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Os Puritan¥s Pregacao, A Midia Maior “Conjure-te, perante Deus e Cristo Jesus, que hi de julgar vives e mortos, pela sua manifestagio e pelo seu reino: prega a palavra, insta, Sree Se en Se ee eee UL eee Len) 5 3 i ee ed TO EROS eee) ert ee NN ad Lidando com 0 Pecado 23 Confissio de Fé de Westminster — Capitulo XX 10 Confissio de Fé Belga 28 eee Ru ae ee a we) yee ea Ey ee Oe sag ear ore ects Tae) Percy) ieee keen cena Me Rs CeCe) Incredulidade REVISTA 0S Terry L. Johnson | orn 4a P ara muitos, o ponto principal é que o evangelho, conforme & entendido | yo" historicamente, née pode mais ser pregado. Uma nova mensagem deve | Ress ser elaborada dele, que se interesse pelas necessidades que sentimos, | Yaisen tuma mensagem que forneca ajuda em nossa busca por perteigto, que possa nos | Mae ajuda a atingir nossos alvos e realizar nossos sonhos, Cristo, Salvador, se tna | mss umn em Cristo, 0 Ajudador; Cristo, 0 Encorajador, se torna em Cristo, o Terapeuta. A | mei cane Biblia se tora uma plataforma para palestras Uteis e assuntos relevantes, As | {emia srAms Escrituras ndo so expostas. Em vez disso, elas so saqueadas por temas utilitrios, | Per atne aos its por mensagens encorajadaras. Assim, o evangelho & comprometido e perdido” “Incredulidade numa area se espalha para outra. Essas mensagens, muito raturalmente, precisam ter um contexto apelativo, no qual sejam apresentadas. 0 culto tradicional é estranho as pessoas medernas. E estar fora de sintonia. 0 que, entéio, podemas fazer para que venham ouvir nossas palestras iiteis? 0 recurso que as pessoas contemporaneas entendem, particularmente os jovens, é 0 rock, o video, @ a dramatizagao. Eles relacionam com o Talk Show, com os seriados cémicos Conseqiientemente, se temos que alcangé-los, vamos precisar adaptar esse tipo de formato em nossas mensa gens. Os hinos tém que acabar, pois eles séo estranhas & cultura dos anos 90. Também a oracdo, a leitura e exposigdo da Biblia, os sacramentos, 0 Dia do Senhor. (Muitas pessoas modemas preferirao ir & igreja no sade deixar 0 domingo livee para outras coisas). Usaremos bandas de rock para criar 0 clima. Usaremos esquetes e videoclipes para efeito de ilustragio, Podemos ainda usar “danga lisirgica” para finalizar o formato. Se oferecermos um programa de qualidade (nao vamos chama-lo de entretenimento), eles poderda vir e ouvir rossas palestras utes, a quais 0s levarao a tomar ‘decis6es por Cristo” “Tudo isto tém um sentido pervertido, no €? Mas os inovadores tém, hd muito, sido arrastados para longe dda convicgao de que o proprio evangelho, a mensagem evangélica do pecado, de Cristo, do sacrificio de sangue ra cruz, do arrependimento ¢ fé, do discipulade cristdo seja a poder de Deus para a salvagdo (Rm 1:16). O que aconteceu com a convicgao de que o singelo evangelho pregado na sua simplicidade carregue seu proprio poder transformador nao precisando de nenhum suplemento? Onde esta aquela confianga do apdstole Paula que diz: x aprouve a Deus salvar aos que créem, pela ioucura da pregaga0"” (1 Co 1:21). Como sao eles salvos? Pela pregagao. De fato Paulo diz”: ‘A minha palavra e a minha pregagao nao consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstragao do Espirito e de poder, para que a vossa fé nao se apoiasse em sabedoria humana; €, sim, no poder de Deus” (1 Co 2:4,5), “Por que nassos contempordneos pensam que eles podem destruir milhares de anos de tradicao, desprezanco a lgreja primitiva,¢ as préprias Escrituras conforme internretadas e entendidas pelos pals da igrela e heranga reformada? Por que eles castram a mensagem do evangelho e a substituem por uma psicologia popular € pregagao dita coma ‘pratica’? Por que eles jogam fora 0 culto reformado e sua pregacao expositiva, seu canto dos Salmas, seu contexto do Dia do Senhor, suas oracses biblicamente bem supridas de louvor, de confsséo, ce agdes de gracas e intercessdo, seu ambiente de reveréncia € temor? Por causa da incredulidade. Poroue eles no tém mais confianca no poder da mensagem do evangelho, da pregacdo do evangelho, ou do culte evangtiica E tudo isto eles fazem em nome do evangelismo! Mas isto pode ser chamado idolatria, pois o deus que realrmen- te esta sendo ai servido & o deus do sucesso. Esta é uma coisa dspera de ser dita, mas eu penso que ern muitos casos se regride a isso, Eu tenho visto 0 medo de racassar’ nos olhos de meus colegas de ministério. Eles estao perseguindo multiddes, audit6rios cheios, e relevancias’ a qualquer custo. Lamentaveimente, o custo pode ser 0 préprio evangelho”. “Por que diriamos que isto chega & incredulidade? Porque no coragao dessas mudancas est uma perda de confianga no evangelno. Esta é a linha de continuidade entre 05 madernistas dos ans 20 € 0s inovadores de hoje. As vezes, esta perda de confianga é asseverada com uma fascinante sofisticagao”. Terry Jonson & Pr da tyea Fresbieiana Independente (PCA, Bebra, USA. Exaic, 20.200 e adaplado de "Gato & Misia Hoje 2 Revista 0s Purtanos Pregacgao — A Midia Maior Joseph A. Pipa {que a televisdo, por sua prépria natureza come vefculo de midia, criou uma geracao de pessoas incapazes de persar ou de ouvir a qualquer discurso légico e bem fundamentado. As pessoas respondem muito melhor a mensagens visuals ¢ emotivas.' Eis onde esta a nossa crise. A maforia de nés foi ensinada que a pregagao & 0 meio primario de araga. Toda igreja protestante desde a Reforma tem destacado a importancia da pregagao. Mas, deveriamos, na presente cultura, continuar a utilizar uma midia que a televisdo tornou obsoleta? Poderiamos — ou, mais incisivamente — deverlamos adotar uma midia mais adequada & nossa geragao? Ou, existe alguma fundamentacao biblica para considerarmos a pregagao como a midia maior para que continuemos a fazer uso sem levarmos em conta a mentalidade cultural? Se temos que continuar a presar, precisamos mesmo alterar radicalmente o método da prega¢aa? John R. Stott leva-nos na direcda certa quando responde a essas questoes: A lorela enfrenta hoje uma das maiores crises no que tange a tarefa da pregagdo. Nell Postman registrou Em um mundo que parece indisposto ou incapaz de ouvir, como paderiamos ser convencidos a continuar a pregar, e a aprender a fazé-lo eficazmente? 0 segredo essencial ndo est no dominar de certas técnicas, ‘mas no de ser dominado por certas convicgdes. Noutras palavras: a teologia é mais importante que a metodologia. Ao comecar o assunto assim téo cruamente, ndo estou desprezando a horilética como rmatéria estudada nos seminarios, ao contrario, estou afirmando que a homilética pertence propriamente 0 departamento de teologia pratica ¢ no pode ser ensinada sem uma sdlida furddamentagao teolégica. Hd, com certeza, principios de pregagao cue precisam ser aprendidos, ¢ urna pratica a ser desenvolvida, mas é muito facil depositar a confianga nessas coisas. A técnica pode apenas nos tornar em oradores, ‘mas se queremos ser pregadores, precisamios mesmo é de teolosia, Se a nossa teologia for correta, entao teremos todas as percepcGes essencials daquilo que devemos estar fazendo, e todos os incentivos necessdrios para nos levar a fazé-lo com fidelidade.® De acordo com Stott, modificar © nosso método néo seria a resposta, mas aprender a teologia bfolica da pregacao. Martin Lloyd-Jones concorda totalmente: Sempre que se pede as pessoas para darem uma palestra cu faiarem sobre a pregacao elas passam imediatamente a considerar os métodos, as formas, os meios e a técnica. Eu acho que isso esta muito errado. Temos que comegar com as pressuposicdes, com os requisites subjacentes e com os principios gerais; pols, a ndo ser que eu esteja muito enganada, o problema principal surge do fato de que as. pessoas nao tém clareza mental sobre o que é realmente a pregacao.’ ‘No presente artigo tenho por alvo discutir a teologia biblica da pregacdo. Quero que entendam que a pregagdo é a midia maior do Espirito Santo. Devo o titulo deste artigu ao falecido R. J. Rushidoony. Procurarei responder a algumas questdes basicas. 0 que & pregacao? Todos achamos que sabems a respos- ta disso, mas setiamos capazes de anresentar uma definicao biblica? E a pregagao diferente das outras formas de comunicacao do evangelho e da doutrina? Se é, o que os diferencia? Onde repousa a autoridade da pregacdo? O que é que ela faz, ¢ como 0 faz? “Tomo a 2 Timéteo 4.1-5 como 0 meu ponto de partida. Acredito que as epfstolas pastorais s4o a principal ponte entre a era apostélica e o restante das eras do Novo Testamento em que vivernos. As cartas apostélicas a Timéteo € a Tito ensinam a igreja a como se comportar quando nao existirem mais as revelagdes especiais. Portanto, aquilo que Paulo ordena a Timéteo, é normative para o funcionamento da igreja na era em que vivernos: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que ha de julgar vivos e mortos, pela sua manifestagao e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer no, corrige, repreende, exorta com toda & Jonganitnidade e doutrina. Pots haverd tempo em que nao syportardo a 54 doutrina; pelo contrério, cercar-se-B0 de mestres segundo as suas prégrias cobicas, como que sentindo coceira nos ouvidos; ¢ se 3 Revista Os Puritanos s 8 Joseph A. Pi i | vrecusardo a dar ouvidos & verdade, | entregando-se 3s fébulas. Tu, po- | por ser a proc rém, s8 sobrio em todas as coisas, | verbal, puiblica e cheia de suporta as aflicdes, faze o traba- | autoridade realizada por Iho de um evangelista, cumpre ca- | alguém determinado para balmente 0 teu ministério” | tal tarefa, Demonstrarei quatro coisas acerca da pregacao’ tla é uma forma peculiar de comunicacao; possui uma autoridade peculiar; tem uma fungao peculiar; € de- ‘téin um poder peculiar. 