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Unidade 1

As transformações económicas na Europa e no Mundo


A expansão da revolução industrial

A indústria beneficiou de uma série de inovações técnicas, ligadas à invenção do motor de


combustão interna ou de explosão, ao uso do petróleo, do gás e da eletricidade como fontes de
energia, que permitiram aumentar a produção, reduzir os custos, desenvolver novos setores de
atividade e fabricar novos produtos. As melhorias aplicadas à máquina a vapor da primeira fase
permitiram atingir o máximo de produtividade e de potência. Esta segunda fase da Revolução
Industrial, em especial a partir da década de 1870, teve como indústrias impulsionadoras a
siderurgia e a química.
O aço passou a ser produzido a partir de 1856, devido ao novo processo de transformação do
ferro e do aço.A produção do aço impôs-se gradualmente, suplantando a do ferro, pelo facto de
ser mais maleável, resistente e duradouro, permitindo aplicações diversificadas nas obras de
engenharia.
No campo da metalurgia, assistiu-se à difusão do cobre, sobretudo como condutor elétrico, à
produção do chumbo, do alumínio e do zinco, estes últimos resultantes dos progressos da
química que possibilitaram a produção de novos materiais.
A vulcanização da borracha com enxofre permitiu desenvolver esta indústria, com inúmeras
aplicações no calçado, no vestuário e nos pneus, entre outras. Em Inglaterra, foi descoberta a
anilina, um corante artificial, a produção industrial da soda, graças ao processo criado,
permitiram a obtenção de produtos químicos de extrema importância, utilizados nas indústrias
de vidro, sabão, papel, têxtil, entre outras. Na Alemanha iniciou-se também na tinturaria dos
tecidos, evitando a importação de plantas tintureiras dispendiosas, permitindo a generalização
do vestuário tingido, tornado-o mais acessível. Desenvolveu-se inseticidas e medicamentos,
tendo-se destacado, em 1899, com a descoberta do ácido acetilsalicílico. A indústria química
permitiu igualmente a produção de tecidos sintéticos.

No domínio das novas fontes de energia, o petróleo teve aplicação industrial a partir da
segunda metade do século XIX, mas não conseguiu destronar o carvão.
No que refere à eletricidade, apesar do seu uso ser ainda limitado na segunda metade do
século XIX, foi ganhando aplicação na iluminação pública e privada, na tração e nos
transportes, e tornou-se num dos setores de grande dinamismo na segunda fase da Revolução
Industrial.

O domínio dos transportes, a partir de meados do século XIX, sofreu uma profunda
transformação, traduzida na conquista do espaço, em velocidade, beneficiando quer do
aperfeiçoamento da máquina a vapor, quer da aplicação da energia elétrica.
O desenvolvimento da locomotiva contribuiu para que, na segunda metade do século XIX, o
comboio se tornasse um importante meio de transporte. O comboio acabou por acelerar a
industrialização, já que a construção de redes de caminho de ferro difundiu-se pela Europa e
pelos Estados Unidos da América, impulsionando a indústria metalúrgica e, sobretudo,a
siderúrgica. O aço permitiu aumentar a resistência dos carris e a capacidade dos vagões, e
acelerou a construção de pontes e de túneis que levaram o caminho de ferro e o comboio a
atravessar vales e montanhas. O caminho de ferro aproximou mercados e consumidores e
promoveu lucros avultados; atraiu grandes investimentos de capitais e contribuiu para o
desenvolvimento da economia. As redes ferroviárias atingiram uma extensão significativa em
pouco menos de meio século.
Em termos económicos, o seu impacto traduziu-se: pela baixa dos preços dos fretes; pela
multiplicação dos contactos e das trocas económicas, sociais e culturais; pela facilidade de
abastecimentos dos mercados nacionais e mundial; por uma nova geografia económica do
mundo; pela criação de novas profissões e pela mobilização de mão de obra.

Capitalismo industrial- designa a forma de capitalismo associada à produção industrial, onde


o capital provém do lucro das indústrias, consequência da expansão industrial e dos
desenvolvimentos técnicos. Caracteriza-se também pelo facto da burguesia industrial deter o
capital, e a mão de obra assalariada ser a principal fonte de trabalho.

