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D I S C I P L I N A Metodologia Científica

Ciência e conhecimento

Autoras

Célia Regina Diniz

Iolanda Barbosa da Silva

aula

02
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Estadual da Paraíba


Reitor Reitora
José Ivonildo do Rêgo Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitora Vice-Reitor
Ângela Maria Paiva Cruz Aldo Bezerra Maciel
Secretária de Educação a Distância Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Vera Lúcia do Amaral Eliane de Moura Silva

Coordenador de Edição Diagramadores


Ary Sergio Braga Olinisky Bruno de Souza Melo (UFRN)
Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)
Projeto Gráfico Ivana Lima (UFRN)
Ivana Lima (UFRN) Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Mariana Araújo (UFRN)
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN) Revisora de Estrutura e Linguagem
Ilustradora Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Carolina Costa (UFRN)
Revisora de Língua Portuguesa
Editoração de Imagens Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

D585   Diniz, Célia Regina.

   Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.

ISBN: 978-85-87108-98-2

   1. Metodologia científica I. Título.

21. ed.  CDD 001.4

Copyright © 2008  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação

V
iu-se na aula anterior que o homem tem a capacidade de pensar e explicar o mundo
com o qual ele interage produzindo Conhecimento e que este saber é diverso e plural,
pois ele cria tipos diferentes que ora se aproximam ora de distinguem na elaboração
de explicações sobre a vida e as necessidades humanas. Entre estes tipos destaca-se para
o estudo desta aula o Conhecimento Científico que será abordado na perspectiva de sua
construção, descobertas e implicações na vida social.

Na aula anterior foi visto, no estudo sobre o saber científico, o processo histórico das
transformações que marcaram a consolidação do saber científico entre os séculos XV e
XVIII. Nesta aula, serão enfocados os resultados desse processo ao longo do século XIX, até
os dias atuais.

A aula será construída com fundamentos teóricos e fragmentos de pesquisas científicas,


tópicos de reflexão e atividades de verificação da aprendizagem que buscam levá-lo a
compreender a lógica da Ciência e de seu conhecimento. Desse modo:

n   exercite o raciocínio científico na elaboração das atividades;

n   busque ampliar sua interpretação da ciência, aprofundando-se nas leituras indicadas;

n   realize sua auto-avaliação da aula.

Objetivos
Pretende-se, ao final desta aula que você tenha compreendido que:

a ciência moderna é um saber datado historicamente;


1
o processo de elaboração do saber científico é racional,
2 metódico e sistemático sendo suscetível à verificação; e

as aplicações e implicações da ciência estão presentes


3 no seu cotidiano.

Aula 02  Metodologia Científica 


A ciência se torna o saber
autorizado e legítimo para ...

Pense nisto!!!
Com a crise das explicações religiosas, a ciência destaca-se como conhecimento
legítimo, se afirmando como verdade e progresso. As descobertas e os efeitos
dos novos inventos, como o pára-raios e as vacinas, o desenvolvimento da
mecânica, da química e da farmácia eram amplamente verificáveis, dando
credibilidade às atividades científicas a partir do século XV, configurando o
nascimento da ciência moderna.

Atividade 1
Descreva e analise uma situação cotidiana, na qual os inventos da ciência estejam presentes.
Na descrição procure identificar, também, as aplicações e implicações desse(s) invento(s).
sua resposta

Reflita!!!
A situação narrada e analisada caracteriza a aplicabilidade do conhecimento
científico no cotidiano; como também, apresenta elementos que se destacam
na compreensão da funcionalidade e credibilidade desse saber para o homem.

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O triunfo da ciência
No século XIX, a ciência alcança o status de discurso instaurador de verdades. Isso se
deve ao domínio e o número crescente de descobertas, o ritmo das mudanças e as aplicações
práticas das ciências da natureza em vários campos da vida social.

As aplicações práticas do conhecimento científico produzem novos olhares sobre


o século XIX. Vários domínios da vida cotidiana são modificados com as descobertas e
aplicações da ciência.

