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Diagnóstico e Intervenção Clínica com

Crianças e Adolescentes
Aula 2

2º CICLO EM PSICOLOGIA - 1º ANO


UTAD
Catarina Pinheiro Mota

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica

• Diagnóstico - grego Diagnõstikós


• Discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de;
com objectivo de conhecer determinado fenómeno ou
realidade através de um conjunto de procedimentos
teóricos, técnicos e metodológicos.

• Grande marco na formação e constituição da identidade


profissional do psicólogo.

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Avaliação Psicológica
Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
A Psicometria constitui um ponto de partida da autonomia da psicologia, pela objectividade
e neutralidade, ampliou a área de actuação da clínica para a área escolar e profissional -
ênfase nas diferenças individuais e orientações específicas, sendo menos importante
detectar e classificar os distúrbios psicopatológicos.

Depois da 2ª Grande Guerra (em que este modelo de selecção Apto/Não Apto) e de
avaliação dos efeitos de retorno, surgem novas correntes que ampliam a perspectiva
mais subjectiva na avaliação.

O HUMANISMO defende a impossibilidade de separação entre o sujeito e o


objecto de estudo, pelo que a subjectividade é essencial já que o indivíduo
faz parte em si do objecto de estudo.

Fenomenologia e Psicanálise influenciam esta vertente teórica,


enfatizando a subjectividade, intencionalidade, o sentido e o significado
das experiências (e sintomas), o inconsciente e a relação entre sujeito e
objecto de estudo.

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
• Psicologia Humanista procura uma compreensão
global do homem, na apreensão do mundo e dos seus
significados.

• Questionamento dos modelos de avaliação classificatórios, baseados APENAS


nos testes Psicológicos (estruturados e padronizados)

• Psicodiagnóstico
» Prática de diagnóstico mais identificadas à Psicanálise e
Fenomenologia, distancia-se da preocupação com a neutralidade e a
objectividade, passando a enfatizar a importância da subjectividade e
dos aspectos transferenciais e contratransferenciais presentes na
relação.

» Uso de testes passa a ser complementado com outros


procedimentos clínicos, com o objectivo de integrar os dados
recolhidos nos testes e na história clínica, para obter uma
compreensão global do sujeito

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Avaliação Psicológica
Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Abandona a necessidade de obter resultados objetivos (descartar a ênfase nos
sintomas, uso da classificação nosológica e emprego de testes - exames, para
identificar determinadas características patológicas) dos sujeitos e indicar um
tratamento eficaz

Escolha de estratégias e/ou instrumentos para a Avaliação Psicológica depende:

-Referencial Teórico

-Objetivo (clínico, profissional, educacional, forense,...)

-Finalidade (diagnóstico, indicações de tratamento e/ou prevenção

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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Avaliação Psicológica
Procedimento Clínico que envolve um corpo organizado de princípios teóricos, métodos e técnicas
de investigação, tanto da personalidade como de outras funções cognitivas:

* Entrevista e observação clínica


* Testes Psicológicos
* Técnicas Projetivas
* Outros procedimentos de investigação clínica: jogo, desenhos, contar histórias,
brincar.

Estes dados são integrados na produção e confirmação de hipóteses acerca de


um indivíduo e do seu problema.

A avaliação passa por, mas não se reduz, a simples


instrumentos de medida ou técnicas de avaliação.

Constituem elementos que ajudam na


compreensão do indivíduo

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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Objetivos da Avaliação Psicológica
1. Despistagem
2. Descrição (identificação de atributos)
3. Compreensão (comunicar esta compreensão na avaliação – perspectiva
humanista)
4. Verificação das hipóteses
5. Explicação
6. Diagnóstico (classificação psicopatológica com vista à intervenção e
encaminhamento)
7. Prognóstico do comportamento futuro
8. Execução e medida da eficácia das intervenção (aconselhamento, psicoterapia)
9. Investigação

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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Fases do Psicodiagnóstico

Perspectiva Psicodinâmica

1. Consentimento informado para a avaliação


(Quais os recursos disponíveis para conduzir a avaliação)

