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SEGURANÇA E SAÚDE DO

TRABALHO

Sistemas de Responsabilidades

Fernando Cabral

Fernando Cabral 1
Filosofia Europeia para a SST
Directiva Europeia 89/391/CEE
• SST: deve ser assumida nas empresas como uma obrigação de
resultados (e não de meios) de SS dos trabalhadores;
• Daquele princípio resulta que a empresa tem de ter uma atitude
prospectiva de antecipação (definir objectivos próprios, pois não basta
assumir uma atitude reactiva face à legislação);
• Essa atitude deve ser apoiada na avaliação de riscos;
• E traduzir-se numa acção integrada na gestão global da empresa;
• Esta acção deve basear-se (além da avaliação de riscos) no
desenvolvimento de competências dos trabalhadores (informação-
formação-participação);
• O que pressupõe uma organização (de recursos), com definição de um
sistema de responsabilidades (quem faz o quê, quando e como).
Enquadramento da SST no Código do Trabalho
Deveres do Empregador
- Assegurar condições de SST, de acordo com os princípios gerais de
prevenção;
- Mobilizar os meios necessários à prevenção de riscos, à informação, à
formação e à consulta dos trabalhadores;
- Organizar os serviços de SHST;
- Cooperar com outros empregadores que desenvolvam actividades
simultâneas no mesmo local;
- Assegurar a proibição ou o condicionamento de trabalhos que
impliquem riscos para o património genético (riscos especiais e
trabalhadores mais vulneráveis);
- Assegurar a reparação dos Acidentes de Trabalho e das Doenças
Profissionais

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Obrigações do Empregador (art 15º)
1. Obrigação genérica: Assegurar ao trabalhador condições de SST;
2. Abordagem preventiva baseada nos princípios gerais de prevenção;
3. Coerência entre a avaliação dos riscos e a escolha das medidas
preventivas;
4. Adequação entre a qualificação do trabalhador e a natureza das
tarefas;
5. Restrição do acesso a zonas de risco elevado;
6. Medidas adequadas a situações de perigo grave e iminente;
7. Meios de prevenção adequados à protecção não só de trabalhadores,
mas também de terceiros expostos (nas instalações e no exterior);
8. Vigilância da saúde dos trabalhadores;
9. Medidas de primeiros socorros, combate a incêndios e evacuação
(meios materiais e organizacionais, trabalhadores designados e
relacionamento com as entidades externas de socorro);

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Obrigações do Empregador (art 15º)
10. Organização de serviços de SHST;
11. Disponibilização de meios adequados à prevenção, formação,
informação, e equipamentos de protecção;
13. O próprio Empregador é obrigado a observar na sua conduta as regras
de SST;
14. O Empregador suporta os encargos com a SHST (proibição de serem
transferidos para o Trabalhador);
15. O Trabalhador Independente é equiparado a Empregador (com as
adaptações convenientes);
16. O Empregador cuja conduta tiver contribuído para originar uma situação
de perigo incorre em responsabilidade civil.

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Obrigações do Empregador - Actividades Simultâneas

1. Dever geral de cooperação entre todos os Empregadores


envolvidos;
2. Complementarmente, a obrigação recai nas entidades
seguintes:
- Trabalho temporário: empresa utilizadora;
- Cedência ocasional de mão de obra: empresa cessionária;
- Contratos de prestação de serviços: empresa de
acolhimento;
- Restantes casos: empresa adjudicatária da obra ou do
serviço (devendo instituir um sistema de coordenação).

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Obrigações do Trabalhador
1- Cumprir as prescrições de SST:
2- Zelar pela SS de si próprio e de terceiros;
3- Zelar pela SS de forma especial quando se trate de chefias/coordenação;
4- Utilizar correctamente os componentes materiais de trabalho;
5- Observar os procedimentos de trabalho;
6- Cooperar para a melhoria do sistema de SST;
7- Comparecer aos exames de saúde;
8- Comunicar à sua hierarquia deficiências que possam ocasionar perigo
grave e iminente;
9- Comunicar à sua hierarquia falhas nos sistemas de protecção;
10- Adoptar os procedimentos estabelecidos nas situações de perigo grave
e iminente.
11- O Trabalhador cuja conduta tiver contribuído para originar uma situação
de perigo incorre em responsabilidade disciplinar e civil.

