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Módulo 2 - Procedimentos para Criação de RPPN
Módulo 2 - Procedimentos para Criação de RPPN
Particulares do
Patrimônio Natural -
RPPN
Módulo
2 Procedimentos para
criação de RPPN
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa
Equipe responsável
José Luciano de Souza, (Conteudista, 2020).
Bernardo Ferreira Alves de Brito (Coordenador ICMBio, 2020)
Lídia Hubert, (Coordenadora, 2020).
Simone Bertulio (Coordenação Web, 2020)
Laisa Daiany Lima Silva (Revisão de texto, 2020)
Thiego Carlos da Silva (Implementação Articulate, 2020)
Karen Evelyn Scaff (Direção e produção gráfica, 2020)
Gabriel Bello Henrique Silva (Implementação Moodle, 2020)
Ana Carla Gualberto Cardoso (Diretora de arte, 2021).
Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório
Latitude e Enap.
Enap, 2021
Referências...................................................................................... 34
Apresentação
Este módulo permitirá que você adquira conhecimento acerca da documentação exigida para
criação de RPPNs e sobre como conduzir os processos e realizar os trâmites para criação dessa
categoria de unidade de conservação.
Bons estudos!
Então vamos iniciar esse estudo assistindo aos quatro vídeos tutoriais abaixo, que abordam
as características dos documentos, os detalhes que precisam ser observados com atenção e
os principais problemas encontrados na verificação desses documentos encaminhados pelos
proprietários de imóveis interessados em criar uma RPPN.
Vale mencionar que todas as etapas que serão apresentadas são importantes, pois cumprem
com as determinações e normas previstas na legislação e possibilitam que a RPPN seja criada
de forma que no futuro não seja anulada devido a falhas ou erros materiais na sua constituição.
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Destaque,h
Endereço de acesso ao requerimento via SIMRPPN: http://sistemas.icmbio.
gov.br/simrppn
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Destaque,h
Endereço para o envio da documentação digitalizada: rppn.sede@icmbio.gov.br
O check list visa verificar se todos os documentos foram enviados. A pré-análise tem como
finalidade conferir se os documentos enviados estão de acordo com as especificações técnicas
previstas no Decreto nº 5.746 de 2006.
+ Exemplo 2
+ Exemplo 3
O Requerimento (Pessoa Jurídica) foi assinado por um Diretor que não tem poderes
para representar a empresa. Analisando o contrato social foi verificado que somente
o Presidente da empresa tem poderes para representar e alienar um bem imóvel da
empresa.
1. Nome do imóvel.
5. Tamanho do imóvel.
6. Limites do imóvel.
Essas informações podem ser extraídas dos documentos cartoriais, principalmente da Certidão
de Matrícula e Registro do Imóvel, como se demonstra no exemplo a seguir:
Destaques em vermelho 📕
A Fazenda Bela Vista, de propriedade de João Aparecido de Oliveira, matriculada sob a matrícula
nº 4.345, registro nº 01 do livro 02, Ficha 01 de 02 de agosto de 1980, registrada no Cartório do
2º Ofício de Registro de Imóveis da Comarca de XXXXX, possui uma área de 140 ha.
Destaques em amarelo 📙
O limite do imóvel descreve a área da fazenda de forma geral. Naquela época era comum esse
tipo de descrição, atualmente os imóveis acima de 100 ha são averbados (nos casos previstos na
legislação), com seus limites georreferenciados de acordo com as normas técnicas estabelecidas
📘
pelo INCRA.
Destaques em azul
Demonstra os antigos proprietários do imóvel, João Neto de Oliveira e Maria Aparecida das
Graças de Oliveira, e o Título aquisitivo R 1 - 999 do livro 2, em 01/03/1970.
Com relação aos casos de Hipoteca, penhora ou qualquer outro tipo de alienação que impede a
criação da RPPN, a certidão de ônus reais e ações reais e pessoais reipersecutórias sobre o imóvel
irá demonstrar se existe ou não algum impedimento para criação da RPPN.
