O multiculturalismo e seus dilemas: implicações na educação – Síntese
O artigo referido no título é de autoria da PhD em Educação pela University of Glasgow, Ana Canen, possui introdução, cinco tópicos de desenvolvimento, conclusão e referências. No início a autora firma que o trabalho trata de vários questionamentos sobre o multiculturalismo, incluindo seu conceito, mas não assegura fornecer respostas e sim focar nas reflexões que o assunto permite. O primeiro tópico “Pensando multiculturalmente sobre educação: significados e abordagens”, afirma que o termo multiculturalismo é utilizado com frequência mas com significados distintos e por isso se tornou foco de discussões e disputas entre estudiosos com visões diferentes. Nesse sentido, a autora apresenta dois tipos de multiculturalismo, primeiro, o crítico folclórico que associa as visões folclóricas a discussões acerca das relações desiguais de poder entre as culturas e procura compreender a construção histórica dos preconceitos e afins. O segundo, trata do sentido crítico tensionado por posturas pós-modernas e pós-coloniais, as quais indicam a necessidade e entender e identificar o modo como as diferenças são construídas. Desse modo, para analisar as diferenças nas abordagens multiculturais a autora apresenta quatro questões, a) à forma como a identidade e a diferença são concebidas; b) à relação entre universalismo e relativismo na abordagem dada ao real c) à compreensão do multiculturalismo como campo de estudos de caráter híbrido. No segundo tópico “Identidade e diferença”, tem início a análise acima referida. Há a afirmação de que o multiculturalismo encara as identidades com base na composição e organização das sociedades, por tratar do múltiplo, diverso e plural. A problemática está no fato de que a identidade é vista como acabada em um olhar essencializado, como na perspectiva folclórica, por não incorporar a construção das identidades, nem considerar o dinamismo, hibridismo e a constância que origina novas identidades. Em consequência a esse tratamento pode ocorrer o congelamento das identidades e diferenças. Em sentido contrário, na perspectiva crítica pós-moderna ou pós-colonial foca na diversidade cultural, indentária e em processos discursivos sobre a formação das identidades em suas diversas camadas. Nessa linha de pensamento, a hibridização ou hibridismo é um conceito central, pois a construção da identidade é híbrida, vem da multiplicidade de camadas e choques culturais. A autora apresenta ainda, três identidades que podem ser trabalhadas, as individuais, coletivas e organizacionais. No terceiro tópico, “Universalismo e relativismo” é explicado que a relação entre os dois termos é o que movimenta as diversas perspectivas multiculturalismo. Nesse contexto, o universalismo afirma existir um conjunto de valores que o indivíduo crê serem universais, independentes de valores sociais e culturas; já o relativismo refere-se à inexistência de uma verdade absoluta. Ana Canen cita D’Adesky (2001), apontando que, para superar a tensão entre os termos deve-se trabalhar as teorias multiculturais através de diálogos e argumentação entre as culturas para solucionar extremismos. No tópico quatro, os dilemas anteriormente tratados geram o questionamento título “Multiculturalismo: prática, política ou teoria?”. Utilizando Charlot (2006), a autora explica a natureza “mestiça” da educação como teoria no trato do multiculturalismo, sendo o que define essa característica, os múltiplos campos de saber e conhecimentos. Assim, ao multiculturalismo ter como foco o desafio a extremismos, no meio educacional os olhares plurais devem colaborar com a formação de gerações que desafiem o congelamento de identidade e os preconceitos. O quinto e último ponto tratado equivale a “Implicações multiculturais no ensino e na pesquisa”, no qual Canen afirma que a questão é complexa por sua natureza híbrida, a qual pode ter implicações sobre a educação e currículos dentro do contexto multicultural. Dessa forma a autora indica que deve existir uma proposta mais abrangente de multiculturalismo, em que os professores possam perceber as propostas, implicações e finalidades desse tipo de estudo, bem como sua importância. Em sua conclusão, Ana Canen faz um resumo dos pontos passados e afirma que seu trabalho está aberto a críticas, sendo natural da própria discussão. Agrega atentando para a importância de não se ater a fórmulas no que se refere à educação e multiculturalismo, ainda reforçando a relevância do papel do professor como pesquisador com a capacidade de construir perspectivas multiculturais com discursos que foquem na multiplicidade e valorização de identidades. CANEN, Ana. O multiculturalismo e seus dilemas: implicações na educação. Comunicação e política, v.25, nº2, p.091-107