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MBA FINANÇAS UFSCAR SOROCABA

Eduardo Garbes Cicconi


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Sobre os professores/autores

Prof. Dr. Eduardo Garbes Cicconi

Graduado em Economia pela FEA-RP USP (1998), mestre em Economia Aplicada pela FEA-
RP USP (2006), doutor em Administração das Organizações (2015). Coordenador dos
Cursos de Pós Graduação em Controladoria e Finanças da FAAP - Ribeirão Preto,
coordenador do curso de graduação de administração de empresas da Fundação
Eduacional de Ituverava, coordenador do curso de administração do Centro Universitário
Barão de Mauá. Gerente de Novos Negócios da FIPASE - Fundação Instituto Pólo Avançado
da Saúde de Ribeirão Preto.

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Sumário

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
UNIDADE 1 ......................................................................................................................... 7
Produto ................................................................................................ 7
Produto, Renda e Dispêndio ................................................................ 9
Investimento e Depreciação .............................................................. 11
Governo ............................................................................................. 13
Resto do Mundo ................................................................................ 13
Produto Real e Produto Nominal ....................................................... 15
Índices de Preços ............................................................................... 16
UNIDADE 2 ....................................................................................................................... 19
Consumo e Investimento Agregados ................................................................................ 19
Consumo Agregado............................................................................ 19
Investimento Agregado...................................................................... 25
UNIDADE 3 ....................................................................................................................... 32
Política Fiscal, Política Monetária e Setor Externo ............................................................ 32
Governo e Política Fiscal .................................................................... 32
Política Monetária ............................................................................. 35
Setor Externo ..................................................................................... 43
Considerações sobre Cenários Econômicos ....................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 48

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CENÁRIOS ECONÔMICOS

INTRODUÇÃO

Iniciaremos nossos estudos sobre Cenários Econômicos respondendo à seguinte pergunta:


Por que estudar economia ou macroeconomia?
Estudamos economia porque todas as organizações são afetadas, a todos os momentos,
por mudanças nas taxas básicas de juros do Brasil e de outros países, pela taxa de câmbio
e de inflação, pelas variações do PIB entre outros. Os gestores que elaboram o orçamento
da empresa necessitam estimar a demanda e entender a maneira como a inflação
projetada pode afetar os custos das suas matérias-primas. Para estabelecer estratégias de
exportação, os decisores necessitam trabalhar com projeções para a taxa de câmbio.
O estudo dos aspectos econômicos da vida faz parte de uma das mais abrangentes
categorias do conhecimento humano, as ciências sociais. Genericamente, a economia
centra sua atenção nas condições da prosperidade material, na acumulação de riqueza e
em sua distribuição aos que participaram do esforço social de produção (ROSSETTI, 2016).
Rossetti (2016) destaca que a economia pode ser vista como um ramo das ciências sociais
que se ocupa da administração eficiente dos escassos recursos existentes, empregados na
consecução dos fins que tenham sido estabelecidos pela sociedade – quer seja através de
descentralizado processo decisório, quer seja através de um poder central. Segundo o
autor, Robbins (1932) nos ajuda a entender a economia, definindo-a como a ciência que
estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as

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ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos
alternativos.
Diferentemente da microeconomia que trabalha com mercados isolados, a
macroeconomia estuda todos os mercados em conjunto. Desta forma, o objeto da
macroeconomia é a totalidade dos mercados, e seu objetivo é compreender o
funcionamento da economia e, por isso, a observação dos fenômenos fundamenta as
teorias, que depois de elaboradas, são testadas.
O governo pesquisa regularmente as empresas e os indivíduos para conhecer os fatos de
sua atividade econômica – quanto ganham, o que compram, quais os preços que cobram
e assim por diante. A partir dessas pesquisas, elaboram-se diversas estatísticas que
sintetizam a situação da economia. Essas estatísticas fornecem os dados que os
economistas usam no estudo da macroeconomia e, além disso, ajudam as autoridades a
acompanhar os acontecimentos e formular as políticas adequadas.
Assim, para que as análises macroeconômicas pudessem avançar, foi necessário o
desenvolvimento da chamada Contabilidade Nacional, ou seja, de um instrumento que
permite mensurar a totalidade das atividades econômicas. Este instrumento recebeu o
nome de Contabilidade Nacional e a partir do desenvolvimento desta técnica de
mensuração, baseada no princípio contábil das partidas dobradas, houve grande avanço
da teoria econômica, uma vez que tornaram possíveis os testes empíricos e uma análise
qualitativa mais consubstanciada.

ASSISTA AGORA A VIDEOAULA MICRO E MACROECONOMIA

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UNIDADE 1

Produto

Economia estuda a alocação de recursos escassos para fins ilimitados, ou seja, como obter
o máximo de satisfação para os indivíduos a partir de um estoque dado de recursos. Para
satisfazer a suas necessidades, o homem envolve-se em um ato de produção, que pode ser
entendida como uma atividade social que visa adaptar a natureza para a criação de bens e
serviços que permitam a satisfação das necessidades humanas (VASCONCELLOS;
GREMAUD; TONETO JÚNIOR, 2017).
Para que a produção ocorra, deve existir um conjunto de elementos chamados fatores de
produção que são os recursos utilizados na produção de bens e serviços. Normalmente,
separamos estes recursos em três grandes áreas: terra, capital e trabalho.
O produto de um país é considerado a soma daquilo que foi produzido durante
determinado período, e é tido como a melhor medida de desempenho de uma economia.
A partir do produto, podemos avaliar o crescimento econômico de um país, definido como
a elevação na produção de bens e serviços que satisfaçam às necessidades humanas.
Vamos passar a entender o produto como a soma monetária da produção de uma
sociedade em determinado período. Todavia, sabemos que existem alguns problemas para
se fazer esta soma ou para calcular o produto de um país. Nem toda etapa produtiva
atende, diretamente, às necessidades dos indivíduos, isto é, existem certos produtos que
são utilizados como insumos na produção de outros, ou seja, é uma mercadoria
intermediária que vai compor um bem final. Assim, a medição do produto não se dá pela
soma do valor da produção em todas as etapas do processo produtivo, mas corresponde
apenas ao valor total da produção de bens e serviços finais, isto é, daqueles que sirvam
diretamente para a satisfação das necessidades humanas (VASCONCELLOS; GREMAUD;
TONETO JÚNIOR, 2017).

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Por exemplo, se incluirmos no produto tanto o valor do aço como o valor dos automóveis
que utilizam o aço como um de seus insumos, estaríamos incorrendo no problema de dupla
contagem, pois o aço já está incorporado no valor do automóvel e, quando este é
contabilizado, automaticamente o primeiro também o é. Assim, deve-se contabilizar
apenas os bens finais no produto e eliminar desta contabilização os bens intermediários,
considerados aqueles utilizados na produção de outros bens. Para evitar o problema de
dupla contagem, podemos ainda contabilizar o produto através do chamado valor
adicionado, considerando em cada etapa produtiva aquilo que foi acrescentado
(adicionado) ao valor dos bens intermediários. Assim teremos duas formas de medir o
produto: pelo valor dos bens finais ou pela agregação dos valores adicionados em cada
etapa produtiva.
Vejamos um exemplo. Suponha um país onde o único bem consumido por seus habitantes
seja o pão. Para produzir o pão o país tem que produzir também o trigo e a farinha. Analise
atentamente a Tabela 1:

PRODUTO VALOR DO PRODUTO INSUMOS VALOR ADICIONADO


Trigo 10 0 10
Farinha 15 10 5
Pão 20 15 5
Tabela 1: Valor adicionado
Fonte: Vaconcellos, Gremaud e Toneto Júnior, 2017.

Vejamos que o valor do produto de bens finais é 20, correspondente à produção de pães.
Se também incluirmos no cálculo do produto o valor da farinha e do trigo, estes insumos
estariam sendo contabilizados duas vezes no caso da farinha e três vezes no caso do trigo.
Se formos contabilizar pelo valor adicionado, somaremos os 10 do trigo, os 5 adicionados
pela farinha e os 5 adicionados pelo pão, o que resultaria nos mesmos 20 correspondentes
ao valor do produto final (pão). A vantagem de se medir pelo valor adicionado é que
podemos estipular quanto cada ramo de atividade, ou setor, contribuiu para a geração do
produto.
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A partir desta breve discussão, podemos agora definir que o Produto Interno Bruto (PIB) é
o valor monetário de venda dos produtos finais produzidos dentro de um país em
determinado período. Por isso, avaliamos o desempenho de uma economia por meio deste
indicador.

Produto, Renda e Dispêndio

Agora que já apresentamos a definição de PIB, vamos tratar da maneira como este
indicador pode ser medido. Podemos medir o PIB através do dispêndio ou da demanda e
através da renda gerada no processo produtivo.
Vamos supor que em uma economia simples tenhamos apenas as famílias proprietárias
dos fatores de produção (trabalho, capital e terra) e que consomem bens e serviços, e as
empresas que pagam uma renda pelos fatores de produção para poderem produzir. Assim,
a renda gerada pela venda dos fatores de produção faz com que as famílias possam
comprar os produtos gerados pelas empresas. Nesta economia simples, vemos que o total
de compra dos consumidores (famílias) é igual ao total da renda gerada pela utilização dos
fatores no processo produtivo, e é igual ao total da produção. Assim temos a
representação do Fluxo Circular da Renda (Figura 1).

