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1.

Introdução

O homem sempre possuiu a necessidade de ter um abrigo ou alguma espécie de estrutura para se
instalar. Estas estruturas normalmente são dirigidas aos mais diversos tipos de atividades e funções
a serem desempenhadas pelo ser humano. Um edifício é uma construção com a finalidade de
abrigar tais atividades e cada um caracteriza-se pela sua finalidade, podendo ser, habitacional,
cultural, de serviços, industrial, entre outros.
O conceito de edificação dita que estas são caracterizadas por casas, prédios, apartamentos,
galpões, viadutos, igrejas, ginásios de esportes, fortes, aeroportos, torres de comando, faróis
sinalizadores, postos de gasolina, usinas hidroelétricas, usinas nucleares, indústrias, estações de
tratamento de água, etc. Enfim, é a forma genérica de se referir a qualquer instalação que como
seu propósito final, sirva de abrigo para desempenhar as mais variadas funções do homem.
O processo construtivo de uma edificação segue da seguinte forma: ideia inicial, planejamento
prévio, projeto, fabricação dos materiais para uso no canteiro de obras, execução das partes
componentes da edificação e uso. Durante tais processos, podem ocorrer falhas ou descuidos dos
mais variados tipos, que acabam por gerar vícios e problemas construtivos das etapas previamente
citadas. O gerenciamento destes processos e a melhoria constante através do controle de 2
qualidade e desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas é desafio constante na engenharia
civil.
A ciência da patologia das construções pode ser entendida como o ramo da engenharia que
estuda os sintomas, causas e origens dos vícios construtivos que ocorrem na construção de
edificações. A partir do estudo das fontes dos vícios, é possível de se evitar que a ocorrência de
problemas patológicos se torne algo comum nas edificações modernas.
Podem-se gerar melhorias no processo construtivo através de um controle de qualidade mais
criterioso no canteiro de obras, a fim de aperfeiçoar a matéria prima utilizada nas construções e os
processos construtivos em si, fazendo assim com que não se torne comum o surgimento de
fenômenos patológicos nas edificações. Porém se mesmo assim exista a ocorrência de
manifestações patológicas, sua identificação e solução se dão através da aplicação de métodos de
análise de problemas. Estes conhecimentos desenvolvem-se basicamente a partir do conhecimento
teórico e prático do profissional e pela divulgação e difusão dos métodos empregados no
tratamento dos problemas apresentados através da coleta de informações e dados relevantes,
onde podem existir pesquisas de aprofundamento dos métodos e tecnologias empregadas durante
o processo de resolução do problema.

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2. Conceitos

O que é patologia das construções?


Patologia da construção civil é basicamente quando uma edifício apresenta defeitos. O edifício
deve diversas funções para atender as necessidades humanas. Diz-se que um edifício apresenta
uma patologia quando não atende adequadamente uma ou mais funções para as quais foi
construído. Assim , o reparo( conserto)de uma patologia tem como objetivo recuperar essa função.

O termo patologia vem da medicina. Estado patológico, na medicina, significa estado doentio, de
anormalidade, de falta de saúde. Na construção sentido é o mesmo. Na pratica a patologia das
construções é o estudo de situações de ocorrência de problemas, de falhas ou de defeitos que
comprometem uma ou mais das funções do edifício, ou todo seu conjunto, como se o edifício
estivesse mesmo doente e sua doença precisasse ser diagnosticada e tratada. O reparo da
patologia, assim como o tratamento na medicina, visa recuperar as funções( ou a saúde) do edifício.

O fator tempo tende a afetar também a maioria dos sistemas de um edifício durante seu
funcionamento, tendo maior impacto no envelhecimento de alguns sistemas do que em outros,
deteriorando suas condições de funcionamento ate o limite da ocorrência de patologias. Quando
isso ocorre, diz-se que aquele sistema do edifício atingiu sua vida útil.

Um mau desempenho e no seu extremo uma patologia podem ser causados por inúmeros
fatores nas fases de desenvolvimento do edifício. A natureza do prédio demanda requisitos de
desempenho diversos, implicando soluções que motivarão processos construtivos, soluções de
projeto e especificações para cada uso.

