You are on page 1of 122

CONTABILIDADE

EMPRESARIAL
Marcelo Thomé
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 2

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE E REGIMES Aspectos sobre a estrutura básica da  39
CONTÁBEIS3
contabilidade39
Introdução a Contabilidade 4
Síntese56
A contabilidade nos tempos atuais 6
REGISTROS CONTÁBEIS (ESCRITURAÇÃO)  58
Entendendo a contabilidade 7
ESCRITURAÇÃO59
Conceitos de Contabilidade 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
Fórmulas de Lançamento 64 Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107.
Funções e áreas de atuação da contabilidade 17 Caxias do Sul/ RS
Síntese79
Profissional Contábil 21 REITOR
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUAS Claudino José Meneguzzi Júnior
A Contabilidade na Administração das  22 ANÁLISES81 PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Empresas 22 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 82 Altair Ruzzarin
DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
Usuários das Informações Contábeis 23 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO  90 Lígia Futterleib

Síntese30 EXERCÍCIO (DRE) 90 Desenvolvido pela equipe de Criações para o


ensino a distância (CREAD)
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE  32 Síntese118 Coordenadora e Designer Instrucional
Sabrina Maciel
Princípios de contabilidade e normas  33 REFERÊNCIAS 120 Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
Igor Zattera, Gabriel Olmiro de Castilhos
Revisora
brasileiras de contabilidade 33 Luana Reis
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 3

INTRODUÇÃO À
CONTABILIDADE
E REGIMES
CONTÁBEIS
A Contabilidade representa, hoje, uma fonte
muito importante de conhecimento, dispondo
de recursos que permitem registrar dados,
avalia-los e transformá-los em informações
relevantes para a tomada de decisões no
âmbito empresarial.
Nesta primeira unidade iremos abordar os principais con-
ceitos sobre a prática da contabilidade. Esses conceitos possi-
bilitarão o entendimento e a compreensão nas questões mais
práticas que veremos ao longo do curso. Portanto, no decorrer
dessa unidade, você aprenderá sobre como surgiu a Contabi-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 4

lidade, sua história e evolução. Por fim, terá contato com os o seu negócio. Se eles não tiverem as informações corretas,
termos contábeis, conhecendo de maneira simples e direta o podem de certa forma, comprometer a continuidade do seu
sistema contábil e a base para uma contabilidade eficiente. negócio. Aqui entra a Contabilidade.

Introdução a Contabilidade A Contabilidade é a grande aliada nesse processo, conforme


Marion (2012, p.25) “ela coleta os dados econômicos, mensu-
Diariamente, estamos tomando decisões. Nos pergunta- rando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os
mos: qual roupa iremos vestir? Que horas iremos dormir? O em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem
que vamos comer? Quais tarefas precisas cumprir hoje? Entre sobremaneira para a tomada de decisões”.
outras, mas também temos decisões mais difíceis, por exemplo,
que profissão escolher? Será que compro um apartamento ou Breve histórico da contabilidade
um veículo?
A Contabilidade é tão antiga quanto a origem da humidade.
Para essas decisões mais importantes precisamos ter um
As primeiras manifestações humanas da necessidade social, já
cuidado maior. É necessário avaliar bem e analisar todas as
demonstravam a necessidade de controle patrimonial.
variáveis, pois essas decisões irão refletir em toda sua vida, de
forma positiva ou não.
Desde os tempos pré-históricos, dos homens das cavernas,
Nas empresas a situação não é diferente. Com muita fre- já era possível verificar a existência de contabilidade, mesmo
quência os gestores estão tomando decisões importantes para que de forma bem simples, ao registrarem, através de desenhos,
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 5

nas paredes todas as ferramentas de caça e pesca e animais intitulado “Summa de arithmetica, geometria, proportioni et
disponíveis para o homem primitivo. Tratava-se de um verda- proportionalita” (Coleção de conhecimentos de aritmética,
deiro inventário, no qual era possível visualizar de forma clara geometria, proporção e proporcionalidade).
e simples os recursos (ou patrimônio) de que dispunham os
habitantes das cavernas para a sua sobrevivência. Nesse período O livro publicado em Veneza no ano de 1494, continha
o homem das cavernas, por se sentir ameaçado, já fazia uso da um capítulo sobre contabilidade expondo o “Particulario de
sua contabilidade para verificar os recursos disponíveis para Computies et escripturis” que é popularmente conhecido como
aquele momento. o método das partidas dobradas. Diferentemente do que muitos
pensam, Luca Pacioli não é o inventor da contabilidade e tão
Posteriormente, com o surgimento das civilizações, as pri- pouco inventou os preceitos relacionados as partidas dobradas.
meiras técnicas de contabilidade começavam a ser desenvolvidas Tal método já era utilizado na época e apenas ganhou publi-
em razão da necessidade de comércio. De acordo com Costa, cidade após ser exposto em sua obra.
(2010, p. 21) pode-se afirmar que muito de nossa história
somente foi descoberta pelos registros contábeis realizados.

O frei franciscano Luca Pacioli, que viveu entre os anos


de 1447 a 1517, é considerado o pai da contabilidade moderna.
Sua participação e importância se dá devido a um capítulo de-
dicado ao método das partidas dobradas em livro de sua autoria
Fonte: Link.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 6

A contabilidade acompanhou a evolução da humanidade. A contabilidade nos tempos atuais


Com as crescentes exigências do mercado econômico, surgiu
a necessidade da abertura de cursos e escolas de contabilidade As constantes mudanças, principalmente aquelas relacio-
no Brasil, para assim desenvolver técnicas que acompanhassem nadas ao conhecimento, estende seus efeitos a vários segmentos
as mudanças que estavam sendo percebidas, com o propósito da sociedade. A profissão contábil provavelmente é uma das
de formar profissionais da contabilidade que atendessem às que mais sofrem influências do processo de globalização, pois
expectativas dos usuários do início do século passado. cada vez mais há a necessidade de profissionais que avaliem e
registrem os aspectos econômicos e financeiros das empresas e
A contabilidade teve ainda como aliado o desenvolvimento dos investidores, ajudando-o na melhor adequação dos gastos,
do mercado de ações e o fortalecimento da sociedade anônima no melhor perfil de endividamento, nos avanços tecnológicos,
como forma de sociedade comercial, passando a ser considerada no encurtamento do ciclo de produção, no aumento da quali-
também como um importante instrumento para a sociedade. dade e na efetividade do resultado econômico.
Ficou concebido que os usuários das informações contábeis
já não eram mais somente os proprietários; outros usuários A contabilidade como ciência social absorve as diversas in-
também tinham interesses em saber sobre uma empresa, como, fluências sociais, ambientais e tecnológicas, passando a oferecer
sindicatos, governo, bancos, investidores, entre outros. informações com o objetivo de alcançar o interesse da sociedade,
satisfazendo as exigências dos seus usuários, adaptando-se aos
novos tempos. Como já é do nosso conhecimento, faz parte do
seu contexto gerar informações em tempo real para o processo
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 7

de controle, planejamento e tomada de decisão, bem como Você precisa de um Capital.


informações que atendam a um público cada vez mais amplo.
- O que é capital?
Entendendo a contabilidade
Capital pode ser uma importância em dinheiro com a qual
Para um melhor entendimento do que é Contabilidade, sua você irá comprar tudo de que precisa para montar o seu negócio.
finalidade e aplicação, vamos trazer essas definições através de
uma história ilustrativa adaptada a partir de Ribeiro (2010): Suponha então que você possua R$ 50.000,00, importância
suficiente para iniciar suas atividades comerciais.
Imagine que você decidiu ser empresário e abrir um ne-
gócio próprio, resolveu constituir uma empresa para compra Pronto! Esse montante de R$ 50.000,00 é o seu Capital
e venda de calçados. Inicial.

Até o presente momento, você só tem uma vontade, ou - Pois bem, agora que já tenho o dinheiro, qual é o próximo
seja, torna-se um comerciante, a partir daí surgem os primeiros passo?
questionamentos:
Antes que você comece a comprar alguma coisa, é preciso
- Eu vou constituir uma empresa com o quê? O que preciso providenciar um local para se instalar.
ter em mãos para montar um negócio?
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 8

- Local? - Legalização da minha empresa?

Você precisa de um estabelecimento, que pode ser uma A legalização consiste no registro da empresa em vários
casa, uma sala, um pavilhão... órgãos públicos, para que ela adquira personalidade jurídica.

Suponha, então, ter assinado um contrato de locação de - E o que personalidade jurídica?


um imóvel situado na sua cidade, em local privilegiado, no
qual instalará sua empresa. Com a assinatura do contrato de Veja bem: você é uma pessoa física, é um pessoal natural,
locação, você não precisou dispor de nenhum dinheiro hoje, quando você nasceu, seus pais fizeram o registro no cartório
mas se comprometeu a pagar a importância de R$ 1.000,00 do registro civil. A certidão de nascimento foi o primeiro do-
de aluguel mensal, e o valor do aluguel referente a esse mês cumento que comprovou a sua existência perante a sociedade,
será pago no dia 10 do mês seguinte, e assim sucessivamente. dando-lhe condições de exercer a sua cidadania. As empresas,
em geral, sob o ponto de vista legal, também são consideradas
- Está bem, agora já tenho o capital e ponto comercial, e pessoas, não de existência física, mas de existência jurídica.
agora o que farei? Para que as empresas adquiram personalidade jurídica e possam
exercer as suas atividades mercantis precisam ser registradas
Agora você precisa procurar um escritório de contabilidade, em vários órgãos públicos.
para providenciar a legalização da sua empresa.
- Como efetuarei os registros, e em quanto tempo minha
empresa ficará legalizada?
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 9

O contador do escritório de Contabilidade que você esco- - Móveis e Utensílios?


lheu redigirá petições, preencherá documentos e formulários,
recolherá taxas e entregará a documentação exigida em cada Compreendem os bens adquiridos para uso próprio, suponha
um desses órgãos. Se a documentação apresentada estiver em ter adquirido os seguintes bens: Duas vitrinas, quatro balcões,
ordem, dentro de 20 a 30 dias sua empresa estará legalizada e cinco prateleiras, uma caixa registradora, dez cadeiras, cinco
você poderá providenciar as primeiras compras. sofás, cinco tapetes e oito espelhos. Por todos esses bens, você
pagou a importância de R$ 12.000,00. Mandou instalar um
Suponhamos agora que já se passaram 30 dias desde o telefone gastando mais R$ 500,00.
momento que você decidiu se tornar comerciante. Vamos as-
sumir, também que dos R$ 50.000,00 do seu capital social, - E os calçados para a venda?
você pagou R$ 1.000,00 ao escritório de contabilidade que
providenciou a legalização da sua empresa. Pois bem, agora sim deverá adquirir as mercadorias.

- Agora que minha empresa está devidamente legalizada, - E eu não poderia considerar tudo junto, não é a mesma
qual será o próximo passo que deverei dar? coisa?

Imagine que neste momento, você esteja abrindo as portas A palavra “Mercadorias”, serve para representar os bens que
do seu ponto comercial. A sala está vazia, pense nos móveis e a empresa compra para revender, neste caso, são os calçados.
utensílios que deverá comprar para equipar sua loja. Que irão para o Estoque.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 10

Suponha, então ter adquirido R$ 30.000,00 em Mercado- 1. Qual é o valor do Capital de sua empresa?
rias, sendo R$ 20.000,00 à vista, em dinheiro, e R$ 10.000,00
a prazo para pagamento em 30 e 60 dias. 2. Quanto, em dinheiro, você gastou até o presente momento
e qual é o saldo que possui em Caixa?
Depois disso a empresa está instalada, montada. Você gastou
parte do seu Capital Inicial, contraiu uma Obrigação (terá de 3. Qual o valor do estoque de Mercadorias da sua empresa?
pagar R$ 10.000,00 para o fornecedor das Mercadorias, em
60 dias) e, a partir deste momento, já pode abrir as portas de 4. Qual o valor das suas Obrigações?
sua loja e começar a trabalhar.
Acreditamos que não foi difícil, com poucos cálculos você
Vamos supor que durante o processo de legalização de sua
deve ter respondido sem dificuldade. Confira as respostas:
empresa, você tenha contratado uma empreiteira de obras, que
efetuou pequenos reparos no imóvel visando adaptá-lo melhor
1. O valor do Capital é R$ 50.000,00;
ao fim desejado, incluindo parte de hidráulica, elétrica, alve-
naria e pintura, tendo pago a importância de R$ 2.300,00 em
2. Gastou R$ 35.500,00 e o saldo em Caixa é de R$
dinheiro.
14.500,00;

No sentido de relembrar todo o processo que trouxemos


3. O valor do estoque de Mercadorias é de R$ 30.000,00;
até aqui, tente responder as perguntas abaixo:
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 11

4. O valor das Obrigações é de R$ 10.000,00. você passará a ter uma Obrigações para o pagamento
futuro;
Agora a sua empresa existe, então, você poderá abrir as
portas e colocá-la em funcionamento. Mas uma pergunta se b. outras pessoas entrarão na sua empresa para comprar as
faz necessária nesse momento. Vamos à ela: suas Mercadorias. Essas pessoas são conhecidas nos meios
comerciais por Clientes; logo, você venderá para elas, à
- Qual é o principal objetivo do seu negócio?
vista ou a prazo. Quando a venda for efetuada a prazo,
você passará a ter direito para o recebimento futuro.
Você responderá, certamente, que é a obtenção de lucros.

- Afinal, é o Fornecedor quem vende para mim ou sou eu


Mas, para obtenção de lucros, a sua empresa precisa vender
quem compra do Fornecedor?
as suas Mercadorias.

As duas coisas acontecem, tendo em vista que estamos


Para que as transações comerciais possam acontecer na sua
diante de uma operação de compra e venda. Contudo, o correto,
empresa, todos os dias vão entrar pessoas com duas finalidades:
sob o ponto na visão contábil, é que você raciocine sempre se
colocando em lugar da sua empresa. Pense assim: Eu compro
a. algumas pessoas entrarão na sua empresa parra lhe vender
do Fornecedor, logo, quando a compra for efetuada a prazo, a
Mercadorias. Essas pessoas são conhecidas nos meios
palavra Compras estará ligada à palavra Fornecedores e a palavra
comerciais por Fornecedores; logo, você comprará delas, à
Fornecedores, por sua vez, estará ligada à palavra Obrigações.
vista ou a prazo. Quando a compra for efetuada a prazo,
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 12

- Afinal, é o Cliente quem compra de mim ou sou eu quem c. Clientes, Fornecedores, bancos, Governo, empregados,
vende para o Cliente? etc. (pessoas físicas e pessoas jurídicas).

Neste caso, o raciocínio, é o mesmo já explicado na relação As pessoas, que, direta ou indiretamente, se relacionam
de sua empresa com o Fornecedor. Eu vendo para o Cliente, com sua empresa, como Clientes, Fornecedores, bancos, etc.,
logo, quando a venda for efetuada, a palavra Vendas estará são conhecidas nos meios comerciais, em relação à sua empresa,
ligada à palavra Clientes, e a palavra Clientes, por sua vez, por Terceiros. Esses Terceiros movimentarão o Patrimônio da
estará ligada à palavra Direitos. sua empresa por meio de quatro operações principais: Compras,
Vendas, pagamentos e recebimentos.
Portanto, compra a prazo resulta em Obrigações para pagar
ao Fornecedor; e a venda a prazo resulta em Direito a receber É evidente que, além desses acontecimentos, no cotidiano
do Cliente. das empresas ocorrem outros, como admissão e demissão de
empregados, o recebimento e o encaminhamento de correspon-
Observe quantas pessoas estão envolvidas no seu negócio: dências, o fornecimento de cotações de preços de Mercadorias
por telefone, a organização de Mercadorias nas prateleiras e nas
a. Você, proprietário, titular da empresa (pessoa física); vitrines, depósitos e saques de dinheiro em estabelecimentos
bancários etc. A essa movimentação do Patrimônio dá-se o
b. A sua empresa (pessoa jurídica); nome de Gestão.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 13

É importante salientar que esses acontecimentos que dia- vende não só calçados, como também artigos de coura em geral
riamente ocorrem na empresa, responsáveis pela gestão do (bolsa, cintos, carteiras, luvas, malas etc.), inclusive materiais
Patrimônio, podem ou não interferir no Patrimônio. Por um esportivos, os quais você vende no atacado e no varejo; mon-
lado, quando os acontecimentos interferem no Patrimônio, tou no quarto andar uma lanchonete, para maior conforto da
aumentando-o ou diminuindo-o, eles são classificados como clientela; possui cadastrados mais de 10 mil Clientes, oriundos
Fatos Administrativos, é o caso das Compras, das Vendas, não só de sua cidade, como também de todas as cidades da
dos pagamentos e dos recebimentos. Por outro lado, aqueles região, para os quais vende à vista e a prazo; mantém contato
acontecimentos que não interferem no Patrimônio recebem o com mais de 200 Fornecedores, sendo alguns do exterior, dos
nome de Atos Administrativos, como é o caso de demissões e quais compra Mercadorias; possui mais de 100 empregados
admissões de empregados, atendimentos de telefonemas, rece- entre vendedores, gerentes, contadores, escriturários, motoristas
bimento e encaminhamento de correspondências, assinaturas serventes, faxineiros, vigias etc.; movimenta contas-correntes
de contratos de locação etc. em dez estabelecimentos bancários diferentes. A todo instante
podemos ver Clientes comprando à vista e a prazo, efetuando
Imaginemos dois anos depois da data de constituição de pagamentos de prestações, preenchendo cadastro etc.
sua empresa. Daquela época quando era aquela pequena loja,
restam apenas lembrança. Durante esse tempo, você ampliou o
seu negócio. Comprou imóvel e o transformou em um prédio
de quatro andares; construiu nas dependências do imóvel vários
galpões para estocar as Mercadorias; diversificou-as; e agora
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 14

Ao constatar o sucesso de sua empresa, responda as per- ceiro, qual o montante dessa aplicação e quais são elas?
guntas abaixo:
7. Enquanto importam as suas Obrigações e quais são os
1. Qual o valor do Capital da sua empresa hoje? nomes dos seus Credores?

2. Quanto você gastou em dinheiro até o presente momento, 8. Quais são as suas Obrigações fiscais, trabalhistas e pre-
considerando desde o dia em que a constituiu, e qual o videnciárias para os próximos 30 dias?
saldo em Caixa?
9. Quanto você deve a seus Fornecedores de Mercadorias e
3. Qual o valor do estoque de Mercadorias? quanto terá de desembolsar ainda hoje, amanhã, daqui
a dez dias e daqui a 30 dias para pagá-los?
4. Quais são os tipos, modelos, marcas, tamanhos, cores,
etc., da Mercadorias estocadas? 10. Quantos Clientes você tem, quantos são pontuais e quan-
tos são inadimplentes?
5. Qual montante de dinheiro você tem depositado nesse
momento, considerando todas as suas contas-correntes 11. Quanto você tem para receber de seus Clientes ainda
bancárias? hoje, amanhã, daqui a dez dias e daqui a 30 dias?

6. Se parte do seu dinheiro está aplicado no mercado finan- 12. Quanto vale o Patrimônio da sua empresa hoje?
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 15

13. Quanto você apurou de Lucro? Ou será que apurou Conceitos de Contabilidade
Prejuízo em seu negócio?
A Contabilidade constitui, como já citado, um dos conhe-
Diante desse cenário, as perguntas acima não serão respon- cimentos mais antigos de que se tem notícia. A importância
didas com tanta facilidade como as anteriores, tendo em vista desse ramo do conhecimento para o progresso dos negócios é
que naquele outro cenário, a sua empresa era recém-constituída. indiscutível, pois não se pode imaginar uma entidade, pública
ou privada, desprovida de contabilidade.
Acho que já deu para você perceber que há necessidade de
manter um controle do seu Patrimônio, e é exatamente aí que Essa área apresenta termos técnicos que chamamos de ter-
a Contabilidade entre em cena. minologia ou nomenclatura, que são essenciais na linguagem
comercial. É a linguagem que o administrador precisa conhecer
Mediante o conhecimento e a aplicação das técnicas con- e se familiarizar. Por isso, muitos autores desenvolvem defini-
tábeis, você poderá ter um controle permanente e eficiente da ções próprias sobre o que se entende por Contabilidade e, ao
gestão do Patrimônio da sua empresa, obtendo informações analisarmos, poderemos formar um enunciado que nos dará a
econômicas, financeiras ou de outra natureza, quando precisar. noção exata de o que é contabilidade.