0 Ato de Pregar é um Modo impar de Comunicagao ‘A pregagao € distintiva por ser a proclamacao verbal, pilblica e cheia de autoridade realizada por alguém determinado para tal tarefa. imperativo usado por Paulo em 27m 4.2, enpvgov (keryxon}, insinua a sua forma peculiar de comunicagao. Esse termo provém das palavras da familia KNpos (kery: keryx, 0 arauto; kerysso, 0 ato do arauto (a proclamagao); e kerygma, 0 produto da proclamacéo — algumas vezes a énfase concentra-se no ato, outras vvezes, no produto." Na cultura grega classica 0 arauto era um oficial porta-voz do rei, um general, ou até mesmo um deus. Ele agia debaixo da autoridade dos deuses ¢ do oficial ‘que 0 enviara. Os deuses, na verdade, possulam seu prOprio arauto: Hermes, 0 porta-voz de Zeus, Encon- tramos um exemplo desse cargo em Atos 14.12, quan- do os Pagaos de Listra chamam a Barnabé de Zeus {ou Jipiter] e a Paulo, por ser 0 pregador principal, de Hermes Lou Merctriol. 0 arauto anunciava pro- clamagées oficiais, negociava em tempos de guerra, € até mesmo conduzia a adoragao. 0 titulo também era dado a fildsofos-pregadores, Deus utilizou-se da Sep- tuaginta (a tradugao grega do VT hebraico), assim ‘como de outros termos do grego classico moldando-os a0 uso do Novo Testamento. 0s tradutores da Sep. tuaginta (Lx) usam todos os trés termas. 0.uso no Velho Testamento (Ixx) enpok (kenya) 0 Velho Testamento nao usa keryx, que significa arauto, para ooficia de profeta, No entanto os autores biblicos usam esse termo por duas vezes para des- crever 0 trabalho do arauto. Em Gn 41.43, Moises usa keryx para deserever 0 arauto que vai adiante de José, € Daniel utiliza-se do termo para descrever 0 arauto da corte fazendo uma proctamacao em nome do rei (On 3.4) Inpuscw (keryss0) 0s tradutores da Septuaginta usaram kerysso para traduzir trés palauras ou frases do Velho Testamento, A primeira, SOP 73( abar gol, significa tevar uma voz. Essa expressao € utilizada para descrever proctama- 4 A pregacao é distintiva lamacao bes reais ou religiosas. Por exem: plo, em Exodo 36.6, Keryssoé a tra. dugdo de abar got * Entdo, ordenou Moisés — e a ordem foi proclamada nna arraial, dizendo: Nenhurm homem ou mulher faca mais obra alguma para a oferta do santudrio, Assim, 0 ovo foi proibido de trazer mais”. Outro exemplo encontra-se em 2 Crénicas 36.22: “Porém, 10 pri- imeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cunypris- se a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias, des- pertou 0 SEWHOR o espirito de Ciro, rei da Pérsia, 0 ‘qual fez passar prego por todo 0 seu reine, como também por escrita, dizendo: .." Kerysso € também a tradugao para NP qara’, que significa proclamar ou clamar. Por exemple, gara’é utilizado para a pregagao de Jonas, Jonas 1.2: “Dis- oe-te, vai d grande cidade de Ninive e clama contra ela, porque a sua malicia subiu até mint’; Jonas 3.24: “Dispde-te, vai a grande cidade de Ninive € proclama contra ela a mensagem que eu te digo. (...) Comecou Jonas a percorrer a cidade caminho de um dia, ¢ pregava, ¢ dizia: Ainda quarenta dias, e Winive Serd subvertida’. Em Exodo 32.5, Moisés usa esse ‘termo para a proclamacdo de uma festa religlosa. A terceira palavra hebraica que kerysso traduz & (OW rua’. A Biblia usa esse termo em Sf 3.14; 26 9.9 para “rejubilar” ou “exultar” anpunin. (kervgmar Kerygma € utilizado paca traduzir 0 verbo hebrai CONTP gara’, 0 substantive BHP dfriahe a expressao idiomatica SOP "BC abar gol. 0 termo tem o sentido Ge uma proclamagéo expressa de forma oral. Por exemplo, 2 Crénicas 30.5 (NVI), “Entdo deciairam fazer uma proclamacdo em todo 0 Israel, desde Ber seba até DA, convocando 0 povo a Jerusalém para celebrar a Péscoa do Sewiok, 0 Deus de Israel. Pols muitos néo a celebravam segundo 0 que estava es cerita, (ct. Jn 3.2). ‘Assim pois, na Septuaginta toda, kerysso e keryg ‘ma portam a idéia de uma proclamagao piblica e oral ‘A Septuaginta toma essa familia de palavras da cultu ra grega ea prepara para o uso no Novo Testamento. Nao devemos ficar surpresos por encontrar essas trés palavras usadas no Novo Testamenta exclusiva mente para 0 oficio da pregacao, 0 ato da proclama- a0 pilblica, e a mensagem expressa através da pro- clamagao oral 0 uso no Novo Testamento anpug (Ker 0 termo arauto 56 € utilizado nos livros mais tar- dios do Nova Testamento. Paulo usa 0 termo em 1Tm 2.7, “Para isto fui designado pregador e apdstolo (afirmo a verdade, nao minto), mestre dos gentios na £8 © na verdade” (cf. 2Tm 1.11). Pedro usa 0 terma Revista Os Puritanos para descrever a pregagéo de Nog, 2Pe 2.5, “e no poupou o mundo antigo, mas preservou a Noé, pre- gador da justica, e mais sete pessoas, quando fez vit 0 dilivio sobre o mundo de innpios'" Ha uma boa razdo para que esse termo ndo seja utilizado nos escritos mais precoces do Novo Testa- mento. No Novo Testamento a énfase nao repousa na dignidade do pregador. Somos vasos frégeis. A énfase concentra-se na dignidade de Jesus Cristo. Além disso 05 escritores podem ter desejado evitar qualquer pos- sibilidade de serem confundidos com os pregadores filoséficos ativos em todo o impéria romano. Pelo fim da era apostélica 0 oficio e a fungao de pregador estavam bem estabelecidos pela prética e era, por- tanto, seguro aplicar esse termo aos pregadores. Isso fos assegura o pensar no pregador coro uma arauto do Senhor Jesus Cristo, um embaixador que proclama oralmente uma mensagem autoritativa da parte do rei. knpvoae (kery3s0) Por essa causa, nao & de se surpreender que os escritores usern por todo 0 Novo Testamento 0 termo kerysso para descrever o ato da pregacao — a pre- gagdo de Joao Batista (Mc 1.4), de Jesus (Mc 1.14) e dos apéstolos (Mc 3.14)." As poucas vezes em que kerysso no descreve o ato de pregar ainda se reterem 8 proclamagao pilblica e verbal (Mec 1.45; 7.36; Le 8.389; 12.3) anpumuer (keryama) 0 Novo Testamento quase sempre usa o termo keryama para descrever a mensagem expressada por intermédio da pregagdo. Em Mateus 12.41, Jesus usa ‘© termo para descrever a mensagem de Jonas, Wini- vitas se levantardo, mo Juizo, com esta geracao e a condenardo; porque se arrependeram com a pregacao de Jonas. E eis aqui estd quem é maior do que Jonas" ‘A mensagem caracteriza-se por ser proclarmada dessa forma. Aigumas vezes a énfase concentra-se no mé- todo, a0 paso que noutras, na mensagem. No entanto jamais desaparece a conotaao de uma mensagem verbal e piiblica (Rm 16.25; 1Co 1.21; 2.4; 27m 417; TEL) E a Juz desse cendrio lingiiistico que Paulo usa 0 term kerysso em 2 Timéteo 4.2. Quando os escritores do Novo Testamento usam esse termo, hd invaria- velmente a conotagdo de uma prociamagao autori- tativa, verbal e publica. Portanto, é desse modo que definimos o ato da pregacdo, ¢ observe-se que é um ato distinto, diferente da leitura da Escritura, do ensinar na Escola Dominical ou de testemunhar. A singularidade da pregacao ¢ ainda mais salientada quando se a contrasta com outras formas de co- municagdo doutrinal e do evangelho. 0s escritores do Novo Testamento Euangelizoé das boas Revista Os Puritanos Deus esta salvando pecatlores através da obra do Seu Filho, 0 Senhor utilizaram-se de varios te-""as para descreveremn a comunicagao da mensaze™ ce Deus, Alguns deles ou so sindnimos de kerysso ou 22screvem alguma fungao particular como arrazoar © a sco-rer. A Biblia, no entanto, usa trés termos que 05 intérpretes muitas vezes 0s explicam como sindnimos de «#ryss0, quando, na verdade, possuem sentidos diferentes e distintos Esses tr8s sao: evoryyenilo evangelize, Scone di- dasko e waprypes martyreo, Euangelizo € a declaragao das boas novas de que Deus esta salvando pecadores através da obra do Seu Filho, 0 Senhor Jesus Cristo. A palavra evangelio pro- cede da forma substantiva dessa palavra, everyyeAtov euangelion. Os escritores do Novo Testamento usam euangelizo algumas vezes para descrever 0 ato da pregagio (Lc 4.18 e 2Co 15.1,2). Em outras ocasiées a Biblia usa 0 substantive euangelian como objeto ¢o verbo kerysso, 0 sentido bésico da palavra, contudo, ndo € ¢ de pregar, mas 0 de comunicar as boas novas, ‘A conotagao dessa palavra esté na comunicagao de uma mensagem de boas novas, Comunicagao pode ser ‘ealizada por melo do ato da pregagao, como também pode ser feita na conversa particular, ou por carta (Le 1.19; 2.10; 17s 3.6). Em Atos 8 verios 0 cantraste entre euangelizo € Keryssa. Em Atos 8.4 quando os cristéo fogem de Jerusalém falam do evangelho, compartilhando-o por onde passam. Nesse contexte, nao deveriamos tradu- Zir evangelizo como preaacao, pois que o termo & utilizado genericamente incluindo todos os tipos de apresentacao do evangellt. No entanto em Atos 8.5, Filipe, o evangelista, pre- gou (kerysso) 0 evangeiho na cidade de Samaria. Lu- cas usa kerysso para descrever a proclamacao publica € verbal. Finalmente em Atos 8.35, a conversa em particular de Filipe com 0 eunuco etfope € descrita com 0 termo evangelizo. Através desses contrastes podemos perceber que embora se possa usar euar- gelizo para uma conversa em particular e outras for- mas de se ministrar 0 evangelho, Kerysso € usado exclusivamente para a proclamagao publica e verbal 0 mesmo se pode dizer de ddasko, ensinar. 0 eru- dito em Novo Testamente C. H. Dodd estabeleceu uma distingdo entre kerygma e didache. A sua tese & que keryama descreve a pregagao apostblica do evangetho 0 passo que didache a pregagao no seio da igreja. “A pregagéo, por outro lado, é a proclamagao publica do cristianismo para o mundo nao cristao”.