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Aula 2
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Crianças e Adolescentes
Aula 2
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Avaliação Psicológica
Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
A Psicometria constitui um ponto de partida da autonomia da psicologia, pela objectividade
e neutralidade, ampliou a área de actuação da clínica para a área escolar e profissional -
ênfase nas diferenças individuais e orientações específicas, sendo menos importante
detectar e classificar os distúrbios psicopatológicos.
Depois da 2ª Grande Guerra (em que este modelo de selecção Apto/Não Apto) e de
avaliação dos efeitos de retorno, surgem novas correntes que ampliam a perspectiva
mais subjectiva na avaliação.
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• Psicologia Humanista procura uma compreensão
global do homem, na apreensão do mundo e dos seus
significados.
• Psicodiagnóstico
» Prática de diagnóstico mais identificadas à Psicanálise e
Fenomenologia, distancia-se da preocupação com a neutralidade e a
objectividade, passando a enfatizar a importância da subjectividade e
dos aspectos transferenciais e contratransferenciais presentes na
relação.
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Avaliação Psicológica
Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Abandona a necessidade de obter resultados objetivos (descartar a ênfase nos
sintomas, uso da classificação nosológica e emprego de testes - exames, para
identificar determinadas características patológicas) dos sujeitos e indicar um
tratamento eficaz
-Referencial Teórico
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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Avaliação Psicológica
Procedimento Clínico que envolve um corpo organizado de princípios teóricos, métodos e técnicas
de investigação, tanto da personalidade como de outras funções cognitivas:
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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Objetivos da Avaliação Psicológica
1. Despistagem
2. Descrição (identificação de atributos)
3. Compreensão (comunicar esta compreensão na avaliação – perspectiva
humanista)
4. Verificação das hipóteses
5. Explicação
6. Diagnóstico (classificação psicopatológica com vista à intervenção e
encaminhamento)
7. Prognóstico do comportamento futuro
8. Execução e medida da eficácia das intervenção (aconselhamento, psicoterapia)
9. Investigação
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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Fases do Psicodiagnóstico
Perspectiva Psicodinâmica
Fases do Psicodiagnóstico
3. Planificação da Avaliação
• Entrevista Clínica (feita na 1ª e 2ª sessão, ao cliente se for adulto, aos pais se for criança.
No adolescente pode variar o facto de estar só com os pais)
• Usar instrumentos? Quais? Para quê? Geralmente há uma recorrência a testes e técnicas
projectivas
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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Fases do Psicodiagnóstico
4. Recolha da Informação
• Embora esta questão já tenha vindo a ser realizada desde a 1ª sessão - Pertinência da
entrevista clínica
•Uso de técnicas e testes projectivos - Dados relevantes para a compreensão do sujeito (tudo
o que seja necessário perceber em função das hipóteses traçadas)
5. Análise da Informação
Fases do Psicodiagnóstico
7. Entrevista Devolutiva
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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Perspectiva Fenomenológica - vertente Humanista
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Observação Psicológica
Primeiro contacto
- O que podemos perceber na aparência geral do cliente? (extravagância, desleixo,
bizarria, …)?
§ Concordância da forma de vestir, cabelo, linguagem….
§ Postura (retraída, defensiva, submissa, dominadora,…)
§ Morfologia corporal (pícnico, atlético, leptossómico) (Kretshmer)
§ Expressão verbal (tom de voz, fluência do discurso, ritmo, clareza, cuidado na
linguagem, verborreia, mutismo selectivo, ecolália, gaguez,..)
§Contacto ocular (permanente, ausente, evitante,...)
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Observação Psicológica
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Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação
Entrevista Clínica
• Relação intersubjectiva
• Rege-se por um quadro teórico de referência (compreensão do sujeito e da sua
problemática)
•Objectivo de avaliação do sujeito no sentido de propor um trabalho terapêutico.
•Saber escutar
•Perceber o real subjectivo do indivíduo
•Evitar deformações profissionais (juízos de valor e confusão de papéis)
• Especial ênfase à atenção (significado de expressões directas e indirectas, atitudes,
palavras, postura)
•Observação de si mesmo, abertura e descentração de si - Descartar as projecções -
manter a congruência
•Transmitir empatia, neutralidade, aceitação positiva incondicional
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Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação
• “... as atitudes do próprio entrevistador e suas palavras no decorrer da entrevista criam, pela
significação que tomam, uma situação particular, determinando a reacção do
entrevistado”(Mucchielli, 1994, pág. 39)
• A DINÂMICA DA ENTREVISTA
– As interacções inerentes- movimentos espontâneos que ocorrem no decorrer da entrevista, não faz
sentido a preparação do que vai ocorrer, faz sim sentido elaborar uma ideia de aspectos relevantes a ter
em conta na interacção com o cliente.