Na agricultura, as técnicas e instrumentos para arar, os adubos e defensivos agrícolas


permitem o aumento e o planejamento da produção de alimentos. Enquanto que, a descoberta
e o uso de novas fontes de energia, como a eletricidade, que aplicada às manufaturas, vem
acelerar o ritmo da produção, possibilitando a industrialização e o processo de urbanização
nos centros industriais. Já no campo da comunicação, a invenção do telégrafo e do telefone
quebra as barreiras espaciais e temporais, aproximando os homens. Enquanto isso, a medicina
moderna, com suas descobertas, formas de prevenção e de combate, desenvolve um controle
sobre as epidemias no Ocidente. Vive-se o domínio da razão e da experimentação.

Com o advento da industrialização, a idéia de progresso se solidifica na expansão de


mercados que irão comercializar os produtos industrializados e instituir novos domínios
econômicos para o Capitalismo Industrial, utilizando-se das ferrovias e da navegação a vapor,
por vários continentes, entre eles a Ásia e a África. A construção de um projeto de sociedade
fundado na razão racionalizante marcou a ciência moderna e instituiu o progresso como a
razão de ser dessas sociedades.

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Desde então, o conhecimento da ciência se afirma como verdade, ou como diria Trujillo
(apud LAKATOS, 2000, p. 18) “aproximadamente exato”. Desse modo, buscando-se um outro
olhar sobre a Verdade na ciência encontrou-se no fragmento de verso do Poema Lógica de
Amélia Império Hamburger o seguinte:

[...]
A verdade, na ciência
é fugidia como um relâmpago.
Revelação na noite escura,
verdade enquanto dura
A luz.
Sempre verdade, num quadro à luz do dia.
Imagem de David Bohn que, em prosa,
Já é poesia

Comente a suposta verdade científica, considerando o pensamento de Rubem Alves


(1994, p.11) sobre os cientistas, em particular, os especialistas da Educação, considerados
Verificar o exemplo as autoridades na área.
de procedimento para
a inserção de nota de [...]. Não precisamos pensar, por que acreditamos que há indivíduos especializados e
rodapé, de acordo competentes em pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E depois ainda dizem
com as normas da ABNT. por aí que vivemos numa civilização científica [...]. O que eu disse [...], se aplica a tudo.
[...] tomam decisões e temos de obedecer [...].

Atividade 2


 Fragmento extraído do Jornal on-line da USP. A autora é professora aposentada do Instituto de Física da USP.
Disponível em <http:www.usp.br/jorusp/arquivo/2007/jusp799/pago809.htm>  Acesso em: 22 ago. 2007.

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Reflita!!!

Sua compreensão e interpretação possibilitam o exercício do saber científico ao


questionar um problema e buscar parâmetros para sua investigação e análise.

Pense nisto!!!
Nem todo conhecimento é científico, mas para que isto ocorra são necessários
dois pré-requisitos: primeiro, que o campo do conhecimento seja delimitado
com objeto de estudo definido e segundo, que existam métodos apropriados às
investigações desse objeto.

Atividade 3
Comente a citação a seguir, refletindo sobre o que é Ciência?

Conhecimento científico é conhecimento provado. As teorias científicas são derivadas


de maneira rigorosa da obtenção e experimento. A ciência é baseada no que podemos
ver, ouvir, tocar etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas não
têm lugar na ciência. A ciência é objetiva. O conhecimento científico é conhecimento
confiável porque é conhecimento provado objetivamente. (CHALMERS, 2000, p. 23)

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Reflita!!!
Sua análise se aporta ao conhecimento comum da ciência, tanto que esse
olhar focado no empírico, no observável, verificável pelos sentidos marcou a
Ciência do século XVI e XVII com Galileu e Newton e popularizou-se após a
Revolução Científica.

Como se constrói
o saber científico?

P
ode-se iniciar a construção de um discurso científico sobre essa elaboração do
saber, considerando que ele registra fatos, observando-os e demonstrando-os,
experimentando-os ou não pelas suas causas determinantes. Esse saber funda-se
num trinômio, conforme Bervian; Cervo (1996, p.12) “verdade _ evidência _ certeza”. A
lógica desse saber reside no exercício de realizá-lo pela observação racional e sistemática e
no controle dos fatos, na sua experimentação e explicação metódica. Isso ocorre na atividade
intelectual do cientista. Nesse sentido, o fazer ciência acontece na atitude científica do
investigador diante dos fenômenos investigados.