* Meu propésito nao é tecer uma critica exaustiva sobre a posigao de Dodd. Basta que adeclaragao | lembremos que os escritores do Novo novas de que | Testamento usam os termos kerysso/ kerygmae didaskoldidache intercam- biavelmente, Os escritores dos evan- gelhos usam os dois conjuntos de ter- mos para descreverem 0 ministério 5 Jesus Cristo, Wartyn Lloyd-Jones. Preaching and Preachers. (Grand Rapids Zondervan Publishing House, 1972) 10. “Gerhard Friedrich. “enpué” in Theol «al Dictionary ofthe New Testament, ed. by 6. Friedrich and 6. Kittle, 10 vals. (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Cmpary, 1960) 3:683-718, 5 eia também At 8.5; Rm 10.14, 15; 10 15.11; 612.2; Fp 1.15, terem. | | 9 ia Mai | 8 Pregal a < < g “C,H. Dodd. The Apostolic Preaching and its Deve. Jopment. (New ark: Harper & Brown Publichin: 1964) 7. Martin Lloyd-Jones aparentemente concorda com essa distingae, Preaching, 62ss. ” Enfase minha. * Kittle, 701, Toidem, 712. ® Pierre Marcel. The Relevance of Preaching. (Grand Rapids: Baker Book House, 1977) 18. \ John Calvin, The Institutes of the Christian Religion. 2 vols. (Philadelphia: The Westminster Press) 2: 2018. * Tradugao literal da verséo americana padrao (ASV, 1910) “and how shall they believe in him whom they have not heard?” " exxove em geral recebe 0 genitive como objeto di- reto. of. Jo 3.29, Mc 9.7 € 140 4.5,6, " Marcel, 12, Veja Mt 10.7; Le 10.16; 1Ts 2.23, * http:/huww.geocities.convarpav/biblioteca/segundac " Marcel, 21, 22. 'S John R. Stott Rapids: Wm, B. 1965), 53, "© Perguntas 83, 84, Confissdo de Fé e Catecismo de Heidelberg (Sao Paulo: Editora Cultura Crista, 64 " Pergunta 65. Ibidem, * Pergunta 155. Catecismo Mafor de Westminster Edicdo Especial - Sao Paula: Editora Cultura Crist 991), 337. "Marcel, 20. ® Tbidem, 24, Ibidem, 22-24. ® Neil B. Wiseman. Biblical Preaching for Contem- porary Man. (Grand Rapids: Baker Book House, 976), 12, * biden, 9 * Thidem, 100, 101. The Preacher's Portrait. (Grand Eerdmans Publishing Company, onfissaohelvetica.html —~ 12/06/2003, * Lloyd-Jones, $4, 55. cf. 42, 43 e Marcel, 65. a Confissao de Fé de Westminster — Capitulo XX DA LIBERDADE CRISTA E DA LIBERDADE DE CONSCIENCIA II. $6 Deus € senhor da cansciéneia, e ele deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que em qualquer coisa, seam contrérios a sua palavra ou que, em matéria de fé ou de culto estejam fora dela. Assim crer tais doutrinas ou abedecer a tais mandamentos como coisa de cansciéncia & trair a verdadeira liberdade de consciéncia; e requerer para elas fé implicita e cbediéncia cega absoluta ¢ destruir a liberdade de consciéncia € a mesma razéo. Rom. 144, 10; Tiago 4:12; At 4:19, €5:29; Mat. 28:8-10; Cal 2:20-23; Gal. 1: 10,€ 2:45, e 9-10, €5: 1; Rom, 14:25; At, 17:23; Jodo 4:22; Jer. 89; I Ped. 3:15. IL]. Aqueles que, sob 0 pretexto de Iiberdade crista, cometem qualquer pecada ou taleram qualquer concupiscéncia, destroem por isso mesmo o fim da liberdade crista 0 fim da liberdade & que, sendo livres das maos dos nossos inimigos, sem medo sirvamos ao Senhor em santidade & justiga, diante dele todos os dias da nossa vida, {e.1:74-75; Rom 6:15; Ga. 5:13) 1 Ped, 2:26; II Ped 3:15. IV. Visto que os poderes que Deus ordenou, e a liberdade que Cristo comprou, nae foram por Deus designados para destruir, mas para que mutuamente nos apoiemos e preservemos uns 203 ‘outros, resistem & ordenanca de Deus 0s que, sob pretexto de liberdade cristé, se opdem a qualquer poder legitimo, civil ou religioso, ou ao exercicia dele. Se publicarem opiniGes ou mantiverem préticas contrérias a luz da natureza ou aos reconhecidos principios do Cristianismo concernentes a f6, a0 culto ou ao procedimento; se publicarem opinides, ou mantiverem praticas contrdrias a0 poder da piedade ou que, por sua prépria natureza ou pelo modo de publicé-las ¢ mant&-las, sco destrutivas da paz externa da Igreja e da ordem que Cristo estabeleceu nela, podem, de justiga ser rocessados e visitados com as censuras eclesiasticas, Ref, | Ped, 2213-26; Heb. 13:17; Mat. 18 7; IN Tess. 3:24; Tito3-10; | Cor. 611-13; Rom. 1617; LI Tess. 3:6 fo Revista Os Puritanos Pregando com Autoridade Don Kistler "Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multiddes maravilhadas da sua doutring; porque ‘ele as ensinava como quem tem autoridade e ndo como os escribas” (Mt 7:28-29). pessoas ficavam admiradas, 0 que fazia dEle um pregador maravilhoso. Mas, qual era a fonte desta maravilha? Ele ensinava como alguém que tinha autoridade, no como os escribas e fariseus. E de recear que tenhamos muitos, muitissimos escriioas ¢ fariseus nos pilpitos hoje. Eles ndo pregam com autoridade © as pessoas nao se sentem maravithadas — talvez sintam-se entretidas, mas nao maravilhadas. Hoje em dia os pregadores fazem sugestées; eles ndo pregam com autoridade. Nés ouvimos coisas como: “Eu acho que o que Deus esta sugerindo aqui é isto...”. Mas Deus nao faz sugestdes. Ele dé ordens. Ele nao nos deu as Dez Sugesties. Um comediante diz que em sua igreja ha seis mancamentos e quatro faca-o-melhor-que puder. Isto pode ser engracado, mas nao é o ensino biblico. Jesus pregava com autoridade. Por cu8? Porque Ele tinha autoridade! E 0s pregadores de antigamente pregavam com autoridade. Eles precavam: “Assim diz 0 Senhor’. Recelo que perdemos isto hoje. Nossa pregagao € a vida do nosso povo € um reflexa disso. 0 povo vive como se o pastor nao tivesse autoridade, como se 05 presbiteros nao tivessem autoridade e, ainda mais assustador, coma se a prépria Palavra de Deus ndo tivesse autoridade. Retornamos ao lugar da ‘greja do Antigo Testamento ande “cada um fazia o que era reto 0 seus préprios oles", & verdade hoje, cada um acha o que esta certo no seu préprio pensamento sem consideragao ao fato de que a Escritura ou a exegese sélida possam dizer de outra maneira. Paulo fol uma pessoa aue acreditava firmemente na autoridade do pilpito. Quando ele escreveu a Tito (2: 15), ele disse: "Dize estas coisas’ exorta e repreende também com tada autoridade. Winguém te desoreze”. a5 coisas que Tito deveria falar com autoridade so coisas que a maioria dos pregadores nem sonharia em falar: mulheres sujeitando-se aos maridos; mulheres ficando em casa com seus fillios — mas Tito deveria pregar aquelas coisas com autoridade. Tito no deveria sugerir, bajular, seduzir nem agradar seu povo. Ele deveria convencer 0 povo da verdade do que estava dizendo. Todos 0s verbos esto no moda imperative. Ele deveria, disse Richard Baxter: “Atarraxar a verdade na mente dos homens”. A palavra para autoridade aqui é “ordenar’’. Prega no modo imperativo, Tito! Isto € 0 que Paulo esta dizendo, E quase 0 mesmo modo como ele escreveu a Timbteo em 2 Timéteo 4:1-2 “ Conjuro-te perante Deus e Cristo Jesus, que hi de juloar vivos e mortos, pela sua manifestagao © pelo reino: prega a Palavra, insta, quer seja ‘aportuna, quer nao”. Como Timéteo deveria pregar? “Corrige, reoreende, exorta com toda longanimidade e doutrina". & palavra para doutrina é didache. Ensina-os pacientemente, mas ensina-os, Ensina-os alguma coisa! Em Jererias 3:15, Deus definiu um chamado para pregador: “ Dar-vos-ei pastores seguitdo 0 meu coragao" Que chamado! 0 que deve ser um pastor segundo o préprio coragdo de Deus? 0 que outorgariaa um homem tal designacao? Jeito com os enfermos? Habilidade especial no trato com as pessoas? Visitagéo com trés digitos? Nao, nao & qualquer destas coisas. "Dar-thes-e/ pastores segundo 0 meu coragdo, que vos apascentem com conhecimento e com inteligéncia. Isto € 0 que faz de um homem um pastor segundo 0 préprio coracao Deus. Ele apascenta 0 pova de Deus com conhecimento e inteligéncia. Doutrina e aplicagao. O que fazer e como fazé- to! Conhecimento e pratica! ‘Nao foi este o chamado que Cristo deu a Pedro? "Se tu me amas," 0 qué? “Apascenta as minhas ovelhas!"” Hé alguns anos saiu um artigo no agora extinto Relatério Religioso Nacional e Internacional sobre 0 mover do Espirito de Deus entre os indios Navajo em nosso pais. Um porta-voz deles disse que se algun tentasse pregar durante 20 minutos seria expulso. * Eles nao vieram para sair vazios", ele falou. Tenho um amigo precioso que frecilentemente substitu o palpito numa igreja em Pittisburg quando os membros so negros. Sua primeira vez foi uma surpresa para ele. Ele foi apresentado para falar depois de uma hora e quarenta minutos. Perguntou ao seu hospedeiro quanto tempo ele teria para pregar. A resposta foi: “Até terminar,jrmao; nés nao viemos aqui para sair!". Como voc® ostaria de ter aquele grupo para trabalhar com ele! Neste ponto chegam as abjecdes; mas Paulo se antecipa a elas em 2 Timéteo 4: 3-4: “Pols haverd tempo em que nao suportarao a sa doutrina; pelo contrério, cercar-se-do de mestres segundo as suas oréprias cobicas, J cesus certamente fol um pregador extraordinario porque a Escritura nos diz que quando Ele pregava as Revista Os Puritanos 11 | ‘como que sentindo coceira nos ou- | Os pregadores nao estao vidos; e se recusardo 4 dar ouvidos & | ali para emitirem suas resume-se que | estejam ali para dar ao povo | a propria intengao de Deus! verdade, entregando-se as fabulas'. Um pastor pode dizer: “Este € 0 problema, Meu povo nao acreditaré em mim. Haveria um motim se eu pregasse assim” Mas, 0 que diz Paulo? “Tu, porém, sé sébrio em todas as coisas, suporta as afficdes, faz 0 trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério”. Vocé percebe 0 que ele esté dizendo? Seu chamado nao mudou porque 0 grupo dindmico da sua congre gagéio mudou! Voc8 ndo muda apenas porque eles nao gostam! Vocé esté pregando para agradar a Deus, nao 420 seu povo! Seu chamado vem dle, é Sua aprovagao que importa. E Ele que vai deciarar ou ndo vai de- Clarar: "Bem estd, servo bom e fie!”