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Quais são as técnicas da investigação qualitativa?

1. Entrevista – individual ou em grupo - As entrevistas são dados privilegiados numa recolha de


informações, referindo-se a experiências, opiniões, sentimentos, representações e conhecimentos dos
sujeitos que constituem o universo de participantes de um estudo. São um processo de recolha de dados
assente num processo comunicacional de interação entre um entrevistador e um entrevistado. Centram-
se na exploração das perceções, interpretações e experiências do entrevistado, cabendo ao entrevistador
facilitar a expressão pessoal e o aprofundamento das questões, através da criação de uma relação de
confiança, ao colocar questões abertas e direcionadas para os objetivos da investigação e/ou intervenção.
Ao nos permitir acesso a uma grande diversidade e profundidade de dados, exigem grande preparação
por parte dos entrevistadores. Implicam um acordo prévio entre as partes (em que se definem objetivos
claramente, consentimento informado).
São de 3 grandes tipos:
Estruturadas- com sequência de perguntas para a obtenção de respostas específicas, de forma a evitar a
subjetividade;
Semi-estruturadas- apesar de existirem algumas linhas de orientação, entrevistas com diferentes
participantes podem abordar dimensões distintas, em função do “desenrolar” das mesmas;
Não estruturadas (há uma questão central à volta da qual se vão formulando outras, num exercício de
“vai-vem” informativo.).
2. Observação - permite contacto direto entre o investigador e o objeto de estudo, através da relação que
se estabelece. Serve para que o observador possa analisar determinadas dimensões não verbais e aspetos
que os atores não se apercebem (não explícitos pelo discurso verbal). Fazem-se descrições detalhadas das
atividades dos sujeitos, comportamentos, ações e interações interpessoais, intergrupais e
organizacionais. Implica a definição clara de comportamentos dos alvos de observação, definidos em
“grelhas de observação ”com notas de campo. Com um consentimento obrigatório por parte dos
observadores. Tem custos elevados (“apropriação do terreno”, tempo, instrumentos, contornar limites,
constrangimentos do terreno). É importante valorizar os saberes dos participantes. A descrição da
informação produzida deve ser detalhada e profunda, não focada somente em aspetos gerais, irrelevantes
e superficiais. Dois tipos de observação: não participante e participante.
observação participante - a observação participante é a estratégia de investigação mais compreensiva. À
medida que vai acompanhando os participantes no terreno, o investigador vai apreendendo a sua visão e
interpretação da realidade, ativamente (interagindo com eles) ou não (só observando). Não pode ser
aplicada em todas as pesquisas e requere cuidados particulares. O observador integra-se no campo de
observação, podendo assim estudar o fenómeno “de dentro” e de uma forma mais aprofundada num
tempo de período alongado. Experimenta o ambiente como insider. O investigador torna-se membro da
comunidade em estudo, participa nas atividades da mesma e observa o modo como as pessoas se
comportam e interagem com outras, tenta ser aceite como alguém que está próximo em vez de ser visto
como um estranho, assim pode sentir o que é ser parte de um certo grupo.
3. Análise documental - Análise de publicações, manuais, correspondência, circulares.
Enquadramento epistemológico da investigação qualitativa e da investigação quantitativa
Os paradigmas subjacentes.
Cada metodologia se baseia num conjunto de pressupostos diferentes que dão corpo aos paradigmas,
paradigmas estes subjacentes à metodologia de investigação: Positivismo e Construtivismo.
Corrente positivista (XIX) – Comte
A psicologia era idealizada como uma ciência que busca a verdade. A visão positiva dos factos
desconsidera as causas dos fenómenos (algo associado a outras visões, como a teológica) e foca-se na
busca das leis, vistas como relações constantes entre fenómenos observáveis – relações de causalidade.
Quando se procura aprofundar fenómenos psicológicos, o espírito positivo deve orientar-se para as
relações imutáveis presentes entre os mesmos. O conhecimento positivo caracteriza-se pela
previsibilidade: “ver para prever” é o seu lema. A previsibilidade científica permite o desenvolvimento da
técnica e, assim, o estado positivo favorece assim a exploração da natureza pelo homem – seu domínio.
Para que o domínio seja viável, é necessário: impor a razão ao sentimento; eliminar toda a forma de
subjetividade e de erro; eliminar a intervenção do investigador, elemento de inconsistências que as
transporta para a sua pesquisa; controlar as variáveis parasitas; recorrer a métodos que permitam
mensurar a realidade de forma rigorosa (método experimental)  teor hipotético-dedutivo.
Implicações - visões:
do Homem - que nasce com capacidades que o acompanham ao longo da vida, e é um ser
tendencialmente mais passivo que rega e ao meio e às exigências do mesmo, de acordo com as suas
capacidades;
do Meio - leitura mas estática, menor complexidade, passível de ser conhecido/controlado.