A contabilidade estuda e pratica as funções de orientação


e controle de todos os atos e fatos administrativos, mantendo
assim um controle permanente do seu patrimônio.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 16

A palavra contabilidade deriva do latim computare (contar, A definição de contabilidade segundo Franco (1997) é:
computar, calcular). Apesar disso, não se deve confundir con- “Ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades,
tabilidade com matemática, pois o profissional de contabilidade mediante registro, a demonstração expositiva e a interpretação
não precisa conhecer matemática na sua profundidade, mais dos fatos nela ocorridos, com o fim de oferecer informações
sim, trabalhar com cálculos e operações básicas da matemática. sobre sua composição e suas variações, bem como resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”.
Podemos também definir a contabilidade como uma ci-
ência social que tem por objetivo medir, para poder INFOR- Para Crepaldi (2004), é o ramo da contabilidade que tem
MAR, os aspectos quantitativos e qualitativos do patrimônio por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de
de quaisquer entidades. Constitui um instrumento para gestão empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada
e controle das entidades, além de representar um sustentáculo para melhorar a utilização dos recursos econômicos da empresa,
da democracia econômica, já que, por seu intermédio, a socie- através de um adequado controle de insumos efetuado por um
dade é informada sobre o resultado da aplicação dos recursos sistema de informação gerencial.
conferidos a entidades.
A contabilidade é indispensável para que a empresa realize
Já, segundo Ribeiro (2010), a contabilidade é uma ciência negócios e, nesse aspecto, se apresenta como o grande pilar na
que possibilita, por meio de suas técnicas, o controle perma- veracidade da informação e, consequentemente, na credibilidade
nente do Patrimônio das empresas. da companhia perante o mercado, investidores e pessoas que
se valem dessas informações para algum fim.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 17

Portanto, podemos dizer o que a contabilidade é a ciência gistrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os
que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações que fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objeti-
nele operam os atos e fatos administrativos, demonstrando no vando fornecer informações, interpretações e orientação sobre
final de cada exercício social o resultado obtido e a situação a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de
econômico-financeira da entidade. (FABRETTI, 1997). decisões de seus administradores”.

Funções e áreas de atuação da contabilidade Crepaldi (1995, p. 24) por sua vez diz que “a contabili-
dade é um dos principais sistemas de controle e informação
As maiores funções da contabilidade são: das empresas. Com a análise do balanço patrimonial e da
demonstração do resultado do exercício é possível verificar a
• Função administrativa: controlar o patrimônio situação da empresa, sob os mais diversos enfoques, tais como:
análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de
• Função Econômica: nas empresas, consiste em apurar o capitais próprios e de terceiros, os bancos, as financeiras, aos
lucro ou prejuízo, ou seja, calcular o resultado econômico clientes, etc.”.
apresentado em determinado período.
Essas informações são indispensáveis à orientação admi-
Dentre alguns autores, podemos citar os seguintes conceitos: nistrativa, permitindo maior eficiência na gestão econômica
e financeira da entidade e no controle de bens patrimoniais.
Franco (1997, p.19), que a função da contabilidade “é re-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 18

Favero et All (1997, p. 13) fala da função da contabilidade A partir dos autores citados acima podemos então dizer
e diz que é “analisar, interpretar e registrar os fenômenos que que as principais funções da Contabilidade são: registrar, or-
ocorrem no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas bus- ganizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações
ca demonstrar a seus usuários, através de relatórios próprios do patrimônio em virtude da atividade econômica ou social
(Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração das que a empresa exerce no contexto econômico. De uma forma
Mutações de Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros resumida podemos explicar cada função assim:
ou Prejuízos Acumulados, Balanço Patrimonial, Demonstração
de Origens e Aplicações de Recursos e outros), as informações a. Registrar: todos os fatos que ocorrem e podem ser re-
sobre o comportamento dos negócios para a tomada de decisões”. presentados em valor monetário;

Noble (1956, p. 08) fala que é “registrar, analisar e clas- b. Organizar: um sistema de controle adequado à empresa;
sificar e sintetizar as atividades e os efeitos dessas atividades
para cada empreendimento comercial”. c. Demonstrar: com base nos registros realizados, expor
periodicamente por meio de demonstrativos, a situação
Fundamental é sem dúvida a função de fornecer elemen- econômica, patrimonial e financeira da empresa;
tos para a correta gestão do negócio, permitindo tomada de
decisões eficazes. (Lembrar a diferença: eficiência é fazer bem d. Analisar: os demonstrativos podem ser analisados com
feito; eficácia é fazer o que tem que ser feito, da forma possível a finalidade de apuração dos resultados obtidos pela
e no momento certo). (FABRETTI, 1997) empresa;
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 19

e. Acompanhar: a execução dos planos econômicos da em- Contabilidade pública registrar as transações em função
presa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as deles, atuando como instrumento de acompanhamento
quantias a serem recebidas de terceiros, e alertando para dos mesmos. A Lei nº 4.320/64, constituindo-se na carta
eventuais problemas. magna da legislação financeira do País, determina nor-
mas gerais para a elaboração e controle dos orçamentos
A atuação da contabilidade é bem ampla. Para entender e balanços públicos.
melhor as áreas de sua atuação seguem abaixo de maneira geral
onde ela pode atuar: • Contabilidade Gerencial: auxilia a administração na
otimização dos recursos disponíveis na entidade, através
• Contabilidade Fiscal: auxilia na elaboração de infor- de um controle adequado do patrimônio, está voltada para
mações para os órgãos fiscalizadores, do qual depende o processo de gestão da entidade, municiando os gestores
todo o planejamento tributário da entidade, basicamente com informações e dados relevantes e fundamentais para
serve para atender a legislação fiscal do país, em todas uma adequada tomada de decisões.
as esferas governamentais, municipal, estadual e federal.
• Contabilidade Financeira: elabora e consolida as de-
• Contabilidade Pública: é o principal instrumento de monstrações contábeis para disponibilizar informações
controle e fiscalização que o governo possui sobre todos aos usuários externos.
os seus órgãos. Estes estão obrigados à preparação de
orçamentos que são aprovados oficialmente, devendo a
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 20

• Contabilidade e Auditoria: compreende o exame de • Contabilidade Atuarial: especializada na Contabilida-


documentos, livros e registros, inspeções e obtenção de de de empresas de previdência privada e em fundos de
informações, internas e externas, relacionadas com o pensão.
controle do patrimônio, objetivando mensurar a exati-
dão destes registros e das demonstrações contábeis deles • Contabilidade Social: informa sobre a influência do fun-
decorrentes. cionamento da entidade na sociedade, sua contribuição na
agregação de valores e riquezas, além dos custos sociais.
• Perícia Contábil: elabora laudos em processos judiciais
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
ou extrajudiciais sobre organizações com problemas fi-
A primeira profissão regulamentada no Brasil
nanceiros causados por erros administrativos.
A contabilidade foi a primeira profissão regulamentada no Brasil.
Ela surgiu com a criação do ensino comercial, em 1931, viabilizando
• Análise Econômica e Financeira de Projetos: elabora os negócios e acelerando o desenvolvimento econômico. Porém,
como não existia o curso superior de ciências contábeis, muitos
análises, através dos relatórios contábeis, que devem de- profissionais não tinham conhecimentos teóricos e técnicos
monstrar a exata situação patrimonial de uma entidade. suficientes para detectar os problemas de uma empresa e
recomendar suas soluções. Visando a solucionar isso, foi criado em
1945 o curso de Ciências Contábeis, que disponibilizava à sociedade
• Contabilidade Ambiental: informa o impacto do fun- um profissional capaz de compreender as questões técnicas,
científicas e econômicas que determinavam a resolução de tais
cionamento da entidade no meio ambiente, avaliando
problemas de forma mais eficaz.
os possíveis riscos que suas atividades podem causar na Assim, a contabilidade passou a dar mais respaldo aos gestores e
qualidade de vida local. profissionais de cargos administrativos para proporcionar a “saúde
financeira” de seus empreendimentos.
(Fonte: http://www.contabeis.com.br/artigos/827/o-contador. Acesso em 20 nov. 2017).
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 21

Profissional Contábil pois além de dominar a economia mundial, deverá conhecer


profundamente o processo de gestão da empresa, tomando
É o profissional que se dedica à atividade contábil. Esse decisão em um mundo diversificado e interdependente.
profissional, deve possuir um perfil muito diferente daquele
que ficou conhecido como “guarda-livros”, que simplesmente Marion (2012), complementa afirmando que, o profissional
exercia funções burocráticas e fiscais. contábil gerencia todo o sistema de informação, os bancos de
dados que propiciam tomada de decisões tanto dos usuários
O profissional contábil para o novo milênio é aquele que internos como externos. Toda a sociedade espera transparência
possui características dinâmicas, ou seja, domine a matéria dos Informes Contábeis, resultados não só de competência
técnica, atualizando-se constantemente; esteja aberto às di- profissional, mas, simultaneamente, de postura ética.
versidades e mudanças; tenha conhecimento sobre tecnologia
da informação e microinformática; tenha formação multidis- Hoje o mercado, não busca apenas mais um profissional
ciplinar, além de possuir responsabilidade social e ecológica, responsável apenas por fazer as contas da empresa ou apurar
agindo sempre com ética. seus impostos, mas sim, querem um profissional que saiba de-
senvolver seu trabalho com raciocínio, lógica, planejamento e
Conforme Santos (2014), o profissional contábil precisa se estratégia. O título contabilista se deve ao fato de a profissão,
adaptar e assumir o papel de gestor da informação e utilizar seus ao ser regulamentado pelo Decreto-lei no. 9.295/46 O profis-
métodos para interferir no processo decisório da empresa. A sional tem a formação para exercer a contabilidade. Dentre às
gestão de processos e habilidades é imprescindível ao contador, competências a ele relacionadas, pode escolher ser:
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 22

Técnico em Contabilidade – São os contabilistas que se seja, Lunkes (2007, p. 31) relata que o sistema de informação
formam em nível médio, ou seja, nos cursos técnicos de con- “é uma série de elementos ou componentes inter-relacionados
tabilidade. que coletam (entradas), registram, armazenam (processo) e
disseminam (saída) os dados e informações e fornecem um
Contador – São os contabilistas que se formam em nível mecanismo de retroalimentação”.
superior, como bacharel em Ciências Contábeis.
A Contabilidade possui um vocabulário específico e prin-
Tanto um quanto o outro só poderão exercer a profissão se cípios fundamentais para registrar as informações contábeis,
estiverem devidamente registrados em seu Conselho Regional servindo como um instrumento de análise, gerência e decisão,
de Contabilidade, sob pena de serem punidos por exercício utilizando-se das suas demonstrações para o gerenciamento
ilegal da profissão. e planejamento estratégico das entidades e para informar aos
administradores a situação econômica – financeira da empresa,
A Contabilidade na Administração das de modo a auxiliar na tomada de decisões, detectar as melhores
Empresas oportunidades de negócios, possibilitando a obtenção de maior
lucro e a redução de despesas desnecessárias.
A necessidade da utilização de ferramentas eficientes e que
possam resultar em informações integradas sobre a entidade se Através dessa troca de informação, o administrador terá
torna cada vez mais imprescindível para os administradores de as informações necessárias para poder atuar com competência
todas as etapas e processos das atividades organizacionais. Ou na execução da atividade operacional.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 23

Usuários das Informações Contábeis entre outros, existe uma demanda diferenciada de informações
contábeis. Por esse motivo, podemos dividir os usuários da
A Contabilidade pode ser considerada como “sistema de informação do seguinte modo:
informação destinado a prover seus usuários de dados para
ajuda-los a tomar decisões”. (MARION, 2012, p. 27). O au- Externamente, os maiores interessados são investidores,
tor a partir disso diz que usuário é “qualquer pessoa (física ou credores e governo. Para os investidores, os relatórios contá-
jurídica) que tenha interesse em conhecer dados (normalmente beis mostram a situação econômico-financeira da empresa, o
fornecidos pela contabilidade) de uma entidade”. (MARION, resultado de um determinado período e outras informações,
2012, p. 27). tais como os investimentos efetuados e o que lhes cabe em
termos de dividendos. Evidentemente, essas e outras informa-
A coleta (obtenção), o registro e a sumarização da infor- ções lhes possibilitam conhecer as vantagens e desvantagens de
mação econômica visam fundamentar o processo decisório de seu investimento e decidir sobre a conveniência de mantê-lo,
todas as pessoas relacionadas com as entidades, tais como os desfazer-se dele ou aumentá-lo.
administradores, os investidores, o Governo, os empregados,
O interesse dos credores é evidente. São, também, através
os financiadores e toda a sociedade, ou seja, aqueles que cons-
das demonstrações contábeis que eles decidem sobre a con-
tituem os agentes econômicos internos e externos.
veniência de emprestar ou não recursos para as empresas. As
demonstrações contábeis dão uma boa ideia da capacidade da
De acordo com o objetivo de cada usuário quanto à decisão
empresa de gerar recursos suficientes para a liquidação de seus
de investimentos ou financiamentos, distribuição de resultados,
compromissos nos prazos estabelecidos.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 24

Geralmente, os usuários são classificados como: A figura a seguir mostra a contabilidade e seus usuários:

Fornecedores
a. Internos: são as pessoas internas à entidade (gerentes, Investidores Bancos

diretores, administradores, funcionários em geral). Os Funcionários Sindicatos


usuários internos usam a contabilidade para ajudar no
processo de tomada de decisão. Entre as diferentes situ- Concorrentes Órgãos de Classe

ações em que é possível utilizar a contabilidade, citamos Governos Outros


Fonte: Adaptado de Marion (2012)
a situação na qual o administrador está estudando a
A seguir iremos falar um pouco de tipo e perfil dos prin-
viabilidade de uma filial. Por meio da mensuração do
cipais usuários das informações contábeis.
resultado pela contabilidade, será possível determinar o
fechamento (ou não) dessa filial.
• Acionista controlador, sócios e quotistas: São pessoas com
interesse na rentabilidade e segurança de seus investi-
b. Externos: são pessoas externas à empresa (acionistas,
mentos, que na maioria das vezes se mantêm afastadas da
instituições financeiras, fornecedores, governo, sindicatos)
direção das empresas. Esse grupo de usuário irá avaliar
que utilizam as informações contábeis para o processo
o retorno do capital comparado com o risco, valorização
decisório. Entretanto, ao contrário dos usuários internos,
da empresa, lucro e dividendos. O controlador observará
o acesso às informações é mais limitado, por possuir me-
em quantos anos retornará seu dinheiro investido na
nor possibilidade de obter informações sobre a entidade.
empresa e o desempenho de toda a gestão.
(SILVA, 2007).
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 25

• Administradores: são os agentes responsáveis pelas toma- • Acionista minoritário: aquele que se preocupa com o
das de decisões dentro de cada entidade a que pertencem. fluxo regular de dividendos e valorização da empresa.
Elas são realizadas através de ferramentas de gestão, no
sentido de atingir o retorno do capital e dos ativos, oti- • Empregados: são usuários internos e eles sabem se a
mização dos gastos realizados, otimização das decisões empresa tem capacidade de pagamento seus salários e
futuras, lucratividade do mix de produtos e participação se eles têm perspectivas de crescimento da empresa e
nos lucros. participação nos lucros.

• Financiadores: são os bancos, emprestadores de dinheiro, As informações contábeis para os vários tipos de usuários
capitalistas que tem como principal finalidade é a ren- possuem duas finalidades:
tabilidade e segurança de retorno de seus investimentos.
Portanto a sua preocupação é com a capacidade de pa- 1. Controle: Além de uma boa gestão pelas informações,
gamento e grau de endividamento. o controle é fundamental para evitar fraudes, desvios,
furtos.
• Governo e economistas governamentais: são os usuários
que exercem o poder de tributar e arrecadar impostos, 2. Planejamento: Através das informações contábeis extraí-
taxas e contribuições, além da formulação de diretrizes das das Demonstrações Financeiras e relatórios gerenciais,
da política econômica e das atividades do Judiciário e de traçar planos para o futuro da organização e garantir o
agências reguladoras. retorno desejado pelos acionistas.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 26

Objetivos da contabilidade Objeto da contabilidade

A contabilidade auxilia no processo de tomada de decisões O Patrimônio é o objeto da contabilidade. De acordo com
pela administração através de um fluxo contínuo de informações Carneiro (1960, p. 21), “é o patrimônio, sobre o qual se exerce
sobre os mais variados aspectos da gestão econômico-financeira a administração econômica, no sentido da sua permanência e
da empresa. De modo geral, essas informações são geradas produtividade, cujo conjunto constitui a azienda”.
pelo que se convencionou chamar de contabilidade gerencial.
Crepaldi (1995, p. 20) diz também que o objeto da conta-
Seu grande produto é o provimento de informações para bilidade “é o patrimônio. Tendo como premissa básica o fato
planejamento e controle, evidenciando informações referentes à de o patrimônio empresarial não ser estático, alterando-se a
situação patrimonial, econômica e financeira de uma empresa. cada operação, e sabendo que o volume de transações requer
um controle próprio”.
A finalidade principal da contabilidade, segundo Marion
(2012, p. 28) é “permitir a cada grupo principal de usuários Nesse sentido podemos definir patrimônio como “um
(pessoa física ou jurídica) a avaliação da situação econômica e conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma pessoa, ava-
financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer liado em moeda” (RIBEIRO, 2010, p. 15). É sobre ele que se
inferências sobre suas tendências futuras”. exercem as funções contábeis para o alcance de suas finalidades.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 27

A Resolução 774 de 16 de dezembro de 1994 do Con- dos chamados Regimes Contábeis.


selho Federal de Contabilidade (2000, p.30) estabelece que
“na Contabilidade, o objeto é sempre o patrimônio de uma A Contabilidade, para registrar os fatos contábeis, utiliza-
Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e obri- -se da escrituração, que pode ser processada por dois regimes
gações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a distintos:
um conjunto de pessoas, como ocorre sociedades informais,
ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, in- • Regime de Caixa
dependentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir
lucro”. Na verdade, o patrimônio é estudado em seus aspectos • Regime de Competência
qualitativos e quantitativos, e a própria Resolução refere que,
por aspecto qualitativo do patrimônio, entende-se a natureza Regime de competência
dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a re-
ceber, ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de O regime de competência é adotado pela Contabilidade
materiais ou de mercadorias, etc. das empresas, visando a dotá-las de uma fiel expressão mo-
netária de todos os seus Bens, Direitos e Obrigações repre-
Regimes contábeis sentativas da Estrutura Patrimonial. A adoção desse regime é
consubstanciada na Lei das SAs. Lei 6.404/76, em seu artigo
Iudícibus (2010), destaca que para se garantir com emba- 177, e no & 1º do artigo 187. Por esse regime, as receitas e os
samento seguro na tomada de decisões, a contabilidade se vale rendimentos ganhos no período, independentemente de seu
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 28

recebimento, serão lançadas no momento em que incorrem. Outro princípio, fundamental na gestão é o Princípio da En-
Os custos e despesas independem do seu pagamento, deverão tidade. Esse princípio determina que o Patrimônio da empresa
ser reconhecidos pelo regime de competência (no dia e mês não se confunda com o Patrimônio dos sócios.
que acontecerem e não pelo seu pagamento).
A revisão dos conceitos apresentados neste capítulo funda-
O Regime de Competência estabelece que as receitas e menta as bases para e entendimento da contabilidade e permite
gastos sejam contabilizados como tais no período da ocorrência ao interessado a compreensão dos próximos capítulos que serão
do seu fato gerador, não quando são recebidos ou pagos. apresentados.

Regime de caixa INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

Para se conhecer o resultado de um exercício, é preciso


O regime de Caixa consiste, assim, em classificar e reco- confrontar o total das despesas com o total das receitas
nhecer operações de uma pessoa jurídica pelo efetivo Ingresso correspondentes ao respectivo exercício. É o regime contábil
a ser adotado que definirá que despesas e receitas deverão
e Desembolso de Bens Numerários. Mais precisamente, sua
ser consi Assim, são dois os regimes contábeis conhecidos
adoção está, a rigor, voltada ao Fluxo Financeiro, ou FLUXO que disciplinam a apuração do Resultado do Exercício:
DE CAIXA de seu empreendimento. Regime de Caixa e Regime de Competência.
Regime de Caixa
Na apuração do resultado do Exercício devem ser
O princípio da Competência dos Exercícios determina o
consideradas todas as despesas pagas e as receitas
Regime de Competência para escrituração contábil no Brasil. recebidas no respectivo exercício, independentemente da
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 29

data da ocorrência de seus fatos geradores. Em outras


palavras, por esse regime somente entrarão na apuração do
resultado as despesas e as receitas que passaram pelo Caixa.
O Regime de Caixa somente é admissível em entidades sem
fins lucrativos, em que os conceitos de receita de despesa
se identificam, algumas vezes, com os de recebimento e
pagamento.