Compras (Demanda = Consumo)

Bens e Serviços (produtos)

FAMÍLIAS EMPRESAS

Fatores de Produção

Renda (salários, lucros etc)

Figura 1: Fluxo Circular da Renda


Fonte: Mankiw, 2014.
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Se imaginarmos uma economia que produz pão como único bem a partir de um único fator,
o trabalho, observamos no circuito interno da Figura 1 que as famílias vendem os fatores
de produção (como mão-de-obra) às empresas; estas usam os fatores de produção para
produzir o pão que, por sua vez, vendem às famílias. O trabalho flui das famílias para as
empresas e o pão circula das empresas para as famílias. Já no circuito externo podemos
observar os fluxos correspondentes à moeda: as famílias compram pão das empresas;
estas usam uma parte da renda proveniente das vendas para pagar os salários de seus
trabalhadores; o restante é o lucro dos donos das empresas (os quais também pertencem
ao setor família). Portanto, a despesa com pão flui das famílias para as empresas e a renda,
na forma de salários e lucros, circula das empresas para as famílias.
Neste caso, onde só se produzem bens de consumo, o valor desta produção (o produto) é
igual à renda, que é igual ao valor do consumo, já que este é o único componente da
demanda. Assim temos:

Y=C (1)

Em que:
Y é a renda nacional;
C é o consumo agregado.

A equivalência entre renda e despesa decorre de uma regra de contabilidade: todas as


despesas efetuadas nas compras de produtos são necessariamente renda do ponto de
vista dos produtores desses bens. De acordo com essa regra, toda transação econômica
que afeta a despesa deve afetar a renda, e toda transação que afeta a renda deve afetar a
despesa.
Podemos supor que uma empresa produz e vende um pão a mais para cada família.
Sabemos que essa transação comercial aumenta a despesa total em pão e tem um efeito
equivalente sobre a renda total. Se a empresa produz a quantidade extra de pão
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contratando mais mão-de-obra, os salários aumentam, mas se a produção adicional é feita
sem novas contratações, o que aumenta é o lucro. Em ambos os casos, despesa e renda
recebem o mesmo acréscimo.

Investimento e Depreciação

Podemos tornar o sistema apresentado anteriormente mais complexo supondo que nem
toda a produção visa atender o consumo, mas uma parcela direciona-se para Investimento
(I). Definimos investimento como a aquisição de bens de produção, bens de capital ou
intermediários, que visam aumentar a oferta de produtos no período seguinte. Por isso,
toda compra de máquinas e equipamentos, edifícios, ou mesmo o acúmulo de estoques
são considerados Investimento.
Neste sistema mais complexo, vamos considerar a existência de dois tipos de empresas:
uma que produz bens de consumo e outra que produz bens de capital. Assim, as famílias
vendem fatores de produção e obtêm renda de ambas as empresas, mas só compram bens
de consumo, já que a oferta de bens de capital é direcionada à empresas. Para que haja
investimento, é necessário que nem toda a renda seja consumida, pois caso contrário, não
haveria recursos para realizar os investimentos. Assim, uma parcela da renda das famílias
deve ser poupada, e teremos agora a Poupança (S) caracterizada como a parcela da renda
não consumida em dado período. Neste ponto, é importante que esta poupança seja
transferida para as empresas produtoras de bens de consumo de modo que estas possam
adquirir bens de capital. Se esta transferência não acontecer, não haverá venda de bens
de capital. Agora, é necessário que seja introduzido um outro agente no sistema
econômico: o Sistema Financeiro, cuja principal função é captar os recursos dos
poupadores para transferi-los aos investidores.
Agora as famílias têm dois destinos para sua renda: consumir ou poupar, e por isso
substituímos a equação (1) pela (2):

Y=C+S (2)

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Por outro lado, existem dois tipos de gastos (demanda) na economia: Consumo e
Investimento, ou seja, a demanda agregada (DA) é:

DA = C + I (3)

Como já vimos que a renda é igual à demanda, isto é, (2) = (3), temos uma primeira
identidade em termos macroeconômicos:

C+S=C+I
I=S

Porém, é necessário destacarmos que quando consideramos a existência de investimento,


precisamos introduzir um novo elemento: a Depreciação. Os bens de capital não são
consumidos em um único período produtivo, mas ao longo de vários períodos, chegando
determinado momento em que acaba a vida útil destes e eles devem ser repostos. Desta
forma, a depreciação corresponde à parcela dos bens de capital que é consumida a cada
período produtivo. Portanto, nem toda nova produção de bens de capital corresponde a
um novo investimento, pois uma parcela do aumento da capacidade produtiva deve repor
aquilo que foi depreciado. Por isso, devemos diferenciar Investimento Bruto (IB) e
Investimento Líquido (IL):

IL = IB – depreciação

Assim, como o Produto é igual a C+I, quando consideramos o IB estamos medindo o


Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado; se considerarmos apenas o IL,
mediremos o Produto Interno Líquido (PIL) a preços de mercado.

PIL = PIB – Depreciação

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Governo

Para completar as entidades que participam da atividade econômica de um país, faltam


ainda dois agentes além das famílias e empresas: o governo e o resto do mundo. O governo
tem por função prover os bens públicos, o que é feito por meio da arrecadação de
impostos. Os bens públicos são aqueles que não podem ser providos pelo mecanismo de
mercado, como justiça, segurança nacional etc. Como no caso dos bens púbicos não se
consegue determinar o seu preço no mercado, o valor de sua produção é medido por meio
dos custos de produção.
Com a introdução do governo, acrescentamos outro destino para a renda das famílias, que
é o pagamento de impostos (T) e um novo elemento de demanda que são os gastos
públicos (G). Assim, temos a seguinte situação:

Y=C+S+T (5)
DA = C + I + G (6)

se (5) = (6) temos:

S+T=I+G (7)

Rearranjando (7) temos: S – I = G – T, ou seja, sempre que houver um déficit público, isto
é, G>T, o governo gasta mais do que recebe, deve haver um excesso de poupança no setor
privado para financiar o governo, isto é S>L.

Resto do Mundo

A última entidade a ser introduzida no sistema é o Resto do Mundo, aqui definido como
sendo todos os agentes (famílias, empresas, governos) de outros países que transacionam

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com os residentes do país. Os tipos de transação que ocorrem com o Resto do Mundo são
(VASCONCELLOS; GREMAUD; TONETO JÚNIOR, 2017):
com bens e serviços: exportações, que correspondem à venda de parte de nossa produção
para o exterior, e que se constitui um elemento de demanda por produção interna; e
importações, que são aquisições de produção estrangeira para oferecer internamente.
com fatores de produção: as empresas sediadas no país podem utilizar trabalho e capital
vindos do resto do mundo e como tal devem pagar pela utilização desses fatores, ou seja,
devem enviar renda para fora. As famílias residentes no país podem também vender
trabalho e capital para entidades situadas no exterior e como tal recebem uma renda do
exterior. Assim, pode-se definir a chamada renda líquida enviada ao exterior como a
diferença entre aquilo que é pago por fatores de produção externos utilizados
internamente e aquilo que é recebido do exterior por fatores de produção nacionais
empregados em outros países.
A introdução do Resto do Mundo traz algumas alterações nas identidades
macroeconômicas. A oferta agregada é agora composta pela produção interna (Y) mais as
importações (M). A demanda agregada passa a ser composta também pelas exportações
(X), ou seja, demanda do resto do mudo pelo produto do país em questão. Portanto:

Y + M = C + I + G + X ou Y = C + I + G + (X – M) (8)

onde:
Y = Produto
M = Importações
C = Consumo das Famílias
I = Investimento
G = Gastos do Governo
X = Exportações de Bens e Serviços
M = Importações de Bens e Serviços

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Produto Real e Produto Nominal

Já discutimos que o Produto de uma economia é utilizado como medida de bem estar-
estar econômico. Vamos considerar que a economia só produz maçãs e laranjas. Neste
caso, o PIB é a soma do valor de todas as maçãs com o valor de todas as laranjas já que:

Produto = (Preços das Maçãs x Quantidade das Maçãs) +


(Preços das Laranjas + Quantidade das Laranjas), ou seja:
Y = (Pi x Qi)

Em que:
Pi = preço das n mercadorias da economia
Qi = quantidade das n mercadorias da economia

Pode haver, portanto um acréscimo no Produto, seja porque os preços subiram, seja
porque as quantidades aumentaram. Se considerarmos estas possibilidades, vemos que o
Produto não pode ser uma boa medida de bem-estar da economia já que se todos os
preços dobrassem sem que tivesse havido mudança nas quantidades, o Produto duplicaria,
mas sem ter dobrado a capacidade da economia para satisfazer as demandas, pois a
quantidade de mercadoria permaneceria a mesma. Os economistas chamam de PIB
Nominal o valor de bens e serviços medidos em preços correntes (MANKIW, 2014).
Porém, o que interessa em termos de crescimento é o comportamento de Q; assim
devemos diferenciar Produto Real – aquele medido a preços constantes – e o Produto
Nominal – aquele medido a preços correntes. Como o que se observa é o Produto Nominal,
para retirar os efeitos da inflação sobre a medida do produto, utilizamos os chamados
“índices de preços” para fazer o deflacionamento”. Estes índices correspondem a médias
ponderadas das mudanças de preços dos diversos produtos. A partir do Produto Real,
pode-se observar mais de perto a evolução (crescimento) da economia de um país,
comparando-se o produto de um ano em relação a outro. Quando dizemos que o Brasil

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cresceu 1% em 2017, estamos afirmando que a produção em 2017 (o PIB) é 1% maior do
que a de 2016 em termos reais, isto é, descontada a elevação dos preços dos bens
produzidos. Se lembrarmos que em 2015 e 2016 o PIB apresentou crescimento negativo (-
3,5%), estamos falando de anos em que houve recessão, ou seja, períodos em que o PIB
de um ano foi menor do que do ano anterior.