2. Primeiro contacto (entrevista inicial dá origem às 1ªs Hipóteses)


• Identificar e explicitar a natureza do PEDIDO
• Conhecer o tipo de queixa
• Conhecer o motivo/sintoma (manifesto ou latente)
• Contexto onde o corre o problema (familiar, social,…)
• Identificar expectativas e/ou fantasias acerca da doença e da cura
• Perceber como é a interacção do cliente com o terapeuta
• Identificar resistências, capacidade de insight (elaboração) e predisposição para a mudança
• Hipótese Diagnóstica (atenção aos diagnósticos irrealistas e à rotulagem)
(Qual o significado e relevância do sintoma/ Dá ideia se o cliente pretende desenrolar o
processo)
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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica

Fases do Psicodiagnóstico
3. Planificação da Avaliação

• Entrevista Clínica (feita na 1ª e 2ª sessão, ao cliente se for adulto, aos pais se for criança.
No adolescente pode variar o facto de estar só com os pais)

•Valorização da entrevista clínica (mais além da anamnese descritiva) e preocupação com a


relação transferencial e contratransferencial.

• Determina Objetivos (compreensão profunda do indivíduo, da personalidade, elementos


patológicos e adaptativos), Setting (tempo: sessões de cerca de 50 minutos, local, dia e hora
acordada, honorários e forma de pagamento) e uma definição clara de papéis (terapeuta-
paciente, pais e/ou família).

• Usar instrumentos? Quais? Para quê? Geralmente há uma recorrência a testes e técnicas
projectivas

•Dimensões a avaliar? (Funcionamento/dinâmica familiar, aspectos clínicos, inteligência,


organização grafo-perceptiva, personalidade, demência…)

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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica

Fases do Psicodiagnóstico

4. Recolha da Informação

• Embora esta questão já tenha vindo a ser realizada desde a 1ª sessão - Pertinência da
entrevista clínica
•Uso de técnicas e testes projectivos - Dados relevantes para a compreensão do sujeito (tudo
o que seja necessário perceber em função das hipóteses traçadas)

• Pode ter em conta 2 a 4/5 sessões dependendo dos casos

5. Análise da Informação

•Reduzir a linha de base do problema (qualitativa e quantitativa)

•Analisar e integrar os dados recolhidos na entrevista clínica

•Complementar a análise anterior com os resultados obtidos nos testes psicológicos

•Diagnóstico actual e futuros (prognóstico)


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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica

Fases do Psicodiagnóstico

6. Validação da formulação do caso

• Continua formulação de hipóteses, diagnóstico e prognóstico (perceber toda a natureza da


patologia) – Avaliar os riscos

7. Entrevista Devolutiva

• Com base na organização e compreensão da informação recolhida e na conceptualização do


caso

• Discutida a pertinência do seguimento do processo ou encaminhamento

• Intervenção mais adequada à problemática e características do sujeito

•Elaboração de um relatório de avaliação psicológica se for pertinente (atenção à informação


que é dada e como é colocado o diagnóstico (?), o parecer e indicações.

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Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Clínica
Perspectiva Fenomenológica - vertente Humanista

• Acresce alguma diferenças em relação à perspectiva Psicodinâmica:

• 1. O psicodiagnóstico é em si uma intervenção


• 2. A devolução vai sendo introduzida ao longo do processo e não apenas no final
• 3. Valoriza a experiência (vivência no processo) do terapeuta e cliente
• 4. Percebe a relação terapeuta-cliente de forma distinta em termos de poder (não
há superioridade), papéis (deixa de ser técnico detentor de conhecimento,
estabelecendo ma relação de cooperação com o cliente).

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Observação Psicológica

Começa e termina na sala de espera

Primeiro contacto
- O que podemos perceber na aparência geral do cliente? (extravagância, desleixo,
bizarria, …)?
§ Concordância da forma de vestir, cabelo, linguagem….
§ Postura (retraída, defensiva, submissa, dominadora,…)
§ Morfologia corporal (pícnico, atlético, leptossómico) (Kretshmer)
§ Expressão verbal (tom de voz, fluência do discurso, ritmo, clareza, cuidado na
linguagem, verborreia, mutismo selectivo, ecolália, gaguez,..)
§Contacto ocular (permanente, ausente, evitante,...)

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Observação Psicológica

Começa e termina na sala de espera

Primeiro contacto (cont.)