Os progressos técnicos assumiram um caráter mais científico, ligados a descobertas em


laboratórios. Os engenheiros, os investigadores, os cientistas, em ligação com o laboratório,
com formação em universidades ou escolas técnicas, foram responsáveis pelos progressos na
química, na mecânica e na física.
A eletricidade é um dos exemplos que ilustra a estreita ligação entre a ciência, a técnica e a
indústria. O problema de transmissão de eletricidade afigurava-se como o principal
impedimento para a sua ampla utilização e generalização. Foram necessários contributos de
diversos inventores para que a eletricidade pudesse ser usada com segurança, transformada à
distância, adquirindo um enorme impacto na vida quotidiana das populações, nas fábricas e
nos transportes.
O problema do uso da eletricidade foi resolvido com o contributo de vários inventores e
constituiu-se como exemplo dos progressos acumulativos.
A industrialização de meados do século XIX foi o resultado de uma série de progressos
cumulativos que se associaram e desenvolveram à medida que as descobertas foram
aplicadas a novos produtos e a novas indústrias. O industrial do século XIX tomou consciência
de que a inovação conduzia ao desenvolvimento e que a descoberta de novos produtos e a
utilização de novos processos de fabrico, mais eficazes, possibilitava o desenvolvimento das
suas indústrias e, consequentemente, o lucro da expansão dos mercados.
Os progresso científicos e técnicos permitiram levar a um maior número de pessoas, bens que
melhoravam qualitativamente a vida material dos indivíduos e que davam do laboratório e da
fábrica, uma consciência de modernidade.
Esta associação exigia capitais avultados e investimentos consideráveis que obrigavam, em
muitos casos, a recorrer ao crédito bancário com vista a garantir o crescimento industrial,
assente na inovação e no desenvolvimento de novos produtos.

O desenvolvimento da indústria implicou a necessidade de investimentos de capital. O capital


era necessário para o desenvolvimento de tecnologia e de materiais, para construir fábricas,
instalar máquinas e modernizar as empresas. Para conseguir esses capitais, os empresários
recorriam aos bancos que podiam emprestar o dinheiro necessário, ou então duas ou mais
empresas associaram-se, de modo a aumentar os seus capitais.
As empresas mais fortes absorviam as mais pequenas e formavam concentrações. As fábricas
da primeira fase da Revolução Industrial tornavam-se agora empresas capitalistas, com
estruturas cada vez mais complexas, com um número maior de trabalhadores, que enfrentam
um mercado concorrencial mais forte, que funcionava de acordo com a lei da oferta e da
procura.
A concentração industrial assumiu duas formas diferentes:
• concentração vertical- quando todas as fases de produção se integravam na mesma
empresa, com vista à obtenção de margens de lucro maiores. Este tipo de concentração
foi mais utilizada na indústria metalúrgica, em que os grandes grupos controlavam todo
o processo de produção, desde as minas para obtenção do metal, passando pelo
transporte, pelos altos-fornos que possibilitavam a transformação do minério até à
colocação do produto final no mercado. A concentração vertical tendeu, frequentemente,
para a formação de monopólios.
• concentração horizontal- quando as empresas se associavam para eliminar a
concorrência, controlar áreas de negócio através da concentração de preços e de
quantidades de produção, de modo a dominar, de forma exclusiva, o mercado de
determinado produto sem, no entanto, gerir a produção de matérias-primas na sua
origem. Este tipo de concentração tomou o nome, na Europa de cartel ou consórcio, e
nos Estados Unidos da América foi denominado trust.

Estas formas de concentração, destinadas a eliminar a concorrência e a assegurar a


exclusividade de áreas de negócio também ocorreram no setor bancário. Os bancos adquiriram
e controlavam outros bancos mais pequenos, constituindo-se como grupos económicos
importantes que passaram a financiar as empresas, e a controlar setores da economia distintos
da área financeira. Foi neste sentido que, no final do século XIX, se assistiu à afirmação do
capitalismo financeiro.
A concentração proporcionou a formação de monopólios, o que levou a que alguns governos
procurassem combater os monopólios que consideravam ilegais. Na Europa, ainda que tivesse
havido alguma intervenção no sentido de limitar a ação dos monopólios, não houve qualquer
legislação proibitiva e na Alemanha foram mesmo considerados vantajosos para o crescimento
económico.

O desenvolvimento nesta segunda fase da industrialização, o alargamento dos mercados e o


