You are on page 1of 16

O futuro da indústria

de energia no Brasil
Sumário

03 10
Introdução: Capítulo 02:

Um novo marco Caminho


para o setor aberto para
elétrico as renováveis

05 13
Capítulo 01: Capítulo 03:
Novo mercado Prazos para
de energia adequação
Introdução: Um novo marco para o setor elétrico

Introdução:
Um novo
marco para
o setor
elétrico
Um importante passo para a
modernização do setor elétrico foi dado
com o Projeto de Lei (PLS 232/16), que
trata da atualização do modelo comercial
e das concessões de geração de energia
elétrica no país, além de estimular
concorrência no setor. Em trâmite no
Senado desde 2016, o PLS 232/16
foi aprovado em meio à pandemia na
Comissão de Infraestrutura da Casa.
Entre seus pontos críticos, propõe a
liberalização definitiva do mercado
livre, coloca em debate a questão dos
subsídios às fontes incentivadas, pagos
na maior parte pelos consumidores,
e faz a separação entre lastro e energia.
3
Introdução: Um novo marco para o setor elétrico

É consenso entre especialistas evolução tecnológica e da maior


e os principais players do setor inserção das fontes renováveis
que a possibilidade de acesso ao complementares, como eólica
chamado Ambiente de Contratação e solar, no Sistema Interligado
Livre (ACL) para consumidores Nacional (SIN). Ambas trazem
O assunto principal
de baixa tensão vai estimular a uma diferença para a dinâmica do
dos debates deve girar
modernização e maior eficiência sistema como um todo, visto que
entorno da evolução
das companhias, o que acarretará têm variabilidade na geração de
tecnológica e da
em queda da tarifa e melhora energia, situação que não existia
maior inserção das das condições de compra e da quando o Brasil dependia quase
fontes renováveis prestação dos serviços. Mais que exclusivamente das grandes
complementares, ainda, tende a empoderar os usinas hidrelétricas e seus
como eólica e solar, consumidores, que poderão imensos reservatórios.
no Sistema Interligado escolher qual fonte de energia Outro ponto importante no
Nacional (SIN). faz mais sentido para sua modelo comercial proposto pelo
operação, independentemente PLS 232/16 é a separação dos
da tensão ou carga utilizadas. contratos de lastro e energia.
O projeto continua no poder Trocando em miúdos, trata-se
legislativo, que, neste momento, da garantia física proporcionada
aprofunda os debates acerca das por empreendimento de geração
normas de como o setor elétrico em megawatts (MW) médios
fará a transição necessária em de cada usina para a segurança
seus modelos de negócios e do suprimento do sistema.
de contratação, bem como (e Isso permite que os custos para
principalmente) no de alocação o provimento de confiabilidade
de riscos, a fim de garantir e adequabilidade sistêmica sejam
sua sustentabilidade. rateados de forma isonômica
O assunto principal dos entre os ambientes de
debates deve girar entorno da contratação livre e regulado.
4
Capítulo

01
Capítulo 01: Novo mercado de energia

Novo
mercado
de energia
Atualmente, todos os
consumidores de baixa
tensão são obrigados a
utilizar energia fornecida
pela mesma distribuidora
detentora da concessão
ou permissão na área
onde estão localizados.
Dessa forma, não
participam do mercado
livre e obrigatoriamente
são atendidos sob
condições reguladas.

6
Capítulo 01: Novo mercado de energia

Hoje, o Brasil
possui cerca de
80 milhões
Hoje, o Brasil possui cerca de 80 quase sete vezes, apontam dados possibilidade da portabilidade da de Unidades
milhões de Unidades Consumidoras da Câmara de Comercialização de conta de luz com o PLS 232/16, Consumidoras
(UCs), segundo a Agência Nacional Energia Elétrica (CCEE). De qualquer floresce um gigantesco mercado (UCs), segundo a
de Energia Elétrica (Aneel), sendo forma, esse montante ainda é de energia. Mais ainda, em um Agência Nacional
que a maior parte (85%) é residencial. pequeno, representando menos contexto de maior consciência de Energia Elétrica
Nos últimos dez anos, o número de 0,01% das UCs de todo país. ambiental dos cidadãos, o apelo das (Aneel), sendo
de clientes que passaram a definir Ao mesmo tempo que fontes renováveis abre um leque que a maior parte
seu fornecedor de energia cresceu os consumidores ganham a de oportunidades de negócios. (85%) é residencial.
7
Capítulo 01: Novo mercado de energia

