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UNISECAL

PROFESSOR: FILIPE BACH RODRIGUES

MAQUIAVELISMO: UMA OBSERVAÇÃO DO ESTADO


Rafael Loch Oliveira

WEFFORT, Francisco (org.). Os clássicos da política. 10. Ed. São Paulo: Ática,
2000.

‘’Minha missão é falar sobre o Estado’’ o trecho retirado de uma carta escrita pelo
diplomata Maquiavel expressa a sua vontade explícita de falar sobre as bases
ideológicas que compõem a formação de um Estado idealizado pelo mesmo.
Nascido na Itália, o teórico foi responsável por estabelecer de maneira descritiva os
principais fundamentos que envolvem a teoria de Estado que são usados por juristas
e acadêmicos atualmente. A publicação da sua obra mais famosa no século XVI ‘’O
Príncipe’’ gerou repercussão acerca de temas que envolvem política, governo e as
relações entre cidadão e o meio de poder estabelecido.
Diferente de muitas bases filosóficas da história, como as apresentadas por
Aristóteles, Cícero e Santo Tomás de Aquino; Maquiavel fez um distanciamento
entre o homem e a natureza política, semelhante as ideologias que vieram a compor
o positivismo futuramente, descarta a ideia do ‘’dever ser’’ e qualquer outra
imposição individual moral que possa vir a prejudicar a administração do poder.
Maquiavel ainda é definido por muitos pesquisadores como defensor do
absolutismo, ligado a ideia de poder monárquico. Muitas discussões foram geradas
acerca dessa definição, assim como de outro termo, o ‘’maquiavélico’’ que expressa
poder absoluto, algo totalmente fora de acordo com as teorias escritas por
Maquiavel e com as ações defendidas acerca do comportamento que deve ser
exercido pelo governante.
Para Maquiavel, a definição de Estado é muito semelhante a encontrada
atualmente, que tem como finalidade o bem comum estabelecendo um rígido
ordenamento social. O preconceito em volta do seu trabalho o caracteriza como um
imoral desprovido de valores, mas diferente do que muitos pensam, a separação
entre a moral invidividual da moral política, defendida pelo filósofo, nunca afirmaram
a inexistência da própria moral, diferentemente, essas teorias frequentemente
ressaltam a existência, porém prezam pelo controle feito pelo governador (príncipe)
acerca de seus próprios pensamentos e os deveres que devem ser exercidos (virtú).
A ideia de poder absoluto também não é semelhante a observada por alguns
pesquisadores, o poder absoluto para Maquiavel nada mais é do que a
concentração em um indivíduo, indivíduo este que como citado anteriormente deve
controlar e estabelecer um muro entre sua individualidade e seu compromisso,
apesar de deter todas as escolhas, ele nunca deve agir em prol de sua
individualidade, logo assim seria um governador de si mesmo (um ditador), e não
governador do povo, essa concentração defendida de nenhuma maneira permite
que o príncipe faça o que bem entender quando quiser, e deve ser utilizada em
épocas de crises de Estado.
O bem coletivo é observado como o principal objetivo para sustentar uma base
estatal na teoria de Maquiavel, um governador não deve se caracterizar como um
tirano, há não ser que a tirania seja justamente em prol do bem coletivo. O
governador deve ser observador e pensar, tem que saber agir a prontidão da
população e de preferência se manter ao lado da maioria oprimida a fim de proteger
a durabilidade de seu governo (fortuna), deve saber tomar atitudes boas ou más em
favorecimento desse bem coletivo, e não do seu interesse próprio. O filósofo apesar
de acreditar em teorias de bases sendo cristãs, defendeu a existência do Estado
laico e abstento de valores religiosos.
Certamente, o trabalho apresentado por Maquiavel foi apropriado para os estudos
realizados pelo campo das ciências jurídicas a fim de compreender as ideias que
cercam as teorias de Estado, porém, ainda é duvidosa por não ter uma base
necessariamente experimental e funcional, contudo é de extrema importância
analisar as suas circunstâncias históricas ligadas ao período Renascentista e
entender as interpretações encontradas como apoio acadêmico.

REFERÊNCIAS:

AMES, JOSÉ LUIZ. MAQUIAVEL: A LÓGICA DA AÇÃO POLÍTICA. CASCAVEL:


EDUNIOESTE, 2002.
ARANHA, Mª LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, Mª HELENA PIRES. FILOSOFANDO:
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA.
2ª ED. SÃO PAULO: MODERNA, 1993.

CHAUÍ, MARILENA. FILOSOFIA. SÃO PAULO: ÁTICA. 2000.

ESCOREL, LAURO. “INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO POLÍTICO DE


MAQUIAVEL”. IN: ARANHA, Mª LÚCIA DE ARRUDA;
MARTINS, Mª HELENA PIRES. FILOSOFANDO: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA, 2ª
ED. SÃO PAULO: MODERNA, 1993.

FERREIRA, JOÃO VICENTE HADICH. A POLÍTICA EM MAQUIAVEL: IN:


FILOSOFIA: ENSINO MÉDIO. CURITIBA:
SEED-PR, 2006.

LEFORT, CLAUDE. LE TRAVAIL LE L’OEUVRE MACHIAVEL. PARIS: GALLIMARD,


1972.

MAQUIAVEL, NICOLAU. O PRÍNCIPE. 3ª ED. TRAD. MARIA JÚLIA


GOLDWASSER. SÃO PAULO: MARTINS
FONTES, 2004.

______. ESCRITOS POLÍTICOS. SÃO PAULO: NOVA CULTURAL, 2000.

WEFFORT, FRANCISCO C. (ORG.). OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA. MAQUIAVEL,


HOBBES, LOCKE, MONTESQUIEU,
ROUSSEAU, “O FEDERALISTA”. SÉRIE FUNDAMENTOS 62. SÃO PAULO: ÁTICA,
1989.

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