A ciência cria uma rede discursiva na qual tudo o que não cai nela é irreal. O filósofo
Hebert Marcuse (apud ALVES, 2000, p. 113) ao falar sobre o homem unidimensional o
caracteriza, como “[...] o homem que se especializou numa única linguagem e vê o mundo
somente por meio dela [...]”. O pensador ao falar desse homem o situa no campo do sujeito
que constrói o discurso instaurador de verdades.

Convidando Rubem Alves (op. cit., p.114) para o debate sobre Ciência criam-se
inquietações para reflexão:

A ciência é um jogo. Um jogo com regras precisas. Como o xadrez. No jogo do xadrez,
não se admite o uso das regras do jogo de damas. Nem do xadrez chinês. Ou truco.
Uma vez escolhido um jogo e suas regras, todos os demais são excluídos. As regras
do jogo da ciência definem uma linguagem. Elas definem, primeiro, as entidades que
existem dentro dele. As entidades do jogo de xadrez são um tabuleiro quadriculado e
as peças. As entidades que existem dentro do jogo lingüístico da ciência são, segundo
Carnap, ‘coisas físicas’, isso é , entidades que podem ser ditas por meio de números.
Esses são os objetos do léxico da ciência. Mas a linguagem define também uma sintaxe,
isso é, a forma como suas entidades se movem. Os movimentos das peças do xadrez
são definidos com rigor. E assim também são definidos os movimentos das coisas
físicas do jogo da ciência.

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Atividade 4

Desafio

Exercite uma atitude científica diante dos problemas enfrentados pelo educador
na atualidade. Elabore um texto localizando um problema, levantando suas
possíveis causas, demonstrando como ele ocorre e verificando-o em outros
contextos e situações.

sua resposta

Aula 02  Metodologia Científica 


Ciência e sociedade

A
ciência está presente no cotidiano das pessoas. Os estudos e os resultados das
pesquisas científicas retornam para sociedade; no entanto, são as relações entre
classes e fragmentos de grupos sociais que irão definir os canais de acesso às
descobertas científicas e suas aplicações.

O conhecimento científico vem sendo organizado conforme Demo (1997, p. 62) “em
dois sistemas conjugados [...], a partir do século XX (grifo nosso): o sistema de produção,
com lugar apropriado nas universidades, e o sistema de socialização desse conhecimento,
produzindo através, principalmente, da instituição eletrônica e da telemática”. As descobertas
tecnológicas têm contribuído com a divulgação do conhecimento científico, os meios de
comunicação vêm desempenhando o papel de intermediadores entre a população e os
pesquisadores e têm pautado o debate em torno das descobertas, aplicações e implicações
do saber científico.

No sistema de produção, algumas Universidades, em particular no Nordeste, vêm


investindo em pesquisas científicas sobre a sustentabilidade no Semi-Árido e têm trazido
contribuições para a desconstrução de paradigmas conservadores que fundamentam políticas
públicas desenvolvidas na região. Nesse sentido, o resumo indicativo do artigo A articulação
do semi-árido e o desenvolvimento sustentável: uma experiência do nordeste do Brasil,
apresentado por Ghislaine Duque e Paulo César Diniz (2005) no Seminário Internacional
sobre as transformações no mundo rural em Bogotá, sinaliza com os resultados de uma
pesquisa no semi-árido paraibano. Veja-se:
O estudo apresenta uma experiência de mobilização da sociedade civil visando
influenciar as políticas públicas. A Articulação do Semi-Árido Paraibano (ASA/PB),
uma rede de associações diversas (sindicatos, igrejas, associações comunitárias etc.)
se constitui na oportunidade da grande seca de 1993 para pensar e propor políticas
públicas visando a convivência da agricultura familiar no Semi-Árido nordestino. O
objetivo era_ e continua sendo _ superar os projetos assistencialistas e paternalistas
para propor ações estruturantes de superação da fragilidade dos estabelecimentos
rurais familiares. De lá para cá, a ASA/PB assumiu em comum um número considerável
de iniciativas, algumas das quais já foram adotadas pelas autoridades governamentais,
inclusive no Programa ‘Fome Zero’. Os outros Estados do Nordeste semi-árido do Brasil
também criaram suas articulações estaduais, hoje integradas na Asa/Brasil, produzindo
propostas comuns e ações integradas, com o mesmo objetivo: uma política orientada
para a convivência da agricultura familiar no Semi-Árido.

