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Contabilidade Empresarial
Contabilidade Empresarial
EMPRESARIAL
Marcelo Thomé
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE E REGIMES Aspectos sobre a estrutura básica da 39
CONTÁBEIS3
contabilidade39
Introdução a Contabilidade 4
Síntese56
A contabilidade nos tempos atuais 6
REGISTROS CONTÁBEIS (ESCRITURAÇÃO) 58
Entendendo a contabilidade 7
ESCRITURAÇÃO59
Conceitos de Contabilidade 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
Fórmulas de Lançamento 64 Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107.
Funções e áreas de atuação da contabilidade 17 Caxias do Sul/ RS
Síntese79
Profissional Contábil 21 REITOR
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUAS Claudino José Meneguzzi Júnior
A Contabilidade na Administração das 22 ANÁLISES81 PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Empresas 22 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 82 Altair Ruzzarin
DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
Usuários das Informações Contábeis 23 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO 90 Lígia Futterleib
INTRODUÇÃO À
CONTABILIDADE
E REGIMES
CONTÁBEIS
A Contabilidade representa, hoje, uma fonte
muito importante de conhecimento, dispondo
de recursos que permitem registrar dados,
avalia-los e transformá-los em informações
relevantes para a tomada de decisões no
âmbito empresarial.
Nesta primeira unidade iremos abordar os principais con-
ceitos sobre a prática da contabilidade. Esses conceitos possi-
bilitarão o entendimento e a compreensão nas questões mais
práticas que veremos ao longo do curso. Portanto, no decorrer
dessa unidade, você aprenderá sobre como surgiu a Contabi-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 4
lidade, sua história e evolução. Por fim, terá contato com os o seu negócio. Se eles não tiverem as informações corretas,
termos contábeis, conhecendo de maneira simples e direta o podem de certa forma, comprometer a continuidade do seu
sistema contábil e a base para uma contabilidade eficiente. negócio. Aqui entra a Contabilidade.
nas paredes todas as ferramentas de caça e pesca e animais intitulado “Summa de arithmetica, geometria, proportioni et
disponíveis para o homem primitivo. Tratava-se de um verda- proportionalita” (Coleção de conhecimentos de aritmética,
deiro inventário, no qual era possível visualizar de forma clara geometria, proporção e proporcionalidade).
e simples os recursos (ou patrimônio) de que dispunham os
habitantes das cavernas para a sua sobrevivência. Nesse período O livro publicado em Veneza no ano de 1494, continha
o homem das cavernas, por se sentir ameaçado, já fazia uso da um capítulo sobre contabilidade expondo o “Particulario de
sua contabilidade para verificar os recursos disponíveis para Computies et escripturis” que é popularmente conhecido como
aquele momento. o método das partidas dobradas. Diferentemente do que muitos
pensam, Luca Pacioli não é o inventor da contabilidade e tão
Posteriormente, com o surgimento das civilizações, as pri- pouco inventou os preceitos relacionados as partidas dobradas.
meiras técnicas de contabilidade começavam a ser desenvolvidas Tal método já era utilizado na época e apenas ganhou publi-
em razão da necessidade de comércio. De acordo com Costa, cidade após ser exposto em sua obra.
(2010, p. 21) pode-se afirmar que muito de nossa história
somente foi descoberta pelos registros contábeis realizados.
Até o presente momento, você só tem uma vontade, ou - Pois bem, agora que já tenho o dinheiro, qual é o próximo
seja, torna-se um comerciante, a partir daí surgem os primeiros passo?
questionamentos:
Antes que você comece a comprar alguma coisa, é preciso
- Eu vou constituir uma empresa com o quê? O que preciso providenciar um local para se instalar.
ter em mãos para montar um negócio?
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 8
Você precisa de um estabelecimento, que pode ser uma A legalização consiste no registro da empresa em vários
casa, uma sala, um pavilhão... órgãos públicos, para que ela adquira personalidade jurídica.
- Agora que minha empresa está devidamente legalizada, - E eu não poderia considerar tudo junto, não é a mesma
qual será o próximo passo que deverei dar? coisa?
Imagine que neste momento, você esteja abrindo as portas A palavra “Mercadorias”, serve para representar os bens que
do seu ponto comercial. A sala está vazia, pense nos móveis e a empresa compra para revender, neste caso, são os calçados.
utensílios que deverá comprar para equipar sua loja. Que irão para o Estoque.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 10
Suponha, então ter adquirido R$ 30.000,00 em Mercado- 1. Qual é o valor do Capital de sua empresa?
rias, sendo R$ 20.000,00 à vista, em dinheiro, e R$ 10.000,00
a prazo para pagamento em 30 e 60 dias. 2. Quanto, em dinheiro, você gastou até o presente momento
e qual é o saldo que possui em Caixa?
Depois disso a empresa está instalada, montada. Você gastou
parte do seu Capital Inicial, contraiu uma Obrigação (terá de 3. Qual o valor do estoque de Mercadorias da sua empresa?
pagar R$ 10.000,00 para o fornecedor das Mercadorias, em
60 dias) e, a partir deste momento, já pode abrir as portas de 4. Qual o valor das suas Obrigações?
sua loja e começar a trabalhar.
Acreditamos que não foi difícil, com poucos cálculos você
Vamos supor que durante o processo de legalização de sua
deve ter respondido sem dificuldade. Confira as respostas:
empresa, você tenha contratado uma empreiteira de obras, que
efetuou pequenos reparos no imóvel visando adaptá-lo melhor
1. O valor do Capital é R$ 50.000,00;
ao fim desejado, incluindo parte de hidráulica, elétrica, alve-
naria e pintura, tendo pago a importância de R$ 2.300,00 em
2. Gastou R$ 35.500,00 e o saldo em Caixa é de R$
dinheiro.
14.500,00;
4. O valor das Obrigações é de R$ 10.000,00. você passará a ter uma Obrigações para o pagamento
futuro;
Agora a sua empresa existe, então, você poderá abrir as
portas e colocá-la em funcionamento. Mas uma pergunta se b. outras pessoas entrarão na sua empresa para comprar as
faz necessária nesse momento. Vamos à ela: suas Mercadorias. Essas pessoas são conhecidas nos meios
comerciais por Clientes; logo, você venderá para elas, à
- Qual é o principal objetivo do seu negócio?
vista ou a prazo. Quando a venda for efetuada a prazo,
você passará a ter direito para o recebimento futuro.
Você responderá, certamente, que é a obtenção de lucros.
- Afinal, é o Cliente quem compra de mim ou sou eu quem c. Clientes, Fornecedores, bancos, Governo, empregados,
vende para o Cliente? etc. (pessoas físicas e pessoas jurídicas).
Neste caso, o raciocínio, é o mesmo já explicado na relação As pessoas, que, direta ou indiretamente, se relacionam
de sua empresa com o Fornecedor. Eu vendo para o Cliente, com sua empresa, como Clientes, Fornecedores, bancos, etc.,
logo, quando a venda for efetuada, a palavra Vendas estará são conhecidas nos meios comerciais, em relação à sua empresa,
ligada à palavra Clientes, e a palavra Clientes, por sua vez, por Terceiros. Esses Terceiros movimentarão o Patrimônio da
estará ligada à palavra Direitos. sua empresa por meio de quatro operações principais: Compras,
Vendas, pagamentos e recebimentos.
Portanto, compra a prazo resulta em Obrigações para pagar
ao Fornecedor; e a venda a prazo resulta em Direito a receber É evidente que, além desses acontecimentos, no cotidiano
do Cliente. das empresas ocorrem outros, como admissão e demissão de
empregados, o recebimento e o encaminhamento de correspon-
Observe quantas pessoas estão envolvidas no seu negócio: dências, o fornecimento de cotações de preços de Mercadorias
por telefone, a organização de Mercadorias nas prateleiras e nas
a. Você, proprietário, titular da empresa (pessoa física); vitrines, depósitos e saques de dinheiro em estabelecimentos
bancários etc. A essa movimentação do Patrimônio dá-se o
b. A sua empresa (pessoa jurídica); nome de Gestão.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 13
É importante salientar que esses acontecimentos que dia- vende não só calçados, como também artigos de coura em geral
riamente ocorrem na empresa, responsáveis pela gestão do (bolsa, cintos, carteiras, luvas, malas etc.), inclusive materiais
Patrimônio, podem ou não interferir no Patrimônio. Por um esportivos, os quais você vende no atacado e no varejo; mon-
lado, quando os acontecimentos interferem no Patrimônio, tou no quarto andar uma lanchonete, para maior conforto da
aumentando-o ou diminuindo-o, eles são classificados como clientela; possui cadastrados mais de 10 mil Clientes, oriundos
Fatos Administrativos, é o caso das Compras, das Vendas, não só de sua cidade, como também de todas as cidades da
dos pagamentos e dos recebimentos. Por outro lado, aqueles região, para os quais vende à vista e a prazo; mantém contato
acontecimentos que não interferem no Patrimônio recebem o com mais de 200 Fornecedores, sendo alguns do exterior, dos
nome de Atos Administrativos, como é o caso de demissões e quais compra Mercadorias; possui mais de 100 empregados
admissões de empregados, atendimentos de telefonemas, rece- entre vendedores, gerentes, contadores, escriturários, motoristas
bimento e encaminhamento de correspondências, assinaturas serventes, faxineiros, vigias etc.; movimenta contas-correntes
de contratos de locação etc. em dez estabelecimentos bancários diferentes. A todo instante
podemos ver Clientes comprando à vista e a prazo, efetuando
Imaginemos dois anos depois da data de constituição de pagamentos de prestações, preenchendo cadastro etc.
sua empresa. Daquela época quando era aquela pequena loja,
restam apenas lembrança. Durante esse tempo, você ampliou o
seu negócio. Comprou imóvel e o transformou em um prédio
de quatro andares; construiu nas dependências do imóvel vários
galpões para estocar as Mercadorias; diversificou-as; e agora
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 14
Ao constatar o sucesso de sua empresa, responda as per- ceiro, qual o montante dessa aplicação e quais são elas?
guntas abaixo:
7. Enquanto importam as suas Obrigações e quais são os
1. Qual o valor do Capital da sua empresa hoje? nomes dos seus Credores?
2. Quanto você gastou em dinheiro até o presente momento, 8. Quais são as suas Obrigações fiscais, trabalhistas e pre-
considerando desde o dia em que a constituiu, e qual o videnciárias para os próximos 30 dias?
saldo em Caixa?
9. Quanto você deve a seus Fornecedores de Mercadorias e
3. Qual o valor do estoque de Mercadorias? quanto terá de desembolsar ainda hoje, amanhã, daqui
a dez dias e daqui a 30 dias para pagá-los?
4. Quais são os tipos, modelos, marcas, tamanhos, cores,
etc., da Mercadorias estocadas? 10. Quantos Clientes você tem, quantos são pontuais e quan-
tos são inadimplentes?
5. Qual montante de dinheiro você tem depositado nesse
momento, considerando todas as suas contas-correntes 11. Quanto você tem para receber de seus Clientes ainda
bancárias? hoje, amanhã, daqui a dez dias e daqui a 30 dias?
6. Se parte do seu dinheiro está aplicado no mercado finan- 12. Quanto vale o Patrimônio da sua empresa hoje?
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 15
13. Quanto você apurou de Lucro? Ou será que apurou Conceitos de Contabilidade
Prejuízo em seu negócio?
A Contabilidade constitui, como já citado, um dos conhe-
Diante desse cenário, as perguntas acima não serão respon- cimentos mais antigos de que se tem notícia. A importância
didas com tanta facilidade como as anteriores, tendo em vista desse ramo do conhecimento para o progresso dos negócios é
que naquele outro cenário, a sua empresa era recém-constituída. indiscutível, pois não se pode imaginar uma entidade, pública
ou privada, desprovida de contabilidade.
