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INTRODUGAO _ Umfilme sonoro profissional deve apresentar um | fro de imagens visuais continuo, suave e l6gico, f complementado pelo som, representando 0 fato | fimado de maneira coerente. E 0 carter continuo © éeum filme, sua continuidade, que determina o | sucesso ou 0 fracasso da produgao. | Prefere-se um filme com continuidade perfeita Porque ele representa os acontecimentos de ma- + tera real, Um filme com falhas de continuidade inaceitivel, pois distrai em vex de atrair. 1ss0 tao implica que a agéo deva fluir suavemente (utante toda a montagem do filme. Ha ocasides em que se deve retratar uma impresséo ou um ado mental perturbado; assim, o piiblico é _ emocionalmente suscitado por imagens incoe- rentes, Mas essas sao excecdes. Um filme ¢ o registro de uma ‘ontecimento, seja e ato, ficgdo ou fantasia, As imagens tém de re- roduzir a vida real ou um mundo verossimil. 0 som pode consistir de didlogos ounarragées, acom- yenhados de mis nenios visuais e sonoros de um filme devem ser s e efeitos especiais. Os ele © CONTINUIDADE integrados, para que complementem um ao outro em seu propésito de impre Todo filme deve basear-se num plano. O plano nar o piblico. pode se constituir de algumas observagdes men- tais, sugestdes rabiscadas, um esbogo, um story- board ou um roteiro de filmagem detalhado. Quanto melhor 0 plano - ou continuidade -, maio- res.as chances de sucesso. Um roteiro de filmagem, ou de continuidade, & um filme preliminar no pa- pel - um plano continuo para fotografar e editar a produgao. Diferentemente da simples gravacao de uma noticia, um filme nao pode representar um acontecimento numa tinica cena, Faz-se necessé- ria uma série de cenas ~ uma sequéncia - para re- presenter qualquer ado de maneira correta. Uma, sequéncia sem intervalo de tempo deve apresen: tar 0 acontecimento de modo continuo e realista. As sequeéncias de um filme podem ser compa- radas aos capftulos de um livro, Um diretor que trabalha com um roteiro detalhado é forcado a pensar no filme como uma série de planos que constituem uma sequéncia; e uma série de se- quéncias que formam o filme completo. Um fot6- 79 JOSEPH V. MASCELLI grafo que filma sem roteito também deve pensar em sequéncias, € nao em planos individuais. A ago fluird suavemente de um plano @ outro so- mente quando a ago geral de toda a sequéncia for dividida em ages particulares. Sem uma boa continuidade, um filme seria uma confusao de fotos instantaneas animadas sem relagao entre si. Embora essas imagens possam ter movimento em cada plano individual, elas nao sdo uma série de imagens fluidas e combinadas. Devido a suas imagens entrecortadas, discordantes © des contradas, uma continuidade mal construfda distrai a atengao do piiblico. A boa continuidade estimula 0 espectador a se deixar levar pela nar. rativa, sem distragdes incémodas. O principal objetivo de um filme, seja um longa-metragem de ficg2o ou um documentitio, é prender a aten 40 do piiblico ~ do plano de abertura ao fade out final. Para conseguir isso, deve-se apresentar 6 filme em imagens visuais, convidando os es- pectadores a se envolver na historia mostrada na (ela. Se eles tiverem de adivinhar para onde a ca mera subitamente se virou, ou 0 porqué de uma mudanga sem explicagao na ago de um ator, quebra-se 0 encanto. s filmes criam e destruida sempre que o espectador perde a aten ‘uo interesse. A continuidade suave, fluida e realls {a contribui mais para o sucesso de um filme que qualquer outro dispositi cinematogrifico. TEMPO E ESPAGO CINEMATOGRAFICO CONTINUIDADE TEMPORAL E ESPACIAL Um filme pode eriar o préprio tempo eespago, para se adequar a qualquer situagao particular ce narra- tiva. O tempo pode ser comprimido ou expandido, acelerado ow retardado; permanecer no presente cou irpara o passado ou para o futuro; ou até mesmo um filme pode ir a qualquer parte, seja mostrando uma viagem real, seja por melo da edigao, cortando de um lugar para outro, ser congelado pelo periodo que se desejar. O espa- 0 pode ser diminuido ou ampliado; deslocado para mais perto ou para mais longe; apresentado numa perspectiva verdadeira ou falsa; ou ser com- pletamente recriado num lugar que s6 exista no fil me. Tempo e espaco podem ser eliminados, recria dos € apresentados de maneira que ajude o piblico a compreender o enredo. Um filme pode ir a qualquer lugar no tempo € no espaco, a qualquer momento. Desse modo, uma hist6ria pode subitamente recuar no tempo ou deslocar-se pelo mundo; pode-se acelerar uma cena ou fazer que um cendtio parega menor. O tempo e 0 espago podem ser reais ou imaginarios, ampliados ou reduzidos, separados ou unidos. Pode-se apresentar um acontecimento em sua to- lalidade, como de fato aconteceu; ou fragmenta: do, para mostrar apenas alguns destaques ou im- pressbes, Varias localizacbes separadas no espaco podem ser apresentadas isoladamente, aut combi- nadas no filme para que aparecam como sendo um tinico lugar. O uso correto do tempo e do espa: co agregard valor audiovisual & histéria. Seu mau uso pode destruir a receptividade do publico aos acontecimentos mostrados na tela. ee Continuidade temporal © tempo real s6 se movimenta para a frente, de maneira cronolégica. A cronologia de um filme, entretanto, pode apresentar a histéria em tempo ideal - em ver de real. O tempo do filme é dividi doe quatro categorias: presente, passado, futu ro e condicional. A histéria pode utilizar urn ou nais desses elementos, em separado ou em qual: yuer combinagao, O filme pode revatar iatos somo se estivessem acontecendo no presente, entao avangar ou recuar no tempo; ou comprim expandir ou congelar 0 tempo da maneira como for conveniente. Independentemente de como € retratado o tempo, ele deve ser facilmente com- preendido pelo ptiblico. 05 tinicos limites ao uso do tempo real e do fempo onirico sdo a imaginagao e as habilida. des técnicas daqueles que produzem o filme. Para qualquer fator de tempo utilizado, a histéria do fl me - baseada na continuidade temporal - é conta da com a passagem do tempo real ou imagindirio. A continuidade em tempo presente representa a agao como se ocorresse agora. Esse é 0 ‘método mais popular e menos confuso de se apresent Um fato ~ tal como este indiano fazendo uma pintura com areia ~ pode ser apresentado em sua totalidade ou mostrando-se apenas as partes mais significativas. ©5 CINCO Cs DA CINEMATOGRAFIA material. Os acontecimentos transcorrem de ma: neira Jégica e direta; assim, independentemente dos desdobramentos, tra nsigdes e lapsos de conti nuidade da histéria, o piiblico sempre esta vendo .cimentos no presente, Ao observar os fatos dessa maneira, o espectador tem a sensacao de participar do que esta sendo mostrado na tela Nem ele nem 0s personagens saber o que vird em seguida. Isso deixa o espectador interessado em acompanhar a histéria até sua conclusai Embora a maioria dos filmes de da continuidade em tempo presente, outras téeni- cas de tempo e de transigéo também sao usadas conforme necessario. Ao apresentar os fatos como se estivessem acarrendo agora, a maioria dos do- cumentarios poderia se beneficiar da continuida de em tempo presente, o que daria vida ao mate: rial, agregaria impacto dramético ¢ aumentaria a participagao do piiblico. Em vez de retratar um, experimento em laboratério como um fato passa~ do, um projeto de pesquisa ou a construcdo de base de langamento de misseis como um documento histérico, pode ser mais dramatico mostra-los como se estivessem ocorrendo agora, 7 fs narrativas que se baseiam na continuidade ‘em tempo presente retratam 0s fatos como se eles estivessem acontecendo agora JOSEPH V. MASCELLI 0s documentétios conseguem bons resultados 20 apresentar os fatos como se estivessem acontecendo agora, diante dos olhos dos espectadores, Assim, o acon tecimento 6 revivido como se fosse um fato do presente, e ndo do passado. Um fato que acontece num tinico lugar, como um projeto de construgio, um campeonato de atletismo, uma demonstragao cientifica - qual quer acontecimento em que ndo se desloca dé um lugar para outro -, pode ser filmado com continu. dade em tempo presente, uma construgdo pode ser flmada com continuidade temporal, pois 05 fatos retratados se passam num Ginico lugar. * Narrativas histéricas podem ser apresentadas como acontecimentos passados ou como flashbacks A continuidade em tempo passado pode ser di: vidida em dois tipos: fatos que ocorrem no passa: do e flashbacks, do presente para o passado. Os fatos que ocorrem no passado - apresentados em sua totalidade ou como prdlogo de uma histéria que transcorre no presente ~ so representados de maneira similar & continuldade em tempo presente A diferenga ¢ que o piiblico deve estar ciente do ele- mento tempo envolvido, Filmes histéricos tém con- tinuidade em tempo passado; mas, afora o fato de o piiblico estar ciente de que os fatos apresentados ja aconteceram, hd poucas mudangas na apresenta- ‘cdo. No entanto, 0 espectador deve ser levado a sen: Ur que “isso é o que aconteceu como aconteceu de ato" em vez de “isso 6 0 que estd acontecendo’ A me: thor forma de contar esse tipo de hist6i 6 wanspor tar 0 paiblico de volta ao periodo em questao, com uma éenica do tipo “voce esteve ld Um problema ao apresentar fatos passados 6 que 0 piiblico pode estar cliente do desfecho quando se trata de uma narrativa hist6rica - ou sentir que o acontecimento estd terminado e dect- dido. Esse nao 6 0 caso se a histéria comeca no passado ~ a fim de situar o puiblico -, sendo entéo trazida ao tempo presente. Embora o tratamento " ratos possados devem ser mostrados na tela com vivacidade, como se estivessem acontecendo no momento presente ‘era uma vee” possa ser excelente para contos de ‘adas, essas fancasias fazem que o ptiblico se esfor .e mais para se envolver no fato apresentado na tela e se identifique com os atores, Por esse moti- vo, temas histéricos muitas vezes ndo conseguem obter uma reagdo favordvel. Histérias do pasado 6 tém sucesso quando 0s atores, a narrativa ¢ 0 cenério “ganham vida’ na tela, de forma planejada, para conquistar 0 interesse e a plena aceitagao do piblico. Devem-se representar os acontecimentos como se eles estivessem acontecendo agora. 1 ato ocorti- Um flashba pode representar do antes de a historia presente comecar. Ou, en: iio, retroceder no tempo para retratar parte de uma histéria mostrada anteriormente, Pode, ain- da, repetir um acontecimento, Desse modo, 0 pet- sonagem conta uma histéria que acontecett h anos ot explica um incidente na histéria presente que nao tenha sido mostrado aa ptiblico. Varios personagens podem contar sua verséo particular Geralmente, usam-se flashbacks para explicar um aspecto da trama, mostrando.o que de fato acon: teceu numa histéria de mistério, ou o desenvolvi mento de um proceso mecénico. Além disso, eles 05 CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA 0 caca de hoje. '’... pode cortar para o flashback de um avi8o a hélice da Segunda Guerra Mundial ou para um flashforward de uma nave espacial do futuro, 83 JOSEPH V. MASCELLI podem contextualizar 0 enredo ao mostrar 0 que houve anos antes, levando & situagao. presente. Muitas vezes, uma hist6ria é contada em flashback do comego ao fim, Pode-se inclusive empregar um, flashback dentro de outro flashback em que um per sonagem fala de outro personage - que, por sua vez, também relata um incidente. Nao hi limite para 0 modo de usar flashbacks ‘num filme dramético - desde que a historia sempre retorne ao presente ea edigao seja cuidadosamente planejada, para nao confundir o piiblico. Isso 6im- portante se varios personagens contam, cada um deles, uma parte da histéria, fora da ordem crono- ogica. Em filmes industrials, € possivel usar flash- backs de maneira efetiva para comparar o velho € 0 novo. Pode-se, ainda, apresentar um projeto no ini- io da histéria, contando depois, em flashback, como ele foi pesquisado, projetado e construido. Os flashbacks tém essas vantagens. Eles permi- tem que varios personagens contem sua porgao a histéria, Tornam péssivel que narradores r gressem no tempo e apresentem material histé- rico ou de contexto. Por meio de flashbacks, po- dem-se apresentar diferentes aspectos fatuais ou ficticios de varios pontos de vista. A hist6rla pode representar um perfodo anterior. A narrativa nao € restrita ao presente, avangando ou recuando no tempo para descrever ou explicar fatos importan- tes para a historia (Os flashbacks, no entanto, tém algumas desvan- tagens. Fles tendem a romper a continuidade cro- nolégica e confundir 0 espectacior. Em geral, de- mandam mais atencao do piiblico, especialmente quando se utilizam varios flashbacks. Num flash. back longo, os espectadores podem ficar perdidos ou desorientados. A histéria recua no tempo em vez de avancar, 0 que impede que se construa a pro: gressio convencional rumo a um