Analisando o resumo do artigo, compreende-se que existem estudos científicos que


orientam a formulação de políticas conservadoras ancorados em paradigmas positivistas;
mas também, existem outros estudos que constroem novos olhares sobre o semi-árido,
contribuindo com instituições que têm desenvolvido ações em conjunto com a sociedade
civil. Desse modo, vê-se o quanto o conhecimento científico está em relação com a sociedade
de seu tempo.

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A pesquisa realizada pelas professoras de ensino médio Maria Lígia F. Santiago e Doris
Siqueira Tavares (s. d., p. 54), socializada na Revista Discutindo Ciência, atesta “que a escassez
d’água não é um problema exclusivo de regiões áridas, como o Sertão Nordestino”. A matéria
traz um alerta dos cientistas acerca do cuidado com o aqüífero Guarani, conforme segue:

Em 2004, os países do Mercosul fizeram um acordo sobre a exploração da maior


reserva de água subterrânea do mundo, o aqüífero Guarani. Ele prevê medidas de
controle de extração da água, prevenção da poluição e criação de um banco de dados
para sua proteção. Esse imenso reservatório tem 1, 6 milhão de quilômetros quadrados
e dois terços estão no Brasil. Os cientistas alertam que é preciso muito cuidado para
não prejudicar essa imensa reserva de água doce. Começando por evitar a exploração
exagerada, como a perfuração de poços artesianos sem controle sanitário, ou barrando
a poluição das águas da borda da bacia do Rio Paraná, local em que a água do aqüífero
quase chega à superfície.

Percebe-se que as pesquisadoras trouxeram dados importantes para discussão da


relação entre ciência e sociedade, na medida em que os resultados da pesquisa, socializados,
alentam para um dos problemas mais complexos da sociedade contemporânea – a escassez
de recursos hídricos.

O sistema de socialização do saber científico pode ser visto nesse fragmento da


reportagem sobre os Campeões da Nutrição como estratégia de divulgação de descobertas
científicas que ratificam experiências do conhecimento cotidiano. Veja-se
Qual o melhor alimento, o mais saudável? Na feira ou no mercado, essas são perguntas
que todos fazem. Difícil decidir. Para ajudar na escolha, o Globo Repórter pediu Verificar o exemplo
que 12 centros de pesquisa em nutrição de universidades do país escolhessem os de procedimento para
alimentos mais saudáveis para o brasileiro. Cada entidade enviou uma lista com dez a inserção de nota de
itens. [...]. Da consulta, surgiram 12 listas diferentes, mas com muitos alimentos em rodapé, de acordo
com as normas da ABNT.
comum. O resultado revela uma grande preocupação dos pesquisadores brasileiros em
indicar alimentos simples, tradicionais e saudáveis. ’É possível ter uma alimentação
equilibrada do ponto de vista nutritivo, que atenda a nossos padrões culturais de
alimentação, que seja saudável e de baixo custo’, assegura a nutricionista Elizabeth
Accioly, da UFRJ. Os 12 mais votados foram:1º lugar: feijão, 2ºlugar: arroz, 3ºlugar:
leite 4ºlugar: laranja 5ºlugar: peixe 6º lugar: couve, carne vermelha, banana e milho
7ºlugar: tomate, pão e mandioca. Quem nunca ouviu falar, quando era criança, que
para quer crescer e ficar forte tem de comer feijão? Agora, os cientistas confirmaram
que o prato de que todo mundo gosta é também o mais saudável. A nutricionista Ana
Vládia Moreira, pesquisadora da UFRN, estudou o feijão em laboratório e descobriu
que ele pode ser mais bem aproveitado – até por quem segue dietas com restrições,
como os hipertensos. A pesquisa mostrou que estamos perdendo a riqueza do grão na
cozinha, na hora do preparo. O feijão nosso de cada dia é uma unanimidade entre os
brasileiros. A professora Ana mostra como esse feijão pode ficar ainda mais saudável,
mais nutritivo, sem mexer muito na receita que os brasileiros conhecem. ‘Primeiro,
não é preciso aquele molho de um dia para o outro. Basta selecionarmos os grãos do
feijão e adicionarmos de quatro a cinco proporções de água’, diz Ana.O feijão vai para

