Novas Oportunidades em Modelagem Mineral A CPRM armazenou e comercializou por anos uma grande quantidade de dados geofísicos sobre o Brasil. Ao longo dos anos, apenas seus servidores e uma pequena parcela de profissionais teve acesso a estas informações, seja através de projetos apoiados pelo governo federal e por governos estaduais, seja através do pagamento de quantias vultosas que a maioria dos profissionais não teria como dispender. Recentemente, ela liberou os dados brutos (xyz) através do seu site para quem se cadastrasse e tivesse interesse. Este artigo trata de uma primeira análise desses dados realizada pela Infoecológica com a finalidade de usá-los para modelagem em pesquisa geológica em conjunto com outras informações advindas do DNPM, da CPRM e de outras bibliografias disponíveis.
Nós, da Infoecológica, fizemos um primeiro experimento com os
dados geofísicos do Projeto Aerofísico Cuiabá. Em primeiro lugar, nos cadastramos no site e recebemos permissão para fazermos o download dos dados 8 dias após o cadastramento. O arquivo XYZ desse projeto tem 566 Mb em um arquivo do tipo zip que depois de descompactado gerou um arquivo no formato PDF chamado "Relatorio Final - Cuiaba.pdf" e uma pasta chamada "XYZ" com quatro arquivos: - 1124_GamaLine.xyz (269 Mb); - 1124_GamaTie.xyz (14 Mb) ; - 1124_MagLine.xyz (1.8 Gb) e; 1124_MagTie.xyz (101 Mb). Num primeiro momento vê-se que ao descompactarmos o arquivo zip que foi disponibilizado pela Rua Diamantino nº 14 - Bairro CPA II - Cuiabá/MT Telefones: (65) 3321 2114 - 98129 2947 Endereço Eletrônico: infoecologica@infoecologica.com 1 Consultoria, Projetos e Licenciamentos Ambientais
CPRM, geramos um quantidade 4,5 vezes maior do que o original
compactado.
A primeira tarefa foi a avaliação do relatório que explicou o projeto
como um todo dando detalhes sobre a metodologia do levantamento, abrangência e sobre o formato dos arquivos XYZ e sobre seus metadados além de outras informações técnicas e científicas. Esse relatório explica que foi utilizado o software Oasis Montaj para compilação das informações coletadas e apresentação dos resultados.
Com a finalidade de avaliar outras formas de utilização e
aproveitamento dos dados geofísicos para modelagem mineral utilizamos um ambiente computacional alternativo composto por QGIS, MySQL, Apache, PHP e Open Modeller. Em primeiro lugar tentamos utilizar alguns softwares de uso comum para transferência do formato XYZ para o formato tabular ou de bancos de dados. Depois de várias tentativas percebemos que o formato em que se encontram armazenados os dados geofísicos brutos impedem uma importação automática. Tivemos então de confeccionar um programa em PHP que importasse os dados brutos dos arquivos XYZ. Mais uma vez nos deparamos com problemas na importação em função do tamanho dos arquivos e tivemos de fragmentar os arquivos originais em arquivos de não mais de 400 Mb. Importamos então, através desse script PHP, os dados brutos para um banco de dados MySQL e depois importamos os mesmos para o QGIS e depois geramos arquivos no formato shape.
Após o procedimento de importação dos dados geofísicos brutos
testamos inicialmente o interpolador IDW no QGIS e conseguimos arquivos grid muito semelhança em termos de distribuição espacial em relação aos produtos do Relatório do Projeto Aerogeofísico Cuiabá e um ganho na resolução espacial pois geramos grids com espaçamento de 50 m enquanto que a CPRM gerou arquivos do Rua Diamantino nº 14 - Bairro CPA II - Cuiabá/MT Telefones: (65) 3321 2114 - 98129 2947 Endereço Eletrônico: infoecologica@infoecologica.com 2 Consultoria, Projetos e Licenciamentos Ambientais
formato grid com 125 m de resolução espacial. Com isso e mais as
possibilidades de visualização do QGIS podemos chegar em escalas mais detalhadas tais como 1:150000 ou até melhores se consideramos apenas os dados pontuais que tem uma distância entre si de aproximadamente 70 m nas linhas de vôo.
Com esses grids prontos para serem utilizados, fizemos download
no site do DNPM das áreas requeridas no Estado de Mato Grosso e recortamos apenas as áreas que incidiam na área do Projeto Aerogeofísico Cuiabá através de uma query espacial. Através de outra query espacial, escolhemos apenas as áreas que tinham Concessão de Lavra ou Lavra Garimpeira para Ouro. Verificamos que essas áreas guardam muito boa correlação visual com os altos valores de potássio existentes no levantamento geofísico em análise permitindo-nos concluir preliminarmente que o canal de potássio é um bom indicador de locais com mineralizações enriquecidas com a substância mineral ouro.
Fizemos também uma avaliação do mapeamento da CPRM (escala
1:1000000) com relação às unidades geológicas matogrossenses e encontramos boa correlação das informações geofísicas com várias unidades geológicas e algumas discrepâncias em outras que merecem novas interpretações ou adaptações em escalas mais detalhadas.
Todos esses passos realizados para a importação, interpolação e
query espacial encontram-se devidamente automatizados em scrips escritos em PHP e Python de maneira que outros arquivos XYZ possam ser também processados da mesma forma que os dados brutos do projeto aerogeofísico de Cuiabá.
Os próximos passos para outros tipos de modelagem serão:
processamento de dados geoquímicos e minerais advindos de
outros projetos da CPRM e da literatura disponíveis e confrontação dos mesmos com áreas com concessão de lavra ou lavra garimpeira para diversos tipos de minerais e com outras informações espaciais estratégicas para a escolha de alvos (terras indígenas, unidades de conservação, sítios espeleológicos, sítios arqueológicos, APP´s, Assentamentos, rede elétrica, estradas, declividade, etc...); uso de modeladores tais como o Open Modeller que estabelece, a partir de ocorrências conhecidas, possíveis locais (alvos) onde existem condições geofísicas parecidas com aqueles locais onde sabidamente o mineral está presente e é considerado explotável do ponto de vista econômico; utilização dessas metodologias na avaliação de outras substâncias minerais não menos importantes que foram mapeados pela CPRM e em outras publicações disponíveis; Avaliar e valorar as áreas disponibilizadas pelo DNPM, auxiliando o Minerador interessado na tomada de decisões com relação às estas mesmas áreas.
Podemos ver portanto que, através do uso de softwares de uso
comum, haverão muitas novas abordagens a partir dos dados geofísicos disponibilizados pela CPRM em escalas mais detalhadas do que aquelas já disponibilizadas e que isso, em conjunto com pesquisas em campo e com a retomada do crescimento econômico, poderão alavancar vários depósitos minerais por todo o país e aquecer o setor mineral como um todo.