climax. Em certas ocasides, o piiblico sabe de antemao o desfecho da hist6ria, pois j4 viu o final. Isso pode ser resolvido 84 iniciando-se a narrativa logo antes do fim, passan- doa um flashback para contara historia até o ponto em que o filme comegou., Entao, a histéria retorna ‘a0 presente, para seu desentace. Deve-se considerar com cuidado 0 uso de flashbacks e a opgao por contar uma historia in- teira desse modo. Nao os utilize a ndo ser que as vantagens proporcionadas & narrativa sejam su periores as desvantagens. No entanto, 0 uso de um flashback ocasional pode ser de extrema ajuda tanto em filmes de ficgao como em documentdi rios sempre que voltar no tempo fornecer-Ihes um ingrediente que faltava, proporcionar material de comtexto ou permitir que os acontecimentos se- jam retratados de maneira original A continuidade em tempo futuro pode cair em duas categorias: fatos que ocorrem no futuro e flashforwards do presente para o futuro, s fatos que ocorrem no futuro podem ser pre- vistos, planejados ou imaginados, Desse modo, uma histéria que se passe no futuro pode trazer uma previsio de ficedo cientifica, uma projegao in- dustrial, 0 epflogo de uma histéria atual ou fatos imaginados por um personagem na histéria pre- sente, O espectador é transportado para o futuro, para que veja a historia “como acontecera ou pode- rd acontecer’ 0 fato ¢ apresentado com continuida- de em tempo presente, como se estivesse aconte- cendo agora. F preciso manter os espectadores cientes do elemento temporal, para que eles nao se confundam. A continuidade em tempo futuro pode ternavios espaciaisa caminho da Lua, o crescimen- to estimado de uma empresa ou os acontecimentos de amanha, imaginados por um personagem, O flashforward é 0 oposto do flashback. Avanga em diregdo aa futuro para descrever fatos que vao, poderdo ou poderiam acontecer ~ e entao retorna a0 presente. Um cientista prevé como a poluigao atual de rios e eérregos afetaré nosso fornecimen- to de gua no futuro, Um soldado da forga aérea Se acontecimentos futuros ~ como um flashforward retratando a primeira aterrissagem na Lua ~ podem ser previstos. O pablico & transportado ao futuro, ¢ v@ 0 fate da forma come poderia acontecer.” 7 Flashforwards ~ tais camo esta representa¢io de um reabastecimento no espago— agregam dimensio Futura aos decumentarios atuais sobre viagens espaciais descreve © que poderd acontecer numa futura guerra nuclear, Um cientista espacial explica como um satélite tripulado poderia chegar a Lua. A dife- fenca entre um flashforward e uma histéria que acontece no futuro 6 que 0 primeiro é um salto para o futuro de carter fragmentério ~ que retor OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA nna ao presente -, ao passo que o segundo é uma histéria futurista propriamente dita. ( flashforward traz poucas das desvantagens do flashback No entanto, se nao for apresentado da maneira adequada, pode confundir o espectador. Ao langar-se além da histéria presente, o flashforward pode agregar uma dimenséo futura a um documen: trio, Essa técnica mostra o que poderia acontecer se a pesquisa, 0 desenvolvimento ou 0 projeto de um novo missil, um cérebro eletrOnico ou um aparelho de TV em cores seguisse um rumo diferente. O flashforward pode ser filmado e editado numa continuidade ininterrupta, similar & conti- nuidade em tempo presente. També: pode ser representado em fragmentos subjetivistas, como se fosse sonho ou imaginagao. A continuidade em tempo candicional nao lida com 0 tempo real. E a representacao do tempo condicionado por outros elementos, tais como a atitude mental do ator observando o fato; ou a me- méria, a imaginagao ou os pensamentos de al: guém que pode “ver” um acontecimento de n neira distorcida com os olhos da mente, Uma vez que 0 tempo condicional é irre a a maneira de representé-lo. 0 tempo condicional representa os acontecimentos como so percebidos pela atitude ‘mental do ator, por meio de cujos olhos o pablico vé. 85 JOSEPH V. MASCELLE fica que o tempo nao precisa fazer sentido. © piiblico deve com- preender 0 que esta acontecendo. A mudanca para o tempo condicional deve ser determinada ou explicada com transigbes visuals e/ou efei- tos sonoros adequados. Caso se utilizem cortes secos, € preciso fazer que os espectadores en- tendam por que 0 cenério subitamente mudou para uma cena que s6 existe na mente distorci- da do personagem. © tempo pode ser eliminado, fragmentado, comprimido, distorcido ou combinado de todas a formas possiveis, para que um ou mais acontect mentos possam ser apresentados de maneira con- tinua— impossivel na vida real. Pode-se usara con: Uinuidade em tempo condicional para expressar um pesadelo, delirio, embriaguez ou outro pensa: mento distorcido de um personagem. Ou, ainda, para retratar os fatos que um personagem esteja contemplando, recordando ou imaginando. Pode-se usar 0 tempo condicional numa tinica cena, numa sequéncia ou em todo o filme, Essa técnica pode ser comparada com um fluxo de consciéncia, em que fatos reais e imaginérios ou pe sm relagio en- tre si~ no presente, no passado ou no futuro -, 840 embaralhados numa continuidade cadtica. £ pos: sivel representar os acontecimentos numa camera lenta angustiante, ou numa série de lashes, em que as imagens mudam em ritmo acelerado, Além. samentos claros e distorcido: disso, pode-se congelar uma imagem durante um, longo intervato, © tempo condicional também pode ser usado para introduzir um flashback de alguém que esté se afogando e vé sua vida inteira - representada uma continuidade progtessiva que demanda vé- rias bobinas - em alguns instantes. Se o tempo condicional for apresentado de maneira adequa- da, 0 pablico vai interpretar e aceitar a situagho sob as condigées retratadas, 86 Conti idade espacial Contar a historia conforme a agdo se desloca de um lugar para outro demanda continuidade espa- cial, © documentério sobre uma expedigao, um passefo de carro ou um filme turfstico so exer. plos t{picos. Para que seja aceitivel, deve-se mos- ‘rar um padrao ldgico de destocamento. Assim como na continuidade temporal, é possivel avan- | car erecuar no espaco, acelerar ou desacelerar a | Viagem ou ser instantaneamente transportado | para outro lugar - desde que o pablico compreen: da a mudanga abrupta na continuidade. Os es: pectadores precisam estar sempre cientes do local em que ocorre a a¢ao, bem como da direcdo do movimento, Essa é a cinica forma pela qual 0 pi- blico saberé “de onde wém e para onde vao 0s ato- res ou veiculos’ Em filmes, o espago raramente é representado como na vida real, a ndo ser quando se filma num vinico lugar; assim, pode-se conden: Lo ow ex pandi-lo com técnicas fisicas, dticas e editorials. E possivel eriarilusoes de espago de diversas ma neiras. O espago pode ser aumentado ou dimi nuido usando transigoes dticas, como a simples ‘omissdo de dreas pouco importantes, a alteragio de relagdes espaciais, uma edigao engenhosa ¢ um enredo criativo. Uma simples fusa 10 pode co brir centenas de quilémetros. Filmar somente as reas de interesse especial, ou os diferentes tipos de terreno, dé ao piiblico a impressao de estar vendo toda a viagem ~ embora apenas as partes mais importantes sejam mostradas. A escolha da distancia focal da lente muda drasticamente a perspectiva, a distincia entre os objetos ou a e- | lagao entre os atores e 0 segundo plano, Umaedi- ‘cao Inteligente convence a ptiblico de que ele esta vendo todo 0 percurso. A construcio inven- tiva da histéria proporciona meios de desioce ‘mento no espago a fim de cobrir uma grande par te do tertitério, enquanto o espectadar ni esti OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA 7 & continuidade espacial é usada para contar uma histSria que se alterna de um lugar a outro. , ciente de que longos trechos do trajeto foram, na verdade, omitidos. c a remogao de viagens desnecessérias. Assim, um 's espectadores foram condicionados a aceitar ator pode ser mostrado saindo de seu escritério no décimo andar e, imediatamente depois, passando pela porta da rua, Nao hd necessidade de mosiré- lo caminhando pelo corredor, tomando 0 eleva dor, saindo ¢ atravessando 0 sagudo ete. Também se pode encompridar 0 espaco subitamente, para que o piblico nao perceba que parte do trajeto & wetida; por exemplo, sobrepondo varios planos de alguém descendo um lance curto de escadas para fazé-lo parecer mais longo na tela. T'Nao 6 necessario mostrar 0 trajeto completo do personagem. Pode-se encurtar 0 espace retratando apenas as partes mais importantes da viagem Continuidade temporal e espacial Um filme que acontece num tinico lugar pode ser narrado apenas com continuidade temporal. Um fil me em constante agao representando uma cortida, uma jornada ou uma perseguicao pode ser narrado apenas com continuidade espacial. A maioria das hist6rias, no entanto, utiliza alternadamente as con- tinuidades temporal e espacial. Um filme pode co- megar com continuidade espacial, transportando 0 piiblico a um pafs estrangeiro, onde, entao, se esta- belece para contar a histéria em continuidade tem- poral. Até mesmo um filme sobre uma expedicao pode patar nos varios locais e mudar para a conti- nuidade temporal quando os exploradores pam, estuclam os habitos nativos e realizam suas ta refas. Historias marcadas por continuidade simples, progressiva e cronol6gica apresentam poucos pro- bblemas de filmagem. Um filme complexo, em que a his do com cuidado a fim de nao confundir os especta: éria avanga ou recuano tempo, deve ser planeja- dores, O que é mais importante: 0 ptiblico jamais deve ficar em diivida sobre onde o fato esté aconte- cendo e 0 que esté acontecendo. Somente as rias de suspense s4o projetadas para confundir 0 ist6- piiblico até que o mistério seja explicado no final. 87 JOSEPH V. MASCELLI FILMANDO A AGAO. TIPOS DE ACAO stem dois tipos de agéo: controlada e nado controlada. Aco controlada A filmagem de qualquer acontecimento que o fotdgrafo pode dirigir ou regular é conhecida como agao controlada. ‘essa categoria, os me Ihores exemplos so os filmes de ficgao. As se quéncias sto planejadas, ensaiadas e encenadas diante da cémera. Cada cena ¢ filmada de tantos Angulos e tantas vez es quanto necessirio, Todos os elementos técnicos ¢ estéticas envolvidos na fil em esto sob 0 controle total do diretor € do fot6grato. Acdo no controlada Um acontecimento que nao 'pode ser encenado para a cémera constitul uma acdo nao controlada Um cinejornal de um desastre natural ou causado Embora desfiles nao possam ser controlados pelo fatgrafo, os angulos de cimera devern ser cuidadosamente planejados de antemao. Todos 105 planos devem ser filmados do mesmo lado do eixo de a¢do, para que a marcha se mova numa diregdo constante 38 algumas cenas em filmes de engenharia. este teste estético de motor de foguete podem ser controladas. € preciso usar varias cmeras para garantir uma cobertura completa pelo homem, tal como um furacdo ou um incén: dio, é filmado enquanto acontece. Sem controle .obre 0 fato, o fordgrafo é meramente um observa- dor com uma camera de filmagem. Na pior das hi- pores a filmagem nao controlada é um iinico episédio. Na melhor, éa filmagem de fatos previa- mente anunciados, como passeatas, concursos de beleza e concertos ao vivo, O fotdgrafo sabe o que acontecerd, mas tem pouco ou nenhum controle sobre aagao ou atuagao. Em filmes de nao ficcdo, muitos planos e indo melhor traté-los com téenicas de cinejornal sequéncias nao podem ser controlados, Experimentos de engenharia, problemas in loco, exibigdes de vo, langamentos de misseis, mano- bras militares, desfiles hist6ricos e ocorréncias si milares devem ser filmados enquanto acontecem. Ao filmar uma ag2o nao controlada, © fordgrafo tem de adaptar seus esforgos as condigdes impos- tas, para fazer a melhor cobertura possivel. Para obter resultados excelentes, devem-se seguir, tan- to quanto possfvel, procedimentos-padrao de fil- magem. Em situagdes de filmagem absolutamente incontrolaveis, 0 fot6grafo pode ser capaz de esco. lher ndo muito m is do que o Angulo da camera e adisténcia focal da lente, A escotha também pode serlimitada por restrigdes de espago e iluminagao, n de perigos fisicos, TECNICAS DE FILMAGEM TECNICA DA CENA MASTER Uma cena master é a tomada continua de um fato inteiro que ocorre num tinico lugar, Bum filme cronolégico - silencioso ou sonoro - de toda a agio, do infcio ao fir. Se fil ada com uma tinica edmera, partes da agdo sao posteriormente repetidas para que se ob: tenham planos mais fect dos, os quais serao in. tercalados na mont: gem. Se realizada com varias cémeras, os planos mais fechados para a montagem intercalada sao flmados simultaneamente, Como usar a técnica da cena master Filmes de ficedo: geralmente feitos com uma tink pod rias para que se possam filmar planos médios mera, uma vez. que a agao é encenada e cessé- ser repetida quantas