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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS


CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM EDIFICAÇÕES

MECÂNICA DOS SOLOS:


Estabilização de taludes em solos

PROFESSOR: Juracy Ventura

Belo Horizonte
2009
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS


CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM EDIFICAÇÕES – TURMA A

MECÂNICA DOS SOLOS:


Estabilização de taludes em solos

Trabalho apresentado ao Professor Juracy


Ventura, da disciplina de Mecânica dos Solos
do Curso técnico integrado em Edificações
do Centro Federal de Educação Tecnológica
de Minas Gerais como trabalho do 4°
Bimestre de 2009.

Alunos: Ana Luíza Alves Moreira


Drielle Cristina Soares
Fábio Frederico Goulart
Isadora Botelho Noronha
Izabela Vicente Torres
Pedro Henrique Sena
Rafael Ferreira
Samuel Lemos
Tiago Parreiras

Belo Horizonte
2009
SUMÁRIO

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1. DEFINIÇÃO........................................................................................................................... 4
2. INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO NA ESTABILIDADE DE TALUDES........................... 4
3. A EVOLUÇÃO URBANA E OS PROBLEMAS DE ESTABILIDADE...............................6
4. O CICLO “INSTAVEL X ESTÁVEL” É CONTÍNUO.................................. .......................6
5. ESFORÇOS E HIDRÁULICA DOS SOLOS, UMA DUPLA INDIGESTA...........................
6. AS INTERVENÇÕES TENDEM A APENAS DESLOCAR O PROBLEMA........................
7. O ENGENHEIRO GEOTÉCNICO E SEU CAMPO DE ATUAÇÃO ....................................
8. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................

1. DEFINIÇÃO

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Talude é um termo genérico compreendendo qualquer superfície inclinada que limita um
maciço de terra, de rocha ou de ambos. Pode ser natural, como as encostas ou vertentes, ou
artificiais, quando construídos pelo homem, caso dos cortes e aterros.
Teoricamente um talude se apresenta como uma massa de solo submetida a três campos de
força distintos: forças devidas ao peso dos materiais, forças devidas ao escoamento da água e forças
devidas à resistência ao cisalhamento.

Compreende-se que na estabilização dos taludes devem-se levar em conta os condicionantes


relativos à natureza dos materiais constituintes e dos agentes perturbadores, quer sejam de natureza
geológica, antrópica ou geotécnica. Esses condicionantes tornam o estudo complexo. Deve-se,
também, levar em conta o equilíbrio entre essas forças, uma vez que as forças devidas ao peso dos
materiais e as forças devidas ao escoamento da água se somam, e tendem a movimentar a massa de
solo encosta abaixo, enquanto as forças devidas à resistência ao cisalhamento atuam como um freio
a essa movimentação. Além do mais, é muro importante compreender exatamente o mecanismo de
atuação de cada força, a fim de projetar corretamente as medidas preventivas a escorregamentos.
A análise do equilíbrio-limite considera que as forças que tendem a induzir a ruptura, ou o
movimento, são exatamente balanceadas pelas forças resistentes.

2. INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO NA ESTABILIDADE DE TALUDES

As encostas sofrem, com freqüência, movimentos coletivos de solos e rochas, genericamente


chamados de escorregamentos. O fato é conseqüência da própria dinâmica de evolução das
encostas, onde massas de solo avolumam-se continuamente devido à ação do intemperismo sobre as
rochas, atingindo espessuras críticas para a estabilidade. A partir daí, podem ocorrer movimentos de