Nesse sentido, a aprovação do PLS Esse cenário pode viabilizar ainda Dessa forma, acredita-se
232/16 representa um importante mais a geração de energia eólica, que a abertura do mercado
passo para o aprimoramento permitindo receitas extraordinárias criará mais e novas oportunidades
regulatório do setor elétrico e maior rentabilidade dos projetos. de negócios, incluindo modelos
brasileiro, impondo novos desafios O preço médio de oferta de energia voltados para operacionalizar
para a indústria eólica nacional. eólica nos últimos leilões, por contratos de compra e venda
O segmento, apesar de ainda jovem exemplo, já reflete os ganhos de energia no ACL, bem como
e não totalmente consolidado, de competitividade do segmento, para incentivar consumidores
vive um bom momento e deve se com uma significativa curva de antes atendidos pelas
beneficiar com a modernização redução nas tarifas. O aumento distribuidoras a aderirem
do sistema como um todo. de competitividade foi evidente. a esse ambiente.

8
Capítulo 01: Novo mercado de energia

A eficiente aplicação do conteúdo condições de se autorregular:


do projeto de lei à realidade pode cada agente dará uma previsão da
fazer com que o Brasil fique mais capacidade de absorção de risco
próximo das melhores práticas e dos sinais econômicos de preço.
globais. Hoje, o atual modelo é Outro aspecto importante
feito por leilões periódicos, nos é a questão da descentralização,
quais as distribuidoras definem uma visto que há um notável aumento
demanda e contratam a energia da geração distribuída. No primeiro
por um prazo longo, servindo semestre de 2019, o Brasil chegava
ainda de garantia para grandes ao primeiro gigawatt (GW) de
empreendimentos. potência instalada em micro
Sendo assim, é urgente a e minigeração distribuída.
necessidade de adaptação do Doze meses depois, esse
modelo regulatório brasileiro, número já havia triplicado.
em um novo momento marcado Na avaliação de especialistas,
por renováveis intermitentes se tudo caminhar como previsto,
e descentralização. A venda espera-se que, em um primeiro
de energia elétrica sempre momento, as distribuidoras terão
ocorreu por meio das poucas perda de receita, o que pode afetar
concessionárias e distribuidoras, o equilíbrio financeiro dessas
sob a regulação pela Aneel. empresas. Considerando que o
Com o advento do PLS 232, a tipo de consumidor poderá mudar,
concorrência tende a aumentar, novos regramentos específicos
já que cada consumidor terá a terão de ser criados.
liberdade de decidir de quem Nesse cenário, pode ser que seja
comprará energia. necessário que a Aneel crie formas
Com isso, os limites da de defesa ao consumidor e gatilhos
concorrência passam a ser tema para defesa da concorrência, além
central do novo modelo. Espera-se de mecanismos de controle dos
um contexto de maior flexibilização atos dos fornecedores, detalhes
e regras definidas pelos próprios do fornecimento, entre outras
players integrantes. Ou seja, o questões, que podem ganhar
mercado de energia elétrica tem relevância no futuro.
9
Capítulo

02
Capítulo 02: Caminho aberto para renováveis

Caminho aberto
para renováveis
O PLS 232, que institui o novo marco
regulatório do setor elétrico, estabelece
as bases para que se possa absorver, de
forma sustentável, a expansão acelerada
das fontes renováveis e a revolução
tecnológica das redes inteligentes.
O projeto também altera (para melhor)
as condições que atualmente favorecem a
competividade das fontes renováveis, como
eólicas e solar fotovoltaica. A inserção da
primeira, por exemplo, veio justamente na
esteira da evolução tecnológica decorrente
dos compromissos globais de buscar
soluções energéticas ambientalmente mais
sustentáveis. O protagonismo cresceu
quando o Brasil colocou sua assinatura
no Acordo de Paris, comprometendo-se
a reduzir as emissões de gases de efeito
estufa e expandir a participação de fontes
renováveis não hídricas na matriz.