📕
Imagem - Certidão de Matrícula 02
Destaques em vermelho
A Fazenda Nova Era, de propriedade de Rosimeire Rodrigues dos Santos, matriculada sob a
matrícula nº 515, registro nº 01 do livro 02, Folha 02 de 22 de fevereiro de 2000, registrada no
📙
Cartório no Ofício de Registro de Imóveis da Comarca de XXXXX, possui uma área de 1.064 ha.
Destaques em amarelo
📘
Os limites do imóvel também descrito neste exemplo é apresentado de forma geral.
Destaques em azul
Para auxiliar nessa análise, disponibilizamos abaixo um modelo de tabela que utilizamos para
verificar a cadeia dominial do imóvel:
Neste exemplo verificamos que em 22/01/1968, por meio da transcrição nº 5.485 - Registro 1,
a propriedade era de Francisco Neto e Maria de Oliveira (casados), sendo que em 07/03/2000 a
propriedade foi vendida ao Sr. Raimundo de Oliveira, passando a ter a Matrícula nº 777 (Registro
nº 1). Em 08/05/2001, Rosana Siqueira comprou o imóvel registrando a compra na mesma
matrícula por meio do registro nº 2. Em 19/01/2019, vendeu a propriedade para Helvécio Neto
e sua esposa Maria Lucia Neto, e registrou-se a compra no registro nº 3 da mesma matrícula.
Podemos perceber, nessa análise, que os registros indicam os proprietários do imóvel nos últimos
50 anos.
Outro exemplo:
Vemos no exemplo acima que a cadeia dominial apresenta os proprietários somente nos últimos
10 anos. Esse exemplo explica o caso da apresentação da cadeia dominial trintenário ou desde a
sua origem: a origem é o Governo do Estado da Bahia, que passou o imóvel para um proprietário
particular em 07/03/2009.
Esse exercício de verificação da cadeia dominial trintenária é necessário nos casos em que
o proprietário encaminha a certidão de matrícula e registro do imóvel e não apresenta uma
certidão da cadeia dominial trintenária específica.
Se o proprietário apresentar a certidão dominial trintenária, basta realizar uma leitura simples
do documento e verificar se consta a cadeia dominial do imóvel.
Agora que você entendeu como averiguar os documentos cartoriais, passemos à verificação das
peças cartográficas do imóvel e da RPPN.
É importante destacar que o SIMRPPN realiza uma série de análises georreferenciadas das
coordenadas inseridas pelo proprietário no requerimento, tais como:
Caso alguma das análises feitas pelo SIMRPPN constate erro ou incoerência nas informações,
o sistema aponta o problema e indica uma solução direto na tela do SIMRPPN. Assim, o
requerimento só é gerado após o proprietário solucionar o problema do georreferenciamento.
Além disso, o sistema desenha os limites da área do imóvel e da RPPN, bem como projeta no
fundo das áreas a imagem de satélite do Google Maps . O SIMRPPN disponibiliza os arquivos
do imóvel e da RPPN com extensão shapefile para confecção de mapas e para a realização de
outras análises que forem pertinentes.
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Destaque,h
O requerimento somente é gerado pelo SIMRPPN se o memorial descritivo
não apresentar nenhum erro ou incoerência nas informações prestadas.
Feitas essas observações, vamos demonstrar os passos que você deverá realizar para verificação
das peças cartográficas.
E se o proprietário apresentou outros memoriais descritivos que não foi gerado pelo SIMRPPN?
Se forem outros, tudo bem! A norma atual possibilita que o proprietário apresente outros
memoriais descritivos que não seja do mesmo formato do sistema, desde que as coordenadas
sejam as mesmas inseridas no SIMRPPN.