Índices de Preços

Existem vários índices que medem a inflação no Brasil. Porém, apesar de todos terem o
objetivo de acompanhar a variação de preços, cada um deles tem um objetivo diferente.
Os índices de inflação são calculados e divulgados por várias instituições, tais como o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe), a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre).
Para adequar a pesquisa ao recorte desejado, cada índice usa critérios diferentes de
monitoramento. Há diferenças, por exemplo, no grupo de produtos pesquisados, de
acordo com os hábitos de consumo das famílias de acordo com sua idade e/ou faixa de
renda.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), produzido pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1979, é o indicador oficial do Governo
Federal para aferição das metas inflacionárias. Ele mede a variação do custo de vida das
famílias com chefes assalariados e com rendimento mensal compreendido entre 1 e 40
salários mínimos mensais nas regiões metropolitanas de Belém, Belo Horizonte, Curitiba,
Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Goiânia e Distrito
Federal.
Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao consumidor, para pagamento à vista.
A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços,
domicílios e concessionárias de serviços públicos. O IPCA foi instituído inicialmente com a
finalidade de corrigir as demonstrações financeiras das companhias de capital aberto.
Desde junho de 1999, é o índice utilizado pelo Banco Central do Brasil para o
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acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação, sendo
considerado o índice oficial de inflação do país.
Um índice de preços é obtido por meio de uma média aritmética ponderada das variações
de preços no período pela importância relativa (peso) de cada bem, que vai depender do
índice em questão. Além disso, a fórmula de cálculo também pode variar. No caso do
cálculo do IPCA, os pesos de cada componente do índice são (Tabela 2):

TIPO DE GASTO PESO

Alimentação e Bebidas 23,12%

Transportes 20,54%

Habitação 14,62%

Saúde e Cuidados 11,09%


Pessoais

Despesas Pessoais 9,94%


Vestuário 6,67%

Comunicação 4,96%

Artigos de Residência 4,69%

Educação 4,37%

TOTAL 100,00%

Tabela 2: Pesos do IPCA


Fonte: IBGE (2018)

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Vejamos agora o IPCA acumulado nos últimos 10 anos:

Ano Acumulado
2017 2,21%
2016 6,29%
2015 10,67%
2014 6,41%
2013 5,91%
2012 5,83%
2011 6,50%
2010 5,90%
2009 4,31%
2008 5,90%

Tabela 3. IPCA anual 207 - 2017


Fonte: IBGE (2018)

ASSISTA AGORA A VIDEOAULA PIB PERCAPITA, PNB E ÍNDICE DE PREÇOS

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UNIDADE 2

Consumo e Investimento Agregados

Consumo Agregado

Conforme vimos na Unidade 1, uma das principais variáveis econômicas é o produto, ou


seja, a quantidade total de bens e serviços produzidos em um país em determinado ano.
Desta forma, sabemos que a atividade econômica flutua de ano para ano e na maioria dos
anos, a produção de bens e serviços aumenta. Mankiw (2014) afirma que por causa de
aumentos na força de trabalho, no estoque de capital e de avanços no conhecimento
tecnológico, a economia é capaz de produzir cada vez mais com o passar do tempo. Esse
crescimento permite que todos desfrutem de um padrão de vida mais alto.
Nos casos em que o produto não cresce, temos um contexto em que as empresas se
descobrem incapazes de vender todos os bens e serviços que têm a oferecer, de modo que
reduzem a produção. Trabalhadores são demitidos, o desemprego aumenta e as fábricas
ficam ociosas. Quando a economia produz menos bens e serviços, o PIB real e as demais
medidas de renda caem. Um período como esse, de queda na renda e aumento do
desemprego, é chamado de recessão, se for relativamente brando, e de depressão, se for
mais severo.
Desta forma entendemos que a capacidade produtiva determina o produto potencial da
economia, ou seja, o máximo de produção que pode ser obtido em determinada situação.
Este, por sua vez, depende: (i) do estoque de fatores de produção – quantidade de terras
utilizáveis, recursos naturais, trabalho e capital; (ii) da tecnologia que determina a
produtividade destes fatores de produção. Quanto maior a quantidade de fatores de
produção e quanto maior for a produtividade, maior será o produto potencial.

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O produto potencial possui uma tendência crescente a longo prazo, sem apresentar
grandes oscilações no curto prazo. Assim, poderíamos concluir que a capacidade de oferta
determina o produto no longo prazo. Porém, o produto potencial representa o quanto se
pode produzir dentro do país e não o que é produzido, já que em geral os países operam
abaixo da capacidade produtiva.
Lembremos que as empresas produzem com o objetivo de vender e com isso obter um
lucro. A possibilidade de venda das empresas é dada pelo quanto as pessoas estão
dispostas e têm condições de comprar. É com base nas expectativas de quanto vão vender
que as empresas decidem quanto produzir, ou seja, o grau de utilização dos fatores de
produção.
Assim, no curto prazo, o principal determinante do grau de utilização da capacidade
produtiva é a demanda agregada, ou seja, o consumo, os investimentos, os gastos
governamentais, as exportações e as importações. São as decisões a respeito destes
elementos que determinam o nível de renda de um país e que explicam as oscilações no
curto prazo do produto.
O consumo corresponde aos gastos com aquisições de bens que visem atender à satisfação
de uma necessidade: alimentação, vestuário, eletrodomésticos etc. O investimento
corresponde a gastos correntes que visam aumentar a capacidade produtiva e que
portanto é um elemento de demanda corrente que afeta o nível futuro do produto
potencial, ao significar um acréscimo do estoque de capital na economia. Os gastos
governamentais correspondem à aquisição de bens e serviços pelo governo. As
exportações correspondem à venda de bens e serviços para não residentes no país e as
importações à aquisição por residentes de bens e serviços produzidos fora do país.
Conforme já mencionamos, as famílias têm três destinos para a renda: consomem,
poupam e pagam impostos. O pagamento de impostos, deduzidos da renda, gera a renda
pessoal disponível e é com base nesta renda que os agentes decidem quanto consumir e
quanto poupar.
A poupança é definida como a renda não consumida e aparece como resíduo. Assim, dado
o nível de renda, analisando-se o consumo, estamos também analisando a poupança, que
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pode ser vista como uma opção do indivíduo por maior consumo futuro. O consumo é
considerado o maior componente da demanda agregada.

Consumo e Nível de Renda

A relação entre consumo e nível de renda é intuitiva: quanto maior for a renda, maior
tende a ser o consumo. A esta relação Keynes chamou de Lei Psicológica Fundamental: os
indivíduos aumentam o consumo conforme a renda aumenta, mas não na mesma
magnitude, pois ocorre também um aumento da poupança (VASCONCELLOS; GREMAUD;
TONETO JÚNIOR, 2017). A parcela do aumento de renda destinada ao consumo é
denominada propensão marginal a consumir e a parcela destinada à poupança é a
propensão marginal a poupar.
Por isso, quando o governo acha que o nível de consumo é muito alto e está causando
pressões inflacionárias, ele pode reduzir estas pressões através, por exemplo, do aumento
de impostos sobre a renda das famílias ou de políticas de crédito contracionistas, com o
objetivo de reduzir o nível de renda disponível e com isto o nível de consumo. O contrário
também pode acontecer, ou seja, caso o nível de consumo esteja muito baixo, o governo
pode propor, por exemplo, políticas de crédito expansivas que resultem em um aumento
do consumo e portanto em um aumento da demanda agregada, da produção e do
emprego.
Verificamos que indivíduos com maiores níveis de renda (assim como sociedades) tendem
a possuir um nível absoluto de consumo maior, mas com menor participação deste
consumo no total da renda, ou seja, a taxa de poupança aumenta com o aumento da renda.
Por exemplo, um indivíduo que recebe apenas R$500,00 tenderia a consumir toda esta
renda, pois ele precisa sobreviver; por outro lado, uma pessoa que recebe R$10.000,00
dificilmente consumiria toda sua renda no curto prazo já que uma parte seria poupada.

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Esta relação entre consumo total e renda é a chamada propensão média a consumir, que
tende a ser decrescente conforme aumenta a renda, segunda a formulação keynesiana.
Na verdade, não só a renda afeta as decisões de consumo. Outras variáveis também devem
ser consideradas, uma vez que a decisão de consumo do indivíduo não se baseia em um
único período, mas é uma escolha intertemporal em que ele visa maximizar seu nível de
consumo ao longo de toda a vida. Assim, níveis de riqueza e taxa de juros tendem também
a afetar as decisões de consumo e poupança. Ao estendermos o período de tempo
considerado na decisão de consumo, as expectativas sobre o futuro passam a
desempenhar um papel central no nível de consumo corrente.