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massa relativamente isolados no tempo e no espaço, ou se concentrar em ocorrências simultâneas,
afetando regiões inteiras.
Sabe-se, de um modo geral, que há estreito vínculo entre chuvas intensas e escorregamentos,
existindo diversas causas, como o aumento do grau de saturação do solo, que leva à perda da
“coesão aparente”, desenvolvimento de pressão neutra, que leva à diminuição da pressão efetiva,
aumento do peso do solo pelo acréscimo do grau de saturação, desenvolvimento de pressões
hidrostáticas sobre a massa de solo ou rocha pelo acúmulo de água em fendas ou trincas, aumento
da força de percolação devido ao fluxo subterrâneo da água, entre outros efeitos. Por todas essas
causas, a água da chuva é considerada como elemento desencadeador dos fenômenos de
instabilidade.
A esses fatores, entretanto, devem ser somados outros, que têm grande importância na
estabilidade das vertentes, como forma e inclinação das encostas, natureza da cobertura vegetal,
características do solo e das rochas, tensões internas, abalos sísmicos naturais e induzidos e ações
antrópicas de ocupação.
Existe consenso generalizado de que as florestas desempenham importante papel na
proteção do solo e o desmatamento ou abertura de clareiras pode promover, não só a erosão, mas
também movimentos coletivos de solo. Se bem que relação entre escorregamentos e períodos de
alta pluviosidade seja inegável, o desmatamento e outras formas de interferência antrópica têm sido
reconhecidos como processos desencadeadores de tais fenômenos.
Entretanto é difícil avaliar corretamente as influências da cobertura vegetal natural na
estabilidade das encostas, mas alguns aspectos merecem ser investigados, como a resistência do
sistema solo-raiz, peso da cobertura vegetal, força de arrasto do vento nas copas das árvores e efeito
de tirantes das raízes mais profundas. Estes aspectos da vegetação serão examinados
quantitativamente e seus efeitos avaliados no cálculo do fator de segurança de estabilidade de
vertentes.

3. A EVOLUÇÃO URBANA E OS PROBLEMAS DE ESTABILIDADE;

Com o acelerado crescimento urbano, que muitas vezes é desordenado, acaba-se criando e
acentuando os problemas de má integração intra-urbana, uso errôneo do solo e problemas de infra-
estrutura. Com isso os problemas nas encostas acabam sendo agravados e aumenta o risco à vida
das pessoas.

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A resolução desses problemas pode ser encontrada com o planejamento adequado e
execução correta de interferências para extinguir os riscos de que os mesmos piorem. Apesar de ser
simples, essa resolução acaba por esbarrar em uma série de outras interferências que acabam por
apenas retardar e muitas vezes deslocar o problema. A burocracia para a efetiva ação sobre os
problemas acaba por atrasar o processo em demasia, deixando ao alcance mais imediato dos
governos apenas soluções paleativas. Outras intervenções no solo muitas vezes são até mesmo a
causa dos problemas, como uma estrutura de muro de arrimo mau construído ou mesmo a instalação
de estruturas de uma construção numa encosta, que pode abalar a estrutura que antes estava
naturalmente estável e gerar a desestabilização.
No geral, muitas das intervenções acabam por não conseguir dar fim ao problema. Algumas
das medidas dos governos amenizam quedas de barrancos apenas até a próxima temporada de
chuvas. Muitas das medidas que poderiam ser tomadas como ensaios de laboratório e testes
adequados em campo, são simplesmente substituídos por ações de retardamento da desestabilização
do solo. Tornam-se ações de efeito curto e ineficazes.

4. O CICLO “INSTAVEL X ESTÁVEL” É CONTÍNUO

São vários os fatores naturais que atuam isolada ou conjuntamente durante o processo de
formação de um talude natural e que respondem pela estrutura característica deste maciços.
Algumas ações externas alteram o estado de tensão atuante sobre o maciço. Esta alteração
resulta num acréscimo das tensões cisalhantes que igualando ou superando a resistência intrínseca
do solo leva o maciço a condição de ruptura. Algumas dessas alterações estão relacionadas ao
aumento da inclinação do talude; deposição de material ao longo da crista do talude e efeitos
sísmicos.
As ações externas são aquelas que atuam reduzindo a resistência ao cisalhamento do solo
constituinte do talude, sem ferir o seu aspecto geométrico visível, podem ser o aumento da pressão
na água interstical e o decréscimo da coesão.
As causas intermediarias são as que não podem ser explicitamente classificadas em uma das
duas classes anteriormente definidas: liquefação espontânea; erosão interna e rebaixamento do nível
d’água.

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Por mais que o talude se encontre estável, atingindo assim o seu ângulo de sustentação, ela
ainda continua sujeito a deformações que o leve a instabilidade. Estando assim freqüente, em um
talude natural, o ciclo instável x estável.
Os fatores geológicos são responsáveis pela constituição química, organização e modelagem
do relevo terrestre; à ação deles, soma-se a dos fatores ambientais. Assim, a
litologia, com os constituintes dos diversos tipos de rocha, a estruturação dos maciços – através dos
processos tectônicos, de dobras, de falhamento, etc, e a geomorfologia – tratando da tendência
evolutiva dos relevos, apresentam um produto final que pode ser alterado pelos fatores climáticos,
principalmente pela ação erosiva influenciada pelo clima, topografia e vegetação.
As paisagens naturais são dinâmicas, alterando-se continuamente ao longo do tempo sob a
ação destes fatores.
Ao lado destas ações naturais podem surgir as ações humanas que altera a geometria das
paisagens e atua sobre os fatores ambientais, mudando ou destruindo a vegetação alterando as
formas topográficas e às vezes mesmo o clima; em razão disto, estes maciços diferem bastante dos
aterros artificiais cujo controle de “colocação das terras” permite conhecê-los infinitamente melhor.