. Podemos pregar com autoridade poraue Crista nos. deu esta autoridade. Ele disse: * Toda autoridade me foi dada mo céu ena terra. Ide, portanto, fazei dis cfoulos de todas as nagées, ... ensinando-0s a quardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. a0 foi “ensinando-os a guardar tudo que vos tenho sugerido”, ‘mas “tudo que vos tenho ordenad’ Romanos 10 nos d4 um quadro do coragao pasto- ral de Paulo, Ele declara que o desejo do seu coracao para 0 povo & a salvacao deles. Qualquer pastor que sinta de modo diferente, nao é um fiel ministro de Jesus Cristo, Recordo quando 0 comité presbiterial de evangelism veto & igreja que eu estava pastoreando e perguntou © que estévamos fazendo evangelisticamen- te. Minha resposta foi que estavamos tentando con- seguir que alguns dos nossos membros fossem salvos! Eu ndo estava brincando; 0 desejo do meu coragéo para a minha congregagio era que todos fossem sal vos. Depois Paulo comeca a revelar 0 processo pelo ‘qual Deus ordinariamente se agrada para salvar al- mas. No verso 13 ele declara que todo aquele que invocar o nome do Senhor serd salvo. Mas, a pergunta entdo é feita: “Como, porém invocardo aguele em quem néo creram?" Entéo, quando chegamos ao préximo verso, os tradutores devem ter sentido que, desde que houve uma preposicao diante do “quem” no verso 13, deve ser necessaria uma no verso 14 —~ “de ‘quern’’ — porém nao existe no original “Como crerao naguele de quem nada ouviram? E como ouvirdo sem um pregador? E como pregarao se ndo forem envi- ads?" Ha algumas perguntas muito pertinentes aqui Como crerdo Nele a quem ndo ouviram? E como ouvirdo sem um pregador?" A peraunta € felta como ouvirdo a respeito Dele, mas, como 0 ouvirdo sem um pregador! Vocé percebe 0 que Paulo esté dizendo aqui? Quando o ministra fel esta interpretando cor- retamente a palavra de Deus, é 0 proprio Deus que 12 | opinioes, est4 falando aa seu povo! Quando se falha em ouvir 0 ministro fiel, se falha em ouvir o préprio Deus! Nao é exatamente isto que Jesus diz aos Seus discipulos? “Se eles do ouvirem a vocés, eles ndo owvi- rdo a Mim!” Por isso € que nao deveros deixar nin- guém nos menosprezar, porque isto significaria que nds estarfamos permitindo alguém menosprezar a Cristo! “Como ouvirdo Cristo sem pregador?” Um rministro fel é intérprete de Deus! Pregadores so um dos dons de amor do Cristo elevado aos céus para 0 Seu corpo, a igreja. Jamais permita a alguém denearir o sagrado chamado que 0 pastor tem de sustentar no seu piloite e fielmente interpretar a inspirada Palavra de Deus para 0 povo de Deus, fazendo-se desse mado o intérprete de Deus! Os pastores devem entregar a Palavra de Deus a0 Seu pove de tal maneira que a majestade e a auto ridade dela sejam preservadas. J observou que onde quer que na Escritura a Biblia € lida, todas as pessoas Ficavam de pé em reveréncia? 0 que nbs fazemos hoje? Nés sentamos! Por que é isto? Por que nao nos ma. temos de né em reveréncia & Palavra de Deus? E por que os pregadores frequentemente agem camo se 0 que eles estao dizendo seja simplesmente sua opiniao? Os pregadares nao estdo ali para emi- tirem suas opinides, presume-se que estejam ali para dar ao povo a prépria intencao de Deus! 0 fracasso fem assim faze-lo era a marca dos falsos profetas dos ‘tempos de Jeremias. “Os profetas profetizam sob sua prépria autoridade; e o meu povo gosta disto”. 0 povo gosta quando ndo hd responsaveis. Eles gosta quan- do o pastor esté no mesmo nivel deles. Eles gostam quando participam; nao gostam quando 0s pastores pregam, Em qualquer outro momento da vida de um ho- mem ele est no mesmo nivel do seu povo; mas quando ele sobe no pilpito, ele se torna, inteiramente, algo mais. Um pregador é apenas um pecador salvo pela gra- ga. Porém, come tudo mais, quando Oeus separa uma coisa comum para uso sagrado, ela no é mais uma coisa comum. Suco de uva & apenas suco de uva até ser consagrado na Ceia do Senhor, entao, novamente, ele se toma algo mais. Quando Jesus pregava, Ele nao esperava que al- guém validasse Sua mensagem ou autoridade. Ele dizia “Em verdade, em verdade’’ no inicio da men- sagem, nda no final. O que Ele dizia nao estava aberto ao debate. Com muita freadéncia os pregadores dao a0 seu povo a impressao de que tudo o que eles neces- sitam fazer pensar a respeito do que foi dito. Quan: tas vezes voc® ja ouviu: “Bem, pastor, vocé nos deu muita coisa para pensarmos' Otimo, pense a respeito e, depois, faga-o. Deus nunca nos deu Sua Palavra Revista Os Puritanos para pensarmos nela, Deus nos deu @ Sua Palavra para obedecé-ta! Ou alguns pensam que devem apenas falar sobre o sermao. Thomas Watson disse num ser- mao intitulado "Sabendo e Fazendo”, na coletanea de sermdes chamada “Uma Sdplica Pelo Piedoso”, que se Deus tencionasse dar a Sua Palavra para se falar a respeito dela, Ele a teria dado aos papagaios! 0s pregadores devem pregar para corwicgdo e mu- danga. Ninguém deve jamais sair de um sermao sem ter um sentimento muito reat de que existe algo em sua vida sobre 0 que € necessdrio fazer alguma coisa. Eles poder dizer: "Nao vou fazer aquilo!”. Mas eles devem saber o que devo fazer com aquela informacao. Que vergonha ministros, se eles fazer! Lembre-se, contudo, que qualquer autoridade que 05 ministros tm € uma autoridade concedida ou de legada. A autoridade de Cristo é inerente; 0 Autor tem a autoridade. Os ministros ndo t8m autoridade ine- rente; & toda derivada. Desse modo, neste sentido, um ministro nao pode imitar a Sua autoridade, mas pode imitar o Seu zelo, Sua intrepidez. Isto é 0 que Paulo pediu a0 Seu povo para orar com referéncia a ele em Etésios, para que ele proclamasse com intrepidez 0 mistério do evangelho Thomas Taylor disse: “Um ministro lisonjeador & Um inimnigo da sua autoridade, pois quando um minis- tro precisa cantar placebos e doces canc6es, é im- possivel para eve 782 verddade. Opor-se a esta autoridade ou entra 4 am horrendo pecado, tanto em homens que est20 79 2'to, quanto nos que sido em baixo; € 0 Senhor no se-mitird que 0s pés dos Seus mensageiros sejam cortades”. Ora, isto é um pecado no povo, imagine quao maior oecado € para o proprio mensageiro faz8-to?! Pregue a Palavra! Néo pregue a uitima novidade da psicologia pop. Nao pregue a ultima reviravolta teoldgica. Nao seja culpado de roubar os sermées dos ‘outros homens. Se vac# prega com autoridade quando esta confiante no material, © se a sua confianca esta de tal maneira em outro homem que constantemente vvocé Ihe toma emprestado seu material, sua confianca nao estard na Palavea ‘Mostre sua confianga na Palavra de Deus, pre- gando a Palavra. Como 0 povo de Deus terd confianga nna Palavra de Deus se 0 seu ministro no tem? Eles desenvolverdo uma confianga maior na Palavea quan- do ela for pregada com conviecao e autoridade! Possa Deus, uma vez mais, levantar uma geracao de pre- ‘saddores piedosos que prociamarao.a Sua Palavra com toda autoridade que esté inerente nela por causa do Seu Autor, Don Kistler & Diretor da Eitara Sol! Deo Gloria 0 Proposito do Seminario 8. B. Warfield Preshiterian and Reformed (Phillipsburg, NJ). 0 artigo apareceu pela primeira vez em The Presbiteri- 0 ensaio que se segue consta da“ Colegio de Escritos Breves de 8. 8. Warfiel ~ Vol. Um?" publicada por an, 22 de nov. de 1917, pp. 8,9. Sua edigao eletronica foi produzida por Shane Rosenthal, e posta em dominio publico, podendo ser livremente copiads e distribulda. E comum ouvirmas dizer que os seminarios teolégicos sao escolas de treinamento para o ministéria. Desde que bem entendida, essa afirmagdo é correta, Entretanto, sob esse prisma, nao raro percebemos certa dose de exagero quanto ao que é esperado da funcao do seminario. Suprir 0 completo treinamento a um over aspirante 20 ministério nao € fungéo do semindrio, mas sim do presbitério, e n&o ha outra organizacao que possa cumprir tal fungdo. 0 semindrio € apenas um instrumento & disposi¢ao do presbitério, como auxilio no treinamento dos jovem aspirantes ao ministério. Um instrumento, bem entendide, mas néo 0 instrumento, uma vez que 0 presbitério dispde de outros instrumentos para a realizacdo desse trabalho, Ha a academia, por exemplo; e a universidade. Uma vez entendida que o ministro deve receber uma boa educagao, a academia e a universidade tornam-se instrumentos que a igreja utiliza no treinamento de ovens para seus ministérios. Ha também a igrela local. € & igreja local que o presbitério confia seus candidatos 20 ministério, quanto & supervisdo e treinamento moral ¢ espiritual. Ao semindrio & imposstvel assurnir com propriedade o trabalho dessas outras instrumentalidades. Reconecendo que o ministério deve ser um corpo bem educado, entéo é imperativa que o ministro conheca seu A B C. E absolutamente necesséri, se 0 ministério Revista Os Puritanos 13 idade Pregando com Auto: B. B. Warfield tem que ser um corpo religioso, que cada futuro mix nistro seja um homem convertido. Nao é fungdo dos semindrios converter seus estudantes. Que ndo me interpretem como estando a sugerir ‘que 0 Seminario nao necessita ser "um lugar de cultivo da piedade” mais do que necessita ser "um lugar de cultivo do conhecimento’. Mas ninguém deveria con- tender em defesa da idéia de que, do semindrio, es- pera-se que sefa 0 comeco para a piedade ou para 0 conhecimento em seus rudimentos. 