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É fogo!
Edição 231 - Jan/05
Uma das especiarias mais consumidas no mundo, a
pimenta está presente na nossa mesa há mais de 500
anos. E não só na mesa. Além de temperar e animar
qualquer prato, ela faz bem à saúde. É indicada como
remédio para artrite, dor de cabeça, má digestão e
problemas circulatórios e tem três vezes mais vitamina
C do que a laranja. Há quem a utilize como tempero
do amor, por acreditar que seja afrodisíaca, e também
os que juram que ela afasta o "mau-olhado". Os índios
caetés já utilizavam a pimenta como arma,
antecipando, sem querer, o pepper spray, atualmente
usado pela polícia.

A crescente
procura do
mercado interno
e externo pelas pimentas provocou a expansão da área cultivada
em vários estados brasileiros, principalmente em iniciativas de
agricultura familiar. Além de serem consumidas ao natural, as
pimentas abastecem a agroindústria e podem ser processadas e
utilizadas em várias linhas de produtos. Seus frutos podem ser
desidratados e vendidos inteiros, em flocos (pimenta calabresa),
em pó (páprica picante) ou ainda preparados como conservas,
molhos, geléias e doces.

A maioria das pimentas que conhecemos pertence ao gênero


Capsicum, que reúne tipos picantes como a malagueta e a
jalapeño, mais picantes ainda, como a cumari, ou um pouco mais
suaves e adocicadas, como a dedo-de-moça. São todas nativas das Américas, e daqui se espalharam
pelo mundo a bordo das embarcações portuguesas, a partir do descobrimento, chegando à África,
Europa e Ásia. Hoje, tailandeses e coreanos são considerados os maiores consumidores de pimenta do
mundo; o consumo atinge até oito gramas por dia por pessoa.

Por aqui, não há dados sobre o consumo, mas o cultivo é feito em


praticamente todas as regiões, com destaque para Bahia, Ceará,
Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul. As espécies
de pimenta do gênero Capsicum - do qual também faz parte o
pimentão - pertencem à família das solanáceas, a mesma do
tomate, da berinjela e da batata. As cores, formas e tamanhos
variam, mas todas têm algo em comum: são ardidas.

Essa característica, chamada pungência, é exclusiva desse gênero


e é atribuída a um alcalóide, a capsaicina, que fica acumulado na
parte interna do fruto. A pungência das pimentas pode ser
medida em Unidades de Calor Scoville (Scoville Heat Units -
SHU), com aparelhos específicos. O valor SHU pode chegar a 300
mil, caso, por exemplo, da cumari-do-pará.

Os frutos maduros são vermelhos, mas podem variar desde o


amarelo até o preto, além de alaranjado, salmão e roxo. O
formato varia segundo a espécie, e há frutos alongados,
arredondados, triangulares e quadrados. As pimentas ardidas
podem também ser cultivadas como ornamentais, pelo porte e
pelas diferentes cores de seus frutos durante a maturação.

A pimenteira se adapta muito bem aos climas quentes. É sensível


a baixas temperaturas e não tolera geadas. Por isso deve ser
cultivada nos meses de calor. Pode ser plantada em vasos e
pequenos terrenos, para consumo próprio. Quem pretende
comercializá-la em pequena escala pode começar o plantio numa

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área de meio hectare. As sementes de pimentas malagueta, dedo-de-


moça, cambuci, jalapeño e cumari-do-pará são encontradas facilmente no mercado. Já as de cumari-
verdadeira, bode e de cheiro são produzidas pelo próprio produtor, que pode comprar os frutos maduros e
extrair as sementes. As mudas são feitas em bandejas de isopor, com uma ou duas sementes por célula, em
local onde não haja incidência de sol direto.

Os melhores solos são os profundos, leves, férteis e bem


drenados. O plantio é feito preferencialmente em sulcos, de 30
a 40 centímetros de largura e 20 a 25 centímetros de
profundidade, com uma distância de 80 centímetros. O
transplante é feito quando as mudas apresentarem cinco
folhas, ou dez centímetros de altura; ao retirá-las, há o
cuidado para não ferir as raízes. Após o transplante, é preciso
irrigar as mudas. Depois, as regas são feitas regularmente,
com o cuidado de não encharcar.

As espécies do gênero Capsicum mais cultivadas no Brasil são:

Bode (C. chinense) - frutos arredondados ou achatados,


vermelhos e amarelos. É muito picante e os frutos maduros são
utilizados principalmente em conservas.

Cambuci (C. baccatum var. pendulum) - frutos vermelhos em


forma de campânula ou de sino. Com sabor adocicado, pode
ser utilizada em saladas.

Cumari-do-pará (C. chinense) - frutos triangulares e amarelos


quando maduros. Bastante picante, é utilizada em conservas.

Cumari-verdadeira (C. baccatum var. praetermissum)


arredondados ou ovalados, vermelhos e muito picantes.

Dedo-de-moça (C. baccatum var. pendulum) - frutos


alongados e vermelhos. Sua pungência é baixa e é utilizada em
molhos, conservas e desidratada, em flocos (calabresa).

Jalapeño (C. annuum) - originária do México, com frutos


grandes, sabor forte e pungência mediana.

Malagueta (C. frutescens) - uma das mais cultivadas, é


vermelha, mede de 1,5 e quatro centímetros. Com pungência de
média para alta, é a mais utilizada para "esquentar" o acarajé.

Pimenta-de-cheiro (C. chinense) - frutos alongados,


triangulares ou retangulares. A coloração também é variável
(amarelo-leitoso ao preto), assim como a pungência (doce até
muito picante).

CONSULTORA: CLÁUDIA SILVA DA COSTA RIBEIRO, pesquisadora da Embrapa


Hortaliças, rodovia BR 060, Km 9, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília, DF,
tel. (61) 385-9033, sac.hortaliças@embrapa.br
MAIS INFORMAÇÕES: Livro - Capsicum - Pimentas e Pimentões no Brasil -
Embrapa Hortaliças.

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