– A Indução - orientação do cliente para uma resposta X ou Y. Leva a que haja uma sugestão do
terapeuta (mesmo que não consciente). Pode estar inerente na forma como se faz a pergunta, tom de
voz, olhar, gestos, atitudes. Perguntas tendenciosas, atitudes implícitas.
Portanto... dirigir a entrevista é possível, mas sem criar outras reacções induzidas, a não ser o aumento
ou a facilitação da expressão espontânea do cliente.
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Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação
– Resposta Solução-problema (propor uma ideia para sair da situação; indução no cliente de uma
maneira de agir - pode conduzir o cliente a uma maior confusão, obrigatoriedade e sensação de recusa)
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Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação
– Trabalhar dificuldades Pessoais - medo da entrevista, medo dos silêncios, medo do vazio, medo da
impressão de perda de tempo e ineficácia pessoal, medo de ser julgado, dificuldade de manter a
atenção sem tomar a iniciativa
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Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação
- OS SILÊNCIOS
Aceitá-los e suportá-los. Têm significado e fazem parte da dinâmica relacional. Importante perceber o
seu significado (reflexão, embaraço, descontracção,...). Todavia há que ter em atenção o
questionamento directo ao cliente após o silêncio (potencia reacções induzidas e resistência)
-PERGUNTAS DIRETAS
Induz no terapeuta uma tendência a responder, ao tentar “escapar” de responder existe a possibilidade
de perder a congruência. Neste sentido antes de mais, o terapeuta deve questionar a si mesmo: “o que
significa a pergunta sob o ponto de vista do sujeito?”
Importante colocar o cliente diante o sentimento que está implícito na questão, ao invés de responder ou
evitar uma resposta.
Ex. “Eu sou extremamente desagradável, diga-me se não é verdade que eu o aborreço um pouco!”
Sentimentos inerentes: medo de rejeição, insegurança, necessidade de ser tranquilizado.
Resposta: ?
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Entrevista Clínica
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Condições Facilitadoras da relação:
• Ofertas (qual o significado?)
• Cartas (notas, recortes ou escritas directas ao psicólogo) - devem ser lidas pelo cliente na sessão e
nunca levadas para casa pelo psicólogo.
•Apontamentos (regra de não distanciamento do cliente, as notas devem ser realizadas no final da
sessão (muito importantes, contudo, nas primeiras sessões, nomeadamente na recolha da anamnese
deve haver uma recolha atenta de informação, mas sem nunca perder o contacto psicológico com o
cliente).
- Notas: Atenção à forma como é reportada a sessão (RELATÓRIO), documento técnico, deve
ter um fio condutor da sessão e da sua dinâmica. Evitar comentários pessoais ou reflexivos
(deixar para a reflexão pessoal). Não escrever na 1ª pessoa; não usar as palavras do cliente a não
ser quando se quer reportar o discurso directo que deve ser feito entre “aspas”; evitar adjectivos
e advérbios que possam imprimir um cariz de parcialidade ao discurso do cliente.
Ex. 1. A Maria disse que tinha discutido fortemente com o marido e o filho que estava lá ao pé viu tudo e começou a chorar,
e defendeu a mãe. Eu disse-lhe que tinha sido uma situação difícil.... ???????
Ex2. Maria relata o desenvolvimento de conflitos significativos com o marido, facto que tem vindo a ser presenciado pelo
filho, desenvolvendo agitação interna e episódios de choro por parte da criança que mantém uma postura de proximidade e
defesa da mãe. Foi devolvido à cliente o facto da mesma ter vivenciado uma situação difícil....
Interrupções - de forma alguma devem ser interrompidas as sessões, em caso de urgência o psicólogo
deve avisar o cliente que terá que sair para atender uma chamada p.ex.
Honorários - importantes para a relação terapêutica (pode haver negociação de acordo com a
situação)
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Entrevista Clínica
Levantamento de informação que permite completar a Anamnese
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História Clínica deve conter uma avaliação clara face aos componentes
psicopatológicos passíveis de estarem presentes:
1. Perturbação da ansiedade
2. Perturbação do Humor
3. Perturbação de Personalidade
4. Perturbação Pós-Stress Traumático
5. Parafilias: Pedofilia
6. Perturbações sexuais e da identidade do género
7. Psicose e Esquizofrenia
8. Perturbações Relacionados com Substâncias: Dependência de Substâncias
9. Perturbação de Personalidade “borderline” (Estado-limite)
10. Anorexia
11. Bulimia
12. Perturbações Ligadas à Patologia
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‣ PSICOPATOLOGIA DOS ELEMENTOS DO VIVENCIAR:
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Entrevista Clínica com a criança
O QUE SÃO AS TÉCNICAS?