Os fenômenos, evidentemente, não ocorrem ao acaso, alguma causa ou causas são responsáveis
por sua ocorrência. O reconhecimento dessas causas, por uma investigação cuidadosa, é a base
para o tratamento futuro, tendo como principio universal que somente eliminado a causa resolve-
se o problema. Entretanto, os feitos permanecem e devem, só então, ser corrigidos.
Conhecidos os sintoma e reconhecida a causa, antes de ser definida o “tratamento”, deve-se
estabelecer um diagnostico, que nada mais é que o perfeito entendimento de como, a partir da
causa, ocorreram os sintomas. O diagnostico procura explicar todos os fenômenos e mecanismos
que concorreram para a manifestação patológica.

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 Causas das patologias: Origem
- Mau projeto;
- Erro de execução;
- Uso inadequado (uso para fins diferentes dos calculados em projeto);
- Falta de manutenção.
- Outros (acidentes, incêndio, inundação, etc.)

 Agentes causadores:
- Mecânicos: abalos sísmicos, alterações no terreno, sobrecarga na estrutura.
- Químicos: ação do sal do mar, poluição doar, agua na estrutura, variação de temperatura,
umidade relativa do ar, radiação solar incidente, chuva.
- Biológicos: fungos e bactérias.
- Físicos(do material): escolha errada, incorreto dimensionamento.

 Sintomas:
- Fissuras, trincas;
- Flecha excessiva;
- Destacamentos;
- Eflorescência.

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3. Tipos de sintomas

Trincas, fissuras, fendas e rachaduras

Fissura

 A abertura é superficial. Atinge a pintura, massa corrida, azulejo;


 A sua espessura atinge até 1 mm;
 Menor gravidade;
 Estreita e alongada;
 Não possui problema estrutural, portanto, não é perigosa;
 É importante observar se a fissura evolui com o decorrer do tempo ou se permanece
estável, pois a fissura pode ser o primeiro estágio da fenda.

Trinca

 É mais perigosa do que a fissura;


 Sua espessura é de 1 a 3 mm;
 A abertura é mais profunda e acentuada;
 Ocorre a ruptura do elemento, separando em duas partes;
 Pode afetar a segurança dos elementos estruturais da residência.

Rachadura

 É muito perigosa, requer imediata atenção;


 Sua espessura é acima de 3 mm;
 Ocorre a ruptura do elemento, separando em duas partes;
 A abertura é grande, pronunciada, profunda e acentuada;
 É de fácil observação;
 A água, o vento e a luz são capazes de passar através da parede ou teto danificado.

Fenda

 Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta uma abertura de tal
tamanho que pode ocasionar acidentes. Exemplo: um veículo caiu dentro da fenda
aberta no asfalto. As fendas, por terem causas geralmente não visíveis (como
solapamento do subsolo) podem ficar incubando por longo período e manifestar-se
de forma instantânea, causando acidentes graves.

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Causas das Trincas, fissuras, fendas e rachaduras
 Comprometimento estrutural;

 Acomodação de elementos construtivos: sempre que se constrói uma edificação, há uma


acomodação do solo, um assentamento em maior ou menor grau. Assim, dependendo de
como foi feita a fundação, uma parte da casa pode ceder mais que a outra e com esse
deslocamento causar as fendas;

 Sobrecarga de uso calculada inadequadamente;

 Retirada de elementos de escoramento durante a fase construtiva;

 Dilatação térmica: algumas partes da casa, por ficarem expostas ao sol, dilatam ou retraem
mais do que outras, podendo assim causar as fendas, como uma laje que dilata com o sol
causando as trincas;

 Retração do material: é a perda de água nas camadas de revestimento. Por exemplo, a tinta
no período de secagem, ocorre à perda da umidade e assim ela retrai, seu tamanho é
reduzido podendo causar a fissura;

 Infiltração: quando há algum vazamento ou má impermeabilização da laje ocasionando a


entrada de água da chuva, no caso do concreto a água penetrará e aos poucos atingirá a
armadura de ferro provocando sua corrosão que ocasionará na pressão do concreto e daí o
início das rachaduras. A consequência disto será a queda de partes do concreto, deixando a
ferragem exposta, acelerando o processo de corrosão;

 Vibrações e trepidações: excesso de veículos trafegando na rua, elevadores, proximidades


com obras e metrô são algumas razões para ocorrer as vibrações contínuas e assim causar
as rachaduras e trincas;

 Defeito na formulação do produto e erros na aplicação.

Tratamento de fissuras
O objetivo geral do tratamento de fissuras é a criação de barreiras para impedir o transporte nocivo
de líquidos e gases, evitando assim que eles contaminem o concreto e as armaduras da estrutura
da edificação. Na visão estética, o tratamento das fissuras proporciona a sensação de segurança por
parte dos usuários.