Para que você tenha certeza que as coordenadas apresentadas são as mesmas, basta fazer uma
simples comparação entre o documento apresentado e o que foi gerado pelo sistema. Além
dessa conferência, observe se constam as seguintes informações no memorial descritivo:
• Nome do Proprietário
• Município/UF
• Tamanho da área
Caso os memoriais descritivos apresentem alguma informação incoerente, temos duas opções
para solucionar o problema:
Esses são os aspectos que devem ser averiguados nos memoriais descritivos. Agora vamos
aqueles que aspectos que devem ser observados no mapa.
Antes disso é importante que você saiba que o SIMRPPN gera apenas um mapa (croqui) da área
da RPPN, a partir das coordenadas inseridas no sistema, conforme demonstrado na imagem a
seguir. Também é disponibilizado o desenho da área do imóvel e da RPPN na tela do sistema com
uma imagem do Google Maps no fundo.
Com essas informações será possível realizar uma simples análise comparando entre o mapa
apresentado pelo proprietário e o que foi gerado pelo sistema a partir dos memoriais descritivos
inseridos no SIMRPPN.
Essa avaliação nos permite saber se o mapa apresentado é referente aos memoriais descritivos
enviados. Erros desse tipo são comuns, por isso é necessário fazer essa análise.
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Destaque,h
O ICMBio disponibiliza e considera como informação oficial os memoriais
descritivos que estão armazenados no SIMRPPN.
Além dessa verificação, no mapa você também deverá analisar se os itens apontados abaixo
conferem com as informações constantes nos memoriais descritivos:
• Nome do Proprietário.
• Tamanho da área.
• DATUM/Sistema de Projeção.
Caso o mapa apresente alguma informação diferente das prestadas nos memoriais descritivos,
temos duas possíveis soluções para o problema:
Após examinar as peças cartográficas do imóvel e da RPPN, há outros aspectos importantes que
fazem parte da análise da proposta de criação da RPPN. É o momento de confeccionar mapas
que farão parte do processo de criação da RPPN, procedendo as seguintes análises:
Se constatada a sobreposição com algum estudo de criação de uma UC, cada caso
deverá ser analisado, pois é necessário que se busque a compatibilização das
duas propostas. É política do ICMBio compatibilizar as propostas sem que isso não
prejudique os objetivos da unidade pública em processo de criação.
+ Sobreposição com áreas prioritárias para a conservação
Se as áreas já forem reconhecidas pelo INCRA, não será possível a criação da RPPN,
exceto se os interessados forem os próprios assentados ou quilombolas. Isso
dependerá de uma análise prévia para verificar a situação de cada assentamento
ou área de quilombola. Se essas áreas ainda estiverem em estudo, é possível uma
consulta oficial ao INCRA solicitando anuência para criação da RPPN.
Pode haver também casos em que, na própria imagem, são visíveis áreas de agricultura
ou pecuária, devendo o proprietário ser informado de que a área solicitada (ou
parte dela) para a criação da RPPN não poderá ser reconhecida, pois não atende os
objetivos de criação de RPPNs. O proprietário poderá ajustar o tamanho e os limites
da proposta de criação da reserva, entregando novamente as peças cartográficas e
ajustando o requerimento e o termo de compromisso.
Em qualquer caso que esteja em desacordo com a legislação ou com os objetivos de criação da
RPPN, o proprietário precisa ser informado, por meio de ofício, sobre a pendência ou sobre o
indeferimento da proposta de criação da RPPN, com as devidas justificativas.
Tais mapas farão parte do processo de criação da RPPN, como forma de comprovação de que não
existe nenhuma sobreposição na área da reserva.
Esses são os passos para análise das peças cartográficas da área da RPPN. Caso não haja nenhuma
pendência, o processo de criação da reserva está apto a passar para as próximas etapas.
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Destaque,h
Lembrando: o técnico oficializará por escrito o proprietário se houver
documentos pendentes.
• Áreas de conectividade.
• Quem realiza a vistoria técnica são os Analistas Ambientais lotados nas unidades de
conservação, de preferência, as que estão próximas à área da RPPN proposta.