§ Expressão facial
§ Movimento (harmonia movimentos, tiques, maneirismos, estereotipias, tremores,…)
§ Estado de consciência (de si, orientação espacio-temporal, atenção, crítica)
§ Estado emocional (manifestações vegetativas como o rubor, suor, palidez, descargas
motoras - agitação, taquicardia, tremor, estereotipias, tiques, ritmias Como se relaciona?
(Aperto de mão, como se senta, colaboração, disponibilidade,…)
- Como termina a sessão

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação

Exame Psicológico Intervenção


Entrevista Clínica
(com ou sem Psicometria) Psicoterapêutica

Entrevista Clínica

• Relação intersubjectiva
• Rege-se por um quadro teórico de referência (compreensão do sujeito e da sua
problemática)
•Objectivo de avaliação do sujeito no sentido de propor um trabalho terapêutico.
•Saber escutar
•Perceber o real subjectivo do indivíduo
•Evitar deformações profissionais (juízos de valor e confusão de papéis)
• Especial ênfase à atenção (significado de expressões directas e indirectas, atitudes,
palavras, postura)
•Observação de si mesmo, abertura e descentração de si - Descartar as projecções -
manter a congruência
•Transmitir empatia, neutralidade, aceitação positiva incondicional
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação

• “... as atitudes do próprio entrevistador e suas palavras no decorrer da entrevista criam, pela
significação que tomam, uma situação particular, determinando a reacção do
entrevistado”(Mucchielli, 1994, pág. 39)

• A DINÂMICA DA ENTREVISTA
– As interacções inerentes- movimentos espontâneos que ocorrem no decorrer da entrevista, não faz
sentido a preparação do que vai ocorrer, faz sim sentido elaborar uma ideia de aspectos relevantes a ter
em conta na interacção com o cliente.
– A Indução - orientação do cliente para uma resposta X ou Y. Leva a que haja uma sugestão do
terapeuta (mesmo que não consciente). Pode estar inerente na forma como se faz a pergunta, tom de
voz, olhar, gestos, atitudes. Perguntas tendenciosas, atitudes implícitas.

– Um Bom entrevistador é aquele que sabe observar-se e observar as reacções do cliente,


sabendo compreender o que se passa na relação da entrevista e na situação de “aqui e agora”,
saiba também controlar as suas atitudes...

Portanto... dirigir a entrevista é possível, mas sem criar outras reacções induzidas, a não ser o aumento
ou a facilitação da expressão espontânea do cliente.
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Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação

• Atitudes do entrevistador e intervenções verbais que não facilitam a expressão do cliente

– Resposta de avaliação ou julgamento - tudo o que contraria a empatia, aceitação incondicional e


neutralidade, potencia sentimentos/necessidade de aprovação, desigualdade moral, inferiorização.

– Resposta Interpretativa - sentimento de incompreensão e espanto, não preparação do cliente para a


confrontação, perigo de distorção pessoal e orientação tendenciosa.

– Resposta de suporte (apoio-consolação) - consolar ou minimizar a situação, potencia atitude de


dependência (terapeuta maternalista/paternalista), desejo de manter uma amizade.

– Resposta Investigadora (pesquisa, apelo a informações complementares) - implícita certa


hostilidade, intrusão, defensividade.

– Resposta Solução-problema (propor uma ideia para sair da situação; indução no cliente de uma
maneira de agir - pode conduzir o cliente a uma maior confusão, obrigatoriedade e sensação de recusa)

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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação

• Atitudes do entrevistador que facilitam a expressão do cliente

– Trabalhar dificuldades Pessoais - medo da entrevista, medo dos silêncios, medo do vazio, medo da
impressão de perda de tempo e ineficácia pessoal, medo de ser julgado, dificuldade de manter a
atenção sem tomar a iniciativa

– Envolvimento do terapeuta na entrevista - A implicação pessoal, afectiva e emocional condiciona a


observação do cliente, havendo uma centração pessoal. O envolvimento por sua vez é desejável sob a
forma de empatia e autenticidade.

5 Condições Básicas na Atitude do Entrevistador (Carl Rogers)


1- Acolhida e não Iniciativa
2- Centração no que é vivido pelo cliente e não nos factos concretos que o cliente relata
3- Interessar-se pelo sujeito e não pelo problema em si mesmo (ponto de vista do sujeito)
4- Respeitar o cliente e manifestar consideração por si (ao invés da dominância)
5- Facilitar a comunicação

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Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação

• Aspectos a ter em atenção na entrevista clínica (e intervenção)

- OS SILÊNCIOS
Aceitá-los e suportá-los. Têm significado e fazem parte da dinâmica relacional. Importante perceber o
seu significado (reflexão, embaraço, descontracção,...). Todavia há que ter em atenção o
questionamento directo ao cliente após o silêncio (potencia reacções induzidas e resistência)

-PERGUNTAS DIRETAS
Induz no terapeuta uma tendência a responder, ao tentar “escapar” de responder existe a possibilidade
de perder a congruência. Neste sentido antes de mais, o terapeuta deve questionar a si mesmo: “o que
significa a pergunta sob o ponto de vista do sujeito?”

