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O último tema a ser estudado, nesta unidade, será o método que Deus
utiliza para restaurar seus servos: a oração e o perdão. Através dessas
duas armas espirituais (Jó orou e perdoou os que o acusavam de
pecado), Jó recebeu a bênção divina e, como resultado, foi totalmente
curado, teve uma nova família, sua vida financeira e social foram
restauradas, e viveu mais 140 anos.
CAPÍTULO 1
O Livro de Jó
O livro de Jó apresenta o sofrimento de um homem temente a Deus
que, mesmo sendo integro, foi assolado por um plano diabólico que o
fez perder não só seus bens materiais e sua família, como também sua
saúde. Esse plano, apesar de lhe ter causado extremo sofri mento, não
impediu que o servo de Deus deixasse de adorá-lo. Essa história
fantástica deve ser estudada com profunda devoção, em oração e
dedicação, para que o estudante possa compreendê-la e,
consequentemente, fortalecer sua fé. A falta dessas ações poderá fazer
com que o leitor se torne um crítico de Deus, e até mesmo um cético,
por não entender e não aceitar - que um homem como Jó, que era reto
e respeitado em sua sociedade, por ações de justiça e de misericórdia
para com os pobres, experimentasse tamanho sofrimento. Isso tem
levantado diversos questionamentos sobre o Altíssimo, sobre suas
ações e sobre o sofrimento humano. Um desses questionamentos é:
"Como pode um Deus onipotente permitir que Satanás toque em seu
servo fiel?" Todos os questionamentos levantados sobre o Eterno e
suas ações são respondidos pelo Senhor, nos capítulos 38 a 41, através
da sua revelação a Jó. Nessa revelação, Deus exalta Sua sabedoria,
revela Sua ação diante dos dilemas do homem e mostra a razão de Ele
permitir o sofrimento aos justos, e mostra segredos que não
encontramos em nenhum outro livro da Bíblia, como, por exemplo, a
intimidade que Ele tem com sua criação.
A Natureza do Livro
Quando observamos a vida de Jó, vemos que ele era integro, pois foi o
próprio Deus quem deu esse testemunho a Satanás: "Perguntou ainda o
Senhor a Satanás: Observaste a meu servo Jó? Porque ninguém há na
terra semelhante a ele, homem integro e reto, temente a Deus, e que se
desvia do mal." (Jó 1.8). No entanto, sua integridade não o protegeu das
duas investidas de Satanás. Na primeira, Jó perdeu todo o seu rebanho
para os saqueadores que mataram seus servos, fogo do céu destruiu
suas ovelhas e todos os filhos de Jó morreram num furacão (Jó 1.13-
19). Na segunda, Satanás "feriu a Jó de tumores malignos, desde a
planta do pé até o alto da cabeça" (Jó 2.7). Como resultado do seu
sofrimento, ele foi acusado de pecado e desprezado pelos seus amigos,
familiares e empregados. Tudo isso - as ações de Deus, Satanás e o
sofrimento de Jó - leva muitos a perguntarem:
3. Se Deus revela aos seus servos as suas ações futuras (Am. 3.7). por
que Ele não avisou a Jó sobre a tragédia, para que ele pudesse se
preparar?
4. Seria necessário Deus provar a Satanás que Jó era fiel, já que Ele é
onisciente?
Os Objetivos do Livro
Os Questionamentos de Jó
CAPÍTULO 2
A Casa do Oleiro
A Fidelidade e a Prosperidade de Jó
O Sofrimento de Jó
Vendo que sua primeira investida não surtira efeito, Satanás foi, pela
segunda vez, à presença de Deus, que testemunhou, novamente, sobre
a integridade de Jó, e acrescentou: "Ele ainda conserva a sua
integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem
causa Satanás, então, respondeu ao Senhor: "Pele por pele! Tudo o
que o homem tem dará pela sua vida. Mas estende a tua mão, e toca-
lhe nos ossos e na carne, e ele certamente blasfemará de ti na tua
face!" (Jó 2.3-6). Em resposta, Deus permitiu que Satanás tocasse em
Jó, porém novamente proibiu-lhe tirar a vida de seu servo. Começou
aqui a segunda etapa do sofrimento de Jó.
