t r e t a n t o , o f a to d e q u e o s r e p e r t ó r i o s p a r ticu la re s d e fo n te s te n h a m sid o
à P aris, P a r is , 1 9 2 1 . M a s n ã o s ó o s a r q u i v o s r e n a n o s d e v e m s e r c o n s u lta d o s . S e r á e s t a b e l e c i d o s p o r n a ç õ e s , o b r i g a - n o s a a d o ta r e s t e p la n o tra d icio n a l.

— 278 —
a) França m e s, e s tá in c o m p l e t a e s e d e t é m a tu a lm e n te e m 1 7 d e a b r il d e 1 7 9 4 . O s s e is p r im e ir o s
v o lu m e s c o n t ê m o s p r o c e s s o s - v e r b a i s d as a s s e m b ié ia s d o s n o tá v e is e o s c a d e r n o s d e
1) B ib l io g r a f ia
q u e ix a s d o s “ b a ilio s ” e “ s e n e s c a lia s ” p a ra o s E s t a d o s G e r a i s ; o to m o V I I é d e d i c a d o ao
ín d ice a lf a b é t ic o d e s t a p r i m e i r a p a r te . O s t o m o s V I I I a X X X I I r e f e r e m - s e a o s E s ta d o s
E n c o n t r a m -s e f o n t e s im p r e s s a s re la tiv a s a o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o e m to d o s os G e ra is e à C o n s t i t u i n t e ; o fim d o to m o X X X I I e o t o m o X X X I I I c o n t ê m o s ín d ic e s .
d e p ó s ito s d e a r q u iv o s e n as b ib lio te c a s q u e m e n c i o n a m o s a n t e r i o r m e n t e à p á g . 2 7 7 O s t o m o s X X X I V a L s ã o d e d ic a d o s à A s s e m b lé ia L e g is la tiv a , j u n t a m e n t e c o m o
e s p e c ia lm e n te n a Bibliothéque N ationale. na Bibliothéque Historique de la Ville de Paris ín d ice d o t o m o L I . O s t o m o s L I I a L X X X I I r e p r o d u z e m as s e s s õ e s d a C o n v e n ç ã o ,
(c o le ç ã o L ie sv ille ), n a Bibliothéque de l’Arsenal, n a Bibliothéque du Sénat ( c o l e ç ã o P ix é - re a liz a d a s a té 4 d e j a n e i r o d e 1 7 9 4 ; ín d ic e n o t o m o L X X X I (e m 2 v o l s .) . O s 7 1
r é c o u t) , n a Bibliothéque de 1’Assemblée nationale ( c o l e ç ã o P o r t i e z d e l’O i s e ) , n a Bibliothè- p r im e ir o s v o lu m e s d e s t a g i g a n t e s c a c o l e ç ã o f o r a m c o m p i l a d o s a p r e s s a d a m e n te ; p o d e m
que Thiers, n as b ib lio te c a s m u n ic ip a is d e V e r s a l h e s , R o u e n , L i ã o , e t c . N a fa lta de c e r t a m e n t e s e r ú t e is , m a s d e v e m s e r u tiliz a d o s c o m p r u d ê n c i a . A o c o n t r á r i o , a p a r ti r
b ib lio g rafias g e r a is , u t ili z a r e m o s a Bibliographie de 1’Histoire de Paris Pendant la Révolu-
d o to m o L X X I I , p u b l ic a d o e m 1 9 0 7 , fo i e m p r e g a d o u m n o v o m é t o d o , m a is d e a c o r d o
tion Française, d e M a u r i c e T o u r n e u x (P a r i s , 1 8 9 0 - 1 9 1 3 , 5 v o ls . in 8 . ° ) , q u e u ltrap assa c o m as r e g r a s d a c r í t i c a h i s t ó r i c a e o s d e z ú l tim o s v o l u m e s , p o r t a n t o , s ã o p a r ti c u la r ­
a m p la m e n te o q u a d r o d a c a p ita l.
m e n te p r e c io s o s . E s t a p u b l i c a ç ã o , i n te r r o m p i d a e m 1 9 1 4 , a c a b a d e s e r r e in i c i a d a so b
A o b r a d e A n d r é M o n g l o n d , La France Révo/utionnaire et lm périale, Annales de
o s c u id a d o s d o I n s tit u to d e H is tó r ia d a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a , c o m o a u x ílio d o
Bibliographie Méthodique et Descriptive des Livres lllustrés, G r e n o b l e , 1 9 3 0 - 1 9 6 6 , 8 vols. C .N .R . S ., d a A s s e m b l é i a N a c i o n a l e d o S e n a d o . O t o m o L X X X I I I , p r e p a r a d o c o m
in 8 .° , d á in f o r m a ç õ e s q u a s e u n ic a m e n te s o b r e a l i t e r a t u r a e s o m e n t e p o r s e u in te r m é ­ um m é t o d o a p e r f e i ç o a d o , f o i p u b lic a d o n o in íc io d e 1 9 6 2 ; o to m o L X X X I V , e m 1 9 6 o
d io , s o b r e a s o c ie d a d e , a s id é ia s e o s s e n ti m e n to s . O t o m o V I I I , p u b l ic a d o e m 1 9 6 6 e o to m o L X X X V 1 I I , e m 1 9 6 9 . O to m o L X X X I I bis, c o n t é m o ín d ic e a lf a b é t ic o ,
vai até 1 8 1 0 .
d e s d e 11 d e a g o s t o d e 1 7 9 3 a t é 4 d e ja n e ir o d e 1 7 9 4 ( 1 9 6 6 ) . A p u b l ic a ç ã o q u e c h e g a
P o d e -s e r e c o r r e r ta m b é m a o s c a tá lo g o s d a s g r a n d e s b i b li o te c a s . O Catalogue de a g o ra a té 1 7 d e a b ril d e 1 9 7 4 d e v e r á p r o s s e g u i r n a p r o p o r ç ã o d e u m v o l u m e p o r a n o .
IHistoire de France, e d i ta d o d e s d e 1 8 5 5 p e lo d e p a r t a m e n t o d e i m p r e s s o s d a B ib lio te c a O s p r o c e s s o s - v e r b a is e a s a ta s d iv e r s a s d o s c o m it é s d a s a s s e m b ié ia s f o r a m e d ita d o s
N a c io n a l ( 1 2 v o ls. in 4 . ° , m a is 5 v o ls . d e s u p l e m e n t o s ) , é a in d a ú til e s e r á atu a liz a d o , m o d e r n a m e n te p o r e r u d ito s (v e r p . 1 8 e a n e x a r o Recueil des Actes du Comité de Salut
m as foi e m p a r te s u b s titu íd o p e l o Catalogue de 1’Histoire de la Révolution Française (ná Public, p u b lic a d o p o r A . A ula rd , cf. p . 2 7 2 .
B ib lio te c a N a c io n a l) p o r A . M a r t in e G . W a lter . O s q u a t r o p r i m e i r o s v o lu m e s , p u ­
b licad o s d e 1 9 3 6 a 1 9 5 5 , c o n t ê m a lista p o r o r d e m a lf a b é t ic a , d e n o m e s d e a u t o r e s e
3) C oleções de L e is e de D ecreto s
d e o b ra s p u b lica d a s n a é p o c a d a R e v o l u ç ã o . O t o m o I V - 2 é c o n s a g r a d o às b r o c h u ra s
a n ó n im a s ; o to m o V c o n t é m a lista d o s jo rn a is e a lm a n a q u e s .
' > A s le is e d e c r e t o s , v o t a d o s p e la s a s s e m b ié ia s r e v o lu c io n á r ia s f o r a m , e m b o a h o r a ,
r e u n id o s e m c o l e ç õ e s . T r ê s d e n t r e e la s sã o p a r t i c u l a r m e n t e ú te is:
2) P ro c esso s V e r b a is e Im pr essõ es d a s A s s e m b l e ia s
A Collection Baudouin o u Collection Générale des Décrets rendus par l’Assemblée Natio­
nale, p e l a Assemblée Nationale Législative, p e la Convention Nationale, P a r is , B a u d o u i n ,
O s E s ta d o s G e r a is , a n te s d e s u a tr a n s f o r m a ç ã o e m A s s e m b lé ia C o n s t i t u i n t e , p u b li­
6 1 v o ls . F o i c o n t i n u a d a p e i a Collection Générale des Lois et des Actes du Corps Lègislatif e
caram p r o c e s s o s v e r b a is . S o b o s a u s p íc io s d o I n s t i t u t o d e H i s t ó r i a d a R e v o l u ç ã o F r a n ­
du Directoire Exécutif, 1 8 v o ls .
c e s a e d o C .N .R .S ., G . L e f e b v r e e M lle . A . T e r r o in e e m p r e e n d e r a m o e s t u d o d e um
La Collection du Louvre (i m p r e n s a n o L o u v r e p e la I m p r e n s a R e a l, d e p o i s N a c io n a l)
Recueil des Documents Relatifs aux Séances des États Généraux ( m a i o - j u n h o d e 1 7 8 9 ) . O o u Collection générale des Lois , Proclamations, Instructions et Alitres Actes du Pouvoir Exé­
to m o I (Les Preliminaires, la Séance du 5 mai) e o t o m o II (La Séance du 23 juin) fo ram
cutif... arec Tables Chronologiques e des Matières, d e ju lh o d e 1 / 8 8 a o 1 8 b r u m á r io d o
o s ú n ico s p u b lic a d o s (P a r i s , 1 9 5 3 e 1 9 6 2 , in 8 .° ) . E s t a o b ç a , a s sim q u e e s t i v e r te r m i­
a n o V I I I , 2 3 v o ls . i n - 4 .° .
n ad a, c o m p le t a r á a d e A . B r e t t e , Recueil des Documents Relatifs à la Convocation des
O Bulletin des L ois, c r i a d o p o r e x e c u ç ã o d o d e c r e t o d e 1 4 frim á r io d o a n o II ( 4 d e
Etats Généraux de 1789, P a r is , 1 8 9 4 - 1 9 1 5 , 4 v o ls . in 8 . ° , m a is u m Atlas des Bailliages d e z e m b b r o d e 1 7 9 3 ) e a b r a n g e n d o o 1 8 b r u m á r io d o a n o V I I I , 1 5 v o l s ., in -8 . ° c o m
oujurisdictions Assimilées Ayant Formé Une Unité Êlectorale en 1789, 1 v o l. in -f o lio .
ín d ic e s .
A s a sse m b ié ia s r e v o lu c io n á r ia s p u b lic a ra m s e u s Procès-Verbaux: Constituante, 75
A lé m d e s s a s c o l e ç õ e s o f ic ia is h á p u b l ic a ç õ e s r e a liz a d a s p o r p a r ti c u la r e s . A m a is útil
v o ls ., m a is 2 v o ls . s u p le m e n ta r e s d e Rapports, m a is 5 v o ls . d e ín d ic e s ; Législative 1 6
e m a is a c e s s ív e l, e m b o r a i n c o m p l e t a , é a d e J . B . D u v e r g ie r , Collection Complete des
v o ls ., m a is 2 v o ls . d e ín d ic e s ; Convention, 7 2 v o l s .; o ín d ic e a n a l íti c o d o s p r o c e s s o s -
Lois, Décrets, Ordonnances, Règlements et Avis du Conseil d É tat , Publiée sur les Éditions
v erb ais d as s e s s õ e s d a C o n v e n ç ã o a c a b a d e s e r p u b l ic a d o p o r G . L e f e b v r e , M . R e i-
Officielles du Louvre, de 1’lmprimerie Nationale par, Baudotn, et du Bulletin des Lois de
n h ard e M . B o u lo is e a u ( 1 9 5 9 - 1 9 6 0 ) ; Conseil des Cinq-Cents, 5 0 v o l s ., Conseil des An-
1788 à 1824 inclusivement, p ar Ordre Chronologique, avec un Choix d’lnstructions Minis-
ciens, 4 9 v o ls ., m ais 9 v o ls . d e ín d ic e s c o m u n s a o s p r o c e s s o s - v e r b a i s d e s s e s d o is C o n ­
térielles et des Notes sur Chaque Loi Indiquant: l . ° Les Lois Analogues; 2 . ° Les Décistons et
selh o s. A s im p r e s s io n s d e s a s s e m b l é e s ” c o m p l e t a m o s p r o c e s s o s - v e r b a i s . A m e lh o r
Arréts du Conseil d’Êtat: 3 . ° Les Discussions Raportées au Moniteur, Suivie d'une Table
c o le ç ã o d e s s a s impressions e s t á c o n s e r v a d a n o s A r q u i v o s N a c i o n a i s ( C o l e ç ã o C a m u s )
Analytique et Raisomée des PAatières, P a r is , 1 8 2 5 - 1 8 2 8 , 2 4 v o ls . in -8 .° . P o d e r e m o s c o n ­
so b o c ó d i g o A D X V I I I c ( 5 2 3 v o ls .).
s u lt a r t a m b é m as c é l e b r e s c o l e ç õ e s D a llo z e t S ir e y . i
A A s s e m b lé ia L e g is la tiv a , n a s ú ltim a s s e m a n a s d e s u a e x i s t ê n c i a , d e p o i s a C o n v e n ­ Les Instituttons de la
M u i to m a is r e s u m i d a s s ã o as s e g u in te s o b ra s : F . A . H ÉLiÉ,
ç ã o , p u b lic a ra m um b o le tim o f ic ia l. O s e g u n d o é c o n h e c i d o s o b o n o m e d e Bulletin de
France, Ouvrage Comprenant, outre les lnstitutions, les Principales Lois, P a r i s , 1 8 8 0 , in -
la Convention Nationale. R e p r o d u z f r e q ii e n t e m e n t e d o c u m e n t o s q u e n ã o m e n c io n a m 8 . ° ; L . D u GUIT e H . M õ n n ie r , Les Constitutions et les Principales Lois Politiques de la
o s Procès-Verbaux.
France depuis 1 7 8 9 ... , P a r i s , 1 8 9 8 , i n - 1 2 ; L. C a h en e R . G u y õ T .Uoeuvre Législative de
S o b o s e g u n d o I m p é r i o , o C o r p o L e g is la tiv o d e c id iu im p r im ir o s Archives Parle-
la Révolution, P a r is , 1 9 1 3 ; J . G o d e c h o t , Les Constitutions de la France depuis 1789,
mentaires, de 1787 à 1860, Recueil Complet des Débats Législatifs et Politiques des Cham­
P a r is , G a r n i e r - F I a m m a r i o n , 1 9 7 0 .
bres Françaises, Première Série (1787-1799). E s t a p r i m e i r a s é r i e c o m p r e e n d e 8 8 v o lu ­ O s e r u d i t o s c o n t e m p o r â n e o s p u b lic a ra m s é r i e s d e t e x t o s le g is la tiv o s r e l a t i v o s a
— 280 — — 281 —
a lg u n s p r o b l e m a s e s p e c í f i c o s . A C o m i s s ã o d e H i s t ó r i a E c o n ó m i c a d a R e v o lu ç ã o e d ito u e s p ír ito c r í t i c o . C . Bellanger, J . Godechot. P . Guiral, F . Terrou, H is t o ir e G é n é ra le
e s p e c i a l m e n t e o s t e x t o s r e f e r e n t e s a o c o m é r c i o d e c e r e a is ( P . C a r o n , 1 9 0 7 ) , à a g ric u l de la Presse F r a n ç a ís e , P a r is , P . U . F . , 1 9 6 9 , t. I. O p e r ío d o r e v o lu c io n á r io e im p e r ia l fo i
tu r a ( G . B o u r g i n , 1 9 0 8 ) , à a s s i s t ê n c i a p ú b l i c a (C . B l o c h , 1 9 0 9 ) , à in d ú s t r ia (C h tr a ta d o p o r J . GODECHOT. Os liv r o s d e G. LE POlTTEVIN( L a L ib e rte de la Presse d e p u is la
S c h m i d t , 1 9 1 0 ) à m o e d a e a o p a p e l- m o e d a , (C . B l o c h , 1 9 1 2 ) , a o c o m é r c i o (C B lo c h R é v o lu tio n , 1 7 8 9 - 1 8 1 5 ) , P a r i s , 1 9 0 1 , i n - 8 .° ) e M l l e . A lm a SÕDERHjELM(Les Régim e de
1 9 1 2 ) , as c o n t r i b u i ç õ e s d ir e ta s ( C . B l o c h , 1 9 1 4 ) , a o s d i r e i t o s f e u d a is (P . C a r o n e P h la Presse P e n d a n t la R é v o lu tio n F r a n ç a ís e , P a r i s , 1 9 0 0 - 1 9 0 1 , 2 v o ls . i n - 8 .° ) tr a ta m ,
S a g n a c , 1 9 2 4 ) , a o “ m á x im o " g e r a l (P . C a r o n , 1 9 3 0 ) , a o s b e n s n a c io n a is (G . B o u r g i n 1 c o m o s e u s n o m e s o i n d ic a m , m a is d o r e g im e le g a l d a im p r e n s a d o q u e d o c o n t é u d o
v o ls . p u b lic a d o s d e 1 7 8 9 a 6 d e m a r ç o d e 1 7 9 6 , 1 9 2 6 - 1 9 4 4 ) . O s t e x t o s r e l a t i v o s à s d o s jo r n a i s . E . HATIN, p u b l i c o u u m a B ib lio g r a p h ie H is t o r iq u e et C r it iq u e de la Presse
r e l a ç õ e s d a I g r e ja c o m o E s ta d o fo r a m p u b lic a d o s n a S u íç a p o r E . W a l d e r S t a a t u n d P é rio d iq u e F r a n ç a ís e , P a r is , 1 8 6 6 . E l a e s t á in c o m p l e t a e as d e s c r iç õ e s q u e aí s e e n ­
K ir c h e tn F r a n k r e ic h . B e r n a , 1 9 5 3 , 2 v o ls . i n - 8 .° . c o n tr a m s ã o in s u f i c i e n t e s . N o t o m o I I d e s u a B ib lio g r a p h ie de 1’H is t o ir e de P a r i s ,
A s p e s q u is a s s o b r e a l e g is la ç ã o r e v o l u c i o n á r i a s ã o fa c ilit a d a s p o r a lg u n s d ic io n á r io s M . TOURNEUX d e u u m a lis ta d o s “ jo r n a i s , p a n f le t o s e a lm a n a q u e s p o lít ic o s ” , p u b lic a ­
o u r e p e r t ó r i o s : B a u d o u i n e R o n d o n n e a u , D ic t io n n a ir e de L é g is la t io n , o u T a b le A lt) d o s e m P a r is , d e 1 7 8 9 a té o a n o V I I I , e n o t o m o I I I h á u m a lis ta d o s jo r n a is e
h a b e tiq u e des lo ts rendues d e p u is l ’a n 1 7 8 9 ( v ie u x style) j u s q u 'à L a n V I in c lu s iv e m e n t a lm a n a q u e s , r e li g io s o s , f i n a n c e i r o s , li t e r á r i o s , c i e n t íf i c o s e d r a m á tic o s . G. WALTER p u ­
P a r is , a n o V I I I - I X , 7 v o ls . i n - 8 . ° , c o m u m S u p p lé m e n t J u s q t d à le r. V e n d é m ia ire a n \ b lic o u , c o m o d i s s e m o s , n o t o m o V d e s e u C a ta lo g u e de 1’H is t o ir e de la R é v o lu tio n F r a n -
P a r is , a n o X m - 8 .° ; G . B e a u l a c , R é p e rto ire A lp h a b é tiq u e C h r o n o lo g iq u e e p a r C la sse m e u t çaise à la B ib lio t h è q u e N a t i o n a le , u m a lista d o s jo r n a is r e v o lu c io n á r io s c o n s e r v a d o s
de M a t ie r e s des L o ts R e n du es p a r les Ãssem blées N a t io n a le s et les C o r p s L é g is la tifs et des n e s te d e p ó s i t o . E s ta lis ta e s t á c la s s if ic a d a p e la o r d e m a lfa b é tic a d o s títu lo s . E la c o m ­
A rre te s d u G o u v e rn e m e n t. d e p u is 1 7 8 9 ju s q t d à le r V e n d é m ia ire de l' a n X . P a ris , a n o X . p r e e n d e n ã o s o m e n t e o s jo r n a i s im p r e s s o s e m P a r is , m as ta m b é m m u ito s jo r n a is s u r ­
g id o s n a p r o v ín c ia e m e s m o a lg u n s jo r n a is e d ita d o s no e s tr a n g e ir o . N e n h u m d e s s e s
4) C oleções de T ex to s A d m in is t r a t iv o s c a tá lo g o s e s t á c o m p le t o .
É i m p o i s ív e l , p a r a n ó s , e m p r e e n d e r a q u i u m e s tu d o , m e s m o s u m a r io , d o s jo r n a is
A m a io r ia d a s c i r c u la r e s m i n i s t e r i a i s r e g u la m e n ta n d o a a p l i c a ç ã o d a s le is fo r a m p u b lic a d o s n a F r a n ç a d u r a n te a R e v o lu ç ã o . C i t a r e m o s o s d e u so m ais c o r r e n t e p a ra o
im p r e s s a s , p o r é m n ã o h á c o l e ç õ e s s is te m á tic a s , e c o m p le ta s . E la s s e a c h a m d is p e r s a s em h is to r ia d o r : L a G a z e tte N a t io n a le ou M o n it e u r V n iv e r s e l, p u b lic a d o a p a rtir d e 2 4 -d e
n u m e r o s o s m a ç o s d o s A r q u iv o s N a c i o n a i s ( F 1 a 2 2 e 2 3 p o r e x e m p l o ) e d e p a r ta m e n - n o v e m b r o d e 1 7 8 9 , m a s p r e c e d i d o d e u m v o lu m e c o m p o s to n o a n o I V p a ra f a z e r sa ir
o jo r n a l d e 5 d e m a io d e 1 7 8 9 . E l e f o r m a , d e s s e m o d o , 2 4 v o ls . in - fo lio p a ra o p e r ío d o
q u e s e e s t e n d e d a r e u n i ã o d o s E s t a d o s - G e r a is a o g o l p e d e E s ta d o d o 1 8 b r u m á r io . E m
5) C oleção de In stru ç õ es a o s Em b a ix a d o r e s 1 8 6 3 , u m a R e im p re ss io n de 1’A n c ie n M o n it e u r f o i p u b lic a d a e m 3 2 v o lu m e s . F o r a m e d i­
tados e x t r a t o s p o r G . maranini ( M i l ã o , 1 9 6 2 ) . J.T T -L
E s t a c o le ç ã o , p u b lic a d a s o b o s a u s p íc io s d a C o m m is s io n des A r c h iv e s D ip lo m a t i- F oram ig u a lm e n te r e im p r e s s o s , e m e d i ç õ e s c r ít ic a s , o Pere D u c h e s n e , d H e b e r t
ques d o M i m s t è r e d e s A f f a i r e s E t r a n g è r e s , c h e g a , e m t e s e , a té a “ R é v o lu t i o n fr a n ç a ís e ". ( 1 9 2 2 - 1 9 3 8 e 1 9 6 9 ) - o V ie u x C o r d e lie r , d e C a m i l le D e s m o u lin s ( 1 9 3 6 ) ; o D é fe n se u r de
R e a l m e n t e , e m m u i t o s v o lu m e s fo r a m p u b lic a d a s in s t r u ç õ e s d e 1 7 8 9 , 1 7 9 0 1791 e la C o n s t it u t io n e L e ttre s a u x co m m e tta n ts ( 1 9 3 9 - 1 9 6 2 ) , d e ROBESPIERRE L e J o u r n a l de
1792 O s d o is ú ltim o s v o lu m e s , to m o s X X V I I I - 2 e X X V I I I - 3 , p u b l i c a d o s s o b a d ir e - P a r i s , de 1 7 8 9 à 1 7 9 5 , L e J o u r n a l P o lit iq u e N a t i o n a l e V A m i d u P e u p le fo r a m ta m b é m
r e im p r e s s o s , p a r c ia l o u t o t a l m e n t e .
1963 1 9 6 6 ° r8 e S LlV E T ' r e f e r e m ' Se a o s e i e i t o r a d o s a le m ã e s d e C o l ó n i a e T r e v e s P a ris