Acho que já deu para você perceber que há necessidade de
manter um controle do seu Patrimônio, e é exatamente aí que Essa área apresenta termos técnicos que chamamos de ter-
a Contabilidade entre em cena. minologia ou nomenclatura, que são essenciais na linguagem
comercial. É a linguagem que o administrador precisa conhecer
Mediante o conhecimento e a aplicação das técnicas con- e se familiarizar. Por isso, muitos autores desenvolvem defini-
tábeis, você poderá ter um controle permanente e eficiente da ções próprias sobre o que se entende por Contabilidade e, ao
gestão do Patrimônio da sua empresa, obtendo informações analisarmos, poderemos formar um enunciado que nos dará a
econômicas, financeiras ou de outra natureza, quando precisar. noção exata de o que é contabilidade.
A palavra contabilidade deriva do latim computare (contar, A definição de contabilidade segundo Franco (1997) é:
computar, calcular). Apesar disso, não se deve confundir con- “Ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades,
tabilidade com matemática, pois o profissional de contabilidade mediante registro, a demonstração expositiva e a interpretação
não precisa conhecer matemática na sua profundidade, mais dos fatos nela ocorridos, com o fim de oferecer informações
sim, trabalhar com cálculos e operações básicas da matemática. sobre sua composição e suas variações, bem como resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”.
Podemos também definir a contabilidade como uma ci-
ência social que tem por objetivo medir, para poder INFOR- Para Crepaldi (2004), é o ramo da contabilidade que tem
MAR, os aspectos quantitativos e qualitativos do patrimônio por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de
de quaisquer entidades. Constitui um instrumento para gestão empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada
e controle das entidades, além de representar um sustentáculo para melhorar a utilização dos recursos econômicos da empresa,
da democracia econômica, já que, por seu intermédio, a socie- através de um adequado controle de insumos efetuado por um
dade é informada sobre o resultado da aplicação dos recursos sistema de informação gerencial.
conferidos a entidades.
A contabilidade é indispensável para que a empresa realize
Já, segundo Ribeiro (2010), a contabilidade é uma ciência negócios e, nesse aspecto, se apresenta como o grande pilar na
que possibilita, por meio de suas técnicas, o controle perma- veracidade da informação e, consequentemente, na credibilidade
nente do Patrimônio das empresas. da companhia perante o mercado, investidores e pessoas que
se valem dessas informações para algum fim.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 17
Portanto, podemos dizer o que a contabilidade é a ciência gistrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os
que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações que fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objeti-
nele operam os atos e fatos administrativos, demonstrando no vando fornecer informações, interpretações e orientação sobre
final de cada exercício social o resultado obtido e a situação a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de
econômico-financeira da entidade. (FABRETTI, 1997). decisões de seus administradores”.
Funções e áreas de atuação da contabilidade Crepaldi (1995, p. 24) por sua vez diz que “a contabili-
dade é um dos principais sistemas de controle e informação
As maiores funções da contabilidade são: das empresas. Com a análise do balanço patrimonial e da
demonstração do resultado do exercício é possível verificar a
• Função administrativa: controlar o patrimônio situação da empresa, sob os mais diversos enfoques, tais como:
análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de
• Função Econômica: nas empresas, consiste em apurar o capitais próprios e de terceiros, os bancos, as financeiras, aos
lucro ou prejuízo, ou seja, calcular o resultado econômico clientes, etc.”.
apresentado em determinado período.
Essas informações são indispensáveis à orientação admi-
Dentre alguns autores, podemos citar os seguintes conceitos: nistrativa, permitindo maior eficiência na gestão econômica
e financeira da entidade e no controle de bens patrimoniais.
Franco (1997, p.19), que a função da contabilidade “é re-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 18
Favero et All (1997, p. 13) fala da função da contabilidade A partir dos autores citados acima podemos então dizer
e diz que é “analisar, interpretar e registrar os fenômenos que que as principais funções da Contabilidade são: registrar, or-
ocorrem no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas bus- ganizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações
ca demonstrar a seus usuários, através de relatórios próprios do patrimônio em virtude da atividade econômica ou social
(Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração das que a empresa exerce no contexto econômico. De uma forma
Mutações de Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros resumida podemos explicar cada função assim:
ou Prejuízos Acumulados, Balanço Patrimonial, Demonstração
de Origens e Aplicações de Recursos e outros), as informações a. Registrar: todos os fatos que ocorrem e podem ser re-
sobre o comportamento dos negócios para a tomada de decisões”. presentados em valor monetário;
Noble (1956, p. 08) fala que é “registrar, analisar e clas- b. Organizar: um sistema de controle adequado à empresa;
sificar e sintetizar as atividades e os efeitos dessas atividades
para cada empreendimento comercial”. c. Demonstrar: com base nos registros realizados, expor
periodicamente por meio de demonstrativos, a situação
Fundamental é sem dúvida a função de fornecer elemen- econômica, patrimonial e financeira da empresa;
tos para a correta gestão do negócio, permitindo tomada de
decisões eficazes. (Lembrar a diferença: eficiência é fazer bem d. Analisar: os demonstrativos podem ser analisados com
feito; eficácia é fazer o que tem que ser feito, da forma possível a finalidade de apuração dos resultados obtidos pela
e no momento certo). (FABRETTI, 1997) empresa;
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 19
e. Acompanhar: a execução dos planos econômicos da em- Contabilidade pública registrar as transações em função
presa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as deles, atuando como instrumento de acompanhamento
quantias a serem recebidas de terceiros, e alertando para dos mesmos. A Lei nº 4.320/64, constituindo-se na carta
eventuais problemas. magna da legislação financeira do País, determina nor-
mas gerais para a elaboração e controle dos orçamentos
A atuação da contabilidade é bem ampla. Para entender e balanços públicos.
melhor as áreas de sua atuação seguem abaixo de maneira geral
onde ela pode atuar: • Contabilidade Gerencial: auxilia a administração na
otimização dos recursos disponíveis na entidade, através
• Contabilidade Fiscal: auxilia na elaboração de infor- de um controle adequado do patrimônio, está voltada para
mações para os órgãos fiscalizadores, do qual depende o processo de gestão da entidade, municiando os gestores
todo o planejamento tributário da entidade, basicamente com informações e dados relevantes e fundamentais para
serve para atender a legislação fiscal do país, em todas uma adequada tomada de decisões.
as esferas governamentais, municipal, estadual e federal.
• Contabilidade Financeira: elabora e consolida as de-
• Contabilidade Pública: é o principal instrumento de monstrações contábeis para disponibilizar informações
controle e fiscalização que o governo possui sobre todos aos usuários externos.
os seus órgãos. Estes estão obrigados à preparação de
orçamentos que são aprovados oficialmente, devendo a
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 20
Técnico em Contabilidade – São os contabilistas que se seja, Lunkes (2007, p. 31) relata que o sistema de informação
formam em nível médio, ou seja, nos cursos técnicos de con- “é uma série de elementos ou componentes inter-relacionados
tabilidade. que coletam (entradas), registram, armazenam (processo) e
disseminam (saída) os dados e informações e fornecem um
Contador – São os contabilistas que se formam em nível mecanismo de retroalimentação”.
superior, como bacharel em Ciências Contábeis.
A Contabilidade possui um vocabulário específico e prin-
Tanto um quanto o outro só poderão exercer a profissão se cípios fundamentais para registrar as informações contábeis,
estiverem devidamente registrados em seu Conselho Regional servindo como um instrumento de análise, gerência e decisão,
de Contabilidade, sob pena de serem punidos por exercício utilizando-se das suas demonstrações para o gerenciamento
ilegal da profissão. e planejamento estratégico das entidades e para informar aos
administradores a situação econômica – financeira da empresa,
A Contabilidade na Administração das de modo a auxiliar na tomada de decisões, detectar as melhores
Empresas oportunidades de negócios, possibilitando a obtenção de maior
lucro e a redução de despesas desnecessárias.
A necessidade da utilização de ferramentas eficientes e que
possam resultar em informações integradas sobre a entidade se Através dessa troca de informação, o administrador terá
torna cada vez mais imprescindível para os administradores de as informações necessárias para poder atuar com competência
todas as etapas e processos das atividades organizacionais. Ou na execução da atividade operacional.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 23
Usuários das Informações Contábeis entre outros, existe uma demanda diferenciada de informações
contábeis. Por esse motivo, podemos dividir os usuários da
A Contabilidade pode ser considerada como “sistema de informação do seguinte modo:
informação destinado a prover seus usuários de dados para
ajuda-los a tomar decisões”. (MARION, 2012, p. 27). O au- Externamente, os maiores interessados são investidores,
tor a partir disso diz que usuário é “qualquer pessoa (física ou credores e governo. Para os investidores, os relatórios contá-
jurídica) que tenha interesse em conhecer dados (normalmente beis mostram a situação econômico-financeira da empresa, o
fornecidos pela contabilidade) de uma entidade”. (MARION, resultado de um determinado período e outras informações,
2012, p. 27). tais como os investimentos efetuados e o que lhes cabe em
termos de dividendos. Evidentemente, essas e outras informa-
A coleta (obtenção), o registro e a sumarização da infor- ções lhes possibilitam conhecer as vantagens e desvantagens de
mação econômica visam fundamentar o processo decisório de seu investimento e decidir sobre a conveniência de mantê-lo,
todas as pessoas relacionadas com as entidades, tais como os desfazer-se dele ou aumentá-lo.
administradores, os investidores, o Governo, os empregados,
O interesse dos credores é evidente. São, também, através
os financiadores e toda a sociedade, ou seja, aqueles que cons-
das demonstrações contábeis que eles decidem sobre a con-
tituem os agentes econômicos internos e externos.
veniência de emprestar ou não recursos para as empresas. As
demonstrações contábeis dão uma boa ideia da capacidade da
De acordo com o objetivo de cada usuário quanto à decisão
empresa de gerar recursos suficientes para a liquidação de seus
de investimentos ou financiamentos, distribuição de resultados,
compromissos nos prazos estabelecidos.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 24
Geralmente, os usuários são classificados como: A figura a seguir mostra a contabilidade e seus usuários:
Fornecedores
a. Internos: são as pessoas internas à entidade (gerentes, Investidores Bancos
• Administradores: são os agentes responsáveis pelas toma- • Acionista minoritário: aquele que se preocupa com o
das de decisões dentro de cada entidade a que pertencem. fluxo regular de dividendos e valorização da empresa.
Elas são realizadas através de ferramentas de gestão, no
sentido de atingir o retorno do capital e dos ativos, oti- • Empregados: são usuários internos e eles sabem se a
mização dos gastos realizados, otimização das decisões empresa tem capacidade de pagamento seus salários e
futuras, lucratividade do mix de produtos e participação se eles têm perspectivas de crescimento da empresa e
nos lucros. participação nos lucros.
• Financiadores: são os bancos, emprestadores de dinheiro, As informações contábeis para os vários tipos de usuários
capitalistas que tem como principal finalidade é a ren- possuem duas finalidades:
tabilidade e segurança de retorno de seus investimentos.
Portanto a sua preocupação é com a capacidade de pa- 1. Controle: Além de uma boa gestão pelas informações,
gamento e grau de endividamento. o controle é fundamental para evitar fraudes, desvios,
furtos.
• Governo e economistas governamentais: são os usuários
que exercem o poder de tributar e arrecadar impostos, 2. Planejamento: Através das informações contábeis extraí-
taxas e contribuições, além da formulação de diretrizes das das Demonstrações Financeiras e relatórios gerenciais,
da política econômica e das atividades do Judiciário e de traçar planos para o futuro da organização e garantir o
agências reguladoras. retorno desejado pelos acionistas.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 26
A contabilidade auxilia no processo de tomada de decisões O Patrimônio é o objeto da contabilidade. De acordo com
pela administração através de um fluxo contínuo de informações Carneiro (1960, p. 21), “é o patrimônio, sobre o qual se exerce
sobre os mais variados aspectos da gestão econômico-financeira a administração econômica, no sentido da sua permanência e
da empresa. De modo geral, essas informações são geradas produtividade, cujo conjunto constitui a azienda”.
pelo que se convencionou chamar de contabilidade gerencial.