Corrente construtivista
A verdade absoluta é intangível; A realidade é uma construção, onde temos um papel ativo; O processo
de investigação assume uma forma expressiva; A subjetividade não deve ser anulada, mas integrada na
investigação; Os erros podem funcionar como momentos propícios ao crescimento e maturação do
projeto de investigação  teor exploratório
Implica visões:
do Homem - nasce com capacidades que desenvolve pela interação que estabelece com o meio e
significados que lhe atribui; é um ser ativo que age e desenvolve estratégias face aos constrangimentos
presentes no meio;
do Meio - tendencialmente mais dinâmico, reconhecimento de alta complexidade e de difícil apreensão
na sua globalidade.
Quais as diferenças entre investigação quantitativa e qualitativa?

Quantitativa Qualitativa
Dados Informações padronizadas, respostas Trabalha com informação vinda de discursos e
(quantitativos vs qualitativos) precisas e utiliza técnicas estatísticas que observações, porém também pode envolver a
permitem a quantificação de dados. quantificação de, por exemplo, unidades de
conteúdo, são menos definidas à priori.
Ambiente Pode envolver ambos e não se limita ao Pode envolver ambos e não se limita ao meio
(artificial vs natural) meio em si, mas ao controlo de dados. Há em si, mas também ao controlo de dados,
grande preocupação com o controlo. mais ao natural. Há menos preocupações com
o controlo para aceder aos significados, às
singularidades.
Centrado Centrada nos comportamentos, porém Centrada nos significados, porém em algumas
(comportamentos vs significados) em algumas investigações procura os investigações também se foca nos
significados. comportamentos.
Modelo das ciências naturais Aceitação. Maior rejeição, nomeadamente na
(aceitação vs rejeição) investigação em psicologia.
Abordagem (dedutiva vs indutiva) Dedutiva, modelos hipotético-dedutivos. Indutiva.

Visa (produzir leis científicas vs Preocupada em chegar a dados válidos Preocupada em caracterizar a diversidade dos
identifica padrões culturais) que permitam a formulação de leis. contextos e perceções.

Sustenta-se (realismo vs idealismo) Realismo Idealismo

Vantagens Permite medir reações, perceções, de um Permite estudar um fenómeno


número grande de sujeitos. Consome detalhadamente e de forma profunda.
baixos recursos, como temporais. Permite acesso a dimensões menos visíveis,
Estabelece comparações pela como as expressões dos sujeitos. Pressupõe a
manipulação estatística de variáveis. necessidade de contextualizar a investigação.
Limites Requer uso de medidas standard de Recolhe informações junto de um número
forma a encaixar a informação recolhida mais restrito de participantes. Consome mas
num número restrito de categorias, ou recursos e há mais dificuldade na análise e
seja, vai menos a fundo. generalização dos dados.

Validade (o instrumento que A validade depende do rigor com que o O investigador funciona como um
pretende medir) instrumento foi concebido e instrumento, logo a validade depende do seu
administrado, e do rigor do tratamento de rigor, competência e ética.
dados.

Vantagens, limites e cuidados em ambas as metodologias  interesse da sua conjugação.

Como as conjugar:
1. Partir da qualitativa para construir a quantitativa.
Ex.: “focus groups” para avançar com um questionário;
2. Usar a qualitativa como forma de validar a quantitativa.
Ex.: fazer uma sessão de Análise Colectiva para validar os resultados estatísticos de um questionário;
3. Métodos quantitativos para validar um estudo preliminar qualitativo.
Ex.: estudo preliminar de um caso que levou a certas conclusões; recorrer à quantitativa para confirmar
a possibilidade de generalizar;
4. Uso simultâneo, cruzado das duas metodologias.
Ex.: questionário e análise documental, complementada com entrevistas.
Características estratégicas da investigação qualitativa
Porquê falar em caraterísticas “estratégicas”?
Estratégia é um enquadramento para a ação, com uma direção definida. Permite a escolha das técnicas e
práticas metodológicas a usar numa investigação. As decisões sobre os métodos representam escolhas
estratégicas.
O debate tem se focado na escolha entre 2 paradigmas: positivismo-lógico, que recorre a métodos
quantitativos e experimentais para testar generalizações hipotético-dedutivas e inquérito
fenomenológico, que recorre a abordagens qualitativas e naturalistas, para de forma indutiva e holística,
compreender a experiência humana num certo contexto.
Grande peso cultural e histórico do paradigma quantitativo/experimental.
Dificuldade em abandonar a dupla quantitativo vs qualitativo  limites à flexibilidade, adequabilidade e
criatividade.
Outra forma de encarar a investigação aposta num novo paradigma, que consegue articular escolhas
metodológicas de acordo com os objetos do estudo, as questões de investigação e recursos disponíveis
└- PARADIGMA DAS ESCOLHAS

Uma estratégia de investigação qualitativa pode envolver diversas características estratégicas


interrelacionadas, entre as quais:

Inquérito naturalista
Estudo de situações do mundo real. Não manipula variáveis. O olhar do investigador dirige-se para o que
ocorre naturalmente. Atitude de abertura para com o que emerge. Guba, o inquérito naturalista, evolve
uma abordagem orientada para a descoberta, minimizando a manipulação do investigador. É dado valor
à complexidade e dinamismo presentes no terreno, onde se desenvolve a investigação. Explora as
diferenças individuais na forma como cada um se relaciona e experiência as situações. A escolha entre
inquérito naturalista e uma abordagem experimental relaciona-se com o design da investigação.