aumento da procura e do consumo exigiram uma racionalização da produção, dos custos e do
trabalho. Havia que produzir melhor e mais barato.
Segundo Frederick Taylor, o tempo, o trabalho e a máquina eram elementos indissociáveis que
era necessário rentabilizar de modo a reduzir custos de produção e a aumentar os lucros, com
vista a enfrentar a concorrência e a garantir uma posição dominante no mercado. A eficiência
da empresa estava dependente de uma adequada organização do trabalho. Este devia ser
dividido, em secções especializadas na fábrica, onde cada trabalhador, no seu setor de
produção, executava apenas uma tarefa sequencial e repetitiva, consequência de um
planeamento rigoroso do trabalho e do tempo em que devia ser executado. O trabalhador tinha
de realizar uma tarefa num determinado espaço de tempo, produzindo num determinado
espaço de tempo, produzindo num ritmo marcado pela máquina, típico do automatismo da
produção, para alcançar a máxima eficiência. Este modelo de produção- conhecido como
taylorismo- não foi bem acolhido por parte dos operários, pois consideravam que o trabalho
repetitivo e pouco criativo era desgastante, desumanizando o processo de produção.
Considerava que em fábricas cada vez maiores e complexas, quanto mais simplificadas e
limitadas fossem as tarefas executadas pelos trabalhadores, maior seria a eficiência,
garantindo uma maior prosperidade às empresas.
Henry Ford desde cedo se interessou pela eficiência produtiva, pelo que aplicou estes métodos
de racionalização do trabalho, definidos por Taylor, nas suas fábricas de automóveis. A
produção de um carro acessível à classe média americana foi possível devido à racionalização
do trabalho e dos custos.
O taylorismo permitiu que a construção de um chassi de um automóvel que durava 12 horas e
meia, com um custo de produção de 250 dólares. Tornou-se possível produzir em série, de
forma uniformizada através da estandardização, pelo que das suas linhas de montagem saíam
carros mais baratos, todos iguais e em grandes quantidades.
Graças à estandardização, os automóveis tornaram-se bens acessíveis a um grande número
de consumidores. Os operários viram os seis salários a aumentar, passando a dispor de um
rendimento que lhes permitiu obter poder de compra para, também eles, adquirirem o
automóvel. Deste modo, a empresa fazia do trabalhador um consumidor, e tinha o retorno
parcial do aumento salarial concedido. O automóvel tornou-se um bem acessível, um símbolo
de prosperidade no início do século XX.

Estandardização- designa a uniformização dos modelos de produção fabricados em série e


em grandes quantidades.

A geografia da industrialização

A Grã-Bretanha, desde os finais do século XVIII até à década de 1880, assumiu-se como uma
potência industrial hegemónica a nível mundial. Beneficiou também das dificuldades
experimentadas pelos seus mais diretos concorrentes do continente europeu, a França e a
Alemanha. A realização da Exposição Universal de 1851, no Palácio de Cristal, em Londres,
mostrou ao mundo a incontestável superioridade inglesa no domínio da tecnologia industrial,
exibindo com orgulho as suas realizações.
O impacto em Inglaterra, a partir de 1870, da segunda fase da Revolução Industrial dinamizou
a construção dos caminhos de ferro, que imprimiram um novo impulso ao desenvolvimento
industrial. A construção naval continuou a afirmar-se como determinante na sua supremacia.
Assim, durante este período, a Inglaterra procurou acompanhar os novos setores da siderurgia
e da química. A prática do comércio livre favoreceu a colocação dos produtos ingleses, mais
baratos, e, como tal, mais concorrenciais, no mercado externo, e tornou a Inglaterra numa
potência comercial mundial.
A hegemonia industrial inglesa começou a ficar fragilizada, a partir da década de 80, à medida
que a Alemanha e os Estados Unidos iniciaram o seu processo de industrialização de novas
técnicas e na aposta em novos setores produtivos, contribuiu para evidenciar que a indústria
britânica estava obsoleta. As suas máquinas estavam ultrapassadas, estava atrasada na
indústria química e no setor elétrico, e os empresários resistiam às inovações e tinham
dificuldade em se adaptar às exigências do mercado.

A partir de 1840, a Bélgica, a França e a Alemanha iniciaram o seu processo de


industrialização. Ao contrário do que acontecera na Inglaterra, na Europa continental o Estado
desempenhou um papel determinante no desenvolvimento do processo de industrialização. A
industrialização era indispensável à afirmação dos Estados, assegurando a produção de bens
necessários, incluindo armamento, e a criação de uma rede de transportes, numa época em
que na Europa, despertavam tensões políticas e imperalistas.

França
O mercado nacional unificado formou-se tardiamente, devido, em parte, à instabilidade política;
as desigualdades na distribuição do rendimento eram acentuadas; a população crescia a um
ritmo baixo, havendo dificuldade em encontrar mão de obra para a indústria, num país onde a
agricultura tradicional detinha ainda um papel fundamental.
A industrialização fez-se, a partir das décadas de 1830-40, a par do desenvolvimento dos
caminhos de ferro e, a partir de 1851, assistiu-se a um crescimento industrial mais acelerado. A
indústria têxtil constitui-se como um dos setores de arranque, a sua produção cresceu
significativamente entre 1870 e 1914. A falta de carvão na França levou a que a indústria
siderúrgica se desenvolvesse mais tardiamente. No setor automóvel, desenvolveram-se as
fábricas Peugeot e Renault. A indústria francesa centrou a sua produção nos artigos de luxo
como forma de poder rivalizar no mercado mundial com a Alemanha e a Inglaterra.