Consumo e Riqueza

Podemos entender a relação do consumo com a riqueza se imaginarmos duas famílias com
o mesmo nível de renda e considerarmos que uma delas já possui um automóvel, uma casa
e já pagou um plano previdenciário, possuindo ativos financeiros para a velhice. A outra
não possui propriedade nenhuma. Dessa forma, sabemos que a primeira pode consumir
mais e preocupar-se menos com o futuro enquanto que a segunda ainda terá que poupar
a fim de poder usar esta renda não consumida no futuro. Portanto, dado um igual nível de
renda, tende a consumir mais quem possuir maior riqueza.
A riqueza de um indivíduo em dado momento pode ser decomposta em ativos reais, ativos
financeiros e um componente que pode-se denominar capital humano. Então, imóveis,
terras, máquinas, ações, títulos são considerados riqueza bem como a expectativa de
renda futura decorrente do trabalho e portanto do grau de qualificação do indivíduo. Desta
forma, conseguimos entender porque uma grande queda nas cotações das ações na Bolsa
de Valores impacta negativamente sobre a demanda agregada. Como as ações fazem parte
da riqueza, uma queda em seus preços significa uma diminuição da riqueza e, como tal,
provoca uma retração do consumo.
Por isso a decisão de consumo deixa de ser baseada apenas em riqueza corrente, e passa
a ser influenciada pela geração de renda do indivíduo ao longo de sua vida.
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Consumo e Taxa de Juros

A relação entre consumo e taxa de juros está bem presente na economia brasileira, afinal,
conforme veremos adiante, trabalhamos com um sistema de meta de inflação em que a
taxa de juros é uma das principais variáveis macroeconômicas utilizada para controlar o
nível de preços por meio do controle da demanda.
A poupança é uma renúncia ao consumo hoje para consumir mais no futuro. Ao poupar, o
indivíduo recebe uma remuneração pela sua aplicação que será acrescida à poupança
original, permitindo-lhe consumir um valor maior no futuro do que ele consumiria no
presente caso não tivesse poupado. Assim, quanto maior for a taxa de juros, mais os
indivíduos vão querer poupar hoje, o que reduzirá o consumo presente.
E se olharmos pelo lado do custo do dinheiro? O consumo de muitos bens requer, em
muitos casos, a existência de mecanismos de financiamento para sua aquisição, dado que,
em geral, seu preço é alto em relação à renda dos indivíduos. Vamos supor que uma família
pretenda comprar um carro e se a taxa de juros estiver baixa, ela tomará um empréstimo
e comprará o carro hoje. Porém, se a taxa de juros estiver alta, ela preferirá aplicar os
recursos no mercado financeiro para ficar rendendo juros até conseguir o montante
necessário para adquirir um carro. Assim, mais uma vez verificamos que a taxa de juros
alta deve inibir o consumo, dado o nível de renda.
No Brasil, a taxa de juros tem sido utilizada como instrumento de controle da inflação de
maneira recorrente e tem sido um dos principais instrumentos para a manutenção do
sistema de metas de inflação, sobre o qual falaremos mais adiante na disciplina.

Consumo e Sistema Financeiro

O grau de desenvolvimento do sistema financeiro, sua organização e suas regras também


tendem a afetar o nível de consumo e poupança, já que a existência de aplicações

23
financeiras que assegurem o valor real dos recursos é uma precondição para se ter
poupança.
Além disso, a oferta de crédito ao consumidor, por meio de um sistema financeiro
organizado, tende a potencializar a demanda por bens, especialmente aqueles bens de
consumo duráveis. O montante que os consumidores estariam dispostos a endividar-se
para ampliar o consumo passaria a depender do nível de taxas de juros.
As regras de operação de um sistema financeiro podem estimular ou dificultar o consumo.
Em operações de oferta de crédito, a exigência de garantias, o prazo da operação (número
de prestações) e a expectativa de renda futura são variáveis que afetam o acesso ao crédito
e, portanto, podem afetar o nível de consumo.
Na economia brasileira, podemos notar a importância do crédito ao consumidor sobre o
nível de consumo em vários períodos. Durante o Milagre Econômico (1968 – 1973), o
principal setor a puxar o crescimento foi o de bens de consumo duráveis. O excelente
desempenho deste setor está diretamente vinculado à instituição do crédito ao
consumidor. Com um grande crescimento no volume de recursos para esta linha de crédito
e com prazos generosos de financiamento, o setor de bens de consumo duráveis pode
crescer rapidamente.
Mais recentemente, tivemos outro exemplo. Para controlar os impactos da crise
internacional de 2008, em 2009 e 2010 o governo adotou algumas medidas que tiveram
como objetivo aumentar o consumo: houve redução dos depósitos compulsórios dos
bancos, sobre o qual falaremos mais adiante na disciplina, corte da taxa básica de juro,
expansão do crédito direcionado via BNDES, desonerações tributárias temporárias e
aumento do investimento público, sobretudo em habitação (via o programa Minha Casa
Minha Vida).

ASSISTA AGORA A VIDEOAULA PRODUTO, CONSUMO, RENDA E TAXA DE JUROS

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Investimento Agregado

Conforme já apresentamos anteriormente, investimento é a aquisição de bens de capital,


máquinas, equipamentos, edifícios e estoques, com vistas a gerar maior produção futura.
Podemos entender os investimentos como um elo entre o curto e o longo prazo, já que ele
é um elemento de demanda corrente que amplia a capacidade produtiva futura da
economia.
Sabemos que o principal fator que influencia na decisão de investir é a expectativa de
retorno futuro, que depende do fluxo de receita futura que se espera do investimento,
comparado com os gastos incorridos em sua execução. Este fluxo de receita futura
depende das condições do mercado no momento em que se iniciará a venda do produto
cuja produção se pretende ampliar, ou seja, depende do preço futuro da mercadoria e da
quantidade que se espera vender. Como os investimentos geram receitas futuras, é
importante que para a sua avaliação, possamos trazer estas receitas a valor presente,
descontando-as a uma taxa de juros real, o que chamaremos de preço de demanda do
investimento (PdI):
Σ𝑅𝑛
𝑃𝑑𝐼 =
(1 + 𝑟)𝑛

Em que:
PdI = Preço de demanda do investimento
Rn = receita esperada no período n
r = taxa real de juros

Se denominarmos o montante a ser gasto hoje de preço de oferta do investimento (PoI),


investimentos atrativos seriam aqueles em que PdI > PoI, já que nestes casos a taxa de
retorno esperada do investimento é maior do que a taxa de juros. Em casos onde PdI < PoI,
a taxa de retorno esperada do investimento é menor que a taxa de juros, portanto, a
25
decisão correta seria a de não investir. Assim, podemos identificar duas variáveis principais
que afetam os investimentos:
taxa de juros: quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento pois o valor
presente das receitas futuras diminui a medida que a taxa de juros aumenta;
expectativas sobre as condições futuras da economia: se houver otimismo em relação ao
futuro (crescimento econômico), o fluxo de receita esperado é alto, logo, o investimento
é alto. Se houver pessimismo, a situação se inverte.
Percebe-se que, para o empresário tomar a decisão de investir, ele necessita de um
horizonte temporal de longo prazo, para poder fazer previsões com relativa segurança
sobre receitas futuras e sobre a taxa de juros. É apenas neste ambiente de estabilidade
que ele aceita correr riscos. Quando a incerteza sobre o futuro é a regra e as previsões
devem ser constantemente alteradas, o investimento não tem como se realizar.

Investimento, Financiamento e Poupança

A forma e a existência de financiamento também são outros pontos considerados de


grande impacto sobre as decisões de investimentos. Sabemos que para financiar suas
expansões, as empresas necessitam de recursos que podem ser obtidos por meio da
geração de lucros (recursos próprios) ou por captação de recursos externos (recursos de
terceiros). À medida que a economia se desenvolve, os investimentos são cada vez de
maior magnitude e com maior prazo de maturação, neste sentido, o financiamento com
recursos internos vai-se tornando cada vez mais difícil. Desta forma, o maior montante
necessário para a realização dos investimentos faz com que a geração interna de lucro
tenda a desempenhar papel cada vez menor, sendo, portanto, necessária a aglutinação de
recursos/poupança de terceiros e sua canalização para o investidor (VASCONCELLOS;
GREMAUD; TONETO JÚNIOR, 2017).
Existem duas maneiras de transferir recursos dos poupadores para os investidores:

26
sistema de crédito: em que os recursos são intermediados por um terceiro agente,
os bancos. Assim, a função dos intermediários financeiros é a de aglutinar a
poupança de vários indivíduos para serem repassadas ao tomador de empréstimos.
mercado de capitais: a transferência ocorre do poupador para a empresa. Neste
caso a remuneração do investidor depende do desempenho da empresa ou do
projeto financiado.