Regime de Competência
Desse regime decorre o Princípio da Competência de
Exercícios, e por ele serão consideradas, na apuração do /
resultado do Exercício, as despesas incorridas e as receitas
realizadas no respectivo exercício, tenham ou não sido pagas
ou recebidas.
De acordo com esse regime, não importa se as despesas ou
receitas passaram pelo Caixa (pagas ou recebidas); o que
vale é a data da ocorrência dos respectivos fatos geradores.
Nas entidades com fins lucrativos – empresas - são
fundamentais os conceitos de custo e de receita, que
envolvem o regime de competência, pois a elas não importa
o que foi pago ou recebido, mas o que foi consumido e
recuperado para apuração do resultado do exercício.
(Fonte: http://prosgi.com.br/Regimes/Regimes.htm. Acesso em 30 nov. 2017)
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 30

Síntese

Nessa unidade entendemos é o que a contabilidade, seu


conceito, quem a utiliza, de que de forma ela é aplicada no
nosso dia a dia, seu objeto e objetivo e o papel do contabilis-
ta. Descobrimos que contabilidade é a ciência que estuda e
controla o patrimônio das empresas, por fim compreendemos
que existem dois regimes contábeis, o regime de caixa e o de
competência.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 31

ATIVIDADES 6) Uma característica do Regime de Competência é:


1) O que é Contabilidade? ( ) Recebimento de Receita.
2) Como poderá ser constituído o Capital Inicial de uma ( ) Saída de dinheiro do caixa.
empresa?
( ) Pagamento de Despesa.
3) Quais são as operações mais comuns que provocam
( ) Consumo de Despesa.
movimentação no Patrimônio da empresa?
7) Regime de Competência é aceito:
4) O principal objetivo da empresa é:
( ) Somente pelo fisco.
( ) prestar serviço à coletividade.
( ) Somente pelos contabilistas.
( ) vender Mercadorias.
( ) Pelo fisco e pelos contabilistas.
( ) pagar impostos.
( ) É optativo.
( ) avaliar a situação financeira da entidade.
8) A empresa vendeu $ 15 milhões, só recebendo $ 5 milhões;
5) São usuários da Contabilidade:
teve como despesa do resultado $ 12 milhões, só pagando $ 1
( ) Fornecedores, Clientes e estoques. milhão. Os resultados pelos Regimes de Competência e Caixa
são, respetivamente:
( ) Dinheiro, bancos e Governo.
( ) 3.000.000 e 4.000.000.
( ) Mercadorias, Patrimônios e empresas.
( ) 4.000.000 e 5.000.000.
( ) Fornecedores, Clientes, bancos, administradores.
( ) 5.000.000 e 6.000.000.
( ) 5.000.000 e 1.000.000.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 32

NORMAS
BRASILEIRAS DE
CONTABILIDADE
As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC)
constituem-se num conjunto de regras e
procedimentos de conduta que devem ser
observados como requisitos para o exercício
da profissão contábil, bem como os conceitos
doutrinários, princípios, estrutura técnica e
procedimentos a serem aplicados na realização
dos trabalhos previstos nas normas aprovadas por
resolução emitidas pelo CFC.
Nesta segunda unidade, serão trabalhados os princípios de
Contabilidade e Normas Brasileiras, conceituando-as, também
abordaremos os aspectos da estrutura conceitual básica de
Contabilidade. Será ampliado o estudo sobre o patrimônio,
demonstrando como ele é estruturado e avaliado dentro da
contabilidade.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 33

Princípios de contabilidade e normas Um princípio para ser considerado como aceito deverá ser
brasileiras de contabilidade considerado praticável e objetivo pelo consenso profissional e
deve ser considerado útil, ou seja, deverá ter vencido o teste da
Os Princípios Contábeis do Brasil foram estabelecidos praticabilidade (relação custo x benefício).
pelo Conselho Federal de Contabilidade pela resolução CFC
O importante é salientar que a observância dos Princípios
750/93 e aperfeiçoados pela resolução CFF 774/94.
Contábeis é obrigatória no exercício da profissão e constitui
Os Princípios Contábeis são as premissas básicas acerca condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Conta-
dos fenômenos e eventos contemplados pela Contabilidade. O bilidade.
principal campo de atuação da Contabilidade é constituído pelas
empresas e procura captar e evidenciar as variações ocorridas Para entendermos melhor os princípios, vamos classificá-los
na estrutura patrimonial e financeira, em face das decisões da em três categorias, os quais são elas:
administração e também das variações exógenas que escapam
• Princípios Contábeis: constituem o núcleo central da
ao controle e ao poder de decisão da administração. No âmbito
estrutura contábil, delimitam como a profissão irá se
dessa realidade, o observador analisa as características do siste-
posicionar diante da realidade social, econômica e ins-
ma e chega a certas conclusões quanto ao seu funcionamento.
titucional admitida pelos postulados.
Tais conclusões, se aceitas pela classe contábil, tornam-se os
princípios, que têm a incumbência de proceder a uma nova • Restrições aos princípios contábeis fundamentais - Con-
análise da situação e modificar, adaptar ou mesmo substituir venções: determinam certos condicionamentos de apli-
os princípios originais. cação, numa ou noutra situação prática.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 34

• Postulados ambientais da contabilidade: anunciam con- sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Ou
dições sociais, econômicas e institucionais dentro das seja, o patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é
quais a Contabilidade atua, embasando-a para assumir verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios não
esta ou aquela postura diante de um fato. Sendo que resulta em uma nova Entidade, mas numa unidade de natureza
todas as categorias se complementam. econômica-contábil.

Os Princípios Fundamentais da Contabilidade Reconhece o patrimônio como objetivo da contabilidade.

Os princípios fundamentais da Contabilidade são: Princípio da Continuidade: Os procedimentos de conta-


bilização dos fatos que ocorrem nas empresas devem sempre
Princípio da Entidade: Conforme menciona o Artigo considerar a continuação das atividades por período indeter-
4º da Resolução 750/93, o Princípio da Entidade reconhece minado, exceto se houver evidência em contrário.
o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a au-
tonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Conforme dispõe o Artigo 5º da Resolução 750/93 do
Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, CFC, a continuidade ou não da Entidade, bem como, sua
independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de vida definida ou provável, devem ser consideradas quando as
pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou classificações e avaliação das mutações patrimoniais, quanti-
finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa tativas e qualitativas.
acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 35

A continuidade influencia o valor econômico dos ativos e do relato de todas as variações sofridas pelo patrimônio de
e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, uma empresa quando elas ocorrem. O princípio da Oportuni-
especialmente quando a extinção da Entidade tem prazo de- dade é a base indispensável à fidedignidade das informações
terminado, previsto ou previsível. sobre o patrimônio das empresas. Esse princípio se refere si-
multaneamente à tempestividade e à integração do registro do
A observância do Princípio da continuidade é indispensável patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja
à correta aplicação do Princípio da competência, por efeito de feito de imediato e com a extensão correta, independentemente
se relacionar diretamente à quantificação dos componentes das causas que as originam.
patrimoniais, à formação do resultado e de constituir dado im-
portante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. Princípio da Competência: As receitas e despesas devem
ser incluídas na apuração de resultado do período em que
São as diferenças as situações pelas quais passam o patri- ocorrem, sempre simultaneamente, quando se correlacionam,
mônio. A continuidade da contabilidade é um aspecto a ser independentemente de recebimento ou pagamento.
observado cuidadosamente para que se tenha um controle da
situação. Mutação do patrimônio quantitativamente ou qua- As receitas de um exercício são aquelas ganhas nesse pe-
litativamente. ríodo, não importando se tenham sido recebidas ou não. Os
gastos de um exercício são aqueles incorridos nesse período,
Princípio da Oportunidade: Conforme enunciado no Ar- não importando se tenham sido pagos ou não. Ou seja, os
tigo 6º da Resolução 750/93 do CFC, é a exigência do registro fatos que acontecem na empresa são contabilizados na data
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 36

a que se referem, independente do seu efetivo pagamento ou Normas Brasileiras de Contabilidade


recebimento financeiro.
Segundo o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), as
Princípio do Registro pelo Valor Original: Quanto ao normas brasileiras de contabilidade (NBC) e a sua importância
art. 7º da Resolução 750/93, os componentes do patrimônio são de aderir e conhecer o básico das normas nacionais de con-
devem ser registrados pelos fatores originais das transações, tabilidade, que é a base para estar em dia e fugir de eventuais
expressos o valor presente na moeda do País. Isso é, a avalia- penalidades fiscais.
ção dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos
valores de entrada. Conhecido pela sigla CFC, esse conselho tem o intuito
de orientar, normatizar e fiscalizar as atividades contábeis,
Do Denominar Comum Monetário: está assentado em
associando-se aos conselhos regionais que se ocupam de ques-
duas disposições básicas:
tões locais. Essa entidade pública é responsável pelas normas
a. a unidade de medida contábil é a moeda, no caso do Brasil, nacionais referentes ao tema e também por garantir que os
atualmente o Real. Dessa forma, só serão registráveis os padrões brasileiros estejam em consonância com os padrões
fatos mensuráveis em valor monetário. utilizados internacionalmente.

b. a unidade monetária é homogênea no tempo, ou seja, a


Para que a empresa tenha um desempenho financeiro
Contabilidade não reconhece, ou só reconhece parcial-
sólido, é preciso estar em dia com as questões contábeis exi-
mente, em alguns casos, as variações do poder aquisitivo
gidas em cada caso, evitando os problemas burocráticos e as
da moeda.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 37

penalidades associadas – estas podem realmente botar a perder conforme estipulado pelo CFC. Alinhadas às normas emitidas
todos os bons resultados que você obteve (ou está obtendo) pelo Conselho Internacional de Padrões de Contabilidade (o
na produção ou venda de um produto ou serviço. É claro que IASB, na sigla em inglês), elas compreendem ainda as inter-
os pormenores do assunto ficam a cargo de seu contador ou pretações e comunicados técnicos locais e podem ser aplicadas
da empresa contratada especificamente para a atividade, mas a aspectos profissionais ou técnicos.
convém ter uma noção básica sobre o tema para não ficar no
escuro nesse quesito. Divididas de acordo com as funções contábeis, as normas
podem ser gerais (válidas a todos os profissionais da área) ou
A contabilidade, ciência social, que se aprofunda no pa- destinadas aos diferentes tipos de atuação profissional: auditores
trimônio de entidades dos diversos tipos, é responsável pelo independentes, auditores internos e peritos contábeis.
registro de questões econômico-financeiras de sua empresa.
As normas, por sua vez, se dividem em completas, simpli-
Com base nesses dados, são feitas as escriturações, demonstra-
ficadas ou específicas. As completas são aquelas que se baseiam
ções, auditorias e análises que ajudam a aprimorar e ter maior
nos documentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Con-
controle sobre o desenvolvimento de suas atividades.
tábeis), numeradas de 00 a 999; as simplificadas se destinam
às empresas de pequeno e médio porte a partir também dos
Portanto, as normas brasileiras de contabilidade são um
pronunciamentos do CPC e das instruções e comunicados do
conjunto de regras e procedimentos que devem ser observa-
CPC, e são numeradas de 1000 a 1999; enquanto as normas
dos no exercício dessa função, além de outras determinações
específicas se destinam a entidades, atividades e assuntos que
e conceitos que devem ser aplicados nos trabalhos previstos,
fogem às regras gerais.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 38

Cada uma das diferentes implicações contábeis também A contabilidade é, portanto, uma grande área do conhe-
conta com normas específicas, atingindo as seguintes ativida- cimento e, ao mesmo tempo, uma ciência de aplicação prática
des: setor público, auditoria de informações históricas, revisão bastante notável. É importante o empreendedor ter essa noção
de informações, asseguração de informações não históricas, para evitar se aventurar, sem o devido preparo e/ou orientação,
serviços correlatos, auditoria interna, perícia e auditorias gover- a lidar com as questões contábeis de sua empresa.
namentais. Como é possível verificar, a contabilidade é mesmo
uma ciência que carrega complexidades bastante pontuais e
que merece todo o cuidado e estudo por parte de profissionais
especializados para ser corretamente aplicada à realidade de
sua empresa.

Interpretações e comunicados técnicos

As interpretações técnicas têm o intuito de esclarecer a


aplicação das NBC, estabelecendo as regras e procedimentos
que devem ser seguidos em situações específicas, mas sem
alterar as disposições das normas. Já os comunicados técnicos
servem para esclarecer assuntos contábeis e estabelecer também
as regras e procedimentos pertinentes, levando em conta os in-
teresses da área e as demandas da sociedade à que se destinam.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 39

Aspectos sobre a estrutura básica da Nas Demonstrações Contábeis não se incluem:


contabilidade
• Relatório da Administração;
A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, defini-
da pelo CFC, representa um estudo profundo doutrinário sobre • Análises Gerenciais;
a estrutura para elaboração das demonstrações contábeis, elas
são as bases dos relatórios contábeis que servem de subsídios • Relatórios do Presidente.
para os contabilistas e gestores tomarem as decisões sobre os
seus negócios. A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade possui
características qualitativas das demonstrações contábeis, que
As Demonstrações Contábeis são:
são os atributos que tornam as demonstrações contábeis úteis
• Balanço Patrimonial; para os usuários, que são:

• Demonstração do Resultado do Exercício; • Compreensibilidade – entendimento da informação pelo


usuário;
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;
• Relevância – quando podem influenciar as decisões eco-
• Demonstração do Valor Adicionado;
nômicas dos usuários;
• Demonstração do Fluxo de Caixa;
• Materialidade – é material se sua omissão ou distorção
• Notas Explicativas e quadros Complementares. puder influenciar as decisões econômicas dos usuários
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 40

(Estoque agrupado, Contas a Receber); • Não se permite: criação de reservas ocultas (pro-
visões excessivas); subavaliação de liberada de ativos
• Confiabilidade – informação confiável, livre de viés
ou receitas, a superavaliação deliberada de passivos ou
(contingências);
despesas, pois assim as demonstrações deixariam de ser
• Representação Adequada – a informação deve representar neutras e, portanto, não seriam confiáveis.
adequadamente as transações e outros eventos que
• Comparabilidade – os usuários podem comparar
ela diz representar;
as demonstrações contábeis de uma entidade ao longo
• Primazia da Essência sobre a Forma – as transações e do tempo, a fim de identificar na sua posição patrimo-
eventos devem ser contabilizados e apresentados de acordo nial e financeira e no seu desempenho, mensuração de
com a sua substância econômica, e não meramente sua modo consistente;
forma legal (venda com compromisso de recompra);
• Limitações na Relevância e na Confiabili-
• Neutralidade – a informação deve ser imparcial, neutra
dade das Informações Tempestividade – quando
(sem viés);
há demora na divulgação da informação, é possível
• Prudência – consiste num certo grau de precaução que ela perca a relevância;
das demonstrações contábeis:
• Equilíbrio entre Custo e Benefício – os benefícios decor-
• Ativos e Receitas não são superestimados;
rentes da informação devem exceder o custo de produzi-la;
• Passivos e Despesas – Não sejam subestimados;
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 41

• Equilíbrio entre Características Qualitativas – é necessá- Podemos classificar pessoa física e pessoa jurídica da se-
rio um balanceamento entre as características qualitativas; guinte forma:

• Visão Verdadeira e Apropriada. Pessoa Física: é o homem em si, a pessoa natural, o cida-
dão, cada um de nós.
Patrimônio
Pessoa jurídica: é a empresa, entidade, firma, formada por
pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos.
No capítulo 1 falamos que o objeto da Contabilidade é o
patrimônio, aqui iremos ampliar esse assunto. Segundo Ribeiro Bens
(2010), o Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obri-
São todas as coisas suscetíveis de avaliação monetária, que
gações de uma pessoa física ou jurídica, avaliado em moeda.
têm a qualidade de satisfazer às necessidades humanas. São de
Sendo assim, podemos imaginar o Patrimônio de uma empresa
boa duração e pertencem ao titular do Patrimônio.
ou de uma pessoa física como sendo:
Segundo Ribeiro (2000, p. 15), são todas as coisas capazes
Patrimônio= bens, direitos e obrigações de satisfazer às necessidades humanas e suscetíveis de avaliação
econômica.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 42

Os bens podem ser classificados em:


Nos meios comerciais, são muito usadas tanto a expressão
Bens materiais como Bens tangíveis (ambas com o mesmo
• Tangíveis: têm como característica básica sua própria significado); o mesmo ocorre para as expressões Bens
existência como coisa útil, independentemente do meio imateriais e Bens intangíveis.
em que se situam. São bens materiais.

Direitos
Exemplo: veículo pertencente à empresa.

São créditos que o titular do Patrimônio possui perante


Classificamos também os imóveis, os maquinários, as
terceiros. São os valores representados por títulos de créditos,
matérias-primas, etc., como bens tangíveis que integram o
podendo citar esses direitos como todos os valores que o ti-
patrimônio de uma pessoa física ou jurídica.
tular possui em mãos de terceiros tendo o direito a recebê-los
posteriormente.
• Intangíveis: a principal característica de um bem in-
tangível é sua existência como coisa, sendo ele um bem
Segundo Ribeiro (2000, p. 17) constituem direitos para
imaterial, pois ele não possui matéria mais assume um
a empresa todos os valores que ela tem a receber de terceiros
valor no contexto do Patrimônio da empresa ou entidade.
(clientes e inquilinos).

Exemplo: Marcas e patentes. (Marca da empresa, Apple)


Exemplo: Duplicatas a receber de clientes.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 43

Obrigações A partir dessa equação e considerando que uma empresa


pode ser caracterizada como um conglomerado de recursos
São as dívidas que o titular do Patrimônio possui para econômicos (representados por bens e direitos), obtidos pela
com terceiros, ou seja, os compromissos assumidos por ele para aplicação de fundos que foram fornecidos por seus proprietá-
liquidar em determinado período. rios e por terceiros, poderíamos representá-la graficamente da
seguinte maneira:
Conforme Ribeiro (2010, p. 18), constituem obrigações
Balanço Patrimonial
para a empresa todos os valores que ela tem a pagar para ter-
Ativo Passivo + PL
ceiros (fornecedores, proprietários de imóveis, empregados, Bens Obrigações
Governo, bancos e etc.). Máquinas
Veículos
Estoque
Exemplo: duplicatas a pagar a fornecedores. Dinheiro (Capital de Terceiros)
Direitos Patrimônio Líquido
Títulos a receber
Assim como qualquer pessoa física, uma pessoa jurídica
Depósitos em bancos (Capital Próprio)
também tem seus bens, direitos e obrigações. A contabilidade,
No desempenho de suas atividades, as pessoas jurídicas
em síntese, equaciona esses três fatores de modo a demonstrar
podem contar com recursos provenientes de duas origens ou
a posição do patrimônio e das finanças de uma empresa.
fontes: próprios e de terceiros.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 44

Recursos próprios: Trata-se do capital social inicial, que Com base nos dados acima, podemos elaborar o Balanço
representa recursos próprios. Patrimonial da empresa:

BALANÇO PATRIMONIAL
Recursos de Terceiros: A empresa utiliza recursos de ter-
ATIVO (aplicação de recursos) PASSIVO (origem dos recursos)
ceiros, oriundos de empréstimos e financiamentos.
Bens Obrigações (Capital de Terceiros)
Caixa Fornecedores
Exemplo: 30.000,00 20.000,00
Móveis e Utensílios Patrimônio Líquido
10.000,00 (Capital Próprio)
Duas pessoas resolvem constituir uma empresa com Ca-
Veiculos Capital Social
pital Social de R$ 40.000,00 em dinheiro. Para iniciar suas 20.000,00 40.000,00
atividades foi necessário investir em bens imobilizados como Direitos
móveis e utensílios no valor de R$ 10.000,00 adquiridos à vista Total do Ativo Total do Passivo
60.000,00 60.000,00
e um veículo no valor de R$ 20.000,00, adquirido a prazo.
Assim, a equação patrimonial, que é a base da Contabili-
dade, na linguagem contábil, fica da seguinte forma:

(BENS + DIREITOS) = OBRIGAÇÕES


OU
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 45

Para medir a riqueza de uma empresa não avaliamos ape-


ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
nas por seus bens (máquinas, mobiliário, prédios, veículos). ou
Muitas vezes, essa empresa pode ter dívidas (valores a pagar) ATIVO ( - ) PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO
com fornecedores, bancos, governo e quaisquer outros terceiros
Componentes Patrimoniais
que superam o valor de seus bens e, nesse caso, não há riqueza
líquida.
Ativo

Uma informação fundamental apresentada pela Contabili-


Entende-se por ATIVO a aplicação de recursos da qual
dade é a avaliação do patrimônio da empresa e a quantificação
se espera a geração de benefícios econômicos futuros. Pode-se
de sua variação ao longo dos anos. De forma sintética, pode-se
dizer, também, que o Ativo representa, de forma estática, os
dizer que Balanço Patrimonial é formado por três componentes,
bens e os direitos da entidade, ou seja, tudo o que a empresa
a saber, Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.
possui aplicado de recursos, quer em giro ou em capitais fixos.
Ou seja, são todos os bens e direitos de propriedade da empresa,
Segundo Costa (2010, p. 54), o Patrimônio Líquido é a
avaliáveis em dinheiro, que representam benefícios presentes
diferença algébrica entre o Ativo e o Passivo, e corresponde ao
ou futuros para a empresa.
montante pertencente aos sócios ou proprietários da empresa.
Ou seja, a posição financeira é refletida pela relação entre estes.
O termo ATIVO significa valores que estão sendo usados
O termo Balanço indica o equilíbrio entre eles, como pode ser
para aplicações nas atividades da empresa (Bens, Direitos)
demonstrado pela equação:
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 46

O Ativo aumenta de valor pelo reconhecimento contábil Passivo


de uma receita, pela obtenção de recursos com terceiros ou
com sócios da entidade, ou pela venda de um outro ativo com Passivo é uma obrigação presente da decorridos, cuja liqui-
lucro. Resumindo, ativo é onde são aplicados os recursos de dação se espera que resulte em benefícios econômicos. Entidade,
uma empresa. derivada de eventos já saída de recursos capazes de gerar em
benefícios econômicos.
O pronunciamento Conceitual básico divulgado pelo Co-
mitê de Pronunciamentos Contábeis tem a seguinte definição Entende-se por Passivo a origem de recursos financiados
para ATIVO: por terceiros, além das obrigações assumidas pela entidade
que exigirão desembolso de recursos no futuro, ou seja, contas
“ATIVO é um recurso controlado pela entidade como re- a pagar, salários a pagar, impostos a pagar, entre outros. São
sultado de eventos passados e do qual se espera que resultem as dívidas da empresa para com terceiros (Fornecedores). A
futuros benefícios econômicos para a entidade. Repare-se que maioria das contas do Passivo é identificada pela expressão:
a figura do controle (e não da propriedade formal) e a dos “a pagar” ou “a recolher”.
futuros benefícios econômicos esperados são essenciais para o
reconhecimento de um ativo. Se não houver a expectativa de O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, quando a dívida
contribuição futura, direta ou indireta, ao caixa da empresa, vencer será exigida (reclamada) a sua liquidação. Por isso, é mais
não existe o ativo”. adequado denominá-la de Passivo Exigível. As dívidas são de
curto prazo (até 12 meses) e longo prazo (acima de 12 meses).
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 47

O lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exi- sa. O Patrimônio Líquido é o valor dos recursos próprios da
gível) como Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa empresa, que poderia ser exigido apenas pelos sócios, porém
toda a fonte de recursos, toda a origem de capital. Nenhum sendo estes os proprietários do empreendimento.
recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio
Líquido. Situações líquidas patrimoniais

O Passivo aumenta de valor pela captação de um empréstimo O Patrimônio Líquido é também chamado de Situação
ou financiamento, pela compra a prazo de um ativo ou pelo Líquida Patrimonial e representa a verdadeira riqueza patrimo-
reconhecimento contábil de uma despesa ainda não paga. Por nial. Pode ser modificada com o aumento de capital ou com a
outro lado, o Passivo diminui de valor pelo efetivo pagamento incorporação de lucros ou prejuízos no exercício. Logicamente,
ou pelo reconhecimento contábil de uma receita que havia sido se houver prejuízo, a situação líquida diminuirá, podendo ficar
recebida antecipadamente, como um adiantamento de clientes. até negativa.