 Disponível em: <http://globoreporter.globo.com/globoreporter/0,19125,VGCO-2703-17982-3-295588,00. html >.




Acesso em 27 ago. 2007.

Aula 02  Metodologia Científica 


a panela de pressão. Quando começa a ferver, fica mais dois minutos e pronto. ’Uma
hora em repouso na água quente é suficiente para que o feijão fique bem macio’, afirma
a pesquisadora. Na receita tradicional, a água em que ele fica de molho é jogada fora e,
junto com ela, perdemos vitaminas do complexo B, muito importantes para que o corpo
absorva bem os alimentos. ‘Elas ajudam as calorias a entrarem melhor nas nossas
células, a proteína ser bem utilizada nos músculos, as gorduras serem bem utilizadas.
Otimizam nosso organismo, podemos falar assim. O metabolismo vai funcionar melhor
com essas vitaminas’, diz Ana. Enquanto o feijão descansa, é preparado o tempero que
vai dar sabor ao prato. ‘Você concentra mais fazendo um refogado à parte e adicionando
depois de uma hora’, orienta a pesquisadora. O tempero pode variar de região para
região do país. [...] O diferencial é a adição do sal de ervas e da farinha de linhaça, revela
a pesquisadora. A farinha de linhaça é um pó feito da semente da linhaça. É só bater
no liquidificador. Pesquisas mostram que as fibras estão mais presentes na farinha do
que nos grãos de linhaça e que o cozimento não é prejudicial – ao contrário, torna os
poderes da linhaça ainda mais ativos. [...]. ‘Basta você utilizar o próprio sal de cozinha’,
Orienta. O sal de ervas é feito assim: são quatro porções, em quantidades iguais, de
alecrim, manjericão, orégano e sal comum. É ideal para quem precisa diminuir o uso
do sal e manter a pressão controlada, sem perder o gostinho do feijão. A mistura pode
ser usada em qualquer alimento.[...].

Atividade 5
Comente a reportagem acima, estabelecendo uma relação entre as descobertas da
ciência em pesquisa realizadas nas Universidades e o papel dos meios de comunicação na
divulgação do saber científico.

10 Aula 02  Metodologia Científica


Reflita!
A ciência como saber sistemático tem uma dimensão política e ética. Desse modo, o
saber científico busca tanto encontrar respostas para problemas que comprometem a
organização da vida social quanto as implicações desse saber sobre a vida das pessoas.

Pense nisto!!!

O avanço da ciência está relacionado às renovações do saber, das tecnologias,


das técnicas, ampliações de teorias, bem como à prática e à crítica persistente
dos pesquisadores. Esse tipo de postura analítica e crítica diante da produção
do saber científico é bem comum no ambiente acadêmico e vem contribuindo
na identificação de problemas na sociedade contemporânea.

Desafios
contemporâneos da ciência

A
ciência enfrenta desafios e paradoxos no mundo contemporâneo, século XXI, seus
avanços e descobertas podem contribuir com mudanças na ordem biológica e social
dos seres; entretanto, esses imperativos da ciência causam conflitos éticos e morais na
sociedade. Pergunta-se: como a sociedade pode participar na definição e no estabelecimento
de critérios éticos para as pesquisas científicas? Poder-se-ia sugerir que isso possa ocorrer
com a definição de prioridades por meio do levantamento das necessidades humanas de seu
tempo; como também, considerando os aspectos culturais e sociais de cada povo.

