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“ARQUITETURA -@ ENGENHARIA HOSPITALAR Planejamento, projetos e perspectivas Y ; Mh aes SP Re Bie tesa f 7 organizagao eae / Fasio BITENCOURT / ELZA COSTEIRA Digitalizado com CamScanner Projeto grafico, diagramagio e capa: Aline Haluch e Juliana Braga | Studio Creamcrackers Revisdo: Algomais solucdes Coordenagio Editorial Denise Corréa / Daverson Guimaraes Conselho editorial Alexandre Farbiarz Fabio Oliveira Bitencourt Filho Gustavo Rocha Peixoto Isis Fernandes Braga Rita Maria de Souza Couto Vera Lucia Nojima RIO BOOKS Ay, Pedro Calmon, 550 ~ Térreo Rio de Janeiro ~ R Telefone: 2252-0084 CAIXA POSTAL 68544 ~ CEP 21941-972 ~ RIO DE JANEIRO contato@riobooks.com.br www.riobooks.com.br Bitencourt, Fabio; Costeira, Elza. Arquitetura e Engenharia Hospitalar Rio de Janeiro: Rio Books 1° Edicio 2014. 400p. 16x23 cm ISBN 978-85-61556-58-7 | 1.Arquitetura 2. Engenharia Hospitalar 3. Pespectiva 4,Planejamento 1. Titulo, 2. Nome do autor Todos os direitos desta edicdo sdo reservados a: Editora Grupo Rio Ltda, Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrénicos ou mecdnicos, incluindo ‘ fotocopias e gravacdo) ou arquivada em qualquer sistema de banco de dados sem permissao escrita do titular do editor. Foto da capa: Celso Brando Foto da 4* capa: Ismar Ingber Fotos cedidas pela RAF Arquitetura Digitalizado com CamScanner SUMARIO APRESENTAGAO ARQUITETURA HOSPITALAR: PLANEJAMENTO, PROJETOS E PERSPECTIVAS 1 OSSISTEMA DE SAUDE NO BRASIL « Maria Tereza Costa 2 CoorDENAcho DE PRojeTos DE ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAUDE * Antonio Pedro Alves de Carvalho 3 PLANos DireToRES PARA ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAUDE e Jonas Badermann de Lemos 4, CONFORTO E DESCONFORTO NA ARQUITETURA PARA AMBIENTES DE SAUDE: © COMPONENTE HUMANO E OS ASPECTOS AMBIENTAIS © Fabio Bitencourt 5 REFLEXOES SOBRE A EDIFICAGKO HOSPITALAR: UM OLHAR SOBRE A MODERNA ARQUITETURA DE SAUDE NO BrasiLe Elza Costeira 6 O CaMINHo Do PACIENTE: CONCEITOS E FERRAMENTAS PARA AAVALIAGAO DE ESTABELECIMENTOS DE ATENGAO A SAUDE © Mauro Santos e Ivani Bursztyn 7 0 PLANEJAMENTO € Os PROJETOS FisiCos DOs EDIFicios De SAUDE CONTEMPORANEOS « Augusto Guelli 8 A.Luz: rator DE VIDA E CURA Nos EAS « Jodo de Deus Cardoso Q SINALIZAGAO: FUNCIONALIDADE E AMBIENCIA « Carla Vendramini 10 DesenHo Universal & Direitos HUMANOs: ACESSIBILIDADE DA ARQUITETURA PARA A SAUDE e Ubiratan de Souza TT ArQuITETURA DOS LABORATORIOS PARA O CONTROLE DA QUALIDADE DA AGUA e Marcio Nascimento de Oliveira 12 AARQUITETURA COMO ESTRATEGIA DE SEGURANCA CONTRA INCENDIO EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAUDE Marcos Kahn 13 ADMINISTRACAO DE ESTABELECIMENTOS DE SAUDE, A QUALIDADE E AS SUAS INTERFACES COM A ARQUITETURA # José Cleber do Nascimento Costa 14 ManuTeNGao DE EAS: CHAVE PARA A SOBREVIVENCIA EA ECONOMICIDADE Dos EAS e José Mauro Carrilho Guimaraes SOBRE OS AUTORES 20 33 55 69 97 139 161 185 215 239 233 305 327 361 394 Digitalizado com CamScanner e sistema de sauide no Brasil Digitalizado com CamScanner Maria TerEZA COSTA 20 4 contam, pela ua PrOpTia &xISIEnicla, ag s edificagdes de satide j * Bsicaihicae oes s definiram como os hospitajg istorias de diversas decisbes que A aes endo 4 satide, que observamos em um dado mo. mento, 0 conhecimento sobre come ¢ para qué foram projetadas oy mesmo, posteriormente, reformadas, nos permite ee a0 ‘menos em parte, também as historias de nossas polit ye le satide, de satide no Brasil. Caberia, entio, do assim como as das instituigoes : aoa mesmo modo, destacar a importancia de que também busquemos saber diferentes aspectos sobre politicas, principios ce regulagio do sistema, assim como questoes relacionadas & situagdo de satide da populacio, quando estivéssemos diante do desafio de desenvolver projetos prediais voltados a essa 4rea especifica. ; ! Os projetos relacionados aos ambientes de satide devem ser con- textualizados nos cenarios politicos institucionais dos territorios onde se localizam, tendo como principio norteador essencial as ne. cessidades de satide e vida das pessoas. Esta afirmagao tao genérica apéia-se em andlise sobre os objetivos que acabaram por fundamen- ! tar a elaborago deste texto — apresentar aos profissionais que atuam: no desenvolvimento e gestdio dos ambientes de satide uma sintese sobre aspectos da organizacao do sistema de satide no Brasil, assim como também uma descricao geral sobre situacao de satide da po- pulacdo. Dessa forma, contribuindo com as potencialidades de uma atuacdo sensivel, critica e reflexiva de cada arquiteto, engenheiro 0 / gestor quando se apresenta a demanda para um novo projeto de esta belecimentos assistenciais de satide. Para compreender-se melhor os aspectos relacionados & legisl evolucio das politicas piblicas de satide em nosso pais. Antes do s XX, cuidados profissionais em satide significavam, para poucos legiados, assisténcia de médico em casa ou nas Santas Casas € filantropicos. A primeira entidade deste tipo em terras brasileiras Santa Casa de Miseric6rdia de Santos, criada em 1543. Somente vinda da familia real portuguesa para o Brasil, no inicio do sé foram abertos cursos de medicina, primeiro em Salvador (f Digitalizado com CamScanner 1808) e depois no Rio de Janeiro (marco de 1808), iniciando a forma- do profissional de médicos brasileiros, em quantidade mais expressiva (PORTELA et al.,2002) Antes do século XX, poucas foram as iniciativas do Estado bra- sileiro em relacao aos direitos sociais, incluindo-se a satide entre estes. As primeiras iniciativas que poderiam ser chamadas de politicas de satide parecem ser aquelas estabelecidas no inicio do século XX, particularmente lideradas por Oswaldo Cruz, médico sanitarista que ocupou diversas fungées publicas em sua época, as- sim como de outros, por exemplo Carlos Chagas, que marcaram 0 chamado periodo campanhista, voltado para o controle das doencas endémicas ou das epidemias que prevaleciam em nossa terra aque- la época e que nos afastavam da rota dos imigrantes europeus, ne- cessdrios ao desenvolvimento da mao de obra agricola pés-abolicao da escravatura, e da rota do comércio internacional (RODRIGUES & SANTOS, 2011). Com a regulamentacio de direitos a satide e previdéncia a partir da Lei Eloy Chaves, de 1923, iniciou-se o funcionamento das Caixas de Aposentadorias e Pensdes (CAP), adotando-se o modelo de segu- to-social, iniciado no final do século XIX, na Alemanha, cobrindo assisténcia médica para os trabalhadores da economia formal urbana e suas familias, o que lhes definia uma abrangéncia muito limitada. A partir deste momento, comecou a surgir um niimero maior de pe- quenos hospitais, clinicas e médicos, nao necessariamente associa- dos as Santas Casas, como um embrido do mercado privado de satide no pais (PORTELA et al.,2002). No Estado Novo da Era Vargas (perfodo em que Getiilio Vargas governou 0 Brasil por 15 anos ininterruptos de 1930 a 1945), com a criacao dos Institutos de Aposentadorias e Pensdes (IAPs) os quais, além da seguridade social tinham a responsabilidade da assistén- cia médica de seus segurados, iniciou-se um longo processo de ex- pansao da rede de servicos ambulatoriais e hospitalares, marcando assim a instalacao de um modelo curativista e hospitalista, hegems- nico, que ainda mostra-se como predominante nos dias atuais. Algu- Digitalizado com CamScanner 2 21 Maria Tereza COSTA NR Nn Jares da atual rede ptiblica no Rig de Janeiro, antiga capital federal, foram implantados neasa como por exemplo, o Hospital do [APTEC (Instituto de Aposentade, rias ¢ Pensdes dos Estivadores e Transportes de Cargas), para 0s ep. mercidrios, em Bonsucesso e do Hospital dos Servidores do Estado, .s seus segurados, do mesmo modo que mas das grandes estruturas hospita utilizados somente para 0: | Hospital easter Sao Paulo (RODRIGUES & SANTOS, 2019, A partir dos anos 40, organizaram-se outras iniciativas na satide | publica brasileira, mais tarde consolidadas em agoes ou programas do | Ministério da Satide, criado em 1953. 0 Servico Especial de Satide Pj. blica (Sesp) foi criado em 1942, desenvolvendo a partir desta €poca, ages de saneamento bisico e de assisténcia a satide em comunidades | rurais da Amazénia e da regido onde atuava a Companhia Vale do Rio Doce (Minas Gerais e Espirito Santo). Na década de 6o0SESP foi transformado em fundagio e esta foi integrada ao Departamen- te Nacional de Endemias Rurais ¢ 4s Campanhas de Erraticseiaég | Malaria e da Variola, na constituiggo da Sucam (Superintendéncia do Desenvolvimento da Amaz6nia) em 1970. Ainda na década de Go passada, coma ditadura militar e 0 objetivo de enfraquecimento das organizagbes vinculadas aos trabalhadores, os IAPs sao fundidos na criagao do Instituto Nacional de Previdéncia Social (Inps e posteriormente, Inamps ~ Instituto Nacional de Assiss téncia Médica e Previdéncia Social), com gest@o marcadamente cen- tralizada na esfera do poder piblico federal. Mantendo, no as caracteristicas de limitacao da cobertura e do modelo curativista, tecnicista e com custos sempre crescentes, 0 que acal por determinar as primeiras crises de recursos para satde no governo militar (LUZ, M, 1982). Outra carac mental da gesto em sadde neste periodo era a as esferas municipal, estadual e federal, com telas, fragmentacao institucional e gest’o centralizada. — Sisterna Unico de Satide (SUS) foi concebido, a das sociais e politicas, no processo histérico de ciedade civil que se estabelecera nos Giltimos anos Digitalizado com CamScanner a partir da década de 70, particularmente no periodo pés-anistia. A experiéncia de outros paises com a implantagao de sistemas tinicos de satide ja se consolidara ha algum tempo, além desse periodo es- tar relacionado aos avancos das discussdes da Conferéncia de Alma Ata (Cuidados Primarios de Satide, “Satide para todos no Ano 2000” — participacao de mais de 30 paises, em 1978, na antiga URSS) e posteriormente da 1* Conferéncia de Promogio de Satide, realizado em 1986 na cidade de Ottawa, Canada (fortalecimento do conceito de saiide como direito fundamental e da importancia da mobilizagao da sociedade para 0 alcance desse direito). O modelo classico de organizacao dos servicos de satide como