vezes forem n two-shots, planos sobre o ombro ¢ closes indivi- duais essenciais a montagem intercalada, Planos mais fechados sao configurados e iluminados para retratar melhor os atores de determinado gulo. A aco e 0 didlogo séo sobrepostos para cada plano, Filmes televisivos: os filmes de ficgéo para TV sdo geralmente filmados da mesma forma que os para cinema. Comédias de costumes e materiais similares encenados frontalmente - em que os atork atuam para o puiblico como se estivessem 0 palco - sao filmados com varias cameras, para captar todos os angulos ao mesmo tempo. Filmes de nao ficeao: agoes controladas, como cenas atuadas, podem ser filmadas maneira dos OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA Longas-metragens dramsticos de fiesi0 so geralmente filmados com uma camera, a qual grava a cena master da sequéncia total e, posteriormente, planos mais Fechados — planos médios e closes cut-in individuais dos atores. Filmes de nao ficgdo ~ como este informe das atividades de inspecio do foguete Titan IC, fotografado por profissionais da RCA ~ podem ser feitos com uma Gnica cdmera se a equipe de filmagem tiver 0 controle da agao. filmes de ficgao, com 0 uso de uma tinica camera e repetindo-se a agdo para planos mais fechados, Ages nao controladas, como testes de campo, po: dem ser filmadas com varias cameras, para captar todos os dngulos simultaneamente, 89 JOSEPH V. MASCELLI Filmes de nao ficcdo que 0 fotdgrafo nao consegue controlar tais como o langamento de um missil ou 0 voo de um protétipo de avigo ~ devem utilizar varias cameras, a fim de que se obtenham os diversos planos necessérios sequéncia Uma cémera versus vérias cameras: a escolha de pende nao’ sé da natureza do material, como tam- bém das pessoas que estdo sendo film das, Planos mais fechados demandam que a ago realizada e 0 didlogo falado na cena mast sejam repetidos com. preciso. Atores profissionais sao capazes de repetir a atuagdo quantas vezes forem necessdrias para os varios planos requeridos. Atores amadores, funcio: narios de empresas ou pessoas que estejam atuando num documentério podem nao ser capazes de repe tira ago ou o discurso, Portanto, é melhor usar vé rias cdmeras sempre que a associagao posterior das nas na montagem intercalada puder ser wm pro: blema. Ao filmar aconteci nentos inicos que nao podem ser repetidos - 0 langamento de um missil, 0 teste de um motor de foguete estitico ou um discur: so improvisado -, 0 uso de varias neras 6 indiscu: tivel, para garantir que todos os angulos sejam co bertos, Num documentério com atores amadores, pode ser melhor flmar as sequéncias com varias c& meras, a fim de garantir uma edigao precisa. Em toda agao encenada que possa ser repetida com precisdo para planos mais fechados deve-se em mesas-redondas, jogos de perguntas ¢ respostas, programas de debate ou outras sequéncias sonoras similares devem ser utilizadas varias cfimeras para filmar simultaneamente a cena total e closes dos individuos conforme eles falam, usar uma tinica camera, Use varias cimeras 20 fil- mar noticias, programas de perguntas € resposta debates, mesas-redondas, entrevistas, testes de en- enharia ou sempre ques pessoas nao sejam capa- 2es de repetir de maneira exata a atuagao. Diretores de longas-metragens de fic¢ao normalmente usam mais de uma cémera para filmar sequéncias de agao complicadas, cenas com forte teor emocional ouce- nas de agao que podem ser dificeis de repetir, Vantagens da filmagem de cenas master A cena master ¢ os planos mais fechados interca- lados fornecem ao editor do filme toda a agao eo didlogo de uma sequéncia em duplicidade plano geral e nos varios tipos de planos fechados filmados de diferent ss €ngulos. Assim, 0 editor tem mais opgdes ao editar as sequéncias, uma vez que ele pode “abrir” o filme e retornar ao plano geral empre que desejar situar novamente o cendrio ou osatores, ou deslocar os atores para novas posigoes, Ele pode, ainda, cortar para um plano mais fechado ou para outra Angulo quando desejar enfatizar a acdo ou o discurso de v n ator em particular ou a reagdo de outro ator, Pode também cortar durante agao para apresentar os atores em planos mais fechados ou mais abertos. Uma vez que a agao & filmada em duplicidade de varios Angulos, isso fa cilitaas decisdes de edigg por algum motivo, a sequéncia for insatisfatéria, ela poderé ser reedi tada de maneira totalmente distinta, Se necessério, o editor pode até “melhorar” o desempenho de um ator inserindo um plano que mostre a reacao de um ator posto; ou pode pas- sar a outro plano, caso parte do desempenho de determinado ator seja insatisfatéria, Também & T cineastas de fcgio usam vérias edmeras para filmar cenas de agao complicadas ~ como esta queda simulednea de seis cavalos e covaleiros ~ para que no seja necessério repetir o feito a fim de obter material extra. 4 OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA possivel mudar a énfase dramdtica para um ator diferente daquele indicado no roteiro. O editor en contra poucos problemas ao combinar a agdo eo didlogo quando estes séo desempenhados por atores profissionais, ou quando sao usadas varias meras para filmar agGes néo controladas. As equipes de producao de filmes de ficcao preferem a técnica da cena master porque ela ga~ rante a cobertura completa sem atrasos custosos no set de filmagem, os quais se fazem necessarios enquanto sao tomadas as decisdes editoria Planos mais fechados da ago sao facilmente re petidos, A cobertura com uma tinica camera per mite a filmagem de toda a agao num plano geral e de cada plano cut-in'* com atengao individual. Filmar a mesma agio de dois ou is angulos di- ferentes possibilita uma nova iluminacao para cada configuragao de cAmera, 0 que resulta em melhores resultados fotograficos. ‘Atores profissionais em geral preferem a técnica da cena méster com uma tinica cdmera, pois ela permite que realizem uma encenagao completa, sem ‘errupgdo. Particularmente em materiais de grande teor dramético, é dificil obter um desempe nnho satisfatério continuado durante uma filmagem, com interrupges. Com a técnica da cena master, ‘mesmo repetindo-se depois a cena em partes me nores para planos mais fechados, os atores tém a oportunidade de representar a cena completa. muito mais ficil filmar uma atuagao dessa maneira, que os atores podem repetir partes da cena mas- ter quando se obtém um plano geral satisfatério. Se o fotsgrafo ou o diretor fizerem uma altera- do depois de a cena master ter sido filmada, a re- peticao precisa da acao e/au do diélogo em planos mais fechados nem sempre é necessérria Se o ator )eambasas extremidades entrar ou sair da pos do plano mais fechado se encaixarem ao serem 14, Plano de insergdo entre outos panos. [N-R.T] JOSEPH V. MASCELLI T Atores profissionais preferem a técnica da cena master porque ela Ihes permite realizar 2 atuagio completa, sem interrupcdo. Mais tarde, filmamse closes eut-in (abaixo), repetindo as partes necessarias. A agdo ¢ 0 didlogo devem ser ‘encaixados de maneira precisa na passagem da cena master para os planos mais fechados. , Devem-se usar varias cdmeras para filmar planos gerais e médios, ou closes, de ages no controladas ~ tais como 0 voo-piloto de um protétipo de avido. Todas as cimeras, precisam ser posicionadas do mesmo lado do eixo de a¢a0. montadas na cena méster, 0 centro do plano indi vidual pode ser alterado. Isso ¢ possivel porque ou a cena master ou o plano cut-in é usado - e nao as dois. Aa 0 didlogo devem ser sobrepostos so- nteonde as ce 0 interealadas. f importa fe que 0s movimentos do ator ao sair da cena ter eretorn Ja se encaixem na montagem. Isso permite mudar de ideia ao filmar planos mais fe chados. Os editores devem ser informados de qualque: adanga no roteiro. A cobertura em cena master com varias cameras garante a perfeita comespondéncia entre agao e dis logo, sem depender da capacidade dos atores de repetir as cenas com exatidao, Agoes nao controla das podem ser cobertas de todos os angulos simul: taneamente. A ilumina 10 deve ser ajustada num meio-termo, ¢ € mais vantajoso que as céimeras se- jam posicionadas para filmar mais ou meno: mesmo Angulo com lentes de diferentes distancias focais, Atores an adores ou funcior arios de empre- sas nao precisam se preocupar em repetir o desem: penho, porque cada angulo é filmado numa Gnica encenagao. Vendedores, palestrantes, executiv engenheiros, todos podem ser filmados em menos, tempo e com menos esforgo. Além disso, obtém-se cobertura suficiente para fins editoriais Desvantagens da filmagem de cenas master As varias desvantagens de se filmar cenas master com uma tinica camera s4o totalmente superadas por seus beneficios editoriais. Fazer filmes de fiego com uma tinica camera demanda que os atores memorizem sequéncias inteiras e sejam capazes de dizer suas falas e movi mentar-se, posicionando-se em suas marcas com preciso - e repetindo a atuagao varias vezes para a filmagem de planos mais fechados. Sequéncias longas ou complexas devem ser desempenhadas de sus- apenas por atores profissionals, capa tentar atuagdes exatas. Os movimentos dos ator e/ou de camera devem +r planejados e seguidos com preciso. £ necessario determinar cuidado- samente os planos mais fechados. Uma vez que as posi¢des dos atores tenham sido captadas na cena mister, elas devem ser duplicadas em planos mé- 7 As posigBes, os movimentos ¢ os olhares dos atores devem ser cuidadosamente planejados na cena master, para que correspondam aos dos planos cut-in mais proximos, filmados depois. Os atores tém de entrar e sair de planos mais fechados. OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA dios e closes. Os olhares devem ser corretos, ¢ ob- jetos de cena, tais como cigarros, chapéuse papéis, devem ser segurados ou posicionados da mesma forma em planos mais fechados. Conforme foi ex. plicado anteriormente, certos truques sio permi: tidos, mas em geral é melhor aderir & cena master o maximo possivel. A técnica da cena master com uma tinica c@- mera nao se pres 2 prontamente improvisagao no decorrer da filmagem, sob 0 risco de que as ce nas mais fechadas nao possam ser intercaladas com o plano geral. Mudangas radicais em posi oes, olhares e movimentos resultardo em cortes bruscos desconcertantes. Uma vez que cenas mas- ter impecdveis demandam mais ensaios, suas to madas precisam ser repetidas mai vezes do que as de cenas mais curtas e menos complicadas. No entanto, um erro pode ser desconsiderado se 0 editor usar um plano mais fechado para aquela parte da acao. Em cenas méstes, a proporgao entre pelicula, cula usada nos filmes acabados é exposta e pel maior do que quando se filma uma série de planos consecutivos individuais. Por exemplo, numa cena, que dura varios minutos, 0 editor do filme pode usar apenas a abertura, restabelecer uma vez du- rante a sequencia e retornar & cet master para oencerramento, Quando for possivel determinar previamente as peculiaridades editoriais de uma filmagem, nao hé necessidade de realizar uma cena master com- pleta em cada sequéncia. Devem-se filmar as par tes essenciais e passar o restante da sequéncia prestando especial atengao a posighes e movi- mentos ao entrar e sair de planos mais fechados. Se houver a certeza de que o centro de uma acao mais fechada ndo ser4 utilizado, nao preciso fil mar essas partes em planos gerais. Assim, é possi vel economi ar muito tempo de filmagem, maté. ria-prima e processamento. Embora todos esses 93 JOSEPH V. MASCELLI T Quando existe a certeza de que a maior parte da cena seré coberta com planos mais fechados no filme acabado, ndo hé necessidade de filmara cena master do inicio ao fim. Uma sequécia que mostra uma porta ou portéo requer apenas a filmagem da entrada e da satda, custos possam sei significantes em filmes de fic 40, é importante considerd-los quando se filmam documentarios com orgamento limitado, A filmagem de agdes encenadas com varias cameras - como programas de televisao - requer nuito planejamento e ensaio, para que tanto os tores quanto as equipes de filmagem ack m suas marcas em cada posigio. f preciso planejar as configuragbes de cémera, a iluminagao € os movimentos dos atores para permitir que varias cameras gravem todos os planos necessirios do come¢o ao fim, CAmeras que filmam planos cut-in devem usar lentes com grande distancia focal fim de permanect fora do campo de visto da c& Algun outras posigdes durante a filmagem. f preciso tro- com grande-angular usada no plano gera! as cameras tém de deslizar ou ser levadas a car as lentes, manter os cabos organizados, variar a iluminagdo e movimentar a camera - sem ruido, A iluminagao deve ser ajustada para atenderaos muitos angulos de cat es virias posigdes das atores, Uma agio totalmente iluminada pode ser mais bem filmada dessa mane) a, Raramente 6 94 possivel uss iluminagao dramética com contraste, u na vez que ela precisaria ser adaptada para cada plano. A filmagem com varias cimeras 6 ideal para comédias, debates, jogos de perguntas & respostas ou programas similares. Em interiores iluminados de maneira artificial, a desvantagens de usar varias cdmeras diminuem quando ¢ posst- vel operd-las aproximadamente do mesmo angulo, com lentes de diferentes distancias focais. Ao filmar agdes nao controladas en locagoesex- termas ~ como testes de campo ou demonstragoes de equipamentos -, além dos custos adicionais de filmagem e processamento, ha poucas desvanta- gens em usar a técnica da cena master com varias cAmeras. Em geral, essa ¢ a tinica forma de cobrir adequadamente tais acontecimentos, para propor cionar ao editor todos os planos necessérios para a montagerh de uma sequéncia satisfatria CNICA DA AGAO JUSTAPOSTA ome odo mais simples de obter continnidade pla: no a plano, particularmente quando se filma sem rotelro, 6 sobrepora ago no inicio e no fim de cada plano. Nessa téc ica de filmagem ~ comumente chamada corte na camera -, 0 fot6grafo pensa em a técnica da ado justaposta exige que a acdo que esti ocorrendo no final do primeiro plano ~ como © ato de pegar uma ferramenta de corte ~ seja repetida no inicio do plano seguinte i trés planos consecutivos, independentemente do ntimero de cenas que esto sendo gravadas. A técnica da ago justaposta ¢ muito simples. A aco no fim do primeiro plano € repetida no inicio do segundo plano, a agao no fim do segundo pla- no 6 repetida no inicio do terceiro plano. 