 Técnica de injeção em fissuras

Souza e Ripper (1998) definem injeção como “a técnica que garante o perfeito enchimento do
espaço formado entre as bordas de uma fenda, independentemente de se estar injetando
para restabelecer o monolitismo de fendas passivas, casos em que são usados materiais rígidos,

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como epóxi ou grautes, ou para a vedação de fendas ativas, que são situações mais raras, em que
se estarão a injetar resinas acrílicas ou poliuretânicas”.

Usualmente se usam resinas epoxídicas para injeção em fissuras inativas devido as suas qualidades
de ausência de retração, de sua baixa viscosidade, de suas altas capacidades resistente e aderente,
do bom comportamento na presença de agentes agressivos e do seu rápido endurecimento.

figura1 : preparação da fenda para procedimento de injeção

 Técnica de selagem de fissura, trinca, rachadura

Essa técnica é utilizada para vedar os bordos de fissuras ativas, utilizando um material que seja
necessariamente aderente, resistente mecânica e quimicamente e que seja flexível o bastante para
se adaptar a deformação da fenda.

Para aberturas entre 10 e 30 mm, realiza-se o preenchimento da fenda com graute, e selando as
bordas com produto à base de epóxi, como visto a seguir.

Figura2: configuração de abertura selada

Já fissuras com aberturas maiores que 30 mm devem ser tratadas como se fosse uma junta de
dilatação. Nessas fissuras, realiza-se a inserção de um cordão em poliestireno extrudado ou de
uma mangueira plástica.

Quando se tem abertura muito grande também se pode proceder à colocação de juntas de
neoprene, que deverão aderir aos bordos da fenda, devidamente reforçados, para garantir que o
reparo seja efetivo, e não venha a fracassar justamente pela perda de aderência localizada, visto

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que nessa região localiza-se um concreto mais fraco, não só pelo contato com as fôrmas, na
concretagem, mas também pela própria energia desprendida na abertura da fenda.

 Costura de fenda (método do grampeamento)

Esse tipo de tratamento é utilizando como armadura adicional, para resistir aos esforços extras de
tração que causaram a fissura. Segundo Souza e Ripper (1998), a técnica é de discutível aplicação,
pois aumenta a rigidez da peça localmente, e se o esforço gerador da fenda continuar, com certeza
produzirá uma nova fissura em região adjacente.

Para que estes efeitos tenham sua proporção diminuída, deve-se tomar o cuidado de dispor os
grampos de forma a não provocar esforços em linha, ou seja, eles devem ser colocados com
inclinações diferentes.

Às vezes, todo o grampeamento é recoberto com uma camada de argamassa projetada ou não,
que serve para preencher os furos de colocação dos grampos, além de ser uma camada protetora.
No caso de trabalhos em peças tracionadas as fendas devem ser costuradas nos seus dois lados.

Figura3: Reparo de abertura por grampeamento

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Manchas

As manchas são o resultado de processos evolutivos onde microrganismos, vegetais e animais


microscópicos, se instalam nas paredes e teto formando uma massa simbiótica que forma um micro
-ambiente em que uns microrganismos servem de alimento para os outros proporcionando a sua
proliferação.
Alguns dos fungos são do tipo filamentoso, isto é, crescem como filamentos. Nesses filamentos
dos fungos enroscam partículas da poluição ambiente como partículas de pneu, partículas de
carvão, fuligem, pó, terra que pairam no ar. Com a deposição desse material
poluente nos filamentos dos fungos, surge a mancha que é visível a olho nu. A mancha na
área urbana geralmente é preta pois são partículas de pneu e fuligem enquanto que em áreas
rurais a mancha é avermelhada ou marrom devido o pó de terra.

Eflorescência

Eflorescências são depósitos normalmente brancos que se formam sobre a superfície do


concreto, argamassas, tijolos, pedras e outros materiais porosos, que alteram a estética dos
acabamentos. As eflorescências se formam pela dissolução pelas águas de infiltrações dos sais
(hidróxido de cálcio) do cimento e cal. Quando a água evapora, deposita estes sais na superfície.

A principal forma de evitar as eflorescências nas argamassas é a utilização de cimento CP IV


(Cimento pozolânico) ou cimentos tipo RS (resistente a sulfatos). Na dificuldade em adquirir os
cimentos acima, deve-se utilizar o cimento tipo CPIII, com baixo teor de hidróxido de cálcio. A
utilização de aditivos redutores de água e uma eficiente cura do concreto (baixa porosidade
superficial) também são benéficos, pois proporcionam uma argamassa mais densa, impermeável e
de menor porosidade capilar.