Alemanha
A criação do Zollverein, uma união aduaneira entre os Estados alemães contribuiu para o
arranque do desenvolvimento industrial na Alemanha. O desenvolvimento industrial alemão
assentou na indústria pesada, pois possuía recursos naturais em abundância que abasteciam
as indústrias em crescimento. Assistiu-se a um forte impulso industrial nas zonas da Renânia e
da Vestefália, da Alsácia e da Lorena, regiões mineiras, o que fez da Alemanha um dos maiores
produtores mundiais de ferro e de aço. Esta indústria beneficiou também da introdução de
novas técnicas na siderurgia e da construção de altos-fornos, pelo que o seu crescimento foi
significativo. A Alemanha afirmou-se também no setor da indústria química e, a partir de 1870,
tornou-se o país líder neste setor, ultrapassando a Inglaterra e a França, tanto em produção,
como na inovação tecnológica. O desenvolvimento da indústria germânica beneficiou também
da concentração industrial, que permitiu promover a sua competitividade , e da forte
concentração de capitais que impulsionaram a industrialização.

Estados Unidos da América


A década de 1860 foi decisiva para o arranque da industrialização dos Estados Unidos, depois
de ser ultrapassada a dramática guerra civil. A vitória dos Estados do Norte pôs fim à ameaça
de separação, reforçando a unidade nacional de um Estado-Nação liberal em que a iniciativa
privada foi um motor de desenvolvimento económico. Os fatores que favoreceram a
industrialização foram vários: o progresso dos caminhos de ferro e a consequentemente
criação de um mercado nacional; a abundância de matérias-primas; o desenvolvimento de
novas tecnologias; o forte crescimento populacional, proporcionado por altas taxas de
natalidade e pela imigração, contribuíram para o arranque da industrialização. O
desenvolvimento industrial nos Estados Unidos foi impulsionado primeiro pela indústria
algodoeira e pela indústria siderúrgica. Os Estados Unidos ocupavam o primeiro lugar na
produção de ferro, de aço, de carvão, de cobre, de chumbo, de zinco e de alumínio. A par do
desenvolvimento destas indústrias, assistiu-se à implementação da indústria automóvel e da
indústria elétrica. Assim, em poucas dezenas de anos, os Estados Unidos passaram a liderar a
produção industrial e, no final do século XIX, afirmavam-se como a primeira potência mundial.
Japão
Foi a partir de 1867, paralelamente ao esforço de restauração de modernização, de abertura ao
exterior e à ciência e da libertação da servidão feudal do povo, promovido na era Meji.
Consequentemente, assistiu-se à transformação profunda de um país tradicional, de base
agrícola, num país capitalista, industrial, capaz de competir com as novas potências
industrializadas. Foram vários os fatores que favoreceram o arranque industrial. O crescimento
demográfico disponibilizou uma mão de obra abundante, barata e disciplinada; o incentivo do
Estado à modernização da agricultura e às novas indústrias; a existência de capitais e a
facilidade na concessão de empréstimos. A partir de 1872, desenvolveu-se a indústria do
algodão; em 1875, surgiu a primeira fábrica siderúrgica tendo a produção de aço e de ferro
progredido a um ritmo acelerado; a partir de 1865, desenvolveu-se a indústria de construção
naval, permitindo ao Japão ocupar um importante posição mundial no âmbito da marinha
marcante.

A agudização das diferenças

A expansão da industrialização ocorreu com ritmos diferentes, nos diversos países eurpeus,
nos EUA e no Japão.
A industrialização desenvolveu-se no contexto do capitalismo, um sistema económico
caracterizado pela procura do lucro máximo. Os produtos circulavam livremente no mercado
que se tornou mundial, devido ao avanço da industrialização.
No mercado eram fixados e oscilavam de acordo com a oferta e a procura. Criou-se um
verdadeiro mercado mundial: as matérias-primas, os artigos, os serviços, o dinheiro, o capital
investido e as pessoas moviam-se em todas as direções, sem ter em conta fronteiras políticas.
Os negociantes dos países mais industrializados, e que dominavam o comércio mundial,
acompanhavam os preços através de informações telegráficas, compravam onde era mais
barato e vendiam onde podiam obter mais lucro. O mercado estabelecia a competição entre
regiões distantes.
De acordo com os princípios do liberaliismo económico, o mercado livre, determinava os preços
e as condições de troca. Do ponto de vista económico, o liberalismo defendia que eram os
compradores e os vendedores que, através da sua ação individual, determinavam o preço e a
quantidade dos bens a produzir.
Na segunda metade do século XIX através das dinâmicas capitalistas e da livre concorrência,
acreditava-se que era o mercado que se autorregulava. Através do equilíbrio da livre oferta e da
livre procura, determinava-se o que produzir, com vista a reduzir custos e a fazer frente à
concorrência, e para quem produzir. Considerava-se os consumidores e a constituição de
mercados livres, nacionaise internacionais, onde se vendiam e compravam os produtos.
O desenvolvimento industrial generalizado à Europa, aos EUA e ao Japão levou a que
houvesse uma maior circulação de matérias-primas, de mão de obra, de mercadorias e a de
capitais. O mercado, sujeito a esse jogo de oferta e de procura, oscilava entre fases de
expansão e de crise. No entender dos defensores do liberalismo económico, crentes da
autorregulação, as crises serviam como mecanismo naturais, autorreguladores de mercados
desajustados, isto é, marcados pelo desequilíbrio entre a oferta e a procura. As crises
afirmavam-se na prática económica com um elemento que ajustava os interesses dos
produtores e dos consumidores, constituindo-se assim como um regulador automático do
funcionamento do mercado.