Análise indutiva
Os métodos qualitativos são preferencialmente orientados para a descoberta, obedecendo a uma lógica
indutiva. Uma abordagem avaliativa é tanto mais indutiva quanto mais o investigador conseguir dar
sentido a uma situação sem impor expectativas preexistentes ao fenómeno em análise. Começa com
observações, que vão permitindo vários níveis de construção, rumo ao desenho de modelos. Não há
preocupação em definir “à prioris”, relações entre variáveism hipóteses que vão ser testadas.

Formas de análise indutiva: individual (parte de observações feitas a nível de indivíduos) e grupos,
organizações, comunidades (observações orientadas para características que fazem sentido para aquele
grupo, organização ou comunidade)  em ambos os casos, as conclusões e teorias formuladas são
sempre sustentadas, enraizadas num contexto específico, no mundo real.

Contacto pessoal direto


A investigação qualitativa envolve o contacto direto e pessoal com os participantes do estudo, no seu
próprio meio. Valoriza-se a aproximação do investigador à dinâmica presente na envolvente dos
indivíduos. Isto implica, o envolvimento no estudo para usar ativamente as palavras para interagir com os
sujeitos. É com o contacto pessoal direto que conseguimos ter a possibilidade de desenvolver um
conhecimento do real vivido pelos indivíduos e de se colocar no seu ponto de vista.

Perspetiva holística/global
O objetivo da investigação é compreender a globalidade das dimensões que caracterizam um certo
fenómeno. Parte-se da ideia de que a compreensão só é atingida quando o investigador se apropria da
grande complexidade que envolve o contexto (social, político, etc.), o que não é possível de ser atingido
pela tentativa de redução desta complexidade pela investigação quantitativa. O todo é considerado como
mais do que a soma das suas partes, uma vez que há interações e relações de influência, e
interdependência entre elas. Procura-se retirar uma “fotografia/imagem”, onde todas as dimensões
estejam visíveis. O objeto de estudo num certo contexto é entendido como uma situação particular e
única, com um significado próprio e singular, não aplicável a outras situações.
Perspetiva dinâmica e desenvolvimental
Se a envolvente está em mudança sistemática, a investigação tem de considerar e integrar o dinamismo
e o desenvolvimento na mesma. Não é possível, nem desejável procurar controlar a mudança, já que
assim estaríamos a tornar redutora a nossa investigação. Na investigação, o que surge de forma
imprevisível e inesperada não deve ser encarado como um erro, mas sim como sinal de diferença,
singularidade e complexidade, que devemos tentar compreender. A investigação pode ter como objetivo
compreender esta dinâmica e os seus efeitos holísticos sobre os sujeitos.

Cada caso é um caso


O estudo aprofundado e detalhado da investigação qualitativa faz com que se sustente num certo nº de
casos reduzidos, pelo que não tem ambição de generalização. Os casos são escolhidos pelo interesse que
estes podem ter para objeto de estudo em causa. O interesse destes estudos é o conhecimento de
situações particulares, captar dados de grande riqueza que favorecem a compreensão de um fenómeno.
O que é um caso? Pode ser uma pessoa, organização, comunidade, incidente critica, etc., que se distingue
por qualquer característica.
Neutralidade empática
Discussão em torno da objetividade/subjetividade da investigação vinda do positivismo-lógico).
Objetividade absoluta e ciência livre de valores são impossíveis de praticar, principalmente no estudo do
homem. Não é útil a discussão objetividade/subjetividade, porque o importante é a credibilidade incutida
à investigação. Como é conseguida a mesma? Através da atitude de neutralidade do investigador perante
o fenómeno que está a estudar. O investigador neutro entra na arena da pesquisa sem interesses
particulares a defender, sem teorias para provar e sem resultados predeterminados para suportar. Isto
implica: preparação do investigador sobre a necessidade de tomar consciência da sua perceção seletiva,
desvios possíveis e predisposições teóricas; preparação do investigador sobre a necessidade de assumir
procedimentos rigorosos na recolha de dados, para atender a uma multiplicidade de fontes de recolha;
uma relação com a envolvente, caracterizada pela empatia, ou seja, mostrando interesse pelos indivíduos
que participam na investigação, colocando-se na sua posição e neutralidade, não os julgando.

Empatia e insight
A capacidade para se colocar no ponto de vista do outro, a empatia, favorece o contacto com os seus
pensamentos, sentimentos e experiências. Esta é uma capacidade que permite nos dar sentido ao mundo
e desenvolver a nossa consciência. É através do envolvimento ativo do investigador que a metodologia
qualitativa favorece o insight, fornecendo ao mesmo as bases empíricas para descrever as perspetivas dos
outros e, ao mesmo tempo, legitimando os seus próprios pensamentos, sentimentos, insights como
partes integrantes da investigação.