8) Correspondências. Memórias, Documentos Diversos


6) A ta s das A u t o r id a d e s Lo c a is
Um n ú m e r o b e m g r a n d e d e c o r r e s p o n d ê n c ia s , d e m e m ó r ia s , d e d o c u m e n t o s d e
to d o s o s tip o s f o r a m e c o n t i n u a m s e n d o p u b lic a d o s . N ó s n o s lim ita r e m o s a in d ic a r
u í ^ j m aS ^ aS 3taS ^ aS a u t o r ' d a d e s l o c a i s fo r a m p u b lic a d a s . N a t u r a l m e n t e , a m u n i­
c ip a lid a d e d e P a r is d e in í c io a tr a iu a a t e n ç ã o . É t . C h a r a v a y e d i t o u o s P ro c è s -V e rb a u x a q u i a s c o l e ç õ e s o u o s t e x t o s e s s e n c i a i s . E n c o n t r a r e m o s o u t r o s n a s b ib lio g r a fia s c ita d a s
des Ãssem blées E lecto ra les de P a r i s de 1 7 9 0 a 1 7 9 4 . 3 v o ls . ( t . I I I te r m i n a d o p o r P a n te r io r m e n te .
M a u t o u c h e t ) P a r is , 1 8 9 0 - 1 9 0 5 . S ig is m o n d L a c r o i x e R . F a r g e p u b lic a r a m as A c te de A C o lle c tio n des M é m o ire s r e la t if s à la R é v o lu tio n F r a n ç a ís e , p u b lic a d a p o r Berville e
la C o m m u n e de P a r t s p e n d a n t la R é v o lu t io n . P a r is , 1 8 9 4 - 1 9 4 2 , 1 6 v o ls . (a té 2 4 d e f e v e ­ BarriÈre ( P a r i s , B a u d o u in f r è r e s , 1 8 2 0 - 1 8 2 8 , 6 0 v o ls . e m p a r te r e im p r e s s a p o r F r a n -
r e ir o d e 1 7 9 2 ) . O u t r a s p u b l i c a ç õ e s r e f e r e m - s e às a s s e m b l é i a s d e p a r t a m e n t a i s , c u ja lis ta ç o is B a r r i è r e , P a r is , F i r m i n - D i d o t , 1 8 4 6 - 1 8 6 6 , 2 8 v o ls ., d e p o is c o n tin u a d a p o r d e
se e n c o n tra no M a n u e l de P. C a r o n , pp. 2 1 3 -2 1 7 . Lescure, 9 v o ls . d e s d e 1 8 7 5 ) , c o m p õ e m - s e d e t e x t o s de a u to r e s m u ito d iv e r s o s . N e l a
s e e n c o n t r a m , e s p e c i a l m e n t e as M é m o ire s de B a i l l y , a s do M a r q u is de B o u il lé , o J o u r n a l
7) J o r n a is e A lm a n a qu es de C l é r y , c r i a d o d e q u a r t o d e L u ís X V I , as M e m ó r i a s d e L in g u e t s o b r e a B a s tilh a as d e
L o u v e t , d e L o u is - P h ilip p e d V r l é a n s , d e M a d a m e R o la n d , d e T h ib a u d e a u , e t c . F a lt a n as
jjrãj
O s jo r n a i s c o n s t i t u e m u m a f o n t e e s s e n c i a l d a h is t ó r i a d a R e v o l u ç ã o e fo r a m b a s- e d i ç õ e s u m t r a t a m e n t o c r í t i c o e c b n v é m u tiliz a r e s s e s v o lu m e s c o m p r e c a u ç a o .
ta n te n u m e r o s o s , p r i n c i p a lm e n t e d e 1 7 8 9 a 1 7 9 3 , t a n to e m P a r is q u a n t o n a p r o v ín c ia . A c o l e ç ã o V É l i t e de la R é v o lu tio n , p u b lic a d a e m F a s q u e lle , d e 1 9 0 8 a 1 9 1 4 , c o n t e m
N ã o h á , s o b r e e l e s , a tu a l m e n t e , u m r e c e n s e a m e n t o c o m p l e t o e n ã o p o s s u ím o s , ig u a l­ t e x t o s d e S a i n t - J u s t , R o b e s p i e r r e , M a r a r , M ir a b e a u e F a b re d ’E g la n t in e ; as e x p lic a ç õ e s
m e n t e , n e n h u m e s t u d o e x a u s ti v o s o b r e a im p r e n s a f r a n c e s a d a é p o c a r e v o lu c io n á r ia . e a s n o t a s s ã o s u m á r ia s . ____
S o m e n t e a lg u n s jo r n a i s to r a m o b j e t o d e m o n o g r a f ia s e u m n ú m e r o m u ito p e q u e n o A liv r a r ia A r m a n d C o l i n p u b l i c o u d e 1 9 3 1 a 1 9 3 9 , s o b a d ir e ç ã o d e A . MATHlEZe
d e l e s f o i r e e d it a d o . G . Lefebvre, u m a c o l e ç ã o i n t i t u la d a Les C la s s iq u e s de la R é v o lu tio n . E n c o n t r a m - s e a í,
C o n s u l t e - s e s o b r e a im p r e n s a : E . H a t i n , H is t o ir e P o lit iq u e et L it t é r a r ie de la Presse a c o m p a n h a d o s d e d e s t a c a d o s e s t u d o s c r ít i c o s , Les Voyages en F ra n c e , d A r t h u r Y o u n g
en F r a n c e . ... F r a n ç a , 1 8 5 9 - 1 8 6 1 , 8 v o ls . i n - 8 . ° ; H e n r i A v e n e l . H is t o ir e de la Presse ( p o r H . S è e ,3 v o l s ., 1 9 3 1 ) , a C o rre sp o n d a n ce In é d ite d u M a r q u is de fe m e re s ( p o r H e n r i
F r a n ç a ís e d e p u is 1 7 8 9 j u s q u a nos j o u r s . P a r is , 1 9 0 0 , i n - 8 ° , o b r a d e c i r c u n s t â n c ia , s e m CarrÉ, 1 9 3 2 ) , o C a té c h is m e d u C it o y e n F r a n ç a is d e C . Fr. V o ln e y ( p o r G a s to n Martin,
— 282 — — 283 —
1 9 3 4 ), a Correspondance Secrète de Marie-Antoinette et Barnave ( p o r A lm a S Õ D E R H JE L M , b u rg o , 1 8 7 1 ) ; M a lm esbu r y ( 4 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 4 3 - 1 8 4 4 ) ; G . R o se ( 2 v o l s ., L o n d r e s ,
1 9 3 4 ) , Pages Choisies de Babeuf (,p o r M . D o m m a n g e t , 1 9 3 5 ) , o Wieux Cordelier, m e n ­ 1 8 6 0 ); W . W i n d h a m (L o n d r e s , 1 8 6 6 ) , e t c .
c io n a d o a n t e r i o r m e n t e ( 1 9 3 6 ) , as Mémoires de Barbaroux ( p o r A . C h a b a u d , 1 9 3 6 ) , A im p r e n s a b r it â n ic a , m u it o i n d e p e n d e n t e d u r a n te e s te p e r í o d o , c o n t a v a c o m n u ­
Robespierre vu par ses Contemporains (p o r L. JA C O B , 1 9 3 8 ) . m e ro s o s jo rn a is . C o n s u l t e - s e , e s p e c ia lm e n t e : The London G azette, The Times, e tc .
Os Souvenirs d’Etienne Dumont, sur M irabeau, p r e v i s t o s , p r i m e i r a m e n t e p a r a e sta U m a b o a c o l e t â n e a d e te x t o s r e la tiv o s à a t i tu d e d a I n g l a te r r a fa c e à R e v o l u ç ã o f o i
c o le ç ã o , fo ra m p u b lic a d o s p o r J . b É n e t r u y nas “ P r e s s e s U n iv e r s i ta ir e s d e F r a n c e ” , em p u b lica d a p o r A lf r e d C o b b a n . T A c Debate on the French Révolution, 1789-1800, L o n ­
1951. d re s, 1 9 5 0 , e s o b r e a im p r e s s ã o c a u s a d a p e l a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a s o b r e o s i n g l e s e s ,
A s Editions Sociales n a c o l e ç ã o Les Classiques du Peuple e d ita m t e x t o s s e le c io n a d o s , u tiliz a re m o s J . M . T h o m s o n , English Witnesses o f the French Révolution . O x f o r d , 1 9 3 8 .
algum as v e z e s m e s m o c o m p l e t o s , d o s p rin cip a is t e ó r i c o s d a R e v o l u ç ã o (M a r a t, R o b e s ­ N o q u e s e r e f e r e à I rla n d a , c o n s u l t a r e m o s The Debates o f the Irish House o f Com-
p ie rre , S a in t-Ju s t, B a b e u f , B u o n a r r o t i). mons, até 1797 (t. X a X V I I ) . C o n s u l t a r t a m b é m G r a t t a n , Speeches, 4 v o l s ., L o n d r e s ,
A s g r a n d e s r e v is ta s e as s o c ie d a d e s q u e m e n c i o n a m o s (p . 2 7 2 ) e d i ta r a m te x to s 1822; de La cto n a ye , Un Français en Irlande, D u b lin , 1 7 9 7 .
d iv e rso s. P o r e x e m p l o , n a Bibliothèque de la Société d’Histoire de la Révolution Fran-
çaise e n c o n tr a m - s e asLettres et Bulletins de Barentin à Louis XVI ( p o r A . A Ú L A R D . 2) Pro v ín c ia s U n id a s , R e p ú b l ic a B atava
1 9 1 5 ), osPapiers de Chaumette ( p o r F . B r a e s c h , 1 9 0 8 ) , e t c . P o r s u a v e z , a Société des
Etudes Robespierristes p u b lic o u as Oeuvres Complètes de Robespierre. A Société d’Histoire U m h i s t o r i a d o r q u e ig n o r e a lín g u a h o la n d e s a n ã o d e v e s e d e i x a r in tim id a r p e lo s
Moderne e d ito u t e x t o s s o b r e a Assistance publique sous la Législative et la Convention (p o r títu lo s q u e c i t a m o s a s e g u i r . R e a l m e n t e , m u ita s d as c o l e ç õ e s d e d o c u m e n t o s , c o m
F erd in an d D r e y f u s , 1 9 0 5 ) , e s o b r e as Négociations de Lille ( p o r C h . B a l l o t , 1 9 1 0 ) . títu lo e m h o la n d ê s , c o n t é m u m g r a n d e n ú m e r o d e d o c u m e n t o s r e d ig id o s e m francês,
D iv e rs o s e d i to r e s c o n t in u a m a im p r im ir m e m ó r ia s e c o r r e s p o n d ê n c i a s s o b r e a R e ­ in glês o u a le m ã o . S o b r e o p e r í o d o d o s “ s t a t h o u d e r ” e d a r e v o l t a d o s “ p a t r i o t a s ” de
v o lu ção . C ita m o s , p o r e x e m p lo , as r e c o r d a ç õ e s d o c a p it ã o G e r v a is , A la Conquête de 1 7 8 3 a 1 7 8 7 , s a lie n ta r e m o s :
l’Europe (p u b lica d a s p o r M m e . M . C O U L L E T , 1 9 3 9 ) ; La Correspondance de Lavoisier (r e u ­ J . F . L . K r a m e r , Archives ou Correspondance Inédite de la Maison d’Orange-Nassau,
nida e a n o ta d a p o r R . F r i c , 1 9 5 5 ) ; Les Comte de Modène et ses Correspondants ( d o c u m e n ­ o l e n b r a n d e r , Despesches van
5 .a s é r i e , 1 7 6 6 - 1 7 8 9 , 3 v o l s ., L e y d e , 1 9 0 8 - 1 9 1 5 ; H . T . C
to s in é d ito s s o b r e a e m ig r a ç ã o , p u b lic a d o s p o r E u g è n e D r o z , 1 9 4 2 - 1 9 4 3 ) ; Les Souve­ Thulemeyer, 1 7 6 3 - 1 7 8 8 , S ’G r a v e n h a g e , 1 9 1 2 .
nirs íu n Emigré, d o C o n d e d e M o n t l o s ie r , ( 1 9 5 2 ) , e tc . Q u a n t o a o p e r í o d o d a R e p ú b l i c a B a t a v a , a c o l e ç ã o f u n d a m e n ta l é a d e H . T . C o -
N a F r a n ç a e n o e s tr a n g e i r o f o r a m p u b lic a d a s c o l e ç õ e s d e t e x t o s s e le c io n a d o s , re la ­ LENBRANDER, Gedenkstukken der Algemeene Geschiedenis van Nederland van 1795 tot
tivos à R e v o lu ç ã o F r a n c e s a , q u e p o d e m s e r ú te is . C i t a r e m o s J . B . E b e l i n g , L ’Histoire 1840, t. I - I V ( 1 7 9 5 - 1 8 0 1 ) , S ’G r a v a n h a g e , 1 9 0 6 - 1 9 0 7 . P u b l ic a r a m -s e o s p r o c e s s o s -
: Racmtée par ses Témoins: la Révolution Française, P a r is , 1 9 4 2 ; E . L . HIGG1NS, The French v e rb a is e o s d e c r e t o s d a s a s s e m b lé ia s .
Révolution as told by Contemporaries, C a m b r i d g e ( U . S . A . ) , 1 9 3 8 ; J . G O D E C H O T .G t pen- E n t r e as M e m ó r i a s , c ita m o s DELPRAT, “J o u r n a l C o n c e r n a n t le s E v é n e m e n t s P o liti-
sée révolutionnaire, P a r is , 1 9 6 4 , n o v a e d ., 1 9 6 9 - q u e s d e N o t r e P a t r i e D e p u is 1 7 9 8 ju s q u ’e n 1 8 0 7 ” , in Bijdrage en Mededeelingen Histo-
risch Geriootschap, t. X I I I .
b> Principais países europeus O s jo rn a is p u b l ic a d o s n as P r o v í n c i a s - U n i d a s f o r a m b a s ta n te n u m e r o s o s e b e m in ­
f o rm a d o s . V á r io s s ã o r e d ig id o s e m f r a n c ê s , e s p e c i a l m e n t e La Gazette de Leyde (c o n s u l ­
N ã o p o d e m o s p r e t e n d e r d a r p a r a c a d a u m d o s p a íse s d a E u r o p a u m a r e l a ç ã o tão ta r Ma Grande N ation, t. I I , p p . 3 6 8 - 7 7 ) .
c o m p le ta das f o n t e s im p r e s s a s c o m o a q u e d e m o s p a r a a F r a n ç a . N ó s n o s li m ita re m o s
ao s g ra n d e s p a íse s e às c o l e ç õ e s e s s e n c ia is , d e u s o c o r r e n t e . 3) B é l g ic a

1) G rà -B retan h a e Irlan da
D e u m a m a n e i r a g e r a l , c o n s u l t a r e m o s o liv ro d e P . G é r in , Bibliographie de l'His-
toire de Belgique, 1789-1831, 1 9 6 0 . P u b lic o u -s e u m d e te rm in a d o n ú m e ro d e d o c u ­
m e n to s o fic ia is : L. G a c h a r d , “ L e t t r e s é c r i t e s p a r le s s o u v e ra in s d e P a y s - B a s a u s E t a t s
A p rin cip a l p u b l ic a ç ã o é o Annual Register, or a View o f the History, Politics and d e c e s p r o v ín c e s d e p o u is P h ilip p e II j u s q u ’á F r a n ç o i s I I ” , n o Bulletin de la Commission
Literature... (p u b lic a ç ã o a n u a l).
royale d’histoire, 2 . a s é r i e , t. V I I ; l d ., Documents politiques et diplomatiques sur la Révolu­
O s d e b a t e s p a r l a m e n t a r e s s ã o r e l a t a d o s e m W . C o b b e t t . Parliamentary History oi tion belge de 1790, B r u x e l a s , 1 8 3 4 ; E . H u b e r t .Correspondance des Ministres de France
England, t. X V I I a X X X I V e e m The Jou rn al o f the House o f Lords.
Accrédités à Bruxelles, de 1780 à 1790; idem, Correspondance de Maxtmilien de Chestret,
As p u b lic a ç õ e s d e d o c u m e n t o s , o fic ia is o u n ã o , s ã o m u it o n u m e r o s a s . S a l ie n t a m o s agent Diplomatique du prince-évéque de Liège à Paris e à la Haye, 1785-1794 , B r u x e l a s ,
p o r e x e m p lo , T h e E r s k i n e , Speeches, 4 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 4 7 ; The Manuscrits o f J B 1 9 2 1 ; E . H u b e r t e C . T i h o n , Correspondance de Bouteville-Dumetz, Commissaire du
Fortescue (Drofimore P ajers) , 5 v o ls ,, L o n d r e s , 1 8 9 2 - 1 8 9 9 , q u e c o n t é m im p o r ta n tís s i­
Gouvernement Français à Bruxelles en 1795 , B r u x e l a s , 2 v o ls ., 1 9 2 9 e 1 9 3 4 ; E . H u b e r t ,
m o s r e la to n o s d e e s p io n a g e m s o b r e a F r a n ç a ; C . J . F o x , Memoriais and Correspondance,
Correspondance de Barthélemy-Joseph Dotrange, agent Diplomatique du Prince-Évéque de
ed itad o p o r L o r d J . R u ssel , 4 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 5 3 - 1 8 5 7 ; l d ., Speeches, with introduc-
Liège auprès de la Cour de Bruxelles, B r u x e l a s , 1 9 2 6 .
tiom by Lord Erskine. 6 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 1 1 ; W . P m . Speeches e d i ta d o p o r W S F o r a m p u b lic a d a s a lg u m a s m e m ó r i a s e d o c u m e n t o s d e h o m e n s d e E s t a d o : as Mé­
H ath a w a y , 4 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 0 6 .
moires du Comte de B ray , B r u x e l a s , 1 9 1 1 , e as Considérations Politiques. d o m e s m o ,
1IK ? ™ to a B u rke , d is p o m o s d a e d i ç ã o d e su a Correspondance, 8 v o l s ., L o n d r e s B r u x e l a s , 1 9 0 8 . O s Papiers de Jean-Remi de Chestret pour servir à 1’Histoire de la Révolu­
n im T7 0 /G r dlÇa° , ,m u l,t o m ais c ° m P le t a ’ d e T h o m a s W . C o p e l a n d , o t o m o V I I I tion Liégeoise (1787-1791) f o r a m r e i m p r e s s o s p o r u m d e se u s d e s c e n d e n t e s . T h . G o -
1 7 9 2 - 1 7 9 4 ) f o i p u b lic a d o e m 1 9 6 8 (T h e U n i v e r s i t y o f C h i c a g o P r e s s ) ; Speeches e d i­
BERT e d i t o u as “ M é m o i r e s d e N i c o l a s V a n d e r H e y d e n ” s o b r e a R e v o l u ç ã o d e L i è g e ,
ta d o p o r F . G . S e l b y , L o n d r e s , 1 8 9 5 ; Burke’s Works, 6 v o ls ., L o n d r e s , 1 8 6 3 .
d e 1 7 8 9 e o s a c o n t e c i m e n t o s q u e a s e g u i r a m (Bulletin de 1'lnstitut Archéologique Lié-
o r a m p u b lic a d a s n u m e r o s a s Mémoires. S a l ie n t a m o s as d e L o r d B ro ug h a m (E d im ­
geois, t. X X X V I , 1 9 0 6 , p p . 1 3 - 7 8 ) . P h i l i p p e d e L i m b o u r g p u b l ic o u as “ L e t t r e s e t
— 284 — — 283 —
Mémoires pour servir à l'histoire de la Révolution liégeoise” (Bulletin de la Societé nais f o r a m p u b l ic a d o s p o r C . H il t h y , Les Constitutions Fédérales de la Suisse, 1 8 9 1 .
Veniétoise d ’Archéologie et d’Histoire , t. XIV, 1919). E n tr e as c o r r e s p o n d ê n c i a s , as m a is im p o r ta n te s fazem p a r t e d a c o l e ç ã o Quellen zur
Inúmeros jornais apareceram na Bélgica antes da Revolução e multiplicaram-se Schweizerische Geschichte: R . L u g in b u h l , Aus Philip Albert StapfePs Briefwechsel, 2
entre 1790 e 1795- Consultar A. W a r z É E , Essai Historique et Critique sur les Journaux v o ls., 1 8 9 1 ; O . H u n z ik e r , Zeitgenossische Dartellungen der Unruhen in der Landschaft
Belges, Bruxelas, 1844; Ulysse C a p i t a i n e , Recherches sur les Journaux Ltégeois, Liége, Zurich, 1794-1798, 1 8 9 5 ; E . D u n a n t , Les Relations Diplomatiques de la France et de la
1850; G. C h a r l i e r e R. M o r t i e r , Le Journal Encyclopédique, Paris, 1952. Republique Helvétique, 1798-1803 , 1 9 0 1 ; G . Steiner, Korrespondenz des Peter Ochs, 3
v o ls., 1 9 2 7 - 1 9 3 7 ; A . R u fe r , Der Freistaat der 111 Bunde und lie Frage des Veltlins,
4) A lem a n h a Korrespondez und Aktenstiicke aus den Ja h r en , 1796-1797, 2 v o l s ., 1 9 1 6 - 1 9 1 7 . Q u a n to
aos jo rn a is , n u m e r o s o s e i n d e p e n d e n t e s , c o n s u lta r W e r n e r N á f , Bibliographie de 1’His­
Coleções muito importantes de documentos referem-se à história da Alemanha. É toire de la Presse Suisse, 1 9 4 0 .
indispensável a obra de D a h l m a N - W a i t z , Quellenkunde der Deutschen Geschichte, Stu-
6) It á l ia
denten Ausgabe, Munique, 1951.
1) — Império — Textos legislativos em O. F. GERTSCHLAGER, Handbuch der Teutche
Reichsgesetze in Systematischer Ordnung, 11 vols., 1786-1793- E im p o s s ív e l a p r e s e n t a r a q u i u m a lista c o m p le t a de to d o s o s d o c u m e n to s p u b lic a ­
2) — Prússia — Allgemeins Landrecht fu er die Preussischen Staaten, in Verbindung dos s o b r e o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o n a I tá lia , q u e s e c o n fu n d e c o m as o r ig e n s d o Risor­
mit ergrenzenden Verordnungen. herausgegeben von A. G. MANNKOPF, Berlim, 1837, 9 gimento. A s s in a l a m o s c o m o i n s t r u m e n t o d e tr a b a lh o e x tr e m a m e n t e p r á t i c o , a o b r a p u ­
vols. Quanto aos problemas diplomáticos: H e r m a n Diplomatische Correspondenzen aus blicad a s o b a d i r e ç ã o d e E t t o r e R o t a , Questioni di Storia del Risorgimento e delPunità
der Révolutionszeit, 1791-1797 , Gotha, 1867. il t a l i a , M il ã o , 1 9 5 1 , n o v a e d i ç ã o , 1 9 6 1 , e A . M . G h isa lberti ,
lntroduzione alia Storia
3) — Áustria e Estados austríacos — L . B i t t n e r , Chronologische Verzeichnis der Oster- del Risorgimento, R o m a , 1 9 4 2 .
reichischen Staatsvertrãge, Viena, 2 vols., 1903-1909- As coleções de von A r n e t h es­ A s p r in c ip a is c o l e ç õ e s s ã o as s e g u i n te s : M . K o v a l e v s k i , I Dispacci Degli Ambascia-
clarecem bastante as origens políticas da revolução na França: M aria Theresa undJosepb tori Veneti alia Corte di Francia durante la Rivoluzione, T o r in o , 1 8 9 5 ; G . COLUCCI, La
I I , ihre Korrespondenz, 3 vols., 1867-1868, idem, Maria Theresa und Marie-Antoinette, Repubblica di Génova e la Rivoluzione Francese, R o m a , 1 9 0 2 ; V . V i t a l e , / Dispacci dei
ihre B rtef wechsel, 1866; idem , e A. G e f f r o y , Correspondance secrète entre Marie-Théreze Diplomatici Genovesi a Parigi, 1787-1793, T u r im , 1 9 3 6 ; F . L emmi, Diplomatici Sardi
et le Comte de Mercy-Argenteau, avec les Lettres de Marie-Thérèze et de Marie-Antoniette, 3 deTPeriodo delia Rivoluzione, 1789-1796, T u r i m , 1 9 2 2 ; D . O l m o , La Rivoluzione Fran­
vols., 1874. cese nelle Relazioni Diplomatische di un Ministro Sardo a Roma, 1792-1796, T u r im ,
Sobre a política estrangeira: von V í v e n o t e von Z E IS S B E R G , Quellen zur Geschichte 1922.
der Deutschen Politik Osterreichs wàhrend der Franzòsischen Revolutionskriege, 1 790- II Problema Italiano ldal 1700 al 1813:
E . R o t a p u b l ic o u d o c u m e n t o s s e l e c i o n a d o s .
1801 , Viena, 5 vols. 1 8 7 3 - 1 8 9 0 . Von V í v e n o t também publicou a correspondência 1’ldea U nitaria, M il ã o , 1 9 3 8 . G . N u z z o , Áustria e Governo d’ltalia nel 1794, R o m a ,
trocada entre Thugut, Clerfayt e Wurmser (Viena, 1 8 6 9 ) ; também do mesmo autor, 1940.
consultar: Thugut an d Sein Politisches System. Urkundliche Beitrdge zur Geschichte der F o r a m e d i ta d o s t a m b é m a lg u n s p r o c e s s o s - v e r b a is das a s se m b ié ia s lo ca is o u n a c io ­
Deutschen Politik des Osterreichischen Kaiserhauses wàhrend der Kriege gegen die franzò- nais: Verbali Delle Seduti delia Municipalità Provvisoria di Venezia, 1 7 9 7 , p o r A . A l-
sische Révolution, Viena, 1 8 7 0 ; Vertrauliche Briefe des Freiherrn von Thugut, Viena, 2 BERTI, R . CESSI e L. M a rcu CCI, B o l o n h a , 1 1 v o ls ., 1 9 1 7 - 1 9 4 8 ; Assemblee delia Repub­
vols., 1 8 7 2 . As publicações de von Vivenot completam-se pelas de H . H u f e r e L u c k - blica Romana, p o r V . E . GlUNTELA, l . ° v o l., R o m a , 1 9 5 4 .
w a l d t , Quellen zur Geschichte des Zeitalters der franzòsischen Révolution, der Frieden von E n t r e as n u m e r o s a s c o r r e s p o n d ê n c i a s p u b lic a d a s , e n c o n tr a m o s p r in c i p a lm e n t e o
Campoformio, Innsbruck, 1 9 0 7 . Carteggio d i Pietro e Alessandro Verri dal 1766 al 1797, e d i ta d o p o r F. N o v a t i , E .
4) Renánia e Alemanha Ocidental — Uma coleção muitíssimo importante é a de G r ep p i , H . GlULINI e G . S e r e g n i , M i l ã o , 1 0 v o ls ., 1 9 0 9 ; La Rivoluzione Francese nel
Joseph H a n s e n , Quellen zur Geschichte des Rheinlandes in Zeitalter der Franzòsischen Carteggio di un Osservatore Italiano ( P a o l o G r e p p i ) , M ilão , 3 v o ls ., 1 9 0 0 - 1 9 0 4 .
P a r a a I tá lia , o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o c a ra c te r iz o u -s e p o r u m e x tr a o r d in á r i o d e s a -
Révolution, 1780-1801, Bonn, 4 vols., 1931-1938.
Em relação ao país de Baden, encontraremos documentos na obra publicada por B. b r o c h a m e n t o d a im p r e n s a . A c a b a m d e s e r r e e d it a d o s e x tr a to s d e jo rn a is ja c o b in o s (/
ERDMANNSDÔRFER e K. OBSER, Politische Correspondenz Karl Friedrischs von Baden, Giornali Giacobini Italia n i, p o r R e n z o d e Felic e , M ilã o , 1 9 6 2 ) . C o n s u lta r ta m b é m : F.
1783-1806 , Heidelberg, 5 vols., 1888-1901. Quanto à Souabe, consultaremos G. W FATTORELLO, ll Giornalismo Italiano dalle Origini agli anui 1848-1849, U d in e , 1 9 3 7 , e
V r e e d e , La Souabe après la Paix de Bále. Recueil de Documents Diplomatiques et Parla- D r esle r , Geschichte der Italienischen Presse, t. I, 1 9 3 8 .
mentaires Concernant les Négociations avec la Republique Française , Utrecht, 1879- D . C a n t im o ri e R . de F elice p u b lic a ra m e x t r a t o s das p rin cip a is o b ra s d o s “ ja ­
Em toda Alemanha surgiram inúmeros jornais, relativamente livres, até 1792. En­ c o b i n o s ” ita lia n o s : Giacobini Italian i, B a r i , 2 v o ls ., 1 9 5 6 e 1 9 6 4 .
contraremos a relação deles em bibliografia publicada por Karl B ó m e r , particular­
mente rica em jornais alemães, Internationale Bibliographie des Zeitungswesens, Leipzig, 7) E spa n h a , Po rtu ga l

1932 e na obra de L. S a l m o n , Geschichte des Deutschen Zeitungswesens in den Ersteti


Anfàngen bis zur 'Wiederaufrichtung des deutschen Reiches, Oldenburg, 2 vols., 1902. A t é o p r e s e n t e f o r a m p u b l ic a d o s p o u c o s d o c u m e n to s . C o n s u lte - s e : B . S anchez
A l o n so , Fuentes de la Historia Espanola e Hispanoamericana, 3 v o ls ., M a d r i, 1 9 5 2 .
5) S u íç a I n te r e s s a n d o p r in c i p a l m e n t e a F r a n ç a : A l b e r t MOUSSET, Un Témoin Ignore de la Révolu­
tion, le Comtede Fernan Nuhez, Ambassadeur d'Espagne à Paris (1787-1791), P a r is ,
Consultaremos H. B a r t h , Bibliographie zu Schweiger Geschichte, 3 vols., 1914- 1 9 2 3 ; J a c q u e l i n e C h a m i É, “ L a C o r r e s p o n d a n c e d u C h e v a lie r d e L as C a s a s e t d u M a r -
1915. A coleção fundamental de documentos é a de J. STRLCKLER, Aktensammlung aus q u is d e B o m b e l l e s A m b a s s a d e u r s d e F r a n c e e t d ’EsD asn e à V e n is e so u s la R é v o l u ­
tio n ” , n a Revue dHistoire Diplomatique, 1950-1951 , p p . 9 9 - 4 1 ; idem “ L a R é v o l u ti o n à
der Zeit der Helvetischen Republik, Berna, 14 vols., 1874-1918. Os textos constitucio­
— 286 — — 287 —
M a r s e ilie V u e p a r u n E s p a g n o l, J u a n d e Ia R o s a , c ô n s u l d ’E s p a g n e ” , n a Provence Histo BEER, “ C h e c k lis t o f A m e r i c a n P e r io d ic a ls ” , e m American Antiquarian Society, Procee-
rique, t. I e I I , 1 9 5 1 - 1 9 5 2 . iings, n o v a s é r i e , t. X X X I I , 1 9 2 2 , p. 3 3 0 . C o n s u lta r ta m b é m W . A . D m .Growth of
Hewspapers in the United States, 1704-1925, L a w r e n c e , K e n , 1 9 2 8 .
8) Pa ís e s E s c a n d in a v o s Mémoires, Correspondance et Papiers d’Hommes d’É tat, c o m o F r a n k l i n , W a s h i n g t o n ,
Je ffe rso n , e tc.
P a r a a D i n a m a r c a e a N o r u e g a , c o n s u l t e - s e C . W . B r u u n , Bibliotheca Danica
1462-1830, 1 8 7 2 - 1 9 0 2 , assim c o m o a b ib lio g ra fia a n u a l d a Historisk Tijdskrift, re u ­ 3) A n t il h a s Fra n cesa s

nida p e la Danish Historical Society. P a r a a S u é cia : K o n g l. Bibliotekets Samling o f Sambida


heràttelser om Sveriges Krig, E s to c o lm o , 1 8 9 1 , t. V I I (Recueil des Pièces Militairey d’Ar­ M o REAU DE SAINT-MÉRY, Lois et Constitutions des colonies Françatses , de 1550 à
chives, d e 1 7 0 0 a 1 8 1 4 ) ; E . M . d e S t a é l - H o l s t e i n , Correspondance Diplomatique 1785 , P a r is , 6 v o l s ., 1 7 8 5 - 1 7 9 0 , e Description T opographique ,V hysique , Civile, Pohti-
1 7 8 3 - 1 7 9 9 , p u b lic a d a p o r E . L é o u z o n L e d u c , 1 8 8 1 - 1 8 9 9 . que et Histoire de la Partie Françaíse de Saint-Dominique, F ila d é lfia , 1 7 9 7 - 1 8 0 2 , 2 v o ls .,
no va e d i ç ã o , P a r is , 1 9 5 5 .
9) Po l ó n ia , R ú s s ia U m a g r a n d e q u a n tid a d e d e c a r t a s d irig id a s p e lo s p r o c u r a d o r e s o u a d m in is tr a d o r e s
aos p r o p r i e t á r i o s b r a n c o s q u e v iv ia m n a F r a n ç a fo i p u b lic a d a , p e l o m e n o s p a r c ia l­
A m a io r ia d o s d o c u m e n t o s p u b lic a d o s e m p o lo n ê s o u e m r u s s o sã o p o u c o a c e s s í­ m e n te , p o r P . de V a issi ÈRE, Saint-Dominique , 1629-1789, la Société et la Vie Créole sous
veis. C o n s u lte - s e a o b r a d e A n g e b e r g , Recueil des T rai tés, Conventions et Actes Diplo- lAncien Regime, P a r i s , 1 9 3 5 e p o r G . D e b ie n ( c o n s u lta r o s a r tig o s d e s t e a u t o r c o n s a ­
matiques Concernant la Pologne, 1765-1862, P a r is , 1 8 6 2 ; B . D o m b i n s k i , La Politique de g ra d o s a o s tr a b a l h o s d e h i s t ó r ia s o b r e S ã o D o m in g o s , 1 9 3 8 - 1 9 4 6 e 1 9 4 6 - 1 9 5 0 , n a
la Russie à l’égard de la Pologne depuis 1’Ouverture de la Diète de Quatre Ans jusqiTà la Revue d’Histoire des Colonies Françaises, 1 9 4 7 , p p . 3 1 - 8 6 e 1 9 5 1 , p p . 2 8 2 - 3 3 0 , n o s
Constitution du 3 m ai 1791, L e o p o i , 1 9 0 2 . La Societé lmpériale p u b lic o u o s Papiers de Estudos Americanos, 1 9 5 8 , p p . 6 9 - 1 2 3 e n a Revue Françaíse d’Outre-Mer, 1 9 6 1 , pp.
Catherine 11 (t . V I I , X , X I I I , X X V I I I , X L I I ) . V . G i t e r m a n n e d i t o u u m a s e l e ç ã o d e 2 6 7 - 3 0 8 . V e r t a m b é m Etudes Antittaises, c a d e r n o d o s A n a is , n . ° 1 1 , P a r i s , 1 9 5 6 ) .
te x to s : Geschichte Russlands, Z u r iq u e , 1 9 4 9 . P a r a a M a r tin ic a , c o n s u l t a r E/ements de Bibliographie générale Méthodique de la Mar-
P a r a a P o ló n ia , c o n s u lta r a Polska Bibliografia Prawnicza, V a r s ó v ia , 1 9 6 2 , c o m tinique, F o r t - d e - F r a n c e , 1 9 2 6 , e p a r a G u a d e l u p e , c o n s u lta r a b ib lio g r a fia c r í t i c a d o
tra d u çã o f r a n c e s a d e to d o s o s t í t u l o s .. livro d e S , Histoire de la Guadaloupe sous lAncien Régime, 1635-1789 , P a r is ,
a t in e a u

1 9 2 8 . Les Cahiers de Coléances de la Colonie de Saint-Dominique pour les Étals Généraux


c) América, Á sia, África de 1789 f o r a m p u b l ic a d o s p o r B l a n c h e M aurel , P a r is , 1 9 3 3 .