um sistema foi concebido pelo médico britanico Bertrand Dawson, que propés a reorganizaco do setor satide do Reino Unido no inicio do século XX, tendo como principios fundamentais a nocao de Estado provedor, com responsabilidades de controle das politicas e a visio sobre trabalho integrado (NOVAES, 1990). Antecedendo os caminhos de uma reforma sanitaria brasileira, diversos paises tinham passado por reformas no setor satide, nas quais os seus governos reconhéciam a satide como direito, implan- tando-se sistemas publicos de satide de acesso universal. Entre tais teformas podem ser destacadas as ocorridas na Suécia (1992), no Ca- nada (1969), na Itdlia, Portugal, Australia ¢ Grécia, posteriormente (RODRIGUES & SANTOS, 2011). No Brasil, esse cendrio de discussao sobre direitos sociais e satide € contemporaneo A instalacdo da Assembléia Nacional Constituinte 1987 -1988 e a realizaco da VIII Conferéncia Nacional de Saiide, em 1986, um marco do movimento compreendido como reforma sanitaria, cujo relatorio final inclui bases para o SUS e acabam por influenciar 0 formato dos direito em satide como este aparece na Constituigao de 1988 (“Saiide é um direto de todos e dever do Estado,...", Art 196) (BRASIL, 2013, p.33). Este € ponto de partida para a con- cepcao de um dos marcos tedricos mais importantes do SUS, que é a universalizagao da cobertura, permitindo a todos os brasileiros 0 direito de pleno acesso ao sistema de satide. Digitalizado com CamScanner [iseig ou apnes ap ewaysis 23 Maria Tereza Costa N S | Na Constituigdo Federal de 1988, definiu-se um projeto de on tegao social do tipo social democrata, com ° ooo de seguri dade social compreendendo o conjunto integrado das ao destinadas a lativos a satide, previdéncia € assisténcia go, ico com base nos seguintes assegurar os direitos rel cial, a ser organizado pelo poder publi direitos (BRASIL, 2013): = Universalidade da cobertura e do atendimento; = Uniformidade e equivaléncia de beneficios entre popula. des urbanas e rurais; & Irredutibilidade do valor de beneficios; = Eqiidade na forma de participagao do custeio; m Diversidade da base de financiamento; = Cardter democratico e descentralizado da gestao adminis. trativa. Para a implantacao do SUS, a Constituigao estabelece as seguin- tes diretrizes (BRASIL, 2013): a | = Todos os servicos de satide no pais, independentede _ serem piiblicos ou privados, esto sujeitos as regulamen- tages e controle do poder publico; = Adescentralizacao das ac6es e servicos; = A integralidade no atendimento (conceito que procura ex- pressar a necessidade de oferta de atencao preventiva, inclui do promocio de satide, e curativa ao mesmo tempo); = A participagao da comunidade como mecanismo controle social do sistema; dendo a necessidades regionalmente definida) e hierarqui {organizacao e articulagao de niveis diferenciais de atendi = Os servicos privados participando de forma comp tar, através de contratos ou convénios estabelecid poder publico; = Quanto ao financiamento, parte dos recurso: ridade social (or¢amento da seguridade social) Digitalizado com CamScanner tinada a satide (as outras partes seriam para a previdéncia assisténcia social) od A organ: gestio, competéncias ¢ atribuigdes de cada esfera de governo no SUS, foi objeto da Lei n° 8080, de 19 de setembro de 1990 (Lei Organica da Satide), Kista Lei foi complementada no mesmo ano pela Lei no 8142, de a8 de dezembro de 1990, a qual se referia 4 participagao da comunidade na gestio do sistema (Conselhos e Conferéncias de Satide) e estabeleceu a forma como deveria ocorrer a transferéncia intergovernamental de recursos financeiros na satide, Quanto as competéncias de cada esfera de governo, podemos resumir como sendo responsabilidade de cada nivel (municipal, estadual ou federal) a formulagio da politica de satide em sua respectiva area. Ha muitos detalhes e ainda conflitos na divisao dessas tarefas, até porque elas so apresentadas de modo muito genérico na lei. Entretanto, cabe destacar que a Atengio Basica, As- sisténcia Materno Infantil, como as maternidades, assim como as Emergéncias sao de responsabilidades da esfera municipal. Estes sao alguns dos segmentos da estrutura responsiveis pela- movimentaao dos recursos financeiros do SUS, sob fiscalizagao do rio SUS: = Orgao executivo - poder executivo responsavel pela di- recdo do SUS (Ministério da Saude, Secretarias Estaduais e Municipais); m Conselho de Satide - drgao colegiado de cardter permanen- te e deliberativo, composto paritariamente por representantes do governo, prestadores de servico, profissionais de satide e usuarios (50% de usuarios); m Fundo de Satide - conta especial onde sao depositados Conse- thos de Satide, em cada esfera (municipal, estadual ou nacional); ™ Conferéncia de Satide — forum convocado a cada 4 anos para avaliar a situagao de satide e propor diretrizes para a poll- tica de satide, a partir da participagdo popular e controle social; agdes € servigos de satide, quanto a diregao, Digitalizado com CamScanner seg 25 os = Comissées Intergestoras - estabelecem parcerias Entre 95 | - representante federal, representante dos gestores (tripartite : presentante dos secretarios Muni. secretdrios estaduais e re| pais, bipartite - representante dos secretérios estaduais @ yg. presentante dos secretérios municipais) ! = CONASS - Conselho dos Secretérios Estaduais de Satide: = CONASEMS - Conselho dos Secretarios Municipais de Saude, Ainda na Lei n® 8080, de 1990, alguns critérios pata 9 re. passe de recursos a estados e municipios foram definidos, tajy como perfil demogrifico, perfil epidemiol6gico, desempenho técpj. co, niveis de participacao do setor satide nos orgamentos estaduaise municipais, planos quinquenais de investimentos, entre outros, Para esse repasse sao requisitos obrigatorios: a implantagao local dos Fun. dos de Satide, Conselho de Satide, Plano de Satide, Relatério de _ Gestiio, Contrapartida de recurso do proprio segmento e Plano de Cargos e Salarios. A descentralizacao das agdes do SUS tem se definido a partir de arcabougos estruturados nas Normas Operacionais Basicas (NOB) desde a NOB SUS o1/ 91, publicada em 1991. A NOB SUS 01/96 (de- nominada NOB 96) teve grande relevancia porque redefiniu as condi- | des de gestdo para os municipios e estados, tais como da gestdo plena municipal e a responsabilidade dessa atencao basica. Nesta NOB ficaram estabelecidos os rep digdes do Pacto pela Atencao Basica e do Piso de Atengao mitindo-se o avango das estratégias dos programas e sa basica na comunidade (PACS — agentes comunitarios e da familia). Com a NOAS SUS 2001 (alterou-se a deno Norma Operacional da Assisténcia & Sattde), foram poderes as Secretarias Estaduais, pretendendo-se est € estratégias para a regionalizacao nos estados. A partir de 2006, o Ministério da Satide propoe 0 to do SUS através do Pacto pela Saiide (Portaria GM/ de 22/02/06), integrando 4s dimensdes voltadas a vida Maria Tereza Costa 26 | / a A : Ls Digitalizado com CamScanner do SUS e de gestio, implicando introdugao gradual de mecanismos / para a gestdo por resultados no SUS, atra' | mados na assinatura de termos entre 0 Ministério da Satide e se- s da compromissos fir- cretarias estaduais e entre estas ¢ as municipais (RODRIGUES & SANTOS, 2011). Em relacdo ao setor privado de satide no pais, desde a criacao do Imps, em 1966, houve um grande fortalecimento com crescimento do ‘mercado privado de servigos de satide, em fungao da decisao do gover- no militar de dar prioridade a contratacao de servicos privados, o que _ determinou a ampliaciio do parque hospitalar no pafs, com subsidios - de investimentos piiblicos voltados ao mercado privado. A crescente banizagao demografica e a industrializagao, com consequente au- _ mento de trabalhadores inseridos formalmente, ocasionou ainda au- "mento maior de utilizacdo de servicos de satide, no Inps (LUZ, 1982). No contexto da implantagao de grandes empresas estatais e multi- nacionais no Brasil, a partir dos anos 50, assisténcia médica ¢ outros be- neficios passam a ser oferecidos aos trabalhadores e seus dependentes, contratando-se prestadores de servico ou implantando seus préprios servigos. Outro fato foi o surgimento, na década de 60, de entidades que contratavam planos de satide, constituindo-se uma estruturacao mais sélida do mercado privado. Seguiu-s se a este fato, o surgimento "das cooperativas médicas, a Uniao dos Médicos — Unimed, com a pri- mira experiencia em Santos, em 1970, que passow a influenciar a for ‘mentar, no tratando especificas ansdo do setor privado no pais entre outros fatores, por conta da o SUS, logo apés a sua ite dos planos privados de satide. A e continuidade na década de 90, redugao do financiamento cao, no governo Collor de Mello, a | Digitalizado com CamScanner 27 Mania Tereza Costa nN 0 7’ internacional da época, com 0 fortalecimento de conceitos neoliberajg em paises centrais, junto com a ampliaggg € crise do Wellfare State mias dos paises periféricos, nos expae g da interferéneia nas econo! | id contradigao existente no momento da implantagio do SUS, politica construida por principios fortemente ligados & social democracia ¢ 4 protesao social, ¢ a redugdo das responsabilidades do Estado brasileiro com 0 setor satide, particularmente relacionada a dimensao das restrj. ges de financiamento, logo desde a implantag’io do SUS. A regulago do mercado privado de satide se altera com a cri; em 1998, do Departamento de Satide Suplementar do Ministério da Saiade, cujas competéncias foram transferidas em 2000, para a Agén. cia Nacional de Satide Complementar, uma agéncia reguladora ligada | a0 Ministério da Saude, criada pela Lei no 9.961/2000 (BRASIL,201), O processo da reforma sanitaria brasileira tem apresentado con- tradigdes, com avangos e recuos relacionados as decis6es de gestioe a aspectos do financiamento. O cendrio de mudangas demograficas, epidemiolégicas e politicas porque tem passado o pais acentua as dificuldades na implantacao efetiva e melhores resultados no SUS. Apesar de representar uma concep¢o constitucional de um sistema publico e universal, sto marcadamente observadas segmentacdes de clientela e especializacdes da oferta de servigos, entre o publi © privado, fortalecendo uma