Conforme Alves (2000, p.115) a “ciência é muito boa _ dentro de seus precisos limites.
Quando transformada na única linguagem para conhecer o mundo, entretanto, ela pode produzir
dogmatismo, cegueira e, eventualmente, emburrecimento.” O emburrecimento da ciência pode
ser compreendido como um modo de pensar e agir que atinge e nega as liberdades de criação
e expressão do ser homem e da vida humana em sua dimensão ética e moral.

Aula 02  Metodologia Científica 11


Esse debate pode ser visto na entrevista de André Marcelo M Soares (s.d., p. 55) a
Revista Discutindo Ciência, na qual ele discute as células – tronco nos limites do benefício,
afirmando que:

[...] quando foi comunicado ao mundo o processo de clonagem da ovelha Dolly (1997),
vários setores da sociedade começaram a debater sobre a aplicação dessa técnica
em seres humanos. Inicialmente, as discussões se davam em torno da possibilidade
de produzir clones para a reposição de órgãos. Essa possibilidade, conhecida como
clonagem humana reprodutiva, embora se apresente com preocupações terapêuticas
é, sem dúvida, absolutamente repulsiva do ponto de vista ético. Em primeiro lugar,
fere a estrutura ontológica do ser humano, que não se reduz a um meio terapêutico,
e, segundo, a compreensão antropológica engloba muitas outras funções além da
biológica. Diante dos problemas éticos impostos pela clonagem, o desenvolvimento de
pesquisas com células-tronco, presentes no organismo já desenvolvidos, surge como
uma possibilidade diante da utilização de embriões clonados. A técnica é, do ponto de
vista bioético, plenamente admissível e não apresenta as interrogações existentes no
processo de clonagem. Todavia, embora não se faça necessário o uso de embriões
para a obtenção das células-tronco, para alguns especialistas, a eficiência terapêutica
Verificar o exemplo é maior quando essas células são extraídas durante o processo de embriogênesis.
de procedimento para
Os defensores do uso das células-tronco embrionárias entendem ser um desperdício
a inserção de nota de
rodapé, de acordo
o descarte dos embriões obtidos por meio da inseminação artificial. Para eles, a
com as normas da ABNT. destruição dos embriões é inevitável, então por que não aproveitá-los para retirar o
material que interessa? [...]

Atividade 6
Qual é o seu posicionamento a respeito das pesquisas com células – tronco. Lembre-
se de que há pontos de vista discordantes e diversos a serem considerados. Registre o seu
ponto de vista sobre o debate.


  André é Filósofo, Doutor em Teologia e Coordenador-Geral do Núcleo de Bioética Dom Hélder na PUC - Rio.

12 Aula 02  Metodologia Científica


A produção do conhecimento científico nas universidades e o seu retorno para
sociedade é um debate recorrente nos espaços de divulgação do saber científico. No entanto,
alguns desafios emergem tanto de natureza ideológica quanto política sobre o papel das
universidades, particularmente as públicas. Nesse contexto, as universidades buscam
formalizar parcerias tanto para atender demandas específicas de exclusão quanto dar
respostas a problemas ambientais e sociais.

Atividade 7
Analise e comente a charge, considerando os desafios da pesquisa científica aplicada
às demandas contemporâneas da vida social. Observe o diálogo entre os personagens para
fundamentar o seu comentário crítico.

Verificar o exemplo
de procedimento para
a inserção de nota de
rodapé, de acordo
com as normas da ABNT.

 Jornal da Ciência nº 600, 22/06/2007. Disponível em < http://www.jornaldaciencia.org.br/charges.




jsp>  Acesso em: 02 set. 2007.

Aula 02  Metodologia Científica 13


Concluindo a aula!!!!!
Ao término dessa aula se deseja que você tenha adquirido conhecimentos sobre o
saber científico que possam orientá-lo na compreensão das implicações desse saber no
seu cotidiano.

Até a próxima aula!!!!