1) C an adá , Ín d ia , C o l ó n ia s B r it â n ic a s 4) A m é r ic a E spa n h o la e P o r tu g u esa

E n c o n t r a r e m o s a in d ic a ç ã o d a s p r in c ip a is f o n t e s p u b lic a d a s n o Cambridge History of Fuentes de la Historia Espahola e Hispa-


C o n s u l t a r a o b r a d e B . SANCHEZ A l o n so ,
the British Empire, e s p e c ia lm e n t e n o t. I I , The Growth o f the New Empire (1783-1870), noamericana, M a d r i, 3 . a e d ., 1 9 5 2 , 3 v o l s ., C o n s u l t a r o Archivo
del General M iranda,
1 9 4 0 ; t. I V : British índia (1497-1858), 1 9 2 9 ; t. V I : Canada and Newfoundland, 1 9 3 0 . c ita d o à p á g . 2 7 9 ; Memória sobre el Estado Rural del Rio de laPlata en 1802 y otros
Informes, Precedidos de Unos Apuntes Bibliográficos, d e J . C . G o n z a le z , M a d r i, s .d .
2) E sta d o s U n id o s ,, S o b r e o B r a s il , P u b l ic a ç õ e s d o A r q u i v o n a c io n a l, d o c u m e n t o s b r a s ile i r o s , Sob a
d ire çã o d e G ilb e r to Frey r e. V e r ta m b é m a Bibliografia de História do Brasil, R io de
E o i e d ita d a u m a q u a n tid a d e c o n s id e r á v e l d e d o c u m e n t o s . É in d is p e n s á v e l c o n s u l­ Ja n e iro , 1 9 4 5 .
tar s e m p r e o Harvard Guide to American History, c ita d o à p . 2 7 8 .
A s f o n te s im p r e s s a s p o d e m s e c la s s ific a r e n t r e as s e g u i n te s c a te g o r ia s : 5) E sta d o s In d epen d en tes da Á s ia e d a Á f r ic a

Delibérations des législatures d’États, p u b lic a d a s e m c a d a E s t a d o . — D e l i b e r a ç õ e s d o


C o n g re s s o d o s E s t a d o s U n id o s Jou rn al o f the Continental Congress, 1 7 7 4 - 1 7 8 9 , 3 4 F o r a m p u b l ic a d o s p o u c o s d o c u m e n t o s e , d e v id o a o id io m a , e le s s ã o m u it o p o u c o
v o ls., W a s h in g to n , 1 9 0 4 - 1 9 3 7 . E m s e g u id a , a p a r ti r d e 1 7 8 9 , Journal o f the House of a c e ss ív e is . S o b r e o I m p é r i o O t o m a n o , q u e a in d a s e e s p a lh a a m p l a m e n t e s o b r e a E u ­
Representatives o f the United States, 1 v o l., p o r a n o ). A s c o n s t i t u i ç õ e s d o s E s t a d o s e a r o p a , d i s p o m o s p r in c i p a lm e n t e d e c o l e ç õ e s d e tr a ta d o s , G a b r i e l N o r a d o u n g h i a n
C o n s titu iç ã o d o s E s t a d o s U n id o s f o r a m e d ita d a s m u ita s v e z e s . C o n s u lta r e s p e c ia l­ E ff en d i , Recueil dActes Internationaux de 1’Èmpire Ottoman, P a r is , 4 v o l s ., 1 8 9 7 - 1 9 0 3 -
m e n te a o b r a d e C . T . J a n s i l l , Documents lllustrative o f the Union o f American States. P a ra a C h i n a , o J a p ã o , a P é r s ia , o s p a í s e s d a Á f r i c a , v e r o t o m o 2 7 d a p r e s e n t e c o l e ç ã o ,
W a s h in g to n , 1 9 2 7 ; B . P . P o o r e , The Federal and State Constitutions Colonial Charters A Expansão Européia (1600-1870), p o r F . M a u r o ( 1 9 6 4 ) , e s p e c i a l m e n t e p p . 3 4 - 3 7 .
and others Organic L aw s, W a s h in g to n , 1 8 7 7 .
Voyages aux États-Unis E n c o n t r a r e m o s o e s t u d o c r í t i c o d a s o b ra s s e g u i n te s : J . L. N O TA S:
M , The English Travellers in America, 1785-1835, N o v a Y o r k , 1 9 2 2 ; F r a n k
e s ic k

M o r r a g h a n , French Travellers in the United States, 1765-1932, N o v a Y o r k , 1 9 3 3 ; C ' Último État des Inventaires publicado: État des Inventaires des Archives Nationales, Departa-
H ^ S h e r r i l l , French Memoires o f Eighteenth Century America (1775-1800), N o v a Y o r k , mentaUs Z l í u L t s H o s p it a l L au Ur. janvier, 1937, Paris, 1938, com um “Supplement ,
Paris, 1955.
Sources Economiques: A n u á r io s e s ta tí s t ic o s d i v e r s o s , e s p e c i a l m e n t e : The Statistical 2 Ver A. Lodolini, o Archivo di Stato di Roma, Roma, 1960.
Recordof the Progress o f the United States, 1800-1906, W a s h i n g t o n , 1 9 0 6 e W . S . R o s -
SITER, A Century o f Population Growth, 1790-1900, W a s h in g to n , 1 9 0 9 .
D iá rio s e P e r i ó d i c o s e m g r a n d e q u a n tid a d e e s t ã o r e l a c i o n a d o s n a o b r a d e W illia m

— 288 — 289 —
capítulo 3

Os Trabalhos
A) BIBLIOGRAFIAS

N ã o h á b ib lio g r a fia c o n s a g r a d a à R e v o l u ç ã o , e m g e r a l, n e m m e s m o à R e v o l u ç ã o n a
F r a n ç a . E n t r e t a n t o , S o b re e e r t a s r e g i õ e s d a F ra n ç a , h á b ib lio g ra fia s r e v o lu c io n á ria s .
C i t a r e m o s a p e n a s as m a is i m p o r t a n t e s . A m a io r ia das o b ra s c o n s a g r a d a s à h istó ria d a
R e v o l u ç ã o c o n t é m aliás a m p la s b ib lio g r a fia s , q u e não d e v e r ã o s e r n e g lig e n cia d a s.'
[1 ] P. CARON, Manuel Pratique pour 1’Etude de la Révolution Française (c ita d o a n te -
rio rm e n te à p. 2 7 1 )
[2 ] A . M a r t in e G . W a l t e r , Catalogue de 1’Histoire de la Révolution Française... (c i­
ta d o a n t e r i o r m e n t e à p . 2 8 0 )
[3 ] M . T o u r n eu x , B iblio gra p hie . . . ( c i t a d o à p . 2 8 0 )
[4 ] G é ra rd W a lter , Répertoire de 1’Histoire de la Révolution Française. TravauxPu-
bliés de 1800 à 1940, t. I: Personnes; t. II: Lieux, P a ris , 1 9 4 1 - 1 9 4 5 , 2 vo ls.
[5 1 D a n i e l B e r n a r d , Matériaux pour la Bibliographie de 1’Histoire de la Révolution
dans le Département du Finistère, Q u im p e r , 1 9 2 8 .
[6 ] A . F r a y - F o u r n i e r , Bibliographie de 1’Histoire de la Révolution dans le Département
de la Haute-Vienne, L i m o g e s , 1 8 9 4 .
[7 ] L o u i s L a c r o c q e J e a n D u t h e i l , Bibliographie de 1’Histoire de la Révolution dans la
Creuse, G u é r e t , 1 9 3 5 . ;
[8 ] E . M a i g n i e n , Bibliographie Historique du Dauphiné Pendant la Révolution Fran­
çaise (1787-1797), G r e n o b l e , 3 v o ls ., 1 8 9 1 .
[9 ] R . PAQUET, Bibliographie Analytique de 1’Histoire .de Metz Pendant la Révolution,
1789-1800. Imprimés et manuscrits, P a ris, 1 9 2 6 .
[1 0 ] A b b é V . S A N S O N , Répertoire Bibliographique pour la Période dite Révolutionnaire
en Seine-lnférieure, P a r is , 5 v o ls ., 1 9 1 1 - 1 9 1 3 .

B) OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO:
DICIONÁRIOS E REVISTAS. ATLAS

a) O m e lh o r instrument de travail é o Manuel d e P i e r r é C a r o n , já c ita d o .


A n e x a r e m o s aq u i:

— 291 -
[1 1 ] A b b é V . CARRIÈRE, lntroduction aux Études d ’Histoire Ecclésiastique locale, P a ris, [ 2 6 ] R . R . P almer , Atlas o f World History, C h ica g o , 1 9 5 7 .
1 9 3 4 - 1 9 4 0 , 3 v o ls .
C) OBRAS GERAIS
b) F o r a m p u b lic a d o s a lg u n s dictionnaires d a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a . In fe liz -
m e n te , são m e d ío c r e s ; ò s e r r o s q u e n e le s a p a r e c e m sã o f r e q u e n t e s e s e ria p ru d e n te I n d i c a r e m o s a b a ix o a p e n a s o s e s tu d o s g e r a is r e c e n te s :
c o n tro la r as in fo rm a ç õ e s q u e f o r n e c e m , a n te s d e utilizá-los:

a) Histórias Gerais da Revolução


[ 1 2 ] E . B o u r sin e A . 'C hallamel , Dictionnaire de la Révolution Française, Institu-
tions, Hommes et F aits, P a r is , 1 8 9 3 . [2 7 ] G e o r g e s Lefebvre, La Révolution Française, t. X I I I d e Peuples et C irilisations,
[ 13] D r . .R o b in e t , A d . R o b e r t , J . L e C h apelain , Dictionnaire Historique et Biographie
H i s t ó r i a g e r a l p u b lic a d a s o b a d i r e ç ã o d e L o u is H alphen e P h ilip p e S a g n ac
de la Révolution et de 1'Empire, P a r is , 1 8 9 9 , 2 v o ls .
(n o v a r e d a ç ã o s u r g id a e m 1 9 5 1 e r e e d it a d a e m 1 9 6 3 ) .
[ 2 8 ] G e o r g e s L ef e b v r e , F.tudes sur la Révolution Française, P a ris , 1954 ( e s ta o b r a
O s d ic io n á r io s e s p e c ia liz a d o s s ã o b e m m e lh o r e s :
c o m p le ta a p r e c e d e n te ).
[ 2 9 ] R . M o u sn ie r , E. L a b r o u sse e M . B o u l o ise a u , “ L e X V i l F S i è c l e ” , Paris, 1 9 5 3 ,
[ 1 4 ] G e o r g e s S lX , Dictionaire Biogrqphique des Généraux et amiraux Français de la
em Histoire Génerale des Civilisations, c o l e ç ã o d irig id a p o r M a u r ic e CROU-
Révolution et de 1’Empire (1792-1814), P a r is , G . S a f f r o y , 1 9 3 4 - 1 9 3 5 . ZET, t. V .
[1 5 ] A. B r e t t e , Les Constituants, liste des Députés et des Suppléants élus à 1’Assemblée
[3 0 ] C h . MorazÉ, Les Bourgeois Conquérants, 1 9 5 7 , c o le ç ã o Destins du Monde, d i r i­
Constituante de 1789, P a r is , 1 8 9 7 . g id a p o r Lef e b v r e e F. B ra u d el .
[ 16] A . K u SCINSKI, Les Députés à l’Assemblée Législative de 1791 ■Liste par Département
[31] J a c q u e s G o d e c h o t , La Grande Nation, FExpansion Révolutionnaire de la France
et par Ordre Alphabétique des Députés et des Suppléants, avec Nombreux Détails
dans le Monde, 1789-1799, P a r is , 1 9 5 6 . V e r t a m b é m o n .° 1 1 0 .
Biographiques lnédits, P a r is , 1 9 0 0 .
[ 3 2 ] J a c q u e s G o d e c h o t , Histoire Vniverselle, t. I I I , P a r is , 1 9 5 8 ( E n c ic lo p é d i a d a
[1 7 ] A. K u s c i n s k i , Les Députés au Corps législatif, Conseil des Cinq-Cents, Conseil des
P l ê ia d e ).
Anciens, de l’an IV à l’an V III, Paris, 1905. [ 3 2 a ] F r . D r e y fu s , Le Temps des Révolutions, P a r is , 1968 (Histoire universelle, La-
[1 8 ] A . K uscjnskí,D iaonnaire des Conventionnels, P a r is , 1 9 1 9 - r o u s s e d e b o ls o ).
[1 8 a ] J . M a i t r o n , Dictionnaire Biographique du Mouvement Ouvrier français. l . a P a r­
[ 3 2 b ] ,L . Bergeron, Les Révolutions Européennes et le Partage du Monde, P a r is , 1 9 6 8
te : ‘' 1 7 8 9 - 1 8 6 4 , D e la R é v o l u ti o n F ra n ç a is e à la F o n d a t io n d e la P r e m iè re
' (Le Monde et son Histoire, t. V I I ) .
I n te r n a t io n a le ”, P a r is , 1 9 6 4 - 1 9 6 6 , 3 v o ls.
[1 9 ] R . d e FlGUÈRES, Les Noms Révolutionnaires des Communes de France, P a r is , 1 9 0 1
(p u b lic a ç ã o .d a S o c i e d a d e d e H i s t ó r i a M o d e r n a ) . D o e s t r a n g e i r o s a lie n ta m o s a lg u m a s g r a n d e s s ín t e s e s r e c e n te s :
[2 0 ] Concordance des Calendriers Grégorien et Républicain, p r e f á c i o d e A l b e r t S o bo u l ,
P a r is , 1 9 6 3 . E n c o n t r a r e m o s ta m b é m u m q u a d r o d e c o n c o r d â n c i a r e su m id o [ 3 3 ] L . G o t tsc h a lk , The Era o f the French Révolution (1715-1815) , B o s t o n , 1 9 2 9 .
n as Institutions... d e J . GODECHOT. [ 3 4 ] C r a n e B r in t o n .A Decade o f Révolution, 1789-1799, N o v a Y o r k , 1 9 3 4 .
[2 1 ] G . B r i ÈRE, Les Ministères Français , de 1789 à 1909, P a r is , 1 9 1 0 . 1 3 5 ] C o r r a d o BARBAGALLO, Storia (Jniversale, t. V : Riforme e Rivoluzione (1 6 9 9 -1 7 9 9 )
[ 2 1 . a] A la in Le B ih a n , F rancs-Maçons Parisiens du Grand Orient de France, P a ris, T o rin o , 1 9 4 0 .
1 9 6 6 (C o m is s ã o d e H i s t ó r i a E c o n ó m i c a e S o c ia l d a R e v o l u ç ã o fra n ce s a , [ 3 6 ] M . G o e h r in g , Geschichte der grossen Révolution , 2 v o ls . T u b in g e n , 1 9 5 0 -1 9 5 1 .
Mémoires et Documents, t. X I X ) . [ 3 7 ] W illy A n d r ea s , Das Zeitalter Napoleons, die Erhebung der Vòlker, H e id e lb e rg ,
[ 2 1 . b] A la in L e B ih a n , Loges et Chapitres de la Grande Loge et du Grand Orient de
France, P a r is , 1 9 6 7 (Ibid ., t. X X ) . [ 3 8 ] R . R . P almer , 7 A e Age o f the Democratic Révolution , t. 1 ( 1 7 7 0 - 1 7 9 2 ) , P r i n c e t o n ,
1 9 5 9 , t. II ( 1 7 9 2 - 1 7 9 9 ) , P r i n c e t o n , 1 9 6 4 . F o i p u b lic a d a u m a a d a p ta ç ã o f r a n ­
c ) R e v is ta s : c e s a , e m P a r is , 1 9 6 8 , s o b o tí tu l o 1 7 8 9 , Les Révolutions de la Liberté e de
1’Egalité. (A s g r a n d e s o n d a s r e v o lu c io n á r ia s .)
[2 2 ]
[2 3 ]
Annales Historiques de la Révolution Française, c ita d o s à p . 2 7 3 .
Revue Historique (e la p u b lic a a c a d a tr ê s o u q u a t r o a n o s u m i m p o r ta n te Bulletin
[3 9 ] História Mundi , s o b a d i r e ç ã o d e F . V a l j a v e c , T . I X , r e la tiv o a o p e r ío d o r e v o ­
lu c i o n á r io , B e r n a e M u n i q u e , 1 9 6 0 .
B ib liog rap h iqu e. E s t e B u lletin fo i r e d ig id o a té 1 9 5 5 p o r G e o r g e s L eeebvre . [ 3 9 a ] E . J . H o b sb a w m , The Age o f Révolution , Europe 1789-1848, L o n d r e s , 1 9 6 2 .
A tu a lm e n te é r e d ig id o p o r J a c q u e s G o d e c h o t . [ 3 9 b ] G . R u d e .Revolutionary Europe, 1783-1815, L o n d r e s , 1 9 6 4 .
[3 9 c ] F . F o r d , Europe
1780-1830, L o n d r e s , 1 9 7 0 .
d) N ão há atlas h i s t ó r ic o s c o n s a g r a d o s a o p e r í o d o r e v o l u c i o n á r i o . P o d e r e ­ [ 3 9 d ] A . S o b o u l , La
Civilisation et la Révolution Française, P a r is , 1970.
m o s n o s r e p o r ta r a: 139-e] N . H a m pso n , La Pénode Révolutionnaire, Paris, 1 9 7 0

[2 4 ] C ésar-François CASSINI D e T h u r y e seu filho Jacq u es-D o m in iq u e CASSINl D e b) Obras gerais relativas a
T h u r y , Carte de France, levantada de 1 7 4 4 a 1 7 9 3 . alguns aspectos da Revolução
[2 5 ] Atlas des Bailliages et Jurisdictions Assimilées ayant Forme Umté Electorale en 1789
(e s te atlas a c o m p a n h a a g r a n d e o b r a d e A r m a n d B r e t t e , c i ta d a n a p. 2 8 0 ) . 1) Lugar da Revolução francesa na história do mundo:

— 293 —
[4 0 ] G. L efe b v r e , “ L a P la c e d e la R é v o l u ti o n F r a n ç a is e d a n s 1’H i s t o i r e d u M o n d e ” , 6) História religiosa:
em Ann . , 1 9 4 8 , pp. 2 5 7 - 2 6 6 .
[4 1 ] R . R . P a l m e r , “ R e f l e c t io n s o n th e F r e n c h R é v o l u t i o n ” , Pol. Sc. Q uar., m a rço [5 7 ] A n d ré LATREILLE.VÊglise Catholique et la Révolution Française. P aris, 1 9 4 6 - 1 9 5 0 ,
1952.
2 v o ls . ( o t o m o I r e f e r e - s e a o p e r ío d o d e 1 7 7 5 a 1 7 9 9 ) .
[4 2 ] R . R . P a l m e r , “ N o t e s o n th e U s e o f th e W o r d D e m o c r a c y , 1 7 8 9 - 1 7 9 9 ', ’ Pol. Sc. [5 8 ] C ó n e g o L e f l o n , La Crise Révolutionnaire, t. X X da Histoire de 1’Êglise. p u b lica d a
Q uar.. ju n h o , 1 9 5 3 . so b a d i r e ç ã o d e A . F l i c h e e V . M a r t i n .
[4 3 ] R . R . P a l m e r , “T h e W o r ld R é v o l u ti o n o f th e W e s t ” , Pol. Sc. Quar., m a rço [5 9 ] A . S o b o u l , “ S e n t i m e n t R e lig ie u x e t C u l t e s P o p u la ir e s ” , A.H.R.F. 1 9 5 7 , pp .
1954.
1 9 3 -2 1 3 .
[4 4 ] R. R. P a lm er, “ R e c e n t I n te r p r e ta t i o n s o f th e I n f lu e n c e o f t h e F r e n c h R e v o l u - [ 6 0 ] D a n ie l R o p s , VÊglise des Révolutions. t. I, P a r is , 1 9 6 0 .
tio n ", Cahiers d'Histoire Mondiale, 1 9 5 4 , pp. 1 7 3 -1 9 5 . [ 6 1 ] A . L a t r e i l l e , E . D e l a r u e l l e , J . - R . P a l a n q u e , Histoire du Catholicisme en
[4 5 ] J. G o d ech o t e R. R. P alm er, “ L e P r o b l è m e d e 1’A t l a n t i q u e ” , X Congresso inter- France, t. I I I , P a r is , 1 9 6 2 .
nazionale di Science storiche. R o m a , 1 9 5 5 , Relazioni, t. V . p p . 1 7 5 - 2 3 9 , d is­
c u s s ã o d e s te r e la tó r io , ib id ., A tti, p p . 5 6 5 - 5 7 9 , F i r e n z e , 1 9 5 5 e 1 9 5 6 . Sobre as igrejas protestantes:
[4 6 ] A . C o b b a n , The Myth o f the French Revoluttion, L o n d r e s , 1 9 5 5 ( c r í t i c a d e G .
L e f e b v r e nos A .H .R .F., 1 9 5 6 , p p . 3 3 7 - 3 4 5 ) . [6 2 ] E . G . L e o n a r d .Histoire du Protestantisme. P a r is , 1 9 5 0 .
[4 7 | J . B o u r d o n , “ P o in ts d e V u e N o u v e a u x s u r la R é v o l u ti o n F r a n ç a is e ” , n a Revue [6 3 ] E . G . L é o n a r d , Histoire Générale du Protestantisme, t. I II , P aris, 1 9 6 4 .
deSynthèse, 1 9 5 6 , pp. 3 5 - 4 2 .
(4 7 a ) A . S o b o u l , “L a R é v o l u ti o n F r a n ç a is e d a n s l’ H i s t o i r e d u M o n d e C o n t e m p o r a i n : Sobre a igreja ortodoxa . ver:
E tu d e C o m p a r a tiv e ”, n a l'Information Historique, 1 9 6 9 , p p . 1 0 7 - 1 2 4 .
[ 4 7 b ] "L 'A bohtíon du Regime Féodal dans le Monde Occidental” , n ú m e r o e s p e c ia l d o s [6 4 ] S. BU LG A KO FF, VOrthodoxie, P a r is , 1 9 .3 2 .
A .H.R.F., 1 9 6 9 , pp. 1 4 5 -3 7 1
Sobre o judaísmo:
2) Filosofia da Revolução:
[6 5 ] S. D o u bn o v , Histoire Moderne du Peuple Ju if, t. I: 1789-1848. tra d u çã o fra n ­
c e s a , P a r is , 1 9 3 3 .
[4 8 ] B. G ro eth u y sen , La Philosophie de la Révolution Française, P a r is , 1 9 5 6 , n o v a [6 6 ] C . R o th , Histoire du Peuple J u i f . P a ris , 1 9 4 8 .
e d içã o , 1 9 6 6 .
[4 8 a ] M. J. C. W\LE, Constitutiona/ism and the Separation o f Powers, O xfo rd , 1 9 6 7 . Sobre a Franco-maçonaria:

3) Problema da mentalidade das massas revolucionárias: [ 6 6 .a ] J . P a l o u , La Franc-Maçonnerie. Paris. 1964.

[4 9 1 G . Lefebv re A .H .R .F ., 1 9 3 4 ,
, “F o u le s R é v o l u ti o n n a i r e s ” , pp. 1 -2 6 7) Problemas coloniais:
[5 0 ) R. B a eh rel. “É p id é m ie e t T e r r e u r ” , A .H .R .F., 1 9 5 1 , p p . 1 1 3 -1 4 6 .
[ 6 7 ] G . H a r d y , La Politique Coloniale et le Partage de la Terre. 1 9 3 7 .
[ 6 8 ] J . R . W . G w y n n e T i m o t h y , “T h e R o le o f O v e rs e a s C o lo n ie s in E u ro p e a n P o ­
4l Comportamento gera! das classes sociais:
w e r s B a l a n c e ” , n o s Canadian Historical Association - Reports. 1 9 5 3 , pp.

[ 5 1 ] E . D o lléa n s , Histoire du Mouvement Outner. t. I, 1 9 3 6 . 7 7 -8 3 .


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8) Problemas económicos:
[ 6 9 ] E . J a m m e s , Histoire des Doctrines Êconomiques. 1 9 5 0 .
51 Relações internacionais: A lé m d e La Grande N ation , d e J . G o d e c h o t , op.
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1954. Industrielle 11765-18751, p o r C la u d e F o h l e n , 1 9 6 1 .
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1 9 6 8 , B r u x e la s , 1 9 6 9 . P a r is , 1 9 6 4 .

— 294 — — 295 —
9) Questões demográficas: Í 9 2 ] A . MATHIEZ, La Révolution Française, 3 v o ls . in 1 6 , P a r is , 1 9 2 2 - 1 9 2 4 , r e e d it a d o
e m 1 v o l ., P a r is , 1 9 6 0 . . ...
[7 7 ] M. R e in h a r d e A. A rm en g au d , Histoire Générale de la Populaiion Mondiale [ 9 3 ] P- GAXOTTE, La Révolution Française, P a r is , 1 9 2 8 , n o v a e d i ç ã o , 1 9 6 2 .
1961.
1041 A .M athiez , La Réaction Thermidorienne, P a r is , 1 9 2 9 - _ .
|9 5 ] G . PARISET, Études d’Histoire Révolutionnaire et Contemporaine, E s t r a s b u r g o ,
10) Movimento intelectual: 1 9 2 9 ( c o m p l e t a a o b r a c ita d a n o n . ° 9 1 ) -
joA l A MATHIEZ, Le Directoire, P a r is , 1 9 3 4 . , _ \ ■ /. o
[ / 8 ] P. V an T lE G H E M , Histoire Littéraire de 1’Europe et de 1’Amérique de la Renaissance à [9 7 ] P h . S a g n a c e J . R o b iq u e t , La Révolution de 1789 , P a ris, 1 9 3 4 , 2 v o ls, in -4 .
nos Jo u rs. 1 9 4 1 .
(s e le ç ã o d e t e x t o s ilu s tr a d o s ). . T . . .
í í o 1 ,H iSt0lre Générale des Littératares . t. I I , 1 9 5 6 , n a Encyclopédie de la Plêiade. |98] Guglielmo ■Ferrero, Les Deux Révolutions Françaises (1789-1796) N e u c h a te l,
[ 7 9 . a ] P . R i b ç r e t t e , Les Bibliothèques Françaises Pendant la Révolution (1789-1795)
P a r is , 1 9 7 0 1 9 5 1 , in -1 6 . . ,
[ 9 8 .a ] A . MANFRED, La Grande Révolution Française du XV111 Stecle, - M o sc o u ,
11) Arte:
[9 9 ] A lb e r t S oboul, Précis d’Histoire de la Révolution^ Française, P a r is , 1 9 6 2 . V ^ r
também as obras citadas anteriormente nos n.' 27 a 32. .
[8 0 ] A M'CH*L’ H " '° " e d e /’Art r. V e t V I . [ 8 1 ] P i e r r e L a vedam, Histoire de Part [99 a] F. FuRET e D. R ichtet, La Révolution, P a r is , 1 9 6 5 - 1 9 6 6 , 2 v o ls . in -4 . .
Moyeh Age et Temps Modernes, 2 . a è d ., 1 9 5 2 (c o l. C lio ).
[ 9 9 .b ] C. M az A U R I C.Sur la Révolution Française, P a r is , 1 9 7 0 .
|81| P i e r r e Lave DAN, Histoire de l’A rt, Moyen Age et Temps Modernes, 2 . a e d iç ã o
1 9 5 2 ( c o l . C lio ). ’
[ 8 2 ] L. D . D o w d , “ L ’A r t C o m m e M o y e n d e P r o p a g a n d e P e n d a n t la R é v o l u ti o n 2) Obras consagradas à Revolução Francesa e publicadas no estrangeiro.
f ra n ça ise , Comtté des Travaux Historiques, Congrès des Societés Savantes G re-
n o b le , 1 9 5 2 , p p . 4 1 1 - 4 2 3 . [1 0 0 ] G . Sa l v e m in i, La Rivoluzione Francese, 1788-1792, M ilã o , 1 9 0 5 , in -8 .° , n o v a
[8 3 ] E . V u il l e r m o z , Histoire de la Musique, P a r is , n o v a e d iç ã o , 1 9 5 5 . e d i ç ã o , M il ã o , 1 9 6 2 . T r a d u ç ã o in g le s a , 1 9 5 4 .
[1 0 1 ] Leo G ershoy , The French Révolution and Napoleon, N o va Y o rk , 1957. V er
12) Ciências e técnicas: ta m b é m a s o b r a s c ita d a s n o s n.os 3 3 a " 3 9 .

[ 8 4 ] S .-I . M a s o n , Histoire des Sciences, P a r is , tr a d . f r ., 1 9 5 6 . b) História da contra-revolução


[ 8 5 ] P. R o u s s e a u , Histoire des Techniques, P a r is , 1 9 5 6 .
[ 86 ] R .- H . SCHRYOCK, Histoire de la Médecine, P a r is , 1 9 5 6 . [1 0 2 ] Em m anuel V INGTRINIER, La Contre-Révolution, P a r is , 1 9 2 4 , 2 v o ls . in -8 .° .

ío o l M - D aum as, “ H i s t o i r e d e la S c i e n c e ” , na Encyclopédie de la Plêiade, P a r is , 1 9 5 7 [ 1 0 3 ] L o u is M adelin, La Contre-Révolution, sous la Révolution , P a r is , 1 9 3 5 .