caracterizagdo ‘recorrente nos a institucionais de nossa historia de satide. Apés'a extingo do em 1993, a necessidade de organizaco da oferta de servigos toriais com um vacuo nas propostas para atengio basica publico, foram concebidas as bases para a implantagao do Satide da Familia no Brasil, sob auspicios de tecnico do’ dial e da Organizac3o Pan Americana de Saide (SA CHMAN, 2004), caracterizando-se uma focalizagao de cobertura universal na atengao basica e gastos pablic para os mais pobres, consequentemente fortalecendo:se : governamentais ligados a prestag’io de servigos nao pacote essencial do SUS, além do estimulo a criagao. blicos e privados (MISOCZKY, 2003), i Digitalizado com CamScanner O SUS nao deve ser visto como um modelo acabado ou j4 cons- truido. Se assim o fosse, prevaleceria o crescente senso comum, do modo como se apresentam falas do nosso cotidiano e nos meios de comunicacao, de que se assemelharia 4 imagem exclusiva do caos, da ineficiéncia, com mau uso dos recursos piiblicos. Os seus resultados exitosos passam a ser desconsiderados, quando as criticas se restrin- gem & andlise superficial dos servigos prestados, sem considerar os determinantes para a complexidade e os entrevas na sua gestao, den- tro de um contexto histérico, politico e econémico. Parte de nossas dificuldades sao hoje inerentes aos desafios presentes nos diferentes sistemas nacionais de sate, em paises desenvolvidos, mesmo que em diferentes etapas de suas histérias. Passaremos por continuo processo de construgio e adequacio do nosso sistema de satide, no qual diferentes representacdes sociais e institucionais compdem um cendrio de enfrentamentos e concor- réncia, ampliando-se a precariedade de sua coordenacao integrada. Apesar de nossos principios constitucionais, consolida-se cada vez mais um sistema hibrido - ptiblico e privado, sem uma definigao clara de papéis e atribuigées, o que pode levar a erros na utilizacao de recursos. O controle das doencas infecciosas por vacinacao, da epidemia de AIDS, este através da distribuicao gratuita de medicacao anti retro- viral, a queda das mortalidades na infancia e materna, a ampliag3o da expectativa de vida da populacao, sao exemplos para o reconhe- cimento de éxitos que uma proposta de prote¢io social com carater universalista pode alcangar. Com o envelhecimento relativo da po- pulacao, define-se uma consequente ampliacao da prevaléncia das doengas crénicas, sendo este aumento tanto consequéncia do desen- volvimento técnico cientifico e do acesso a servicos de satide, com maior diagnéstico e sobrevida, quanto com fator que nos traz mais complexidade e dilemas nas decis6es de gestdo em satide. Tal perfil demografico e epidemiolégico, mantidas desigualdades sociais ex- pressivas no pais, influi nas tensdes relacionadas a outros aspectos desafiadores para o desenvolvimento do SUS na contemporaneidade Digitalizado com CamScanner yJseig ou apnes ap vi 29 ~as dimensées politicas, técnica, juridicas e sociais, indispensaveig a anilise critica de suas competéncias e potencialidades. Direito a satide é um imenso desafio para todas as nagdeg, mesmo as mais ricas e poderosas. Em nosso caso 840 maioreg ag dificuldades, mas a satide sera o bem mais precioso para 0 nosso de. senvolvimento, com bases humanitarias, democraticas e de susten. tabilidade, Os projetos de edificagoes de satide sdo elementos chaye na estrutura indispensével as politicas de satide, cabendo-nos com. preendé-los com responsabilidades sociais muito abrangentes, Maria TEREZA CosTA Digitalizado com CamScanner Referéncias 1- BRASIL, CONSTITUIGAO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Texto promulgado em 05 de outubro de 1988. Senado Federal, Secretaria Especial de Informatica, Brasilia, 2013, p. 47. ~~~, Lei no, 8.080, de 19/09/1990. Lei Organica da Saude ~ Dispoe sobre as condigdes para a promocao, protecao e recuperacdo da sade, a organizagéo €0 funcionamento dos servicos correspondentes e dé outras providéncias. ~~~ Lei no 8.142, de 28/12/1990 ~ Dispoe sobre a participacdo da comunidade na gestdo do SUS e transferéncias intergovernamentais de recursos financeiros na area de sade e dé outras providéncias, ------~. Lei no 9.961/2000. ~ Cria a Agéncia Nacional de Satide Suplementar ~ ANS dé outras providencias. LUZ, M. Medicina e Order polttica brasileira, politicas e instituigoes de saiide. Rio de Janeiro: Graal; 1982 MISOCZKY, MCA. O Banco Mundial e a reconfiguracao do campo das agéncias internacionais de satide. Revista de Administracao Publica 37(1):75-98. NOVAES, HM. Ages integradas nos sisternas locais de satide — Silos. Andlise conceitual de programas selecionados na América Latina. Sao Paulo: Livraria Pioneira; 1990 RODRIGUES,PH & SANTOS, |, Satide e cidadania: uma visio historica e comparada do SUS. Sao Paulo: Editora Atheneu; 20n. SANTOS,MAB; e GERSCHAMAN, S. As segmentacdes da oferta de servigos de sade no Brasil ~ arranjos institucionais, credores, pagadores e provedores. Ciéncia & Satide Coletiva, 9(3):795-806, 2004. PORTELA, MC, BARBOSA, PR; UGA, MAD; LIMA,SMD; GERSCHMAN, SV. Hospitais, filantrépicos no Brasil, Rio de Janeiro: BNDES; 2002. Digitalizado com CamScanner SO jyseag ou apnes ap eway: 31 Digitalizado com CamScanner ANTONIO PEDRO ALves DE CARVALHO, w ase O presente trabalho trata do tema gestéo de projetos, focando nas es, pecificidades da coordenacao dos projetos civis Ce Assistenciais de Satide, que possuem diversas condigoes Particulareg que, se nao forem obedecidas, conduzem a produtos de baixa quali. dade técnica, causando prejuiizos materiais € humanos. Seu objetiyg foi despertar o interesse acerca do assunto em usuarios € Pesquisa. dores. Dentre os itens abordados, destacam-se 0S relativos a equipe de coordenagao, aos princfpios gerais que devem nortear os traba. Thos, aos principios técnicos € as principais tecnicas de coordenacag de edificagdes de satide, Sua utilizadas com mais frequéncia no caso metodologia foi baseada em pesquisa bibliografica e na adaptacao das condicionantes especificadas em coordenacées genéricas para 9 caso dos projetos em satide. O resultado apresentado consiste em uma introducio relativa ao objeto da pesquisa, que podera ser apro. fundada em trabalhos teérico-praticos posteriores. Palavras-chave: Coordenacio de projetos; Estabelecimentos de satide; Gestdo de projetos. 1. Introdugao Com 0 avango € a sofisticacio das tecnologias construtivas, a con feccio de edificagdes vem atingindo um patamar em que se tor ni imprescindivel a execugio coordenada de projetos. Essa tarefa, j bastante comum em empreendimentos industriais e de grande po te, vem sendo estendida para outras edificagdes complexas, mente Estabelecimentos Assistenciais de Satide (EAS). Em projetos hospitalares, esto normalmente envolvidas as mais diversas especialidades, que precisam estar perfeitamente aj no ideal do projeto unificado — também chamado de engel ser acrescentadas, a depender do grau de particularidade das’ de satide que serao desenvolvidas em seu interior. | Digitalizado com CamScanner Arquitetura Programacao Arquiteténica Arquitetura Urbanismo Decoragao Muminagao Cénica Paisagismo Sistema Vidrio Programacao Visual Conforto Ambiental Acustica Fundagdes Estrutura em Concreto Estrutura em Aco Movimento de Terra Impermeabilizacao Protecao contra Incéndio e Seguranca -Hidrossanitéria ‘Agua fria ‘Agua quente Esgotamento Sanitdrio Drenagem Irrigacao ‘Tratamento de Agua Tratamento de Esgoto apnes ap siefsusysissy sojuawidajaqeis3 ap sojaloig ap oeSeuspi00> luminacdo, orca em baixa e alta tensio) =e gee ae comunicacao i abeamento estruturado) 35 Digitalizado com CamScanner ANTONIO PEDRO ALves DE CARVALHO w a ‘Arcondicionado Exaustao | Ventilagao i | Piso aquecido/resfriado | Cozinha 5 Lavanderia 2 Laboratérios ‘< Material estéril ; Heliponto ¥ Tratamento de Residuos Sélidos Seguranga Automagao Predial Quadto 1 ~ Especialidades envolvidas em Projetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saude Nos empreendimentos ligados a satide, a preocupacao de execu. ao precisa e unificada de seus projetos nao se prende apenas aos possiveis prejuizos financeiros ou funcionais, mas 4 seguranga dos usuarios e da populacao circunvizinha a edificagio. Sao inémeros ‘os exemplos que poderiam ser dados sobre o risco inerente aos tabelecimentos de satide, como a contaminagdo de mananciais parte de esgotamentos sanitérios ou residuos solidos proveni de isolamentos, laborat6rios, anatomias patolégicas e instalag6 medicina nuclear. Essas questdes podem e devem ser equa j4 na fase projetual. . \ A coordenagio de projetos possui extensa bibliografia result de pesquisas na area da Engenharia de Produgao que podem s cilmente consultadas pelos interessados (MELHADO, 2009} 2 2004; SILVA; SOUZA, 2003). O objetivo do presente trabal contribuir com esses estudos através da observacao d caracteristicas particulares da coordenagio de projetos tabelecimentos de satide, que adquire um viés marcant necessidade de conhecimento e integragdo de areas aparet {ao distintas, como a da Satide, da Administragio, da ENB! da Arquitetura ~ tarefa especialmente desafiadora pelo da tecnologia nesses setores. Digitalizado com CamScanner 2. Composigio da Equipe A primeira e mais importante iniciativa na coordenacao de projetos de EAS sera a montagem de sua equipe - principalmente em relacgao 4 escolha do coordenador-chefe e de seu eventual substituto. No caso da Satide, além das qualificagées gerais do curriculo de um coordenador com experiéncia em diversos trabalhos na 4rea, torna-se desejavel um bom conhecimento de manutengao e administracao hospitalar, o que © tornaré capacitado a necesséria interface com profissionais de um campo que possui seu proprio vocabulario e paradigmas cientificos. Independentemente da formacdo da equipe coordenadora, devera haver a assessoria de um profissional da 4rea de Administracao de estabelecimentos semelhantes aos que serao projetados. Esse consul- tor deverd constituir-se no elo da equipe com outros integrantes da drea de Satide que sejam necessarios durante o processo do projeto. Deve-se ressaltar que a correta Coordenagiio de Projetos nao pode ser executada pelo proprietario do empreendimento ou membro de sua equipe, pois nao