• A solicitação para a realização da vistoria técnica é feita pela área técnica responsável
pela criação da RPPN em Brasília, de forma oficial, com cópia para a Coordenação
Regional responsável pela unidade, visando acompanhar o andamento da vistoria.
O Formulário de Vistoria Técnica é um modelo padrão usado como roteiro para as vistorias.
Esse formulário está dividido em seis partes: Características da Proposta. Caracterização do
Proprietário ou Representante Legal da Reserva. Descrição da Reserva Proposta. Características
Ambientais da Reserva. Características sociais da reserva e do imóvel e Conclusão da vistoria
(parecer conclusivo).
O parecer conclusivo da vistoria deve ser bem elaborado, justificando a criação ou não da reserva,
apontando principalmente os atributos e o estado de conservação da área.
Caso o parecer seja contrário à criação da RPPN, o Analista Vistoriador irá elaborar uma justificativa
acerca da impossibilidade. O proprietário deverá ser oficializado sobre o indeferimento da criação
da RPPN com a devida justificativa, via ofício.
O prazo para manifestação sobre a proposta de criação da RPPN é de vinte dias, a partir da data
de publicação do extrato no Diário Oficial da União.
Havendo alguma manifestação contrária à criação da reserva dentro do prazo estabelecido (20
dias), o questionamento será analisado dentro do contexto da proposta.
Realizada a consulta pública e não havendo impedimentos para a criação da RPPN, segue-se para
a próxima etapa.
Deve-se então organizar o processo de criação da RPPN para que seja submetido à Procuradoria
Federal Especializada do ICMBio. Com esse propósito, temos que elaborar os seguintes
documentos:
• Minuta de Portaria
+ Nota Técnica
As informações da região onde está situada a proposta da RPPN podem ser coletadas
por meio de dados secundários, principalmente se existir estudos técnicos da região
ou até mesmo de um plano de manejo de uma unidade de conservação próxima à
área da reserva.
+ Minuta da Portaria
• Nota Técnica.
Se houver algum outro documento ou estudo técnico que você avalie como importante para o
processo de criação da RPPN, ele também poderá ser juntado ao processo.
Organizado o processo, ele é enviado à Procuradoria para análise jurídica da proposta de criação
da RPPN e da minuta de Portaria.
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Destaque,h
O envio do processo à Procuradoria Federal Especializada do ICMBio deve ser
realizado por meio de Despacho Interlocutório, via Diretoria, e com a devida
aprovação da criação da RPPN.
• Se o representante legal, quando pessoa jurídica, tem poder legal para assinar o
requerimento e o termo de compromisso.
• Tamanho da área da reserva => com base no requerimento e nas peças cartográficas.
• Matrícula, registro, livro e comarca do imóvel => com base na escritura pública do
imóvel.
Esse documento é assinado pelo Diretor do ICMBio e enviado ao proprietário junto com um
ofício informando sobre os passos para a averbação do Termo.
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O oficial do cartório poderá solicitar outros documentos ao proprietário no
ato da averbação do Termo de Compromisso, visando regularizar alguma
pendência fundiária do imóvel.
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Destaque,h
Vistorias de acompanhamento serão realizadas na área da RPPN sempre que
possível.
Ao ser concluído, o processo de criação da RPPN deverá ter, no mínimo, os seguintes documentos:
• Nota Técnica.
• Parecer Jurídico.
Referências
BRASIL. Decreto n.º 5.746, de 05 de abril de 2006. Regulamenta o art. 21 da Lei n.º 9.985, de 18
de julho de 2000.
O que é Cadeia Dominial? Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Disponível em:
http://www.incra.gov.br/pt/perguntas-frequentes-acesso-inf.html - acessado em 08/07/2020.
Roteiro para Criação de RPPN Federal. Reserva particular do Patrimônio Natural / José Luciano
de Souza, Dione Angélica de Araújo Côrte. – Brasília, DF: Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, 2011. 92p.: il. color; 25 cm.