0 iletrado ou 0 impio simplesmente nao deveriam ter lugar no semi- nrio, E, se 05 tais forem encontrados 14, 0 remédio para tal situagao nao ser exoandir os limites da fungao do seminario para que supra deficiéncias de conhecimento basico ou da classe de confirmagao. 0 seminério tem sua fungéo espectfica a cumprir, mas para isso ha pré-requisitos quanto & literatura € vida de piedade por parte dos alunos. Jovens destinados ao semindrio deve ir para 1a somente apés terem ad- ‘quirido a educacao comum a todos os homens edu- cados, e que tenham progredido em piedade ao ponto de sevem considerados homens especialmente piedosos nna comunidade. A partir de tais fundamentos, 0 semi- ndrio encarrega-se de suprir aos candidatos a0 mi- nistério 0 treinamento especifico, peculiar aos mi- nistros; fazendo-os aptos, numa palavra, para a res- peitdvel prossecugao do trabalho especial do mi- nistério, Nesse sentido, o seminario é uma escola- acabamento, que dé 0 polimento, a consumagao, 0 remate necessrio a0 ministério; 0 Seminario deve dedicar-se exclusivamente aquelas coisas de que ainda carece 0 homem profundamente piedoso e de cultura ampla, possibilitando-Ihe exercer com sucesso seu oficio de ministro, para crédito propria e vantagem da loreja. ‘Mas, 0 que, exatamente, devera ser ensinado em um semindrio teoléaico? Isso dependera de nossa concepgao do ministério para 0 exercicio das fungées ara as quais 0 seminario oferecerd preparo. E isso, em altima andlise, ser determinado pela nossa con- cepgéo de loreja. Na concepeao sacerdotal de Lgrela, @ fungao do minisiro € reatizar certosritos, pelo correto desempenho dos quais, 0 efeito buscado é obtido. 0 semindrio, nesse aspecto, torna-se uma escola de trei- fnamento, no exato sentido do terme. & 0 lugar onde 0 futuro ministro & treinado para desempenhar apro- priadamente tais ritos, Por outro lado, na concepeao racionalista de Ioreja, este & simplesmente um tipo de clube para entretenimento intelectual, ou, no melhor dos casos, uma sociedade para cultura da ética, ov uma organizagao benevolente. A fungao do pregador é ser 0 lider do grupo a que serve em tais atividades; semelhantemente, nesse caso, o treinamento do futuro ministro consistiré em prepara-lo para sua fungdo, 14 sendo natural que seu curriculo teolégico dé muita énfase & cultura literdria e 20s mestres do pensamento, Ou, talvez, 0s cursos de maior énfase sejam aqueles da rea sociolégica, possivelmente incluindo pesquisas sobre problemas habitacionais nos centros de concen: tragdo fabril, ou estatisticas sobre distribuicao de habitantes dentro de um certo raio onde se localiza uma igreja de zona rural Nada disso é riim. Até mesmo ao ministro evan. gélica fica bem 0 saber conduzir os servigos de acet tabilidade da igreia. Tampouco ihe sera prejudicial a familiaridade com os pensamentos de Platao ¢ Emer. son e Galsworthy e H. G. Wells e Marie Corelli. Sem vida, ser-Ine-& vantajoso o estar pelo menos infor- mado da inquietude social que ruge ao seu redor, cOnscio da tremenda angustia e desgaste que poderd trazer s suas forcas o fazer alguma coisa para abran- dar tal situagdo. Mas, nada disso fara dele um bom ministro de Cristo. Nao € fato que até mesmo os im- pias fazem tais coisas? Cristo envia seus ministros nao para batizar, mas para pregar 0 Evangelho; nao para methorar a sina dos homens, mas para trazer-Ihes a salvagéo. Na visdo evangélica, a igreja é @ comunhao dos santos, arrevanhados e extraides de um mundo perdido. E nessa visdo evangélica, a fungao do mi- nistro é aplicar 0 Evangelho da salvagéo @ homens perdidos, para que possam assim ser salvos da culpa, coreupgao ¢ poder do pecado. Claro, simplesmente Evangelho, € 0 que é necessério. E, no desempenho de sua funcdo, & necessério que o ministro conhega esse Evangelho, integralmente, em todos os seus detalhes, fem todo 0 seu poder. Torna-se, assim, evidente que a fungdo do seminario é suprir tal conhecimento do Evangetho. E importante que o ministro seja por nds tido em alta consideragao e honra, e que entendamos exata- mente a magnitude da tarefa a ele confiada. 0 minis- trio nao & como um trabalho manual, um tipo de trabalho ou profissdo que requer habilidades adqui ridas e aperfeicoadas simplesmente através da prati- 2. 0 ministério é uma profissao erudita. Uma dentre trs, ou no maximo quatro, profissoes eruditas que divider entre si a habitidade do ser humano em suas miltiplas relagées. 0 ser humano € um composto de alma e espirito, posto em um organismo social, depen: dente de um ambiente fisico. Como tal, necessita da orientacao de peritos em cada esfera de sua existéncia A ciéncia intermedeia entre ele e a natureza. 0 advogado € seu consuitor para as relacées social, 0 médico cuida de seu corpo, ¢ 0 ministro Ihe orienta em questdes de ordem espiritual, E possivel argumentar que uma pessoa pode viver muito bem sem tais orientacdes de especialistas, mas, Revista Os Puritanos argumentar é mais facil do que praticar. Nao é plano do Senhor que seu povo viva a manquejar ao longo de sua trajetoria religiosa. Ele designou ministros em Sua igreja e deu a eles a tarefa de pastorear 0 reva- ho. E nenhum ministro € apto para a posigdo que ‘ocupa, a menos que receba o preparo necessério para atuar como conselheiro espiritual da comunidade a que serve. N6s podemos afiemar que o Evangelho simplesmente é suficiente, e podemos agradecer a Deus pelo fato de 0 Evangelho ser simples e suficiente. Mas a aplicagdo desse Evangelho as relagoes da vida em toda a sua variedade, nao é coisa simples. Leiamos a epistola ao Romanos. Levande em conta as condi- ées presentes na Roma de entdo, seria a correta exposigao do Evangelho, dada nos primeiros onze capitulos, uma questao tao simples que Paulo poderia deixar os romanos entregues a si préprios para resol- ve-la? Seria a aplicagao desse Evangelho a vida de Roma do primeira século, dada nos capitulos seguin- tes, uma questo tao simales que ndo requereria um Paulo para fazé-la corretamente? Taivez em nenhum outro lugar vejamos um ministro mais integralmente entregue a sua tarefa do que na Primeira Epistola aos Corintios. Sera que as questdes que os corintios pro- punham a Paulo, as quais ele respondeu com tanto cuidado, nao precisavam ser perquntadas pelos cren- tes e respondidas pelo apéstolo? O ministro em seu devido lugar, como Paulo no seu, € 0 guia espiritual e conselheiro de que o povo de Deus necesita. Por isso, afirmamos, o ministro precisa conhecer 0 Evangelho: conhecé-lo em primeira mao, total ¢ inte- gralmente. Assim, 0 trabalho do semindrio deve ser dirigido para esse fim, Por uma coisa: 0 Evangelho nos vem codificado, e cabe ao ministro conhecer 0 cédiga. 0 ministro precisa estar habilitado para de- codificd-io, e isso por si mesmo, Nao confiar a de- codificagao a outro! 0 Evangelha trata da mensagem da salvagao, e 0 ministro é 0 canal por meio do qual a mensagem é transmitida aos homens. Ele ndo pode tom-lo de segunda mao. Ele precisa recebé-lo para si e entregé-lo, em primeira mao, aqueles conflados a seu servigo. Em outras palavras, o ministro precisa conhecer a linguagem na qual 0 Evangelho é escrito; & ser habilitado para extrair dos documentos seu exato significado. E, ndo somente isso. 0 ministro precisa conhecer a mensagem assim extraida, em sua tota- lidade, em todo o seu alcance, em sua correta pers- pectiva, e em justa proporgao, Se assim nao 0 far, ele nao poderd usé-la corretamente. € claro que 0 minis- tro deve também ser habil quanto a apresentar a men: sagem de forma atraente, aplicando-a com proveito, onto por ponto, de acordo com as necessidades emer- gentes. Essas coisas constituem 0 cerne do ensino do seminario. Mas, ha outras coisas que, por serem tao proximas a essas, nao podem ser dispensadas, assim Revista Os Puritanos como a vinha delicada nao pode dispensar a escora que Ihe dé suporte, 0 ministro deve ser habilitado para defender 0 Evangeltio que prega, Deve também saber um pouco da historia que esse Evangelho tem esculpido e ornado para si mesmo ao longo das eras dese mundo, Essas coisas nao sao essenciais em si mesmas, mas tém valor pelo auxilio que trazem a0 ministro, possibilitando-|he melhor entendimento discernimento, canacitanda-o para mais poderosa- mente louvar e defender junto aos homens 0 Evange- Iho de Cristo. Sem toda essa equipagem, 0 ministro evangélico & roubado de sua dignidade © amputado de sua forga Ele ndo pode set'0 guia espiritual de sua comunidad, coma 0 advogado competente é 0 guia ledal e 0 médico experimentado € 0 conselheiro em questdes de sauide fisica. Destituido de sua dignidade 0 ministro merau- tha em uma mera atividade rotineira, como um ar- tesdo que exerce um negécio ou oficio aprendido por mera repeticao, dia a dia; ou como um simples pre- letor em um clube ou um lider de ativismo benevolen- te. € claro que a “simples pregacao” do “simples Evangelho" nao falhara em seus efeitos. 