0 fotdgra. fo precisa se referir apenas ao final do plano ante- rior e repetir uma pequena parte dat fim de que correspond ja aco, a a0 inicio do plano que esta sendo filmado. Entdo, anota-se o final do pla no atual, para que sua tiltima agao seja levada a inicio do plano seguinte. 7 4 agio continua num plano médio, com a ferramenta sendo trazida para dentro do quadro. A cena progride até que o maquinistacomesa a posicionar 9 xtremidade cortante da ferramenta, A acio no final do plano médio & repetida no inicio do close. 4 OS CINCO Cs DA CINEMATOGRAFIA Esse processo de encadeamento produz uma série de imagens entrelacadas, planejadas para comunicar a impressao de uma ago ininterrupta quando editadas. A sobreposigao de aces garante a perfeita continuidade, porque as cenas podem ser encaixadas. A técnica da aco justaposta auto: maticamente preserva a continuidade cinemato- gréfica, uma vez que forga o fordgrafo a estar sem: €atento & ago no inicio e no fim de cada plano, e elimina a possibilidade de cortes bruscos causa: dos por agoes faltando ou desencontradas entre um plano e outro. Embora a porgao central da cena seja muito importante para os propésitos da narrativa, so 0 infcio eo fim de cada plano os causadores da aioria dos problemas de edico. Portanto, néio o centro da ago durante o plano que deve ser cui dadosamente observado, mas os movimentos no inicio eno fim de cada um, 0s quais de em corres ponder s cenas anterior e posterior. Os filmes 10 apresentados em sequéncias Bo em planos. Embora os planos individuais tenham, valor préprio, cada um deles deve ser considerado fe de uma sequenci a, servindo apenas para le- var a histéria adiante, Uma série de planos deve ser alinhavada numa sequéncia coerente, sem sal: tos ou interrupgbes que causariam distragao. O piiblico mal deve se dar conta das mudangas no Angulo da cAmera ou no tamanho da imagem. As sequéncias devem aparecer como um fluxo conti nuo de movimento, do inicio ao fim - como na vida real, Embora o tempo e 0 espago sejam mani pulados durante a filmagem, isso nao deve ficar aparente para o ptiblico. Como usar a técnica da acdo justaposta A técnica da acdo justaposta pode ser usada apenas com agdes controldveis, que 0 ford pode iniciar e parar quando quiser. Embora ge- ralmente demande uma tinica camera, em algu- JOSEPH V. MASCELLI ocasides podem-se usar virias delas para fil- ages complexas, demoradas ou de angulos adicionais; ou, ainda, cenas impossiveis de repetir Tanto fi nes de ‘¢40 quanto de nao ficgao po dem ser realizados dessa maneira com a garantia de que todos os planos se encaixarao. A técnica da ago justaposta demanda que se pense em trés planos por vez, Conforme a filma: gem progride, o fotégrafo pensa no iiltimo plano antes de filmar o plano atual, e pensa também no plano seguinte Primeiro, ¢ preciso se familiarizar com a se quéncia, fazendo que os atores passem por toda a ago, do inicio ao fim, sem de fato desempe nhar a tarefa envolvida, Se um mecdnico montar ‘o motor de um avigo a jato, deve explicar o taba Iho passo a passo pa coma operagao. A anélise cuidadosa do trabalho e dos movimentos do mecénico sugeriré os tipos familiarizar 0 fotégrafo de planos necessarios para as varias etapas; os Angulos de camera capazes de retratar da melhor maneira cada parte da ago; e onde cortar a cé mera e sobrepor a agao, Planos gerais devem ser usados para determinar a geografia do cenirio. Recomenda-se voltar ao plano geral sempre que houver necessidade de situar lovamente 0 piblico devido a grandes mudangas na posigao dos atores, 96 ‘ormalmente, é melhor comegar e terminar a sequéncia com um plano geral. Também é reco mendével restabelecer 0 plano geral sempre que houver necessidade de situar 0 publico out devido a uma mudanga na posigao do mecinico em relagao ao motor, & introdugao de novas ferra mentas ou a outras razdes narrativas. Se a camera permanece num plano fechado, o piblico logo “se perde” e esquece onde o trabalho esté sendo reali zado. A chimera deve comecar afastada para um. plano de conjunto, de um Angulo superior. Em se guida, deve ser aproximada, abaixada ¢ movida para o lado, para filmar planos médios e clases, Utilizando planos gerais p tabelecer a cena, planos médios para mostrar 0 centro da ago e closes para enfatizar as partes im- portantes, consegue-se uma boa continuidade, Planos mais fechados se mostrarao necessérios sempre que a aco se concentrar numa érea me. nor. Aproximar a cimera satisfaz a curiosidade do publico por uma perspectiva mais intimista. E natural ver a cena de longe primeiro e depois, se aproximar do objeto conforme aumenta o inte: 7 0 movimento ne final do plane anterior deve ser repetido no inicio do plano seguinte. € preciso que haja uma correspondéncia precisa entre eles para que o editor do filme possa cortar durante a aga. re se. 1850 € valido tanto para pessoas, como para lugares ou objetos. Atores S80 mostrados inicial mente em planos gerais, em relaglo com 0 cend rio; depois, em planos mais fechados e, por fim, em closes, conforme interagem uns com os outros, dialogam ou executam uma ago. Cidades so vis: tas, a prineipio, a distancia, e entao exploradas em cada rua e em cada edilicio. Objetos sa0 vistos pri- meiro em relagdo com seus arredores, ou como partes de um grupo maior, ¢ entao, talvez, de ma neira individual. Obviamente, melhor cortar depois de conclu do um movimento - tal como abrir a porta, sentar- -sena cadeira, pegaruma| nova posigao etc. O movimento completo é, entio, amenta, assumir uma repetido no inicio do plano seguinte, de um novo Angulo de camera. Desse modo, 0 editor do filme tem uma opgao ao combinar os planos, uma vez que ele pode cortar antes ou depois do movimento, ou cortar durante a agdo, Certos movimentos nd0 devem ser interrompidos pelo corte, porque isso poderia perturbar o fluxo natural da agao. No en: tanto, um corte entre planos pode ser realidado du rante 0 movimento para um efeito visual mais sua ve. © movimento toma o corte menos evidente sistindo a acao e uma vez que o espectador esta al nao prestard tanta atengao a uma mudanga no ta. manho da imagem ¢/ou no angulo da camera. 0 fot6grafo deve sobrepor todos os movimen- 0s, em vez de tentar decidir sobre a edico duran. ea filmagem. Tals decisOes so mais acertadas se omadas mais tarde, na itha de edigao, onde po- dem-se estudar varias possibilidades para a ob: engao de efeitos visuais methores. 0 fotdgrafo deve sobrepor movimentos completos no fire no inicio de planos consecutivos. Se, por exemplo, um individuo senta-se no fine de um plano médio, ele deve sentar-se novamente no inicio do plano seguinte, mesmo que se trate de um close estético; se um trabalhador pega uma OS CINCO C5 DA CINEMATOGRAFIA Deve-se sobrepor a agio - de um plano a0 seguinte — precisamente da mesma forma, para garentir um corte continuo ferran enta num plano geral, deve pegi-la nova. mente no plano médio seguinte. © fotégrafo deve ter certeza de que a agao é executada exatamente da mesma forma a cada ver: sentar-se de maneira igual, pegar com a mes. ‘ma mao, virar-se da mesma forma, olhar na mes- ma diregio, Se as partes sobrepostas da agao nao {orem repetidas com precisio, clas nao servem de nada. O editor ndo pode fazer a jungao de uma ago desencontrada. Mores profiss dem perfeitamente esse problema, e podem ser incumbidos de repetir suas agoes de maneira exa: ta a cada ver. Atores amadores, funcionarios de fibricas, técnicas de laboratério ou engenheiros =e outros recrutados para atuar num documenté- rio - deve ser instrufdosa repetir suas ages exa- tamente da mesma forma, e supervisionados de perto para ter certeza de que o estdo fazendo. Quando nao ha movimentos perceptiveis en- te as pessoas envolvidas no plano, ou quando um individuo esta realizando uma tarefa solitéria, 6 melhor “congeli-lo" na posiga0 de tempos em tempos e deslocar a camera para um Angulo pre- viamente determinado antes de continuar a fil magem. Tal congelamento/descongelamento de- 97 a JOSEPH V. MASCELLI ve ser realizado com destreza, uma vez.que inter- rompe o fluxo de agao natural, podendo parecer entrecortado apés a edigao. Isso serd resolvido se 0 fotogralo e os atores passarem toda a agao, para que sejam determinados de antemao os inicios e interrupgdes de cimera e planejados os angulos de camera para as varias partes da sequéncia. Nao se devem fazer interrupgdes de cémera de manei- ra impulsiva, nem decidir os deslocamentos de camera depois de a cena ter comegado, ou 0 resul- tado serd uma confusio. Os atores podem ter de ‘manter posigdes congeladas durante um perfodo extremamente longo enquanto aguardam deci- sdes sobre 0 movimento seguinte, A técnica da agao justaposta requer a méxina concentragéo do fotdgrafo, se estiver filmando sozinho, ou do diretor designado para a tarefa. O fotdgrafo, ou diretor, deve tentar desenvolver um proceso de reflexaio na forma de “fluxo de cons ciencia’, que, antes de filmar, projeta em sua “tela mental” a sequéncia acabada em planos indivi- duais. Somente assim serd possivel visualizar a sequéncia completa e planejar adequadamente a8 posigées dos atores e de camera, Embora a técnica da agao justaposta seja basi- camente um método de filmagem com uma tini- ca cimera, hd ocasides em que se pode usar com ‘sucesso uma segunda camera para filmar um an- gulo adicional ou um close. # possfvel utilizar duas - ou mais - cameras para filmar determina- da parte de uma sequéncia, a fim de captar todos os planos necessdrios simultaneamente. A mon- tagem de uma peca complicada de um equipa- mento pode demandar uma operagao complexa e demorada; uma demonstracdo detalhada pode ter de prosseguir sem interrupcao; um motor de foguete pode ser acionado uma tinica vez. Em tais condigées, 86 se obtém cobertura adicional usando mais uma ou duas cdmeras para filmar planos extra. 