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Dever de Informação
1 — Obrigação genérica: Informação dos Trabalhadores e dos
Representantes para a SST: Riscos, medidas gerias de prevenção,
instruções para casos de perigo grave e iminente e sistema de
emergência.
2 — Obrigação específica: Informação e formação específica (se
necessário):
a) Admissão na empresa;
b) Mudança de posto de trabalho ou de funções;
c) Alteração ou adopção de nova tecnologia;
d) Actividades que envolvam trabalhadores de diversas empresas.
3- Obrigação específica: Informação da empresa em cujas instalações é prestado
um serviço aos respectivos empregadores e trabalhadores:
a) Avaliação de riscos (c/ particular atenção aos riscos especiais);
b) Trabalhadores designados para as acções de emergência.

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Dever de Informação
4 — Obrigação específica: Informação dos trabalhadores com funções
específicas no domínio da SST:
5 — Obrigação específica: Informação dos serviços SST (e Técnicos externos):

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Dever de Formação
1 — Obrigação genérica:
a) Formação dos Trabalhadores adequada no domínio da SST,
tendo em atenção o posto de trabalho e o exercício de
actividades de risco elevado;
2 — Obrigação específica:
a) Trabalhadores designados para actividades de SST:
formação específica permanente;
b) Trabalhadores designados para a operação das medidas de
primeiros socorros, de combate a incêndios e de evacuação.

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Dever de Consulta
1 – Temas da Consulta:
a) Avaliação dos riscos (com destaque nos casos de riscos especiais);
b) Medidas com impacte nas tecnologias e/ou funções c/ repercussão na
SST;
c) Formação em SST (programa e organização da formação );
d) Designação dos trabalhadores responsáveis pela operação da
emergência;
e) Equipamento de protecção;
f) Relatórios dos acidentes de trabalho mortais ou com incapacidade
superior a 3 dias úteis.

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Enquadramento SST-L 102/2009, 10 Setembro
Dever de Consulta
1 — Modo de consulta por parte da Empresa:
a) Consulta aos Representantes dos Trabalhadores ou os próprios
Trabalhadores (na falta daqueles);
b) Prévia disponibilização de informações relevantes;
c) Consulta por escrito;
d) 2 vezes por ano (mínimo);

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L 102/2009, 10 Setembro
Serviços SST – Objectivos
• Assegurar condições de trabalho que garantam a segurança
e a saúde (física e mental) dos trabalhadores;
• Desenvolver as condições técnicas de aplicação das medidas
de prevenção;
• Informar e formar os trabalhadores sobre SST;
• Informar e consultar os trabalhadores e seus
representantes.

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L 102/2009, 10 Setembro
Serviços SST – Actividades Principais
1. Planear a prevenção;
2. Proceder à avaliação de riscos e elaborar os respectivos relatórios;
3. Elaborar o plano de prevenção (plano geral e planos específicos
exigidos por lei);
4. Participar na elaboração do PEI (plano de emergência interno);
5. Colaborar na concepção dos locais de trabalho, métodos e organização
do trabalho e escolha de equipamentos de trabalho;
6. Supervisionar os EPI’s e a sinalização de segurança;
7. Realizar os exames de saúde (incluindo a elaboração de relatórios,
fichas e registos clínicos);
8. Desenvolver actividades de promoção da saúde;
9. Coordenar as medidas a adoptar em caso de perigo grave e iminente;
10. Vigiar as condições de trabalho de trabalhadores mais vulneráveis aos
riscos;
• …
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L 102/2009, 10 Setembro
Serviços SST – Actividades Principais
11. Conceber e desenvolver o programa de informação de SST;
12. Conceber e desenvolver o programa de formação de SST;
13. Apoiar as actividades de informação e consulta dos trabalhadores;
14. Assegurar e controlar as medidas de prevenção;
15. Organizar os elementos necessários às notificações obrigatórias;
16. Elaborar as participações obrigatórias em caso de acidente de trabalho
ou doença profissional;
17. Coordenar ou acompanhar auditorias e inspecções internas;
18. Analisar as causas de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, e
elaborar os respectivos relatórios;
19. Recolher e organizar elementos estatísticos relativos à segurança e à
saúde no trabalho.