Crepaldi (1995, p. 20) diz também que o objeto da conta-
Seu grande produto é o provimento de informações para bilidade “é o patrimônio. Tendo como premissa básica o fato
planejamento e controle, evidenciando informações referentes à de o patrimônio empresarial não ser estático, alterando-se a
situação patrimonial, econômica e financeira de uma empresa. cada operação, e sabendo que o volume de transações requer
um controle próprio”.
A finalidade principal da contabilidade, segundo Marion
(2012, p. 28) é “permitir a cada grupo principal de usuários Nesse sentido podemos definir patrimônio como “um
(pessoa física ou jurídica) a avaliação da situação econômica e conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma pessoa, ava-
financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer liado em moeda” (RIBEIRO, 2010, p. 15). É sobre ele que se
inferências sobre suas tendências futuras”. exercem as funções contábeis para o alcance de suas finalidades.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 27
recebimento, serão lançadas no momento em que incorrem. Outro princípio, fundamental na gestão é o Princípio da En-
Os custos e despesas independem do seu pagamento, deverão tidade. Esse princípio determina que o Patrimônio da empresa
ser reconhecidos pelo regime de competência (no dia e mês não se confunda com o Patrimônio dos sócios.
que acontecerem e não pelo seu pagamento).
A revisão dos conceitos apresentados neste capítulo funda-
O Regime de Competência estabelece que as receitas e menta as bases para e entendimento da contabilidade e permite
gastos sejam contabilizados como tais no período da ocorrência ao interessado a compreensão dos próximos capítulos que serão
do seu fato gerador, não quando são recebidos ou pagos. apresentados.
Regime de Competência
Desse regime decorre o Princípio da Competência de
Exercícios, e por ele serão consideradas, na apuração do /
resultado do Exercício, as despesas incorridas e as receitas
realizadas no respectivo exercício, tenham ou não sido pagas
ou recebidas.
De acordo com esse regime, não importa se as despesas ou
receitas passaram pelo Caixa (pagas ou recebidas); o que
vale é a data da ocorrência dos respectivos fatos geradores.
Nas entidades com fins lucrativos – empresas - são
fundamentais os conceitos de custo e de receita, que
envolvem o regime de competência, pois a elas não importa
o que foi pago ou recebido, mas o que foi consumido e
recuperado para apuração do resultado do exercício.
(Fonte: http://prosgi.com.br/Regimes/Regimes.htm. Acesso em 30 nov. 2017)
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 30
Síntese
NORMAS
BRASILEIRAS DE
CONTABILIDADE
As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC)
constituem-se num conjunto de regras e
procedimentos de conduta que devem ser
observados como requisitos para o exercício
da profissão contábil, bem como os conceitos
doutrinários, princípios, estrutura técnica e
procedimentos a serem aplicados na realização
dos trabalhos previstos nas normas aprovadas por
resolução emitidas pelo CFC.
Nesta segunda unidade, serão trabalhados os princípios de
Contabilidade e Normas Brasileiras, conceituando-as, também
abordaremos os aspectos da estrutura conceitual básica de
Contabilidade. Será ampliado o estudo sobre o patrimônio,
demonstrando como ele é estruturado e avaliado dentro da
contabilidade.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 33
Princípios de contabilidade e normas Um princípio para ser considerado como aceito deverá ser
brasileiras de contabilidade considerado praticável e objetivo pelo consenso profissional e
deve ser considerado útil, ou seja, deverá ter vencido o teste da
Os Princípios Contábeis do Brasil foram estabelecidos praticabilidade (relação custo x benefício).
pelo Conselho Federal de Contabilidade pela resolução CFC
O importante é salientar que a observância dos Princípios
750/93 e aperfeiçoados pela resolução CFF 774/94.
Contábeis é obrigatória no exercício da profissão e constitui
Os Princípios Contábeis são as premissas básicas acerca condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Conta-
dos fenômenos e eventos contemplados pela Contabilidade. O bilidade.
principal campo de atuação da Contabilidade é constituído pelas
empresas e procura captar e evidenciar as variações ocorridas Para entendermos melhor os princípios, vamos classificá-los
na estrutura patrimonial e financeira, em face das decisões da em três categorias, os quais são elas:
administração e também das variações exógenas que escapam
• Princípios Contábeis: constituem o núcleo central da
ao controle e ao poder de decisão da administração. No âmbito
estrutura contábil, delimitam como a profissão irá se
dessa realidade, o observador analisa as características do siste-
posicionar diante da realidade social, econômica e ins-
ma e chega a certas conclusões quanto ao seu funcionamento.
titucional admitida pelos postulados.
Tais conclusões, se aceitas pela classe contábil, tornam-se os
princípios, que têm a incumbência de proceder a uma nova • Restrições aos princípios contábeis fundamentais - Con-
análise da situação e modificar, adaptar ou mesmo substituir venções: determinam certos condicionamentos de apli-
os princípios originais. cação, numa ou noutra situação prática.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 34
• Postulados ambientais da contabilidade: anunciam con- sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Ou
dições sociais, econômicas e institucionais dentro das seja, o patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é
quais a Contabilidade atua, embasando-a para assumir verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios não
esta ou aquela postura diante de um fato. Sendo que resulta em uma nova Entidade, mas numa unidade de natureza
todas as categorias se complementam. econômica-contábil.
A continuidade influencia o valor econômico dos ativos e do relato de todas as variações sofridas pelo patrimônio de
e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, uma empresa quando elas ocorrem. O princípio da Oportuni-
especialmente quando a extinção da Entidade tem prazo de- dade é a base indispensável à fidedignidade das informações
terminado, previsto ou previsível. sobre o patrimônio das empresas. Esse princípio se refere si-
multaneamente à tempestividade e à integração do registro do
A observância do Princípio da continuidade é indispensável patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja
à correta aplicação do Princípio da competência, por efeito de feito de imediato e com a extensão correta, independentemente
se relacionar diretamente à quantificação dos componentes das causas que as originam.
patrimoniais, à formação do resultado e de constituir dado im-
portante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. Princípio da Competência: As receitas e despesas devem
ser incluídas na apuração de resultado do período em que
São as diferenças as situações pelas quais passam o patri- ocorrem, sempre simultaneamente, quando se correlacionam,
mônio. A continuidade da contabilidade é um aspecto a ser independentemente de recebimento ou pagamento.
observado cuidadosamente para que se tenha um controle da
situação. Mutação do patrimônio quantitativamente ou qua- As receitas de um exercício são aquelas ganhas nesse pe-
litativamente. ríodo, não importando se tenham sido recebidas ou não. Os
gastos de um exercício são aqueles incorridos nesse período,
Princípio da Oportunidade: Conforme enunciado no Ar- não importando se tenham sido pagos ou não. Ou seja, os
tigo 6º da Resolução 750/93 do CFC, é a exigência do registro fatos que acontecem na empresa são contabilizados na data
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 36
penalidades associadas – estas podem realmente botar a perder conforme estipulado pelo CFC. Alinhadas às normas emitidas
todos os bons resultados que você obteve (ou está obtendo) pelo Conselho Internacional de Padrões de Contabilidade (o
na produção ou venda de um produto ou serviço. É claro que IASB, na sigla em inglês), elas compreendem ainda as inter-
os pormenores do assunto ficam a cargo de seu contador ou pretações e comunicados técnicos locais e podem ser aplicadas
da empresa contratada especificamente para a atividade, mas a aspectos profissionais ou técnicos.
convém ter uma noção básica sobre o tema para não ficar no
escuro nesse quesito. Divididas de acordo com as funções contábeis, as normas
podem ser gerais (válidas a todos os profissionais da área) ou
A contabilidade, ciência social, que se aprofunda no pa- destinadas aos diferentes tipos de atuação profissional: auditores
trimônio de entidades dos diversos tipos, é responsável pelo independentes, auditores internos e peritos contábeis.
registro de questões econômico-financeiras de sua empresa.
As normas, por sua vez, se dividem em completas, simpli-
Com base nesses dados, são feitas as escriturações, demonstra-
ficadas ou específicas. As completas são aquelas que se baseiam
ções, auditorias e análises que ajudam a aprimorar e ter maior
nos documentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Con-
controle sobre o desenvolvimento de suas atividades.
tábeis), numeradas de 00 a 999; as simplificadas se destinam
às empresas de pequeno e médio porte a partir também dos
Portanto, as normas brasileiras de contabilidade são um
pronunciamentos do CPC e das instruções e comunicados do
conjunto de regras e procedimentos que devem ser observa-
CPC, e são numeradas de 1000 a 1999; enquanto as normas
dos no exercício dessa função, além de outras determinações
específicas se destinam a entidades, atividades e assuntos que
e conceitos que devem ser aplicados nos trabalhos previstos,
fogem às regras gerais.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 38
Cada uma das diferentes implicações contábeis também A contabilidade é, portanto, uma grande área do conhe-
conta com normas específicas, atingindo as seguintes ativida- cimento e, ao mesmo tempo, uma ciência de aplicação prática
des: setor público, auditoria de informações históricas, revisão bastante notável. É importante o empreendedor ter essa noção
de informações, asseguração de informações não históricas, para evitar se aventurar, sem o devido preparo e/ou orientação,
serviços correlatos, auditoria interna, perícia e auditorias gover- a lidar com as questões contábeis de sua empresa.
namentais. Como é possível verificar, a contabilidade é mesmo
uma ciência que carrega complexidades bastante pontuais e
que merece todo o cuidado e estudo por parte de profissionais
especializados para ser corretamente aplicada à realidade de
sua empresa.
(Estoque agrupado, Contas a Receber); • Não se permite: criação de reservas ocultas (pro-
visões excessivas); subavaliação de liberada de ativos
• Confiabilidade – informação confiável, livre de viés
ou receitas, a superavaliação deliberada de passivos ou
(contingências);
despesas, pois assim as demonstrações deixariam de ser
• Representação Adequada – a informação deve representar neutras e, portanto, não seriam confiáveis.
adequadamente as transações e outros eventos que
• Comparabilidade – os usuários podem comparar
ela diz representar;
as demonstrações contábeis de uma entidade ao longo
• Primazia da Essência sobre a Forma – as transações e do tempo, a fim de identificar na sua posição patrimo-
eventos devem ser contabilizados e apresentados de acordo nial e financeira e no seu desempenho, mensuração de
com a sua substância econômica, e não meramente sua modo consistente;
forma legal (venda com compromisso de recompra);
• Limitações na Relevância e na Confiabili-
• Neutralidade – a informação deve ser imparcial, neutra
dade das Informações Tempestividade – quando
(sem viés);
há demora na divulgação da informação, é possível
• Prudência – consiste num certo grau de precaução que ela perca a relevância;
das demonstrações contábeis:
• Equilíbrio entre Custo e Benefício – os benefícios decor-
• Ativos e Receitas não são superestimados;
rentes da informação devem exceder o custo de produzi-la;
• Passivos e Despesas – Não sejam subestimados;
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 41
• Equilíbrio entre Características Qualitativas – é necessá- Podemos classificar pessoa física e pessoa jurídica da se-
rio um balanceamento entre as características qualitativas; guinte forma:
• Visão Verdadeira e Apropriada. Pessoa Física: é o homem em si, a pessoa natural, o cida-
dão, cada um de nós.
Patrimônio
Pessoa jurídica: é a empresa, entidade, firma, formada por
pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos.