98 Vantagens da técnica da agao justaposta ‘A t6enica da agao justaposta permite maior liber- dade durante a filmagem, porque a agdo pode ser dividida em partes menores e improvisada se ne- cessério, conforme avanga a filmagem. Somente os inicios e finais de cada plano precisam se encai- xar; assim, evita-se a duplicacdo da sequéncia inteira, O desperdicio de filme é reduzido ao mini- mo, e Se obtém uma maior proporgao entre pel cula exposta e pelicula utilizada. A filmagem improvisada de assuntos dificeis ou demorados ¢ realizada com mais facilidade, pots o fotdgrafo sé precisa se preocupar com trés planos por vez. Se todas as agdes forem combinadas e todos os pla- nos forem sobrepastos adequadamente, os pro- blemas de edigao sero minimizados. Seo ator comete um erro, 0 fotdgrafo para de fil ‘mar, muda de Angulo e sobrepoe a ago que estava transcorrendo logo antes de o erro ter acontecido, Nao thé necessidade de repetira tommada para todo oplano, pois 6 possivel usar 0 material até o ponto em que ‘ocorteu 0 erro, descartando-se apenas a acao falha, Somente as partes da ago encenadas equivocada- ‘mente precisam ser cobertas por uma nova tomada, A técnica da agao justaposta torna possfvel fi mar a sequéncia em continuidade conforme agdo progride. Operagoes industria, testes mili tares, filmes de treinamento pratico de montagem, relat6rios de progresso e documentios similares apresentarao poucos problemas se filmados dessa maneira. Uma maquina complexa nao precisa ser montada, desmontada e montada novamente para a filmagem dos closes. Um teste, demonstra- 680 ou experimento quimico, eletrdnico ou meca- nico nao precisa ser repetido em sua totalidade para planos gerais e planos correspondentes mais fechados: pode ser filmado sob 0 controle do fos: grafo, em ordem cronolégica, conforme é realiza- do, desde que o trabalho possa ser interrompido a qualquer momento ¢ 0 técnico 0 execute de acor a montagem de uma unidade complexa — como uum satélite espacial Explorer X11 ~ pode ser filmada com a técnica da agdo justaposta do com as instrugdes, sobrepando s jas agdes para varios planos e éngulos. Por meio da técnica da agao justaposta, 0 fotd- grafo tem a chance de aproximar a camera € mové-la para um novo Angulo a fim de filmar as sequéncias necessdrias da maneira menos incon veniente para as pessoas sendo filmadas. A filma gem em continuidade preserva o fluxo natural e 0 ritmo de um acontecimento, sendo normalmente mais simples para pessoas que nao estao familia rizadas com os procedimentos de produgao de filmes profissionais. Desvantagens da técnica da acdo justaposta Embora a técnica da acao justaposta permita fil- mar planos perfeitamente encaixados, pode sait do controle numa filmagem improvisada. Isso re- 10 de Angulos de camera estra nhos, planos de tamanhos variados, cortes desen: contrados, planos médios e closes mal escolhidos sulta numa confus € outros procedimentos insatisfatérios baseados em decisoes tomadas no calor do momento. Cortar na cimera e sustentar mentalmente a aca € 0 tratamento de camera demandam concentra a0 e planejamento. OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA A filmagem impulsiva pode criar armadilhas. Se a sequéncia nao for bem planejada e a camera for sempre deslocada com o tinico intuito de mu dar de Angulo, o plano terminaré sempre que um erro ocorrer, e a duragao de cada plano dependeri do tempo que os atores serao capazes de encenar antes de cometer um erro. © fotdgrafo se concentrar em sobrepor os movimentos de uma cena a outta, a acio mais importante da cena pode nao receber tanta aten- 80 quanto deveria. O resultado é um material com continuidade perfeita e um personagem sem vida, mais féctl lidar com mudangas constantes nos angulos de mera e no tamanho da imagem quan. do se filma ao ar livre, onde os problemas de ilurn nagéo natural sao minimos. Entretanto, pode ser muito dificil manter a continuidade da iluminagao em interiores, especialmente em documentitios fil- mados em locagdes, pois pode ser necessdrio mu. dar a iluminagao para cada plano. Sempre que a ‘camera se movimenta para trés ou para a frente a fim de filmar planos gerais e planos mais fechados da mesma area, é preciso ajustar a ilumina¢ao. Se houver suficientes pontos de luz disponi- no se deve alterar a iluminacao do plano ge- ral, Planos mais fechados devem ser iluminados| com outros pontos de luz, para que seja possivel restabelecer 0 plano com a iluminagdo original sempre que necessario. Caso seja preciso mover 08 pontos de luz, sua posigdo anterior deve ser marcada no solo com giz ou fita-crepe, para que eles possam ser dispostos novamente para a ilu: minago do plano geral 0 fotdgrafo ou diretor que filma ages improvi- sadas sem um roteiro, deve dominar as técnicas de filmagem e de edicao. Ele tem de entender comple- tamenteaarte de manipular, tanto do ponto de vista da filmagem quanto da edigao, para que saiba, de maneira intuitiva, até onde pode chegar ao mudar 99 JOSEPH V. MASCELLI agdes, angulos, posigdes de atores, objetos e outros elementos cinematograficos. Ele deve filmar cenas que se encaixem quando editadas, Técnica da cena master versus aco justaposta Deve-se usar a técnica da cena méster com uma tinica cémera quando: uma sequéncia é filmada zados atores profis: sionais; todos os elementos de produgao estad completamente sob controle; ha tempo e pelicula suficientes; o diretor des ja uma gam oda a agio a de opgdes ao editar a sequi deve ser filiada em plano geral A primeira vis as desvantagens de filmar ce nas master podem parecer superar as vantagens, etamente, com cobe mas quando executada cor! tura completa em planos mais fechados corres: pondentes, ela fomece ao editor do filme a maior variedade possivel ao mont as sequéncias, O método da cena master ¢ verdadeiramente profis: sional e deve ser usado sempre que a filmagem for feita com base em roteiros detalhados. Deve-se usar a técnica da cena mdster com vii rias cdmeras quando: 0 fot6grafo nao tem controle * cenas master filmadas corretamente, com a perfeita correspondéncia entre planos médios € closes, proporcionam ao editor do filme mais possibilidades a0 montar a sequéncia, sobre a acdo; 0 acontecimento nao pode ser inter rompido; 6 desejavel encenar uma sequéncia em sua totalidade apenas uma vez; sao filmados atores amadores ou trabalhadores incapazes de repetir suas ages; um plano geral e planos mais fechados de rfilmados simultaneamente, vem § Deve-se usar a técnica da agito justaposta com uma tinica camera quando: é vantajoso filmar um jentes de 9 com interrupgdes; pessoas inexp sempenham uma série de agdes que sao mais bem filmadas individualmente; 6 importante considerar os custos do filme; filma-se sem roteiro, de maneira mprovisada; 0 fotdgrafo pode controlar o acontec mento, comegar, parar e repetir qualquer parte conforme di esejar; 6 dificil iluminar, ence! mat 0 acontecimento inteiro n am plano geral e ‘otdgrafo e/ou diretor tem capacidade editorial su ficiénte para editar o filme na propria c&mera A técnica da ago justaposta também pode usar varias cameras para qualquer parte da ago; as- sim, esta poderd ser encenada em sua totalidade num plano geral - tal como o inicio eo fim de uma sequencia ~ Jo entre elas sera mais bem fil Isso significa filmar ” Deve-se usar a técnica da ago justaposta a0 filmar operacdes industriais, que precisam ser iniciadas, interrompidas e repetidas — a fim de sobrepor a agdo de um plano a outro. cenas master parci ou certas partes da agao do plano geral com uma iinica cémera. O restante deve ser flmado com base na técnica da acdo jus taposta, Iss0 economizardé uma quantidade consi deravel de pelicula. ‘Uma cena master também pode continuar até que 0s atores esquegam suas falas ou percam uma deixa, Entao, muda-se para a filmagem sobreposta ‘com base na técnica da ado justaposta — possivel- ‘mente retorando & cena master para restabelecer ‘o cenério ou para uma saida ao final da sequencia, Existem muitas combinagdes possiveis para aten- der as condigées impostas. Quando em divide, pode-se tentar uma cena méster, com a garantia de que 6 possivel passar a técnica da agao justaposta se necessdrio. O fot6grafo nao precisa se sentir pre- so @ um método ou a outro durante toda a filma: gem, O contexto deve ser analisado em sua totali- dade, Todos 0s fatores envolvidos ~ pessoas, tipos de ago, duragao e complexidade do fato, ilumin: 0, peculiaridades editoriais, tempo dispontvel, orcamento etc, ~ precisam ser considerados. 0 ta- manho da equipe de filmagem ea disponibilidade de equipamentos de camera também sao impor- tantes se virias cameras forem neces ris, Uma vez que 0 fotégrafo que usa a técnica da agio justaposta jé cortow a sequéncia na cdimera, a0 editor do filme ndo resta quase nenhuma escolha, Este pode usar um plano ou descarté-lo, ou pode utilizar uma fusdo para cobrir um corte brusco cati- sado pela eliminacao de material nao desejado. Outras opgdes s80 0 uso de planos de cobertura que ‘0 fot6grafo possa ter considerado adequado filmar: Atéenica da cena méster oferece ao editor int- meras opgdes para cortar a sequéncia de diversas maneiras, pois cada parte da agao é coberta tanto num plano geral quanto em planos médios, closes € planos adicionais de angulos diferentes. Em qualquer dos casos, o fordgrafo deve fornecer 20 editor do filme um grande mimero de closes cut- OS CINCO Cs DA CINEMATOGRAFIA in e cut-away", suficientes para ajudé-lo a encur- tara sequéncia ou cobrir falhas de continuidade. Na anélise final, a técnica da agdo justaposta fornece mais flexibilidade durante a filmagem, masa da cena master proporciona maior liberdade de edi CONTINUIDADE DIRECIONAL: A IMPORTANCIA DE DETERMINAR A DIRECAO A direcao em que uma pessoa ou veiculo se move, ota diego em que uma pessoa olha, podem cau- sar os problemas mais desconcertantes na conti nuidade de um filme. Se fosse possivel fotografar uma producdo completa num tinico plano, nao ha- veria problemas de continuidade direcional. Um filme € composto de muitos planos, filma- dos de Angulos de cimera diferentes e agrupados numa sequéncia - uma série de planos -, que se torna um capitulo na histéria. Varias sequéncias, por sua vez, s4o combinadas para formar a narra- tiva completa. Se um movimento ou olhar em de- terminada diregdo for alterado inexplicavelmente em planos consecutivos, a continuidade do filme serd interrompida, fazendo que o piiblico se dis- traia ou até mesmo se confunda, Uma mudanga nao explicada na diregéo da imagem pode resultar num grave desencontro, em que 0s atores subitamente olham para 0 outro Jado, em vez de olhar um em direcao ao outro; os veiculos invertem o movimento na tela de maneira brusca e parecem estar indo para a direcao oposta Normalmente, até mesmo diretores veteranos que trabalham com um roteiro detalhado confiam a diregao da imagem ao diretor de fotografia, para garantir que atores e veiculos olhem ese movimen- 15, Texm de edigio que descreve quando se carta de um para outro para tetorar ao peimeir plano nam ponte posterior daacko,[N.R.T] JOSEPH V. MASCELLI tem na diregde correta, Um fotdgrafo que precisa filmar sem roteito prévio pode ter sérios problemas de continuidade direcional se nao ficar atento a essa questo de grande importancia, Se for com: preendida em sua (otalidade e receber 8 devid: atencao, a continuidade direcional pode ser facil- ‘mente controlada, Nao fi4 methor forma de um fo- tégrafo ganhar o respeito de um editor de filmes do que entregar um material que poderd ser “encalxa. do” sem necessidade de inversées éticas ou outros ‘truques de edigdo - usados para recuperar mate. siais filmados de maneira neglig Um filme vive no proprio mundo. H4 apenas nie. ‘um ponto de vista: 0 da lente da camera. O impor tame 6 como a céimera vé 0 objeto -e ndo como ele aparenta na realidade. Em certos casos, é necessé: rio filmar 0 objeto viajando na direpdo errada para que ele apareca em cena corretamente. A agao é julgada somente por sua aparéncia na tela; pela forma como deve aparecer~ endo pela formacomo de fato aparece enquanto est sendo filmada, DIREGAO DA IMAGEM Hi doistiposde pos em movimento} ¢ estatica (corpos em repouso). reeao da imagem: dinamica (cor- DIREGAO DINAMICA Constante; da esquerda para a direita ou da dire ta para a esquerda. Contrastante; da esquerda para a direita ¢ da direita para a esquerda. Neutra; aproximando-se ou afastando-se da A diregao dindmica constante representa o mo vimento do objeto apenas em wma direeao. Uma série de planos de alguém caminhando, um carro. percorrenda uma estrada ou um avido voando) deve se mover na mesma diregdo para mostrar progressio, Se um plano subita mente representar 0 objeto tem de se mover numa dirego constante ~ da esquerda para a direita ou da diveita para a esquerda — para mostrar progressao. a pessoa ou ove ulo se movendo na diregao opos: ta a estabelecida, 0 puiblico terd a impressdo de que 0 objeto deu meia-volta e esté retornando ao ponto de partida, Uma vez que se tenha determinado a diregao da imagem para um padraio de movimento em parti- cular, deve-se manté-la, Isso ¢ valido para dois pla- nos, para uma série de planos consecutivos ou para um tinico plano inserido na narrativa de tempos em tempos, A narrativa pode estar unicamente preo- cupada com a atividade dentro de um trem, mas, toda vez que for mostrado em movimento, o trem. deverd se locomover numa diregao constante. Ele pode entrar pela esquerda, atravessar a tela da es- querda para a direita e sair pela direita. Podem-se variar os Angulos de cdmera e intercalar planos ge rals do trem com closes das radas~ mas nao se deve mudar a direio do movimento. Ao cortar do exterior de um trem sm movimen: ‘o para um plano em seu interior, a camera tem de filmardo mesmo jo do trem para que se obtenha tuma transigdo mais suave. Mais tarde, podem-se variar os Angulos ce camera conforme a sequéncia, prossegue na interior do veiculo, Se, no entanto, a T Deve-se manter a diregdo estabelecida da imagem durante toda a sequéncia do movimento, independentemente dos Sngulos de cmera empregados. OS CINCO Cs DA CINEMATOGRAFIA ‘mera cortasse de maneira abrupta de um plano exterior do trem se movendo numa diregao para um plano interior mostrando as pessoas (e a vista pela janela) se movendo na direcdo oposta, isso criaria a impressao de que o trem estaria subita. mente andando para tris. A directo