O SOFRIMENTO DE JÓ
1) Tumores - Jó 2.7.
2) Tumores por todo o corpo -Jó 7.5
3) Depressão Jó 7.16; 30.16.
4) Falta de apetite Jó 19.20.
5) Febre constante Jó 30.30.
6) Pele descamada escura Jó 30.30.
7) Desprezo - Jó 19.18.
8) Angústia no espírito e na alma Jó 7.11; 10.1
9) Insónia Jó 7.4.
10) Pontada nos ossos Jó 30.17
11) Pesadelos Jó 7.13,14.
12) Mau Hálito Jó 19.17
13) Problema na visão Jó 17.07.
14) Dor constante Jó 2.13
O DESPREZO SOCIAL DE JO
OS TIPOS DE SOFRIMENTOS:
CONSECUTIVO
PUNITIVO
CORRETIVO
INSTRUTIVO
REDENTIVO
A Guerra Espiritual
Satanás e o Sofrimento em Jó
Para que Satanás consiga fazer com que o homem blasfeme contra
Deus, ele utiliza estratégias cruéis e inimagináveis aos humanos. Esses
métodos são revelados no livro de Jó e, com certeza, é um prêmio
divino para os homens, pois, por esse conhecimento, eles poderão se
preparar contra os ataques do Diabo. Os principais métodos que ele
utiliza para massacrar o homem (especialmente os justos) são:
imprevisibilidade, surpresa, sofrimento cumulativo, ataque ao bem mais
precioso do homem e notícias devastadoras. Todos esses métodos
foram utilizados contra Jó. O primeiro deles foi a surpresa, a qual vemos
em Jó 1.13, que diz: "Certo dia, quando os filhos e as filhas de Jó
comiam e bebiam..." É dessa forma que começa o relato da desgraça
que sobreveio a Jó, e esse "certo dia" indica que o Diabo levou um
tempo entre a permissão que recebera de Deus e a execução de seu
plano contra Jó, e que a execução desse plano foi numa época
inesperada. Ele também fez com que tudo acontecesse ao mesmo
tempo e com já vimos, lutou para que Jó recebesse as notícias de sua
desgraça uma após a outra. Estratégias como esta acontecem com
muitos cristãos que, sem esperar, veem-se em meio a problemas que
aparecem um após o outro. Quando isso
acontecer, podemos ter a certeza de que o Diabo está por trás desses
acontecimentos, com o objetivo de nos desestabilizar emocional e
espiritualmente, para que critiquemos a Deus.
Deus e o Sofrimento em Jó
CAPÍTULO 4
A Teologia de Jó
Essa comunhão que o patriarca tinha com Deus o fez - mesmo sem
livros sagrados escritos em sua época - conhecer a sabedoria e o poder
do Senhor. Essas qualidades são expressas, de maneira magnífica, no
capítulo 9 do livro, no qual Jó afirma que Deus "é sábio de coração, e
poderoso em forças" (v.4). Nos versículos 5-9 desse mesmo capítulo, Jó
apresenta o domínio do Altíssimo sobre a natureza, ao dizer:
Ele é o que transporta as montanhas, sem que o sintam... Ele fala ao sol,
e ele não sai; sela a luz das estrelas. Ele sozinho estende os céus, e
anda sobre as ondas do mar...
3. Sua adoração que faz sua história ser considerada como o triunfo
do louvor.
Diante do exposto, podemos afirmar que erram os que dizem que Jó não
conhecia a Deus. Essas pessoas se baseiam na afirmação de Jó depois
que Deus se revelou para ele, restituindo-lhe a saúde e sua riqueza: "Eu
te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem" (Jó 42.5). Na
realidade, Jó não estava dizendo que não conhecia a Deus, apenas que
seu conhecimento se ampliará com sua revelação. Isso é verdade, pois,
como vimos, os capítulos 9 e 12 nos mostram que ele conhecia o Todo-
Poderoso.
A Fé de Jó
Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.