Importante colocar o cliente diante o sentimento que está implícito na questão, ao invés de responder ou
evitar uma resposta.
Ex. “Eu sou extremamente desagradável, diga-me se não é verdade que eu o aborreço um pouco!”
Sentimentos inerentes: medo de rejeição, insegurança, necessidade de ser tranquilizado.
Resposta: ?
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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica

Condições Facilitadoras da relação:


•Setting
* Tempo- 50 minutos; Periodicidade (semanal,...)
* Lugar - sala insonorizada, mobiliário confortável, cores neutras e não demasiado personalizado -
espaço deve ser organizador;
* Apresentação do Terapeuta (adequado à circunstância, neutro - uso de bata?; expressão verbal -
evitar a gíria “psi”; cumprimentos)
* Pedido (quem envia)
* Marcação da 1ª entrevista (informação a reter, por quem?)
*objectivos (expectativas consoante factores como idade, profissão, etc)
- Atenção aos casos de institucionalização, ou hospitalização.
• Limites externos e internos - o que é permitido fazer ou dizer?; contacto telefónico?; reacção a
descargas emocionais - choro (evitar palavras simpáticas de apaziguamento - clarificar
posteriormente)

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Condições Facilitadoras da relação:
• Ofertas (qual o significado?)
• Cartas (notas, recortes ou escritas directas ao psicólogo) - devem ser lidas pelo cliente na sessão e
nunca levadas para casa pelo psicólogo.
•Apontamentos (regra de não distanciamento do cliente, as notas devem ser realizadas no final da
sessão (muito importantes, contudo, nas primeiras sessões, nomeadamente na recolha da anamnese
deve haver uma recolha atenta de informação, mas sem nunca perder o contacto psicológico com o
cliente).
- Notas: Atenção à forma como é reportada a sessão (RELATÓRIO), documento técnico, deve
ter um fio condutor da sessão e da sua dinâmica. Evitar comentários pessoais ou reflexivos
(deixar para a reflexão pessoal). Não escrever na 1ª pessoa; não usar as palavras do cliente a não
ser quando se quer reportar o discurso directo que deve ser feito entre “aspas”; evitar adjectivos
e advérbios que possam imprimir um cariz de parcialidade ao discurso do cliente.
Ex. 1. A Maria disse que tinha discutido fortemente com o marido e o filho que estava lá ao pé viu tudo e começou a chorar,
e defendeu a mãe. Eu disse-lhe que tinha sido uma situação difícil.... ???????

Ex2. Maria relata o desenvolvimento de conflitos significativos com o marido, facto que tem vindo a ser presenciado pelo
filho, desenvolvendo agitação interna e episódios de choro por parte da criança que mantém uma postura de proximidade e
defesa da mãe. Foi devolvido à cliente o facto da mesma ter vivenciado uma situação difícil....

Interrupções - de forma alguma devem ser interrompidas as sessões, em caso de urgência o psicólogo
deve avisar o cliente que terá que sair para atender uma chamada p.ex.
Honorários - importantes para a relação terapêutica (pode haver negociação de acordo com a
situação)

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica
Levantamento de informação que permite completar a Anamnese

Anamnese (depois de várias História Clínica:


entrevistas):
•Anamnese
•Dados de Identificação
•Exploração psicopatológica (pensamento,
•Motivo da consulta linguagem, sono, …)
•História da doença actual •Orientação diagnóstica
•Antecedentes familiares •Orientação prognóstica
•Antecedentes pessoais (desde o •Proposta intervenção terapêutica
nascimento até ao momento actual)
(desenvolvimento bio-psico-social)

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
História Clínica deve conter uma avaliação clara face aos componentes
psicopatológicos passíveis de estarem presentes:

1. Perturbação da ansiedade
2. Perturbação do Humor
3. Perturbação de Personalidade
4. Perturbação Pós-Stress Traumático
5. Parafilias: Pedofilia
6. Perturbações sexuais e da identidade do género
7. Psicose e Esquizofrenia
8. Perturbações Relacionados com Substâncias: Dependência de Substâncias
9. Perturbação de Personalidade “borderline” (Estado-limite)
10. Anorexia
11. Bulimia
12. Perturbações Ligadas à Patologia

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‣ PSICOPATOLOGIA DOS ELEMENTOS DO VIVENCIAR:

‣ 1.1. Psicopatologia da sensação, percepção e representação.