No capítulo 1 falamos que o objeto da Contabilidade é o
patrimônio, aqui iremos ampliar esse assunto. Segundo Ribeiro Bens
(2010), o Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obri-
São todas as coisas suscetíveis de avaliação monetária, que
gações de uma pessoa física ou jurídica, avaliado em moeda.
têm a qualidade de satisfazer às necessidades humanas. São de
Sendo assim, podemos imaginar o Patrimônio de uma empresa
boa duração e pertencem ao titular do Patrimônio.
ou de uma pessoa física como sendo:
Segundo Ribeiro (2000, p. 15), são todas as coisas capazes
Patrimônio= bens, direitos e obrigações de satisfazer às necessidades humanas e suscetíveis de avaliação
econômica.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 42
Direitos
Exemplo: veículo pertencente à empresa.
Recursos próprios: Trata-se do capital social inicial, que Com base nos dados acima, podemos elaborar o Balanço
representa recursos próprios. Patrimonial da empresa:
BALANÇO PATRIMONIAL
Recursos de Terceiros: A empresa utiliza recursos de ter-
ATIVO (aplicação de recursos) PASSIVO (origem dos recursos)
ceiros, oriundos de empréstimos e financiamentos.
Bens Obrigações (Capital de Terceiros)
Caixa Fornecedores
Exemplo: 30.000,00 20.000,00
Móveis e Utensílios Patrimônio Líquido
10.000,00 (Capital Próprio)
Duas pessoas resolvem constituir uma empresa com Ca-
Veiculos Capital Social
pital Social de R$ 40.000,00 em dinheiro. Para iniciar suas 20.000,00 40.000,00
atividades foi necessário investir em bens imobilizados como Direitos
móveis e utensílios no valor de R$ 10.000,00 adquiridos à vista Total do Ativo Total do Passivo
60.000,00 60.000,00
e um veículo no valor de R$ 20.000,00, adquirido a prazo.
Assim, a equação patrimonial, que é a base da Contabili-
dade, na linguagem contábil, fica da seguinte forma:
O lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exi- sa. O Patrimônio Líquido é o valor dos recursos próprios da
gível) como Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa empresa, que poderia ser exigido apenas pelos sócios, porém
toda a fonte de recursos, toda a origem de capital. Nenhum sendo estes os proprietários do empreendimento.
recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio
Líquido. Situações líquidas patrimoniais
O Passivo aumenta de valor pela captação de um empréstimo O Patrimônio Líquido é também chamado de Situação
ou financiamento, pela compra a prazo de um ativo ou pelo Líquida Patrimonial e representa a verdadeira riqueza patrimo-
reconhecimento contábil de uma despesa ainda não paga. Por nial. Pode ser modificada com o aumento de capital ou com a
outro lado, o Passivo diminui de valor pelo efetivo pagamento incorporação de lucros ou prejuízos no exercício. Logicamente,
ou pelo reconhecimento contábil de uma receita que havia sido se houver prejuízo, a situação líquida diminuirá, podendo ficar
recebida antecipadamente, como um adiantamento de clientes. até negativa.
Do confronto entre o total do ativo e o total do passivo, A estática patrimonial é representada pelo Balanço Pa-
surge o patrimônio líquido, igualando os valores dos dois lados trimonial, cuja definição será vista adiante e que agrega o
do gráfico patrimonial, ou seja, demonstra a diferença entre conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa em
os valores do Ativo (bens e direitos) e do Passivo (obrigações). determinada data.
O Patrimônio Líquido aparece no Balanço Patrimonial como
parte integrante do passivo e indica o valor líquido da empre-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 48
O Balanço Patrimonial mostra uma situação de equilíbrio A Estática Patrimonial pode, então, assumir três situações
onde: distintas:
O total do ATIVO é igual ao total do PASSIVO (ou 1. se ATIVO > OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO
Passivo + Patrimônio Líquido). Temos, por conseguinte, três LÍQUIDO > 0;
conceitos envolvidos na Estática Patrimonial:
2. se ATIVO < OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO
a. ATIVO – onde são aplicados os recursos econômicos/ LÍQUIDO < 0;
financeiros da empresa, em Bens e Direitos;
3. se ATIVO = OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO
b. PASSIVO (PASSIVO) – origem de recursos de terceiros LÍQUIDO = 0
aplicados no ATIVO. Esses recursos assumem o caráter
de obrigações (dívidas), pois são exigidos por terceiros Evidentemente, uma empresa operando em condições nor-
nas datas de vencimento. mais, deverá se apresentar, em termos de patrimônio, na situação
da equação “1” e, na medida que se aproxima da situação “3”,
c. PATRIMÔNIO LÍQUIDO - origem de recursos dos mostra evidência de deterioração da sua capacidade econômica,
proprietários, sócios ou acionistas, aplicados no ATIVO. financeira e patrimonial. A posição “2” coloca a empresa em
Compreende a parcela não exigível do PASSIVO (ou condição falimentar ou pré-falimentar.
parcela de recursos próprios da empresa).
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 49
Contas
Contas Patrimoniais
Dividem-se em Ativas e Passivas e são elas que representam o Patrimônio da empresa e a situação líquida (Patrimônio Lí-
quido) num dado momento, através do Balanço Patrimonial. Até agora nos referimos aos componentes patrimoniais, utilizando
a expressão ‘elementos’. Agora esses elementos terão títulos próprios e serão chamados de contas. Assim, por exemplo:
• Impostos
São todos os gastos ou perdas da empresa, desde que não se
refiram à aquisição de Bens e nem a pagamento de Obrigações • Custo das Mercadorias Vendidas
já registradas no Balanço Patrimonial. As despesas fazem di-
minuir o lucro da empresa (ou aumentar o seu prejuízo, se for o As despesas estão divididas em operacionais e não ope-
caso). As despesas têm, por finalidade, a obtenção de receitas. racionais.
• Descontos Obtidos
B. Receitas Não Operacionais De acordo com Ribeiro (2010, p. 57) o “Plano de Contas
é um conjunto de contas, diretrizes e normas que disciplina as
Representam os ganhos da empresa que não são inerentes tarefas do Setor de Contabilidade, objetivando a uniformização
às suas operações normais. Exemplos: aluguel recebido de dos registros contábeis”.
imóvel ocioso, pertencente a um comércio de móveis; lucro na
O Plano de Contas deve ser tão detalhado quanto seja o
venda de bens de uso.
interesse da empresa em informações detalhadas; inexistem
regras que estabeleçam o número máximo ou o número mínimo
1.2 NÃO Clientes
1.2.1.01 CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO
2.3.2.01 LÍQUIDO
Capital Social Subscrito
1.2.1 Contas a Receber
1.2.1.02 Outras Contas
1.2.1.01 Clientes
2.3.1 Capital
2.3.2.02
2.3.2.01
Social
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Capital Social a Realizar
Capital Social Subscrito
55
1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas
1.2.1.02
1.2.2.01 Outras ContasSocietárias
Participações 2.3.2.02 Capital Social
2.3.2.01 Reservas a Realizar
de Capital
1.2.2 INVESTIMENTOS
1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2. Reservas
2.3.2.02 Reservas de Lucros
1.2.2.01
1.2.3.01 Participações
Terrenos Societárias 2.3.2.01 Reservas
2.3.3 Prejuízos de Capital
Acumulados
de contas que deve conter um plano de contas. É preciso que se 1.2.3 IMOBILIZADO
1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos de
2.3.2.02 Reservas Lucros
Acumulados de Exercícios
1.2.3.01 Terrenos
1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 2.3.3 Prejuízos Acumulados
2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual
saiba, todavia, que o plano de contas deve ser suficientemente 1.2.3.02
1.2.3.04 Construções
Veículos e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios
1.2.3.03 Máquinas
1.2.3.05 Móveis e Ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual
elástico a fim de permitir a inclusão de novas contas, sempre que 1.2.3.04 Veículos
1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada
1.2.3.05
1.2.3.99 Móveis
(-) Amortização Acumulada
elas se fizerem necessárias. Repetimos, o grau de detalhamento 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada
1.2.4 INTANGÍVEL
1.2.3.99
1.2.4.01 (-) Amortização Acumulada
Marcas
do plano de contas varia segundo o interesse do contador e da 1.2.4 INTANGÍVEL
1.2.4.02 Softwares
1.2.4.01
1.2.4.99 Marcas
(-) Amortização Acumulada
empresa, levando em consideração, sempre, a necessidade de 1.2.4.02 Softwares
1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada
registrar todas as ocorrências na vida de uma empresa.
3 CUSTOS E DESPESAS 4 RECEITAS
MODELO PLANO DE CONTAS
3 CUSTOS
3.1 CustosEdos
DESPESAS
Produtos Vendidos 4 RECEITAS
4.1 Receita Líquida
1 ATIVO 2 PASSIVO
3.1.1 Custos dos Materiais 4.1.1 Receita Bruta de Vendas
3.1 Custos
3.1.1.01 dos Produtos
Custos Vendidos
dos Materiais Aplicados 4.1 Receita
4.1.1.01 DeLíquida
Mercadorias
1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE
3.1.1 Custos dos Materiais
3.1.2 Custos da Mão-de-Obra 4.1.1 Receita Bruta de Vendas
4.1.1.02 De Produtos
1.1.1 Caixa 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher
3.1.1.01
3.1.2.01 Custos
Saláriosdos Materiais Aplicados 4.1.1.01 De Mercadorias
4.1.1.03 De Serviços Prestados
1.1.1.01 Caixa Geral 2.1.1.01 Simples a Recolher
3.1.2 Custos da Mão-de-Obra
3.1.2.02 Encargos Sociais 4.1.1.02 De Produtos
4.1.2 Deduções da Receita Bruta
1.1.2 Bancos C/Movimento 2.1.1.02 INSS
3.1.2.01 Salários 4.1.1.03 De Serviços Prestados
4.1.2.01 Devoluções
1.1.2.01 Banco Alfa 2.1.1.03 FGTS
3.1.2.02
3.2 CustoEncargos Sociais Vendidas
das Mercadorias 4.1.2 Deduções
4.1.2.02 ServiçosdaCancelados
Receita Bruta
1.1.3 Contas a Receber 2.1.2 Contas a Pagar
3.2.1 Custo das Mercadorias 4.1.2.01 Devoluções
1.1.3.01 Clientes 2.1.2.01 Fornecedores
3.2 CustoCusto
3.2.1.01 das Mercadorias Vendidas
das Mercadorias Vendidas 4.1.2.02 Serviços
4.2 Outras Cancelados
Receitas Operacionais
1.1.3.02 Outras Contas a Receber 2.1.2.02 Outras Contas
3.2.1 Custo das Mercadorias 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes
1.1.3.09(-) Duplicatas Descontadas 2.1.3 Empréstimos Bancários
3.2.1.01
3.3 CustoCusto das Mercadorias
dos Serviços PrestadosVendidas 4.2 Outras
4.2.1.01 Receitas
Receitas deOperacionais
Alienação de Investimentos
1.1.4 Estoques 2.1.3.01 Banco A - Operação X
3.3.1 Custo dos Serviços 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes
4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado
1.1.4.01 Mercadorias
3.3 CustoMateriais
3.3.1.01 dos Serviços Prestados
Aplicados 4.2.1.01 Receitas de Alienação de Investimentos
1.1.4.02 Produtos Acabados 2.2 NÃO CIRCULANTE
3.3.1 Custo dos Serviços
3.3.1.02 Mão-de-Obra 4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado
1.1.4.03 Insumos 2.2.1 Empréstimos Bancários
3.3.1.01
3.3.1.03 Materiais Aplicados
Encargos Sociais
1.1.4.04 Outros 2.2.1.01 Banco A - Operação X
3.3.1.02 Mão-de-Obra
3.3.1.03
3.4 Encargos
Despesas Sociais
Operacionais
1.2 NÃO CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
1.2.1 Contas a Receber 2.3.1 Capital Social 3.4.1 Despesas Gerais
3.4 Despesas
3. 4.1.01 Operacionais
Mão-de-Obra
1.2.1.01 Clientes 2.3.2.01 Capital Social Subscrito
3.4.1 Despesas Gerais
3.4.1.02 Encargos Sociais
1.2.1.02 Outras Contas 2.3.2.02 Capital Social a Realizar
3. 4.1.01 Mão-de-Obra
3.4.1.03 Aluguéis
1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas
3.4.1.02 Encargos Sociais
1.2.2.01 Participações Societárias 2.3.2.01 Reservas de Capital
3.4.1.03 Aluguéis
1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2.02 Reservas de Lucros
1.2.3.01 Terrenos 2.3.3 Prejuízos Acumulados
1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios
1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 56
Síntese
ATIVIDADES
( ) Na transferência do Produto.