Do confronto entre o total do ativo e o total do passivo, A estática patrimonial é representada pelo Balanço Pa-
surge o patrimônio líquido, igualando os valores dos dois lados trimonial, cuja definição será vista adiante e que agrega o
do gráfico patrimonial, ou seja, demonstra a diferença entre conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa em
os valores do Ativo (bens e direitos) e do Passivo (obrigações). determinada data.
O Patrimônio Líquido aparece no Balanço Patrimonial como
parte integrante do passivo e indica o valor líquido da empre-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 48

O Balanço Patrimonial mostra uma situação de equilíbrio A Estática Patrimonial pode, então, assumir três situações
onde: distintas:

O total do ATIVO é igual ao total do PASSIVO (ou 1. se ATIVO > OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO
Passivo + Patrimônio Líquido). Temos, por conseguinte, três LÍQUIDO > 0;
conceitos envolvidos na Estática Patrimonial:
2. se ATIVO < OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO
a. ATIVO – onde são aplicados os recursos econômicos/ LÍQUIDO < 0;
financeiros da empresa, em Bens e Direitos;
3. se ATIVO = OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO
b. PASSIVO (PASSIVO) – origem de recursos de terceiros LÍQUIDO = 0
aplicados no ATIVO. Esses recursos assumem o caráter
de obrigações (dívidas), pois são exigidos por terceiros Evidentemente, uma empresa operando em condições nor-
nas datas de vencimento. mais, deverá se apresentar, em termos de patrimônio, na situação
da equação “1” e, na medida que se aproxima da situação “3”,
c. PATRIMÔNIO LÍQUIDO - origem de recursos dos mostra evidência de deterioração da sua capacidade econômica,
proprietários, sócios ou acionistas, aplicados no ATIVO. financeira e patrimonial. A posição “2” coloca a empresa em
Compreende a parcela não exigível do PASSIVO (ou condição falimentar ou pré-falimentar.
parcela de recursos próprios da empresa).
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 49

Contas: conceito e classificação das contas

O registro contábil tem por finalidade “guardar memória”


do fenômeno patrimonial que aconteceu ou que poderá aconte-
cer. Ou seja, registra o dia a dia, separando os fatos em contas
que os reúnem (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido)
e em elementos de resultado (despesas e receitas).

Contas

Ribeiro (2010, p. 47) define contas dizendo que “é o nome


técnico dado aos componentes patrimoniais (Bens, Direitos,
Obrigações e Patrimônio Líquido) e aos componentes do re-
sultado (Despesas e Receitas).” A finalidade é facilitar a escri-
turação, uniformizando os fatos contábeis da mesma natureza
em um só título. Classificam-se em Contas Patrimoniais e
Contas de Resultado.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 50

Contas Patrimoniais

Dividem-se em Ativas e Passivas e são elas que representam o Patrimônio da empresa e a situação líquida (Patrimônio Lí-
quido) num dado momento, através do Balanço Patrimonial. Até agora nos referimos aos componentes patrimoniais, utilizando
a expressão ‘elementos’. Agora esses elementos terão títulos próprios e serão chamados de contas. Assim, por exemplo:

Elementos patrimoniais Nome da conta (título a ser utilizado


Dinheiro Caixa
Valores a receber referentes a vendas a prazo. Duplicatas a Receber ou Clientes.
Valores a receber referentes a empréstimos concedidos. Empréstimos a Receber.
Carros, motos, caminhões Veículos
Valores a pagar referentes a compras a prazo. Duplicatas a Pagar ou Fornecedores.
Valores a receber referentes a empréstimos obtidos de pessoas físicas
Empréstimos a Pagar ou Empréstimos Bancários.
ou bancos.
Depósitos bancários Bancos C/ Movimento.
Capital Capital Social
Estoque de Mercadorias, Mercadorias em Estoque, Estoque ou
Mercadorias para venda.
Mercadorias.
Impostos a Recolher (ICMS a Recolher, FGTS a recolher, INSS a recolher
Impostos e contribuições a serem pagos.
etc.).
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 51

Contas de Resultado Durante a Apuração do Resultado do Exercício (ARE), as


contas de resultado vão encerrando seus saldos, o que significa
As contas de resultado se dividem em Contas de Despesas que as contas de despesas e de receitas ‘aparecem’ durante o
e Contas de Receitas. As Contas de Resultado não aparecem exercício social e ‘encerram-se’ na apuração do resultado. Essa
no Balanço Patrimonial, mas são elas que permitem apurar o apuração será vista logo adiante.
resultado do exercício social (um ano de atividade da empresa),
que pode ser lucro ou prejuízo.

O resultado deriva do confronto das receitas com as des-


pesas e, consequentemente, poderá ser positivo (Lucro), se as
receitas forem maiores que as despesas, ou negativo, prejuízo,
se as receitas forem menores do que as despesas. No caso de
lucro, representa a riqueza gerada pela empresa durante de-
terminado período de tempo, que pertence aos acionistas da
entidade. Quando uma empresa incorre em prejuízo, ocorre
uma destruição da riqueza dos acionistas.

Os conceitos de Criação de Valor ao Acionista ou Des-


truição de Valor ao Acionista devem estar bem presentes na
gestão de qualquer empresa.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 52

Contas de Despesas • Despesas Bancárias

• Impostos
São todos os gastos ou perdas da empresa, desde que não se
refiram à aquisição de Bens e nem a pagamento de Obrigações • Custo das Mercadorias Vendidas
já registradas no Balanço Patrimonial. As despesas fazem di-
minuir o lucro da empresa (ou aumentar o seu prejuízo, se for o As despesas estão divididas em operacionais e não ope-
caso). As despesas têm, por finalidade, a obtenção de receitas. racionais.

Pelo título dado à conta, identifica-se o tipo de despesa. a. Despesas Operacionais


Exemplos:
Representam os gastos ou perdas da empresa devido às
• Água e Esgoto
suas operações normais, conforme o ramo de atividade. As
• Aluguéis Pagos ou Despesas com Alugueis despesas operacionais se classificam como Administrativas,
de Vendas e Financeiras.
• Café e Lanches

• Descontos Concedidos • Despesas Administrativas: são os gastos ou perdas re-


ferentes às operações da administração (aluguel, água,
• Salários
luz, telefone, salários, impostos, encargos sociais etc.).
• Material de Escritório (ou Material de Expediente)
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 53

• Despesas de Vendas (ou comerciais): são aqueles refe- Contas de Receitas


rentes às operações efetuadas para alavancar as vendas
e fazer com que a mercadoria seja colocada nas mãos do São todos os ganhos da empresa, desde que não se refiram a
cliente (propaganda, despesas de viagens e comissões recebimentos de Direitos já registrados no Balanço Patrimonial
dos vendedores são as mais comuns). e nem da venda dos Bens pelo preço de custo. As receitas fazem
aumentar o lucro da empresa (ou diminuir seu prejuízo, se for
• Despesas Financeiras: São aqueles referentes aos juros
o caso). Existem em menor número que as despesas, sendo as
pagos, descontos concedidos e às despesas bancárias
mais comuns representadas pelas seguintes contas:
(tarifas diversas).
• Vendas de Mercadorias
b. Despesas não operacionais
• Receitas de Serviços
São os gastos ou perdas que não decorrem das operações
normais da empresa (como por exemplo, perda na venda de • Aluguéis Recebidos ou Receitas de Aluguéis (ou ainda
bens de uso). Aluguéis Ativos*)

• Descontos Obtidos

• Juros Recebidos ou Receitas de Juros (ou ainda Juros


Ativos*)

• Lucro na Venda de Bens de Uso etc.


CONTABILIDADE EMPRESARIAL 54

*Observação importante: Os termos Ativos, no caso das Plano de contas


receitas, significa qualidade de ser positivo para a empresa e
não que pertence ao Ativo do Balanço Patrimonial. Definições

O Plano de Contas é a estrutura sobre a qual se constrói e


As receitas também se dividem em operacionais e não
elabora a escrituração, com a finalidade de mantê-la ordenada de
operacionais.
forma a obter, de maneira clara e objetiva, os dois instrumentos
informativos mais importantes da contabilidade: O Balanço
A. Receitas Operacionais
Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Em
outras palavras, o plano de contas deve ser planejado com a
Representam os ganhos da empresa devido às suas opera-
mesma estrutura do Balanço Patrimonial e da Demonstração
ções normais, conforme o ramo de atividade.
do Resultado do Exercício.

B. Receitas Não Operacionais De acordo com Ribeiro (2010, p. 57) o “Plano de Contas
é um conjunto de contas, diretrizes e normas que disciplina as
Representam os ganhos da empresa que não são inerentes tarefas do Setor de Contabilidade, objetivando a uniformização
às suas operações normais. Exemplos: aluguel recebido de dos registros contábeis”.
imóvel ocioso, pertencente a um comércio de móveis; lucro na
O Plano de Contas deve ser tão detalhado quanto seja o
venda de bens de uso.
interesse da empresa em informações detalhadas; inexistem
regras que estabeleçam o número máximo ou o número mínimo
1.2 NÃO Clientes
1.2.1.01 CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO
2.3.2.01 LÍQUIDO
Capital Social Subscrito
1.2.1 Contas a Receber
1.2.1.02 Outras Contas
1.2.1.01 Clientes
2.3.1 Capital
2.3.2.02
2.3.2.01
Social
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Capital Social a Realizar
Capital Social Subscrito
55
1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas
1.2.1.02
1.2.2.01 Outras ContasSocietárias
Participações 2.3.2.02 Capital Social
2.3.2.01 Reservas a Realizar
de Capital
1.2.2 INVESTIMENTOS
1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2. Reservas
2.3.2.02 Reservas de Lucros
1.2.2.01
1.2.3.01 Participações
Terrenos Societárias 2.3.2.01 Reservas
2.3.3 Prejuízos de Capital
Acumulados
de contas que deve conter um plano de contas. É preciso que se 1.2.3 IMOBILIZADO
1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos de
2.3.2.02 Reservas Lucros
Acumulados de Exercícios
1.2.3.01 Terrenos
1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 2.3.3 Prejuízos Acumulados
2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual
saiba, todavia, que o plano de contas deve ser suficientemente 1.2.3.02
1.2.3.04 Construções
Veículos e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios
1.2.3.03 Máquinas
1.2.3.05 Móveis e Ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual
elástico a fim de permitir a inclusão de novas contas, sempre que 1.2.3.04 Veículos
1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada
1.2.3.05
1.2.3.99 Móveis
(-) Amortização Acumulada
elas se fizerem necessárias. Repetimos, o grau de detalhamento 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada
1.2.4 INTANGÍVEL
1.2.3.99
1.2.4.01 (-) Amortização Acumulada
Marcas
do plano de contas varia segundo o interesse do contador e da 1.2.4 INTANGÍVEL
1.2.4.02 Softwares
1.2.4.01
1.2.4.99 Marcas
(-) Amortização Acumulada
empresa, levando em consideração, sempre, a necessidade de 1.2.4.02 Softwares
1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada
registrar todas as ocorrências na vida de uma empresa.
3 CUSTOS E DESPESAS 4 RECEITAS
MODELO PLANO DE CONTAS
3 CUSTOS
3.1 CustosEdos
DESPESAS
Produtos Vendidos 4 RECEITAS
4.1 Receita Líquida
1 ATIVO 2 PASSIVO
3.1.1 Custos dos Materiais 4.1.1 Receita Bruta de Vendas
3.1 Custos
3.1.1.01 dos Produtos
Custos Vendidos
dos Materiais Aplicados 4.1 Receita
4.1.1.01 DeLíquida
Mercadorias
1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE
3.1.1 Custos dos Materiais
3.1.2 Custos da Mão-de-Obra 4.1.1 Receita Bruta de Vendas
4.1.1.02 De Produtos
1.1.1 Caixa 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher
3.1.1.01
3.1.2.01 Custos
Saláriosdos Materiais Aplicados 4.1.1.01 De Mercadorias
4.1.1.03 De Serviços Prestados
1.1.1.01 Caixa Geral 2.1.1.01 Simples a Recolher
3.1.2 Custos da Mão-de-Obra
3.1.2.02 Encargos Sociais 4.1.1.02 De Produtos
4.1.2 Deduções da Receita Bruta
1.1.2 Bancos C/Movimento 2.1.1.02 INSS
3.1.2.01 Salários 4.1.1.03 De Serviços Prestados
4.1.2.01 Devoluções
1.1.2.01 Banco Alfa 2.1.1.03 FGTS
3.1.2.02
3.2 CustoEncargos Sociais Vendidas
das Mercadorias 4.1.2 Deduções
4.1.2.02 ServiçosdaCancelados
Receita Bruta
1.1.3 Contas a Receber 2.1.2 Contas a Pagar
3.2.1 Custo das Mercadorias 4.1.2.01 Devoluções
1.1.3.01 Clientes 2.1.2.01 Fornecedores
3.2 CustoCusto
3.2.1.01 das Mercadorias Vendidas
das Mercadorias Vendidas 4.1.2.02 Serviços
4.2 Outras Cancelados
Receitas Operacionais
1.1.3.02 Outras Contas a Receber 2.1.2.02 Outras Contas
3.2.1 Custo das Mercadorias 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes
1.1.3.09(-) Duplicatas Descontadas 2.1.3 Empréstimos Bancários
3.2.1.01
3.3 CustoCusto das Mercadorias
dos Serviços PrestadosVendidas 4.2 Outras
4.2.1.01 Receitas
Receitas deOperacionais
Alienação de Investimentos
1.1.4 Estoques 2.1.3.01 Banco A - Operação X
3.3.1 Custo dos Serviços 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes
4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado
1.1.4.01 Mercadorias
3.3 CustoMateriais
3.3.1.01 dos Serviços Prestados
Aplicados 4.2.1.01 Receitas de Alienação de Investimentos
1.1.4.02 Produtos Acabados 2.2 NÃO CIRCULANTE
3.3.1 Custo dos Serviços
3.3.1.02 Mão-de-Obra 4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado
1.1.4.03 Insumos 2.2.1 Empréstimos Bancários
3.3.1.01
3.3.1.03 Materiais Aplicados
Encargos Sociais
1.1.4.04 Outros 2.2.1.01 Banco A - Operação X
3.3.1.02 Mão-de-Obra
3.3.1.03
3.4 Encargos
Despesas Sociais
Operacionais
1.2 NÃO CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
1.2.1 Contas a Receber 2.3.1 Capital Social 3.4.1 Despesas Gerais
3.4 Despesas
3. 4.1.01 Operacionais
Mão-de-Obra
1.2.1.01 Clientes 2.3.2.01 Capital Social Subscrito
3.4.1 Despesas Gerais
3.4.1.02 Encargos Sociais
1.2.1.02 Outras Contas 2.3.2.02 Capital Social a Realizar
3. 4.1.01 Mão-de-Obra
3.4.1.03 Aluguéis
1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas
3.4.1.02 Encargos Sociais
1.2.2.01 Participações Societárias 2.3.2.01 Reservas de Capital
3.4.1.03 Aluguéis
1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2.02 Reservas de Lucros
1.2.3.01 Terrenos 2.3.3 Prejuízos Acumulados
1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios
1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 56

Síntese

Nessa unidade aprendemos os princípios de Contabilidade


e Normas Brasileiras, onde podemos entender uma a uma,
também falamos sobre os aspectos da estrutura conceitual
básica de Contabilidade. Logo após, retomamos conceito do
patrimônio lembrando que ele é o objeto de estudo da conta-
bilidade, e representa o conjunto de bens, direitos e obrigações
vinculados a uma entidade.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 57

ATIVIDADES
( ) Na transferência do Produto.
1. O que é patrimônio?
9. Devedores Duvidosos são constituídos em virtude do
2. Do ponto de vista contábil, o que são bens? Princípio:
3. O que são direitos? Cite três exemplos. ( ) Realização da Receita.
4. O que são bens imateriais? Cite dois exemplos ( ) Entidade.
5. O que são obrigações? Cite três exemplos. ( ) Custo Histórico como Base de Valor.
6. O que é Plano de Contas? ( ) Confrontação de Despesa.
7. Existe um Plano de Contas que deve ser usado por todo e 10. Gastos que beneficiarão o próximo exercício serão
qualquer tipo de empresa? classificados em:
8. O reconhecimento da Receita deverá ser (de acordo com ( ) Ativo Circulantes.
o Princípio de Realização da Receita):
( ) Ativo Realizável a LP.
( ) Na emissão da Nota Fiscal.
( ) Dependendo do caso: Intangível.
( ) No recebimento do Adiantamento.
( ) Despesa.
( ) No recebimento da Receita.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 58

REGISTROS
CONTÁBEIS
(ESCRITURAÇÃO)
Para que o controle do patrimônio seja eficaz,
a Contabilidade precisa registrar todos os
fatos que ocorrem na empresa. Esse registro
é feito por meio da “escrituração”.
Nessa terceira unidade, iremos falar sobre os registros
contábeis, que é a parte prática da contabilidade, apresentando
a você as principais atividades realizadas por um profissional
contábil na sua atividade diária. E, também, aprenderá sobre
a escrituração contábil, ou seja, os lançamentos propriamente
ditos e os relatórios decorrentes desses lançamentos. Conhecerá
os livros, e a utilidade do balancete de verificação.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 59

ESCRITURAÇÃO
A escrituração, uma das técnicas utilizadas pela
Contabilidade, consiste em registrar nos livros próprios
Podemos dividir a Contabilidade em duas partes, uma
(Diário, Razão, Caixa, Contas-correntes, etc.) todos os fatos
teórica e outra prática. A parte teórica é identificação dos que provocam modificação no patrimônio da empresa.
princípios contábeis e de fixação de normas, de análise e in-
terpretação de fatos, de esclarecimentos de relações de causa A escrituração começa pelo livro Diário. Neste livro, são
e efeito e de previsão para futuros acontecimentos. A parte escriturados (registrados) todos os fatos que ocorrem no dia
prática, de execução do registro de fenômenos patrimoniais, é a dia da empresa, e que são responsáveis pela gestão do seu
a técnica através da qual a Contabilidade atinge seu objetivo, patrimônio. O registro dos fatos é feito em forma contábil, por
que é estudar e controlar o patrimônio, fornecendo informações meio do lançamento.
e orientação sobre o estado patrimonial e suas variações. Esta
técnica se chama escrituração. Para registrar os fatos contábeis por meio de lançamentos,
a Contabilidade utiliza as contas.
Escrituração

A escrituração contábil consiste na confecção de lançamen-


tos que traduzem e registram os fatos administrativos. Já os
atos administrativos não são passíveis de lançamento contábil,
por não representarem uma alteração no Patrimônio.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 60

Contas • Contas Patrimoniais: são as contas que representam o


patrimônio da empresa (balanço patrimonial), e que já
O que é conta? abordamos na unidade 2. Dividem-se em dois grandes
grupos: Ativo e Passivo.
Conta é o nome técnico dado aos componentes
patrimoniais (bens, direitos, obrigações e Patrimônio Relembrando:
Líquido) e aos elementos de resultado (Despesas e
Receitas).
PATRIMÔNIO
Ativo Passivo
É por meio das contas que a Contabilidade consegue de-
Bens Obrigações
sempenhar seu papel. Todos os acontecimentos que ocorrem • Caixa • Fornecedores
na empresa, tais como compras, vendas, pagamentos e recebi- • Veículos • Impostos à Pagar
mentos, são registrados nos livros por meio das contas. Direitos Patrimônio Líquido
Duplicatas a receber Capital Social
• Contas de Resultado: são as contas do DRE – Demons-
Classificação das Contas
tração do Resultado do Exercício. Dividem-se em contas
de Despesas e contas de Receitas.
As contas são divididas em 2 grupos: Contas Patrimoniais
(Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido) e nas Contas de Resul-
• Despesas: caracterizam-se pelo consumo de bens e pela
tados (Receitas e Despesas).
utilização de serviços.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 61

Exemplo: Água e Esgoto; Energia Elétrica; Material de a. Método de Partidas Simples:


Limpeza; Salários.
Consiste no registro de operações especificas envolvendo o
• Receitas: Decorrem da venda de bens ou da prestação controle de um só elemento. No Livro Caixa, por exemplo, os
de serviços. eventos são registrados visando apenas ao controle do dinheiro.