5. ESFORÇOS E HIDRÁULICA DOS SOLOS, UMA DUPLA INDIGESTA; samuel

ESTADOS E LIMITES DE CONSISTÊNCIA

CONSISTÊNCIA

A consistência das argilas e de outros solos coesivos é qualitativamente descrita como mole,
média, rija ou dura. (NBR – 6502)

Segundo Milton Vargas, a consistência refere-se sempre aos solos coesivos e é definida
como a maior ou menor rigidez com que uma argila (ou solo com alto teor de argila) se apresenta.
Sabe-se que a rigidez de um solo argiloso varia inversamente com o seu teor de umidade.

PLASTICIDADE

Os solos grossos têm comportamento previsível por suas curvas granulométricas. Entretanto
a experiência mostra que isto não acontece nos solos finos.

Nos solos finos, as partículas grossas (quando existem) estão totalmente envolvidas por
partículas finas, que preenchem todos os espaços deixados por aquelas. Neste caso, o
comportamento do solo será devido predominantemente à fração fina do solo. Uma pequena
variação na proporção de partículas grossas pouco ou nada altera seu comportamento mecânico e
hidráulico.

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Nos solos grossos, parte dos espaços entre as partículas de grande tamanho pode estar
ocupada por partículas finas, que (dentro de certos limites de porcentagem) não terão influência
significativa no comportamento mecânico do solo (conforme a proporção, poderá haver alteração
no comportamento hidráulico, por modificar o índice de vazios e a porosidade do solo).

No comportamento dos solos finos, intervêm, além do tamanho, a forma dos grãos. Esta, por
sua vez, depende da constituição mineralógica (espécie do argilo-mineral). A forma dos grãos, nos
solos finos é tão importante na definição do seu comportamento, quanto as suas dimensões.

Nos pedregulhos e areias os grãos são arredondados e angulosos; em maioria com forma
quase esférica. Nas argilas os grãos tendem a ter formas lamelares, escamosas, filiformes (ou
outras).

Na massa de solo estes grãos em que pelo menos uma das dimensões é muito pequena estão
envolvidos pela água intersticial e (porque é muito grande a relação entre a área superficial das
partículas e o seu volume) os grãos ficam ligados entre si pela ação da água, por forças capilares
que lhes emprestam uma resistência a esforços externos chamada coesão. Por isso os solos finos são
chamados coesivos. Sendo (principalmente) lamelares as formas dos grãos desses solos, eles
poderão deslizar uns sobre os outros quando o solo é deformado por ação de uma força externa; e a
coesão dependerá do teor de umidade do solo, que influi também nas distâncias relativas entre as
superfícies das partículas.

Ao se definir plasticidade como sendo a propriedade de certos sólidos serem moldados


(deformações rápidas) sem apreciável variação de volume (ou ruptura), entende-se que a
plasticidade de certas argilas existe porque a forma lamelar de seus grãos permite um deslocamento
relativo das partículas sem que haja variação de volume e que essa plasticidade depende muito do
teor de umidade da argila.

A plasticidade está associada aos solos finos e depende do argilo-mineral que deu origem à
argila presente nesses solos. Como a forma dos grãos depende da estrutura cristalina, e que essa é
peculiar à cada espécie mineral, conclui-se que cada espécie de mineral argila dará à argila
plasticidade diferente, isto é, capacidade de serem moldadas sem variação de volume. Tal
propriedade depende principalmente do teor de umidade da argila. Para se notar a plasticidade, este
teor de umidade deve ser tal que permita a lubrificação entre as partículas (lamelares),
possibilitando o deslizamento de umas sobre as outras.

RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

A propriedade dos solos em suportar cargas e conservar sua estabilidade, depende da


resistência ao cisalhamento do solo; toda massa de solo se rompe quando esta resistência é
excedida.

Das características de resistência ao cisalhamento dependem importantes problemas de


engenharia de solos e fundações tais como: estabilidade de taludes (aterros, cortes e barragens),
empuxo de terra sobre paredes de contenção e túneis, capacidade de carga de sapatas e estacas.