1. O que é patrimônio?
9. Devedores Duvidosos são constituídos em virtude do
2. Do ponto de vista contábil, o que são bens? Princípio:
3. O que são direitos? Cite três exemplos. ( ) Realização da Receita.
4. O que são bens imateriais? Cite dois exemplos ( ) Entidade.
5. O que são obrigações? Cite três exemplos. ( ) Custo Histórico como Base de Valor.
6. O que é Plano de Contas? ( ) Confrontação de Despesa.
7. Existe um Plano de Contas que deve ser usado por todo e 10. Gastos que beneficiarão o próximo exercício serão
qualquer tipo de empresa? classificados em:
8. O reconhecimento da Receita deverá ser (de acordo com ( ) Ativo Circulantes.
o Princípio de Realização da Receita):
( ) Ativo Realizável a LP.
( ) Na emissão da Nota Fiscal.
( ) Dependendo do caso: Intangível.
( ) No recebimento do Adiantamento.
( ) Despesa.
( ) No recebimento da Receita.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 58
REGISTROS
CONTÁBEIS
(ESCRITURAÇÃO)
Para que o controle do patrimônio seja eficaz,
a Contabilidade precisa registrar todos os
fatos que ocorrem na empresa. Esse registro
é feito por meio da “escrituração”.
Nessa terceira unidade, iremos falar sobre os registros
contábeis, que é a parte prática da contabilidade, apresentando
a você as principais atividades realizadas por um profissional
contábil na sua atividade diária. E, também, aprenderá sobre
a escrituração contábil, ou seja, os lançamentos propriamente
ditos e os relatórios decorrentes desses lançamentos. Conhecerá
os livros, e a utilidade do balancete de verificação.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 59
ESCRITURAÇÃO
A escrituração, uma das técnicas utilizadas pela
Contabilidade, consiste em registrar nos livros próprios
Podemos dividir a Contabilidade em duas partes, uma
(Diário, Razão, Caixa, Contas-correntes, etc.) todos os fatos
teórica e outra prática. A parte teórica é identificação dos que provocam modificação no patrimônio da empresa.
princípios contábeis e de fixação de normas, de análise e in-
terpretação de fatos, de esclarecimentos de relações de causa A escrituração começa pelo livro Diário. Neste livro, são
e efeito e de previsão para futuros acontecimentos. A parte escriturados (registrados) todos os fatos que ocorrem no dia
prática, de execução do registro de fenômenos patrimoniais, é a dia da empresa, e que são responsáveis pela gestão do seu
a técnica através da qual a Contabilidade atinge seu objetivo, patrimônio. O registro dos fatos é feito em forma contábil, por
que é estudar e controlar o patrimônio, fornecendo informações meio do lançamento.
e orientação sobre o estado patrimonial e suas variações. Esta
técnica se chama escrituração. Para registrar os fatos contábeis por meio de lançamentos,
a Contabilidade utiliza as contas.
Escrituração
Exemplo: Venda de Mercadorias; Venda de Produtos; Re- ** Esse método é deficiente e incompleto, pois não permite
ceita de Serviços. o controle global do Patrimônio.
Método de escrituração é o modo de registro dos Fatos De uso universal, esse método, como citado na unidade 1,
Administrativos. foi apresentado pela primeira vez pelo frade franciscano pelo
Frei Luca Pacioli e que apresentou uma forma mais adequada
São dois os Métodos de Escrituração conhecidos: Métodos para utilizar esse método. Importante salientar que ele não é
de Partidas Simples e Método de Partidas Dobradas. o inventor, apenas conseguiu aprimorá-lo. Sua adoção permite
o controle de todos os componentes patrimoniais, bem como
das variações do Patrimônio Líquido, que poderão resultar em
lucro ou prejuízo.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 62
O método do Débito e Crédito é uma técnica utilizada na • Vários débitos e um crédito de igual valor.
confecção dos lançamentos contábeis. Na contabilidade, para
Debitar significa:
todo Débito existe um Crédito, de forma que a soma dos valo-
res debitados seja sempre igual à soma dos valores creditados, a. Registrar a integração ou incorporação de um valor ao
mantendo sempre o equilíbrio. Essa igualdade entre débitos e PATRIMÔNIO TOTAL (ATIVO).
créditos que é o Método das Partidas Dobradas.
b. Mostrar a utilização ou consumo de valor no PATRI-
MÔNIO TOTAL.
Não há débitos sem créditos correspondentes.
c. Baixar um valor anteriormente creditado ao PATRI-
MÔNIO.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 63
O quadro a seguir nos fornece todas as possibilidades de 4. Histórico – É a narração do fato ocorrido, a qual deve
Débito e Crédito que podem ocorrer em uma empresa. ser resumida, mas identificando bem a operação.
Grupo de Contas Natureza Efeitos dos Lançamentos na Conta 5. Importância ou quantia – É o valor das operações ex-
Ativo Devedora D Aumenta C Diminui
presso em unidades monetárias.
Passivo Credora D Diminui C Aumenta
Patrimônio
Credora D Diminui C Aumenta A seguir serão apresentados alguns exemplos de lança-
Líquido
Receitas Credora C Aumenta mentos contábeis com o objetivo de verificar a funcionalidade
Despesas Devedora D Aumenta da técnica.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 64
2. Conta a ser debitada: Máquina Exemplo: Aquisição de um veículo marca Fiat conforme
nota fiscal nr. 23.450 da Bt Ltda. no valor de R$ 35.000,00.
3. Conta a ser creditada: Caixa
Data D/C Contas Histórico Valor
4. Histórico: Aquisição de uma máquina marca XY confor- Veiculo Aquisição de um veículo marca
me nota fiscal nr. 5.390 da Casa de Máquinas Teste Ltda. D (Ativo Fiat conforme nota fiscal nr. 35.000,00
Circulante) 23.450 da Bt. Ltda.
5. Valor da operação: R$ 5.000,00. Caixa (Ativo
C 35.000,00
Circulante)
Data D/C Contas Histórico Valor
Aquisição de uma máquina
Máquina
marca XY conforme nota
01/03/201x D (Ativo 5.000,00
fiscal nr. 5.390 da Casa de
Circulante)
Maquinas Teste Ltda.
Caixa (Ativo
01/03/201x C 5.000,00
Circulante)
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 65
Segunda fórmula: constam, no lançamento uma só conta Terceira fórmula: constam, no lançamento mais de uma
no débito e mais de uma no crédito. conta no débito e uma só no crédito.
Exemplo: Compra de mercadoria no valor de 8.000,00 Exemplo: Recebimento do cliente DEF ref. a venda da NF
cfe nf.0500 de AB Ltda, sendo 3.000,00 através de depósito 002 no valor de 12.000,00, sendo 4.000,00 em transferência
bancário e 5.000,00 para pagamento a prazo. bancária, e 8.000,00 pago em dinheiro.
Data D/C Contas Histórico Valor Data D/C Contas Histórico Valor
Mercadoria Compra de mercadoria no valor Recebimento do cliente DEF
Caixa (Ativo
D (Ativo de 8.000,00 cfe nf.0500 de AB 8.000,00 D ref. a venda da NF 002 no 8.000,00
Circulante)
Circulante) Ltda valor de 12.000,00
Banco cta. Banco cta.
C Mov. (Ativo 3.000,00 D Mov. (Ativo 4.000,00
Circulante) Circulante)
Fornecedores Cliente (Ativo
C 12.000,00
C (Passivo 5.000,00 Circulante)
Circulante)
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 66
Quando a empresa adquire mercadorias que serão reven- Quando a empresa efetua depósito em dinheiro em conta
didas ou matéria-prima que serão utilizadas na fabricação de bancária. Ex: Depósito no Banco do Brasil S/A no valor de
um produto. R$ 1.000,00.
D/C Contas Valor
Debita (D) Mercadorias e Credita (C) Caixa (sempre que sai Bco cta. Movimento Banco do
D 1.000,00
dinheiro do caixa o lançamento é a CRÉDITO).Ex: Compra Brasil S/A
C Caixa 10.000,00
de mercadorias no valor de R$ 10.000,00, à vista.
Na constituição do capital de qualquer tipo de empresa, A subscrição do capital em uma sociedade compreende o
seja ela individual (empresário) ou sociedade, a conta Capital momento em que os sócios reunidos assumem o compromisso
Social será sempre creditada. Por outro lado, será debitada a de investir, na entidade, o valor da parte do capital social que
conta Caixa ou várias outras contas que representem os ele- cabe a cada um deles, em dinheiro, ou em diversos elementos.
mentos entregues pelo titular ou pelos sócios para constituição Normalmente a subscrição ocorre na assinatura do contrato
do respectivo capital. social (sociedades em geral) ou do estatuto (sociedade por ações).
Corresponde ao momento em que os sócios entregam para a O Razão, é um somatório de fichas específicas de deter-
empresa os valores em dinheiro, ou em outros elementos, pelos minadas contas. A palavra ou termo razão decorre do sentido
quais se comprometeram no momento da subscrição do capital. implícito de memória de cálculo ou inteligência dos registros
que o mesmo contém.
Exemplo:
Data D/C Contas Valor Toda conta, por conter a história da sua existência, envol-
D Caixa (Ativo Circulante) 100.000,00 vendo os valores aumentados e diminuídos ao longo de um
Capital Social a Realizar ou a Integralizar determinado período, precisa de um esquema de controle com
C 100.000,00
(Patrimônio Líquido) vistas a, em qualquer tempo, podermos apurar-lhe o saldo, bem
Histórico: Pela realização do capital, neste momento o como recorrer aos seus registros e valores com o objetivo de
sócio A, integraliza o valor de R$ XX,XX, conforme contra- promover as mais variadas análises.
to social sob o número do Nire: XXX, registrada pela junta
comercial de XX. Seguindo a objetividade do nosso curso, não estudaremos
aqui o “lançamento” do fato administrativo (ou da Variação
Patrimonial) em sua forma literal; não escreveremos o lança-
mento, mas sim procuraremos analisar a “transação”, identi-
ficando a sua “origem” e a sua “aplicação”, para que façamos
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 71
os lançamentos nas fichas de “Razão”, doravante, tratadas por operacionais, há de haver um documento que comprove que
“Contas T”. O lançamento em conta “T” consiste em alocar o essa despesa efetivamente ocorreu (recibo do proprietário ou
valor monetário no lugar correspondente. recibo da locadora de imóveis). A conta “T”, que resumimos
abaixo, poderia ser apresentada numa ficha de Razão, utilizada
Observa-se que o crédito e o débito têm lados distintos nos modernos sistemas mecanizados do nosso século.
na conta “T”. O lado esquerdo é dedicado aos débitos ou às
aplicações de recursos, e o lado direito é reservado aos créditos Observamos que a ficha específica da conta contém dados
ou origens de recursos. bem detalhados para uma análise de qualquer lançamento, mas
que suas três últimas colunas verticais se resumem na nossa
Razonete - conta “T” simples conta “T”, isto é, débito, crédito e saldo.