Sugestões de Leitura
Orienta-se como leituras complementares às discussões apresentadas nesta aula:

DIONNE, J.; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco


Settineri. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1999.

Os autores apresentam no capítulo 1 – O Nascimento do Saber Científico uma discussão


teórica sobre o saber racional e o triunfo da ciência. Nesse capítulo, há um aprofundamento
em torno da construção do saber científico e de seus procedimentos metódicos de pesquisa,
sistematização e divulgação dos resultados. Já no capítulo 3 – Ciências Humanas e
Sociedade, os autores abordam as expectativas da sociedade em relação ao saber científico,
à responsabilidade do pesquisador e as contribuições das pesquisas no campo das ciências
humanas, enfatizando entre as páginas 65-69 as contribuições da Geografia.

CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo:


Brasiliense,1993.

O autor aborda no capítulo 1- Indutivismo: ciência como conhecimento derivado dos


dados da experiência, um debate entre os métodos indutivistas na ciência, aprofundando as
discussões sobre os parâmetros de verificabilidade e credibilidade do saber científico.

Resumo
Nesta aula houve um aprofundamento das discussões em torno do saber
científico, suas características e discursos instauradores de verdades. Ao
debater-se a relação entre ciência e sociedade foram abordadas questões relativas
à produção, socialização e aplicação do saber científico; mas também, foram
enfocados os desafios éticos nas pesquisas científicas contemporâneas.

14 Aula 02  Metodologia Científica


Auto-avaliação
Nesta aula, foram percorridos os caminhos da ciência. Elabore um texto contendo
uma síntese das discussões construídas ao longo da aula. Na elaboração atente
para: o processo histórico; as características da ciência moderna, as bases de
construção do saber científico, a relação entre ciência e sociedade e os desafios
enfrentados pela ciência na atualidade.

Aula 02  Metodologia Científica 15


Referências
ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. 27. ed. São Paulo:

Cortez, 1993.

______. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1994.

______. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo:


Loyola, 2000.

BERVIAN, P.A.; CERVO, A.L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON
Books, 1996.

CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo:


Brasiliense, 1993.

DIONNE, J. ; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco


Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

DUQUE, G.; DINIZ, P. C. A Articulação do Semi-Árido e o Desenvolvimento Sustentável:


uma experiência no Nordeste do Brasil. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE AS
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO RURAL, 2003, Bogotá. Agricultura Familiar: a diversidade
das situações rurais. Campina Grande, PB: GPAF/UFCG, 2005. 1 CD-ROM. Coletânea dos
trabalhos apresentados.

LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo:


Atlas, 2000.

SANTIAGO, M. L. F.; TAVARES, D. S. O que diz a conta d’água. Discutindo Ciência, São
Paulo, ano 1, n. 2, p. 54-5, [entre 2005 e 2007]. ISSN1808-1002

SOARES, A. M. M. Células-tronco: os limites do benefício. Discutindo Ciência, São Paulo,


ano 1, n. 1, p. 55, [entre 2005 e 2007]. ISSN 1808-1002

16 Aula 02  Metodologia Científica


Metodologia Científica – Geografia

EMENTA

Conhecimento e Saber; O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento; Principais Abordagens Metodológicas;
Contextualização da Ciência Contemporânea; Documentação Científica; Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos; Tipos
de Pesquisa; Aplicações Práticas.

AUTORAS

n  Célia Regina Diniz

n  Iolanda Barbosa da Silva

AULAS

01   O saber humano e sua diversidade

02   Ciência e Conhecimento

03   O caminho da ciência: o método científico

04   Os tipos de métodos e sua aplicação

05   O método dialético e suas possibilidades reflexivas

06   Leitura: análise e interpretação

07   Como organizar e documentar a leitura: esquemas, fichamentos, resumos e resenhas

08   Normalização na redação de trabalhos científicos – parte I

09   Normalização na redação de trabalhos científicos – parte II

10   Normalização na redação de trabalhos científicos – parte III


Impresso por: Texform

11   A pesquisa e a iniciação científica na universidade

12   Redação do projeto de pesquisa


2º Semestre de 2008

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