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[ 1 0 5 ] L o u is JACOB, Les Suspects Pendant la Révolution, P a r is , 1 9 5 2 , in -8 .° .
[ 1 0 6 ] J.GOD ECH OT, La Contre-Révolution, Doctrine et Action, P a r is , 1 9 6 1 .
D) OBRAS GERAIS SOBRE A
[ 1 0 7 ] D u c d e C astries , Les’Émigrés, P a r is , 1 9 6 2 .
REVOLUÇÃO NA FRANÇA
[1 0 7 . a] J.VlDALEN C, Les Émigrés Français, C a e n , 1 9 6 3 .
a) Sob esta rubrica, lembraremos apenas [1 0 7 . b ] J.CHAUMIÉ, Le Réseau d’Antraigues et la Contre-Révolution, (1791-1793), Paris,
os livros recentes 1965.
1) Obras em francês:
c) História institucional e constitucional
[8 9 ] A . A ulard,Histoire Pohtique de la Révolution Française, origines et Developpe-
ments de la Démocratie et de la République, P a r is , 1 9 0 1 (s e is e d i ç õ e s s u c e s s i­ [1 0 8 ] SEUGMAN, La Justice en France Pendant la Révolution (1789-1793), P a r is , 2 v o ls .,
v as, s e n d o a ú ltim a d e 1 9 2 6 ) .
[9 0 ] J e a n J a u r È s , Histoire Socialiste, P a r is , 1 9 0 1 - 1 9 0 4 (o s q u a tr o p r i m e i r o s v o lu m e s [1 0 9 ] A. M ater, “ L ’H i s t o i r e J u r id i q u e d e la R é v o l u t i o n ” , Ann. Rev., 1 9 1 9 , PP- 4 2 9 -
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d ir e ç ã o d e E r n e s t L a b r o u s s e e A l b e r t S o b o u l . O s d o is p r i m e i r o s v o lu m e s [1 1 1 ] Jacq u es G o d e c h o t , Les Institutions de la France sous la Révolution et I tm ptre,

i r S n n ’ - Constituante et la Législative), e f o r a m p u b lic a d o s e m 1968 e P a r is , 1 9 5 1 , in -8 .° „ n o v a e d ., 1 9 6 8 .


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— 297 —
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3 . a s é r i e s , P a r is , 1 9 6 2 , 1 9 6 5 e 1 9 7 0 (Comissão de História Económica e Social
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p a r te ) .
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1 9 5 7 , i n - 8 .° .
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— 298 — — 299 -
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[ 1 4 8 ] E . B i r é , Le Clergé en France Pendant la Révolution (1789-1799), P a r is , 1 9 0 1 . Siècle, 1869), P a r is , 1 9 5 4 , 2 v o l s ., in -8° .
[1 4 9 ] A b ad e A . S icard, Le Clergé de France Pendant la Révolution , P a ris , 1 9 1 2 - 1 9 2 7 3 [1 6 3 ] F. D o r n ic , Ulndustrie Textile dans le Maine et ses Débouchés Internationaux
v o ls ., i n - 8 ° . (1650-1815), L e M a n s , 1 9 5 5 , i n -8 .° .
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[ 1 4 9 -b ] B. Plongeron, Conscience Religieuse en Révolution. Regards sur l’Historiographie 7) Problemas comerciais e circulação:
Religieuse de la Révolution Française, P a r is , 1 9 6 9 -
[ 1 6 4 ] E . V a i l l t, Histoire Générale des Postes Françaises, t. V I , P a r is , 1 9 5 3 -
f) Evolução económica [ 1 6 5 ] A n d r é RÉMOND, Études sur la Circulation Marchande en France aux X V IIle et
X1X‘ siècles, t. I: Les Prix des Transports Marchands de la Révolution au Pre-
1) Problemas económicos gerais da época revolucionária: mier Empire, P a r is , 1 9 5 ,6 , i n - 8 . ° . .
[ 1 6 6 ] J e a n P e t o t , Histoire de l’Administration des Ponts et Chaussées, P a r is , 1 9 3 o .
[1 5 0 ] E . LABROUSSE, La Crise de 1’Économie Française à la fin de 1’Ancien Régime et au
Début de la Révolution, P a r is , 1 9 4 4 , in -8 ° . 8) Problemas financeiros e monetários:
[1 5 1 ] H . S É E , Histoire Économique de la France, t . I I : De 1789 à 1914, n o v a e d i ç ã o
a tu a liz a d a p o r R . S c h n erb , P a r is , 1 9 5 1 , i n - 8 ° .
1) Generalidades
2) Bens nacionais:
[1 6 7 ] M . M , Histoire Financière de la France depuis 1715, t.
a r io n II (1789-1792), t.
[1 5 2 ] M. Marion, La Vente des Biens Nationaux Pendant la Révolution avec Étude Spé- III (1792-1797), t . I V (1797-1818), P a r is , 1 9 1 9 - 1 9 2 5 .
ciale des Ventes dans les Départements de la Gironde et du Cher, P a r is , 1 9 0 8 .
[ 153] G. Lefebvre, “Les Recherches Relatives à la Vente des Biens Nationaux” , R.H.M , 2) “Assignats"
1 9 2 8 , p p . 1 8 8 - 2 1 8 , r e e d i t a d o n o s études sur la Révolution Française (c i t a d o no
n .° 2 8 ) p p . 2 2 3 - 2 4 6 . [1 6 8 ] J . M o r i n i -C o m b í , Les Assignats Révolution et lnflation, P a r is , 1 9 2 6 , in -8 .° .
[1 6 9 ] S. E . Harris, The Assignats, C a m b r i d g e ( U . S . A .) , 1 9 3 0 , in -8 .° .
3) Bens comunais: [1 7 0 ] G . H ubrecht , Les Assignats dans le H aut-Rhin, E s t r a s b u r g o , 1 9 3 2 , in -8 . .
[1 7 1 ] Je a n B o u c h a r y , Le Marché des Changes de Paris à la ftn du X V III' siècle (1778-
[1 5 4 ] G. Bourgin, Le Partage des Communaux, P a r is , 1 9 0 8 .
1800), P a r is , 1 9 3 7 , i n -8 . ° . . .
[1 5 5 ] G a b n e l l e R i c h e r t , “ B ie n s C o m m u n a u x e t D r o i t s d ’U s'a g e e n H a u t e - G a r o n n e [ 1 7 2 ] F . B r a e s c h , Finances et Monnaies Révolutionnaires, P a r is , 1 9 3 7 , in -8 . .
P e n d a n t la R é a c tio n T h e r m i d o r i e n n e e t le D i r e c t o i r e ” A H R F 1951 nn [ 1 7 3 ] G . H u b r e c h t , “ L e s A s s i g n a t s à B o u r d e a u x a u D é b u t d e la R é v o l u t i o n ,
2 7 4 -2 8 8 . ' vv' A .H .R .F., 1 9 3 9 , pp - 2 8 9 - 3 0 1 . i . . ■
Comission d Histoire
[ 1 7 4 ] L . J a n r o t , “ C o n t r i b u t i o n à 1’ H i s t o i r e d u P a p i e r - A s s i g n a t ” ,
4) Alqueives, delitos rurais: Économique, Assemblée Générale de 1939, t. I, p p . 4 4 1 - 4 5 1 .
[1 7 5 ] J e a n B O U C H A R Y ,Ler Faux Monnayeurs sous la Révolution Française, P a r is , 1 9 4 6 ,
[1 5 6 ] O . Festy , L'Agriculture Pendant la Révolution Française, l’utilisation des lachères in -8 .° .
P a r is , 1 9 4 7 , in -8 ° .
[1 5 7 ] O . Fe sty , Les Délits Ruraux et leur Répression sous la Révolution et le Consulat
P a r is , 1 9 5 6 , in -8° . 3) Impostos

5) Divisão da propriedade rural: {1 7 6 ] R . Sc h n e r b , Les Contributions Directes pendant la Révolution dans le Puy-de-
Dóme, P a r is , P 9 3 2 , i n - 8 . ° . . „
[1 7 7 ] R . S c h n e r b , “ L e s V i c i s s i t u d e s d e l’I m p ô t I n d i r e c t p e n d a n t la R é v o l u t i o n ,
[1 5 8 ] J . L o u t c h i s k y , “ R é g im e A g r a i r e e t P o p u la tio n s A g r i c o l e s d a n s le s E n v ir o n s d e
P a r is à la V e il le d e la R é v o l u t i o n ” , R.H .M ., 1 9 3 3 , p p . 9 7 - 1 4 2 . A nn., 1 9 4 7 , pp. 1 7 -2 9 -

— 300 — 301 -
g) Problemas religiosos [1 9 9 ] A r n a ld o CHERUBINI, Dottrine e Metodi Assistenziali dal 1789 a l 1848, Itália,
F r a n ç a , I n g l a t e r r a , M il ã o , 1 9 5 8 , in -8 . ° .
1) Catolicismo. A lé m d as o b ra s c ita d a s n o s n.ON 5 7 a 6 1 :
il História da língua francese
[1 7 8 ] A. Aulard, La Révolution Françaíse et les Congrégations, P a r is , 1 9 0 3 , i n - 1 6 .
[1 7 9 i A. M athiez , Contributions à UHistoire Religieuse de la Révolution, P a r is |200|F. B runot, Histoire de la Langue Françaíse, t. IX: La Révolution et 1’Empire, I
1 9 0 7 , in -1 6 . P a r te : “ L e F r a n ç a is L a n g u e N a t i o n a l e ” ; II Parte: “L e s E v é n e m e n ts , les In sti-
[1 8 0 ] A . Mathiez , La Révolution et l’Église, P a r is , 1 9 1 0 , i n - 1 6 . tu tio n s e t Ia L a n g u e ” , P a r is , 1 9 3 7 , 2 v o ls .; t. X : La Langue Classique dans la
[1 8 1 ] A . Mathiez , Rome et le Clergé Français sous la Constituante, P a r is , 1 9 1 1 , i n - 1 6 . Fourmente, P a r is , 1 9 6 8 , 2 v o l s .; t. X I : Le Français au Dehors sous la Révolu­
[1 8 2 ] P . d e ^L a G e o r g e , Histoire Religieuse de la Révolution Françaíse, P a r is , 1 9 0 9 - tion , le Consulat et 1’Empire , 1 P a r t e : “ L e Fran çais au D e h o r s s o u s la R é v o l u ­
tio n ” , P re fá c io d e J . Godechot, P a r is , 1969.
[1 8 3 ] A. A Christianisme et la Révolution Françaíse, P a r is , 1 9 2 4 , i n - 1 6 .
u la rd , Lr
[1 8 4 ] N ourrisson , Histoire Légale des Congrégations Religieuses en France depuis 1789 j) História das Ciências
P a r is , 1 9 2 8 , 2 v o ls . in -8 .° .
[ 1 8 5 ] C h . Ledrt , L ’Église de France sous la Révolution, Paris, 1 9 4 9 , in-8.°.
[2 0 1 ] Je a n F a yet , La Révolution Françaíse et la Science (1789-1795), P a r is , 1 9 6 0 .
[ 1 8 6 ] K . D . E r d m a n n .Volks-Souveranitát undK irche, C o l o g n e , 1 9 4 9 , in -8 .° .
[ 1 8 6 .a ] J e a n B o u s s o u l a d e , Moniales et Hospitalières dans la Fourmente Révolutionnaire
P a r is , 1 9 6 2 . k) História do ensino
[ 1 8 6 . bj B. Plongeron, Les Réguliers de Paris Devant le Serment Constitutionnel, sens et
consèquencê d ’une option, 1789-1801, P a r is , 1 9 6 4 . [2 0 2 ] B. B ois , La Vie Scolaire et les Créations Intellectuelles en Anjou Pendant la Révolu-
[ 1 8 6 ,c ] Idem Conscience Religieuse en Révolution. Regards sur PHistoriographie Religieuse tion (1789-1799), P a r is , 1 9 2 9 -
[2 0 3 ] G . RlGAULT, Histoire Générale de 1’lnstitut des Frères des Ecoles Chretiennes, t. 111.
de la Révolution Françaíse, P a r is , 1 9 6 9 .
La Révolution Françaíse, P a r is , 1 9 4 0 .
[2 0 4 ] L o u is G r i m a u d , H u /o z r e de la Liberté de 1’Enseignement en France, t. II: La Révolu­
2) Protestantismo. A lé m d a s o b ra s c ita d a s n o s n.0> 6 2 e 6 3 :
tion, G r e n o b l e , 1 9 4 4 .
[2 0 5 ] J a c q u e s F abre de M assaguel, VEcole de Sorèze de 17)8 au 19 fructidor an IV ,
[1 8 7 ] Ch. D urand, Histoire du Protestantisme Français Pendant la Révolution et l’Em-
p ire, P a r is , 1 9 0 2 , in -8 .° . T o u l o u s e , 1 9 5 8 ( C a d e r n o s d a a s s o c i a ç ã o M arc B lo c h )
[2 0 6 ] M. G ontard , UEnseignement Prtmatre en France de la Révolution a la lot Gunot,
[1 8 8 ] B . C . Poland, French Protestantism an d the Révolution, P r i n c e t o n , 1 9 5 7 , in -8 .° .
[1 8 9 ] D a n ie l R o b e r t , Les Églises Protestantes en France, 1800-1830, P a r is , 1 9 6 1 .
[2 0 7 ] Idem , La Question des Écoles Normales Primaires, de la Révolution de 1789 a la Lot
3) Judaísmo de 1879, T o u l o u s e , 1 9 6 2 .
Í 2 0 7 .a ] H. C . BARNARD, Education and the French Révolution, C a m b r i d g e , 1 9 0 9 -

[1 9 0 ] R. Anchel, Napoléon et les Ju ifs , P a r is , 1 9 2 8 , in -8 .° . [ 2 0 7 . b ] A . LÉON, La Révolution Françaíse et 1’Éducation Technique, P a r is , 1 9 6 8 .

[1 9 1 ] R . A n c h e l , Les Ju ifs de France. P a r is , 1 9 4 6 , in -8 .° .


1) Cultura
4) Franco-Maçonaria.
1) Generalidades:
[1 9 2 ] G a sto n M a r t in , La France-Maçonnerie et la Préparation de la Révolution, P a r is
1 9 2 6 , in -1 6 . [2 0 8 ] H. T. P arker, The Cult o f Antiquity and the French Revolutionaries, A Study tn
[1 9 3 ] R . PRIOURET, La Franc-Maçonnèrie sous les Lys, P a r is , 1 9 5 3 . the Development o f the Revolutionary Spirit, C h ica g o , 1 9 3 7 .
[1 9 4 ] A. B o u t o n e M . L e p a g e .H istoire de la Franc-Maçonnerie dans la Mayenne
(1756-1951), L e M a n s , 1 9 5 1 .
2) Teatro:
[1 9 5 ] A. B o u t o n , Les Francs-Maçons Manceaux et la Révolution Françaíse (1741-1815)
Lè M ans, 1 9 5 8 . [ 2 0 9 ] H . WELSCHINGER,Le Théátre de la Révolution, Paris, 1 8 9 7 .
(1 9 5 .a | D. Ligou, “A F ra n c o -M a ç o n a ria F ra n c e s a n o S é c u lo X V I I I . (P o s iç ã o dos [ 2 1 0 ] J . A . RlVOIRE.Lc Patriotisme dans le Théátre Sérieux de la Révolution , 1789-1 / 99,
p r o b le m a s e e s ta d o d as q u e s t õ e s ) ” n a Information Historique, 1 9 6 4 , pp. 9 8 - P a r is , 1 9 5 0 . „
[ 2 1 0 . a ] M . C arlson, The Theatre o f the French Révolution ,_ C o r n e ll U m v e r s i ty P r e s s,
h) A Assistência Pública 1966.

[1 9 6 ] L. L a e l e m a n d , La Révolution et les Pauvres, P a r is , 1 8 9 8 . 3) Artes plásticas:


[1 9 7 ] S h e lb y T . M ac C loy .Government Assistance in 'the X V III th Century, D u rh a m
( N .C .) , 1 9 4 6 .
[2 1 1 ] F. B e n o i t , Vart Français sous la Révolution et 1’Empire, P a r i s , 1897.
[1 9 8 ] Je a n Im bert , Le Droit Hospitalier de la Révolution et de 1’Empire P a r is 1954 [2 1 2 ] E. D espois, Le Vandalisme Révolutionnaire, P a r is , 1 8 6 8 .
in - 8 .° . ’ ’

— 302 — — 303 —
4) Música: E) O B R A S SO BR E A H IS T Ó R IA D E A L G U M A S
C ID A D E S O U D E A L G U M A S R E G IÕ E S D A .
I2 1 Í3 J T Fêtes et chants de la Révolution, P a r is , 1 9 0 8 .
ie r s o t , E êj F R A N Ç A D U R A N T E O P E R ÍO D O R E V O L U C IO N Á R IO
[2 1 4 ] P ie rre B e F r a n c e VERNILLAT, L'Histoire de France p ar les Cbansons
a r b ie r t IV
La Révolution, P a r is , 1 9 5 7 . ’ ' a) R e g iã o do N o rt e

m) Imprensa [7 o o i peter e d o m C h . POULET, H is t o ir e R e lig ie u s e d u D é p a rte m e n t d u N o r d P e n d a n t

la R é v o lu t io n , Lille, 2 vols. 1930-1933. ais-á24 e 519-537"


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1935, pp. - ’
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[2 1 6 ] C h . L e d r é , Histoire de la Presse, P a r is , 1 9 5 8 .
432-452 e 537-548.
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Ferreol Beaugeard (1781-1797), P a r is , 1 9 6 4 h) N o r m a n d ia e B r e t a n h a
Jr , K£ CHW’ La Déc“de (1794-1807), un Jo u rn a l-‘p hilosophique", P a r is , 1 9 6 5
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[217] Ch. C h a ssin e L. H e n n e t , Les Volontaires Nationaux Pendant la Révolution Pa­


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[2 1 8 ] E . D eprez Les Volontaires Nationaux, P a r i s , 1 9 0 8 .
,
[239] A. TROUX, La V ie P o lit iq u e d a n s le D é p a rte m e n t de la M e u r t h e , d ’a o u t 1 7 9 2 a
[ 2 1 9 ] R . T o U R N É S .L tf Garde Nationale de la Meurthe, A n g e r s , 1 9 2 0
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octohre 1 7 9 5 , , # . ,
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[2 2 1] G . V A L L É E .G z Conscription dans le Département de la Charente (1798-1807) , Pa- M e u se et le diocese de V e r d u n , Paris, 1949- *
[240.a] R. M arx , Recherches s u r la V ie P o lit iq u e de L A ls a c e p r é r é v o lu t w n n a ir e et R e vo lu -
[2 2 2 ] G . S ix , Les Généraux de la Révolution et de 1’Empire, P a r is 1 9 4 7 . t io n n a ir e , Estrasburgo, 1966.
[ 2 2 3 ] M a r ti L a u e r m a , VArtillerie de Campagne Française Pendant les Guerres de la Révo-
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[ 2 2 5 ] A . S o b o u h,Les Soldats de l’an 11, P a r is , 1 9 5 9 .
Ver L. T renard , citado no n.° 119-
[ 2 2 5 .a ] CL^PETITFRÈRE, Le Général Dupuy et sa Correspondance, 1 7 9 2 - 1 7 9 8 , P a ris ,
[241] E. D ubois , I U s t o ir e de la R é v o lu tio n d a n s l ’A i n , Bourg-en-Bresse, 1930-1933, 3
o) Marinha
[241.a] J. N lC O LA S, “Annecy Sous la Révolution” (Revista A n n e s c t, vol. XIII), An-
[2 2 6 ] o. H La Révolution dans les Ports de Guerre, P a r is , 1 9 1 2 - 1 9 1 3 2 v o ls
arva rd ,
[24l.b] C. B relot, “Besançon Révolutionnaire”, Paris, 1966 ( A n n a le s litte r a ir e s de
[2 2 7 ] J . I ramond, Manuel d’Histoire Maritime de la France, des origines à 1815, P a ris,
1’ U n iv e r s it é de B e s a n ç o n , vol. 77).
[2 2 8 ] J . G o d ec h o t ,Histoire de 1’Atlantique, P a r is , 1947.
[ 2 2 9 ] J . G o d ec h o t , Histoire de M alte, P a r is 1 9 5 2 e) Sul
[ 2 3 0 ] N o r m a n H a m p so n , “L e s O u v r ie r s d ê s A r s e n a u x d e Ia M a r in e a u c o u r s d e la
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Paris, 1925. ]
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— 305 —
— 304 —
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1936-1937, 2 vols.
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a) A fam ilia real da França e sua corte.
( A s b io g r a fia s s â o c ita d a s p e l a o r d e m a lfa b é tica d o s n o m e s d a s p e s s o a s e s t u ­
1) M aria Antonieta: d a d a s , p a r a fa c ilita r a s p e s q u is a s ):

[3 4 8 ] A .C a stelo t ,, Marie-Antoinette, P a r is , 1 9 5 3 . [3 7 3 ] G a n e A . BR U C K E R .Jean S y lv ain B a il l y , Revolutionary Mayor o f Paris, U n iv e r -


[3 4 9 1 H .V a llo to n , Marie-Antoinette et Fersen, P a r is , 1 9 5 6 . s ity o f Illin o is P r e s s , 1 9 5 0 .
[ 3 4 9 . a ] S .F l a issie r , Marie-Antoinette en Accusation, P a r is , 1 9 6 7 . [3 7 4 ] L e o G e r SHOY, Bertrand Barère, P rin ce to n , 1 9 6 2 .

■ 310 —
[ 3 7 5 ! G . B ouchard , La Famille du Conventionnel Basire. et Quelquer Aper- s Profita- d) Biografias de alguns franceses
çus Profitables sur le XVIII siècle, D i jo n 1 9 5 2 . que desempenharam um papel durante a
[ 3 7 6 ! E.P apillard, Cambacerès, Paris, 1 9 6 1 . época revolucionária
[ 3 7 7 ] M a r c e ! R einhard, Le G rand Carnot, P a r is , 1 9 5 0 - 1 9 5 2 , 2 v o ls.
[ 3 7 8 ) C l. PlCHOIS e t J . D autry , Le conventionnel Chasles et ses idées démocratiques, [4 0 9 1 G e n e v i è v e AcLOQUE, Contribution à 1’Histoire du Faubourg Saint-Marcel, un Dé-
A ix -e n -P ro v e n c e , 1 9 5 8 . fenseur du Rot, André-Arnoult Aclocque, Commandant de la Garde Natio-
[3 7 9 1 L é o n CA H E N , Condorcet, P a r is , 1 9 0 4 . nale Parisienne (1748-1802), P a r is , 1 9 4 7 .
[3 8 0 1 Alengry, Condorcet, P a r is , 1 9 0 4 . [ 4 1 0 ] G . W a lter , André Chenier, P a r is , 1 9 5 2 , i n - 8° .
[3 8 1 ] J. Salwyn S chapiro, Condorcet and the Rise o f Liheralism in France, N ova [ 4 1 0 . a] L .N .B e r t h e , Dubois de Fosseux, Secretaire de VAcademie d ’A rras, 1785-
Y o rk , 1934. 1792 et son Bureau de Correspondance, A r ra s , 1 9 6 9 -
[3 8 2 ] Condorcet e l'idea di progresso, F l o r e n ç a , 1 9 5 6 .
A lb e rto C e n t o , [4 1 1 | M g r L eflo n , Monsieur Emery, P a r is , 1 9 4 5 - 1 9 4 7 , 2 v o ls. i n - 8 .° .
[ 3 8 3 ] J e a n n i n e BO U ISSO U N O U SE, Condorcet, P a r is , 9 6 2 . [4 1 2 | P i e r r e L a bra c h er ie , Fouquier-Tinville accusateur public, P a r is , 1 9 6 1 .
[ 3 8 4 ] L . B a r t h o u , Danton , P a r i s , 1 9 3 2 . [ 4 1 3 ] L o u is J a c o b , Hébert, ch ef des Sans-Culottes, P a r is , 1 9 6 0 .
[ 3 8 5 ] J.H erissay, Cet Excellent M .Danton, P a r is , 1 9 6 0 . [ 4 1 3 a ] L V e l l u z , La Vie de Lavoisier, P a r i s , 1 9 6 6 .
[ 3 8 6 ] L . D a v id Dowd, Pageant-Master o f the Repuhlic , Jacques-Louis David and the | 413.b | A . D o y o n , Un Agent Royaliste Pendant la Révolution, P i e r r e j a c q u e s Le Maitre
Frech Révolution, N e b r a s k a U n i v e r s i t y P r e s s , 1 9 4 8 ( 1 7 9 0 - 1 7 9 5 ) , P a r is , 1 9 6 9 .
[ 3 8 7 ] P.J olly, Dupont de Nemours, Soldat de la Liberté, P a r is , 1 9 5 6 . [4 l4 | M a u r i c e D o m m a n g Ét , Sylvain
M arechal, 1’É galitaire, l’Hornme-sans Dieu
[ 3 8 8 ] L.M AD EL1N , F.ouche, Paris, nova edição, 1955. (1750-1801), Vie et Oeuvre de l’auteur du Manifeste des Égaux, P a r is , 1 9 5 0 ,
( 3 8 8 . a] P. M arot , Recherches sur la vie de François de N eu fch ateau , à propos 5 1 0 pp.
de ses lettres à son ami Poullain-Grandprey, E p in a l, 1 9 6 6 (Annales de la Société [4 1 5 ) L o u is d e L a u n a y , Monge, Fondateur de 1’École Polytechnique, P a r is , 1 9 3 3 .
d’F.mu!ation des Vosges, 1 9 6 0 - 1 9 6 5 ) . [4 1 6 ] H e n r i L a c a pe , Pierre Pontard, Êvéque Constitutionnel de la Dordogne, P a ris ,
[ 3 8 9 ] L . G ottschalk La Fayette, C h ic a g o U n i v e r s i t y P r e s s , 5 v o ls ., 1 9 3 5 , 1 9 3 7 , 1952.
1 942, 1950, 1969- [4 l6 .a ] W . M a r k o v , JacquesRoux, oder vom Elend der Biographie, B e r l i m , 1 9 6 6 .
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[3 9 1 1 H . JONEAU, Le Vendeen La R evelliere-L epeau x, membre du D irectoire. [ 4 1 6 . c] C . L e d r e , L’abbe de Salampn Correspondam et Agent du Saint Siège pendant la
1750-1824, P o itie r s , 1 9 5 1 . Révolution, P a r is , 1 9 6 5 .
[3 9 2 ] H e n r i GUERLAC, “Lavoisier" and his B i o g r a p h e r s ” , e m Íris, 1 9 5 4 , pp . 5 1 - 6 2 .
[3 9 3 1 L . SCHELER, Lavoisier et la Révolution française, I: Le Lycée des A rts, P a r is ,
e) Biografias de militares
1956.
[3 9 4 1 J e a n M assin, M arat , P a r is , 1 9 6 0 .
( n a o r d e m a lf a b é tic a d a s p e s s o a s e s tu d a d a s ).
[3 9 5 1 G ruffy, La Vie et l’Oeuvre Juridique de Merlin de D ouai, P a r is , 9 3 4 .
[ 3 9 6 ] j . - J . CH EV A U IER Mirabeau, un Grand Destin M anqué, P a r is , 1 9 4 7 .
(4171 S .J .W a tso n , By Command o f the Emperor, the Life o f M arshal - Berthier,
[ 3 9 7 ] D u q u e d e C astrifs, Mirabeau, P a r is , 1 9 6 0 . L o n d re s, 1 9 5 7 .
[3 9 7 .a ] Les Mirabeau et leur temps, Actes du Colloque d’Aix-en-Prov(pce. P a r is , 1 9 6 8 .
[4 1 8 ] M .- A . F a b r e , Hoche, 1’enfant de la Victoire, 1768-1797, P a r is , 1 9 4 7 .
[ 3 9 8 ] G . B ouchard, Un Organisateur de la ViCtoire Prieur de la Cote d’0 r, Membre du
[ 4 1 9 ] P i e r r e S a in t -M a rc , Le Marechal Marmont, Duc de Raguse (1774-1852), P a r is ,
Membre du Comité de Salut Public, P a r is , 1 9 4 6 .
1957.
[3 9 9 1 M . BouloiSEAU, Robespierre, P a r is , 1 9 5 6 .
[ 4 2 0 ] G é n é r a l H erla u t , Le Gènéral Rouge Ronsin, P a r is , 1 9 5 7 .
[ 4 0 0 ) J e a n M assin, Robespierre, P a r is , 1 9 5 6 .
[ 4 2 0 . a ] G .G lRO D de L’Aín , Bernadotte, C hef de Guerre et C hef d’É tat, P a r is , 1 9 6 8 .
[4 0 1 1 A . MATHIEZ. Études sur Robespierre, Recueil Prepare par la Société des Études Robes-
1968.
pierristes, P a r is , 1 9 5 8 .
[ 4 0 2 ] “R obespierre”, n ú m e r o e s p e c ia l d e s A .H .R .F., 1 9 5 8 .
[ 4 0 3 ] J.R atinaud, Robespierre, P a r is , 1 9 6 0 . f Estrangeiros
[ 4 0 4 ] P . B essand-Massenet, Robespierre, 1 9 6 1 .
[4 0 5 1 G . W alter, Robespierre, P a r is , 2 v o ls ., 1 9 6 1 . [4 2 1 ] C a r lo s E. C oron a B a ka tech , José Nicolas Azara, un Embajador Espahol en
[ 4 0 5 .a ] M . G allo, Maxirnilien Robespierre, Histoire d.’Une Solitude, P a r is , 1 9 6 8 . Roma, Z ara g o z a , 1 9 4 8 .
[4 0 5 - b l M . A . C attaneo, Liberta e Virtu nel Pensiero Político di Robespierre, M ilã o , ( 4 2 2 1 A . S a it t a , Filipo Buonarroti, Contributi alia Storia delia sua Vita e del suo
1968. Pensiero. R o m a , 2 v o ls ., 1 9 5 0 - 1 9 5 1 .
[4 0 6 ] A . G alanteG arrone, Gilbert Romme, T o r i n o , 1 9 5 9 . [4 2 3 1 F .M .T h o m a -, Georg Forster, Weltreisender, Forscher, Revolutionar, B e r l i m ,
[4 0 6 .a | Gilbert Romme et son Temps, Notes du Colloque Tenu à Riom et Clermont- 1954.
Ferrand les 10 et 11 juin 1965, P a r is , 1 9 6 6 . [ 4 2 3 . a ] A . B o e h t u n g k e D r . O . F o r el . Fredéric-César Laharpe (1754-1888). N eu-
[ 4 0 7 ] A.O luviçr, Satnt-Just, et la fon e des choses, P a r is , 1 9 5 4 . ch â te l, 1 9 6 9 -
[4 0 7 .a ] Actes du colloque Saint-Just (S o r b o n n e , 2 5 ju in 1 9 6 7 ) , P a r is , 1 9 6 8 . [ 4 2 4 ] C .P a r r a -P er e z , Miranda et Mme. de Custine, P a r is , 1 9 5 0 .
[408| P . B astid , S iey es e t sa P e n s é e , P a r is , 1 9 3 9 . [ 4 2 4 . a) R . T r io m p h e ,Joseph de Maistre, G éneve, 1968.
[4 0 8 .a ] L.G reenbaum,T alleyrand, Statesman-Priest, W a s h in g to n , 1 9 7 0 .