A existência de poupança não garante por si só a realização do investimento, mas sua


ausência pode impedir a realização deste. Caso exista poupança, ela deve estar disponível
em termos de prazos e custos compatíveis com a necessidade do empreendimento.
Sabemos que há vários projetos de investimento que levam um longo tempo para dar
retorno e por isso, para que estes tipos de investimentos se realizem, é necessário haver
na economia linhas de financiamento com vários anos de carência para o pagamento (até
que o projeto fique pronto e comece a operar) e mais vários anos para serem pagos, de tal
modo que o retorno possa amortizar a dívida. Por isso, se toda a poupança da economia
estiver concentrada em aplicações de curto prazo, dificilmente será possível financiar
projetos de longo prazo.
Se tomarmos como exemplo um emprestador como um banco, seu passivo é geralmente
de curto prazo. Se ele financiar projetos de longo prazo, o descasamento de prazos entre
o ativo (o empréstimo) e o passivo (captação de recursos: depósitos à vista, por exemplo)
pode gerar vários problemas aos bancos, como por exemplo, o risco de iliquidez caso seus
depositantes decidam retirar os recursos sem que ele possa realizar seus ativos, uma vez
que estão comprometidos em empréstimos de longo prazo.
Do outro lado, o tomador ao financiar um projeto de longo prazo com recursos de curto
prazo também acaba correndo um risco alto. O primeiro é estar no meio do investimento
(antes de este ter sido finalizado) e não conseguir a renovação do empréstimo. Um
segundo risco é a elevação da taxa de juros durante o investimento. Assim, para fins de
investimento, os recursos devem estar disponíveis nos termos e prazos compatíveis com
as necessidades desse investimento.
27
Em geral, como os ativos de longo prazo apresentam maior risco, estes oferecem maior
rentabilidade. Esta relação é expressa na chamada yield curve, que relaciona rentabilidade
e risco (prazo): quanto maior o prazo maior deve ser a rentabilidade.
Para a discussão de risco e sua relação com prazo e retorno, é necessário fazermos a
distinção entre risco e incerteza. Risco está sujeito ao cálculo probabilístico enquanto que
incerteza não é possível de ser prevista.
Em países em que há grandes incertezas, caracterizadas por instabilidade econômica, altas
taxas inflacionárias e constantes oscilações nas taxas de juros, as aplicações financeiras
tendem a ser concentradas no curto prazo. Com isso, não é possível criar um funding
estável de financiamento de longo prazo. Como as aplicações se concentram no curto
prazo, os bancos não têm condições de realizar operações de longo prazo, sob o risco de
descasamento de prazo e com ele o de iliquidez.
Por isso, vários países criaram sistemas financeiros de desenvolvimento para viabilizar os
investimentos, como no caso do Brasil. Como o país sempre conviveu com taxas
inflacionárias relativamente elevadas, e as captações bancárias concentravam-se no curto
prazo, as instituições financeiras privadas não conseguiram desenvolver mecanismos de
financiamento de longo prazo. Com isso, a forma encontrada para suprir a demanda por
crédito para investimento foi a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) e de uma série de outras instituições financeiras públicas (CEF – Caixa
Econômica Federal) que operavam com base em recursos de fundos de poupança
compulsória, como, por exemplo, FGTS, PIS-Pasep etc., que tinham como objetivo garantir
a existência de funding estável de recursos para o financiamento de longo prazo.

Investimento e Crescimento Econômico

O investimento é o principal elemento para determinar o comportamento do produto


tanto a curto quanto a longo prazo. O investimento é o que possibilita o crescimento do
produto, tanto pela acumulação de capital como pelos ganhos de produtividade
decorrentes das transformações econômicas que propicia: melhores técnicas de produção,
28
mais capital por trabalhador etc. Por isso é comum a afirmação de que a riqueza futura de
um país depende de seu nível de investimento hoje. Quanto maior for o investimento,
maior deverá ser o produto no futuro.
Vemos então que há uma relação custo x benefício em termos de escolha social: maior
bem-estar no presente ou no futuro. O bem-estar de um país está relacionado ao nível de
consumo de seus habitantes. Já discutimos que para o investimento ser possível, é
necessário deslocar fatores de produção que poderiam ser utilizados na produção de bens
de consumo, que aumentariam o bem-estar dos indivíduos no presente, para a produção
de bens de capital (máquinas e equipamentos) que contribuirão com o aumento do bem-
estar futuro. Por isso, um país que consome toda a sua produção pode a curto prazo
aumentar o bem-estar de seus cidadãos pelo maior consumo, mas tende a diminui-lo a
longo prazo, uma vez que a produção tende a ser a mesmo ano após ano.
Por outro lado, se a sociedade destina grande parcela da produção para o investimento, o
bem-estar presente será sacrificado, pois deverá reduzir o consumo para poder investir. A
longo prazo, porém, a sociedade deverá estar numa melhor situação, pois o aumento do
produto potencial decorrente do investimento aumentará as possibilidades de consumo.

Investimento e Demanda Agregada

Já vimos que investimento também afeta o nível de produto em curto prazo porque
também é um elemento de demanda (é um dispêndio com máquinas, equipamentos,
edifícios etc.). Um aumento no investimento, por si só, já gera efeito direto sobre a
demanda, estimulando a produção de bens de capital e aumentando o produto da
economia.
Além desse efeito direto, o investimento traz um efeito indireto sobre o consumo e
poupança. O aumento do investimento leva à geração de mais empregos e, com isso, mais
renda para os indivíduos. Como os indivíduos tendem a consumir mais quando a renda
aumenta, isto aumenta a demanda por bens de consumo, estimulando sua produção, o
que aumenta ainda mais a renda, o consumo e assim por diante. A poupança também
29
aumenta, pois já sabemos que apenas uma parcela do aumento da renda tende a ser
canalizada para o consumo; a outra parte é poupada.
Por isso vemos que o impacto da variação do investimento sobre o nível de produto (renda)
deve ser maior do que a sua própria variação, pelos impactos indiretos que causa sobre o
consumo. Este é o chamado “multiplicador keynesiano” que nos diz que a variação da
renda é maior que a variação no gasto inicial que o originou.
O investimento também é afetado pelo comportamento da renda e da demanda. As
empresas tendem a investir mais em períodos em que a demanda está aquecida. Vejamos
a seguir a relação entre o desempenho econômico e o investimento:
quando as vendas se ampliam, as empresas tendem a produzir mais não só para atender à
maior demanda, como também para ampliar os estoques para atender a maiores vendas
futuras;
o aumento das vendas faz com que o lucro das empresas se eleve, ampliando a
possibilidade de investir com recursos próprios, isto é, sem ter que recorrer ao sistema
financeiro, aumentando o investimento;
o aumento dos lucros amplia o patrimônio líquido das empresas, que serve como garantia
para a obtenção de empréstimo, facilitando, portanto, a própria obtenção de recursos no
sistema financeiro, potencializando o investimento.
Grande parte das flutuações econômicas devem-se a variações no investimento. Os fatores
que influenciam o investimento tendem a fazer com que este seja extremamente instável.
Como vimos, o investimento depende do estado de expectativas dos agentes em relação
ao futuro, do nível da taxa de juros e da existência de condições adequadas de
financiamento, entre outras variáveis. As expectativas apresentaram caráter
extremamente volátil, podendo alterar-se rapidamente de ondas de otimismo para
pessimismo. A taxa de juros tende a oscilar tanto pelos efeitos de políticas monetárias
como por alterações nas expectativas dos agentes. A existência de linhas adequadas de
financiamento depende do nível de poupança, das expectativas dos agentes, que define
como esta será aplicada, da política monetária e financeira do governo e do quadro
institucional/estrutural do país.
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Assim, dadas todas as fontes de incertezas que podem afetar as decisões de investimento,
este tende a ser extremamente instável, e considerando que sua magnitude é
significativamente inferior a do consumo, podemos concluir que este tende a ser muito
mais volátil que o consumo, sendo o principal determinante das flutuações econômicas.
Por isso, percebemos que o investimento tende a ser o principal determinante do produto,
tanto a longo prazo, por determinar a capacidade produtiva da economia, como a curto
prazo, pelos efeitos que suas oscilações causam sobre o nível de renda. Em termos de
desenvolvimento econômico e de estabilidade, a manutenção de altas taxas de
investimento sem muitas oscilações deveria ser um objetivo. Para tal, seria necessária a
promoção de um quadro propício ao investimento, com medidas que pudessem evitar ou
contrabalançar sua instabilidade.

ASSISTA AGORA A VIDEOAULA INVESTIMENTO

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UNIDADE 3

Política Fiscal, Política Monetária e Setor Externo

Entendemos por política econômica a intervenção do governo na economia. A política


econômica tem como objetivo a manutenção de elevados níveis de emprego e elevadas
taxas de crescimento econômico com estabilidade de preços. As principais formas de
política econômica são a política fiscal e a política monetária.

Governo e Política Fiscal

A política fiscal está relacionada à atuação do governo no que diz respeito à arrecadação
de impostos e aos gastos, que afetam o nível de demanda da economia. A arrecadação
afeta o nível de demanda ao influir na renda disponível que os indivíduos poderão destinar
para o consumo e poupança. Dado um nível de renda, quanto maiores forem os impostos,
menores serão a renda disponível e portanto, o consumo. Por outro lado, os gastos são um
elemento de demanda. Assim, quanto maior for o gasto público, maior a demanda e maior
o produto.