0 terno bal- buciar do nome de Jesus nos labios de uma crianga pode ter grande alcance, Mas no seria esse um mo- tivo razoavel para guarnecermos nossos pulitos com criangas balbuciando 0 nome de Jesus. A tolice da pregacdo é uma coisa; pregacdo tola é coisa bem diferente, Nao nos deixemos iludir, em religiao, como em tudo 0 mais, conhecimento € poter, Reconinego que isso € um chavao. Mas, a respeito de chavdes, temos de reconhecer que tém algo de verdadeiro. Nada, nem fervor, nem devacao, nem zelo, podem afastar a ne- cessidade de conhecimento. Se conhecimento sem zelo & intl, zelo sem conhecimento € ainda pior, é posi- tivamente destrutivo, Estamos no terrpo da Reforma perguntemo-nos anos mesmos porque Guilherme Fa- rel, consumido de zelo, inflamado em fervor evan- gélico, proclamande o puro Evangelho, desamparado € impotente em Genebra, com terriveis imprecacées, trouxe Jodo Calvino para seu auxilio? Jodo Calvino: uum letrado tornado santo, um letrado-santo tornado pregador da graca de Deus. € disso que precisamos em noss0s pllpitos: letrados-santos tornados prega- dores da graga de Deus Eis ai, em foco, a fungao do seminario teolagico: transformar letrados-santos em pregadores do Evan- gelho. Benjamin Brectividye Warfeld (2851-1921) nasceu no estado de ently, (USA. Fol um dos maior t26on0s reforadosdefnsor ca rtodovia ainsi, Estadou ra Universidage de Princeton. Em 1886 fl chamaso zo prin Serindrio Tallco de Princeton come profesor de Teolaga Sistema, Fol sucesor de Archibald Alexander Hodge 15 eminario pdsito do S 0 Proj Quem Governa esta Igreja? Larry Wilson fregilentemente nos encontramos tendo que aprender coisas novas sobre a Palavra de Deus e tendo que desaprender coisas nao biblicas que nos foram previamente ensinadas. Muitos de origem catélica romana ou independente vm para nossas igrejas. Eles mostram clara evidéncia de fé em Cristo. Eles podem afirmar fervorosamente os tr8s primeiros votos de membresia.! P essoas de todas as origens se unem as congregacdes presbiterianas ortadoxas. Camo conseaiéncia, © Quarto Voto da Membres {Maas 0 quarto voto, as vezes, provoca alarme: “Vocé concorda em se submeter ao governo do Senhor desta lgtela e, no caso de voc® se encontrar em delinauéncia na doutrina ou na vica, atender a essa disciplina?” Qual € 0 significado disso? Algumas lgrelas s2o governadas por bispos. Outras tomam todas as suas decisbes, através do voto congregacional. Quem governa esta igreja? Em que a forma de governo da lareja Presbiteriana difere daquilo que esses membros em potencial j4 experimentaram antes? Certamente que a forma de governo da igreja ndo & necessiria para a salvagdo, mas isso nao a torna sem importdncia, Em sua Palavra, o préprio Deus freqientemente trata do “regime” ou da estrutura da autoridade na igreja, portanto, ndo deveriamos de forma alguma negligenciéela. De fato, basicamente, nés estamos falanda sobre como 0 Deus vivo demonstra seu cuidado progressivo para com seu povo redimido durante esta vida Sendo isto verdadeiro, nés precisamos de respostas que sejam baseadas na Palavra de Deus. Jesus, 0 Unico Rei e Cabega da Igreja ‘A resposta fundamental a pergunta “Quem governa esta igreja?” é Jesus Cristo. Enfim, Jesus governa esta igreja. Ele disse: “Toda a autoridade me foi dada nos céus e sobre a terra” (Mt 28:18). "Cristo € 0 cabeca da igreja, sendo este mesmo salvador do corpo" (Ef 5:23). “Ele é 0 cabega do corpo, da igreja. Ele & 0 principio, © primogénito de entre as mortos, pava em todas as coisas ter a primazia’ (Cl 1:18). Cristo somente é o Cabeca da igreja, Em iltima instdncia, os membros da isreja esto sujeitos a Ele, Ha somente um Meciador entre Deus e o hamem, e Ele somente é Rei, Jesus — Rei Jesus — governa sua lgreja Ele € a fonte de toda autoridade verdadeiramente espiritual Como Cristo Governa sua Igreja ‘Mas como Cristo governa a igrela? Crentes reformados dizem com freqiéncia que o Rei Jesus governa Sua lareja “através de Sua Palavra e do Espirito”: Em outras palavras, Ele governa Sua Igreja através da agéncia de Seu Espirito Santo, trabalhando através ¢ com Sua Palavra. Efésios 4:7-13 revela que Cristo escolheu usar de forma ordindvia oficiais humanos para administrar sua Palavra a fim de edificar Sua Iereja." Ele chama esses homens e thes concede dons para ‘exercerem na igreja. [ss0 ndo significa que eles tenhiam o direito de ser arrogantes ou mandoes; isso quer dizer que Ele 0s chama para servir & Igreja com a prépria autoridade dele. 0 Rei Jesus Ihes delega autoridade para ‘bem de sua Igreja. "E ele mesino concedeu uns para apéstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, @ outros para pastores e mestres, com vistas a0 aperfeicaamento dos santos para 0 desempento de seu servico, para a eaificacao do corpo de Cristo” (Ef 4:11-12). Além disso, fazendo eles seu servigo, juntos, em nome de Cristo, 0 proprio Senhor Jesus esté presente com eles (Mt 18:18-20).* 0 Oficio Geral de Crente ‘Aesta altura, alguns — especialmente aqueles de origem independente — se perguntam: “E 0 sacerdécio de todos os crentes?”. Todo crente nao tem autoridade? De fato, Cristo di Seu Espirito Santo e uma medida de Sua autoridade a cada filho Seu redimtido. “Porque do recebestes 0 espirito de escraviddo para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes 0 espirite de adocao, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. 0 proprio Espirito testifica com 0 nasso espirito que somes filhos de Deus” (Rm 8:15-16). Todo crente é um herdeiro de Deus e um co-herdeiro com Cristo (Rn 8:17. Conseaiientemente, nds cremos nao apenas no oficio de sacerdote de todos os crentes, mas tamisém no oficio de profeta e rei de todos os crentes (cf. 1 Pe 1:9; Ap 1:5-6; JI 2:28-29; At 2:1-4). A Palavra de Deus nos diz 16 Revista Os Puritanes que Ele deu Seu Espirito a todo crente, Cada crente & ‘a0 mesmo tempo um profeta (conhecendo o Deus vivo © verdadeiro, confessanda seu nome a outros), um sacerdote (ofertando a si mesmo e tudo o que tem como um sacrificio vivo ao Senhor, orando pelos au- tros), € um rei (aprendendo auto-controle, iutando contra 0 pecado e 0 diabo, aginds de acordo com a Palavra de Deus). Este € 0 oficia do cristo, © offcio geral do crente’ 0s Oficios Especiais Todo memibra tem o oficio geral, mas isso nao torna todo membro um ministra ou presbitero no sen- tido técnico, especializada desses termos. De fato, a maioria dos membros da igreja ndo possui esses o- ficios especiais. Por exemplo, eles nao exercitam a supervisdo como fazem os presbiteros. Nossa Forma de Governo descreve isso desta forma’ Nosso Senhor continua @ construir sua igreja através do ministério de homens a quem Ele chama e concede dons especials para ensinar, governar e servir. Alguns desses dons especials podem ser exercidos de forma mais proveitosa unicamente quando aqueles que os possuem sao publicamente reconhecidos como chamados por Cristo para ministrar com autoridade. & apropriado se falar de tal fungao reconhecida publicamente como um oficio, e designar ho- mens através desses titulos de oficio e chamado das Escrituras como evangelistas, pastores, mestres, bisnos, presbiteros ou didconos.* Essa nao 6 uma estrutura feita por homens. A Pa- lavea de Deus ensina esses offcios especiais. Esios 4:11 (citado acima) fala de apéstolos, evangelistas, pastores e mestres. Na sua printeira viagem missio- dria, Paulo e Barnabé "promoveram em cada igreja 4 eleitdo de presbiteros” (At 14:23). 0 apéstolo Paulo exortou: "Deve ser considerados merecedo- res de dobrados honorérias os aresbiteros que pre- sider bem, corn especialidade os que se afadioam na palavra e no ensino” (1 Tm §:17). Paulo também implorou aos presbiteros em Efeso: "Atende/ por vés @ por todo 0 rebanho sobre 0 qual o Espirito Santo vos constituiy bispes, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com sew préprio sangue” (at 20:28) A quesido desses textos das Escrituras ¢ clara, Pela obra graciosa de seu Espfrito Santo, Deus faz com que humanos falivels sejam supervisores de sua igreja, Todavia, a0 mesmo tempo, pela obra graciosa de seu Espirito Santo, Ele habilita o povo na con. gregacio a reconhecer os dons e qualificagies que Ele concede a certos homens. Como na igreja apostélica, 0s portadores de algun oficio, hoje sAo reconhecidos @ escolhidos pelo povo. Revista 0s Puritanos A Biblia ensina a assembléia do povo de Deus a examinar as qualificacdes externas dos homens de acordo com sua santidade, dons, e habilidade para liderar, como Paula trata em 1 Timéteo 3 e Tito 1. Nés vemos um exemplo do envalvimento das pessoas em escolher seus lideres em Atos 6 — sete homens foram escalhidos pela congregacao para servir como oficiais. Ordenagao Primeiro a congregacao seleciona seus portadores do oficio. Depois, de acordo com o exemplo e instru co da Biblia, a igreja solenemente instala cada um fem seu oficio, Isto significa que a igreja dé sua cone firmagao pablica e formal de que o préprio Crista chamau, concedeu dons e qualificou-o para o oficio. Ele € posto A parte para oragao e imposi¢ao de maos. Nés chamamos isso de “ordenagao"’. Vocé pode a- char um exemplo disso em Nuimeros 27:15-23, a or: denagao de vosué: “Enido, disse Moisés ao Senhor: 0 Senhor, autor comservador de toda vida, ponha um homem sobre esta congregagao, que saia adiante deles, € que entre adiante deles, e que 0s faca sair, € que ‘0 fava entrar; para que a congrecacéo do Senhar 10 Sela como ovelhas que nao tém pastor.” Entao disse 0 Senhor a Moisés: “Toma a Josué, filho de Num, homem em quem hd Espirito, e impdem-ihe as maos; apresen ta-o perante Eleazar, 0 sacerdote, e perante toda a congregagao; € di-ihe, & vista deles, as tuas ordens, Poe sobre ele da tua autoridade, para que Ihe obedeca toda a congregacao dos fils de Israel. Apresentar-se-& perante Ele azar, 0 sacerdote, 0 qual por ele consultara, segundo 0 juizo do Urim, perante 0 Senhor: segundo a sua palavra sairdo, e segundo a sua palavra entrardo, ele e todos 0s filhos de Israel com ele, @ toda a congregacao. Fez Moisés ‘como lhe ordenara 0 Senhor, porque tomau a Josué, e apresentou-o perante Eleazar, 0 sa- cerdote, e perante toda a congregacao; ¢ Ihe imp6s as maos, ¢ Ihe deu as suas ordens, como © Senlior falara por intermédio de Moisés" ‘A ordenacéo confere autoridade." Ela comissiona e autoriza uma pessoa a fazer uma tarefa especifica. A ordenagao tem suas rafzes no Velho Testamento, € continua no Novo Testament, 1 Tm 4:14 refere-se & ordenacao de Timéteo: “Nao te facas nealigente para com o dom que ha em ti, 0 qual te foi concedido me- diante profecia, com a Imposigao das maos do pres- bitério”. Aqui vemos que o presbitério (isto é, uma assembléia de anciaos agindo coletivamente) tem 0 poder para solenemente separar alguém para o oficio da igreja no nome do Rei Jesus. 