Flexibilidade do design
Partindo do terreno, a investigação qualitativa, naturalista não se sustenta num design experimental
rigorosamente pensado (como faz a quantitativa). O design vai ganhando forma à medida que a
investigação se desenvolve, é emergente e resulta do pragmatismo que caracteriza esta investigação. O
que conduz a investigação são os dados que vão fazendo um certo sentido e que vão encaminhando o
investigador numa determinada direção, deixando outras para trás. Trata-se assim de um sistemático
processo de decisão que vai contribuindo para a definição do seu design.

Estas 9 características da investigação qualitativa são ideais estratégicos que permitem direcionar a ação
do investigador.
TRADIÇÕES E ORIENTAÇÕES TEÓRICAS NA INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA

Grande parte da investigação qualitativa se sustenta no inquérito fenomenológico/interpretativo (que se foca


na compreensão dos significados num determinado contexto social e usa a experiência e contacto pessoal
empático para conseguir insights)  cada uma pode apoiar-se em orientações teóricas diferentes.
Etnografia
Ligada ao conceito de cultura – o que se entende pela mesma: é um conceito centrado em questões
conceptuais; refere-se ao contexto, ao caráter histórico, a algo difícil de manipular; ligado à esfera do coletivo;
possuí influências da Antropologia, pois centra-se nos valores e nas ideologias partilhadas pelos coletivos num
certo contexto, visíveis por via dos valores, manifestações simbólicas, rituais, linguagem, heróis; É um estudo
descritivo da cultura dos povos, que inclui tradições, crenças, valores e costumes que são transmitidos de
geração em geração e que permitem a continuidade de uma determinada cultura.
Objetivo: descrever de forma mais aprofundada os comportamentos inseridos num determinado contexto
cultural.
Exemplo: existem muitos estudos acerca da cultura organizacional – papel dos valores partilhados sobre os
comportamentos numa determinada organização- “O cimento que mantém a organização através da partilha
de significados. Os valores, crenças e expetativas partilhados pelos seus membros”  permitem regular e
validar os comportamentos.
Fenomenologia
A fenomenologia interessa-se pela natureza de um fenómeno, naquilo que o faz ser o que ele é. Estes
fenómenos podem ser emoções, relações com os outros, relações com o trabalho, programas, culturas,
organizações. A investigação fenomenológica foca-se na exploração do modo como os seres humanos dão
sentido às suas experiências e as transformam em consciência, individualmente ou em conjunto, ou seja, como
as interpretam.
As suas bases são baseadas em estudos acerca das vivencias e experiências por via sensorial – 5 sentidos. É
graças aos sentidos que conseguimos ter contacto com o real, é por essa via que somos capazes de lhe (o real)
atribuir um significado.
Experienciar é um exercício de atribuição de significados. Este exercício envolve a negação da realidade, como
uma entidade palpável e objetiva; este exercício é intrinsecamente do domínio do subjetivo, do particular.
Da fenomenologia, emergem 2 implicações, no que se refere à investigação qualitativa:
1. o que se procura na investigação é aceder às vivências e aos significados atribuídos aos indivíduos a essas
mesmas vivências; ao que é mais profundo das vivências;
2. para o conseguir, o próprio investigador vivencia as mesmas experiências, o que faz da observação
participante uma técnica, por excelência da investigação qualitativa.
Exemplo:
Objeto de estudo: compreender a relação entre as condições de trabalho de um vendedor comissionista com
o stress negativo vivenciado.
O importante é compreender como cada comissionista se relaciona com a sua atividade laboral, que
significados atribui às diversas dimensões que caracterizam o seu trabalho, a sua relação com a clientela, com
os colegas, com a modalidade de remuneração. Assim, o investigador assume então o papel de vendedor
comissionista, visita clientes, participa nas reuniões de equipa, procura atingir objetivos de vendas, ...
Etnometodologia
Foca-se nos aspetos do dia-a-dia e nos seus detalhes, tais como, rotinas. Estuda a ordem social, combinando
partes da fenomenologia com as práticas sociais do dia-a-dia. É um método usado para aceder ao modo como
os membros de um grupo compreendem o seu mundo social e lhe dão sentido. Tenta compreender as normas
e significados que os próprios membros de uma comunidade não se apercebem e o modo como eles assim se
mantém ou transformam. Estuda os métodos que as pessoas usam para realizar tarefas e atividades no seu
dia-a-dia. Preocupa-se com o “como?” e não com o “porquê?”. Utiliza entrevistas profundas e a observação
natural face a situações novas (ex.: primeiras semanas no trabalho/escola). Nesta metodologia, ao contrário
das outras, o investigador pode manipular a realidade fazendo algo fora do comum (ex.: num elevador, em
vez de o investigador olhar para a porta, olha para as outras pessoas e vê como estas reagem – neste caso tem
como objetivo estudar a alteração do comportamento dos indivíduos perante uma situação invulgar).
Descrição da forma de aprender a viver em grupo de acordo com a sua cultura (Como é que elas atribuem
significados).
Interacionismo Simbólico
“Que símbolos e significados emergem para dar significado às interações?”
Dá enfase aos significados e interpretações como processos essenciais, pois as pessoas criam e partilham
significados através das suas interações tornando-as na sua realidade.
So através desses significados é que somos capazes de desenvolver uma abordagem compreensiva do
comportamento humano.
3 premissas do mesmo: agimos com base nos significados que atribuímos aos elementos que nos rodeiam; os
significados atribuídos a estes elementos resultam da nossa interação com os outros; esses significados são
geridos e vão sendo modificados através dum processo interpretativo que vamos pondo em marcha à medida
que nos vamos confrontando com novos elementos.
Valor desta orientação para a investigação qualitativa  está associado à simbologia, contruída pelos
sujeitos/grupos e que possui um grande valor para eles  o acesso aos símbolos e seus significados permite
ao investigador qualitativo compreender o comportamento humano.
Psicologia ecológica
“Qual a relação entre o comportamento humano e o meio?” Dois psicólogos partiram de observações não
participantes e conceberam o individuo e o meio como entidades interdependentes, dependem um do outro.
O comportamento humano é encarado na sua dimensão instrumental, ou seja, os comportamentos são vistos
como orientados para a concretização de objetivos, estudando como os comportamentos e as experiências
das pessoas estão relacionadas com os seus ambientes do quotidiano.
Esta abordagem centra-se na descrição detalhada dos contextos, não tanto nos aspetos mais voláteis, mas sim
nas dimensões mais estáveis.