Qualquer resistência do solo é redutível à sua resistência ao cisalhamento, a qual se


desenvolve quando se tenta deformar o solo, isto é, fazer com que uma parte dele se movimente em

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relação às outras. A resistência ao cisalhamento de um solo se compõe basicamente de duas
componentes:

Sob a denominação genérica de atrito interno, inclui-se não só o atrito físico entre suas
partículas, como o atrito fictício proveniente do entrosamento de suas partículas. Nos solos não
existe uma superfície nítida de contato, ao contrário, há uma infinidade de contatos pontuais.

CONCEITO DE COESÃO

Podemos conceituar coesão como a resistência que a fração argilosa empresta ao solo, pela
qual ele se torna capaz de se manter coeso, em forma de torrões ou blocos, ou pode ser cortado em
formas diversas e manter esta forma. Os solos que têm essa propriedade chamam-se coesivos. Os
solos não coesivos, que são as areias e os pedregulhos, esboroam-se facilmente ao serem cortados
ou escavados.

De uma forma geral, poder-se-ia definir coesão como a resistência ao cisalhamento de um


solo quando, sobre ele, não atua pressão externa alguma. Esta resistência pode ter causa:

          

            

1. Na existência de um cimento natural aglutinando os grãos do solo entre si. Esse cimento é,
em geral, constituído por grãos extremamente finos coagulados entre os grãos maiores,
ligando-os da mesma forma que, no concreto, o cimento Portland aglutina o agregado. Nos
solos residuais, o aparecimento desse cimento é notável e às vezes empresta ao solo
resistências elevadas.
2. Em eventual ligação entre os grãos, muito próximos uns dos outros, que é exercida por um
potencial atrativo de natureza molecular ou coloidal. O potencial atrativo dos grãos coloidais
exerce pressão também sobre a água intersticial. Forma-se assim, uma camada de água
adsorvida (água adesiva) envolvendo os grãos. A camada de água adsorvida mais próxima
dos grãos sofre pressões colossais (ordem de grandeza de 20000 kg/cm2), e encontra-se em
estado sólido (também é chamada água dura). As camadas mais distantes têm alta
viscosidade mas ficam imobilizadas pelas forças atrativas. Essas camadas de água adsorvida
contribuem para o aumento da ligação entre os grãos. Essa é a origem da chamada coesão
verdadeira. No comum dos casos ela é pequena, mas não desprezível. Tenderá a diminuir ou
anular-se quando o solo permanece por muito tempo em contato com as intempéries. Seu
valor depende: da natureza mineralógica da fração argilosa; dos íons adsorvidos na
superfície dos grãos e do espaçamento entre os grãos.

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3. Por efeito da pressão capilar na água intersticial, quando o corpo de prova, torrão ou camada
de solo sofre um esforço de ruptura. Os grãos tendem a moverem-se uns em relação aos
outros e, então, formam-se meniscos capilares entre seus pontos de contato como a figura ao
lado. Os grãos são, neste caso, pressionados uns contra os outros pelo efeito da tensão
superficial que age ao longo da linha de contato entre o grão sólido e o filme de água. É a
chamada coesão aparente ou simplesmente coesão.

Pode-se visualizar este fenômeno tentando-se separar duas placas de vidro entre as quais existe
um filme d’água. Ver-se-á que aparecerá uma força que resiste a separação, força esta oriunda dos
meniscos que se formam entre as placas. Quando a espessura do filme d’água é pequena, a força
necessária para a separação é enorme e quando o filme for de grande espessura a força será
pequena. No caso dos solos finos os espaços entre os grãos serão pequenos. Os filmes d’água terão
pequena espessura e pressão capilar elevada. No caso das areias os espaços entre grãos serão
grandes e as forças capilares desprezíveis. É o caso dos solos não coesivos.

A coesão aparente é um efeito temporário, pois os meniscos tenderão a desfazer-se à medida


que o movimento entre os grãos aumente e as deformações sejam muito grandes. Os meniscos
desfazem-se, também, por efeito de saturação ou movimento da água intersticial. Dessa forma o
efeito da capilaridade poderá ser compreendido como de uma pressão temporária confinante
envolvendo a massa de argila. Como se verá no estudo da resistência ao cisalhamento dos solos,
essa pressão confinante emprestará ao solo uma resistência ao cisalhamento, independente das
pressões aplicadas, mesmo que não haja cimentação nem ligação de natureza molecular / coloidal
entre os grãos.