O sistema económico do capitalismo liberal atravessou fases de prosperidade e fases de crise


ou depressão. O sistema apoiava-se no crescimento da produção e no créfdito. A livre
concorrência fazia com que as regiões competissem umas com as outras, numa competição
muitas vezes desigual, consoante o nível de desenvolvimento. A queda de preços de um
produto podia obrigar a baixar os preços em mercados distantes, mergulhando os produtores
na miséria; ou um fabricante podia ver-se excluído do mercado se o rival vendesse a preços
mais baixos ou se uma nova mercadoria visse substituir a que vendia.
Estas crises capitalistas eram crises provocadas pela liberdade económica, sem regulação,
que, em períodos de expansão, acabavam por provocar excesso de produção e causavam
desajustes entre o consumo e a produção, ou seja, entre a oferta e a procura. As crises do
século XIX eram de superprodução e não crises de subprodução que tinham caracterizado a
época pré-industrial.
Durante o século XIX os contemporâneos procuraram compreender os ciclos económicos, de
modo a tentar perceber a periodicidade das crises cíclicas que abalavam o capitalismo. Os
economistas aperceberam-se que a uma fase de expansão, marcada pela prosperidade e pela
subida de preços, se seguia uma fase de estagnação ou regressão, associada à diminuição da
produção e à descida dos preços.

Os ciclos económicos foram organizados em três categorias distintas, de acordo com a sua
duração:
• ciclo curto, também definifo como ciclo de Kitchim, com uma duração de três a cinco
anos;
• ciclo médio ou de Juglar, com uma duração de seis a 11 anos, também conhecido
como "ciclo maior"; neste ciclo identificavam-se quatro fases distintas: recuperação,
expansão, depressão e contração;
• ciclo de ondas largas ou de Kondratieff, de tendência longas, marcado por períodos
de expansão e de regressão.
A atividade económica sofreu também variações durante períodos alargados de tempo (trends)
que podiam ser no sentido de crescimento ou no sentido de retração.

livre-cambismo: designa a política económica que defendia a livre circulação de produtos


entre os diferentes países, através da diminuição ou da anulação das tarifas alfandegárias,
tendo em vista o desenvolvimento económico, incentivado pela livre-concorrência, e o
encorajamento das trocas comerciais mútuas.

O desenvolvimento do mercado internacional, verificado ao longo do século XIX, exigiu novas


práticas económicas que favorecessem o dinamismo das trocas comerciais. O capitalismo
favoreceu a adoção da política económica do livre-cambismo, assente na liberdade de
circulação de produtos entre os mercados, sem qualquer impedimento alfandegário ou fiscal. A
Inglaterra doi o primeiro país a adotar o livre-cambismo.
A adoção de políticas livre-cambistas coube a William Huskisso. Foi Robert Peel que, em 1846,
como primeiro-ministro pôs em prática medidas mais liberais no domínio do comércio,
eliminando as restrições às importações, de modo a diminuir o preço dos produtos. Foram
assinados vários tratados bilaterais de comércio que favoreceram, comercialmente, a Inglaterra
e, simultaneamente, eliminaram-se as barreiras alfandegárias às importações, como a
supressão da preferência imperial. Pode afirmar-se que a corrente livre-cambismo triunfou
definitivamente na Grã-Bretanha.
Foi também entre 1860 e 1870 que a corrente livre-cambista se afirmou nos países da Europa
continental, nomeadamente na França e na Alemanha, cujas políticas oscilavam entre o
protecionismo e o livre-cambismo. A liberalização aduaneira em França consolidou-se no ano
de 1860. Eliminaram-se as taxas alfandegárias entre os dois países com vista à dinamização
do comércio bilateral. Este tratado contribuiu para o crescimento económico, tendo provocado o
aumento das exportações e do produto interno bruto.
Nos EUA vigorava o protecionismo, uma vez que os homens de negócios que influenciavam as
decisões da política económica viam no livre-cambismo um modelo que favorecia, sobretudo, a
economia inglesa.
A grande realização da Europa industrializada foi criar um sistema de comércio multilateral e
liberal, mediante o qual adquiria e pagava as importações do produtos que necessitava em
mercados externos.
A Europa permitiu o financiamento e o desenvolvimento de outras regiões do mundo em função
dos seus interesses financeiros e também dos interesses americanos.

