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FICHAMENTO – UMA INTRODUÇÃO AS TEORIAS DO CURRÍCULO

*Núbia Vieira da Silva

No primeiro capítulo, denominado “Currículo” (dividido em quatro tópicos), é apresentado


pelas autoras Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo uma abordagem acerca da impossibilidade
de ser respondido à pergunta que inicia o capítulo: “O que é currículo” onde são discutidos os
diferentes movimentos objetos de disputas na teoria curricular e a existência de acordos que
produzem sempre sentidos prévios para o significado de currículo. “Currículo: seleção e
organização do que vale a pena ensinar” é o primeiro tópico a ser abordado, apresentando
discussões que foram conduzidas e influenciadas pelos movimentos gerados industrialização
americana e, no Brasil da década de 20, com o movimento da Escola Nova (desencadeada pelo
progressivismo de John Dewey e seus princípios), e a concepção da necessidade de decidir sobre “o
que ensinar”, marcando o início dos estudos curriculares a esse período.
Teorias são revistas (o comportamentalismo na Psicologia e o taylorismo na Administração),
e suas influências (socializar o jovem a fim de atender a demanda da sociedade – controle social) e
as abordagens técnicas articuladas pela doutrina eficientista racionalista de Tyler impondo-se por
mais de 20 anos, no Brasil e nos EUA. A teoria é um suposição, ela representa o que seria o “real”
mas como é teoria ela especula a “realidade” – uma representação do “real”. “A “teoria” não se
limitaria, pois a descobrir, a descrever, a explicar a realidade: a teoria estaria irremediavelmente
implicada na sua produção. Ao descrever um “objeto”, a teoria de certa modo, inventa-o. O objeto
que a teoria supostamente descreve é, afetivamente um produto de sua criação” (p.11).
“As ideias desse grupo encontram sua máxima expressão no livro de Bobbitt, the
curriculum (1918). Aqui, o currículo é visto como um processo de racionalização de resultados
educacionais, cuidadosa e rigorosamente especificados e medidos” (p.12).
“O modelo institucional dessas concepções de currículo é a fábrica. Sua inspiração de
currículo é a fábrica. Sua inspiração “teórica” é a “administração cientifica”, de Taylor. No modelo
de currículo de Bobbitt, os estudantes devem ser processados como um processo fabril. No discurso
curricular de Bobbitt, pois, o currículo é supostamente isso; a especificação precisa de objetivos,
procedimentos e métodos para a obtenção de resultados que possam ser precisamente mensurados”
(p.12).
“A pergunta “o que?”, por sua vez, nos revela que as teorias de currículo estão envolvidas ou
implicitamente, em desenvolver critérios que darão aquela questão. O currículo é sempre o
resultado de uma seleção: de um universo mais amplo de conhecimento e saberes seleciona-se





aquela parte que vai contribuir, precisamente, o currículo. As teorias do currículo, tendo decidido
quais conhecimentos devem ser selecionados, buscam justificar por que “esses conhecimentos” e
não “aqueles” devem ser selecionados (p.15).
“Nas discussões cotidianas, quando pensamos em currículo pensamos apenas em
conhecimento, esquecendo-nos de que o conhecimento que constitui o currículo está
inexplicavelmente, centralmente, vitalmente, envolvidos naquilo que somos, naquilo que nos
tornamos: na nossa identidade, na nossa subjetividade. Talvez possamos dizer que, além de uma
questão de conhecimento, o currículo é também uma questão de identidade. É sobre essa questão
pois, que se concentram também as teorias do currículo” (p.16).
Nessa perspectiva o currículo acaba sendo um reflexo da trajetória de desejos e predileções
que um indivíduo tem em sua caminhada, ou em sua “pista de corrida”. Seria uma maneira
concentrada de se expor uma parte considerável da essência de vontades e objetivos individuais de
um pessoa.
“Da perspectiva dos pós-estruturalistas, podemos dizer que o currículo é também uma
questão de poder e que as teorias do currículo, na medida em que buscam dizer o que o currículo
deve ser, não podem deixar de estar envolvidas em questões de poder.

Referência
LOPES, A. C.; MACEDO, E. Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011. 280 p.

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