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Técnicos SHT
Deontologia Profissional
1. Considerar a segurança e saúde dos trabalhadores como factor
prioritário da sua intervenção
2. Basear a actividade em conhecimentos científicos e competência
técnica e propor a intervenção de peritos especializados, quando
necessário
3. Adquirir e manter a competência necessária ao exercícios das funções
4. Executar as funções com autonomia técnica, colaborando com o
empregador no cumprimentos das suas obrigações
5. Informar sobre situações de perigo grave
6. Incrementar capacidades de intervenção dos trabalhadores e seus
representantes
7. Abster-se de revelar segredos de fabrico, comércio ou exploração
8. Proteger a confidencialidade de dados
9. Consultar e cooperar com os organismos da rede de prevenção
Tipos de Responsabilidades
associadas aos AT e DP
• Responsabilidade criminal
• Responsabilidade civil
• Responsabilidade contra-ordenacional
• Responsabilidade disciplinar
• Responsabilidade administrativa

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Responsabilidade Criminal
• Objecto:
– Quando está em causa a violação de valores éticos. Ex: lesão do
direito à vida e à segurança.
• Sujeitos:
– As pessoas.
• Pressupostos:
– Haver legislação a considerar tais violações como crimes;
– Haver culpa (a graduação da culpa vai da negligência ao dolo).
• Sanções:
– Privação da liberdade.
• Entidades competentes:
– Tribunais criminais.

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Responsabilidade Civil
• Objecto:
– Quando está em causa a violação de contratos. Ex: lesão do direito a
condições de trabalho seguras (pressuposto no contrato de trabalho).
• Sujeitos:
– As pessoas;
– As organizações.
– As seguradoras (ex: transferência da responsabilidade civil por acidentes de
trabalho para as seguradoras).
• Pressupostos:
– Haver enquadramento contratual;
– Legislação a considerar como ilícitos;
– Haver responsabilidade objectiva.
• Sanções:
– Restituição da coisa devida;
– Indemnização por prejuízos causados.
• Entidades competentes:
– Entidades arbitrais;
– Tribunais Cíveis.

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Responsabilidade Contra-Ordenacional
• Objecto:
– Quando está em causa a violação de regras de conduta
social (sem dimensão ética).
• Sujeitos:
– As organizações.
• Pressupostos:
– Haver legislação a considerar tais violações como contra-
ordenações;
– Haver culpa (a graduação da culpa vai da negligência ao
dolo).
• Sanções:
– Coimas.
• Entidades competentes:
– Autoridades administrativas (Inspecções);
– Autoridades policiais;
– Tribunais Cíveis (apreciação de recursos).
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Responsabilidade Disciplinar
(caso da disciplina laboral)
• Objecto:
– Quando está em causa a violação de regras de disciplina laboral.
• Sujeitos:
– Os trabalhadores;
– As entidades empregadoras.
• Pressupostos:
– Haver regras definidas na legislação do trabalho ou em regulamentos
da empresa;
– Haver culpa (a graduação da culpa vai da negligência ao dolo);
– Haver procedimento disciplinar, com garantia de defesa do
trabalhador.
• Sanções:
– Repreensão;
– Suspensão;
– Despedimento.
• Entidades competentes:
– Entidades empregadoras
– Tribunais do Trabalho (apreciação de recursos).

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Responsabilidade Administrativa
• Objecto:
– Quando está em causa a violação de obrigação perante a
Administração do Estado. Ex: Comunicação à ACT da ocorrência de
um acidente mortal ou grave.
• Sujeitos:
– As pessoas;
– As organizações.
• Pressupostos:
– Haver legislação a impôr determinadas obrigações do cidadão ou
organização perante o Estado;
– Haver responsabilidade objerctiva.
• Sanções:
– Coimas;
– Outras sanções administrativas.
• Entidades competentes:
– Autoridades administrativas;
– Tribunais (apreciação de recursos).

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