A economia tornou-se internacional e abarcava o mundo inteiro, procurando as vantagens


económicas do modelo do livre-cambismo.
O mundo afirmava-se como uma imensa "fábrica" e cada país como uma "oficina". Promovia-se
uma divisão internacional do trabalho entre os países e as regiões produtoras do mundo.
Aproveitava-se a vantagem comparativa dos diferentes países, no sentido de produzirem os
bens para os quais estavam naturalmente mais habilitados, e por isso, com custos mais
reduzidos, permitindo a obtenção de maiores lucros, que eram aplicados na compra de bens
que não produziam. Segundo o liberalismo económico os países beneficiavam com a divisão
internacional do trabalho.
A redução das tarifas alfandegárias, a orientação dos países para a produção de bens
específicos, o desenvolvimento dos transportes e a produção em massa dinamizaram o
mercado internacional e afirmaram as economias nacionais mais desenvolvidas. O comércio
mundial acabou por crescer exponencialmente, chegando mesmo a triplicar.
Por um lado, o livre-cambismo contribuiu para fortalecer as economias dos quatro países mais
industrializados, por outro tornou dependente os países produtores de matérias-primas ou de
produtos de baixo valor. A sua dependência no mercado internacional agudizou as diferenças
face aos países industrializados.

Unidade 2
A sociedade industrial urbana
A explosão populacional

Entre 1870 e 1913, assistiu-se ao aumento da população mundial.


No fim do século XIX, um quarto da população mundial era de origem europeia:
- a Europa viu a sua população mais do que duplicar, contribuindo para o crescimento efetivo
dos continentes;
- o crescimento demográfico europeu foi consequência da redução da mortalidade,
especialmente da mortalidade infantil, e do aumento da esperança média de vida, o que
provocou uma explosão demográfica na Europa.
Na Europa esse crescimento acelarado é evidenciado nos indicadores da mortalidade e da
natalidade:
- a mortalidade diminuiu, sobretudo, nos países mais industrializados;
- a natalidade permaneceu elevada;
- a esperança média de vida aumentou.
No início do século XX, a Europa era o continente mais densamente povoado. O seu
crescimento demográfico teve consequências:
- no plano económico (necessidade de mais subsistência, de mais recursos, aumento da mão
de obra e mais consumo);
- na vida social (mais dificuldades, baixos salários, deslocação de populações).
O seu crescimento demográfico ficou a dever-se a vários fatores:
- progresso na medicina (combate às doenças infeciosas; melhorias nos cuidados materno-
infantis);
- progressos na higiene (uso do vestuário de algodão; o uso do sabão; as redes de
saneamento; a melhoria no abastecimento de água e das condições materiais das habitações);
- progressos na alimentação (alimentos em maior quantidade e mais variados; progressos dos
transportes que possibilaram o abastecimento das populações; melhoria na conservação dos
alimentos).

Motivos da concentração populacional nas cidades:


- o desenvolvimento da industrialização, acompanhado do forte crescimento populacional;
- a possibilidade de fluxos migratórios, facilitados pelo desenvolvimento dos transportes;
- os fenómenos migratórios, do campo para a cidade (êxodo rural) e entre países (emigração);
- a melhoria das condições económicas e o desenvolvimento técnico;
- a procura de oportunidades de emprego, de melhores salários e de melhores condições de
vida.
O crescimento das cidades entre 1850 e 1914 foi notório:
- esta expansão urbana foi marcante nas capitais dos países industrializados;
- a percentagem de população urbana, no cômputo geral da população de cada país,
aumentou.
Novos desafios se colocaram às cidades e às autoridades governamentais e citadinas:
- planear e organizar as cidades, de acordo com novos modelos;
- solucionar problemas específicos: alojamento, abastecimento, limpeza, iluminação, espaços
de circulação e de tráfego; equipamentos próprios da vivência no espaço urbano.

A partir de meados do século XIX, devido às transformações ocorridas na economia e na


sociedade, as estruturas urbanas alteraram-se:
- as cidades expandiram a sua área para a periferia; modernizaram e reformulavam o
ordenamento do seu espaço;
- aparecimento de um urbanismo de cariz mais geométrico, utilitário; as ruas amplas e
retilíneas favoreciam a circulação das pessoas e dos novos meios de transporte; nasceram as
grandes avenidas, ladeadas de árvores, de jardins e parques;
- construíram-se teatros, óperas;
- os edifícios alinhavam-se simetricamente, conferindo ao espaço um sentido de ordem;
- o caminho de ferro afirmou-se como uma das grandes portas de entrada e de saída da
cidade, construindo-se imponentes gares;
- usos dos mais modernos materais da época, como o ferro, o aço e o vidro, cuja estética e
arquitetura traduziam uma imagem da imponência da cidade.
Na cidade, o trabalhp, o lazer, a atividade económica e financeira conviviam em simultâneo.
A cidade do século XIX apresentava fortes contrastes sociais:
- a classe burguesa residia em bairros luxuosos e em habitações elegantes no centro das
cidades; o centro era reservado para os negócios, para a finança e a banca, para o comércio e
as funções administrativas;
- os bairros operários, situados na periferia, tinham más condições de habitabilidade e de
higiene onde a miséria, o desemprego, a criminalidade e a prostituição eram também
realidades que faziam parte do quotidiano urbano.
Nos EUA, a cidade do século XIX começou a elevar-se em altura.