Exemplo: Venda de Mercadorias; Venda de Produtos; Re- ** Esse método é deficiente e incompleto, pois não permite
ceita de Serviços. o controle global do Patrimônio.

Método de Escrituração b. Método de Partidas Dobradas:

Método de escrituração é o modo de registro dos Fatos De uso universal, esse método, como citado na unidade 1,
Administrativos. foi apresentado pela primeira vez pelo frade franciscano pelo
Frei Luca Pacioli e que apresentou uma forma mais adequada
São dois os Métodos de Escrituração conhecidos: Métodos para utilizar esse método. Importante salientar que ele não é
de Partidas Simples e Método de Partidas Dobradas. o inventor, apenas conseguiu aprimorá-lo. Sua adoção permite
o controle de todos os componentes patrimoniais, bem como
das variações do Patrimônio Líquido, que poderão resultar em
lucro ou prejuízo.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 62

O princípio fundamental do método é o de que não há Ou seja:


devedor sem que haja um credor, correspondendo a cada débito
Para qualquer operação há sempre:
um crédito de igual valor.
• Um débito e um crédito de igual valor; ou
Mecanismo de débito e crédito
• Um débito e vários créditos de igual valor; ou

O método do Débito e Crédito é uma técnica utilizada na • Vários débitos e um crédito de igual valor.
confecção dos lançamentos contábeis. Na contabilidade, para
Debitar significa:
todo Débito existe um Crédito, de forma que a soma dos valo-
res debitados seja sempre igual à soma dos valores creditados, a. Registrar a integração ou incorporação de um valor ao
mantendo sempre o equilíbrio. Essa igualdade entre débitos e PATRIMÔNIO TOTAL (ATIVO).
créditos que é o Método das Partidas Dobradas.
b. Mostrar a utilização ou consumo de valor no PATRI-
MÔNIO TOTAL.
Não há débitos sem créditos correspondentes.
c. Baixar um valor anteriormente creditado ao PATRI-
MÔNIO.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 63

Creditar significa: Para realizar um Lançamento Contábil, é preciso contar


com cinco informações relevantes:
a. Mostrar a fonte ou origem dos recursos que serão utili-
1. Local e data – É preciso informar corretamente qual
zados na atividade empresarial.
o local da empresa e o dia, mês e ano da ocorrência do
registro.
b. Registrar a incorporação de uma OBRIGAÇÃO (Re-
cursos de Terceiros) ao PATRIMÔNIO TOTAL. 2. Conta devedora – É a conta debitada, que vem sempre
em primeiro lugar.
c. Baixar um valor anteriormente debitado ao PATRIMÔ-
3. Conta credora – É a conta creditada, que vem acompa-
NIO TOTAL.
nhada da preposição acidental “a”.

O quadro a seguir nos fornece todas as possibilidades de 4. Histórico – É a narração do fato ocorrido, a qual deve
Débito e Crédito que podem ocorrer em uma empresa. ser resumida, mas identificando bem a operação.

Grupo de Contas Natureza Efeitos dos Lançamentos na Conta 5. Importância ou quantia – É o valor das operações ex-
Ativo Devedora D Aumenta C Diminui
presso em unidades monetárias.
Passivo Credora D Diminui C Aumenta
Patrimônio
Credora D Diminui C Aumenta A seguir serão apresentados alguns exemplos de lança-
Líquido
Receitas Credora C Aumenta mentos contábeis com o objetivo de verificar a funcionalidade
Despesas Devedora D Aumenta da técnica.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 64

Exemplo: Compra de uma Máquina, marca XY, da Casa Fórmulas de Lançamento


de Máquinas Teste Ltda, conforme nota fiscal nr. 5.390, no
valor de R$ 5.000,00, à vista, no dia 01/03/201x. Primeira fórmula: lançamento com uma conta a débito
(D) e uma no crédito (C).
1. Local e data da ocorrência do fato: 01/03/201x

2. Conta a ser debitada: Máquina Exemplo: Aquisição de um veículo marca Fiat conforme
nota fiscal nr. 23.450 da Bt Ltda. no valor de R$ 35.000,00.
3. Conta a ser creditada: Caixa
Data D/C Contas Histórico Valor
4. Histórico: Aquisição de uma máquina marca XY confor- Veiculo Aquisição de um veículo marca
me nota fiscal nr. 5.390 da Casa de Máquinas Teste Ltda. D (Ativo Fiat conforme nota fiscal nr. 35.000,00
Circulante) 23.450 da Bt. Ltda.
5. Valor da operação: R$ 5.000,00. Caixa (Ativo
C 35.000,00
Circulante)
Data D/C Contas Histórico Valor
Aquisição de uma máquina
Máquina
marca XY conforme nota
01/03/201x D (Ativo 5.000,00
fiscal nr. 5.390 da Casa de
Circulante)
Maquinas Teste Ltda.
Caixa (Ativo
01/03/201x C 5.000,00
Circulante)
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 65

Segunda fórmula: constam, no lançamento uma só conta Terceira fórmula: constam, no lançamento mais de uma
no débito e mais de uma no crédito. conta no débito e uma só no crédito.

Exemplo: Compra de mercadoria no valor de 8.000,00 Exemplo: Recebimento do cliente DEF ref. a venda da NF
cfe nf.0500 de AB Ltda, sendo 3.000,00 através de depósito 002 no valor de 12.000,00, sendo 4.000,00 em transferência
bancário e 5.000,00 para pagamento a prazo. bancária, e 8.000,00 pago em dinheiro.

Data D/C Contas Histórico Valor Data D/C Contas Histórico Valor
Mercadoria Compra de mercadoria no valor Recebimento do cliente DEF
Caixa (Ativo
D (Ativo de 8.000,00 cfe nf.0500 de AB 8.000,00 D ref. a venda da NF 002 no 8.000,00
Circulante)
Circulante) Ltda valor de 12.000,00
Banco cta. Banco cta.
C Mov. (Ativo 3.000,00 D Mov. (Ativo 4.000,00
Circulante) Circulante)
Fornecedores Cliente (Ativo
C 12.000,00
C (Passivo 5.000,00 Circulante)
Circulante)
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 66

Quarta fórmula: constam, no lançamento, mais de uma Exemplos de Lançamento


conta no débito e mais de uma no crédito.
A seguir serão apresentados alguns exemplos de lança-
Exemplo: Pagamento da Água no valor de 2.000,00 e mentos contábeis com o objetivo de verificar a funcionalidade
Energia elétrica no valor de 2.300,00, sendo a 2.150,00 paga da técnica.
em dinheiro e 2.150,00 paga no banco.

Data D/C Contas Histórico Valor Aquisição de ativo imobilizado a prazo


Pagamento da Água no valor
Água à Pagar de 2.000,00 e Energia elétrica • Quando a empresa adquire um bem a prazo, que será
D (Passivo no valor de 2.300,00, sendo a 2.000,00
Circulante) 2.150,00 paga em dinheiro e pago posteriormente.
2.150,00 pago no banco.
Energia Elétrica Ex: Aquisição de uma máquina no valor de R$ 50.000,00,
D a Pagar (Passivo 2.300,00
Circulante) a prazo. Debita (D) “máquinas e equipamentos”, porque está
Banco cta. Mov. aumentado o seu valor, e Credita (C) Fornecedor.
C 2.150,00
(Ativo Circulante)
Caixa (Ativo D/C Contas Valor
C 2.150,00
Circulante) D Máquinas e Equipamentos 50.000,00
C Fornecedor 50.000,00
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 67

Aquisição de estoque Depósito em conta corrente

Quando a empresa adquire mercadorias que serão reven- Quando a empresa efetua depósito em dinheiro em conta
didas ou matéria-prima que serão utilizadas na fabricação de bancária. Ex: Depósito no Banco do Brasil S/A no valor de
um produto. R$ 1.000,00.
D/C Contas Valor
Debita (D) Mercadorias e Credita (C) Caixa (sempre que sai Bco cta. Movimento Banco do
D 1.000,00
dinheiro do caixa o lançamento é a CRÉDITO).Ex: Compra Brasil S/A
C Caixa 10.000,00
de mercadorias no valor de R$ 10.000,00, à vista.

D/C Contas Valor Depreciação de bens imobilizados


D Mercadorias para Revenda 10.000,00
C Caixa ou Bco cta. Movimento 10.000,00 Desgaste sofrido pelo bem em função do uso. Ex: Depre-
ciação da máquina ref. Ao mês xx no valor de R$ 235,50.
Ex: Compra de mercadorias no valor de R$ 6.000,00, a
prazo. D/C Contas Valor
D Depreciação (Despesa) 235,50
D/C Contas Valor C Depreciação Acumulada de Máquinas 235,50
D Mercadorias para Revenda 6.000,00
C Fornecedor 6.000,00
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 68

Pagamento das despesas Ex: Venda de mercadorias no valor de R$ 12.000,00, a


prazo.
Pagamento da obrigação referente à despesa. Ex: Pagamento D/C Contas Valor
fatura da água no valor de R$ 800,00. D Clientes 12.000,00
C Venda de Mercadorias 12.000,00
D/C Contas Valor
Ex: Baixa do Estoque
D Água a Pagar 800,00
C Caixa 800,00 D/C Contas Valor
Venda de mercadoria D CMV
C Mercadorias para Revenda
Quando a empresa efetua a venda de mercadorias. Ex:
Venda de mercadorias no valor de R$ 20.000,00, à vista.

D/C Contas Valor


D Caixa 20.000,00
C Venda de Mercadorias 20.000,00

Ex: Baixa do Estoque

D/C Contas Valor


D CMV
C Mercadorias para Revenda
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 69

Lançamentos de Abertura da empresa Constituição ou Subscrição:

Na constituição do capital de qualquer tipo de empresa, A subscrição do capital em uma sociedade compreende o
seja ela individual (empresário) ou sociedade, a conta Capital momento em que os sócios reunidos assumem o compromisso
Social será sempre creditada. Por outro lado, será debitada a de investir, na entidade, o valor da parte do capital social que
conta Caixa ou várias outras contas que representem os ele- cabe a cada um deles, em dinheiro, ou em diversos elementos.
mentos entregues pelo titular ou pelos sócios para constituição Normalmente a subscrição ocorre na assinatura do contrato
do respectivo capital. social (sociedades em geral) ou do estatuto (sociedade por ações).

Assim, afirmamos que a contabilização da constituição do Exemplo:


capital de qualquer que seja a empresa é muito simples, pois
Data D/C Contas Valor
o lançamento no Diário conterá, no débito, a conta Caixa ou
Capital Social a Realizar ou a
diversas contas do Ativo e no crédito a conta de Capital Social. D 100.000,00
Integralizar (Patrimônio Líquido)
Capital Social Subscrito (Patrimônio
C 100.000,00
Líquido)
Na constituição do capital, dois momentos precisar ficar
bem definidos: Histórico: Pela constituição do capital da empresa XX, no
valor de 100.000,00, conforme contrato social sob o número
• Constituição ou subscrição;
do Nire: XXX, registrada pela junta comercial de XX.
• Realização ou integralização.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 70

Realização ou Integralização: Razão

Corresponde ao momento em que os sócios entregam para a O Razão, é um somatório de fichas específicas de deter-
empresa os valores em dinheiro, ou em outros elementos, pelos minadas contas. A palavra ou termo razão decorre do sentido
quais se comprometeram no momento da subscrição do capital. implícito de memória de cálculo ou inteligência dos registros
que o mesmo contém.
Exemplo:

Data D/C Contas Valor Toda conta, por conter a história da sua existência, envol-
D Caixa (Ativo Circulante) 100.000,00 vendo os valores aumentados e diminuídos ao longo de um
Capital Social a Realizar ou a Integralizar determinado período, precisa de um esquema de controle com
C 100.000,00
(Patrimônio Líquido) vistas a, em qualquer tempo, podermos apurar-lhe o saldo, bem
Histórico: Pela realização do capital, neste momento o como recorrer aos seus registros e valores com o objetivo de
sócio A, integraliza o valor de R$ XX,XX, conforme contra- promover as mais variadas análises.
to social sob o número do Nire: XXX, registrada pela junta
comercial de XX. Seguindo a objetividade do nosso curso, não estudaremos
aqui o “lançamento” do fato administrativo (ou da Variação
Patrimonial) em sua forma literal; não escreveremos o lança-
mento, mas sim procuraremos analisar a “transação”, identi-
ficando a sua “origem” e a sua “aplicação”, para que façamos
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 71

os lançamentos nas fichas de “Razão”, doravante, tratadas por operacionais, há de haver um documento que comprove que
“Contas T”. O lançamento em conta “T” consiste em alocar o essa despesa efetivamente ocorreu (recibo do proprietário ou
valor monetário no lugar correspondente. recibo da locadora de imóveis). A conta “T”, que resumimos
abaixo, poderia ser apresentada numa ficha de Razão, utilizada
Observa-se que o crédito e o débito têm lados distintos nos modernos sistemas mecanizados do nosso século.
na conta “T”. O lado esquerdo é dedicado aos débitos ou às
aplicações de recursos, e o lado direito é reservado aos créditos Observamos que a ficha específica da conta contém dados
ou origens de recursos. bem detalhados para uma análise de qualquer lançamento, mas
que suas três últimas colunas verticais se resumem na nossa
Razonete - conta “T” simples conta “T”, isto é, débito, crédito e saldo.

Ficha de Razão
Para o analista financeiro, de nada vale saber apenas es- Ano Nome da Conta
criturar os registros contábeis. É preciso dominar a inter- Data Código Histórico Débito Crédito Saldo
pretação dos registros e a análise dos dados que constam nos Também denominado Gráfico em T ou Conta T, o razonete
demonstrativos de resultados e quadros de origens e aplicações nada mais é do que uma versão simplificada do livro razão. Por
de recursos etc. Faz-se da maior relevância ressaltar que todo meio dele é possível controlar, separadamente, o movimento
lançamento contábil, obrigatoriamente, deverá ser lastreado de todas as contas e facilitar a visualização do movimento de
pelo documento hábil que deu origem ao mesmo. Se a empresa débito e de crédito nele lançados.
pagou o aluguel de um imóvel que utiliza para as suas atividades
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 72

Devem ser utilizados tantos Razonetes em T quantas forem Livros contábeis


às contas utilizadas na escrituração do Diário.

Caixa Os livros contábeis destinam-se à escrituração contábil dos


Débito Crédito atos e fatos administrativos que ocorrem na empresa. Os livros
e toda a escrituração deverão ser conservados em local seguro e
Exemplo de lançamentos:
adequado enquanto não prescreverem as ações que lhe possam
a. Integralização de Capital Social em dinheiro de R$ ser relativas. Entre os vários livros presentes em contabilidade,
45.000,00 destacaremos os dois livros considerados os mais importantes:
Livro Diário e o Livro Razão.
b. Compra de um veículo a vista no valor de R$ 30.000,00.

c. Depósito efetuado no Banco do Brasil S/A R$ 5.000,00

Capital Social Caixa Veículo Bco do Brasil c/


45.000 45.000 30.000 30.000 Mov
5.000 5.000
45.000 10.000 30.000
5.000
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 73

Livro Diário cados e encadernados em forma de livro. O contabilista


menos experiente poderá ter algumas dificuldades para
O livro Diário é obrigatório e sua exigência é por lei em realizar a escrituração do Livro Diário, uma vez que,
todas as empresas. Como o próprio nome sugere, o livro diário por ser obrigatório seguir uma ordem cronológica, as
é responsável pelo registro de todos os fatos contábeis que ocor- contas a serem lançadas acabam ficando todas mistu-
rem em uma empresa, inclusive, os de natureza aleatória que radas, podendo gerar certa dificuldade no momento de
possam provocar alterações no patrimônio da empresa. Deve interpretá-las individualmente.
ser escriturado em partidas dobradas e em ordem rigorosamente
cronológica de dia, mês e ano. Atendendo a esses requisitos, Livro Razão
você poderá realizar a escrituração das seguintes maneiras:
Trata-se de um livro indispensável no processamento das
1. A escrituração do livro por meio de partidas mensais. informações contábeis. É o livro que organiza os valores de
contas de mesma natureza e de maneira racional, ou seja, a
2. A escrituração resumida ou sintética, com valores totais
escrituração é feita por conta e não de forma cronológica, pro-
que não excedam a operações de um mês, desde que haja
porcionando mais praticidade para analisá-las numa eventual
escrituração analítica lançada em registros auxiliares.
necessidade.
3. No caso de a entidade adotar para sua escrituração con-
tábil o processo eletrônico, os formulários contínuos, De acordo com Marion (2012, p. 26) o livro razão é “hoje
numerados mecânica ou tipograficamente, serão desta- obrigatório. É indispensável em qualquer tipo de empresa: é um
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 74

instrumento mais valioso para o desempenho da contabilidade”. Razão Sintético Razão Analítico
Ele é realizado em contas individualizadas, pois consiste no Estoque de mercadorias Estoque de
Estoques produtos acabados Estoque de matéria
agrupamento de valores em contas de mesma natureza e de prima
forma racional. Cia. nacional de siderurgia Lojas Felicidades
Duplicatas a Receber
Depósito Santa-fé
Bancos Conta Movimento Banco do Brasil Banco Bradesco Banco Real
Nesse livro, cada conta terá sua própria página, e os lança-
Comércio de ferragens Santa Luzia
mentos deverão ser realizados na ordem em que forem acon- Fornecedores Pedreira São Mateus Castor & Andrade
tecendo. É importante ressaltar que este livro possui duas Ltda.
maneiras de serem escriturados. Ou seja, quando a conta for Banco do Brasil Financeira Credial. Banco
Empréstimos à Pagar
Unioeste.
genérica, podemos chamá-lo de Razão Sintético e, quando
Como dissemos, durante a escrituração, não poderão existir
houver desdobramento, ou seja, quando especificar cada uma
rasuras, borrões ou qualquer outro sinal de erro, por isso, há
das contas para realizar um controle mais efetivo, se chamará
cuidados específicos que devem ser adotados para corrigir num
Razão Analítico. Observe abaixo a diferença entre eles:
erro. Vejamos algumas dicas:

Erros de redação: É comum o contabilista inverter lan-


çamentos, ou seja, lançar crédito como débito e vice-versa.
Nesse caso, a saída mais adequada é utilizar o Estorno para
corrigir o erro.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 75

Borrões, rasuras, registros nas entrelinhas: Quando ocorrer Troca de uma conta por outra: Também um erro padrão,
esse tipo de acidente, o contabilista deverá ressalvar datas e muito comum na contabilidade. Para solucionar o problema,
assinar a ressalva na própria escrituração. basta fazer o estorno do valor na conta errada e realizar o lan-
çamento na conta correta.
Salto de linhas ou de páginas: Assim como os erros de
redação, o contabilista pode se distrair e pular linhas. Nesse Omissão de lançamentos: Quando o contabilista se esquece
caso, deverá preencher os espaços vazios com traços horizon- de realizar o lançamento na data correta, deverá proceder ao
tais, ressalvando com data e assinatura. Se pular uma página registro do fato no dia em que verificou a omissão, mencio-
inteira, o traço deverá ser na diagonal da página, cruzando-a nando, no histórico, o motivo e a data correta do evento.
de cima a baixo.
Lançamento em duplicata: Quando notada tal ocorrência,
Valores lançados a maior: O contabilista poderá realizar basta que se proceda ao estorno do lançamento que estiver a
um lançamento de retificação com a diferença ou anular e mais.
lançar os valores novamente.