dindmica contrastante representa novimentos em direpdes opostas, quando neces- sério, para mostrar alguém indo e voltando, ou para mostrar dois objetos indo um em dire, ao ao outro. A fim de estabelecer e manter ambas as di- regdes, pense na locomocao na tela como “idas ¢ vindas’ uma frase desc: iva usada pelos primei- ‘0s produtores de filmes) que devem ser seguidas a. O abjeto pode ir e voltar - talver de sua casa & cidade e de volta & casa. Ambas as diregoes devem ser decididas antes da filmagem das cenas, de modo que, sempre que o objeto aparecer cami- nhando ou cavalgando, ele venha e va em diregoes opost Pode-se determinar que o percurso de dade seja representado da esquerda para a direita. O percurso da cidade & casa seria, entao, filmado da direita para a esquerda. Esse recurso costuma ser usado independent mente dos 4ngulos de cémera, seja ao filmar um plano geral ou um close - mesmo quando somen- te as patas do cavalo sao exibidas, O puiblico en: tender que a cidade fica para a direita e a casi fica para.a esquerda. Num segundo momento, pode-se mostrar um grupo de homens partindo de uma cidade e indo da direita para a esquerda. O piiblico automatica- mente entenderd que eles se dirigem a casa do su jeito, porque esto cavalgando naquela diregao. A direcao do percurso para idas e vindas deve ser sempre a mesma, nao importa quantas vezes aagao retorne ao mesmo local, Isso ¢ igualmente impor- tante em documentirios que mostrem avides de- colando e pousando. Ou, ainda, ao retratar maté. rias-primas chegando a uma fébrica e produtos 103 JOSEPH V. MASCELLT 7 a cena da esquerda representa um grupo Viajando de casa & cidade acabados sendo enviados ao mercado, Os angulos de climera e os tipos de plano podem variat; mas objeto deve ire virnum padrao direcional determi. nado, e ser mantido durante todo o filme. O pittlico ficara confuso se o movimento for invertido, A dire¢ao dindmica contrastante também é uti ada para representar objetos opostas que se des locam um em direcdo ao outro, Geralmente, esses 0 piblico presumirs que o grupo de homens que & mostrado partindo da cidade — viajando da direita para a esquerda ~ dirige-se casa do sujeito, porque esté cavalgando naquela dires0, Para mostrar 0 personagem indo e voltando, recomenda-se usar direcdes de imager contrastantes, 7 0 grupo direita esti voltando & casa—na dirasio opesta movimentos sao editados de maneira interealada, para'retratar objetos que vao se encontrar ou coli dir, O heréi parte do rancho, cavalgando da es querda para a direita. Em seguida, a heroina é mostrada partindo da cidade, da ditelta para a es querda, 0 piblico presumiré, corretamente, que eles esto cavalgando um em direcao ao outro, ¢ que se encontrarao, Esse efeito é alcancado por meio do uso de movimentas opostos, e também porque o piiblico se orienta pelas diregdes deter minadas previamente ~ cidade para a direita rancho para a esquerda. Com 0 uso criterioso de movimentos opostos, o publico sempre presumird que as duas imagens se encontrario ~ a nao ser que se comunique 0 contrario com didlogos ou por outros meios. A diregao dinamica contrastante pode utilizar ‘movimentos opostos para criar suspense, prenun: ciar uma colisdo ou agregar impacto dramético & narrativa Pode-se criar suspense mostrando o he 161 e 0 vildo se aproximando um do outro para um enirentamento. Pode-se renunciar uma colisa0 mostrando indios e cavalaria galopando um em direcao a0 outro, Pode-se agregar impacto dramé tico por meio da apresentagao de dois times de futebol americano totando no campo em dire- goes opostas. Embora planos individuais talvez nao sejam, em simesmos, dramaticos, confitantes ou dotados de suspense, eles ajudarao a construir encontros cul minantes. Isso pode ser obtido com simplicidade visual, sem necessidade de didlogos ou nj ragdes mareantes. Um fotégrafo que filma por conta pré: pria ou um diretor que se baseia em um roteiro de talhado deve usar a continuidade direcional con trastante. Desse modo, 0 editor do filme tera uma T Usam-se movimentes de imagem contrastantes para mostrar objetos opostos indo um em diregao 30 outro. A aposigo de movimentos ~ editada em padrdo alternado ~ pode prenunciar uma colisio. 4 OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA série de cenas draméticas, filmadas para se adequar adete ninado padrao de edicao. Séries de planos de acdo opostos, tais como. indios e cavalaria, devem ser filmadas com pla nos progressivamente mais fechados até que a nax. Conforme vio sendo fecha 0 atinja o cli dos, os planos podem ser, também, cada vez mais, breves; desse modo, constréi-se uma sequéncia que comega com planos gerais demorados, pas- sando a planos médios mais curtos, entao a clo ses abreviados e, enfim, a um final frenético. Esse acelerado 6 capaz de agitar as padrao de edie: emogdes dos espectadores, envolvendo-os ainda mais conforme a camera se aproxima do encon tro culminante. A diregao neutra representa objetos se aproxi- mando ou se afastando da cémera. Uma vez que 0s movimentos neutros nao tém diregao, eles po lem ser intercalados com cenas mostrando movi mentos em qualquer sentido. Os seguintes movi mentos so neutros: Planos em que 0 objeto se aproxima ou se afas ta da camera em linha reta. Tais planos sao neu- tros desde que a imagem em movimento perma Em planos frontais de aproximacao ~ que representam o sujeito se movimentando rumo a cmera~ a diresao da imagem é neutra 0s JOSEPH V. MASCELLT nega centralizada no quadro, Uma entrada ou sat da denotaré diregao. Deve-se representar a parte frontal ou traseira do objeto em movimento para aleancar um efeito absolutamente neutro. Se um dos lados for mostrado, tal como 0 lado de um Ca valo ou de um carro, a diregao do movimento seré indicada, Um plano frontal de aproximagao pode ralizado, que entao sai por um dos lados da tela a fim de encai comegar neutro, com 0 objeto ce xar com a diregao estabelecida no plano seguinte. Um plano de afastamento pode comecar com um se 0 objeto filmado de frente sai do quadro, 6 importante observar 0 lado da saida a fim de reservar a direc3o da imagem previamente determinada. 0 cavaleiro, acima, deve sair pelo lado direito do quadro, para cavalgar da esquerda para a direita no plano seguinte, abaixo. , 106 0 movimento do objeto & neutro quando a camera segue diretamente 3 frente dos atores que esto caminhando. Tracking shots": a c&mera n’ filma um angulo frontal a 45°, que retrata 0 ator caminhando da esquerda para a direita, A n° 2 filma um plano neutro em que o ator se aproxima frontalmente dda camera; a n® 3 filma um plano neutro em que o ator se afasta. Ao entrar ou sair de planos neutros, o ator deve entrar pela esquerda da cimera n° 3 sair pela direita da camera n® 2, preservando 0 movimento direcional da esquerda para a direita al sabre equip nas (doles sobre tritios ou pneu, [NR Mineniiccaianacec i i i 0 movimento é neutro quando filmado de um Angulo plongé de modo que o objeto saia pela base do quadro. a diregio do movimento & neutra quando dois ou mais atores caminham em colunas rumo a camera #, entio, dividem-se para sair por ambos os lados do quadro, objeto que entra por um lado da tela e se tornar Tais eutro conforme este se afasta da cdm¢ planos devem ser usados de maneira deliberada para alterar a direcao da imagem, apresentando uma condigo temporariamenteneutra entre dois planos que se mover em diregdes opostas. OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA Planos em que alguém caminha ou corre em linha reta em direcdo camera - e cobre a lente, fazendo que a tela fique preta - ou na directo oposta ~ descobrindo a lente e revelando 0 cend- rio. Tais planos tém uso restrito a sequéncias de perseguicao ou para proporcionar efeitos de fu- sao de abertura ou de encerramento. Tracking shots, em que a camera se move em li- nha reta & frente ou atrds do ator ou dos veiculos (veja definiggo na pagina anterior, nota 16). Tais, planos sao neutros se o objeto nao entrar nem sair do quadro. Representa-se uma visio frontal ou ‘raseira. Se for filmado um Angulo lateral ou oblt- quo, favorecendo um lado do objeto, o plano pas- sard a indicar a diregao do movimento, Planos plongé (tomada de cima para baixo) ou contraplongé (tomada de baixo para cima) em que 0 objeto se movimenta em linha reta de encontro & cdimera e, ao mesmo tempo, acima ou abaixo dela, para sair pela base ou pelo topo do quadro. Um & diregio do movimento é neutra quando varios atores entram no quadro de ambos os lados e se juntam para sair de cena pelo topo do quadro, 107 JOSEPH V. MASCELLI carro filmado de um Angulo plongé pode se movi- mentar em linha reta sob a cdmera. Um trem ou um cavalo podem se movimentar em linha reta acima de uma camera em contraplonge. Planos de grupos de pessoas, ou de dois ou mais uefeulos, movimentando-se em fileiras ~ que avan cam em direcao @ camera e se divicem para sair por ambos os lados do quadro, ou entram por am- bos os lados do quadro e se unem, afastando-se da camera em linha reta. Metade dos homens pode sair pela esquerda, e a outra metade, pela direita Uma multidao pode entrar por ambos os lados da imagem e afastar-se da camera rapi¢ lamente. USE PLANOS Ni Para proporcionar variedade ITROS sual. Uma série constante de planos da esquerda para a diretta ou da direita para a esquerda pode ser int rompida com mavimentos neutras. Pade-se usar um plano frontal de aproximacao para abrir uma sequéncia, trazendo 0 objeto em movimento de um ponto dis- tante em direcao ao piiblico. Um plano de afa nia, mento pode ser usado para fechar uma seq ou cena, fazendo que o objeto se afaste da camera caminhando, cavalgando ou por outro meio. Tais planos apresentam imagens em movimento que awnentam ou diminuem de tamanho conforme se aproximam ou se afastam do espectador, ¢ assi produzem uma profundidade maior que planos com movimentos que atravessam a tela, ‘Tracking shots de aproximagao e de afastamenta proporcio nam mudangas bem-vindas em rela¢o ao angulo de 45°, Angulos plongé ou contraplongé, em que 0 objeto se movimenta abaixo ou acima da cAmera, olerecem contraste em rela¢io a planos filmados da altura dos olhos, Para gerar maior impacto no piiblico, Planos frontais de aproximacao colocam o espectador no centro morto, com a ago avangando sobre ele. Um trem emaltavelocidade ou um cavalo de equitacao, 108 7 Planos neutros em que 0 ator ou objeto se aproxima da cimera frontalmente causam maior impacto sobre o piblico do que planos inclinados com movimento, porque o objeto aumenta de tamanho conforme avanga situaidos no topo do quadro, levarao o puiblico a um maior envolvimento com a agao mostrada na tela, Para distrair 0 piblico, Uma sequéncia que re- presenta movimento de objeto em direcao cons- tante 6 frequentemente filmada co um ou mais planos se movendo na diregao oposta. Isso pode es de ilumi- ocorrer devido a negligéncia, condig nagao, segundos planos, falta de planejamento ~ ou por intengao do diretor ou fo1dgrafo. Um plat neutro inserido entre planos com movimentos em diregdes opostas fard que © piblico se distraia momentaneamente. Tais planos tomarao possive ao editoy pleta do movimento ori- inversdo cor ginal da imagem - sem cardter abrupto de um corte seco entre um plano se movendo numa dire (a0 € outro plano, na direedo oposta. EIXO DE ACAO Um método simples para estabelecer e manter adi regao da imagem 6 0 uso do eixo de agao. O movi mento do objeto pode ser considerado uma linha num mapa; uma linha imaginaria t igada por um individuo caminhando par um corredor; um veicu- lo percorrendo uma estrada; um avido voando pelo ar. Essa linha de movimento 6 0 etxo de acao, Se todasas configuragdes de camera forem posi cionadas de urn dos lados dessa linha, a direcao da imagem permanecera a mesma por uma série de planos, independentemente do Angulo de camera. 0 objeto pode atavessar a tela, aproximar-se ou alastar-se da cdmera. O movimento direcional ser constante quando 0 objeto se mover numa mesma diregao, e contrasiante quando 0 objeto se mover em diregdes opostas. A relacao entre a cimera e 0 movimento do objeto permanece a mesma, desde quea cimera nunca pule o eixo de agao, Um filme que utiliza roteiro deve ter todo esse movimento mapeado antes do inicio da producao. Um fotdgrafo que filma sem roteiro deve prestar es pecial atencao para estabelecer e manter a diregao dain agem, para que todo 0 movimento se encaixe na edigao. Se os planos em movimento nao forem filmadas conforme planejado, a série de cenas re- sultantes pode ser uma confusdo de movimentos opostos, que se mostrarao dificeis de editar. £ ta0 importante combinar 0s movimentos em dois pla nos que mostram alguém caminhando pela rua quanto numa série com varias cenas. ‘Uma vez que se tenha estabelecido o movimen. to direcional da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, pode-se manté-lo durante uma sé: rie de planos, permanecendo do mesmo lado do eixo deagao. Uma nova lacacao demandaré que um novo eixo seja tragado, e que se mantenha da mes mo lado queo eixo original para preservar a diregao de movimento estabelecida, Muitos fotdgrafos e di retores pensa no um movimento dire: m no eixo co cional da esquerda para a direita ou da direita para ‘a esquerda, em vez. de pensé-lo como uma linha imagindria. Embora seja a mesma coisa plica o trabalho, porque o movimento deve ser con: siderado cada vez que a camera 6 deslocada para uma nova posi¢ao. Se a camera estiver sempre posi- OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA Garota caminha em direg3o & casa da esquerda, para a direita, Todas as chimeras devem ser posicionadas do mesmo lado do eixo de aco, para retratar a progressio numa direcdo constante. 