Perspetiva e teorias sistémicas


Focada no debate entre a escolha de uma lógica mecânica e cartesiana ou uma lógica orgânica e holística para
ler os fenómenos. O pensamento sistémico tem profundas implicações na avaliação de programas e na análise
de políticas, onde as partes são frequentemente avaliadas em termos de pontos fortes, fracos e impactos,
com pouca consideração pelo modo como as partes são incorporadas e interdependentes com todo programa
ou política. Uma abordagem sistémica tornou-se das orientações centrais para os esforços do
desenvolvimento internacional nos últimos anos. Especificamente a abordagem dos sistemas para o
desenvolvimento, ilustra algumas maneiras únicas de se envolver em pesquisa qualitativa para apoiar o
desenvolvimento, intervenção e avaliação a partir de uma perspetiva sistémica.
Assim, a investigação e o desenvolvimento de um sistema requerem:
1. um esforço de equipa e um trabalho colaborativo em torno dos objetivos, valores e situação dos
participantes;
2. uma equipa interdisciplinar formada por representantes de diferentes áreas disciplinares;
3. ocorre no terreno, em campo e não em laboratório;
4. uma abordagem abrangente incluindo a atenção de todos os membros, operações, fontes e fatores que
afetam o seu desenvolvimento.
5. uma abordagem indutiva e exploratória começando pela investigação aberta sobre a natureza do sistema
na perspetiva daqueles que fazem parte do sistema.
7. Começa com descrição qualitativa a primeira tarefa da equipa é o trabalho de campo para descrever
qualitativamente o sistema.
8. É sensível ao contexto colocando o sistema nos ambientes ecológicos, culturais, políticos, económicos,
humanos e políticos dos quais faz parte.
9. É interativo, dinâmico e orientado a processos. A equipa interdisciplinar começa com a exploração indutiva,
depois passa a experimentar mudanças no sistema, observando os efeitos e adaptando-se a descobertas
emergentes. O trabalho é contínuo e de desenvolvimento.
10. É responsiva e adaptativa em termos situacionais. Existem muitas variações que dependem de problemas
prioritário, recursos disponíveis, preferências dos membros da equipa e possibilidades especificas da situação.
Uma abordagem de sistemas inclui observações diretas , analises indutivas e dedutivas, tudo dentro de uma
estrutura sistémicas.
A investigação qualitativa sustentada na perspetiva sistémica aborda o fenómeno como um todo, não estuda
as suas componentes isoladas. O sistema no fundo refere um conjunto de elementos em constante troca de
informação, ou seja, é mais benéfico estudar o fenómeno como um todo do que como componentes isolados,
por exemplo, para avaliar como é a interação entre famílias monoparentais não faz sentido falar com os pais
e os filhos de forma separada. Ex.2: sociedade = conjunto de organizações que se influenciam mutuamente,
ou seja, pensa nisto como uma visão sistémica, ver e perceber sistemas e deste modo interpreta-los.

Hermenêutica
Orientada para o estudo da compreensão interpretativa ou do significado, dando atenção ao contexto e ao
propósito (intenção) original. É uma abordagem teórica que auxilia a investigação qualitativa, pois tenta
responder à questão acerca de “quais as condições que tornam possível a interpretação dos significados de
um ato humano ou da produção de um dado produto?”.
Se num estudo der a entender que foi tido em conta estudos antigos, informação de livros ou citações, isto
implica uma interpretação de texto.
Princípio de Kneller:
- A compreensão de um ato humano ou de um produto, e toda a aprendizagem é como interpretar um texto;
- Toda a interpretação ocorre num determinado contexto, numa certa tradição;
- A mesma envolve a abertura do investigador a um texto/ou a algo análogo e o seu questionamento;
- O investigador deve interpretar um texto à luz da sua situação (pois se ele fosse outra pessoa, poderia se
centrar noutros aspetos).