Valores lançados a menor: Da mesma forma que os valo-


res lançados a maior, o contabilista pode fazer um estorno e
lançar novamente o valor correto ou realizar um lançamento
complementar.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 76

Balancete de Verificação constitutivos. Para tanto, a contabilidade apura preliminarmente


o saldo de cada uma das contas do LIVRO RAZÃO.
De acordo com o método das partidas dobradas, cada
lançamento a débito deve corresponder a um lançamento a Após apuração dos saldos de todas as contas patrimoniais
crédito de igual valor. Portanto, infere-se que o somatório dos e de resultados, estes serão relacionados em um quadro de-
saldos das contas devedoras deverá ser igual ao dos saldos das monstrativo, separando de acordo com a sua natureza: DE-
contas credoras. Com o objetivo de constatar essa igualdade, VEDORA ou CREDORA. A esse relatório, damos o nome
é usual antes do levantamento das demonstrações financeiras, de BALANCETE DE VERIFICAÇÃO.
que as contas do ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e
despesas sejam arroladas num relatório denominado balancete. O BALANCETE DE VERIFICAÇÃO tem por sua
finalidade demonstrar a exatidão dos lançamentos efetuados
Mensalmente, a Contabilidade deve fornecer aos admi- nas fichas ou livro razão. Isso, porque a contabilidade utiliza
nistradores ou gerentes um Balancete que mostre os saldos o método das partidas dobradas, isto é, não há devedor sem
das contas até aquele momento. Como dezembro é o mês de credor e vice-versa. Um mesmo valor é lançado a débito de
apurar os lucros e demonstrar o patrimônio, o último Balancete uma conta e a crédito de outra. Assim sendo, dizemos que o
merece muitos cuidados, como preliminar para o fechamento balancete está “fechado, batido” quando a soma da coluna de
do exercício. saldos devedores é igual à soma da coluna dos saldos credores.

Após determinado período de movimentação do patrimô- Se porventura, ocorrer uma diferença entre os débitos e
nio, temos necessidade de verificar a posição dos seus elementos créditos no balancete e, sabendo-se que SOMA das duas co-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 77

lunas está correta, deduzimos que pode ter ocorrido uma das Balancete é uma relação de contas extraídas do Livro Razão
seguintes situações: (ou Razonetes), com seus saldos devedores e credores.

Fato contábil debitado e não creditado ou vice-versa. Os Balancetes podem diferir uns dos outros em relação ao
número de colunas. Há Balancetes que poderão conter apenas
Fato contábil debitado por um valor e creditado por outro duas colunas – uma destinada ao saldo devedor, e outra, ao
valor. Fato contábil debitado ou creditado em duplicidade. saldo credor de cada conta; outros poderão apresentar colunas
destinadas ao movimento de cada conta, aos ajustes efetuados
O Balancete de Verificação compreende uma listagem de para apuração do resultado, aos saldos, etc.
contas com sua titulação prevista no Plano de Contas e que
tenham registro inicial e posterior de valores monetários corres- Veja um modelo de Balancete com duas colunas, sendo
pondentes ao movimento do mês ou acumulado dos meses, total uma destinada ao saldo devedor, e outra, ao saldo credor de
de débito e de crédito, e respectivo saldo, devedor ou credor. cada conta:

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO
Elaboração do balancete de verificação
CONTA (Descrição) DÉBITO CRÉDITO

O formato dos Balancetes varia de empresa para empresa,


de acordo com as necessidades de cada uma. TOTAL (exemplo) 45.000,00 45.000,00
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 78

Para a elaboração do Balancete, cada conta será transferida


do Razonete para o Balancete; com o respectivo saldo. Assim,
se a conta no Razonete apontar saldo devedor, este saldo será
transportado para a coluna do saldo devedor do Balancete;
se conta apresentar no Razonete saldo credor, este saldo será
transportado para a coluna do saldo credor no Balancete.

Balancete Sintético

Apresenta apenas uma relação das contas, com as colunas


indicativas dos débitos e créditos, com os respectivos saldos.

Balancete Analítico

Apresenta as contas já classificadas em grupos e subgrupos


para confecção das demonstrações contábeis, com os respecti-
vos saldos nas colunas de débito ou crédito, conforme o caso.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 79

Síntese

Na unidade 3 aprendemos a escrituração que é a parte


prática da contabilidade. A escrituração são os lançamentos
contábeis, e esses lançamentos são feitos através do mecanis-
mo de crédito e débito, que geram os razonetes (contas “T”)
e consequentemente os livros contábeis, razão e diário. Essa é
atividade diária do contabilista.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 80

ATIVIDADES ( ) O Capital Inicial de uma empresa só poderá ser


constituído por dinheiro.
1. Em que consiste a Escrituração?
( ) O Capital Inicial de uma empresa não poderá ser
2. Quando se inicia o processo da Escrituração? constituído por dinheiro.
3. Cite três documentos usados como suporte para os ( ) O Capital Inicial de uma empresa não será
registros contábeis. necessariamente constituído apenas por dinheiro.
4. Escolha a alternativa correta: 6. Indique a natureza das contas, colocando as seguintes
A Escrituração começa pelo livro: letras de referência:
( ) Registro de Inventário. D = Devedora
( ) Contabilidade. C = Credora
( ) Caixa. ( ) Caixa ( ) Bancos conta Movimento
( ) Diário. ( ) Estoque de Mercadorias ( ) Duplicatas a Receber
5. Coloque V se a afirmativa for verdadeira e F se for falsa: ( ) Fornecedores ( ) Capital
( ) A Escrituração no livro Diário poderá ser feita sem ( ) Veículos ( ) Juros Passivos
que haja documentos comprobatórios.
( ) Receitas de Serviços ( ) Impostos
( ) A Escrituração no livro Diário poderá ser feita
mediante qualquer comprovante. ( ) Fretes e Carretos ( )Móveis e Utensílios
( ) Não se pode escriturar nada nos livros contábeis ( ) Impostos a Pagar
sem que haja documentos idôneos que comprovem a
veracidade do registro.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 81

DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS E
SUAS ANÁLISES
O relatório contábil é a exposição resumida
e ordenada de dados colhidos pela
contabilidade. Também conhecido como
informes contábeis. O objetivo é relatar
às pessoas (usuários da contabilidade) os
principais fatos registrados pela contabilidade
em determinado período, através das
demonstrações contábeis.
Na quarta unidade, conheceremos os diferentes tipos de
demonstrações contábeis exigidos por lei, suas formas básicas
e de que maneira são utilizados para a análise dos gestores das
companhias.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 82

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ocorridos na entidade em determinado período.

O objetivo principal da Contabilidade é coletar, registrar, Também conhecidos como Informes Contábeis, os mais
resumir, analisar e relatar, em termos monetários, informações importantes são as demonstrações financeiras (terminologia
acerca dos negócios das empresas. utilizada pela Lei das Sociedades Anônimas – Lei 6.404/76)
ou demonstrações contábeis (terminologia preferida pelos con-
As demonstrações contábeis têm a finalidade de fornecer tadores).
informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desem-
De acordo com o artigo 176 da Lei 6404/76, ao fim de cada
penho e as mudanças na posição financeira da entidade, que
exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escritu-
sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações
ração mercantil da Companhia, as seguintes demonstrações
e tomadas de decisão econômica. Ela também apresenta os
financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do
resultados da atuação da Administração na gestão da entidade
Patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:
e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos
que lhe foram confiados. 1. Balanço Patrimonial;

2. Demonstração de Resultado do Exercício – DRE;


Os Relatórios Contábeis/Demonstrações Contábeis são
uma exposição resumida dos dados coletados pela contabili- 3. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados;
dade. Esses relatórios têm por objetivo relatar aos usuários da
4. Demonstração dos Fluxos de Caixa (Lei 11.638/2007),
contabilidade (pessoas que utilizam à contabilidade) os fatos
substituindo o DOAR;
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 83

5. Demonstração do Valor Adicionado, para as Companhias ceira de uma empresa num determinado período.
Abertas;
Para Ribeiro (2010, p. 340) o Balanço Patrimonial é a
Em substituição à Demonstração de Lucros ou Prejuízos “Demonstração Financeira que evidências, resumidamente,
Acumulados, as empresas podem elaborar a Demonstração de o Patrimônio da empresa, quantitativa e quantitativamente”.
Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).
De acordo com Iudícibus (2010, p. 161) o Balanço Patri-
As Empresas conhecidas como Sociedades Anônimas de monial “é a demonstração que encerra a sequência dos pro-
Capital Aberto (S.A) que negociam títulos no mercado de cedimentos contábeis, apresentando de forma ordenada os
capitais, são obrigadas a publicar seus resultados anualmente três elementos componentes do patrimônio: Ativo, Passivo e
nos jornais de maior circulação do país, e trimestralmente para Patrimônio Líquido”.
a CVM (comissão de valores mobiliários). Acompanham as
Demonstrações Financeiras: Notas Explicativas, Relatório de É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos
Diretoria e Parecer dos Auditores Independentes. da empresa, assim como as obrigações em determinada data.
A diferença entre o Ativo e Passivo é chamado de Patrimônio
Balanço Patrimonial Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da
empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa,
O objetivo do balanço patrimonial é apresentar, de uma quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente.
forma ordenada e padronizada, a situação econômica e finan-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 84

A grande importância do Balanço Patrimonial reside na Estrutura resumida do Balanço patrimonial:


visão de que ele dá das aplicações de recursos feitas pela em-
CONTEÚDO DO BALANÇO
presa (Ativos) e quantos desses recursos são devidos a terceiros
ATIVO PASSIVO
(Passivos). Evidencia o nível de endividamento, a liquidez da Ativo Circulante Passivo Circulante
empresa, a proporção do capital próprio (Patrimônio Líquido) Ativo não circulante (dividido em): Passivo não circulante
e outras análises. A visão de dois balanços consecutivos mostra - Realizável a Longo Prazo Patrimônio Líquido
facilmente a movimentação ocorrida e como a estrutura patri- - Investimentos
monial e financeira se modificou no período. - Ativo Imobilizado
- Ativo Intangível

É uma palavra grega composta de duas partes: “bi” e “lan-


Principais grupos do ativo
cis”. “Bi” significa dois e “lancis” é traduzido por pratos de
balança., de onde vem o equilíbrio patrimonial. Mostra a po- É a parte positiva da posição patrimonial e identifica onde
sição financeira de uma empresa em um momento específico os recursos foram aplicados. Representa os benefícios presentes
e informa a capacidade de geração dos fluxos futuros de caixa. e futuros para a empresa.
É a fotografia da empresa numa determinada data.
Deve ser compreendido como o conjunto de recursos finan-
ceiros e econômicos que são administrados de forma a gerarem
mais recursos financeiros e econômicos. A finalidade de uma
empresa é o lucro, e o Ativo é a aplicação de bens e direitos de
modo a produzir lucro.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 85

Para que algo possa ser considerado um ativo, é necessário Ativo não circulante
que ele cumpra quatro requisitos: constituir bem ou direito
para a empresa, ser de propriedade, posse ou controle da so- Com a publicação da Medida Provisória 449 /2008 foi
ciedade, ser mensurável monetariamente e trazer benefícios criado o Ativo Não Circulante, composto pelos grupos Rea-
(ou expectativa de benefícios) para a empresa. O dinheiro é o lizável a Longo Prazo, Investimento, Imobilizado e Intangí-
ativo por excelência, pois é o meio de troca da economia e sua vel. A Medida Provisória 449/2008 foi transformada na Lei
liquidez é plena. 11941/2009.

É composto por ativo realizável a longo prazo, investimen-


As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decres-
tos, imobilizado e intangível.
cente de liquidez e classificadas nos seguintes grupos:
Ativo realizável a longo prazo: Direitos realizáveis após o
Ativo circulante prazo de 12 meses. Direitos derivados de adiantamentos ou
empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores,
Os principais grupos são Disponível, Clientes, Estoques.
acionistas ou participantes no lucro da companhia. Exemplos
São todos os direitos que a empresa irá receber até um de contas: Depósitos Judiciais, Impostos a Recuperar.
prazo de 12 meses.
Investimentos: Participações permanentes no capital social
O CPC 26 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) inclui de outras sociedades e outros direitos permanentes que não se
como sugestão para o disponível, o uso da conta caixa e
destinam à manutenção das atividades da sociedade. Exemplo:
equivalente de caixa. É o grupo conhecido como Capital de
Giro da Empresa. Investimento em ações, obras de arte.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 86

Imobilizado: Direitos que tenham por objeto bens corpó-


Com as alterações feitas pela Lei 11638/2007, Medida
reos destinados à manutenção das atividades da companhia ou Provisória 449/2008, Lei 11941/2009 e Resolução 1157 do CFC
exercidos com essa finalidade e os decorrentes de operações que fica criado a seguinte estrutura para o Passivo: Passivo
transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses Circulante, Passivo Não Circulante e o Patrimônio Líquido.
bens. Exemplo: Terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos.
As contas do Passivo devem ser dispostas em ordem cres-
Intangível: Grupo novo previsto com a Lei 11638/2007. cente de exigibilidade e classificadas nos seguintes grupos:
Direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à
• Passivo Circulante
manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade,
inclusive o fundo de comércio adquirido. No Passivo Circulante, é esperada sua liquidação dentro
dos 12 meses seguintes à data final do Balanço. São as obri-
Principais grupos do passivo
gações com: Terceiros, Tributárias, Trabalhistas e Previdenci-
São obrigações da empresa, contraídas junto à outra (s) árias e Outras Obrigações. Exemplos de contas: fornecedores,
pessoa (s) físicas ou Jurídicas. São as origens que financiam a empréstimos, impostos a pagar, encargos sociais a recolher,
empresa, podendo ser de curto prazo ou longo prazo. Eviden- salários a pagar.
cia toda a obrigação, dívida, que a empresa tem com terceiros;
• Passivo Não Circulante
contas a pagar, fornecedores, impostos a pagar, financiamentos.
O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, quando a dívida O Passivo Não Circulante é composto por obrigações com
vencer, será reclamada a liquidação. Por isso, é mais adequado vencimento após o término do exercício social seguinte, ou
chamá-lo de passivo exigível. seja, no prazo superior a 12 meses seguintes à data do Balanço:
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 87

Fornecedores de Longo Prazo. As antigas contas do Grupo Exemplos de Balanço Patrimonial:


Resultado de Exercícios Futuros serão classificadas nesse grupo.
Há duas formas de se apresentar o Balanço Patrimonial:
• Patrimônio Líquido

Evidências recursos dos proprietários aplicados no em- Horizontal, o passivo ao lado do ativo.
preendimento. O investimento inicial dos proprietários é de-
nominado de Capital. Se houver outras aplicações por parte Vertical, o passivo abaixo do ativo.
dos proprietários e acionistas, teremos acréscimo ao Capital.
Aumenta pelos lucros gerados ao longo dos anos, por novas Os exemplos a seguir serão demonstrados na forma hori-
integralizações dos acionistas e reduz com os prejuízos gerados zontal. Observe o Balanço Patrimonial a seguir e suas prin-
ao longo. É conhecido como o capital próprio da empresa. cipais contas.

Exemplos das contas do Patrimônio Líquido: Capital Social, Dica: Todos os balanços das Companhias Abertas estão
disponíveis no site:
Reservas de Capital, Reservas de Lucros e Lucros ou Prejuízos
http://www.cvm.gov.br.
Acumulados.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 88

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
DISPONIBILIDADES OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS
Caixa e bancos Duplicatas a pagar
Aplicações financeiras de Liquidez imediata Empréstimos e financiamentos a pagar
CLIENTES OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS
Duplicatas a receber
Impostos, taxas e contribuições a recolher
(-) Duplicatas descontadas
Provisão para IRPJ e CSLL
(-) Provisão para créditos de Liquidação Duvidosa
OUTROS CRÉDITOS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS
Ordenados e salários a pagar
Encargos sobre salários a pagar
Adiantamentos a fornecedores
Provisão para 13º salário com encargos
Provisão para férias e encargos
TRIBUTOS A RECUPERAR OUTRAS OBRIGAÇÕES
Impostos e contribuições a recuperar Contas a pagar
INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS A CURTO PRAZO PARTICIPAÇÕES E DESTINAÇÕES DO LUCRO LÍQUIDO
Ações de outras empresas
ESTOQUES
Participações de empregados a pagar
Estoques matérias-primas/Mercadorias
Dividendos a pagar
DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE
Prêmios de seguros a vencer
TOTAL ATIVO CIRCULANTE TOTAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Ativo não-circulante Passivo não-circulante
Ativo realizável a longo prazo Passivo exigível a longo prazo
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 89

CLIENTES OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS


Duplicatas a pagar
Duplicatas a receber Empréstimos e financiamentos a pagar
Empréstimos a pagar para pessoas ligadas
CRÉDITOS COM PESSOAS LIGADAS RECEITAS DIFERIDAS
Receitas recebidas antecipadamente
Empréstimos a diretores
(-) Custos, despesas ou encargos
TOTAL REALIZÁVEL A LONGO PRAZO TOTAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimentos Capital Social
Capital social subscrito
Participação em outras empresas Imóveis de renda Outros investimentos
(-) Capital social a realizar
Imobilizado Reservas de Capital
Prédios
Terrenos
Veículos
Reserva de agio na emissão de ações/quotas
Mobiliários e Utensílios
(-) depreciação acumulada
Equipamentos de escritório
INTANGÍVEL RESERVAS DE LUCROS
Reserva legal
Marcas e patentes Reserva estatuária
Fundo de comércio Reserva de lucros a realizar
(-) amortização acumulada (-) Ações em tesouraria
(-) Prejuízos acumulados
TOTAL DO ATIVO PERMANENTE TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 90

As receitas e despesas de uma empresa representam, res-


Resumindo: O Balanço Patrimonial sempre é uma
demonstração que informa a posição econômico-financeira pectivamente, acréscimo e diminuição de seu patrimônio lí-
da empresa na data em que for elaborado. quido. Essas receitas e despesas são controladas em contas
específicas que, em geral, são de grande volume, chamadas
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO contas de resultado.
EXERCÍCIO (DRE)
Ao final de cada exercício, é necessário que essas contas
Relatório contábil destinado a evidenciar a composição do
sejam encerradas para que possam ser conhecidos os resultados
resultado formado em um determinado período de operações
do exercício; esses resultados possam ser apresentados de modo
da entidade. Evidencia os vários níveis de resultados mediante
ordenado e de fácil entendimento.
confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despe-
sas. Evidencia também o resultado econômico, isto é, o lucro A empresa deve informar, como foi obtido o resultado do
ou o prejuízo apurado pela empresa no desenvolvimento de exercício que foi transferido para a conta “Lucros ou prejuízos
suas atividades durante determinado período, que geralmente acumulados”. Essa informação é dada, em maior parte, através
é igual a um ano. da demonstração do resultado do exercício, que nada mais é do
que uma apresentação das contas de receitas e despesas feitas
A demonstração de Resultado do Exercício é uma forma
de modo ordenado. Tal ordenação se baseia, principalmen-
estruturada de se evidenciar a composição do resultado
econômico da entidade, ou seja, é um critério de se te, na divisão de receitas e despesas entre operacionais e não
organizarem as receitas auferidas e as despesas incorridas operacionais e em sua apresentação na forma indicada pela
no período. legislação vigente.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 91

É uma demonstração que evidencia o resultado econômico Um princípio contábil que norteia todo o Demonstrativo
da empresa, pois a transformação do Lucro em Fluxo de Caixa de Resultado e demais Demonstrações Financeiras é a apli-
irá depender do ciclo financeiro da empresa (Prazo de Giro cação do regime de competência para apropriação de receitas
dos Estoques, Prazo Médio de Recebimento e Prazo Médio e despesas, independente do pagamento ou recebimento, os
de Pagamento dos Fornecedores). lançamentos dentro do período m que incorrerem (já comen-
tamos na unidade 1).
A Demonstração de Resultados do Exercício é o relatório
que evidências de forma ordenada, o resumo das receitas e Antes de abordarmos mais detalhadamente seus compo-
despesas ocorridas em determinado período. É apresentada nentes, cabe destacar dois aspectos fundamentais que devem
de forma vertical, partindo das receitas e as devidas deduções, nortear a contabilidade das empresas no reconhecimento con-
obtendo no final o resultado líquido (lucro ou prejuízo). tábil das receitas, custos e despesas, aspectos esses expressos
nos § 1º do art. 187 da referida Lei, como segue:
Estrutura da DRE
“§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão
Segundo Ribeiro (2010 p.345) “Essa demonstração evi- computados:
dencia o Resultado que a empresa obteve (lucro ou prejuízo) no
desenvolvimento de suas atividades durante um determinado As receitas e os rendimentos ganhos no período, indepen-
período, geralmente igual a um ano”. dentemente da sua realização em moeda; e
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 92

Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos e incorridos, É, por decorrência desse pressuposto, que, por exemplo:
correspondentes a essas receitas e rendimentos”.
• A receita de venda é contabilizada por ocasião da venda
Essas conceituações da Lei representam basicamente um e não quando de seu recebimento.
dos pressupostos básicos, presente no Pronunciamento Con-
ceitual Básico - Estrutura Conceitual, denominado Regime • A despesa de pessoal (salários e seus encargos) é reconhe-
de Competência, que, por sua vez, pressupõe a confrontação cida no mês em que se recebeu tal prestação de serviços,
entre receitas e despesas, conforme descrito no item 95 do mesmo sendo paga no mês seguinte.
Pronunciamento Técnico do CPC supracitado:
• Uma compra de matéria-prima é contabilizada quando
“95. As despesas são reconhecidas na demonstração do do recebimento da mercadoria e não do seu pagamento.
resultado, com base na associação direta entre elas e os corres-
pondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado • Despesa do Imposto de Renda é registrada no mesmo
de confrontação entre despesas e receitas (Regime de Compe- período dos lucros a que se refere e, não no exercício
tência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado seguinte, quando for declarada e paga.
das receitas e despesas que resultem diretamente das mesmas
transações ou outros eventos; (...)”.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 93

Apresentação - DRE • Despesas gerais e administrativas;

• Outras despesas e receitas operacionais.


O objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício
é fornecer aos usuários das demonstrações financeiras da em- • Assim, deduzindo-se as despesas operacionais totais do
presa, os dados básicos e essenciais da formação do resultado lucro bruto, apresenta-se o lucro operacional, outro dado
(lucro ou prejuízo) do exercício. importante na análise das operações da empresa.

O art. 187 da Lei das Sociedades por Ações disciplina Após o lucro operacional, apresentam-se as outras receitas
a apresentação dessa Demonstração, visando a atender a tal e despesas, apurando-se então o resultado antes dos tributos
objetivo, pois, resumindo, a Demonstração é iniciada com o (imposto de renda e contribuição social sobre o lucro).
valor total da receita apurada em suas operações de vendas, da
qual é deduzido o custo total correspondente a essas vendas, Deduz-se, a seguir, imposto de renda e contribuição social a
apurando-se a margem bruta, ou seja, o lucro bruto. pagar e, finalmente, as participações de terceiros, não na forma
de acionistas, calculáveis sobre o lucro, tais como empregados,
São, então, apresentadas as despesas operacionais segregadas chegando-se, assim, ao lucro ou prejuízo líquido do exercício,
por subtotais, conforme sua função, quais sejam: que é o valor final da Demonstração

• Despesas com vendas;

• Despesas financeiras deduzidas das receitas financeiras;


CONTABILIDADE EMPRESARIAL 94

Modelo de DRE
A seguir apresentaremos o modelo básico de DRE:
Receita Bruta Todas as receitas de vendas ocorridas no período.
Neste grupo encontram-se as devoluções de mercadorias ocorridas e os impostos, incidentes sobre as
(-) Deduções
vendas. (ICMS, PIS, ISS e COFINS)
(=) Receita Operacional Líquida-ROL A diferença entre a Receita Bruta e as Deduções
São os custos de fabricação dos produtos (CPV) ou comercializados (CMV) ou Custo dos Serviços Prestados
(-) Custo do Produto
(CSP)
A diferença entre a Receita Líquida e o Custo do Produto Vendido ou Serviço Prestado. Este valor constitui a
(=) Lucro Bruto
Margem de Contribuição.
Despesas referentes a comercialização dos produtos, diretamente vinculadas à venda Exemplo: Propaganda,
(-) Despesas com Vendas
Comissões de vendas, Representantes, Fretes, etc.
São as despesas incorridas para administrar a empresa, geralmente fixas. Exemplo: Despesas de pessoal da
(-) Despesas Administrativas
administração, Material de Expediente, Aluguel, alimentação, etc
(+ /-) Equivalência Patrimonial Despesa ou Receita com o do Resultado da Equivalência Patrimonial
A diferença entre as receitas e as despesas que não são da atividade operacional da empresa. Exemplo: Venda
(+ /-) Outras Receitas/Despesas
de Imobilizado e Outras Despesas/Receitas Operacionais
(=) Lucro Operacional Lucro Bruto, deduzido das despesas operacionais e resultado da Equivalência Patrimonial
São as receitas obtidas através de juros, (aplicações financeiras, juros cobrados), deduzido das despesas de
(+ /-) Despesas/Receitas Financeiras
juros incorridos de empréstimos bancários.
(=) Resultado antes dos Tributos sobre o lucro Diferença entre o Resultado Antes das Receitas e Despesas Financeiras e as Despesas Financeiras Líquidas
(-) Imposto de Renda / Contribuição Social Impostos calculados sobre o Lucro
(-) Participações de Empregados e
Valores Pagos a Empregados e Administradores que não se caracterizam como Despesas
administradores
(=) Lucro Líquido Resultado final
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 95

Receita Bruta: é o somatório das receitas de exploração para prestar um serviço. Os custos de produção (ou da merca-
das atividades que constam no objetivo da empresa, ou seja, doria vendida) são obtidos por baixas nas contas de estoques
são as geradas pelas atividades às quais a empresa se dedica. determinadas por vendas realizadas, e o critério de avaliação
adotado (PEPS, UEPS, preço médio ponderado, etc.), produz
Deduções da Receita Bruta: representa o somatório das alterações em seus valores.
deduções da Receita Bruta que são representadas por três gru-
pos: devoluções de vendas, abatimentos sobre vendas e impos- Lucro Bruto: é a diferença entre a receita líquida e seus
tos e contribuições sobre vendas (ICMS, ISS, P IS sobre o custos para poder obtê-la.
faturamento e o COFINS). Quanto ao IPI, este não deve ser
considera do neste título, pois o mesmo deverá ser deduzido Despesas Operacionais: Gastos para administrar a empresa
diretamente na rubrica Venda de Produtos. como um todo. Não se relacionam diretamente ao produto,
mas são necessárias para vendê-los, administrar a empresa e
Receita Líquida: é a receita real da empresa, pois os im- financiar as operações, ou seja, relacionam-se diretamente com
postos e abatimentos acabam aumentando a conta de receita o objeto do negócio da empresa.
bruta, sendo que esses valores são repassados para o governo.
Despesas Administrativas: decorrem das atividades desen-
Custo dos Produtos e/ou Mercadorias Vendidos (CPV volvidas na área administrativa. Gastos com pessoal e demais
/ CMV) e dos Serviços Prestados (CSP): refere-se ao custo gastos necessários à administração da empresa compõem este
da empresa para produzir ou vender um produto e/ou ainda grupo.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 96

Despesas de Vendas ou Comerciais: todas aquelas que demais Receitas Operacionais e deduzido das demais Despesas
ocorrem na área comercial da empresa. Englobam tantos gastos Operacionais. Quando o total dos Custos Operacionais mais
com pessoal como os demais, necessários ao desenvolvimento as Despesas Operacionais forem superiores ao total da Receita
das atividades comerciais da empresa. Operacional Líquida mais as demais Receitas Operacionais,
esse resultado corresponderá a prejuízo chamado de Prejuízo
Despesas e Receitas Financeiras: as despesas são apresen- Operacional.
tadas segregadas das receitas, evidenciando a diferença entre
elas. Representam os juros pagos ou recebidos nas operações Outras Receitas e Outras Despesas: aqui devem ser consi-
comerciais ou financeiras realizadas pela empresa. deradas aquelas anteriormente chamadas de não operacionais.
São raras, extraordinárias, incomuns e alheias à vida normal
Outras Despesas Operacionais: se incluem aqui todas as da empresa, ou seja, baixa de investimentos, ganhos ou perdas
despesas operacionais que não se enquadrem nos demais grupos nas vendas de bens do ativo imobilizado ou intangível.
de contas de despesas operacionais.
Provisão para Contribuição Social e Imposto de Ren-
Outras Receitas Operacionais: demais receitas, exceto da: calculadas sobre o Lucro Real que é o Lucro Líquido do
financeiras, como aluguéis, variação monetária ativa, receitas Exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações
de participações societárias, receitas eventuais, etc. prescritas ou autorizadas pela legislação. Sempre é importante
consultar a legislação em vigor para verificar os critérios de
Lucro ou Prejuízo Operacional: lucro corresponde ao
cálculo dessas provisões.
lucro obtido no confronto entre o Lucro Bruto acrescido das
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 97

Resultado do Exercício após o Imposto de Renda (ou após


a Tributação, ou após as Deduções): É obtido após as dedu- Conta Valor em R$
ções das participações e contribuições do lucro remanescente Vendas 1.929.975,00
depois de deduzida a provisão para imposto de renda. Essas Impostos e Contribuições sobre
496.000,00
Vendas
deduções referem-se às participações de debêntures, de empre-
Custo das Mercadorias Vendidas
gados, de administradores e partes beneficiárias, assim como, 336.500,00
(CVM)
às contribuições para instituições ou fundos de assistência ou Fretes e Carretos 30.000,00
previdência de empregados. Despesas com Créditos de
6.000,00
Liquidação Duvidosa
Juros Passivos 5.000,00
Reversão de Juros sobre o Capital Próprio: é uma norma
Juros Ativos 45.000,00
que deve ser observada pelas sociedades anônimas de capital
Aluguéis Passivos 139.000,00
aberto sempre que optarem por contabilizar juros remunera- Depreciação 237.175,00
tórios do capital próprio como despesas financeiras. Encargos Sociais 71.000,00
Material de Expediente 25.000,00
Exemplo prático de elaboração do DRE: Com base na Prêmios de Seguros 15.000,00
relação de contas a seguir, extraída do livro Razão da empresa Salários 200.000,00
Provisão para a Contribuição
Indústria Exemplo S.A, em 31/12/X1, na qual constam contas 37.663,00
Social s/L.Líquido
já encerradas (Contas de Resultado) e abertas (Contas Patri- Provisão para Imposto de Renda 94.159,00
moniais), elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 98

Para elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, Após essa separação, podemos elaborar de forma simplifi-
devemos reunir as Contas de Despesas e de Receitas em seus cada o nosso DRE, seguindo o modelo apresentado anterior-
respectivos grupos, conforme consta na próxima Demonstra- mente, lembrando sempre que a última linha é resultado final,
ção. Veja como agruparemos as referidas contas para a solução onde apuraremos o lucro ou prejuízo.
deste exemplo:

Despesas com Vendas Resumindo: A DRE é nada mais é que a diferença do que
Fretes e Carretos 30.000,00 foi vendido menos o que foi gasto em um determinado
Despesas com Créditos de L. Duvidosa 6.000,00 período (1 mês, 1 ano), obtendo dessa forma o lucro ou
Total 36.000,00 prejuízo.
Despesas Financeiras
Juros Passivos 5.000,00
Receitas Financeiras
Juros Ativos 45.000,00
Despesas Gerais e Administrativas
Aluguéis Passivos 139.000,00
Encargos Sociais 71.000,00
Material de Expediente 25.000,00
Prêmios de Seguros 15.000,00
Salários 200.000,00
Depreciação 237.175,17
TOTAL 687.175,17
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 99

DRE – Demonstrativo do Resultado do Exercício (+/-) Resultado Financeiro 40.000


(+) Receita Operacional Bruta 1.929.975 (+) Receita Financeira 45.000
Venda de Produtos, Mercadoria e/ou Prestação de Serviços 1.929.975 Juros Ativos 45.000
(-) Deduções da Receita Bruta 496.000 (-) Despesas financeiras 5.000
Impostos e Contribuições sobre Vendas 496.000 Juros Passivos 5.000
(=) Receita Operacional Líquida 1.433.975 (=) Resultado (Lucro ou Prejuízo) antes do IRPJ e CSLL 414.300
(-) Custos dos Produtos, Mercadorias e Serviços Vendidos 336.500 (-) Provisão para CSLL 37.663
CPV, CMV ou CSP. 336.500 (-) Provisão para IRPJ 94.159
(=) LOB – Lucro Operacional Bruto 1.097.475 (=) Resultado Líquido (Lucro ou Prejuízo) do Exercício. 282.478
(-) Despesas Operacionais 723.175
(-) Despesas c/ Vendas 36.000 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
Fretes e Carretos 30.000
A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
Despesas c/ crédito duvidoso 6.000
(DLPA) é um relatório contábil que tem por finalidade eviden-
(-) Despesas Administrativas 687.175
Aluguéis 139.000 ciar o saldo inicial da conta Prejuízos Acumulados, os ajustes de
Encargos Sociais 71.000 Exercícios anteriores, as recessões de reservas, o Lucro líquido
Material de Expediente 25.000 do Exercício e a sua destinação.
Prêmio de Seguros 15.000
Sua obrigatoriedade é apenas para empresas com sociedades
Salários 200.000
Depreciações 225.250 limitadas, enquanto outros tipos de empresa podem optar por
Amortizações 11.925 incluir essa demonstração das mutações do patrimônio líquido
(=) Lucro Operacional antes do resultado financeiro 374.300 (DMPL) e lucros ou prejuízos acumulados.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 100

Vejamos o que dispõe o artigo 186 da Lei nº 6.404/76: § 2º - A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados dis- social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do
criminará: patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.

I. O saldo do início do período, os ajustes de exercícios Na DLPA, é calculado e definido o lucro ou prejuízo anual
anteriores e a correção monetária do saldo inicial; da empresa, que é transferido para o relatório e conta de lucros
acumulados. Com base nessas informações, é possível observar
II. As reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; as variações de caixa da empresa, os períodos em que houve
maior lucro e também maior prejuízo, assim como a extensão
III. As transferências para reservas, os dividendos, a par- de crescimento possível da empresa.
cela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim
do período. Conhecer com detalhes suas reservas significa conhecer
as perspectivas da empresa para o futuro. Dessa forma, sua
§ 1º - Como ajustes de exercícios anteriores serão conside- diretoria e contabilidade sabem com detalhes seu capital de
rados apenas os decorrentes de efeitos de mudança de critério giro, suas possibilidades de expansão, se há como investir em
contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado novos produtos, instalações ou até mesmo em outras filiais.
exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos
subsequentes.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 101

Demonstração do Fluxo de Caixa A demonstração dos Fluxos de Caixa mostra as origens e


aplicações de caixa e seus equivalentes, que é a base para ava-
É o Relatório contábil que tem por fim evidenciar as tran- liação da situação financeira da empresa e sua capacidade de
sações ocorridas em um determinado período e que provocaram pagamento das obrigações. Essa demonstração auxilia a res-
modificações no saldo da conta Caixa. E, ainda, é a demons- ponder a perguntas vitais, como: “Onde foi obtido o dinheiro?”
tração sintetizada dos fatos administrativos que envolvem os e “Onde o dinheiro foi aplicado e com que objetivo?”.
fluxos de dinheiro ocorridos durante determinado período na
O caixa é vital para o bom funcionamento de qualquer
conta Caixa. Fluxos de caixa compreendem entradas e saídas
empresa, e o modo como os fluxos de caixa são administra-
de dinheiro na empresa.
dos poderá determinar o sucesso ou fracasso de uma empresa.
Caixa compreende numerário em espécie e depósitos As contas devem ser pagas em seu vencimento, e o dinheiro
bancários disponíveis. Equivalentes de caixa são aplicações excedente poderá ser aplicado na compra de estoque, de equi-
financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são
pamentos ou na geração de rendimentos financeiros.
conversíveis em dinheiro e têm um grau de risco baixo
em função de mudança de valor. Abrangem investimentos
resgatáveis em até três meses e que tenham altíssima A DFC (Demonstração do Fluxo de caixa) é relativamente
liquidez. parecida com a DOAR e, pela nova Lei, vem em substituição
A Lei 11.638/07 tornou obrigatória a evidenciação da a esta. Enquanto o DOAR trabalha com a variação do Capital
Demonstração dos Fluxos de Caixa. O Comitê de Pronun- Circulante Líquido (CCL), a DFC trabalha com a variação do
ciamentos Contábeis emitiu o Pronunciamento Técnico nº 03 Caixa e Equivalente à Caixa (Variação do saldo do Caixa no
apresentando as normas para sua elaboração. Final e no início de um período).
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 102

Exemplo de Demonstração do Fluxo de Caixa: (-)Pagamento de empréstimos e financiamentos


Novos empréstimos e financiamentos
Fluxo de Caixa - Método Indireto Ano Atual Ano Anterior Caixa líquido das atividades de financiamentos (3)
Fluxos operacionais Aumento / redução de caixa (1+2+3)
Resultado líquido Saldo inicial de caixa
(+) Depreciações e amortizações Saldo final de caixa
(Aumento) Redução de Clientes
Custos e Despesas que reflete no fluxo de Caixa
(Aumento) Redução de Impostos a Recuperar
(Aumento) Redução de Estoques
(Aumento) Redução de Despesa pagas antecipadamente É fundamental que o gestor administrativo conheça toda a
Aumento (Redução) em Fornecedores estrutura de custos e despesas da empresa, para buscar receitas
Aumento (Redução) de Obrigações Sociais e Trabalhistas
que maximizem os resultados de suas operações. Através das
Aumento (Redução) de Obrigações Tributárias
técnicas de análises das demonstrações contábeis que serão
Aumento (Redução) de Adiantamentos
Aumento (Redução) de Outras Obrigações tratadas, no próximo capítulo, o gestor encontrará subsídios
Caixa líquido das atividades operacionais (1) que irão lhe assegurar a conhecer a situação de uma empresa.
Fluxos de investimentos
(-)Compra de ativo imobilizado
(+)Recebimento da venda de imobilizado
(+)Juros recebidos
(+)Dividendos recebidos
Caixa líquido das atividades de investimentos (2)
Fluxos de financiamentos
(+)Integralização de aumento de capital
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 103

Demonstração do Valor Adicionado Sob uma abordagem mais ampla, a Contabilidade utiliza a
Demonstração do Valor Adicionado para identificar e divulgar
A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) foi inserida quanto a atividade da empresa gera de recursos adicionais para
pela Lei nº 11.638/2007, (artigo 176, inciso V), no conjunto de a economia local, como e para quem os distribui.
demonstrações financeiras que as companhias abertas devem
apresentar ao final de cada exercício social, estando, portanto, A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode
sujeita a todas as regras de aprovação. integrar o Balanço Social, constitui desse modo, uma importante
fonte de informações, à medida que apresenta esse conjunto de
O artigo 188, inciso II da Lei das S/A, informa que a De-
elementos que permitem a análise do desempenho econômico
monstração do Valor Adicionado indicará: o valor da riqueza
da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como
gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos
dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.
que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empre-
gados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a
Além das informações contidas nos grupos relacionados
parcela da riqueza não distribuída. O valor adicionado de uma
no modelo da Demonstração do Valor Adicionado, a entidade
empresa, elaborado na forma contábil, representa o quanto de
deve acrescentar ou detalhar outras linhas na Demonstração
valor ela agrega aos insumos que adquire num determinado
do Valor Adicionado quando o montante e a natureza de um
período, sendo obtido, de forma geral, pela diferença entre
item ou o somatório de itens similares forem de tal magnitude
vendas e o total dos insumos adquiridos de terceiros. Esse valor
que a apresentação em separado ajuda na apresentação mais
terá também o significado de toda a remuneração dos esforços
adequada da Demonstração do Valor Adicionado.
aplicados na atividade da empresa.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 104

De acordo com a chamada “Nova Lei Contábil”, a Lei nº Como se pode observar, a Demonstração do Resultado do
11.638/2007 de 28/12/2007 que a altera a Lei nº 6.404/776 as Exercício (DRE) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
empresas S/A de Capital Aberto, ou seja, aquelas que movi- têm enfoques bem diferentes e objetivam fornecer informações
mentam ações no mercado de capitais, bem como as empresas sob distintos pontos de vista, o que torna eficaz a necessidade
Ltda. denominadas de “Grande Porte” com faturamento anual que os usuários possuem de informações adicionais.
superior a R$ 240.000.000,00 estão obrigadas a publicar a
Demonstração do Valor Adicionado.

A DVA indica, de forma clara e precisa, a parte da riqueza


que pertence aos sócios ou acionistas; a que pertence aos
demais capitalistas que financiam; e a parte que fica com o
governo.