~ — 312 — - 313 —
[4 2 5 1 J.L eflon, P ie VII, t. I: Des Abbayes Bénédictines à la Papautè, Paris, 1 9 5 8 .
[ 4 2 5 . aj H.LáBOUCHEIX, Richard Price, Théoricien de la Rèvolutions Amèricaenie, 1 9 7 0 .
[ 4 2 5 -bl L . Velluz, Le Pasteur Priestley . P a r is , 1 9 6 8 .

NOTAS:

Poderemos também consultar as bibliografias mais gerais: Bibliographie des Travaux Publies
de 1866 à 1897 sur 1’Histoire de la France depuis 1789, Répertoire Mêthodique de l'Histoire Modeme et
Contemporaine de la France (de 1898 à 1913), Repertoire Bibliographique de 1’Histoire de France de
1920 à 1930, continuado pela Bibliographie intemacionale des Sciences Histortques. Une Btbliographie
Annuelle de FHistoire de France aparece desde L955. As bibliografias nacionais de diferentes países,
citadas no parágrafo precedente, completarão a documeptação no que se refere aos diferentes
Estados.
Em alguns departamentos (Aveyron, Mayenne, por exemplo), há dicionários biográficos de­
partamentais onde encontraremos informações sobre os revolucionários provinciais. capítulo 4

As Obras Especializadas
P a ra c a d a u m d o s p e r í o d o s d a h is tó r ia r e v o lu c io n á r ia , lim ita m o -n o s a n o s r e fe r ir
a o s e s tu d o s e s s e n c ia is e r e c e n t e s .

A) AS CAUSAS DA REVOLUÇÃO

a) Causas Sociais

1 ) Evolução demográfica - A lé m d a o b r a g e r a l m e n c io n a d a n o n . ° 77,


c o n s u lte -s e :

|426J J.M euvret, “ L e s C r i s e s d e S u b s is ta n c e s e t la D é m o g r a p h ie d e la F r a n c e d ’A n -


c ie n R é g i m e ” , Population, 1 9 4 6 , p p . 6 4 3 - 6 5 0 .
[4 2 7 | J .B ourgeois -P ichat, ‘‘L ’É v o lu tio n d e la P o p u la tio n F ra n ç a is e d e p u is le X V I I I e
m S i è c l e ” , Population , 1 9 5 1 , p p . 6 3 5 - 6 6 2 .
( 42 8 | C h r i s t i a n e P inède, “ L a P o p u la tio n d u Q u e r c y à la ftn du X V H I e S iè c le ” , Actes
du L X X X IIe Congrès National des Societés Savantes, B o r d é u s , 1 9 5 7 , pp . 5 1 -
103.
[4 2 9 1 E .G autier e L.H enry, La Population de C rulai, Paroisse Normande Étude Histo-
rique, P a r is , 1 9 5 8 .
[4 3 0 | E.K eyser , Bevòlkerungsgeschichte Deutschlands, L eip zig , 1 9 4 3 .
[4 3 1 1 O.P rato , Censimenti e Popolazione nei Secoli X V I, XVII, X VIII, R o m a , 1 9 0 8 .
[4 3 2 ] K .J.B eloch, Bevòlkerungsgeschichte Italiens , Berlim, 1 9 3 7 - 1 9 3 9 .

2) Evolução de mentalidades. A e s t e r e s p e i t o , a lé m d as o b ra s cita d a s n o s n .° s


4 9 a 5 3 , c o n s u lte -s e :

[4 3 3 ] Ph. S agnac, La Eormation de la Societé Française Modeme. t. II: La Révolution des


Idées et des Moeurs et le Déclin de l’Ancient Régime (1715-1788), P a r is , 1 9 4 6 .

3) Os privilegiados. 0 Clero:

[4 3 4 ] Ch. G irault, Les Biens d’Eglise dans la Sarthe à la Fin du X V IIIe Siècle, Lavai,
1953.
- 314 - - 313 -
Nobreza. Além da obra de Forster (n.° 147): b) Causas económicas
1 4 3 5 ] R . F u n c k - B r e n t a n o , Le Collier de la Reine, P a r is , 1 9 5 2 .
1) 0 problema dos preços:
[ 4 3 6 ] L.H astier, La vérité sur l’Affaire du Collier, P a r is ” 1 9 5 5 .
[4 3 7 ] F .B l u c h e , L O r i g i n e S o c ia le d u P e r s o n n e l M in is té r ie l F r a n ç a is au X V I I U (4531 G Lefebvre, “ L e M o u v e m e n t d e s P r ix e t le s O r ig in e s d e la R é v o l u ti o n F r a n -
S ie c le ”, Bulletin de la Societe d'histoire Moderne, 1 9 5 7 , p p 9 - 1 3
ç a is e ” , A .H .R .F., 1 9 3 ,7 . PP- 2 8 8 - 3 2 9 . . „
1438] R. B aehrel, “J L E x p lo ita tio n S e ig n e u ria le a u X V l l l e S i è c l e ” , Commission d’His- 14 5 4 ] G Lefebvre, “La C r i s e E c o n o m iq u e e n F r a n c e a la fin d e 1A n c i e n R e g i e ,
totre Economique, Assemblée Générale de 1939, t. I, p p . 2 5 1 - 3 0 2 . Annales (E.S.C.), 1 9 4 6 , p p . 5 1 - 5 5 .
(4 5 5 ] Ph. SAGNAC, “ L a C r i s e d e 1’E c o n o m ie e n F r a n c e a la fin d e l A n c i e n R e g im e ,
4) 0 Terceiro Estado. A lé m d o s n .°5 1 3 2 a 1 4 5 :
R.H.E.S., 1 9 5 0 . . , _ ,
1456] P. d e S aint-J acob, “ L a Q u e s t i o n d e s P r i x e n F r a n c e a la fin d e 1 A n c i e
[4 3 9 ] T hore, L e T i e r s É t a t d e T o u l o u s e à la V e il le d e s É l e c t io n s d e 1 7 8 9 "
P --H - g i m e , d ’A p r è s le s C o n te m p o r a in s ” , R.H .E.S., 1 9 5 2 , p p . 1 3 3 - 1 4 6 .
Annales du M idi, 1 9 5 3 , p p . 1 8 1 - 1 9 1 . J ’ (4 5 7 1 G RUDÉ, “ L a T a x a t i o n P o p u la ir e d e M a i 1 7 7 5 à P a ris e t d a n s la R e g i o n P a n -
] 4 3 9 .a ] P .- H . T hore “E s s a i d e C la s s ifica tio n d e s C a t é g o r i e s S o c ia le s à L l n te r ie u r d u
s ie n n e ” , A.H .R.F., 1 9 5 6 , p p . 1 3 9 - 1 7 9 - . „ „ , , , í n , o 4(ç
T ie r s E t a t d e T o u l o u s e ” Comité des Travaux Historiques, Congrès des Societei 14581 N . W . POSTHUMUS, Inquiry into the History of Pnces in Holland , L e y d e n , ) .
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‘ 4 4 0 ] L F racard, La Fin de lAncien Régime à N iort, P a r is , 1 9 5 7 .
P e n n s y lv a n ia P r e s s , 1 9 5 1 . ,
14601 1. V ic e n s V iv e s , “ C o n j u n t u r a E c o n ó m i c a y R e f o r m is m o B u r g u ê s D o s c a c t o r e s
reZ'me rural- A lé m d o s liv ro s a ssin a la d o s a n t e r i o r m e n t e , n o s e n la E v o l u c i ó n d e E s p a n a d e l A n tig u o R é g i m e n ” , Estúdios de Historia mo­
n. 1 3 2 a 1 3 8 , c o n s u lte -s e :
derna, I V , 1 9 5 4 , p p . 3 4 9 -3 9 1 . ,
[4 6 1 ] F .-G . D reyfus. “ P r i x e t P o p u la tio n a M a y e n c e e t a T r e v e s au X V l l l S ie cie , •
[4 4 1 ] J. MEUVRET, “ L ’A g r ic u l tu r e e n E u r o p e a u x X V l i e e f X V I l i e S i è c l e ” Rela.
VT "
'■ ! o s v 'P 41 3 9 j 6^ ; “ C o n g r è s I n « r n a t i o n a l d e s S c ie n c e s H is to riq u e s (4 6 2 ] L. D a l PANE, L o Stato Pontifício e il Movimento Riformatore d el Settecento, M ila n o ,
. . D Tf R o m e > 1 9 5 5 >Attl d“ Congrès, p p . 4 7 9 - 4 9 3 F i r e n z e , 1 9 5 6 .
1 4 4 21 B H2 ^ i c »E R V an B ath , “ A g r ic u l tu r e in th e L o w C o u n t r i e s ” , ibid ., p p . 1 6 9 - [462a] M ^ G E B H A R T e C . M e r c a d ie r , LVctroi de Toulouse à la Veille de la Révolution ,
P a r is , 1 9 6 7 (Comission d’Histoire Economique de la Révolution, Memortes et Do-
1443] W. G . Hoskins , “E n g lis h A g r ic u l tu r a in th e X V I I t h an d X V l I I t h — C e n tu
cuments, t. X X I ) .
n e s , tbtd, p p . 2 0 5 - 2 2 7 .
[4 4 4 ] E. A p p OLIS, “L e s B i e n s C o m m u n a u x e n L a n g u e d o c au X V I l i e s i è c l e ” , Comission
a Histoire Economique de la Révolution, 1 9 3 9 , t. I I , p p . 3 7 1 - 3 9 9 . 2) Crise financeira. A lé m d o s n. 167 a 175:
1 5 ] P. - T h . Lacroix, “ L a C o n d itio n d e s T e r r e s e t le s M o d a lit é s d u D o m a in e C o n -
g e a b le d a n s le P a y s d e V a n n e s a u X V I I I ' S i è c l e ” , Commission d ’Histo,re Êco- [4 6 3 ] J. BOUCHARY, Les Manieurs dArgent à Paris au X V lIIe Stecle, P a r is , 3 v o ls .,
nomique de la Révolution, 1 9 3 9 , t. I p p 3 4 1 - 3 6 8
1 4 4 5 a] M a re e i F aucheux, “ U n A n c ie n D r o i t E c c lé s ia s tiq u e P e r ç u e n B a s - P o i to u : le | 4 6 4 ] J . B o u c h a r y .Les^Compagnies Financieres à Paris à la fin du XV lll^ Stecle, P a r is ,
\AAf\ X4 tío i£selaê e , Comission d’Histoire Economique, L a - R o c h e - s u r - Y o n 1 9 5 3 3 v o ls . 1 9 4 0 , 1 9 4 1 , 1 9 4 2 .
4 4 6 J M a r c B loch L er Caracteres Originaux de 1’Histoire Rura/e Françaíse, P a ris , [4 6 5 ] 1. C onan, La Dernière Compagnie des lndes , P a r is , 1 9 4 2 . ,
1 9 5 3 - 1 9 5 6 , 2 v o ls . in -8 . (n o v a e d i ç ã o c o m p l e t a d a p o r a r tig o s c o n h e c id o s e 466] L D e r m i g n y , “ L a F r a n c e à la fin d e L A n c ie n R é g im e : U n e C a r t e M o n e t a i r e ,
14471 M G « u i n d “ lM r B loch . assim c o m o p o r u m a i m p o r ta n te b ib lio g ra fia ). Annales (E.S.C.), 1 9 5 5 , p p . 4 8 0 - 4 9 3 - . p - ^
7 D //RAUD) í glrrif A g r a ir e e t les P a y s a n s d e G â t in e a u X V Ilie
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, Eulletw de la Societé de s Antiquaires de L ’0uest, 1 9 5 4 4 0 pp X V Illé Siècle, P a r is , 1 9 6 3 .
[4 4 8 ] J. D u p a q u ie r ,
“ L a P r o p r i é t é e t L E x p l o ita t io n F o n c i è r e d a n s le G â tin a is S e p te n -
tnonal Commission d ’l\istoire Economique, Mémoires et Documents t X I P a ­
ris, 1 9 5 6 . ' * 3) Agricultura e indústria. A lé m d o s n. 152 a 153:
(4 4 9 ] A. Souboul, “Les C a m p a g n e s M o n tp e l lié r a in e s à la fin d e L A n c ie n R é g i m e "
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1 501 R e n a to Z a n c h e r i .L a Propnetà Terriera e le Origim del Risorgimento nel Bolog-
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A l é m d a s o b r a s c ita d a s n o s n.°' 2 5 5 a 2 6 5 :

3) Inglaterra. V e r a lé m d a s o b r a s c ita d a s n o s n.“ 2 5 5 a 2 6 2 : [5 0 3 ] G . 0 ’B r ie n , Economic History o f Ireland in the XVllIth Century, D u b lin , 1 9 1 8 .
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4) Itália. C o n s u lta r as o b r a s c ita d a s n o s n.“ 2 9 4 a 3 0 0 e a n e x a r : 853.

[4 8 4 ] F. V enturi, L a C ir c o la z io n e d e lle I d e e ”, Rassegna Storiea del R-isorgimento c) Revoluções Suíças


1954, pp. 203-222.
[4 8 5 ] M a u r ic e V a i j sSAR1 y,Jausenisme et Galltcanisme aux Origines du Risorgimento Pa­ [5 0 8 ] E . C h a p u i s a t , La Prise d’Armes de 1782 à Genève, 1 9 3 2 .
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[ 5 1 0 ] H e r b e r t L u t h y ,L a Banque Protestante en France, 1 9 6 1 .
d) Causas políticas
d) Revoluções nas Províncias Unidas
D CVe Se consultar a obra de R - R - P almer, citada no n.° 3 8 e anexar:
[4 8 6 ] H. Fréville, L ’lntendance de Bretagne (1689-1790), 3 v o l s ., P a r is , 1 9 5 3 . A lé m d a s o b r a s já c ita d a s n o s n.os 2 6 6 a 2 6 9 : .
[4 8 7 ] A. C obban . Ambassadors andSecret Agents, L o n d r e s , 1 9 5 4 . [5 1 1 ] D e P e y s t e r , Les Troubles de Hollande à la Veille de la Révolution Française, P a r is ,
1 9 0 5 (a n t i g o , m a s e s c r i t o e m f r a n c ê s ).
— 318 — — 319 —
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[M2a] C n s o % T s X ’ã L S
:Z [ Tussen Aristocratie " D~ - 1 9 6 8 , pp. 5 5 -8 3 .

e) Revolução Belga d) 0 dia 14 de julho

rs.íi q Além das histórias gerais já citadas nos n.” 267 - 269 , consultar: 15 3 0 1 P. C h auvet, 1789: Ulnsurrection Parisienne et la Frise de la B astille, P a r is , 1946.
[5 1 3 ] S. í a s s ie r . L e s D é m o c r a t e s B e lg e s d e 1 7 8 9 ” , Memoires de 1’Académie Royale de [5 3 U Je a n MlCHAUD, Les États Gènéraux et le 14 juillet 1789, P a r is , 1 9 6 0 .
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í5 1 3 a l P * T 1178/ e” Í Í l°nÍr ' C°nsidérations i» r la Révolution Liégeoise. Ses Cau-
/ f - Causes “e son Echec. L a Frontière Linguistique, L i è g e , 1 9 3 3 e) Grande Medo. abolição do feudalismo
[5 1 4 ] P . H abs \N, La Révolution Liégeoise de 1789, B r u x e l a s , 1 9 5 4 .
[5 3 2 ] G e o rg e s Lefebvre, L a Grande Peur de 1789, P a r ts , 1 9 3 2 (n o v a e d i ç ã o , T u r i m ,
f) Transformação da Polónia 1 9 5 3 ) e P a r is , 1 9 7 0 .
[5 3 2 a ] P. KESSEL, La Nuit du 4 aoút 1789, P a r is , 1 9 6 9 .
V e r as o b r a s já c ita d a s n o s n.“ 3 0 5 a 3 1 2 .
f) Municipalidades novas, guardas nacionais, federações.
C) A REVOLUÇÃO NA FRANÇA DE 1787 A 1789
[5 3 3 ] P -H T hore, “ F é d é r a t i o n s e t P r o j e t s d e F é d é r a t i o n s d a n s la R é g io n T o u l o u -
a) A Pré-revolução na França s a in e ” , A .H .R .F.,
1 9 4 9 , PP- 3 4 6 - 3 6 8 . „ , „ _ _ lQ S , n n
[ 534] R . T oujas, “ L a G e n è s e d e 1’I d é e d e F é d é r a t t o n N a t i o n a l e , A .H .R.F., 1 9 5 5 , PP-

^P ^ t i o n L
dl U [5 3 5 1 P- Arches, “ L e P r e m i e r P r o j e t d e F é d é r a t i o n N a t io n a le .A .H .R .F., 1 9 5 6 , pp .

[5 1 7 1
Je,n4s^,tss.^sí:’V[Jr, isr'PMq"u ^ us— d, n „K m
[5 3 6 ] D a n i e f í f e o u , “ A P r o p o s d e la R é v o l u ti o n M u n ic ip a le ” ,
1 4 6 -1 7 7 .
R.H.E.S., 1 9 6 0 , pp.

[ 5 1 8 ] J e a n f c R E T , “L a S e c o n d e A s s e m b l é e d e s N o t a b l e s ” , A.H.R.F., 1 9 4 9 , pp. 1 9 3 . g) Inicio da Constituinte

[ 5 1 9 ] Jean igÉ G RET. “L e s ^ O r ig in e s d e la R é v o l u ti o n e n B r e t a g n e ( 1 7 8 8 - 1 7 8 9 ) ” , R.H. S o b r e a D e c l a r a ç ã o d o s D i r e i t o s d o H o m e m , v e r o n .° 3 1 -


[ 5 3 7 P A . M A T H .E Z ,“ L e s J o u r n é e s d ’O c t o b r e 1 7 8 9 ” , 1 8 9 8 , t. 6 7 , P P . 2 4 1 - 1 8 1 ; t. 6 8 ,
[ 5 2 0 ] J e a n É a t ^ “L a ^ ay e t t e d a n s la P r e m i è r e A s s e m b l é e d e s N o ta b l e s , A .H .R.F.,
[5 3 8 ] C h .Pd u B U S ^ stn isD s’dP
e PC k L 6ont-Tonnerre et 1’Échec de la Révolution Monarchi-
[ 5 2 1 ] J e a n É g r e t , “Ca P r é r é v o lu tio n e n P r o v e n c e ” , A .H .R .F ., 1 9 5 4 p p 9 7 -1 2 6
I j 22] J e a n E g r e t .L a Prérévolution Française, 1787-1789, P a r is , 1 9 6 2 [539] J. Egret, Za/~RévolàtJ&n'd'es ^Notables, Mounier et les Monarchiens, 1789, P a r is ,

1950.
b) O ano de 1789
D) A CONSTRUÇÃO DE UMA MONARQUIA
CONSTITUCIONAL NA FRANÇA
li f
Generalidades
[ 5 2 5 ] P. Fbouch , 1789: Dte Grasse Zeitwende, F r a n k f u r t -d e l -M a in e , 1 9 5 7 . a)

c) Eleições para os Estados Gerais e “cadernos de queixas”. V e r .as b ib lio g ra fia s d a o b r a c ita d a n o n .° 3 1 . C o m p le t a r p e l o s s e g u i n te s

liv ro s:
Révolutio^Françatse^S a à eta °^ p u b lÍC ad o s p e la Commission d’Histoire Êconomique de la
b) Poder executivo
[ 5 2 6 ] Bea^ k H vslo p .French Nationalism According to the General Cahiers, N ova
[ 539a] É d ith B e r n a r d in Jean-M arie Roland et le Ministére de llnterieur (1792 1793)
P a r is , 1 9 6 4 .
[5 2 8 ] B e a tr ic e H yslo p “T *° ^ ^ C M ers ° f ^ ’ N ova Y o rk , 1936.
[528] ,CS C ah Í6rS In é d ÍtS d £ 13 V llle d e c) Soberania do povo
15291 J e a BrRa z e y Ae T p S ”^ atÍr / “ ^ t D o lé a n c e s > P - C l p e r ro t, cu ré de [540] E ric T homson, Popular Sovereignty and the French Constituem Assembly
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1791), M a n ch e ste r, 1 9 5 2 .
— 321 —
[541| H em K la y , Zensusivahlrecht und Gleichheitsprinzip. Eine Untersuchung a u f [5 5 5 ] -M. C h a r t ie r , “ L e C l e r g é C o n s t itu tio n n e l d u D is tr ic t d A v e s n e s p e n d a n t la R é ­
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d) Formação de departamentos j) Instituições Sociais

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[ 54 3 a | J . B r ic a u d , L ’Administration du Département d’llle-et-Vilaine au Début de la Ré
volution (1790-1791), R e n n e s , 1 9 6 5 . E) REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO NA EUROPA
E NO MUNDO, DE 1789 A 1792
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I 5451 A. O u t r e y , “L e s O r ig in e s de la L é g isla tio n R é v o l u t i o n n a i r e s u r le s A r c h iv e s - la ju n h o 1 7 9 1 , P a r is , 1 9 3 6 .
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1 9 5 4 , pp. 4 -6 . b) Lutas políticas, na França, durante
o inverno de 1791-1792.
f) Justiça
V e r as b ib lio g ra fia s d a o b r a c ita d a , n . ° 1 0 6 .
! 5 4 6 1 T o n ,yo e o Ur EL’ " L e T r i b u n a l d e C a s s a tio n d e 1 7 9 1 à 1 7 9 5 " , Eludes et Documents
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[‘5 6 5 1 C h a r l e s P arkin , TT k> Moral Basis o f Burkes Political Thought, C a m b rid g e , 1 9 5 6 .
[5 5 2 ] M . H e n r io t , “L a L o i d u 2 6 a o ú t 1 7 9 2 e n C ô t e - d ’O r , é t la P r e m i è r e D é p o r t a - [5 6 6 1 A lf r e d C obban .Edmond Burke and the Revolt against the 18th Century, L o n d r e s ,
n o n ”, A.H .R.F., 1 9 5 2 , pp . 4 8 9 - 4 9 7 . n o v a e d .,. 1 9 6 1 .
[5 5 3 | Jea n ^ L E F L O N , Nico/as Philbert, Fvéque Constitutionnel des Ardennes, M é z iè r e s ,
2 ) P a ra as Provindas Unidas, v e r as o b ra s c ita d a s n o s n.°' 2 6 6 - 2 6 9 e 5 6 1 -
[5 5 4 ] G . P io r o , “ L ’I n s titu tio n c a n o n iq u e e t la C o n s é c r a t i o n d e s P r e m i e r s É v ê q u e s 562.
C o n s t itu tio n n e l s ”, A .H .R .F. , 1 9 5 6 , pp . 3 4 6 - 3 8 0 .
3 ) P ara a Bélgica, a lé m d a s o b r a s c ita d a s n o s n.°- 2 7 0 a 2 7 2 :
322
— 323 —
[ 5 6 7 ] O r ie n t Lee, Les Comités et les Clubs des Patriotes Be/ges et Liégeois 1791 -an 111 b) Do dia 10 de agosto a reunião da Convenção
P a ris, 1 9 3 1 .
[5 6 8 ] T assier, Histoire de la Belgique sous 1’Occupation françaíse en 1792 et
S u zan n e [5 7 5 .b ] J . P . B ertand. Valmy, la Democratie en Armes, P a r is , 1 9 7 0 .
1793, B r u x e la s , 1 9 3 4 . [ 5 7 6 . ] F . B r a e S C H .D i Commune de 10 aoút, P a r is , 1911-
[5 6 8 .a J F. Leleux, Anverset la Première Occupation Françaíse p ar les Armees Révolution- [ 5 7 7 ] P . CARON.Ler Massacres de Septembre, P a r is , 1935. ^
natres, L ie g e , 1 9 6 0 . 1 5 7 8 ] P . CARON, “ R o b e s p i e r r e e t la G i r o n d e au 2 S e p te m b r e 1 7 9 2 , R F. , 1 7 3 2 .
[ 5 7 9 ] P . CARON, “ C o n s e i l E x é c u t i f P r o v is o ir e e t P o u v o ir M in is te n e l, 1 7 9 2 -1 / 9 4 ,
4 ) P a ra a Alemanha, c o n s u lta r p r in c i p a lm e n t e o s liv ro s d e 1 D R O z e F V ai
A .H .R .F., 1 9 3 7 . , , „ , D .
JAVEC, c ita d o s n o s n.“' 2 7 7 e 2 7 8 . ' [5 8 0 ] P. C aron, Les Missions du Conseil Exécutif Provisoire et de la Commune de Paru
dans l'Est et le Nord, aoút-novembre 1792 , P a r is , 2 v o ls ., 1 9 5 0 - 1 9 5 3 .
P ara a Áustria e a Hungria:
c) Sobre a Convenção
1569] E. W From Joseph 11 to the Jacobin T riais, Government Policy and
an g erm an n ,
Public Optnion in the Habsburg Dominion in the Period o f the French Révolu­ B io g r a f ia s d o s m e m b r o s d a C o n v e n ç ã o , n. 373 a 408.
tion, O x f o r d , 1 9 5 9 .
[570] K. B en d a , " L e s J a c o b in s H o n g r o i s ", A.H.R.F., 1 9 5 9 , pp. 3 8 -6 0 . [5 8 1 ] G . Lefebvre , “ S u r D a n t o n ” , A .H .R .F., 1 9 3 2 .
1 570.a| D . SílAGlJacobiner in der Habsburger-Monarchie, W i e n , 1 9 6 2 . [5 8 2 ] G . PiORO, “ S u r la f o r t u n e d e D a n t o n ” , A.H.R.F.
, 1955, pp. 3 2 4 -3 4 3 .
[5 8 3 1 M . J . SYDENHAM, The Girondins, L o n d r e s , 1 9 6 1 .
S o b re a Boémia:
( 5 8 3 . a] B . M elchior-B onnet, Les Girondins, P a r is , 1 9 6 9 .
[5 7 1 ] K. M ejdricka, L e s P a y sa n s T c h è q u e s e t la R é v o l u ti o n F r a n ç a is e ” AHRF d) Sobre Robespierre (a lé m d a s o b ra s
1 9 5 8 , n .° 5 , p p . 6 4 - 7 4 . ’ c ita d a s , n.”s 3 9 9 a 4 0 5

5 ) P a ra a Suíça, a lé m d a s o b r a s c ita d a s n o s n.‘" 5 0 8 a 5 1 0 : |584] A . COBBAN, “ T h e P o lit ic a l Id e a s o f M a x im ilie n R o b e s p i e r r e D u r i n g th e P e r i o d


o f th e C o n v e n tio n ” , The English Historical Review, 1 9 4 6 , pp. 4 5 - 8 0
1 5 7 2 ] M . M O H CK U .CEU IER. La Révolution Française et les Ècrivains Suisses Romands, (5 8 5 ] A . COBBAN, “T h e F u n d a m e n ta l Id e a s o f R o b e s p i e r r e ” , The English Historical
1789-1815, N e u c h a t e l , 1 9 3 1
Review, 1 9 4 8 , p p . 2 9 - 5 1 . .
KKh* [ 5 8 5 . a] A . S oboul , La Ire. République (1792-1804), P a r is , 1 9 6 8 .
15731
1 /9 t8 ,Y'B^e r nK-a ,G1'5
±9 6 0 . hle Berns' T - I V : Der Uutergang des alten B em s, 1789-
1573 a] A - Méautis, Le Club Helvétique de Paris (1790-1791) et la Diffusion des ldèes e) Instituições do governo revolucionário.
Kevolutionnaires en Suisse, N e u c h a t e l , 1 9 6 9 .
À s b ib lio g r a fia s que fig u ra m n a o b r a n .° 3 1 , a n e x a r .
6 ) P ara a Polónia, v e r as o b r a s c ita d a s n o s n.”' 3 0 5 a 3 1 1 .

1) Policia política:
, m7 ) , £ ® r a ’ n o s r e P o r t a r e m o s às b ib lio g r a fia s a p r e s e n ta d a s n a s o b ra s
c i t a d a s , n. 297 e 299-
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Bulletin ofjoh n Rylands Library, 1 9 5 2 , v o l. 3 5 , p p . 8 8 - 1 1 0 .
8 ) P ara a Espanha, le r R ic h a r d Fíerr , op. cit. , n .° 3 0 3 (5 8 7 ] M. R u fa s, “ Le C o m ité de S u r v e i l l a n c e e t le s S u s p e c t s d e C a rca sso n e ,
A .H .R .F., 1 9 5 4 , p p . 2 3 2 - 2 5 3 . „
9 ) P a ra o s B á lc ã s , n o s r e p o r t a r e m o s a o s n.os 2 9 1 e 2 9 2 . |588] D a v id L . D owd , “ S e c u r it y and th e S e c r e t P o lic e D u r i n g th e R e ig n o f T e r r o r ,
The South Atlantic Quaterly, 1 9 5 5 , p p . 3 2 8 - 3 3 9 . .
1 0 ) P a ra a Rússia, v e r o n .° 3 1 7 . [5 8 9 ] A. D emongeoit, “ L e C o m i t é d e S u rv e illa n c e d e N i c e ” , Nice Historique, 1)5 .
[590] R. Co bb , “ U n C o m i t é R é v o l u t i o n n a i r e d u F o r e z ; le C o m i t é d e S u r v e ill a n c e
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1 5 9 1 ] R . C . C O B B , “ L a C o m m i s s io n T e m p o r a i r e d e C o m m u n e - A f r a n c h i e , Cahiers
[ 5 7 4 ] L. M . Sears, George Washington and the French Révolution, D e tro it, 1 9 6 0 .
d'Histoire, 1 9 5 7 , pp. 2 3 -5 7 . .. D „ , „ n r„
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F) A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA E 0 GOVERNO
1959.
REVOLUCIONÁRIO NA FRANÇA
2) Exército revolucionário
a) O dia 10 de agosto
15 9 3 1 R . C . C o bb, Les Armees Révolutionnaires, Instrument de la Terreur Dans les Depar-
[5 7 5 ] A ib e r t M Le 10 aoút, P a r i s , 1 9 3 1
a t h ie z ,
tements, P a r is , 1 9 6 1 - 1 9 6 3 , 2 v o ls . É a o b r a e s s e n c ia l q u e c o m p l e t a r e m o s
[ 5 7 5 . a] M . R einhard,L a Chute de la Royautê. P a ris , 1 9 6 9 .
c o m o s a r tig o s d o m e s m o a u to r :

- 324 - — 323 —
, 5 9 3 -a l e nt d e [6 1 4 ] D . L. D owd , “J a c o b i n i s m a n d th e F in e A r ts , T h e R e v o l u ti o n a r y C a r e e r s o f
[5 9 4 ] R . c . C o b b “I - A r m é f n - , • P P • 2 4 2 ' 2;>2 e 1 9 5 2 , p p . 5 1 - 7 0 e 1 0 9 - 1 3 2 B o u q u i e r , S e r g e n t a n d D a v id ” , Art Quarterly , 1 9 5 3 , pp. 1 9 5 -2 1 4 .