havera o distanciamento necessario para a to- mada de decisdes que envolvam a qualidade dos projetos em casos de aumento de custo. Em questdes ligadas 4 Satide, as medidas de diminuicao de gastos nao podem afetar a confiabilidade final do pro- duto. Da mesma forma, o coordenador nao deve ser um dos execu- tantes dos projetos, pois nao terd a isenco suficiente nos conflitos de filosofias entre as especialidades. Mesmo a arquitetura, que possui tarefa especialmente importante na coordenacao, constituindo-se em uma assessoria permanente, nao deve acumular essa funcdo. O coordenador e seu eventual substituto podem ser arquitetos, mas nao devem confeccionar o projeto arquitetonico do empreendimento que dirigem, dedicando-se exclusivamente a tarefa de organizacao © execucao conjunta de todas as especialidades (MELHADO, 2005). A equipe de Coordenacio deverd ser proporcional a sofisticacao e do empreendimento, mas, em qualquer caso, aconselha-se que ja responséveis pelas areas de Comunicacao, Custos e Legislacao. A de Comunicacao ter a incumbéncia de gerenciar todo o proces- | \ Digitalizado com CamScanner apnes ap sieiauaysissy soquawi>ajaqe1s3 ap soraloig ap orSeuapsoo> 37 ANTONIO PEDRO Alves DE CARVALHO. w oo 1 os proprietrios ou demais executo, | res dos projetos, marcando reunides, confeccionando atas, culdandy 1 dos envios de documentos, do arquivamento, gerenciamento da py. gina na internet, dentre outras fungdes. No caso da Satide, devidg & Comunicagao envolver profissionais de dreas muito diversas, serg interessante que o responsivel possua algum conhecimento do setor, além de atualizacao relativa as tecnologias de informagao. A rea de Custos sempre serd vital em qualquer empreendimento, No caso das edificagdes de satide, existe 0 agravante de que alguns equipamentos ou instalagdes podem ser mais dispendiosos do que toda a edificacao civil. Comumente, envolvem importagées, prazog longos de entrega ou confecca0 sob medida, 0 que exige preciso no planejamento. Elevadores hospitalares, por exemplo, ocasionam fre. quentemente atrasos em obras por necessitarem de especificacées de- talhadas, medidas exatas e confec¢do por encomenda. Equipamen de diagnéstico ou tratamento, como ressonancias e aceleradores, volvem frequentemente processos de aquisicao complexos, que € cotagSes, concorréncias internacionais uma estrutura sofisticada d apoio a instalacdo para que ndo ocorram sensiveis prejuizos. ‘Como em todo empreendimento de construcio civil, a esp 20 dos materiais a serem utilizados nao pode deixar de passar po andlise cuidadosa relativa ao custo-beneficio, sendo essa uma sabilidade final da equipe de Coordenacao. Sao bem cor praticas pouco éticas de fabricantes que remuneram projeti indicacao dos seus produtos, o que leva, fatalmente, ao enca so de contato com clientes, se)? beneficio do cliente e do usuario. No caso de edificios de satid nna-se mais importante e especializada a elaboracdo das espeeifil A Area de anilise legal cuidara nao somente da contrata jetistas e assessores, como também do acompanhamento Digitalizado com CamScanner relativos a licengas, alvards, aprovagdes e processos juridicos em geral, que sempre ocorrem em qualquer grande empreendimento, A neces sidade de alvard sanitério para o funcionamento de um BAS impoe uma forma de apresentacao especifica para aprovacdo de seus projetos, que serdo submetidos as vigilancias sanitarias locais (BRASIL, 2011). Esse setor de acompanhamento legal deve fazer parte da equipe de Coordenagao devido, principalmente, a necessidade constante de con- sulta a normas e leis dentro do escopo geral do seu trabalho. O ideal sera que a equipe de Coordenacao de projetos tenha es- treito vinculo com a que elaborou ou cuida da implementacio do Plano Diretor da instituicao — principalmente no caso de reforma ampliag6es. Um Plano Diretor, notadamente em hospitais, sera uma peca vital e facilitadora do trabalho de coordenacao dos projetos civis em uma instituicao de satide, contribuindo para que o objetivo da melhor qualidade do atendimento seja plenamente atingido se 3. Principios basicos gerais Em uma instituicao de sate, existem alguns principios basicos que devem nortear quaisquer dos projetos civis, e que participam da pro- pria missao do cuidado com o ser humano. Esses nao podem ser esquecidos em nenhum momento, estando sempre garantidos pela Coordenagao de Projetos. O primeiro e principal principio é o de que toda e qualquer so- lugdo técnica deve ter como objetivo principal o bem-estar e segu- ranga dos usuarios, seja trabalhador, visitante ou paciente. Todos os projetos devem buscar adequar-se a esse objetivo, que apesar de ser légico e evidente, nem sempre é considerado. Estrutura de execugao dificil, espacos mal dimensionados, luminarias que nao permitem a facil limpeza e manutengio, falta de lavat6rios nos locais corretos e deficiéncias na sinalizagao sao exemplos bem comuns em unidades de satide que demonstram propostas humanamente inadequadas. Existe, inclusive, um programa de grande importancia do Ministério da Satide, o HumanizaSUS (BRASIL, 2010), que possui o intuito de Digitalizado com CamScanner 39 be ANTONIO PEDRO ALves DE CARVALHO b °o tendimento dos usuarios de EAS, Outrg 1 6 o Planetree (2013), que tem tra, zido contribuigdes importantes para 4 humanizagio dos -&Spacos de satide, inclusive com trabalhos que utilizam a metodologia da medi. cina baseada em evidéncias (CAMA, 2009; MALKIN) 2012). Asegu. ranga é essencial, principalmente no que ca respeito aos Cuidados relativos & prevencao de incéndio. Os hospitais possuem solugdes bem especificas para os casos de retirada de pacientes acamadas, ne. cessitando estabelecer rotinas claras, dentro das normas vigentes. A NBR-9077 (ABNT, 2001) deve ser consultada, observando-se a exis. téncia de legislacao local mais restritiva. ‘ Prescrever solugées de facil manutengao deve ser outra orientagio | importante em unidades de satide. Nao se pode esquecer que esses edificios ndo admitem paradas no funcionamento, implicando que qualquer obra ou servico acabara por ser executado nas proximida- des de pessoas com os mais diversos problemas de satide. A manu: tencdo de instalacdes e equipamentos deve comegar a ser planejada i fomentar agées para o bom al movimento a nivel internacion® de andares técnicos, tiineis, dutos e forros especiais sao pro que devem ser idealizadas com antecedéncia. Os materiais de bamento, esquadrias e instalagdes devem possuir como pri componentes a qualidade e a durabilidade, pois sua troca ou re pode significar prejuizos muito maiores do que eventuais d de prego de aquisic¢ao. Solugées de infraestrutura que permitam a maior flexibili possivel em termos de mudancas internas e expansdes con -se em caracteristica desejavel nos projetos de edificios de. Os paradigmas médicos modificam-se em grande y bem como os avancos tecnolégicos, levando ao constante: de novos aparelhos e atualizacao dos j4 existentes. D ve, que todo hospital est sempre com algum setor e1 os projetos de engenharia nao considerarem esse como um todo pode, em pouco tempo, entrar em Digitalizado com CamScanner lescéncia tal, que conduz a intervengdes cada vez mais custos podendo chegar & inviabilidade técnica, indicando-s por ve: sua demolicao. Outro principio de consideragio obrigatéria em todo projeto de edificios para a satide é a facil acessibilidade ¢ mobilidade interna e externa para portadores de deficiéncias fisicas em geral, caracte- ristica garantida por normas como a NBR-9050 (ABNT, 2004) ¢ a RDC ANVISA 50/2002 (BRASIL, 2004). As pessoas se dirigem para um estabelecimento de satide por apresentarem alguma anomalia em seu estado fisico, o que obriga a consideracao de se prever es- pacos, equipamentos e instalacdes com alternativas de uso para ca- deirantes, deficientes visuais, idosos, criangas e outras situacoes de caréncia. A observancia de normas especificas ¢ obrigatéria, mas a coordenacao de projetos de EAS deve buscar ir além, prevendo a co- locagao de corrimaos, pisos antiderrapantes e sinalizacao adequada em todos os ambientes que a necessitem. As instalagdes devem, da mesma forma, atender as condigdes de utilizacao universal, permi- tindo que portadores de necessidades especiais possam manusea-las sem dificuldades. Seguindo uma diretriz geral a todos os projetos civis atualizados, 2 edificacdo para a saiide deve ter por principio basico sua adequa- o ambiental. Esses edificios, em especial, sio grandes consumi- dores de agua, energia e outros insumos (como gases medicinais, GLP e diesel), devendo possuir projetos que preservem a raciona- lidade e economia dos insumos, nao somente por questdes admi- nistrativas, mas de impacto na producao de gases de efeito estufa (BITENCOURT, 2006). O Ministério do Planejamento, inclusive, editou instrugao normativa (BRASIL, 2010) que orienta a adogao de critérios de sustentabilidade ambiental na aquisi¢ao de bens e con- tratagao de servigos ou obras pela administracao federal. Em relagdo as instalagdes hidrossanitarias, ser importante a adocao do reapro- veitamento de 4guas servidas ou pluviais, bem como aparelhos sa- nitérios modernos e que proporcionem a maior economia possivel. Devera ser previsto, nesse item, o tratamento de Agua e 0 monitora- Digitalizado com CamScanner 8 3. 