ESTADOS E LIMITES DE CONSISTÊNCIA

Se a umidade de um solo coesivo é muito elevada, a ponto de este solo se apresentar como
um fluído denso, se diz que o solo se encontra no Estado Líquido. Neste estado o solo praticamente
não apresenta resistência ao cisalhamento.

À medida que perde água, o solo (coesivo) endurece (ou fica mais viscoso). A partir de um
certo teor de umidade h1 = LL (Limite de Liquidez), perde sua capacidade de fluir, porém pode ser
moldado facilmente e conservar sua forma. Então o solo está no Estado Plástico.

Com a continuação de perda de umidade, a capacidade de ser moldado diminui, até que a
partir de um teor de umidade h2 = LP (Limite de Plasticidade), uma amostra se fratura ao se tentar
moldá-la. Este é o chamado Estado Semi-sólido, no qual o solo tem aparência sólida, mas sofre
reduções de volume enquanto continuar a secar.

Continuando a secagem, ocorre a passagem gradual para o Estado Sólido, onde praticamente
não mais ocorre variação de volume devida à perda de umidade. O limite entre esses dois últimos
estados é um teor de umidade h3 = LC (Limite de Contração).

Embora fundamentadas em extensas investigações experimentais, as definições desses


limites são convencionais. Ainda assim permitem, de uma maneira simples e rápida, dar uma idéia
bastante clara do tipo de solo e suas propriedades.

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A figura seguinte ilustra esquematicamente esses estados físicos, chamados Estados de
Consistência e suas fronteiras, os Limites de Consistência.

A conceituação dos limites LL e LP é atribuída ao cientista sueco Atterberg (1911) e o do


LC a Haines.

Em cada uma das regiões citadas o solo terá comportamento mecânico diferente das demais:

 Acima do L.L. ele se comportará como um líquido (viscoso) no qual a resistência ao


cisalhamento é proporcional à velocidade de deformação. O coeficiente de
proporcionalidade entre resistência ao cisalhamento e o gradiente da velocidade de
deformação dv/dz é chamado viscosidade.
 Na zona plástica a resistência ao cisalhamento é proporcional à deformação até um certo
ponto; daí por diante ela é constante e independente da deformação.
 No estado semi-sólido há um ponto limite onde o solo se fratura, correspondente à
propriedade de friabilidade perfeita.

Para complementar os conceitos fundamentais de coesão e plasticidade, serão vistos, dentro em


pouco, os ensaios que determinam os limites de Atterberg para um solo. Ao final do capítulo, serão
feitas interpretações quando tais limites têm valores conhecidos.

As relações entre resistência ao cisalhamento e deformações não são exatamente como


idealizadas na teoria. Conforme o estado do solo, predominando a viscosidade, plasticidade ou a
friabilidade, variam aproximadamente como mostrado nos diagramas seguintes.

6. AS INTERVENÇÕES TENDEM A APENAS DESLOCAR O PROBLEMA

7. O ENGENHEIRO GEOTÉCNICO E SEU CAMPO DE ATUAÇÃO

Além das funções clássicas de investigação de solos e de projetos de fundações e


convenções, campo de atuação se amplia para áreas ambiental e de exploração de petróleo. Pode-se
dizer que a carreira de engenheiro geotécnico existe há mais de 80 anos. O marco inicial de sua
história se deu em 1925, com a publicação do trabalho Erdbaumechanik, que lançou as bases do
conhecimento em Mecânica dos Solos. O livro foi escrito pelo austríaco Karl von Terzaghi,
considerado o pai da Engenharia Geotécnica.
"Ao longo do tempo, essa área do conhecimento cresceu, absorvendo a Mecânica das
Rochas e a Geologia aplicada à Engenharia", afirma Alberto Sayão, professor da PUC-RJ
(Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e membro da ABMS (Associação Brasileira de