E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne, verei a
Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, com meus próprios olhos, eu, e não
outros.
Nessa declaração, Jó mostra seu conhecimento sobre Deus e a
confiança inabalável de que ele sairia vitorioso daquela situação.
Somente quem tem uma fé inabalável pode, em meio às perdas
importantes, fazer afirmações como essas. Essa fé condiz com a de Hb.
11.1, pois é o firme fundamento, ou seja, a certeza que somente é
percebida por aqueles que têm comunhão com Deus (1Co. 2.14). Por
isso, os amigos de Jó não compreendiam suas convicções, pois não
conheciam o Altíssimo como o patriarca o conhecia.
Um outro texto bíblico que nos incentiva a conhecer Deus é Oséias 6.3,
que diz: "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor". Esse
conhecimento só é possível por meio do estudo da Palavra de Deus e
através da vivência com o Senhor no dia-a-dia, quando Ele mostrará o
seu cuidado, a sua fidelidade e o seu poder para conosco. Podemos
afirmar, portanto, que, quanto mais conhecemos a Deus, mais cremos
nele, e quanto maior é a nossa fé, mais desejo teremos de conhece-lo
Portanto, fé e conhecimento espiritual são interdependentes, e isso
estava presente na vida de Jó, pois o seu conhecimento sobre Deus o
levou a fazer declarações que exaltavam a perfeição do Todo-Poderoso.
O Louvor em Jó
As Fontes e os Objetivos do
A Teologia do Louvor
Em João 4, ao falar com a mulher samaritana, Jesus lhe disse: "Mas vem
a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espirito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem.
Deus Espirito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e
em verdade" (vs. 23-24). Encontramos, neste texto, o valor que o Pai dá
ao seu louvor, a tal ponto de se empenhar em procurar pessoas
dispostas a engrandecê-lo. As características que Ele requer desses
adoradores é que eles O exaltem em espírito e em verdade. Isto significa
que o louvor autêntico nasce do íntimo e independe de incentivos
externos, como, por exemplo, música, ritmo, dança etc. Essas ações
apenas expressam a cultura humana e o júbilo dos crentes em Cristo, e
são importantes para o louvor congregacional, mas elas não são a
essência do louvor. Com isto, queremos dizer que o louvor deve existir
todos os dias, o dia todo, em todos os locais, tenha música ou não, pois
ele se expressa nos atos dos justos, quando esses perdoam o irmão,
rejeitam o pecado, auxiliam o caído, rejeitam falar mal de outrem e falam
sobre as características de Deus para as pessoas.
Foi exatamente isso que aconteceu com Jó: adorou a Deus, mesmo sem
instrumento e sem estar na congregação. Uma outra característica que o
Pai procura nos seus adoradores é a verdade, que vem do grego
Aletheia, significando aquilo que é autêntico e claro. Isto indica que o
louvor a Deus deve ser puro e sincero. Neste caso, podemos afirmar que
se não houver essas características, os hinos nas Igrejas não passam de
meras músicas que não sensibilizam o Altíssimo.
CAPÍTULO 5
A Soberania Divina
Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.
E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne, verei a
Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, com meus próprios olhos, eu, e não
outros.
Isso aconteceu da forma mais inesperada possível: o Senhor respondeu
a Jó do meio de um redemoinho (Jó 38.1). Num primeiro momento, ao
levantar os olhos, ele poderia imaginar o pior, mas o relato sobre esse
momento mostra segredos de Deus, os quais surpreendem mais sábios
dos crentes.