US AWumS d“ C^ 9 ^ 2 3 Ly°n 6t ° anS k Régi° n Lyonna,se”> f) Lutas revolucionárias

[ 6 l 4 .a ] D. G uÉrin , La Lutte des Classes sous la Première Republique, burgeois et “bras


nus" (1793-1797), P a r is , 2 v o ls ., 1 9 4 6 , n o v a e d iç ã o , 1 9 6 8 .
- « - [6 1 5 ] W . M arkov jako bin er und Sansculotten , Beitrage zur Geschichteder Franzàsischen

I598l R -— - — [6 1 6 ]
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A l b e r t SOBOUL, “ L a S o c i é t é F r a t e r n e l l e d u P a n th é o n f ra n ça is ” , A.H.R.F., 1 9 5 7 ,
pp. 5 0 -5 5 .
15991 [6 1 7 ] A l b e r t S oboul , “ R o b e s p i e r r e e t le s S o c i é t é s P o p u la ir e s ” , A.H.R.F., 1 9 5 8 , n .°
3, pp. 5 0 -6 4 .
3) Emigrados e suspeitos. A lé m d o s n.°' 1 0 4 a 1 0 7 : [6 1 8 ] A l b e r t Soboul .L es Sans-Culottes Parisiens en l’an I I , P a ris , 1 9 5 8 .

16001 R . D e s c a d h i u a s , “L e s S u s p e c ts D a n s le D i s t r i c t d e C a s te ln a u d a r y ” Comité des “ E n r a g e s ” e “ h e b e r t i s t a s ” . A lé m d o n .° 4 1 3 :


Trai aux Histonques, Congrès des Societés Savantes de Toulouse, 1953.
[6 1 9 ] G é n é r a l H erlaut, Bouchotte, P a r is , 1 9 4 6 .
4) Justiça revolucionária. A lé m d o n . ° 4 1 2 : [6 2 0 ] M . D ommA N G E T , RouX, le Curé Rouge, les Enrages Contrela Vie Chère
Pendant la Révolution, P a r is , 1 9 4 8 .
[ 6 2 1 ] G é n é r a l H erlaut, Autour d’Hébert, P a r is , 1 9 5 8 .
16011 R PpAL3 0 5 -3 V 9 n e I m e r p r é t a t ,0 n N o u v e l l e d e la 1 ° ' d e P r a ir ia l "A .H .R .F ., 1 9 5 0 ,
[ 6 2 1 . a ] A . d e Lestaris , La Conspiration de Batz (1793-1794), P a r is , 1 9 6 9 .
[ 6 0 2 ] J . L. G o d f r e .Y, Revolutionary Ju stice, A Study o f the Organisation Personnel and
(6 0 „ r Pr°“ d ™ o f the Paris Tribunal (.1793-1795) , C h a p e l - H í f 1 9 5 1 g) Guerra da Vendéia e “chouannerie"
16031 2Í F
3EB2 5 5 E' : SU f ^ ,OÍ * P ra ,rÍa 1 ” ' AHRF ’ 1951 PP 2 2 59 2 5 6 ; 1 9 5 2 , pp.
B ib l io g r a f ia n a o b r a , n .° 1 0 6 (p . 2 1 6 ) . A n e x a r:

16041 nMPS'— RèZ


R lta£CrCommtsston M lihtatre,
U,tÍOn à BordeUS
B o r d é u s(1789-'7
, 1 9 5 3 . 9 4 ).J.-B .-M . La combe, rresiaent
Président ae
de
[ 6 2 1 . a] M a re e i F aucheux, LTnsurrection Vendeenne de 1793 , Aspects Economiques et So­
ciaux, P a r is , 1 9 6 4 .
5) Política religiosa do governo revolucionário:
h) Revolta federalista
16051 R p p .C m B 2 0 9 eS Det>UtS d e ia D é c h r i s t > an isation à D i e p p e ” , A .H .R .F., 1956,
V e r a m e s m a o b r a , p. 2 4 8 .

6) Política económica do governo revolucionário:


i) Governo revolucionário
e Terror na Província
16061 M 'dIanCsT eTD é L A PPllC atÍr , dexS ^ A g r a ,re S d e la C o n v e n t ,o n M o n t a g n a r d e
16071 R Í T le D é p a r t e m e n t d e !a M e u r t h e ” , Annaíes de lE s t, 1 9 5 0
V e r e s p e c i a l m e n t e o s n.°s 2 3 9 e 2 4 5 . V e r a lé m d e s te s :
m ^ d u \ L : T e T ° t T 7 ntr Pa,n ^ la P°Pulati«” d “ B asR hin et de l’Ar-
16081 W f ‘ e d “ R"tn p endant la Révolution (1789-1797), S t r a s b o u r g 1952 [6 2 2 ] L. JACOB, J o s e p h L e b o n , 1765-1795 , La Terreur à la Frontière (Nord et Pas-de-
' S Z ^ 3 2 £ i£ % T ‘ ,t ' K"s" ‘f T " nr■F Í ™ ’
C alais), P a r is , 1 9 3 3 -

16091M' * S S ] n Í c£ " " “ 4 T m i,m * 4 M“ " k


j) História diplomática

C o n s u l t a r o li v r o n .° 5 6 .
16,01 G 'Y9 ” 7 p T 2 2 e’ s' ' " r“ p ,,“k "’ “ '■ Réyol““ "
' 6UI R H “ r“ k) Campanhas militares
[6121 A . S o b o u l , “ P r o b lè m e s d u T r a v a il e n l’an I I ” , A .H .R .F., 1 9 5 6 , pp. 2 3 6 -2 5 9 .
N u m e r o s a s o b r a s a n tig a s , e s p e c i a l m e n t e as p u b lic a çõ e s d o E s ta d o -M a i o r do

7) Politica cultural. A lé m d o n .° 2 0 2 : e x é r c i t o , to d a s a n t e r i o r e s a 1 9 1 4 e:

[6 2 3 ] A. CHUQUET, Les Guerres de la Révolution , 1 1 v o ls ., P a r is , 1 8 6 6 - 1 8 9 5 .


|6B| ° rity ^ °A H R F ^ 7“ M e ™ b e r o f tfi e C o m m i t t e e o f G e n e r a l S e c u -
n t y , A ..ti.K .r., 1 9 5 2 , t. 5 7 , p p . 8 7 1 - 8 9 2 .
V e r t a m b é m o s n.°5 2 1 7 à 2 3 0 .
— 326 — — 327 —
[6 2 4 1 Die Franzóstsche Knege und Deutschland, 1792 bis 1815, B e r l i m , 1 9 5 8 . [6 4 4 .a ] Babeuf et les Problimes du Babouvisme, p r e f á c i o d e A . SOBOUL, P a r is , 1963.
(6 2 5 ) N o r m a n H ampson, La Marine en l'an I I , Mobilisation de la flotte de 1’Ocèan, [6 4 4 .b ] V . D alin, Gracchus Babeuf (e m r u s s o ), M o s c o u , 1 9 6 3 .
1793-1794, P a r is , 1 9 5 9 .
c) Problemas políticos
1) Termidorianos
[ 6 4 5 ] J . B E Y SSl,“L e P a r t i J a c o b i n à T o u l o u s e s o u s le D i r e c t o i r e ” , A .H .R .F., 1 9 5 0 , pp .
[6 2 6 1 G. Lefebvre, Les Thermidoriens, P a r is , 1 9 3 7 2 8 -5 4 e 1 0 9 -1 3 3 .
16 2 7 J R e n é e Flíoc, La Rèaction Thermidorienne à Lyon (1795 ) , L iã o , 1 9 5 7 . [6 4 6 ] R . C. C obb , “ N o t e s s u r la R é p r e s s i o n C o n t r e le P e r s o n n e l S a n s C u l o t t e s , d e
[6 2 8 [ K a r e D. T õ NNESSON, La Dèfaite des Sans-Culottes: Mouvement Populaire et Réac- 1 7 9 5 à 1 8 0 1 ” , A .H.R.F., 1 9 5 9 , p p . 2 3 - 4 9 -
tion Bourgeoise en 1’a n l l l , P a ris , 1 9 5 9 . [6 4 6 .a ] H. MITCHELL, The Underground War against. Revolutionary France, The Mis-
sions o f William W ickham, 1794-1800, O x f o r d , 1 9 6 5 .
S o b r e o s d ias d o g e r m in a l e d o p ra iria l, a lé m d o n . ° 4 0 6 : [6 4 6 .b ] W. R . Fryer, Republic or Restauration in France? The Politics of French Royalism with
Particular References to the Activities of A.B.J. d’André, M a n ch e ste r, 1 9 6 5 -
| 6291 T arlé, Germinal et P rairial, M oscou , 1 9 6 0 . [ 6 4 6 .c l I. WOLOCHJacobin Legacy. The Democratic Movement under the Directory, P r in -
(6 3 0 ) R . C . C obb e G . R udé , “L e s J o u r n é e s d e G e r m i n a l e t d e P ra iria l a n 111", R .H ., c e to n , 1 9 7 0 .
1 9 5 5 , o u tu b ro -d e z e m b ro , pp. 2 5 0 - 2 8 1 . d) Instituições
(6 3 1 ) M. D essal, “ L a R é v o l t e d e D r e u x e t le s O r ig i n e s d u 1 3 v e n d é m ia ir e ” , Bulletin
de la Societé d’Histoire M.odeme, j a n e i r o - f e v e r e i r o , 1 9 5 7 , p p . 5 - 9 - A lé m d a s o b r a s c ita d a s nas b ib lio g ra fia s d o n .° 1 1 1 :
[632J H. M itchell, “ V e n d é m ia ir e , a R e e v a lu a tio n ” , Journal o f Modern History, v o l
X X X , 1 9 5 8 , pp. 1 9 1 -2 0 2 .
[647) F. D esgranges, La Centralisation Rèpublicaine sous le Directoire: les Municipaljtés
[6 3 3 ) G. R udé, “L e s S a n s -C u lo tte s P a r is ie n s e t le s J o u r n é e s d e V e n d é m ia ir e a n I V ” de Canton dans le Département de la Vienne, P o i t i e r s , 1 9 5 4 .
A.H.R.F., 1 9 5 9 , p p . 3 3 2 - 3 4 6 . [6 4 8 1 J . S uratteau, “ L e s O p é r a t i o n s d e 1’A s s e m b l é e É l e c t o r a l e d e F r a n c e ( 4 b r u m a ir e
an I V - 2 7 O c t o b r e 1 7 9 5 ) ” , A .H .R .F., 1 9 5 5 , p p . 2 2 8 - 2 4 9 .
S o b r e o s tr a ta d o s d e B a s ilé ia :
[649] j, Suratteau, “ L e s É l e c t i o n s d e l’an V a u x C o n s e i ls d u D i r e c t o i r e ” , A .H .R .F.,
1 9 5 8 , n .° 5 , p p . 2 1 - 6 3 .
16 3 4 ) W illy REAL.-“ D e r F r ie d e v o n B a s e l” , Basler Zeitscbrift, t. L e L I , 1 9 5 1 , e 1 9 5 2
pp. 2 7 -1 1 2 e 1 1 5 -2 2 8 .
e) Política económica do Diretório
G) /I REPÚBLICA BURGUESA NA FRANÇA [6 5 0 J G . D ejoint, La Politique Economique du D irec to ire P à r is , 1 9 5 1 .
[6 5 1 ] H. G uillemin, Benjamin Constant Muscadin (1795-1799), P a r is , 1958.
a) Generalidades
V e r t a m b é m o n .° 1 5 5 .
A lé m d o n .° 9 6 :
f) Política religiosa
[6 3 5 1 G e o r g e s Lefebvre, Le Directoire, P a r is , 1 9 4 6 , n o v a e d i ç ã o , 1 9 7 1 . A n e x a r :
A n e x a r à b ib lio g r a fia d o n .° 1 1 1 :
(6 3 6 1 M . R einhard, Le Département de la Sarthe sous le Directoire , P a r is , 1 9 3 5 .
[6 3 7 ) L.M adelin, LAscension de Bonaparte , P a r is , 1 9 3 7 (t. II d e 1’Histoire du Consulat (6 5 2 ] Abbé J. BOUSSOULADE. lEgltse de Paris, du 9 thermidor au Concordai, Paris, 1 9 5 0 .
et de 1’Empire).
[ 6 3 8 1 E . D elcambre, La Pénode du Directoire dans la Haute-Loire, R o d e z , 1 9 4 0 . [6 5 3 1 J . J oachim, “ L a R é o r g a n i s a t io n d e 1’É g lis e C o n s t itu tio n n e l le d u H a u t - R h i n e t
1 6 3 9 1 E . D elcambre, Le Coup d ’Êtat Jacobin du 18 Fructidor et ses Rèpercussions dans la 1’É l e c t i o n d e 1 'É v ê q u e B e r d o l e t . L e d i o c è s e d u H a u t - R h i n s o u s 1’é p i s c o p a t
Haute-Loire , R o d e z , 1 9 4 2 . de M gr B e rd o le t ( 1 7 9 6 - 1 8 0 2 )”, Archives de 1’Église d’Alsace, t. V I , 1 9 5 5 , pp .
16 4 0 1 E . D elcambre, La Vie dans la Haute-Loire sous le Directoire, R o d e z , 1 9 4 3 .
1 3 9 -1 8 2 e 1 8 7 -2 2 6 .
[ 6 4 0 . a [ P. C lÉMENDOT, Le Département de la Meurthe à 1’Èpoque du Directoire N a n c v
1966. g) Ensino

b) Conjuração de Babeuf, Babeuf, Buonarroti. A n e x a r à b ib lio g r a fia d o n .° 1 1 1 :

O a s s u n to fo i r e n o v a d o d e s d e 1 9 3 8 . [ 6 5 4 ] J . P- L. S pékkens, VÉcole Centrale du Département de la Meuse Inférieure, Maes-


tricht, 1798-1804, M a e s tr ic h t, 1 9 5 1 .
[6 4 1 ) J . Godechot, “ L e s T r a v a u x R é c e n t s s u r B a b e u f e t le B a b o u v i s m e ” AHRF h) Negociações diplomáticas
1 9 6 0 , pp. 3 6 8 - 3 8 7 .
16 4 2 ) V . M . D alin, Babeuf-Studien , B e r l im , 1 9 6 1 . C o n s u lte -s e as o b r a s d e b a s e c i t a d a s a n t e r i o r m e n t e , n o s n.°' 5 4 -5 6 e
|6431 Babeuf et Buonarroti, N a n c y , 1 9 6 1 .
5 6 0 - 5 6 1 . A lé m d e s s a s :
16441 C la u d e M a z a u r i c , Babeuf et la Conspiration pour 1’Egahte, P a r is , 1 9 6 2 .

— 328 — 329 —
[6 5 5 ] R . G u y o t ,Le Directoire et la Paix de l'Europel P a r is , 1 9 1 1 . 3) Nice, Mónaco: ). COMBET, op. cit., n.° 243.
[6 5 6 ] J. G o d ech o t , Les
Commissaires aux Armées sous le Directoire, P a r is , 2 v o ls ., 1 9 3 7 .
[ 6 5 7 ] J . G ag É, “A n to n io d e A r a ú jo , T a lle y r a n d e t les N é g o c i a t i o n s S e c r è t e s p o u r la 4) Genebra:
p a ix d e P o r tu g a l, 1 7 9 8 - 1 8 0 0 ” , Bulletin des Études Portugaises, 1 9 5 0 , 9 3 p p .
[ 6 5 8 ] B . N abonne , La Diplomatie du Directoire et Bonaparte, P a r is , 1 9 5 1 . [6 6 9 ] E . CHAPUISAT, La Municipalité de Genive Pendant la Domination Française, G e­
[6 5 9 1 R. C e s s i, Rendiconti delia Classe d i Scienze M orali,
“D a L e o b e n a C a m p o f o r m i o ” , n e b ra , 1 9 1 0 .
Stonche e Filologiche deli’Accademia Nazionale dei Lincei, 1 9 5 4 , p p . 5 5 8 - 5 8 6 . '
[6 6 0 ] A . R u fe r , " D i e V e ltlin e r f r a g e a u f d e m R a s t a t t e r C o n g r e s s ” , Schweizerische Zeits- [6 7 0 ] D a n ie lR obert , Genève et les églises Réformées de France, dela "Réunion" (1798)
chrift fú r Geschichte, 1 9 5 4 , p p . 3 2 1 - 3 4 7 . aux Environs de 1830, G e n è v e e P a r is , 1 9 6 1
[6 6 1 ] G . Z a g h i , Bonaparte e il Direttorio dopn Campoformio, N á p o l e s , 1 9 5 6
[6 6 2 ] M a r e e i R E IN H A R D , L er Négociations de Lille et la Crise du 18 fructidor, d’Après la 5) Ilhas Jónicas
Correspondance Inédite de Colchen , R.H.M .C., 1 9 5 8 , p p . 3 9 - 5 6 .
[6 7 1 ] E. R odocanachi, Bonaparte et les lies loniennes, P a ris, 1 8 9 9 .
V e r ta m b é m o n .° 4 9 3 .

b) “Repúblicas Irmãs"
i) História da guerra, sob o Diretório

A lé m d o n .° 6 5 6 : 1) Sobre a República B atava, a lé m d o s n.“ 2 6 6 à 2 6 9 :

[6 7 2 ] V erhaegen, Ulnfluence de la Révolution Française sur la Première Consti-


D . R .C .
[6 6 3 ] M. R e i n h a r d , Avec Bonaparte en Italie, dlAprès les Lettres Inédites de son Aide de
Camp Joseph Sulkowski, P a r is , 1 9 4 6 . tution Hollandaise du 23 avril 1798, U t r e c h t , 1 9 4 9 -
[ 6 6 3 . a] A . B . R o d g e r , The War o f the SedondCoalition, 1798 to 1801. A Strategic
Commentary, O x f o r d , 1 9 6 4 . 2) Sobre as repúblicas italianas, e m g e ra l:
[ 6 6 4 ] C o m a n d a n te E . H . S t u a r t J o n e s , An Invasion thdt failed. The French Expedition
to Ireland o f 1795, O x f o r d , 1 9 5 0 . [6 7 3 ] A n t o n i o d e STEFANO, Rivoluzione e Religione Nelle Prime Esperienze Constituzio-
[ 6 6 5 ] U la n e B o n n e l , G z France, les.États-Unis et la Guerre de Course, P a r is , 1 9 6 1 . nali Italiane (1796-1797), M il ã n o , 1 9 5 4 .
[ 6 7 4 ] C a r i o G h i s a l b e r t i , L í Constituzioni “Giacobine" (1796-1799) M ilã o , 1 9 5 7 , e Les
H) O MUNDO FRANCÊS, DE 1792 A 1799. Nuove Questioni... c ita d o n o n .° 2 9 7 .
[ 6 7 4 . a] C . Francovich , Albori Socialisti nel Risorgimento, F i r e n z e , 1 9 6 2 .
a) Regiões anexadas à França [ 6 7 4 . b ] C . "Zaghi, La Rivoluzione Francese e 1’ltaha , N á p o lis , 1 9 6 6 .
[ 6 7 4 . c ] G . T u r i , “Vuva Maria". La Reazione alie Riforme Leopoldine — (1790-1799),
1) B é lg i c a , v e r o s n.os 2 7 0 - 2 7 2 , a lé m d e : F ire n z e , 1 9 6 9 . , . .
[ 6 7 4 .d ] F . B oyer ,Le Monde des Arts en Italie et la France de la Révolution et de Ikmptre,
[6 6 6 ] La n za c de L a b o r ie , Ea Domination Française en Belgique, P a r i s , 2 v o l s . , 1895 T u rin o , 1 9 6 9 -
[6 6 7 ] G . de F r o id c o u r t , Le Tribunal Révolutionnaire de Liège (1794-1795), P a ris , [6 7 4 .e] L.Liberale, L'Invasion Francese in Sulmona e nel Cirundario, S u lm o n a , 1 9 6 9 .

( 6 6 7 .a] R . D ev leesh o u w er , L ’Arrondissement du Brabant sous 1’Occubation Française 3) Sobre a República Cisalpina. A g u a rd a n d o a o b ra d e c o n ju n to d e P .
1794-1795, B r u x e la s , 1 9 6 4 . Zaghi s o b r e e s t a re p ú b lic a :
[ 6 6 7 . b] I h . V a n d e b e e c k e J . G r a u w e l s , De Boerenkrijg in Het Department van de Ne-
[6 7 5 ] S . CANZIO, La Prima Repubblica Cisalpina e il Sentimento Nazionale Italiano,
dermaas (La Guerre des Paysans dans le Département de la Meuse-lnférieure)
Leuven, 1 9 6 1 . • M odena, 1 9 4 4 . ,
[6 7 6 ] M. R oberti, Milano Capitale Napoleonica, la Formaztone di Uno Stato Moderno,
[6 6 7 .t] R. D a rq u en n e , Histoire
Économique du Département de Jemappes, M o n s , 1 9 6 5 .
M il ã o , 3 v o ls ., 1 9 4 6 - 1 9 4 7 . . . _
[ 6 6 7 .d] J . C a t h e l in , La Vie Quotidienne en Belgique sous le Regime F ran çais’ 1792-
1815, P a r is , 1 9 6 7 .
[6 7 6 -a ] U. Marcelli,L a Vendita dei Beni Nazionali nella Repubblica Cisalpina, Bo­
lo n h a , 1 9 6 7 .

„ P a r a aS ° braS d e d é ta lh e s < r e p o r t a r - s e à B ib lio g ra f ia d e P . G é r in , c ita d a na


4) Sobre a República Romana:

2) Porrentruy: [6 7 7 ] V . E. G iuntella, La Giacobina Republica Romana (1798-1799), R om a, 1 9 5 0 .


[ 6 7 7 . a| S. C aponetto ,// Giacobinismo Nelle Marche (1796-1797), P e s a r o , 1 9 6 2 .
[ 6 7 7 b] R . De FELICE, La Vendita dei Beni Nqzionali Nella Repubblica romana del
[ 6 6 8 ] J . R . S u r a t t e a u , Le Département du Mont-Terible sous le Régime du Directoire
(1795-1800), P a r is , 1 9 6 5 . 1798-1799, R om a, 1960.

[6 6 8 .a ] G. G a u th ero t , La Révolution Française dans 1’Êvéché de B ále, P a r is , 1 9 0 7 2


v o ls . ' ’ ’ 5) Sobre a República Napolitana:

330 — — 331 -
f

h CROCÍ'L a RtvoluZíone Napoletana, B a r i , 1 9 1 1


g) América
T 1 9 6 r i'0 ’ ^ P ^ o n e e Contrasti nella Basilicata del 1799, M a te r a ,

1 ) C o n s u lta r o Harvard Guide o f American History . op. cit. , p- 2 7 8 . A n e x a r


6) Sobre o Piemonte: os n .° s 4 9 5 e 5 7 4 .

2) Canadá:
[6 7 9 ] G . VACCARINO .1 Patrioti "anarchistes" e fid ea dell-unità italiana, T o rin o , 1 9 5 5 .

7) Sobre a República Helvética: a r tig o d e G . R ufer, c ita d o n o n .° 2 8 3 . [6 8 5 ] S. D . C lark .T he Social Development o f C anadá, T o ro n to , 1 9 4 2 .
[ 6 8 6 ] E . M ac I nnis .C an ada, a Political and Social History, N o v a Y o r k , 1 9 4 7 .
c) Os paises ocupados. [ 6 8 6 . a ] G . P aquet e J . P . WALLOT, La Liste Civile du Bas-Canada 11794 - 1812) (Ex­
trait de la Revue d’Histoire de 1’Amèrique Française, 1 9 6 9 - 1 9 7 1 ) .
2, ... 273, 3) América e s p a n h o la : A lé m d o s n.°' 3 2 9 - 3 3 2 :
3) Egito.
[6 8 7 ] C a r l o s P ereyra , Historia de America Espahola, 8 v o ls . M a d r i, 1 9 2 0 - 1 9 2 5 .
í 6 8 0 . a ] F 'c C H erotn°R X ' B°naparle: Gouverneur de 1’égypte, P a r is , 1 9 3 6 , [688] A . A n t o n i o B allesteros B eretta, Historia de America y de los pueblos americanos,
i c . riEROLD, Bonaparte en Égipte, P a r is , 1 9 6 4 .
1 5 v o ls . e d i ta d o s d e p o is d e 1 9 3 6 , B a r c e l o n a e B u e n o s A ir e s .
[ 6 8 9 ] R i c a r d o Levene .Historia de America, 1 4 v o ls ., B u e n o s A i r e s , 1 9 4 0 - 1 9 4 5 .
V e r o s n.“ 231 a 234. d) Colónia> [ 6 8 9 - a] F . M auro , “ L e B r é s il d e 1 7 5 9 à 1 8 0 8 ” e m l'Information Historique, 1 9 6 4 , p p .
1 3 9 -1 4 6 .
I) OS PAÍSES INDEPENDENTES DE 1792 a 1799 [ 6 8 9 . b] K atia M . d e
Q ueirós M attoso, Presença Francesa no Movimento Democrático
Baiano de 1798, B a h ia , 1 9 6 9 -
a) Grã-Bretanha [ 6 8 9 . c ] C . G . M ota .Atitudes de Inovação no Brasil, 1789, 1801 , L isb o a ,

V e r o s n.°' 2 5 5 à 2 6 5 .
h) As ia , África e Oceania

b) Alemanha A l é m d a s o b r a s já c ita d a s , n o s n.“' 3 3 3 a 3 4 7 :

A lé m d o s n.°' 2 7 3 a 2 8 2 :
[6 9 0 ] P. M . Sykes .History o f Pérsia, P a r is , 1 9 1 5 .
[6 9 1 ] G . E. H arvey, A History o f Burma from the Earliest Times to 1824, L o n d re s,
1925.
’ SÊfe “ bTsJSí SK’'’**'. [6 9 2 ] W . A. R. W ood , History o f Stam , B angkok, 1933.
[ 6 9 3 ] G . D ubarbier , Histoire de la Chine Moderne, P a r is , 1 9 4 9 .
c) Rússia [ 6 9 3 . a ] D . Lombard , La Chine lm périale, P a r is , P U F , 1 9 6 7 ( c o l e ç ã o , “ Q u e s a is -je ? ” ).
Além dos n.“ 313 a 317: [ 6 9 4 ] R . M antran , Histoire de la Turquie, P a r is , 1 9 5 2 .
[ 6 9 5 ] J e a n CHESNEAUX, Contribution à 1’Histoire de la Nation Vietnamienne, P a r is ,

16821 ^ H,„„d [6 -9 6 ]
1955.
A bdel I smail, Histoire du Liban du X V IV Siècle à nos Jo u rs, P a r is , 1 9 5 6 .

d) Bálcãs J) BRUMÁRIO E O FIM DO DIRETÓRIO

V e r o s n.“ 291 a 293. [6 9 7 ] A. V andal, VAvènèment de Bonaparte, P a r is , 2 v o l s ., 1 9 0 3


[ 6 9 8 ] J . B ainville, Le 18 Brumaire, P a r is , 1 9 2 6 .
e) Países Escandinavos [ 6 9 9 ] A . O llivier , Le18 Brumaire, P a r is , 1 9 5 9 .