Gastos e Arrecadação

Os gastos do governo podem ser divididos numa primeira aproximação em despesas


correntes ou gastos de custeio (funcionários públicos e bens e serviços – materiais) e
transferências.
A arrecadação pode ocorrer por dois tipos de impostos: impostos diretos e impostos
indiretos. Os impostos diretos são aqueles que incidem diretamente sobre o agente
pagador (recolhedor) do imposto. Os principais impostos deste tipo são os impostos sobre

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a renda e os impostos sobre a riqueza (propriedade). Os impostos indiretos são aqueles
que incidem sobre o preço das mercadorias: impostos sobre circulação de mercadorias e
imposto de produtos industrializados, em que normalmente o empresário embute o valor
do imposto no preço da mercadoria, onerando o consumidor, com o que diminui sua renda
disponível.
A forma como são estruturados os sistemas tributários determina o impacto dos impostos
tanto sobre o nível de renda como sobre a organização econômica. A estruturação de um
sistema tributário envolve diversos aspectos. O primeiro deles é o de gerar recursos
necessários para financiar os gastos públicos. Um segundo aspecto é o de afetar a
distribuição de renda, definir quem na sociedade deve pagar os impostos.
Sobre este último aspecto, podemos classificar os sistemas tributários em progressivo,
regressivo ou neutro. Um sistema tributário é dito progressivo quando a participação dos
impostos na renda dos indivíduos aumenta conforme a renda aumenta, isto é, paga mais
(em termos relativos) quem ganha mais. Um sistema é regressivo quando a participação
dos impostos na renda dos agentes diminui conforme a renda aumenta (paga mais quem
ganha menos). E por último, um sistema é considerado neutro quando a participação dos
impostos na renda dos indivíduos é a mesma independente do nível de renda.
Quando falamos em desenvolvimento, o sistema tributário deve ser flexível para facilitar
o cumprimento de metas socialmente desejáveis. Neste sentido, a introdução de algumas
distorções em termos de preço justifica-se. Por exemplo, se a sociedade julga que o
consumo de cigarro e bebidas alcoólicas deve ser penalizado em favor do consumo de leite
e de alimentos, o governo pode sobretaxar, aumentar as alíquotas de tributação sobre os
primeiros, de modo a encarecê-los enquanto concede isenção tributária, ou mesmo
concede um subsídio para os últimos, de modo a estimular a produção e o consumo.
É importante que o sistema tributário seja adaptável à conjuntura econômica. Quando a
economia entra em recessão, é importante que o sistema tributário não tenda a acentuá-
la e quando a economia cresce de maneira acelerada, o sistema tributário pode contar o
processo de crescimento desajustado.

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Déficit Público e Dívida Pública

O total de impostos arrecadados no país corresponde à chamada carga tributária bruta. A


diferença entre a carga tributária e as transferências governamentais (juros sobre a dívida
pública, subsídios e gastos com assistência e previdência social) é a carga tributária líquida
do governo. É com esta base que o governo pode financiar seus gastos correntes (custeio,
ou consumo do governo). A diferença entre a receita líquida e o consumo do governo
determina a poupança do governo em conta corrente.
A poupança do governo em conta corrente não é o resultado do orçamento público, nem
se constitui em uma medida de déficit público, pois não considera as despesas de capital
do governo (investimento). O que ela nos mostra é a capacidade de investimento do
governo, sem pressionar outras fontes de financiamento.
Este último elemento de gasto, o investimento público, refere-se aos gastos do governo
com a construção de novas estradas, hospitais, escolas etc. A diferença entre a poupança
pública e o investimento público deveria fornecer-nos o valor do déficit ou superávit
público, ou seja, a diferença entre arrecadação total e gasto total.

Déficit Público = Investimentos Governamentais –


Poupança do Governo em conta corrente

Ao analisarmos a expressão acima, percebemos que quando o déficit é menor do que zero,
ou seja, quando ocorre superávit, o governo está fazendo uma política contracionista,
restringindo a demanda. Se o déficit for maior do que zero, o governo está contribuindo
para aumentar a demanda, ou seja, realizando uma política fiscal expansionista.
Em casos de ocorrência de déficit, o gasto que supera a receita deverá ser financiado de
alguma forma, ou seja, o governo deverá obter recursos adicionais para cobri-lo. Uma das
principais alternativas é a emissão de títulos públicos que serão apresentados no tópico da
política monetária.

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O endividamento público traz uma nova categoria de gastos que é a rolagem e o
pagamento dos serviços desta dívida. Os juros sobre a dívida entram na categoria gastos
com transferências. Assim, quanto maior for o estoque da dívida, maior será o gasto com
juros; logo, maior será a diferença entre a carga tributária bruta e líquida.
Uma medida muito utilizada de déficit é o chamado déficit primário. Este conceito refere-
se à diferença entre as receitas não financeiras e os gastos não financeiros. Mostra
efetivamente a condução da política fiscal do governo ao apurar somente a arrecadação
de impostos e os gastos correntes e de investimento, independentes da dívida pública.
Um ponto importante a ser destacado em relação ao déficit público e seu financiamento,
a dívida, é o comportamento desta variável ao longo do tempo. Uma medida muito
utilizada para avaliar a capacidade de pagamento do setor público é a relação dívida/PIB.

ASSISTA AGORA A VIDEOAULA POLÍTICA FISCAL

Política Monetária

A política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento, títulos públicos e
taxas de juros, modificando o custo e o nível de oferta de crédito. A política monetária é
geralmente executada pelo Banco Central de cada país, o qual possui poderes e
competência próprios para controlar a quantidade de moeda na economia.
A moeda é o instrumento básico para que se possa operar o mercado. Ao ser colocada
como intermediária das trocas, a moeda permite a separação temporal entre o ato de
compra e o de venda. Com esta introdução, percebemos três funções que a moeda
desempenha no sistema econômico:

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unidade de conta: ser o referencial das trocas, o instrumento pelo qual as
mercadorias são cotadas;
meio de troca: intermediário entre as mercadorias;
reserva de valor: poder de compra que se mantém no tempo, ou seja, forma de se
medir a riqueza.
A partir das funções da moeda, podemos analisar os motivos que levam os indivíduos a
demandarem moeda. Sabemos que enquanto unidade de conta, a moeda expressa a
relação de troca das mercadorias, ou seja, funciona como um medidor, um parâmetro.
Assim, o preço de uma mercadoria é a expressão monetária do valor de troca de um bem.
Enquanto meio de troca, a moeda começa a afetar o sistema econômico. Para realizar
trocas, para poder comprar, os indivíduos devem ter moeda. Neste sentido, porém, os
indivíduos não demandariam, não reteriam moeda por ela mesma, mas pelos bens que ela
pode adquirir. Esta é a chamada demanda de moeda por motivo transacional. Se a moeda
se restringisse a esta função, teríamos a seguinte relação: como os indivíduos não
demandam moeda por si mesma, toda moeda no sistema seria utilizada para realizar as
trocas, dada a quantidade de bens existentes na economia, a quantidade de moeda
influenciaria tão-somente na determinação dos preços destes bens, Quanto mais moeda
houvesse, mais os indivíduos iriam querer gastar e, como a oferta de bens é dada no curto
prazo, o efeito seria uma elevação nos preços.
Como os indivíduos não recebem renda diariamente na economia, por exemplo, recebem
salários uma vez por mês e realizam gastos diariamente. É necessário fazer frente a estas
defasagens entre recebimentos e pagamentos, guardando moeda para a realização de
transações necessárias. A demanda de moeda para transações depende do padrão de
gastos dos indivíduos e estes do nível de renda. Assim, quanto maior a renda, maior será
a demanda de moeda para transações.
Portanto, podemos considerar a moeda como reserva de valor, e assim há um outro
motivo para a demanda da mesma: precaução. Os indivíduos têm incertezas em relação
ao futuro e guardam moeda para precaver-se dos infortúnios. O total de moeda que um

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indivíduo pode guardar para precaver-se do futuro está diretamente relacionado com a
sua renda.
Um terceiro motivo para demandar moeda é a especulação. Segundo Keynes, o indivíduo
guarda moeda para esperar o melhor momento para adquirir títulos que permitam
rendimento.
A moeda é emitida mediante autorização legal das autoridades monetárias e de acordo
com as necessidades identificadas em cada período na atividade econômica. No entanto,
nem toda moeda emitida se encontra em circulação, podendo uma parte permanecer
retida no Banco Central aguardando liberação futura. O montante da moeda emitida numa
economia menos o saldo retido no caixa das autoridades monetárias é definido por moeda
em circulação ou meio circulante.
Ao se excluir do saldo da moeda em circulação a quantidade de moeda disponível no caixa
dos bancos, chega-se ao conceito de moeda em poder do público. Os depósitos a vista do
público junto aos bancos comerciais são chamados de moeda escritural ou bancária. Os
meios de pagamento, também denominados de moeda M1, são constituídos dos saldos
de moeda em poder do público e dos depósitos a vista:

Meios de Pagamento (M1) = Moeda em poder do público +


Depósitos a vista dos bancos comerciais

Por usa composição, os meios de pagamento (M1) são alterados pelas autoridades
monetárias, ao emitirem papel-moeda, e pelo sistema bancário diante de sua capacidade
de criar moeda.
Podemos considerar, a princípio, que o governo controla a quantidade de moeda em
circulação. Isso ocorre porque, conforme já vimos anteriormente, uma grande quantidade
moeda ofertada na economia, considerando a oferta dada no curto prazo, pode gerar uma
elevação nos preços, ou seja, pode resultar em inflação.
Uma política monetária é expansionista quanto eleva e a liquidez da economia, injetando
maior volume de recursos nos mercados e elevando, em consequência, os meios de
37
pagamento. Com isso, são dinamizados o consumo e o investimento agregados, como
reflexos positivos sobre a expansão da atividade econômica. Por outro lado, uma política
monetária é restritiva quando as autoridades monetárias promovem reduções dos meios
de pagamento da economia, retraindo a demanda agregada (consumo e investimento) e a
atividade econômica. Este tipo de política monetária é adotado sempre que o crescimento
da demanda e dos investimentos se situarem acima da capacidade da oferta de moeda da
economia, visando anular os efeitos de um hiato inflacionário. Essa política visa restringir
a oferta de crédito e elevar seu custo de forma a adequar o consumo e o investimento
agregados à oferta monetária da economia (ASSAF NETO, 2011).
O Banco Central administra a política monetária por intermédio dos seguintes
instrumentos clássicos de controle monetário:
recolhimento dos compulsórios;
operações de mercado aberto – open market;
políticas de redesconto bancário e empréstimos de liquidez.