Ficha de Razão
Para o analista financeiro, de nada vale saber apenas es- Ano Nome da Conta
criturar os registros contábeis. É preciso dominar a inter- Data Código Histórico Débito Crédito Saldo
pretação dos registros e a análise dos dados que constam nos Também denominado Gráfico em T ou Conta T, o razonete
demonstrativos de resultados e quadros de origens e aplicações nada mais é do que uma versão simplificada do livro razão. Por
de recursos etc. Faz-se da maior relevância ressaltar que todo meio dele é possível controlar, separadamente, o movimento
lançamento contábil, obrigatoriamente, deverá ser lastreado de todas as contas e facilitar a visualização do movimento de
pelo documento hábil que deu origem ao mesmo. Se a empresa débito e de crédito nele lançados.
pagou o aluguel de um imóvel que utiliza para as suas atividades
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 72
instrumento mais valioso para o desempenho da contabilidade”. Razão Sintético Razão Analítico
Ele é realizado em contas individualizadas, pois consiste no Estoque de mercadorias Estoque de
Estoques produtos acabados Estoque de matéria
agrupamento de valores em contas de mesma natureza e de prima
forma racional. Cia. nacional de siderurgia Lojas Felicidades
Duplicatas a Receber
Depósito Santa-fé
Bancos Conta Movimento Banco do Brasil Banco Bradesco Banco Real
Nesse livro, cada conta terá sua própria página, e os lança-
Comércio de ferragens Santa Luzia
mentos deverão ser realizados na ordem em que forem acon- Fornecedores Pedreira São Mateus Castor & Andrade
tecendo. É importante ressaltar que este livro possui duas Ltda.
maneiras de serem escriturados. Ou seja, quando a conta for Banco do Brasil Financeira Credial. Banco
Empréstimos à Pagar
Unioeste.
genérica, podemos chamá-lo de Razão Sintético e, quando
Como dissemos, durante a escrituração, não poderão existir
houver desdobramento, ou seja, quando especificar cada uma
rasuras, borrões ou qualquer outro sinal de erro, por isso, há
das contas para realizar um controle mais efetivo, se chamará
cuidados específicos que devem ser adotados para corrigir num
Razão Analítico. Observe abaixo a diferença entre eles:
erro. Vejamos algumas dicas:
Borrões, rasuras, registros nas entrelinhas: Quando ocorrer Troca de uma conta por outra: Também um erro padrão,
esse tipo de acidente, o contabilista deverá ressalvar datas e muito comum na contabilidade. Para solucionar o problema,
assinar a ressalva na própria escrituração. basta fazer o estorno do valor na conta errada e realizar o lan-
çamento na conta correta.
Salto de linhas ou de páginas: Assim como os erros de
redação, o contabilista pode se distrair e pular linhas. Nesse Omissão de lançamentos: Quando o contabilista se esquece
caso, deverá preencher os espaços vazios com traços horizon- de realizar o lançamento na data correta, deverá proceder ao
tais, ressalvando com data e assinatura. Se pular uma página registro do fato no dia em que verificou a omissão, mencio-
inteira, o traço deverá ser na diagonal da página, cruzando-a nando, no histórico, o motivo e a data correta do evento.
de cima a baixo.
Lançamento em duplicata: Quando notada tal ocorrência,
Valores lançados a maior: O contabilista poderá realizar basta que se proceda ao estorno do lançamento que estiver a
um lançamento de retificação com a diferença ou anular e mais.
lançar os valores novamente.
Após determinado período de movimentação do patrimô- Se porventura, ocorrer uma diferença entre os débitos e
nio, temos necessidade de verificar a posição dos seus elementos créditos no balancete e, sabendo-se que SOMA das duas co-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 77
lunas está correta, deduzimos que pode ter ocorrido uma das Balancete é uma relação de contas extraídas do Livro Razão
seguintes situações: (ou Razonetes), com seus saldos devedores e credores.
Fato contábil debitado e não creditado ou vice-versa. Os Balancetes podem diferir uns dos outros em relação ao
número de colunas. Há Balancetes que poderão conter apenas
Fato contábil debitado por um valor e creditado por outro duas colunas – uma destinada ao saldo devedor, e outra, ao
valor. Fato contábil debitado ou creditado em duplicidade. saldo credor de cada conta; outros poderão apresentar colunas
destinadas ao movimento de cada conta, aos ajustes efetuados
O Balancete de Verificação compreende uma listagem de para apuração do resultado, aos saldos, etc.
contas com sua titulação prevista no Plano de Contas e que
tenham registro inicial e posterior de valores monetários corres- Veja um modelo de Balancete com duas colunas, sendo
pondentes ao movimento do mês ou acumulado dos meses, total uma destinada ao saldo devedor, e outra, ao saldo credor de
de débito e de crédito, e respectivo saldo, devedor ou credor. cada conta:
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO
Elaboração do balancete de verificação
CONTA (Descrição) DÉBITO CRÉDITO
Balancete Sintético
Balancete Analítico
Síntese
DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS E
SUAS ANÁLISES
O relatório contábil é a exposição resumida
e ordenada de dados colhidos pela
contabilidade. Também conhecido como
informes contábeis. O objetivo é relatar
às pessoas (usuários da contabilidade) os
principais fatos registrados pela contabilidade
em determinado período, através das
demonstrações contábeis.
Na quarta unidade, conheceremos os diferentes tipos de
demonstrações contábeis exigidos por lei, suas formas básicas
e de que maneira são utilizados para a análise dos gestores das
companhias.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 82
O objetivo principal da Contabilidade é coletar, registrar, Também conhecidos como Informes Contábeis, os mais
resumir, analisar e relatar, em termos monetários, informações importantes são as demonstrações financeiras (terminologia
acerca dos negócios das empresas. utilizada pela Lei das Sociedades Anônimas – Lei 6.404/76)
ou demonstrações contábeis (terminologia preferida pelos con-
As demonstrações contábeis têm a finalidade de fornecer tadores).
informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desem-
De acordo com o artigo 176 da Lei 6404/76, ao fim de cada
penho e as mudanças na posição financeira da entidade, que
exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escritu-
sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações
ração mercantil da Companhia, as seguintes demonstrações
e tomadas de decisão econômica. Ela também apresenta os
financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do
resultados da atuação da Administração na gestão da entidade
Patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:
e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos
que lhe foram confiados. 1. Balanço Patrimonial;
5. Demonstração do Valor Adicionado, para as Companhias ceira de uma empresa num determinado período.
Abertas;
Para Ribeiro (2010, p. 340) o Balanço Patrimonial é a
Em substituição à Demonstração de Lucros ou Prejuízos “Demonstração Financeira que evidências, resumidamente,
Acumulados, as empresas podem elaborar a Demonstração de o Patrimônio da empresa, quantitativa e quantitativamente”.
Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).
De acordo com Iudícibus (2010, p. 161) o Balanço Patri-
As Empresas conhecidas como Sociedades Anônimas de monial “é a demonstração que encerra a sequência dos pro-
Capital Aberto (S.A) que negociam títulos no mercado de cedimentos contábeis, apresentando de forma ordenada os
capitais, são obrigadas a publicar seus resultados anualmente três elementos componentes do patrimônio: Ativo, Passivo e
nos jornais de maior circulação do país, e trimestralmente para Patrimônio Líquido”.
a CVM (comissão de valores mobiliários). Acompanham as
Demonstrações Financeiras: Notas Explicativas, Relatório de É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos
Diretoria e Parecer dos Auditores Independentes. da empresa, assim como as obrigações em determinada data.
A diferença entre o Ativo e Passivo é chamado de Patrimônio
Balanço Patrimonial Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da
empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa,
O objetivo do balanço patrimonial é apresentar, de uma quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente.
forma ordenada e padronizada, a situação econômica e finan-
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 84
Para que algo possa ser considerado um ativo, é necessário Ativo não circulante
que ele cumpra quatro requisitos: constituir bem ou direito
para a empresa, ser de propriedade, posse ou controle da so- Com a publicação da Medida Provisória 449 /2008 foi
ciedade, ser mensurável monetariamente e trazer benefícios criado o Ativo Não Circulante, composto pelos grupos Rea-
(ou expectativa de benefícios) para a empresa. O dinheiro é o lizável a Longo Prazo, Investimento, Imobilizado e Intangí-
ativo por excelência, pois é o meio de troca da economia e sua vel. A Medida Provisória 449/2008 foi transformada na Lei
liquidez é plena. 11941/2009.
Evidências recursos dos proprietários aplicados no em- Horizontal, o passivo ao lado do ativo.
preendimento. O investimento inicial dos proprietários é de-
nominado de Capital. Se houver outras aplicações por parte Vertical, o passivo abaixo do ativo.
dos proprietários e acionistas, teremos acréscimo ao Capital.
Aumenta pelos lucros gerados ao longo dos anos, por novas Os exemplos a seguir serão demonstrados na forma hori-
integralizações dos acionistas e reduz com os prejuízos gerados zontal. Observe o Balanço Patrimonial a seguir e suas prin-
ao longo. É conhecido como o capital próprio da empresa. cipais contas.
Exemplos das contas do Patrimônio Líquido: Capital Social, Dica: Todos os balanços das Companhias Abertas estão
disponíveis no site:
Reservas de Capital, Reservas de Lucros e Lucros ou Prejuízos
http://www.cvm.gov.br.
Acumulados.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 88
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
DISPONIBILIDADES OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS
Caixa e bancos Duplicatas a pagar
Aplicações financeiras de Liquidez imediata Empréstimos e financiamentos a pagar
CLIENTES OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS
Duplicatas a receber
Impostos, taxas e contribuições a recolher
(-) Duplicatas descontadas
Provisão para IRPJ e CSLL
(-) Provisão para créditos de Liquidação Duvidosa
OUTROS CRÉDITOS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS
Ordenados e salários a pagar
Encargos sobre salários a pagar
Adiantamentos a fornecedores
Provisão para 13º salário com encargos
Provisão para férias e encargos
TRIBUTOS A RECUPERAR OUTRAS OBRIGAÇÕES
Impostos e contribuições a recuperar Contas a pagar
INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS A CURTO PRAZO PARTICIPAÇÕES E DESTINAÇÕES DO LUCRO LÍQUIDO
Ações de outras empresas
ESTOQUES
Participações de empregados a pagar
Estoques matérias-primas/Mercadorias
Dividendos a pagar
DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE
Prêmios de seguros a vencer
TOTAL ATIVO CIRCULANTE TOTAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Ativo não-circulante Passivo não-circulante
Ativo realizável a longo prazo Passivo exigível a longo prazo
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 89
É uma demonstração que evidencia o resultado econômico Um princípio contábil que norteia todo o Demonstrativo
da empresa, pois a transformação do Lucro em Fluxo de Caixa de Resultado e demais Demonstrações Financeiras é a apli-
irá depender do ciclo financeiro da empresa (Prazo de Giro cação do regime de competência para apropriação de receitas
dos Estoques, Prazo Médio de Recebimento e Prazo Médio e despesas, independente do pagamento ou recebimento, os
de Pagamento dos Fornecedores). lançamentos dentro do período m que incorrerem (já comen-
tamos na unidade 1).
A Demonstração de Resultados do Exercício é o relatório
que evidências de forma ordenada, o resumo das receitas e Antes de abordarmos mais detalhadamente seus compo-
despesas ocorridas em determinado período. É apresentada nentes, cabe destacar dois aspectos fundamentais que devem
de forma vertical, partindo das receitas e as devidas deduções, nortear a contabilidade das empresas no reconhecimento con-
obtendo no final o resultado líquido (lucro ou prejuízo). tábil das receitas, custos e despesas, aspectos esses expressos
nos § 1º do art. 187 da referida Lei, como segue:
Estrutura da DRE
“§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão
Segundo Ribeiro (2010 p.345) “Essa demonstração evi- computados:
dencia o Resultado que a empresa obteve (lucro ou prejuízo) no
desenvolvimento de suas atividades durante um determinado As receitas e os rendimentos ganhos no período, indepen-
período, geralmente igual a um ano”. dentemente da sua realização em moeda; e
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 92
Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos e incorridos, É, por decorrência desse pressuposto, que, por exemplo:
correspondentes a essas receitas e rendimentos”.