17 greja ig Quem governa esta Larry Wilson A Natureza da Autoridade da Igreja Mas esses oficiais da igreja t8m autoridade real? Deus insiste que pastores e presbiteros t8m, sim, autoridade — autoridade que é muito real. Ele torna isso claro em Hebreus 13:17: "Obedecei aos vossos gulas, e sede submissos para com eles; pois velam por vossas alinas, como quent deve prestar contas’. Todavia, ista de forma alguma pée 0s oficial da igreja em igualdade com Cristo. Na prdtica, a lareja Catélica Romana faz isso. Ela atribui a igreja e a0 Papa a infalibilidade que de fato pertence a Cristo somente. 0 que & verdadeiro é isto: 0s oficiais da igreja representa Jesus Cristo, Ele thes delega au- toridade. Por isso, @ autoridade deles esta sob sua autoridade, Mais precisamente, eles sA0 mordomos da autoridade de Cristo,’ Para entender isso, nés preci- ssamos ver varias coisas. A autoridade da igreja é delegada, néo original. Primeiro, a autoridade de Cristo & original, mas a autoridade dos oficiais da igreja € delegada. Um o: ficial da igreja 6 como um embaixador a quem o rei delega autoridade. 0 embaixador nunca deve fingir ser 0 rei, ou estar em igualdade com o rei. Por outro lado, 0s siditos do rei nunca devem ignorar 0 que 0 embaixador diz, pois ele fala pelo rei. A autoridade da igreja é ministerial, néo magi tral. Segundo, a autoridade de Cristo é soberana; seu governo é magistral. Mas a autoridade dos oficiais da igreja € apenas ministerial. Isto significa que os I deres da igreja devern servir a Crista e sua igreja, néo asi mesmos. "Pastoreai 0 rebanho de Deus que hd entre vés, ndo por constrangidos, mas espantaneamen- te, como Deus quer; nem por sérdida gandincia, mas de ‘boa vontade; nem como dominadores dos que vos fo- ram confiados, antes tornando-vos modelos do reba- nho” (1 Pe :2-3). Eles devem ser ministros, isto é, servos. "Porque nao nos preganios a ns mesmos, mas 4 Cristo Jesus como Senhor, # a nds mesmos como voss0s servos por amor de Jesus” (2 Co 4:5). Nosso préprio Senhior Jesus descreveu a lideranga em termos de serventia em Marcos 10:42-45: "'Sabeis que os que séo considerados governadores dos povos, tém-nos sob seu dominio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade... Mas quem quiser tornar-se grande entre 6s, serd esse 0 que vos sirva; e quem quiser ser 0 primeiro entre vés, serd 0 servo de todos. Pois o pré- prio Filho do homem ndo veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” Pastores e presbiteros deveriam ter um coragao para servir, A autoridade da igreja & declarativa, nao legis- Jativa, Terceiro, 0 Rei Jesus & 0 legislador da igreja. Os oficiais nao. Isto quer dizer que antes de fazer e impor leis & igreja, os presbiteros devem aplicar a tei de 18 Cristo, seu ensino que € revelado na Biblia. A au- toridade deles @ declarativa, nao legislativa. Eles devern declarar e aplicar os padres de Deus, nao fazer novos. A Palavra de Deus ¢ perfeita, e nada deve ser acrescentado a ela, A Biblia é nossa Unica regra de fé e pratica. R. B. Kuiper corretamente advertiu: Que nés possamos sempre nos guardar daque- Jes que no nome da religiao fazem acréscimos & lei de Deus. Ser mais restritivo que Deus nao é evidencia de piedade, mas, ao contrario, de presungdo abomindvel. Fazer acréscimos & lei de Deus € pecade tao odioso quanto subtral-la. Aquele que faz isso pde a si mesmo no lugar de Deus. Por isso, no é de tado estranho que aguele que hoje proibe 0 que Deus permite, ax manha permitira © que Deus proibe. E isto precisamente 0 que alguém deve esperar da- uele que colaca a si mesmo como legislador no lugar de Deus.!” Para ter certeza, de modo que as coisas possam ser feitas decentemente e em ordem (1 Co 14:40), os lideres da igreja podem fazer certas requlamentacdes (por exempio, tempo para 0 culto publica, rearas para as reunides congregacionals, método para determinar © orgamento da igreja, etc.)!" Mas tais regulamenta. «es nunca devem competir com a lei de Cristo. O fato € que os oficiais na igreja de fato tém autoridade real, ¢, todavia, em todos os pantos eles so subordinados a Cristo.”? ( autor & pastor da Christ Covenant OPC em Indiandplls, Ind. Reprinted from New Horizons, May 2004, cam autorizagio Revista Os Puritanos Submissdo ao Governo da Igreja: Seria isto Biblico? Stephen D. Doe f8 para tomarem-se membros da lareja Presbiteriana Ortodoxa (OPC) € 0 quarto voto de memioresia: Voce concorda em submeter-se, no Senhor, a0 governo de sua igreja e, caso vocé seja encontrado em falta em termos de vida ou de doutrina, aceitar a sua disciplina? que este voto para ser aceito na membresia da igreja significa? Isto é biblico? Qual sua importancia? E possivel que isto seja cumprido? P rece que 0 compromisso menos entendide e mais dificil de manter quando as pessoas professam a sua A medida que procuramos por respostas, vejamos 0 que diz o escritor da carta aos Hebreus em 13:17: “Obedece’ aos vossos quias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alrna, como quem deve prestar contas, para que fagam isto com alegria e nao gemendo; porque Isto ndo aproveita a vés outros.” Quem sao estes guias? Isto soa como governo eclesidstico, mas quem sao estes guias? 0 Novo Testamento fala dos lfderes eciesiasticos de varias formas. Ha supervisores (ispos) e pastores (Atos 20:28), presbiteros (Tito 1:5), pastores-mestres (Ef. 4:11) e 05 que oresidem (Rm. 12:8). Em Hebreus 13:17, ha “gulas” (aqueles que vo & frente de voces — the “going-ahead of you-ones,” — participio de “hegeomai’), homens cuja atividade caracteriza-se por estar a frente. Assim coma o pastor vai & frente de seu rebanho e 0 lidera (Salmo 23:2; Joao 10:3-4), assim estes quias na igreja sAo as primeiras pessoas fora do portdo, espiritualmente falando. Eles mostram o camino quanto as questbes espirituais e, portanto, devem ser lembrados (Ho. 13:7), 08 membros, {da lgceja devem submeter-se a eles € obedecé-los (Hb. 13:17), saudando-os com hanra (Hb. 13:24). € bastante provave! que Hebreus 13:17 esteja referindo-se Aqueles que chamamos de pastores e presbiteros. 0 que eles devem fazer? Estes quias deve estar atentos ¢ vigilantes. “Eles esto em guarda...“. A palavra grega usada aqui em Hebreus 13:17 tem a idéia de afugentar 0 sono, Os cristéos devem ser vigilantes quanto ao retorno de Cristo, sempre em estado de alerta (em Marcos 13:33 e Lucas 21:36 usa-se a mesma palavra), # estes guias devem ser atenciosos como um soldado em uma guarita. Porque as vidas de seus companheiros dependem de sua vigilan- cla, atentos a quaisquer sinais de perigo. Esta figura quanto a estar-se em estado de alerta mostra como pastores e presbiteras devem ser. Note que vocé 0 objeto do cuidado dos quias. “Pus velam por vossa alma’. Estes quias estao preocupados com 0 bem-estar espiritual daqueles sob 0 seu cuidado, Nés ndo achamos que o Estado esté preocupado com 0 nosso bem-estar espiritual, contudo aqui estéo homens que tém o dever de cuidar incansavelmente da satide de rnossas almas. Podemos perguntar a nds mesimos qua preciosa nds consideramos a satide de nossas almas. Voce valoriza.a sua alma tanto quanto 0 Senhor diz que vacé deve (Mt. 16:25-26)? Como Deus € gracioso em dar-nos ‘uias que se comprometerdo a velar pelas nossas almas! Deus tem as nossas almas em alto prego, Portanto, Ele aponta atalaias para nos advertir quanto ao perigo espiritual (cf. Ez. 3:16-21). Nés enfrentamos perigos muito graves, tais como 0 perigo da apostasia (Hb. 6:4-6; 10:26-31) e 0 perigo dos falsos mestres que agem como lobos selvagens (Atos 20:28-31). Que béngao ter um atalaia atento a seguranga de nossas almas, pastores que vao a procura dos que se desgarraram, que cuidam do doente e do ferido, que conforta o apavarado ou confuso no rebanho de Deus (Ez. 34:1-24; cf I Tess, 5:14), Os pastores € presbiteros sao instrumentos nas maos do Pastor e Bispo de nossas almas (1 Pd. 2:25). Ele conhece cada ovelha pelo nome (Jo, 10:3). Ele nunca dormita nem dorme (SI.121:4). € Cristo ordinariamente pastoreia as suas ovelhas amadas pela Sua Palavra e pelo Seu Espirito, o qual atua por meio de quias figis que Ele graciosamente concede & [greja (Ef. 4:11). Por que eles fazem isso? Por que alguém deliberadamente perderia o sono por causa do bem-estar de outros? Pais passama noite em claro quando a crianga que eles amam esta doente, Um amigo pode sentar-se por longas horas perto da cama de um amigo enfermo. Este 0 tipo de amor que Jesus cristo demonstra para com as suas ovelhas. Deve-se ressaltar que 0 Senhor demonstra este amor por meio de pastores e presbiteros fis (cf. I Tess. 2:7-12). Por Revita 0s Paitonos 19 esta raza, 0 chamado para o pas- torado ou para o presbiterato envolve ‘no apenas amor, mas também res- ponsabilidade. Hebreus 13:7 nos diz ‘que 0 Senhor pedira uma prestagao de contas aos lideres eclesisticos pe- Io seu trabalho ou pela forma como eles se portaram diante da respon- sabilidade que receberam da parte de Deus. "..pois, velam por vossa alma, como alguém que deve prestar comtas...". No arande Dia do Julgamento, havera um relatério sobre a fidelidade dos homens chamados para serem pastores e presbiteros. 