Recolhimentos Compulsórios

Os recolhimentos compulsórios representam o percentual incidente sobre os depósitos


captados pelos bancos (bancos comerciais, múltiplos e caixas econômicas) que devem ser
colocados à disposição do Banco Central. É um instrumento de controle monetário
bastante eficiente, já que atua diretamente sobre os meios de pagamento através do
multiplicador bancário. Os depósitos compulsórios podem incidir não somente sobre os
depósitos a vista dos bancos, mas também sobre os diferentes tipos de depósitos a prazo
e depósitos de poupança.
Sempre que as autoridades monetárias alterarem as taxas de recolhimento compulsório,
é modificado o multiplicador bancário e, consequentemente, os meios de pagamento da
economia, determinando uma expansão ou retração da atividade econômica. Uma
redução das taxas desses depósitos, por exemplo, libera recursos para a atividade
econômica, aumentando o fluxo dos meios de pagamento e reduzindo o custo do crédito.
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Desta forma, o volume requerido de depósito compulsório pode afetar toda a atividade da
economia.
Ao contrário, medidas monetárias restritivas podem ser acionadas por elevações nos
depósitos compulsórios. Com maior volume de recursos retidos pelo Banco Central, a
atividade econômica retrai-se, reduzindo a demanda agregada.
Por exemplo, em março de 2018, o Banco Central reduziu de 40% para 25% a alíquota de
recolhimento compulsório pelos bancos nos depósitos a vista. No caso da poupança, o
recolhimento passou de 21% para 20%. Nesta caso, o Banco Central estimou que seriam
liberados R$25,7 bilhões no sistema financeiro. Com esta medida o Banco Central esperava
que houvesse uma redução do spread bancário, que é a diferença entre a taxa que o banco
paga ao tomar um empréstimo e o que ele cobra ao conceder crédito, e a concessão de
crédito mais barato.

Operações de Mercado Aberto

As operações de mercado aberto (open market) funcionam como um instrumento


bastante ágil de política monetária a fim de melhor regular o fluxo monetário da economia
e influenciar os níveis das taxas de juros a curto prazo.
Em termos de política monetária, a grande contribuição das operações de mercado aberto
centra-se em seu maior dinamismo e flexibilidade, podendo com isso produzir, de forma
mais eficiente e rápida, os resultados desejados.
Estas operações são fundamentadas por meio da compra e venda de títulos da dívida
pública no mercado, processadas pelo Banco Central na qualidade de agente monetário
do governo. O mecanismo de funcionamento é simples. Caso o objetivo seja a expansão
dos meios de pagamento da economia, de forma a elevar a sua liquidez e reduzir a taxa de
juros, as autoridades monetárias intervêm no mercado, resgatando (adquirindo) títulos
públicos em poder dos agentes econômicos. De modo contrário, ao desejar limitar a oferta
monetária (reduzir a liquidez do mercado) e, ao mesmo tempo, elevar as taxas de juros

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vigentes a curto prazo, a postura assumida é de emitir e colocar em circulação novos títulos
de dívida pública.
As operações de mercado aberto processam-se inicialmente por meio da colocação (ou
resgate) de títulos públicos, permitindo que as autoridades monetárias executem a política
de expansão ou retração dos meios de pagamento. Se o Banco Central vende esses títulos,
ocorre uma concentração dos meios de pagamento. Em caso contrário, ao adquirir títulos
da dívida pública, provoca uma expansão da liquidez da economia.
As colocações destes títulos, quando realizadas pela primeira vez, constituem o chamado
mercado primário. Este é representado pela negociação direta (e primária) entre o
emitente dos títulos (o governo) e seus adquirentes (instituições financeiras).
As colocações primárias dos títulos públicos costumam desenvolver-se por meio de leilões
periódicos, coordenados pelo Banco Central, nos quais são estabelecidas as principais
características da oferta (quantidade de títulos colocados em circulação etc.). As operações
no mercado aberto realizadas pelo Banco Central podem ser de dois tipos: operações
compromissadas e operações definitivas.
Nas operações compromissadas, a autoridade monetária negocia títulos assumindo o
compromisso de resgatá-los dentro de um prazo fixado. Nas operações definitivas, os
títulos são adquiridos e incorporados na carteira do adquirente.
No denominado mercado secundário, verifica-se a transferência para terceiros dos títulos
adquiridos no mercado primário, no qual não ocorre a negociação direta entre o órgão
público emitente do título e os poupadores. Em realidade, o mercado secundário constitui-
se em importante fonte de financiamento das carteiras de aplicações formadas pelas
instituições financeiras. Por exemplo, se uma instituição adquire determinado título com
prazo de resgate de 182 dias, a determinada taxa de juros, procurará financiar essa posição
por meio da revenda do título a uma taxa naturalmente inferior àquela que obteve em sua
aplicação. Como o financiamento ocorre normalmente a prazos bem curtos (geralmente,
inferiores ao prazo de resgate do título negociado), a instituição financeira, passado o
tempo de colocação pactuado com o poupador, deverá recomprar o título à taxa de juro
contratada. Em momento posterior a recompra, inicia-se novamente o processo de
40
revenda do título, que se repetirá até a data de vencimento (resgate) definida pela
aquisição original (182 dias).

Redesconto Bancário e Empréstimos de Liquidez

O Banco Central costuma realizar diversos empréstimos, conhecidos por empréstimos de


assistência à liquidez, às instituições financeiras, visando equilibrar suas necessidades de
caixa diante de um aumento mais acentuado de demanda por recursos de seus
depositantes. A taxa de juros cobrada pelo Banco Central nessas operações é denominada
de taxa de redesconto.
A definição da taxa de redesconto por parte das autoridades monetárias age, ao mesmo
tempo, sobre o nível de liquidez monetária da economia e, também, sobre as taxas de
juros praticadas pelos bancos. Se a taxa cobrada no redesconto for inferior àquela adotada
pelo mercado, as instituições financeiras são incentivadas a elevar a oferta de crédito,
apurando maiores lucros pelo diferencial entre a taxa cobrada dos depositantes e a taxa
de redesconto paga ao Banco Central. Ao se elevar a taxa de redesconto, reduz-se, em
consequência, a oferta de crédito no mercado, incentivando um aumento das taxas de
juros.

Determinação das Taxas de Juros

Podemos associar a taxa de juros ao que se ganha pela aplicação de recursos durante
determinado período de tempo, ou, alternativamente, aquilo que se paga pela obtenção
de recursos de terceiros (tomada de empréstimo) durante determinado período de tempo.
Já discutimos que a demanda de moeda depende da renda e da taxa de juros. Dado o nível
de renda, quanto maior a taxa de juros, menor a demanda de moeda. A partir desta
demanda de moeda, dada a oferta de moeda controlada pelo governo (Banco Central),
determina-se a taxa de juros que equilibra a demanda e a oferta de moeda.

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Existem dois tipos de política monetária: a ativa e a passiva. Na primeira, o objetivo do
governo é controlar a oferta de moeda e, neste caso, a taxa de juros oscila para determinar
o equilíbrio entre oferta e demanda de moeda. No segundo caso, o objetivo do governo é
determinar a taxa de juros e, neste caso, o governo tanto via taxa de redesconto como
pela remuneração dos títulos públicos, tenta determinar a taxa de juros do mercado,
deixando a oferta de moeda variar livremente para manter esta taxa de juros, ou seja, a
oferta de moeda fica endogenamente determinada.
O nível ótimo de juros de uma economia é uma meta a ser perseguida pelas autoridades
monetárias, porém muito difícil de ser atingida na prática. Uma taxa ideal de juros pode
ser entendida como aquela que promove a redução da dívida pública pelo menor custo da
dívida, incentiva o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, remunera os investidores
com uma taxa real.

Comitê de Política Monetária (Copom)

O Comitê de Política Monetária foi instituído em 1996 e atua dentro do âmbito do Banco
Central. A finalidade do Copom é de estabelecer as diretrizes básicos do comportamento
das taxas de juros no mercado monetário, definindo metas de acordo com as políticas
econômicas do governo.
Os objetivos básicos definidos para o Copom são:
definir a meta da taxa Selic e eventual viés;
implementar a política monetária;
analisar o comportamento da inflação.
As reuniões ordinárias do Copom são realizadas periodicamente, de acordo com
calendário divulgado, sendo, nessas ocasiões, decidida e comunicada ao mercado a taxa
meta para o financiamento dos títulos públicos, conhecida como taxa Selic.
A taxa divulgada pelo Comitê, que vigora até a próxima reunião, vem geralmente
acompanhada de um indicativo de viés, podendo ser de baixa, ou de alta, ou neutro.