O século XIX ficou marcado por fluxos migratórios, quer no interior dos países, quer entre
Estados diferentes ou até entre continentes. As correntes migratórias do século XIX foram de
dois tipos:
- migrações internas, quando se realizavam no interior do próprio país;
- emigração, realizada de um país para outro.
Migrações internas foram favorecidas:
- pelo desenvolvimento industrial em ligação com o crescimento urbano;
- pelas oportunidades de trabalho nas minas, na indústria, na construção civil, no comércio e no
serviço doméstico;
- as migrações internas podiam ser também sazonais, de acordo com o calendário agrícola.
Foram vários os fatores que contribuíram para a emigração:
- as crises económicas cíclicas;
- o desenvolvimento de novos países com os EUA, o Brasil, a Argentina, ou os domínios
coloniais;
- o desenvolvimento das vias férreas e as melhorias técnicas nos transportes, sobretudo no
comboio e no barco a vapor;
- os motivos políticos (vagas revolucionárias) provocaram instabilidade e favoreceram a
emigração (polacos, franceses, alemães);
- a intolerância religiosa levou a que povos perseguidos se refugiassem noutras religiões.
No que se refere à emigração, em termos geográficos e temporais, ocorreram duas grandes
vagas:
- a primeira, entre 1846 e 1880, composta maioritariamente por ingleses, irlandeses, alemães e
escandinavos;
- a segunda, entre 1880 e 1914, constituída por italianos, espanhóis, russos, húngaros, polacos
e outros povos eslavos, num total de 20 milhões de europeus.
A emigração portuguesa aumentou desde a segunda metade do século XIX, até ao ano de
1900.
Fora da Europa, os chineses e os indianos deslocaram-se para a Malásia, Birmânia e Cuba.
A emigração contribuiu para acelarar o dinamismo económico dos países de destino e de
origem (no regresso investiam nos seus países)
Unidade e diversidade da sociedade oitocentista

Principais tranformações sociais ocorridas no século XIX:


- resultantes das revoluções liberais e da procalmação da igualdade e da liberdade com valores
fundamentais; foi abolida a sociedade de ordens baseada no privilégio do nascimento;
- continuou a haver desigualdades de natureza económica e política; o lugar de cada indivíduo
na sociedade era diferenciado pela sua riqueza, pelo seu papel económico e pela função;
indivíduos pertenciam a classes sociais diferenciadas;
- generalizou-se um novo tipo de sociedade: a sociedade de classes.
A sociedade de classes Oitocentista assentava em diversos princípios:
- consagrava que todos os homens eram livres e iguais perante a lei;
- era uma sociedade desigual, complexa e dinâmica (não estática e imutável);
- a ascensão social fazia-se pelo mérito e não pela origem social ou pelo nascimento.
A sociedade de classes Oitoentista foi marcada pelo antogonismo e pela diferenciação social:
- opunha a alta burguesia, detendora dos meios de produção e do capital, ao operariado, cujas
condições económicas e de vida eram diametralmente opostas;
- tantp a classe burguesa como a classe dos assalariados não eram grupos homogéneos;
- em cada um deles havia diversos estratos, consoante a riqueza, o estatuto e o prestígio,
associados à função socioprofisssional desempenhada.

O século XIX correspondeu à afirmação da burguesia que não constituía um grupo


homogéneo:
- no topo da hierarquia estava a alta burguesia, abastada, na posse de grandes fortunas,
detendora do capital e dos meios de produção (fábricas, empresas, propriedades);
- a abaixo estava a média e pequena burguesia, que não possuía grande fortuna, vivia do
trabalho assalariado ou dos rendimentos de pequenos negócios.
O desenvolvimento económico e financeiro do século XIX proporcionou à alta burguesia a
ocupação de um lugar de liderança na política e na sociedade, luhgar que havia pertencido
anteriormente à aristocracia:
- a alta burguesia era composta por grandes industrias, banqueiros, grandes proprietários e
homens de negócios; formava um grupo poderoso e influente na alta administração, na
diplomacia e nas magistraturas; a alta burguesia tinha intervanção política e social;
- distinguia-se pela fortuna, profissão, cultura e nível de estudos e pelo sentimento de pertença
a um grupo distinto na sociedade: era uma elite; a alta burguesia desenvolveu um consciência
de classe, na partilha dos mesmos valores, comportamentos e modelos de vida.
A burguesia perpetuou-se como classe dominante:
- constituía "dinastias" familiares que continuavam o sucesso iniciado pelos seus
antepassados, assumindo que descendiam de um homem que à custa do esforço e do trabalho
tinha alcançado o sucesso (self-made men);
- a burguesia apoio a cultura e as artes, as atividades de lazer e moda, afirmou o gosto
burguês.