‣ 1.2. Psicopatologia do pensamento e linguagem.
‣ 1.3. Psicopatologia dos afectos e emoções.
‣ 1.4. Psicopatologia da psicomotricidade.
‣ 2. PSICOPATOLOGIA DOS INSTRUMENTOS DO VIVENCIAR:

‣ 2.1. Psicopatologia da consciência.


‣ 2.2. Psicopatologia da atenção.
‣ 2.3. Psicopatologia da memória.
‣ 2.4. Psicopatologia da orientação.

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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica com a criança
O QUE SÃO AS TÉCNICAS?

Tal como para os adultos, a entrevista e a intervenção não implica necessariamente


uma instrumentalização.
A técnica mais importante transversalmente ao modelo teórico é a ATITUDE DO
TERAPEUTA

IDADE E PERSONALIDADE DA CRIANÇA

A linguagem verbal não se esgota nas possibilidades de expressão e comunicação da


criança.
Há um processo de maturação, na organização estrutural, cognitiva, mas também no
investimento afectivo.

Também há crianças com personalidades distintas (mais fechadas, expansivas,


calmas, emotivas, opositoras, agressivas,...)

-Geradora de sentimentos de angústia, culpabilidade,


vergonha, medo de ser castigada, desconfiança
Situação de -Geralmente não há um pedido da criança para ser
Entrevista compreendida ou ajudada
-Pode haver recusa ou silêncio permanente
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Entrevista Clínica com a criança
IDADE E PERSONALIDADE DA CRIANÇA

Estabelecimento da relação terapêutica - Mostrar à criança a disponibilidade para


estar consigo, sem exigências (descer ao nível da criança), traduz a vontade de a
ajudar.

Esperar a iniciativa e disponibilidade da criança para abordar a temática “problema”


- Paralelamente à relação verbal existem outras formas de contacto com a
criança (dependendo da idade e personalidade)

Desde a idade em que a linguagem está suficientemente constituída para


permitir a comunicação, até cerca dos 4/5 anos (resolução do complexo de
Édipo) a criança exprime-se de forma clara e directa sobre a vida relacional,
afectiva e imaginária.

Na latência, organizam-se mecanismos de defesa que tendem a empobrecer


e limitar as relações com o adulto. Discurso mais conformista, menos
comprometimento.

- Conteúdo Manifesto vs. Conteúdo Latente

- O jogo, O desenho, O brinquedo

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica com a criança
O BRINQUEDO
Para o Adulto - sinónimo de divertimento, distracção, oposição ao trabalho sério.
Para a Criança - Actividade séria, envolve todos os recursos da personalidade, é uma
necessidade natural

Finalidades do brinquedo/Jogo - representação simbólica (ver mala de ludoterapia)

- Experimentação vs. “Faz de conta”


- Construção e desconstrução
- Prazer (satisfazer fantasias e descargas físicas)
- Unificação e integração da personalidade
- Domínio da angústia e expressão de pulsões (amor, ódio, raiva, agressividade)
- Conhecimento do próprio corpo
- Curiosidade sexual
- Representação e comunicação pessoal do mundo exterior
- Representação do seu mundo interior
- Estabelecer a relação com o outro
- Brinquedo preferido pode representar objecto transicional

Posteriormente... o jogo assume uma função social (jogos de equipa e sociedade)

Muitas vezes o adulto não compreende o objectivo do jogo, colocando o marco ao nível
do que é esperado para um adulto (apela a noções que a criança não adquiriu)
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 17
Entrevista Clínica com a criança

O DESENHO

- Constitui uma “janela aberta” que traduz um prazer para a criança

- Quando está mais próximo da realidade a criança deixa de o fazer por prazer, por
analogia às actividades orientadas na escola - a exuberância das formas e o abuso
de cores dão lugar à lineariedade, geometria e procura de ordem.

mas...a criatividade dos primeiros anos não desaparece, apenas está em repouso.
Embora nunca se possa reportar da mesma forma (nenhum adulto desenha como
uma criança... pode haver imitações)

Para quem desenha a criança?- Para si própria, tal como quando brinca -
representação simbólica - dirige-se a alguém real ou imaginário - também procura dar
prazer ao outro.