• A receita de venda é contabilizada por ocasião da venda
Essas conceituações da Lei representam basicamente um e não quando de seu recebimento.
dos pressupostos básicos, presente no Pronunciamento Con-
ceitual Básico - Estrutura Conceitual, denominado Regime • A despesa de pessoal (salários e seus encargos) é reconhe-
de Competência, que, por sua vez, pressupõe a confrontação cida no mês em que se recebeu tal prestação de serviços,
entre receitas e despesas, conforme descrito no item 95 do mesmo sendo paga no mês seguinte.
Pronunciamento Técnico do CPC supracitado:
• Uma compra de matéria-prima é contabilizada quando
“95. As despesas são reconhecidas na demonstração do do recebimento da mercadoria e não do seu pagamento.
resultado, com base na associação direta entre elas e os corres-
pondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado • Despesa do Imposto de Renda é registrada no mesmo
de confrontação entre despesas e receitas (Regime de Compe- período dos lucros a que se refere e, não no exercício
tência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado seguinte, quando for declarada e paga.
das receitas e despesas que resultem diretamente das mesmas
transações ou outros eventos; (...)”.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 93
O art. 187 da Lei das Sociedades por Ações disciplina Após o lucro operacional, apresentam-se as outras receitas
a apresentação dessa Demonstração, visando a atender a tal e despesas, apurando-se então o resultado antes dos tributos
objetivo, pois, resumindo, a Demonstração é iniciada com o (imposto de renda e contribuição social sobre o lucro).
valor total da receita apurada em suas operações de vendas, da
qual é deduzido o custo total correspondente a essas vendas, Deduz-se, a seguir, imposto de renda e contribuição social a
apurando-se a margem bruta, ou seja, o lucro bruto. pagar e, finalmente, as participações de terceiros, não na forma
de acionistas, calculáveis sobre o lucro, tais como empregados,
São, então, apresentadas as despesas operacionais segregadas chegando-se, assim, ao lucro ou prejuízo líquido do exercício,
por subtotais, conforme sua função, quais sejam: que é o valor final da Demonstração
Modelo de DRE
A seguir apresentaremos o modelo básico de DRE:
Receita Bruta Todas as receitas de vendas ocorridas no período.
Neste grupo encontram-se as devoluções de mercadorias ocorridas e os impostos, incidentes sobre as
(-) Deduções
vendas. (ICMS, PIS, ISS e COFINS)
(=) Receita Operacional Líquida-ROL A diferença entre a Receita Bruta e as Deduções
São os custos de fabricação dos produtos (CPV) ou comercializados (CMV) ou Custo dos Serviços Prestados
(-) Custo do Produto
(CSP)
A diferença entre a Receita Líquida e o Custo do Produto Vendido ou Serviço Prestado. Este valor constitui a
(=) Lucro Bruto
Margem de Contribuição.
Despesas referentes a comercialização dos produtos, diretamente vinculadas à venda Exemplo: Propaganda,
(-) Despesas com Vendas
Comissões de vendas, Representantes, Fretes, etc.
São as despesas incorridas para administrar a empresa, geralmente fixas. Exemplo: Despesas de pessoal da
(-) Despesas Administrativas
administração, Material de Expediente, Aluguel, alimentação, etc
(+ /-) Equivalência Patrimonial Despesa ou Receita com o do Resultado da Equivalência Patrimonial
A diferença entre as receitas e as despesas que não são da atividade operacional da empresa. Exemplo: Venda
(+ /-) Outras Receitas/Despesas
de Imobilizado e Outras Despesas/Receitas Operacionais
(=) Lucro Operacional Lucro Bruto, deduzido das despesas operacionais e resultado da Equivalência Patrimonial
São as receitas obtidas através de juros, (aplicações financeiras, juros cobrados), deduzido das despesas de
(+ /-) Despesas/Receitas Financeiras
juros incorridos de empréstimos bancários.
(=) Resultado antes dos Tributos sobre o lucro Diferença entre o Resultado Antes das Receitas e Despesas Financeiras e as Despesas Financeiras Líquidas
(-) Imposto de Renda / Contribuição Social Impostos calculados sobre o Lucro
(-) Participações de Empregados e
Valores Pagos a Empregados e Administradores que não se caracterizam como Despesas
administradores
(=) Lucro Líquido Resultado final
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 95
Receita Bruta: é o somatório das receitas de exploração para prestar um serviço. Os custos de produção (ou da merca-
das atividades que constam no objetivo da empresa, ou seja, doria vendida) são obtidos por baixas nas contas de estoques
são as geradas pelas atividades às quais a empresa se dedica. determinadas por vendas realizadas, e o critério de avaliação
adotado (PEPS, UEPS, preço médio ponderado, etc.), produz
Deduções da Receita Bruta: representa o somatório das alterações em seus valores.
deduções da Receita Bruta que são representadas por três gru-
pos: devoluções de vendas, abatimentos sobre vendas e impos- Lucro Bruto: é a diferença entre a receita líquida e seus
tos e contribuições sobre vendas (ICMS, ISS, P IS sobre o custos para poder obtê-la.
faturamento e o COFINS). Quanto ao IPI, este não deve ser
considera do neste título, pois o mesmo deverá ser deduzido Despesas Operacionais: Gastos para administrar a empresa
diretamente na rubrica Venda de Produtos. como um todo. Não se relacionam diretamente ao produto,
mas são necessárias para vendê-los, administrar a empresa e
Receita Líquida: é a receita real da empresa, pois os im- financiar as operações, ou seja, relacionam-se diretamente com
postos e abatimentos acabam aumentando a conta de receita o objeto do negócio da empresa.
bruta, sendo que esses valores são repassados para o governo.
Despesas Administrativas: decorrem das atividades desen-
Custo dos Produtos e/ou Mercadorias Vendidos (CPV volvidas na área administrativa. Gastos com pessoal e demais
/ CMV) e dos Serviços Prestados (CSP): refere-se ao custo gastos necessários à administração da empresa compõem este
da empresa para produzir ou vender um produto e/ou ainda grupo.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 96
Despesas de Vendas ou Comerciais: todas aquelas que demais Receitas Operacionais e deduzido das demais Despesas
ocorrem na área comercial da empresa. Englobam tantos gastos Operacionais. Quando o total dos Custos Operacionais mais
com pessoal como os demais, necessários ao desenvolvimento as Despesas Operacionais forem superiores ao total da Receita
das atividades comerciais da empresa. Operacional Líquida mais as demais Receitas Operacionais,
esse resultado corresponderá a prejuízo chamado de Prejuízo
Despesas e Receitas Financeiras: as despesas são apresen- Operacional.
tadas segregadas das receitas, evidenciando a diferença entre
elas. Representam os juros pagos ou recebidos nas operações Outras Receitas e Outras Despesas: aqui devem ser consi-
comerciais ou financeiras realizadas pela empresa. deradas aquelas anteriormente chamadas de não operacionais.
São raras, extraordinárias, incomuns e alheias à vida normal
Outras Despesas Operacionais: se incluem aqui todas as da empresa, ou seja, baixa de investimentos, ganhos ou perdas
despesas operacionais que não se enquadrem nos demais grupos nas vendas de bens do ativo imobilizado ou intangível.
de contas de despesas operacionais.
Provisão para Contribuição Social e Imposto de Ren-
Outras Receitas Operacionais: demais receitas, exceto da: calculadas sobre o Lucro Real que é o Lucro Líquido do
financeiras, como aluguéis, variação monetária ativa, receitas Exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações
de participações societárias, receitas eventuais, etc. prescritas ou autorizadas pela legislação. Sempre é importante
consultar a legislação em vigor para verificar os critérios de
Lucro ou Prejuízo Operacional: lucro corresponde ao
cálculo dessas provisões.
lucro obtido no confronto entre o Lucro Bruto acrescido das
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 97
Para elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, Após essa separação, podemos elaborar de forma simplifi-
devemos reunir as Contas de Despesas e de Receitas em seus cada o nosso DRE, seguindo o modelo apresentado anterior-
respectivos grupos, conforme consta na próxima Demonstra- mente, lembrando sempre que a última linha é resultado final,
ção. Veja como agruparemos as referidas contas para a solução onde apuraremos o lucro ou prejuízo.
deste exemplo:
Despesas com Vendas Resumindo: A DRE é nada mais é que a diferença do que
Fretes e Carretos 30.000,00 foi vendido menos o que foi gasto em um determinado
Despesas com Créditos de L. Duvidosa 6.000,00 período (1 mês, 1 ano), obtendo dessa forma o lucro ou
Total 36.000,00 prejuízo.
Despesas Financeiras
Juros Passivos 5.000,00
Receitas Financeiras
Juros Ativos 45.000,00
Despesas Gerais e Administrativas
Aluguéis Passivos 139.000,00
Encargos Sociais 71.000,00
Material de Expediente 25.000,00
Prêmios de Seguros 15.000,00
Salários 200.000,00
Depreciação 237.175,17
TOTAL 687.175,17
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 99
Vejamos o que dispõe o artigo 186 da Lei nº 6.404/76: § 2º - A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados dis- social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do
criminará: patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.
I. O saldo do início do período, os ajustes de exercícios Na DLPA, é calculado e definido o lucro ou prejuízo anual
anteriores e a correção monetária do saldo inicial; da empresa, que é transferido para o relatório e conta de lucros
acumulados. Com base nessas informações, é possível observar
II. As reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; as variações de caixa da empresa, os períodos em que houve
maior lucro e também maior prejuízo, assim como a extensão
III. As transferências para reservas, os dividendos, a par- de crescimento possível da empresa.
cela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim
do período. Conhecer com detalhes suas reservas significa conhecer
as perspectivas da empresa para o futuro. Dessa forma, sua
§ 1º - Como ajustes de exercícios anteriores serão conside- diretoria e contabilidade sabem com detalhes seu capital de
rados apenas os decorrentes de efeitos de mudança de critério giro, suas possibilidades de expansão, se há como investir em
contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado novos produtos, instalações ou até mesmo em outras filiais.
exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos
subsequentes.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 101
Demonstração do Valor Adicionado Sob uma abordagem mais ampla, a Contabilidade utiliza a
Demonstração do Valor Adicionado para identificar e divulgar
A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) foi inserida quanto a atividade da empresa gera de recursos adicionais para
pela Lei nº 11.638/2007, (artigo 176, inciso V), no conjunto de a economia local, como e para quem os distribui.
demonstrações financeiras que as companhias abertas devem
apresentar ao final de cada exercício social, estando, portanto, A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode
sujeita a todas as regras de aprovação. integrar o Balanço Social, constitui desse modo, uma importante
fonte de informações, à medida que apresenta esse conjunto de
O artigo 188, inciso II da Lei das S/A, informa que a De-
elementos que permitem a análise do desempenho econômico
monstração do Valor Adicionado indicará: o valor da riqueza
da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como
gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos
dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.
que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empre-
gados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a
Além das informações contidas nos grupos relacionados
parcela da riqueza não distribuída. O valor adicionado de uma
no modelo da Demonstração do Valor Adicionado, a entidade
empresa, elaborado na forma contábil, representa o quanto de
deve acrescentar ou detalhar outras linhas na Demonstração
valor ela agrega aos insumos que adquire num determinado
do Valor Adicionado quando o montante e a natureza de um
período, sendo obtido, de forma geral, pela diferença entre
item ou o somatório de itens similares forem de tal magnitude
vendas e o total dos insumos adquiridos de terceiros. Esse valor
que a apresentação em separado ajuda na apresentação mais
terá também o significado de toda a remuneração dos esforços
adequada da Demonstração do Valor Adicionado.
aplicados na atividade da empresa.
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 104
De acordo com a chamada “Nova Lei Contábil”, a Lei nº Como se pode observar, a Demonstração do Resultado do
11.638/2007 de 28/12/2007 que a altera a Lei nº 6.404/776 as Exercício (DRE) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
empresas S/A de Capital Aberto, ou seja, aquelas que movi- têm enfoques bem diferentes e objetivam fornecer informações
mentam ações no mercado de capitais, bem como as empresas sob distintos pontos de vista, o que torna eficaz a necessidade
Ltda. denominadas de “Grande Porte” com faturamento anual que os usuários possuem de informações adicionais.
superior a R$ 240.000.000,00 estão obrigadas a publicar a
Demonstração do Valor Adicionado.