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Entrevista Clínica com a criança
O BRINQUEDO
Para o Adulto - sinónimo de divertimento, distracção, oposição ao trabalho sério.
Para a Criança - Actividade séria, envolve todos os recursos da personalidade, é uma
necessidade natural
Muitas vezes o adulto não compreende o objectivo do jogo, colocando o marco ao nível
do que é esperado para um adulto (apela a noções que a criança não adquiriu)
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Entrevista Clínica com a criança
O DESENHO
- Quando está mais próximo da realidade a criança deixa de o fazer por prazer, por
analogia às actividades orientadas na escola - a exuberância das formas e o abuso
de cores dão lugar à lineariedade, geometria e procura de ordem.
mas...a criatividade dos primeiros anos não desaparece, apenas está em repouso.
Embora nunca se possa reportar da mesma forma (nenhum adulto desenha como
uma criança... pode haver imitações)
Para quem desenha a criança?- Para si própria, tal como quando brinca -
representação simbólica - dirige-se a alguém real ou imaginário - também procura dar
prazer ao outro.
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-EVOLUÇÃO DO DESENHO-
1. Garatuja ou “rabisco” - até cerca dos 3 anos de idade e caracteriza-se por vários riscos no papel aos quais a
criança atribui significado antropomórfico (“pápá ou mamã”). Traduz o prazer do exercício motor.
2. Fase do Ovo ou círculo, que se prolonga até próximo dos 4 anos de idade e caracteriza-se pela representação da
figura humana por um círculo mais ou menos deformado no sentido oval.
3. Fase do Polvo, que se mantém até cerca dos 6 anos de idade e consiste no desenho de uma cabeça com boca,
nariz, olhos orelhas, da qual saem directamente os braços e pernas, não sendo raro encontrar a representação do
umbigo por um ponto no meio dos traços que representam as pernas
4. Fase do Girino, perto dos seis anos de idade, já há interposição de uma elipse a seguir à cabeça, saindo os braços
dessa elipse. A aproximação da idade escolar leva a uma representação mais próxima da anatomia humana, isto é do
realismo. Destaca certo realismo, com pescoço, tronco rectangular, com ombros e posição correcta dos braços.
Surgem elementos secundários como pestanas, orelhas, dentes, vestuário e dedos.
5. Fase do realismo Lógico ou transparência, até cerca dos oito anos. Caracteriza-se pela preocupação em
desenhar tudo o que a criança sabe que existe, não se preocupando mesmo em evitar desenhar o que não se vê, como
se tudo fosse transparente.
6. Fase do realismo sensorial, depois dos 9 ou 10 anos de idade, a criança deixa de desenhar o que pensa e passa a
desenhar o que vê, primeiro com o desenho de frente e depois de perfil.
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O DESENHO
- Dada a sucessão de estádios observados na sua execução, o desenho pode
fornecer indicações úteis acerca do nível de maturidade intelectual da criança.
-Implica extrair um sentido que permanece oculto pela criança, que reporta o
entendimento do seu mundo interno e externo.
-Pressupõe a existência de um conteúdo manifesto e latente
- Deve ser SEMPRE ENQUADRADA NA HISTÓRIA DA CRIANÇA - valor narrativo do
desenho deve ser questionado à criança
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bibliografia
• Arfouilloux, J. C. (1980). A entrevista com a criança: A
abordagem da criança através do diálogo, do brinquedo e
do desenho. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
• Leal, I. P. (1999). Entrevista clínica e psicoterapia de apoio.
Lisboa: ISPA.
• Mucchielli, R. (1994). A entrevista não-directiva. 2ª Edição.
São Paulo: Martins Fontes Editora
• Perron-Borelli, M., & Perron, R. (1970). O exame
psicológica da Criança. São Paulo: Martins Fontes Editora.
• Rogers, C. R., & Kinget, G. M. (1975). Psicoterapia e
relações humanas. Vol. I. Belo Horizonte: Interlivros.
• Ruiloba, J. V. (2000). Introducción a la psicopatología y la
psiquiatría. 4ª Edición. Barcelona: Masson.
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