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-EVOLUÇÃO DO DESENHO-

O desenho depende estreitamente da maturação dos aparelhos perceptivos e motores


Importância da manipulação e vantagem de permanência do traço

Luquet propõe estádios evolutivos do desenho da criança:

1. Garatuja ou “rabisco” - até cerca dos 3 anos de idade e caracteriza-se por vários riscos no papel aos quais a
criança atribui significado antropomórfico (“pápá ou mamã”). Traduz o prazer do exercício motor.

2. Fase do Ovo ou círculo, que se prolonga até próximo dos 4 anos de idade e caracteriza-se pela representação da
figura humana por um círculo mais ou menos deformado no sentido oval.

3. Fase do Polvo, que se mantém até cerca dos 6 anos de idade e consiste no desenho de uma cabeça com boca,
nariz, olhos orelhas, da qual saem directamente os braços e pernas, não sendo raro encontrar a representação do
umbigo por um ponto no meio dos traços que representam as pernas

4. Fase do Girino, perto dos seis anos de idade, já há interposição de uma elipse a seguir à cabeça, saindo os braços
dessa elipse. A aproximação da idade escolar leva a uma representação mais próxima da anatomia humana, isto é do
realismo. Destaca certo realismo, com pescoço, tronco rectangular, com ombros e posição correcta dos braços.
Surgem elementos secundários como pestanas, orelhas, dentes, vestuário e dedos.

5. Fase do realismo Lógico ou transparência, até cerca dos oito anos. Caracteriza-se pela preocupação em
desenhar tudo o que a criança sabe que existe, não se preocupando mesmo em evitar desenhar o que não se vê, como
se tudo fosse transparente.

6. Fase do realismo sensorial, depois dos 9 ou 10 anos de idade, a criança deixa de desenhar o que pensa e passa a
desenhar o que vê, primeiro com o desenho de frente e depois de perfil.

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O DESENHO
- Dada a sucessão de estádios observados na sua execução, o desenho pode
fornecer indicações úteis acerca do nível de maturidade intelectual da criança.

Reflexo das aptidões Grafo-motoras e Grafo-perceptivas


Ex:
- Teste de Lauretta Bender
- Teste do Desenho de Uma Família
- Teste da Cópia da Figura Complexa de Rey
- Teste da Figura Humana de Goodenough
- Squiggle Game ou Jogo do Rabisco (Winnicott)

INTERPRETAÇÃO DO DESENHO DA CRIANÇA

-Implica extrair um sentido que permanece oculto pela criança, que reporta o
entendimento do seu mundo interno e externo.
-Pressupõe a existência de um conteúdo manifesto e latente
- Deve ser SEMPRE ENQUADRADA NA HISTÓRIA DA CRIANÇA - valor narrativo do
desenho deve ser questionado à criança

- Que figuras, elementos, objectos? Ausências?


- Localização no papel
- Pressão no desenho, caracterização do traço
- Simetria do desenho
- Detalhes do desenho (des/valorização de elementos ou pessoas)
- Movimentos do desenho
-Tamanho das figuras / Proximidade
- Risco no papel /cores

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bibliografia
• Arfouilloux, J. C. (1980). A entrevista com a criança: A
abordagem da criança através do diálogo, do brinquedo e
do desenho. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
• Leal, I. P. (1999). Entrevista clínica e psicoterapia de apoio.
Lisboa: ISPA.
• Mucchielli, R. (1994). A entrevista não-directiva. 2ª Edição.
São Paulo: Martins Fontes Editora
• Perron-Borelli, M., & Perron, R. (1970). O exame
psicológica da Criança. São Paulo: Martins Fontes Editora.
• Rogers, C. R., & Kinget, G. M. (1975). Psicoterapia e
relações humanas. Vol. I. Belo Horizonte: Interlivros.
• Ruiloba, J. V. (2000). Introducción a la psicopatología y la
psiquiatría. 4ª Edición. Barcelona: Masson.

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