7 piano em que a garota se afasta da cdmera a0 subir os degraus mostra-a entrando no quadro pela esquerda da tela, para preservar a direcio de imagem previamente determinada da esquerda para a dieita clonada do mesmo lado do eixo, automaticamente serd filmada a direcao de movimento adequada, Quando duas ou mais pessoas caminham ou. dirigem lado a lado, ocorre uma excepéo no que diz respeito a pular o eixo de agao. A camera pode se locomover em linha reta a frente ou atras dos at res em movimento, pata filmar planos neutros. Também pode se locomover a seu lado, para fil- que representara a mar um Angulo frontal a 109 JOSEPH V. MASCELLI diregdo do movimento. Sempre que os atores olkam um para 0 outro, 6 possivel desenhar um eixo entre eles (com base num eixo two-shot expli- cado em "Diregéo de imagem estética’ na p. 126) A cimera pode, entao, pularo eixo de agéo para filmar 0s atores de um angulo oposto, Embora eles possam ser mostrados se movendo em diregoes opostas em planos consecutivos, o piiblico nao se confundiré. A cAmera pode ser alternada com se guranga para angulos opostos ao filmar atores ca minhando ou sentados num vefculo. £ melhor si: tuar 0s atores ou vefculos em movimento num, plano geral ou médio e entao passar a um two- shot do mesmo lado do eixo de agao. Pode-se, de- pois, filmar um two-shot do lado oposto, com base no eixo de acdo tragado entre os atores, ou filmar a excedo a regra de nio pular 0 eixo de ago ‘ocorre quando dois atores olham um para o outro enquanto carninham ou dirigem. Traga-se 0 eixo de acdo estatico entre os atores que estio se movendo no two-shot. A cimera é posicionada de qualquer um dos lados do eixo de acio para filmar planos opostos dos atores em movimento, A camera n* a filma um plano frontal do ator caminhando, O ator sai de cena pela direita para aC ane reas malarn aA estabelecer a direcdo da movimento da esquerda permanecessem iméveis. para a direita. OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA COMO USAR CONFIGURAGOES DE CAMERA PARA ESTABELECER E MANTER A MELHOR DIREGAO DE IMAGEM DO ATOR OU VEICULO EM MOVIMENTO » camera n® 2 mostra o ator em Angulo frontal de 45° conforme ele entra pela esquerda, atravessa a tela e sai pela direita Esse Angulo é excelente para acompanhar um ator ou veiculo em movimento 7 Acdmera n? 3 filma o ator atravessando a tela da esquerda para a direita. O plano pode ser filmado do comego ao fim com camera fixa, ou a cimera pode estar parada quando a ator entra em cena, filmar uma panorémica”” enquanto ele percorre uma pequena distancia e voltar a uma posicio fixa para filmar sua saida ~ pela direita da tela, mera permanece xa na base e ira sobre ela: aqui, d squerda paca adrcta IN. 7 Acamera n° 4 filma o ator, que entra pela esquerda e sai pela direita, num angulo traseiro de 45 A cimera n¢ 5 retrata 0 ator entrando no quadro pela esquerda e distanciando-se da lente conforme entra no edificio. O ator pode ser filmado com qualquer um desses posicionamentos de cdmera ou com todos eles, com a certeza de que ele se deslocaré da esquerda para a direita = independentemente de ser um plano geral, médio ou close; de o plano ser filmado com cémera fixa ou mével; ou de o ator estar se aproximando ou se afastando da cdmera JOSEPH V, MASCELLI A cmera deve permanecer do mesmo lado do eixo de acdo para mostrar o ator saindo do edificio © retornando ao ponto de partida, O ator se move na diregdo oposta, da direita para a esquerda. Poder se filmar planos frontais de aproximacao ou de afastamento da mesma forma, closes opostos individuais. A camera deve retor nara um two-shot do lado original do eixo, filman- do um plano geral ou médio para finalizar. Assit, planos que se movem na direg4o oposta ~ filma dos do outro lado do eixo de ago - so intercala. dos entre duas séries de planos que se movem na direcao determinada. Eixo de ago em curvas Para que a direcao do movimento seja preserva da em curvas, ¢ necessério posicionar a camera com cuidado. Curvas sio traigoeiras, camera pode filmar através de uma cur cionando 0 ponto de vista da lente do lado oposto do eixo de ago. Isso equivaleria a posicionar a camera do lado errado da linha. Um objeto que estivesse se movendo da esquerda para a direita seria filmado através da curva, movendo-se da direita para a esquerda, Isso nao constitui u problema, desde que se filme um plano geral in- cluindo todo 0 movimento da curva; desse modo © objeto ¢ exibido fazendo a curva diante da ca mera e entao rewornando & 0 certa, da es € necessirio cuidado constante 20 filmar movimentos curvilineos. Ao permitir que o ponto de vista da edmera pule 0 eixo de aco, a camera Fotografars o objeto em movimento do lado oposto ~ movendose na diredo errada. O ponto de vista da clmera s6 deve pular 0 eixo quando © movimento do objeto faz uma curva de retorne e corrige a si préprio. querda para a direita ~ sa Jo pela direita da tela, Um plano mais fechado do objeto em movimen: to, sendo filmado através da cu representaria um movimento de imagem oposte. Um plano geral ou panoramico em que 0 objeto & visto num longo m imento curvilineo pode mos. mento oposto durante o plano, mas deve ser endireitado e voltar a se curvar para que a diregao original seja filmada novamente quando 0 objeto sair do quadro, Pode-se filmar um objeto se movimentando em diregdes opostas ao seguir a cur va, desde que ele entre ¢ saia do quadro de maneira correta, Deve-se evitar 0 posicionamento de camera numa curva, filmando 0 objeto entrando e saindo do smo lado do quadto, pois o plano resultar te nao poderd ser intercalado entre os outros planos que es tiverem se movendo em diregdio constante. Entretanto, pode-se usar a curva para uma mu danga deliberada na direcao da imagem, quando necessirio, A mudanga pode servir de transicao editorial entre duas séries de planos que estejam se movimentando em diregdes opostas, mesmo que a intengao seja representar uma diregao de imagem constante. Nesse caso, a entrada seria correta, mas o objeto realizaria um movimento curvilineo e sairia do mesmo lado do quadro, in tercalando com o plano seguinte que retrata o mo vimento na diregaio oposta. O piiblico aceitaria essa mudanga natural na diregao da imagem. As curvas podem ser um recurso ou um obstacu Jo. Blas oferecem ao fotdgrafo a oportunidade de fi a camera n? 2 6 posicionada do lado correto do xo de acto, para flmar 0 objeto se movendo da cesquerda para a direita, © ponto de vista dessa cimera (tracejada) pula © eixo oticamentee flma o objeto do Iado errado — movendo-se na deco oposta. A mera 12 filma o movimento curvilines completo, de modo que o objeto & mastrado se virando e se movendo na iregio correta ao atravessar a cimera esa. OS CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA mar belos movimentos curvlineos, agregando va- riedade a.um movimento em linha ret, Para mantet a continuidade direcional estabelecida, deve-se fil- mar uma entrada correta, um movimento curvo completo e uma saida comreta. Um plano mais fecha- do filma uma parte do movimento através da curva, representando 0 objeto se movendo na diregao posta, Se, no entanto, o quese pretende é uma mu: Pode-se usar uma curva para mudar a diregao do movimento. A cdmera n® a (tracejada) & posicionada do lado errado do eixo de acio ~ para que seu ponto de vista pule 0 eixo oticamente e filme o objeto com 0 movimento correto, da esquerda para a direita, no inicio do plano. O objeto, ent3o, realiza uma curva diante da cimera e se desioca na direcao ‘posta - da direita para a esquerda. O objeto sai pela esquerda e, na edicdo, encaixara com 0 objeto que esta se deslocando da direita para a esquerda, 413 JOSEPH V. MASCELLE danga na diregdo da imagem, filme através de uma curva pare captar o objeto se movendo corretamente e entdo fazendo a curva e saindo pelo lado errado. Eixo de aco em esquinas ‘Uma pessoa (ou um vefculo) dobrando a esquina pode ser filmado frontalmente, para que 0 objeto em movimento faga a curva diante da camera. Se filmada de costas, entretanto, serao necessarios dois planos - para representar 0 objeto saindo da camera, dobrando a esquina sendo recebido num plano frontal depois da esquina. 0 eixo deve ser desenhado dobrando a esquina, e cimera, A camera n* 1 realiza um movimento panorBmico ara acompanhar 0 ator dobrando a esquina. A cémera n° 2 filma um plano com 0 ator entrando pela direita da tela e se afastando da clmera, para estabelecer o movimento da direita para a esquerda. A cdmera n® 3 filma um angule traseiro 12 45°— com o ator se movendo da direita para ‘2 esquerda, O panto de vista da cimera n® 3 (tracejada) pula o eixo de aco e filma o ator se movendo na direc3o oposta depois de dobrar a fesquina, Em curvas abertas, esse tratamento pode ser usado para, de maneire deliberada, mudar a direcao do movimento. Evita-se pular ‘oticamente 0 eixo cortando o filme quando o ator vira para cmera n* 4, que filma a um &ngulo de 45°. A cdmera n’ 5 filma um plano frontal de aproximagio. O ator deve sair pela esquerda da tela, para preservar 0 movimento original da direita para a esquerda. Essas posigbes de cimera podem ser usadas em varias combinagdes. aaa posicionada do mesmo lado para os dois planos Num plano de afastamento, a lente pode ver 0 ob- jeto dobrar do outro lado do eixo, como numa cur- va, Na edigao, pode-se cortar no momento em que © objeto dobra a esquina. O objeto pode comecar a curva no plano de afastamento e ser recebido do outro lado da esquina num plano frontal de apro- ximagao. O movimento inverso no infcio da curva nao tem consequéncia alguma Uma esquina pode ser usada da mesma forma que uma curva, para mudar deliberadamente a diregdo do movimento. Se, por razoes editoriais ou quaisquer outras, for desejével mudar a diregao, deve-se permitir que 0 objeto sala do quadro con- forme visto desde 0 outro lado do eixo, para que se movimente na direcdo oposta & determinada, Isso funcionaré melhor em curvas abertas, em que o ob- jeto em movimento percorrerd uma distancia sufi- Ciente para determinar a nova diregao antes de sair. Eixo de agao através de portas Nao ha necessidade de manter a diregao de movi- mento determinada quando os objetos atravessam portas. Muitos fotdgrafos e diretoresconsideram que isso cria uma nova situagao, visto que o objeto em movimento entra num novo cendirio. Seo movimen: (0 for filmado atravessando a tela, parecer mais suave se a cdmera permanecer do mesmo lado do eixo de aco em planos consecutives - filmados de lados opostos de uma porta. Se 0 objeto em movi- ‘mento sair de uma sala num plano de afastamento e entrar em outra sala num plano frontal de aproxima- do, pode-se mudar a diregéo do movimento sem Aificuldade. # preciso verificar salase portas em edi- ficios reais ¢ locagées em estiidio para ter certeza dle ‘que existe espaco suficiente para posicionarcorreta- ‘mentea camera em safdas e entradasatravessandoa tela, Sempre que houver dificuldade, é bastante sim- piles trazero objeto ao novo cendrio num plano fron- tal de aproximagao e mudar a diregdo, se desejado, 05 CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA Por precaugdo, devem-se filmar as safdas dos ‘atores antes de interromper a iluminagao do plano sgeral e passar aos closes. Isso também é importante em planos exteriores onde a iluminagdo muda constantemente conforme a filmagem avanga. Se, depois de filmar uma série de planos médios e clo: ses, for descoberto que hd necessidade de filmar ‘uma saida, o plano geral teré de ser refeito, Em caso de diivida, 6 recomendavel filmar uma saida ime- diatamente depois de gravar a entrada. ff melhor descartar o plano ~ se ele nao for necessario ~ do que ter de configurd-lo de novo. Manipulando 0 eixo de acdo Em certas ocasides, € conveniente fazer 0 objeto se mover na diregdo opasta & determinada, devido & iluminagao, ao segundo plano ou a outros fatores de producdo. Isso pode ser feito transpondo-se o ponto de vista da c&mera eo movimento do objeto ao mes- ‘mo tempo, para que a relagao entre eles permaniega ‘amesma, Se 0 movimento