Inquérito qualitativo orientacional


Sendo a investigação qualitativa indutiva e recorrendo ao inquérito naturalista, não parte de hipóteses pré-
determinadas. Pelo contrário, toda a teorização nasce do terreno, em que o investigador tem de manter um
espírito de abertura face à informação que vai apurando. Porém, coloca-se a questão “como se consegue esse
espírito de abertura” e se “será essa ambição muito irrealista”. A hermenêutica diz que na verdade nada pode
ser interpretado de forma totalmente livre, o investigador ao abordar uma problemática, ao mergulhar num
campo de investigação, já leva consigo uma certa perspetiva.
Pelo que, esta perspetiva deve ser explicada e integrada na interpretação dos significados e não dar a ideia de
que estes últimos nasceram somente do terreno  o investigador, logo de inicio, tem de assumir a opção por
um inquérito qualitativo orientacional, assumindo as suas opções ideológicas e teóricas  estas opções vão
condicionar a orientação da investigação, passando esta a procurar confirmações e não a sustentar-se numa
lógica heurística/de descoberta.
Ex.: Se o investigador se identifica com a perspetiva marxista, o seu estudo centra-se na vertente materialista
das relações sociais, pelo que o seu olhar irá focalizar-se, preferencialmente, nas lutas e nos conflitos de classe.

Estas 8 tradições / orientações teóricas usam a investigação qualitativa; Porém usam os métodos qualitativos
para diferentes objetivos, colocam questões de investigação diversas e interpretam os resultados à luz de
quadros de referência distintos.
Biografia
o Estudo de um único indivíduo quando esse material está acessível e o individuo está disposto a partilhar
essa informação
o Estudo de um indivíduo e das suas experiências relatadas ao investigador ou pesquisadas em fontes
documentais;
o Uso e recolha de documentos de vida que descrevem momentos de transição e chave na vida de indivíduos;
o O autor conta a história de um indivíduo, sendo este o foco central do estudo;
o A recolha de dados consiste em “conversas” ou história, em reconstruções de experiências de vida, assim
como observações dos participantes;
o O indivíduo recorda um evento particular da sua vida, uma revelação;
o O autor relata informação pormenorizada acerca do contexto histórico desse evento, situando-o também
em termos do contexto social;
o O autor está presente no estudo, refletindo acerca das suas próprias experiências e tendo noção de que o
estudo é a sua interpretação dos significados dos indivíduos em causa.

Grounded theory
Para gerar ou desenvolver teoria
- pretende gerar ou desenvolver teoria, um esquema analítico de um fenómeno relacionado com uma
situação particular;
- a situação em que indivíduos interagem, atuam e reagem a um fenómeno.

Estudo de Caso
Para examinar um caso, temporal e espacialmente localizado cuja imagem em profundidade deve ser explicitada
o exploração de um sistema ou de um caso (ou vários) – um acontecimento, um programa, uma atividade ou
indivíduos – ao longo do tempo, através de uma recolha de dados detalhada e profunda que envolva múltiplas
fontes de informação ricas em termos do contexto visado;
o este sistema é localizado temporal e espacialmente;
o identificação do “caso” a ser estudado e do seu contexto;
o o caso é um “sistema”, comprometido em termos temporais e espaciais;
o uso de múltiplas e extensas fontes de informação na recolha dos dados no sentido de construir uma imagem
detalhada do “caso”;
o considerável dispêndio de tempo na descrição do contexto do “caso”, situando-o nas suas várias dimensões
contextuais.

Estas 11 tradições / orientações teóricas possuem em comum o recurso a investigação qualitativa;