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Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica). De acordo com Sayão, o campo de atuação do
engenheiro geotécnico vem se ampliando. Uma das áreas de destaque, exemplifica, é a ambiental,
com atribuições de investigação do nível de contaminação de solos e elaboração de projetos de
tratamento dos terrenos - trabalho importante em tempos de expansão das fronteiras imobiliárias na
direção de antigas regiões industriais de grandes centros urbanos. Além da Construção Civil, o setor
petrolífero do País tende a ser um pólo de atração de engenheiros geotécnicos, dada a expansão das
atividades de exploração de óleo na costa nacional.
No segmento imobiliário clássico, os serviços desse profissional são solicitados
principalmente nas etapas iniciais da obra. É ele quem coordenará as atividades de investigação do
solo, terraplanagem, escavações, contenções, projeto e execução de fundações, entre outros.
Nas sondagens dos terrenos, o engenheiro geotécnico é responsável por identificar as
camadas de solo da região, determinar suas propriedades mecânicas e geotécnicas - como a
resistência e a deformabilidade -, realizar a análise qualitativa dessas informações, estudar a
hidrologia subterrânea e estabelecer as camadas seguras para apoio das fundações, entre outras
atribuições. É sua responsabilidade, também, realizar estimativas de deformações ou rupturas
devido a escavações de terra ou aterro em obras de terraplanagem.
O cálculo das fundações e contenções de uma construção, área onde solo e estrutura estão
em permanente interação, também deve ficar sob responsabilidade de um engenheiro geotécnico.
Ele estará à frente do planejamento e execução das escavações e contenções do terreno,
acompanhando com atenção as acomodações de solos decorrentes do serviço. Esse profissional
escolherá, ainda, o melhor tipo de contenção para cada obra, além de cuidar da estabilização dos
solos, no caso de terrenos acidentados.
Nas etapas de produção e execução dos projetos de um edifício, o calculista das fundações
manterá, na maior parte do tempo, contato próximo com o arquiteto e, principalmente, com o
calculista estrutural da construção. O primeiro traça o desenho geral do edifício, o segundo projeta a
estrutura e determina as cargas atuantes nas bases dos pilares - informações necessárias para que o
projetista de fundações dimensione a base de apoio do edifício e escolha a melhor tecnologia para
sua execução: radier, sapatas, tubulões, estacas pré-moldadas e hélice contínua, entre outros.
Eventuais ajustes são tratados com o calculista estrutural, que negocia alterações no desenho com o
arquiteto responsável.
E qual o caminho para chegar à Engenharia Geotécnica? Para quem acaba de sair da
faculdade, o ideal, segundo os engenheiros entrevistados pela Téchne, é primeiro adquirir certa

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experiência em canteiro. "É muito difícil um engenheiro começar uma carreira geotécnica sendo um
recém-formado", afirma Ivan Joppert Júnior. Ele acredita que, nessa especialidade, a experiência do
profissional é muito valorizada pelo mercado. Alberto Sayão concorda com o projetista: "na
faculdade, o profissional aprende a calcular e projetar; no canteiro, porém, ele toma contato com as
diversas metodologias construtivas, problemas e soluções". "O melhor profissional é aquele que
estudou muito e que amassou muito barro, errou bastante e aprendeu com seus erros o limite da sua
área de atuação", brinca Joppert.
A realização de cursos de atualização e pós-graduação em geotecnia é indispensável. Para
Alberto Sayão, depois de dois anos em canteiro, o engenheiro está apto a partir para um curso de
pós-graduação. Na visão do professor, a melhor opção seria o mestrado. "Cursos de Especialização
(lato sensu) em Geotecnia são mais raros no País", afirma. "O Mestrado, por sua vez, é um grande
treinamento. Com os conhecimentos adquiridos na graduação, o aluno se debruça sobre um
problema, resolve-o e enfim o reporta em seu trabalho final." Para Joppert, a participação em
congressos e palestras também é importante para agregar ao conhecimento do profissional a
experiência prática de outros colegas do ramo.
Essa base teórica e prática irá compor os fundamentos da carreira do engenheiro geotécnico.
Por isso, o profissional deve focar sua formação básica em disciplinas como geologia, mecânica dos
solos e obras de terra, fundações, estabilidade da construção e estruturas de aço e concreto armado.
Com essas ferramentas, será mais fácil lidar com os desafios que surgirão no dia-a-dia. Mas, apesar
das dificuldades, para Ivan Joppert Júnior o trabalho é gratificante. "Não existe rotina, todos os dias
você aprende e tem que utilizar o seu potencial intelectual e toda a sua experiência e conhecimento
para resolver os problemas cotidianos. A sensação de realização é muito grande", conclui.

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8. BIBLIOGRAFIA:

Faria, Renato. Carreira: engenheiro geotécnico. Disponível em:


http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/141/engenheiro-geotecnico-119343-1.asp Acesso
em:

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