Foram vários os fatores que fizeram proliferar o setor terciário e as classes médias:
- a especialização dos serviços; a divisão do trabalho, nas diversas áreas económicas, nos
serviços dos escritórios das empresas industriais, dos bancos e do comércio, a complexificação
e burocratização do Estado levaram à criação de novas profissões;
- o desenvolvumento dos cuidados de saúde e do ensino;
- o setor terciário exigiu a constituição de um corpo de empregados, com diversas funções e
categorias que não pertencia nem à alta burguesia nem ao operariado.
Este grupo diversificado formava as classes médias, onde se enquadravam:
- os elementos da média e pequena burguesia, de profissões liberais ligadas às àreas do
comércio, da banca, dos serviços e da administração;
- constituíam um grupo de heterogéneo, com uma fraca consciência de classe e com interesses
muito variados.
Até cerca de 18880, a maioria das classes médias não tiveram um papel político marcante; o
alargamento do direito de voto e do sufrágio universal masculino permitiu-lhes um maior
destaque.

A burguesia do século XIX pautava-se por valores definidos, cultivados e transmitidos no seio
familiar:
- o valor do trabalho e do mérito; a poupança e a virtude; a defesa da propriedade individual e
da livre iniciativa, como forma de permitir alcançar a riqueza;
- os valores da honestidade, da respeitabilidade e da solidariedade; o apoio a obras sociais
através da filantropia; o gosto pelo luxo e pela ostentação contrastava com os valores de
poupança, da sobriedade e simplicidade de espírito burguês;
- para a burguesia, a sua vida de sucesso e de prosperidade era reflexo da sua conduta moral
e fruto dos valores pelos quais se guiava; o seu lugar na sociedade era a prova do seu mérito,
da sua competência, do seu trabalho e do seu espírito de iniciativa;
- o êxito individual assentava na ideia de que o homem se fazia a si próprio (self-made man).
Na família burguesa, os papéis eram rigidamente definidos:
- o homem era o chefe de família, o marido e o pai, o garante da independência económica;
nele residia a autoridade, sendo-lhe devida obdiência. A sua vida dividia-se entre a empresa, o
clube e a família;
- a mulher era a dona de casa, a mãe e a esposa, a quem cabia zelar pelo bem-estar do marido
e da educação dos filhos; cuidava da gestão da casa e dos criados; era-lhe atribuído um
estatuto legal de dependência e de menoridade face ao homem; à mulher cabia organizar as
receções e os eventos sociais da família. fazendo a ligação entre a vida privada e a vida social
pública;
- os filhos eram educados segundo os valores da poupança, da disciplina e do valor do esforço.
A casa burguesa, ampla e sumptuosa, era o local por excelência de concretização da vida
burguesa:
- local confortável, com objetos decorativos, demonstrava a riqueza e o nível de sucesso
alcançado;
- o espaço privado expressava a individualidade do homem de negócios e do chfe de família;
- o gosto burguês procurava a beleza através dos objetos, do mobiliário e da decoração da
casa; eram verdadeiros palácios e palacetes; tinham grandes bibliotecas e ostentavam obras
de arte, contrabalançavam o poder do dinheiro com a dimensão cultural.
A alta burguesia frequentava as estâncias de férias e viajava com frequência; ia ao teatro, à
ópera e às corridas de cavalos; organizava bailes e grandes receções.
As classes médias eram heterogéneas e sem clara consciência de classe. Partilhavam um
conjunto de valores inspirados nos da alta burguesia:
- o conservadorismo e a austeridade moral; o trabalho, o estudo e o conhecimento; o respeito
pelas hierarquias e as convenções socialmente estabelecidas;
- prezavam a ordem e a harmonia social; cultivavam a poupança;
- no domínio público, as classes atribuíam grande importância à reputação e à opinião dos
outros;
- demonstravam sobriedade e respeitabilidade nos atos, no vestuário e no comportamento em
público;
- dispondo de rendimentos modestos, limitavam a vida pública às cerimónias em família, que
eram momentos de grande significado.

Na sociedade Oitocentista, no grupo dos assalariados, a classe operária ou proletariado era a


que apresentava condições de trabalho mais degradante:
- longas jornadas de trabalho e baixos salários, estava à mercê do sistema capitalista e a
situação do operariado

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