Porém usam os métodos qualitativos para diferentes objetivos, colocam questões de investigação diversas e
interpretam os resultados à luz de quadros de referência distintos.
Comparação entre as 5 tradições de investigação qualitativa (Creswell, 1998)
Foco Origem da Recolha dos Análise dos Forma narrativa
disciplina dados dados
Biografia Exploração da vida antropologia; sobretudo histórias, imagem
de um indivíduo literatura; entrevistas e revelações, detalhada da
história; documentos conteúdos vida de um
psicologia; históricos indivíduo
sociologia
Fenomenologia Compreensão da filosofia; entrevistas citações, descrição da
essência das sociologia; longas (até cerca significados, essência de uma
experiências psicologia de 10) temas de experiência
acerca de um significados,
fenómeno descrições gerais
de experiências
Grounded theory Desenvolvimento sociologia entrevistas com codificação teoria ou modelo
de uma teoria que 20-30 indivíduos aberta, teórico
emerge dos dados para “saturar” codificação axial,
de terreno categorias e codificação
fazer emergir seletiva, matrizes
teoria condicionais
Etnografia Descrição e antropologia sobretudo descrição, descrição do
interpretação de cultural; observações e análise, comportamento
um grupo social e sociologia entrevistas interpretação cultural de um
cultural durante um grupo ou
período indivíduo
considerável em
terreno (ex: de 6
meses a 1 ano)
Estudo de caso Desenvolvimento ciência política; múltiplas fontes: descrição, temas, estudo
de uma análise sociologia, documentos, declarações aprofundado de
aprofundada de avaliação; dados de um caso ou casos
um caso singular estudos arquivos,
ou de casos urbanos; entrevistas,
múltiplos outras ciências observações,
sociais etc.
OS CONCEITOS DE VALIDADE E FIDELIDADE E A(S) DIFICULDADE(S) DA SUA APLICAÇÃO NA
INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA
Fidelidade:
a. Refere-se à persistência de um instrumento de medida, na sua capacidade para obter os
mesmos resultados, se a pesquisa for replicada, independentemente de certas
circunstâncias consideradas “acidentais”;
Validade:
b. Refere-se à capacidade de um procedimento produzir um resultado válido, isto é, refere-se
à medida em se pode acreditar nos resultados de um estudo;
A discussão em relação a estas duas dimensões da IQ tem origens na Investigação Quantitativa.

A(s) dificuldade (s) da sua aplicação na Investigação Qualitativa


Merrick (1999), coloca as seguintes questões:
 Como posso avaliar a investigação se o que é considerado uma mais valia da investigação
qualitativa (exs. a abordagem heurística e indutiva, o uso do investigador como um
instrumento de recolha), é considerado uma fraqueza na investigação quantitativa?
Relatividade de critérios
 O que é que eu realmente procuro, quando avalio uma pesquisa, será a objetividade (Kirk
& Miller)? ou não será muito mais a sua qualidade (Merrick)?
 Serão os dois critérios – fidelidade e validade - os melhores para avaliar a qualidade de uma
investigação?

4 Diferentes posições sobre os critérios a considerar - Denzin & Lincoln


1. A posição positivista: toda a investigação deverá ser avaliada de acordo com o seguinte
conjunto de critérios: validade interna (resultados e interpretações credíveis), validade
externa (generalização e transferência de conclusões), fidelidade (avaliada através de um
processo rigoroso, como uma auditoria ao processo de investigação e aos resultados
aferidos) e ainda a objetividade (verificação se as interpretações, as conclusões e as
recomendações são congruentes com os resultados).

Por este motivo muitos apelidam a investigação qualitativa de “soft science”!

2. A posição pós-positivista: há que desenvolver um conjunto de critérios especificamente


para a investigação qualitativa. Porém diferentes autores desta posição não conseguem
chegar a acordo sobre quais os critérios a considerar.

3. A posição pós-modernista: não existem critérios para avaliar os resultados da investigação


qualitativa, já que a sua natureza e mundo que explora são opostos a este tipo de critérios.

4. A posição pós-estruturalista: um novo conjunto de critérios, totalmente divorciado da


tradição positivista precisa de ser construído e tem de nascer do próprio projeto qualitativo
e pode incluir subjetividade, emotividade, sentimentos e outros fatores afins.
A PERSPETIVA DE MERRICK – NOVOS CONCEITOS: CONFIANÇA, REPRESENTAÇÃO E
REFLEXIBILIDADE E A PERSPETIVA DE PATTON.
Posição de Merrick é a pós-positivista – há que definir um conjunto de critérios específicos para
a investigação qualitativa, através da redefinição da fidelidade e da validade dos processos:
Ex.: não podemos aplicar o conceito de fidelidade, como a replicação da pesquisa, conduzindo
as mesmos resultados, pois na IQ a replicação não é possível, uma vez que a investigação é fruto
de uma construção única e que, mesmo que se tratasse do mesmo investigador, no mesmo
contexto, seria quase impossível alcançar os mesmos resultados, já que o contexto e o próprio
investigador são dinâmicos.

Assim, este autor prefere chamar a este critério – confiança / “confiável” (trustworthiness):
 Que tipo de métodos foram usados na recolha?
 Que tipo de métodos foram usados na análise dos dados?
 Quem conduziu a pesquisa?

3 Conceitos interrelacionados propostos por Merrick (1999) que visam constituir critérios de
avaliação da qualidade da IQ:

