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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA

CAMPUS SOSÍGENES COSTA


INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS
COMPONENTE CURRICULAR: História da Bahia Colonial
DOCENTE: Dr. Francisco A. Nunes Neto
DISCENTES: Morgana Tamara de Oliveira Pimentel, Ester Duarte Gomes

ENGENHOS DO
RECÔNCAVO BAIANO
Estrutura da Sociedade Açucareira

Porto Seguro, Janeiro de 2022


A história do Brasil nos primeiros séculos se identifica com a história do açúcar. Uma
sociedade patriarcal açucareira que se instituiu no engenho. Entre os séculos XVI e XIX
conjuntos de engenhos foram instalados ao longo de quase todo o litoral brasileiro, com a
maior concentração nas áreas dos estados de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

O desenvolvimento da cidade de Salvador é posterior ao estabelecimento do Recôncavo


Baiano como metrópole, só acontece a partir do terceiro século de colonização. O que
viabilizou o avanço colonizador foi a produção açucareira. Embora reduzida a senhor de
engenho e escravo, a sociedade colonial contava com os trabalhadores especializados livres, a
parcela que possuía maior chance de mobilidade social: eram os feitores, banqueiros
(substitutos ou auxiliares dos mestres do açúcar), caldeireiros, pedreiros, carpinteiros e
purgadores. Além disso, é no século XIX que os lavradores se difundem amplamente na
estrutura colonial: homens de diferentes classes e origens, geralmente donos de terras e
escravos, artesãos e roceiros, indivíduos que se introduziam também nos cargos públicos ou
tornavam-se mercadores. A eles era direcionada a produção da cana, ficando responsáveis
pela produção do açúcar os senhores de engenho. Vale enfatizar que o motivo do surgimento
de tal grupo foi o desejo de ampliar a população branca da colônia. Lidar com a parte
manufatureira do açúcar era financeiramente impossível para os lavradores. No mesmo
século, com as instabilidades da produção açucareira, o descompasso entre o número de
lavradores e engenhos se torna evidente, o que ocasiona o rompimento nos vínculos
empregatícios. Alguns, que possuíam melhores condições, dentre eles mercadores de
escravos, filhos de donos de engenhos e comerciantes, conceberam a posição de senhores
através de políticas de acesso à terra e construção de novos engenhos. Na base dessa
sociedade, os escravizados também eram divididos em qualificados, domésticos e os
destinados às plantações.

Grandes propriedades rurais estavam no Recôncavo durante os séculos XVI e XVII, onde
centralizava-se a vida social. Entretanto, nos séculos XVIII e XIX o eixo social deslocou-se
para Salvador, fazendo assim, a sua população duplicar, com aproximadamente 40 mil
habitantes.
Salvador, apesar de não competir em riqueza com o Recôncavo, até o século XVIII, passou a
assumir papel de Metrópole, apesar de reproduzir o esquema de relações subordinativas que
imperava o campo.

Nos séculos XVII e XVIII o mundo dos engenhos separavam-se em 3 grupos sociais: o dos
senhores, proprietários e produtores, com suas famílias e parentes; o dos trabalhadores
especializados livres; e os escravizados. Os escravizados também eram divididos em 3
grupos: aqueles que possuíam alguma qualificação, como pintores e calafates; os escravos
domésticos e os que trabalhavam no eito.

Os lavradores livres se situavam numa escala ligeiramente abaixo dos senhores dos engenhos,
que ditam com esses o domínio branco sobre o mundo dos trabalhadores livres, como
feitores, que constituíam o grupo de maior mobilidade social, tornando-se muitas vezes em
lavradores futuros proprietários de terra e comerciantes. Também permaneciam no estado
intermediário os mestres do açúcar, os banqueiros, os caixeiros entre outros. Na base da
pirâmide estavam os escravos.

Nos primeiros séculos a Coroa adotara a política de aumentar a população branca da colônia
e viabilizar a continuidade dos negócios do açúcar.

As crises constantes da economia açucareira no século XIX levaram a alterações entre


número de lavradores e de engenhos, tornando inviável a manutenção de seus vínculos com
os lavradores. Essa relação que em meados do século XVII era de 31 lavradores por engenho,
baixa para apenas 3 no século XIX.

Segundo a autora,

"Pode-se, portanto, resumir a estrutura social dos engenhos como uma hierarquia
composta por quatro camadas, presentes desde a implantação dos estabelecimentos e variando
segundo as condições da época: a partir do topo, os senhores de engenho, os lavradores, os
trabalhadores livres e os escravos." Azevedo (2009, p.45)

Entendemos assim que a estrutura da sociedade açucareira tinha como principais aspectos: o
patriarcalismo escravocrata, a família dominada por um patriarca branco, que conforme o
caso, seria proprietário de um engenho ou fazenda, a estratificação dentro da sociedade, e a
referência da casa grande como estrutura que moldava a sociedade no período colonial.
A casa grande tinha suas origens na agricultura escravista de exportação em larga escala. No
Nordeste foi onde se desenvolveu os primeiros distritos açucareiros, depois se espalharam
para outras regiões.
Referências

AZEVEDO, Esterzilda Berenstein de. Engenhos do Recôncavo Baiano. Brasília, DF: Iphan /
Programa Monumenta, 2009.

Barickman, B. J. E se a casa-grande não fosse tão grande? Uma freguesia açucareira do


Recôncavo Baiano em 1835 Afro-Ásia, núm. 30, 2003, pp. 79-132 Universidade Federal da
Bahia Bahía, Brasil

Disponível em:< *Redalyc.E se a casa-grande não fosse tão grande? Uma freguesia
açucareira do Recôncavo Baiano em 1835>

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