8 & 3 8 z 2 3 = 3 4] ANTONIO PEDRO ALVES DE CARVALHO. » N mento de sua qualidade, bem como assegurar que os residuos Iiquj. dos nao estejam colocando em risco a vizinhanga. : Em relacdo a energia elétrica, € obrigatério em edificasbes de satide o seu fornecimento sem interrupgoes. Alguns circuitos de. vem estar ligados a geradores, outros a baterias, garantindo os maxi. mos intervalos de fornecimento estabelecidos por normas (BRASIL, 2004; ABNT, 2008). Nao se pode esquecer que vidas humanas dependerao do funcionamento de diversos equipamentos. Existe a necessidade de se manter em temperatura controlada medicamen. tos, vacinas, sangue, partes anatémicas, corpos humanos, além do conforto térmico e filtragem do ar em unidades como isolamentos, anatomias patolégicas, laboratérios, terapias intensivas e centros cj. rurgicos (ABNT, 2005). Aproveitando a necessidade de redundancia da disponibilidade de energia elétrica, as edificagdes de satide sio particularmente indicadas para a utiliza’o de formas alternativas de geracdo, que, a cada dia, tornam-se economicamente compensa- doras. O pré-aquecimento solar de agua ja é bastante utilizado em hospitais que possuem um gasto importante de energia nesse setor, A geragao fotovoltaica possui exitosas experiéncias na recarga de ba- terias de no breaks e na iluminacao externa. A adogao de geradores a gas em horario de pico do fornecimento de energia mostra-se vidvel em diversas regides em que esse custo é alto, aproveitando a neces- sidade de seu funcionamento para a manutengao diaria. A ri edlica também pode ser interessante em regides com boa qualit . de ventos. As diversas opcdes de racionalizacdo energética precisam ser cuidadosamente estudadas, observando-se as constantes oscila- g6es de custo. Nao poderd ser esquecido o impacto urbano da simples exi do equipamento de satide. O acréscimo no transito do seu et de veiculos de diversos tipos talvez seja o mais notavel. moéveis, caminh6es, énibus e ambulancias que passam a constantemente de vias nem sempre preparadas para o nado. Um bom projeto de EAS devera, portanto, prever Ges vidrias que considerem a necessidade de alargamento de da Digitalizado com CamScanner novas paradas de dnibus, passarclas ¢ estacionamentos, preparando a regio para um correto fluir, No > de estabelecimentos que aten- dam urgéncias, deverd ser considerada a nece um heliponto e a poss’ por vias alternativas. Os aspectos poluentes das edificages de satide também devem ser destacados: geradores costumam ser extremamente ruidosos, caldeiras e centrais de gases possuem normas bem restritas de pro- _tecdo e distanciamento; chegada e saida de ambulancias provocam transtorno nao somente sonoro mas de risco aos que esto no seu trajeto; a saida de corpos humanos deve ter visao protegida. O projeto ssidade de colocacao de ilidade de acesso dos veiculos de emergéncia itacdo solar e de ventos, isolamento térmico e actistico (CARRA- |ENHA, 2010; VILLAS-BOAS, 2011). Existem, nesse caso, fatores obrigatorio equacionamento, como o destino dos residuos liquidos ‘sOlidos, a protecdo contra equipamentos emissores de radiacdo e 0 . Por outro lado, os pacientes devem estar protegidos de rui- odores ou paisagens negativas. Nao se deve localizar um EAS, exemplo, préximo a aeroportos, corpos de bombeiros, clubes re- cemitérios, aterros sanitarios, depdsitos de combustiveis, poluentes e aut6dromos; enfim, ser preciso critério, bom oe, quando nao houver alternativa, prever as adequadas medi- protecdo. principios nao poderao ser atingidos se nao houyer unida- jamento. A consideracio do edificio de satide como itegrado, com seus diversos subsistemas, é essencial s filosofias gerais devem ser com- o assumidas por todos os com- 0 que um equivoco detectado e comprometimento é de dificil de uma competente Coordena- Digitalizado com CamScanner oeSeuapioo> apnes ap stequaysissy soquaunsjaqeys3 ap soyaloig 2p 43 ANTONIO Pepro Atves DE CARVALHO SS & 4. Principios Técnicos Existem alguns principios de contetido eminentemente técnico que devem ser observados pelas equipes de Coordena EAS, Sao aplicéveis a qualquer tipo de projeto complexo, mas, ng caso dos edificios para satide, adquirem importancia decisiva, refle. tindo na qualidade final do produto e, consequentemente, na eficién. cia das agdes que serao executadas nos espagos projetados. O primeiro desses principios éa modulagao. A definigao de m6. dulos comuns a todos os projetos facilitara sobremaneira a coordena. a0 e compatibilidade (ABNT, 2010). A maior contribuigao, contudo, sera no sentido de permitir a flexibilidade geral da edificagao ~ jg citada como uma das caracteristicas basicas de um estabelecimento de satide. Essa modulacao, no entanto, nao deverd estar limitada a determinagao de uma malha com intervalos regulares; ela deve estar centrada na propria escolha dos materiais utilizados, cujas dimen- sOes serao estudadas para proporcionar facil colocacao e substituigao. Essa qualidade fornecerd ao equipamento de satide adaptabilidade as mudangas e a confeccao de obras de reforma rapidas e duradouras. © exemplo mais claro do correto uso da modulagao em edificios de saiide sao os hospitais da Rede Sarah, confeccionados pelo arquite- to Joao Filgueiras Lima, o Lelé (LIMA, 2000). Esse € um caso de sistema bem completo de industrializacao da construgao civil em unidades de satide, mas pode ser adaptado para a forma tradici de execucao se forem observadas as caracteristicas de padroni: dimensional e de qualidade das pegas utilizadas, Z A modulacao inicia pela distribuigao regular das pegas estrul ao de Projeto de lidade na distribuicao de pilares e vigas, O ideal sera a utiliza dimensoes uniformes, empregando lajes planas com vigas | em seus bordos, permitindo o livre caminhamento de dutos dejas com tubos e cabos das mais diversas instalagdes, A padi so dos elementos arquitetonicos também é desejavel, com desta para esquadrias, pisos e forros, Esses elementos devem set Digitalizado com CamScanner tes a limpeza constante, que se utiliza vos necessarios para a desinfeccao dos ambientes. Outra exigéncia técnica essencial em projetos para a a consideracao obrigat6ria dos espacos agenciados, com a coloca criteriosa de todo o mobiliario, instalagdes e equipamentos nos devidos lugares. A ferramenta do pré-dimensionamento d/ sera essencial com a elaboracao conjunta da equipe de projeto € cor sultores (BRASIL, 2013). Os modernos programas cormputaciona’ de representacao grafica permitem a correta visualizacio dos espagos projetados em todos os seus detalhes. Em alguns casos, como ern sa las de equipamentos de diagnéstico, certos laboratérios e salas de ci- pode ser especialmente util (ver fig. 1). Os espacos para atividades relacionadas a satide possuem um custo muito elevado de execucio, colocando no seu planejamento grande responsabilidade e controle. Um ponto de forca, um lavatério ou uma esquadria colocados em posi¢a0 equivoca- rurgia ou parto, a confeccdo de maquetes dos agenciamentos da podem implicar em prejuizos funcionais que se estendem por toda a vida dtil da edificacao. Como na satide trabalha-se com vidas hurna- nas, 6 necessario avaliar a importancia desses cuidados. _ Figura 1 — Exemplo de pré-dimensionamento tridimensional de uma sala de parto Digitalizado com CamScanner 45 ANTONIO PEDRO Alves DE CARVALHO b a Em um edificio de satide, sera essencial a conservagao fig] projetos atualizados e compatibilizados. Um dos maiores desafiog dag equipes de manutengao hospitalar € 0 de efetuat intervengdes em q: versas instalagdes sem um mapeamento preciso de sua distriby; Algumas unidades chegam a depender da memoria de funcion4y;, antigos ou a efetuar a troca de sistemas completos de instalagdes falta de um levantamento correto de sua distribuicao. Nesse caso, informatizacdo da representagao grafica pode fornecer grande facij, dade de acompanhamento da execucao € de modificagdes nas diversas especialidades, tarefa essencial da equipe coordenadora. r 5. Técnicas de Coordenagao Numerosas sao as técnicas utilizadas na Coordenacao de Pi que podem ser consultadas em referéncias sobre o assunto. Nc dro 2, pode-se observar um apanhado geral de algumas delas. guir, sero explicitadas aquelas que possuem especial “a caso de estabelecimentos de satide. As reunides de coordenacio sao exemplos da técnica 1 zada em todos os casos de projetos complexos, sendo que, mente, toda Coordenacao de Projeto limita-se 4 ela. As s projetistas sao ferramentas imprescindiveis para 0 enca to de decisoes relativas ao trabalho que est4 sendo deser Conjunto, mesmo que todos estejam em um espaco No caso dos projetos para edificios de satide, elas se torn portantes por envolyerem consultores contratados de diversas. Para decisces relativas a um laborat6rio, por ser necessdria a participacao de um profissional da area suas necessidades funcionais, Dessa forma, poderd ser comitantemente com a técnica de apresentagdes p Digitalizado com CamScanner Planejamento inicial Estudos de Viabilidade Caderno de Encargos Contratacdo de Projetistas Entrevistas Assessores Banco de Curriculos | Referéncias Avaliagbes Acompanhamento de Projetos Reunides Cronogramas Apresentagoes e Treinamento Pagina em Internet Planilhas diversas (custo, pagamentos, recebimentos etc.) Software de Gerenciamento Software de Representacdo Grafica e Padroes Arquivo Unificado de Representacao Grafica Detalhamentos Interdisciplinares Acompanhamento de Obra Fiscalizagao de Projetos em Campo Detalhamento Executivo Atualizagao de Documentos (as built) Manual de Uso e Manutencao Visitas Programadas Referéncias Pré-dimensionamentos Pés-projeto (APP) Pés-ocupacao (APO) Da equipe Do Empreendimento de técnicas e instrumentos de Coordenagio de Projetos a | 2 muito dtil em projetos de satide so as visitas a 5 e funcao semel ante, Essas visitas, contudo, para io pos-ocupagao (APO), que pos- itificos relativos ao tema da Satide do processo (MELLO, 2011; = L Digitalizado com CamScanner 9 8 & e 8 3 & g 3 z 3 3 z 47 ANTONIO PEDRO ALVES DE CARVALHO & oo CASTRO; LACERDA; PENA, 2004). As visitas fornecem uma visig pratica de rotinas que esto normalmente distantes da vivéncia dog ham experiéncia no assunto. As dificy. projetistas, por mais que ten! s ponivel, acessos restritos ¢ dades relativas 4 autorizagao, a0 tempo dis] a custo de viagens, nao devem se constituir em impeditivos para a sua utilizagao. Alguns profissionais do ramo adotam o costume de efe. tuarem visitas sempre que a oportunidade se apresente, elaborando um valioso conjunto de observagdes para arquivo. A coordenacao de projetos de EAS sera grandemente auxiliadg pela adocao do arquivo unificado de representacao grafica. A quanti. dade de instalacdes envolvidas em um projeto dessa Area leva a ine. vitavel necessidade de permanente atualizacio de todos os trabalhos realizados. Mesmo ao se utilizar de um controle severo das revisées, torna-se quase impossivel a nao ocorréncia de enganos e falhas. No caso do emprego do arquivo unificado em tempo real, os proble- mas de atualizaciio dos desenhos sao bastante reduzidos. O projeto realmente se transforma em uma engenharia simultanea, onde os participantes, mesmo separados por