11
Capítulo 02: Caminho aberto para renováveis

Com o avanço tecnológico, a mais com um sistema suprido por


redução dos custos e o consequente usinas de reservatório que garantem
ganho de competitividade da fonte uma estabilidade de preços.
nos últimos anos, as renováveis Com isso, a alocação desse risco
passaram a deter um percentual hidrológico precisava ser debatido.
significativo da matriz energética A fonte eólica serve bem de
mundial. No Brasil, as reformas complementaridade no período
institucionais do setor elétrico de estiagem em que os grandes
permitiram o desenvolvimento de reservatórios no Brasil sofrem o
políticas de incentivo que levaram estresse hídrico. O maior período
a geração eólica a alcançar 16 GW de geração eólica é no inverno,
de capacidade instalada neste ano. quando as chuvas são menores.
Os avanços recentes foram Hoje, as eólicas respondem por
fundamentais para o país evitar mais de 9% da matriz elétrica e
repetir erros do passado, que o incremento ano a ano de sua
redundaram em racionamento e participação no SIN caminha a
apagão elétrico. A capacidade anual passos largos, podendo muitas vezes
do Brasil de entregar energia ao no ano suprir quase toda a demanda
sistema passou de seis para quatro de energia da região Nordeste.
meses e, por conta da entrada das
renováveis variáveis que seguram
a demanda em momentos de
estiagem hídrica, o setor elétrico
identificou a necessidade de
A fonte eólica serve bem de complementaridade
promover adaptações, como um
no período de estiagem em que os grandes
novo modelo de precificação.
reservatórios no Brasil sofrem o estresse hídrico.
Com a entrada de fontes
que variam ao longo do tempo O maior período de geração eólica é no
e que necessitam de uma inverno, quando as chuvas são menores.
complementaridade baseada
em combustíveis mais caros, a
variação de preço no curto prazo fica
mais evidente. Ou seja, não estamos
12
Capítulo

03
Capítulo 03: Prazos para adequação

Prazos para
adequação
O novo modelo comercial do
setor elétrico propõe mudanças
significativas, como a total abertura
do mercado livre de energia em
um prazo de 42 meses. A partir daí,
todos os consumidores serão livres
e poderão escolher de quem e qual
tipo de energia comprar.

14
Capítulo 03: Prazos para adequação

O novo modelo comercial do setor


elétrico propõe mudanças significativas,
como a total abertura do mercado livre
de energia em um prazo de 42 meses.

É importante destacar, contudo, mais das forças políticas


que o assunto já estava na mesa acelerarem esse debate no
do setor elétrico desde os anos Congresso. Com a agenda de
1990. Em consequência, a partir reformas devidamente aprovada,
da década seguinte, houve vários acredita-se que o setor estará
movimentos na direção de uma apto a colocar tudo em
maior flexibilização. Um exemplo curso no tempo previsto.
foi a abertura para consumidores Ainda é cedo para previsões
livres e especiais, que consomem de investimentos e quanto
um tipo específico de energia concretamente isso trará de ganhos
renovável de fontes incentivadas. econômicos ao Brasil, mas, por ser
Nesse momento, o mercado um projeto de interesse coletivo e
parece convencido da necessidade de consenso entre quase todos os
de modernização. Ao que tudo agentes envolvidos, espera-se que
indica, agora as coisas dependem não haja grandes dificuldades.

Fontes: Felipe Gonçalves, superintendente de Pesquisas da Fundação Getulio Vargas (FGV Energia);
Hugo Carneiro Gerente de Contas Industriais da Moove; e Michel Rodrigues, Engenheiro de campo da Moove.

15
www.mobilindustrial.com.br

You might also like