1. Confiança
 Envolve elementos que traduzem o que é considerado uma “boa prática”;
 De acordo com Stiles (1993, citado por Merrick,1999, p. 30), temos a considerar 4 elementos
que merecem confiança:
 Tornar clara, aberta e explícita a orientação d@ investigador/a, isto é, ser transparente
quanto às suas opções e ao seu papel enquanto instrumento da investigação (e não procurar
esconder o papel d@ investigador/a e o eventual enviesamento que este pode introduzir na
investigação);
 @ investigador/a tem de se envolver de forma intensiva e prolongada com o material /
dados;
 Triangulação de fontes, isto é, recurso combinado de diferentes dados vindos de diversas
fontes, no sentido de verificar a sua consistência;
 Partilha e discussão sobre o processo de investigação e sobre os resultados.
2. Reflexibilidade
 Trata-se da “autorreflexão disciplinada” (Wilkinson, 1988) que @ investigador/a conduz
sobre todo o processo de investigação;
 Refere-se ao esforço desencadeado pel@ investigador/a para clarificar o processo de
recolha, de análise e de interpretação dos dados;
 Traduz então o papel d@ investigador/a no processo de pesquisa, pelo facto de este procurar
compreender e representar os dados;
Ex.: Durante o processo de observação não participante de um grupo de toxicodependentes,
como foi “contornado” (e se o foi!) o efeito da presença do investigador? Que crenças e valores
sobre este tema acompanharam o investigador para o terreno? Que reflexões e críticas
podemos fazer?
3 Modalidades de Reflexibilidade

1. Pessoal – refere-se ao autoconhecimento do investigador (que interesses, valores,


orientações podem ter interferido no processo de investigação?);
2. Funcional – refere-se a uma análise sistemática à condução da pesquisa sobre, por ex., os
pressupostos teóricos que estão a servir como quadro de referência, ...
3. Disciplinar – refere-se a uma dimensão reflexiva mais abrangente, onde se questiona a
metodologia, o interesse do estudo, o impacto dos seus resultados para a comunidade, ...

3. Representação
 Refere-se à forma e conteúdo que @ investigador/a incute à representação do seu saber
(vindo ou não da pesquisa em causa);
 O ato de representar os dados não se refere apenas à descrição das nossas conclusões no
final do estudo; refere-se à totalidade do processo de investigação (Denzin & Lincoln, 1994,
citados por Merrick, 1999, p. 32);
 Certos autores/as (como Fine, 1992 e Lather, 1991) sugerem que as formas como
apresentamos os dados tem tanto a ver com o que somos e diz tanto sobre nós como diz
sobre @s noss@s participantes e sobre as nossas conclusões;
 Desta forma, a dificuldade está na capacidade d@ investigador/a saber distinguir o que
resulta das suas opções, valores, experiências e o que resulta dos dados recolhidos junto d@s
participantes e/ou documentos.

A perspetiva de Patton
Para este autor, a credibilidade e a qualidade de uma investigação dependem de três elementos:
1. Métodos e das técnicas
2. Credibilidade do próprio investigador
3. Paradigma construtivista/interpretativo, fenomenológico
Promoção da qualidade e credibilidade na IQ: técnicas e métodos, investigador e paradigma
1. Rigor na escolha e utilização dos métodos e das técnicas, tendo em vista apurar dados
credíveis e de qualidade;
2. Credibilidade do próprio investigador que está dependente da solidez da sua formação e da
sua experiência;
3. Respeito total pelo paradigma de base da investigação qualitativa –
construtivista/interpretativo, fenomenológico. A falta de crença e de respeito pelos
princípios subjacentes a este paradigma, põe em risco a qualidade da invest. quali.
Técnicas para aumentar a qualidade da análise:
1. Procura de explicações alternativas – procurar deixar a forma como estamos a relacionar e
a interpretar os dados e procurar outras maneiras, por exemplo, combinando os dados de
outra forma, encontrando outras grelhas de leitura do fenómeno;
2. Integrar os dados “negativos”, isto é, os dados que contrariam a nossa leitura do fenómeno.
Considerar outras explicações para o que surge de “inesperado”, por vezes, “indesejado”;
3. Triangulação de métodos, de fontes, de analistas e de teorias/perspetivas;
4. Verificação do design – contexto.
3. Triangulação
- Se eu usar vários métodos e técnicas de recolha – ex. entrevistas e observação – posso
potenciar a consistência dos resultados? (posso também combinar IQ com I Quantitativa).
- Se usar o mesmo método e diversificar as minhas fontes – ex. entrevistas com educadores e
pais de x infantários, obterei consistência?
- Se mostrar os resultados a diferentes analistas / investigadores, obterei explicações similares?
- Se eu recorrer a diferentes modelos teóricos explicativos, consigo enriquecer a minha leitura,
aumentar a minha compreensão sobre os resultados?
4. Verificação do design
Trata-se de garantir que os métodos selecionados e os dados recolhidos tiveram em
consideração as especificidades do contexto onde a investigação foi conduzida;
As opções que fomos fazendo em termos do design da investigação – grupo de participantes,
momento da recolha, situação envolvida na recolha - podem ou não ter interferido nos
resultados?
Ex.: Pretendo estudar, através de observação, as modalidades de interação dos estudantes da
Universidade Lusíada do Porto no contexto da Associação Académica (AA). Escolho certos
participantes e certos momentos para proceder às observações. Mas, serão estes os que melhor
me ajudam a desenvolver uma abordagem compreensiva deste fenómeno? Eu incluí, por ex., os
momentos de eleições, as fases de preparação de seminários ou tertúlias? ou ainda outros
marcantes na dinâmica da AA?

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