grandes distancias, possuem a seguranca de estarem perfeitamente sincronizados. A principal di- ficuldade da adogao dessa técnica esta no custo de aquisigao e ma- nutencao de poderosos servidores, de softwares, no treinamento e gerenciamento de rede; enfim, uma estrutura somente possivel de ser estabelecida por escritérios de médio porte. A avaliacdo pés-projeto (APP) é uma técnica de grande utilidade nos projetos de satide que envolvem exigéncias funcionais bem es- pecificas (CARVALHO; BATISTA, 2013). A depender do tipo de pr0- jeto, a propria equipe de Coordenagao podera realizar as avaliagoes baseadas em planilhas. No quadro 3, pode-se observar como exem- plo alguns dos itens a serem considerados no acompanhamento de escopo do projeto arquiteténico, Digitalizado com CamScanner Solicitacao Terreno, Escritura Relatério com: area 15 dias Legislagao do empreendimento, perfil, custo final Levantamento Implantacio 6odias Pianialtimétrico, Volumetria Sondagem, Layout com éreas Consultorias diversas | Corte esquemstico Programa Lancamento estrutura Estudo Preliminar Implantacio, Plantas 60 dias Baixas, Cortese Fachadas Apresentacdo seg. jo dias normas municipais Projeto Legal Fachadas, 60 dias Esquadrias | BaleBes, bancadase armérios Revestimentos etc. Plano de Ataque obra to do Escopo: Arquitetura. -comum a contratacdo de profissionais io de relatérios analiticos sobre as solu- de projeto. Nesse caso, deverio ser ético-profissionais para que as APP se- -participem do aumento da qualidade do ‘uma APP nio se constitui sim- conformidades, checagem de 49 Digitalizado com CamScanner ANTONIO PepRo Alves DE CARVALHO wn °o do, mas em pre parametros econémicos e de apresentacao, ProceSSO de ay, nos xilio imprescindivel em um campo onde enganos levam Sensing, Prejuizos. No caso das edificacdes de saide, as vigilincias sanjay. j4 executam avaliagdes para expedicao de an sanita um projeto bem fundamentado, serao mais facilmente e} avaliacées legais obrigatorias, no entanto, s40 sempre muito jj das, nao atuando em todas as especialidades de um projeto, Como em qualquer trabalho que envolva grande ntimero de Pro. fissionais, 0 acompanhamento através de cronogramas fisicog ceiros é essencial. Geralmente, nos softwares de gerenci; empreendimentos, ja existem modelos bem eficientes que d nam com clareza o caminho critico relativo 4s atividades. © no entanto, é que esse acompanhamento possa ser efetuado gina prépria na internet, permitindo 0 acesso aos ul t controle a qualquer momento, nio somente pela pelos proprietarios e fiscais. Uma vez que as obras de a satide, como foi dito, envolvem compras altamente moradas de equipamentos, esses cronogramas cionamento de cada um deles no prazo correto, Prejuizos, que é o seu nao funcionamento. In comuns os casos de hospitais com obras civis essenciais paradas pela falta de instalagdes de Sao custos normalmente nao computados, nejamento adequado. A elaboracao do memorial descritive da edificac2 jetada deve ser tarefa da equipe de Coordenagao de Participacao de todos os envolvidos ~ é a “bula” ou extrema importancia durante a execugo da obra e ¢ confec¢ao do manual do proprietario, que impactara_ Util do construido. Os materiais e sistemas utilizad artefato possuem suas exigéncias técnicas de uso en necessitam ser rigorosamente obedecidas sob da lugées de continuidade. O edificio de satide nao p depende, em grande parte, de sua correta manutencdo. Digitalizado com CamScanner Trata-se de um equivoco imaginar que os projetos de qualquer edificagao terminam na entrega dos desenhos e outros documen- tos. Sera preciso realizar apresentagdes aos clientes e construtores, explicitando ao maximo os detalhes do que foi elaborado, além do acompanhamento da obra. No caso das edificacées de satide, existem filosofias de uso que, se nao forem devidamente esclarecidas, fatal- mente implicardo em erros de utilizagao. Uma avaliacdo pés-ocupacio (APO) do edificio projetado sera ex- tremamente util — principalmente, para o crescimento profissional da propria equipe de projeto. Os idealizadores da edificagao tém o direito de avaliarem como se esta utilizando 0 produto elaborado. Sera, também, de grande utilidade para os usudrios apontarem os problemas ambientais que vivenciam, alimentando um processo de continua melhoria e evolucdo do espaco em que trabalham. Se as premissas de flexibilidade da edificacdo forem atendidas, sera mais facil sua adaptacao as naturais mudancas de formas de uso. 6. Conclusao A evolugao de uma sociedade pode ser medida pela sofisticagao e qualidade dos produtos que > ela fabrica e utiliza. Os servicos de sati- de, certamente, estardo entre 0: os mais importantes desses produtos, nquestionavel, possuindo, como se viu, condigdes nadas, que conduzem esse tipo de empreen- a ee. controlada qualitativa e quantitativamente. /Digitalizado com CamScanner apnes ap sie!uaysissy soyuawirajaqeis3 ap soyaloig ap oeSeuapi00> 51 a Referéncias ABNT - ASSOCIAGAO. BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR-15873. Coordenagaio modular para edificagbes, 2010. ABNT ~ ASSOCIACAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 13534: Insta elétricas em estabelecimentos assistenciais de satide. Rio de Janeiro, 2008, ABNT — ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS: TECNICAS. NBR 7256; Tratamenty de ar em unidades médico assistenciais. Rio de Janeiro, 2005. ABNT - ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR goso: Acessibilidade a edificagdes, mobilidrio, espagos e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. ABNT ~ ASSOCIACAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 9077: Saidas de ‘emergéncia em edificios. Rio de Janeiro, 2001 BICALHO, Flavio C. A arquitetura e engenharia no controle das infeccdes. Rio de Ja Rio Books, 2010. BITENCOURT, Fabio. A sustentabilidade em ambientes de servicos de satide: um, componente de utopia ou de sobrevivéncia? In: CARVALHO, Antonio Pedro Alves de. (Org), Quem tem medo da Arquitetura Hospitalar? Salvador: Quarteto Editora, 2006. Pa3-48. BRASIL. Ministério da Satide. Sistema de Apoio a Elaboragao de Projetos de Investimento em Satide. SOMASUS. 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Fatores importantes como a evolugao tec Nolégicg tencial e de g acelerada, 0 maior nivel educacional das pessoas ¢ 0 maior gee informagao, contribufram para dar maior velocidade & resultando em modificagdes no perfil de exigéncias © expectatiy, dos usuarios e, também, nas relagdes entre prestadores de satide ¢ Pacientes. O desafio da sobrevivéncia junto a competitividade @ in. Corporacao tecnolégica transformou a administrac’o dos hospitais €m uma atividade complexa que exige competéncia e especializacig dos profissionais envolvidos na « O arquiteto, profissional cada vez mais solicitado a integrar Ogru. Po gerencial para dar suporte técnico na organizacao espacial dos hos. Pitais, encontra-se nesse Brupo. A pratica da arquitetura hospitalar Pressupoe um preparo que extrapola a simples composigao formal ¢ Programética, ¢ exige conhecimento especifico abrangente, Envol ver-se com ela significa conhecer, além do objeto em Si, sua fungao, mercado, tendéncias, custos ¢ remuneragdes dos servicos, relagdes, ou seja, 0 conjunto de atividades que possibilita sua macro organiza- G40 — o Plano Diretor Hospitalar. Os hospitais, considerados estabelecimentos assistenciais de satide, sao empresas de satide caracterizadas como organizagdes complexas, que abrangem desde o conhecimento das Pessoas até o conhecimento a gestdo. caracterizadas como organizagdes abertas 4 aprendizagem. Em suma, nelas se identificam dois dominios: 0 tecnico ¢ 6 social. JONAS BADERMANN bE Lemos biente fisico com sua disposigao. O dominio Social, por sua vez, com- Preende o individuo com suas catacteristcas fisicas € psicologicas, bem como as relagées dos agentes vinculados 3 execugao das tarefas sists Digitalizado com CamScanner u a © ds exigéneias da organizagio na situacio de trabalho. Eisses domi nios tecnico ¢ social sto responsiveis pela diversidade de interesses que agem sobre a organizagio e pressionam em diferentes sentidos. Configura-se, assim, uma complexidade e dinamicidade em um ambiente cambiante, hostil ¢ cadtico condicionado pelas transicées politicas, sociais, econdmicas, epidemiolégicas e tecnolégicas que enredam a sua organizagio, Qs dois dominios permitem definir um hospital como uma em- presa de satide por exceléncia, além de produzir conhecimento e cui- dar das relagdes humanas. £ uma empresa de produgao continua da qual se exige eficiéncia em virtude dos recursos limitados e deman- das crescentes, Um hospital é uma organizagao social produtiva cuja missio é prestar cuidados a satide com qualidade, equidade e efi- ciéncia, Na qualidade de integrante da rede de servicos de satide, tem a responsabilidade de oferecer os servigos assistenciais a cada uma das pessoas que os necessita, correspondendo a seu direito a satide. Assim, como uma empresa multiproduto, 0 hospital caracteriza-se como de extrema complexidade, sendo nele reconhecidas cinco em- presas com diferentes gamas de produgao, a saber: = Um hotel cujos usuarios apresentam maiores exigéncias que em um hotel comum; = Uma empresa que incorpora numerosos profissionais com formagao sofisticada e produtos dificeis de definir, como, por exemplo, os servicos produzidos pelas consultas e internacdes hospitalares; = Uma empresa com processos de producao que utilizam tecnologia de ponta, os chamados servigos auxiliares de diag- néstico e tratamento; = Uma escola de formacao técnica e profissional; = Um instituto de pesquisa. Para que os servigos assistenciais sejam prestados com qualida- de, equidade e eficiéncia em um ambiente tao diverso, deve existir uma adequada organizagio dos recursos estruturais e uma ade- quada coordenagiio dos processos, considerando sempre o paciente Digitalizado com CamScanner apnes ap stenuaysissy sowauiisajaqes3 es 57 gerit, organizar e saat Olica, como 0 maior beneficidrio. Nessa ot Pla Mejap stividades, que AUNCIONAM SERN doy, significa conhecer as my catisfazem a prestagio d8 SerVIgOS, No py 7 nados processos que stabelecimentos Assist . t © planejamento arquitetdnico dos Fs Ma go, onde esto determinadas