0 que eles fizeram com as almas confiadas aos cuidados espirituais de- les? Eles cumpriram as suas obrigagées fieimente ou eles dormiram enquanto deveriam estar vigiando? Eles alimentaram as avethas ou alimentaram a si mmesmos? Eles se preocuparam com o crescimento spiritual das ovelhas sob 0s seus cuidados, ou prea- cuparam-se com orcamentos, com a sua agenda e coisas do génera? 0 Senhor exigira uma prestacao de contas. Esta responsabilidade deveria fazer qualquer fio- mem tremer. Isto deveria fazé-lo ponderar cuidado- samente se ele deseja verdadeiramente ser pastor ou presbitero (1 Tm, 3:1). Isto € uma carga insuportavel ‘a menos que Cristo faga um individuo disposto (I Pd. 5:2), prometa uma coroa de aléria ao atalaia feel (1 Pu. 5:1,4), € 0 sustenha pela sua graga. Mas, Hebreus 13:7 menciona algo mais que Ele concede: alegria. “para que fagam isto com alegria..."" Pastores ¢ presbiteros tém alegria ao ver criangas sendo unidas & comunidade da alianca e, entdo, ao ver e ouvir aqueles ovens professando a sua fé. Eles t8m grande alegria 0 ver 0 povo de usando os seus dons para a edificagdo do corpo. Eles tém alegria quando encorajam os laves a desenvolver-se de acordo cam principios biblicas € véem a igreja manifestar 0 amor de Cristo uns pelos outros. Ha alegria ao ver que ha unidade e hd alegria 0 ver 0s santos nerseverar na fé mesmo quando pas- sam por grandes dificuldade, Ha alearia ne fato de ver 0 povo de Deus submetendo-se & supervisdo espiritual de pastores e presbiteros porque os membros da igreja sabem que, assim, eles estaa se submetenda a Cristo. 0 que isto nos diz? Submissao - esta palavra soa um tanto opressiva, Muitos acham dificil dizer “sim’” quando, por ocesiao do seu batismo, sao questionados se aceitam submeter- se as autoridades constituidas na igreja, Nés achamos dificil manter este voto que fazemos. Entretanto, é exatamente isso que o préprio Deus ardena: “Obede- cel avs vossos guias e sede submissos para com e- les..."", Esta ndo é a obediéncia implicita que um ditador exige, cbedincia que ndo questiona e que é 20 “E Cristo ordinariamente pastoreia as suas ovelhas amadas pela Sua Palavra e pelo Seu Espirito, o qual _ atua por meio de guias fiéi que Ele graciosamente | concede a Igreja (Ef. sem reservas ou além da davida. Es- ta € a obediéncia estabelecida den- tro do contexto de uma igreja go- vernada, nao pelas opinides de ho- mens, mas pelo préprio Cristo falan- do pelo seu Espirito por meio da Sua Palavra. A autoridade de pastores ¢ presbiteros reside na Biblia. Eles deve ministrar a Paiavra de Deus e declarar 0 que esta deciara, e ndo propor suas proprias idéias e opi- rides. Eles nao deve obvigar as consciéncias quando as Escrituras nao 0 fazem. Tal submissao aos guias 6, portanto, em Gltima instancia, submissao a0 proprio Cristo, 0 qual trabalha em nossos coragées pela Sua Palavra e coma Sua Palavra, 1). Hebveus 13:17 expressa um imperative ou uma ordiem. “Obedecei aos vossos guias @ sede submissas para com eles...” 0 fato de estas ordens para obedecer e submeter estarem no inicio do versiculo recebe uma enfase especial. O que estas palavras significa? HA duas coisas que a forma como correspondemos a0 cuidado dos pastores e presbiteros envolvem. 0 verbo obedecer (peithé) significa “ser persuadido” ou “seauir livremente”. Obediéncia ndo & apenas seguir ordens cegamente. Antes, isso indica que, tendo con- fianca naqueles que tém autoridade sobre nés, nos seguimos a sua lideranga. E importante que enten- dames que isto € muito mais do que mera confianca, mesmo porque até os melhores homens falham. Ao invés disto, é, em ultima inst&ncia, confianga no Cris: to exaltado, 0 qual concede pastores e presbiteros & Sua lareja e abengoa o Seu povo por meio deles. 0 segundo verbo, submeter (hypeikdl, significa “parar ou cessar de resistir” ou “render-se", como um ca- valeiro rendenclo-se a outro depois de uma batalha. Ha uma diferenga digna de nota entre estas duas palavras. A primeira significa seguir confiadamente porque foi persuadido. A segunda significa seauir confiadamente mesmo quando vocé nao concorda. No segundo caso, voce rende-se a Cristo, detxando de resistir avs homens que ele tem dado para liderar a sua igreja, Uma coisa € obedecer pastores e presbite- ros quando vacé est entusiasmado e acha que eles t8m uma étima idéia, outra coisa é submeter-se @ eles quando vocé nao concorda com as suas decisdes. No segundo caso, nos submetemos pela fé. Pela fé nés confiamos que Cristo governa sobre nés pelo Espirito por meio destes pastores e presbiteros, Pense na Epistola de Paulo aos Filipenses. Em grande parte desta carta, Evédia e Sintique teriam obedecido alegremente as exortagées de Paulo, Mas serd que elas teriam se submetioo & admoestagao Revista 0s Puritanos esoecifica de Paulo para elas (Fp. 4:2-3)? Ambas poderiam ter dito: “Vocé nao sabe come ela é insu portdvel, pastor Paulo”. Elas estavam prantas para submeter-se a autoridade de Paulo e acir contra as InclinagGes delas? Se elas, de ‘ato, concerdaram uma com a outra mesmo contrariando as suas inclinacées, entdo elas entenderam o que é submissao a Palavra de Cristo come esta é declarada pelos seus guias. Como isto afeta a Igreja? Hebreus 13:17 indica que a qualidade de nossa obediéncia afeta toda a igreja. “para que fagam isto com alegria e nao gemendo.”" Se nés vivemos cons- tantemente criticando e reclamando quanto 0s pas- tores presbiteros, nés nao estaremos agindo com alegria, e sim gemendo, Se alguém est ressentido € com espirito critico, acreditando que o pastor e os presbiteros no merece respeito nem honra, entéo ele € como uma carga ou um peso. Imagine voc€ mes- mo suspirando porque vocé esta muito fatigado e se dedicando a uma tarefa ingrata. Vocé acaba de es- fregar 0 piso da cozinha com um escovao e, no mesma instante, voce percebe que hd pessoas pisando com os sapatos sujos antes mesmo de 0 piso secar. E i350 0 faz cansado mesmo antes de comegar. Quando pastores € presbiteros continuamente tem de lidar com pessoas criticas, eles podem perder a energia ou a satistacao pelo chamado dees, Se eles séo fiéis as Escrituras, contudo, 0 real perdedor termina sendo vocé! Hebreus 23:17 nos diz que quando nds somos insubmissos para com 05 n0350s quias, "isso néo aprovelta a vés", ov sela, isso néo nos ajudaré em nada. Jodo Calving faz comentarios bastantes perspica- es sobre este versiculo: “Lembremo-nos, portanto, que quando os nos. 508 pastores se tornam relaxados e ndo esto sendo diligentes em seus deveres como eles deveriam ser, nés estamos pagando 0 prego pela nossa obstinacao”, © comentarista escocés John Brown também nos {G4 um sabio conselho: “Faga a seguinte pergunta - Ele tem dito alguma coisa que Cristo do disse? Se ele tem, nao tenha consideracao por ele; se ele nao tem, nao 0 culge - pois ele tem cumprido os deveres dele para com 0 seu Mestre € para com vo- 8; @ lembre-se, vocé nao pode, neste caso, desprezar 0 servo sem desonrar o Mestre... 0 coracao do ministro & desencorajado, 0 aran- Revista Os Puritanos Pais passam a noite em claro quando a crianga que cles amam esté doente... Este ¢ 0 tipo de amor que Jesus cristo demonstra para com as suas ovelhas. Deve-se ressaltar que o Senhor demonstra este amor por meio de pastores e presbiteros fis (cf. I Tess. de Mestre é entristecido; os sinais do seu favor desanarecem; sequiddo espiritual prevalece; € 4s nuvens parece ter sido dite para ndo chover sobre a vinha infrutifera” A solugdo para este confiito & submeter-se a dir. ego legal do pastor e dos presbiteras com uma pro: funda confianga no Cabega da igreja reinando sobre © seu povo por meio destes quias ou lideres. Esta atitude tvaz alegria para o pastor e os presbiteras. Por qué? Seria porque eles jogam a responsabilidade deles para cima, sem se preocupar? Nao, um pastor ou um pres bitero fiel se alegra quando vé que 0 poun de Deus esta crescendo na verdade do Evangelho, Eles se alegram quando Cristo € honrado e quando 0 povo se arrepen: de, obedece € tem fé; assim eles veer que o trabalho deles no € vao. De forma que, a lareja toda se a: legra Conclusao Este voto feito por ocasiao da profissao de f€ € batismo é facil de cumprir? Nao, nem sempre. Isto é bfblico? Sim, porque Cristo mesmo governa 4 Sua igreja pela Sua Palavea e pelo Seu Espirito por meio de pastores e presbiteros. Isto € importante? Sim, os confiltas, a falta de alegria e a frustracdo dos ideais de nosso Senhor para n6s e para a lareja frequen- temente resultam do fato de sermos negligentes ou nos recusarmos @ nos submeter aos meios que Cristo pro: videnciou para 0 nosso bem-estar espiritual. Nés a- prendemos sobre a graga soberana a medida que ve- mos que Cristo usa “ferramentas" imperfeitas, estes guias ou lideres, para a realizagao de propésitos para sua larela. Ele pode e usa homens pecadores porque © prapésito € 0 poder séo Seus. Quando nés, obede cendo ao que a Biblia diz e em dltima instincia nos submetemos, estamos pela fé nos rendendo ao proprio Cristo e aprendendo que nds ndo pademos governar a nds mesmos. Assim, & impossivel que nds cumpramos este com promisso, a nao ser apenas pela graca de Deus e atra- vés da fé em Cristo. Este compromisso origina-se na raga de Deus e requer que realmente confiemos em Cristo, 0 Cabeca da lareja. Mas, a- través de uma submisséo caracteri- zada por fé, tanto nés quanto a lare- ja, como um todo, somos ricamente abencoados par Cristo, * O autor & pastor da loreia Presiteriana Re- forma Betel (Bethe! Reformed Presbyterian Cchuten), em Fredericksburg, no Estado da Virginia, USA, 12). | 21

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