I S C-F. Palmsherna.Histoire de Suède, P a r is , 1 9 4 2 . N O TA:

1 Muitos estudos, que não pudemos citar aqui serão mencionados na 2.a parte desta obra:
“Problemas e direções de pesquisas”.
f i Espanha
V e r o s n.u' 3 0 1 a 3 0 4

— 332 —
— 333 -
ÍNDICE REMISSIVO

30£
A b d -e l - W a h Ha b , 129 A lexa n dre (C h a rles A l e x is ), 218
A b is s ín ia , 131 A lpes, 80, 104, 118
A b o l iç ã o d o R e g im e F eud al , 4 5 , 50 A lpes M a r ít im o s , 104
A b u q u ir , 99, 110 A l s ã c ia , 72, 103, 205, 2 1 1 , 243
A cloque (G e n e v iè v e ), 2 1 8 , 3 1 3 A m m an (P e t e r ) , 1 6 7
A co m b (F r a n c ê s), 318 A n t u é r p ia , 27, 28
A dam s (Jo h n ), 2 0 , 2 3 , 1 2 3 , 1 2 4 , 2 5 5 A m b o in o , 128
A dam s (S a m u el), 1 6 , 17 A m é r ic a do N o rte , 5, 13, 70, 125,
A d a n g za , 131 169, 178
A d a n so n , 139 A m é r ic a e s p a n h o l a , 125, 126, 255
A d et , 254 A m é r ic a l a t in a , 266
A d ig e , 100 A m é r ic a p o r t u g u e s a , 125, 255

1 A
A
d m in is t r a ç ã o

d m ir a t , 226
, 92 A
A
m ster d ã

n a r q u ia
, 2 6 , 2 7 , 2 8 , 6 3 , 114
, 129
A d ra n ,129 A n a t ó l ia , 129
A g it a ç ã o , 24, 29, 61, 66 A n c h el ( R .) , 3 0 2
A ig u il l o n ( D ’) , 2 4 A n d ré ( D .D ') , 2 1 8
A im o n d ( C h .) , 3 0 5 A n dreas (W il l y ) , 307
A i x -e n -P r o ven ce ,42 A n g o u m o is , 177
A lberti ( A .) , 2 8 7 A n selm e (G e n e r a l ), 104
A l e x a n d r ia , 99 A n t il h a s e s p a n h o l a s , 246
A lem a n h a , 5, 8, 12, 2 2 , 2 3 , 6 1 , 65, A n t il h a s f r a n c e s a s , 70, 107, 254

L 100, 117, 118, 119, 157, 208, A n z in , 9


230, 237, 265, 266 A pa la c h es, 15
A lem bert , ( D ’) , 1 8 3 A p p o l is , 316
A len g ry , 312 A r c h e s (P .) , 3 2 1
A lepo , 122 A rd en a s, 106

335

i
Arfaut, 322 B astid (P,), 312 Boivin-Champaux, 3 0 6 Burns (Robert), 62
Ariés (Ph.;, 299 Baviera, 65, 118 Bolívar (Simón), 1 2 5 , 1 2 6 Bus (Ch. du), 321
Aristocracia, 6 , 13 , 1 5 , 2 1 , 2 3 Bayone, 70, 121 Bolonha, 6 9 Butterfield (H.), 177
Argel, 129 Beard (Charles A.), 309 B o n a LD, 71
Argélia, 130 Beauvais, 299 BONNEL (ULANE), 330 Cabet, 1 6 7
Argone. 78 Becamps ( P .) , 326 bonnet (Charles), 30 Cádiz, 1 7 3
Armengaud (A.), 296 Becker (C.), 175 Boston, 1 6 , 1 7 , 1 2 3 , 1 2 4 Cahen (León), 281, 312
Arnaud(J.), 319 Bedarida, 206 B otany-Bay, 1 3 1 Caillard, 63
Arneth (VON). 286 Beer (William), 288 Bouchavy (Jean), 3 1 7 Caillet-Bois (R.), 310
Artois, 177 Belfast, 24 Boucher ( M . ) , 3 0 7 Cairo (O), 99, 100
Artois (Conde de>, 71 B é l g ic a , W .)2 6 , 2 8 , 2 9 , 3 0 59 Bouchotte, 2 2 6 'Çalábria, 256
Assembleia dos Notáveis, 38, 41 63, 72, 80, 81, 89, 90, 96, 104 Bouissounouse (Jeannine), 3 1 2 Calkin (H.I.), 306 •
Assembleia nacional, 43, 44, 104 105, 106, 108, 115, 138, 145, Bouloiseau, 3 1 2 Calonne, 3 7 , 3 8 , 4 1 , 1 9 7 , 1 9 8
“Assignats”, 51 171, 172, 191, 223, 243, 244, Bourdon (J.), 3 2 2 Calvet ( H .) , 2 2 6 , 3 2 6
Atenas, 11 245 Bourgin (Georges), 3 0 0 Cambacéres, 1 0 1
Atlântico, 18 Belgrano, 126 Bourmont-Coucy, 311 Camboja, 1 2 8 , 1 2 9
Ato de União das Províncias Beloch ( K . J . ) , 315 Boursin ( E .) , 2 9 2 Campo-Fórmio, 9 6 , 1 0 7
Belgas, 29 Bellivière ( E .) , 3 0 5 Bouteville-Dumetz, 1 0 6 Canadá, 1 8 , 1 2 2 , 1 2 4 , 1 2 5 , 2 5 4
Augé-Laribé(M.), 295 Bemis (Samuel F.), 309 Boutmy ( E .) , 2 0 3 Candeloro ( G .) , 3 0 8
Augereau, 95 Benda ( K . ) , 1 6 5 , 2 0 9 Brabante, 1 6 9 , 1 8 7 Cantimori ( D .) , 1 6 5 , 2 8 7
Aulard (A.), 154, 155, 156, 157, Bengala, 127 Cantão, 1 2 7 , 1 2 7
158, 159, 165, 218, 221, 237 B rachin (Pierre), 3 1 8 Cabo (O), 1 1 7
Bénin, 131
Aunis, 54, 177 Bénoit, 303 Braesch ( F .) , 3 2 0 Caponetto ( S .) , 3 3 1
Austrália, 131 Berengo (M.), 248 Brasil, 1 0 Caracas, 1 2 5
Áustria, 9, 12, 13, 29, 61, 65, 66, Bergasse, 40 Brauba.ch (MAX), 3 1 8 Carlos (Arquiduque), 118
67, 68, 75, 80, 89, 90, 94, 96, Berge(P.), 311 B rest, 7 7 , 1 1 6 Carlos x, 148
100, 106, 107, 110, 111, 118, B erlim, 119 Bretanha, 1 9 9 Carlyle (Tomás), 151
119, 200, 208, 223, 239, 252 Berna, 30, 31, 32, 64 Brett ( A . ) , 2 9 2 Carnot, 82, 93, 95, 106, 238
Autun, 42 Bernadotte, 99, 118, 134, 139 B ridoux ( F .) , 3 0 6 Carolina, 19
Avallon, 306 Bernard (Daniel), 190 Brienne (Loménie de), 3 8 , 3 9 , 4 0 , Carré (Henri), 306
Avignon, 72, 103, 104, 138 Bernardim (Edith), 321 4 1 , 197 Carrière (Victor), 275, 292
Bernoulli, 30 Brière (G.), 292 Cassano, 133,
B abeau ( A .E .) , 1 1 3 , 1 1 4 , 1 5 9 Bernstorff, 121 Brinton (Crane), 165 Cassini de Thury (César François),
Babeuf, 8 2 , 9 3 , 1 0 6 , 1 6 5 , 2 3 7 Berry, 177 B ríssot, 40, 72, Í04 293
Bachlin (M .), 2 6 3 Besançon, 40, 188 Brown (P.A.), 306 Cassini de T hury
Baden, 2 8 6 Bessand-Massenet ( P .) , 312 Bruce, 130 (Jacques-Domínique), 293
B aehrel ( R .) , 2 9 4 BÉTFIUNE - CHAROST(DUQUE DE), 63 Brucker (Gane A . ) , 3 1 1 Castelnaudary, 326
Bailly (Jean-Sylvain), 3 1 1 Beurnonville, 233 B rueys, 9 9 Castelot (A.), 310
B ainville, 3 3 3 Beyssi (J.), 329 BruhatCJ.), 1 6 5 , 2 4 6 Castella, 31, 32
Bálcãs, 4, 1 2 2 , 174 Bens nacionais, 50 Brune (General), 1 1 4 , 1 2 0 , 1 3 9 Castres, 185
Barbagallo (Corrado), 293 Billaud-Varenne, 82 Brunschwig, 2 5 2 Castries (Duque de), 297, 311
B arbagelata ( H . D .) , 3 1 0 Birmânia, 129 Brunswick (Duque de), 2 7 , 7 7 , 7 8 ' Càtalano (F.), 308
B arbes, 8 2 Birminghan, 116 Bruxelas, 1 0 6 , 1 5 3 , 2 4 4 Catarina ii, 30, 67, 70, 78, 80, 119,
B arnave, 6, 40, 145, 184 Biro (S.S.), 230 Bryant ( A . ) , 3 0 6 120, 252
B arras, 93, 95, 101, 139, 140, 239, Blanc (Louis), 151 B ucarest, 7 0 Catalunha, 121
258 Blet(H.), 304 Buchez, 1 5 4 Cefalònia, 107
B arruel (Abade), 71, 145, 147, 162, Bloch (Marc), 185 B udapeste, 23 Cento (Alberto), 312
169,183,219 Bloch (Camille), 282 B uenos Aires, 1 2 6 César, 104
B arthélémy, 94, 96 Bluche (F.), 316 Bulgakotf, 2 9 5 Cessi (R.), 330
B arthou (L.), 312 Bogotá, 125 Bordéus, 1 1 , 2 2 8 Ceilão, 117, 127
B asileia, 30, 64, 89, 94, 108, 112, Boémia, 12, 13, 73, 252 Burgoyne (General), 1 8 Chamboux (Marcel), 301
120, 121, 163 Bois ( B . ) , 201, 205, 210 Burke, 2 5 , 6 7 , 7 1 , 1 2 3 , 1 3 6 , 1 4 6 , Championnet (General), 99
B assville (Hugo de), 98 B o i s (Paul), 224, 256 1 6 2 , 163, 172 Chappe, 84

336 337
D e m o n g e o it (A.), 325 E , 309
C h a p u isa t (E.), 196, 307, 331 C o n s t a n t in o p l a , 122 is e n m a n n
D en e c k é r e (M arcel ), 244 E (f r a c a s s o s ), 1 0 6
C h a rlier (G .), 178, 286 C o n s t it u iç õ e s , 19, 22
D e n is (E.), 307
x é r c it o s

C h a r p e n t ie r (C h .), 199 CONTAT VENAISSIN, 103 E x é r c it o s e s t r a n g e ir o s


D ep a r t a m e n t o s , 52, 54
C h a ssin (Ch), 304 CõNTÉ, 8 4 (in t e r v e n ç õ e s ), 28, 30, 31
D e p r e z . (E.), 304 E lba , 6
C h a t e a u b r ia n d , 71 Co n t r a -r e v o l u ç ã o , 70, 80
D e r a t h é , 317 E l e iç õ e s , 4 1, 45
CHÂTEAU-du-LOIR, 201 C o o k , 131
D e r m ig n y (L.), 310, 317 E , 71
C h a u v e t (P .), 201, 299, 321 C o pen h a g u e , 121
m ig r a ç ã o
D esc a d eilla s (R.), 326 E ( D ’) , 1 3 1
C h e r u b in i (A r n a ld o ), 303 C ó r seg a , 69
n trec a stea u x
D esc a la k is (A.), 308 E (K . D .) , 3 0 2
C h e sn e a u x (J.), 333 CONCIRA, 107
rdm ann
D e s c a r t e s , 10 E (L o T .), 6 2 , 2 8 4
C h eva llier Q ea n J a c q u es ), 297 C oreu , 107 r s k in e r d
D es g r a n g e s (E.), 236, 329 E (R .) , 3 1 1
C h o b a u t (H .), 260 CORNET DE G r E Z , 2 6 0 s c a ic h
D e sm o u l in s (C amille ), 169 E sc a u t, 2 7 , 8 0 , 115
C h o d er l o s d e L a c lo s , 202 CORNEVIN (R .), 3 1 0
D es o d o a r d s (F a n t in ), 146 E s c r a v id ã , 52, 53, 72
C h u Qu e t (A .), 327 C oron a B aratech (C a rlo s E .) , 2 5 3 , o
D e s p o is (E.), 303 E , 6 2 , 151
ClNCINATO, 23 308
s c ó c ia
D e s p o t is m o il u st r a d o , 1 1 , 24, 25, E sc h er , 64
C in g a r i (G.), 256, 257 Co sta d o O u ro , 82
31 E s m ir n a , 122
C la rk (S. D . ), 333 COUTHON, 82
D e s s a l (M .), 328 E spa nha , 18, 70, 80, 89, 108, 121,
C h a r y (D é sir é e ), 98 C o u v in , 244
D e v ism e s ( B e r n a r d ), 223
C la sses so c ia is , 34, 183, 184 C r a c ó v ia , 187 1 26, 1 7 3 ,2 1 0 ,2 1 1 , 2 5 3
D e v l ee sh o u w er (R .), 330 E spejo (S anta C r u z ), 1 2 6
C la v iè re , 31, 32, 63, 310 C reu so t , 9
D ijó n , 40, 199 É sq u ir o s , 1 6 6
C l e r fa y t , 286 C roce ( B .) , 2 1 0
D in a m a r c a , 120, 121 E stados g e r a is , 38, 39, 40, 4 1 , 42,
C l ic h y , 95 C r u l a i, 186
D o lléa n s (E .), 294 43, 164, 179, 199, 200, 20 1 ,
C l o o t s , 223 C a d er n o s d e q u e ix a s , 41
D o m b in s k i (B.), 288 202
C l u b e s , 47, 61, 62, 63 C o r p o s c o n s t it u íd o s , 12, 13
D o m m a n g e t (M .), 284, 313 E sta dos U n id o s , 9, 18, 21, 2 2 , 23,
C o b d (R . C .), 206, 207, 228, 294, Cuoco, 172 D o p p e t , 207
298 C u s t in e , 313 24, 26, 27, 29, 31, 33, 34, 35,
Dou a i , 72, 100, 106, 113, 135, 199 37, 39, 6 1, 68, 77, 90, 116,
C o b b a n (A lfred ), 165, 183, 285,
D o u b n o v (S.), 295 122, 123, 126, 145, 152, 157,
298, 139 D a in d els (G en er a l ), 1 1 4
Dowd (L.D.), 312
C o b e n z l , 239 D a h lm an n -W a it z , 2 8 6 169, 174, 177, 187, 190, 196,
D r esle r , 287
C o c h in (A.), 11, 199 D ao m é, 1 3 1 197, 2 1 1 , 236, 2 5 3 , 2 5 4 , 2 5 5 ,
D r e y f u s (F. G.), 293 266
COCHINCHINA, 129 D alin (V. M.), 165, 328, 329
D r o z G a c q u es ), 207, 208, 284, 307
COLBERT, 34 D alm Ac ia , 259 E s t r u t u r a s o c ia l , 5, 173, 178, 183,
D u b l in , 25, 117 184
C o l e n b r a n d e r (H . T .), 285 D a n to n , 40, 77, 78, 86, 105, 157,
D u b o is -C r a n c é , 101 E u g en iev (B .), 3 0 9
C o l e r id g e , 62 218, 219, 220, 222, 230
D u b r e il (L), 305 E uropa M erid io n a l , 9 ,
C o lo m b et (A lb er t ), 199 D a n ú b io , 9 4 , 133 68, 210

C o l o n iz a ç ã o , 131
Duby (G.), 298 E uropa O cid en tal , 1 2 , 24, 31, 35,
D a n y , 308
Ducos (R o g e r ), 101, 139, 140
C ollo t -D ’H e r b o is , 81, 226 D ard , 311 59, 9 0 , 169, 171, 174, 187,
D u m a s (F.), 197
C o m b e r t (J.), 305 D aum as ( M .) , 2 9 6 191, 2 0 9 , 25 3
D u m o n t (E t ie n n e ), 31 E uropa O rien ta l , 5 , 6, 104, 2 30
C o m é r c io , 6, 9, 10, 37, 54 D a u p h in -M e u n ie r , 295
D u m o u r ie z , 76, 78, 81, 82, 83, 105 E van g elização , 1 2 5
C o m ité de M e n d ic â n c ia , 8 D a u try (J .) , 3 1 2
D u n d e e , 116 E x il a d o s , 2 9 , 3 0
C o m it é d e S a lva ção P ú b l ic a , 85, D a v ie s (A .) , 3 1 7
D u p a q u ie r (].), 316 E xplo raçõ es , 1 2 6
86, 106, 227, 229, 230, 231 D e b id o u r (A .) , 2 7 6
D u p h o t (G en era l ), 98 E y c k (Er ich ), 3 2 3
C o m it é d e Seg u ran ça G eral , 82, D e b ie n ( G .) , 2 4 5 , 3 0 4 , 3 1 9
D u p u y (G en e r a l ), 258
87, 226 D ech am ps (J.), 207, 306
D u r a n d (C h .), 302 F a bre Q .) , 2 1 0
C o m plô , 75 D e ja c e (A n d ré ), 3 2 3
CONAN (J.), 317 Fa bre (M . A .) , 3 0 9
D e jo in t (G -), 2 3 6
E b e l in g G- B.), 284 F D ’E g l a n t in e , 283
C o n c o r d , 17 D e jo l y (L o u is -H écto r ), 2 1 8 , 2 4 5 a bre

C o n d e (A l e x a n d e r d e ), 197, 253,
E c k h a r d t (S a n d o r ), 307 Fa iv r e G- P-), 310
D elbrel, 9 7 , 106
254, 255
Écouis, 305 F a t t o r e l l o ( F .) , 2 8 7
D elca m bre (E .) , 3 2 8
E d e n , 37, 197 Fauch er ( D .) , 2 9 5
C o n d o rcet , 4 0 , 54, 158 D e l f in a d o , 40
E g e u (M ar ), 107 Fauch et, 123
C o n fed era d o s, 77 D e l ic h è r e s D ’A u ben a s, 202
C o n g r esso , 16, 21, 26, 239
Egito, 99, 100, 108, 110, 120, 127, F a u c h eu x (M arcel ), 316, 327
D elo n ,. 3 0 6
C o n s p ir a ç õ e s , 75, 92
130, 139, 257 F aulkner (H. U.), 309
D em o c r a ta s, 128
C , 183
191, 198, 199
E g r e t G ea n ), F a u r e (Ed ga r ), 196
o n s p ir a ç ã o m a ç ó n ic a D e m o c r a c ia , 11, 22

338 — - 339 -
F a v ie r (Je a n ), 278 G effr o y (A.), 286 G r o u sset ( R .) , 3 1 0 . 120, 128, 135, 139, 145, 170,
F a ij (B .) , 183, 319 G en êt 123, 254
, G r u f f y ( L .) , 3 1 2 171, 173, 179, 257
Fa yet ( J e a n ) , 198, 303 G é n o v a , 12 G u a d a l q u iv ir , 259 H o r o w it z (J .L .) , 3 1 8
F r e d e r ic o -G u il h e r m e II, 28, 119, G é r a r d (R.), 304 G uad alu pe , 107, 108, 246 H o s k in s 316
( W .G .) ,
183 G e r b a u x (F.), 276 G u ia n a , 106, 125, 136, 246 H o u t in (A lbert 277 ),
F e k e t t e (c o n d e ),65 G e r s h o y ( L e o ) , 165, 297 G u é r in ( D .) , 1 6 5 , 2 2 8 , 2 3 0 H o v d e (B.J.), 332
Feld m a n n 171, 207
(J.) , G e r t s c h l a g e r (O.F.), 286 G u er la c (H -), 3 1 2 H u b e r t (E.), 285
Feu ce (R. de), 249, 287 G e y l (P.), 306 G u erra , 211, 217, 218, 228, 235, H u b r e c h t ( G . ) , 117, 228, 301
Ferra n d (C o n d e ), 71 G (C ), 1 7 2 , 2 8 7
h is a l b e r t i a rlo
252, 254, 256 H u f f e r ( H . ) , 286
Ferrero (G.), 237 G ia n n i, 112, 172 G u erra (C o n s e q u ê n c ia s ), 75, 76 H u g u e s ( V i c t o r ) , 108
F e s t y ( O . ) , 299 G il b e r t (F é l ix ), 2 5 3 H u n g r i a , 8, 12, 61, 66, 67, 68, 73,
G u erra (D ecla ra çã o d e ), 7 5 , 7 6
F i l a d é l f i a , 17, 21, 125, 254 G , 11, 30, 31, 33, 59, 61, 71,
en ebra
G u il h e r m e V , 26, 27, 28 209, 252
F i l ó s o f o s , 10 98, 107, 171, 179, 180 G u in é , 130 H u n z ik e r ( O .) , 2 8 7
F i n l e y S h e p a r d ( W . ) , 326 G (C ), 3 1 5
ir a u l t h
G u sta v o III, 13, 24, 68, 120 H yslo p (B é a t r ic e ), 2 1 1 , 3 1 1
F l a n d r e s ( p r o v í n c i a s d e ) , 29, 89, G ir o n d in o s , 72, 76, 79, 81, 82, 88, G u y o t (R.), 162, 239, 255, 281
106, 177 90, 98, 104, 105, 126, 140, I d e ia s (L uz e s ) , 10, 11, 30
F l a u g e r g u e s d e V i v i e r s , 202 146, 152, 158, 159, 220, 221,
H a a s ( F r .) , 6 6 Ien aga (S.), 310
F l e u r u s , 87, 89, 105 222 H a bsbu r g o ( E .J .) , 2 5 2 Ig r e ja , 11
F l e u r y ( M . ) , 186 G iu n t e l l a (V.E.), 287 H a bsbu r g o , 33 Ig u a ld ad e , 47, 50
F o r s t e r , 185, 223, 300 G o bert (T h ), 2 8 5 H a id e r -A l i, 127 Im bert (G ) , 296
a sto n
F o u c h é , 101, 134, 135 G o d ech o t (Ja c q u es), 281, 284, 293
H alph en (L o u is ) , 160 Im bert (Je a 229 n ),
Fox (C. J.), 62, 250, 284 G o d frey ( J .L .) , 2 2 5 129, 246
H a ll (D.G.E.), 310 Ín d ia s ,
F r a c a r d ( L ) , 316 Godwin, 6 2 In d ig e n t e s , 8
H a ller (A lbert d e ), 3 0
F r a n c i s c o I I , 66, 67, 73, 118, 209 G o e h r in g (M .), 2 9 3 In d o c h in a 128 ,
H a m bu rg o , 65, 208
F r a n c o - m a ç o n a r i a , 12, 64 G o éth e , 65, 78, 118 H a m il t o n , 124, 254 In d o n é s ia 128
,
F r a n c h e -C o m t é , 72 G o h ie r , 101, 140
H a m pso n (N o rm a n ), 2 2 7 , 2 9 4 I n d ú s t r i a , 7, 9, 38, 39
F r a n c o v i c h (C.), 331 G olpes d e esta d o , 98, 100 I n g l a t e r r a , 18, 24, 26, 27, 28, 35,
H a n co ck (Jo h n ), 17
F r a n k l i n , 22, 23, 289 G o n ta rd ( M .) , 3 0 3 H a n o ta u x ( G .) , 3 1 0 36, 37, 53, 55, 62, 80, 82, 89,
F r a y - F o u r n i e r ( A . ) , 291 G o o ch , 307
H a n sen (Jo seph ), 2 4 7 , 2 8 6 90, 95, 98, 99, 116, 121, 127,
F r é t e a u , 40 (A.), 191, 198, 284
G o o d w in
H a rd y (T h o m a s), 62, 295 131, 157, 173, 178, 206, 219,
F r e u n d ( M . ) , 323 172
G o r a n i,
H a r r is (S.E.), 228, 301 227, 251, 254, 256, 265
F r é v i l l e (H.), 199, 318 G o rd o n (L o r d ), 2 5 , 1 7 5 , 1 7 7 , 1 7 8
H a r s in (P.), 179, 320 I n g l i s (B.), 319
F r e y r e ( G . ) , 289 G o r d o n ,' T um ultos d e , 25 In s t it u iç õ e s a d m in is tra tiv a s , 5 5
H a rtz (L .), 3 1 9
F r i b u r g o , 31, 63 G o ttsc h a lk (L o u is ) , 165, 170, 198,
H a rv ey ( G .E .) , 3 3 3 In s t it u iç õ e s ju d ic ia is , 5 5
F r o i d c o u r t ( G . d e ) , 330 293
F r õ l i c h (P.), 320
H a ssel (U. v o n ) , 2 9 5 In s t it u iç õ e s m ilita r e s , 5 5
G o u ber t ( P .) , 2 9 9 INSURRETOS, 1 7 , 1 0 2
H a s t i e r (L.), 164, 311, 316
F u g i e r (R .), 295 G r a m sc i (S .) , 2 1 0
H a t i n (E.), 282 In s u r r e iç ã o , 39, 4 0, 50
F u n c k - B r e t a n o ( R . ) , 316 G rã -B reta n h a , 7, 13, 18, 19, 2 4, H a ya n g e , 9 In s u r r e iç ã o c o n tr a -r e v o lu c io n á r ia ,
Fuoc ( R .) , 328 2 5 , 26, 59, 6 1 , 62, 95, 115, 134
H a za rd ( P .) , 3 0 8
F u r e t (F.), 164
123, 171, 174, 175, 177, 178, H a zen ( C .D .) , 3 0 9 “ I r is h V o l u n te e r s”, 25
199, 206, 250, 251, 252, 266 Irlan da , 3, 8, 22, 24, 62, 116, 117,
H éber t , 85, 86, 119, 229
G ach ard (L), 285 G ra tta n , 25, 251, 285 145, 1 7 1 ,1 7 7 ,2 5 0 , 2 5 1
H e l v é t iu s (C l a u d e ), 57
G agé (G en era l), 17 G r a ijw e l s ( J .) , 3 3 7
H en n et (L .), 3 0 4 Ism a il (A -), 3 3 3
G agé <J.), 279 G r a v in a (G.V.), 172 Ít a ca , 107
H e n r io t (M .), 2 9 8
G a l b r a i t h , 278 G ( D .) , 2 2 5 , 2 9 7
GAua , 104
reer
H en r y (L), 180, 186, 315 It á l ia , 5, 11, 35, 68, 71, 94, 100,
G ren o ble , 40, 199 H erd er , 65 112, 120, 133, 134, 135, 139,
G a u t z i n e , 252 G r ib e a u v a l , 78, 220
H e r is s a y (J ), 2 2 2 170, 171, 172, 173, 178, 187,
G araud 202, 298
(M a r c e l ) , G r im a l d i (G.), 325 2 1 0 ,2 1 8 , 2 3 7 , 2 3 9 , 2 4 7 ,2 5 7 ,
H erba u t (G en e r a l ), 226, 313
G a r ç o n ( M a u r i c e ) , 223 G r im a u d (L .), 3 0 3
H err (R ic h a r d ), 1 8 , 2 1 0 , 2 5 3 , 3 0 8 265, 266
G a r m y ( R . ) , 299 G ro eth u y sen (B .) , 2 9 4
H ig g in s ( E .L .) , 2 8 4 ITAMBÉ, 1 2 6
G a s c o n e , 201 G r o s, 263
H o ch e , 95, 109, 116
G a u t h e r o t , 163, 247 (J.G.), 231
G ro ssba r t
H o lba ch , 57 J acob (L .), 225, 297
G a x o t t e ( P . ) , 163, 297 134
G ro u c h y (G e n e r a l ),
H olan da , 26, 27, 55, 63, 71, 112, J a c o b in o s , 47, 62, 63, 64, 65, 66,
— 340 — - 341 —
67, 69, 73, 81, 93, 94, 95, 97, K u sk e ( B r u n o ), 317 L e n o t r e (G .), 164 M acC lo y (S h elby T .), 3 0 2
98, 100, 108, 114, 116, 118, K u t n a r (F.), 307 L e o b e n , 92, 94, 96, 118, 238 M a c c o b y (S.), 177
133, 134, 135, 139, 173, 184, L e ó n (P ie r r e ), 301 M ac D on ald (F o r rest ), 1 3 3 , 1 7 7
187, 206, 210, 227, 231, 248, L a b r a c h e r ie (P ier r e ), 318 L éo n a r d (E .G .), 299 M acD o n a l d (G e n e r a l ), 99, 100
258 L a b r o u ss e (E r n e s t ), 165, 188, 197, L e o p a r d i , 156 M a c D ow ell, 319
J affé (G.-M.), 299 227, 228, 293 L eo p o l d o II, 30, 67, 71, 118, 209 M adelin ( L .) , 3 1 2
J a m e s o n (F.), 1 7 5 , 1 7 6 L acape (H e n r i ), 313 L eo po ld o (I m p e r a d o r P e d r o ), 112 M a d r i, 70
J a n r o t (L.), 3 0 1 L a c o st e (M.), 326 L é o u z o n -L e d u c (E.), 288 M aestrich , 8 9
J a n se n ist a s , 5 7 L a c o u r - G a y e t (R.), 197, 255, 295 L e p a g e (M .), 183 M a f f e i, 172
J a n sill (C.T.), 288 L a c retelle , 40, 146 L esc èn e d es M a is o n s , 146 M aga cllo n (C o n d essa d e ), 3 1 1
J a pã o , 128 L a c r o ix (P.-TH.), 282 L e sn o d o r sk i (B.), 165, 188, 231, M a g g i, 172
J a u rés, 8 2 , 1 5 7 , 1 5 8 , 1 6 9 , 2 9 6 L a F a y e t t e , 18, 23, 38, 40, 42, 45, 309 M a g reb , 129
JAVA, 1 2 8 59, 122 L e s u e u r (E .), 311 M agnan ( J .- L .) , 3 2 3
J ay, 1 2 3 , 2 5 4 La G eo rg e (P . de ), 3 0 2 L e t o n n e lier (G.), 299 M agnano , 133
J e a n B on S a in t -A n d r é e , 1 7 0 La G u a yra , 126 L e t o u r n e u r , 93, 94 M agne , 122
J e bb , 25 La gos (G r a n d e s ), 18 L e t r o s n e , 54 M a g ú n c ia , 89, 108, 109
J e f fe r so n , 18, 23, 122, 123, 124, Lah arpe (F r é d é r ic C ésa r d e ), 3 0 , 6 3 L e v a sseu r (E .), 299 M a ig n ie n , 292
203, 289 LAjONGUIÈRE (DE), 310 L é v ig n a c -su r -S a v e , 186 M a in , 94
J ellin ek , 2 0 3 La llem and (L .), 3 0 2 L ew is (B .), 308 M â is t r e (Jo seph d e ), 7 1 , 1 7 2
J e r v is , 1 0 8 La m a r t in e , 1 5 0 , 151 L e x in g t o n , 17 M A laca , 1 2 8
J e s u ít a s , 5 7 , 5 8 La m o ig n o n , 39 L h é r it ie r , 320 M a l á s ia , 128
J o a c h im (J.), 3 2 9 La n g ero n ( G .) , 3 1 1 L iã o , 83, 87 M a llet d u P an , 71
J o b e r t (A.), 3 0 9 La n g u éd o c , 36, 72, 185, 186, 187, L ib e r d a d e , 4 5 M a lm esbu r y , 117, 285
JOHNSEN (A.O.), 3 0 9 257 L iè g e , 26, 29, 30, 63, 178, 179, 187 M a l o u e t ,(2 0 2