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Na avaliação das decisões de alterações nas taxas de juros, o Copom examina informações
de três naturezas:
conjuntura: estudos sobre a atividade da economia, finanças públicas, índices gerais
de preços, entre outros indicadores;
mercado cambial: avalia o ambiente econômico externo, comportamento do
mercado cambial, reservas monetárias internacionais etc.;
mercado financeiro: inclui a liquidez do sistema bancário, comportamento das
operações do mercado aberto etc.

Setor Externo

Sabemos que do ponto de vista econômico, os países estão interligados, seja através de
fluxos comerciais, seja através de fluxos financeiros. De modo geral, as relações
econômicas internacionais têm posição fundamental para a maioria dos países, inclusive o
Brasil. As importações representam parcela significativa da oferta dos países, enquanto as
exportações constituem importante elemento de demanda.

Balanço de Pagamentos

A introdução do setor externo traz uma série de diferenças para a análise que vínhamos
desenvolvendo até o momento. A oferta agregada do país, por exemplo, deixa de ser
composta apenas por produtos feitos internamente, mas passa a contar com bens e
serviços elaborados no exterior. A demanda por produtos domésticos deixa de ser feita
apenas por residentes, passando a ser feita também por não residentes. Podemos contar
inclusive com capital e trabalho estrangeiros para ampliar a produção. Além disso, a
poupança interna não precisa ser necessariamente aplicada no país, podem ser investida
no exterior.
Este conjunto de transações gera uma série de fluxos de bens e serviços e fluxos
monetários e de capitais entre os países que afetam o desempenho econômico dos
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mesmos. O Balanço de Pagamentos de uma nação busca registrar este conjunto de
transações do país com o resto do mundo.
No Brasil, o Balanço de Pagamentos é elaborado pelo Banco Central a partir dos registros
das transações efetuadas entre residentes no país e residentes em outras nações. Na
contabilização destes registros, adota-se o método das partidas dobradas. Toda a
transação que cria um direito constitui um crédito, como é o caso das exportações. Por
outro lado, as importações são débitos, assim como juros pagos ao exterior. De modo
geral, pode-se considerar que toda entrada de divisas corresponde a um crédito e toda
saída a um débito. Veja no quadro abaixo a apresentação do Balanço de Pagamentos:

Balanço de Pagamentos
Balança de Transações Correntes
A.1. Balança Comercial
A.1.1. Exportações
A.2.2. Importações
A.2. Balança de Serviços (Invisíveis)
A.2.1. Transportes (fretes etc) e Seguros
A.2.2. Viagens Internacionais e Turismo
A.2.3. Rendas de Capital (lucros e juros)
A.2.4. Diversos
A.3. Transferências Unilaterais
B. Balança (Movimento) de Capitais
B.1. Investimentos
B.2. Empréstimos e Financiamento de Longo e Médio Prazo
B.3. Empréstimos de Curto Prazo
B.4. Amortizações
B.5. Outras Movimentações de Capital
C. Erros e Omissões
Saldo (A+B+C)
D. Transações Compensatórias
D.1. Variação de Reservas
D.2. Operações de Regularização
Quadro 1. Balanço de Pagamentos

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As transações compensatórias, representadas no item D, são as destinadas a financiar o
saldo final das transações autônomas, que são aquelas realizadas normalmente e que
acontecem por si mesmas. Na verdade, quando se diz que um país possui superávit (ou
déficit), está-se pensando no saldo credor (ou devedor) da soma das três primeiras contas
do Balanço apresentado (A, B, C). Todo saldo deverá ser de alguma maneira financiado.
Este financiamento é mostrado pelo saldo das contas do item D.
A Balança de Transações Correntes procura resumir a diferença entre o total das
Exportações e das Importações tanto de Mercadorias como de Serviços, sendo também
incluído o saldo de transferências unilaterais executadas durante o período. As transações
desta balança são as que afetam diretamente a Renda Nacional, e são consideradas as mais
importantes do Balanço de Pagamentos.
A Balança Comercial inclui basicamente as exportações e as importações de mercadorias,
que são afetadas principalmente pelo nível de renda da economia e do resto do mundo,
pela taxa de câmbio e pelos termos de troca.
A Balança de Serviços, que representa as negociações internacionais dos chamados bens
invisíveis e os rendimentos de investimentos. Já as transferências unilaterais referem-se a
pagamentos sem contrapartida de um país para outro:
remessas feitas por empregados migrantes para suas famílias no país de origem, sendo um
débito se as remessas forem enviadas e um crédito se forem recebidas;
doações feitas por um governo para o outro; se o governo for receptor será um crédito,
caso contrário um débito.
O Movimento de Capitais agrupa as contas que representam modificações nos direitos e
obrigações de residentes no país para com não residentes. A principal variável a explicar o
movimento de capitais entre os países é a taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros em
um país em relação ao resto do mundo, maior será o estímulo a aplicar recursos naquele
país.
A conta Erros e Omissões surge em função de equívocos existentes no registro das
operações do país com o exterior. Na verdade, inúmeras contas são registradas com
valores estimados, o que impede a equivalência perfeita entre os créditos e os débitos.
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Deste modo, este item entra no balanço de pagamento a fim de cobrir os erros estatísticos
cometidos e as transações não registradas.
Somados todos os saldos das contas mencionadas (A+B+C) obtêm-se o resultado do
balanço de pagamentos, sendo este de superávit quando a soma for positiva, e de déficit
quando a soma for negativa.
Ao valor obtido para esta soma corresponderá um valor igual, porém com sinal contrário
na conta de Transações Compensatórias, de modo a equalizar os débitos e créditos no
balanço. Assim, em caso de o balanço ser positivo (indicando a entrada de recursos), a
conta de Transações Compensatórias será deficitária e, quando o balanço for deficitário, a
conta de Transações Compensatórias será credora.

Mercado Cambial

A taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra moeda
nacional; é a taxa pela qual duas moedas de países diferentes podem ser trocadas
(cambiadas). Através das taxas de câmbio, torna-se possível realizar as transações entre os
países. O mercado cambial é o mercado em que as moedas dos diferentes países são
transacionadas. Neste mercado, existem ofertas e demandas pelas várias moedas.
Em tese, o equilíbrio entre a oferta e a demanda das diferentes moedas nacionais
estabelece as taxas de câmbio, isto é, os preços relativos entre as moedas nacionais, assim
como as quantidades de moedas nacionais transacionadas.
As oscilações na demanda e na oferta de determinada moeda devem conduzir a
modificações no equilíbrio deste mercado. Assim, por exemplo, um aumento dos
investimentos norte-americanos no Brasil significa um aumento na oferta de dólares e
também um aumento na demanda de reais. Estes aumentos fazem com que a taxa de
câmbio se modifique, valorizando o real e desvalorizando o dólar. Assim, define-se uma
valorização da moeda nacional, quando o poder de compra desta em relação às demais
cresce, e uma desvalorização, quando seu poder de compra cai; ou quando se eleva a taxa
de câmbio.
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O governo procura regulamentar o mercado cambial com o objetivo de melhorar o
desempenho de certas variáveis econômicas de seu interesse. Desde modo, existem
diferentes regimes cambiais. Um regime ou sistema cambial pode ser entendido como um
conjunto de regras, acordos e instituições através dos quais são feitos os pagamentos
internacionais e, portanto, pelos quais se regula e acaba funcionando o mercado cambial.
De modo geral, há dois grandes tipos de regime cambial, o de taxas fixas e o de taxas
flexíveis:
regime de taxas de câmbio fixas: aquele em que o preço da moeda nacional em termos de
moeda estrangeira é dado e o equilíbrio do mercado é obtido através da compra e venda
de dividas pelo Banco Central;
regime de taxas de câmbio flutuantes: o preço da moeda nacional em termos de moeda
estrangeira oscila livremente para garantir o equilíbrio entre a oferta e a demanda de
divisas.

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Considerações sobre Cenários Econômicos

A disciplina Cenários Econômicos teve como objetivo apresentar as principais variáveis


macroeconômicas e as suas relações para que, a partir da compreensão destas relações os
gestores estejam sempre aptos a tomarem as melhores decisões para as empresas em que
atuam.
Sabemos que de acordo com a visão sistêmica, a empresa é constantemente afetada pelo
ambiente no qual está inserida e atualmente, o ambiente econômico pode interferir de

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maneira decisiva na capacidade das organizações atingirem bons resultados financeiros e
gerar retorno sobre o capital investido.
Projeções sobre o PIB afetam diretamente o orçamento das empresas, bem como seus
projetos de investimento. Taxas de juros impactam suas decisões de captação e aplicação
de recursos e a taxa de câmbio pode aumentar seus custos ou deixar o produto mais
competitivo no mercado internacional. Estas são algumas das várias relações existentes
entre as variáveis macroeconômicas e as empresas.
Desta forma, cabe ao gestor avaliar constantemente o comportamento passado e atual,
bem como as projeções futuras para estas variáveis, de modo a definir de que maneira os
objetivos e estratégias da organização serão afetados positiva ou negativamente por tais
variáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2011.


MANKIW, N. G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: LCT, 2014.
VASCONCELLOS, M. A .S.; GREMAUD, A. P.; TONETO JÚNIOR, R. Economia brasileira
contemporânea. São Paulo: GEN – Atlas, 2017.

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