Na Demonstração do Resultado do Exercício, a parte de


terceiros (capitalistas, empregados, governo) é considerada
como despesas ou custos, porque, do ponto de vistas dos pro-
prietários, esses valores distribuídos representam redução do
lucro e, consequentemente, redução da parcela que cabe a cada
proprietário.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 105

Introdução à Análise das Demonstrações Contábeis A análise financeira de balanços é uma ferramenta pode-
rosa à disposição das pessoas físicas e jurídicas relacionadas à
Uma das principais finalidades da contabilidade é mos- empresa, como acionistas, dirigentes, bancos e fornecedores.
trar periodicamente a situação patrimonial, financeira e de A análise de Balanços objetiva extrair informações das De-
rentabilidade das empresas. Isso é feito com base no nos dois monstrações Financeiras para a tomada de decisões.
principais demonstrativos: Balanço patrimonial e a Demons-
tração do Resultado do Exercício. O montante de uma conta ou de um grupo patrimonial
quando tratado isoladamente não retrata adequadamente a
Conforme (Ching, Marques e Prado, 2010) ao examinar importância do valor apresentado e muito menos seu compor-
essas demonstrações financeiras você estaria apto a: tamento ao longo do tempo. Por exemplo, o total dos custos de
produção, por si só, representa pouco para o analista, mas, se
• Interpretar a situação econômico-financeira da empresa;
comparado com o montante das vendas ou com o valor desses
• Identificar seus pontos fortes e fracos; mesmos custos levantados em outros exercícios sociais, refletirá
com maior clareza sua posição.
• Medir sua capacidade de gerar lucro;

• Identificar sua eficiência em gerenciar seus ativos; Assim, a comparação dos valores entre si e com outros
de diferentes períodos oferecerá um aspecto mais dinâmico
• Verificar maneiras de aumentar a rentabilidade do ne-
e elucidativo à posição estática das demonstrações contábeis.
gócio.
Esse processo de comparação, indispensável ao conhecimento
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 106

da situação de uma empresa, é representado pelas análises O produto final da análise serão os relatórios escritos em
horizontal, análise vertical e análise por índices. A análise linguagem objetiva e suportados por gráficos, tabelas ou pla-
financeira de balanços propicia as avaliações do patrimônio da nilhas de forma gerencial de acordo com as necessidades do
empresa e das decisões tomadas, tanto em relação ao passado, usuário ou padrões utilizados pela área de Controladoria.
retratado nas demonstrações financeiras, como em relação ao
futuro, espelhado no orçamento financeiro. Visão Histórica

As duas principais características de análise de uma em- Para uma compreensão da evolução das análises dos de-
presa são a comparação dos valores obtidos em determinado monstrativos, a seguir detalhamos uma visão cronológica do
período com aqueles levantados em períodos anteriores e o processo:
relacionamento desses valores com outros afins. Dessa maneira,
pode-se afirmar que o critério básico que norteia a análise de • No final do século XIX, banqueiros americanos pas-
balanços é a comparação. saram a solicitar balanços das empresas tomadoras de
empréstimos.
O processo de análise é direcionado conforme o interesse
do usuário da informação contábil e financeira. • Em 9 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da
Relembrando que podemos dividir os usuários em dois Associação de Bancos de Nova York recomendou a seus
grandes grupos: Internos Administração da empresa, membros que solicitassem balanços aos tomadores de
sócios e funcionários E, Externos: Credores, fornecedores,
empréstimos.
bancos, governo, clientes, sociedade, etc.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 107

• Em 1900, a associação divulgou um formulário de pro- O processo de análise


posta de crédito que inclua espaço para balanço.
O processo de análise das demonstrações contábeis é com-
• Em 1919, Alexander Wall (considerado o pai da análise de posto dos seguintes procedimentos:
balanços) desenvolveu um modelo de análises de índices; Extração dos Comparação
Ponderação Elaboração Tomada
índices das dos índices
das dos de
demonstrações calculados com
informações diagnósticos decisões
contábeis o padrão
• Em 1925, Stephen Gilman propôs a análise horizontal.
Estrutura das demonstrações financeiras
• Em 1930, surgiu na DuPont, um modelo de análise de
rentabilidade Roi (Return on Investiment, ou Retorno Para estruturar as demonstrações, é necessário padronizá-
sobre o Investimento) que apresentava o retorno em -las. As demonstrações contábeis costumam evidenciar deta-
margem e giro. lhamentos que precisam sofrer condensação e críticas através
de uma padronização, que é feita pelos seguintes motivos:
• Em 193l, a Dun & Bradstreet passou a elaborar e a
divulgar índices padrões para os diversos ramos de ati- • Simplificação: quanto maior o volume de contas mais
vidades dos EUA; difícil fica a visualização e a compreensão do todo.

• No Brasil, em 1968, foi criada a SERASA e surgiu a me- • Comparabilidade: como cada empresa possui o seu pró-
todologia de análise e de construção de índices - padrão. prio plano de contas e diferenciado de outras empresas,
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 108

tornam-se necessário agregar contas a fim de que os duvidosos do balanço que não coincide com a que foi
balanços se tornem comparáveis. constituída na demonstração de resultado do exercício;
e não-conciliação do patrimônio líquido final com os
• Adequação aos objetivos da análise: conforme o objetivo resultados do exercício mais o patrimônio líquido inicial.
a que se propõe a análise, deve-se montar um modelo
• Intimidade do analista com as demonstrações contábeis:
padrão que permita identificar os fatores importantes.
A padronização obriga o analista a pensar em cada conta
e a decidir sobre sua consistência com as demais contas,
• Precisão na classificação das contas: o analista poderá
enquanto faz a transcrição para o modelo predefinido
modificar as classificações que forem falhas, como, por
de demonstração.
exemplo, certos investimentos de caráter permanente que
aparecem no ativo circulante, despesas do próprio Exer- Objetivos da análise econômico-financeira
cício que figuram como despesas do exercício seguinte,
O objetivo básico é a elaboração de informações úteis a
gastos, indevidamente lançados, como ativo diferido
diversos interessados que estarão preocupados em:
quando deveriam fazer parte das despesas ou perdas do
exercício. • ler e interpretar a situação dos negócios;

• avaliar o desempenho da empresa e de seus gestores;


• Descoberta de erros: A padronização possibilita melhor
análise e descoberta de erros, tais como: estoques finais • diagnosticar problemas; e
ou iniciais que não coincidem; provisão para devedores
• vislumbrar perspectivas e tendências futuras.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 109

Para atender a esses objetivos, faz-se necessária a preparação demonstrativo. Essa análise das contas das demonstrações
dos dados para a análise, eliminando-se as distorções inflacio- contábeis mostra a sua composição percentual e a participa-
nárias para que seja feita a reclassificação das demonstrações ção de cada conta em relação a um valor adotado como base
contábeis quando necessárias. (100%). Além disso, é importante para avaliar a estrutura de
composição de itens e sua evolução no tempo.
Metodologia de análise
Essa análise, em períodos sucessivos, pode fornecer uma
A metodologia tradicional adotada para análise poderia base para a projeção de uma demonstração de resultados. Porém,
ser assim dividida: essa projeção apresenta algumas limitações, principalmente,
porque não leva em conta as mudanças no processo tecnoló-
• Análise vertical e horizontal;
gico e / ou nos custos dos insumos e / ou nos preços de venda.
• Análise através de índices econômico-financeiros; Qualquer projeção baseada em dados históricos requer muito
cuidado.
• Análise das necessidades de capital de giro;

Dessa forma, dispondo-se dos valores absolutos em forma


Análise Vertical
vertical, pode se apurar facilmente a participação relativa de
cada item contábil no Ativo, no Passivo ou na Demonstração
É um processo comparativo, expresso em percentagem,
de Resultado.
aplicado quando se relacionar uma conta ou grupo de contas
com um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 110

No Ativo, a comparação é cada conta em relação ao total do ativo, que mostrará quanto % representa cada aplicação em relação ao total das
aplicações.
No Passivo, mostrará quanto % é cada origem em relação ao total das origens.
No Demonstrativo de Resultado, mostrará quanto % das contas lançadas no DRE (Receitas e Despesas em relação à Receita Operacional
Líquida-ROL).
Veja o exemplo a seguir, inicialmente partimos de um balanço final de 31.12.x1, posteriormente inserimos uma coluna para
o cálculo da análise vertical (AV):
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO 31.12.X1 PASSIVO 31.12.X1
CIRCULANTE CIRCULANTE
Disponível 2.800 Fornecedores 6.000
Duplicatas a receber 6.200 Salários a pagar 2.000
Estoque 10.000 Impostos a pagar 1.000
Encargos a pagar 2.800
Empréstimos a pagar 3.200
TOTAL DO CIRCULANTE 19.000 TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 30.000
Não circulante realizável a longo prazo Não circulante
Títulos a receber 6.000 Financiamentos 30.000
TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 15.000
Permanente Patrimônio Líquido
Investimentos Capital 50.000
Ações outras cias. 5.000 Lucros Acumulados 15.000
Terrenos para expansão 10.000
Imobilizado
Prédios 50.000
Veículos 12.000
Móveis e utensílios 8.000
TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 91.000 TOTAL DO PATR. LÍQUIDO 65.000
Total do Ativo 110.000 Total do passivo + PL 110.000
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 111

BALANÇO PATRIMONIAL - ANÁLISE VERTICAL


ATIVO 31.12.X1 AV PASSIVO 31.12.X1 AV
Circulante Circulante
Disponível 2.800 2,5% Fornecedores 6.000 5,5%
Duplicatas a receber 6.200 5,6% Salários a pagar 2.000 1,8%
Estoque 10.000 9,1% Impostos a pagar 1.000 0,9%
Encargos a pagar 2.800 2,5%
Empréstimos a pagar 3.200 2,9%
TOTAL DO CIRCULANTE 19.000 17,3% TOTAL DO CIRCULANTE 15.000 13,6%
Não Circulante - Realizável a Longo
Prazo Não circulante 30.000 27,3%
Títulos a receber 6.000 5,5% Financiamentos 30.000
PERMANENTE TOTAL DO NÃO
Investimentos
- Ações outras cias. 5.000 4,5% Patrimônio Líquido 50.000 45,5%
- Terrenos para expansão 10.000 9,1% Capital 15.000 13,6%
Imobilizado Lucros acumulados
- Prédios 50.000 45,5%
- Veículos 12.000 10,9%
- Móveis e utensílios 8.000 7,3% 65.000 59,1%
TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 91.000 82,7% TOTAL DO PATR. LÍQUIDO
Total do ativo 110.000 100% Total do Passivo + PL 110.000 100%

Exemplo 1: Conta Caixa R$ 2.800,00 / R$ 110.000,00 Exemplo 2: Fornecedores: R$ 6.000,00 / R$ 110.000,00


(Total do Ativo) x 100. Significado: 2,50% das aplicações do (Total do Passivo) x 100. Significado: 5,50% das Origens que
Ativo estão na conta Caixa financiam a empresa são de Fornecedores.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 112

Análise Horizontal Número índice = 1) Valor da data atual / Valor ano anterior
(mês) x 100
É a comparação que se faz entre os valores de uma mesma 2) Valor data atual / Valor ano anterior (mês) -1 x 100
conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais. Por exemplo, vamos analisar o balanço do ano 20x2 com-
parando com 20x1, simplesmente nós dividimos a diferença
A análise horizontal das contas das demonstrações finan- pelo ano de 20x1 e multiplicamos por 100 %, ou depois que
ceiras mostra as variações que ocorreram nos valores monetá- tiver o resultado da divisão, soma 1 (para a base 100) e depois
rios ou em valores relativos (% ou índices) num determinado multiplica por 100.
período de tempo.

A análise horizontal enfatiza a modificações ou evoluções


em cada conta das demonstrações financeiras em relação a uma
demonstração básica, geralmente a mais antiga da série, a fim
de caracterizar tendências.

É, basicamente, um processo de análise temporal (evolução


de um ano para o outro), desenvolvido por meio de números
índices, sendo seus cálculos processados de acordo com a se-
guinte expressão:
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 113

BALANÇO PATRIMONIAL - ANÁLISE HORIZONTAL


Ativo 20x2 20x1 Diferença AH AH AV
Circulante
-Disponível 2.800 2.000 800 140,0% 40,0% 2,5%
-Duplicatas a receber 6.200 4.000 2.200 155,0% 55,0% 5,6%
-Estoque 10.00 12.000 -2.000 83,3% -16,7% 9,1%

TOTAL DO CIRCULANTE 19.000 18.000 1000 105,6% 5,6% 17,3%


TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 91.000 82.000 9.000 111,0% 10,0% 100%
Total do Ativo 110.000 100.000 10.000 110,0% 10,0% 100%

PASSIVO
TOTAL DO CIRCULANTE 15.000 12.000 3.000 125,0% 25,0% 13,6%
TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 30.000 23.000 7.000 130,4% 30,4% 27,3%
TOTAL DO PATR. LÍQUIDO 65.000 65.000 0 100,0% 0,0% 59,1%
Total do Passivo + PL 110.000 100.000 10.000 110,0% 10,0% 100,0%
Tomando-se como base o ano de X1:

Exemplo 1: Conta Caixa - diferença R$ 800,00 / R$ 2.000,00 (ano 20x1) x 100, (40%)

Ou Conta Caixa- diferença R$ 800,00 / R$ 2.000,00 (ano 20x1) +1 x 100 (140%)

Significado: o caixa aumentou em 40% do 20x2 comparando com ano 20x1


CONTABILIDADE EMPRESARIAL 114

Exemplo 2: Conta Estoque - diferença R$ 2.000,00/R$ de uma empresa. A característica fundamental dos índices é
12.000,00 x 100, (-16,7%) fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da
empresa.
Ou Conta Estoque diferença R$ 2.00,00 / R$ 12.000,00
(ano 20x1) +1 x 100 (83,3%) Aspectos revelados pelos índices

Significado: o estoque diminui em 16,7% do 20x2 com- Os índices são divididos em 2 grupos, aqueles que eviden-
parando com ano 20x1, ou o estoque de 20x2 significa 83,3% ciam aspectos da situação financeira, e aqueles que eviden-
do ano 20x1. ciam aspectos da situação econômica. Os índices da situação
financeira, por sua vez, são divididos em índices de liquidez e
Tanto a análise Vertical como a Horizontal dependem de estrutura de capital e os da situação econômica são os índices
uma boa escrituração contábil que tenha padrões em todos de rentabilidade.
os anos para que não se perca o poder da comparação e a
evolução correta dos saldos.

Análise de Índices Econômicos – financeiros

Índices ou quocientes é a relação entre contas ou grupo de


Os índices servem de medida dos diversos aspectos econô-
contas das Demonstrações Financeiras, que visa a evidenciar
micos e financeiros das empresas. Assim como um médico usa
determinado aspecto da situação econômica ou financeira
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 115

certos indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar essa profundidade da análise é variável de usuário para usuário:
o quadro clínico do paciente, os índices financeiros permitem imagine um fornecedor que irá buscar informações rápidas sobre
construir um quadro de avaliação da empresa. a empresa, nos índices de liquidez e rentabilidade, mas imagine
uma instituição financeira para fornecer um empréstimo, fará
Os índices sinalizam a situação em que a empresa apre- uma análise muito mais profunda.
senta um endividamento elevado, sabe-se do perigo em ter
negociações com esse tipo de empresa, no que diz respeito a Indicadores de Liquidez
sua liquidez. Entretanto, mesmo estando à beira de insolvên-
cia, a empresa pode ter vida longa e operar indefinidamente, Os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira
pois entram em jogo outros fatores como: prestígio da empresa de uma empresa frente a aos diversos compromissos financeiros
junto ao governo, relacionamento com seus fornecedores, com o com terceiros. Além do Capital Circulante Líquido (Ativo Cir-
mercado financeiro, uma boa carteira de clientes, etc... Porém, culante (-) Passivo Circulante), o estudo da liquidez mostra a
o índice financeiro é um alerta. saúde financeira da empresa e sua capacidade de saldar dívidas.

A quantidade de índices para uma boa análise Visam medir a capacidade de pagamento (folga financeira)
de uma empresa, ou seja, sua habilidade em cumprir correta-
O importante não é o cálculo de muitos índices, mas de mente as obrigações passivas.
um conjunto que permita conhecer a situação da empresa,
segundo o grau de profundidade desejada da análise. Ou seja,
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 116

Liquidez corrente: relação entre o ativo circulante e o pas- Indicadores de Estrutura


sivo circulante. Se a liquidez corrente for superior a 1, indica
a existência de uma capital circulante (capital de giro) líquido São utilizados para aferir a composição das fontes passivas
positivo; se igual a 1, pressupõe sua inexistência e, inferior a 1 de recursos de uma empresa. Ilustram a forma pela qual os
capital de giro negativo. recursos de terceiros são usados pela empresa e sua partici-
pação relativa em relação ao capital próprio. Fornecem, ainda
elementos para avaliar o grau de comprometimento financeiro
de uma empresa perante seus credores.
Liquidez seca: o índice indica o percentual das dívidas de
curto prazo que pode ser resgatado mediante o uso de ativos
Relação capital de terceiros/passivo total (quantidade):
circulantes de maior liquidez.
mede a porcentagem dos recursos totais da empresa que se
encontra financiada por capital de terceiros. Ou seja, para cada
unidade monetária de recursos captada pela empresa, mede
Liquidez geral: esse indicador retrata a saúde financeira a quanto provém de fontes de financiamento não próprias.
longo prazo da empresa. Porém a importância desse índice para
análise pode ser prejudicada se os prazos dos ativos e passivos,
considerados em seu cálculo, forem muito diferentes.
Relação dívidas de curto prazo / capital de terceiros
(qualidade): Esta medida revela o nível de endividamento
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 117

(dependência) da empresa das dívidas de curto prazo (passivo Retorno sobre o ativo (ROA): revela o retorno produzido
circulante) em relação ao seu capital de terceiros. pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em seus
ativos. (Independentemente se são recursos próprios ou de
terceiros).

Indicadores de Rentabilidade

Visam avaliar os resultados auferidos por uma empresa em Rentabilidade das vendas: mede a eficiência de uma em-
relação a determinados parâmetros que melhor revelem suas presa em produzir lucro por meio de suas vendas. É a margem
dimensões. Refletem o potencial econômico da empresa. efetiva que a empresa em relação as suas vendas.

Retorno sobre o Patrimônio líquido (ROE): este índice


mensura o retorno dos recursos aplicados na empresa por seus
proprietários. Em outras palavras, para cada unidade monetária Esses índices apresentados, são apenas parte dos grupos
de recursos próprios investido na empresa, medem-se quanto de índices das demonstrações contábeis, pois depende muito
os proprietários auferem de lucro. da estrutura da empresa e da necessidade de quem analisa as
informações, portanto quem tiver interessante em ampliar
esse estudo, atualmente dispomos de vasta bibliografia sobre
o assunto.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 118

Síntese

Nessa quarta e última unidade aprendemos um pouco


mais sobre os principais demonstrativos contábeis, entendendo
a sua estrutura e importância. Lembrando que os principais
são: Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício. Também tivemos uma breve introdução à Análise
dos Demonstrativos Financeiros, destacando a sua relevância
no processo de tomada de decisão
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 119

ATIVIDADES ( ) Fornecedores ( ) Capital


1. Qual a finalidade das demonstrações contábeis? ( ) Caixa ( ) Veículos
2. Quais os 2 principais demonstrativos contábeis? ( ) Imóveis ( ) Fretes e Carretos
3. Qual o principal objetivo do Balanço patrimonial? ( ) Água e Esgoto ( ) Reserva Legal
4. Qual o principal objetivo da Demonstração do Resultado ( ) Receitas de Serviços ( ) Salários
do Exercício?
( ) Clientes ( ) Salários a Pagar
5. Quais são os principais grupos de indicadores de análise
( ) Juros Ativos
das demonstrações contábeis?
( ) Imposta e Taxas a Recolher
6. Resolva:
( ) Estoque de Mercadorias
Relacione os itens da primeira lista com os itens da segunda:
a. Ativo Circulante
b. Ativo Não Circulante
c. Passivo Circulante
d. Patrimônio Líquido
e. Despesas Operacionais
f. Receitas Operacionais
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 120

REFERÊNCIAS
ANTHONY, Robert N. GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. 12 ed. americana. São Paulo: McGraw-
-Hiil, 2008.
ARAUJO, Allison de Queiroz. A tendência da Contabilidade diante das novas especialidades social, ambiental e tecnológico.
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ASSAF NETO, Alexandre. LIMA, Fabiano Guasti. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009.
BRUNI, Adriano Leal. A análise contábil e financeira. São Paulo: Atlas, 2010.
CARNEIRO, Eryma. Contabilidade Geral. São Paulo: Edições Financeiras, 1960.
CHING, Hong Yuh; MARQUES, Fernando; PRADO, Lucilene. Contabilidade e finanças para não especialistas. 3 ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
CHING, Hong Yuh. Contabilidade gerencial. São Paulo: Pearson Prentice Hall,2006.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Disponível em: < http://cfc.org.br/legislacao > acesso em 10 dez.2017.
COSTA, Rodrigo Simão. Contabilidade para iniciantes em ciências contábeis e cursos afins. São Paulo: Senac. 2010.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1995.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004.
FABRETTI, Láudio Camargo, Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 1997.
FAVERO, Hamilton Luiz; LEONARDONI, Mário; SOUZA, Clóvis de; TAKAKURA, Massakazu. Contabilidade: Teoria
e Prática. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 121

GITMAN, L.J. Princípios da administração financeira. 10 ed. São Paulo: Person, 2004.
IUDÍCIBUS, Sérgio. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2008.
IUDÍCIBUS, Sérgio. (Coordenador). Contabilidade Introdutória. 11 ed. Atlas, 2010.
LIMEIRA, André Luís Fernandes et al. Contabilidade para executivos. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.
LUNKES, Rogério João. Manual de Orçamento. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
NOBLE, Howard S. Princípios de Contabilidade. São Paulo: Brasileira, 1956.
RIBEIRO, Osnir Moura. Contabilidade Básica Fácil. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
ROCHA, José Dias. Disponível em: < http://www.contabeis.com.br/artigos/827/o-contador >. Acesso em 20 novembro de 2017.
SANTOS, Maria Lúcia dos. A Importância do profissional contábil na Contabilidade Gerencial: uma percepção dos con-
selheiros do CRC/MG. Disponível em: revistas.unibh.br/index.php/dcjpg/article/download/56/33. Acesso em 18 fev. 2014.
STICKNEY, Cleide P. WEIL, Roman L. Contabilidade financeira: uma introdução aos conceitos, métodos e usos. São Paulo:
Atlas, 2001.
SZUSTER, Natan. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2008.

You might also like