Corrosão da armadura de aço


Segundo o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a corrosão nas armaduras de concreto é
uma das patologias mais frequentes nas edificações. A corrosão das armaduras, podem determinar
o fissuramento do concreto e até seu desplacamento fazendo com que sua armadura fique exposta
ao ambiente. A corrosão é frequentemente relacionada à presença de teores críticos de íons de
cloreto no concreto ou no abaixamento do seu pH devido às reações com compostos presentes no
ar atmosférico, especialmente o dióxido de carbono (ARAÚJO, 2013). A armadura de aço pode ser
definida como material metálico que em contato com ambientes agressivos estão sujeitos à
corrosão. Podem ocorrer dois tipos de corrosão: a corrosão eletroquímica (aquosa) e a corrosão
química (corrosão seca). A corrosão eletroquímica vai ocorrer quando as estruturas entram em
contato com soluções aquosas, como água doce ou do mar, como o solo, as atmosferas úmidas. A
corrosão química é um processo lento e não provoca deterioração superficial das superfícies
metálicas (exceto quando se tratar de gases extremamente agressivos) Normalmente, em obras
civis só ocorre corrosão eletroquímica.

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4. Pesquisa de campo

 Edificação: casa na chácara/ Cidade: Mococa / bairro: são domingos chop


 Dados: possui 6 anos / ano de construção 2013
 Local da aparição: canto vertical superior da ponta de entrada e janela (porta da
cozinha, janela da cozinha)
 Origem: projeto
 Sintoma: fissura
 Causas: sobre carga
 Mecanismo: o subdimensionamento de vergas e contra vergas aliado ao acumulo
de tensões em trechos com presença de abertura causam fissuras nas diagonais
nos vértices das aberturas do painel.
 Consequências: Quando existem cargas concentradas que não são corretamente
distribuídas, pode haver esmagamento e por consequência surgir fissuras a partir
do ponto de transmissão da carga. Podendo evoluir para fendas ou rachaduras.
 Tratamento: aplicação de uma verga na parte superior da abertura.

Figura 4: fissura parte superior da janela

Figura 5 : fachada da casa

Figura 6: fissura do canto superior da porta

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5. Pesquisa de campo

 Edificação: pavimento
 Dados: 8 anos / 2011
 Origem: projeto
 Sintoma: deslocamento, fenda
 Causas: mecânicos ( alteração do terreno)
 Mecanismo: com a passagem de agua, se retira a camada de sustentação feita
de terra, assim a carga exercida no pavimento não é capaz de suportar sem a
base correta. Abrindo uma fenda e provocando um deslocamento.
 Consequências: o deslizamento do passei e parte do pavimento.
 Tratamento: refazer o pavimento com a compactação correta, o murro de
arrimo com drenagem de água.

Figura7: pavimento com deslocamento

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6. Conclusão

O presente estudo apresenta os principais conceitos utilizados em patologia das edificações, tais
como origem, causa, sintoma, diagnóstico e terapia, muito embora alguns conceitos, como origem
e causa, ainda têm sido empregados na literatura de maneira pouco precisa.

Mediante a avaliação das manifestações patológicas levantadas, torna-se possível estabelecer o


grau de degradação de uma edificação, definir as causas intervenientes, conhecer os mecanismos
de com o os fenômenos ocorrem e o modo como eles se apresentam (sintomas). A partir dessas
informações, define-se o tratamento mais adequado, levando - se em conta o tipo de edificação, se
possui ou não valor histórico e/ou arquitetônico.

Os tratamentos gerais e os procedimentos adotados devem ser direcionados por alguns princípios
básicos, os quais foram cita dos neste estudo. Entretanto, o estabelecimento de ações específicas
torna -se difícil, dada à particularidade de cada caso

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7. Referencias bibliográficas

 http://www.der.pr.gov.br/arquivos/File/11EncontroTecnico/DeformacoesPermanentesemP

avAsfalticosLiediBernucci.pdf

 https://monografias.brasilescola.uol.com.br/engenharia/principais-manifestacoes-

patologicas-encontradas-em-uma-edificacao.htm#capitulo_3.2.4

 https://speranzaengenharia.ning.com/page/patologias-das-edificacoes

https://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/644/1/2014SidineiJoaoHunemeier.pdf

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