do objeto for invertido ou sea caunera for deslocada para olado oposto do eixo, ‘movimento na tela estaré na diregéo errada, Amibos (08 elementos devem ser alterados, de modo que, a0 inverter 0 movimento, a cimera o esteja fotografan do do lado oposto, 0 que resulta na preservagao da diregao de movimento original Em planos extemos, 0 eixo de agdo deve ser ‘manipulado com cuidado, para que 0 angulo do sol e das sombras nao revele o truque. E possivel recorrer a truques de maneira considerdvel em fil- ‘magens externas por volta do meio-dia, ou em clo- ses quando se usam refletores ou holofotes para iluminar reas sombreadas em rostos. Planos ge~ rais filmados no inicio ou no fim do dia podem mostrar sombras compridas numa diregao oposta {4 jé determinada, Um plano no fim da tarde, por exemplo, pode retratar os atores andando sob 0 sol, na ‘oeste, com longas sombras em di- redo & cimera, Um truque inverso filmado em aa5, JOSEPH V. MASCELLT : Uma vez que portas criam uma nova 0 eixo de agdo pode ser manipulado ~ q situacdo, pode-se manter ou nao a para tar vantage do Sngulo do sol, do continuidade direcional. € possivel usar planos segundo plano ou do terreno ~, desde que heutros em que o ator se afasta (cdmera n? a) tanto o movimento do abjeto quanto a u se aproxima frontalmente da tela (camera posicdo da camera sejam invertidos. Se a nt 4) com entrada e safda corretas, para ‘cimera for movida para o lado oposto de manter a direcdo da imagem, ou saida errada eixo, o objeto pode se deslocar na direg30 (camera n® 4), para criar uma nova direcio de contraria, Desse modo, a relacio entre o movimento. Podem-se usar Sngulos laterais de movimento do objeto e a posigao da cimera 445° (cdmeras n® 2 en? 3) se 0 ator For filmado permanece a mesma. atravessando a tela e a continuidade direcional for mantida outro lugar teria de ser realizado pela manha, na diregao leste, para corresponder ao Angulo do sol © ao padrao de sombra estabelecidos. ENTRADAS E SAIDAS. Um objeto em movimento deve entrar e/ou sair do quadro nas seguintes condicées: Sempre que for filmada uma série de planos em ‘movimento contra segundos planos diferentes. Ura entrada e saida proporciona ao editor a progressao de um plano a outro, Atores caminhando de uma sala a outra ~ ou cartos numa sequéncia de perse- guigdo - devem sair de um local e entrar em outro. impossfvel retratar progressio se o objeto em movi ‘mento jé estiver no centro do quado quando a cena, comega endo sair do quadro durante o plano. Ndo se pode editar em sequéncia uma série de planos dife rentes, porque o objeto em movimento esté cons- tancemente no centro da tela - mostrado, por um periodo, numa panorémica ou num travelling - © continua Id quando 0 plano termina. O objeto em ‘movimento estaria subitamente em outro lugar no plano seguinte, contra um segundo plano distinto. Isso é particularmente indesejével quando 0 ob- jeto - tal como um carro em movimento - ¢ filmado da mesma forma, com 0 mesmo tamanho de ima- gem e 0 mesmo Angulo, em ambos os planos. Ni montagem, o objeto parece ser 0 mesmo, mas 0 se- gundo plano muda de modo abrupto. Fotégrafos de filmes de nao ficgdo muitas vezes tentam economi- zar pelicula gravandoum objeto em movimentonum plano panoramico, com a excegao da entrada e da saida, A cdmera deve comegar antes de 0 objeto en- trarem cena e cortar depois de o objeto sair. Entradas e saidas devem ser filmadas de maneira “limpa’ Cortar o filme ¢ fungao do editor, enao do fotdgrato. Uma safda realizada préxima a lateral da came- ra deve ser seguida de um plano que mostre 0 ob- jeto entrando no quadro de maneira similar. Se, no plano seguinte, 0 objeto entrar pelo lado dis OS CINCO CS OA CINEMATOGRAFIA LE Uma safda realizada préxima da lateral da cimera ats deve retratar o objeto entrando no quadro da mesma forma. Uma saida pela esquerda da tela deve ser seguida de uma entrada pela direita, ator em movimento nao deve sair préximo da lateral da cimera e entrar na cena seguinte pelo lado distante e atravessar a tela. A distncia fora de cena é grande demais para ser percorrida entre dois planos consecutivos. 337 JOSEPH V. MASCELLT tante do quadro, o piiblico se distraird, porque a distancia ¢ grande demais para ter sido percorrida durante um corte seco. Em cortes secos, as entradas ¢ saidas através de pportas devem ser encaixadas com cautela. Se forem filmados entrando num edificio ou pasando de uma sala a outra, dois ou mais atores devem seguir na mesma progressdo. Isso talvez parega Gbvio, mas du- ante um longo intervalo entre essas configuragoes de cémera pode ocorrer algum desencontro. Para cevitar isso, 6 importante tomar notas ¢ abservé-las ‘cuidadosamente. Um objeto em movimento nd deve entrar ou sair do quadro nas seguintes condigées: Uma série de planos consecutivos contra 0 mes- ‘mo segundo plano, Uma série desse tipo poderé ser intercalada na montagem se 0 objeto em movimen- to permanecer centralizado na tela. Uma ver que 0 segundo plano permanece 0 mesmo, nao ha pro- gress4o ~ além daquela mostrada no préprio plano. Desse modo, um plano médio ou um close podem ser intercalados com um plano geral, enquanto 0 objeto permanece centralizado, Nesse caso, é me Ihor, editorialmente, que o objeto entre no quadro no primeiro plano da série e saia do quuadro no il mo plano - para proportionar progressdo junto ‘com as sequéncias anterior e posterior. Planos individuais de agao em movimento, tais como um homem a cavalo ou um carro se movendo. Esses planos podem ser filmados centralizados na tela sem uma entrada ou saida se editaclos de ma neira alternada com outras cenas. A progressao seré ‘mostrada por meio da mudanga no segundo plano. £ recomendavel apresentar entradas e safdas oca- sionais a fim de proporcionar maior variedade vi sual, mas isso nao é necessério para fins editoriais, visto que os planos em movimento sao editados em ‘montagem paralela com outras cenas, Em caso de dtivida, deve-se filmar uma entrada Jou saida para oferecer possibilidade de escolha a0 editor, 238 CLOSE DE REAGAO PARA MUDAR A DIREGAO DA IMAGEM Ao filmar closes mostrando a reagao de alguém, hé divergéncias de opiniao em relacdo a diregdo para a qual um ator deve virar a cabeca ao seguir uma agio em movimento. Consequentemente, & co- ‘mum filmar a reagao do ator em ambos os lados. O ator deve seguir com a cabeca 0 objeto em ‘movimento, como se este estivesse atras da céme- ra. 0 ator pode ser considerado um integrante do. piiblico, vendo a acto na tela. Ao observar um avido atravessando a tela da esquerda para a direi- ta, o espectador deve virar a cabeca na mesma di- regio. Uma vez. que a camera esté filmando um contraplano, isso resulta num movimento da di- reita para a esquerda no close mostrado na tela Embora isso possa parecer ilégico, esté correto, Antes de filmar 0 close, é preciso confirmar a diregdo do movimento da cena correspondente. ator deve seguir @ agdo como se ela estivesse ocorrendo atrés da camera. Em geral, se alguém caminha ou corre atrés da camera, consegue-se obter uma reago melhor, pois, desse modo, 0 ator tem um alvo dotado de movimento e veloci- dade para seguir. Planos que retratam reag6es também podem ser usados para distrair o puiblico, a fim de que se possa alterar 0 movimento na tela para a diregao posta. Nesse caso, o ator seguiria o movimento que ocorre na segunda série de planos. Uma se- quéncia pode comecar da esquerda para a direita e entao passar da direita para a esquerda. Se nin- guém virando for mostrado, pode-se exibir a mu- danga cortando para um plano frontal de aproxi- magdo ou de afastamento, seg lo de um close com a reagdo de um ator que supostamente ob- serva 0 movimento indo na nova diregao. O plano neutro ajudaré a quebrar 0 padrao direcional es- tabelecido, eo plano que retrata a reagao distrairé © pliblico ao “explicar” a mudanga de diregao. oa = Um ator que observa uma acio em movimento deve virar a cabeca como se acompanhasse 0 movimento que esté ocorrendo atras da cémera Esses planos podem ser filmados depois que o fil me for conclufdo, caso sejam necessérios para aprimorar a sequéncia. Eles podem ser filmados contra 0 céu ow Arvores, evitando problemas de correspondéncia com os segundos planos reali- zados previamente. INVERTENDO A DIREGAO DA IMAGEM Deve-se tentar preservar a direcao de imagem de terminada, ou, caso seja necessério inverté-la, ex- plicar a inversao. Nao se pode alterar a diregao de blico se uma imagem contrastante sem que 0 pti confunda. Uma vez estabelecido um padrao dire 0S CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA cional, ele deve ser mantido de maneira rigorosa. Com frequéncia, a diregdo de imagem constante é alterada inadvertidamente - ou devido a fatores de produgao que nao permitem a continuidade direcional estrita, Uma mudanga na diregéo constante precisa, sempre que possivel, ser explicitada na tela - para tornar o piiblico ciente dela. Cortar de uma pes- soa ou veiculo se movendo numa direga0 para um plano retratando 0 movimento na diregao oposta confundiré os espectadores. Pode-se ex- plicar uma mudanga na diregao da imagem das seguintes maneiras: + Mostre a pessoa ou o veiculo virando, + Filme através do eixo de ago numa curva ou es- quina, para possibilitar que a agao saia pelo lado errado da imagem. + Insira um close com a reacdo de um observador vendo 0 movimento na nova direcdo. + Use um plano frontal de aproximagao que saia pelo lado errado do filme, para encaixar com a pessoa ou veiculo indo na nova diregao. Um plano de afas- tamento distrairiao piiblico momentaneamente, ¢ nao tao eficiente porque nao sai da cena. pode-se inverter a ditegio do movimento de um objeto por meio da insercde do close cut- away de alguém que supostamente observa a mudanga de diregao. JOSEPH V. MASCELLI | inverter a direco do movimento gravando um plano frontal de aproximacio, neutro, {que mostre o objeto saindo pelo lado errado do quacro. Isso serviri para introduzir uma nova série de planos que retratem movimentos na diresio oposta. Uma opgao melhor é cortar para o interior de um carro, trem, navio ou avido e, em seguida, para © plano exterior indo na diregao oposta, Se for usado somente um plano, é melhor cortar para uma visdo frontal dos atores, Se for usada uma sé rie de planos, os angulo de cimera podem girar em toro dos atores, para que o plano final os apresente olhando na nova diregao ~ a qual encai xard com a cena exterior, DIREGAO GEOGRAFICA Movimentos que percorrem grande disténcia de vem usar um diagrama de diregdo geogrdfica com oleste sempre a direita e o aeste sempre a esquer- da, E assim que um mapa esté fixado na mente humana. Uma ver que o norte ¢ o sul so normal mente representados para cima e para baixo, es sas diregdes dificilmente so usadas numa tela horizontal. Se possivel, um percurso rumo a0 norte deve ser encenado numa linha ascendente do canto inferior esquerdo ao canto superior di reito, € um percurso rumo ao sul, numa linha des. cendente do canto superior esquerdo ao canto inferior direito, Isso estd em conformidade com 0 conceito composicional jé consagrado de movi mentos ascendentes e descendentes Um aviio que voa de Paris a Nova York deve ser mostrado indo para a esquer Um navio que veleja do Havaf ao continente ame ricano deve ser representado deslocando-se da esquerda para adirelta, rumo ao leste. 0 plano int cial do piloto do avido, do capitio do navio ou dos passageiros deve mostré-los olhando na diregio de movimento determinada. Isso preserva a conti nuidade do eixo de ago, Depois, a camera pode se mover e mostrar membros da tipulagdo ow assageiros de qualquer um dos lados. Tal aspecto pode parecer de menor importén que questionam a validade dessa teoria comprovada cla para diretores ou fot6grafos inexperiente: Por que 0 carro, avido ou navio nao pode ser visto do outro lado, indo na diregdo oposta, e ainda as- sim estar viajando corretamente?” Pode! Mas por que nao tirar vantagem de um conceito preestabe- lecido, incrustado na mente dos espectadores? Isso permitird que eles entencam osacontecimen- tos da maneira mais facil possivel Mover um avido, navio, trem ou carro numa di: reco geogrifica oposta instaura na mente do es pectador uma perturbagao subconsciente, que 0 alerta de que o movimento esté errado. O especta dor se distraira por um instante. & recomendével manter o puiblico devidamente orfentado, deter minando e mantendo a direcao geografica em to dos 0s planos de movimento. LOCACOES INTERNAS Em locagdes em estidio de trés paredes, a filmagem do lado aberto mantém a continuidade direcional dos atores que se movem pelo set de filmagem ou de sala em sala. A filmagem em locagdes internas reais e complexas, de varios andares, com um lab rinto de salas, corredores e escadas, normalmente dificulta a continuldade direcional. Se a filmagem

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