O primeiro segredo está na ação de Deus ao ir até seu servo. Isto revela
algo interessantíssimo sobre o Criador. Ele é o ser mais humilde do
universo (Is.57:15). Esta é uma das maiores revelações do Altíssimo,
pois, mesmo sendo o Todo-Poderoso, Ele tem a humildade de trocar o
trono da sua glória para se encontrar com um homem moribundo. Um
outro ponto a ser destacado no texto sobre o Senhor é o fato de Ele ter
escolhido um redemoinho para se revelar ao seu servo (fenómeno da
natureza que geralmente traz destruição, o que menos servo de Deus
precisava naquele momento, pois já sofrera escárnio, solidão, desprezo e
perdas). Isto nos mostra que as manifestações de Deus não estão em
conformidade com os nossos padrões, pensamentos, costumes e nossas
culturas. Por isso, precisamos entender que não podemos exigir que
Deus atue de acordo com os nossos padrões e não julgá-Lo de acordo
com os nossos pontos de vista, pois Ele transcende o ser humano em
sua forma de agir, e por isso o homem natural não compreender as
coisas do Espirito, pois lhe parecem loucura (1Co.2.14). Quando veio a
Jó, em meio à tempestade (16-40.6) Ele estava querendo mostrar que
trabalha na destruição e dela faz surgir ordem. Um exemplo disso está
em Gn. 1.1,2, quando revela que o Espírito Santo se movia na face do
abismo (a terra que não tinha ordem), e o resultado desse mover foi a
criação que conhecemos hoje. Um outro texto que reforça essa verdade é
Naum 1.3. O qual mostra que o Eterno tem caminhos especiais em meio
à destruição.
Nos capítulos 38 a 41, o Senhor atingiu seu objetivo: mostrar a todos toda
a sua capacidade em controlar situações e todo o seu poder para
executar seus decretos e realizar sua vontade (conselhos), e, no capitulo
42. Ele restaura ao seu servo tudo o que ele perdera. Esse capitulo
revela, de maneira singular, o resultado do encontro que o patriarca teve
com Deus, e quais foram suas reações após as revelações que recebera
do Eterno. No versículo 2, o patriarca reconhece e declara que o Todo-
poderoso tem propósitos com os justos, e que seus planos serão
realizados, independentemente da situação: "Eu sei que tudo podes:
nenhum dos teus planos pode ser impedido!". Logo após esta declaração,
o servo de Deus se refere a uma pergunta feita por Deus: "Quem é
aquele, perguntaste, que sem conhecimento encobre o conselho?", e, em
continuidade, ele diz: certamente falei do que não entendia, coisas
maravilhosas demais para mim, e que eu não compreendia" (v.3).
Percebemos, neste versículo, que Jó estava atento aos questionamentos
divinos e que eles ampliaram sua visão sobre o Criador, a ponto de ele
dizer ao Todo-poderoso: "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti, mas agora
os meus olhos te veem" (Jó 42.5). Com isso, ele não queria dizer que não
conhecia Deus antes do sofrimento, mas que a revelação que ele
recebera do Eterno, na adversidade, era muito superior ao seu
conhecimento anterior.
A Restauração de Jó
Depois que Jó perdoou a seus amigos, a Bíblia revela-nos que Deus lhe
restituiu tudo em dobro (Jó 42.10) e lhe restaurou o convívio social (seus
amigos vieram visitá-lo e trouxeram-lhe presentes - 42.11), e o seu estado
foi muitíssimo melhor que o primeiro, pois obteve quatorze mil ovelhas e
seis mil camelos (42.12), teve seu convívio familiar restaurado e gerou as
filhas mais bonitas de toda sua terra (42.13-15). "Depois disto viveu Jó
cento e quarenta anos: viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos" (Jó
42.16).
Concluímos, com tudo o que foi exposto, que quando lemos o livro de Jó,
sob o ponto de vista do louvor ao Eterno e de sua grandiosidade,
aprendemos diversas coisas. Uma delas é que não devemos vivenciar as
circunstâncias da nossa vida, mas sim os objetivos delas. Dessa forma,
teremos uma vida dirigida por propósitos e não seremos infiéis a Deus
diante das crises. Um outro aprendizado que temos é que, quando o
Altíssimo nos revela sua grandeza, todos os nossos questionamentos
perdem o significado. Foi exatamente isso que aconteceu com Jó: ele
deixou de lado todos os seus questionamentos e passou a louvar o
Criador pela sua grandeza. Aprendemos, também, que, quando o Todo
poderoso mostra ao homem quem Ele é, o efeito destruidor do sofrimento
é substituído pela sua presença restauradora.