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A DESCRIÇÃO
Descrever um lugar, uma paisagem, uma pessoa ou um objeto é dizer como eles são, pormenorizadamente e
de forma organizada.
A descrição introduz pausas na narração, segmentos descritivos que podem ser compostos desde simples
expressões a parágrafos mais ou menos extensos. Os segmentos ou sequências descritivas podem incluir catálises,
ou seja, acontecimentos que, embora não façam avançar a história, fornecem informações importantes para a
composição do retrato de algo ou de alguém. Trata-se de um elemento essencial da narrativa na medida em que,
embora interrompa o desenrolar da ação, permite a construção do contexto espácio-temporal e a caracterização das
personagens.
A descrição pode ser objetiva (identificação rigorosa de um objeto observado com imparcialidade) ou
subjetiva (dando conta das sensações e emoções provocadas) e também se pode distinguir descrição estática
(referente a um cenário imobilizado) de descrição dinâmica (de um cenário em movimento).
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Exemplo de descrição estática:
Na semiescuridão do quarto, com a lâmpada elétrica apagada, a mortiça e azulada luz da noite lá
de fora reflete palidamente o branco-preto-branco-preto do teclado do piano.
A fala dos esquecidos, Paco Regueira
a DESCRIÇÃO TÉCNICA – apresentação objetiva, precisa e fiel de algo ou de alguém; o seu principal objetivo
é informar de forma ordenada e imparcial;
a DESCRIÇÃO LITERÁRIA – apresentação subjetiva de algo ou de alguém; tem como principal objetivo
imprimir uma imagem, ou visão, de acordo com um ângulo mais ou menos parcial; não é necessariamente
imprecisa ou infiel à realidade, mas é frequentemente parcial.
A descrição técnica é própria dos textos científicos e técnicos. A sua finalidade é informativa: nela, o emissor
limita-se a expressar o que vê de maneira minuciosa e precisa, sem manifestar opiniões ou sentimentos. Esse tipo de
descrição utiliza uma linguagem objetiva e rigorosa. Exemplo:
A vítima. Mariana da Silva (25 anos), moradora da cidade do Rio de Janeiro, estudante de Direito e modelo
fotográfica, está desaparecida desde a semana passada. De acordo com o retrato. Mariana é alta, cabelos pretos
longos e tem uma tatuagem de flores nas costas.
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A descrição literária é própria dos textos literários/subjetivos. A sua finalidade é estética. Não há tanta
preocupação em refletir a realidade, mas em dar conta dos efeitos que essa realidade produz no ânimo daquele que
a descreve. Por isso, esse tipo de descrição perde em detalhes e exatidão e impregna-se de valores pessoais que
transmitem as emoções e os sentimentos de quem faz a descrição. Exemplo:
Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta, bordado a
sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do
travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e
láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus
dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates .
O primo Basílio, Eça de Queirós
sutache - trancinha de seda, algodão ou lã, para enfeite de vestuário.
Ordenação (deve selecionar-se a ordem de apresentação dos elementos – do geral para o particular
ou vice-versa, de cima para baixo ou vice-versa, ...);
Uso de adjetivos;
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Verbos no Pretérito Imperfeito ou Presente do Indicativo;
Recursos expressivos: adjetivação (simples, dupla, tripla...), personificação, metáfora, enumeração,
gradação, comparação, ...
Apelo a sensações:
EXEMPLO:
Na Primavera as bétulas cobriam-se de jovens folhas, leves e claras, que estremeciam à menor aragem.
Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e cuja corrente recomeçava a cantar
noite e dia entre ervas, musgos e pedras.
In O Cavaleiro da Dinamarca, Sophia de Mello Breyner Andresen
- Descrever características que não se podem encontrar em qualquer lugar. É essencial que se destaquem os traços
distintivos, para que a imagem verbal não seja visualizada superficialmente. Isso enriquece a descrição e torna o
texto mais atraente. Exemplos: dizer que o cabelo é preto não é novidade, pois muitas pessoas têm o cabelo preto,
mas dizer que na raiz branca do cabelo podia-se perceber que era tingido é uma característica específica, que ajuda a
distinguir o indivíduo da maioria.
- Deve-se separar aspetos físicos, emocionais e psicológicos, caso haja os três, e descrever um de cada vez para que a
imagem possa ser construída coerentemente
Dentro de diferentes tipos de textos, podem surgir pequenas descrições, e isso representa uma pausa na linha do
tempo em que a história acontece. Esse recurso é utilizado para chamar a atenção do leitor para determinada cena,
pessoa, objeto, sensação, etc. Especificamente no texto descritivo, ou seja, na redação em que é exigida uma
descrição, os géneros não podem misturar-se. Para isso devemos seguir algumas dicas para a construção desse tipo
de texto.
Na introdução, informa o que será descrito: uma máquina, um evento, uma pessoa...
No desenvolvimento, descreve os seus detalhes.
Na conclusão, faz um apanhado geral do que descreveste, salientando a característica mais marcante