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Caio Prado Júnior (1907-1990) – Resumo de sua interpretação

sociológica e histórica do Brasil

Caio Prado Júnior foi um intelectual que atravessou o século XX, nascido de
uma rica família aristocrática tradicional de São Paulo. Militante do Partido Comunista
Brasileiro desde jovem até sua morte, sua relação com seus correligionários nem
sempre foi a mais amistosa. Em muitos sentidos, apesar de partidário, Caio Prado
conseguia ser um intelectual independente, não permitindo que determinadas teses
oficiais, nacionais ou estrangeiras, constrangessem sua capacidade de análise sócio-
histórica. Vamos a algumas de suas conceitualizações e interpretações.

O Sentido da Colonização: Caio Prado afirmou em seu livro Evolução Política do


Brasil [1933] e depois desenvolveu em seu livro Formação do Brasil Contemporâneo
[1942] a tese de que o Brasil foi constituído como um apêndice do capital comercial
europeu, sendo determinado pelas flutuações de mercados externos e obrigado a
sofrer passivamente as vicissitudes de uma conjuntura estrangeira, tendo como único
papel a produção de bens agrícolas para exportação. Segundo o autor, este sentido da
colonização é até hoje fator determinante na vida do país.

O peso do trabalho escravo: Segundo nosso intelectual, a escravidão foi a


estrutura histórico-social de maior importância na sociedade colonial, determinando
um universo de valores, ideias, modos de ser, agir, pensar e consequentemente, a
intransponível desigualdade que até hoje marca a sociedade brasileira.

Formas econômicas contrastantes e Revolução Burguesa pelo alto: No caso


brasileiro, a inserção no capitalismo foi feita através da exploração da mão de obra
escravizada, o que fez conviver uma incipiente economia monetária e formas de
produção arcaicas (basicamente, a escravidão). Isto levou a um capitalismo que, ao
invés de modernizar o país, conservou e precisou conservar estruturas antigas de
exploração e dominação.

Revolução socialista e polêmica com o PCB: Caio Prado Júnior, apesar de


marxista convicto, discordava da interpretação oficial do PCB e da Internacional
Comunista de que países subdesenvolvidos como o Brasil, por conta da
preponderância das elites agrárias, seria uma nação feudal ou semifeudal. Para Caio
Prado, o país já vinha se integrando ao modo de produção capitalista desde os tempos
coloniais, mesmo que aqui o capitalismo tenha se instalado de modo a conciliar e
reatualizar constantemente as formas arcaicas de produção, exploração e dominação.
Dito isto, ao contrário da conclusão oficial dos comunistas, o intelectual paulista não
acreditava que era possível propor uma revolução de caráter democrático-burguês,
haja visto que a burguesia, nutrindo-se do atraso como estava, não teria interesse em
democratizar as estruturas políticas e socioeconômicas do país, como teve em alguns
países europeus. A revolução que o Brasil precisava, então, para este marxista, era a
revolução socialista.

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