ag Neg, AS atriby Sugere uma me Sanide baseia-se na RDC serem snvolvidas e que delimitam no seu conjunto des e atividades de cada estabelecimento. § lodolog, rata a elaboragao de projetos, define o programa funcional quan ¢ minimas € criterios qUAMto 3S CircUlaggeg eondices lubridade ¢ tempo de permanéncia, condigdes de infecgao hospitalar, instalagieg prediais ¢ especiais, e condigdes de seguranca. Entretanto, deyigg » seu carter complexo, seguidamente poe-se de lado a necessériy reflexdo dos processos que permeiam as atividades e, como resulta. do, © programa de necessidades torna-se incompleto. Ha omissao de muitos espagos e equipamentos necessarios 4 proposta asistencia] que compromete, em alguns casos, a seguranga dos pacientes e equi. pe. Conhecer as atividades e seus processos agrega valor e qualifica o planejamento hospitalar. E necessario que os projetistas tenham exata nogao das atividades e dos processos praticados, pois sem esse conhecimento a programacao arquiteténica podera contribuir para induzir a erros médicos e a procedimentos equivocados. Ao iniciar 0 desenvolvimento de um Plano Diretor, deve-se defi- nir claramente a razio de existir de um hospital, pois as organiza- Oes tém uma razio de ser, um objetivo, uma missao, que é a sintese operativa de sua natureza e seus valores centrais. A razao de existir de um hospital resume-se a seu comprometimento com a sociedade em cinco pontos: 0 que faz, por que faz, onde faz, para quem faz e como faz. Essa reflexao que instiga 0 denominado Planejamento Estraté- gico serve para definir seu espirito, o propdsito e a directo da agio. Ha que se saber basicamente o que é 0 hospital para a sociedade, ° que faz, 0 que deve fazer e o que o impulsiona em um rumo tragado. Consequentemente, o Plano Diretor deve espelhar a razao de set 4 necessidades, dimensd ambientais e de conforto com énfase na JONAS BADERMANN DE Lemos wn 00 Digitalizado com CamScanner organizacao, confirmando a finalidade da sua existéncia intrinseca- mente correlacionada as seguintes perguntas: Quem somos? A que nos dedicamos? Quem sao nossos clientes? Em que nos diferencia- mos? Como fazemos? Para onde nos dirigimos no futuro? Qual é nosso papel na rede assistencial? Essas indagacdes auxiliam a com- preender as finalidades institucionais, assim como, no caso de um estabelecimento existente, a iniciar um diagnéstico e a sugerir um prognéstico da organizacao. O Plano Diretor deve conter a visio global e integrada de todos os elementos que incidem no funcionamento de um hospital, e nao deve se limitar 4 anilise espacial, aspecto no qual se centrara o resultado, senao que deve incluir os aspectos socio-econémicos, tecnolégicos, assistenciais, administrativos e do entorno geografico. Essa anélise serve para guiar as discussdes, decisées, necessidades programaticas e fases de implementagio, e deve alcancar futuras ampliagdes e reformas. Alguns autores definem Planos Diretores com variagées de énfa- se a fim de comprovar conceitos individuais manifestados em suas anilises. Segundo Ana Carolina Potier Mendes (2007, p.t3) “[..] 0 Plano Diretor apresenta-se como importante ferramenta de organizacio espacial e de direcionamento de acdes a serem tomadas pelas insti- tuigdes hospitalares, na busca de seu reposicionamento como edifi- cages modernas, flexiveis e aptas a enfrentar esse cenario.” Observa-se, nesse conceito, sua preocupagao com os aspectos de sucateamento, atualizacao e crescimento além do financiamento na concretizacao do que representa o fundamental para a instituicdo. Destaca, também, o Plano Diretor como importante instrumento de ages por ser “o elo de ligaco entre o planejamento estratégico e a arquitetura do empreendimento” (SALGADO, 2005). Para Larissa Leiros de Souza, (2008, p.88) “o Plano Diretor Hos- pitalar (PDH) vem destacando-se como pega fundamental e elemen- tar para qualquer gestao, seja publica ou privada, de novos ou velhos estabelecimentos, envolvendo nao apenas a infraestrutura fisica, ad- 59 Digitalizado com CamScanner JONAS BADERMANN DE Lemos a o ém a s cul si ministrativa, financeira, mas também aspecto: turais, Pidern lo. légicos e sociais.” "Heitor Madrigano (2006, p- 27) se refere a um Plano Diret dos Recursos Fisicos como “um documento técnico de cay ter orientador, produto da atividade de planejamento da inst, ada fase do seu desenvolvimento,” tuicao em determin: a “conduzido pela administracao, esse Acrescenta, ainda, que, documento direciona a politica de reformas e ampliacdes, y, sando a minimizar erros e deseconomias nos processos deim. plantacao e execugdo de obras.” Nos conceitos acima descritos, percebe-se, implicitamente, os ambientes circunstanciais nos quais os hospitais esto inserj. dos, conhecidos por “cendrios”. Sao fatores ambientais inter. nos e externos que influenciam a gestao e, por conseguinte, a organizacao arquitet6nica das empresas de satide. Dentre eles, foram selecionados quatro, conforme quadro abaixo: = Diretrizes ANVISA | + Custos. + Culturas e + Tecnologia da + PDDU = Concorréncia costumes Informacao + Normas + Renda da + Desejos € + Hospital cbdeioambiente | Meenas necessidades sem papel + Politicas + Expectativa dapopulacio |. Aquisi¢ao de de Satide de vida + Sustentabilidade | novas tecnologias + Eleigoes +Taxa de sociale ambiental | Manifestacdes BP | natalidade e + Capacitaczo ee ees Peele | mortalidade | a mao de obra | aos avangos ? ‘ tecrolégicos « Ditetrzes da rede | * 785 de juros Niel de nol nal assistencial | + Crescimento scolaridade + Robotizasa0 do mercado dos | _ + Composicao + Velocidade planos de sade étnica e religiosa das mudangas ; gi : + Crescimento da populagao tecnologicas do PIB + Preocupagao com a satide e 0 Preparo fisico Quadro - Cenérios politico e legal, econdmic, sécio cultural etecnologico. Digitalizado com CamScanner Assim, 0 Plano Diretor Hospitalar deve cortesponder as incons- tantes condigdes externas e internas dos diversos retratando ai cenarios, pois é realidades circunstanciais que ele adquire qualidade. Em face disso, 0 Plano Diretor torna-se 0 ponto de referéncia que todo o hospital deve ter para o desenvolvimento de suas atuagées no tempo. Ele é 0 norteador do conjunto da gestao, Seus critérios estabe- lecem um sistema de controle e de avaliagao que facilita a sua propria corientago, sendo, por isso, caracterizado como uma ferramenta inamica E necessario um roteiro que corresponda aos processos de trans- magao das organizagdes de satide. Na elaboragio desse planeja- mento, é fundamental uma mudanga de atitude em relagao a alguns aspectos que influirao no desenho hospitalar como E. Jiménez (p.18) em seu trabalho “Plan Maestro de Arquitectura Hospitalaria’, desta- 20 citar Stalder Felix (1994): = ‘O hospital em sua concepeao espacial, nao deve causar dano a0 pacient ” E importante destacar que essa é uma proposta emitida por Florence Nightingale (1820-1910) hé mais de cem anos, em seu livro “Notes on Hospitals”; = ‘O arquiteto nao s6 seré responsdvel pelo desenho do estabe- lecimento, como também pelo seu bom funcionamento, custo € tempo dos procedimentos que se realizam em torno do paciente.’ Esses aspectos se encontram intimamente relacionados com os critérios de desenho que sao aplicados; = “Os hospitais devem ser desenhados de tal maneira que per- mitam sua transformagao no futuro.”; = “Os estabelecimentos de sade devem estar integrados a uma rede de estabelecimentos, portanto, sua localizacao ¢ meio-am- biente social e fisico sero considerados como condicionantes de desenho.”; = “Os estabelecimentos hospitalares so sistemas complexos que devem servir a propdsitos multiplos com seus componentes integrados entre si para garantir um étimo servigo. Este objetivo sé pode ser alcangado, se contar com uma equipe de trabalho Digitalizado com CamScanner & 61 JONAS BADERMANN DE Lemos g nN ar na qual o arquiteto desempenha um Popes Jia A decisdo sol ° "dey fo etaelcimentos extentes para sta adequa q yy dos estabelec : te rangformagdo send considerada de maior importancig 2% n » possibilidade de construir novas edificagdes.”, ce, Emr relagto a esse Ultimo aspecto, E. Jiménez complements, Em relagio a ess he wre a transformagdo, remodelagao ¢ mn » Saslaw (1906), dizendo que, na atualidade, a COMUnidag estabelec{ Mentos trabalhar conjuntamente com seus 8 de Saude para planiticar o futuro de sua expansio, relocalizacig e tanto, considera trés principios essenc! 'S Na transfo fabeleciment s estabelecimentos hospitalares devem ser desenhados em fungdo do paciente e ndo dos provedores dos servicos.”” Esse enfo.. gue Sugere o uso da reengenharia nos processos de trabalho, 4 fim de permitir a aplicagao do critério da atengao centradg a paciente de forma econémica e eficiente. Para tanto, o dese. mho espacial deverd facilitar.a adaptag’o dos funcionérios a0 Nevo processo de trabalho; 2. “Identificagdo das atividades que o estabelecimento adota. 1a no futuro.” Essa proposta sugere que se considerem como determinantes de desenho a localizagao do estabelecimento em seu contexto politico, socioecondmico e ambiental, assim como as relagdes funcionais e as novas tecnologias. Adicio- nalmente, sera necessério considerar as andlises de cendrios ¢ alternativas de mudangas. 3. “As edificagdes devem ser flexiveis, adaptdveis e facilmente convertiveis para permitir alojar mudangas nos volumes de pa clentes assim como equipamentos para a geracao de diagnésticos mistos.”