Introdução à Análise das Demonstrações Contábeis A análise financeira de balanços é uma ferramenta pode-
rosa à disposição das pessoas físicas e jurídicas relacionadas à
Uma das principais finalidades da contabilidade é mos- empresa, como acionistas, dirigentes, bancos e fornecedores.
trar periodicamente a situação patrimonial, financeira e de A análise de Balanços objetiva extrair informações das De-
rentabilidade das empresas. Isso é feito com base no nos dois monstrações Financeiras para a tomada de decisões.
principais demonstrativos: Balanço patrimonial e a Demons-
tração do Resultado do Exercício. O montante de uma conta ou de um grupo patrimonial
quando tratado isoladamente não retrata adequadamente a
Conforme (Ching, Marques e Prado, 2010) ao examinar importância do valor apresentado e muito menos seu compor-
essas demonstrações financeiras você estaria apto a: tamento ao longo do tempo. Por exemplo, o total dos custos de
produção, por si só, representa pouco para o analista, mas, se
• Interpretar a situação econômico-financeira da empresa;
comparado com o montante das vendas ou com o valor desses
• Identificar seus pontos fortes e fracos; mesmos custos levantados em outros exercícios sociais, refletirá
com maior clareza sua posição.
• Medir sua capacidade de gerar lucro;
• Identificar sua eficiência em gerenciar seus ativos; Assim, a comparação dos valores entre si e com outros
de diferentes períodos oferecerá um aspecto mais dinâmico
• Verificar maneiras de aumentar a rentabilidade do ne-
e elucidativo à posição estática das demonstrações contábeis.
gócio.
Esse processo de comparação, indispensável ao conhecimento
CONTABILIDADE EMPRESARIAL 106
da situação de uma empresa, é representado pelas análises O produto final da análise serão os relatórios escritos em
horizontal, análise vertical e análise por índices. A análise linguagem objetiva e suportados por gráficos, tabelas ou pla-
financeira de balanços propicia as avaliações do patrimônio da nilhas de forma gerencial de acordo com as necessidades do
empresa e das decisões tomadas, tanto em relação ao passado, usuário ou padrões utilizados pela área de Controladoria.
retratado nas demonstrações financeiras, como em relação ao
futuro, espelhado no orçamento financeiro. Visão Histórica
As duas principais características de análise de uma em- Para uma compreensão da evolução das análises dos de-
presa são a comparação dos valores obtidos em determinado monstrativos, a seguir detalhamos uma visão cronológica do
período com aqueles levantados em períodos anteriores e o processo:
relacionamento desses valores com outros afins. Dessa maneira,
pode-se afirmar que o critério básico que norteia a análise de • No final do século XIX, banqueiros americanos pas-
balanços é a comparação. saram a solicitar balanços das empresas tomadoras de
empréstimos.
O processo de análise é direcionado conforme o interesse
do usuário da informação contábil e financeira. • Em 9 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da
Relembrando que podemos dividir os usuários em dois Associação de Bancos de Nova York recomendou a seus
grandes grupos: Internos Administração da empresa, membros que solicitassem balanços aos tomadores de
sócios e funcionários E, Externos: Credores, fornecedores,
empréstimos.
bancos, governo, clientes, sociedade, etc.
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• No Brasil, em 1968, foi criada a SERASA e surgiu a me- • Comparabilidade: como cada empresa possui o seu pró-
todologia de análise e de construção de índices - padrão. prio plano de contas e diferenciado de outras empresas,
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tornam-se necessário agregar contas a fim de que os duvidosos do balanço que não coincide com a que foi
balanços se tornem comparáveis. constituída na demonstração de resultado do exercício;
e não-conciliação do patrimônio líquido final com os
• Adequação aos objetivos da análise: conforme o objetivo resultados do exercício mais o patrimônio líquido inicial.
a que se propõe a análise, deve-se montar um modelo
• Intimidade do analista com as demonstrações contábeis:
padrão que permita identificar os fatores importantes.
A padronização obriga o analista a pensar em cada conta
e a decidir sobre sua consistência com as demais contas,
• Precisão na classificação das contas: o analista poderá
enquanto faz a transcrição para o modelo predefinido
modificar as classificações que forem falhas, como, por
de demonstração.
exemplo, certos investimentos de caráter permanente que
aparecem no ativo circulante, despesas do próprio Exer- Objetivos da análise econômico-financeira
cício que figuram como despesas do exercício seguinte,
O objetivo básico é a elaboração de informações úteis a
gastos, indevidamente lançados, como ativo diferido
diversos interessados que estarão preocupados em:
quando deveriam fazer parte das despesas ou perdas do
exercício. • ler e interpretar a situação dos negócios;
Para atender a esses objetivos, faz-se necessária a preparação demonstrativo. Essa análise das contas das demonstrações
dos dados para a análise, eliminando-se as distorções inflacio- contábeis mostra a sua composição percentual e a participa-
nárias para que seja feita a reclassificação das demonstrações ção de cada conta em relação a um valor adotado como base
contábeis quando necessárias. (100%). Além disso, é importante para avaliar a estrutura de
composição de itens e sua evolução no tempo.
Metodologia de análise
Essa análise, em períodos sucessivos, pode fornecer uma
A metodologia tradicional adotada para análise poderia base para a projeção de uma demonstração de resultados. Porém,
ser assim dividida: essa projeção apresenta algumas limitações, principalmente,
porque não leva em conta as mudanças no processo tecnoló-
• Análise vertical e horizontal;
gico e / ou nos custos dos insumos e / ou nos preços de venda.
• Análise através de índices econômico-financeiros; Qualquer projeção baseada em dados históricos requer muito
cuidado.
• Análise das necessidades de capital de giro;
No Ativo, a comparação é cada conta em relação ao total do ativo, que mostrará quanto % representa cada aplicação em relação ao total das
aplicações.
No Passivo, mostrará quanto % é cada origem em relação ao total das origens.
No Demonstrativo de Resultado, mostrará quanto % das contas lançadas no DRE (Receitas e Despesas em relação à Receita Operacional
Líquida-ROL).
Veja o exemplo a seguir, inicialmente partimos de um balanço final de 31.12.x1, posteriormente inserimos uma coluna para
o cálculo da análise vertical (AV):
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO 31.12.X1 PASSIVO 31.12.X1
CIRCULANTE CIRCULANTE
Disponível 2.800 Fornecedores 6.000
Duplicatas a receber 6.200 Salários a pagar 2.000
Estoque 10.000 Impostos a pagar 1.000
Encargos a pagar 2.800
Empréstimos a pagar 3.200
TOTAL DO CIRCULANTE 19.000 TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 30.000
Não circulante realizável a longo prazo Não circulante
Títulos a receber 6.000 Financiamentos 30.000
TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 15.000
Permanente Patrimônio Líquido
Investimentos Capital 50.000
Ações outras cias. 5.000 Lucros Acumulados 15.000
Terrenos para expansão 10.000
Imobilizado
Prédios 50.000
Veículos 12.000
Móveis e utensílios 8.000
TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 91.000 TOTAL DO PATR. LÍQUIDO 65.000
Total do Ativo 110.000 Total do passivo + PL 110.000
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Análise Horizontal Número índice = 1) Valor da data atual / Valor ano anterior
(mês) x 100
É a comparação que se faz entre os valores de uma mesma 2) Valor data atual / Valor ano anterior (mês) -1 x 100
conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais. Por exemplo, vamos analisar o balanço do ano 20x2 com-
parando com 20x1, simplesmente nós dividimos a diferença
A análise horizontal das contas das demonstrações finan- pelo ano de 20x1 e multiplicamos por 100 %, ou depois que
ceiras mostra as variações que ocorreram nos valores monetá- tiver o resultado da divisão, soma 1 (para a base 100) e depois
rios ou em valores relativos (% ou índices) num determinado multiplica por 100.
período de tempo.
PASSIVO
TOTAL DO CIRCULANTE 15.000 12.000 3.000 125,0% 25,0% 13,6%
TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 30.000 23.000 7.000 130,4% 30,4% 27,3%
TOTAL DO PATR. LÍQUIDO 65.000 65.000 0 100,0% 0,0% 59,1%
Total do Passivo + PL 110.000 100.000 10.000 110,0% 10,0% 100,0%
Tomando-se como base o ano de X1:
Exemplo 1: Conta Caixa - diferença R$ 800,00 / R$ 2.000,00 (ano 20x1) x 100, (40%)
Exemplo 2: Conta Estoque - diferença R$ 2.000,00/R$ de uma empresa. A característica fundamental dos índices é
12.000,00 x 100, (-16,7%) fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da
empresa.
Ou Conta Estoque diferença R$ 2.00,00 / R$ 12.000,00
(ano 20x1) +1 x 100 (83,3%) Aspectos revelados pelos índices
Significado: o estoque diminui em 16,7% do 20x2 com- Os índices são divididos em 2 grupos, aqueles que eviden-
parando com ano 20x1, ou o estoque de 20x2 significa 83,3% ciam aspectos da situação financeira, e aqueles que eviden-
do ano 20x1. ciam aspectos da situação econômica. Os índices da situação
financeira, por sua vez, são divididos em índices de liquidez e
Tanto a análise Vertical como a Horizontal dependem de estrutura de capital e os da situação econômica são os índices
uma boa escrituração contábil que tenha padrões em todos de rentabilidade.
os anos para que não se perca o poder da comparação e a
evolução correta dos saldos.
certos indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar essa profundidade da análise é variável de usuário para usuário:
o quadro clínico do paciente, os índices financeiros permitem imagine um fornecedor que irá buscar informações rápidas sobre
construir um quadro de avaliação da empresa. a empresa, nos índices de liquidez e rentabilidade, mas imagine
uma instituição financeira para fornecer um empréstimo, fará
Os índices sinalizam a situação em que a empresa apre- uma análise muito mais profunda.
senta um endividamento elevado, sabe-se do perigo em ter
negociações com esse tipo de empresa, no que diz respeito a Indicadores de Liquidez
sua liquidez. Entretanto, mesmo estando à beira de insolvên-
cia, a empresa pode ter vida longa e operar indefinidamente, Os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira
pois entram em jogo outros fatores como: prestígio da empresa de uma empresa frente a aos diversos compromissos financeiros
junto ao governo, relacionamento com seus fornecedores, com o com terceiros. Além do Capital Circulante Líquido (Ativo Cir-
mercado financeiro, uma boa carteira de clientes, etc... Porém, culante (-) Passivo Circulante), o estudo da liquidez mostra a
o índice financeiro é um alerta. saúde financeira da empresa e sua capacidade de saldar dívidas.
A quantidade de índices para uma boa análise Visam medir a capacidade de pagamento (folga financeira)
de uma empresa, ou seja, sua habilidade em cumprir correta-
O importante não é o cálculo de muitos índices, mas de mente as obrigações passivas.
um conjunto que permita conhecer a situação da empresa,
segundo o grau de profundidade desejada da análise. Ou seja,
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(dependência) da empresa das dívidas de curto prazo (passivo Retorno sobre o ativo (ROA): revela o retorno produzido
circulante) em relação ao seu capital de terceiros. pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em seus
ativos. (Independentemente se são recursos próprios ou de
terceiros).
Indicadores de Rentabilidade
Visam avaliar os resultados auferidos por uma empresa em Rentabilidade das vendas: mede a eficiência de uma em-
relação a determinados parâmetros que melhor revelem suas presa em produzir lucro por meio de suas vendas. É a margem
dimensões. Refletem o potencial econômico da empresa. efetiva que a empresa em relação as suas vendas.
Síntese
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