J o l iv e t (A b a d e ), 3 0 6 La o s, 128 L ig o u (D a n iel ), 201, 202, 302 M a lta , 9 9 '; 1 0 8 , 1 1 0 , 1 2 0 , 1 3 0 , 2 4 7


J o ll y ( P . ) , 1 9 7 , 3 1 1 ' La P éro u se , 131 L ig ú r ia , 100 M androu ( R .) , 2 9 8
J o n es (Jo h n P a u l), 24, 309 La R é v e l l iè r e -L é p e a u x , 93, 94, 95, L in d e t (R o b e r t ), 82, 101, 134 M a n n k o pf, 286
J ó n ic a s (Ilh a s), 96, 107, 120, 122 98, 135, 258 L in k (E.P.), 309 M ans (L e ) , 1 8 4
J o sé II, 3, 13, 26, 28, 29, 30, 65, 66, La to u ch e -T r e v il l e , 6 9 L o c k e (J o h n ), 10 M an tõux (P .), 2 5 4
71, 118, 200, 209 L auerm a (M a t t i), 220 L o k k e (C.L.), 239 M a r a n in i ( G .) , 2 9 8
J o u ber t (G e n e r a l ), 114, 138, 139, La u n a y (L o u is d e ), 3 1 8 L o m b á r d ia , 9, 13, 172 M arat, 163, 219
210 La u ren t ( R .) , 2 9 9 L o n d r e s , 25, 33, 116, 126, 130, 151, M arcaggi ( M .) , 2 0 3
J o u r d a n , 94, 97, 100, 106 La u sa n e , 30 153 M a rcelu (U m berto ), 2 4 9 , 3 3 1
“JOYEUSE ENTREÉ”, 29 La V a lette , 110 L o r e n a , 72, 243 M arcucci ( L .) , 2 8 7
J u lien (Ch.-A.), 310 La va q u ery (E .) , 1 9 6 , 3 1 1 L o r ie n t , 53 M arch en a (Jo s é ), 7 0

La va ter , 64 L o r t h o l a r y (A.), 309 M a r ia A n t o n ie t a , 3 6 , 71


K a a r t a , 130 La u , 51 L o u s s e (E .), 191 M a r ia T eresa , 24
K a d ja r s , 129 L e b e l (G .), 2 3 0 , 3 0 8 L o u t c h is k y (J.), 300 M a r io n (M .), 1 9 6 , 2 3 6 , 2 3 8
K a n t , 65, 118 L e b o n (J.), 3 2 7 IíUCKWALDT, 286 M arkov ( W .) , 1 6 5 , 2 9 8 , 3 1 3
K a plo w (J.), 305 L e b r u n -T o n d u , 6 3 , 7 9 L u g in u h l (R.), 287 M a rq u esa s, 131
K e r n e r (J.), 307 L e C h a pela in ( J . ) , 2 9 2 Luís xv, 13, 24, 35, 36, 188, 197, 223 M a r r o c o s, 129, 130
K e y s e r (E.), 315 L e C h a p e l ie r , 5 2 Luís xvi, 24, 36, 37, 38, 39, 43, 44, M a rselh a , 53, 67, 83, 87, 148
K ie n -L o n g , 127, 128 Le d r é ( C h . ) , 3 0 2 , 3 1 3 58, 59, 73, 76, 77, 80, 148, M a r t in ( A .) , 2 8 0 , 2 9 1
L ee (O r ie n t ), 3 2 4 163, 188, 197, 223 M a r t in ic a , 107, 108, 246
K il l a l a , 117 L ee (R ic h a r d - H e n r y ), 1 8 Luís x v ii , 223, 237 M a r t in o v ic z , 67, 209
K lay (H e in z ), 2 0 2 , 3 2 7 L ef e b v r e (G e o r g e s ), 1 5 9 , 160, 161, Luís xvm, 223 M a r x (K a r l ), 153
K lerck (E .S .d e ), 3 1 0 162, 170, 174, 176, 179, 185, L u is ia n a , 8 M a sc a r en h a s, 107, 246
K lo psto c k , 65 189, 195, 196, 199, 200, 201, L u n é v il le , 246 M a ssa c h u setts, 2 0 , 112
K o e n ig s b e r g , 65 202, 208, 210, 211, 221, 222, L u t h y (H e r b e r t ), 197, 319 M as ( P .) , 3 0 1
K o s c iu s k o , 18, 23, 68, 89 225, 258 Luz AC (DE), 27 M a s s ia c , 245
K o v a lev sk y (M .), 2 8 7 L eflon (J.), 279, 313 M a s s in (Je a n ), 3 1 2
K rà m er (J.F.L.), 285 L eg ran d ' (L.), 306 M a b b y (A b a d e ), 11, 20, 23, 176 M a t h ie z (A lbert ), 1 5 8 , 1 5 9 , 1 6 0 ,
K u s c in s k i ( A .) , 2 9 2 L eleu x (F.), 307 M a c a r t n e y (C o n d e ), 127 161, 162, 165, 179, 190, 202,

— 342 — — 343 —
204, 218, 2 2 1 , 2 2 5 , 2 2 6 , 228, M o r n e t (D .) , 189, 190, 318 N o v a Y o r k , 16, 26, 27, 175 P e d io (T.), 3 3 2
2 2 9 , 237, 2 5 8 , 302 M o r r a g h a n (F .), 288 N o v a Z e l â n d ia , 131 P e n s il v â n ia , 2 0 , 1 8 7
M a u p e o u , 13, 2 4 , 3 9 M o r r is (G o b e r n a d o r ), 254 N u s s b a u m (F.), 198 P éra, 122
M a u r e l (B .), 2 8 9 M o r t ie r (R .), 286 Nuzzo (G.), 287 P e r e y r a (C .), 3 3 3
M a u r y (A b a d e ), 7 1 M o r t im e r -T e r n a u x , 220 P e r p ig n a n , 7 0
M a u z i, 189 M o s c a t i (R .) , 308 P é r s ia , 1 2 9
O b r a a d m in is t r a t iv a , 53, 54-6
“M a x im u m ", 8 8 M o s c ó v ia , 259 P eru , 125
O b r a e c o n ó m ic a , 50, 53
M a z a u r ic (C l a u d e ), 2 9 7 , 3 2 9 M o u l in ( G e n e r a l ), 134, 140 P e s t a l o z z i, 3 0 , 6 4
O b r a p o l ít ic a , 56, 60
M a z z e i (F iiip p o ), 2 3 M o u n ie r , 40, 43, 199 P e t ie t (R .), 2 3 0 , 3 0 9
O b r a r e l ig io s a , 57, 59
M e d it e r r â n e o , 9 9 , 1 2 9 M o u l a y e l Y a z id , 130 P e t it f r è r e (C l .) , 3 0 4
O b r a s o c ia l , 49, 50
M e il k e (A . W .) , 3 0 6 M o u l a y S l im a n e , 130 P e t o t (J e a n ), 3 0 1
0 ’B r i e n (G.), 319
M e jd r ic k a (K .), 3 2 4 M o l h o u s e , 98, 103, 107, 243 P e y s t e r ( d e ), 1 7 8 , 3 1 9
O b s e r (K.), 286
M é x ic o , 126 M u l l e r ( J e a n d e ), 6 6 P ie m o n t e , 1 2 , 7 1 , 9 9 , 1 3 4 , 1 7 2 , 1 7 3 ,
O c u p a ç ã o m il it a r , 112
M eklem bu rg, 1 3 M ulh er d e F r i e d b e r g (Ch.), 64 200, 249, 257
O c e a n ia , 131
M e s ic k (J . L ) , 2 8 8 M u n g s P a r k , 130 P ic o r n e l l Y G o m il a , 7 0
O c h s (P ie r r e ) , 3 0 , 6 4 , 1 1 2 , 1 1 4
M e s s in a , 2 5 6 P ic q (A .), 3 0 4
O l a v id e , 1 2 1
M etz, 199 N a bo n n e (P .) , 2 3 9 P ic h e g r u , 9 4 , 9 5 , 1 3 9 , 2 3 7
O l m o ( D .) , 2 8 7
M e u e r t , 1 05 N a g a s a k i, 128 P ic h o is (C l .), 3 1 2
O l u v i e r ( A .), 2 5 7
M e u v r e t (J-), 3 1 5 N a m ie r ( S i r L e w is ), 1 7 7 PlGNEAU DE BÉHAINE (M ON S.), 1 2 9
O r l e a n s (L u i z F e l ip e d e ), 1 8 3 , 1 8 5 ,
M e y n i e r (A .), 3 1 2 N á po les, 1 2 , 6 8 , 6 9 , 9 4 , 9 9 , 1 0 0 , P il l n it z , 7 1 , 7 2 , 7 5
202
M ézera y, 2 23 133, 172, 210, 256 P in è d e (C h r is t ia n e ), 3 1 5
O r l e a n s ( d u q u e d e ), 3 9
M ic h a u d (J .), 3 2 1 N a r in h o , 1 2 5 , 1 2 6 PlNTEVILLE DE CERNON, 3 2 2
O t h m a n n d a n F o d io , 1 3 0
M ic h e l (A .), 2 9 6 N a va rra , 121 P i n t o ( I s a a c d e ), 2 3
O u t r e y (A .), 3 2 2
M ic h e l e t , 1 4 9 , 1 5 0 , 1 5 1 , 1 5 2 , 1 5 3 , N ecker, 3 6 , 38, 4 1 , 4 4 , 147, 196, Pio VI, 58
15 4 , 155, 157 197, 199, 204 P io r o (G.), 222, 276, 322
M ig n e t , 148, 1 4 9 N e g o c ia ç õ e s , 1 0 0 P a c y -s u r -E u r e , 8 3 PlRENNE ( H .), 307
M il ã o , 1 2 , 1 1 4 , 1 7 2 N elso n , 9 9 P a in e ( T h o m a s ) , 1 8 , 6 2 P ir in e u s , 80, 89, 121, 218
M il io u k o v , 3 0 9 N e m o u r s ( G e n e r a l ), 124 P a ís e s - B a i x o s , 2 6 , 2 9 , 3 1 , 3 5 , 6 1 , P is a , 6 9
M in n ig e r o d e , 2 5 4 N e r w in d e n , 81 62, 171, 178, 199, 265, 266 P is t ó ia , 134
M ir a b e a u , 2 3 , 3 1 , 4 0 , 4 2 , 4 3 , 5 1 , N e u c h a t e l , 63 P a ís e s - B a i x o s a u s t r ía c o s , 13, 79 P i t t (W .), 1 1 5 , 1 1 6 , 2 5 0 , 251, 2 5 2 ,
222 N e u f c h â t e a u (F r a n ç o is d e ), 9 6 , P a l m e r ( R o b e r t R.), 165, 170, 180, 261
M ir a n d a (G e n e r a l ), 1 2 6 , 2 5 5 238, 259 191, 206, 217, 252, 293 P l u m e t (J .), 3 0 7
M ir k in e -G u e t z é v it c h ( B . ) , 1 6 0 , 3 1 8 N e u m a n n (S t . R.), 298 P a l m s t ie r n a (C. F.), 332 Pó, 94, 111
M is s is s ip i , 1 6 , 1 8 N e u t r a l id a d e , 120-21 P a l o u ( J .) , 277 P o d e r e x e c u t iv o , 5 8 , 8 2
M it c h e l l (M .), 3 0 6 N g u y ê n - H u e , 128 P a m ie r s , 186 P o d e r l e g is l a t iv o , 9 5
M o e c k l i -C ell ier ( M .) , 3 2 4 N í g e r , 130, 131 P a n e (L. d a l ) , 308 P o it ie r s , 1 6 3
M o m m e r s (A . R . M . ) , 3 2 0 N il o , 130 P a n n i k a r (K . M .) , 310 P o it o u , 1 7 7
M o n g l o n d (A n d r é ) , 2 8 0 N ic e , 79, 104, 117, 243 P a o l in i , 112 POLINÉSIA, 1 3 1
M o n ic a t (].), 2 7 6 N o b r e z a , 137 P a p il l a r d (F.), 312 P o l ít ic a , 1 1 , 13
M onroe, 123, 2 5 4 N o r m a n d ia , 25, 79, 81, 83 P á s c o a ( il h a d e ), 131 P o l ít ic a e x t e r i o r , 7 9 , 8 0 , 8 2
M o n ta n h eses, 8 0 , 1 0 5 , 1 0 9 , 1 5 9 , N o r t e , 26, 35, 103, 137, 161, 187, P a q u e t (R.), 291 P o l ít ic a r e l ig io s a , 9 3 , 9 6
221 220, 230, 250 P a r is , 26, 33, 39, 42, 44, 47, 63, 69, P o l ó n ia , 1 2 , 2 3 , 6 1 , 6 4 , 6 7 , 6 8 , 7 8 ,
M o n t b é l ia r d , 1 0 3 , 1 0 5 , 2 4 3 N o r t h (L o r d ), 26 75, 76, 78, 80, 81, 82, 83, 85, 89, 96, 119, 169, 171, 187,
M o n t -B lanc (D e p a r t a m e n t o ), 1 0 4 , N o r u e g a , 120 88, 93, 95, 99, 122, 127, 134, 209, 210, 220, 223, 231, 252,
107 N o u r r i s s o n , 302 135, 139, 149, 150, 154, 156, 253
M o n t e s q u ie u , 1 9 , 2 0 , 2 1 , 1 9 0 Novi, 139 170, 188, 199, 204, 219, 221, PONDICHÉRY, 1 2 8
M o n tessu s d e B a llo re, 2 7 8 N o v i v o k , 253 228, 245, 254 PONIATOWSKY (ESTANISLAO
M o n t r é je a u , 1 3 5 N o v a A m s t e r d ã , 27 P a r is e t (G.), 305 A u g u s t o ), 6 7 , 6 8 , 1 8 7 , 2 0 9
M o r a z é (C h .), 2 9 3 N o v a C a l e d ó n ia , 131 P a r k e r ( R ic h a r d ), 116, 250, 303 P o o r e ( B . P .) , 2 8 8
M o reau, 100, 1 3 9 , 1 4 0 , 2 3 8 N o v a G a l e s , 131, 132 P a r k in ( C h .), 323 P o p e r e n ( J .) , 3 2 3
M o r e a u de S a in t -M é r y , 2 8 9 N o v a G r a n a d a , 125 P a r r a - P e r e z (C.), 313 P o rren tru y, 6 4 , 10 5 , 207
M o r e l l y , 11 N o v a s H é b r id a s , 131 P a u , 40, 199 P o rtu ga l, 8 0
M o r in i -C o m b i ( J .) , 3 0 1 N o v a I n g l a t e r r a , 123, 187 P a u l o I , 120 P o s t g a t e (R.), 3 0 6

-344 — 343 -
PO STH U M U S ( N . W .) , 317 R e n â n ia , 9 0 , 1 0 4 , 1 0 8 , V 09, 1 1 0 , R o h d en (P. R.), 294 S a u v el (T o n y ) , 322

PO TO M A C, 187 172, 173, 187, 223, 247, 252 R olan d (m in is t r o ), 220 S a v ó ia , 71, 72, >3, 79, 103, 104,
P O U L E T (Ch.), 305 R en a u t (C é c il e ), 226 R ( d e ) , 69
o l a n d is 105, 117,''207, 223, 243
P r é l o t ( M . ) , 192 R en n ès, 40 R om a 98, 99, 134
, S a x e - A l t e n b o u r g ( F r . d e ) , 311
P r i c e , 62 R e n o u v in , 170, 198 R o m a i n ( J . P . ) , 223 SÇ H A P IR O 0 . . 1 ) , 312
P r io r d a C o sta d o O u ro , 82 R epressã o , 29, 30 R o m a n s , 320 S c h e l e r ( L ) , 312
P r io r d o M 82
a rn e , R e p ú b l ic a b a t a v a , 8 9, 96, 98, 111, R o p s ( D a n i e l ) , 295 SC H ÉR E R , 100
P r i o u r e t (R.), 302 113, 114, 117, 128, 134, 172, R o s e (G.), 325 SCH ILLER, 65, 118
P r i v i l é g i o s , 12 247, 252, 257 R o s e (R. B.), 325 SC H IM M E LPE N N IN C K , 27
P r e ç o , 35, 36 Repú b l ic a C is p l a t in a , 96, 98, 100, R o s s i t e r (W. S.), 288 S c h m i d t ( C h . ) , 276, 277
P r o p a g a n d a , 23, 60 107, 109, 111, 112, 113, 114, R o t a (E.), 287 S cH N E ID E R (E.), 66
P r o p r ie d a d e , 45 138, 249 R o t h (C.), 295 S c h n e r b ( R . ) , 236, 301
P r o p r ie d a d e r u r a l , 50 R e p ú b l ic a H e l v é t ic a , 98, 111, 114, R o t t e r d á , 28, 144 S c h r y o c k (R. H.), 296
P ro ven ça , 54, 81 134, 172, 249, 257 R ( J e a n - J a c q u e s ) , 11, 19,
o u ssea u S c h u b a r t (C.), 65
P r o v ín c ia s U n id a s , 13, 21, 22, 26, R e p ú b l ic a N a p o l it a n a , 99, 249 27, 30, 120, 125, 179, 190 S e a r s ( L . M . ) , 253
27, 28, 29, 34, 59, 62, 6 3, 89, R e p ú b l ic a Pa r t e n o p ia n a *, 111 Roux, 149, 150, 154, 163 S é e ( H .) , 253
169, 172, 178 R e p ú b l ic a R om an a , 98, 99, 113, Roux (F. C h a r l e s ) , 239 S e e z , 241
P r ú s s ia , 28, 33, 68, 71, 76, 78, 80, 133, 134, 249 Roux ( J a c q u e s ) , 85 S e i g n o b o s , 309
89, 118, 119, 152, 183, 223, R eubell , 9 3 , 9 5 , 113 R o v era y , 31 S e l t z , 239
252 R e v o l u ç ã o a m e r ic a n a , 1 5, 2 2 -4 R udé (G. E.), 165, 177, 198, 217, S e n e g a l , 107, 130, 246
P u b l ic a ç õ e s , 64 R e v o l u ç ã o s o c ia l , 19, 22 ' 218, 228, 293 S e n t o u ( J . ) , 185, 196, 204
P u gh (W . J . ) , 1 9 8 R e v o l t a a r is t o c r á t ic a , 14, 38, 40, R udler , 110 S e r e g n i (G.), 287
P u y -d e -D ôm e , 236 4 2 , 4 4 -5 R u fa s, 325 S e r g e n t , 327
R e y ba z , 31 R u fer , 307, 330 S e r j n g a p a t ã o , 127
Q u an g -T r u n g , 128 ■ R h ig a s (V a l e s t in l is ) , 70 R u ffo (C ardeal ), 1 3 3 , 2 5 6 S e r v a n , 40
Q uebec act , 17 R en o , 65, 66, 79, 80, 89, 90, 94, 98, R ú s s ia , 8, 68, 70, 78, 84, 89, 100, S h e r r i l l ( C . H . ) , 288
Q u ib e r o n , 88 104, 105, 107, 109, 110, 218, 119, 120, 160, 174, 252, 253, SiAo, 128, 129
Q u im b y (R. S .) , 3 0 4 227, 228, 238, 239, 246 266 S i b é r i a , 70, 119
Q u in e t (E dg a r ), 1 5 3 , 1 5 4 R ic c i (S c ip ió n D E ), 1 3 4 S i c a r d ( A b a d e ) , 300
Q u it o , 126 R ic h a r d (Je a n ), 3 2 0 S agn ac (P h .) , 1 6 0 , 1 9 6 S i c í l i a , 100, 256
R ic h e l ie u , 104 S a in c t e l e t t e , 231 S i d n e y , 131
R a ba u t -S a in t 146
-E t ie n n e , R ic h e r t (G a b r ie l l e ) , 164, 300 S a in t -A n t o in e (a rra ba l de P a r is ), S i e n a , 134
R a d i t c h e v (A.), 70, 119, 252 R ie g e l (A n d r e a s), 66 48 S i e v e k i n g ( H . ) , 65
R a i m ò n d , 245 R ig a u t ( G .) , 303 S a in t -G e r m a in (c o n d e de ), 34 S i e y ê s , 41,4 5 , 47, 56, 101, 119, 135,
R a m e l - N o g a r e t , 137, 238 Riv ie r a , 100 S a in t -Ja co b ( P .) , 210, 299 139, 140
R a n z a , 69 R iv iè r e -Ve r d u m , 201 S i l a g i (D.), 324
S a in t -Ju st , 312
R a p i n a t , 114 R iv o ir e (J. A.), 303 S a in t -O m ero u , 207 S i o n (M. L.), 311
R a s c o l (P.), 299 R o b e r t ( D a n i e l ) , 292 Six (G.), 304
S a n to n g e , 54
R a sta d t , 96, 98, 99, 100, 109, 110, R o b e s p i e r r e , 73, 77, 82, 86, 87, 88, S^ in t o y a n t 304
, ( J .) , S o b e r a n i a , 46
239 90, 124, 149, 150, 151, 157, S a it t a ( A .) , 165, 248 S o b o u l ( A l b e r t ) , 165, 217, 218,
R a t in a u d ( J .) , 3 1 2 158, 162, 163, 218, 219, 224, S a lm (P ) , 103, 105
r in c ip a d o d e 224, 225, 228, 230, 294
R eal (W il l y ), 3 2 3 226, 228, 230, 231, 259 S (L.), 286
a lm o n
S o c ie d a d e s d e pen sa m en to , 11
R ebm a n n , 118 R o b i q u e t (J.), 297 S a m b r e , 94, 95, 238 S ô d e r h je l m ( A lm a ), 309
R e f o r m a a g r á r ia , 9 R o c h a m b e a u , 18, 23 S a n c h e z - A l o n s o (B.), 289 So l (C h . E . ) , 305
R e f o r m a f in a n c e ir a , 38, 52 R o c h e f o r t , 136 “ S a n s - C u l l o t t e s ” , 80, 81, 85 SO N N EN FELS ( J . V O N ), 6 6
R e f o r m a s in d u s t r ia is , 53 R o c h e f o u c a u l t ( L a ) , 40 S a n s o n ( A b a d e ) , 291 S orel (A.), 222, 230
R efo r m a s pa rla m en ta res, 38, 39, R o d g e r (A. B.), 330 S a n t a L u c i a , 107, 108 SO U T H E Y , 62
40 R o d o c a n a c h i (E.), 331 S a n t i v a n h e z (V. M.), 70 S o u v o r o v , 98, 120
R e f o r m a s r u r a is , 5 3, 54 R o g g i e r ( H a n s ) , 253, 332 S a r a t o g a , 18 S p e k k e n s (J. P. L.), 329
R e g im e a g r á r io , 6 S a r r a i l h CJ-), 308 S p e i l a n z o n (E.), 308
R e g im e f e u d a l , 5 * O n o m e v e io d e p a r tê n o p e , p e q u e ­ S a r t h e , 224 S p e n g l e r ( ] . J . ) , 299
R e in h a r d (M a r c el), 165, 206, 219, n o p la n e ta d e s c o b e rto e m N á p o le s . S a r t i n e , 34 S p i n k (J. S . ) , 181
238, 280 ( R e v .) S a u s u r r e , 30 S p i t h e a d , 250

346 - — 347 —
St a ê l (M e . d e), 288 T o c q u e v il l e (A l e x is d e ), 152, 153, V a r en n es, 58, 71, 82 W ahl (A.), 233
Sta t is t e s , 29, 30, 63 154 V a r s ó v ia ,68, 89, 119, 187 W 63
a l c k ie r s ,
Sta m pa ct , 15, 16 T , 94
o l e n t in o V a u c l u s e , 103 W a l d e r (E.), 282
Sta th o ud er , 3 T 112
o l o m e i, V a u d ( P a í s d e ) , 64 W a l t e r (G.), 280, 311
S t e f a n o (A n t o n i n o d e ) , 248 T o u l o n , 83, 87, 88, 227 V a u s s a r d (M.), 318 W a l l i s , 131
Steffen s, 121 T o i x e s (F. B.), 176 V e n d é i a , 79, 81, 83, 84, 106, 116, W a n g e r m a n n (E.), 208, 324
S t e i n (H.), 275 T o n e ( W o l f e ) , 116, 117 135, 151, 172, 224 W a r t b u r g (W. v o n ) , 180, 207, 319
S t e i n e r (G.), 287 T o n q u i m , 129 V e n d ô m e , 93 W a r z é e (A.), 286
S t e u b e n , 18 T ô n n e s s o n (K. D.), 328 V e n e z a , 9, 12, 96, 107, 109, 172, W a s h in g t o n ( G .) , 1 8 , 2 2 , 1 2 2 , 1 2 3 ,
S t o k a c h , 100, 133 T o s c a n a , 12, 23, 89, 98, 111, 112, 248 124, 289
S t r a n g e (M. N.), 252, 253, 309 134, 172 V e n e z u e l a , 126 W a terlo o , 149
S t r e i s a n d (J.), 208, 307 T o u j a s (R.), 321 V e n l o o , 89 W a tso n (S . J .) , 3 1 3
S t r i c k l e r (J.), 286 T o u l o n g e o n , 146, 147 V e n t u r i (F.), 190, 318 W a tt , 9
S t r o g a n o v ( P r í n c i p e ) , 119 T ó u l o u s e , 38, 40, 135, 186, 196, V e r c e i l , 69 W e l s c h in g e r , 303
S u é c i a , 8, 12, 24, 64, 68, 167, 169, 199, 204, 205, 258 V e r d u m , 78, 219 W ellesley 127 ,
176, 196, 200, 230, 259, 264 T o u r n é s (R.), 304 V e r h a e g e n (D. R. C.), 331 W e l l i n g t o n , 127
S u l k o n o w s k i ( J . ) , 330 T o u r n e u x (M.), 280, 291 V e r h a e g e n (P.), 307 W e r n e r (R.), 227, 326
SU LLIV A N (J.), 124 T o u s s a i n t - L o u v e r t u r e , 108 V e r l o o y , 245 W e s l e y , 250
S u r a t t e a u ( J - ) , 237, 239, 247, 330 T r a m o n d , 304 V e r n i l l a t ( F r a n c e ) , 304 W est m o r e r l a n d (C o n d e de ), 2 5 1
S y b e l ( v o n ), 152 T r a t o d e n e g r o s , 50 V e r r i ( P . ) , 172 W h it a k e r (A. P.), 310
S y d e n h a m (M. J.), 325 T r a t a d o , 18, 19, 20 V e r s a l h e s , 18, 23, 42, 47 W il k e s , 250
S y d n e y , 20 1 T r e i l h a r d , 100 V i d a l e n c (J-), 297, 316» W in d h a m (W.), 2 8 5
T r é n a r d (L.), 298 V i e n a , 29, 67, 70, 94,-98, 112, 118, W o o d (W. A. R.), 3 3 3
T a it i, 131 T r e v e r i s , 329 128, 163 W o r d su w o r th . 62
T a in e ( H .) , 154, 155, 157, 162, 165, T r o u x ( A . ) , 305 V i e t n ã , 128, 129 W U RM SER, 2 8 6
220 T u e t e y ( A . ) , 275 V lL N O , 187 W URTEM BERG, 13
T a k a h a sh i 165
( K .) , T u p a c A m a r u , 255 V i r g í n i a , 18, 21, 23, 45, 187, 188, X a v ie r (Jo a q u im J o sé da S il v a ),
T a l l e y r a n d , 42, 99, 238, 239 T u r g o t , 35, 36, 38, 196, 204 203 126, 255
T a n d y ( N a p p e r ) , 251 T u r q u i a , 80, 99, 100,119, 127,129, V lZ IL L E , 40
T a r g e t , 40 130, 239 V o l t a i r e . 11, 57, 125, 183, 190 Z agh i (C.), 239
T a r i é (E.), 299 V o n c k , 29, 63, 244, 245 Z am bo n i (L u ig i), 69, 172
T a s s i e r - C a r l i e r ( S . ) , 244 U lster , 116 V o n c k i s t a s , 29, 63, 105 Z an g h eri (R .) , 249
T a t o n ( R . ) , 296 U m b r ia , 133 V o s g e s , 105 Z a n te , 107
T e r r a y , 13, 24 U r i, 12 V o ssler ( C .) , 3 0 9 Z e is s b e r g (V O N ), .286
T e r r o i n e (A.), 280 U s t e r i, 64 V reed e , 27 Z e l â n d ia , 26
T e r r o r , 75, 76, 79, 83, 84, 86, 87, V r e e d e (G. W.), 286 Z eller (G ) , 222, 223
a sto n
123, 126, 136, 148, 154, 162, V a c c a r in o (G.), 332 V u i l l e r m o z (E.), 296 Z u r iq u e , 30, 31, 32, 64, 136, 207
219, 221, 225, 227, 230, 259 V a is s iê r e (P . d e ), 2 8 9
T e x e l , 135 V a l a is , 9 8, 113
T h é b a u t (E. P.), 277 V a len ça , 72
T h e l w a l l , 250 V aleri ( N .) , 3 0 8
T h i b a u d e a u , 156 V a l ja v e c (F -), 3 0 7
T h i e r s ( A . ) , 148, 149, 150 V a lm y , 78, 79, 89, 223
T h o m a . ( F . M . ) , 313 V a llée (G.), 304
T h o m s o n ( E r i c ) , 321 V a llo to n ( H .) , 3 1 0
T h o m s o n ( J . M . ) , 285 V andal ( A .) , 3 3 3
T h o r e (P.H.), 316, 321 V an d er ch a pellen t o t d e Poll, 27
T h u g u t , 118, 286 V an d er K em p , 27
T i e r s o t , 304 V a n d er N o o t , 29
T i h o n ( C . ) , 285 V an D o ren ( C .) , 3 1 9
T i p p o u - S a h i b , 127 V a n ik o r o , 131
T i r o l , 65 V an K a lken (F.), 307
T o b a g o , 107, 108 V a n n es, 316

— 348 — — 349 —
E s t e l i v r o f o i im p r e s s o
(c o m f ilm e s f o rn e c id o s p e l a E d i t o r a )
n a G r á f i c a E d i t o r a B is o r d i L t d a .,
à R u a S a n ta C la r a , 5 4 (B rá s),
S ã o P a u lo .

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