. O grupo espanhol JG Ingenieros Consultores (2006, p.12) admite que “o processo construtivo tem suas origens em um Plano Diretor que define alguns objetivos, desenha uma organizagao e estabelece | um Plano Funcional para situar 9 conjunto no ambito da gest” | Digitalizado com CamScanner Alguns autores latino-any {nos © espanhdis sugerem o desen yolvimento de um Plano Funcional conjuntamente com o do Plano Diretor a fim de orientar de forma racional o desenvolvimento dos estabelecimentos de satide, considerando 0 modelo de organizagio c 0 uso das tecnologias adequadas e seus custos, Intenc ionam, com isso, oferecer informagdes aos gestore possibilitando maior corn, preensio do conceito geral operative além do programa de investi mentos do hospi As instalagdes de infraestrutura como as subestacdes € geradores elétricos, central de gases medicinais ¢ GI P, os sistemas de climati zagio, estagdes de tratamento de efluentes etc. deve igualmente ser incluidos no planejamento arquiteténico ¢ nos custos dos hospitais Ademais, a questao da sustentabilidade construtiva e energética deve ser abordada no planejamento arquiteténico e funcional. Propor edifi- cios que nao agridam e nao contaminem o meio ambiente é atualmen- te requisito para pontuagao nas certificagdes de qualidade. Trata-se de responsabilidade ambiental, social e econémica a que empreendimen- tos desse porte devem estar atentos. Deve-se, igualmente, levar em conta a incorporacao de fontes de energia alternativas, bem como a reutilizacao de Aguas “servidas” e, eventualmente, de chuva. A redu- cao do consumo energético através da proposicdo de um projeto biocli- miatico que considere, por exemplo, a ventilacao natural, contribui para essa mesma finalidade. © Plano Funcional, por conseguinte, além de motivar a participagio de outros profissionais no processo de planeja- mento, incrementa a complexidade do Plano Diretor, conferindo-lhe maior qualificacao e permitindo estimativas de custos mais realistas. Em o Programa Médico Arquitect6nico para El Disefio de Hospitales Se- guros de Celso Alatrista e Socorro Alatrista de Bambarén (2008), 0 Plano Funcional deveré abordar os seguintes aspectos: = As intengdes do projeto indicando ampliagées ou reformu- lagoes com a melhoria das instalacdes existentes; = A projecdo de demanda considerando 0 numero de usud~ rios que 0 estabelecimento atenderd para um horizonte tem- poral de ao menos dez anos; 63 Digitalizado com CamScanner = © modelo de organizagdo adotada pelo hospita, nismos de coordenagao, ntimero e caracy, como os meca s hum Cristy, as de funcionarios e os recursos humanos que se j i cas de funciona : ; 4 conforme a implantagao do Plano Diretor do hospital. = O programa médico-arquiteténico conforme as atiy; Bra processos e necessidades de cada unidade identificadas y srios sendo considerados no pré-dimensionaments 7 © de 3096 (paredes e circulagdes) que deverag & a acrescentados ao somatério de areas; = Os equipamentos biomédicos fixos, méveis e Mobiligrig samentos biomédicos tém um significative impacto ng Jo dos requerimentos do edificio, especialmente acdes elétricas e nos elementos estruturais; = Os equipamentos eletromecanicos e os elétricos como autoclaves, transformadores, grupos geradores e sistema de climatizagao; m Equipamentos de energia solar para aquecimento de Agua e/ou geradores de energia; m Sistema de tratamento de efluentes e/ou agua da chuva, Q desenho conceitual do Plano Diretor contribui para a eficiéncia da gest3o hospitalar. Assim, recomenda-se minimizar as distancias relativas ao deslocamento dos pacientes, funcionarios e abastecimen- to, considerando as relagdes funcionais e os vinculos das unidades funcionais entre si. Se forem consideradas unidades com fungies similares, alguns espacos poderao ser compartilhados. Além disso, deve-se propor um ntmero de ambientes estritamente necessirios e um sistema de circulacdo racional para os fluxos internos. O hospital pode passar por diversas modificagdes durante set tempo de operac’o, o que impde que, na sua programacao, sejatt consideradas as seguintes recomendacdes: = Utilizar um conceito modular para o planejamento e dese nho da planta-baixa; = Utilizar, na medida do posstvel, medidas iguais para 0s a™ | bientes das unidades; JONAS BADERMANN bE Lemos. an aS Digitalizado com CamScanner = Incluir espacos livres para futuras ampliacdes; a Estabelecer medidas para facil modificagao e manutengdo das instalagdes sanitérias, elétricas e especiais. Dentre essas medidas, por exemplo, propor espaco técnico entre dois pavi- mentos, 0 qual permite alteracdes sem interromper as ativida- des dos servigos e das unidades e os shafts para a passagem das tubulacées das redes, As metodologias aplicadas na elaboragio do Plano Diretor de um tal existente sao variadas e, normalmente, aplicadas em duas 2 do diagnéstico e a do prognéstico. A fase do diagnéstico cor- onde & avaliaco do objeto estudado, com vistas definicao dos upostos balizadores do planejamento do estabelecimento. Al- sugerem que, logo apés a elaboracdo do Relatorio Diagnéstico, desenvolvido o Planejamento Estratégico com a intencao de fa- 0 plano corresponder aos objetivos institucionais. Dessa manei- o Plano Diretor Hospitalar nao evidencia somente os aspectos da aliacio fisico-funcional. Segue-se, entdo, a elaboragao do Relatorio ognéstico, no qual se apresenta o desenvolvimento futuro confor- os conceitos anteriormente definidos através de uma proposicio arquiteténica. O proprio método deve ser flexivel para ser modificado como resposta a situacdes emergentes particulares. A figura 1 abaixo apresenta 5 etapas consideradas fundamentais com seus objetivos correspondentes ao estudo que norteia a elaboracao dos relatérios acima citados. apnes ap Siesuaisissy so 65 Digitalizado com CamScanner nder 0 conceito da instituigag [Nivel administrativo | Apreender o Entrevistas | Expor 0 conceito do PDH ree neetle Nivel operacional | AvaliarassituagBes das Unidades pré-elaborado NW | Conhecer a imagem da instituiggo ine Definir a funcdo do Hospital (misszo) bservar as instalagdes existentes Observaczo Obse Vere compreender 05 processos pati dog | Levantamento fotogrfico ndise da stuasdo existent aspec ay Perivevosarquetncosvtentes [Anse stung extent aspects ions Conhecer os aspectos sociais e Culturais Acessibilidade [Arise de conigidade eds relates uncon, acessos externos, controlese receprtes as unidades, dstribuigdo de refeicoes Aspectos de flxibilidade | Obsolescéncia de edificagzo Andlise dos aspectos de humanizacao , Fanos primers Conese os condicionantes legals | Cnfantar os espagosexstentes com 05 espasos teases normaties € operas (DC soe iigg Conhecer as exigencias do PDDU local Analise da infraesteutura existente Elétrca, hidrossanitéria, combate & incéndios (ver 307), at condicionado (NER 7256), exaustag, aspectos de sustentabilidade, Orgenizar os dados coletados Entender a fungao da insttuicao Enfatizara funcao da instituicao Elaborar diagnéstico arquitetdnico e de infraestrutura \dentifcar o que esté faltando Elaborar um programma preliminar de necessidades om quadro de dreas e Diagrama de relagées Estudo da tipologia e volumetria Sintese dos dados Elaborar o programa de necessidades Definiro conceito de infraestrutura Elaborar zoneamente considerando ofuncionament> 0 hospital (acessos, fuxos, circulagao, contiguidade das unidades,orientagdo, et), Estruturar crates _£0M a prevsio de crescimento futons 8 é 8 z = z z & 8 z a Z z 6 66 Quadro 2 ~ Sugestao metodolégica para o desenvolvimento de um Plano Diretor Hospitalar. Fonte: Badermann Arquitetos, Digitalizado com CamScanner A partir desse momento, é possivel passar para a fase de desenho conceitual do Plano Diretor, 0 qual encerra os seguintes principios indo o Grupo de Consultores JG (2006, p. 13-14) jd anteriormente ncionado: 1. Eficacia e seguranca. Um centro sanitario deve ser, sobretu- do, eficaz e seguro; 2. Capacidade de evolucao. O centro sanitario deve ser trans- formavel tanto em seus panos exteriores, corno em suas redes de instalacdes e ser passivel de ampliagao; 3. Manutenivel desde o ponto de vista higiénico até o tecnolégica, 4. Humano. Deve ser o lugar mais agradvel possivel para os pacientes, como também para os funciondrios que desemnpe- nham tarefas frequentemente ingratas e dificeis; 5. Sustentdvel do ponto de vista ambiental, tanto em sua con- cep¢ao como em sua execucdo e exploracao; 6. Viavel do ponto de vista econémico, tanto em seu investi- mento, como em seu funcionamento, contemplando a possi- bilidade de o construir em fases; 7. Estético. No desenho do centro, a disposi¢ao fisica dos es- pacos verticais e horizontais necessérios para alojar as redes de todas as instalagdes tem uma importancia decisiva. Dentro desse contexto, entende-se como Plano Diretor Hospitalar aguele instrumento que contém objetivos, politicas e estratégias que, a médio e longo prazo, devem ser seguidos pelos responsaveis na ges- tZo no momento de empreender um projeto ou novo programa. A representaco arquiteténica de um Plano Diretor Hospitalar no segue um modelo preestabelecido. O arquiteto pode valer-se de sua criatividade na manifestag3o grafica com a utilizacao de recur- sos bi ou até mesmo tridimensionais, nunca desprezando, porém, os principios norteadores fundamentais apresentados acima. Em mui- tos casos, as plantas-baixas podem ser enfatizadas como nas figuras 2,3 € 4 , em outros, a volumetria, como na figura 5 e, além disso, cortes esquematicos podem também ilustrar as intengdes projetuais, como na figura 6. 67 Digitalizado com CamScanner em planta-baixa de um Plano Diretor com Fonte: Badermann Arquitetos/20r JONAS BADERMANN DE Lemos Figura 3 ~ Propostas de alteragdes do entorno de um hospital a partir de urn Plan | Diretor. Fonte: Badermann Arquitetos/2014. Qa i) Digitalizado com CamScanner Figura 4 —Ampliagdes recomendadas em planta-baixa e apresentadas em quatro __lustragdes volumétricas. Fonte: Badermann Arquitetos/2014. Volumetria esquematica Plano Diretor. Fonte: Badermann Arquitetos/2014. Digitalizado com CamScanner apnes ap siesuaysissy sowawiirajaqeisy tied sa1ojaiig Soue|g Figura 5 - Outro exemplo de representagdo volumétrica com ampliacao sugerida em 69 JONAS BADERMANN DE LEMOS x So Corte Esquematico | Ambulatorio + Ad Educ, Continuada Area, 799, Educacao Continuiada + AUMLETO = Ato 965 | UT's = Area: 965m Contro Cirurgico + Contro Obstetrico- Area, 965 Apoio Tecnico» Area: 965m. Area Total: 4.658m. Figura 6 ~ Sugestao de ampliacao apresentada em um corte esquematico, Fonte: Badermann Arquitetos/2014. Finalmente, convém lembrar que a transparéncia e visualizagio do Plano Diretor Hospitalar servem também de estimulo e empol gacdo para os envolvidos com a missao institucional, pois permitem vislumbrar 0 “espirito” da organizacgdo de satide com a qual estio comprometidos. Referéncias Bibliograficas ALLGAYER, Claudio. Org. Gestdo e sacide: temas contempordneos _abordados por especialistas do setor. 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